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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

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A EDUCAÇÃO FISCAL NO ENSINO DA MATEMÁTICA:

perspectivas para uma prática cidadã

Sueli Tanhole de Lima1

Luciane Ferreira Mocrosky2

Resumo

Este artigo expõe um estudo desenvolvido no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/PR, no ano de 2013, e que resultou na produção de um Caderno Temático intitulado “A Matemática no Contexto da Educação Fiscal: uma proposta para a formação continuada”. A proposta foi aplicada no Colégio Estadual Papa João Paulo I – EFM, do município de Almirante Tamandaré - região metropolitana norte de Curitiba - no primeiro semestre de 2014. O objetivo dessa intervenção pedagógica foi a socialização da produção didático-pedagógica e a troca de experiências entre os professores, em relação aos temas propostos pela professora PDE. O material didático propõe uma articulação entre os conteúdos básicos do Tratamento da Informação e seis temas gerados pela Educação Fiscal: Água, Energia Elétrica e Telefonia; Tributos; Trabalho e Consumo; Recursos Financeiros da Escola; Contabilidade do Orçamento Familiar e Documentos Fiscais. Sob esse viés, trouxe aos professores do Ensino Fundamental espaços de discussões e reflexões acerca das temáticas, através de oficinas e de um grupo de trabalho multidisciplinar. Em relação aos resultados alcançados, os professores destacaram que o material proposto é de fácil compreensão e, principalmente, poderá interferir de forma positiva no estudo dos conteúdos escolares e, também, fomentar as práticas de cidadania.

Palavras-chave: Educação Matemática. Formação Continuada. Educação Fiscal. Tratamento da Informação. Ensino Fundamental.

1 Introdução

No cotidiano da escola é corrente o discurso que atesta o insucesso dos

alunos com a Matemática. Sob esse viés, muito se fala sobre as dificuldades do

estudante acolher as informações advindas da vida em sociedade e tratá-las para

compreendê-las num contexto mais abrangente que o apresentado na disciplina

escolar. Assim, as falas que ecoam na escola apontam para a dificuldade em

promover o ensino do conteúdo matemático escolar mais conectado com a realidade

sociocultural do aluno.

Diante do exposto, os documentos - PCNs, DCEs/PR e o PRO-Letramento de

Matemática - mostram que as orientações legais anunciam o Tratamento da

Informação como um modo de articular conteúdos matemáticos com os desafios

contemporâneos. Mas, para atender o que a legislação preconiza, é importante

1 Professora da Rede Pública do Paraná. Especialização e Graduação em Matemática, pela UFPR. Professora do Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná – PDE/2013. E-mail: [email protected] e [email protected]

2 Professora Doutora em Educação Matemática da Universidade Tecnológica Federal do Paraná e Orientadora do PDE. E-mail: [email protected]

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considerar a formação do professor e a maneira como este conduz o seu

planejamento e explicita o conteúdo. Além disso, é necessário levar em conta a

metodologia utilizada e suas expectativas sobre a educação da pessoa, para que a

ação docente, como afirma Bicudo (2003), intencional e voltada ao horizonte da

formação do outro, dê um movimento articulado entre forma e ação ou forma-ação.

Assim, o modo como o Pró-Letramento de Matemática contempla em sua

proposta a formação do professor dos anos iniciais para o Tratamento da Informação

e a ausência de um programa de Educação Fiscal no Projeto Político-Pedagógico da

escola, objeto desta implementação pedagógica, foi decisivo na escolha desta

temática e na possibilidade de uma abordagem contextualizada para o Tratamento

da Informação com foco na Educação Fiscal.

Com esse propósito, optou-se por desenvolver um Caderno Temático,

intitulado “A Matemática no contexto da Educação Fiscal: uma proposta para a

formação continuada”, o qual propõe aos professores uma metodologia que busca

contemplar este quadro geral de desafios, já que o funcionamento do sistema de

arrecadação, a maneira como o dinheiro retorna em forma de serviços à população e

toda a Matemática envolvida são explicados pela Educação Fiscal (BRASIL, PNEF,

2009).

Nessa perspectiva, inseriram-se os conteúdos básicos do Tratamento da

Informação articulados a temas gerados pela Educação Fiscal, culminando no

material de apoio à formação continuada dos professores do Ensino Fundamental, à

luz da pergunta norteadora: Como a Educação Fiscal pode contribuir para a prática

do Professor de Matemática, na abordagem do Tratamento da Informação no Ensino

Fundamental? Desse modo, promoveu-se espaços para a discussão e reflexão

sobre a temática proposta.

2 A Matemática no contexto da Educação Fiscal: um olhar para a cidadania

Os PCNs, ao proporem uma educação comprometida com a cidadania, tendo

como base o texto constitucional e a LDBEN 9394/96, definem a Matemática como

sendo “uma forma de compreender e atuar no mundo e o conhecimento gerado

nessa área do saber como um fruto da construção humana na sua interação

constante com o contexto natural, social e cultural” (BRASIL, 1998, p. 24). Nessa

perspectiva, o documento orienta que os temas transversais devem perpassar os

conteúdos curriculares da Matemática e cita o rol de conteúdos do Tratamento da

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Informação mais favoráveis à abordagem desses temas.

Portanto, o estudo do Tratamento da Informação e sua articulação com a

Educação Fiscal, no Ensino Fundamental, possibilita estudar fenômenos aleatórios

sob o ponto de vista da coleta, da organização, da exploração de dados, da

interpretação de amostras, da tomada de decisão, da apresentação de resultados

através da linguagem Matemática e auxiliar a abordagem da realidade no âmbito

escolar e da convivência em sociedade. Ou seja, não basta ter acesso à informação,

é preciso compreender sua mensagem para então saber lidar com ela.

Ao considerar o Parecer nº 11/2010, referente à Resolução nº 07/2010, do

Conselho Nacional de Educação – CEB/CNE, que define e fixa as Diretrizes

Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 09 (nove) anos, o mesmo

enfatiza:

Temas como saúde, sexualidade e gênero, vida familiar e social, assim como os direitos das crianças e adolescentes, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), preservação do meio ambiente, nos termos da política nacional de educação ambiental (Lei nº 9.795/99), educação para o consumo, educação fiscal, trabalho, ciência e tecnologia, diversidade cultural, devem permear o desenvolvimento dos conteúdos da base nacional comum e da parte diversificada do currículo. (2010, p. 14)

Face ao exposto, na integração da Educação Fiscal com os conteúdos

escolares da Matemática, o professor pode promover o fortalecimento da cidadania

através de metodologias diversificadas e, também, há a possibilidade de transitar por

outros campos do conhecimento. Esta temática permite discussões similares com

outras disciplinas curriculares, levando a uma interação capaz de fomentar a “justiça

social e fiscal” (BRASIL, PNEF, 2009, p. 55).

Essa premissa ressalta a importância da difusão dos valores e conceitos da

Educação Fiscal por meio da Educação Matemática. Portanto, compreende-se que a

prática docente, em escolas de Ensino Fundamental e Médio, necessita de uma

intervenção pedagógica que propicie uma aprendizagem conectada à realidade e

aos anseios do educando e, por conseguinte, da sociedade.

Logo, os conteúdos matemáticos do Tratamento da Informação

desempenham um papel relevante como instrumento para análise de questões do

cotidiano do aluno, pois há uma abundância e uma diversidade de dados e

informações com os quais o aluno convive no seu cotidiano e que exigem um

tratamento diferenciado.

Nessa direção, Moura Neto (2008, p. 285) afirma ser a Matemática uma

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ferramenta imprescindível na formulação e na resolução de problemas, sendo

também a mais adequada para comunicar ideias e informações nas mais variadas

áreas do conhecimento humano. É a partir da experimentação que o conhecimento

avança, se organiza e se estrutura.

Nesse contexto, o professor, como mediador do conhecimento, precisa

perceber que não é suficiente proporcionar aos seus alunos o aprendizado de

conceitos isolados da realidade. É preciso que o aluno, com o conhecimento

adquirido, compreenda o que acontece no espaço escolar e na sociedade. Isso

permite ao aluno posicionar-se de forma crítica diante dos fatos, ter condições de

prever certos acontecimentos e fazer juízo de valor perante informações veiculadas

pelas mídias (PARANÁ, 2008).

Com o advento da globalização, da formação de blocos econômicos e da

revolução tecnológica, a sociedade tem passado por diversas transformações que,

de acordo com Moura Neto (2008, p. 284), ocorreram no campo “do conhecimento,

dos artefatos, da organização social, dos meios de atendimento às necessidades

básicas, do ambiente natural e, em consequência, de valores e de comportamento”.

Essa perspectiva aponta para uma metodologia que implique tratar esses desafios

da contemporaneidade com seriedade, direcionada para o campo de estudo da

Educação Matemática.

Com isso, a Educação Fiscal aliada ao Tratamento da Informação poderá

favorecer o desenvolvimento da autonomia, da criatividade, da criticidade e da

participação, na formação discente e docente.

Partindo desse princípio, é fundamental compreender que ensinar a

Matemática e fazer uso de seus saberes científicos em prol de uma Educação Fiscal

eficiente, qualitativa e que visa o bem comum, deve favorecer o desenvolvimento de

mecanismos de controle social sobre as diversas ações executadas na sociedade

(BRASIL, PNEF, 2009). Para tanto, discussões e reflexões devem ocorrer em torno

da efetiva aplicação do Tratamento da Informação em sala de aula e de como ele

tem sido tratado em inúmeros livros didáticos. Nesse sentido, os Parâmetros

Curriculares Nacionais apontam:

[...] tem-se buscado, sem sucesso, uma aprendizagem em Matemática pelo caminho da reprodução de procedimentos e da acumulação de informações; nem mesmo a exploração de materiais didáticos tem contribuído para uma aprendizagem mais eficaz, por ser realizada em contextos poucos significativos e de forma muitas vezes artificial. (1998, p. 38)

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Por esse ângulo, vê-se o ensino do Tratamento da Informação reduzido a

gráficos e tabelas, sem a devida “análise exploratória de dados” (BUSSAB,1987). Há

possibilidades de se trabalhar os conteúdos específicos do Tratamento da

Informação de forma a estarem interligados e a transitar em outras áreas do

conhecimento e nas disciplinas do currículo, no intuito de promover a apreensão

desses saberes e a utilizá-los como ferramenta para confrontar as informações. A

partir desse enfoque, as DCEs expressam que,

[...] contexto não é apenas o entorno contemporâneo e espacial de um objeto ou fato, mas é um elemento fundamental das estruturas sócio-históricas, marcadas por métodos que fazem uso, necessariamente, de conceitos teóricos precisos e claros, voltados à abordagem das experiências sociais dos sujeitos históricos produtores do conhecimento. (PARANÁ, 2008, p. 30)

E, quanto à interdisciplinaridade,

[...], explicita-se que as disciplinas escolares não são herméticas, fechadas em si, mas, a partir de suas especificidades, chamam umas às outras e, em conjunto, ampliam a abordagem dos conteúdos de modo que se busque, cada vez mais, a totalidade, numa prática pedagógica que leve em conta as dimensões científica, filosófica e artística do conhecimento. (PARANÁ, 2008, p. 27)

O surgimento do Programa Nacional de Educação Fiscal (PNEF) permitiu dar

uma maior abrangência à contextualização e à interdisciplinaridade, destacadas

pelas DCEs do Paraná, pois o programa tem por objetivo “promover e

institucionalizar a Educação Fiscal para o efetivo exercício da cidadania, visando ao

constante aprimoramento da relação participativa e consciente entre o Estado e o

cidadão e da defesa permanente de garantias constitucionais” (BRASIL, PNEF,

2009, p. 28).

O PNEF questiona a concepção de currículo escolar e afirma ser este um

instrumento poderoso para “a compreensão dos interesses que atuam e estão em

permanente jogo na escola e na sociedade” (BRASIL, PNEF, 2009, p. 33).

Quanto à abordagem do Tratamento da Informação sob a perspectiva da

Educação Fiscal, essa se articula com os Cadernos do Programa Nacional de

Educação Fiscal. Portanto, é uma conversa entre os conteúdos de Matemática e o

mundo real, com base nas relações que envolvem a sociedade, na correta aplicação

dos recursos públicos, na função social dos tributos e na relação estado-sociedade

(BRASIL, PNEF, 2009). Então, justifica-se dizer que:

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(...) a matemática pode dar sua contribuição à formação do cidadão ao desenvolver metodologias que enfatizem a construção de estratégias, a comprovação e justificativa de resultados, a criatividade, a iniciativa pessoal, o trabalho coletivo e a autonomia advinda da confiança na própria capacidade para enfrentar desafios. (BRASIL, 1998, p. 27)

Essa ênfase tem relação com o modo como o aluno vê o mundo e nele

interfere em benefício próprio e da sociedade na qual está inserido. Para isso, o

professor deve mediar e articular uma profusão de informações, na intenção de

tornar realidade o tratamento de conteúdos voltados à efetiva formação do cidadão.

3 A Educação Fiscal como Eixo Temático: possibilidades para o Tratamento da

Informação

A exploração de temas relacionados à Educação Fiscal, na abordagem dos

conteúdos básicos propostos pelo Tratamento da Informação, propiciam informações

que possibilitam o confronto e a abstração de conceitos matemáticos, advindas da

funcionalidade das políticas públicas no Brasil. Além disso, esse contexto implica

um dar-se conta de como lidar com as informações presentes no cotidiano da escola

e na sociedade.

De certo modo, essa ideia corrobora com o letramento matemático, pois é

preciso ser capaz de formular, empregar e interpretar a Matemática em diferentes

contextos. É disso que o cidadão necessita para perceber o papel que desempenha

a Matemática no mundo. Sobretudo, essa perspectiva assume dimensões de

práticas políticas.

Para Pires (2000), os eixos temáticos estabelecem conexões internas entre

os conteúdos matemáticos e possibilitam incursões em outras áreas disciplinares,

sendo um passo importante no desenvolvimento de projetos interdisciplinares.

Sobre a proposição de temas, Silva e Powel (2013) apresentaram uma

proposta de currículo de Educação Financeira para a Educação Básica, com

estrutura curricular organizada por quatro eixos norteadores, considerando-se três

dimensões: pessoal, familiar e social. Nesse trabalho, os autores expõem como

objetivo principal desenvolver o pensamento financeiro nos estudantes, através das

seguintes temáticas: noções básicas de finanças e economia; finança pessoal e

familiar; as oportunidades, os riscos e as armadilhas na gestão do dinheiro numa

sociedade de consumo e as dimensões sociais, econômicas, políticas, culturais e

psicológicas que envolvem a Educação Financeira. A esse respeito, afirmam que há

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“um longo caminho de pesquisa sobre o tema a ser desenvolvido no interior da

comunidade de Educação Matemática” (2013, p. 15).

O ponto fundamental, segundo o PNEF, é que “o problema atual dos direitos

do homem não é mais justificá-los ou enunciá-los, mas protegê-los, buscar as

condições, os meios para realizá-los e, efetivamente, desfrutá-los. Trata-se, portanto,

de passar à ação” (BRASIL, PNEF, 2009, p. 55). Sendo assim, “a participação do

cidadão é fundamental” (BRASIL, PNEF, 2009, p. 33) nessa relação de busca e

proteção.

A seguinte esquematização apresenta a proposta de exploração de alguns

temas da Educação Fiscal articulados ao conteúdo estruturante – Tratamento da

Informação – em atividades desenvolvidas no Caderno Temático e objeto de

discussão com os professores nos momentos de formação:

Assim, o Caderno Temático traz como sugestão uma sequência composta de

dez atividades com as seguintes abordagens temáticas: água, energia elétrica e

telefonia; tributos; trabalho e consumo; recursos financeiros da escola; contabilidade

do orçamento familiar e documentos fiscais. Diante disso, conforme ilustra a Figura

1, as relações entre os temas desencadeiam uma interdependência, ou seja, de

certa maneira, todos estão interligados e os assuntos advindos de cada tema

conduzem ao tratamento desta informação.

Desse modo, conteúdos matemáticos que envolvam pesquisa estatística e

seus significados; dados, tabelas e gráficos; média, moda e mediana; porcentagem;

cálculos de juros simples e compostos; população e amostra; raciocínio

combinatório; espaço amostral em um experimento aleatório e chances de

Figura 1 - Articulação entre os temas da Educação Fiscal e o Tratamento da Informação

Fonte: A autora, Curitiba, 2013.

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ocorrência de um determinado evento foram introduzidos nesse contexto, como

principal estratégia da articulação dessa temática.

A introdução desses conteúdos no contexto da Educação Fiscal permite ao

estudante dar significado à informação, interpretá-la, comunicar seus resultados e

fazer relações entre vários campos do conhecimento, o que contribui para torná-lo

ciente de seus direitos e deveres como cidadão.

Segundo Pires, mesmo que se admita “a universalidade de alguns objetivos

gerais do ensino de Matemática, o caminho para atingi-los estará sempre

condicionado a circunstâncias locais e variáveis, ricas, que dão vida e identidade

aos percursos” (2000, p. 207). Portanto, convém explorar diferentes abordagens dos

conteúdos com os professores, por meio da reflexão e da discussão, enfatizando a

sua importância para o Plano de Trabalho Docente (PTD).

4 A Educação Fiscal na Formação Docente

As experiências pedagógicas do professor integram as relações entre o

ensino, a aprendizagem e o conhecimento matemático. Assim, a efetivação de uma

proposta de ensino, com características peculiares, por conta da articulação de

conteúdos específicos do Tratamento da Informação com a Educação Fiscal “requer

um professor interessado em desenvolver-se intelectual e profissionalmente e em

refletir sobre sua prática para tornar-se um educador matemático e um pesquisador

em contínua formação” (PARANÁ, 2008, p. 48). Ainda, de acordo com as Diretrizes

Curriculares Estaduais de Matemática (DCEs),

É necessário que o processo pedagógico em Matemática contribua para que o estudante tenha condições de constatar regularidades, generalizações e apropriação de linguagem adequada para descrever e interpretar fenômenos matemáticos e de outras áreas do conhecimento. (2008, p. 49)

O enfoque dado a essas duas áreas do conhecimento, humano e científico,

tem grande repercussão e traz para a prática docente um maior compromisso ao

focar suas abordagens. Para tanto, é prudente, e espera-se desse professor, a

busca por metodologias que propiciem e facilitem o desenvolvimento de atividades

matemáticas de forma a provocar questionamentos e, a partir da sua análise, ser

capaz de modificar, ainda que o minimamente possível, as atitudes e

comportamentos que conduzem à autonomia dos estudantes, à construção e ao

exercício das práticas de cidadania.

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A expectativa do professor deve estar voltada à implementação de atividades

que contemplem situações do contexto da Educação Fiscal, tais como: pesquisa e

coleta de dados com procedimentos de análise das informações resultantes

(tabelas, gráficos, médias, eventos e agrupamentos, com textos explicativos e/ou

informativos) dos encargos, impostos e sua incidência sobre produtos, bens e

serviços, das transações de investimentos, empréstimos e de recursos financeiros

municipais, estaduais e federais destinados a beneficiar uma parcela da população

ou o seu todo. Esse trabalho pode fortalecer a aprendizagem dos conteúdos

matemáticos do Tratamento da Informação e, também, levar a socialização de seus

resultados com a comunidade escolar a fim de fomentar o exercício da cidadania.

Rech (2009), Balke (2011), Guedes e Santiago (2012), Prado e Costa (2012)

deram ênfase em seus trabalhos na reflexão sobre a prática pedagógica em sala de

aula, em momentos de formação continuada, seja através de oficinas de

Matemática, registro das aulas (reflexão sobre a própria prática), em modalidades

semipresenciais ou na criação de grupos de estudos e nas contribuições para o

desenvolvimento profissional docente. Portanto, percebe-se que há uma

preocupação com a formação continuada dos professores de Matemática no

contexto escolar.

Essa intenção também faz parte do material didático do Pró-Letramento de

Matemática, articulado pela Secretaria de Educação Básica do Ministério da

Educação – MEC, distribuído aos professores dos anos/séries iniciais como suporte

pedagógico, que propõe “a reflexão e a construção do conhecimento como processo

contínuo de formação docente” (2012, p. 7). Esse material didático aborda o

conteúdo do Tratamento da Informação com destaque à análise de dados, de

tabelas, de gráficos e da ênfase na “construção de atitudes críticas diante de

situações da vida cotidiana” (2012, p. 11). Ainda, ressalta a importância do papel do

professor nessa rede de formação continuada.

Desse modo, segundo Gitirana e Carvalho (2010), experiências vivenciadas

em sala de aula, sob a mediação do professor, podem consolidar práticas sociais de

modo a influenciar o exercício da cidadania.

Logo, é preciso trazer para a Educação Matemática a introdução de uma

temática que extrapola o campo do conhecimento matemático, assim como a

importância de se destacar a formação do professor nesse contexto.

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5 Encaminhamentos da Intervenção Pedagógica na Escola

Para articular as atividades com os professores, construiu-se durante o

Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/PR, no ano de 2013, um

Caderno Temático3 intitulado “A Matemática no contexto da Educação Fiscal: uma

proposta para a formação continuada”, o qual possibilitou trazer para o interior da

escola o contexto da formação continuada e buscou resgatar questões relativas à

cidadania, concomitantemente, aos conteúdos escolares. Assim, apresentou aos

professores do Ensino Fundamental situações de aprendizagem envolvendo os

conteúdos específicos do Tratamento da Informação (TI) e temas gerados pela

Educação Fiscal (EF), com a pretensão de discutir a sua viabilidade e sua

aplicabilidade em sala de aula.

A princípio, o material didático seria direcionado somente aos professores de

Matemática da rede estadual, mas durante articulação com a Secretaria Municipal

de Educação de Almirante Tamandaré, discutiu-se a necessidade de contemplar os

professores com a certificação de 32 horas de oficinas e 16 horas de estudos em

grupo, como forma de motivar e valorizar a participação. Sendo assim, incluiu-se no

processo de formação continuada alguns educadores da rede municipal e, em

contrapartida, a Secretaria Municipal de Educação emitiu a certificação a todos os

participantes, ao término das atividades.

Neste estudo, a implementação da produção didático-pedagógica ocorreu em

uma escola da rede pública do Estado do Paraná, especificamente, no Colégio

Estadual Papa João Paulo I – Ensino Fundamental e Médio, do município de

Almirante Tamandaré/PR. O trabalho contou com a colaboração de duas professoras

de Matemática do ensino fundamental, um professor de Educação Física e gestor da

instituição de ensino estadual, seis professoras dos anos iniciais do ensino

fundamental, duas gestoras e duas agentes administrativas da rede municipal de

ensino.

O espaço pedagógico utilizado para os encontros foi o Laboratório de

Informática, onde pode-se utilizar os recursos de multimídia, o que, segundo os

professores, contribuiu para o desenvolvimento das atividades e possibilitou a

interatividade e o uso das tecnologias disponíveis, inclusive, de acessos aos sites

3 O Caderno Temático está dividido em três grandes eixos: Parte I – A Matemática no contexto da Educação Fiscal; Parte II – A Educação Fiscal como Eixo Temático: possibilidades para o Tratamento da Informação e Parte III – A Educação Fiscal na Formação Docente. Este material estará disponível, na íntegra, em Produções do PDE de 2013: <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=616>.

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indicados no Caderno Temático.

Os depoimentos dos participantes foram videogravados e os encontros

fotografados. Com este material, produziu-se um portfólio com um dossiê sobre a

abordagem do Caderno Temático e estratégias apontadas pelos professores,

incluindo as imagens e os vídeos.

Na primeira etapa, de 13 de fevereiro a 03 de abril de 2014, foram

desenvolvidas 32 horas de Oficinas, durante oito encontros de quatro horas, com o

objetivo de sensibilizar os professores sobre a temática, a exploração dos temas,

sua aplicação e reflexão sobre a prática, assim como o planejamento de ações para

implementar o Projeto Político-Pedagógico (PPP).

Considerando a singularidade das discussões, em torno das atividades

propostas para a sala de aula, apenas os três professores da rede estadual e as seis

professoras da rede municipal participaram da jornada de 32 horas de oficinas.

Em cada encontro os professores se dividiam em trios e, ao término das

discussões, cada trio produzia um texto-síntese para avaliar e apontar as

contribuições do Caderno Temático para a sua prática profissional. Ao final de cada

encontro apresentavam suas considerações aos demais professores.

Assim, estabeleceu-se no primeiro encontro a apresentação e o estudo sobre

a fundamentação teórica que embasou a construção do Caderno Temático.

Nos cinco encontros seguintes, deu-se a exploração dos seis temas

propostos no Caderno Temático, de forma a realizar as articulações possíveis entre

os conteúdos específicos do Tratamento da Informação e a Educação Fiscal.

Os dois últimos encontros foram destinados a planejar as ações a ser

implementadas no Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola e que,

posteriormente, foram socializadas no Grupo de Trabalho Multidisciplinar (GTM).

Na segunda etapa, com início em 10 de abril e término em 22 de maio de

2014, desenvolveram-se as atividades do GTM, em quatro encontros de quatro

horas, totalizando 16 horas. Nesse momento, ocorreu a socialização dos resultados

da primeira etapa, a discussão sobre a viabilidade do material didático para o

contexto escolar e da sua inserção no Plano de Trabalho Docente (PTD) e no PPP.

Nesta etapa, juntaram-se ao grupo de professores, duas gestoras e duas

agentes administrativas de escolas municipais, pois, diante do interesse delas em

integrar-se nas discussões sobre a temática, permitiu-se essa abertura, tendo em

vista ser imprescindível a participação da comunidade escolar nas tomadas de

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decisões no âmbito escolar, haja vista a implementação da temática no PPP da

escola.

No primeiro encontro do GTM ocorreu a socialização e estudo do relatório das

ações, construído pelos professores no transcorrer das oficinas. Em plenária, os

professores participantes das oficinas relataram aos novos membros do grupo a

maneira como foi conduzido o desenvolvimento das atividades, suas percepções e

crenças em relação à proposta do material didático.

No segundo e terceiro encontros formaram-se grupos de três e/ou quatro

pessoas, momento em que se discutiu a importância da temática para o contexto

escolar e a produção de um PDT.

O quarto encontro pautou-se na discussão e na retomada dos objetivos da

implementação da temática no Projeto Político-Pedagógico, além do

aperfeiçoamento das ações, caracterizando assim a versão final do Plano de Ação.

6 A Educação Fiscal no Ensino da Matemática: a formação docente em foco

A formação continuada esteve vinculada à discussão e reflexão sobre as

estratégias, experiências e sugestões dos participantes sobre a temática proposta,

indicando possíveis adaptações e alterações para melhoria do material didático em

questão. Nesse sentido, Ponte (2004) considera que a construção do conhecimento

também poderá ocorrer a partir das trocas de experiências com a comunidade de

referência, da compreensão e do desejo de debruçar-se sobre a própria prática

profissional, em busca de transformar a realidade da qual faz parte.

O início do trabalho foi deflagrado pela pergunta: Professor, o que você

entende por Educação Fiscal? Sobre isso, afirmaram4:

P1: [...] acho que é sobre os impostos que estamos falando,P3: […] entendo que a Educação Fiscal diz respeito ao consumismo exagerado,P7: [...] sempre percebi a Educação Fiscal como sendo um assunto que abrange a cobrança de impostos, mesmo assim, sinto dificuldades em envolver os conteúdos de Matemática e, ao mesmo tempo, discutir a dimensão do assunto no cotidiano do aluno,P9: [...] o tempo em sala de aula é tão “curto”, não dá tempo de envolver a Educação Fiscal no planejamento, bem que eu gostaria...

Constata-se, pelo dito, que as ações práticas em sala de aula são tímidas.

4 Das Oficinas, participaram nove professores. No Grupo de Trabalho Multidisciplinar, além desses professores, juntaram-se ao grupo, dois gestores e dois agentes administrativos. Na sequência serão expostos recortes de falas, as quais serão identificadas por P1, P2, P3..., P9; G1, G2; A1 e A2, respectivamente. Essa codificação foi necessária para manter o anonimato, já que no referido estudo o interesse esteve no que foi dito e não em quem disse.

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Inicialmente, os professores demonstraram ter uma vaga ideia sobre os significados

da Educação Fiscal. Também, mostraram-se reticentes ao responder quais seriam

as articulações possíveis com os conteúdos matemáticos. De acordo com os

excertos acima, evidenciam-se algumas dificuldades em relação à temática: a

conexão dos conteúdos com a realidade sociocultural dos alunos e o tempo como

fator que dificulta a inserção da Educação Fiscal no contexto da escola. Sobre isso,

Daminelli (2011) afirma que um dos aspectos que colabora para a não inserção do

ensino de determinados conteúdos na escola é a própria formação dos professores.

Haja vista, o fato de que eles se sentem desconfortáveis ao abordar alguns assuntos

que, muitas vezes, não fazem parte de seu histórico de formação.

Por outro lado, o Programa Nacional de Educação Fiscal aponta a

importância da Educação Fiscal na educação e na escola “a fim de sintonizar a

escola com o seu tempo”, pois há necessidade de propor “alternativas criativas para

o enfrentamento dos problemas” atuais, de “construir um elo possível entre o

conhecimento escolar, a necessidade social e a qualidade de vida dos cidadãos”

(BRASIL, PNEF, 2009, p. 31).

Na sequência, introduziram-se as atividades de Matemática e suas

articulações com os temas: água, energia elétrica e telefonia; tributos; trabalho e

consumo; recursos financeiros da escola; contabilidade do orçamento familiar e

documentos fiscais5. Em torno delas ocorreram discussões e reflexões, com ênfase

no papel do professor perante os aspectos pedagógicos do material didático

proposto, conforme mostram alguns posicionamentos, evidenciados após a

exploração dessas atividades:

P1: [...] é preciso ter conhecimento dos tributos cobrados, sua fonte e destino, assim como, entender o cálculo dos impostos e em quais situações eles são deduzidos...,P2: [...] percebemos que as atividades envolvem diversos conteúdos, não só de Matemática, mas, também, articula conteúdos de outras áreas...,P3: [...] Educação Fiscal também é planejar as ações da família, da escola, de acordo com a sua receita, assim, evitando gastos desnecessários,P4: [...] todos os conteúdos citados para o Tratamento da Informação, favorecem a discussão de temas do nosso cotidiano,P5: [...] todos os temas estão interligados, apresentam uma dinâmica diferenciada; questões como a do cupom fiscal pode alertar e conscientizar o aluno sobre a obrigatoriedade de discriminar os impostos incidentes sobre

5 Cada temática aponta sugestões de atividades, a ser trabalhada com o aluno e, também, mantém um diálogo com o professor, sobre algumas possibilidades de articulação da Educação Fiscal e os conteúdos do Tratamento da Informação. A proposição das atividades envolveu situações com: faturas, cupom fiscal, fragmentos de textos, leitura e interpretação de gráficos; charge; simulador de juros simples e compostos; publicidade; planejamento financeiro (planilhas); imposto de renda e comércio varejista.

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os produtos, e que nós pagamos!,P6: [...] é preciso formar cidadãos conscientes, que busquem lutar por seus direitos, se reconhecendo como parte ativa da sociedade,P7: [...] agora percebo de que maneira posso articular alguns conteúdos...,P8: [...] o aluno é o ponto de partida para a transferência do conhecimento sobre Educação Fiscal, à família,P9: [...] é importante discutir sobre esses assuntos, pois, veja, mesmo com a grande disponibilidade de recursos naturais no Brasil, somos recomendados a economizar água e energia elétrica; então, para a sociedade é importante essa “reflexão”.

Nas falas dos professores há indícios de entendimento sobre a disseminação

da Educação Fiscal articulada aos conteúdos escolares e de que esta poderá alertar

as gerações futuras sobre a necessidade do controle social. Ou seja, de que é

preciso articular o Tratamento da Informação e informações relevantes para o aluno.

Assim, ao observar-se a sociedade contemporânea, volta-se para as possibilidades

do aluno apropriar-se de conceitos e formular ideias, na sua capacidade de aprender

a analisar, discutir, argumentar e a posicionar-se diante dos fatos (PARANÁ, 2008).

Por esse viés, a capacidade de resolução de problemas, encontrados no cotidiano,

podem influenciar as condições de vida em sociedade.

Notou-se, no transcorrer das oficinas, que uma das atividades se sobressaiu:

a do orçamento familiar. Entretanto, a maioria dos professores expressaram que:

“não há como destacar uma atividade, todas cumprem a sua função”.

A atividade do orçamento familiar teve como propósito ir além das discussões

dos conteúdos escolares, gerando atitudes positivas mediante organização e

planejamento financeiro, considerando-se receitas e despesas, também quanto as

políticas públicas que interferem direta ou indiretamente sobre os ganhos e dívidas.

Segundo os professores, esta tem sido uma problemática atual da sociedade e que,

se levada a sério, desenvolverá o senso crítico dos alunos, tornando-os pessoas

melhores, com mais condições para enfrentar as complexidades da vida,

favorecendo o seu posicionamento diante do “panorama econômico da atualidade”

(CAMPOS, 2013). Assim, denotam as seguintes falas:

P2: [...] nós vendemos a nossa mão de obra, ela é barata...compramos o carro a perder de vista.... muitos ainda nem tem a casa própria...,P4: [...] através de um planejamento, a família consegue verificar todos os seus gastos, tendo em vista a sua receita; dessa forma, se for necessário, replanejar...,P5: [...] as pessoas não observam o que vem discriminado nos cupons fiscais...,P7: [...] através de pesquisas e entrevistas, o aluno envolverá a família, mostrando aos pais a realidade de seus gastos..., P8: […] o aluno deve comparar e determinar o que é mais adequado em relação ao número de vezes a pagar, em compras a prazo, assim, dará

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valor aos resultados do trabalho...,P9: [...] a Educação Financeira impactará a família à medida que esta se revelar e mostrar os valores monetários gastos durante o mês, já que ao mesmo tempo, esta também trabalhará as noções sobre cidadania.

Os excertos mostram a necessidade do controle sobre as despesas, de que é

preciso que os estudantes adquiram conhecimentos sobre finanças pessoais e

desenvolvam o hábito de realizar o planejamento de gastos que impactam o

orçamento familiar.

Para Hofmann e Moro (2012, p. 11), “a familiaridade com noções como

propriedade, valor, preço e juros, por exemplo, e a capacidade de leitura e

interpretação de documentos financeiros são exemplos de elementos que fazem

parte da educação financeira da população”. Ainda, de acordo com esses autores,

“muitas das competências e dos conhecimentos matemático-financeiros necessários

para promover a educação financeira, passam a ter como principal meio de

disseminação, a escola” (2012, p. 13). Desse modo, através da resolução de

problemas matemáticos contextualizados, é possível identificar as diferenças entre o

que está dentro e fora do ambiente escolar e como isso afeta a organização das

atividades de uma pessoa.

Ao questionar os professores sobre a pertinência dos temas para o contexto

escolar e a forma como as atividades foram apresentadas no Caderno Temático,

pontuaram:

P1: [...] os temas permitem o debate sobre diversas informações da Educação Fiscal,P2: [...] os temas são atuais e estão inseridos no cotidiano dos alunos, com isso contribui para o processo de desenvolvimento do aluno e do corpo docente,P3:[...] há uma abordagem contextualizada dos assuntos e, também, envolve conhecimentos de outras áreas,P4: [...] o contexto das atividades instigam as práticas de cidadania,P5: [...] o material é de fácil compreensão e bem ilustrado, assim, poderá estimular o aprendizado do aluno,P6: [...] amei a questão do simulador de juros simples e compostos...é a tecnologia utilizada a favor da disciplina...,P7: [...] o encaminhamento dado às atividades possibilita trabalhar e perpassar por todas as disciplinas...,P8: [...] é imprescindível que o professor contribua para a formação de uma nova geração, a qual se preocupe com os interesses coletivos, que encontre nos problemas as oportunidades, procurando resolvê-los por meio do diálogo, de modo a realizar planejamentos coletivos, respeitar regras, sem deixar de expor seus pensamentos e ideias inovadoras.

De acordo com os apontamentos, a metodologia apresentada na produção

didático-pedagógica possibilita aos alunos a aquisição dos conhecimentos

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escolares, além de trazer soluções inteligentes para o enfrentamento dos problemas

inerentes à Educação Fiscal. É nesse contexto que a proposição do Caderno

Temático “A Matemática no contexto da Educação Fiscal: uma proposta para a

formação continuada” poderá contribuir com o Plano de Trabalho Docente (PDT),

pois este cria uma possibilidade real de inserir o aluno em situações-problema,

envolvendo questões cotidianas.

Destacam-se, também, as observações sobre o enfoque dado à

contextualização e à interdisciplinaridade no desenvolvimento das dez atividades,

explicitado no material didático.

Outro aspecto importante é que durante todas essas atividades,

permaneceram como questões de fundo as perguntas: o que você entende por

Educação Fiscal? De que forma você vê a Educação Fiscal em sala de aula?

P3: [...] a sociedade atual exige que nos organizemos para a compreensão da informação no dia a dia, porque é necessário!,P7: [...] a escola tem um papel fundamental no desenvolvimento da cidadania, portanto, torna-se um desafio o resgate da dignidade do ser humano …de amenizar os problemas e os conflitos … nisso, o trabalho com a Educação Fiscal pode ajudar.

Entende-se, com os depoimentos, que é imprescindível instrumentalizar o

professor e o aluno para o enfrentamento das adversidades, próprias da Educação

Fiscal, bem como, saber discernir as relações matemáticas implícitas nesse

contexto. Entretanto, nenhum trabalho alcançará os resultados esperados, por mais

bem-intencionado que seja, se os professores não se envolverem plenamente. A

esse respeito, Daminelli (2011, p. 18) argumenta que “é preciso que o professor

saiba lidar com suas próprias expectativas, as quais os alunos podem superar ou

não”, pois os caminhos para atingir os objetivos nem sempre são aqueles que

passam pela imaginação do professor.

Em relação às adequações necessárias para implementação dessas

atividades em sala de aula e do seu trabalho com o aluno, os professores

demonstraram segurança e desenvoltura sobre a temática proposta, como mostram

as seguintes falas:

P1: [...] os conteúdos do Tratamento da Informação poderão ser trabalhados de acordo com o nível de conhecimento da turma... é só adaptá-los aos temas...,P2: [...] percebemos que a Educação Fiscal se traduz no acompanhamento e no controle social de todas as ações da sociedade, incluindo aí, os serviços públicos,P5: [...] as atividades contemplam situações-problema e estudos de casos; sim, porque identificamos na planilha sobre planejamento financeiro, que se

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trata de um estudo de caso, pois, relata do início ao fim o histórico de gastos de uma pessoa, durante um mês,P7: [...] o aluno leva para casa, é como se fosse uma “formiguinha”, ele trabalha os pais o que aprendeu na escola,P8: […] para mim foi difícil entender a interdisciplinaridade implícita nas questões, mas, a partir das trocas de experiências, discussões e reflexões com os colegas, percebi que devo mudar a minha prática,P9: [...] a gente já faz isso, mas não tínhamos a noção dessa contextualização...

Observa-se que os professores se apoiaram nas atividades de formação

pensando no seu trabalho docente, em como levariam essas questões para seus

alunos, considerando o replanejamento das atividades de formação docente para a

formação do aluno.

Assim, com o entendimento possível pelo trabalho com eixos e temas

diversos sobre Educação Fiscal e o ensino de Matemática, eles foram mostrando

entendimentos que abriram horizontes para uma nova pergunta: que educação

financeira queremos? Para Silva e Powel (2013, p. 03), é importante explicitar a

maneira como “o ensino desse assunto vai acontecer no ambiente escolar”. Isto

sugere que qualquer que seja a proposta a ser implantada na escola, esta deverá

“acompanhar as mudanças que ocorrerem no cenário social” (2013, p. 15).

No caminho da formação, os professores traçaram objetivos e elencaram

algumas ações para uma possível implementação no Projeto Político-Pedagógico da

escola. Diante disso, elegeram como objetivo norteador desse documento, promover

espaços de discussão e de reflexão sobre a Educação Fiscal e suas relações

interdisciplinares com os conteúdos escolares.

O Grupo de Trabalho Multidisciplinar destacou-se mais como um marco de

socialização das experiências vivenciadas nas oficinas, de planejamento e tomadas

de decisões sobre os objetivos e ações para compor o Plano de Ação. Desse modo,

os participantes articularam e apontaram metas, atividades, prazos, indicadores e

responsabilidades a serem incorporados ao Plano de Trabalho Docente e Projeto

Político-Pedagógico. Sendo assim, privilegiou-se nesse momento, a consigna de

avaliação do grupo em relação às expectativas no início e ao término da formação.

Sobre isso, suas considerações mostram que:

G1: [...] imaginei que este momento de formação continuada era voltado para a prestação de contas do financeiro da escola, mas vendo o material didático e o Plano de Ação elaborado pelos professores durante as oficinas, percebo que é possível sim a sua aplicação na escola,G2: [...] na prática, superou as minhas expectativas, pois como gestora da escola, contribuiu para melhorar a minha visão em relação ao

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gerenciamento não só do financeiro da escola, mas, também, em como apoiar os professores na implementação da temática em sala de aula,P7: [...] no início, pensei que por se tratar da disciplina de Matemática, trabalharia só cálculos, mas, ao longo do curso, percebi que o material é o apoio do professor, são “coisas” que vou transmitir e levarei para a minha sala de aula..., P9: [...] no início, pensei só no certificado...mas, no decorrer do curso eu fui me encontrando... e, percebi que os estudos sobre a teoria aliada à prática foi muito proveitoso para o meu crescimento profissional, foi além da Matemática...,A1: [...] gostaria de já ter me inserido na primeira etapa do curso, nas oficinas, pois acho importante essa vivência com professores e gestores, para o meu próprio desenvolvimento profissional,A2: [...] pensei que ia aprender a fazer cálculos... mas o curso me permitiu entender o trabalho dos professores em sala de aula, suas dificuldades em fazer com que o aluno entenda que ele quer que ele aprenda e, também, de conseguir a participação dos pais na vida escolar do aluno... gostei da vivência com os professores e gestores, proporcionado no curso.

Tais argumentos indicam um maior comprometimento de toda a comunidade

escolar no processo de ensino/aprendizagem e a necessidade de atualização

constante para que o planejamento venha enriquecer as suas práticas e, com isso,

conseguir o engajamento dos alunos nas atividades propostas.

Durante essas atividades, o grupo mencionou que são raros os livros que

trazem temas da Educação Fiscal ou quando abordam o assunto ela ocorre de

maneira superficial. Também, consideraram positiva a articulação com a rede

municipal e a conquista da certificação.

Na finalização dos trabalhos, como sugestão, os professores evocaram a

elaboração de um Plano de Trabalho Docente como atividade complementar, para,

segundo eles, testar os conhecimentos adquiridos nesta formação. Assim, ocorreu a

construção coletiva desse material. Nesse sentido, as constatações apontaram a

apreensão do referencial teórico e prático, explicitado no material didático utilizado

pelos professores.

7 Considerações Finais

É possível afirmar que, atualmente, ao analisar o papel da escola, é

importante “considerar quatro elementos - dados, informação, conhecimento,

inteligência - e as articulações entre eles” (PIRES, 2000, p. 137). Portanto, vale

ressaltar a necessidade de se discutir o processo de planejamento das ações

educativas no interior da escola.

A trajetória de implementação pedagógica na escola, os relatos sobre os

conhecimentos, as experiências e as sugestões demonstraram o interesse e o

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comprometimento dos professores em torno da produção didático-pedagógica.

Também evidenciaram a necessidade de se inserir os conteúdos escolares de

Matemática e de outras disciplinas da matriz curricular, no contexto social atual.

Com este trabalho, foi possível constatar que o desenvolvimento das

atividades do material didático incitou a curiosidade dos professores e a

compreensão de que os temas destacados nesta produção são de grande

relevância para a prática docente e que sua aplicabilidade é viável, nos diversos

níveis de ensino. Ainda, os professores apontaram a necessidade de outros

materiais, com esse enfoque, para apoiar a prática docente.

A proposta de formação docente pautou-se em atividades que estiveram o

tempo todo voltadas para a interpretação e aplicação da Matemática nas ações do

cotidiano, esperando fomentar nos alunos as tomadas de decisões e, assim, intervir

positivamente na sociedade.

Por fim, resta-nos a questão: por que utilizar a Educação Matemática para

promover a Educação Fiscal? Mediante o trabalho realizado, podemos sinalizar uma

resposta: porque a Matemática está presente em inúmeras situações que fazem

parte do nosso dia a dia e, principalmente, naquelas que envolvem aspectos

financeiros, como as relações de consumo e o sistema tributário. E porque, de posse

do conhecimento matemático, os alunos podem buscar uma vida melhor para si e

uma sociedade mais justa para todos.

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