OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · importância de uma base bem construída para...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
A PRÁTICA DO DIZER COMO ESTRATÉGIA PARA DESENVOLVER A
LEITURA FLUENTE DOS ALUNOS DA SALA DE RECURSOS
MULTIFUNCIONAL TIPO I
Beatriz Joana Rendoki1
Professor Doutor Paulo Ricardo Ross2
Resumo: O presente artigo é resultado das atividades realizadas com os alunos da Sala deRecursos Multifuncional Tipo I, séries finais do Ensino Fundamental em um colégio estadual,localizado no município de São José dos Pinhais, estado do Paraná. Os trabalhos realizados e omaterial didático fazem parte do Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná (PDE),uma iniciativa de retorno dos profissionais da educação aos estudos acadêmicos, ao qual tive aoportunidade de participar como professora da Rede Pública do Estado do Paraná. Este artigopretende demonstrar os pressupostos e a importância do dizer como estratégia para desenvolvera leitura dos alunos que frequentam o Atendimento Educacional Especializado – AEE – nas salasde Recursos. Em termos metodológicos, realizou-se pesquisa exploratória com seis alunos daSala de Recursos Multifuncional – Tipo I, fundamentando-se em contribuições teóricas de Bajard,Vygotsky, os quais explicitam a determinação da linguagem no processo de formação humana.Aqui, serão analisados a constituição da identidade social, as formas pelas quais o ser humanoaprende e interage socialmente e a importância do dizer que Bajard define como “atividade decomunicação vocal de um texto preexistente”. Palavras-chaves: Linguagem; aprendizagem; dizer; leitura fluente.
1. INTRODUÇÃO
Nossos alunos precisam aprender a compreender o que leem para não
receberem passivamente as informações transmitidas na sociedade, e pelas
máquinas (televisão, rádio, jornais, anúncios, imagens, entre outros) e que
possam sim, criar uma ligação entre a informação (dos diferentes tipos de
mensagens) e a realidade, sobretudo compreender sua utilização na prática
social.
De acordo com Sánches (2012, p. 64) “para chegar a ser um bom leitor é
preciso reunir um conjunto de habilidades e competências diferentes e isso leva
muitos anos para forjar”.
No decorrer da história as práticas de leitura passaram por muitas
mudanças, dos textos lidos em voz alta nas praças e salões para serem ouvidos
pelas pessoas que não sabiam ler, a leitura silenciosa. Devido essas
1 Secretaria do Estado da Educação – SEED / Colégio Estadual do Campo Colônia Malhada.2 Doutor em Educação Especial. Professor do Curso de Pedagogia da UFPR.
transformações, algumas práticas (modalidades) de leitura foram sendo deixada
de lado pelos educadores, entre elas a prática do “dizer” que Bajard (2001, p. 73)
define como “uma atividade de comunicação instaurada a partir da tradução de
um texto escrito em texto oral”.
No dia a dia, em sala de aula, deparamos com alunos que leem muito
devagar e ao chegarem ao final do texto, ou até mesmo de um pequeno
parágrafo, não conseguem compreender o que está sendo dito. Assim, muitas
vezes, terminam as séries finais do Ensino Fundamental e até mesmo do Ensino
Médio sem conseguirem solucionar este problema.
Tendo em vista, que essas dificuldades em leitura aparecem,
principalmente, nos alunos que frequentam a Sala de Recursos Multifuncional
Tipo I, aplicou-se a prática do “dizer” visando o desenvolvimento da leitura
fluente.
Ainda, de acordo com Bajard (2001, p. 76) “um bom dizer traduz uma
verdadeira habilidade em leitura, pois o aluno é capaz de realizar ao mesmo
tempo uma leitura e uma dicção”.
Pensando nessa questão e conhecendo a dificuldade de levar os alunos,
das séries finais do Ensino Fundamental que frequentam a Sala de Recursos
Multifuncional Tipo I, a lerem fluentemente tornou-se relevante uma proposta de
intervenção pedagógica que trabalhasse a prática do dizer, pois esta contribui
para o desenvolvimento das capacidades leitoras do aluno e amplia os horizontes
linguísticos, culturais e pessoais.
O dizer é uma atividade muito importante para a socialização da escrita,
pois possibilita ao indivíduo compartilhar a leitura. O dizer impõe ao texto a
presença efetiva do outro, além de ser uma prática essencial para dar vida na
sala de aula.
2. LINGUAGEM COMO PRÁTICA SOCIAL
Estudos sobre o desenvolvimento humano auxiliam na compreensão dos
processos biológicos e culturais que permeiam a formação das pessoas como
sujeitos sociais. Compreender esses aspectos e a evolução humana permite que
os educadores possam entender os alunos nas suas características globais.
Sendo assim, conhecer e entender o modo de agir e pensar da criança favorece
na melhoria do trabalho do professor.
Vygotsky entende que a formação da consciência humana se desenvolve a
partir do contexto cultural e das relações humanas, ou seja o conhecimento é
construído de forma coletiva. Dessa forma, as características humanas vão sendo
adquiridas no decorrer da vida.
As funções psicológicas superiores do ser humano surgem da interaçãodos fatores biológicos, que são parte da constituição física do Homosapiens, com fatores culturais que evoluíram através de dezenas demilhares de anos de história humana. (LÚRIA,1994, p. 60)
De acordo com Vygotsky, citado por Paula e Mendonça (2009, p.39) as
funções psicológicas superiores são: “A capacidade de solucionar problemas; o
uso da memória; a formação de conceitos e o desenvolvimento da linguagem”.
Dessas funções, a que merece maior destaque é o desenvolvimento da
linguagem.
A linguagem é uma característica tipicamente humana, ela é que nos
diferencia dos outros animais. Para Vygotsky, citado por Rego:
A capacidade especificamente humana para a linguagem habilita ascrianças a providenciarem instrumentos auxiliares na solução de tarefasdifíceis, a superarem a ação, a planejarem a solução para um problemaantes de sua execução e a controlarem seu próprio comportamento.(1995, p. 63)
A comunicação permite a inclusão social dos sujeitos na sociedade,
conforme este sujeito vai participando das relações de troca do “conhecimento”
ele passa a compreender o seu papel naquele grupo e/ou na sociedade na qual
está inserido, além de interferir e modificar o próprio meio. Isto ocorre porque os
homens nas relações sociais vão ampliando o seu conhecimento visando à
superação de suas necessidades.
O momento de maior significação no curso do desenvolvimentointelectual, que dá origem às formas puramente humanas de inteligênciaprática e abstrata, acontece quando a fala e atividade prática, então duaslinhas completamente independentes de desenvolvimento, convergem.(VYGOTSKY, 1994, p. 33)
A criança neste contexto é inserida no mundo simbólico de sua cultura
através da mediação do adulto, o qual já domina a linguagem interpretando-a,
atribuindo significado aos gestos, posturas, expressões e sons emitidos pela
criança.
Ao internalizar instruções, as crianças modificam suas funçõespsicológicas: percepção, atenção, memória, capacidade para solucionarproblemas. É dessa maneira que formas historicamente determinadas esocialmente organizadas de operar com informação influenciam oconhecimento individual, a consciência de si e do mundo. […] A formacomo a fala é utilizada na interação social com os adultos e colegas maisvelhos desempenha um papel importante na formação e organização dopensamento complexo e abstrato individual. O pensamento infantil,amplamente guiado pela fala e pelo comportamento dos maisexperientes, gradativamente adquire a capacidade de se autorregular.(DAVIS; OLIVEIRA, 1993, p.50)
Assim a criança passa a internalizar esta linguagem que o adulto interpreta
dando significado, pois quando a criança inicia um processo de fala (sons), este
som não tem significado algum, só passa a ter com a mediação do adulto.
O significado de uma palavra representa um amálgama tão estreito dopensamento e da linguagem, que fica difícil dizer se se trata de umfenômeno da fala ou de um fenômeno do pensamento. Uma palavra semsignificado é um som vazio; o significado, portanto, é um critério da“palavra”, seu componente indispensável. (VYGOTSKY, 1989, p. 404)
Lembrando que isto ocorre num processo lento, conforme o
desenvolvimento da criança. De acordo com Vygotsky,
[...] na medida em que a criança interage e dialoga com membros maismaduros de sua cultura, aprende a usar a linguagem como instrumentode pensamento e como meio de comunicação. Neste momento opensamento e a linguagem se associam, conseqüentemente opensamento torna-se verbal e a fala racional". (VIGOTSKI, 1995. p. 65).
A criança aprende a falar, a partir do repertório que foi apreendido pelas
pessoas da sua convivência. Assim a fala, encontra-se em um período pré-
intelectual e o pensamento, encontra-se em um pré-lingüístico.
Segundo Vigotski, no desenvolvimento inicial a fala do outro dirige a
atenção e a ação das crianças; aos poucos a criança também usa a fala para
afetar a ação do outro.
[...] nem seria possível supor, a partir de Vygotsky, um papel de receptorpassivo para o educando. Vygotsky trabalha explícita e constantementecom a ideia de reconstrução, de reelaboração, por parte do indivíduo,dos significados que lhe são transmitidos pelo grupo cultural. Aconsciência individual e os aspectos subjetivos que constituem cadapessoa são, para Vygotsky, elementos essenciais no desenvolvimentoda psicologia humana, dos processos psicológicos superiores. Aconstante recriação da cultura por parte de cada um dos seus membrosé a base do processo histórico, sempre em transformação, dassociedades humanas.(OLIVEIRA, 1993, p.63)
A partir desta fala multifuncional vem delinear-se uma diferenciação ao
mesmo tempo em que a crianças compreende e usa melhor a fala na regulação
de/pelo outro, ela começa a falar para si. Surge então a fala egocêntrica, que
abrange uma variedade de referências a situações presentes e à ação em
ocorrência. Tais referências passam, aos poucos, a corresponder a uma forma de
descrição e análise da situação. Depois servem para organizar e guiar a ação e
assumem uma função auto-reguladora.
Partindo deste conceito podemos compreender que a linguagem
apropriada, concebida pelo sujeito nas suas relações sociais e mediante o uso
dos instrumentos sociais de comunicação, tem a finalidade de expressar
sentimentos, opiniões e posicionar-se sobre si, o outro e a realidade que o cerca.
Certamente a linguagem é utilizada como instrumento de comunicação,por ela comunicamos aos outros nossas experiências e estabelecemoscom os outros laços “contratuais” porque interagimos e noscompreendemos, influenciamos os outros com nossas opções relativasao modo peculiar de ver e sentir o mundo, com decisões consequentesdobre o modo de atuar nele. Mas se queremos imaginar essecomportamento como uma ação livre, ativa e criadora, suscetível de pelo
menos renovar-se ultrapassando as convenções e as heranças,processo em crise de quem é agente e não mero receptáculo da cultura,temos então que aprendê-la nessa relação instável de interioridade eexterioridade, de diálogo e solilóquio: antes de ser para a comunicação alinguagem é para a elaboração; antes de ser mensagem a linguagem éconstrução de pensamento; e antes de ser veículo de sentimentos,ideias, emoções, aspirações, a linguagem é um processo criador emque organizamos e informamos as nossas experiências. (FRANCHI,1992, p. 9-39)
É preciso desenvolver com os alunos uma competência em relação à
linguagem que lhes permita ter acesso aos bens culturais e alcançar a
participação plena no mundo letrado.
3. REFLEXÕES SOBRE A APRENDIZAGEM
O processo de aprendizagem da leitura e escrita tem sido amplamente
discutido por profissionais da educação e linguístas. Todos reconhecem a
importância de uma base bem construída para que o aluno tenha um bom
desenvolvimento cognitivo, afetivo, podendo interagir crítica e ativamente na
sociedade.
Ensinar é preciso, mas como um ato propiciador para tornar aaprendizagem um caminho suave. Uma criança não se alfabetiza poruma determinação de sua própria natureza humana, embora tenha acapacidade para realizar essa tarefa. É preciso um interventor queaproveite essa capacidade e dê a ela as condições de operar e construir,assim, todos os conhecimentos necessários para a aquisição da escritanas suas diferentes formas. Sem ajuda externa, sozinho, ninguém sealfabetiza. (CAGLIARI 1988, P.35)
A aprendizagem é o ponto central quando se fala em educação, pois
grande parte do comportamento humano ocorre em função da aprendizagem.
Piaget (1980, p.40) declara:
Em sentido mais amplo, a aprendizagem é um processo adaptativo sedesenvolvendo no tempo, em função das respostas dadas pelo sujeito aum conjunto de estímulos anteriores e atuais. Essas respostas consistemna atualização dos esquemas conferindo significações aos estímulos,
isto é, adjunções específicas introduzidas pelo sujeito.
Para Santos (2012, p. 29)
a aprendizagem não acontece no vazio ou na ausência do outro, mas emum processo relacional, permeado tanto pelo aspecto cognitivo quantopelo constructo afetivo, uma vez que afetividade configura-se comoelemento inseparável e irredutível das estruturas da inteligência. Sendo aaprendizagem inter-relacionada ao desenvolvimento cognitivo, não sepode abordar o ato de aprender desvinculado dos afetos, desejos einteresses, visto que, na aprendizagem, o sujeito mobiliza estruturascognitivas e afetivas, apropriando-se do conteúdo e transformando-o emconhecimento elaborado.
Conforme Miranda (2000, p.54), é no campo das relações entre professor e
aluno, que se criam as condições para o aprendizado, sejam quais forem os
objetos de conhecimento a serem trabalhados.
A aprendizagem visa uma adaptação a situações novas, inéditas,
imprevisíveis, isto é, uma disponibilidade adaptativa a situações futuras. Na vida
humana, ao contrário do animal, a aprendizagem se inicia com o nascimento ou
até antes e se prolonga até a morte.
Nesse sentido, de acordo com Lindgren (1982) citado por Santos (2012, p.
47), pode-se entender o processo de aprendizagem como tudo o que ocorre
quando a pessoa aprende, visto que “a aprendizagem está sempre se efetuando:
é um processo que começa com o nascimento (ou até mesmo antes) e continua
de uma forma ou de outra durante toda nossa vida”.
A propósito, tomar consciência do que se aprende relaciona-se com a
metacognição. Para (Santos 2012, p.48)
metacognição é o processo pelo qual a pessoa busca umautoconhecimento sobre como aprende, quais são suas metas e asmelhores estratégias a serem utilizadas para alcançá-las. Esseautoconhecimento é importante para o aprendiz encontrar em si mesmo,ou fora de seu eu pessoal (instituições educacionais, colegas,professores, especialistas etc.), os recursos que facilitem aaprendizagem.
Desta forma, ao fazer uso da metacognição, o sujeito torna-se um
espectador de seus próprios modos de pensar e das estratégias que emprega
para resolver problemas, buscando identificar como aprimorá-los.
Ainda de acordo com Santos (2012, p. 52) “é necessário praticar a
linguagem metacognitiva em sala de aula. É preciso estimular os alunos para que
se mantenham conscientes de sua aprendizagem de modo que eles próprios
sejam capazes de monitorar seu progresso”.
4. O PAPEL DO DIZER EM SALA DE AULA
Ao fazermos uma retrospectiva na história da leitura percebemos que ela
passou por algumas modificações no decorrer do tempo devido às necessidades
de cada época.
De acordo com Bajard (2001, p. 52)
o modelo da verdadeira leitura foi durante muito tempo a “leitura em vozalta” e que a noção de “leitura silenciosa” nasceu progressiva etardiamente. Esta última, inicialmente recusada adquiriu pouco a pouco aqualidade de atividade de leitura, antes de se tornar o seu modelo. A“leitura em voz alta”, por sua vez, se viu gradualmente despojada de seuprestígio e mesmo de sua legitimidade.
A discussão sobre o problema da relação entre a língua escrita e oral está
presente na humanidade desde o surgimento da escrita, portanto não é
surpreendente que esteja presente na escola e nas pesquisas.
A leitura em voz alta foi sendo deixada de lado, mas estudos recentes
propõem novas terminologias para resgatar em sala aula algumas práticas que
ficaram esquecidas e que são importantes.
Conforme estudos realizados por Bajard, a terminologia leitura em voz
alta não é conveniente, pois provoca confusão com o ato de ler, além de esconder
a natureza comunicativa da voz alta. É preciso identificar duas atividades
distintas: a leitura silenciosa, individual e a sonora, social, que chamamos dizer.
Devido a essa problemática de termos, Bajard (2001, p. 74) propõe novas
definições: “Oralizar, para a atividade de identificação das palavras através da
voz; Ler, para a atividade silenciosa de construção de sentido à partir do
significante gráfico; Dizer, para a atividade de comunicação vocal de um texto
preexistente”.
O primeiro contato da criança com a língua escrita se dá, muitas vezes,
nos primeiros meses, no momento em que, por meio do dizer, a mãe conta ou Lê
histórias ao bebê. Em seguida, por meio do tato, olfato, olhar e até mesmo o
paladar. Logo a criança por si só vai folhear o livro, observar os desenhos e fazer
relações entre a escrita e as imagens, dando-se sua primeira interação com a
leitura. Na sequencia, ela própria vai traçar seus primeiros rabiscos. Desse modo,
de acordo com Bajard (2001, p. 78), “as três vias serão então abertas nessa
ordem: dizer-ler-escrever”.
A criança é inserida ao mundo da escrita muito antes de entrar na escola,
seus familiares vão acompanhando sua evolução ao fazer contato com textos
impressos. Dai provém a diferença entre as crianças que chegam a escola
advindas de um universo não letrado, ou seja, que não tem o contato com o
material impresso. Nesse caso cabe a escola reduzir a diferença oferecendo a
essas crianças o contato diversificado com o texto escrito por meio das três
práticas.
O dizer, primeiro elo da criança com a escrita não pode desaparecer após
a aprendizagem da leitura, pois cabe lembrar que ele ocupa papel importante na
sociedade, mesmo esta sendo ou não de leitores. É hábito da população
brasileira assistir ao jornal televisivo e ainda, um público mais restrito e
intelectualizado frequentar os espetáculos teatrais, cuja base é o dizer, pois
fundamenta-se em um texto escrito.
É necessário fazer do dizer uma das grandes práticas da língua escrita,como o são a leitura e a produção de texto. [...] Para se ter acesso àescrita, existem três vias, ler/escrever/dizer, que convocam não somenteoperações cognitivas idênticas, mas também operações distintas.(BAJARD 2001, p. 81)
É indispensável que o professor saiba analisar sua competência de se
expressar e fazer uso do dizer, para que assim possa utilizá-lo em sala de aula,
pois o valor que os alunos farão desta atividade estará baseada nas ações do
professor, que deve ser um praticante assíduo do dizer.
5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este artigo é resultado do Projeto de Intervenção, aplicado no 1º semestre
de 2014, na Sala de Recurso Multifuncional (SRM) Tipo I do Colégio Estadual do
Campo Colônia Malhada, uma escola pública situada na área rural de São José
dos Pinhais.
Neste estabelecimento de ensino, a SRM, funciona no período da manhã e
atende alunos do 6º e 7º Ano que estudam no período da tarde. A carga horária
destinada à aplicação do projeto totaliza 64 horas, sendo 32 horas em trabalho
direto com o público-alvo, alunos da SRM.
De acordo com a INSTRUÇÃO N° 016/2011 – SEED/SUED que rege a
Sala de Recursos Multifuncional – Tipo I na Educação Básica – anos finais do
Ensino Fundamental, o trabalho pedagógico a ser desenvolvido deve partir dos
interesses, necessidades e dificuldades de aprendizagem específicas de cada
aluno, oferecendo subsídios pedagógicos, contribuindo para a aprendizagem dos
conteúdos na classe comum e, utilizando-se ainda, de metodologias e estratégias
diferenciadas, objetivando o desenvolvimento da autonomia, independência e
valorização do aluno.
Sendo assim, de acordo com a presente instrução o professor da Sala de
Recursos Multifuncional – Tipo I, na Educação Básica – anos finais do Ensino
Fundamental, deve trabalhar o desenvolvimento de processos educativos que
favoreçam a atividade cognitiva (áreas do desenvolvimento) e os conteúdos
defasados dos anos iniciais, principalmente de leitura, escrita e conceitos
matemáticos. (grifos meus)
Desta forma, se fez necessário uma proposta de intervenção pedagógica
que trabalhasse a prática do DIZER (a oralização, a dicção do texto escrito, a
leitura expressiva ou ainda, o que chamamos de leitura em voz alta), a leitura e a
escrita estão interligadas, pois não há uma linha que as separe, ao desenvolver
um trabalho pedagógico cujo objetivo é a leitura, também, estamos
desenvolvendo a escrita e vice-versa.
O Projeto de Intervenção Pedagógica foi elaborado no primeiro semestre
de 2013, no segundo semestre do mesmo ano realizou-se a produção do material
didático onde optou-se por uma Unidade Didática composta por quatro oficinas,
cujo, foco era a prática do dizer.
A Implementação do Projeto iniciou-se em fevereiro de 2014, período em
que abre as inscrições para o Grupo de Trabalho em Rede (GTR), no qual o
professor PDE tem a oportunidade de compartilhar sua pesquisa (projeto, material
didático e implementação) passo a passo com os colegas de área inscritos em
seu GTR.
O projeto foi aplicado com seis alunos da SRM, que apresentam
dificuldades de aprendizagem. De acordo com Antunes (1999, p. 70), crianças
com dificuldades de aprendizagem são as que,
[...] examinadas por uma equipe psicopedagógica e interdisciplinar,mesmo recebendo exercícios e atividades apropriadas para seu nível deidade e capacidade, não correspondem de acordo com esses níveis emuma ou mais área, a saber: expressão oral, compreensão oral,expressão escrita com ortografia adequada, habilidade básica de leitura,compreensão da leitura [...]
Assim sendo, é necessário que o professor busque diferentes formas de
chegar até esse aluno, pois, segundo Ross, (2003, p.15),
[...] o professor não é aquele que faz nascer o conhecimento, masaquele que pode organizar os caminhos, os instrumentos para conhecer,para aprender. O professor é aquele que amplia os braços mentais dosalunos e de si próprio para que ambos se apropriem, compreendam nãoapenas o já conhecido, mas aquilo que precisa ser conhecido em facedas necessidades do contexto social de cada época.
Desta forma, cabe ao professor analisar as necessidades de cada aluno e
organizar diferentes atividades para que esse aluno aprenda. Nesse sentido,
aplicou-se o dizer como uma das estratégias para sanar as dificuldades
apresentadas em leitura.
Em cada oficina foi enfatizado a importância do dizer praticado pelo
professor para que esta servisse de modelo e estímulo para o aluno, pois de
acordo com Silva (1988, p.79), “Ao ouvir os textos lidos em voz alta, as crianças
vão criando consciência dos aspectos da expressão escrita [...]”.É através do
dizer que o professor demonstra ao aluno como é bom desfrutar de uma história
escrita, pois Meireles (1979, p. 42) afirma: “[...] o gosto de ouvir é como o gosto de
ler”.
No início de cada oficina, o professor lia um texto com o intuito de que os
alunos percebessem o dizer, e observassem que não se lê uma notícia jornalística
do mesmo modo que um poema, que no texto narrativo a voz do narrador é
diferente da fala de uma personagem, visto que foram trabalhados textos com
muitos diálogos para que os estudantes percebessem mudanças no tom da voz.
Foram confeccionadas muitas fichas com poemas e narrativas curtas para
que as crianças pudessem escolher, treinar e dizer o texto. A cada ficha escolhida,
o aluno era estimulado a treinar várias vezes o texto, primeiro, realizando a leitura
silenciosa, em seguida, o aluno era atendido individualmente onde fazia leitura em
voz alta para o professor, o qual o ajudava a treinar o texto. Após o preparo o
aluno era estimulado a dizer o texto para os demais colegas da turma.
O dizer (leitura em voz alta) pode ser uma forma de reduzir a ansiedadede comunicação. Se as crianças tiverem oportunidade de preparar otexto e de participar em atividades de imitação, poder-se-ão sentir maisseguras para participar, revelando-se a leitura em voz alta como umprimeiro passo para uma comunicação mais espontânea na sala de aula.(FOSS E REITZEL, 1988)
A seguir, são descritas as oficinas realizadas no processo de
implementação do projeto de intervenção.
Na primeira oficina intitulada "Saber ler: é ou não é importante..." o aluno
teve a oportunidade de falar sobre o uso da leitura e da escrita em seu cotidiano.
Essa oficina se iniciou em fevereiro de 2014 até meados de março.
Nesta oficina os alunos observaram, identificaram e relataram as ocasiões
em que fazem uso da leitura e da escrita por necessidade. Foram citadas
diversas circunstâncias tais como: no mercado: ler a lista de compras e verificar
os preços; em casa: ler correspondências como a conta de Luz e telefone;
quando vão ao centro da cidade: ler o itinerário do ônibus, localizar um endereço
e finalmente, ler as mensagens recebidas pelo telefone celular entre outras.
Ainda nesta etapa, foi solicitado aos alunos para que conversassem com
uma pessoa adulta que não dominasse a leitura e a escrita e perguntassem a ela
qual era a maior dificuldade em relação a esse aspecto. Muitas situações foram
apontadas, tais como: vergonha por não saber ler; medo de serem enganadas ao
realizarem uma negociação; não conseguir fazer uso do aparelho celular;
dependência ao receber a aposentadoria, entre outros.
Luria (1994) ressalta que a escrita criada pelo homem, é um instrumento
cultural que expande enormemente seus poderes uma vez que permite os
registros escritos. Sabemos que o conhecimento acumulado adquirido por meio
da leitura e da escrita não contempla a todos, portanto o indivíduo que não
dominar a leitura e a escrita tem dificuldade em participar ativamente da
sociedade.
Nesta oficina, os alunos praticaram o dizer através de cantigas de rodas,
versos, parlendas, trava-línguas, lembrando que o material foi coletado por eles
com ajuda dos familiares.
Ao partilhar as atividades que compõe a primeira oficina com as colegas
inscritas no GTR, uma das participantes destacou que "as atividades fazem os
alunos refletirem sobre o processo da leitura, assim como compreenderem a
importância da mesma na sua vivência diária".
Na segunda oficina cujo título era "Vamos brincar de poesia..." o objetivo
principal foi ouvir e dizer poesias, observando a pontuação, a entonação e o
ritmo adequados para desenvolver a leitura.
Optou-se pela poesia por se tratar de textos menores, que possuem ritmo e
melodia.
A poesia é um suporte extraordinário para despertar na criança abrincadeira. Permite o envolvimento com o imaginário, com o faz-de-conta que, segundo Vygostsky é um dos grandes contributos para odesenvolvimento da linguagem escrita. (OLIVEIRA, 1966, p.69 apudQUADROS, 2006, p. 12)
Nesta oficina, o aluno teve oportunidade de fazer uso do dizer por meio de
poesias com rima, sem rima, poesias narrativas entre outras.
Partilhando as atividades da segunda oficina com as participantes do GTR
uma das participantes declarou: " [...] trabalhar com a poesia é uma descoberta de
versos e rimas. Principalmente quando eles apresentam resistência à leitura de
qualquer texto escrito [...]".
A terceira oficina, intitulada "Quem conta um conto aumenta um ponto..."
teve como objetivo explorar o dizer por meio de contos de assombração.
Além dos contos trazidos pelo professor, nesta oficina os alunos relataram
muitas histórias contadas por pais e avós, visto que todos residem em uma área
rural em que a luz elétrica está presente a pouco mais de trinta anos, por isso os
pais pertencem geração do lampião de querosene (época em que toda região era
muita escura), portanto histórias de visagem é comum no repertório desta
geração.
Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvirmuitas, muitas histórias...escutá-las é o início da aprendizagem para serum bom leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito dedescoberta e de compreensão do mundo. (ABRAMOVICH, 1993, p.24)
Esta oficina, foi a que mais os alunos contribuíram com material trazido de
casa (de forma oralizada), pois a maioria dos pais tem pouca escolaridade e não
tem o hábito de adquirir material impresso, por isso não possuem livros de poesia,
histórias, jornais ou revista, muitas vezes o único material impresso que o aluno
possui em casa é o livro didático da série que frequenta.
Nesta oficina foi praticado o dizer por meio de contos de assombração
estimulando os alunos a dividirem-se em dois grupos para, após o treino,
realizarem a leitura dramatizada. De acordo com Ross (2006), “é preciso
encorajar as crianças e jovens a conhecerem e apreciarem as possibilidades de
aprender com o outro. A tarefa pode ser subdividida em partes menores. A
aprendizagem pode ser mediada por outro colega”.
Cabe lembrar, que a mediação do professor é muito importante para
estimular a fala do aluno, quer na defesa de um argumento, quer na
representação de histórias, pois esta desenvolve a tomada de consciência de si,
seu próprio pensamento, sobre o vivido, bem como produz sua imagem social. O
outro passa a reconhecer aquilo que é demonstrado pelo eu.
Na última oficina, cujo título era "O jornal está no ar...", ocorreram práticas
do dizer por meio de textos de jornal televisivo e de rádio. O objetivo desta oficina
foi propor situações reais de leitura e escrita, possibilitando a observação e
reflexão sobre o mundo a sua volta.
Uma das participantes do GTR, ressaltou que:
Trabalhar com os diversos gêneros textuais, principalmente os que fazemparte do cotidiano dos alunos, é de fundamental importância, pois leva osmesmos, a compreender que há uma diversidade de textos circulando nasociedade e que os mesmos fazem parte de seu dia- a- dia.
Nesta etapa, os alunos assistiram trechos de jornais de diferentes
emissoras de TV e rádio, gravados antecipadamente pelo professor, foram
observados a estrutura da notícia, a postura e a entonação do apresentador, foi
explicado que para dizer as notícias o apresentador tem como base um texto
escrito preparado e treinado antecipadamente e que o apresentador deve ter
domínio da leitura e boa dicção. No Jornal televisivo, as informações são
complementadas por gestos, entonações de voz, imagens ao vivo.
Nesta etapa foi preparado um jornal televisivo para apresentar, para isso foi
feito um levantamento dos últimos acontecimentos do bairro, da escola para
montar as notícias, foram inventar comerciais (satirizando objetos); a reportagem
especial com entrevista; foi montado um cenário e escolhido um nome para o
jornal; foram gravadas músicas que serviram de fundo musical; os foram
estimulados treinarem a apresentação.
Em cada oficina, o material necessário foi preparado com antecedência.
Também, foi disponibilizado na sala de aula “o cantinho da leitura”. Nesse espaço
continha livros, fichas com a tipologia textual trabalhada em cada oficina para que
os alunos pudessem explorar.
Como avaliação, além da observação contínua feita pelo professor foi
preparado antecipadamente um caderno na forma de um diário para que o aluno
registrasse suas impressões, após cada atividade. Neste caderno continha um
roteiro para ajudar o aluno nos seus registros.
Também, foi planejado gravar os alunos praticando "o dizer",para que no
final da aplicação do projeto professor pudesse em companhia do aluno analisar
os avanços (se há segurança, entusiasmo, fluência, dicção, marcação dos sinais
de pontuação, entonação, pronúncia correta dos vocábulos, postura e se há
emoção, isto é, o aluno consegue expressar por meio da leitura, medo, tensão,
graça, se o aluno consegue compreender o texto lido, entre outros), porém estes
alegaram que tinham vergonha de serem filmados, devido a isto essa prática não
foi realizada, ficando apenas a observação contínua feita pelo professor.
[...] Todo indivíduo pode, dar sua participação e contribuir com suaexperiência acumulada e seu poder de decisão, uma vez que oespecialista não pode ser mais o portador de todas as verdades. Todamanifestação deverá ser respeitada. O profissional da educação éaquele que ousa aceitar o desafio de auxiliar o humano a se construircomo civilizado [...] (ROSS, 2006, p. 276 - 279)
O papel do professor, entre outros, é o de associar toda produção do aluno,
seja uma manifestação, seja um registro, como parte de sua identidade. O ser
humano é o que manifesta socialmente, a todo instante, expressa prazer ou
desprazer diante dos estímulos, as atividades, as demandas das outras pessoas.
Perceber o que mais lhe agrada e o que lhe desagrada é fundamental para
constituição de sua singularidade.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos com a aplicação das oficinas foram satisfatórios,
houve um grande envolvimento por parte dos alunos em todas atividades. No
início da aplicação percebeu-se o receio dos alunos participantes ao praticarem o
dizer, mas no desenrolar das oficinas foram perdendo a timidez e, ao chegar à
última oficina, notou-se mais desenvoltura e habilidade no dizer dos alunos que
participaram da prática.
Sabemos que há muitas práticas que podem ser usadas em sala para que
o aluno desenvolva a leitura, mas concluo acreditando que o dizer é uma
estratégia indispensável para desenvolver a leitura fluente e que a ajuda a
desenvolver a capacidade de pensar e compreender. É o dizer que dá vida a sala
de aula, pois por meio dele professor e aluno interagem, constroem ideias e
formalizam opiniões.
Acreditamos que o treino é a melhor forma para desenvolver a fluência, o
hábito e o gosto pela leitura. Neste sentido, o dizer (leitura em voz alta) contribui
para o desenvolvimento das capacidades leitoras do aluno e amplia os horizontes
linguísticos, culturais e pessoais.
Ressalto a importância do Programa de Desenvolvimento Educacional
(PDE), que oferece aos profissionais da educação uma oportunidade de
pesquisar, levantar os problemas, elaborar hipóteses e produzir material didático
relacionado a área em que atua, para melhor contribuir no seu ambiente de
trabalho.
Destaco, ainda, a contribuição da Universidade Federal do Paraná (UFPR),
onde pudemos receber o conhecimento e a formação por meio de eventos, da
experiência profissional dos docentes.
Enfatizo, especialmente, a colaboração do orientador Dr. Prof. Paulo
Ricardo Ross, exemplo de superação, que por meio de sua prática e de seus
pensamentos: “O seu aluno é o resultado do que produz”; “Cabe ao professor
projetar o futuro do aluno”; “Aquilo que ensinar, se não for importante a mim, por
que será ao aluno?”, fez com que repensasse minha prática profissional.
Quando temos um sistema educacional que nos ensina a reconhecer os
dons, a potencialidade de cada indivíduo e como podemos colaborar para superar
as nossas dificuldades, aí então temos melhor qualidade de vida.
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