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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO

PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: Um olhar histórico-cultural do Parque Nacional do Iguaçu no contexto do oeste paranaense

Autor: Marinez Cassanego

Disciplina/Área: História

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual João Manoel Mondrone – Ensino Fundamental, Médio, Profissional e Normal. Medianeira-PR

Município da escola: Medianeira

Núcleo Regional de Educação: Foz do Iguaçu

Professor Orientador: Prof.Dr. Nilceu Jacob Deitos

Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE

Relação Interdisciplinar: Geografia, Ciências, Português e Sociologia

Resumo:

Esse trabalho refere-se a uma Unidade Didática, continuação do Projeto de PDE com a temática Um olhar histórico-cultural do Parque Nacional do Iguaçu no contexto do oeste paranaense. A pesquisa aborda a ocupação da região de Medianeira considerando o processo migratório e a presença de grupos étnicos, mostrando duas hipóteses: a ocupação efetiva do território que compõe o município de Medianeira e as relações possíveis que se estabeleceram com o Parque Nacional do Iguaçu (PNI), contemplando dois olhares o desenvolvimentista que se constituiu a partir da efetiva ocupação da região oeste caracterizada pela Companhia Colonizadora Industrial e Agrícola Bento Gonçalves, no caso de Medianeira e outro olhar o preservacionista, da criação e preservação do PNI, considerado Patrimônio Natural da Humanidade, que resistiu a concepção desenvolvimentista. O objetivo da unidade didática é oferecer variadas metodologias

para serem utilizadas em sala de aula pelos alunos da Educação Infantil e de séries iniciais do ensino fundamental, através das alunas (os) do 4° Ano do curso de Formação de Docentes, fazendo um estudo detalhado na disciplina de história relacionando-a com as demais disciplinas como Geografia, Ciências, Português entre outras para que ocorra uma dinâmica no processo ensino- aprendizagem. O material didático será relevante para que os alunos percebam a história da ocupação de Medianeira, em épocas remotas e refletir sobre essa sociedade que ocupou a região através de colonizadoras, pretendendo que o aluno conheça suas raízes históricas criando sua identidade cultural e valorizando o Parque Nacional do Iguaçu, exaltando sua importância para a região.

Palavras-chave: Migração; colonização; Parque Nacional do Iguaçu; desenvolvimentismo; preservacionismo.

Formato do Material Didático: Unidade Didática

Público:

Alunos do 4° Ano do curso de Formação de Docentes da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ - SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE

PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA

PROFESSORA PDE: MARINEZ CASSANEGO

FOZ DO IGUAÇU-PR, 2013

MARINEZ CASSANEGO

UM OLHAR HISTÓRICO-CULTURAL DO PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU NO CONTEXTO DO OESTE PARANAENSE

Produção Didático Pedagógica apresentada ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, vinculado à Universidade do Oeste do Paraná – UNIOESTE – Campus Marechal Cândido Rondon. Orientador: Prof. Dr. Nilceu Jacob Deitos.

Medianeira

2013

APRESENTAÇÃO

O tema “Da Ocupação do Oeste Paranaense Nasce o Parque Nacional” procura

levar o educando a refletir sobre uma bifurcação de olhares, o desenvolvimentista,

através da efetiva ocupação da região oeste e a preservacionista, que contempla o

Parque Nacional do Iguaçu que foi concebido e criado em uma temporalidade anterior

ao período da consolidação do processo de colonização, delimitando um olhar ao espaço

local do município de Medianeira, tendo como título “Um olhar histórico-cultural do

Parque Nacional do Iguaçu no contexto do oeste paranaense”, pertencendo à linha de

estudo: Paraná-história e historiografia” – Relação com o contexto regional, nacional

e/ou mundial, desenvolvendo ideias da ocupação do oeste do Paraná e buscando

relacionar-se com a história local sentindo-se ser pertencente à própria história.

A Unidade Didática é uma continuação do Projeto de Intervenção Pedagógica,

como exigência do PDE, e tem como objetivo despertar o aluno para o conhecimento da

história da região oeste do Paraná percebendo um espaço preservado e um colonizado,

enfocando o município de Medianeira. Objetiva ainda oferecer diversificadas

metodologias de trabalho que serão aplicadas no Colégio Estadual João Manoel

Mondrone com alunos do 4° Ano do curso de Formação de Docentes da Educação

Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, na tentativa de que possam repassar

para seus alunos a prática pedagógica quando estiverem atuando em sala de aula

.buscando refletir historicamente sobre quem somos e como contribuímos para a

transformação e que fazemos em favor da preservação, preparando o aluno para

conhecer-se como sujeito da própria sociedade dando assim continuidade ao projeto.

Este documento apresenta atividades de pesquisa, análise textual, material

multimídia, visitas técnicas, entre outros. Será utilizado para elaboração deste

documento, um conjunto de materiais de pesquisa como fontes orais, escritas, imagens,

mapas e outras fontes que forem pertinentes a esse tema em estudo.

ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO

Este projeto será desenvolvido no Colégio Estadual João Manuel Mondrone – Ensino

Fundamental, Médio, Profissional e Normal, na cidade de Medianeira, com a turma do

4° ano do curso de Formação de Docentes da Educação Infantil e das séries iniciais do

Ensino Fundamental. As estratégias de desenvolvimento consistem em nove ações que

no decorrer dessa produção Didático-Pedagógica estarão sendo explicitadas. As duas

primeiras consistem na apresentação do projeto.

Ação I:

Será apresentado ao diretor, equipe pedagógica, professores e funcionários do Colégio

Estadual João Manoel Mondrone o projeto de intervenção pedagógica salientando a

importância da contribuição de todos para o sucesso da aplicação do mesmo.

Ação II:

O projeto será exposto aos alunos do 4° Ano do curso de Formação de Docentes da

Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental principalmente seus

objetivos, reafirmando a participação efetiva de todos os alunos para o entendimento e

para a dimensão histórica da região oeste do Paraná, percebendo essa dupla dimensão

de um espaço preservado e um espaço colonizado, com enfoque no município de

Medianeira.

Ação III:

Aula expositiva sobre duas visões: a desenvolvimentista e a preservacionista, abordando

a ocupação do oeste paranaense, enfocando a efetiva ocupação do município de

Medianeira através de grupos étnicos que ocuparam um espaço transformando em áreas

cultivadas e a criação e preservação do Parque Nacional do Iguaçu como área que

resistiu ao desenvolvimentismo e se transformou em área preservada.

Exposição e diálogo sobre o processo de migração e ocupação do território paranaense.

O DESENVOLVIMENTISMO E O PRESERVACIONISMO:

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Estabeleço aqui duas visões: a desenvolvimentista e a preservacionista. A

primeira aborda a colonização do oeste paranaense, enfocando a efetiva ocupação do

município de Medianeira através de grupos étnicos que se fixaram em um espaço

transformando-o em áreas cultivadas. A segunda aborda a criação e a preservação do

Parque Nacional do Iguaçu como uma área que resistiu ao desenvolvimento e

transformou-se em área preservada culminando no que mais tarde foi chamado de

Patrimônio Natural da Humanidade.

Refletindo sobre o PNI, para a lógica da colonização, o espaço territorial se

apresentava como sendo um espaço de ocupação e produção. Entre as motivações dos

agricultores colonos1a territorialidade se configurava como um espaço selvagem que

deveria ser domesticado pela presença humana, produzindo assim condições materiais

de existência, mas para o naturalismo do século XIX, a única forma de proteger a

natureza é afastá-la do homem, por meio de “ilhas” onde esse pudesse apenas admirá-la.

(VENCATTO, 2010).

Com o fim da guerra do Paraguai, houve um desequilíbrio no Império, surgindo

dessa forma uma pressão para a fundação de uma Colônia Militar na Foz do Rio Iguaçu.

Relatado por Wachowicz, “a 8 de março de 1888, assumiu a chefia do

ministério, João Alfredo, que colocou na pasta do ministério da Guerra, Tomás José

Coelho de Almeida”, que adotou uma política voltada aos interesses das classes

militares e como ministro da guerra, um dos seus primeiros atos foi criar uma comissão

1 Davi Felix Schreiner apresenta o conceito de colono a partir da compreensão de Alfredo Bosi (Dialética

da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1998). Segundo o autor “o termo colono designa agricultores com pouca terra que organizam a produção agropecuária com base no trabalho familiar”. Schreiner considera ainda a concepção apresentada por Seyferth a qual explica que colônia refere-se às pequenas propriedades adquiridas por imigrantes alemães e italianos e seus descendentes, por meio de projetos oficiais ou privados de colonização, nas quais desenvolveram a produção agrícola tanto para a subsistência das suas famílias como para o mercado. Segundo Schreiner “é comum, ainda hoje, no Oeste e Sudoeste do Paraná, o emprego de colônia como sinônimo de área rural de um município. E, em algum momento durante a década de 70 e 80, o termo colono passou a ser utilizado pelos citadinos com conotação pejorativa, em contraposição ao agricultor modernizado, que incorporou tecnologia na produção e estava diferenciando-se economicamente com o boom da soja”. Para Ferreira, colono é o trabalhador agrícola ou pequeno proprietário rural, especialmente quando imigrante ou descendente deste. (FERREIRA, 1999)

estratégica voltando os interesses para a região Oeste paranaense, formando a Colônia

Militar. (PERIS, 2003)

Na tentativa de controlar as áreas do Oeste do Paraná, criou-se a Colônia Militar

de Foz do Iguaçu, tornando-se ponto estratégico por ser fronteira com os países

Paraguai e Argentina, e tendo como outro objetivo desbravar e ocupar o Oeste, mas a

Colônia Militar foi extinta, criando-se, tempo depois, o Território Federal do Iguaçu.

Para Lopes (2002), a criação do território pode ser concebida como um ato de

ocupação definitiva da faixa fronteiriça afastando o perigo estrangeiro e rompendo o

isolamento com o restante do país.

Os grupos humanos que ocuparam o Oeste do Paraná, anterior ao processo da

colonização, configuram-se inicialmente pela presença indígena. Depois se registra a

ação migratória de caboclos (Ruy Christovam Wachowicz, 1987) e a presença de

paraguaios e argentinos pela ação das obrages. Mais tarde, a partir da Era Vargas, ao

implantar o Programa de Marcha para o Oeste, busca consolidar o processo de

nacionalização com a efetiva presença de brasileiros nesse espaço, que ocorreu através

de colonos que migraram do Rio Grande do Sul e Santa Catarina para colonizar a região

Oeste do Paraná.

Parte dos colonos que vieram se fixaram em locais de reserva áreas devolutas as

quais não tinham títulos de terras. Outros vieram através das companhias colonizadoras,

essa característica de ocupação é comentada por Vencatto como sendo: “a dos posseiros

agricultores familiares que cultivavam uma área como se fosse sua, e a do pequeno

agricultor, proprietário de pequena quantidade de terra que trabalhava com sua família”.

Segundo Rudy Nick Vencatto (2010), registram-se na história que as famílias

que viviam na área do PNI foram desapropriadas pelo Instituto Brasileiro de

Desenvolvimento Florestal (IBDF) e pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma

Agrária (INCRA). Muitos começaram a ser perseguidos, ameaçados ou presos, por que

buscavam na terra um modo de subsistência. Para reassentar as famílias desapropriadas,

o INCRA criou o Projeto Integrado de Colonização-Ocoí (PIC-OCOÍ), em uma área de

São Miguel do Iguaçu, reassentando em torno de 500 famílias.

Após a desapropriação criou-se o Parque Nacional do Iguaçu oficialmente em

10 de janeiro de 1939 pelo governo Vargas, somente no ano de 1967 iniciou-se o

processo de regularização fundiária do parque tornando-o uma área preservada.

(VENCATTO, 2010)

Referências

DALLO, Luciano. Caminho do Colono: Vida e Progresso, Francisco Beltrão, Ed. Grafit. 1998 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. “Colono”. Novo Aurélio – Século XXI, O dicionário de língua portuguesa, p. 504. Nova Fronteira. Rio de Janeiro. 1999. LOPES, Sérgio. O Território do Iguaçu no contexto da “Marcha para Oeste”.

Cascavel. Edunioeste. 2002.

PERIS, Alfredo Fonseca. Estratégias de Desenvolvimento Regional: Região Oeste do

Paraná. Edunioeste. Cascavel. 2003.

VENCATTO, Rudy Nick. Dissertação (Mestrado em História). “Mas com isso a gente

começou duas vezes no meio do mato”: memórias dos desapropriados do Parque

Nacional do Iguaçu (Oeste do Paraná, 1970 - 2009). Marechal Cândido Rondon. 2010. WACHOWICZ, Ruy Christovam. Obrageros, mensus e colonos; história do oeste

paranaense. 2ª Edição. Curitiba. Editora Vicentina. 1987.

MIGRAÇÃO

A migração está relacionada ao nosso cotidiano, sempre buscando alguma coisa

melhor pela frente, pois migrações são fenômenos sociais relacionados à busca de

riqueza em geral, a posse, as quais fez crescer, bem como surgir novas cidades e

delimitando áreas fronteiriças. Para Sérgio Odilon Nadalin (2001), o ato de migrar está

associado ao nosso cotidiano. As migrações são fenômenos sociais, históricos, políticos

e econômicos, mas profundamente enraizados na procura de riqueza obtida pelo

trabalho.

Nos anos 1930, as migrações para o Oeste do Paraná foram facilitadas pela ação

das companhias colonizadoras e pelo preço baixo das áreas. Dessa forma, o processo de

migração e ocupação do território paranaense foi também empregado durante o governo

de Manoel Ribas, que concedeu grandes hectares de terras devolutas às empresas

colonizadoras. Estas faziam a propaganda nos outros estados da região Sul e atraíam

migrantes descendentes de europeus pelo baixo preço das terras e pela possibilidade de

continuidade da cultura familiar de subsistência. (NADALIN, 2001)

As pessoas migram pelo fato de descobrir que em seus meios tradicionais não

conseguiriam sobreviver, ou seja, nos locais de origem, pois se fosse pela sua própria

vontade, a maioria com algumas exceções não abandonaria suas comunidades, seu local

de origem. Há casos, em menor número, onde ocorre a migração devido ao fato de

serem perseguidas por concepções ideológicas divergentes.

Segundo a concepção de Sérgio Buarque de Holanda (2011), em seu livro Raízes

do Brasil, ele cita que existe dois tipos de homem: o trabalhador e o aventureiro. “Esses

dois princípios encarnam-se nos tipos do aventureiro e do trabalhador. Já nas sociedades

rudimentares manifestam-se eles, segundo sua predominância, na distinção fundamental

entre os povos caçadores ou coletores e os povos lavradores. Para uns o objeto final, a

mira de todo esforço, o ponto de chegada, assume a relevância tão capital, que chega a

dispensar, por secundários, quase supérfluos, todos os processos intermediários. Seu

ideal será colher o fruto sem plantar a árvore. O trabalhador, ao contrário, é aquele que

enxerga primeiro a dificuldade a vencer, não o triunfo a alcançar. O esforço lento,

pouco compensador e persistente, que, no entanto, mede todas as possibilidades de

esperdício e sabe tirar o máximo proveito do insignificante, tem sentido nítido para ele”.

O ato de deslocamentos humanos é considerado como ocupação, ou seja,

povoamento e conquista de território, consequentemente em relação à ideologia do

pioneirismo, vai ser produzido um discurso ideológico que busca construir a

representação de que foram pioneiros e, por isso, heróis.

As migrações sempre ocorreram, desde a era primitiva, seja ela pela comida, ou

pelo clima, a teoria mais aceita sobre os primeiros povoadores da América seria que os

primeiros habitantes a migrar passaram pelo Estreito de Bering, ou seja, uma placa de

gelo formada entre a Sibéria e o Alasca. (COTRIM,2004)

Valdir Gregory (2008) observa que a partir de estudos de Giron e Hobsbawn que

a emigração provocou alívio das “tensões internas” causadas pelas “estruturas internas

rígidas, pela ausência de capitais e pela manutenção das mesmas relações de produção”

(Giron, 1980, p.49). Eric Hobsbawn (apud Santos, 1980, p.136) não tem dúvidas de que

a primeira grande leva de migrantes (1845/54) foi uma fuga da fome e resultado da

pressão populacional na terra natal.

Segundo Nadalin (2001), a história mais ampla da ocupação do homem no

continente americano é a demonstração viva do que estou querendo dizer. O

povoamento deste vasto território resultou de um processo de migrações sucessivas de

grupos originários da Ásia e da Oceania. Isso significa que apesar das discussões entre

os especialistas a respeito das diversas origens possíveis dos grupos populacionais do

continente, o consenso é de que não existe um homem americano autóctone. Dito de

outra maneira, o povoamento do continente foi totalmente realizado por imigrante.

A migração que colonizou o Oeste do Paraná se deu através de permissão, ou

seja, de concessões de terra para que fossem ocupadas e exploradas. Como afirma

Gregory (2008), “Foram efetivadas grandes concessões de terras nessa área despovoada

para que ocorresse a ocupação. Contudo, devido aos favorecimentos às grandes

empresas estrangeiras, a colonização não foi desenvolvida conforme era prevista, não

resultaram na ocupação da terra, nem na sua distribuição por colonos, pequenos

proprietários. Exploraram de modo depredatório as matas e os ervais, com suas obrages

e mensus”. Esses seriam os primórdios da colonização moderna. “A colonização das

terras do Oeste do Estado do Paraná, portanto sua ocupação efetiva começou a

acontecer a partir da participação de empresas colonizadoras após 1930”. (GREGORY,

2008)

Referências

COTRIM, Gilberto. História para ensino médio – Brasil e geral. São Paulo. Saraiva.

2002.

GREGORY, Valdir. Os eurobrasileiros e o espaço colonial: migrações no Oeste do

Paraná. Cascavel. Edunioeste. 2002.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia de Letras.

1995.

NADALIN, Sérgio Odilon.Paraná: ocupação do território, população e migrações.

Curitiba. SEED. 2001.

• Atividade I:

Realizar leitura do texto. No decorrer da leitura devem ser realizados comentários

para aproximar os alunos do tema.

• Atividade II:

Responder a questão:

Que visão vocês apresentam sobre migração?

- Primeiros povoadores a migrar para a América (através do estreito de Bering. Livro de

História Gilberto Cotrin – 2004 p. 18)

Ação IV:

Apresentação e debates sobre o processo de ocupação do Oeste do Paraná, enfatizando a

Colônia Miliar de Foz do Iguaçu, a criação do Território Federal do Iguaçu e a Política

de Marcha para o Oeste, através de um texto. Será exibido um vídeo sobre o Resgate da

memória de Medianeira.

O PROCESSO DE OCUPAÇÃO DO OESTE DO PARANÁ

“A MARCHA PARA O OESTE”

A ocupação do Oeste paranaense teve início com a vinda de algumas expedições

entre os séculos XVI e XVII por ser região fronteiriça e disputada por portugueses e

espanhóis. Uma das primeiras expedições que passaram por diferentes pontos do

território brasileiros foi a de Aleixo Garcia. Mais tarde, por volta de 1542, registrou-se a

presença de Alvares Nuñes Cabeza de Vaca com o objetivo de explorar a terra em busca

de riquezas e dominar a população nativa e a mão de obra por ela representada. Nesta

época a região oeste pertencia à Espanha conforme o Tratado de Tordesilhas, mais

tarde, no século XVII, devido à revolução entre portugueses e espanhóis, quando as

bandeiras paulistas invadiram a região e destruíram as reduções, o local foi conquistado

pela coroa portuguesa.

No ano de 1777 assinado o tratado de Santo Ildefonso, que a Espanha cedia

definitivamente a região. Após a destruição das reduções a área do Oeste ficou quase

que em total abandono, sendo denunciado por Alberto Santos Dumont em 1916, quando

passava pela região das cataratas. Também foi delatado pela coluna revolucionária de

1924, comandada por Luiz Carlos Prestes sobre as perversidades pelas quais passava a

população residente na região. Pela razão de demarcação de limites de fronteiras, e na

pretensão de expandir os territórios nacionais foi fundada a Colônia Militar em Foz do

Iguaçu (região de fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina) no século XIX, que tinha

a capacidade e o conhecimento para distribuir terrenos aos interessados2.

Wachowicz, em suas pesquisas, descreveu sobre o desenvolvimento social

dessas populações que ali vivam antes da fundação da Colônia Militar na região, sendo

a região Oeste do Paraná um local de difícil acesso, onde a principal via de transporte

era fluvial, ocorria um comércio forte baseado no binômio mate-madeira, com grandes

empresas denominadas obrages explorando a madeira. (WACHOVICZ, 1987)

Para Wetphalen (1987, p. 6), citado por Gregory (2002), “Não resultaram na

ocupação da terra, nem na sua distribuição por colonos, pequenos proprietários.

Exploraram de modo depredatório as matas e o ervais, com suas obrages e mensus”3.

Por volta de 1910 a Colônia Militar passou a condição de Vila Iguassu, anos

depois foi criado o município de Vila Iguaçu.

O alicerçamento do mercado de terras no Oeste do Paraná aconteceu a partir da

decisão de Getúlio Vargas após a Revolução de 1930. Ocasião em que ele assumiu o

poder já se preocupando com as questões de povoamento e ocupação de espaços vazios,

com a intenção de unir os territórios fronteiriços no território nacional, promovendo a

chamada “Marcha para o Oeste”, com a finalidade de estimular a colonização agrícola

nesse território, criando dessa forma o Território Federal do Iguaçu, que teve curta

duração de 1943 a 1946.

De acordo com Wachovicz (1987),

2 Sobre a história da ocupação do Paraná existe uma vasta bibliografia. Para esta abordagem foram consultadas as obras de: LAZIER, Hermógenes. Paraná: terra de todas as gentes e de muita história. Francisco Beltrão, 2003;STECA, Lucinéia Cunha et FLORES, Mariléia Dias. História do Paraná: do

século XVI à década de 1950. Londrina, UEL, 2002; COLODEL, José Augusto. Matelândia: História &

Contexto. Cascavel, Assoeste, 1992, entre outras. 3“Obrages” eram empreendimentos de exploração das propriedades do Oeste e Sudoeste do Paraná antes da colonização moderna da região. “Mensus” eram os trabalhadores das obrages. (Gregory, 2002)

“Segundo os dados fornecidos pelo conhecido sertanista paranaense Cândido Ferreira de Abreu e publicado na revista do Instituto Histórico Geográfico e Etnográfico Paranaense, deprende-se que a história da administração da colônia de Foz do Iguaçu não passaria, pois de uma série quase que ininterrupta de erros, desmandos e desvios. Foi por esses motivos que o ministério da guerra extinguiu-a em 1912 entregando-a a administração do estado do Paraná [...]4”

Citado por Gregory (2002), Getúlio Vargas, após assumir o governo pela

Revolução de 1930 adotou medidas drásticas do ponto de vista nacionalista. Vargas

tinha interesse na criação do Território Federal do Iguaçu e na política da “Marcha para

o Oeste”. Com o tempo os resultados esperados não ocorreram e o governo federal

acabou criando o Território Federal do Iguaçu e dessa forma iniciando a chamada

“Marcha para o Oeste”.

A Marcha para o Oeste teve a finalidade de estimular a colonização agrícola dos

territórios que ainda não tinham sido colonizados. Através de uma propaganda que

incentivou a migração de colonos principalmente do Rio Grande do Sul e Santa

Catarina.

Conforme Lopes (2002), “Tratava-se, pois, de uma propaganda impregnada de

sentimento nacionalista, na qual os intelectuais ajustados com as ideias do governo

tratavam com ideologia e simbolismo os programas do governo, inspirando assim, com

a Marcha para Oeste um novo bandeirantismo para as longínquas regiões a serem

ocupadas”.

Referências

GREGORY, Valdir. Os eurobrasileiros e o espaço colonial: migrações no Oeste do

Paraná. Cascavel. Edunioeste. 2002.

LOPES, Sérgio.O Território do Iguaçu no contexto da “Marcha para Oeste”. Cascavel.

Edunioeste. 2002.

WACHOWICZ, Ruy Christovam. Obrageros, mensus e colonos; história do oeste

paranaense. 2ª Edição. Curitiba. Editora Vicentina. 1987.

4 Ver obra de: WACHOWICZ, Ruy Christovam. Obrageros, mensus e colonos; história do oeste

paranaense. 2ª Edição. Curitiba. Editora Vicentina. 1987.

• Atividade I

Trabalhando com vídeo: Documentário sobre a “História de Medianeira” Vídeo: O Resgate da História de Medianeira (Acervo Marinez Cassanego)

1- Passar o vídeo aos alunos, comentar o que entenderam sobre o processo de

colonização do município de Medianeira;

2- O aluno fará um breve comentário e sintetizado através da escrita o que

entendeu sobre o vídeo, se já conhecia e em que contribuiu para o seu

aprendizado.

Ação V:

Aula expositiva sobre a construção do Parque Nacional do Iguaçu (PNI).

Apresentação de um texto sobre a construção do Parque Nacional do Iguaçu, instigando

o conhecimento do aluno sobre sua importância e a valorização como área protegida e a

ser preservada. Será apresentado um mapa mostrando os limites do Parque Nacional do

Iguaçu para um melhor entendimento dos educandos.

A CONSTRUÇÃO DO PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU

O PNI representa uma área de riqueza inquestionável, que deve ser preservada

para a proteção da biodiversidade, garantindo de certa forma o equilíbrio dos

ecossistemas naturais, equilíbrio entre homem e natureza e por possuir uma beleza

cênica de grande relevância ecológica.

De acordo com Vencatto “para entender as relações homem e natureza no Brasil,

temos que voltar para um período mais longínquo ainda no período colonial com a

influência dos cronistas, Essa temporalidade marca o processo de criação de uma

imagem atraente do Brasil, através de sua natureza para os olhares europeus”.

Para proteger e preservar os recursos naturais bem como o propósito de conciliar

desenvolvimento e qualidade de vida de alguns municípios ocorreu a necessidade da

construção de parques nacionais. Esse ambiente repleto de vida com uma vegetação

exuberante e com espécies animais raros da Mata Atlântica brasileira era o local onde o

homem era tido como destruidor dessa natureza. Dessa forma como menciona Vencatto,

“Os debates que vão instituir o PNI, desde sua criação, estiveram de algum modo muito relacionados com estes ideais de natureza intocada, sendo utilizadas como argumento para legitimar a expropriação dos agricultores colonos que viviam no seu interior desde a década de 1960. A expropriação de agricultores justificou a necessidade de ‘resgatar’ aquele espaço ‘selvagem’ que de certa forma corri o risco de desaparecer. Uma natureza mitificada na qual a presença humana não era vista como um elemento integrador deste espaço, mas como o agente externo causador do fim das tidas ‘belezas naturais’”.

O Parque Nacional do Iguaçu é a maior área protegida fora da região amazônica,

sendo uma das últimas amostras da fauna e flora da região. Esse complexo formado

pelo PNI, que engloba as Cataratas do Iguaçu, que é um local de beleza cênica, deve ser

preservada para que não ocorram impactos ambientais. Por outro lado, atrai milhares de

turistas do mundo inteiro, fazendo da BR 277 o corredor econômico da região.

Segundo Vencatto, por Diegues, nos Estados Unidos do século XIX, os termos

teóricos que buscavam discutir estes espaços ambientais estavam embasados em duas

visões do mundo natural as quais exercem grande influência no movimento de

conservação dentro e fora deste país. Estas duas vertentes instituidoras das políticas

ambientais foram: o “Conservacionismo dos Recursos Naturais” e o

“Preservacionismo” (Vencatto, p.38).

Segundo Plano de manejo (1981, p. 9), citado por Vencatto (2010, p. 52), o

primeiro antecedente legal foi o Decreto n° 653, de 28 de julho de 1916 de Afonso

Camargo, presidente a governo do Estado do Paraná que previa uma área de 1008 ha, de

desapropriação que pertencia ao argentino Jesus Val, onde se localizava o salto de Santa

Maria que é conhecido hoje como Cataratas do Iguaçu.

O general interventor do Paraná, Mário Tourinho, em 1930 aumentou a área para

3000 ha através de um novo documento de desapropriação visando constituir naquele

local um povoamento e um Parque Nacional, termo este usado pela primeira vez na

legislação paranaense. No ano de 1939 o governo federal criou o Parque Nacional do

Iguaçu nos 3300 ha de terras doadas pelo estado do Paraná, junto as Cataratas do

Iguaçu. Adquiriu a ampliação da área do parque em quatro linhas divisórias de fácil

reconhecimento: ao norte, a estrada do Iguaçu-Guarapuava; a leste, o rio Gonçalves

Dias; ao sul, o rio Iguaçu; e ao oeste, o rio São João. Apenas em 1981 é que foram

definidas as atuais divisas do parque atingindo um total de 185.262,5 ha (DALLO,

1998. p.4).

Conforme Vencatto (2010, p. 63) o PNI foi criado oficialmente em 10 de janeiro

de 1939 pelo governo Vargas, por meio do Decreto n° 10.035, e ampliado no ano de

1944 através dos Decretos n° 6.505 de 17 de maio, n° 6.587 de 14 de junho e n° 6.664

de 07 de julho. Todavia, com os assentamentos populacionais ocorridos na década de

1960, somente no ano de 1967, em obediência à Portaria n° 42/67 do ministro da

Agricultura, iniciou-se o processo de regularização fundiária do parque.

O Parque Nacional do Iguaçu abriga uma riqueza enorme de fauna e flora

brasileira e é o maior parque nacional da mata atlântica, porém é uma área que se

encontra em constantes ameaças devido aos grandes perigos como caça, pesca

predatória, extração de palmito, doenças de animais silvestres em razão da alimentação

incorreta oferecida pelos turistas, lixo encontrado em locais incorretos, animais

atropelados dentro e no entorno do parque, uso de agrotóxicos inadequados nas regiões

do entorno do parque, polêmicas a respeito da estrada do colono. Perante os transtornos

criaram-se programas de educação ambiental, como a Escola Parque, que atende a

população dos municípios do entorno, tendo como objetivo atenuar os problemas

ambientais e colaborar para o manejo e defesa das unidades de conservação, ajudando a

preservar uma área natural da região Oeste.

O município de Medianeira atualmente não é lindeiro ao PNI, ou seja, não faz divisa,

embora suas águas sejam drenadas pelo Rio Iguaçu. Historicamente parte do território

de Medianeira foi desmembrada, criando novos municípios, como por exemplo, a

criação do município de Serranópolis do Iguaçu. Anteriormente a esta emancipação,

Medianeira se configurava como lindeiro ao PNI.

Figura 1. Oeste e Sudoeste do Paraná: municípios localizados no entorno do Parque Nacional do Iguaçu e na BR 1635.

Ação VI:

Apresentação do tema sobre a formação e colonização do município de Medianeira.

Estudo feito através de apresentação de uma narrativa de um pioneiro editado no livro:

Resgate da Memória de Medianeira/ Associação dos Professores Aposentados de

Medianeira. Em seguida, os alunos realizarão uma pesquisa com seus familiares sobre a

sua migração ao município de Medianeira.

Palestra com Hilegarde Maria Rohde sobre o município de Medianeira.

5Fonte: VENCATTO, Rudy Nick. Dissertação (Mestrado em História) – “Mas com isso a gente começou duas vezes no meio do mato”: memórias dos desapropriados do Parque Nacional do Iguaçu. Marechal Cândido Rondon, 2010.

Atividades complementares sobre: Municípios do Paraná, municípios do entorno e que

fazem divisa com o Parque Nacional do Iguaçu, royalties de cada município em relação

ao PNI.

FORMAÇÃO E COLONIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MEDIANEIRA A

PARTIR DO DEPOIMENTO DE UM ENTREVISTADO

Para entendermos o processo de formação e colonização do município de

Medianeira requer minucioso estudo sobre a região Oeste do Paraná enfocando fatos

que contribuíram para a formação da história deste município.

Alguns colonos narraram histórias do seu cotidiano que também colaboraram

para a construção da memória da colonização formando o que hoje podemos chamar de

município de Medianeira.

Depoimento de alguém que veio para a região no início do processo de colonização:

(em memória): Sanvitor Cassânego, realizada em 26 de março de 1995. O texto que

segue é a transcrição da entrevista oral que está na obra: “Resgate da Memória de

Medianeira”6.

“Filho de Nicola Cassânego e Carmelina Cassânego, nascido em Caxias do Sul-RS, aos

13.01.1928, profissão Carpinteiro. Casado aos 21.04.51, em Erval do Oeste-SC com

Adelina Assunta Cassanêgo, nascida em Joaçaba-SC a 01.07.33, filha de José

Zambiazzi e Luiza Zambiazzi. Dessa união nasceram os filhos Catarina, Valdir (in

memorian), Neiva e Marinez, destes tem 4 netos.

‘Vim de Pinheiro Preto-SC em companhia de meu irmão Antônio e do amigo

José de Prá, em dezembro de 1951, junto com o corretor Arlindo Cavalca, para ver as

terras, conhecer o lugar e decidir se viríamos de mudança com a família’.

Em Medianeira só tinha a República que estava em fase de acabamento, nós nos

alojamos ali, onde a família Cecconello tinha sua pensão.

Depois de conhecer o lugar, fomos a Toledo procurar serviço para os três.

Trabalhamos numa carpintaria, ficamos por duas semanas lustrando móveis. Findo esse

tempo voltamos para Medianeira, onde já havia chegado a madeira, de Cascavel, para a

construção da quarta casa da vila, que foi a de José Lorenzoni, construída por nós. Em

6ROHDE, Hilegarde Maria et BIESDORF, Elza Lorenzoni (coordenadores). Resgate da memória de

Medianeira. Associação dos Professores Aposentados de Medianeira. Curitiba: CEFET-PR, 1996.

seguida voltamos para Pinheiro Preto para buscar as famílias e as mudanças. Lotamos

um caminhão para três famílias e viemos para Medianeira, chegando em 11.02.52.

Fomos todos morar na República, onde já estavam os outros carpinteiros, os

agrimensores e os diretores da colonizadora, José Calegari e Pedro Soccol. Depois de 8

meses, nossa casa ficou pronta e mudamos para a Av. Bento Munhoz da Rocha, hoje

Av. Brasília.

Fomos contratados pela firma colonizadora para continuarmos as construções

das casas. Na primeira remessa foram feitas 15 casas, na Av. Brasília, e o término e

acabamento da igreja.

Atrás da igreja era só mato, mas para organizar a festa de inauguração foram

feitos, entre os moradores, mutirões, roçando e limpando. Quando estava pronto virou

um bosque para realizar a festa. Foram feitas mesas e bancos para a churrascada.

Nunca imaginei que seria uma festa tão bonita, todas as famílias que moravam

na vila, as de Matelândia, de São Miguel do Iguaçu estavam presentes. Amanheceu um

dia lindo, todos compartilhavam das alegrias, éramos uma só família.

Morávamos na avenida e nas minhas horas de folga ajudava a esposa, Adelina, a

fazer pão: amassar até fazer bolhas, uma sacada por semana para os agricultores Duílio

de Mattia, Avelino Conti, Victório Peterle e Veríssimo Vendrame para eles, que durante

a semana ficavam acampados, derrubando mato em suas terras. O pão era cozido em

forno feito de tijolo maciço e barro.

Numa ocasião resolvemos levar o pão no acampamento deles, preocupados que

ficassem sem. Chegando, vimos que estavam sobrecarregados de serviço, tinham

acabado de matar uma anta. Nós ajudamos a tirar o couro. Era bastante carne para pouca

gente, então eles dividiram conosco. Aí surgiu o problema: como transportá-la?

Estávamos a pé. Nisto, por sorte, chegou o jeep da colonizadora, que patrulhava a área,

nos transportou de volta com a carga.

Nossa maior tristeza foi a morte da esposa do nosso amigo Duílio de Mattia,

quando ainda não existia cemitério. Os diretores Pedro Soccol e José Callegari pediram

para todos ajudar e com o caminhão da firma transportando homens para ajudar no

desmatamento do local e o trator com Magno Eliseu Verdum, abrindo caminho, fomos

todos ajudar a abrir o lugar para fazer a cova, onde hoje é o cemitério. Foi um dia muito

triste para a vila de Medianeira.

A alimentação era a mandioca, carne de tateto, veado, paca. Mais tarde em nosso

lote, ao lado da casa, plantamos batatinhas, que colhemos em abundância. Numa

ocasião, nesta plantação encontramos uma cascavel com sete guisos (sic). Como

tínhamos medo de matá-la e não tínhamos arma, alguém correu na casa do Grapiglia

para vir dar um tiro nela. Ninguém conhecia uma cobra tão grande, juntou gente para

ver, até os alunos e a professora.

Quem sempre nos prestou ajuda foi Pedro Soccol e José Callegari, mais tarde

Osório Pasqual Fellini, que considero como se fosse meu irmão.

Moramos durante três anos em Medianeira, mudamos para linha Iracema em

Matelândia, depois para Santo Antônio do Sudoeste e novamente para linha Iracema,

onde ainda tínhamos terras. Mais tarde para Ramilândia, onde estamos há vinte e quatro

anos.

Se tivesse condições começaria tudo de novo, até hoje temos saudades de

Medianeira, jamais deveríamos ter saído de lá. Sempre imaginei que Medianeiro seria o

que é hoje, a maior cidade entre Cascavel e Foz do Iguaçu, pois sempre tive confiança

nos diretores da Colonizadora Industrial e Agrícola Bento Gonçalves Ltda, Pedro

Soccol e José Callegari”.

• Atividade I:

O aluno irá desenvolver uma pesquisa com seus familiares sobre a sua migração

para o município de Medianeira, com o objetivo de conhecer suas raízes

históricas criando sua identidade cultural.

Palestra com Hilegarde Maria Rohde sobre o município de Medianeira .

• Atividade II:

Pesquisa: (Realizada pelo professor e pelo aluno)

- Municípios do Paraná;

- Municípios do entorno do Parque Nacional do Iguaçu;

- Municípios que fazem divisa com o Parque Nacional do Iguaçu;

- Royalties de cada município em relação ao Parque Nacional do Iguaçu.

CONHECENDO O MUNICÍPIO DE MEDIANEIRA

Fonte: Revistaea.org

COMO SURGE MEDIANEIRA

Entre os vários fatores que contribuíram para a colonização do Oeste paranaense

destaca-se a exploração de erva mate e madeira.

Segundo Steca e Flores os argentinos haviam se instalado de forma organizada,

durante o século XIX para explorar ervais nativos e madeira, originando as obrages.

Exerciam completo domínio, fosse econômico ou político na região, muitas vezes

facilitados pela “inoperância administrativa das autoridades brasileiras” que

abandonaram a região. Como estratégia de defesa para desbravar e ocupar o Oeste

paranaense surge a pressão de uma colônia militar na fronteira do rio Iguaçu, marcando

a efetiva ocupação por brasileiros e onde mais tarde seria a cidade de Foz do Iguaçu.

A Revolução de 1924 influenciou a vida política e econômica do Oeste do

Paraná, pondo fim às empresas obrageras e ao contrabando realizado por elas na região,

tais fatos desencadearam a partir da revolução de 1930, a chamada Marcha para o Oeste.

Getúlio Vargas, que assumiu o governo após a Revolução de 1930 com o apoio de

militares que participaram da coluna Prestes tinha conhecimento da situação das

fronteiras brasileiras do Oeste do Paraná.

Citado por Gregory, “Vargas assinou o Decreto 19.842, de 12 de dezembro de

1930 que adotava medidas drásticas do ponto de vista nacionalista. Este decreto exigia

que as empresas tivessem em seus quadros de empregados no mínimo 2/3 de

trabalhadores brasileiros, dificultando o ingresso e a permanência de estrangeiros, no

caso, paraguaios e argentinos nas terras brasileiras impondo novas dificuldades às

empresas estrangeiras”.

Com o objetivo de defender a fronteira “guarani”, divisa entre Brasil, Paraguai e

Argentina, foi criado, na década de 1940, o território do Iguaçu. Para isso, nomeou o

então interventor Mário Tourinho para o governo do Paraná. Posteriormente assumiu o

governo paranaense o interventor Manoel Ribas. A partir das ações do estado e do

governo federal ficou proibido o uso de trabalhadores não brasileiros nas obrages, fato

que ocasionou a alta taxa de impostos cobrados. Os obrageros começaram a fazer

empréstimos e a hipotecar suas propriedades não saudando seus compromissos

perderam para seus credores, desaparecendo as obrages surgindo, posteriormente, a

presença de colonos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Durante a década de 1950 se processou uma rápida migração para a fronteira

colonial do Oeste do Paraná, onde empreendimentos colonizadores e de exploração de

madeira criaram e dinamizaram uma estrutura colonial. Diversas empresas

colonizadoras se esmeraram em registrar e divulgar suas intenções e suas atividades

desenvolvidas. Exemplo disso foi a Industrial Agrícola Bento Gonçalves Ltda., que

colonizou o polo microrregional de Medianeira. (GREGORY, 2008. p. 94)

Conforme reprodução parcial do Estatuto da Sociedade Industrial e Agrícola

Bento Gonçalvez Ltda., no artigo 1°, citado na obra: “O Resgate da História de

Medianeira”, diz que: Em assembleia geral, realizada no dia 29 de setembro de 1949, no

município de Bento Gonçalves, Estado do Rio Grande do Sul, ficou decidido criar e

formar uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada, a reger-se por estatutos

e pelo decreto n° 3.708, de 10.01.1919.

Ainda citado por Rohde e Biesdorf, definida a área de Medianeira, foi afirmado a

derrubada e decidiu-se o local da avenida central, fixou-se que a futura cidade teria 2

km ao correr da estrada federal e 2 km rumo ao sul, tendo um pequeno aumento de área

pela inclinação da estrada na passagem pelo perímetro urbano. Algumas quadras foram

doadas pela colonizadora para construção de escolas, hospitais, igrejas educandários,

coletoria, fórum, prefeitura, correio, praças, clubes e bosques. A maior parte dos lotes

na avenida foi doada à homens e mulheres que se empenharam na construção e

povoamento.

Em 25 de julho de 1960 pela lei estadual n° 4.245, Medianeira transformou-se

em município. Pela lei, o município de Medianeira foi desmembrado de Foz do Iguaçu

e instalado oficialmente no dia 28 de novembro de 1961, tendo como seu primeiro

prefeito Ângelo Da Rolt.

De acordo com o IBGE a área atual de Medianeira é de aproximadamente 329

km², e sua população, conforme o senso de 2010 era de 41.817 mil habitantes.

Medianeira é um município que se situa a 60 km da fronteira com o Paraguai e a

Argentina, cidade que recebe turistas que passam rumo a Foz do Iguaçu. Medianeira faz

parte da rota de escoamento de grãos ao Porto de Paranaguá.

Referências

GREGORY, Valdir. Os Eurobrasileiros e o Espaço Colonial: Migrações no Oeste do

Paraná. Cascavel. Edunioeste. 2008.

IBGE. Disponível em: <www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1> STECA, Lucinéia Cunha; FLORES, Mariléia Dias. História do Paraná: Do século XVI

á década de 1950. Londrina. Editora UEL. 2002.

ROHDE, Hilegarde Maria et BIESDORF, Elza Lorenzoni (coordenadores). Resgate da

memória de Medianeira. Associação dos Professores Aposentados de Medianeira. Curitiba: CEFET-PR, 1996.

Trabalhando com Mapas – Mapa do Brasil

Fonte: Guiageo.com

• Atividade I:

Traçar no mapa do Brasil com linhas coloridas o roteiro percorrido pelos migrantes

dos estados da região Sul, para a região Oeste do Paraná, destacando o município de

Medianeira.

• Atividade II:

Encontre o significado das palavras:

Migrações, Devolutos, Subsistência, Grileiros, Autóctone, Gleba, Sustentável,

Lindeiro.

• Atividade III:

Pesquisar os assuntos em equipes e apresentar:

Obrages, Mensus, Colonizadora Bento Gonçalvez, Instituto Chico Mendes, IAP,

IBAMA, Escola Parque, Mata Atlântica, Associação Desenvolvimento Amigo do

Parque.

Ação VII:

Debate sobre a valorização e o respeito pelo meio ambiente. Este tema será apresentado

aos alunos através de um vídeo sobre o Parque Nacional do Iguaçu. Logo após será

proposto aos alunos que formem grupos para a confecção de cartazes sobre as mudanças

ocorridas com o tempo.

Em outro momento será feito uma visita ao Parque Nacional do Iguaçu no município de

Foz do Iguaçu ou à reserva do Parque localizado no município de Céu Azul.

VALORIZAÇÃO E RESPEITO PELO MEIO AMBIENTE

Localização do Parque Nacional do Iguaçu no mapa do Brasil e no mapa do

Paraná7.

Vídeo sobre o Parque Nacional do Iguaçu

• Atividade

Confecção de um mural expondo as mudanças ocorridas com o tempo.

• Visita ao Parque Nacional do Iguaçu no Município de Foz do Iguaçu através da

Escola Parque ou na Eco trilha no Posto de Informação e Controle (PIC I) no

Município de Céu Azul

Ação VIII:

Compreender a Ação Companhia Colonizadora Industrial e Agrícola Bento Gonçalves.

Este assunto será feito através do estudo de mapas da região Oeste do Paraná e

município de Medianeira, onde consta a planta do patrimônio pertencente à Companhia

Industrial e Agrícola Bento Gonçalves.

Será feito um trabalho com o mapa original da cidade de Medianeira, onde cada aluno

possa localizar sua residência dentro do município, nominando o nome da rua.

COMPANHIA INDUSTRIAL E AGRÍCOLA BENTO GONÇALVES

Considerando a obra: “Resgate da Memória de Medianeira” (ROHDE e

BIESDORF, 1996), como fonte primária, é pertinente destacar que é um trabalho

louvável, mas que merece um olhar crítico sobre a abordagem da história de

Medianeira. Na obra se afirma que o representante da colonizadora Pinho & Terras

Ltda, tendo como responsável legal os empresários: Alberto Dalcanale, Luis Dalcanale

e Alfredo Paschoal Ruaro, partiu com mais 20 homens no dia 27 de maio de 1949 rumo

ao Oeste do Paraná, composta por grupos que vinham de vários municípios do Rio

7Fonte:VENCATTO, Rudy Nick. Dissertação (Mestrado em História) – “Mas com isso a gente começou duas vezes no meio do mato”: memórias dos desapropriados do Parque Nacional do Iguaçu.

Grande do sul, interessados em adquirir uma gleba de terras que estava localizada entre

Matelândia e São Miguel do Iguaçu.

A INDUSTRIAL AGRÍCOLA BENTO GONÇALVES LTDA, que colonizou o pólo micro-regional de Medianeira, destaca que a população de sua gleba, era de “4.500 habitantes, quase todos descendentes de italianos, alguns descendentes de alemães, vindos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina Eram os primeiros moradores: José Callegari, Pedro Soccol, Emílio Henrique Gomes, Edmundo Biesdorf, Paulo Becker, Miguel da Silva, Alfredo Brandão e Magno Eliseu Verdún. Nas eleições de 03.10.1960, depositaram os seus votos nas secções receptora, mais de 500 eleitores, moradores da gleba Ainda existe: 1-hospital, 1-educandário com irmãs, 3-escolas municipais, 2-igrejas, 1- farmácia, 3- clubes, 1- cinema, 1-usina elétrica, 1- frigorífico em construção, 1- fecularia, 8- serrarias, 4- alfaiatarias, 2- padarias, 1- oficina mecânica, 2 -açougues, 2- casas de artigos de eletricidade, 16-estabelecimentos comerciais, 1-engarrafamento de bebidas, 1-palmiteira e mais moinhos, carpintarias, olarias etc. (Relatório da Industrial Agrícola Bento Gonçalves Ltda., 1960.p.12) , (apud GREGORY, 2008, p. 94).

A sociedade ficou denominada: Industrial e Agrícola Bento Gonçalves, com

sede para efeitos comerciais no município e comarca de Foz do Iguaçu, Estado do

Paraná. Os objetivos da sociedade eram: Explorar o ramo de colonização e loteamento

de terras; extração, industrialização e comércio de madeira em geral; iniciativas

agrícolas de qualquer natureza, bem como tudo quanto possa interessar.

“A área colonizada pela Industrial e Agrícola Bento Gonçalves Ltda, obedece ao título de Domínio Pleno de terras, expedido pelo governo do Estado do Paraná, no Departamento Administrativo do Oeste, sob n.01, do Livro 01 de Títulos de Compra e Venda de Terras Devolutas, em 10.11.50 e registrado em 11.1.50, no Registro Geral de Imóveis da Comarca de Foz do Iguaçu, sob n.1849, às fls. 115\ 116 do livro n. 3 de Transcrição Verbo adverdum, cuja área foi desmembrada da Gleba Iguaçu. A localização coube ao agrimensor Anísio Paim da Rocha, através de levantamento de marcos antigos de amarração com abertura de linhas e muitos cálculos para fechamento das divisas dos 290.400.000m2 ou 12.000 alqueires ou 29.040 hectares da propriedade que ficaram subdivididos em: lotes rurais, lotes urbanos, chácaras, vila Flor da Serra (484.000m2), ponto de apoio Espigão Norte, área mais tarde modificada pelo Incra (Rohde e Biesdorf, 1996, p.43)

8

Mapa Oeste do Paraná

Região da Concessão de Miguel Matte

9

Planta do terreno denominado Iguaçú.

Requerido a título de compra e concessão por Miguel Matte.

8 Fonte: Livro Resgate da Memória de Medianeira. 9 Fonte: Livro Resgate da Memória de Medianeira.

10

Planta geral do patrimônio pertencente à Industrial e Agrícola Bento Gonçalves Ltda

10 Fonte: Livro Resgate da Memória de Medianeira.

Mapa Original da cidade de Medianeira

11

Descrição do mapa original da cidade:

Lado esquerdo, em cima, assinatura de Pedro Soccol

Lado esquerdo, assinatura de Francisco Guaraná de Menezes, Prefeito de Foz do

Iguaçu.

No meio, embaixo, carimbo do Tabelião de Títulos.

Do meio para a direita, a primeira assinatura é do engenheiro Albuquerque, a segunda,

de Anísio Paim da Rocha e, ao lado direito, no canto, o carimbo da saúde.

As quadras em branco foram doações feitas pela Companhia Industrial e Agrícola Bento

Gonçalves Ltda., conhecida na época pelos moradores como Firma, para a construção

11 Fonte: Livro Resgate da Memória de Medianeira

de escolas, igrejas, educandário, correio, prefeitura, coletoria, fórum, hospital, bosques,

clubes e praças.

Na avenida, a maioria dos lotes foi doado para pessoas que se propunham a iniciar o

povoamento da futura cidade. Poderiam ter centrado o desenvolvimento urbano na Av.

24 de outubro. Seria fácil. Não haveria evolução maior, nem atração pela futura cidade.

Desde o começo foram distribuídas as construções, mesmo no meio de tocos e de

madeiras, principalmente na Av. Brasília, então o governador Bento Munhoz, até a

praça central ainda em mata virgem.

Referências

ROHDE, Hilegarde Maria et BIESDORF, Elza Lorenzoni (coordenadores). Resgate da

memória de Medianeira. Associação dos Professores Aposentados de Medianeira.

Curitiba: CEFET-PR, 1996.

• Atividade I: Os alunos irão relatar a visita feita ao Parque Nacional do Iguaçu no

município de Foz do Iguaçu ou à reserva do Parque localizado no município de

Céu Azul.

Ação IX:

Para o encerramento desse projeto será organizada uma apresentação dos trabalhos

realizados pelos alunos sobre a migração de seus familiares e confecção de um caderno

com as respectivas histórias.

A avaliação desse projeto será através da participação dos alunos nas atividades, bem

como, na elaboração de textos e nos trabalhos realizados sobre a migração.

• Atividade I:

Os alunos irão apresentar as pesquisas feitas com parentes e familiares sobre

migração.

• Professor: após a produção das pesquisas solicitar aos alunos para que

socializem através da leitura, utilizando a técnica de um ler a pesquisa do outro.

• Atividade II:

Utilizando a sala de informática cada aluno irá digitar seu texto para a formação

de um caderno pela classe sobre a migração de parentes e familiares.

Textos Complementares

CAMINHO DO COLONO

A estrada é histórica

O Caminho do Colono ou a Estrada do Colono, como é conhecido atualmente, é

mais antigo que o Parque Nacional do Iguaçu. Documentos dos historiadores Antonio

Marcos Myskiw e Jaci Poli, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS),

comprovam a existência de caminhos indígenas que ligavam as reduções jesuíticas do

Guairá às reduções do Tape, no norte do Rio Grande do Sul. Para isso, era necessário

atravessar o Paraná por terras onde, hoje, está localizado o Parque Nacional do Iguaçu.

Relatos de viagens do início do século XX destacam a utilização destes

caminhos indígenas para a abertura de picadas, utilizadas por peões para colher a erva-

mate às margens do rio Santo Antônio e do rio Iguaçu. A facilidade de atravessar o rio

na região era motivo suficiente para abrir as picadas no meio da mata.

A Coluna Prestes, mobilizada pela insatisfação com a República Velha, também

passou pelo caminho do colono. No livro Memórias de um Revolucionário, o general

João Alberto Lins de Barros, que integrava a Coluna Prestes, afirma que os soldados

reabriram uma antiga picada, em janeiro de 1925, ligando Barracão, na fronteira com

Santa Catarina e Argentina, à Catanduvas e à Picada Benjamim, entroncamento que

ligava Guarapuava a Foz do Iguaçu, passando pelo rio Iguaçu.

Leia um trecho do livro publicado em 1954: “Ao chegar à margem esquerda do rio

Iguaçu, onde retomei a retaguarda da Coluna, fiquei alarmado. A travessia do caudaloso

rio com três pequenas canoas capazes, cada uma, de transportar apenas cinco homens,

era uma operação morosa e enervante. As canoas levavam mais de uma hora para ir e

voltar através de dois quilômetros de água corrente. Apinhavam-se na barranca os

retardatários dos outros destacamentos, porque o Prestes mandara dar preferência na

travessia aos combatentes.

[...] Não sei como explicar minha alegria quando, depois de um dia de marcha forçada,

atingi finalmente Benjamin, lugarejo situado na famosa encruzilhada. Prestes já se

deslocara para frente na direção de Santa Helena. ”(João Alberto Lins de Barros –

Memórias de um Revolucionário, 1954, p. 82 e 84).

Texto retirado da apostila Estrada-Parque Caminho do Colono – 10 pontos sobre o

projeto de lei 7.123/2010.

AS CATARATAS DO IGUAÇU

Dona Elfrida nos contou algumas coisas muito interessantes sobre as Cataratas

do Iguaçu.

No começo do século, para chegar às Cataratas do Iguaçu era muito difícil pelo

território brasileiro. Tudo era coberto de mato. Mesmo assim chegava gente de longe

para ver o lugar.

Nessa época, 24 de abril de 1916, chegou a Foz do Iguaçu o Sr. Alberto Santos

Dumont. Ele veio de vapor pelo rio Paraná.

Quando foi visitar as Cataratas, ficou deslumbrado. Era um espetáculo a ser

visto por muitos. Ficou dois dias analisando a possibilidade de aproveitamento das belas

Cataratas.

Naquela época existia só o hotel do Sr. Frederico Engel. Ele levava os turistas de

charrete ou carroça até as Cataratas, pela estrada que ele mesmo ajudou a fazer.

Na volta das Cataratas, Santos Dumont foi homenageado com um baile, do qual

ele saiu sem ser notado. Era de madrugada. Impressionado com o que tinha visto,

resolveu falar com o governador do Estado, mudando, assim, seu roteiro de viagem.

Montou a cavalo e seguiu para Guarapuava, ainda pela picada que acompanhava os fios

de telégrafo. Dali foi por estrada, até Curitiba.

Na audiência com o governador, falou a respeito da importância das Cataratas do

Iguaçu para o turismo; da necessidade de preservar a exuberante natureza e, da urgência

em desenvolver aquela região da fronteira, assegurando, assim, o domínio brasileiro na

área. Na época, era comum, em Foz do Iguaçu, o emprego da língua e do dinheiro

argentino.

A área das Cataratas foi desapropriada, e a beleza natural transformou-se em

atração turística, visitada anualmente por milhares de pessoas, do Brasil e de outros

países.

A desapropriação também aconteceu sobre extensa região da mata, por onde

corre o rio Iguaçu, criando-se o Parque Nacional do Iguaçu, um dos maiores do Brasil.

Com a ajuda do governo estadual e municipal foi construído o Hotel das

Cataratas, situado no Parque Nacional do Iguaçu.

Hoje Foz do Iguaçu apresenta um número muito elevado de hotéis que recebem

os turistas, curiosos por conhecer a maravilha que são as suas Cataratas e interessados

em fazer compras no Paraguai e na Argentina.

Livro Repensando o Oeste do Paraná, p. 143. 3ª Edição, 1986.

O RIO PARANÁ

O rio Paraná até 1930 era a maior via de transportes e comunicação desta

longínqua terra do Oeste do Estado do Paraná.

Pelo rio Paraná fazia-se os mais variados transportes: pessoas, madeiras de

exportação e mercadorias para suprir as necessidades locais.

Nos trechos navegáveis do rio Paraná, entre o Porto Mendes e a Argentina, via-

se vapores das companhias de navegação que faziam o transporte fluvial na região.

Quem quisesse ir do Oeste do Paraná até Curitiba, tinha que partir de navio pelas

águas do rio Paraná até Porto Mendes, próximo de Guaíra. Lá desembarcava e apanhava

um trem e ia, pela estrada de ferro Mate Laranjeiras, até o Porto de Guaíra. Novamente

de navio, pelo rio Paraná seguia do Porto de Guaíra até Porto Epitácio, em São Paulo.

Depois, seguia um pouco de trem outro pouco de ônibus até chegar a Curitiba. Podia-se

ir também por estrada de rodagem, atravessando os 520 km de imensos pinheirais e

matas virgens, de Foz do Iguaçu até Ponta Grossa, passando por Guarapuava. E de

Ponta Grossa seguia-se de trem ou de carro até o lugar desejado.

Hoje, o rio Paraná não é mais significativo em matéria de transportes, pois os

mais variados tipos de transportes aéreos e terrestres servem a região por uma grande

rede de vias de comunicação.

Referências

CALLAI, Dolair Augusta et alli. (Orgs.) Repensando o Oeste do Paraná. 3ª Edição,

1986.

• Atividade I:

Relatos das visitas ao Parque Nacional do Iguaçu.

• Atividade II:

Confecção do caderno com as histórias dos alunos sobre a imigração da família.

• Atividade III:

Organizar uma exposição dos trabalhos realizados pelos alunos.

REFERÊNCIAS

Associação dos Professores Aposentados de Medianeira. Resgate da memória de

Medianeira. Curitiba: CEFET-PR. 1996

CALLAI, Dolair Augusta et alli. Repensando o Oeste do Paraná. 3ª Edição. 1986.

DALLO, Luciano. Caminho do Colono: Vida e Progresso. Francisco Beltrão, Ed.

Grafit. 1998.

DIAS, Edson dos Santos. Desenvolvimento regional e conservação ambiental: a

“Estrada do Colono” como via de (des)integração do Oeste-Sudoeste Paranaense.

Presidente Prudente. 2006.

GREGORY, Valdir. Os Eurobrasileiros e o espaço colonial – Migrações no oeste do

Paraná. Cascavel, Ed. Edunioeste. 2002.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo, Ed. Schwarcz ltda. 2011.

IBGE. Disponível em: <www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>

LOPES, Sérgio. O Território do Iguaçu no contexto da “Marcha para Oeste”.

Cascavel. Edunioeste. 2002.

NADALIN, Sérgio Odilon. Paraná: Ocupação do território, população e migrações.

Curitiba:SEED. 2001.

PERIS, Alfredo Fonseca. Estratégias de Desenvolvimento Regional: Região Oeste do

Paraná. Edunioeste. Cascavel. 2003.

PRIBERAM DICIONARIO. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/colono>

Acesso em: 27 nov 2013.

SCHREINER, Davi Félix. Entre a exclusão e a utopia. Um estudo sobre os processos

de organização da vida cotidiana nos assentamentos rurais (Região Sudoeste/Oeste do

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