OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · potencializa o processo de ensino-aprendizagem...

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

O essencial é invisível aos olhos: a visita do Pequeno Príncipe em uma aula de ciências.

Tânia Mara Cabral

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Autora Tânia Mara Cabral

Orientador Dr. Awdry Feisser Miquelin

Instituição de Ensino Superior Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

Área PDE Ciências

Linha de Pesquisa Tecnologias e linguagens no ensino de ciências

NRE Área Metropolitana Norte

Escola de implementação Colégio Estadual Campos Sales/ Campina Grande do Sul

Público objeto da intervenção Estudantes do 7° ano do Ensino Fundamental

Relações Interdisciplinares Língua Portuguesa

Formato do Material didático Unidade Didática

Público –alvo do material didático Professores

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Resumo Este trabalho tem por finalidade investigar se o ensino

de ciências, contextualizado pela literatura,

potencializa o processo de ensino-aprendizagem em

sala de aula. Para tanto, optamos em problematizar a

obra O pequeno príncipe, do escritor francês Antoine

de Saint-Exupéry, nas aulas de ciências, numa tentativa

de aliar o interesse pela leitura com o ensino-

aprendizagem. Pretendemos trabalhar com a integração

de conceitos científicos e relações literárias, criando

relações didático-metodológicas conceituais,

contextuais e interdisciplinares. Além disso, mesmo

que em longo prazo, pretendemos também contribuir

para a formação de leitores. Leitores estes capazes de

compreender tanto o que está escrito, quanto o que está

nas entrelinhas, ou seja, contribuir com a formação de

cidadãos capazes de fazerem leitura de seu próprio

mundo.

Palavras-chave Ensino de ciências; Literatura; Relação Interdisciplinar;

formação de leitores; Pequeno Príncipe.

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APRESENTAÇÃO

Prezados1 colegas da disciplina de ciências:

Esta unidade didática foi elaborada durante o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria Estadual de Educação do

Paraná (SEED/PR), no ano de 2013, e tem por finalidade investigar se o ensino de ciências, contextualizado pela literatura, potencializa o

processo de ensino-aprendizagem em sala de aula.

Para tanto, optamos em problematizar a obra O pequeno príncipe, do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, nas aulas de ciências,

numa tentativa de aliar o interesse pela leitura com o ensino-aprendizagem. Pretendemos trabalhar com a integração de conceitos científicos e

relações literárias, criando relações didático-metodológicas conceituais, contextuais e interdisciplinares.

É importante salientar que consideramos o ano de 1997 como um marco para o processo que envolve as preocupações com a leitura no

ensino de ciências e aspectos relacionados a linguagem, visto que nesta data, o Grupo de Estudo e Pesquisa em Ciência e Ensino (gepCE), da

Faculdade de Educação da Unicamp, ganhou espaço dentro do 11º Congresso de Leitura do Brasil (COLE), realizando seminários, que

resultaram na publicação de livros e textos. A partir daí, um número notável de pesquisadores vem se ocupando das discussões referentes aos

entrelaçamentos possíveis da literatura com a educação em ciências. É o caso de Zanetic (2007) que afirma que a ciência apresenta vários

componentes culturais, que podem ser trabalhados nas aulas. O pesquisador, que é da área de ensino de física, procura a relação de sua disciplina

com outras áreas do conhecimento, de forma a despertar o interesse para a física, quando explicita os elementos culturais nela presentes. Outro

autor, Silva (2007, p. 106) parte do postulado de que “todo professor, independente da disciplina que ensina, é um professor de leitura”. Esse

1 Respeitamos as questões de gênero, porém, para evitarmos repetições em demasia, utilizaremos neste material o pronome masculino.

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autor sugere também que nas disciplinas escolares há uma divisão entre a língua portuguesa e as demais disciplinas, sendo reservado para as

últimas, o domínio da linguagem científica enquanto que para a língua portuguesa, um cunho processual.

Essa divisão é prejudicial ao ambiente escolar, pois os professores de uma maneira geral responsabilizam os problemas relacionados à

leitura e a escrita à disciplina de língua portuguesa. Silva (2007) ressalta que há certa urgência na superação desta divisão e que o trabalho com a

literatura nas diferentes disciplinas escolares contribui de forma significativa para a formação de leitores maduros e críticos.

Linsingen (2009) corrobora com Silva (2007) ao afirmar que a crença de que a ciência nada tem a ver com a literatura, leva a dois tipos de

analfabetismo: o científico e o literário. Para a pesquisadora, a maneira de controlar esse problema é a ciência visitar a literatura.

Considerando que esta unidade trata das relações entre literatura e ensino de ciências, sentimos necessidade de fazer uma pequena

discussão acerca do conceito de literatura.

De acordo com Eagleton (2006), as tentativas de definir a literatura são muitas, porém não é possível dar-lhe uma definição objetiva, visto

que cada leitor apresentará um modo especial de proceder à leitura. Lajolo (1982) afirma que, por volta do século XVIII, o termo literatura era

associado à erudição, domínio de línguas clássicas e até mesmo aos conhecimentos gramaticais. Posteriormente o termo foi ampliado e os

debates se intensificaram. Portanto, o conceito vai variar de acordo com alguns fatores, como o contexto histórico, por exemplo.

Para Lajolo (1982, p. 38), a literatura é a “relação que as palavras estabelecem com o contexto, com a situação de produção e leitura que

instaura a natureza literária de um texto”. Soares e Nascimento (2010) acreditam que a arte literária é construída por emoções, sensações,

transfiguração, transposição e, o mais importante, é para ser sentida. Seriam então estes sentimentos exclusivos do autor literário? Isso significa

que o cientista não coloca a emoção em seu trabalho? Tal ideia não corrobora com o pensamento de Eagleton (2006), que afirma que, se a escrita

criativa fosse particularidade da literatura, então a história, a filosofia e as ciências naturais seriam consideradas destituídas de imaginação.

É importante notar que Lajolo (1982) observa que a escola é uma das instituições que endossam com maior eficiência o que é e o que não

é literatura. Para esta autora, a escola há muito tempo vem cumprindo um papel de avalista e fiadora tanto da natureza quanto do valor literário

dos livros em circulação. Lajolo (1982), inclusive, remete o termo clássico ao significado de classis (classe de escola), ou seja, o clássico é o

conjunto de obras produzidas dentro de um determinado período, que se considera pertinente para ser lido pelos estudantes.

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Para Culler (1999, p. 28), a pergunta “o que é literatura?” é fácil, se quem faz esta pergunta é uma criança de cinco anos. Caso a

indagação venha de um teórico literário, a resposta não pede apenas um conceito e sim uma análise sobre porque alguém poderia se preocupar

com o que é literatura. Ao mesmo tempo, esta pergunta poderia remeter ao “que diferencia a literatura de outras atividades ou passatempos

humanos?”. Ou mais ainda, há algum traço essencial do qual as obras literárias partilham?

A esta última pergunta, o autor responde que “as obras de literatura vêm em todos os formatos e tamanho e a maioria delas parece ter

mais em comum com obras que não são geralmente chamadas de literatura do que com algumas outras obras reconhecidas como literatura”

(CULLER, 1999, p. 28).

É interessante também notar que Culler (1999, p. 34) afirma que “não posso pegar meu velho livro de química e lê-lo como romance”.

Estaria então Culler (1999) afirmando que a linguagem de um romance se difere da linguagem de um livro didático? Eagleton (2006, p. 11)

corrobora com este pensamento ao afirmar que “a literatura é um discurso “não-pragmático”; ao contrário dos manuais de biologia e recados

deixados para o leiteiro, ela não tem nenhuma finalidade prática imediata, referindo-se apenas a um estado geral das coisas”. Por outro lado, este

autor admite que nem sempre a literatura pode empregar uma linguagem peculiar, de forma a evidenciar este fato.

Com base em todos estes apontamentos, concluímos que não há como olhar a literatura por meio de um conceito único e objetivo.

Outro anseio pertinente a este trabalho é a interação entre ciências e literatura. Não basta levar um texto literário para a sala de aula e

achar que estamos relacionando as duas linguagens. Será que o professor de ciências não corre o risco de usar a literatura apenas como pretexto

para ensinar os conceitos?

Pensando neste aspecto, consideramos as críticas de Lajolo (1986) ao destacar que um dos grandes equívocos escolares é trazer a

literatura numa perspectiva reducionista, como pretexto para se ensinar outras coisas. A autora fala mais especificamente em usar a literatura para

ensinar gramática, mas podemos expandir suas preocupações para outras áreas do conhecimento. Corroborando com a crítica de Lajolo, Cabral

(2012), ao analisar livros didáticos de biologia com o intuito de observar as possíveis relações entre literatura e ensino de ciências, constatou que,

alguns trechos de literatura foram “mutilados” de sua obra original e colados junto aos textos didáticos, servindo apenas de pretexto, para discutir

conceitos de biologia.

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Sendo assim, é imprescindível lembrar que, conforme aponta Zilberman (2008, p.22) “compete hoje ao ensino da literatura não mais a

transmissão de um patrimônio já constituído e consagrado, mas a responsabilidade pela formação do leitor”.

Acreditamos que, como professores de quaisquer disciplinas, temos a tarefa de atuar nesta formação, mesmo que a longo prazo, pois,

formar um leitor supõe formar alguém que compreenda o que lê; que possa aprender a ler também o que não está escrito2, identificando

elementos implícitos; que estabeleça relações entre o texto que lê e outros textos já lidos; que saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um

texto (BRASIL, 1999, p.69).

Desta forma, o leitor passa a diferenciar os vários tipos de texto e cada pessoa pode usá-los para abrir outras possibilidades para o

processo de individuação, “seja por motivação estética, seja para receber informações, seja como instrumento para ampliar sua visão de mundo,

seja por motivos religiosos, seja por puro e simples entretenimento” (AZEVEDO, 2004, p.183).

Pensando na formação de leitores e no uso da literatura de forma a despertar o interesse por outras disciplinas, Salomão (2005), propõe

que o trabalho com textos literários nas aulas de ciências seja pautado no olhar para a aprendizagem consistindo em um processo de significação,

no qual a linguagem tem um papel central, circundada pelas linguagens científica e literária, junto as suas especificidades e possibilidades de

aproximação, sendo necessário identificar tais especificidades e características para a realização deste trabalho. Ampliando ainda mais as

perspectivas da relação entre ensino de ciências e literatura, Linsingen (2008) acredita que o texto literário, em especial a literatura infantil, pode

reformular a herança cultural de seres humanos, permitindo novas formas de manipulação dos fatos e dos conceitos presentes, constituindo-se, no

contexto escolar, como um rico complemento para as aulas de ciências.

Giraldelli e Almeida (2008) sugerem ainda que o trabalho com a literatura extrapola os conteúdos ensinados, podendo contribuir para a

construção da cidadania e o repensar de atitudes. As autoras constatam que a literatura contribui para o rompimento com alguns conceitos

espontâneos e traz a construção de novos conceitos referentes ao ensino de ciências, sendo a mediação do professor fundamental para que esse

processo ocorra. É relevante a afirmação de Linsingen (2005) quando ressalta que o trabalho com a literatura não tem a pretensão de ensinar os

2 Grifos nossos.

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conteúdos de ciências e sim de constituir-se como uma ferramenta de informação e discussão dos conceitos. Além disso, na visão de Giraldelli e

Almeida (2008) a literatura auxilia a compreensão do discurso científico e é um estímulo para gostar de ler.

Acreditamos que a literatura pode ser empregada em diversas situações nas aulas de ciências, porém é pertinente lembrar que, assim como

reconhece Salomão (2005), os textos literários não têm nenhuma responsabilidade com estratégias de ensino e com as exigências que o trabalho

científico impõe.

Para Brayner (2005), o crescente interesse dos educadores em aproximar a literatura e a educação, não se trata de buscar na literatura a

temática escolar ou pedagógica, mas sim em procurar nos textos ficcionais, instrumentos de reflexão.

E é justamente esta a intencionalidade deste material: buscar reflexões por meio da obra O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry e

entender que tais reflexões podem nos levar a conceitos científicos, ou não, pois esta relação não pode ser forçada. Além disso, mesmo que em

longo prazo, objetivamos que nossos estudantes tornem-se leitores. Leitores estes capazes de compreender tanto o que está escrito, quanto o que

está nas entrelinhas. E que, desta forma, possam seguir realizando suas próprias leituras de mundo, pois “a leitura do mundo precede a leitura da

palavra” (FREIRE, 2011, p. 19).

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MATERIAL DIDÁTICO

Com base nas questões discutidas até o momento, acreditamos ser necessário diversificar os encaminhamentos metodológicos, de modo

que os estudantes superem as suas concepções alternativas e enriqueçam sua cultura científica e literária.

Desta forma, lembramos de Zanetic (2007, p. 13) em relação à construção de conhecimentos científicos. Este autor, defende que essa

construção pode dar-se por meio de imagens poéticas e literárias. Para ele, a literatura pode ser trabalhada, independente de qual disciplina se

trate, por meio de recortes de textos escritos por um grupo de “cientistas com veias literárias”, tais como Galileu e Kepler. Para Zanetic, este

grupo compreenderia os cientistas envoltos com a produção do conhecimento e que acabam produzindo obras, de cunho científico ou não, que

adquirem valor literário. Outra possibilidade seriam textos de “escritores com veias científicas”, estando neste grupo os escritores que se

apropriam do conhecimento científico como fonte de inspiração ou como guia metodológico, entre eles Luiz de Camões e Monteiro Lobato.

Refletindo sobre as palavras do professor João Zanetic, optamos então em trabalhar com a obra O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-

Exupéry, por consideramos este, um autor literário com veias científicas.

Para traçar o caminho metodológico desta pesquisa, recorremos, em primeira instância, ao documento das Diretrizes Curriculares

Estaduais da disciplina de ciências - DCE (2008), que orienta para a importância de tratar as relações conceituais, contextuais e indisciplinares

durante as aulas. Para tanto, é necessário que “o professor de Ciências reflita a respeito das abordagens e relações a serem estabelecidas entre os

conteúdos estruturantes, básicos e específicos” (PARANÁ, 2008, p. 68).

Com base nesta orientação e na premissa de realizar uma aula dinâmica, não pretendemos direcionar a leitura do livro a nenhuma

conteúdo específico da disciplina de ciências e sim, seguir a viagem literária na sua íntegra e, conforme a obra nos for permitindo, explorar os

diversos conceitos científicos que O Pequeno Príncipe inspirar.

Desta forma, convidamos você, colega professor, para fazer esta viagem e, na medida do possível, procurar realizar relações entre

conceitos científicos e a obra literária.

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A seguir, mostramos um caminho metodológico, possível de ser trilhado durante esta viagem. Mas, de forma alguma, pretendemos

esgotar as possibilidades de trabalho, por meio deste único caminho.

Optamos em direcionar este caminho metodológico aula-a-aula, com a finalidade de melhor organizar o trabalho pedagógico. Porém,

fatores como: o número de estudantes; o interesse dos mesmos; o tempo de cada aula; podem modificar esta estrutura inicial.

Cabe a você, professor, que conhece a sua turma, “desmontar” esta estrutura e reorganizá-la de forma que melhor atenda a realidade da

sua sala de aula.

Esta unidade didática traz encaminhamentos para o professor e “diálogos com os estudantes”, que estão dispostos em forma de

pergaminhos e caixas de texto, já numa linguagem direcionada para eles. Tais diálogos podem ser falados pelo professor ou entregues cópias aos

estudantes.

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ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

Antes de iniciar o trabalho pedagógico, sugerimos que o professor tente conseguir o máximo de exemplares de O Pequeno Príncipe.

Sabemos que, é possível obter esta obra digitalizada e projetar para que todos os alunos tenham acesso à leitura, porém, acreditamos que, a

possibilidade de folhear a obra, sentir sua textura, sentir seu cheiro, podem aguçar os sentidos e tornar a viagem literária mais interessante.

É importante, também, levar para a sala de aula um dicionário de sinônimos, visto que algumas palavras podem ser inéditas aos olhos e

ouvidos dos estudantes e, quando for este o caso, é possível pedir que folheiem o dicionário, a procura de seus significados.

Tendo em vista a diversidade de edições da obra O Pequeno Príncipe e a discrepância entre os números de páginas, em decorrência disso,

para melhor organizar o trabalho pedagógico, separamos as aulas em partes, assim como expostas no livro, independente de qual edição se trate.

Na sequência, mostramos um caminho possível, aula a aula, relacionando a leitura literária com conceitos de ciências. Na estrutura que

iremos apresentar, planejamos um total de onze aulas. Desta forma, é imprescindível que o professor, ao iniciar cada uma delas, sempre faça uma

retomada da aula anterior, instigando os estudantes a relatar o que lembram. Ao final de cada aula, é importante também que o professor, de

forma provocativa, pergunte aos estudantes o que irá acontecer na sequência da história. Lance questionamentos! Aguce a curiosidade!

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AULA 1: Questionário

Neste primeiro momento, acreditamos ser importante conversar com os estudantes sobre a proposta de um trabalho que relacione as aulas

de ciências com a literatura, para tanto, elaboramos um questionário diagnóstico que nos ajudará a conhecer o nosso público.

Prezado(a) Estudante!

Gostaria que você respondesse o questionário abaixo, para que eu possa melhor conhecê-lo (a). Nesta primeira parte, quero saber sobre seus hábitos de leitura. Por favor, tente responder

com sinceridade.

Nome: _________________________________________________________________________________________________________________________Idade:________

1. Você gosta de ler? Que tipos de leitura costuma realizar?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Quantos livros você acha que já leu?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Qual o melhor livro que você leu até o momento? Do que se tratava esta história?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Você costuma emprestar estes livros na biblioteca da escola? O que você acha do acervo de livros da biblioteca?

_____________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Quais livros você gostaria de ler, mas não os encontrou na biblioteca da escola?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. Você conhece o livro “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry? Se conhece, o que achou da história?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________

7. Você conhece o Pequeno Príncipe de outras formas (filmes, desenhos)? Se conhece, o que achou do personagem?

_______________________________________________________________________________________________________________________________________

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Nesta segunda parte, vamos ver o que você conhece da disciplina de ciências:

1. O que são planetas?

___________________________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

2. Quantas estrelas existem no Sistema Solar? _____________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________

3. Por que existem dias e noites?

___________________________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

4. Os dias e os anos duram a mesma quantidade de tempo em todos os planetas?

___________________________________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________________________________

5. Por que é possível existir vida na Terra?

___________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

6. O que é metamorfose? Que animais que você conhece passam por metamorfose?

___________________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________________

7. Para que servem os espinhos das rosas? ___________________________________________________________

8. Por que algumas cobras picam o ser humano? ______________________________________________________________________________

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Após aplicar o questionário, sugerimos comentar com os estudantes que, nas próximas aulas de ciências, eles começarão a ler O Pequeno

Príncipe. Claro que, de imediato, os alunos irão estranhar e talvez até questionem se será aula de ciências ou de língua portuguesa, Cabe então, a

nós professores, fazermos uma conversa sobre a importância da leitura, não só para as disciplinas escolares, como também para a vida cotidiana.

***

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AULA 2: As Paisagens (partes I e II)

“E foi assim que conheci, um dia,

o pequeno príncipe”

Tendo em mãos os exemplares de O Pequeno Príncipe, propormos iniciar a leitura, lembrando a própria fala de Saint- Exupery, quando

afirma que “não gosto que leiam meu livro levianamente. Dá-me tanta tristeza narrar essas lembranças” (SAINT_EXUPERY, 2009, p. 18).

Pensamos que, para que a leitura seja dinâmica e interativa, o professor a inicie narrando as falas do autor e que proponha que um

estudante por vez, faça os diálogos do principezinho e de outros personagens que forem entrando na história. Daí a importância de cada estudante

ter em mãos a referida obra.

Enquanto a leitura ocorre, é interessante que o professor projete slides com as próprias aquarelas do autos, presentes no livros e com

outras imagens que se fizerem necessárias.

Na parte I, o autor comenta sobre sua infância e como se tornou um aviador. No início da parte II, o autor comenta sobre a pane de seu

avião no Deserto do Saara.

Sugerimos que, após a leitura de ambas as partes, o professor lance alguns

questionamentos e faça uma breve fala sobre as paisagens, salientando que o que

chamamos de paisagem, abrange desde uma cidade até as áreas de plantio e a

vegetação natural. E que a paisagem que não foi modificada pela ação humana é

chamada paisagem natural, já a que foi modificada pela ação humana é chamada

paisagem transformada. (SANTOS, 1988). Peça que os alunos citem formas de

transformação da paisagem pela ação humana, destacando as possíveis consequências.

de tais ações.

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Figura 1: Deserto (disponível no Portal dia a dia Educação)

***

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AULA 3: Sistema Solar (Parte III e IV)

No início da parte IV, o autor cita alguns planetas do Sistema Solar e comenta sobre como os astrônomos dão nomes aos astros.

Sugerimos, neste momento, que o professor lance o questionamento sobre o que define um planeta, aproveitando também para questionar por que

Plutão não é mais considerado um planeta.

Em 2006, a UIA (União Astronômica Internacional) conceituou planeta como objetos que:

1. Circundem uma estrela;

2. Estejam em equilíbrio hidrostático (forma próxima de uma esfera);

3. Sejam o objeto dominante da sua órbita, agregando todos os materiais dispersos na trajetória.

Por meio destes critérios e considerando que Plutão não é o objeto dominante de sua órbita, o mesmo passou a

ser considerado um planeta-anão ou planetoide, desde então.

Plutão, ao contrário dos planetas do Sistema Solar, não agrega os materiais dispersos na trajetória da sua

órbita, ou seja, ele não limpa a sua órbita ((MOURÃO, 2001).

(Texto adaptado do Folhas 3476)

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Na sequência, é interessante realizar o restante da leitura da parte IV, que continua com narrativas astronômicas. Em seguida, cabe uma

fala sobre o Sistema Solar. É interessante iniciar dizendo que o nosso planeta pertence ao chamado Sistema Solar, formado por uma estrela

central e única: o Sol, oito planetas, três planetas-anões e dezenas de satélites, e que tudo isso está localizado numa galáxia (aglomerado de

estrelas, nebulosas e poeiras de gás), chamada Via-Láctea, que significa “caminho do leite” (FARIA, 2007).

Figura 2: Sistema Solar (disponível no Portal dia a dia Educação)

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Figura 3: Andrômeda, uma galáxia semelhante a Via Láctea (disponível no Portal dia a dia Educação)

***

Peça uma pesquisa sobre

o por quê de nossa

Galáxia ter sido

denominada de Via

Láctea.

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AULA 4: Planeta Terra (Parte V)

Nesta parte, o Principezinho narra algumas características de seu planeta, enfatizando os baobás e a preocupação em saber se o carneiro,

desenhado pelo aviador, poderia comê-los. Provavelmente surjam perguntas sobre o que são baobás. É interessante mostrar uma imagem e

comentar que tratam-se de grandes árvores nativas de Madagascar, na África. E, inclusive, muito povos africanos costumam usar o interior do

baobá como casa, depósito de grãos, reservatório de água ou abrigo para animais (PARADIZO, 2013).

Figura 4: Baobá (Aquarela de Saint-Exupéry)

Figura 5: Baobás (Aquarela da Saint-Exupéry) Figura 6: Baobá (disponível em pt.wikipedia)

Discuta: Se os baobás são plantas nativas

africanas, será que o planeta de onde veio

o Pequeno Príncipe é parecido com a

Terra?

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Após levantar a discussão sobre os baobás, é importante comentar sobre o Planeta Terra:

Figura 7: Planeta Terra ((disponível no Portal dia a dia Educação)

A TERRA é o terceiro planeta em distância do Sol . Houve época em que acreditava-se que ela era o centro do

Universo e que o Sol e as demais estrelas giravam ao seu redor. Essa ideia é chamada de geocentrismo, pois coloca a

Terra (geo) no centro do universo. Porém, a teoria mais aceita hoje em dia é a do heliocentrismo, que coloca o Sol (helio)

no centro do Universo.

Na mitologia grega, a Terra é também chamada Gaia, a mãe de todos. Nesta visão, a Terra funcionaria como um

organismo vivo e tudo o que existe em nosso planeta faria parte de um único sistema de vida.

Dentre os movimentos que a Terra realiza, dois deles são bem perceptivos para nós: a rotação, que ocorre quando

o planeta dá uma volta completa em torno do seu próprio eixo. Este movimento é o responsável pelas horas claras e

escuras dos dias. Na Terra, esta volta tem a duração de 24 horas (1 dia); e a translação, que ocorre quando o planeta dá

uma volta completa em torno do Sol. Este movimento tem a duração de 365 dias e 6 horas, originando o período que nós

chamamos de ano. Em cada planeta, esta “volta” tem um tempo de duração diferente.

Além dos movimentos de rotação e translação, o nosso “planeta azul” realiza mais 12 movimentos, só que estes

praticamente não são perceptíveis a nós (MOURÃO, 2001). O nosso planeta não está “em pé”, ele é levemente inclinado,

em relação ao plano do Sol. Essa inclinação faz com que com os Hemisférios Norte e Sul recebam diferentes quantidades

de luz solar, dependendo da posição na qual a Terra se encontre. Graças a este eixo de inclinação, temos as diferentes

estações do ano e a formação das diversas paisagens geográficas.

(Texto adaptado do Folhas 3476)

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Na sequência, faça uma brincadeira com os estudantes, indagando quantas voltas eles já deram entorno do Sol. A ideia é que eles

relacionem cada aniversário, com uma volta. Pergunte também se eles perceberam que deram tantas voltas e se cansaram com isso.

Ainda na parte V, o Pequeno Príncipe fala sobre a importância de realizar o que ele chama de “higiene do planeta”, que consiste em

arrancar os baobás pequenos, assim que se distingam das roseira, para que não tomem conta do planeta. Frente a isso, o aviador comenta: “E um

dia aconselhou-me a fazer um belo desenho para que as crianças do meu planeta tomassem consciência desse perigo” (SAINT-EXUPERY, 2009,

p.22). Neste trecho, é importante refletir com os estudantes sobre o equilíbrio ecológico. No planeta do principezinho, os baobás tornaram-se

pragas, mas e em nosso planeta? O que consideramos como pragas não apresentam nenhuma função no ciclo de vida terrestre?

Figura 8: Higiene do planeta (Aquarela de Saint-Exupéry)

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AULA 5: O Sol e os Espinhos (Partes VI e VII)

Na parte VI, o aviador e o príncipe contemplam o pôr do sol. Após a leitura desta parte, comente algumas características deste astro.

Em seguida, explique para os estudantes que a medida astronômica para a distância é o ano-luz, ou seja, a distância percorrida pela luz em

um ano, o que equivale a 9. 461 bilhões de quilômetros (KEPLER e SARAIVA, 2004)

Para simplificar esta questão da distância, pergunte se eles acham que a distância entre a Terra e o Sol é grande (8 minutos-luz) e

exemplifique dizendo que, se fosse possível alguém morar no Sol e fossemos ligar para esta pessoa, discaríamos o número e só depois de 8

minutos é que o telefone iria tocar lá no Sol! Peça ainda que eles comparem com alguma ligação para outra cidade ou estado, se o telefone toca

de imediato ou se demora alguns minutos.

O SOL, fonte de calor e luz que mantém a vida em nosso planeta, é a estrela central e única do Sistema Solar. Sua luz leva cerca

de 8 minutos para atingir a superfície da Terra. Podemos afirmar, então, o Sol fica a 8 minutos-luz de distância da Terra.

(MOURÃO, 2001).

O Sol é uma estrela de meia-idade. Como é possível saber isso? Estudando-se a sua coloração. As estrelas jovens são azuladas,

elas possuem bastante energia. As estrelas amarelas, como o Sol, já perderam grande parte da sua energia. Ainda existem as

estrelas vermelhinhas, que são velhas e já estão quase sem energia. O Sol já foi azul e um dia será vermelho. Assim como toda

estrela, um dia ele vai se apagar! Mas calma! Ainda falta muito tempo. Talvez uns 5 bilhões de anos (KEPLER e SARAIVA,

2004)!

(Texto adaptado do Folhas 3476)

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***

Na parte VII o principezinho questiona a função dos espinhos das rosas. Pergunta prontamente respondida pelo aviador: “Espinhos não

servem para nada. São pura maldade das flores” (SAINT-EXUPERY, 2009, p. 26). Resposta esta que, em nenhum momento é aceita pelo

Pequeno Príncipe.

Após a atividade, discuta com os estudantes a diferença entre espinhos e acúleos: os primeiros, geralmente constituem-se de estruturas

modificadas, tais como: folhas ou raízes. Podem ter função de proteção contra predadores ou contra a perda d’água, como é o caso dos cactos. Já

os acúleos, estruturas comuns das rosas, são pêlos enrijecidos pelo acúmulo de substâncias inorgânicas, acumuladas junto à parede celular, e

apresentam função de proteção ou defesa (AMABIS & MARTHO, 2004).

É importante, quando fizer estas intervenções, cuidar com a fala, para que os estudantes não concluam que o livro está errado. Explicite

que e uma obra literária e que os textos literários não têm nenhuma responsabilidade com estratégias de ensino e com as exigências que o

trabalho científico impõe (SALOMÃO, 2005).

Instigue os estudantes perguntando: será que as rosas

realmente possuem espinhos? Peça então que

pesquisem, no próprio livro didático, o que são espinhos

e acúleos, bem como a função destas estruturas.

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Aula 6: Metamorfose (Partes VIII e IX)

A conversa entre o aviador e o príncipe continua. Há narrativas sobre a Rosa e o momento de despedida entre ela e o príncipe, que está

preocupado em deixá-la por causa dos perigos, entre eles, os predadores, ao que a Rosa responde: “É preciso que eu suporte duas ou três larvas se

quiser conhecer as borboletas. Dizem que são tão belas.” (SAINT-EXUPÉRY, 2009, p. 34).

Após a leitura das duas partes, peça que os estudantes reflitam sobre a frase da Rosa. Por que ela terá que suportar larvas para conhecer as

borboletas? Que larvas são estas? É um momento propício para falar sofre metamorfose.

Figura 9: Borboleta (disponível no Portal dia a dia Educação)

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Após a fala sobre metamorfose, apresente o trabalho da naturalista alemã Maria Sybilla Merian.

Figura 10: Maria Sybilla Merian (disponível em pt.wikipwedia.org)

Maria Sybilla Merian viveu há mais de 4 séculos atrás, na Alemanha. Quando ela era adolescente, adorava colecionar

lagartas, borboletas e aranhas. Ela precisava mantê-las em segredo em seu quarto, pois naquela época, os insetos e aranhas eram

vistos como “animais diabólicos” e as pessoas que lidavam com estes animais poderiam ser acusadas de bruxaria! Aos 13 anos,

ela ilustrou, em seu caderno de estudos, a transformação do ovo e da larva do inseto. Você pode até pensar que isso é moleza de se

fazer, mas acontece que nesta época, muitas pessoas acreditavam que os insetos nasciam a partir de matéria orgânica em

decomposição (esta ideia era chamada de Geração Espontânea). Imagine então como as pessoas reagiam ao conhecer as

ilustrações de Maria Sybilla, que demonstravam que os insetos nasciam por meio de ovos!

Maria Sybilla, no decorrer de sua vida, publicou vários livros, entre eles, o Livro das Lagartas. Suas ilustrações e

anotações contribuíram muito para os estudos da zoologia, porém, durante muito tempo, seu trabalho foi pouco valorizado.

Fonte: Revista Scientific American História (Especial Renascimento)

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Figuras 11, 12 e 13: Ilustrações de Maria Sybilla Merian (disponíveis em em.wikipedia.org)

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Aula 7: Extraterrestres (partes X, XI, XII e XIII)

O principezinho, ao sair do seu planeta, começa a viajar por outros planetas e a conhecer seus excêntricos e solitários habitantes: um rei

sem súditos; um vaidoso que gosta de palmas; um bêbado envergonhado; e um empresário que conta estrelas. É interessante questionar os

estudantes se existem habitantes na Terra com características parecidas com a dos personagens.

Aproveite para propor a seguinte atividade:

***

Você acredita na existência de vida fora da Terra? Imagine que você encontrou um extraterrestre e

foi dar o seu depoimento à polícia. Faça um desenho de como seria este ser (retrato-falado) e crie

um pequeno texto contando como você descreveria o fato para a polícia. Divida a sua produção

com os seus colegas.

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Aula 8: Dias e noites (partes XIV e XV)

A viagem continua em outros planetas. Desta vez, o Pequeno Príncipe conhece um acendedor de lampiões que vive em um planeta que

gira muito rápido: Lá um dia tem a duração de apenas um minuto.

Será que é possível um dia durar apenas um minuto? Para responder a esta pergunta, precisamos lembrar o que é o

dia. Aqui na Terra, o que chamamos de dia, tem duração de 24 horas e equivale a uma volta completa de nosso planeta

entorno de seu próprio eixo. Este movimento é chamado de rotação.

Os outros planetas do nosso Sistema Solar também realizam este movimento, alguns mais rápidos, outros mais lentos.

Dessa forma, outros planetas podem ter dias mais longos ou mais curtos que os nossos. Isso também ocorre com os anos,

pois o tempo que cada planeta leva para dar uma volta completa entorno do Sol (movimento de translação) pode ser

diferente dos 365 dias e 6 horas aqui da Terra. Nestes planetas, os anos podem ter mais ou menos dias. Vamos conferir?

Um ano em mercúrio dura apenas 88 dias e um dia em Mercúrio equivale a 59 dias terrestres;

Um dia em Vênus dura mais que um ano! Um dia venusiano equivale a 243 dias terrestres. Já o ano equivale a 224

dias terrestres;

Marte tem dias e anos com tempos similares aos da Terra;

Júpiter, um planeta muito grande, tem os dias bem pequenos: duram só 10 horas terrestres;

Um dia em Saturno tem duração de 10 horas terrestres e um ano equivale a 29 anos terrestres;

Em Urano, um ano dura 84 anos terrestres. Já o dia tem apenas 10 horas terrestre;

O dia em Netuno dura quase 16 horas terrestre. Já o ano equivale a 164 anos e 280 dias terrestres;

E no “ex-planeta” Plutão, o ano tem uma duração de 250 anos terrestres.

(Dados consultados em Kepler e Saraiva, 2004)

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No próximo planeta, havia um geógrafo que aconselha o principezinho a visitar a Terra. Aproveite os excêntricos personagens para

estimular a criatividade dos estudantes.

***

E se o Planeta Terra fosse habitado por uma única pessoa, assim como os

planetas visitados pelo Pequeno Príncipe? Como seria este habitante terrestre?

Quais seriam suas principais características? O que ele diria ao Pequeno

Príncipe?

Elabore um texto contendo as características desta pessoa e como seria o

dialogo com o Pequeno Príncipe.

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Aula 9: A vida na Terra (partes XVI, XVII, XVIII, X IX, XX e XXI)

Finalmente o Pequeno Príncipe chega ao imenso Planeta Terra. Após ler a parte XVII, é um momento propício para comentar que apesar

de todos os planetas visitados pelo principezinho serem habitados, aqui no Sistema Solar, a vida é somente conhecida na Terra. Quais seriam os

motivos deste fato extraordinário? Proponha uma discussão sobre o assunto e em seguida, trabalhe sobre estes aspectos.

Aproveite a oportunidade e peça que os estudantes pesquisem junto ao site do IBGE, o número de habitantes do seu município.

Por que existe vida no planeta Terra?

Um dos motivos da existência da vida em nosso planeta deve-se à posição da Terra no Sistema Solar, já que esta

distância em relação ao Sol gera condições favoráveis de temperatura e umidade para a manutenção da vida, a circulação da

água e do ar em nosso planeta. Tanto é que a vida se manifesta nas mais variadas formas, havendo uma grande diversidade de

espécies, desde bactérias até a espécie humana. Já são mais de seis bilhões de terráqueos espalhados pelos mais diversos

continentes. Só no Brasil, este número ultrapassa a 180 milhões de habitantes (IBGE, 2004). Imagine cada uma destas

numerosas pessoas necessitando de abrigo, alimentos e água e convivendo com os demais habitantes. Além disso, elas não

estão distribuídas de forma igual. Em algumas regiões há excesso e em outras, falta de habitantes. Por exemplo: só na Ásia

vivem mais de 60% da população mundial, já na Oceania, este número não ultrapassa os 10% (CARVALHO, 2005). Quem é

o responsável por esta distribuição desigual? São vários fatores, tais como: relevo (formas da superfície do planeta), solos,

clima, vegetação e, claro, a água.

(Texto adaptado do Folhas 3476)

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Aula 10: A Serpente (partes XXII, XXIII, XXIV, XXV, XXVI, XXVII)

O Pequeno Príncipe segue viagem conversando com alguns habitantes da Terra, entre eles, o aviador que está bastante preocupado com a

escassez de água. Além disso, a serpente passa a atormentar o principezinho, que exclama: “As serpentes são más. Podem morder apenas por

prazer...”. E mais tarde acrescenta: “É verdade que elas não têm veneno para uma segunda mordida...”. É muito importante lançar uma discussão

acerca desse assunto. Será que as cobras picam por prazer? Será que elas são más? E o veneno é suficiente apenas para uma picada? Utilize o

próprio livro didático para embasar esta discussão. Será enriquecedor ouvir os estudantes acerca dos mitos que envolvem as cobras. Certamente

você ouvirá vários deles.

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Aula 11: Cartas para Antoine de Saint-Exupéry

Nesta aula, é importante iniciar com uma retomada da história. Pergunte aos estudantes qual a parte que mais gostaram; indague-os sobre

os personagens, os planetas, etc.

Após a retomada, sugira a seguinte atividade:

As cartas servirão como um ótimo instrumento de avaliação. Você poderá perceber quais conteúdos foram assimilados e tiveram

significado para os estudantes.

Ao final da história, após a partida do Pequeno Príncipe, o aviador está muito triste e pede que se

alguém encontrar o principezinho, é para escrever imediatamente, contando sobre a sua volta.

Vamos ajuda-lo? De que forma? Escrevendo uma carta para Saint-Exupéry! Escreva contando sobre

a presença do Pequeno Príncipe nas aulas de ciências. Conte o que você aprendeu com a história e

com as aulas de ciências.

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É importante orientá-los sobre a estrutura de uma carta: peça que coloquem local e data; escrevam numa linguagem correta, sem

abreviaturas, diferente da que eles costumam utilizar para conversar na internet. Para motivá-los, leve envelopes e, se necessário, ajude-os a

preencher com os dados do remetente e do destinatário. Talvez eles questionem o porquê de você estar pedindo uma carta, ao invés de um e-mail.

Use sua imaginação: diga que esta é a única forma de comunicação com Saint-Exupéry. Aproveite e lembre-se de Silva (2007, p. 108) quando

afirma que “a imaginação criadora e a fantasia não são exclusividade das aulas de literatura”. Para o pesquisador, a dicotomia entre os campos da

ciência e da literatura precisa ser questionada, pois existem evidências de que a construção do conhecimento científico caminha lado a lado com a

capacidade de imaginação e criação, assim como o trabalho literário, muitas vezes se inspira no conhecimento científico.

Inspirou-se? Que tal pensar em novos caminhos, novas possibilidades, novas relações? Não esqueça de dividir estas experiências com

outros professores.

Planeta Terra, 25 de dezembro de 2013

Caro Senhor Antoine Saint-Exupéry

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Um grande abraço

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