OS DESAFIOS DE IMPLANTACAO DE PROGRAMAS...

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1 OS DESAFIOS DA IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS DE SUSTENTABILIDADE, CONSUMO CONSCIENTE E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL CORPORATIVA Área: ADMINISTRAÇÃO André Luís Sagiorato Marcon 1 Cascavel/PR, [email protected] Marli Renate von Borstel Roesler 2 Unioeste, Toledo/PR, [email protected] Resumo A questão das alterações no meio ambiente tem influenciado o tema sustentabilidade, gerando reflexões em torno das dimensões do desenvolvimento e das alterações que ele configura. No mundo globalizado não há espaço para pequenas adaptações, e sim mudanças efetivas, nesse sentido as decisões deverão ser pautadas pelo entendimento entre diferentes públicos. E é nesse contexto que o papel empresarial entra nas questões ambientais, devendo atuar como divulgador e facilitador de boas práticas. Este artigo tem o objetivo de discutir como a sustentabilidade pode ser aplicada, ou seja, aqui serão apresentadas a evolução da sua implantação, medidas de consumo consciente e preservação ambiental adotados como práticas pelo mundo corporativo. Com isso, por meio de uma pesquisa bibliográfica foram levantados aspectos importantes que tratassem dessa correlação entre sustentabilidade e as organizações empresariais. Os resultados obtidos com esse artigo foram de agregar e alavancar a percepção do tema, para entender que as questões ambientais não são custos e sim investimentos, demonstrando que através de iniciativas as empresas vêm atuando nesse contexto garantindo seu diferencial competitivo, mas em uma visão responsável. Palavras-chaves: Desenvolvimento Sustentável, Gestão Ambiental Empresarial, Sustentabilidade 1 Biólogo, Tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos e Especialista em Desenvolvimento e Meio Ambiente. 2 Doutora, Docente do Curso de Especialização em Desenvolvimento e Meio Ambiente da UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Paraná do Campus de Toledo - Paraná.

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OS DESAFIOS DA IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS DE SUSTENTABILIDADE, CONSUMO CONSCIENTE E PRESERVAÇÃO

AMBIENTAL CORPORATIVA

Área: ADMINISTRAÇÃO

André Luís Sagiorato Marcon1 Cascavel/PR, [email protected]

Marli Renate von Borstel Roesler2

Unioeste, Toledo/PR, [email protected]

Resumo A questão das alterações no meio ambiente tem influenciado o tema sustentabilidade, gerando reflexões em torno das dimensões do desenvolvimento e das alterações que ele configura. No mundo globalizado não há espaço para pequenas adaptações, e sim mudanças efetivas, nesse sentido as decisões deverão ser pautadas pelo entendimento entre diferentes públicos. E é nesse contexto que o papel empresarial entra nas questões ambientais, devendo atuar como divulgador e facilitador de boas práticas. Este artigo tem o objetivo de discutir como a sustentabilidade pode ser aplicada, ou seja, aqui serão apresentadas a evolução da sua implantação, medidas de consumo consciente e preservação ambiental adotados como práticas pelo mundo corporativo. Com isso, por meio de uma pesquisa bibliográfica foram levantados aspectos importantes que tratassem dessa correlação entre sustentabilidade e as organizações empresariais. Os resultados obtidos com esse artigo foram de agregar e alavancar a percepção do tema, para entender que as questões ambientais não são custos e sim investimentos, demonstrando que através de iniciativas as empresas vêm atuando nesse contexto garantindo seu diferencial competitivo, mas em uma visão responsável.

Palavras-chaves: Desenvolvimento Sustentável, Gestão Ambiental Empresarial, Sustentabilidade 1 Biólogo, Tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos e Especialista em Desenvolvimento e Meio Ambiente. 2 Doutora, Docente do Curso de Especialização em Desenvolvimento e Meio Ambiente da UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Paraná do Campus de Toledo - Paraná.

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1. INTRODUÇÃO

“Tu te tornas eternamente responsável por aquele que cativas”. Essa passagem de “O

Pequeno Príncipe”, de Antonine de Saint-Exupéry, ilustra a realidade dos novos tempos quando o

assunto é sustentabilidade. Aquecimento global, escassez de água e alimentos, e todas as

previsões catastróficas para este milênio têm criado uma conscientização mundial de que é

preciso cuidar do planeta. Desde a melhor utilização dos recursos naturais para suprir as

demandas de consumo – o que envolve toda a cadeia produtiva – até o consumo consciente têm

sido pautas constantes das mais diversas rodas de debate (FUCHS, 2010).

Com as grandes intervenções e mudanças geradas pelos seres humanos, enfrentamos

desafios na área da sustentabilidade. Especialistas estudam alternativas na busca de um modelo

de gestão ao qual o papel dos indivíduos, das empresas e da gestão pública governamental alie-se

na promoção efetiva para conter os impactos que ambos estão causando ao meio que mantêm a

existências dos seres nesse planeta.

Segundo Bellen (2005), o conceito de sustentabilidade é um longo e complexo processo

de reavaliação crítica da relação entre a sociedade civil com seu meio natural, assumindo assim

diversas concepções e abordagens que se mesclam em direção à sustentabilidade, que de forma

sistemática pede um grande envolvimento de todas as partes envolvidas.

De acordo com a ONG CATALISA – Rede de Cooperação para a Sustentabilidade

(2011), dentro do conceito primário de sustentabilidade, também é importante salientar e

identificar suas sete subdivisões que são:

Sustentabilidade Social – que trata da melhoria da qualidade de vida da população,

equidade na distribuição de renda e da diminuição das diferenças sociais, com

participação e organização popular;

Sustentabilidade Econômica – públicas e privadas, regularização do fluxo desses

investimentos, compatibilidade entre padrões de produção e consumo, equilíbrio de

balanço de pagamento, acesso à ciência e tecnologia;

Sustentabilidade Ecológica – o uso dos recursos naturais deve minimizar danos aos

sistemas de sustentação da vida: redução dos resíduos tóxicos e da poluição, reciclagem

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de materiais e energia, conservação, tecnologias limpas e de maior eficiência e regras para

uma adequada proteção ambiental;

Sustentabilidade Cultural – respeito aos diferentes valores entre os povos e incentivo a

processos de mudança que acolham as especificidades locais;

Sustentabilidade Espacial – equilíbrio entre o rural e o urbano, equilíbrio de migração,

desconcentração das metrópoles, adoção de práticas agrícolas mais inteligentes e não

agressivas à saúde e ao meio ambiente, manejo sustentado das florestas e industrialização

descentralizada;

Sustentabilidade Política – no caso do Brasil, a evolução da democracia representativa

para sistemas descentralizados e participativos, construção de espaços públicos

comunitários, maior autonomia dos governos locais e descentralização da gestão de

recursos.

Sustentabilidade Ambiental – conservação geográfica, equilíbrio de ecossistemas,

erradicação da pobreza e da exclusão, respeito aos direitos humanos e integração social.

Agrupando assim todas as dimensões anteriores através de processos complexos.

Nesse contexto as organizações podem desempenhar um elo para a prática da

sustentabilidade, desenvolvendo atividades de cunho socioambientais, mas que não esbarrem nas

relações referentes à estratégia do negócio. O primeiro passo é a necessidade de conhecer bons

exemplos de sustentabilidade, mensurar resultados positivos dessas práticas e incorporá-las ao

modo de produção.

Nos desafios a serem enfrentados estão à preservação dos recursos naturais para o

presente e consequentemente a futura geração, de modo a permitir que ambas tenham como

produzir e consumir conforme as suas necessidades, bem como, parar de gerar resíduos em

quantidades que a biosfera não consegue absorver. Apesar do tamanho dessas tarefas, cada

indivíduo poderá contribuir para a busca de uma solução, basta que a consciência de cada

habitante comece a mudar, passando a se preocupar com ao significado da palavra

sustentabilidade.

Dentro desse cenário, equilíbrio ecológico e crescimento sustentável, com capacidade de

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investir e intervir em áreas de pouco interesse e iniciativa, o governo se torna um dos principais

promotores dessa idéia. Mesmo enfrentando um momento ambiental desfavorável em que os

esgotamentos dos recursos naturais são eminentes, a reação do estado ainda passa por omissa. O

setor público precisa repensar seu papel mediante a representatividade que exerce e procurar

novas formas de investimento e de melhorias diante dos desafios para o desenvolvimento

sustentável.

Dentro da visão de Tachizawa (2001), um dos maiores desafios que o mundo enfrentará

neste novo milênio é fazer com que forças de mercado protejam e melhorem a qualidade do

ambiente, com a ajuda de padrões baseados no desempenho e uso criterioso de instrumentos

econômicos, num contexto harmonioso de regulamentação. O novo contexto econômico se

caracteriza por uma rígida postura dos clientes voltada à expectativa de interagir com

organizações que sejam éticas, com boa imagem institucional no mercado, e que agem de forma

ecologicamente responsável.

A gestão ambiental torna-se um importante instrumento gerencial para capacitação e

criação de condições de competitividade para as organizações, qualquer que seja o seu segmento

econômico. Assim, um dos desafios do desenvolvimento sustentável, segundo a Comissão

Mundial do Meio Ambiente, é trazer as considerações ambientais para o centro das tomadas de

decisões econômicas, para o centro do planejamento futuro em todos os níveis.

Não foram apenas em função da legislação, mas principalmente por questões que poderíamos associar à gestão ambiental: aumentar a qualidade dos produtos; aumentar a competitividade das exportações; atender o consumidor com preocupações ambientais; atender à reivindicação da comunidade; atender à pressão de organizações não-governamentais ambientalistas e melhorar a imagem perante a sociedade. A expressão “desenvolvimento sustentável” passou a ser proposta mais adequada para se gerir o desenvolvimento econômico mundial, que consiste na criação de um novo patamar de relações empresa-consumidor, empresa-empresa e empresa-comércio, onde os valores ecológicos são determinantes. (MELLO, 2002, p.47).

Tendo em mente trabalhar aspectos importantes que influenciam o sucesso das

organizações, o objetivo desse artigo é analisar e discutir como a sustentabilidade e a manutenção

de sistemas de gestão ambiental podem ser utilizadas como uma estratégia competitiva no atual

cenário mundial. Para isso realizou-se um estudo teórico em que foram identificados os principais

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conceitos sobre sustentabilidade, consumo consciente e preservação ambiental e a forma como as

empresas vêm trabalhando esses temas no seu cotidiano, bem como também destacando as

práticas adotadas, suas estratégias e aplicabilidades.

Conforme Vergara (2007) existe vários tipos de pesquisa, ela propõe duas classificações,

que pode ser: quanto aos fins e quanto aos meios. A primeira utiliza-se nesse trabalho a pesquisa

descritiva, que determina características e estabelece correlações entre as variáveis, além de

definir sua natureza. Para os meios será utilizada a pesquisa bibliográfica, que fornecerá o

instrumento analítico para o estudo sistematizado com base em material publicado em livros,

revistas, redes eletrônicas, jornais, e outros periódicos disponíveis.

Além da introdução, o presente artigo apresenta os itens sobre a evolução da gestão

ambiental e sustentabilidade, consumo consciente e sua integração nas organizações, o papel

empresarial na preservação ambiental, e finalizando, as ponderações e considerações conclusivas.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 EVOLUÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE

A consolidação da ação ambiental por parte da sociedade civil organizada, nas décadas de

70 e 80, juntamente com a expansão, nas décadas de 80 e 90, das agências e instituições de

financiamento ambientais governamentais conduziram a uma ampliação significativa do espaço

público dedicado à questão ambiental. Nesse novo momento, o conceito de “público” não fica

restrito ao âmbito do Estado, mas incorpora as porções da sociedade civil e do setor privado

preocupadas com a qualidade do meio ambiente como bem coletivo (LITTLE, 2003).

O modelo de crescimento adotado após a Segunda Guerra Mundial revelou-se

rapidamente devido a sua amplitude e complexibilidade dos seus meios, como um agente de

quebra do equilíbrio ecológico, o que acarreta em termos econômicos, um desequilíbrio da

alocação de recursos e, em termos sociais da distribuição de bem-estar.

Nesse contexto de crescimento das atividades de produção industrial e consumo, houve

consequentemente um grande lançamento de resíduos nos diversos meios (atmosfera, águas

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superficiais, subterrâneas e solos).

A utilização de um padrão tecnológico que parte do pressuposto da inesgotabilidade dos recursos ambientais, bem como a grande diversificação e mobilidade dos poluentes são também aspectos importantes a serem considerados neste processo sistemático e maciço de degradação ambiental e que contribui para o crescente fenômeno de escassez dos recursos ambientais. A deterioração bem como o uso excessivo dos bens ambientais nas atividades de produção e consumo se deve principalmente ao fato de que até alguns anos atrás estes eram considerados bens livres, ou seja, que tem valor de uso mais não tem valor e troca, sempre disponíveis em quantidade ilimitada e de apropriação gratuita (BURSZTYN, 1994, p.13).

Pode-se considerar como o grande marco da preocupação mundial para o meio ambiente a

conferência sobre a biosfera realizada em Paris, no ano de 1968. Mesmo sendo uma reunião de

especialistas em ciências, marcou o despertar de uma consciência ecológica mundial. Logo em

seguida, houve a primeira conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente, realizada em

1972, em Estocolmo, colocando assim a questão ambiental nas agendas nacionais e

internacionais. Foi a primeira vez que representantes de governo uniram-se em nível mundial

para discutir a necessidade de tomar medidas efetivas de controle dos fatores que causam a

degradação ambiental. Foi nesse contexto, que os países considerados desenvolvidos e em

desenvolvimento afirmaram que a solução da poluição e da degradação ambiental não era em

frear o desenvolvimento e sim orientá-lo com o intuito de preservar o meio ambiente e seus

recursos não-renováveis para se tentar chegar a uma sustentabilidade constante.

No ano de 1984, em Paris, a conferência internacional sobre meio ambiente e economia,

discutiu que as questões ambientais deveriam ser efetivamente colocadas no centro do processo

de decisão das políticas econômicas e plenamente integradas às políticas agrícolas, industriais, de

transporte, energética, fundiária e de desenvolvimento regional.

Em 1987 a Comissão Mundial do Meio Ambiente e desenvolvimento (Comissão

Brundtland), publicaram o relatório intitulado Nosso Futuro Comum, ao qual destacou a

importância da proteção do ambiente na realização do desenvolvimento sustentável. No Relatório

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de Bruntland3, define-se sustentabilidade como a capacidade de prover as necessidades atuais

sem afetar as necessidades futuras. Trata-se de ponderar muito bem as práticas atuais humanas,

para que seus impactos no futuro sejam mínimos, ou seja, consumir o necessário conscientemente

sem comprometer as futuras reservas.

Em 1991, foi editado a Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, onde a

preservação do meio ambiente e a gestão ambiental foram definidas como prioridade para as

metas de qualquer organização. Esse documento foi preparado por uma comissão de

representantes de empresas e desenvolvido no âmbito da Câmara de Comércio Internacional,

entidade que possui o objetivo de ajudar as organizações em melhorar os resultados das suas

ações sobre o meio ambiente. A criação desse documento foi pautada em 16 princípios relativos à

gestão ambiental de vital importância para o desenvolvimento sustentável, nele as organizações

precisam desenvolver a consciência de que se deve buscar um objetivo comum, e não gerar um

conflito entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental.

Segundo Andrade (2002), em junho de 1992, em virtude do 20º aniversário da

Conferência de Estocolmo, no Rio de Janeiro ocorreu à maior conferência mundial sobre Gestão

Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, denominada “Eco 92” ou “Rio 92”, sendo marcado

como ata global das discussões sobre o assunto, tendo a participação de representantes

governamentais mundiais, resultando em dois grandes documentos: A Carta da Terra e a Agenda

21.

A Agenda 21 dedica-se a apresentar os problemas da atualidade e almeja preparar o

mundo para os desafios do século XXI, refletindo sobre o consenso global e o compromisso

político objetivando desenvolvimento e o compromisso ambiental. Nesse momento começou a

existir de uma forma globalizada uma preocupação no que se diz respeito à Gestão Ambiental e o

Desenvolvimento Sustentável, tanto das entidades governamentais públicas e privadas, bem

como dos consumidores globais.

Dez anos após a histórica Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

3 O Relatório de Bruntland é o documento elaborado em 1987 pela comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento na Noruega, que reafirma uma visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelas nações e ressalta os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas.

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Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, o mundo se voltou para a Cúpula

Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, que aconteceu em Joanesburgo, África do Sul.

Também conhecida como Rio+10, a conferência teve como objetivo avaliar as ações

implementadas em direção ao desenvolvimento sustentável nos últimos anos, além de reforçar os

compromissos assumidos e buscar novas estratégias. Em 2002, a conferência Rio+10, instituindo-

se uma nova iniciativa para o prosseguimento da Gestão Ambiental e Desenvolvimento

Sustentável: “Business Action For Sustainnable Developmemt”4. É importante ressaltar que o

propósito maior da Conferência de Joanesburgo não foi de adotar novos compromissos, acordos

ou convenções internacionais, mas sim fazer uma profunda avaliação dos avanços e dos

obstáculos com que nos deparamos ao olharmos para os compromissos assumidos em 1992. Os

resultados da Conferência resultaram em dois documentos acordados por todos os países

pertencentes às Nações Unidas: o Plano de Implementação e a Declaração Política.

Em 2010, a COP-16, Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Cancún, no

México, aprovou um pacote de decisões sobre ações para enfrentar as causas e efeitos das

mudanças climáticas. Entre as principais medidas aprovadas criou-se um "Fundo Verde" - para

que os países ricos ajudem financeiramente os mais pobres na luta contra as mudanças climáticas

- e o chamado Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD)5, um mecanismo

de pagamento por conservação de florestas. Após dias de negociações, a conferência da ONU em

Cancún terminou sem o grande avanço esperado, ficou a incógnita de qual seriam as metas e

objetivos a serem adotados, visto que os acordos firmados no Protocolo de Kyoto se enceram em

2012, lembrando que ele é o único instrumento legalmente vinculante de cumprimento

obrigatório em que os países desenvolvidos se comprometem a reduzir as suas emissões de gases

4 Eco-cliente é aquele que se preocupa com os métodos e processos da empresa no que diz respeito a produtos e serviços e sua responsabilidade ambiental. 5 REDD é uma sigla inglesa: Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation in Developing Countries. (Reduzindo as Emissões geradas com Desmatamento e Degradação Florestal nos Países em Desenvolvimento). É um mecanismo de compensação financeira para os países em desenvolvimento ou para comunidades desses países, pela preservação de suas florestas. O REDD é visto como uma forma fundamental de redução da quantidade de CO2 lançada na atmosfera por conta do desmatamento em todo o mundo, causadora do aquecimento global. Nos últimos anos, o REDD se tornou ponto central das negociações de um novo acordo sobre o clima.

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causadores do efeito estufa.

2.2 CONSUMO CONSCIENTE E SUA INTEGRAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES

Se por um lado as empresas buscam colocar em prática ações de sustentabilidade como

uma estratégia competitiva e, claro, sem deixar de serem lucrativas com isso, por outro, muitas

dessas ações ainda são superficiais e egocêntricas, limitando-se apenas as práticas de reciclagem

e economia de energia e água (FUCHS, 2010).

A crescente preocupação com a qualidade ambiental tem levado as organizações a

buscarem alternativas tecnológicas mais limpas e matérias primas menos tóxica, a fim de reduzir

o impacto e degradação ambiental. A conscientização da sociedade e a legislação ambiental têm

induzido as empresas a uma relação mais sustentável com o meio ambiente. As ações

sociorresponsáveis estão sendo cada vez mais incorporadas à gestão das empresas: elas ajudam a

reforçar a imagem e até reduzir custos. “Toda empresa gera impactos – positivos e negativos – o

grande desafio é descobrir oportunidades para desenvolver algo bom para o negócio

(GUARATTO, 2010).

A busca por alternativas que minimizem os impactos negativos da atividade produtiva tem

motivado setor empresarial em investirem soluções, que também se refletem em economia e

melhoria da competitividade. As oportunidades quase sempre aparecem por meio de projetos

sociais e ambientais. Pelo lado da gestão, essas iniciativas podem tornar processos mais eficazes,

garantir acesso a novos consumidores e melhorar a imagem da empresa (GUARATTO, 2010).

Segundo Sachs (apud 1995),

O equilíbrio entre tecnologia e ambiente, relevando-se os diversos grupos sociais de uma nação e também dos diferentes países na busca da equidade e justiça social. Para que o mesmo seja alcançado, a proteção do ambiente tem que ser entendida como parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente.

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E quando o assunto é consumo, existe um espaço enorme para envolver as pessoas. A

pesquisa “Eu sou sustentável”, realizada pela GS&MD – Gouvêa de Souza, que teve como

objetivo identificar como o consumidor enxerga a questão da sustentabilidade no consumo,

concluiu que as mesmas não sabem exatamente o que é sustentabilidade. Entre os dados

apontados, 59% dos brasileiros gostariam de aprender mais sobre o assunto e 61% não pensam

sobre a sustentabilidade dos produtos que consomem. Outro aspecto da pesquisa é que os

entrevistados não se sentem responsáveis pelas questões de sustentabilidade, atribuindo ao

governo, com a criação de leis e normas, e às empresas, mas não se vêem na implementação dela.

Associado ao interesse sobre o tema, um fator relevante foi que o consumidor só percebe as ações

que são visíveis, como por exemplo, as lojas que aderiram à reciclagem, com a disposição de

lixeiras coloridas.

Na rede de supermercados Walmart, 100% da energia deve ser renovável; a operação

deve ter impacto zero de resíduos e ofertar cada vez mais produtos sustentáveis. Para cumprir

esse programa, o primeiro passo é o engajamento do público interno, para que a sustentabilidade

passe a fazer parte do dia a dia. Para isso, o Walmart conta com dois projetos principais, o PPS

(cada pessoa escolhe uma pequena mudança de atitude para fazer no âmbito pessoal) e o

treinamento “Mobiliza Geral”. Em parceria com o Instituto Akatu, já foram treinados mais de 60

mil funcionários sobre consumo consciente. O objetivo era terminar 2010 com 100% do quadro

de funcionários treinados. A rede mantém também o “Pacto Amazônia”, com foco na redução de

embalagens e desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis. Há quase sete anos, no Sul do

País foi criado o Clube de Produtores, uma das frentes de trabalho do programa de

sustentabilidade do Walmart, com meta de desenvolver fornecedores regionais (pequenas

famílias cooperativas) baseada no “Comércio Justo”, código de conduta é ética do Walmart,

requisitos de qualidade e de práticas de sustentabilidade. Entre as diversas ações junto aos

consumidores, estão o programa “Cliente Consciente Merece Desconto”, que bonifica em crédito

no cupom fiscal quem não utiliza sacolas plásticas ou opta por uma versão reutilizável (crédito de

R$ 0,03 por cada). Desde a sua implantação, foram retiradas do meio ambiente mais de 22,5

milhões de sacolas e concedidos mais de R$ 686 mil em descontos (FUCHS, 2010).

O Grupo HSBC, por exemplo, adotou um programa internacional chamado HSBC

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Climate Partnership (Parceria pelo Clima). Com a ajuda de três organizações de pesquisa

ambiental e climática internacionais, o banco criou cinco centros climáticos no mundo, que são

bases de pesquisas científicas. Eles ficam localizados em florestas da China, do Brasil, da Índia,

do Reino Unido e dos Estados Unidos. Todos os meses são encaminhados para cada um desses

locais grupos de 12 funcionários para passar 15 dias num trabalho científico de coleta de

informações sobre as florestas. Esse material será, depois, analisado por cientistas e dará origem à

maior experiência de campo do setor privado sobre o impacto das mudanças do clima em

florestas temperadas e tropicais. O centro brasileiro dessa iniciativa do HSBC fica na reserva do

Rio Cachoeira, na cidade de Antonina, no Paraná, que abriga floresta de Mata Atlântica, um dos

biomas mais ricos em biodiversidade e dos mais ameaçados pela ação humana. Esse centro é à

base da experiência para a América Latina, tendo já recebido 308 funcionários do HSBC de todo

o mundo, 92 dos quais brasileiros. Durante os 15 dias que permanecem no local, os funcionários

convivem sem hierarquias diferenciadas, dividindo o mesmo alojamento e as tarefas domésticas e

aprendendo juntos. Medem árvores, recolhem frutos e folhas, levam amostras ao laboratório e as

catalogam. A turma seguinte continua o trabalho do ponto em que a anterior parou. O

monitoramento vai prosseguir até 2012. Ao final do trabalho de campo, o grupo tem aulas

noturnas sobre sustentabilidade, nas quais são discutidos casos reais ou hipotéticos de risco

(SPERA, 2011).

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) divulgou no final de novembro de 2010 os

resultados da Pesquisa Sustentabilidade Aqui e Agora realizado com 1.100 pessoas de 16 a 70

anos, de todas as classes sociais e residentes em 11 capitais brasileiras. O intuito foi compreender

os hábitos de consumo e as atitudes da população brasileira em relação à sustentabilidade e meio

ambiente, bem como verificar seus anseios em relação a esses temas Destacando a importância

do setor empresarial no tratar desse assunto, foi constatado nessa pesquisa que a atividade

econômica dos supermercados é vistos como parceiros na preservação ambiental. Dos

respondentes à pesquisa, 27% acreditam que não se deve mais usar sacolas plásticas; 20%

desejam que as lojas desse ramo mantenham estações de reciclagem e 16% que elas apontem

quais são os produtos que ajudam na manutenção da saúde e do meio ambiente. E o mais

importante: 69% dos entrevistados disseram que encontrariam um substituto para esse material,

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como as versões retornáveis, as caixas de papelões e os carrinhos, e 60% apoiariam uma lei que

proibisse a distribuição das sacolas (SUPERHIPER, 2011).

Para atingir tais objetivos da pesquisa Sustentabilidade e Aqui e Agora, podemos destacar

o que Spera (2011) comenta: “Dois dos desafios mais importantes que se precisa superar para

construir o desenvolvimento sustentável são mudar a maneira de pensar e, com isso, elaborar

novos conhecimentos. Não se trata de um esforço restrito apenas a cientistas; é preciso o

engajamento de todos os cidadãos para que essa transformação ocorra. O Estado tem um papel

decisivo nessa “virada”, com a definição de políticas educacionais, pesquisa e inovações voltadas

para a sustentabilidade. Mas as empresas também têm e podem desempenhar um papel

fundamental na transformação. Resta saber o que, concretamente, uma empresa pode fazer para

ajudar a mudar corações e mentes”.

2.3 PAPEL EMPRESARIAL NA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

O desafio do desenvolvimento sustentável segundo a Comissão Mundial do Meio

Ambiente é trazer as considerações ambientais para o centro das tomadas de decisões

econômicas, para o centro do planejamento futuro em todos os níveis, sendo a velocidade dessa

implantação um fator dependente da vontade coletiva das pessoas em quebrar a resistência das

atuais estruturas e processos pré-existentes.

Com foco no tema deste trabalho, nesse tópico serão relatados os acontecimentos e

situações que levaram as empresas a adotarem práticas usadas hoje que, combinadas a situação

econômica mundial (globalização), serviram de estímulo para o desenvolvimento sustentável.

Com a degradação ambiental chegando a limites insustentáveis, algumas ações serviram

de estímulo para que governos e populações começassem a se movimentar. Essas ações,

incluindo os documentos citados Relatório de Bruntand e Agenda 21 têm em seu ápice o

Protocolo de Kyoto que, segundo o Greenpeace (2011), serviu como base para colaboração

científica a nível internacional. O Protocolo de Kyoto estabelece o compromisso de reduzir as

emissões de dióxido de carbono em 5,2% comparado aos níveis emitidos em 1990. Essa

porcentagem ficou estabelecida para o período de 2008 a 2012, com o comprometimento de se

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criar mecanismos que garantam esta redução de gases.

Como qualquer tema relacionado à sustentabilidade, a complexidade de fatores que estão

alterando o clima do planeta, citando como exemplo, há um universo de inúmeras possibilidades,

em que empresas e nações têm um grande desafio para que se crie um consenso em que a

biodiversidade seja preservada. Trata-se de despertar o interesse tanto de governos quanto de

empresas, para que se envolvam profundamente nessas questões com posições claras e

mensuráveis.

Essa posição é a forma mais profunda, intensa e rápida de definir que planeta que

desejamos ter para as gerações futuras. O artigo “O caminho de Copenhague”, publicado na

revista National Geografhic coloca claramente a necessidade da posição acima mencionada: “se

discutirá o maior desafio da humanidade hoje, cujo interesse é comum a todos nós” (National

Geografhic, p.43).

Associar a imagem das organizações à consciência ecológica torna-se um atrativo

competitivo, pois produtos ecologicamente corretos agregam em seus valores mais recursos

tecnológicos, menos desperdício e consequentemente menos poluição, sendo essa uma postura

que agrada o público em geral.

O investimento nesse mercado não deve ser encarado como um simples modismo, mas

sim como uma nova potência de desenvolvimento econômico, visto que o numero de

organizações empresariais que vem utilizando medidas de gestão ambiental tem aumentado

gradativamente nos últimos anos.

Nem só de boas ações significam sustentabilidade, um estudo da DOM Strategy Partners6

junto a executivos de 294 empresas classificadas entre as mil maiores do Brasil revelou um novo

conceito de sustentabilidade corporativa: 82% dos entrevistados defenderam que ela deve estar

inserida nas decisões estratégicas. Não é só manter um projeto social. 79% dos ouvidos

afirmaram que todos os projetos de sustentabilidade devem estar alinhados aos negócios da

empresa, e que o conceito precisa estar bem separado do que é filantropia, investimento social

6 A DOM Strategy Partners® é a primeira consultoria focada em estratégia corporativa 100% nacional. Pertencente ao Grupo ECC, também proprietário da E-Consulting® Corp., a empresa oferta em seu portfólio de serviços

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privado e cidadania corporativa. Na prática, o estudo demonstra como tendência para os

próximos anos a definição, por parte das empresas, de modelos e ações a serem adotadas que

gerem resultados concretos e mensuráveis. Isso requer investimentos na gestão e no balanço das

ações, além das necessidades de se monitorar o que o estudo define como conta corrente diária de

reputação: resposta imediata das novas redes sociais (FUCHS, 2010).

Segundo Vassalo (2009), práticas sustentáveis já não são mais um conceito incipiente

para as empresas e para o mundo. Em meio às mudanças sem precedentes, fica claro que essas as

empresas teriam que mudar e ganhariam um papel muito mais amplo do que jamais haviam tido,

o lucro continuaria e continuará a ser o núcleo de sua essência. Ainda de acordo com Vassallo

(2009), a prática sustentável mostra sua importância passando do terreno das boas intenções para

o terreno da estratégia: essa é uma demonstração contundente de que a sustentabilidade não é

mais um dos modismos empresariais que surgem e desaparecem, às vezes sem deixar rastros.

O primeiro passo a ser adotado pelas empresas é a definição clara de uma política de

desenvolvimento sustentável, estabelecendo diretrizes e metas. Como exemplo tem-se o Relatório

de Sustentabilidade da Vale do Rio Doce, publicado anualmente, suas metas são claras, os

resultados obtidos são mensurados, apresentados e divulgados não só para seus stakeholders7,

mas também para a comunidade internacional num todo. Segundo o relatório, essas práticas têm

como objetivo proporcionar o maior retorno possível aos acionistas, manter relações e condições

justas de trabalho para os empregados, promover uma maior confiabilidade junto a seus clientes,

além de contribuir com o desenvolvimento sustentável das comunidades, regiões e países onde

mantém operações.

A questão que se coloca é: como superar as contradições e qual o alcance de propostas

alternativas no atual cenário mundial? A idéia de sustentabilidade implica a prevalência da

premissa de que é preciso definir uma limitação nas possibilidades de crescimento e um conjunto

de iniciativas que levem em conta a existência de interlocutores e participantes sociais relevantes

e ativos através de práticas educativas e de um processo de diálogo informado, o que reforça o

profissionais práticas e metodologias como planejamento estratégico corporativo, gestão de ativos intangíveis, gestão do conhecimento e da inovação, inteligência competitiva, sustentabilidade corporativa e estratégia de marketing.

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sentimento de co-responsabilização e de constituição de valores éticos. Isso também implica que

uma política de desenvolvimento na direção de uma sociedade sustentável não pode ignorar nem

as dimensões culturais nem as relações de poder existentes e muito menos o reconhecimento das

limitações ecológicas, sob pena de apenas manter um padrão predatório de desenvolvimento.

Torna-se preciso incrementar os meios e o acesso à informação de qualidade, na oferta de

conteúdos informacionais e educativos, emergindo indagações quanto aos condicionantes de

processos que ampliem as possibilidades de alteração do atual quadro de degradação

socioambiental.

O tema dos resíduos sólidos é provavelmente aquele que melhor exemplifica as

possibilidades da participação corporativa, inclusive pela sua nova política pública. Entretanto, a

timidez das iniciativas e descontinuidade das políticas têm se criado um verdadeiro circulo

vicioso pautado pela lógica da paralisia e o enfrentamento. Diversas experiências bem-sucedidas

de gestão a partir de práticas alternativas, como as citadas anteriormente, mostram que é possível

romper com o círculo vicioso existente e engajar a população em ações pautadas pela co-

responsabilização e compromisso com a defesa do meio ambiente (CIRS, 1998).

Em nenhum outro caso existem segundo White & Whitney (1992), condições tão

favoráveis para estabelecer os vínculos entre a atividade humana e o sistema ecológico como

quanto à forma como uma sociedade administra os resíduos que produz. Esse argumento é vital,

uma vez que transcende o aspecto específico da gestão dos resíduos sólidos e abre um vasto

campo de aprofundamento em torno dos meios e fins para atingir algum grau de sustentabilidade

socioambiental. O principal desafio, independentemente de seu porte, e que as organizações

criem as condições para assegurar uma qualidade de vida que possa ser considerada aceitável,

não interferindo negativamente no meio ambiente do seu entorno e agindo preventivamente para

evitar a continuidade do nível de degradação.

Nesse contexto vivemos uma situação contraditória, que tem se não desestimulado, pelo

menos dificultado a manutenção de iniciativas de reciclagem através de cooperativas de

catadores. Trata-se de experiências que devem ser valorizadas, apesar da sua pequena escala,

7 Stakeholder (em português, parte interessada ou interveniente), é um termo usado na Administração que se refere a

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porque geram benefícios econômicos, benefício ambiental e benefício social. O grande desafio

que se coloca é, por um lado, gerar empregos com práticas sustentáveis e, por outro, fazer crescer

o nível de consciência ambiental, ampliando as possibilidades de a população participar mais

intensamente nos processos decisórios como um meio de fortalecer a sua co-responsabilização na

fiscalização e controle dos agentes responsáveis pela degradação socioambiental.

Para o meio corporativo é importante ressaltar que a formulação de uma programação

para o desenvolvimento de atividades de sustentabilidade ambiental deve levar em consideração a

relevância de se estimular a expansão dos meios de acesso a uma informação geralmente dispersa

e de difícil compreensão, como parte de uma política de fortalecimento do papel empresarial. O

momento atual exige que o meio corporativo esteja mais motivado e mobilizado para assumir um

caráter mais propositivo, assim como para poder questionar e trabalhar de forma concreta na

implementação do contexto binomial entre sustentabilidade e desenvolvimento econômico na

promoção da qualidade de vida e da inclusão social. Diversas iniciativas empresariais bem-

sucedidas citadas nesse artigo demonstram que havendo vontade é possível viabilizar ações

pautadas pela adoção dos princípios de sustentabilidade ambiental conjugada a resultados na

esfera do desenvolvimento econômico e social.

3. CONCLUSÕES

A percepção da questão ambiental evoluiu nos últimos anos e as empresas estão

percebendo que o uso eficiente dos recursos naturais é um bom negócio. Conciliar o crescimento

econômico com a preservação ambiental já não é uma equação vista como inviável, pelo

contrário, muitas empresas perceberam que uma postura responsável em relação ao meio

ambiente reverte em ganhos efetivos.

Ao longo desse artigo foram levados em consideração os principais aspectos que

deixaram claro de que o modelo pela sustentabilidade é sem dúvida o caminho a ser seguido

pelas empresas que desejam atuar globalmente possibilitando a garantia de sua perpetuação.

qualquer pessoa ou entidade que afeta ou é afetada pelas atividades de uma empresa.

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As mudanças só começam a acontecer de maneira efetiva quando o setor organizado da

sociedade percebe os benefícios que pode alcançar com a incorporação da variável ambiental em

seu cotidiano, isso se torna evidente através da capacidade de produzir e realizar atividades com

menor impacto negativo sobre ele.

A inclusão da proteção do meio ambiente e da procura pela sustentabilidade entre os

objetivos da organização são a resposta natural aos desejos de seus consumidores. Introduzir

programas de reciclagem, medidas para poupar energia, uso responsável dos recursos naturais e

outras inovações ecológicas é sinônimo de bons negócios. Em outras palavras, o quanto antes às

empresas começarem a enxergar o meio ambiente como um dos seus principais desafios

econômicos, oportunidade competitiva, maior será a chance de sobreviverem com as novas

exigências do mercado corporativo.

Por fim é pertinente citar aqui as palavras de Hector Nuñes, presidente da subsidiária

brasileira Walmart, que “não vamos mudar o mundo porque somos legais, mas porque essa é a

estratégia mais inteligente” (HERZOG, 2009) e humildemente complemento, mais inteligente

para podermos sobreviver nesse planeta.

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