Os Desafios do Letramento na Perspectiva da Proficiência · fundamentos pedagógicos e...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DA PROPOSTA-DIDÁTICA PEDAGÓGICA
TÍTULO: Os Desafios do Letramento na Perspectiva da Proficiência
AUTORA: Janete Aparecida Laitharth e Silva Vial
DISCIPLINA: Língua Portuguesa
ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO DO
PROJETO:
Colégio Estadual de Marmeleiro
Marmeleiro
MUNICÍPIO:
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: UNIOESTE
RELAÇÃO INTERDISCIPLINAR: Matemática, Ciências, História, Geografia,
Arte, Língua Estrangeira.
RESUMO: Este trabalho concerne a questão do
letramento em todas a áreas do conhecimento e da
formação do professor, tendo em vista que a base
do conhecimento é a linguagem. A complexidade do
tema mostra a relevância que tem o letramento na
apropriação do conhecimento, na formação do
cidadão e de todos os envolvidos no ambiente
escolar. Ao adentrarmos na problemática,
percebemos que a leitura é a base da formação do
educando, bem como do professor das diversas
áreas do conhecimento Nas modificações dentro da
área educacional, a alfabetização é o início para a
construção da competência comunicativa, enquanto
o letramento possibilita a inserção social tendo
continuidade também nos anos finais do Ensino
Fundamental. Logo, as contribuições das diversas
ciências, a exemplo da linguística e das concepções
de letramento, contribuem para a ampliação do
conceito de alfabetização.
PALAVRAS-CHAVE: Formação docente, grupo de estudo e
letramento
FORMATO DO MATERIAL DIDÁTICO: Unidade Didática
PÚBLICO ALVO: Professores, professor pedagogo e gestores.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
SUPERITENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS – PDE
NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE FRANCISCO BELTRÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE
OS DESAFIOS E AS PRÁTICAS DO LETRAMENTO NA
PERSPECTIVA DA PROFICIÊNCIA
FRANCISCO BELTRÃO/PR
2013
JANETE APARECIDA LAITHARTH E SILVA VIAL
OS DESAFIOS E AS PRÁTICAS DO LETRAMENTO NA
PERSPECTIVA DA PROFICIÊNCIA
Unidade Didática apresentada à Secretaria
de Estado da Educação como requisito de
avaliação parcial do Programa de
Desenvolvimento Educacional do Paraná PDE –
na área de Língua Portuguesa. Turma 2013.
Orientadora Professora Drª. Iara Aquino Henn,
Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
UNIOESTE.
FRANCISCO BELTRÃO/PR
2013
1. APRESENTAÇÃO
O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) foi disponibilizado aos
professores da rede estadual pelo governo do estado sendo desenvolvido em quatro
momentos tendo como base o movimento contínuo de aperfeiçoamento dos
fundamentos pedagógicos e disciplinares de professores no espaço escolar de
caráter teórico-prático a ser construído na relação entre seus estudos e a concretude
escolar no processo de aprendizagem.
Para este segundo momento, foi proposto a construção de Unidade Didática
Pedagógica, atividade esta, feita pelo professor em formação na escola de atuação
profissional.
A formação do professor e os desafios encontrados no trabalho com
letramento na perspectiva dos diversos campos disciplinares são temas a serem
pesquisados. É prudente investigar que as dificuldades relacionadas á leitura,
interpretação e escrita dos textos vivenciados pelos educandos, muitas vezes
decorrem das dificuldades da não apropriação dos conhecimentos em relação língua
padrão e de outras áreas do conhecimento em função de vários determinantes.
Pretende-se trabalhar com o professor visando problematizar os limites
encontrados no processo pedagógico, bem como, provocar reflexões e mudanças
na sua prática pedagógica e, por meio da reflexão teórica encontrar o aporte
necessário para tornar o letramento uma prática social de aprendizagem/interação.
Muitas dessas práticas são exercidas na escola de maneira espontaneísta,
esvaziam-se em certo senso comum dos professores, decorrentes também do
processo de formação deles, em que a perspectiva não priorizava o letramento.
Isto, se não considerada nos processos de formação continuada passam a
fazer parte de uma visão consensual sobre o papel da educação e da escola, que
muitas vezes impedem os avanços educacionais e afeta o cotidiano da escola.
O exercício da docência encontra limitações para desempenhar seu papel na
apropriação de conhecimentos e na reconstrução dos discursos. O denominado
espontaneísmo pedagógico impede avanços educacionais oferecidos a muitos
educandos, causando ou até reforçando as desigualdades sociais FREIRE (1996). O
que a escola básica vem fazendo para superar estas dificuldades? Nada pode
substituir o trabalho do professor na sala de aula. A interação, entre
aluno/professor/conhecimento leva a construção das aprendizagens e a descoberta
de aspirações e necessidades dos educandos. Vygotsky (1994) defende que a
construção do conhecimento ocorre a partir de sua inserção na cultura, a criança vai
se desenvolvendo por meio da interação social com as pessoas e o meio
sociocultural em que convive. Aprimorando as práticas culturais estabelecidas, ela
vai evoluindo para formas mais abstratas que a ajudarão a conhecer, a controlar e
interagir na realidade. O autor destaca a importância do outro na construção do
conhecimento e na constituição do próprio sujeito e de sua forma de agir. Portanto, a
apropriação do conhecimento não é algo isolado das vivências e tão pouco uma
construção individualizada/solitária. Este só acontece na interação.
O ensino padronizado, unificado que não considera a cultura e os
conhecimentos prévios vêm sendo questionado. Os professores são formados, na
maioria das vezes, para o trabalho pedagógico que não considera os diferentes
tempos, ritmos e condições de aprendizagem dos educandos.
Neste processo de formação, pretende-se discutir na Unidade Didática, com
os professores, as concepções que orientam o ensino e a aprendizagem da língua
portuguesa, bem como, a apropriação e utilização do sistema de escrita enquanto
meio de interação social dos sujeitos. Este trabalho parte de estudos dos
pressupostos teóricos metodológicos, embasados nos documentos oficiais que
norteiam a ação pedagógica do professor, entre eles as DCE. (PARANÁ, 2008).
Um dos objetivos que se pretende focar neste estudo é construir com o
professor a perspectiva do ensino da língua, por meio do letramento em todos os
campos disciplinares. Essa realidade, por sua vez, orienta os educadores que
trabalham com outras ciências do conhecimento a reconhecer a importância da
leitura e da escrita na formação dos educandos sob o prisma dos diversos campos
disciplinares. Afinal ler, interpretar e escrever, no processo escolar, é formas de
apropriação de diferentes linguagens científicas. Por exemplo, é tão importante o
educando estar apropriado da linguagem da matemática quanto da história e da
geografia, entre outras. Sob nosso entendimento, a prática da leitura e da escrita
deve estar integrada a todas as áreas do conhecimento humano, permitindo aos
estudantes, autonomia progressiva da linguagem e consequentemente o letramento.
Assim sendo, a promoção da leitura é uma responsabilidade de todo corpo
docente de uma escola. Ações isoladas dificultam, não superam e nem
redimensionam as práticas leitoras dos estudantes. A leitura e a escrita propiciam a
circulação, a troca de informações e a apropriação do conhecimento. Essas práticas
não pode ser tarefa exclusiva da língua portuguesa. As demais disciplinas que
integram o currículo não podem ser apenas transmissoras de um saber
fragmentado.
Nessa perspectiva, na segunda fase do ensino fundamental faz-se necessário
refletir sobre o processo de letramento na aquisição da linguagem das diferentes
ciências trabalhadas. Os educandos precisam ser/estar preparados para o exercício
da cidadania e da competência comunicativa, sendo que esta deve ser entendida
como as capacidades do falante em utilizar vários recursos linguísticos de forma
adequada em situações comunicativas. A língua portuguesa precisa ser trabalhada
de modo que o aluno alcance a condição de falante competente, de modo que
conheça a nomenclatura, pois a decoreba e a memorização de regras, parece
insuficiente para a competência comunicativa.
Segundo TRAVAGLIA (1996), a competência comunicativa implica na
capacidade que o falante tem de gerar sequências linguísticas e habilidades de
interagir e produzir bons textos. Já para ALMEIDA FILHO (2008), a aquisição da
competência comunicativa, parte dos conhecimentos e experiências que o aluno traz
para a escola ocupando um papel central na aprendizagem. Pela autodescoberta e
domínio de regras gramaticais, chega-se a competência comunicativa. Vale dizer
que o professor pode aproveitar as diferentes teorias sobre o ensino da língua e das
linguagens das diversas ciências para viabilizar a aquisição e competência e os uso
sociais dos conhecimentos, incluso da leitura e escrita dos diversos gêneros
textuais.
De acordo com estudos linguísticos presentes nas Diretrizes Curriculares, o
ensino dos gêneros textuais que circulam socialmente, precisa ser priorizado na
escola, dando ênfase à prática da oralidade, leitura e escrita. Para o aprendiz ter
compreensão do que é a língua escrita, torna necessário que as reflexões sejam
feitas a partir do texto, que é a unidade de estudo da língua. É preciso ir além,
exercer práticas sociais de leitura e de escrita presentes nas diferentes esferas
sociais.
Nessa nova dimensão, “o mundo da escrita ganha espaço e o termo
letramento vem juntar-se ao conceito de alfabetização”. Referindo-se a prática social
da leitura e da escrita como afirma Soares:
Um indivíduo alfabetizado não é um individuo letrado: alfabetizado é um indivíduo que sabe ler e escrever, já o indivíduo letrado vive em estado de letramento, é, não só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, responde adequadamente as demandas sociais da leitura e da escrita [...]. Enfim, letramento é o estado ou condição de quem se envolve nas numerosas e variadas práticas sociais de leitura e de escrita. (SOARES, 1998, pp. 39 e 44).
A aquisição da escrita acompanha as fases da escolarização. O letramento é
um desafio contemporâneo, diante de um grande aporte de material impresso que
está exposto à população. Assim, estar letrado, é participar da vasta cultura escrita
existente. Uma vez que, o ensino da língua portuguesa vista como Expressão do
Pensamento, priorizou por longo período, o ensino de regras da gramática normativa
e a análise de textos literários. Posteriormente passou a denominação de
Comunicação e Expressão, a língua sofreu algumas alterações, como exercícios
estruturais, técnicas de redação e também treinamento para habilidades de leituras
oral .Com os estudos linguísticos, por sua vez, o ensino da língua deixa de ser vista
como sistema de regras estáveis para ser concebida como processo de interação
entre sujeitos sócio históricos situados. Esse novo olhar impôs um repensar nos
estudos da língua referente a leitura e escrita. Isto vem ganhado corpo, embora não
sendo em ritmo desejável. Na perspectiva do letramento como modalidades de
práticas sociais de leituras e escritas, proporcionadas pelo momento atual, os
sujeitos da aprendizagem precisam estar preparados para ler, compreender e
interagir diante de texto que presentes nas diferentes esferas sociais. (C0STA-
HÜBES, 2008; VALENÇA, 2013)
É necessário, portanto, compreender como está sendo proporcionado aos
educandos as práticas do letramento. Como a escola vem cumprindo seu papel ao
oferecer condições para formar sujeitos letrados? Será que continua sendo
transmissora de conhecimento, sem considerar o aluno como sujeito do seu próprio
conhecimento e de seu processo educacional? A leitura pode ser considerada
necessária e significativa ação pedagógica de todos os professores.
As respostas para essas questões exigem uma atitude investigativa,
disposição para o diálogo. É preciso conhecer o cotidiano escolar, o que os
professores pensam, o que os alunos sabem e não sabem. Demarcando as
fronteiras do conhecimento, o professor pode encontrar a direção para a prática
pedagógica.
Nessa perspectiva será feito com os professores um estudo das concepções
que orientam a aprendizagem, o ensino da língua e da leitura. Também será
refletido sobre a ação pedagógica dos envolvidos em educação, por meio de grupo
de estudo dirigido durante implementação com troca de experiências e saberes,
reflexões e leitura de textos referentes ao tema já proposto.
A busca pela formação do professor e o não distanciamento das concepções
educacionais defendida na contemporaneidade serão de grande relevância para
este estudo. O que aqui está sendo mencionado, não significa dizer que o professor
descarte as construções teóricas internalizadas ao longo dos anos de serviço, mas
que estas sejam de extremo valor. É preciso estreitar as relações entre ambas, para
que haja proximidade entre elas e as exigidas pelo sistema atual de educação.
Ao longo do percurso o professor vai tonando-se um profissional único, não
sendo possível separar a dimensão pessoal da profissional, constrói sua identidade
baseada em saberes prático e teórico, com princípios e valores que podem ser
modificados ou perpetuados durante sua carreira profissional. Nas palavras de
Pimenta, a identidade profissional se constrói:
[...] pelo significado que cada professor, enquanto ator e autor confere a atividade docente no seu cotidiano, a partir de seus valores, de seu modo de situar-se no mundo de sua história de vida, de suas representações, de seus saberes, de suas angustias e seus anseios, no sentido que tem em sua vida o ser professor (PIMENTA, 2002, P. 19).
Um professor, crítico e reflexivo, torna esse pensar significativo, vê além do
óbvio. Segundo Freire: “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que
se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à
reflexão crítica tem que ser de tal modo concreto que quase se confunda com a
prática.” (FREIRE, 1996, p. 38-39).
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para realizar o trabalho pedagógico, está a escola, como espaço de
aprendizagem e o professor, enquanto mediador do conhecimento. Sem eles
qualquer recurso didático ou proposta pedagógica não tem sentido, isso requer do
professor um olhar sobre a realidade da escola e o pensamento voltado para a
coletividade. Os aportes teórico-metodológicos proporcionam aos educadores um
novo pensar sobre a educação.
Para valorizar o conhecimento e as experiências dos profissionais de
educação, que atuam no Colégio Estadual de Marmeleiro realizamos uma pesquisa
de campo com professores desta escola, a qual nos forneceu uma das leituras da
realidade politico pedagógica e da formação dos docentes que atuam na segunda
fase do Ensino Fundamental. Alguns aspectos foram considerados, a partir de
entrevistas semi estruturada com os professores do quadro, sobre: o conhecimento
individual que o docente tem com relação a algumas concepções referentes à
escola, letramento, leitura, disciplina de atuação, práticas pedagógicas adotadas e
os desafios encontrados no cotidiano.
Esses dados podem ser considerados elementos significativos e asseguram
presença no momento da implementação do trabalho pedagógico que pretendemos
desenvolver. Chamar o professor ao estudo coletivo e a formação, é sem dúvida,
dizer que a educação está em debate, embora pareça desafiador.
A priori, este estudo aborda as concepções de ensino contidas nas Diretrizes
Curriculares do Estado do Paraná (DCE), e outros referenciais teóricos que
discorrem sobre formação docente, letramento e as práticas de oralidade, leitura e
escrita nos diversos campos disciplinares.
Será disponibilizado aos participantes momentos de leituras individuais,
coletivas, debates referente ao que for proposto para estudo, análise de material
didático, troca de experiências, vídeos que traduzem o pensamento de autores
pesquisadores das temáticas em estudo.
Estruturamos cada encontro seguindo o quadro elaborado para estudo na
modalidade presencial e não presencial.
Os procedimentos para a realização deste projeto serão:
3. QUADRO DAS AÇÕES
Ações Nome da Ação Duração Público Alvo
01 Apresentação do Projeto ao corpo
Docente da Escola.
02 aulas Diretor, equipe pedagógica,
professores e funcionários.
02 Apresentação e debate da forma de
trabalho ao grupo de professores
participantes do Projeto.
03 aulas Professores que participam do
projeto.
03 Concepções teóricas de leitura e
escrita a partir dos documentos
oficiais teóricos.
07 aulas Professores que participam do
projeto.
04 Concepções de leitura no ensino da
Língua Portuguesa.
05 aulas Professores que participam do
projeto.
05 Concepções de escrita no ensino da
Língua Portuguesa.
05 aulas Professores que participam do
projeto.
06 Alfabetização e Letramento 05 aulas Professores que participam do
projeto.
07 Letramento e leitura em cada campo
disciplinar.
05 aulas Professores que participam do
projeto.
PRIMEIRA AÇÃO
CONTEÚDO:
Apresentação do Projeto de Intervenção ao corpo docente da escola
DURAÇÃO: 2 horas/aula
PÚBLICO ALVO:
Diretor, equipe pedagógica e corpo docente.
OBJETIVO:
Expor e colocar em debate o Projeto da Unidade Didática Pedagógica
para que seja apreciada e sugerida ações ou modificações, além de tomar
ciência do que será desenvolvido na escola.
PROCEDIMENTO METODOLÓGICO:
1. Apresentação da Unidade Didática em forma de slides utilizando o
multimídia, para comunidade escolar, representantes de APMF, Grêmio
Estudantil e Conselho Escolar, que será trabalhada no primeiro semestre de
2014, para que todos tenham conhecimentos das ações que serão
desenvolvidas no Colégio Estadual de Marmeleiro – Ensino Fundamental
Fase II e Ensino Médio, pela professora PDE.
2. Socialização do trabalho de campo – Entrevista com alunos e professores do
colégio.
3. Estender o convite a todos os participantes justificando e argumentando a
importância da formação continua na pratica e pedagógica do professor,
sendo assim, a qualidade do ensino oferecido nas escolas públicas, aos
educandos, toma nova dimensão, trilha novos caminhos e renova-se
constantemente.
SEGUNDA AÇÃO
CONTEÚDO:
Apresentação da forma de trabalho.
DURAÇÃO: 03 horas/aula
PÚBLICO ALVO:
Professores participantes do projeto
OBJETIVO:
Apresentar e debater a forma de trabalho a ser desenvolvida,
construindo expectativas aos participantes, para que pelo estudo possam
refletir e transformar as práticas pedagógicas.
PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
1. Será feita uma exposição sobre os procedimentos metodológicos, o trabalho
na modalidade presencial e não presencial. As ferramentas de estudo
utilizadas e o conjunto de ações aplicadas, o material para leitura, vídeos,
endereços eletrônicos para pesquisas, produção de atividade referente ao
conteúdo para que seja discutido na coletividade, tendo para isso suporte
pedagógico quando da necessidade. No momento do estudo coletivo terá
mais informações referentes aos temas em estudo, será disponibilizado
tempo para discussões reflexões e troca de informações relevantes.
2. Apresentação de uma síntese sobre a importância da formação docente
contido nos principais documentos oficiais.
3. Comentar sobre a certificação pela UNIOESTE e nº de horas/curso aos
participantes conforme a presença, participação e desenvolvimento da
atividade individual.
4. Leitura coletiva do texto “Formação de professores: recomendações para
uma política de leitura e de escrita, como política cultural, pública e
democrática” de Sonia Kramer (2010), que embasa reflexões sobre a
formação do professor e possíveis discussões referentes a leitura e a escrita
dos professores.
TAREFA INDIVIDUAL
1. Trazer a DCE para estudo no próximo encontro. Ler o texto: “O conceito de
leitura nos Documentos Oficiais” de (Renilson José Menegassi e Ângela
Francine Fuza), disponibilizado no endereço combinado com o grupo de
professores.
2. Considerando as discussões realizadas até o momento, faça apontamentos
sobre seu aprendizado a partir dessa leitura em até uma lauda.
3. Faça sua apresentação em 3ª pessoa, relate suas expectativas de
aprendizagem em relação a este curso de formação. Envie suas produções
para o endereço eletrônico combinado com o grupo de professores
TERCEIRA AÇÃO
CONTEÚDO:
Concepções teóricas de leitura e escrita a partir dos Documentos
Oficiais Teóricos,
DURAÇÃO: 07 horas/aula
PÚBLICO ALVO:
Professores participantes do projeto
OBJETIVO:
Refletir sobre a prática docente a partir de estudo dos documentos
oficiais e das tendências pedagógicas que embasam a ação metodológica do
professor na sala de aula.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
1. Espaço aberto para debate reflexivo sobre a leitura realizada do texto “O
conceito de Leitura nos Documentos Oficiais”, Reinaldo José Menegassi
e Ângela Francine Fuza (2010).
2. Ler na DCE como é feito os apontamentos sobre o trabalho com a leitura no
ensino da disciplina que atua.
O trabalho com a leitura na formação do leitor
Pelo1 estudo realizado para a elaboração desta pesquisa, constata-se que
vários documentos oficiais discutem a leitura e escrita enquanto processo de
formação do aluno leitor. Entre ele temos: Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN
(BRASIL, 1998) - Diretrizes Curriculares Estaduais – DCE (PARANÁ, 2008);
O conceito de leitura apresentada nestes materiais é a Concepção
Interacionista. A escola que trabalha nesta concepção precisa dar prioridade à
prática de leitura, já que esta se faz presente e necessário para a formação dos
educandos.
De acordo com os PCN, a leitura é o meio pelo qual [...] o leitor realiza um
trabalho ativo na construção de significados do texto. A partir de seus objetivos, do
seu conhecimento sobre o assunto [...] não se trata simplesmente de extrair
informações da escrita decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de
atividades que implicam necessariamente compreensão. (BRASIL, 1998, p. 41).
As habilidades e estratégias não podem ser esquecidas quando a leitura é
trabalhada no contexto escolar. Alguns autores, LEFFA (1996), KLEIMAN (1999),
apresentam propostas para que a leitura possa ser trabalhada na perspectiva
interacionista dando ênfase para o tripé autor-texto-leitor.
Com relação ao trabalho incluindo a linguagem na modalidade coletiva e não
individual, o diologismo se faz presente na interação autor-professor-alunos, durante
o processo de leitura no contexto da sala de aula.
De antemão, o trabalho com a leitura deve ter a finalidade de formar leitor
competente. O aluno necessita passar pelas fases de formação, lendo diferentes
textos até atingir níveis mais avançados, para no momento da leitura fazer
inferências enquanto leitor competente.
1 Anotações para apoio, elaborado por mim professora PDE, para o estudo e debate reflexivo durante
os encontros presenciais com o grupo de professores.
Observa-se que o leitor a partir da leitura em etapas vai dando significado e
sentido ao texto pelas relações históricas e sociais, utilizando estratégias como
seleção, antecipação, verificação, inferências e não apenas decodifica, como
primeiro conceito de leitura.
Verifica-se que a Concepção de leitura contida nos PCN BRASIL (1998), é a
interacionista, e que é preciso superar algumas concepções no trabalho inicial com a
leitura como o fato de que ler seja apenas decodificar.
A leitura enquanto prática social possibilita a realização de diálogo
contextualizado e carregado de significação. Os PCN, ainda postulam que “... não se
lê só por ler...” p 319.
De acordo com o exposto, a leitura como interação exige diversas etapas até
chegar a sua interpretação. A escola precisa dar oportunidade aos educandos a
esse olhar diferenciado sobre o processo de aquisição da leitura visando formar
leitores competentes.
As Diretrizes Básicas Curriculares –DCE- (PARANÀ, 2008), é um documento
elaborado a partir de discussões coletivas que ocorreram entre 2004 a 2008 e
envolveu os professores da Rede Estadual de ensino da Educação Básica do
Paraná.
O ensino da Língua Portuguesa, de acordo com as DCE–PR, ainda não
contempla em alguns contextos a proposta interacionista para o trabalho com a
linguagem.
Nessa perspectiva para o ensino da Língua Portuguesa é fundamental que se
considere os aspectos históricos e sociais na produção textual, levando em conta os
conhecimentos linguísticos e discursivos dos alunos e o contexto onde estão
inseridos.
Cabe então a escola por meio dos professores promover a prática de leitura e
escrita de textos que circulam nas diferentes esferas sociais e efetivar o uso da
linguagem como processo de interação do sujeito no contexto onde vive.
O diálogo entre os conhecimentos ensinados na escola e os trazidos pelos
alunos precisa ser defendido e priorizado na concepção de linguagem apresentada
nas DCE (Paraná, 2008).
Na sala de aula é necessário analisar, nas atividades de
interpretação e compreensão de um texto: os conhecimentos de
mundo do aluno, os conhecimentos linguísticos e a situação
comunicativa, os interlocutores envolvidos, os gêneros e a esfera
social, o suporte em que o gênero está publicado, entre outros
(intertextualidade). (PARANÁ, 2008, p. 73)
Dentro dessa concepção propõe um trabalho pedagógico que coloque os
educandos em contato com a linguagem nas diferentes esferas sociais e que as
capacidades de leitura, escrita e compreensão dos sentidos do texto sejam
trabalhadas. Nas palavras de BRUNZE (2006), contidas nas DCE, os gêneros
discursivos, que se apresentam no cotidiano dos alunos, precisam ser legitimados
na escola, numa busca de relacionar o letramento escolar com as práticas de
letramento social.
O contato entre diferentes linguagens, possibilitam o entendimento do texto,
seus sentidos, suas intenções e visões de mundo. Assim sendo, a ação pedagógica
deve pautar-se em atividades pedagógicas onde a leitura, a escrita e a interpretação
sejam praticadas como ato dialógico.
A proposta apresentada nas DCE (2008), a leitura se constitui, “no ato de
recepção”, sendo o texto uma responsabilidade significativa e o leitor, um atualizador
dos sentidos por meio de atividades responsivas.
Se o contexto escolar for considerado como ambiente de múltiplas formas de
interlocuções com os textos, as DCE apresentam alguns aspectos a serem
considerados nas propostas de atividades de leitura: “De acordo com Souza (2010),
as diversas versões das Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua Portuguesa
adotam a Teoria Enunciativa de linguagem que, no Brasil, nos aspectos relativos ao
ensino de línguas, assume a nomenclatura de interacionista”. Para as DCE
(PARANÀ, 2008, p. 1-81), “[...] é animador o fato de a maioria dos professores
reconhecer que, no atual contexto, a concepção/teoria que mais se presta ao
processo de ensino aprendizagem de língua é a Interacionista ou da
Enunciação/Discurso” (PARANÁ, 2008).
Diante do exposto, percebe-se a preocupação em efetivar o processo de
leitura centrado no diálogo, com ênfase na formação e desenvolvimento do leitor, a
partir da concepção internacionalista.
TAREFA INDIVIDUAL
1. Caro educador (a); A partir do estudo realizado neste encontro você
percebeu a importância do trabalho com a leitura na formação do aluno leitor:
2. Elabore um conceito sobre leitura, descreva a importância e os desafios
encontrados para trabalhar com a leitura na sua disciplina de atuação.
3. Como é trabalhada a Leitura na sua disciplina? Quais resultados positivos e
negativos você tem encontrado em relação ao material para leitura, a
participação dos alunos e a melhoria na aprendizagem no local que atua?
Você considera necessário que a escola priorize a leitura ou a escrita?
Descreva em forma de texto e envie para o endereço eletrônico combinado
com o grupo de professores.
QUARTA AÇÃO
CONTEÚDO:
Concepções de Leitura no Ensino da Língua portuguesa
DURAÇÃO: 05 horas/aula
PÚBLICO ALVO:
Professores participantes do projeto
OBJETIVO:
Realizar leituras sobre alfabetização/letramento para reconhecer a
importância do trabalho com a linguagem oral e escrita na II fase do Ensino
Fundamental.
PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
1. Será feita uma explanação sobre o tema de estudo onde os professores
possam discutir como a leitura está sendo desenvolvidas no Colégio
Estadual de Marmeleiro, já que estes conduzem os alunos à atividades de
compreensão leitora.
2. O texto utilizado para sustentar estas reflexões é de Greice Da Silva
Castela2, será disponibilizado em multimídia aos participantes.
3. Analisar alguns textos contidos nos livro didático adotado pela escola e
verificar em que concepção de leitura as perguntas de interpretação e analise
linguísticas foram construídas.
4. Socializar no coletivo o resultado da análise.
Os reflexos da leitura na ação pedagógica do professor-leitor
A prática3 de leitura feita no espaço escolar vem sofrendo inúmeras críticas,
embora mereça destaque, uma vez que deve ter prioridade e ser ensinada por todos
os professores em qualquer área do conhecimento. Os educadores sabem que a
prática da leitura é importante na apropriação do saber.
Essa situação reflete a própria formação do professor que se dá sobre uma
área especifica do conhecimento.
O professor como mediador do conhecimento precisa orientar o aluno a
estabelecer relações, a interpretar o que lê. Assim, torna-se necessário apontar
estratégias de leitura que conduz o aluno a atingir a competência leitora.
Para isso, segundo ROJO (2004), o professor precisa ativar a capacidade
leitora do aluno, falar sobre o tipo de material (livro/texto) a ser lido, apontar
finalidades e intenções do autor, contextualizar o que foi produzido, levantar
hipóteses, ativar os conhecimentos prévios, enfatizando também os valores éticos,
sociais e culturais presentes na leitura, para que o aluno possa relacionar o
conhecimento adquirido com suas vivências, transformando-se em um ser crítico e
participativo.
2 Doutora em Letras. Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.
3 Anotações para apoio, elaborado por mim professora PDE, para o estudo e debate reflexivo durante
os encontros presenciais com o grupo de professores.
Nessa perspectiva de trabalho com a leitura ou outras atividades
semelhantes, o ensino deixa de ser burocrático e alienante, passa a ter significado
para o aluno.
Na obra, Estratégias de Leitura, SOLÉ (1998), encontram-se apontamentos
que ajudam os professores oferecer estratégias que permitem interpretar e
compreender os textos escritos de maneira autônoma. “O ensino de estratégias de
compreensão contribui para dotar os alunos dos recursos necessários para aprender
a aprender” (SOLÉ, 1998, p. 72). A autora argumenta ainda que: “A leitura é um
processo de emissão e verificação de previsões que levam a compreensão do texto”
(p. 116). De acordo com o citado, fica claro que enquanto se lê, as previsões feitas
pelo leitor devem ser compatíveis com o texto, ou substituídas por outras. Sendo
compatíveis integram-se ao conhecimento do leitor e a compreensão acontece.
Sugestão de outros materiais de leitura:
O processo de leitura é afetado quando o leitor não exerce o papel de
interlocutor. (KLEIMAN, 1993; KATO, 1995).
A leitura como processo de formação de construção de sentidos. (NERY,
1990)
Ler deve ser uma atividade individual e passa a ser um comportamento
social quando o significado não está no texto, nem no leitor, mas na
interação durante o ato da leitura. (LEFFA, 1999).
O leitor constitui o “ponto de partida para a construção de sentidos”.
(CORAACINI, 1995).
A leitura como compreensão crítica do mundo, da não alienação e da luta
contra a dominação. (FREIRE, 1997; SILVA, 1995).
A leitura é um processo de emissão e verificação de previsões que levam a
compreensão do texto. (SOLÉ, 1998).
TAREFA INDIVIDUAL
1. Neste encontro refletimos sobre as estratégias de leitura. Aprofunde seus
conhecimentos lendo outros textos sobre Leitura disponibilizados na
biblioteca da escola, organizados em grupo de docentes, com anotações
para socialização no próximo encontro.
2. Escolha um texto cujo assunto contribua com sua disciplina de atuação,
elabore um Plano de Aula sobre leitura utilizando as estratégias pelas
autoras estudadas neste encontro.
3. Trabalhe em sala de aula. Faça as considerações que você achar
necessárias sobre o trabalho realizado durante o processo da leitura para
socializar no próximo encontro.
4. Envie o Plano de Aula e as observações que você fez durante o trabalho
para o endereço eletrônico conforme combinado com o grupo de
professores.
QUINTA AÇÃO
CONTEÚDO:
Concepções de Escrita no Ensino da Língua Portuguesa
DURAÇÃO: 05 horas/aula
PÚBLICO ALVO:
Professores participantes do projeto
OBJETIVO:
Rever o caminho percorrido pela escrita e o ensino da Língua
Portuguesa com possibilidades de trabalhar a linguagem de forma dinâmica e
dialógica, priorizando a leitura e produção dos gêneros textuais que circulam
socialmente.
PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
1. Socializar a tarefa entre o grupo de professores.
2. Analisar o livro didático adotado na escola, para verificar qual das
concepções foi priorizada e trazer os resultados para o debate coletivo.
3. Leitura coletiva do texto “O ensino da língua frente às diferentes
concepções”, escrito por mim para este estudo coletivo.
O ensino da língua portuguesa frente às diferentes
concepções
O ato4 de ensinar a escrever deve ser considerado e compreendido pelo
professor como uma necessidade de escrever. Isto é, implica sempre saber por que
escrever, o que escrever, para que escrever e o que se escreve.
Os primeiros estudos com a relação à língua portuguesa, tem na base a
linguagem literária, a linguística moderna vem opor-se à gramática tradicional de
base literária. Sobre o princípio da escrita, é notável verificar que o desenho
encontrado em caverna, pode ser considerado como meios do homem primitivo ter
expressado suas ideias. Além desses desenhos, heráldicos5, outros utilizados pelos
indígenas para registrar o tempo, também podem ser considerados precursores da
escrita.
Nas civilizações primitivas, a memória individual era a única maneira de
conservar a palavra. Essa memória individual impregnava-se na memória social feita
de tradições e costumes, que eram transmitidas através de lendas. O patrimônio
social vivia na dependência da continuidade do homem. Segundo CAGLIARI (2001,
p. 103):
A escrita seja ela qual for, tem como objetivo primeiro permitir a leitura [...] Alguns tipos de escrita se preocupavam com a expressão oral e outra simplesmente com a transmissão de significado que devem ser decifrados por quem é habilitado.
4 Anotações para apoio, elaborado por mim professora PDE, para o estudo e debate reflexivo durante
os encontros presenciais com o grupo de professores. 5 A arte ou a ciência de identificação, descrição e criação de brasões. Disponível;
http://www.dicionarioinformal.com.br/her%C3%A1ldica/. Acesso em Out/2013.
O uso eficaz da língua escrita atende as mais variadas necessidades
pessoais, determinadas de acordo com as demandas sociais de cada momento
histórico. Atualmente, a sociedade deu a palavra escrita uma nova e revolucionária
dimensão. Apesar de evoluir ao longo da história a escrita é um instrumento que
fixa, conserva e aprimora a língua.
A escrita alfabética é caracterizada pelo uso de letras. O sistema de escrita
alfabética usado hoje provém do sistema greco-latino, derivada da escrita fenícia.
Verificamos nas palavras de KATO (1986), que embora haja inúmeras variedades de
alfabeto no mundo que apresentam diferenças formais externas, todas ainda usam
os mesmos princípios estabelecidos pela escrita grega.
A utilização da escrita pelo aluno, para registrar o saber produzido pela
humanidade, vem acompanhada por uma transformação gradativa. Inicia a partir do
processo de assimilação do saber (alfabetização) e vai criando possibilidades de
gerar novos conhecimentos a partir do acervo já disponível. O importante nesse
contexto é que o professor consiga desenvolver nos aprendizes a competência
linguística, ou seja, a capacidade de empregar adequadamente a língua, nas mais
diversas situações comunicativas.
O ato de escrever exige planejamento e verbalização do pensamento
enquanto escreve para que o texto torne-se legível no momento da leitura que é
determinada pelo ritmo individual de cada leitor.
O tema em estudo é longo e temos muito a complementar. Mas voltando o
olhar para as concepções do ensino da Língua portuguesa, percebemos que ela
também passou por diferentes concepções de língua e de gramática onde o
momento histórico estava representado. Entre essas concepções estão: a língua
como Expressão do Pensamento, a língua como Instrumento de Comunicação e a
língua como Forma de Interação. (C0STA-HÜBES, 2008; VALENÇA, 2013)
Aprofundando um pouco mais cada uma dessas concepções, que ainda são
trabalhadas em algumas situações na escola, observa-se que o sistema educacional
está condicionado a determinadas tendências que definem a concepção, o ensino
de língua e de gramática.
Sendo assim, a mais antiga concepção é a Expressão do Pensamento, que
vê a linguagem apenas como forma de pensamento e privilegia a Gramática
Normativa. Essa concepção sustenta-se no pressuposto de que, conforme
TRAVAGLIA (1997, P. 21) “... as pessoas não se expressam bem porque não
pensam”.
O professor que enxerga a linguagem desse modo acredita que há normas a
serem seguidas. Considera o bom texto, aquele em que o aluno exterioriza o seu
pensamento de forma articulada e bem organizada, onde autor do texto não pode
ser afetado pelo seu interlocutor e nem pelas circunstâncias. O que importa é o
domínio do conteúdo pelo conteúdo, sendo o professor, detentor do saber e
responsável pela transmissão do conteúdo. O aluno é visto como um ser preceptivo
e passivo, não dialoga com o professor.
Nessa perspectiva da pedagogia tradicional, a leitura aponta para um leitor
passivo, com dificuldade para entender o texto, faz uma única leitura em voz alta
como treino.
A escola procura cada vez mais oportunizar o uso da escrita. Isso significa
dizer que o cidadão não consegue mais viver sem o contato direto com a escrita,
seja ela virtual ou mecânica. Nessa visão CARVALHO (2004), diz que: “na língua
tudo é socializado. Isso significa dizer que o falante, escritor de uma comunidade,
precisa aceitar o que o seu grupo linguístico consagrou”.
Nessa segunda concepção de língua como, Instrumento de Comunicação,
diferentemente da pedagogia tradicional, embora privilegiasse o estudo da gramática
normativa e a variante padrão, ou seja, o suo competente da língua, onde afastava o
aluno vindo de classes populares, menos favorecidas.
A língua é um código voltado para transmitir a um dado receptor uma nova
mensagem. O aluno passa a ser o centro das atenções. É dado mais importância ao
método, deixando de lado o conteúdo. Isso provocou um rebaixamento na qualidade
do ensino.
A gramática descritiva é entendida como um conjunto de regras a serem
seguidas. O professor é um técnico que organiza e transmite as informações e o
aluno recebe, aprende de forma isolada as regras e fixa o conhecimento. De acordo
com as DCE (2008), nessa concepção, a educação gerou um ensino baseado em
exercícios estruturais de memorização.
A leitura nessa perspectiva é feita de forma não linear, o leitor formula
hipóteses, faz inferências e utiliza os conhecimentos prévios.
O estudo da literatura nessas concepções de ensino da Língua Portuguesa,
conforme apresentada nas DCE (2008), eram as antologias literárias, com base nos
cânones.
Apresentamos agora a terceira concepção, entendida como Forma de
Interação ou Interacionista. Defende uma pedagogia cujo lócus é a interação
humana que leva a uma reflexão acerca dos usos da linguagem oral e escrita como
meio de interação e inserção na sociedade. Segundo SAVIANE (2007, p. 420): “A
prática social, põe-se, portanto, como ponto de partida e ponto de chegada da
prática educativa”. A linguagem centra-se como lugar das relações sociais nas
práticas discursivas.
Esta concepção defende uma proposta pedagógica de estudo linguísticos
denominado, Linguística da Enunciação. A gramática é vista como um conjunto de
variações e estudos linguísticos que precisam serem usados em função do texto oral
e escrito. Sendo assim, pode-se dizer que a língua é um jogo interativo, cujas regras
estão no interior do seu funcionamento.
A gramática internalizada está relacionada ao conjunto de regras que o
falante domina e vinculada também ao trabalho com o texto que é o objeto de
estudo.
Esta visão produtiva de ensino, a qual busca desenvolver nos educandos a
aprendizagem de novas habilidades linguísticas, contribuindo para que eles
aprimorem seu conhecimento e uso de sua língua materna de forma mais eficiente,
sem, no entanto, deixar de considerar o conhecimento que já possui. (TAVAGLIA,
1996).
O ensino da leitura conduz à atividade de compreensão leitora, as previsões
leitoras devem ser compatíveis com o texto. Considera-se no momento da leitura u
uso de diferentes conhecimentos, as condições de produção do discurso e a
comunicação entre leitor e texto.
A língua é defendida como produto social, possibilita a comunicação. Sendo
social ela independe dos sujeitos que a usam, mesmo considerando a existência das
variações.
Portanto, o conceito de língua vai além do seu uso para expressar
pensamento e ainda mais do que possibilitar uma transmissão de informação de um
emissor a um receptor, a linguagem é vista como um lugar de interação humana.
“Por meio da língua o sujeito que fala, pratica ações que não conseguirá levar a
cabo, a não ser falando; com ela o falante age sobre o ouvinte, construindo
compromissos e vínculos que não preexistiam à fala”. (GERALDI, 2001, P. 41)
Segundo CASTILHO (1998), essas duas primeiras concepções de linguagem
e de gramática, no seu conjunto, mostram a língua como um fenômeno homogêneo,
como um produto que deve ser examinado independentemente de suas condições
de produção. Já na terceira concepção a linguagem e a gramática mostram a língua
como um fenômeno heterogêneo, representável por meio de regras variáveis,
inspirada socialmente. A língua é, em síntese, uma enunciação um elenco de
processo.
TAREFA INDIVIDUAL
1. Professor (a): Você terá oportunidade de ler o texto “Aprender a escrever,
ensinar a escrever” de Magda B. Soares a fim de aprofundar seu
conhecimento sobre a aquisição da linguagem escrita na perspectiva
interacionista da língua portuguesa. (Texto disponível no e-mail coletivo
do grupo)
2. O tema para estudo no próximo será Alfabetização e Letramento.
3. Elabore um texto informando como você foi alfabetizado (a), que recursos,
metodologias e estratégias de leitura foram utilizadas. Foi priorizado o
letramento, ou quando em sua trajetória educacional você pôde se
considerar uma pessoa letrada?
4. Envie sue texto para o endereço eletrônico combinado com o grupo de
professores.
SEXTA AÇÃO
CONTEÚDO:
Alfabetização e Letramento
DURAÇÃO: 05 horas/aula
PÚBLICO ALVO:
Professores participantes do projeto
OBJETIVO:
Reconhecer o significado de alfabetização e letramento, a importância
da escrita e da leitura na formação do sujeito e os conceitos, metodologias que
podem ser utilizadas na ação docente para alfabetizar em todos os campos
disciplinares.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:
1. Iniciar com a leitura do texto que cada docente produziu e abrir espaço para
o debate coletivo-reflexivo.
2. Assistir vídeos sobre Alfabetização e Letramento disponível na internet.
3. Contextualizar com textos produzidos no ano de 2013, com crianças em
processo de alfabetização e letramento, na Escola Municipal São Judas
Tadeu – Marmeleiro- Paraná, modalidade Educação Básica do Ensino
Fundamental Fase I
4. Leitura coletiva e debate do artigo: “Educação e ciências, Letramento e
Cidadania” de Helder de Figueiredo e Paula, Maria Emília Caixeta de Castro
Lima. Disponível no endereço:
Ler e escrever, uma condição para ser cidadão
O6 desenvolvimento e aprimoramento da escrita vem modificando-se dentro
da área educacional, acompanha certas formas e necessidades sociais, econômicas
políticas do país, mas não impede a busca da proficiência.
A alfabetização enquanto, “aquisição convencional da escrita” e letramento,
“da função social da escrita”, (SOARES, 2004). A alfabetização oportuniza a criança
à apropriar-se do sistema de escrita e da leitura, sendo possível assim, participar da
cultura escrita.
O termo letramento dentro da área da educação pode ser considerado
recente, referir-se ao sujeito que é capaz de ler relacionando as informações como
contexto. Ser letrado é, portanto, participar ativamente e inserir-se numa sociedade
letrada.
O grande desafio é entender que, falamos de um jeito e escrevemos de outro.
No contexto de alfabetização as situações comunicativas de oralidade, leitura e
escrita precisam ser envolvidas. Expandir esse objetivo deve ser meta de todo o
professor, que visa à aprendizagem do educando.
A alfabetização é o início da busca de habilidades para chegar à competência
comunicativa. O processo de alfabetização e letramento é contínuo, precisa ir além
das séries iniciais. O centro das discussões refere-se ao uso das metodologias e
concepções utilizadas para alfabetizar. É preciso priorizar o uso da oralidade e da
escrita em contextos sociais. “A tendência no mundo é ensinar lendo e escrevendo
do todo para as partes”, BOZZA (2008), especialista em alfabetização e consultora
em metodologia de ensino da língua portuguesa. Não se pode falando em
alfabetização, esquecer as metodologias fônicas, complementa a autora.
A leitura e a escrita são processos complexos, devem ser planejados,
organizados, é tarefa contínua de todos os que buscam a aprendizagem
significativa.
O nível de letramento varia para cada pessoa, é um termo complexo, prévio e
do grau de compreensão do sujeito nas práticas de leitura e escrita. Por meio e uso
6 Anotações para apoio, elaborado por mim professora PDE, para o estudo e debate reflexivo durante
os encontros presenciais com o grupo de professores.
dessas práticas o indivíduo pode tomar consciência da realidade podendo
transformá-las, ou seja, promover mudanças sociais.
Um sujeito é considerado letrado quando faz uso das práticas sociais de
leitura e escrita, portanto, não lê sempre da mesma forma, precisa contextualizar as
informações, assim, torna-se um sujeito proficiente. Temos hoje um termo novo na
questão de aprendizagem, é o letramento digital, este não substitui o letramento
tradicional, mas acrescenta uma série de conhecimentos.
Segundo SOARES, (2004) o processo de alfabetização no Brasil passou por
sucessivas mudanças conceituais e metodológicas.
Atualmente estamos vivenciando um novo momento na educação básica
quando se trata de alfabetização e letramento. Com a aplicação do PENAIC,
proposto como uma política pública do governo federal, que tem por objetivo
alfabetizar a criança até oito anos. Um momento como este é, sem dúvida,
desafiador.
TAREFA INDIVIDUAL
1. Professor (a): Elabore uma reflexão sobre o letramento na sua disciplina;
utilize o editor de texto, salve em seu nome e envie para o endereço
eletrônico combinado com o grupo de professores.
2. Descrever, ações a serem desenvolvidas em sua disciplina, envolvendo
alunos que apresentam dificuldades advindas no processo de alfabetização
que não estão alfabetizados ou letrados em função da dificuldade de
aprendizagem.
SÉTIMA AÇÃO
CONTEÚDO:
Letramento e Leitura em cada Campo Disciplinar
DURAÇÃO: 05 horas/aula
PÚBLICO ALVO:
Professores participantes do projeto
OBJETIVO:
Reconhecer a importância da leitura e da ampliação do letramento em
todos os campos disciplinares para a construção de um conhecimento
interdisciplinar, não fragmentado que leve à formação integral do sujeito.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
1. Sistematizar as reflexões e as ações propostas na tarefa individual que sejam
consideradas possíveis e pertinentes para serem desenvolvidas no coletivo
da escola, com envolvimento dos professores, pedagogos e gestão escolar e
enviar a equipe pedagógica da escola.
2. Organizar três grupos de professores para estudo do texto “Letramento e
leitura: formando leitores críticos” de Delaine Cafiero7.
As possibilidades do letramento em todas as áreas do
conhecimento
Aprender8 ler e escrever não pode ser considerado, na escola, apenas tarefa
da disciplina de Língua Portuguesa. É preciso ir além, direcionar práticas de
7 Doutora em Linguística pela UNICAMP. Professora da Faculdade de Letra da UFMG.
letramentos para outras áreas do conhecimento que utilizam a leitura e a escrita
como ponto de partida na apropriação do saber, isto parece ser desafiador aos
professores.
Para que o aluno tenha acesso, se aproprie dos conhecimentos
historicamente produzidos e armazenados pela humanidade, e se insira nessa
construção, é indispensável que todos os professores ofereçam práticas de leitura e
escrita em sua ação pedagógica durante o processo de ensino-aprendizagem, uma
vez que os alunos aprendem lendo, escrevendo e relacionando o conhecimento
adquirido na escola e fora dela.
A escrita tem a possibilidade de ser construída e representada em nossas
ações do cotidiano enquanto texto, código, fórmula, símbolos, mas nem sempre
sendo compreendida por todos. Daí a necessidade da escola trabalhar e estabelecer
relação com as diferentes linguagens durante a formação dos educandos, de forma
contínua e sistematizada.
O individuo desde muito cedo, expressa curiosidades sobre o mundo da
escrita, independente do conhecimento que almeja ter. Isso porque ele convive em
uma sociedade letrada, que oferece inúmeras formas e possibilidades de aprender
aquilo que ainda não sabe. Ao apropriar-se da cultura escrita através dos
conhecimentos mediados em seu cotidiano, ou dos conhecimentos científicos
colocados ao alcance e serviço de todos os membros de uma sociedade, o ser
humano vai desenvolvendo seu grau de entendimento e possibilidades de
participação ativa, com senso crítico, na comunidade da qual participa.
Nessa ótica é importante que quando a criança estiver na escola, todos os
professores valorizem essa bagagem cultural que cada uma possui e trabalhem para
que novos conhecimentos sejam alcançados sem que o saber seja fragmentado em
disciplina, mas mediado pelo professor e por seus pares. O fato de estar envolvido e
estabelecer critérios para letrar em cada área do conhecimento, faz com que todos
os professores da a escola estejam envolvidos e comprometidos com a educação
de qualidade, pois nos parece que é nesse nível de ensino que se localizam as
maiores dificuldades da continuidade do letramento, uma vez que este adquirido por
toda
8 Anotações para apoio, elaborado por mim professora PDE, para o estudo e debate reflexivo durante
os encontros presenciais com o grupo de professores.
TAREFA INDIVIDUAL
1. Avaliar na escola exige diferentes critérios. Considere os apontamentos
citados abaixo na sua avaliação:
2. A metodologia utilizada durante a formação foi adequada para o
desenvolvimento e estudo desse Projeto? Dê sugestões:
3. Como foi sua participação nessa formação continuada, tendo em vista as
leituras e as produções que você realizou?
4. Indique algo que você considera relevante nesse Projeto:
5. Envie sua avaliação para o endereço eletrônico combinado pelo grupo de
professores.
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