Os Maias - a ação & titulo e subtítulo

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“Os Maias” de Eça de Queirós » Título e Subtítulo » A Ação Ana Rita Oliveira | Ana Sofia Sousa | Andreia Rodriguez | Daniela Sousa Escola Secundária de Santa Maria da Feira Português – 11º Ano

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“Os Maias” de Eça de Queirós » Título e Subtítulo » A Ação

Ana Rita Oliveira | Ana Sofia Sousa | Andreia Rodriguez | Daniela Sousa

Escola Secundária de Santa Maria da Feira

Português – 11º Ano

Abril 2013

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Índice

Introdução;Arquitetura do Romance;Título – Intriga (Principal e Secundária);Subtítulo – Crónica de Costumes;Recorda – Categorias da Narrativa;Relevo;Delimitação;Estrutura da Ação;Organização das Sequência Narrativas;Palavras Cruzadas;Conclusão;Bibliografia e Webgrafia.

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IntroduçãoCom a realização deste trabalho proposto no âmbito da disciplina de Português, o grupo pretende dar a conhecer aos restantes elementos da turma, os temas A Ação e o Título e Subtítulo da obra “Os Maias” de Eça de Queirós.

A obra -prima de Eça de Queirós, publicada em 1888, e uma das mais importantes de toda a literatura narrativa portuguesa. É um romance realista (e naturalista) onde não faltam o fatalismo, a análise social, as peripécias e a catástrofe próprias do enredo passional.

A obra ocupa-se da história de uma família (Maia) ao longo de três gerações, centrando-se depois na última geração e dando relevo aos amores incestuosos de Carlos da Maia e Maria Eduarda. Mas a história é também um pretexto para o autor fazer uma crítica à situação decadente do país a nível político e cultural e á alta burguesia lisboeta oitocentista, por onde perpassa um humor (ora fino, ora satírico) que configura a derrota e o desengano de todas as personagens.

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Arquitetura do Romance

Chave :

1- Introdução : marco inicial da ação ; O Ramalhete ; Afonso.2- Preparação :

a) Juventude de Afonso; b) Infância de Pedro ; c) Juventude, amores e suicidio de Pedro; d) Infância e educação de Carlos; e) Carlos estudante em Coimbra; f) Primeira viagem de Carlos.

3- Ação.4- Epílogo:

a) Viagem de Carlos e de Ega (1877-1878 )b) Cenas da estada de Carlos em Lisboa, oito anos depois (1887)

Setas verticais ascendentes: indicam a cronologia do narrado.

Curvas a tracejado: indicam analepses completivas e repetitivas.

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Segundo Gérar Genette analepses completivas e repetitivas significam, respetivamente, «segmentos retrospetivos que vêm preencher lacunas anteriores da narrativa» e « alusões da narrativa ao seu próprio passado» . Nas últimas, ou seja, nas repetitivas, evocam-se figuras ou situações já conhecidas não só pelas personagens como também pelos leitores.

A ação inicia-se com a alteração do ritmo narrativo, sendo que as páginas anteriores são uma simples preparação e introdução à história, em flashback, centrada em Afonso da Maia . Esta ação não abrange meio século mas sim, e apenas, catorze meses, ou seja, do Outono de 1875 a fins de 1876. De 1820 a 1875 são ocupadas poucas páginas, comparadas com as da ação, que ocupa uma vastidão de páginas e quase quatro quintos da obra.

Na introdução, que começa no Outono de 1875, é descrito o Ramalhete e é retratada também a mudança de Carlos e Afonso para este mesmo, após a formação de Carlos em medicina. Segue-se da analalepse, isto é, de um recuo no tempo. Esta pertence à preparação e nela estão contidas as narrações da juventude de Afonso da Maia, a infância de Pedro, a juventude e amores de Pedro, o casamento de Pedro com Maria Monforte e o seu suicidio, a infância e educação de Carlos, a formação de Carlos em medicina e a sua primeira viagem.

Depois da ação, onde é referida a vida boémia de Carlos e os seus amores incestuosos por Maria Eduarda, sua irmã, há um epílogo reflexivo cujas primeiras páginas se referem a consequentes do desfecho, ou seja, da separação definitiva de Carlos e Maria Eduarda e as outras retratam a Viagem de Carlos pelo mundo com Ega e a chegada dos dois a Portugal

oito anos depois, em 1887.

O romance está organizado em três dimensões, sendo estas os antecedentes e evolução da família Maia, a relação incestuosa de Carlos e Maria Eduarda e a visão dos costumes da sociedade lisboeta e portuguesa

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nos finais do século XIX, que estão em torno da ação, que é a parte central.

O Romantismo está presente enquanto forma, estilo de vida e até como retórica, prolongando-se pelo último quartel do século XIX, referindo-se ao sarau a favor de todas as vítimas das inundações do Ribatejo, onde o próprio Alencar declamou. Nesse sarau, como Ega teria previsto, estariam « todo o pessoal canoro e sentimental do constitucionalismo». Em Carlos, assim como em vários companheiros da mesma geração, o romantismo manifesta-se intensamente. Neste verifica-se o amor incestuoso por Maria Eduarda, não passando este amor por «uma paixão absurda do romântico» que lhe pusera uma névoa diante dos olhos, para que mais nada pudesse ver. Verifica-se em Carlos, não só pelos traços fisionómicos, o filho de Pedro da Maia e de Maria Monforte, apesar de ter tido uma educação diferente, à moda inglesa e não à tradicional. Ao contrário do seu pai, quando entrou na desgraça não se suicidou como este tinha feito, mas levou uma «vida larga de um príncipe artista da Renascença».

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Título e subtítulo

Se o título e o subtítulo já fazem parte da obra deve articular-se com ela e contribuir para um efeito global. Trata-se de dois plurais “Os Maias” e “Episódios da vida romântica”. Representam duas esferas, dois espaços mentais. Já se disse que nelas se conjugam dois climas muito diferentes, o da tragédia e o da comédia lisboeta. Conseguiu Eça de facto conciliar estruturalmente essas duas grandes isotopias, por outras palavras o transcendente e o terreno, o insólito e o quotidiano, o romeno e o trivial. Eça de Queirós quis contar a história de uma família, “ Os Maias” através de várias gerações. O subtítulo indica uma segunda intenção, descrever certo estilo de vida, o romântico, através de episódios, mas admite duas hipóteses, que tais episódios pertencem, à história dos Maias, ou que decorram marginalmente numa sociedade em que a família Maia se insere, Justifica-se o título “ Os Maias”, na medida em que Carlos, o herói, mais precisamente, o amante e herói aparece integrado numa família. Também se justifica o subtítulo “ Episódios de vida romântica”, porque a personagem oferece-nos múltiplos caso, cenas, atitudes, considerados típicos dos Romantismos que continua vivaz em 1875/1876. O que não ficou incluído no título nem no subtítulo foi o elemento de coesão que reside no facto de tanto “ Os Maias” como esses episódios representarem uma personagem coberta, Portugal, a grande personagem latente na obra de Eça, sua obsidente preocupação.

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Título – Intriga1ª Geração – Afonso da Maria

(Maria Eduarda Runa)

Vítima de Portugal absolutista

2ª Geração – Pedro da Maria

(Maria Monforte)

Representante da fase de instauração do Liberalismo

3 ª Geração – Carlos da Maria

(Maria Eduarda)

Representante da queda dos ideiais liberais

O Título – Os Maias

O título Os Maias reporta-se à história da família Maia ao longo de três gerações.

Primeira geração: a de Afonso da Maia, representante dos valores antigos, assinalada pela reação contra o absolutismo.

Segunda geração: a de Pedro da Maia, representante da fase de instauração do Liberalismo.

Terceira geração: a de Carlos da Maia, representante da decadência dos ideais liberais.

» Intriga Principal e Intriga SecundáriaAna Rita Oliveira | Ana Sofia Sousa | Andreia Rodriguez | Daniela Sousa

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Vida de Pedro da Maia (intriga secundária; amores infelizes)

Vida dissoluta Encontro ocasional com Maria

Monforte Procura de Mª Monforte Encontro através de Alencar Oposição real de Afonso à

“Negreira” Encontros e casamento Elemento desencadeador do

drama – o napolitano Infedilidade de Maria

Monforte – reações de Pedro Encontro de Pedro com

Afonso e suícidio de Pedro

Vida de Carlos da Maia (intriga principal; amores incestuosos)

Vida dissoluta Encontro ocasional com Maria

Eduarda Procura de Mª Eduarda Encontro através de Dâmaso Oposição potencial de Afonso

à “Amante” Encontros e relações Elemento desencadeador do

drama – Guimarães Descoberta do Incesto –

reações de Carlos Encontro de Carlos com

Afonso e morte de Afonso

O romance d' Os Maias, título que remete para o estudo desta família fidalga, apresenta duas intrigas.

A intriga principal narra os amores incestuosos entre Carlos da Maia e Maria Eduarda (a história da terceira geração dos Maias).

A intriga secundária que, organizada em torno da relação amorosa de Pedro da Maia e Maria Monforte, narra a história da segunda geração dos Maias.

Subtítulo – Crónica de Costumes

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Jantar no Hote

l Cent

al

Episódios da

vida romântica

As corridas no Hipódromo

Sarau no

Teatro da

Trindade

Jornais “A

Corneta do

Diabo” e

“A Tarde”

O Jantar

dos GouvarinhosOs Maias

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Em alternância com esta história, nomeadamente com a intriga principal, desenrolam-se múltiplos episódios a que se costuma chamar a Crónica de Costumes da vida de Lisboa, aliás sugerida no subtítulo Episódios da Vida Romântica.

Existe uma relação entre a intriga e a crónica de costumes, por exemplo, é no Hotel Central que Carlos vê Maria Eduarda. No entanto, a crónica de costumes como tem autonomia em relação à intriga trata-se de uma ação aberta, ao passo que a intriga, porque pressupõe desenlace, constitui uma ação fechada.

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Categorias da Narrativa – Ação

Uma das Categorias da Narrativa é a Ação, e como tal, neste trabalho, o grupo decidiu recordar com os colegas o conteúdo.

A Ação está dividida em quatro características essênciais, as quais: o relevo, a delimitação, a estrutura da ação ou sequências da narrativa/ação e a organização destas.

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AÇÃO

Relevo Ação Principal; Ação Secundária.

Delimitação Fechada; Aberta.

Estrutura da Ação Situação inicial; Peripécia; Ponto Culminante; Desenlace.

Organização das Sequências Narrativas: Encadeamento; Alternância; Encaixe.

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RelevoEm “Os Maias”, a narrativa pressupõe duas ações fundamentais: a ação secundária e a ação principal ou central.

A ação secundária envolve as seguintes personagens consideradas relevantes: Pedro da Maia, Maria Monforte , Afonso da Maia e Tancredo.

É aqui que Pedro cai em amores por Maria Monforte, a “negreira”. Namoram e, apesar de Afonso da Maia não autorizar, casam-se e fogem para o estrangeiro. Mais tarde regressam a Portugal onde se instalam em Arroios e continuam a sua vida na sociedade. Do casamento de Pedro e Maria Monforte nascem dois filhos, Carlos e Maria Eduarda.

Apesar de já terem dois filhos, Maria Monforte adia prolongamente o encontro com o sogro, Afonso da Maia, não tendo com ele qualquer tipo de relação. Pedro, acidentalmente, fere Tancredo (um amigo italiano) e este instala-se na sua casa até recuperar.

Durante esse período, Maria Monforte e Tancredo apaixonam-se e fogem, levando consido apenas a sua filha, Maria Eduarda. Pedro volta para perto do pai, Afonso, com o seu filho, Carlos da Maia, e conta o sucedido. Nesse mesmo dia Pedro escreveu uma carta de despedida e suicidou-se, deixando o seu filho Carlos com o avô, Afonso.

Na ação principal intervêm principalmente as seguintes personagens: Carlos, Maria Eduarda, Guimarães, Ega e Afonso.

Esta inicia-se quando Carlos vê Maria Eduarda pela primeira vez no Hotel Central, acompanhada pelo Castro Gomes.

Mais tarde este visita-a, com o objetivo de analisar Rosa e porventura Sara, e apaixona-se, declarando-lhe assim o seu amor. Os dois viveram intensamente o amor que sentiam um pelo outro até que Guimarães tem conhecimento da identidade de Maria Eduarda, quando se encontra com

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ela. Este informa Ega do sucedido, ou seja, que Maria Eduarda e Carlos eram irmãos. Por sua vez Ega revelou a Carlos e Carlos a Afonso, que acaba por morrer no jardim da sua própria casa.

Quando Maria Eduarda descobriu do incesto incosciente que cometera partiu, nomeadamente para Paris, acabando por se apaixonar e casar lá, enquanto que Ega e Carlos partiram sem destino fixo e apenas voltaram para Portugal dez anos depois.

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Momentos fundamentais (ação secundária):

Pedro vê Mª Monforte; Pedro namora Mª Monforte; Afonso é contra o namoro; Pedro casa com Mª Monforte; Os dois têm dois filhos; Mª Monforte foge com Tancredo; Pedro encontra-se com Afonso e entrega-lhe o filho; Pedro suicida-se.

Momentos fundamentais (ação principal):

Carlos vê Mª Eduarda; Carlos visita Mª Eduarda; Carlos declara-se a Mª Eduarda; Existência concreta de Incesto; Encontro de Mª Eduarda com Guimarães; Revelação de Guimarães a Ega; Revelação de Ega a Carlos; Revelação de Carlos a Afonso; Incesto inconsciente; Morte de Afonso; Revelação de Mª Eduarda; Partida de Mª Eduarda; Partida de Ega e Carlos; Regresso de Carlos após 10 anos de ausência.

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Estrutura da Ação

N“Os Maias”, a narrativa pressupõe uma estrutura da ação constituída pela introdução, desenvolvimento e conclusão. Quanto à introdução, podemos incluir a descrição do Ramalhete e a vida de Afonso da Maia enquanto jovem. Quanto ao desenvolvimento podemos englobar a preparação, em que nos é dado a conhecer a infância de Pedro e a sua vida e a vida de Carlos até ao momento em que este realiza a sua primeira viagem, e a ação, quem que nos é apresentada a vida adulta de Carlos. Quanto à conclusão, faz parte desta a viagem de Carlos e Ega e o regresso a Lisboa de Carlos após 10 de anos de ausência.

O esquema representa de uma forma sucinta a estrutura:

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Introdução

Marco inicial da ação ;

O Ramalhete

Juventude de Afonso da Maia

Desenvolvimento

Preparação: Infância de Pedro , juventude de Pedro; Infância e juventude de Carlos

Ação: Vida adulta de Carlos

Conclusão

Viagem de Carlos e Ega (1877/1878)

Regresso a Lisboa de Carlos , dez anos

depois.

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DelimitaçãoComo já vimos, a ação em “Os Maias” pressupõe dois níveis: a Intriga e a Crónica de Costumes. Quanto à delimitação da narrativa, na Intriga a narrativa é fechada e na Crónica de Costumes é aberta. Isto deve-se ao facto de, na Intriga o desfecho ser conhecido pelo leitor, e em contrapartida, na Crónica de Costumes este ser desconhecido.

A intriga, quer principal ou secundária, foca os amores de Carlos e Maria Eduarda, assim como todo o desenrolar das gerações da família Maia, onde é possível reconhecer o final das personagens. Os eventos sucedem-se por uma relação de causalidade, existindo um acontecimento final, o desenlace, que inviabiliza a sua continuação. Afonso da Maia, morre fisicamente, e Carlos e Maria Eduarda morrem moralmente devido à descoberta do incesto, sendo por isso designado de ao desfecho trágico. Sabe-se também que Maria Eduarda se casa e que Carlos se adapta a uma situação inócua de uma vida de qualidade e bem estar.

Por sua vez, na crónica de costumes a narrativa é considerada aberta porque nenhum dos episódios impõe um desenlace inultrapassável. A sociedade do século XIX é criticada por Eça de Queirós onde este, através de personagens tipo que representam grupos, classes sociais ou mentalidades, mostra aos leitores o estado de corrupção, providencialismo e parasitismo da sociedade lisboeta, bem como os seus costumes e vícios.

Atualmente, os costumes da sociedade continuam a poder ser retratados e criticados e na crónica de costumes tem autonomia em relação à Intriga, daí a crónica de costumes ser uma narrativa aberta.

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Narrativa Fechada

Narrativa AbertaCrónica

de Costum

es

Intriga

Delimitação

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Estrutura da NarrativaNa obra que estamos a analisar podemos distinguir a estrutura narrativa em dois níveis diferentes: o primeiro nível e o segundo nível.

O primeiro nível é a Intriga romanesca. Nesta está inserida a intriga principal (relação amorosa e incestuosa de Carlos com Maria Eduarda que levam à desagregação da família, ou seja, à morte de Afonso e à separação do casal) e a intriga secundária (vida de Pedro da Maia e a sua relação com Maria Monforte; história de Afonso da Maia ; história da infância e juventude de Carlos da Maia). Como já foi visto anteriormente são estas duas ações que constituem a intriga e que justificam o título “Os Maias”.

O segundo nível é a crónica de costumes . Esta crónica, que justifica o subtítulo « Episódios da vida Romântica», visa criticar a sociedade Lisboeta (Portugal) nos finais do século XIX e nela constituem cinco episódios, sendo estes o Jantar no Hotel Central , as Corridas de cavalos no Hipódromo,o Jantar dos Gouvarinho, a Imprensa e o Sarau na Trindade.

A ação principal d’ “Os Maias” desenvolve-se segundo os padrões da tragédia clássica, isto é, contêm uma peripécia, um reconhecimento e uma catástrofe. A peripécia verificou-se no casual encontro de Maria Eduarda com Guimarães, com as revelações de Guimarães a Ega sobre a verdadeira identidade de Maria Eduarda e com as revelações a Carlos e Afonso da Maia àcerca também da identidade de Maria Eduarda. O reconhecimento, que foi provocado pelas revelações de Guimarães, tornou a relação de Carlos e Maria Eduarda incestuosa, levando à catástrofe consumada pela morte do avô de Carlos, Afonso da Maia , a separação definitiva do casal e as reflexões de Carlos da Maia e Ega.

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Sequência da NarrativaNa obra “Os Maias” de Eça de Queirós podemos observar as diversas sequências narrativas: o encadeamento, o encaixe e a alternância das ações.

O encadeamento é-nos visível no desenrolar dos amores entre Carlos e Maria Eduarda, onde as sequências narrativas seguem uma ordem cronológica, em que cada uma é o ponto de partida da seguinte.

Um exemplo do encaixe verifica-se através da narração a Carlos da vida passada de Maria Eduarda pela própria. Logo uma história (a da vida de Maria Eduarda) é introduzida no interior da que estava a ser narrada, a qual é, por isso, interrompida e prosseguida mais tarde. (Fig. 1)

Quando a ação principal, ou seja, a história dos amores incestuosos de Maria Eduarda e Carlos da Maia, é interrompida para dar lugar à crónica de costumes, aos episódios da vida romântica como crítica à sociedade, estamos perante a alternância, uma vez que as ações são narradas alternadamente, ou seja, uma é interrompida para dar lugar a outra(s) de origem diversa, que por sua vez, ficam em suspenso. (Fig. 2)

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Narração

História contada a Pedro por

Mª Eduarda

Fig 1 - Encaixe

Ação PAção

Principal

Crónica de

Costumes

Crónica de

Costumes

Ação Princip

al

Fig. 2 - Alternância

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Excertos de Exemplos das Sequências Narrativas

» Encadeamento:

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«No peristilo, o velho guarda-portão esperava, descoberto, com uma carta na mão para Carlos. [...]Era apenas um doente, era apenas um bilhete, mas começava assim: "Madame Castro Gomes apresenta os sus respeitos ao sr. Carlos da Maia, e roga-lhe o obséquio..." Depois, em duas breves palavras, pedia-lhe para ir ver na manhã seguinte, o mais cedo possível, uma pessoa de família, que se achava incomodada.»

«Entravam então no peristilo do Hotel Central […]Um esplêndido preto, já grisalho, de casaca e calção, correu logo à portinhola; de dentro um rapaz muito magro, de barba muito negra, passou-lhe para os braços uma deliciosa cadelinha escocesa, de pêlos esguedelhados, finos como seda e cor de prata; depois apeando-se, indolente e poseur, ofereceu a mão a uma senhora alta, loira, com um meio véu muito apertado e muito escuro que realçava o esplendor da sua carnação ebúrnea. Craft e Carlos afastaram-se, ela passou diante deles, com um passo soberano de deusa, maravilhosamente bem feita, deixando atrás de si como uma claridade, um reflexo de cabelos de oiro, e um aroma no ar.»

«Calou-se; mas os seus belos olhos ficaram um instante pousados nos de Carlos, como esquecidos, e deixando fugir irresistivelmente um pouco do segredo que ela retinha no seu coração.Ele murmurou:- Por mais que eu fizesse, ficaria bem pago de tudo se me olhasse outra vez assim.Uma onda de sangue cobriu toda a face de Maria Eduarda.- Não diga isso...- E que necessidade há que eu lho diga? Pois não sabe perfeitamente que a adoro, que a adoro, que a adoro! - Escute! Sabe bem o que eu sinto por si, mas escute... Antes que seja tarde, há uma coisa que lhe quero dizer... [...]Só via que ela tremia, só via que ela o amava... E, com a gravidade forte de um acto de posse, tomou-lhe lentamente as mãos, que ela lhe abandonou submissa de repente, já sem força, e vencida. E beijava-lhas ora uma, ora outra, e as palmas, e os dedos, devagar, murmurando apenas:- Meu amor! meu amor! meu amor!»

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Nestes excertos podemos observar o encadeamento, de ordem temporal cronológica, da Intriga Principal ao longo de toda a história.

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«Maria Eduarda devia chegar às dez horas, só, na sua carruagem da Companhia. [...]Só o meter a chave devagar e com uma inútil cautela na fechadura daquela morada discreta, foi para Carlos um prazer. [...]Um largo brilho de relâmpago alumiou o rio. Maria teve medo, entraram na alcova. [...] Fora um trovão rolou lento e surdo. Mas Maria já não o ouvia, caída nos braços de Carlos. Nunca o desejara, nunca o adorara tanto! Os seus beijos ansiosos pareciam tender mais longe que a carne, traspassá-lo, querer sorver-lhe a vontade e a alma - e toda a noite, entre esses brocados radiantes, com os cabelos soltos, divina na sua nudez, ela lhe apareceu realmente como a deusa que ele sempre imaginara, que o arrebatava enfim, apertado ao seu seio imortal, e com ele pairava numa celebração de amor, muito alto, sobre nuvens de oiro...»«- Vá, acaba lá! - exclamou Carlos, recaindo no assento, mais pálido.E Ega, miudamente, contou a longa, terrível conversa com o Guimarães, desde o momento em que o homem, por acaso, já ao despedir-se, já ao estender-lhe a mão, falara da "irmã do Maia". […]- E aqui está, não sei mais nada. Imagina tu que noite eu passei! Mas não coragem de te dizer. Fui ao Vilaça... […]No curto silêncio que caiu, um chuveiro mais largo, alagando o arvoredo do jardim, cantou nas vidraças. Carlos ergueu-se arrebatadamente, numa revolta de todo o ser:- E tu acreditas que isso seja possível? Acreditas que suceda a um homem como eu, como tu, numa rua de Lisboa? Encontro uma mulher, olho para ela, conheço-a durmo com ela e, entre todas as mulheres do mundo, essa justamente há-de ser minha irmã! É impossível... Não há Guimarães, não há papéis, não há documentos que me convençam!»

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» Encaixe:

Nestes dois excertos verifica-se que a narração de Maria Eduarda a Carlos acerca do seu passado e da sua infância, é introduzida no interior de outra ação, neste caso, pelo diálogo de Carlos e Maria Eduarda acerca da relação entre esta e o Castro Gomes. Verifica-se assim um encaixe.

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«Nascera em Viena: mas pouco se recordava dos tempos de criança, quase nada sabia do papá, a não ser a sua grande nobreza e a sua grande beleza. [...] Enfim a mamã metera-a num convento ao pé de Tours [...]A mamã ao princípio vinha vê-la todos os meses [...]

«- Mas porque não me disseste, porque não me disseste? Para que foi essa longa mentira? Eu tinha-te amado do mesmo modo! Para que mentiste tu? [...]- Mas eu queria dizer-to - murmurou muito baixo [...] Eu disse-te logo: "Há uma coisa que te quero contar..." [...]- Que queres tu? Tive medo que o teu amor mudasse, que fosse de outro modo... [...]- Não, mentiste em tudo! Tudo era falso, falso o teu casamento, falso o teu nome, falsa a tua vida toda... Nunca mais te poderia acreditar... [...]- E eu? - exclamou ela, caminhando para ele, dominando-o, magnífica e com um esplendor de verdade na face. - E eu? porque hei-de eu acreditar nessa grande paixão que me juravas? O que é que tu amavas então em mim? Dize lá! Era a mulher de outro, o nome, o requinte do adultério, as toilettes?... [...]- Maria, queres casar comigo?

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» Alternância:

É vísivel que a Intriga Principal, ou seja, os amores de Carlos com Maria Eduarda, é alternada com um episódio da Crónica de Costumes, neste caso, “As Corridas no Hipódromo”, onde o autor critica a sociedade lisboeta.

Neste episódio o autor pretende críticar a forma exuberante das pessoas, pelo facto de estas importarem comportamentos que não sabem seguir.

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«Diante deles, o hipódromo elevava-se suavemente em colina […]No centro, como perdido no largo espaço verde, negrejava, no brilho do sol, um magote apertado de gente, com algumas carruagens pelo meio, donde sobressaíam tons claros de sombrinhas, o faiscar de um vidro de lanterna, ou um casaco branco de cocheiro. Para além, dos dois lados da tribuna real forrada de um baetão vermelho de mesa de repartição, erguiam-se as duas tribunas públicas, com o feitio de traves mal pregadas, como palanquetes de arraial. […]Em volta do recinto da tribuna, fechado por um tapume de madeira, havia mais soltados de enfantaria, com as baionetas lampejando ao sol. E no homem triste que estava à entrada, recebendo os bilhetes, metido dentro de um enerme colete branco, reteso de goma e que lhe chegada até aos joelhos.»

No domingo, pois, daí a cinco dias, eram as corridas... E "ela" estaria lá, ele ia conhecê-la, enfim!

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Palavras Cruzadas

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Soluções:

1- Carlos;2- Secundária;3- Título;4- Principal;

5- Subtítulo;6- Fechada;7- Pedro;8- Encadeamento;

9- Encaixe;10- Aberta;11- Afonso.

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ConclusãoEste trabalho permitiu-nos analisar de uma forma mais aprofundada a obra e adquirir um conhecimento mais abrangente d’ Os Maias. Foram diversos os aspetos que analisamos, tais como a arquitetura do romance, a estrutura da obra, as categorias da narrativa, o relevo, a delimitação e sequência narrativa.

Recorremos a uma apresentação mais sucinta do nosso trabalho para a transmissão dos conhecimentos adquiridos à turma. Além deste, criamos umas palavras cruzadas para a consolidação dos mesmos.

Fazemos um balanço muito positivo da realização do trabalho escrito sobre Os Maias.

Bibliografia

COSTA, Fernanda; CASTRO, Rogério. Novos Horizontes 12º - Português A:O Realismo. Porto: Porto Editora.

MARTINS, Filomena; MOURA, Graça. Página Seguinte - Português 11º ano. Texto Editores.

Webgrafia

http://danielaemarta.no.sapo.pt/ http://www.slideshare.net/PiresdeLima/categorias-narrativa-

9760379 http://faroldasletras.no.sapo.pt/

os_maias_seq_narrat_intr_princ.html http://www.slideshare.net/sebentadigital/narrativa-e-estilo-n-os-

maias

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