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Projeto Latino Americano Os Trabalhadores e a ALCA Relatório do Primeiro Seminário do Curso de Formação Contínua Transnationals Information Exchange 2002

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Projeto Latino Americano

Os Trabalhadorese a ALCA

Relatório do Primeiro Seminário do Curso deFormação Contínua

Transnationals Information Exchange2002

Projeto Latino Americano

Os Trabalhadorese a ALCA

Relatório do Primeiro Seminário do Curso deFormação Contínua

Este seminário e publicação somente foram possíveisgraças ao apoio de

P.S.O.

Publicado por: Transnationals Information ExchangeTexto: TIE-Brasil e FEM-CUT-SPEditor: Sergio BertoniCapa: TIE -BrasilImpresso em Dezembro de 2002

O conteúdo dessas palestras foi desenvolvido durante as reuniões e debatesocorridos no Segundo Seminário a cerca da Área de Livre Comércio.

© 2002, Transnationals Information Exchange

ÍNDICE

Introdução 7

Abertura 9Apresentação do CFC 9

Palestra de TEL-Argentina 10

Palestra de TIE-Chile 15

Palestra de CEIT-Uruguai 19

Simulação filmada em vídeo 23

Apresentação dos Trabalhos em grupo 26

Apresentação da filmagem 29

Avaliação do Seminário e Tarefas de casa 29

Introdução

Este “Relatório do Primeiro Seminário” é a compilação das

palestras, discussões e trabalhos em grupo ocorridos durante o

Segundo Seminário do Curso de Formação Contínua “Os

Trabalhadores e a ALCA”, promovido e realizado por TIE-Brasil e

FEM-CUT, nos marcos do Projeto Latinoamericano, realizado na

cidade de Sorocaba, São Paulo, nos dias 13 e 14 de dezembro de

2002.

Mesmo que nem todas as opiniões aqui publicadas

representem necessariamente a opinião de TIE – Transnationals

Information Exchange e FEM-CUT – Federação dos Sindicatos de

Metalúrgicos da CUT, ajudam no cumprimento de objetivos maiores

da parceria de TIE com os sindicatos brasileiros, ou seja, trocar

informações e experiências entre trabalhadores de base, estudar

estratégias empresariais e sindicais e criar alternativas de

desenvolvimento que atendam aos interesses da classe trabalhadora.

Através deste registro esperamos estar contribuindo com o

processo de democratização e o aprofundamento do debate sobre

ALCA entre os trabalhadores e sindicalistas de base.

Acreditamos que este “Relatório…” e o Curso de Formação

Contínua “Os Trabalhadores e a ALCA” só cumprirão seu papel se

atingirem quantidade crescente de trabalhadores de base e

sindicalistas das mais diversas regiões.

Portanto, não deixe este relatório mofando dentro de

uma gaveta. Leia-o, divulgue-o, faça cópias, pois ele foi

publicado para ser distribuído e debatido entre os

trabalhadores.

Gostaríamos aqui de deixar nossos sinceros agradecimentos às

companheiras Paixão e Rosi, pelas anotações feitas durante o

seminário, sem as quais este relatório não seria possível, e ao

companheiro Adílson por registrar a memória deste seminário em

vídeo.

TIE-Brasil

Abertura

Dando início ao Seminário, o companheiro Carpinha convida oscompanheiros Izídio e Sérgio Bertoni para participar da mesa,lembrando a todos os presentes que a realização deste encontro, oprimeiro de seis, é o cumprimento da decisão tomada em julhopassado em Ribeirão Pires/SP de qualificar os dirigentes sindicais paradiscutir e bater o tema da ALCA. Os próximos ocorrerão em outrasregiões do estado e o fechamento será na própria Sorocaba.

Carpinha também informa que o companheiro Adi dos SantosLima, presidente da Federação, não se encontra presente por estarparticipando do Congresso da CTA, em Mar del Plata, Argentina.

Após a apresentação, é destacada a participação doscompanheiros Damian, do Centro de Estúdios e Investigación deiTrabajo, da República Oriental dei Uruguay; Guillermo PérezCrespo, de Talleres de Estúdios Laborales (TEL), da RepúblicaArgentina; e Cristian Dinamarca, de TIE-Chile.

Apresentação da proposta do CFC

Logo no início dos trabalhos, o companheiro Carpinha referiu-seà necessidade de vir se discutir a questão da ALCA e os seus reflexossobre os Trabalhadores.

O companheiro Izídio, por sua vez, disse estar falando comomorador de Sorocaba e presidente do Sindicato dos Metalúrgicosdaquela cidade paulista. Expressou a sua satisfação em receber oscompanheiros presentes, tanto da categoria como também doexterior, para discutir e debater um assunto de tamanha importância.Uma discussão, enfatizou, que ganha maior destaque ainda com aeleição para presidente do companheiro Lula, o que, segundoafirmou, está empolgando o mundo. Por isso mesmo, disse,precisamos debater qual é o papel do movimento sindical numgoverno democrático e popular e também aprofundar, dentro destecontexto, o que queremos da ALCA. E nesta linha de raciocínio, falou,este seminário adquire uma grande importância. Não só a CUT, mastodo o segmento da sociedade precisa urgentemente intensificar estedebate para que possamos enfrentá-lo com bastante qualidade,

afirmou. Daqui a pouco, disse, estaremos discutindo a mudança daorganização sindical e o CONCUT (Congresso Nacional da CentralÚnica dos Trabalhadores) está logo aí (final de maio).

Sérgio Luis Bertoni, coordenador-geral de TIE-Brasil, saudoua todos os presentes e enfatizou a grande preocupação, tanto da FEMquanto do TlE, em fazer esta discussão.

Apresentou os detalhes do Curso de Formação Contínua “OsTrabalhadores e a ALCA” cujo texto, caderno metodológico, foidistribuído aos participantes.

Afirmou que esta discussão sobre ALCA não é só do governo edeve ser debatida pela sociedade e pelo chão-de-fábrica. Se ficar nacúpula, não estaremos preparados para o enfrentamento, destacou.

Temos que fazer o mesmo que fizemos em 89, 94 e 98. Se nãonos mobilizarmos como naquela época, e a questão da ALCA tem queser vista do mesmo jeito, não conseguiremos enfrentar e modificarposições contrárias aos Trabalhadores.

Todos sabemos que há uma parte do movimento sindical quenão quer discutir este assunto só para ter a chance de "meter o pau"depois. Existem outros espaços políticos, que embora sejam muitoimportantes, pecam pela falta de participação e presença da base,apesar do intenso debate, como é o caso do Fórum Social Mundial.

Nosso trabalho, que se inicia hoje aqui, é diferente. Estudar oque é ALCA, fazer o debate e levar o tema para ser discutido na base,onde estão os Trabalhadores. É nesse sentido que ocorre este Cursode Formação Contínua, com seis seminários. FEM e TIE-Brasil, apartir desta visão, decidiram regionalizar a discussão nas basesmetalúrgicas do estado de São Paulo.

Temos que discutir que tipo de integração nós, Trabalhadores,queremos, já que a partir de primeiro de janeiro de 2003 a ALCAganha outro estilo de discussão.

Portanto e finalizando, a proposta do Curso de FormaçãoContínua sobre ALCA é a de levar a discussão para a base. Esta éuma experiência nova, que estamos realizando junto com a FEM.Queremos por um lado garantir a continuidade do debate através deum número fixo de participantes em todos os seminários do CFC, aomesmo tempo, levar o debate para as diversas regiões do estado deSão Paulo proporcionando a participação de companheiros que alimoram e trabalham, ajudando-os assim a aumentar o leque dadiscussão na sua base. Realizaremos seis seminários e este será oprimeiro. Os outros acontecerão em 2003.

Palestra de Guillermo Pérez Crespo, de TEL-Argentina

O companheiro Guillermo Pérez Crespo, de Talleres de EstúdiosLaborales de Argentina, abriu as exposições dos convidadosinternacionais.

Para falar sobre as experiências Argentina com a ALCA queroprimeiro fazer alguma reflexões. Pensar um pouco do que estamosfalando quando falamos da ALCA. Todos sabemos que a integração éum processo que está rolando há muito anos. Um mundo que seintegra em vários blocos.

A questão é que quando estamos falando de ALCA não estamosfalando de uma integração como no Mercosul, como na integraçãoeuropéia - bem ampla, cultural e política.

No caso do Mercosul houve um processo de integraçãoeconomica. Não é casual que toda esta discussão esteja sendodominada pelos setores do capital, que definem o ritmo e as questõesque vão ser discutidos na integração. Só no Protocolo de Brasília, em94, foi que a questão social começou a surgir nas discussões doMercosul.

Todo processo de integração é um problema para osTrabalhadores porque o mesmo está dominado pelo capital.

No Mercosul formou-se um grupo de discussão sobre a questãodo trabalho. Este grupo discutia todas as coisas e sempre a últimadiscussão se referia ao tema do trabalho. Nestas discussões o queprimeiro se discute é como estas questões se integram ao capital eaos negócios.

Quando falamos da ALCA estamos falando de um processodiferente: porque nem se quer se discute a integração dos povos esim unicamente a integração dos negócios. Não há discussões sobreos direitos dos Trabalhadores.

ArgentinaQue tipo de ALCA esta se discutindo na Argentina?

A pauta que a ALCA traz não é nova porque a Argentina, já vempassando por um processo há alguns anos, o que coincide, e muitonesse sentido, com a pauta da ALCA.

EUA enxergam a ALCA como continuação do NAFTA- um tratadofirmado pelo EUA, Canadá e México. Neste tratado, para se discutirintegração, é necessário que as leis trabalhistas e comerciais sejamiguais para todos, incluindo os EUA e o Canadá; que existam normasque defendam os direitos sociais.

A liberdade comercial está claramente colocada nas leis dessespaíses. Mas as leis para os Trabalhadores é muito tortuosa.

EUA só teve leis de proteção aos Trabalhadores na década de30 e a Suprema Corte Americana frequentemente barrou estas leispor entender que afetavam a liberdade comercial.

É possível relacionar o que está se colocando em relação a ALCAcom a história recente da Argentina porque dentro da ALCA oinvestimento de países participantes são considerados investimentonos próprios países. Esta igualdade de tratamento para forçaseconômicas desiguais tende a destruir o parque industrial dos países:

seja pela exportação ou pela compra de produtos nacionais pêlosestrangeiros.

Uma das questões centrais da ALCA é que não haja barreirascomerciais entre os países. Na Argentina já existem leis para facilitara entrada de produtos estrangeiros.

Uma das questões centrais da ALCA é que as leis trabalhistasnão sejam obstáculos ao comércio. Nos últimos anos na Argentina,vem ocorrendo uma flexibilização dos direitos trabalhistas. De 91para cá, editaram varias leis que no começo tinham justificas paraaumentar o emprego. Com o passar do tempo com o desempregosubindo mudou o discurso.

1991 - Lei nacional do emprego, que nestes anos duplicou odesemprego -flexibilizou o mercado do trabalho.

Hoje em dia o desemprego passa dos 20%, considerando osque recebem os pequenos pacotes sociais e não são contados comodesempregados.

Mesmo excluindo estas pessoas o desemprego já passa de 20%.Outra mudança que a ALCA requer é a mudança no papel do

estado. Estado menos atuante e sem presença na economia. Quandocomeçou o processo de privatização, o argumento é que o estado eramuito caro, ineficiente, etc . Em certos casos, era verdade. Só quedepois da privatização, continuou-se trabalhando mal e ainda porcima mais caro.

Outra coisa que foi privatizada foi a aposentadoria: o governoargumentava que as caixas de aposentadorias tinham um déficit,funcionavam mal e ele se via obrigado a cobrir as diferenças.

Hoje quem já era aposentado continua, mas se o governoprecisar investir vai pegar das caixas de aposentadorias particularespara cobrir o rombo e ainda pagar juros para estas administradoras(Fundos de pensão).

O resultado liquido da privatização foi a perda de divisas paraoutros países, perdas econômicas. As empresas dos setoresestratégicos estão na mão de grupos econômicos estrangeiros.

Ainda que timidamente, tenta-se mudar o rumo da políticaeconômica da Argentina, estas empresas estrangeiras não aceitam.

Temos uma abertura comercial, privatização, retrocesso doestado, destruição da saúde e educação pública: questões que a ALCAtraz.

Até o ano passado a discussão sobre a ALCA era um temaalheio. Mas a partir de dezembro, a ALCA passou a ser discutida comum pouco mais de atenção porque as pessoas estão observando queisso é ainda pior que o que está acontecendo.

Uma boa parte do movimento sindical não responde aos anseiosdos Trabalhadores. Parte do movimento sindical aceitou aflexibilização e de uma certa maneira foi cúmplice da destruição dosdireitos trabalhistas.

Em boa parte do movimento sindical, nem se discute a ALCA eoutra parte discute tanto a ALCA como o Mercosul. Existe nestaparcela do movimento sindical uma rejeição muito forte a ALCA eobservam que isso pode trazer grande dano para os Trabalhadores.

Este discurso já está enfraquecido. Boa parte dos empresáriosestão discutindo ALCA e quem esta discutindo ALCA como benefíciosão as empresas exportadoras.

Está surgindo na Argentina um novo ator social: osTrabalhadores Desempregados. Eles se organizam e fazem piquete,bloqueiam portões de empresa para exigir trabalho, comida epolíticas publicas.

Tem também cooperativas de bairros como padarias,confecções, etc., que se juntam para criar riqueza na comunidade edefender-se mutuamente. Eles sim tem levado a sério a discussãosobre a ALCA.

Só para concluir, uma pequena reflexão: os Trabalhadoresquerem discutir ALCA ou qualquer outra discussão. Os Trabalhadoressó não foram protagonistas desse processo.Quando houve o pico dacrise em Dezembro de 2001, o governo quis baixar o preço dagasolina, mas a empresa já estava privatizada.

Telefone, luz e gás faturavam em peso mas mandavam emdólares. Quando houve a desvalorização o governo solicitou que asempresas abaixassem ou mantivessem seus preços. O mesmoaconteceu com preço da gasolina. As empresas não aceitaram ehouve ataque frontal à soberania do povo.

Alguns meios de comunicação denunciaram estas táticas baixasdas empresas de serviço público estrangeiras. A população tambémse manifestou para não ter aumento das tarifas e começaram a obterum certo êxito.

Agora está completando 1 ano desta revolta e vai haver muitasmanifestações.

Há vários bairros de Buenos Aires, que já estavam organizadosantes mesmo de dezembro/01, pois quando a empresa estatal fazia ocorte de energia eles/Trabalhadores se organizavam e religavam porconta própria.

Esta iniciativa fez com que baixassem taxa mínima.Ainda não há nada organizado entre movimento sindical e

demais setores da sociedade.

Debate

Logo após a explanação do companheiro Guillermo, de TEL-Argentina, os participantes efetuaram perguntas, como tambémdebateram a exposição.

Pergunta - Carpinha:

Como a sociedade está se mobilizando? Como será a eleição?

Resposta:• Argentina demorou muito para superar a questão da

ditadura militar. Foi muito sangrenta. Houve também a guerra dasMalvinas,

• Trabalhadores achavam que era bom flexibilizar direitos,não há organização de base e o próprio sindicato entrega as novaslideranças que surgem na fábrica.

• Na eleição para presidente em abril o voto nulo serámuito alto, essa eleição será só para presidente.

• CTA não faz trabalho de apoio as oposições, já que a CTAé controlada por funcionários públicos, a indústria não estáorganizada.

• A indústria automotiva é problemática - SMATA -sindicato, e comissão interna é cúmplice do processo de dedurar eacabar com organizações.

Pergunta - Zé Carlos:Quanto foi arrecadado com as privatizações? No que o governo

investiu?

Resposta:• O que sobrou foi muito pouco: indústria atômica, pedaço

indústria elétrica.• Além disso, o estado passou a oferecer financiamento ao

serviço privado de saúde.• Seguro de saúde era via sindicato.• O desconto passou a ir para um fundo comum onde os

Trabalhadores podiam escolher qual sistema usar; diferenciação depadrão (nível econômico) dos Trabalhadores.

• O triste da historia é que boa parte deste processo foiapoiado pelos Trabalhadores.

• Nas questões dos trens públicos . Quanto a dinheiroentrou muito pouco, boa parte foi usado para divida externa

Pergunta - Zé Carlos:Aqui estima-se 70 bilhões do patrimônio que perdemos. Lá o

movimentos sociais sabem do montante de patrimônio que aArgentina perdeu?

LeandroEle não tem este número, mas estava respondendo sobre o

custo social desta privatização. Em 8 anos, uma grandeadministradora de fundo de pensão remeteu ao exterior 8 milhões dedólares - pós privatização.

Crístian Dinamarca, de TIE-Chile: A privatização responde a 2 anseios ideológico - neoliberal e

também o lado prático - freqüentemente em negociações o FMI exigeprivatizações para pagamento de dívida. Chile 40 bilhõescorrespondiam a metade do PIB chileno e hoje a divida externacorresponde a 1/4 PIB Chileno. A conseqüência da privatização não ésó o patrimônio mas o investimento futuro.

Pergunta-Toni:Diga não a ALCA. A Argentina foi tomando corpo e incluindo

esta questão . Como foi isso?

Pergunta - Érick:Parte dos movimentos sociais e políticos é capaz de fazer uma

negociação beneficiando o povo Argentino?

Resposta:• Às custas dos Trabalhadores.• Isto é uma situação que a Argentina já viveu nos últimos

anos.• Eles já tem uma situação ALCA sem ter participado do

acordo.• Não há força política para enfrentar o processo de

negociação.• Há uma grande debilidade, o movimento não tem corpo

para enfrentar a questão sozinho, vai depender do Brasil.• Se o Brasil for bem, isso vai nos ajudar, se for mal, vai

nos ferrar.

Zé Carlos: Uma força política dentro da CUT de nosso país fez discurso

político de não a ALCA. Deixar claro que o nosso presidente emnenhum momento se colocou contra a ALCA.

Izídio: Parte das bases aderiu a este discurso, o pessoal da igreja, etc.

Palestra de Cristian Dinamarca, de TIE-Chile

O companheiro Cristian Dianamarca, de TIE-Chile, fez logo aseguir uma ampla exposição sobre a realidade do seu pais e aquestão da ALCA. Estes foram os principais pontos de sua fala:

• Vou dividir minha apresentação em 3 fases.• Definir o que é o tratado de livre comércio da ALCA• A liberalização do comércio vivida pelo Chile até agora• O que está fazendo o Chile com respeito a ALCA.

• Os Tratado de livre comércio: almejam eliminar asbarreiras ao comércio de bens e abrir mercados de capitais.

• Intuito principal da ALCA, da União Européia e doMercosul é o de integrar a economia e o mercado de trabalho.

• A ALCA e a proposta de Mercosul são diferentes.Em geral, pensamos a ALCA estritamente em termos comerciais, masela é mais do que isso: oferta de financiamento para o empresariadointernacional.

• Tanto a ALCA como o Mercosul respondem anecessidade de reestruturação do capital. Nenhum deles vai atenderas necessidades dos trabalhadores e sim aos interesses do capital.

• No Chile, se falava muito vamos associar ao Mercosul.Temos que tomar cuidado com estas questões, pois nesta área delivre comércio o Chile é precursor. Ali liberou seu comércio exteriorem 1970.

• Dois meses atrás, o Chile assinou tratado de livrecomércio com EUA que vai servir como modelo.

Ao longo destes 30 anos, dá para sentir os efeitos da políticaneoliberal na indústria, emprego, salário e organizações sindicais. Oefeito sobre a indústria foi a privatização: até 1980, 70 % dopatrimônio estatal tinha sido vendido. Hoje existe muito pouco. OSistema de saúde e serviço público: luz, saúde e educação, sistemade aposentadoria também.

O modelo chileno de fundos individuais de pensão está sendoexportado para outros países - sistema de cofrinho onde você vaidepositando ao longo de sua vida e quando você se aposenta vocêtem um montante em seu nome.

A saúde está sendo reformada. Acesso será mais restrito.Houve a desindustrialização do pais. Indústrias do setor

primário da economia é o que sobrou: peixes, frutas, minérios, etc.Foi introduzida a polivalência, o trabalhador multifuncional,

junto com uma alta rotatividade empregatícia, alto índice deterceirizados, jornadas de trabalho de 10 a 12 hs. por dia!!!

Este processo começou cerca de 25 anos atrás e se afirma nomomento. Recentemente foi legalizada a contratação para 2 funções:antes já era prática e agora virou lei.

Estão sob ameaça o salário mínimo e licença maternidade. Eisso que estamos sob um governo de centro esquerda que se alioucom a direita.

Salários cada vez menos fixos e mais variados e os sindicatos sónegociam a parte variável do salário: você só ganha mais se for maisprodutivo. Hoje, 80% dos Trabalhadores chilenos ganham menos de400 dólares e a cesta básica está na base de 220 dólares.

Golpe de 73 foi muito duro com os sindicatos, eliminou boaparte das lideranças e proibiu a atividade sindical. Em 1989 criou-se oinstituto “sindicato por empresa”, ou seja, para formar um sindicatosão precisos apenas de 8 pessoas. Fica muito difícil negociar assim.

O desafio colocado é manter a tradição de assembléiassemanais e criar sindicatos por indústria, por ramo produtivo.

Estas condições foram concebidas como pré condições paraassinatura de tratado de livre comércio com os EUA. Chile é modelopor conta das condições precárias de trabalho que o Chile já vive.EUA vai buscar um país fraco como Chile para delimitar a discussão.

O rumo da ALCA vai depender dos trabalhadores dos paísescom quais os EUA tem acordo. Os Trabalhadores chilenos nuncaparticiparam destes processos de discussão. Os congressistasparticipam do processo de negociação mas os Trabalhadores não.Já se pode presumir qual o tratado que será assinado.

Existe um pressuposto ideológico a esta discussão de livrecomércio: idéia de que a abertura comercial e igual adesenvolvimento, igual a melhoria de salário, emprego e condiçõesde vida.

Os chilenos poderiam não saber que existia a negociação, masestavam sendo preparados para assinar o tratado da mesma formacomo foi a preparação para privatização da estatais. Mostra-se oexemplo do México, que tem tratado assinado de livre comércio como Canadá em que algumas empresas se desenvolveram e outrasforam dizimadas.

Para enfrentar a ALCA é resistir à ofensiva patronal, lutarcontarao avanço do neoliberalismo é resistir a ALCA.

Há um experiência nova no Chile: construir organização dostrabalhadores na base, sindicatos não tem OLT. Solução é construiresta organização e rejeitar o sindicalismo de cúpula.

Sérgio Luís Bertoni, TIE-Brasil:É preciso fazer aqui alguns comentários sobre as especificidades

do Chile:• Poucos grupos econômicos chilenos e transnacionais

controlam vários setores.• Uma parte do sindicalismo chileno começou a criar

coordenações por grupo: juntou os Trabalhadores das váriasempresas deste grupo, do ramo, e tentam negociar com a direção dogrupo.

É um trabalho penoso já que além de exigir uma ideologiaafinada existe também uma certa vaidade, ou seja, quem comanda?

• Este tipo de liberdade sindical que tem no Chile a gentenão quer.

Se for para ter o direito de formar um sindicato com ummínimo de 8 pessoas é melhor deixar nossa legislação como está!!!

• Tem companheiro dentro da CUT que não está sesentindo a vontade em discutir a liberdade e autonomia sindical.

Debate:

Pergunta - Calazans:Quais os atores ou resistência concreta que existe no Chile para

se contrapor ao que está acontecendo?

Resposta:• Alguns setores organizados de Trabalhadores resistem a

reestruturação da economia e ao fazê-lo estão se colocandocontrários à ALCA.

• Mas não são grandes massas de Trabalhadores.• São pequenos grupos de Trabalhadores: funcionários

públicos e intelectuais.• No geral há muita ignorância política mas também há

focos de resistência.• Mais ou menos 20% dos sindicatos são pelegos, mas não significa que os outros 80% são articulados politicamente.• 60% dos Trabalhadores chilenos são terceirizados e não

se pode sindicalizar estes Trabalhadores.• Uma greve num banco recentemente: o total dos

Trabalhadores (3.000) e metade é terceirizado.• Dos 1500, 500 entraram em greve e não tinha quem

negociasse porque eles não eram sindicalizados.

Maurício Minolfi, de TIE-Brasil:A pulverização do movimento sindical é muito grande e as

dificuldades encontradas hoje para se organizar são imensas.

Cristian Dinamarca, de TIE-Chile:• Proposta do banco era cortar 50% do salário do

terceirizados.• Eles se organizaram para exigir que o verdadeiro patrão,

contratante do serviço, sentasse para negociar.• Conseguiram a não redução do salários.• Esta associação permanece, mas tem problema jurídico

porque eles não podem se sindicalizar.

Pergunta - Zé Carlos:O Chile pelo que nós vemos é exemplo por uma série de coisas.

Quero saber quantos Trabalhadores há fora do mercado trabalho(terceirizados ou fora ) e como se mede isso.

Resposta:• É considerado desempregado quem trabalhou menos de

1 hora na semana anterior a pesquisa -10 a 12%.• Quem mede é a Direção do Trabalho.

Palestra do companheiro Damian, CEIT - Uruguai

O companheiro Damian, do Uruguai, fez a última exposição dosconvidados internacionais. Na sua fala, referiu-se ao seu pais, oUruguai, e como a questão da ALCA vem sendo debatida e discutida.Estes são os principais pontos da sua fala:

• Vou tentar organizar as ideias.• O processo da ALCA, ainda que tenha sido detonado em

94, vem acontecendo há muito mais tempo.• Esquivei - autor Argentino que ganhou Prêmio Nobel da

Paz - diz que só os EUA tem um projeto para a América Latina.• Hoje relativizo esta afirmação com base na eleição do

Lula.• Projeto de livre comércio das américas engloba 800

milhões de pessoas, 34 economias totalmente diferentes umas dasoutras.

• E não é à toa, não sai de nada , é apenas um longocapítulo de projeto de dominação.

• Trata-se de projeto de poder hemisfério com poder paraalém da esfera política e militar.

• Projeto ALCA é um divisor de água para América Latina.• EUA tem uma grande capacidade de construir verdades,

uma delas é o livre comércio que supostamente melhoraria a vida dospovos.

Da maneira que está se constituindo a ALCA, não existe o livrecomércio: razão é que boa parte dele se dá dentro de empresa -empresa tem matriz nos EUA e tem subsidiária no Brasil, ela exportaum produto subsidiário que traz pouco beneficio para este empresaplataforma; muitas empresas são mais ricas que o próprio pais. Aomesmo tempo que buscam botar nossos países de joelho em termosde liberdade de ação, aprovam subsídio de 10 bilhões de dólares paraEUA investir na agropecuária. Pelo andar da carruagem, a ALCA éconcebida para os EUA como uma extensão do NAFTA que equiparaeconomicamente estados e empresas.

Existe no NAFTA um mecanismo de resoluções de conflitos entreestados e empresas privadas, onde estes estados podem seprocessados pelas empresas em tribunais que geralmente apoiamestas empresas.

Exemplo: Um governo novo que mude uma legislação que afetea lucratividade da empresa, pelas regras do NAFTA esta empresapode processar este governo.

Um estado da Federação mexicana foi processado por umaempresa americana porque proibiu a criação de um depósito de lixotóxico (pagou pelas perdas e pêlos não ganhos futuros). É um grandeimpacto na soberania nacional e a capacidade de governar.

ALCA vem sendo negociado em segredo e tem 11 grupos denegociação: serviços, agricultura, direito e propriedade intelectual,

subsídios,legislação antidumping, política de concorrência justa eresolução de conflitos, etc. Só dentro da discussão de serviços, o graude detalhe é tão grande que se está discutindo como facilitar o acessode comércio de serviço as empresas transnacionais: saúde, correios,serviço jurídico, imobiliário, publicidade, etc.

Por trás da ALCA está o capital transnacional que quer preservartaxas de lucro, aumentar a exportação, piorar os termos de troca nosnossos países. No Capítulo 11 da proposta de acordo encontramos,:na verdade, toda a demanda que o capital internacional quer garantir.

Enfrentar a ALCA é enfrentar os acordos bilaterais da ALCA comnossos países. Se a ALCA não se concretizar, esta pauta pode serrealizada por outros caminhos.

Ano que vem se reúnem países da OMC e neste fórum os EUAvai tentar empurrar estes mesmos pontos de pauta. Recentementeem Quito houve uma reunião da ALCA e os países futuramentemembros da futura ALCA pediram para discutir implementosagrícolas. EUA disse que só discutirá na OMC onde eles estão maisfortes.

O bom da ALCA é que unificou nossos povos: nasmanifestações, no Fórum Social Mundial, etc e nos obriga a pensar nointernacionalismo.

Investimentos: os capítulos sobre investimentos em geralatacam os direitos trabalhistas e soberania nacional.

Nos últimos tempos foram alteradas 82 peças de legislaçãouruguaia, 80 liberalizaram e apenas 2 aumentaram o controle sobre ocapital internacional. Nós no Uruguai, às vezes somos mais realistasque o rei...

Por exemplo quando há 2 anos atrás o acordo multilateral sobreinvestimento não vingou, o Uruguai aprovou uma lei moldada nesteacordo sobre o tempo que o Trabalhador tem para processar umantigo empregador: passou de 8 anos para 1 ano, após o término dovínculo empregatício. Isto é apenas uma coisa que o país quer fazerpara atrair capital estrangeiro. Está disposto a sacrificar seu povopara ir atrás de capital estrangeiro.

Se um pais quer resistir aos termos que a condições que ocapitalismo quer impor, ele vai perder essa liberdade de ação, apósassinatura do ALCA, porque no capitulo 7 o estado vai perder direitosao atrair um capital estrangeiro de impor regras a ele. Vão perderautonomia de impor condições ao investidor estrangeiro.

Outro grupo de negociação chama-se compras do setor público:governos nacionais perderiam direitos de impor condições a comprasdo setor público.

Exemplo: o governo brasileiro não poderia impor condições aocomprar um carro internacional desde que alguma parte dele fosseproduzida no Brasil.

Não há dúvidas que estamos falando de um novo capitulo dedominação pelos EUA. Dominação política e ditaduras apoiadas por

eles no mundo todo e principalmente na América Latina nas últimasdécadas. Hoje voltam a fazer o mesmo ao apoiar a tentativa de golpena Venezuela. Voltaram a afirmar que não há ética nenhuma nasdiscussões de seus negócios estrangeiros.

As bases americanas estão perto das fontes de água doce e dopetróleo. Agua doce vai ser um recurso mais escasso e mais caro domundo; estão perto de áreas de biodiversidade e também de áreaque podem ter movimentos sociais problemáticos.

Plano Colômbia, proposta de base na Argentina , no Maranhãono Brasil. A longo prazo se vê um enxugamento dos exércitosnacionais porque são muitos grandes, muito caros, muito vagarosos eserão substituídos por um exército continental de rápida reaçãopilotado pêlos EUA.

Um contraponto a este projeto de dominação: Aliança SocialContinental: América latina com movimento sindical da América donorte - coordenado por Kjeld – CUT.

Brasil deu ponta pé inicial na campanha - plebiscito da ALCA 10milhões de habitantes votaram. Intuito é chegar a consultas formaisao final da negociação.

Coordenação Continental contra a ALCA , 2o encontrohemisférico contra a ALCA, em Cuba. Projeto alternativo que é vistocom mais esperança partiria do Brasil a partir de agora. O desafioseria uma integração dos povos e não da economia. O Brasil nãodeve proceder a uma relação de dominação comercial com seusvizinhos mais próximos.

O caminho é construção de bloco popular da América latina paralutar a partir dos movimentos populares. Recentemente Lula fez aproposta de moeda única e Banco Central Regional na AméricaLatina. Tem um problema: concretamente Brasil já pratica comérciodesigual com países vizinhos menores. Uruguai - 30% exporta e 40%-importa - produtos primários. Brasil exporta para os países ricosprodutos primários porém nos países vizinhos ele importa produtostambém primários.

Condições desiguais: Grande parte da esquerda da AméricaLatina comete um erro ao achar que basta pedir ao governo brasileiroque freie alguns anos a discussão da ALCA que é uma coisa que elesem 6 anos não conseguiram fazer.

A presença do PT no governo não deve ser idealizada como sefosse uma solução para os problema. É um avanço, mas nãopodemos baixar a guarda.

Debate

Pergunta - Calazans:Um dos espaços que não foram mencionados na questão da

ALCA é o da questão ecológica. Eles (EUA) estão bastante cautelososno nosso pais se posicionando em áreas que podem haver conflitos.

Como você vê hoje: quais pontos positivos e negativos que seu povoteria contra a ALCA para se posicionar contra a visão imperialista queestá vindo sobre nós?

Resposta:• Vamos falar um pouquinho do Uruguai.• 6 milhões de habitantes• Tradição forte de esquerda• Central realmente única dos trabalhadores• Nossos partidos aliados tem crescido• Frente ampla de partidos progressista tem crescido• Última eleição 40% no1° turno, hoje, 50%.• Pais está quebrado e as eleições são em 2004.• O estado está menos quebrado que a Argentina.• O que temos que buscar são os eleitores para conseguir

assinaturas.• Este estado menos desmontado ainda consegue reduzir

ou esconder as desigualdades mais gritantes.• A solução da atual crise econômica que o Uruguai passa

está muito mais ligada ao sucesso de seus países vizinhos.• Até 98, o Uruguai estava exportando para o Brasil.• Com a queda do real, o Uruguai diminuiu a exportação.• Crise na Argentina- Uruguai mudou moeda cambial.• Ong's, além de estar contra a ALCA, estão contra

qualquer desmonte do estado.• Estão juntando assinaturas contra a privatização do

combustível, da água, trens.• Necessidade de se pensar Bloco Econômico Continental

para que o governo Lula tenha diálogo com o países continentais.

Pergunta - Carpinha:O que a oposição do Uruguai está fazendo em relação a ALCA e

onde se concentra a força de oposição e a ligação desta força com ospartidos?

Resposta:• A relação não é tão explicita quanto a relação PT/CUT.• Central Sindical tem laços com a frente ampla• Aliança de 10 partidos, mas só 3 ou 4 com maiores

expressões.• Um dirigente não fala a partir de duas organizações.• Um conflito entre sindicato promovido por um pequeno

grupo à esquerda da frente ampla, complicou um pouquinho arelação.

• Contra a ALCA fizeram um Fórum Social do Uruguai,convocaram Assembléia Nacional conta ALCA e fizeram manifestaçõesdentro do parlamento.

• Ano que vem estão pensando em juntar assinatura parafazer uma outra consulta popular sobre o tema da ALCA.

Pergunta - Zé Carlos:Como são organizados os sindicatos?

Resposta:• Metalúrgicos estão organizados em um Sindicato único

que tem sessões nos vários locais de trabalho.• São organizados por Ramo .• Maior bloco dentro da central são trabalhadores de Setor

Publico.• A taxa geral de sindicalização está em torno de 20% dos

Trabalhadores ativos.• Maior número de sindicalizados é do setor público.

A seguir e dando continuidade ao Seminário, o companheiroSérgio Luís Bertoni, coordenador-geral de TIE-Brasil, apresentou asperguntas que deveriam ser debatidas e discutidas no trabalho emgrupo:

• Qual é a posição que os sindicatos defenderão junto aostrabalhadores em relação à ALCA?

• Quais são as propostas concretas do movimento sindical?Como deveria ser a ALCA segundo os interesses dos trabalhadores?

• O que é prioritário nas negociações?• Quais são os setores estratégicos para os Trabalhadores?• Como evitar o corporativismo?

Os participantes foram divididos em 4 grupos para responderemas perguntas acima.

Simulação de Negociação

O segundo dia do 1o. Seminário do Curso de FormaçãoContínua sobre ALCA deu início com uma simulação de negociaçãoentre Brasil e Estados Unidos. Nessa dinâmica, os companheirosforam divididos em dois grupos, representando, cada um deles,ambos países. A ideia da simulação foi a de ajudar nas técnicas denegociação utilizadas pêlos companheiros no dia-a-dia nos seuscargos de representação. Um terceiro grupo também foi formado coma intenção de representar a população que se encontra à margem doprocesso de negociação da ALCA, mas que pode vir interferir epressionar a bancada brasileira.

As bancadas ficaram definidas da seguinte maneira:

Bancada EUA - Calazans, Paulo Cayres e Érick Bancada Brasil: Izídio, Carpinha e Zé Carlos

As bancadas tiveram 30 minutos para prepararem aargumentação

Os demais companheiros tiveram a tarefa de anotar cada pontode pauta apresentado, quais as argumentações e ver se houvecoerência entre a pauta apresentada e a argumentação.

• acordos bilaterias - com vistas• Érick - ressalta que é fundamental a integração

económica - proposta a ser construída por 2 lados. Integraçãoeconómica americana trará grandes benefícios.

• Carpinha - é necessário dar condições para os países

EUA – CalazansA população cada vez mais idosa e economia que cresce muito pouco.

A exposição de Sérgio Luís Bertoni, de TIE-Brasil

Após o debate, o companheiro Sérgio Luís Bertoni,coordenador-geral de TIE-Brasil, deu continuidade ao Seminário,destacando os seguintes pontos:

• A ideia inicial desta palestra era falar um pouco dasnegociações Brasil e ALCA que estão paradas no momento, já que aúnica novidade é o encontro de Lula e Bush.

• Todos receberam o texto que trás reflexões de quediscutimos em junho.

• Desde o último seminário algumas coisas mudaram. a) Agora temos um novo Presidente da República e uma nova

proposta de política externa;b) As negociações entre Brasil e EUA, deverão levar em conta

os interesses de todos os envolvidos, não somente os interesses dosEUA. Isso inclusive foi publicado em matéria do Financial Times.

• O Brasil foi o primeiro país a criar a SENALCA - SessãoNacional de coordenação de questões referentes a ALCA - órgãoaberto, que envolve toda a sociedade civil brasileira.

• O Itamaraty tem noção que a negociação da ALCA comoestá hoje significa uma anexação.

• Não há um só país no 3° mundo que tenha diversificaçãoindustrial como o Brasil.

• Neste momento as negociações estão paralisadas aespera de que todos os 34 países envolvidos no processo de

negociação apresentem suas listas de ofertas, propostas sobre o queestão dispostos a liberalizar ou não. A partir desta listas de ofertaserá organizada a pauta das negociações e acontecerá a próximareunião sobre ALCA.

Serginho ressaltou as diferenças na política externa do governoanterior e o recém eleito. Destacou que nossa maior esperança é quehaja por parte do Brasil uma mudança na forma de negociar.

• FHC nunca definiu que setores eram estratégicos paraeconomia brasileira; houve muita reclamação em relação a aviões,carne etc.

• Com governo Lula, vai ser colocada em pauta a questãodos setores estratégicos da economia brasileira.

• Posicionamento é defender os interesses nacionaisimediatos e históricos ,mesmo que faz EUA.

• Outra coisa que favoreceu o Brasil e Argentina foiatentado do dia 11 de setembro, no World Trade Center.

Trabalho em Grupo

• criação• comercialização rede energia• acesso mercado de telecomunicações• turismo• mecanismo combate corrupção• eliminação tráfico• meio ambiente e biodiversidade nos darão boas condições• acordo que beneficiará todos.

Brasil

Zé Carlos - queremos discutir a questão da soberania Para nósnão é interessante só questão comercial

• ter maior• investimento países periféricos• bloqueio comercial - Havana• Deixar de intervir políticas Colômbia

Cayres• temos 34 países neste acordo, com exceção de Cuba.

Vocês terão toda garantia que continuara exportando e que aeconomia continuará no mesmo patamar.

• questões como Amazônia é de interesse de todos.

IzidioSoberania - queremos discutir a Amazônia, sabemos também

da deficiência que vocês tem em relação ao petróleo. Temos quelevar em consideração questões como recurso naturais.

Historia dos EUA nas 2 guerras e não concordamos comembargo de Cuba.

Interferir nos grandes capitais americanos. Se há crise emempresas com capitais estrangeiros como Ford, GM, se passam porcrise nos EUA, isso vai mexer com empresas que estão em paísesperiféricos.

CalazansSomos iguais porém diferentes. Apoio aos investimentos

inclusive na fauna como Amazónia. Já temos acordos que estãotrazendo grandes benefícios. A questão de tecnologia.

A questão de problema regionais, como tráfico de drogas naColômbia.

Zé CarlosQue se eliminem as diferenças, falar de democracia fica até sem

sentido, vemos interferência na Venezuela,

Izidio• Existem equívocos nesta mesa. Primeiro, não somos

companheiros e não somos parceiros. Queremos fazer uma ampladiscussão com a sociedade e vocês estão sempre colocando acordona nossa frente para que nós assinemos . Temos até segurado umpouco as manifestações.

• Cuba não sei qual o revanchismo. Cuba no esportesempre ganha muitas competições. Então há uma grandeinvestimento em saúde e esporte.

• Vamos levar em consideração todas as vantagens edesvantagens.

• Tem que haver respeito

CayresTemos pressa sim, pois precisamos socorrer o povo norte-

americano. Enquanto nós conversamos toneladas de drogas estãosendo usadas em seus países.

Apresentação trabalho em grupo

GRUPO 1 - Carpinha, Izídio, EricK, JB, Marcos AndréO que as entidades devem defender é a posição que da forma

em que vem sendo colocada a negociação não há possibilidade de

acordo. A negociação deve se dar com a participação efetiva dosmovimentos sociais, resguardando a soberania nacional e osinteresses da sociedade brasileira.

Deve- se mudar o teor da discussão, retirar a questãoestritamente comercial, devido às desigualdades econômicas e sociaistransformando esta discussão no sentido da cooperação para odesenvolvimento de todos os países do continente.

Legislação trabalhista vide normas da OIT• nivelamento das economias• respeito às culturas locais

Soberania em relação aos recursos naturais• garantia de desenvolvimento tecnológico e propriedade

das patentesEstabelecer princípios democráticos de discussão, garantindo

voz e voto a todo envolvidos respeitando-se as minorias

GRUPO 2 - CALAZANS, ZÉ CARLOS, DAMIAN, ANHAIS, TONYDefender a entrada do pais no ALCA com mudanças e critérios

de igualdade e de direitos, que atenda aos povos envolvidos; aostrabalhadores, enquanto gênero, raça e classe.

Dialogar, formar e organizar na região: núcleo de partido nosbairros, bloco popular, movimentos sociais como um todo e conselhospolíticos, buscar parceiros dentro e fora do continente viabilizar umacampo de negociação de interesses comuns.

Livre, aberta e transparente igualdade de direitos: trabalhistas,econômicos saúde, escola, meio ambiente (proteção) e nãodiscriminação de forma geral

• agricultura

Governos federais/municipais e estaduais• o legislativo, judiciário e executivo• serviço públicos/ secretarias• agricultura• Meio ambiente

Mudando a maneira de olhar, sentir e interpretar o mundo,proporcionando uma mudança a partir de mim (social e fraterna)

"Não sabendo que era impossível foi lá e fez" (anônimo)

Damian, do Uruguai - Se vocês tiveram tanto tempo dizendoNão À ALCA , acho perigoso chegar agora e dizer que para entrar temque se falar das condições primeiro para depois fazer debate do porquê.

GRUPO 3 - Terto, Calliani, Arlindo e C/dãoPosição contrária em relação a ALCA, devido as condições

desfavoráveis para osTrabalhadores e o país, envolvidos nas negociações. Exemplo:

ataque frontal aos direitos dos trabalhadores;• flexibilização das empresas• perda da soberania nacional

A CUT tem que socializar a discussão da ALCA para todos osseus sindicatos filiados e outros centros.

• criar um fórum regional• levar as discussões a instituições organizadas• qualificar os dirigentes para palestrasSó teria sentido se fosse colocada como integração humana dos

trabalhadores• manutenção dos seus direitos• setores da produção (indústria, agropecuária, serviços)• setores púbicos ( educação, saúde e previdência)

Sensibilizar mundialmente os trabalhadores com seus desafios

Foi tirado como encaminhamento que se fará um orçamento deum banner, no qual estejam bandeiras e símbolos da FEM, do Brasil,da CUT e do TIE, para ser utilizado em próximos seminários.

Debate/esclarecimento

Paulo Cayres:Coloca que houve um plebiscito que disse não ALCA, agora

temos que saber como fazer.

Sérgio Luís Bertoni, TIE-Brasil:• Neste debate há também uma questão semântica, pois

ALCA quer dizer área de livre comércio, somente livre comércio. Asdemais liberdades não estão garantidas, como liberdade deresidência, de ir e vir, de informação ampla, etc.

• O que está em discussão é a liberdade em sua totalexpressão.

• Estamos falando de uma associação a um país, como osEUA, onde não há democracia e nem liberdade, mas sim um controleextremo sobre as pessoas, ou sejam eles falam em Liberdade, mas lámesmo não tem.

• O que estamos querendo discutir é um acordo deintegração sócio-político-econômico, não apenas liberação comercial.

Apresentação da filmagem e debate sobre a simulação

No período da tarde, os participantes assistiram a filmagem dasimulação e debateram amplamente a atividade. Os companheirosque fizeram papel de povo foram chamados a falar da propostasapresentadas pelas bancadas

EUATirar soberaniagoela abaixoigual mas diferentepropostafilantropia nãorelação de subalternos - condição de colóniaboa educaçãotráficointeresse

BrasilTremeu na base cobrando "educação"exigia dos EUA definição dainviabilidade econômica embargo a Cuba anistia da dívida

condições que assegurem nossoeliminar as desigualdadessoberania

A bancada dos EUA chegou se impondo e tomando as rédeas danegociação. A bancada do Brasil não soube se impor.

AVALIAÇÃO:

Calazans - Avaliação muito positiva principalmente pelaparticipação dos companheiros da Argentina, Chile e Uruguai. Achoque acumulamos muito, já que sinto diferenças entre a nossaparticipação em Ribeirão Pires e esta aqui em Sorocaba.

Erick - Acho que foi bom e devemos ter a contribuição dosdemais companheiros envolvidos.

Cajamar- Acho que foi positivo e temos que agradecer a todose estamos todos de parabéns

Calliane - Tive vontade de intervir, pois é radical, e a ALCA nãoterá nada de bom para nós. Não devemos fazer a discussão isolada,

temos que conversar com os países vizinhos. Seminário muitoenriquecedor.

João Batista - Aprendi bastante. O seminário foi ótimo. "Tavaigual papagaio de português não falava só pensava".

Tony - A experiência foi muito boa

Arlindo - Foi proveitoso. Agradeço aos estrangeiros.

Izídio - O debate precisa ser atualizado a todo momento.Temos que discutir o mais rápido possível entre nós. Muitoproveitoso. Temos que fazer este movimento crescer. Agradeço oscompanheiros do Chile, Uruguai e Argentina. Minha preocupação écom o Congresso da CUT em maio e temos o dever de acelerar oprocesso de discussão.

Paulo Cayres - Desculpas por não ter participado ontem. O diade hoje foi extremamente proveitoso. Preocupação em materializar odiscurso. Não queremos ver e sermos só expectadores da ALCA.Importante dar visibilidade.

Maurício Minolfi - O seminário foi muito bom. Dá paraperceber que o acúmulo vem crescendo. É necessário que, além danossa participação e presença nos Seminários, comecemos a criarprocessos multipliadores desta informação e debate todo. Precisamosfazer isso nos sindicatos, nos bairros, onde for possível e tambémimpossível.

Damian - Foi muito boa a discussão. Estou impressionado como nível de discussõa política. Estamos todos de parabéns.

Salto - Foi muito bom. Temos que sair daqui e reproduzir adiscussão.

Anhaia - Temos que discutir mais e levar esta questão parasala de aula.

Zé Carlos - Agradeço a presença de todos enquanto membroda FEM. Agradeço também especialmente os companheiros"hermanos".

Carpinha - Agradeço a presença de todos, especialmente dosconvidados internacionais, e quero elogiar o seminário, que foi muitorico e proveitoso.

Terto - Todos os companheiros que me precederam nas suasavaliações expressaram o que eu ia falar. Portanto, me sintocontemplado.

Guillermo Pérez Crespo, TEL-Argentina -Este tipo deatividades e encontros é muito importante e válido e quero agradecera todos os presentes pela organização e também pela camaradagem.

Cristian Dinamarca, TIE-Chile -A iniciativa de TlE-Brasil dediscutir a ALCA é profundamente importante. Quero agradecer atodos pêlos dias que passamos juntos.

Paixão, FEM/CUT/SP - Temos que ter a preocupação em darcontinuidade a este nosso curso.

Maurício Minolfi, TlE-Brasil - A filosofia de trabalho de TIE-Brasii é a de atingir, com seu trabalho, a base. Chegar na base. TlE-Brasil sabe muito bem que a produção do conhecimento/saberhumano se dá na produção material e, portanto, quem deve seapropriar desse conhecimento/saber são os próprios Trabalhadores.Quem deve se apropriar disto tudo são vocês, já que se pensássemosdiferente estaríamos querendo recriar a divisão social do trabalho nomovimento sindical. São vocês, e só vocês, que devem capitalizarpoliticamente com estes seminários. E falo isto em meu nome e no domeu companheiro Sérgio. Ou por acaso, alguém é contrário a que opoder esteja na base?

Sérgio Luis Bertoni, TIE-Brasil - Este seminário nos deixamuito contentes mais uma vez. Tem gente no meio sindical que achaque a formação precisa ser feita por especialistas. Formação não évia de uma mão só. Aqui aprendemos todos e muito. A FEM está deparabéns pela decisão de fazer seminários regionais. Queremos umprocesso contínuo de debates sobre a ALCA. Seria importante queoutras federações/instâncias também fizessem estes debates. Até opróximo seminário!

Tarefa de Casa

Como fechamento do Seminário, foi passada uma Tarefa deCasa para todos os presentes. A mesma deve ser apresentada nopróximo seminário em Baurú/SP:

• Levantar o que os nossos companheiros de trabalhosabem ou pensam sobre a ALCA

• Como viabilizar projetos de desenvolvimento nacional eregional num contexto de ALCA?

a) Se aprovadab) Em discussão

• Como ficaria a reforma sindical e trabalhista em umcontexto de ALCA?

a) Se aprovadab) Em discussão

Enviar material antes do próximo seminário para TIE Brasil -Rua Padre Anchieta, 1691 - conjunto 1208 - Curitiba - PR - CEP80.730.000 ou e-mail [email protected]