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XVI S IMPÓSIO N ACIONAL DE E NSINO DE F ÍSICA 1 O SUCESSO DE UMA ATIVIDADE EXTRACLASSE ORGANIZADA POR ESTUDANTES DE LICENCIATURA Lígia de Farias Moreira a [[email protected]] João Jose Fernandes de Sousa a [[email protected]] Daniela Lima b [[email protected] ] Gustavo Rubini c [[email protected]] Jocilene Lira b [[email protected] ] Luciana Dutra b [[email protected]] Luciana Sá Brito b [[email protected]] Renato Santos Araúj o d [ [email protected] ] a Instituto de Física – Universidade Federal do Rio de Janeiro b IF – UFRJ (corpo discente) c Espaço Ciência Viva e Departamento de Bioquímica Médica, ICB, UFRJ c NUTES – UFRJ RESUMO Após quatro versões consecutivas do Encontro da Licenciatura de Física (ENLIF) realizado no Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é possível afirmar que já existe uma tradição em torno do evento. A organização por estudantes é a característica mais interessante do encontro, cuja origem foi a inquietação quanto aos problemas da futura profissão, bem como da continuidade da formação profissional. Especialistas em Educação, Ensino de Física e áreas afins, têm ministrando palestras, mesas-redondas, oficinas e mini-cursos, trazendo temas atuais numa programação de três ou quatro dias no mesmo horário e local em que ocorreriam as aulas regulares. O ENLIF transformou-se em atividade extracurricular da licenciatura e passou contar horas-aula para os participantes. Essa institucionalização impôs, por um lado, uma coordenação geral a cargo de professores, que apenas balizam o processo, mas que por outro, possibilitam captar recursos a nível institucional. Ainda assim, o baixo custo é a outra característica marcante do evento. O orçamento do evento fica próximo de dois mil reais, sem considerar passagens e estadias, o que é muito econômico para o número e a qualidade das atividades apresentadas. Entretanto, o baixo custo implica em acréscimo de trabalho da equipe, para fazer tudo, de forma econômica, no contexto de poucos recursos. Para os participantes não há custo adicional já que há uma troca simples durante o horário de aula. Outra característica do ENLIF que merece destaque é o desenvolvimento da identidade do corpo discente da Licenciatura em Física, a partir da discussão em bases científicas de problemas relacionados com a sua profissão. 1 -I NTRODUÇÃO A iniciativa da organização do primeiro ENLIF partiu de alunos de Licenciatura em Física da UFRJ, que estavam se formando em 2000, visando buscar respostas para diversas indagações que os conteúdos curriculares não respondiam como, por exemplo, onde continuar a formação, quais as novidades nas pesquisas sobre ensino, como trabalhar a inclusão de portadores de deficiência, como lidar com a segurança dos alunos em sala de aula, etc. Assim, os convidados que participaram do ENLIF resultaram da escolha dos estudantes organizadores, para versarem sobre a atualidade dos temas inquietantes. Como conseqüência, o encontro proporcionou uma excelente

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X V I S I M P Ó S I O N A C I O N A L D E EN S I N O D E F Í S I C A 1

O SUCESSO DE UMA ATIVIDADE EXTRACLASSE ORGANIZADA POR ESTUDANTES DE LICENCIATURA

Lígia de Farias Moreiraa [[email protected]] João Jose Fernandes de Sousaa [[email protected]]

Daniela Limab [[email protected]] Gustavo Rubinic [[email protected]] Jocilene Lirab [[email protected]]

Luciana Dutrab [[email protected]] Luciana Sá Britob [[email protected]] Renato Santos Araújod [[email protected]]

a Instituto de Física – Universidade Federal do Rio de Janeiro

b IF – UFRJ (corpo discente) c Espaço Ciência Viva e Departamento de Bioquímica Médica, ICB, UFRJ

c NUTES – UFRJ

RESUMO

Após quatro versões consecutivas do Encontro da Licenciatura de Física (ENLIF) realizado no Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é possível afirmar que já existe uma tradição em torno do evento. A organização por estudantes é a característica mais interessante do encontro, cuja origem foi a inquietação quanto aos problemas da futura profissão, bem como da continuidade da formação profissional. Especialistas em Educação, Ensino de Física e áreas afins, têm ministrando palestras, mesas-redondas, oficinas e mini-cursos, trazendo temas atuais numa programação de três ou quatro dias no mesmo horário e local em que ocorreriam as aulas regulares. O ENLIF transformou-se em atividade extracurricular da licenciatura e passou contar horas-aula para os participantes. Essa institucionalização impôs, por um lado, uma coordenação geral a cargo de professores, que apenas balizam o processo, mas que por outro, possibilitam captar recursos a nível institucional. Ainda assim, o baixo custo é a outra característica marcante do evento. O orçamento do evento fica próximo de dois mil reais, sem considerar passagens e estadias, o que é muito econômico para o número e a qualidade das atividades apresentadas. Entretanto, o baixo custo implica em acréscimo de trabalho da equipe, para fazer tudo, de forma econômica, no contexto de poucos recursos. Para os participantes não há custo adicional já que há uma troca simples durante o horário de aula. Outra característica do ENLIF que merece destaque é o desenvolvimento da identidade do corpo discente da Licenciatura em Física, a partir da discussão em bases científicas de problemas relacionados com a sua profissão.

1 -INTRODUÇÃO

A iniciativa da organização do primeiro ENLIF partiu de alunos de Licenciatura em Física da UFRJ, que estavam se formando em 2000, visando buscar respostas para diversas indagações que os conteúdos curriculares não respondiam como, por exemplo, onde continuar a formação, quais as novidades nas pesquisas sobre ensino, como trabalhar a inclusão de portadores de deficiência, como lidar com a segurança dos alunos em sala de aula, etc. Assim, os convidados que participaram do ENLIF resultaram da escolha dos estudantes organizadores, para versarem sobre a atualidade dos temas inquietantes. Como conseqüência, o encontro proporcionou uma excelente

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X V I S I M P Ó S I O N A C I O N A L D E EN S I N O D E F Í S I C A 2 experiência para os alunos que trabalharam na organização, tanto que, por decisão do professor de Didática de Ensino, a participação no evento foi considerada como Prática de Ensino, uma vez que permite aos organizadores o planejamento e a execução de atividade extracurricular de grande responsabilidade. Devido ao sucesso do evento, a Coordenação da licenciatura decidiu transformá-lo numa atividade extracurricular da Instituição, conservando, entretanto, suas características, isto é, organização por alunos, com escolha das atividades feitas por eles. A supervisão de professores, além de ser uma exigência da Universidade, visa facilitar os acessos de obtenção de recursos financeiros, auxiliar na organização e no primeiro contato com os convidados. Desta forma chegamos ao IV ENLIF.

2 – SELEÇÃO DE COORDENADORES E MONITORES

Ao longo destes quatro eventos a seleção dos estudantes responsáveis pelo evento não se manteve igual. O I ENLIF resultou da iniciativa de um grupo de estudantes, e particularmente do aluno Allan Rocha Damasceno, que incentivou seus colegas a participar. A Comissão de alunos no II ENLIF se deu por continuidade, isto é, monitores do evento anterior se candidataram para formar a nova comissão. A comissão organizadora do III ENLIF e IV ENLIF foi recrutada através de cartazes. Entretanto, é preciso ressaltar que os alunos que responderam ao chamado foram praticamente os monitores dos ENLIFs anteriores, salvo algumas exceções. Os professores têm ocupado a coordenação geral e os estudantes preenchem as seguintes coordenações: administrativa, de programação, de monitores, de material, de informática e de divulgação, embora todos participem das decisões em reuniões semanais da equipe. Esta divisão teve o intuito de delegar as tarefas e aproveitar as habilidades de cada estudante (Moreira et al. 2003).

3 – CARACTERÍSTICAS DE BAIXO CUSTO

Outra característica do evento é o baixo custo. Contamos com poucos recursos financeiros que, de um modo geral, permite trazer apenas dois ou três convidados de outros Estados, considerando apenas a passagem e a estadia. Os palestrantes convidados não recebem pró-labore, mas mesmo assim, vêm com prazer. A principal fonte de recursos está na própria Instituição, seja pelo aporte oficial, das Fundações Universitárias, através de editais e memorandos, seja pela contribuição do Centro Acadêmico, da copiadora e da lanchonete. Contribuem, ainda, com material de divulgação, as principais editoras, com escritório local, de material didático para o Ensino Fundamental e Ensino Médio. São pequenas contribuições que têm permitido, até agora, com a ajuda de todos, confeccionarmos os certificados, cartazes, folders e enfrentarmos pequenas despesas com material de escritório, limpeza e o coffee break que servimos diariamente. Podemos dizer que o custo deste evento tem ficado próximo de R$ 2.000,00, fora passagens e estadias, o que é bem pouco para o número e a qualidade das atividades apresentadas. Entretanto, este baixo custo acarreta o trabalho de fazer toda a organização, desde compras, até a emissão de certificados. Mesmo o lanche é servido pelos monitores.

4- ESCOLHA DA PROGRAMAÇÃO

A escolha da programação é feita pelos estudantes, muitas vezes por consulta a colegas ou por questões próprias que gostariam de verem respondidas e ainda por sugestões dos professores. Buscam-se temas pertinentes á formação do profissional, em complemento ao conteudo curricular. Em geral, tenta-se trabalhar um tema por dia. Como o tempo do evento é curto, muitos assuntos ficam para os próximos anos, tal a necessidade dos alunos. Podemos citar ao longo destes quatro ENLIF temas importantes como: divulgação científica, educação a distância, história da ciência,

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X V I S I M P Ó S I O N A C I O N A L D E EN S I N O D E F Í S I C A 3 inclusão de portadores de necessidades especiais, instrumentação de Ensino, pedagogia crítica, segurança em sala de aula e outros.(Moreira et al. 2003)

5 – NÚMEROS DE PARTICIPAÇÃO

A presença tem oscilado em torno de 100 participantes. O que dá uma freqüência de 50% de nossos alunos. Entretanto, a importância do evento vem ganhando vulto e esperamos aumentar a participação estendendo a participação a alunos de outros cursos de Licenciatura em Física, primeiramente no Rio de Janeiro, embora já tenhamos tido participantes de outras Universidades. Um grande problema está no horário noturno, devido à falta de segurança, as pessoas têm medo de sair tarde da Cidade Universitária. Temos antecipado a última palestra de maneira a permitir que as pessoas viajem de ônibus com alguma tranqüilidade.

6 – DIVULGAÇÃO DO EVENTO

Este tem sido nossa maior dificuldade. Devido à escassez de recursos, tempo e procura de patrocinadores os cartazes têm sido confeccionados muito tardiamente e um trabalho maciço de divulgação ainda não foi feito. Este ano, estamos ampliando nossos horizontes e utilizando a internet a nosso favor. Também contamos com a ajuda de alguns professores de outras Universidades, que já participaram de nossos eventos para a divulgação.

7 – EXPOSIÇÃO DE EXPERIMENTOS

A Exposição de Experimentos de Baixo Custo têm sido um ponto alto do ENLIF, com a exibição de aproximadamente 70 peças. Os estudantes têm a oportunidade de ver e trocar informações com as pessoas que estão desenvolvendo este tipo de trabalho no Rio de Janeiro. Infelizmente, ainda não foi possível convidarmos expositores de outros Estados. Nossa exposição convida expositores da casa, de outras Universidades, de centros de ciências e também professores do Ensino Médio que trabalham com experimentos em aula.

8 – APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS

A experiência adquirida pelo estudante ao conviver em um espaço de ensino-aprendizagem não-formal com pesquisadores envolvidos no Ensino de Física e com outros estudantes é extremamente estimulante para sua formação profissional. O encontro é para muitos a primeira oportunidade não apenas de participar de um evento científico, mas principalmente para a apresentação de trabalhos. Apresentação esta, que atua como preparação para as defesas de monografias de final de curso, etapa obrigatória para a colação de grau de Licenciatura em Física na UFRJ.

9 – COMENTÁRIOS FINAIS

O evento permite concentrar as discussões relativas ao exercício da profissão do licenciando, e torná-las aprendizagem significativa. O desenvolvimento da identidade do corpo discente da Licenciatura em Física, a partir dessas discussões em bases científicas é a contribuição mais evocada pelo alunonato. A mudança de enfoque permite aos futuros professores, que tanto são

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X V I S I M P Ó S I O N A C I O N A L D E EN S I N O D E F Í S I C A 4 cobrados para mudar o atual sistema de ensino e de avaliação, ampliar seus horizontes e desenvolver a percepção de que há alternativas ao ensino tradicional.

Graças ao reconhecimento da importância do ENLIF por parte do Coordenador do Curso de Licenciatura em Física da UFRJ, Prof. Francisco Artur Braun Chaves, durante a realização do evento as aulas formais do curso são suspensas e substituídas pelas atividades do encontro. A ausência do estudante nesta atividade é considerada como falta nas aulas daquele dia. Esta saudável interrupção do período letivo permite ao aluno esquecer temporariamente do ensino formal e assim aprender sem a preocupação de prestar exames e ter que comprovar a aquisição de conhecimento.

Referências:

Moreira, L.F.; Sousa, J.J.F.; Damasceno, A.D.; Araujo, R.S.; Dantas, J.E.R.; Lopes, M.C.; Borges, L.R. e Confort, V.T. Organização de Evento por Licenciandos em Física. In: Garcia, Nilson M. D. (org.). Atas do XV Simpósio Nacional de Ensino de Física. Curitiba : CEFET-PR, 2003. p. 1614-30. 1 CD-ROM.