Outro amor, por favor. Pensando a realidade técnica do afeto a partir da relação maquínica do...

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Apresentação no Comunicon 2014 do artigo de mesmo nome que apresenta reflexões acerca das transformações motivadas pela sociedade pós-industrial sobre os modos de relacionamentos afetivos atuais. Com enfoque na produção técnica dos afetos, o argumento principal abordado no estudo é de que a cultura terapêutica tem contribuído fortemente para a construção de um modelo específico de relação afetiva. Marcado por noções de racionalidade, utilitarismo e positividade, o modo como se ama na vida pessoal se apresenta cada vez mais carregado de elementos do campo econômico/comercial. Do mesmo modo, o mercado tem assimilado no dia a dia a linguagem da afetividade. Além da recapitulação histórica de criação do campo afetivo como objeto de estudo e do cruzamento de perspectivas teóricas que tratam demandas pertinentes ao tema, como produção de subjetividade, trabalho imaterial e capitalismo afetivo, por exemplo, o artigo oportunamente faz uso de questões apresentadas no filme Her (Ela, no Brasil) para refletir sobre as relações amorosas atuais.

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pensar o amor relações amorosascontemporâneas

como estamos amando?

o amor é tudo

político

religioso

mercadológico

como pesquisar algo que não pode ser visto

(afeto é da ordem do irrepresentável)?

narrativas | ambientes | objetos

condições de possibilidade

ela (her) é...

anacrônica

irônica

tecnológica

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Sociedade pós-industrialTrabalho imaterial

Comunicação, conhecimento e afetoCapitalismo Cognitivo

Lazzarato, Negri e Cocco

Passagem século XIX para XXPopularização da psicanálise nos EUAInauguração da psicologia no trabalho

FeministasCultura terapêutica

Afeto + eficiência produtivaCapitalismo Afetivo

Eva Illouz, João Freire Filho

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anacrônicaambiente de trabalhosociedade conectada“inteligência artificial”

(personalidade dos programadores)produção de cartas de amor

terceirização dos afetosamor ainda como valor

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irônica É possível? É impossível? É real? É ficção?

É do futuro? É do presente?Possível e impossível ao mesmo tempo

Simulacro – não é o contrário do signo“real”, pois “real” não existe.

Não existe o contrário de amor técnico-maquínico.

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tecnológica

Guattari – subjetividade industrial, maquínica, fabricada, consumida.

O amor de Samantha e de Theodore étão maquínico, artificial e técnico quanto pode ser o amor de um João e Maria

qualquer.

técnico (techné) enquanto fabricação

e utilização de sistemas.

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Samantha é feliz, agradável, simpática, sempre disponível, carinhosa, leve...

...é o oposto da ex-esposa de Theodore...

A personalidade dela seconstitui na experiência com Theodore e com suas mais de 600

paixões...

Samantha é modulada pelos desejos dos “Theodores”...

Esse modo de amar é próprio da lógica capitalista, atravessada pela prática do excesso. Do “mais amor”, do “muito amor” e do “amo muito tudo isso”... Mas não de qualquer

amor, preferencialmente de um modo específico de amar.

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As diferenças, as tensões, as experiênciasnão-prazerosas a curto prazo estão sendopreteridas das relações afetivas.

Poderíamos pensar o entretenimento, astecnologias digitais de comunicação, osprodutos de autoajuda etc. como atores queoperam como moduladores da nossaafetividade?

Seria a atualidade um período de treinamentopara um modo de amar específico, para oqual nossos corpos-mentes estejampreparados para viver relações calcadas naadaptabilidade, na docilidade daspersonalidades e na superficialidade?

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