ovas da Gali a trabalhadora do Centro de informaçom da...

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nÚmero 97 15 de dezembro de 2010 a 15 de janeiro de 2011 1,20 € periódico galego de informaçom crítica volta o aPalPador 22 O carvoeiro do Courel regressa às ruas num novo Natal em que os movi- mentos sociais continuam a difundir a sua figura e cada vez som mais as entidades que o resgatam em defesa de ícones próprios para a festividade. a ilusom de wikileaks 19 e 23 A voragem informativa desatada po- las filtraçons de Wikileaks abre deba- tes sobre a neutralidade da Rede e as relaçons de poder entre Estados. No entanto, por detrás da cortina de fu- mo nom há demasiadas novidades. oPiniom perGunTas soBre o ‘esTaDo De alarme’ por Carlos aymerich / 3 aDn por leo F. Campos / 28 DiGniDaDe na viDa por maria osório / 3 suPlemento central a revista aCaBa o ano Da CHarrela A Galiza Natural olha para a perdiz-charra, umha das aves mais desconhecidas, extinta em Portugal e em declínio na Galiza. leia esTe TeXTo e nom pense Samuel L. París propom para Criaçom um texto em que os momentos decidem por si próprios os efeitos que provocam. N ovas da G ali a “Predomina um tratamento morboso e hiprócrita da violência machista nos meios; obviam a visom social” Julia BarBosa, trabalhadora do Centro de informaçom da mulher de vila Garcia / pág. 6 Cresce a solidariedade com a Casa das Atochas novos centros sociais em viGo e comPostela Após o mandado judicial que ordenou o despejo da corunhe- sa Casa das Atochas, as mani- festaçons de solidariedade mul- tiplicárom-se na cidade herculi- na e ao longo do País. A contun- dente mobilizaçom do dia 11 de Dezembro foi mais umha mos- tra do apoio que suscita o espa- ço okupado, que poderá ser in- tervindo policialmente nas pró- ximas datas. Entretanto, os mo- vimentos populares dérom vida a dous novos centros sociais -um deles também okupado- nas ci- dades de Vigo e Compostela. ‘Lume’ e a ‘Casa do Vento’ som já novas realidades, com o qual o número de locais autogeridos som já 32 na Galiza. / PÁG. 4 Poderes em xaque pola trama corrupta de Lugo oPeraçom carioca Mais de 25 pessoas imputadas, vários centos chamadas a pres- tarem declaraçom e implica- çons directas de membros de todos os níveis do poder espan- hol na Galiza: agentes policiais, empresários, políticos e até mé- dicos. Som as primeiras cifras dumha macro-operaçom judi- cial dirigida pola magistrada Pi- lar de Lara, do Tribunal de Ins- truçom número 1 de Lugo. As enormes extensons desta trama permitem alviscar a cumplici- dade ou passividade social com a exploraçom sexual das mul- heres, um fenómeno espalhado ao longo do País. / PÁG. 20 transnacionais controlam maior Parte da distribuiçom na Galiza urbana Redes polo consumo consciente estendem-se as cooperativas que promovem distribuiçom alternativa de alimentos ecológicos produzidos no país / PÁG. 14 administraçons submetem a ÁGua às leis do mercado Os movimentos empresariais encaminhados a tirar rendimento económico da água coincidem com vo- zes de alarme que, a nível internacional, adiantam os perigos da escasseza dum bem universal ao qual já nom tem acesso directo a sexta parte dos habitantes do planeta. Grandes transnacionais controlam já o abastecimento de água para a maior parte da Galiza urbana, enquanto nas áreas rurais som as comunida- des vicinais as que, esquecidas polas administra- çons, se ocupam de fazer chegar água às casas e os cultivos. Neste contexto, a nova Lei de Águas favore- ce a sua mercantilizaçom, preparando o terreno para que sejam as empresas as que governem sobre este recurso fundamental para a sobrevivência. / PÁG. 16 lume no ‘eros’ para eliminar provas

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nÚmero 97 15 de dezembro de 2010 a 15 de janeiro de 2011 1,20 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ço m c r í t i c a

volta o aPalPador 22O carvoeiro do Courel regressa àsruas num novo Natal em que os movi-mentos sociais continuam a difundira sua figura e cada vez som mais asentidades que o resgatam em defesade ícones próprios para a festividade.

a ilusom de wikileaks 19 e 23A voragem informativa desatada po-las filtraçons de Wikileaks abre deba-tes sobre a neutralidade da Rede e asrelaçons de poder entre Estados. Noentanto, por detrás da cortina de fu-mo nom há demasiadas novidades.

oPiniom

perGunTas soBre o ‘esTaDo De alarme’por Carlos aymerich / 3

aDn por leo F. Campos / 28

DiGniDaDe na viDa por maria osório / 3

suPlemento central a revista

aCaBa o ano Da CHarrelaA Galiza Natural olha para a perdiz-charra, umha das aves maisdesconhecidas, extinta em Portugal e em declínio na Galiza.

leia esTe TeXTo e nom penseSamuel L. París propom para Criaçom um texto em que os momentos decidem por si próprios os efeitos que provocam.

Novas da Gali a

“Predomina um

tratamento morboso

e hiprócrita da

violência machista

nos meios; obviam

a visom social”

Julia BarBosa, trabalhadora do Centro de informaçom da mulherde vila Garcia / pág. 6

Cresce a solidariedadecom a Casa das Atochas

novos centros sociais em viGo e comPostela

Após o mandado judicial queordenou o despejo da corunhe-sa Casa das Atochas, as mani-festaçons de solidariedade mul-tiplicárom-se na cidade herculi-na e ao longo do País. A contun-dente mobilizaçom do dia 11 deDezembro foi mais umha mos-tra do apoio que suscita o espa-ço okupado, que poderá ser in-

tervindo policialmente nas pró-ximas datas. Entretanto, os mo-vimentos populares dérom vidaa dous novos centros sociais -umdeles também okupado- nas ci-dades de Vigo e Compostela.‘Lume’ e a ‘Casa do Vento’ somjá novas realidades, com o qualo número de locais autogeridossom já 32 na Galiza. / PÁG. 4

Poderes em xaque polatrama corrupta de Lugo

oPeraçom carioca

Mais de 25 pessoas imputadas,vários centos chamadas a pres-tarem declaraçom e implica-çons directas de membros detodos os níveis do poder espan-hol na Galiza: agentes policiais,empresários, políticos e até mé-dicos. Som as primeiras cifrasdumha macro-operaçom judi-

cial dirigida pola magistrada Pi-lar de Lara, do Tribunal de Ins-truçom número 1 de Lugo. Asenormes extensons desta tramapermitem alviscar a cumplici-dade ou passividade social coma exploraçom sexual das mul-heres, um fenómeno espalhadoao longo do País. / PÁG. 20

transnacionais controlam maior Parte da distribuiçom na Galiza urbana

Redes polo consumo conscienteestendem-se as cooperativas que promovem distribuiçomalternativa de alimentos ecológicos produzidos no país / PÁG. 14

administraçons submetem a ÁGua às leis do mercado

Os movimentos empresariais encaminhados a tirarrendimento económico da água coincidem com vo-zes de alarme que, a nível internacional, adiantam osperigos da escasseza dum bem universal ao qual jánom tem acesso directo a sexta parte dos habitantesdo planeta. Grandes transnacionais controlam já oabastecimento de água para a maior parte da Galiza

urbana, enquanto nas áreas rurais som as comunida-des vicinais as que, esquecidas polas administra-çons, se ocupam de fazer chegar água às casas e oscultivos. Neste contexto, a nova Lei de Águas favore-ce a sua mercantilizaçom, preparando o terreno paraque sejam as empresas as que governem sobre esterecurso fundamental para a sobrevivência. / PÁG. 16

lume no ‘eros’ para eliminar provas

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Novas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 201102 oPiniom

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

eDiToraminHo meDia s.l.

DireCTorCarlos Barros Gonçales

ConselHo De reDaCçomCarlos Calvo, David Canto, iván García, aarón l. rivas, antia rodríguez, Xoán r. sampedro, olga romasanta, antom santos, alonso vidal, paulo vilasenin

seCçonsCronologia: iván Cuevas, economia: aarónl. rivas, agro: paulo vilasenin e Jéssica rei,mar: afonso Dieste, meios: Xoán r. sampedro

e Gustavo luca, a Terra Treme: Daniel r.Cao, além minho: eduardo s. maragoto, Dito e Feito: olga romasanta, a Denúncia:iván García, Cultura: antia rodríguez, saúde / Ciência / a rede: David Canto,Desportos: antom santos, Xermán viluba e ismael saborido, sexualidade: Beatriz santos, Consumir menos, viver melhor:Toni lodeiro, agenda: irene Cancelas, a Foto: sole rei, Terra / Que Foi De...:alonso vidal, Tempos modernos / em Tempos: Carlos Calvo, a Galiza natural:João aveledo, Gastronomia: luzia rgues.,língua nacional: valentim r. Fagim, Criaçom: patricia Janeiro e alonso vidal, Cinema: Francesco Traficante, Xurxo Chirro.

DesenHo GrÁFiCo e maQueTaçommanuel pintor, Helena irímia, Carlos Barros

FoToGraFiaarquivo nGZ, sole rei, Galiza independente(GZi-Foto), natália Gonçalves, Zélia Garcia

aDminisTraçomirene Cancelas sánchez

loGÍsTiCasuso Diz e Daniel r. Cao

imaGem CorporaTiva: miguel Garcia

auDiovisual: Galiza Contrainfo

Humor GrÁFiCosuso sanmartin, pepe Carreiro, pestinho+1,Xosé lois Hermo, Franjo padín

CorreCçom linGÜÍsTiCaeduardo s. maragoto, Fernando v. Corredoira, vanessa vila verde, mário Herrero (a revista)

ColaBoram nesTe nÚmeroCarlos aymerich, maria osorio, maria Álva-res, nuno Gomes, Fernando arrizado, moi-sés Cima, Carlos varela aenlle, José manuellopes, J. r. Flores das seixas, Bernardomáiz Bar, samuel l. parís, leo F. Campos

FeCHo De eDiçom: 14/12/2010

Se tens algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou es-tractá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociais in-toleráveis. Endereço: [email protected]

o Pelourinho do novas

os sindicatos e bolonha

Certamente, as assembleias nomsom a melhor estrutura para ca-pitalizar, patrimonializar e gerircapitais simbólicos de luitasalheias. Som, antes, mais adequa-das para a própria luita directa,nom hierarquizada nem submeti-da a interesses partidários. Eis arepulsa e desconfiança que pare-cem criar. Eis a razom pola qual,fora dos esquemas da política for-mal, a sua história a escrevem ou-tros.

Como Coordenadora de As-sembleias durante o curso2006/2007, e como AssembleiaGeral de Estudantes durante o2007/2008, o movimento assem-blear foi, em Compostela, um ele-mento estranho à desídia progra-mada dos sindicatos da ordem eda responsabilidade. Um graozi-nho de dignidade iconoclasta econtra a lógica da representaçom.

Se é verdade que os CAF fôrom“os primeiros a se posicionaremcontra Bolonha”, a sua postura é,entom, ainda mais lamentável edifícil de explicar. As pessoas queparticipamos das assembleias na-queles anos lembramos como emMaio de 2007 apoiárom a deci-

som dos órgaos reitores da USC–onde ocupavam cargos váriosex-fundadores dos CAF– de sus-penderem as eleiçons às Juntasde Faculdade, violando a sua pró-pria normativa (art. 98. 4º). Nomobstante, nas eleiçons do ano lec-tivo seguinte seriam banidos dos“parlamentinhos” lá onde a As-sembleia tinha presença, comono caso da Faculdade de História,onde os 45 representantes eleitostinham a única intençom de boi-cotarem a instituiçom. Lembra-mos também as notas de “conde-naçom e desvinculaçom dos ac-tos violentos” que enviárom a 19de Dezembro ao El Correo Galle-

go em relaçom a um protesto con-tra o Claustro. Lembramos a suadesvinculaçom do Foro Europeude Estudantes, o rejeitamento aparticipar de propostas unitáriascontra o processo de Bolonha, oua “recomendaçom” aos seus filia-dos para que nom participassemno movimento assemblear.

Enfim, descobrimos pola nossamao o valor de traçar umha linhanas luitas: entre o serviço de or-dem barato e as companheiras deverdade. Assim, por exemplo, noassunto do protesto contra MaríaSan Gil comprovamos que a dig-nidade das pessoas detidas esta-

va mui por riba dos complexos emedos de alguns a que os CAF“saíssem salpicados”.

Ex-membros das Assembleias deEstudantes (2006-2008)

fraude das financeiras

Há dois anos e meio comprei umcarro, financiando-o com umaconcessionária, que no meu casoparticular é a financeira da Nis-san e Renault, (ainda que imagi-ne, na minha humilde ignorância,que todas levam um mesmo ru-mo). Até aqui tudo bem. Desde hádois meses, esta financeira envia-me os recibos da letra do carro aobanco mais tarde da data em quedeveria fazê-lo, o qual repercutenuns interesses de demora quepõem eles por que sim (imaginoque amparados pelos políticos deturno, que permitem que em tem-pos de crise empresas deste tiposangrem ainda mais os cidadãos).Assim, quando me chega a referi-da letra, muito inteligentementeos senhores da financeira estão afazer-me pagar uns interessesque já paguei. Em resumo, per-gunto-me, senhores políticos:quem ampara estas máfias le-

gais? Em tempos de crise, quan-do não há trabalho, temos quasecinco milhões de desempregados,e com famílias que têm que pagarhipotecas e créditos. Entretantovocê, sr. zapatero, congelou aspensões aos reformados e pensio-nistas, baixou o salário em 5% afamílias que não chegam a meiodo mês, com umas perspectivasque som bastante catastrofistas, efez dar ao seu partido uma vira-gem de 180 graus à direita.

Quero despedir-me dizendo-lhe, Sr. zapatero, que sinto vergo-nha alheia e peço desculpa a to-dos os cidadãos espanhóis por euter dado o meu voto ao PSOE naseleições gerais de 82, nas quaisganhou então um jovem carismá-tico, o Sr. Felipe González , pri-meiro presidente do PSOE, quenos defraudou, a mim e a imensamaioria dos trabalhadores.

Serafín Valladares Guimeráns

Os 'mil rios' da Galiza re-presentárom, para váriasgeraçons de amantes do

país, todo um emblema da nossariqueza colectiva. Umha expres-som de abundáncia natural, ofe-rendada gratuitamente e mimadadurante séculos pola nossa popu-laçom, que nos animava contraum presente adverso. Porque anossa Terra podia estar privada devoz, seqüestrada, espoliada e mes-mo curvada em certa invalidez cí-vica. Mas lá no fundo conhecía-mos todos um vergel de microcli-mas, umha diversidade geográfi-ca e produtiva admirável, e umhas

possibilidades de aproveitamentodo próprio que evidenciavam aviabilidade de um futuro sobera-no. A água, símbolo por excelên-cia da vida, condensava esta ferti-lidade tam prometedora.

A democracia de mercado, a au-tonomia e a entrega massiva aoconsumo de mercadorias abríroma veda a umha desfeita sem com-paraçom da base material da na-çom galega. Também a privatiza-çom da actividade política, iniciadapolo empresariado amigo de Fran-co, arrebatou parte da riqueza hi-drográfica autóctone às comunida-des rurais, consumando violentos

processos de despossessom para aconstruçom de barragens.

Porém, aquelas megaestruturaseram ainda sintomas de um tem-po de bonança capitalista e con-fiança ingénua no maná de umecossistema invulnerável. Três dé-cadas depois, o espaço para a vidaasfixia-se e a capacidade de acu-mular lucros estreita-se nos limi-tes para os 'aproveita-todo' e osseus gestores políticos. Da privati-zaçom energética passamos à pri-vatizaçom da água ou, o que é o

mesmo, à privatizaçom das mes-mas condiçons da vida. Como oNOVAS DA GALIzA analisa neste nú-mero, a administraçom Feijóonom pretende cobrar apenas a in-fraestrutura que traz água às nos-sas moradas -que se custearia co-lectivamente- senom o próprioacesso de galegos e galegas àágua que bebem. De fundo, comonom podia ser de outra maneira,um fato de transnacionais silen-ciosas que aplicam os seus planosnavegando entre a sobreinforma-

çom reinante.A atomizaçom e indolência so-

cial favorecem -neste caso comonoutros- a mao de ferro do poder.Porém, a Galiza ainda conserva amemória e certo orgulho da suariqueza natural. O nosso povonom foi totalmente encirrado noscárceres de cimento das megaló-poles e recorda, porque conhece eaprecia, rios, vales e serras queainda alviscamos das nossas cida-des. Eis um ponto de apoio para aluita que teremos que travar.

Os mil rios expropriadoseditorial

humor suso sanmartin

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03oPiniomNovas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

oPiniom

Àsaída do Conselho de Mi-nistros espanhol na sexta-feira passada, Rubalcaba

declarou que o Governo espanholainda não sabe se vai prorrogarou não o estado de alarme decla-rado a 4 de Dezembro. Depende.Mas enquanto o gabinete de za-patero nos mantém nesta situaçãode pendência, talvez seja tempode formular algumas perguntas.

Acerca da cobertura legal do

Decreto de declaração do estado

de alarme. O artigo 4 da Lei Or-gánica reguladora dos estados dealarme, excepção e sítio só per-mite a declaração do primeirodos citados no caso de paralisa-ção de serviços públicos essen-ciais para a comunidade quandoda mesma se seguir uma catás-trofe ou calamidade pública–tais como, diz a lei, “terra-motos, inundações, incên-dios urbanos ou florestaisou acidentes de grandemagnitude”–, crises desaúde pública ou situa-ções de desabastecimentode produtos de primeira necessi-dade. Em virtude de qual destessupostos foi ditado o tal Decre-to? Em virtude de qual deles pen-sa o governo prorrogá-lo?

Acerca da extensão da jurisdi-

cão penal militar. Como reacção

aos excessos franquistas, o artigo117.5 da Constituição espanholaestabelece que a jurisdição militarapenas podeser exercidano ámbitoestritamen-te castren-se forados ca-sos es-tabe-leci-dos

legalmente, no supos-to de estado de sítio. Declarado oestado de alarme, com que supor-te jurídico se estende a jurisdiçãomilitar aos controladores aéreos?

Acerca da militarização do

controlo aéreo e da mobilização

dos controladores. Parece contra-

ditório militarizar o controlo aé-reo, mobilizar os controladores e,ao mesmo tempo, abrir a porta àprivatização da AENA e ao exer-cício das funções de controlo aé-reo por empresas privadas. Ouuma ou outra. Se o controlo aé-reo é um serviço essencial, esta-beleça-se para os controladoresum regime funcionarial ou esta-tutário específico, superando a

sua condição actual de pes-soal laboral, submetendo o

acesso aos princípios depublicidade, mérito e

capacidade. Se ocontrolo aéreo é

um serviço pú-blico estraté-

gico, aoponto de

justifi-c a r

que, pola primeiravez na democracia, seja declara-do o estado de alarme, mante-nha-se a AENA no sector públi-co, desistindo o Governo imedia-tamente da sua privatização. Oque não se pode fazer sem incor-rer numa grave contradição é to-mar todas estas decisões ao mes-mo tempo.

Acerca dos critérios para o cál-

culo da jornada laboral estabele-

cido no Decreto-Lei 13/2010. Porantipáticos que nos sejam os con-troladores, constitui um preceden-te perigoso que por decreto se dis-ponha que as horas sindicais, asactividades formativas e as guar-das localizadas não sejam toma-das em consideração para o côm-puto da jornada laboral. O mesmoque no caso do corte no saláriodos empregados públicos, atrásdeles iremos todos os demais. Pes-soal sanitário, das forças de segu-rança, bombeiros… e o conjuntodos trabalhadores. Afinal, não setrata de eliminar privilégios?

Acerca de não ceder diante da

chantagem. Seria bom se fossecerto. Se não soubéssemos graçasà Wikileaks que o governo espa-nhol do PSOE cedeu, solícito, pe-rante toda a chantagem exercidapela embaixada norte-americana.Ou que a chantagem praticadapor Botín e outros financeirosmártires levou o governo a mobi-lizar, diligentemente, mais de150.000 milhões de euros para ta-par os buracos da banca privada.Quanto ao resto, se falarmos deactuar com firmeza perante umachantagem, como é que o gover-no não incoou os expedientes san-cionadores antes do infausto sá-bado 3 de Dezembro apesar deque se tinham produzido já faltasde assistência e incomparecimen-tos maciços com anterioridade?

Não. As cousas distam de esta-rem claras. O precedente, gravís-simo, ameaça as nossas liberda-des e os direitos laborais e sociais.Em 1991, quando Bush pai inicia-ra a primeira guerra do Iraquetentando esconder graves proble-mas sociais e económicos inter-nos, a poetisa afro-americana Ju-ne Jordan escreveu: “trata-se deum golpe no mesmo sentido que ocraque… e o seu efeito não duramuito”. Depois do chuto, chega aressaca. Já agora, quem é que vairesponder a estas perguntas?

Carlos Aymerich é porta-voz

do BNG no Parlamento da Galiza

Recentemente tivem a sortede compartilhar com asmulheres da AMI umha ex-

periência muito bonita que deixouum pouso considerável em nós. Agravaçom e montagem do docu-mentário Guerrilheiras, em que sereflectia o trabalho e militáncia dasmulheres ligadas ao movimento in-dependentista na década de 90, ul-trapassou o trabalho técnico oumais enfastioso das ocupaçons mi-litantes para se converter em algofecundo e directo. E como quasesempre acontece nas cousas e navida, quando pensávamos percor-rer um determinado caminho aca-bamos por descobrir muitos maisque, para além de oferecerem in-teressantes e lúcidos clarons deaprendizagem, deitárom luz so-bre a significaçom e os contribu-tos que umha geraçom tam che-gada a nós tinha resguardadas.

Todo o movimento independen-tista da época que cobre desde fi-nais dos anos 80 até princípios dos90 está recolhido de maneira muiprofusa sobretodo através da im-prensa policial da altura e até dereportagens que chegam até opresente retratando quase comnostálgico dedo acusador a ousa-dia de uns quantos. E dizemosbem quando dizemos uns quan-tos, pois a geraçom, salvo conta-dos casos, levou sempre nome dehomem. As imagens, as palavrase as revisons históricas daquelesmomentos som deles e dentro, porextensom, estám retratadas as vi-vências delas. Mas pensamos nós:e elas? Quem som? Que pensam?Que vivências há? Sentimos a ne-cessidade colectiva de nos encon-trarmos com referentes e lá fo-mos, cheias de perguntas: comoveriam elas os abusos masculinos

nas organizaçons mistas? Comoo facto de encaixar a maternidadeem momentos da luita difíceis oucomprometidos? Que opiniomlhes mereceria a questom da lide-rança? A pretensom principal eraabrandarmos a velocidade da mi-litáncia para podermos oferecerum trabalho um bocado reflexivosobre o facto de ser mulher e o fac-to de militar no independentismogalego. Sabíamos que retratá-lasseria retratar muitas outras gera-çons e muitas maneiras de enten-der a luita feminista e as mulhe-res, pois no fundo, idênticos pro-blemas e situaçons som as quefiam a nossa história colectiva desilenciamento e esquecimento: napolítica, na casa, na família e notrabalho, as nossas vivências co-mo mulheres causam empatia e li-gam-nos por solidariedade.

Tentando responder a isto topa-mo-nos com que esta geraçom demulheres, como todas as geraçonsde mulheres combatentes, têmum património militante resguar-dado extremamente pedagógico enecessário para enfrentar o mun-do que nos rodeia. Em concreto,quanto a estas de que falamos, ca-racterizárom-se simplesmente

por terem feito o que entendêromque deviam fazer sem mais com-plicaçom, sem fazerem barulhonem reclamarem nengumha con-traprestaçom, tecendo a sua res-posta frente ao poder e o machis-mo que as rodeava com muita so-lidariedade e empatia. Som múlti-plas cousas, mas impacta muito asua humildade de passar com res-peito polo mundo sem soberba,sem se reclamarem protagonistasde nengum fito determinante, sa-bendo transmitir a necessidade dereconhecer o que figérom nomatravés da sua sacralizaçom ouexposiçom, mas da conexom com

a continuidade e o futuro. Se algumha vez se diz e se reco-

nhece, como se deve fazer, que afeminizaçom das organizaçons edas suas estruturas, para a nossainclusom e abraço leal com a lui-ta, tem que passar pola incorpora-çom dos nossos estilos de traba-lho, das nossas ópticas e diferen-tes visons, com a aproximaçom danossa experiência vital como opri-midas, nós sentimos hoje que aexperiência e a maneira como es-ta geraçom de mulheres naturali-zou na sua vida a militáncia deveser tomada como exemplo e tare-fa para nós. Entendemos com estetrabalho que nas pequenas cou-sas, nas pequenas conversas, nosricos matizes e contradiçons davida e da luita e na quotidanidadedos projectos e das experiênciasmilitantes, assenta e frutifica um-ha enorme tradiçom de luita e deresistência frente ao machismoque hoje nos toca continuar. Rei-vindicarmos o nosso papel políti-co em todo e entre todas, sem me-dalhas, orgulhando-nos do nossoestilo de trabalho, dos nossos con-tributos, das nossas decisons e di-ferenças é tam fácil como voltar avista atrás e rever. Obrigadas.

Passarmos comdignidade pola vida maria osório

nos ricos matizes

e contradiçons dos

projectos e das

experiências militantes,

assenta e frutifica

umha enorme tradiçom

de luita e de resistência

frente ao machismo

Perguntas sobre o ‘estado de alarme’Carlos aymerich parece contraditório

militarizar o controloaéreo, mobilizar oscontroladores e, aomesmo tempo, abrir aporta à privatização

Que as horas sindicais,a formação e as guardas nom sejamcomputadas na jornadalaboral constitui um precedente perigoso

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Novas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 201104 acontece

aconteceOs tribunais voltárom a ditar sentença con-tra o Concelho de Barreiros e o seu Alcal-de, denunciado por prevaricar. Feijóo quersalvar o projecto com um convénio que pre-tende investir 14 milhons para prover dasinfraestruturas necessárias os edifícios.

reafirmam ileGalidade das vivendas de barreiros

O governo corunhês (PSOE-BNG) con-cedeu 168.000 euros para financiar astouradas na sua cidade, conforme in-forma Esquerda Unida, formaçom queassinala que esta quantia implica 3,5por cento do orçamento municipal.

168.000 euros da corunha Para touradas

10.11.2010 / Antonio SilvaGonçalves, trabalhador por-tuguês de limpeza de mon-tes, morre em Viveiro polapancada de um madeiro.

11.11.2010 / Trabalhadores dotelemarketing manifestam-sena Corunha por um convéniodigno, convocados pola CGT.

12.11.2010 / Trabalhador deBoal é encontrado morto noseu gabinete em Llaviada(Astúrias).

13.11.2010 / Operaçom contrao narcotráfico Manzanasblancas acaba com 23 gale-gos detidos.

14.11.2010 / Segundo o Insti-tuto Galego de Estatística,114.856 pessoas galegas commais de 65 anos vivem sós.

16.11.2010 / Lei da Comarcado Berzo aprova-se com refe-rência à língua galega, maslonge das propostas normali-zadoras de Fala Ceive.

17.11.2010 / 70 trabalhadorasda Linorsa, empresa subcon-tratada para a limpeza dasescolas de Vigo, encerram-sena casa do concelho paraexigirem melhorias laborais.

18.11.2010 / PreSOS Galizasolicita excarceraçom de Xe-sús R. Collazo, interno na La-ma gravemente doente.

19.11.2010 / Dionisio LagoBenavides, ex-cabo da Guar-da Civil em Rodeiro, detido

numha operaçom contra onarcotráfico em Marim.

20.11.2010 / 900 manifestam-se contra a privatizaçom docentro de atençom a pessoascom diversidade funcionalSouto de Leixa em Ferrol.

21.11.2010 / Perto de 40.000manifestam-se em Compos-tela pola Saúde pública.

22.11.2010 / Camionista mor-to ao colidir com o camiom

contra umha vivenda emMonte de Ramo.

23.11.2010 / Deputados doPSdG e BNG denunciam comcartazes “ataque à democra-cia” no Parlamento pola mo-dificaçom de 24 leis atravésda Lei de Medidas Fiscais eAdministrativas.

24.11.2010 / Mae de RodrigoAmo, brigada morto em For-nelos, rejeita prémio ao seufilho a título póstumo para

cronoloGia

Okupas e vizinhança respondem à ameaçade despejo contra a Casa das Atochas

NGZ / Vários centos de manifes-tantes, quinhentos segundo a im-prensa empresarial, saírom nodia 11 às ruas da Corunha, emprotesto pola ordem de despejoiminente que paira sobre o Cen-tro Social Ocupado Casa das Ato-chas. A manifestaçom arrancoucontra as sete da tarde do Campode Marte, próximo da ocupaçomno bairro de Monte Alto, e percor-reu várias ruas da cidade antes dechegar à praça do Concelho, on-de a presença policial era notá-vel, com três carrinhas da políciade choque espanhola que final-mente ficárom à margem do de-senvolvimento do acto. No decor-rer da marcha fôrom vários os da-nos infringidos a entidades ban-cárias. Em especial as pintadas,que também atingírom de formaespecial a promotora de José Pé-rez Paz, principal responsável po-lo processo de especulaçom ur-banística que afecta o bairro emque se encontra o Centro Social.A ordem de despejo a que agorase tem de enfrentar o centro geri-do polo colectivo A Cultura Preo-kupa dava um prazo para o aban-dono voluntário que venceu nodia 9 de Dezembro, sem que nofecho desta ediçom se conheçamtentativas de despejo forçadocontra o espaço comunitário, ocu-pado há já mais de dous anos emeio na rua Atocha Alta.

dous novos centros sociais abrem as suas Portas em viGo e em comPostela

MANIFESTAÇOM CONTRA O DESPEJOrealizada no dia 11 de Dezembropolas ruas do centro da Corunha

‘Casa do Vento’ e ‘Lume’: novos espaços em Compostela e em VigoAs semanas passadas contemplá-rom a abertura de dous novos cen-tros sociais no país. De um lado, a27 de Novembro realizava o actode inauguraçom o Centro Social‘Lume’, um “espaço social” em Vi-go impulsionado por pessoas“provenientes de diferentes orga-nizaçons culturais e sociais”, quejá acolheu as suas primeiras acti-vidades e prepara um amplo pro-grama de cursos. O colectivo au-todenomina-se como “centro so-

cial comunista” disposto a ofere-cer o seu contributo à “luita polaindependência nacional e a eman-cipaçom social e de género”.

Noutras coordenadas parece si-tuar-se o Centro Social Okupado‘Casa do Vento’, inaugurado tam-bém nestas semanas, na envolven-te do rio Sarela, em Compostela. Otexto com que se apresenta o co-lectivo promotor explica a recupe-raçom e partilha do espaço aban-donado como um passo para “au-

togerir as nossas vidas, o nosso es-forço e o nosso tempo livre”, evi-tando “o dinheiro como único meiopara valorizar o que fazemos”,prestando especial atençom para acolaboraçom e a aprendizagemmútua. O espaço okupado conta jácom umha 'loja gratis', umha Bi-blioteca e umha Cousateca.

Sete anos da ReviraNo passado dia 3 de Dezembroa Revira celebrava a festa de sé-

timo aniversário do centro so-cial ponte-vedrês, o primeirodesde a mudança de local.

No acto projectou-se um vi-deo com algumhas notas sobreo trabalho realizado até agorapolo colectivo, e realizou-se um-ha conversa-debate sobre osCentros Sociais na Galiza, coma presença de membros dos cen-tros sociais Almuinha, a Revoltae Mádia Leva, para além da pró-pria Revira de Ponte Vedra.

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05aconteceNovas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

Coincidindo com o dia contra a violência machistaBriga reproduziu um comunicado em que mulheresjovens reivindicavam um ataque com pintura liláscontra a estátua do papa recentemente inauguradaem Compostela. Apareceu pendurado um cartaz como lema “Igreja católica = violência patriarcal”.

boicotam a estÁtua do PaPa em comPostela no 25-n

Xosé Manuel Beiras, Camilo Nogueira e Xosé Luís Mén-dez Ferrín encabeçárom um acto público no passado dia 9de Dezembro em Vigo em que reclamárom a liberdade doporta-voz independentista basco Arnaldo Otegi. Estivé-rom acompanhados por dezenas de representantes demovimentos culturais, sociais e políticos.

beiras, noGueira e ferrín solidarizam-se com arnaldo oteGi

nom o compartilhar com aJunta da Galiza.

25.11.2010 / Quatro operáriosportugueses da empresa Da-balpo, que estám a trabalharem diversas empreitadas deobras públicas na Galiza, de-nunciam num tribunal de Ou-rense exploraçom laboral.

27.11.2010 / 121 camions saemdas Pontes e Cerzeda comdestino a Santiago para pro-testar polo decreto do carvom.

28.11.2010 / Juíza da Coru-nha envia requerimento dedespejo contra o C.S.O. Casadas Atochas.

29.11.2010 / Trabalhadorasda limpeza das escolas con-seguem suspender o plenomunicipal de Vigo.

30.11.2010 / Congresso espa-nhol dos Deputados aprovaincluir os topónimos oficiais galegos no texto da Lei esta-tal de Portos .

01.12.2010 / Integrantes doComité Anti-Sida de Ourensemanifestam-se perante a Jun-ta em Compostela em protes-to polo fecho das casas deacolhimento para pessoascom HIV nesta cidade e na de Vigo.

03.12.2010 / Por volta de 170pessoas concentram-se nassedes da CRTVG na Corunhae Ponte Vedra contra o encer-ramento de cinco das dez de-legaçons da empresa.

04.12.2010 / Constitui-se emGuimaráns a Alternativa Vici-nal Ames de Esquerda.

05.12.2010 / Morre um ho-mem de 35 anos ao sair daestrada o seu tractor emMondariz.

06.12.2010 / Causa Galiza eNÓS-UP realizam actos emVigo contra a ConstituiçomEspanhola. AMI convocaraconcentraçom em Composte-la a dia 3.

07.12.2010 / Regressam aoPorrinho mais de cem ciga-nos “samoranos” que aban-donaram as suas casas a 26de Novembro.

08.12.2010 / BNG denunciaem Bruxelas os “entraves” àrecepçom das televisons por-tuguesas na Galiza.

09.12.2010 / Junta confirma54 despedimentos no Centropara pessoas com diversida-de funcional Souto de Leixa.

cronoloGia

Contra a violência machista e a “hipocrisiainstitucional” em matéria de géneroGaleGas saem à rua no 25 de novembro, data em que “nom hÁ nada que celebrar”

NGZ / Mulheres de todo o País saí-rom à rua no passado 25 de No-vembro para denunciarem a vio-lência machista. Os últimos me-ses deixárom na Galiza váriasmortes às maos de um “terroris-mo do qual nom se fala” e queconta com a “cumplicidade” demeios empresariais e instituiçons,assinalam fontes feministas.

A Marcha Mundial das Mulhe-res, assim como Mulheres Nacio-nalistas Galegas, centrárom assua campanha de denúncia con-tra o corte nos recursos em maté-ria de igualdade, criticando umsuposto discurso de austeridadeque sempre pagam as mulheres.Consideram inadmissível que, emnome da crise, sejam sacrificados

os direitos conseguidos e os re-cursos criados graças à luita fe-minista. Com o lema “cortar re-cursos é atentar contra a igualda-de”, a Marcha Mundial das Mu-lheres convocou concentraçonsna Corunha, Narom, Composte-la, Ourense, Ponte Vedra e Vigo.

Por sua vez, a Rede FeministaGalega tirou umha campanhacom o lema “Nada que celebrar”.Ainda que também estivo presen-te nas concentraçons do 25 deNovembro, no dia 27 convocouumha acçom na Praça de Abas-tos de Compostela em que dife-rentes mulheres portavam carta-zes denunciando a situaçom àqual som submetidas polo pa-triarcado, com frases como “Es-

tou na rua porque me cago emDeus, no Papa e no Rei”, “Estouna rua porque no meu corpo nommanda ninguém” ou “Estou narua porque nom quero ser a rai-nha da casa”. Esta acçom marcao primeiro aniversário da Rede.

Para além das convocatórias, to-das as organizaçons políticas esindicais de esquerda e vários cen-tros sociais tirárom comunicadosem relaçom à situaçom das mu-lheres no ámbito da cultura pa-triarcal, animando à luita feminis-ta. Os dados tornam urgente o pro-testo: em 2009, na Galiza apresen-tárom-se 6.068 denúncias por vio-lência machista, polas quais seditárom apenas 1.773 sentenças e793 ordens de protecçom.

NGZ / A Junta da Galiza está apreparar as condiçons para oconcurso em que privatizará agestom dos seis parques natu-rais galegos e o das Ilhas Atlán-ticas, de protecçom estatal.Conforme adiantou o Diário deFerrol, o governo pretende des-vincular-se da administraçomdos mesmos ao entender quehá “outras fórmulas que podemser mais rentáveis”, aludindo afontes da Conselharia do MeioRural, que indicam que a con-vocatória para a privatizaçomserá apresentada no próximoano, permitindo a umha ou vá-rias empresas a intervençomem cada umha das reservas, ou

cedendo a umha única empre-sa a gestom do serviço para to-dos os parques naturais.

Assinalam que a Junta pro-cura poupar dinheiro e “dina-mizar uns espaços que tam-bém servem de reclamo paraos visitantes”.

As sete reservas protegemumha área de montes, praias epaisagens que andam à voltados cinqüenta mil hectares. Em2009 fôrom mais de seiscentascinqüenta mil as pessoas quevisitárom estes espaços, quasea terceira parte delas com des-tino às Ilhas Atlánticas e pertode metade às dunas de Corru-vedo e a lagoa de Carregal.

Querem privatizar gestomdas reservas naturais

esPaços ProteGidos

NGZ / A Conselharia de Sanida-de atribuiu no passado dia 11 deDezembro as obras para cons-truir e gerir os serviços nom sa-nitários no novo hospital vi-guês. As empresas beneficiáriassom Acciona, Puentes y Calza-das, Altair, Concessia e Ocasa,que se comprometem a ter ohospital funcionando em 2013.

A Junta deverá pagar 56,5 mi-lhons por ano até 2033 a estas so-ciedades, que obterám tambémos réditos das áreas comerciais

do hospital e as do serviço de es-tacionamentos, entre outras, atéum total de onze serviços.

A Plataforma em Defesa daSanidade Pública interpreta aconcessom como “umha hipo-teca que condicionará o futuroda área sanitária e da saúde pú-blica”. Consideram que respon-de a “umha decisom política,nom técnica nem económica”,que “encarece o serviço” e abrea porta ao “copagamento e à di-minuiçom de serviços”.

Adjudicam a construçom dohospital de Vigo por 1.130 milhons

a PaGar em vinte anos

MOBILIZAÇOMda Rede Feminista

em Compostela

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06 acontece Novas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

Fala-nos da actividade que desen-volvedes no CIM de Vila Garcia.Há muitos anos que estamos a de-senvolver um trabalho de infor-maçom e sensibilizaçom em tor-no da questom de género. Traba-lhamos com as escolas secundá-rias da vila, fazendo obradoirosde igualdade com a mocidade, eestamos a tentar também formaro professorado. Temos contacto,ainda, com as associaçons de mu-lheres rurais que há na zona.Também tratamos de incidir so-bre a gente nova que já saiu doámbito estudantil através sobre-todo de formatos audiovisuais; re-centemente tivemos duas expe-riências interessantes nesse sen-tido. E evidentemente trabalha-mos de maneira directa com asmulheres que procuram assesso-ramento ou ajuda. O único pro-blema é que toda esta actividadecusta dinheiro, e a situaçom ac-tual é um pouco inquietante. Nomnos garantem que continuem aexistir ajudas da Junta para o ano;de facto, o pessoal já está a come-çar a organizar-se.

Qual é o acolhimento entre agente da vila, especialmente en-tre as mulheres e a gente nova?Entre as mulheres que se chegama nós por própria iniciativa, o aco-lhimento é mui bom. Procuramosmanter linhas de proximidade,umha escuita activa para elas po-derem contar sem serem julga-das, e em geral conseguimo-lo. Ose as jovens das escolas fam sem-pre boas avaliaçons de nós, masisso tampouco é um indicativomui fiável. A situaçom nom é amelhor em absoluto; os meiosempresariais magnificam o mau,e a violência está mui interioriza-da. Porém, há muitos tópicos emrelaçom à mocidade, claro que te-nhem valores, escuitam, e sommenos violentos do que a maioriadas pessoas adultas.

Falas de que os meios magnifi-cam o mau. Que opiniom chemerece o tratamento que famda violência machista?Há nom muito tempo que hou-vo umhas jornadas em Compos-tela sobre meios e violência ma-chista, em que se falou de que,entre os grandes meios empre-sariais, o único que respeitavauns mínimos a nível estatal erao Público, mas em geral o trata-mento é muito morboso e hipó-crita. Fam-se crónicas de suces-sos, e nunca se trata o proble-ma da perspectiva social ou cul-tural, obviando aliás qualqueroutro tipo de violência.

À luz da tua experiência labo-ral, como valorizas o estado ac-tual da violência machista nasociedade galega?Há mais sensibilizaçom social, e

a mulher que vai denunciar estámenos estigmatizada do que háanos, ainda que fique muito poravançar. Porém, nom existe nen-gumha mudança positiva no nú-mero de vítimas; os númeroscontinuam a ser arrepiantes. Va-lorizo positivamente que existaum enquadramento legal queofereça recursos à mulher que émaltratada, mas às vezes parececomo se estivessem numha reali-dade virtual. Pola minha expe-riência laboral, sei que nom se

cumprem na realidade essas leis;por exemplo, recolhe-se que amulher que pom umha denúnciatem direito a um advogado nessemesmo momento, mas nunca háadvogado nengum. De algummodo, através das leis cria-se nasociedade a imagem de que seestá a trabalhar polas mulheres,quando nem sempre é certo.Aliás, nom chega com legislar:as causas venhem de umha dis-tribuiçom de papéis de géneroque está na base da cultura.

Já lá vai o 25 de Novembro, um-ha data que acabou por ser capi-talizada polas instituiçons. Queefeitos tem a adaptaçom do dis-curso feminista por parte delas,na tua opiniom?A perspectiva de género foi tro-cada polo discurso da "igualda-de de oportunidades", mas isso

nom chega se nom alterares abase. Quando nom se aprofundana vontade transformadora,qualquer oportunista pode subirao carro; é um discurso tam fácilcomo perigoso. Os movimentosassociativos som neutralizadosao adoptarem as instituiçonscertas etiquetas, quando nomsom elas próprias a criarem des-de riba uns movimentos quenom as incomodam. Neste sen-tido, o 25 de Novembro já nom éumha data do feminismo. Paraalém disto, mantém-se umha du-pla moral que com a crise se es-tá a tornar mais evidente. Oscortes afectam sempre as mu-lheres: quando reduzem pen-sons por invalidez, mau paranós, que cuidamos; quando cor-tam nas pagas por crianças, maupara nós, que criamos... É sem-pre assim. Nos tempos que ve-nhem vai-nos fazer falta recor-dar que em muitos países deses-tabilizados som as mulheres quemantenhem as redes que levampara diante toda a sociedade; éprovável que sejamos nós as quetenhamos que recuperar essascapacidades.

Violência e machismo nom pa-recem abrandar nas geraçonsmais novas. Qual é a tua expe-riência em relaçom a este tema?Quais as perspectiva futuras?A cousa está mal; a nível globalhá umha deriva social impor-tante que afecta mais temasque os papéis de género. Temosque esquecer os grandes meiose construirmos-nos entorno dovínculo com a terra e com agente que nos rodeia, porquesenom nom só nom seremos ca-pazes de salvar conflitos comoo da violência machista... Mes-mo assim, enquanto houvergente que continue a trabalharem chave feminista sempre ha-verá esperança.

“o 25-n deixou de ser umha data própria dofeminismo, apoderárom-se dela as instituiçons”

julia barbosa, trabalhadora do centro de informaçom da mulher de vila Garcia de arouça

O Ministério do Fomento ordenou investigar Autoestra-das do Atlántico (Audasa) por falta de previsom peranteos colapsos gerados pola neve e o gelo que tinham sidoadvertidos polos serviços meteorológicos. Nos últimosanos tem-se repetido na mesma via. A empresa fai partedesde finais de 2008 da transnacional Citigroup.

ordenam investiGar aP-9 Polos colaPsos

As estatísticas do Conselho Geral do Poder Judicial in-dicam que os bancos estám a pôr fora das suas mora-das por volta de cinco famílias galegas por dia. Os desa-lojamentos crescêrom em 70 no ano 2009, percenta-gem que pode crescer este ano por causa da incapaci-dade dos residentes para pagarem as hipotecas.

os bancos exPulsam cinco famílias das suas casas cada dia

O.R. / Frente às grandes crónicas morbosas dos meios empresariais, frente à adapta-çom institucional do discurso feminista, frente à cumplicidade com a violência ma-chista, trabalho diário pola sensibilizaçom e a transformaçom social. Isto é o quepropom Julia Barbosa, umha das trabalhadoras do Centro de Informaçom da Mu-

lher (CIM) de Vila Garcia, um organismo que promove a participaçom social das mu-lheres na vida da vila ao mesmo tempo que trabalha pola construçom de umha so-ciedade nom patriarcal. O NOVAS DA GALIZA fala com ela da sua experiência laboralcom os maus tratos, num dos 25 de Novembro mais negros.

o discurso da igualdadede oportunidades

neutraliza os verdadeiros movimentos feministas

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NGZ / O gaseiro LNG Rivers viu-se forçado a mudar o seu desti-no no passado dia 3 de Dezem-bro para evitar que os tanquesda Reganosa ficassem sem exis-tências, acarretando a paralisiada actividade da central. O bar-co dirigia-se para Bilbau e foialertado polo Gestor Técnico doSistema quanto ao pedido da di-recçom da regasificadora mu-gardesa para aportar na ria deFerrol. A mesma embarcaçomtinha previsto a sua chegada àGaliza a 7 de Dezembro, mas as

previsons meteorológicas fa-riam impossível a sua entradanesta data, o que acendeu osalarmes pola escassez de gás nacentral trasanquesa.

Trata-se do barco número 79que descarrega em Reganosa,nesta ocasiom com 60.000 tonela-das de gás natural liquefeito noseu interior.

Fontes do Comité Cidadao deEmergência advertem que “nomdeixa de ser umha excepçom quese repete” e destacam que a direc-çom da central “reconhece as difi-

culdades e deficiências que mos-tra pola sua localizaçom geográfi-ca no coraçom da nossa ria”. Osdados som claros: um em cadaquatro barcos tenhem que atrasara sua entrada por causa das máscondiçons meteorológicas exis-tentes no Golfo Ártabro durantemuitos dias do ano.

Integrantes da plataforma con-tra a regasificadora concentrá-rom-se diante do edifício adminis-trativo da Junta em Ferrol coinci-dindo com a presença do gaseirono interior da ria ferrolana.

07aconteceNovas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

A CIG convoca concentraçons perante as sedesdo INEM para o dia 15 de Dezembro exigindo amanutençom da ajuda de 426 euros para as pes-soas desempregadas sem direito às prestaçonsconvencionais. Querem evitar que este colectivoseja empurrado “à marginalizaçom e à pobreza”.

concentraçons Polos 426 euros Por desemPreGo

A prisom de Dueñas negou a possibilidade de que presoindependentista Ugio Caamanho pudesse receber o No-vas da Galiza por “razons de segurança”, assim como oacesso a notícias impressas provenientes de meios de co-municaçom digitais como Galizalivre.org. O preso recor-reu a decisom perante o juiz de vigiláncia penitenciária.

violam direito à informaçom de uGio caamanho

NGZ / Denunciada polo movi-mento asociativo vicinal e am-bientalista de Lugo desde há jácinco anos, a construçom de edi-fícios nas chamadas 'costas doParque' é paralisada agora caute-larmente a pedido da Associa-çom na Defesa do Parque Rosa-lia de Castro. A ordem judicial,emitida pola mesma juíza que es-tá a instruir o chamado 'caso Ca-rioca', indica a possibilidade dese ter cometido prevaricaçom ur-banística por parte dos responsá-

veis municipais, polo conheci-mento de ilegalidades na conces-som da licença e a omissom dodever de perseguir delitos.

A urbanizaçom ocupa terre-nos de zona verde de uso e do-mínio público, e foi começadasem os relatórios necessáriospor parte de património. O pro-jecto já fora anulado mas o Con-celho de Lugo sempre defendeua legalidade da actuaçom, poloque nom paralisara antes caute-larmente as obras.

Paralisam construçons noParque Rosalia de Lugo

NGZ / No vindouro dia 11 de Ja-neiro serám inaugurados o Ar-quivo e a Biblioteca do comple-xo do Gaiás, dous dos seis edifí-cios projectados e os únicos comum conteúdo definido. Ao acto,para além das autoridades, as-

sistirám representantes da mo-narquia espanhola. O contínuoesbanjamento de fundos públi-cos foi denunciado pola Plata-forma “Cultura sim, mausoléunom”, que critica os orçamentosde 2011 de irresponsáveis.

Parte da Cidade da Culturaabre portas em Janeiro

Forçam desvio de gaseiro com destinoa Bilbau para que Reganosa nom pare

1 de cada 4 barcos atrasa a entrada na ria Por meteoroloGia

Movimentos sociais consolidam Apalpador NGZ / A personagem do Apalpador, que está a ser tra-balhada polos movimentos sociais desde há váriosanos com o objectivo da sua recuperaçom, volta esteNatal com mais força que nunca. Diferentes iniciati-vas descentralizadas terám o carvoeiro como prota-gonista nestas datas, fomentando um mito autóctonee fugindo do consumismo exacerbado desta épocado ano. Para além dos centros sociais, a personagemcentrará também algumhas iniciativas institucionaisem concelhos como o de Ames ou Compostela.

A sua recuperaçom etnográfica prossegue avan-çando também graças a activistas da Gentalha do Pi-

chel, que no fim de semana do dia 11 de Novembrofôrom até diferentes pontos das serras orientais pararecolherem os dados que ficam em pontos onde asua memória nunca se extinguiu. O projecto, articu-lado pola comissom de memória histórica do centrosocial, pretende cobrir as carências que deixa o siste-ma académico galego, que nom se mostrou interes-sado por investigar a fundo o Apalpador.

Para além de desfiles e visitas a centros sociais, aIrmandade do Apanhacastanhas acabou de convocaro primeiro prémio em torno do Apalpador. Este cer-tame contará com actividades lúdicas e educativas.

NGZ / Em Novembro, segundo osdados tornados públicos polo Mi-nistério do Trabalho e Imigra-çom, um total de 7.827 pessoasficárom sem emprego, aumen-tando no nosso país o número dedesempregados em 3,5 por centoem relaçom ao mês anterior. As-sim, actualmente, a quantidadede pessoas desempregadas naGaliza é de umhas 231.721, quan-tidade que se situa nas mais altasdos últimos anos. Segundo as es-tatísticas oficiais, o desempregoestá a afectar mais as mulheresdo que os homens, pois recolhemque o total de desempregadas su-

pera as 120.000. A faixa de idademais afectada é a compreendidaentre os 30 e os 44 anos.

Também em relaçom com oano passado se aprecia um for-te incremento. No mês de No-vembro de 2009 havia um totalde 216.828 desempregadas e de-sempregados, o que indica quese produziu um incremento in-teranual do desemprego de 6,87por cento. Ainda que nos depa-remos com os piores dados dedesemprego da história, a Juntacontinua sem dar nengum pas-so para luitar contra a progres-siva destruiçom do emprego.

Quase 8.000 trabalhadoresà rua no mês de Novembro

LNG RIVERSé o gaseiro número 79

a surtir gás para a Reganosa

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Novas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 201108 acontece

NGZ / Vinte e cinco pessoas apre-sentárom umha nova candidatu-ra para as próximas eleiçons mu-nicipais no concelho de Ames nopassado dia 4 de Dezembro noCentro Social de Bugalhido. Ma-nifestam a vontade de “abrir um-ha fenda pola qual o desconten-tamento do povo entre cada vezmais na instituiçom municipal”

desta localidade da comarca deCompostela através da denomi-nada Alternativa Vicinal Ames naEsquerda (AM.ES.).

Pretendem promover iniciati-vas “contra a política convencio-nal e polos interesses nacionais ede classe” e assinalam que enten-dem as eleiçons com carácter cir-cunstancial, destacando que a pla-

taforma se activa como ferramen-ta para o trabalho permanente,dentro e fora das instituiçons.

Defendem políticas sociaisigualitaristas, umha economiaautocentrada e sustentável, apromoçom da língua e cultura ga-legas, o ambientalismo, os inte-resses da mocidade e as mulhe-res assim como o direito de auto-

determinaçom. E denunciam que“nengum dos partidos presentesno concelho enfrentam estas rea-lidades com valentia”.

Na apresentaçom de Ames naEsquerda tivérom a palavra a mi-litante nacionalista Paz Romai, oactivista juvenil Rubém Melide, ohistórico independentista LuisGonçález Blasco ‘Foz’, o sindica-

lista Xoán Carlos Ánsia e o am-bientalista Pedro Alonso.

NOVAS DA GALIzA tem constánciade que activistas sociais e políticosestám a preparar diferentes inicia-tivas semelhantes ao longo do ter-ritório nacional com vontade deconcorrerem nas eleiçons munici-pais de Maio, que vam ser apre-sentadas nas próximas semanas.

Candidatura em Ames “contra a política convencional e polos interesses nacionais”

activistas sociais e Políticos estÁm a PreParar iniciativas semelhantes Polo País Para as eleiçons municiPais

Denunciam na Europa osobstáculos do Estado parareceber tv’s portuguesasNGZ / A porta-voz do BNG emBruxelas, Ana Miranda, apresen-tou a 7 de Dezembro junto ao eu-rodeputado português MiguelPortas, do Bloco de Esquerda,umha iniciativa parlamentar con-junta em que denunciam os “obs-táculos que pom o Estado espa-nhol para a recepçom das televi-sons portuguesas na Galiza”.

Miranda criticou no texto a“carência de vontade política”por parte da Junta da Galiza pa-ra garantir a “livre circulaçom”das emissons televisivas entreos dous países, que considera“imprescindível para um melhorconhecimento na nossa socieda-de da língua portuguesa”.

Denunciam que a atitude doGoverno espanhol conculca o

Convénio Europeu sobre Tele-visom Transfronteiriça e a Car-ta Europeia das Línguas Mino-ritárias, que promovem a liber-dade de circulaçom das emi-sons televisivas entre territó-rios que partilham a mesmalíngua ou idiomas que perten-cem a um tronco comum.

O Executivo do PSOE compro-metera-se em diferentes ocasionscom o BNG no Congresso dosDeputados a facilitar este objecti-vo, sem que até o momento des-sem nengum passo nesta direc-çom. Em Abril de 2008 o Parla-mento autonómico aprovava porunanimidade umha petiçom aoGoverno espanhol para cumpriresta demanda “no prazo tempo-ral mais imediato possível”.

iniciativa do bnG e bloco de esquerda

NGZ / Causa Galiza, NÓS-UP eAMI mobilizárom-se nas datas pré-vias ao aniversário da instauraçomda Constituiçom espanhola em vi-gor, denunciando nas ruas o en-quadramento jurídico-político doEstado espanhol. A primeira enti-dade a fazê-lo foi a juvenil AMI, cu-ja assembleia compostelana con-vocou umha concentraçom na pra-ça do Toural no dia 3 de Dezem-bro, que continuou em manifesta-çom polas ruas da capital galegaaté chegar ao Centro Social do Pi-chel, culminando a jornada reivin-dicativa com um concerto. No dia aseguir, NÓS-UP realizou umhaconcentraçom em Vigo, na popu-larmente conhecida como praça daVila –oficialmente praça da Consti-tuiçom– em que intervinhérom re-presentantes da organizaçom con-vocante e de Briga, continuandocom um concerto de Míni e Mero econcluindo com umha jantarada

no recém inaugurado centro socialLume. No dia anterior ao aniversá-rio da ‘carta magna’, Causa Galizamanifestava-se na mesma cidadeolívica polo bairro do Calvário emdenúncia do “carácter antidemo-crático” deste texto jurídico e re-clamando “soberania política” pa-ra a Galiza a partir da superaçomdo quadro constitucional.

Causa Galiza promoveu tam-

bém um debate no Centro SocialAturujo de Boiro com o lema ‘Con-seqüências socioeconómicas dadependência do Estado espanholno sector conserveiro’ e em Lugopugérom mesas informativas con-tra a Constituiçom e realizárommurais. O Centro Social Henrique-ta Outeiro de Compostela e o Agui-lhoar da Límia também realizáromactos com motivo desta data.

Soberanismo contra a Constituiçomnas vésperas do seu aniversário

três mobilizaçons em viGo e em comPostela contra a comemoraçom

Assessor da Junta outorgacontratos ao seu cunhadoNGZ / A Junta estabeleceu con-tratos com a empresa PublitiaSL para gerir a publicidade ins-titucional do Governo nosmeios. A empresa fora até opassado mês de Janeiro pro-priedade de Enrique Varela, oassessor e homem de confian-ça do Secretário Geral deMeios, Alfonso Cabaleiro. Des-de entom, passou a ser proprie-dade do cunhado de Varela, Je-sús María Ramos Arévalo.

Núñez Feijóo defendeu publi-camente a eleiçom de Varelamostrando o “convencimento deque é umha pessoa honorávelque cumpre todas as leis de in-compatibilidades”. A empresanegocia e contrata com os meiospublicidades de campanhas.Conforme transcendeu, EnriqueVarela exerce em paralelo comonegociador com os meios com oobjectivo de incidir sobre assuas linhas editoriais.

trata-se da sua anterior emPresa

Junta consente negociaçom ganadeirafrente às indústrias a pedido da EuropaNGZ / A Comissom Europeia lan-çou umha proposta para dotar osprodutores de leite de capacidadenegociadora directa com as indús-trias. Médio Rural d já fijo públicoo seu apoio, lembrando aliás quea Junta há tempo que defende es-ta alternativa. Em finais do anopassado, no meio dos protestospolos preços do leite, o conselhei-ro recebia umha delegaçom deGanadeiros Unidos de Vacum de

Leite que pediam entrar na mesade negociaçom com um discursoaceso contra sindicatos e coope-rativas. Após a promessa afirma-tiva de Samuel Juárez, estes des-convocárom as mobilizaçons.

Organizaçons como o SLGmostrárom já a sua rejeiçom totala estas propostas e recordam quese se aplicassem noutros sectores“os trabalhadores e trabalhadorasnom teriam a possibilidade de ter

convénios colectivos nem saláriomínimo interprofissional que, porlei, qualquer empresa está obriga-da a cumprir”.

Além do dito, a própria Comis-som Europeia contempla outra sé-rie de medidas desreguladoras noseio da PAC para 2013, sendo um-ha delas a supressom das quotasleiteiras, que auguram fortes que-das dos preços dentro de um sec-tor historicamente debilitado.

MANIFESTAÇOMde Causa Galiza em Vigo

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09aconteceNovas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

marO selo ‘ecológico’ abre portas à piscicultura intensiva nas rias

A. DIESTE / O porto de Vila Novade Arouça acolhia em Novem-bro a primeira descarga de me-xilhom certificado como 'eco-lógico', 12.000 quilogramasdeste molusco com destino aumha conserveira do Salnês,Pérez Lafuente. A notícia foi re-colhida com grande pompa po-los meios de comunicaçom,que incidiam em que o certifi-cado, outorgado polo Conse-lho Regulador da AgriculturaEcológica da Galiza (Craega),implicava a entrada do mexi-lhom cultivado nas rias gale-gas no circuito 'verde' ou 'eco-lógico' e louvavam o importan-te passo que para um sectortradicional como o mexilhoeiroacarretava este carimbo, dirigi-do, indicavam, ao consumidor

conscientizado e com grandespossibilidades em mercados“civilizados” como os do cen-tro e norte de Europa.

Porém, para surpresa dos defen-sores da etiqueta politicamentecorrecta de 'verde', os bateeirosmostrárom a sua oposiçom a esteselo concedido polo Craega, de-nunciando que o mesmo era umcavalo de Tróia dirigido a abriras rias galegas ao policultivo in-tensivo de peixes, actividade que,lembram, nada tem que ver como respeito ao meio ambiente nemcom o consumo de um produtonatural. Neste sentido, o Conse-lho do Mexilhom da Galiza foi oprimeiro a denunciar perante aopiniom pública que o selo de'mexilhom ecológico' era um pre-

texto para a entrada de grandesmultinacionais numhas rias que,até agora, tenhem na pequena emédia economia familiar (querem bateias quer no marisqueioou na pesca litoral) os seus prin-cipais trabalhadores.

A normativa sobre agriculturaecológica, denuncia o sector, fo-menta que numha mesma bateiapoda cultivar-se mexilhom e pei-xes, empregando o mexilhom co-mo biofiltro que elimine os resí-

duos que gera o cultivo dessespeixes. “E estamos a falar de va-cinas, antibióticos, pensos...”,afirmam no Conselho do Mexi-lhom. O sector incide em que oprincipal impulsionador deste se-lo de “ecológico” é Pérez Lafuen-te, presidente de Anfaco, a gran-de associaçom patronal conser-veira, e dono da indústria que re-cebeu o primeiro carregamentode “mexilhom ecológico”. Por en-quanto, o cultivo intensivo de pei-xes em grandes estruturas sobreas láminas de água das rias gale-gas circunscreve-se a pequenasáreas e sempre contou com a opo-siçom de bateeiros, marinheiros econfrarias que denunciam reite-radamente que nessas gaiolas seempregam produtos como vaci-nas ou antibióticos que acabam

por afectar a qualidade das águase dos recursos e espécies própriasdas rias. Esta oposiçom mesmolevou a Conselharia do Mar a terque recuar na sua intençom depermitir o cultivo de salmom emgaiolas na ria de Arouça.

Ademais, os bateeiros lem-bram que o mexilhom cultivadona Galiza é, em si mesmo, ecoló-gico, como reconheceu a UniomEuropeia ao lhe outorgar a Deno-minaçom de Origem Protegida(DOP): “É umha actividade sus-tentável meio-ambiental, social eeconomicamente, na qual nom seemprega nada de artificial. Apa-nha-se a cria das rochas, que épassada para as bateias, de ma-deira, onde engorda pola riquezadas águas da ria. Sem pensos,sem vacinas, sem nada artificial”.

NGZ / Desde Dezembro a identi-ficaçom do gado por parte dosveterinários da empresa públicaSeaga deixou de ser obrigatória.Um decreto promulgado polaJunta da Galiza pom fim a umhalei em vigor desde há 12 anos, nocontexto da crise da encefalopa-tia espongiforme.

Desde agora a identificaçomdos animais poderá fazer-se porparte do próprio dono do animal,comunicando os dados por telefo-ne ou via Internet, na página daConselharia do Meio Rural. A ou-tra opçom é que umha empresaprivada dedicada especialmente àactividade a identifique. O méto-do é semelhante ao que já regiapara o gado equino, que funcionacom escasso sucesso desde 2008.

O sistema, por agora, funciona-va com umhas quotas mui peque-nas, de 2,6 euros pola colocaçomdo crotal, a chapa identificadora,ou 3,6 no caso de ter que pôr ou-tra após extraviá-la. O preço eraindependente da zona a que tives-sem que ir os veterinários, algoque dificilmente se manterá como sistema actual, que é o que se dáno resto de comunidades.

O conselheiro do Meio Rural,Samuel Juárez, justifica a medidapara economizar 5 milhons de eu-ros anuais. Dentro destes cálculosentrariam os salários dos veteri-nários da Seaga, cujo contrato ex-pira em 2011, os gastos de deslo-

camento dos trabalhadores ao lu-gar onde deviam identificar o ga-do. Certamente, esta quantia vaifazer parte do preço que terámque pagar os proprietários do ga-do, muitos deles em zonas mui ar-redadas e que terám de pagar oafastamento das suas moradas.

Maria Jesús García, membrodo comité de empresa da Seaga,queixa-se de que o profissional éafastado da vigilância sanitária.“Nom se especifica com que tipode meios devem contar as entida-des nem que formaçom devemter”. No texto do Decreto183/2010 só se menciona que sedeve "contar com os meios técni-cos” e “o pessoal técnico necessá-rio”. O Sindicato Labrego Galegojá recomendou aos seus filiadosque nom optem por deixar a iden-tificaçom em maos de umha em-presa privada.

O porta-voz de Carnicosa, ma-tadoiro da Corunha, José ManuelBecerra, assegura que se vam pro-duzir problemas e erros na identi-ficaçom, sobretodo se for deixadaaos ganadeiros. “90 por cento dosanimais confiscados provenhemde outras comunidades”, o qualfala às claras das virtudes do an-terior sistema. “Se a identificaçomapresenta algum tipo de deficiên-cia e nom se soluciona no prazode dous dias úteis, o animal nompoderá ser sacrificado”.

Assim as cousas, dá-se luz ver-de para um método que podeperfeitamente acarretar proble-mas, derivados do desleixo, apreguiça e as inevitáveis distrac-çons. Para além disto, empresasprivadas sem necessidade de de-monstrarem a aptidom para aactividade entram na gestom dasaúde animal.

Liberalizam identificaçom do gadoapós 12 anos de serviço público

Ganadeiros PoderÁm recorrer a emPresas Privadas Para fazê-lo

o Grande Patronato conserveiro fomenta um certificado verde como Pretexto Para introduzir o cultivo de Peixes em Gaiolas

os bateeiros mostrárom a sua oposiçom a este carimbo denunciandoque é um cavalo de Tróia dirigido a abrir as rias galegas ao policultivo

a ue reconheceuque o mexilhomgalego é de seu

ecológico

NGZ / Os presos independentistasgalegos Santiago Vigo e José Sán-chez fôrom transferidos no passa-do dia 25 de Novembro do cárce-re de Teixeiro para as cadeias dePalência e Leom respectivamen-te. Segundo informa o organismoantirrepressivo Ceivar, os motivosaduzidos polas Instituiçons Peni-tenciárias para voltar a levar a ca-bo a medida excepcional da dis-persom terám sido a recusa dospresos a compartilharem celacom outros reclusos, a aplicaçomde diversos artigos sancionadoresque os mantenhem no isolamentopermanente e a sua passagem pa-ra o regime de primeiro grau. Naseqüência desta nova dispersom,

o conjunto dos independentistaspresos está confinado em cárce-res afastadas do território, umhavez que Ugio Caamanho se en-contra cumprindo pena tambémno cárcere de Palência.

Esta nova medida repressivacontra os activistas galegos ocorredepois de que no passado mês deNovembro se tivesse criado o Co-lectivo de Pres@s Independentis-tas Galeg@s (CPIG). Ceivar con-vocou em várias cidades galegasno dia 26 de Novembro concen-traçons em apoio à luita dos trêsmilitantes polo seu reconhecimen-to como presos políticos, o reagru-pamento de todos eles num mes-mo penal e o fim da dispersom.

Enviam Vigo e Sánchez aprisons de Palência e Leom

Presos indePendentistas

NGZ / A Associaçom para a Defe-sa da Ria de Ponte Vedra (APDR)tem denunciado que as obras deextracçom de toneladas de terras,rochas e lamas para ganhar cala-do no cais da localidade morra-cense de Marim estám a depositartodo este material a cem metrosde profundidade numha zona sen-sível entre as ilhas de Ons e Sálvo-ra, quer dizer, dentro de umha zo-na integrada no Parque Nacionaldas Ilhas Atlánticas. A APDR indi-

ca que só para 2009 os estudos deimpacto ambiental manejavamestimaçons de que uns 350.000metros cúbicos de materiais se-riam extraídos para serem depo-sitados na ria. Estes números su-peram os fornecidos polo Gover-no central a umha pergunta da de-putada do BNG no CongressoOlaia Fernández Davila. Na res-posta, o Executivo calculava que aquantidade de materiais seria deuns 140.000 metros cúbicos.

Derrames de lamas e rochas afectam as Ilhas Atlánticas

Poluiçom ambiental nas rias

IDENTIFICAÇOM DO GADOOs ‘crotais’ assinalam dadosdo animal e dos seus donos

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“nom existe umha política decidida para o desenvolvimento da agricultura ecológica na Galiza”

10 acontece Novas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

aGro

Que papel jogam os engenheirosagrícolas na produçom ecológica?Na Galiza, eu acho que até agoraesta gente jogou o papel de botá-la para trás. Peritos e agrónomostalvez nom tanto como os veteri-nários, que no campo galego go-zam de bastante mais poder de de-cisom. Eu creio que um dos maio-res entraves para o desenvolvi-mento da agricultura ecológica naGaliza é o próprio corpo do sectoradministrativo, que nom acreditanisto; aliás, dizem que é mau, e is-so nom é assim. Por outra parte,também há as excepçons das pes-soas ou colectivos que tentárompuxar por isto, além dos que esta-mos no terreno, tentando desen-volver este tipo de produçom, massomos mui poucos, e com muitasdificuldades.

Como explicarias o boom do'ecológico'?O que se passou foi que duranteumha época éramos quatro pes-soas tentando puxar por umhaagricultura ecológica que nos to-pávamos com gente totalmenteoposta, e agora todo virou de re-pente. Os que há cinco anos esma-gavam brutalmente todo o que ti-nha a ver com a agricultura ecoló-gica, querendo continuar a terpostos de trabalho e status, vam-se converter-se nos melhores de-fensores da agricultura ecológica.Há umha tendência de gente no-va, ou nom tam nova, como asses-sores ou universitários, que tentaencontrar o lucro da agriculturaecológica, ocupar esse mercadoonde começa a dar ganho.

Qual é o nível de produçom ecológica na Galiza?Nada, nom há nada, o que há é ex-tremamente marginal. Há produ-çons que começam a destacar,mas na realidade som pouquíssi-mas, nom chegando a 1% da pro-duçom em nengum produto emrelaçom ao que se produz no Es-tado espanhol e isso consideran-do que o Estado espanhol fica bas-tante atrás na Europa. Na Galiza étotalmente testemunhal, apesardo esforço dos produtores. As ra-zons som que nom há estrutura

nem apoio por detrás, e nom es-tou a falar de dinheiro; a Conse-lharia do Meio Rural nom fomen-ta em absoluto este tipo de produ-çom. Houvo um parêntese nistocom o bipartido, mas já voltamospara trás e 'o ecológico' serve paraque fagam umha foto de vez emquanto. Talvez haja algo de di-nheiro, mas o que é preciso é um-ha política decidida para desen-volver essa produçom que por en-quanto nom existe.

Existe um mercado objectivo para os produtos ecológicos?No produto de consumo fresco háum grande potencial por explorarou mui pouco explorado. Há ummercado de proximidade de pro-dutos ecológicos para gente nor-mal, isto é, que nom sejam nembetinhos nem hippies, que estásem explorar, mui desatendido,que parece que nom existe, masas pessoas que tenhem distribui-çom sabem e dim que há um mer-cado mui desaproveitado.

Que modelo de organizaçom se-ria o mais adequado para fo-mentar o sector ecológico?Eu nom sou a favor de um modeloúnico. As pessoas entendem quehá produtos de alimentaçom. Seassumirmos isto, a soluçom paracada pessoa é diferente. Pode-sequerer defender um modelo. Eugosto do modelo de relaçom di-recta ou cooperativo-associativo

ao nível do consumo, mas isso épara um produto determinado. Seescolheres esse modelo, precisasde umha certa continuidade doproduto e do produtor, cousa quetalvez nom seja fácil de encontrar.

O problema é que nom existeumha indústria de transforma-çom do produto ecológico? O tema das indústrias é um pro-blema conceitual. Que é o que mo-ve o consumo, as indústrias ou osprodutores? Em funçom da res-posta à questom escolhes um ca-minho ou outro. Agora mesmo háumha série de pessoas que te-nhem mui claro que o consumoecológico vai fazer-se através dasindústrias, e entom o que há quefazer é favorecer o desenvolvi-mento das indústrias: dar-lhes di-nheiro e os produtores já conti-nuarám. Eu tenho dúvidas, desen-volver um sector unicamente emfunçom disso parece-me mal eprefiro que sejam os produtores adesenvolverem o sector. Porém,também aqui nom há umha únicavia. Por exemplo, no caso do leiteé necessária umha indústria detransformaçom ao tratar-se de um

produto perecedoiro, mas noutrosprodutos nom seria necessário.

As futuras ajudas da PAC cen-tram-se sobretodo na protecçomdo meio ambiente e na produçomsustentável. Prevês um futuro denegócio para o sector ecológico?Isto vai depender da focagem dogoverno da Junta. Os governosautonómicos tenhem muito podere muitas ferramentas para pode-rem fazer algo, mas aqui a situa-çom nom é boa. Bruxelas preten-de “ecologizar” um pouco mais,fazendo mais “suave” a agricultu-ra convencional, que também énecessário, mas daí a que isto seconverta em agricultura ecológi-ca, falta muito. Para que isso acon-teça e que a gente produza emchave ecológica deve haver umhapolítica decidida por detrás quede momento nom há.

Pode chegar o momento em queseja um imperativo passar a pro-duzir em chave ecológica?O que sim pode acontecer é quenum momento dado as pessoas te-nham muitas dificuldades paraconcorrerem produzindo em inten-sivo e mudem, porque para concor-rerem vam ter mais possibilidadesproduzindo 'em ecológico'. Mas is-so nom é suficiente para umha des-colagem do sector em absoluto. Ossítios onde existe certo desenvolvi-mento da agricultura ecológica fô-rom aqueles onde se fijo umha po-

lítica decidida de desenvolvimento,e enquanto esta nom for feita aqui,nom vai haver descolagem.

A marca 'ecológico' está ligada acerto status social?Alguns gostariam que a sociedadeacreditasse nisso, mas nom é ver-dade que se precise ter dinheiropara comprar produtos ecológi-cos. Há essa crença e a experiên-cia di que na Galiza os consumi-dores pensam que os produtosecológicos som caros e como opensam nom os procuram. Háumha imagem que transformar,temos que explicar que o ecológi-co nom há de ser caro.

A soluçom à crise do agro passapola mudança para a produçome o mercado ecológico?Eu gostaria que todo fosse ecoló-gico, mas o problema é que nen-gumha das duas vias que existemna actualidade servem para isso.Nem umha que seja reservada pa-ra elites, nem outra que seja só en-tre mim e ti, que vivemos a 20 km.e sei como fás, porque este segun-do modelo deixa muita produçomconvencional fora do mercadoque deveria ser ecológica. A mu-dança para umha extensom deagricultura ecológica como tal,deve ir atrás de um modelo geralde produçom, com ideologia evontade real de que a agriculturaseja assim. Percentagens de pro-duçom ecológica de 2 por centoou 3 por cento nom me servem:tenhem que ser de 40, de 50 e atéchegar a 100 por cento.

A estrutura da terra galega é favo-rável para a produçom ecológica?Para mim é maçador ter que res-ponder a essa questom, porque eunom gosto de machucar o minifún-dio, que nos permite manter umhaagricultura mui diversificada ecom muito potencial ecológico. Ex-ploraçons pequenas que surtemmui poucos consumidores estrate-gicamente conectadas som um sis-tema que funciona bem, mas pou-co extensível. Se quigermos que seestenda a agricultura ecológica, te-mos que apoiar-nos em cousas quese podam repetir e multiplicar.

“nom é verdade que seja preciso ter muitodinheiro para comprar produtos ecológicos”P.V. e J.R. / Yann Pouliquen nasce na Bretanha. Depois de estudar agronomia naFrança vai para a Andaluzia, onde recebe formaçom de agroecologia. A sua insta-laçom na nossa terra é casual. Porém, a Galiza acabou por ser o seu país de aco-lhimento, onde há mais de dez anos que se dedica ao assessoramento em agri-

cultura ecológica, sendo umha das poucas pessoas que trabalha neste ámbito anível de campo. A sua visom fresca e pragmática criam um pequeno oásis dentrodo actual panorama de produçom intensiva. Conversamos com ele para conhe-cermos mais sobre um modo de produçom ainda minoritário na nossa terra.

Yann Pouliquen, enGenheiro aGrónomo esPecialista em aGricultura ecolóGica

“Há mercado ecológicode proximidade

ainda sem explorar”

YANN POULIQUENà direita na foto

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11aconteceNovas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

a banca mundial pressiona para que os governos reduzam as suas políticas sociais economia

AARÓN L. RIVAS / Com o mês deDezembro chegou um novoexemplo de como a planifica-çom económica do Estadoespanhol se encontra subme-tida aos interesses do grandecapital. Enquanto os núme-ros do desemprego conti-nuam a aumentar e os direi-tos da classe trabalhadoraminguam, o Governo socia-lista que encabeça José LuisRodríguez Zapatero nom du-vida em continuar com aaprovaçom de medidas quequalifica de urgentes, masque evidenciam o desmante-lamento dos sectores públi-cos através de cortes e priva-tizaçons. Contodo, vê-se queo chamado 'plano de ajuste'do mês de Maio e a ReformaLaboral que provocou a gre-ve geral do 29-S fôrom os pri-meiros passos de um cami-nho que só tem o seu fim noneoliberalismo selvagem.

O anúncio de umha nova série demedidas que aprofundam nos cor-tes sociais e trespassam para maosprivadas infraestruturas públicastivo lugar durante umha sessomde controlo do Congresso dos De-putados nos primeiros dias de De-zembro. Com a apresentaçom dasnovas medidas, o Governo sur-preendeu gratamente a direita es-panhola, que vê assim como al-gumhas das suas políticas som as-sumidas por um governo preten-samente “socialista”. Por outraparte, estes novos cortes tenhemlugar depois de umha reuniom naMoncloa entre a Presidência doGoverno e as 37 maiores empre-sas do Estado espanhol, demons-trando-se quem redige as leis.

Entre as políticas sociais ataca-das encontra-se o subsídio de 426euros para as pessoas desempre-

gadas que nom desfrutam de nen-gum tipo de prestaçom. Assim, oGoverno desvendou que quandofinalizar a actual prorrogaçomdeste subsídio, no vindouro mêsde Fevereiro, está ajuda desapa-recerá dos gastos públicos. Se-gundo se estima, mais de 600.000pessoas no Estado espanhol con-tárom com esta ajuda entre osmeses de Agosto de 2009 e Julhode 2010. Desde a central naciona-lista CIG considera-se “escanda-losa” a aprovaçom do fim destasubvençom, denunciando-se tam-bém que com esta nova decisomtodo um colectivo é condenado “àmarginalizaçom e à pobreza”.

Concessons às empresasMas nom finaliza neste ataque aossectores mais desfavorecidos eagraviados polo actual modeloeconómico espanhol as claudica-çons do executivo “socialista” àsempresas. Depois da reuniom quetivo lugar em finais de Novembrocom as grandes corporaçons, za-patero surpreendeu com medidasque outorgam novas vantagensfiscais a pequenas e médias em-

presas que logo seriam aprovadasno Conselho de Ministros do dia 3de Dezembro. Assim, no Impostosobre as Sociedades, o Governoamplia o número de empresas quese podem acolher ao tipo reduzi-do deste tributo (que conta comumha rebaixa de 25%) ao ampliaro seu limite até aquelas socieda-des privadas que tenham uns be-nefícios de 300.000 euros, quandoaté agora estava nos 120.000 eu-ros. Neste sentido, também se am-plifica a consideraçom de empre-sa de tamanho reduzido.

Porém, se bem que o Estado dêfacilidades à empresa privada pa-ra pagar menos impostos, o Go-verno quer compensar estas per-das para os cofres públicos com asubida dos impostos sobre o ta-

baco. Mas o aprofundamento naspolíticas neoliberais nom finalizaaqui: o executivo central lança-setambém à privatizaçom de 30%das “Lotarias e Apostas do Esta-do” e de 49% da gestom aeropor-tuária de “Aeroportos Espanhóise Navegaçom Aérea” (Aena).

E os sindicatos?Com todo o desmantelamento daspolíticas sociais que está a ter lu-gar, acha-se em falta umha res-posta perante o que realmente sig-nificam estes movimentos porparte do poder político e a iniciati-va privada: a queda do Estado debem-estar. Por umha parte, a ní-vel estatal, os sindicatos maioritá-rios CCOO e UGT encontram-secompletamente desprestigiadospola sua relaçom com o poder e orápido que esquecêrom as pala-vras de ordem do 29-S. De todosas maneiras, a forma de realizarpedidos destas organizaçons maiscentradas no impacto mediático enas declaraçons perante os micro-fones que numha verdadeira mo-bilizaçom, está completamentedesgastada perante o cerramento

de fileiras que todo o circo mediá-tico está a fazer à volta das políti-cas do Governo, pondo como pre-texto a crise da dívida pública doEstado. De um tempo a esta partequalquer tipo de reivindicaçomsindical, por mais singela que se-ja, nom tem cabimento nas infor-maçons do sistema.

A nível nacional, o maior sindi-cato galego, a CIG, convocou mo-bilizaçons contra a supressom daajuda de 426 euros para o dia 15de Dezembro, mas o maior inter-rogante continua a estar sem res-posta. As expectativas criadas no29-S para a convocatória de um-ha greve geral nacional aindanom tomárom forma e a CIG nomenvia mensagens claras sobre apossibilidade de umha convoca-tória deste tipo. Além disto, a ou-tra central sindical galega, a CUT,continua a reclamar a greve geralcomo resposta aos ataques doGoverno às políticas sociais e aosdireitos dos trabalhadores.

Assim, a possibilidade de umprotesto deste tipo talvez tomeforma agora que se conhece um-ha data limite para a reformadas pensons, no vindouro dia 28de Janeiro, umha nova agressomneoliberal para a qual as cen-trais sindicais terám que estarpreparadas para se mobiliza-rem. Os planos do Governo doPSOE passam fundamentalmen-te por atrasar a idade de jubila-çom dos 65 aos 67 anos, assimcomo por aumentar o cômputopara o cálculo desta prestaçom ereduzir as pré-jubilaçons.

Medidas neoliberais explicitam submissomdo Estado espanhol às grandes empresas

as novas medidasaprovam-se depois da

reuniom entre a moncloa e as grandesempresas espanholas

o executivo central imPulsa Privatizaçons e elimina o subsídio aos desemPreGados sem Prestaçons

o Governo pujo comodata límite o 28

de Janeiro para a reforma das pensons

ZAPATERO E BOTÍN,duas caras que ponhem demanifesto a relaçom entre Estado e actividade privada

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Novas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 201112 internacional

“a comunidade internacional contribui a incrementar asconcessons a empresas para que explorem o nosso território”

“a via diplomática está esgotada, vemos a volta às armas como único caminho”

a terra treme

Qual é a situaçom agora nosacampamentos de refugiados sa-rauitas? Que notícias tés?Agora parece que todo está maiscalmo, mas há que ir mais além,desenvolvendo o porquê. Pode-mos analisar a situaçom de douspontos de vista: por um lado, te-nhem sido cortadas as ajudas aosacampamentos desde há dousanos e as pessoas estám cansasporque há muito tempo que ascousas nom mudam e nom se vêsaída pola via diplomática. Por ou-tro lado, temos um ponto de vistapor detrás do muro: 130 pessoasdetidas à espera de julgamento,onze delas pendentes de julga-mento militar, e as pessoas quenom fôrom presas temem pola suavida. Mas isto nom é umha notí-cia, simplesmente agora os meiosfalam mais do assunto.

Está-se a viver umha situaçommui confusa, já que a Frente Poli-sário tampouco deu um passo àfrente na zona ocupada, e aqui aspessoas estám à espera. Porém,entre a zona ocupada e os acam-pamentos há umha unidade semfendas e estám a ter lugar muitasreunions entre cada lado do muro.

Quais fôrom os factos concretosque desencadeárom o conflito?Desde 1975 houvo umha limpezaétnica descarada, com mais de 700pessoas desaparecidas, muitas de-tençons... Isto unido à situaçomem que se encontram os sarauitasque vivem fora dos acampamen-tos (marginados em bairros, sempossibilidade de acesso aos mes-mos postos de trabalho que os co-lonos, salários mui baixos, elimi-naçom da cultura sarauita dos li-

vros de texto...), levou um estudan-tado farto destes abusos a recla-mar direitos básicos. Isto aconte-ceu às portas dos acampamentosde refugiados de Smara e El Aaiunem 2004. Mas estes protestos fô-rom reprimidos brutalmente atra-vés dos colonos alimentados porMarrocos, factos silenciados nosmeios de comunicaçom. O acam-pamento de agora foi umha reedi-çom destes acampamentos de pro-testo, o diferente foi a mediatiza-çom deste e a resposta do exércitomarroquino, com 133 pessoas deti-das, o acampamento dissolvido, aapariçom de fossas comuns próxi-mas do acampamento...

Que papel pensas que joga a comunidade internacional?Está mui claro: comprar o peixedo povo sariano ou fosfatos a pre-ços de riso, vender armas a Marro-cos para nos assassinarem, cederconcessons a empresas norte-americanas para que explorem onosso território. Enfim, que se oseu papel é mandar-nos ajuda hu-manitária, que a metam onde lhescouber! As resoluçons da ONU fa-lam claro: o Estado espanhol é apotência administrativa e o refe-rendo pola independência nom selevou a cabo porque nom há neu-tralidade. Todos os enviados daONU desde Baker a Ross seguemumha tradiçom diplomática afimaos EUA: adormecer o conflito. Asoluçom nom passa pola ONU.Em primeiro lugar, porque Marro-cos e o Sara tenhem posturas radi-calmente opostas; em segundo lu-gar, porque este conflito cai poloseu próprio peso, e em terceiro lu-gar por causa do seu papel parcial.

E qual é o papel que joga o Estado espanhol?Espanha abandonou o Sara em75 à sua sorte, cedeu ilegalmenteeste território a Marrocos paranos massacrarem. Desrespeitou alei internacional e sua própria lei.A relaçom do Estado espanholcom o povo sarauita é umha his-tória de traiçons. Desde a famosaTransiçom nom houvo nem umsó partido que se implicasse noconflito. Lembro umha visita deFelipe González ao acampamen-to, em que dixo que ia apoiar-nosaté a vitoria final. Desde entomaté agora estes que se denomi-nam socialistas o que figérom po-

lo meu povo foi vender armas aMarrocos para massacrar umhapopulaçom indefesa.

Fala-se de umha possível volta às armas da Frente Polisário...Já se falou muitas vezes de recu-perar a via armada, o grupo maisduro da Polisário está por isto, masesta volta às armas passa por ar-mar os residentes nos acampa-mentos. O contrário seria suicida.Quanto às nossas possibilidades,temos as mesmas que a de qual-quer país ocupado que nom temnada contra um país ocupante quetem todo. Basta olhar para a Pales-tina... Mas nos dias de hoje é umclamor a volta às armas e este pas-so conta com toda a legitimidadedo mundo: é o unico caminho. Vi-mos que pola via da diplomacianom obtivemos nada, e se já se fi-xo umha vez, também o podemosvoltar a fazer. O único que fai re-cuar a Frente Polisário é perder orespeito e o apoio internacional,

mas creio que há que perder essemedo. Realmente, neste sentido,sempre estivemos sós.

Os acontecimentos tivérom umseguimento importante dosmass-media, que se posicioná-rom com o povo sarauita. Comovalorizas este posicionamento?Infelizmente, os meios de comu-nicaçom jogam um papel funda-mental nos conflitos. Se estesnom aparecerem neles, parececomo se nom existissem. Nos úl-timos tempos fomos manchete demuitos jornais graças a que Ha-minetu Haidar estivo em greve defome 32 dias ou por causa da bru-tal repressom que sofreu o acam-pamento. No entanto, a realidadecontinua para além da imprensa.

Falou-se da manipulaçom porparte da Frente Polisário. Con-cretamente com a apariçom dasfotos de crianças atendidas numhospital que depois se demons-trou que eram palestinianas...Essas fotos em nengum momentopassárom pola Frente Polisário,que é um partido marxista-leninis-ta, e nom creio que o El Mundo ouo ABC, que som jornais de direita,pedissem as fotos à Frente. Pensoque os meios quigérom dramati-zar tanto que o figérom mal. O er-ro partiu da agência EFE. Parece-me incrível que digam que nós ma-nipulamos, quando nos acabamde massacrar. A única realidade éque o exército marroquino cargou,detivo muita gente e desmantelouo acampamento. A seguir, por par-te do nosso povo, houvo alterca-dos, mas estes fam parte do nossodireito a defendermo-nos.

fadi mbarek, sarauita residente em comPostela

MARIA ÁLVARES / Fadi Mbarek chegou a Compostela em 95 proveniente do acam-pamento de refugiados de Tindouf, onde ainda se encontra a maior parte da suafamília. Desde aquela mora e trabalha na Galiza, “o seu segundo País”, sem per-der de vista a realidade do seu povo, junto do qual procura voltar cada dous

anos. Um povo do qual chegam constantemente notícias da dura repressom aque é submetido. A última, o desmantelamento do acampamento em El Aaiun,no qual fôrom detidas 133 pessoas, entre elas a sua própria tia. Umha sua pri-ma, entretanto, repom-se de umha brutal malheira dos soldados marroquinos.

“a relaçom da espanha com o

sara é umha história de traiçons”

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FERNANDO ARRIZADO / A línguacatalá é o principal sinal de identi-dade e vínculo entre os Países Ca-taláns (Catalunha, Ilhas Baleares,País Valenciano, Faixa de Poente,Andorra, Catalunha Norte e Al-gueiro). Único idioma oficial du-rante a Baixa Idade Média, nomfoi até o séc. XVI que o castelhanopenetrou na sociedade.

Na aurora do séc. XVIII, a Cata-lunha revolta-se contra o novomonarca espanhol, Felipe V. A

chegada dos Bourbons acarreta asubstituiçom das Cortes Catalás,o mais semelhante da época a umparlamento actual, polas Cortesde Castela, órgao foráneo e so-mente consultivo. O dia 11 de Se-tembro, data em que Barcelonasucumbe perante o exército fran-co-castelhano em 1714, simbolizao fim da autonomia catalá.

Cada 11 de Setembro o povo co-memora esta derrota no seu DiaNacional, que em 2014 fará 300

anos. ERC propugera um refe-rendo de autodeterminaçompara entom, coincidindo com ofinal da legislatura estreada

em Dezembro, mas os maus resul-tados eleitorais do principal parti-do independentista deixam estapossibilidade em suspenso.

Que nos oferece o dia 28 de No-vembro, para além da queda dotripartido? O bloco catalanista(CiU, ERC, ICV e SI) ocupa dousterços do Parlamento, graças à su-bida dos primeiros; o voto aos par-tidos de obediência orgánica es-panhola premiou os mais nacio-nalistas (PP e C's) e castigou o

PSC; e pola primeira vez o inde-pendentismo está representadopor dous grupos, com a entradado de Laporta, mas com menosmandatos parlamentares por cau-sa do declínio de ERC, que hesitaentre ser a referência arredista(actual direcçom) ou converter-se

no partido nacional da esquerda(carodistas).

Além da crise laboral, comum aoutros países, a Catalunha encaraum importante repto, isto é, a inte-graçom dos imigrantes, tanto oschegados de dentro como de forado Estado espanhol, no seu proces-so de construçom nacional/estatal.

A este respeito, duas questonsdeveriam chamar a nossa aten-çom na Galiza: o catalám está nor-malizado e é língua de prestígio;e, apesar do TC, o carácter nacio-nal da Catalunha é largamente as-sumido pola sociedade. Eis a Nor-

malitat català.

13internacionalNovas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

“É necessário romper com o muro fronteiriço que foi criado pelo salazarismo e pelo franquismo”alÉm minho

“no norte de portugal ninguém sabe quesomos uma euro-região com a Galiza”

entrevista a Pedro baPtista, líder do movimento Partido do norte

NUNO GOMES / Uma nova forçapolítica poderá vir a alterar asrelações da região do Nortede Portugal com Lisboa e,quem sabe, até com a Galiza.A Constituição portuguesaproíbe os partidos regionais,mas o Partido do Norte já deuos seus primeiros passos co-mo 'Movimento'. Entrevistá-mos o líder Pedro Baptista.

Pode falar-nos de como começouo Movimento Partido do Norte?Se quer que lhe conte a estória es-pecífica, isto surgiu de uma con-versa num canal de televisão da-qui do Norte, num debate, em queeu, que sou um homem de es-querda, convergi com alguémvindo da direita, dos setores con-servadores, como é o AnacoretaCorreia. Concordámos que haviauma situação que implicava acriação de uma força autónoma,aqui no Norte, para defender osinteresse da Região.

Qual o objetivo primeiro?O imediato será elegermos umgrupo parlamentar para a Assem-bleia da República, porque são aspróximas eleições que temos.

Como é que vê o estado das rela-ções entre o Norte de Portugal ea Galiza e como augura o futuro?Oiça, eu acho uma coisa espanto-

sa isso. Na Galiza toda a gente fa-la de Galiza e Norte de Portugalcomo uma euro-região, e aqui noNorte de Portugal ninguém sabeque somos uma euro-região.

É preciso desenvolver o maispossível as relações entre as pes-soas, entre as associações, entreos partidos -os partidos que se-jam representativos da região- nosentido de estabelecer e estreitarcada vez mais os laços transfron-teiriços. Para isso também é ne-cessário romper com o muro que

foi criado pelo salazarismo e pelofranquismo -o muro fronteiriço.A fronteira acabou e nós temosagora de desenvolver cada vezmais os meios de comunicação,os meios de ligação entre o Nortede Portugal e a Galiza.

Por exemplo esta questão da li-nha Porto-Vigo. Não há razão ne-nhuma para estarmos à espera.As cerca de 100 Câmaras do Nor-te de Portugal, ou algumas delas,deviam associar-se no sentido decriarem uma empresa pública,

que pode ser feita com a partici-pação do governo regional gale-go - já tenho a fundamentação ju-rídica - para eles próprios criaremuma empresa (como a que existeem Portugal, a REFER, mas decaráter regional) para concessio-narem a linha e para que o con-cessionário se candidate aos fun-dos europeus.

Mas realmente o que é axial, oque é o eixo do ponto de vista po-lítico é esta euro-região Norte dePortugal-Galiza. É bom que osgalegos também tomem cons-ciência -os que ainda não têm-que o problema do Norte de Por-tugal com Lisboa é semelhante aoproblema que a Galiza tem em re-lação a Madrid. São dois proble-mas paralelos.

Existem duas entidades que tra-balham no eixo. Uma é o EixoAtlântico e outro o AgrupamentoEuropeu de Cooperação Territo-rial -a primeira a nível europeu-que poderia movimentar fundoseuropeus. Antes de termos essa

autonomia, é importante agilizarestas entidades?É importante ir avançando nestasentidades cooperacionais que aUnião Europeia propicia, mas te-mos de saber que o mais impor-tante é conquistar uma bandeira.Para nós, no Norte, conquistar abandeira Norte, e depois conquis-tarmos a bandeira da euro-regiãoNorte de Portugal-Galiza.

Pode dar algum exemplo do malque o centralismo nos tem feito?Basta ver, nos últimos dias, estatentativa de assaltar o Porto deLeixões, por exemplo. Queriamtomar o Porto de Leixões e pas-sá-lo para uma gestão nacional,da mesma forma que não queremque o Aeroporto Sá Carneiro seautonomize, querem mantê-lodominado pelo centralismo paraque se possa fazer a gestão queinteressa a Lisboa. Já que esta-mos a falar com os nossos com-panheiros e compatriotas gale-gos, basta ver o assalto às verbasda via férrea Porto-Vigo lá parabaixo, para o Caia-Poceirão. Éuma vergonha que demore tantotempo uma viagem entre o Vigoe o Porto, de 120 km. Não preci-samos de TGV, de grandes velo-cidades. Mas precisamos ummeio de transporte que faça es-ses 120 km numa hora, como fa-zemos Porto-Coimbra.

o catalám está normalizado e é língua de prestígio; e, apesar do TC, o carácter nacional da Catalunha é largamente assumido pola sociedadePovos

Normalitat català

“Há que desenvolvermeios de ligação

entre as duas comunidades”

o bloco catalanistaocupa dous terços

do parlamento, pola subida de Ciu

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14 dito e feito Novas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

Os projectos de consumo cons-ciente som promovidos a partirdo ámbito local, funcionam deacordo com um modelo demo-crático, visam alcançar preçosjustos para quem produz e quemconsome e reivindicam uma mu-dança nos meios de produçom edistribuiçom. O caminho do con-sumo responsável começou naGaliza há já mais dumha década,em relaçom ao comércio justocom países do Sul e a produçomlocal. A Cova da Terra, que nopassado 11 de Dezembro cele-brou o seu décimo quinto aniver-sário, foi umha das iniciativaspioneiras neste terreno, juntocom outras como a ONG Ama-rante, que hoje conta com lojaspor todo o País. Clara Raposo, in-tegrante da associaçom luguesa,comenta que nos inícios da suaactividade "nom existia um con-ceito formado de consumo res-ponsável nem de comércio justo,de modo que as vendas eramquase inexistentes".

Soberania alimentarNos últimos anos, a experiênciadestas e outras iniciativas pionei-ras, como o trabalho do Sindica-to Labrego pola soberania ali-mentar, servírom de base paracriar múltiplos projectos, inclu-sive fora das cidades. Gente dosmovimentos sociais galegos oupessoas que simplesmente víroma necessidade de fugir das gran-des superfícies fôrom fundandocooperativas que trabalham de

jeito directo com os labregos. AÁrbore foi o primeiro projectodeste tipo, num momento emque, como Diego Alonso recor-da, nom existiam referentes. Asmudanças nestes anos fôromtam notáveis que hoje na coope-rativa contam com três trabalha-doras e 300 famílias associadas,por volta dum terço do conjuntode pessoas que participam des-tes projectos na Galiza.

Diferentes alternativasEnquanto a Árbore preferiu aopçom vegetariana, a Xoaninha,de Ferrol, escolheu oferecertambém produtos da carne, sem-pre da perspectiva ecologista elocal. Nos seus seis anos de tra-jectória aumentárom das 30 fa-mílias iniciais para quase 200,organizando-se em assembleiasem que também participam osprodutores. Olalha Fernández,membro da cooperativa, salien-ta o escasso apoio institucionalcom que contam, apesar da cres-cente aceitaçom social. Em Ou-rense, a associaçom de consumoSemente viveu a mesma evolu-çom, ainda que um dos seusmembros, David Bruços, adver-te de que continua a ser umhaopçom minoritária na Galiza. AEirado é o projecto mais vetera-no na capital galega, embora naactualidade se estejam consoli-dando novos grupos como FabasNegras ou o mercado Lusco eFusco. A primeira destas duasiniciativas leva apenas meio ano

de andamento comerciando comproduto da zona de Bertamiránse Rois, e, segundo di RaquelGonzález, tenhem já intençomde criar um outro grupo. A zo-caminhoca na Corunha e a Gra-dicela em Ponte Vedra começá-rom também a sua trajectória re-centemente.

Estas e outras iniciativas fô-rom reunidas em 2008 na RedeGalega de Consumo Consciente,que pretende "melhorar o traba-lho individual e conjunto sob osprincípios de sustentabilidade,consumo consciente e responsá-vel, desenvolvimento local e ar-raigamento social, comércio jus-to, soberania alimentar, agroeco-logia, economia social, luita con-tra os transgénicos e transforma-çom social nom capitalista".

Quando o comer é políticoAs cooperativas e grupos de con-sumo responsável com que o NO-VAS DA GALIzA tivo contacto paraesta reportagem coincidem emressaltar o fundo político da sualuita quotidiana. O capitalismoactual atopa o seu branco no ter-ritório, já for na desfeita polaenergia ou na dos alimentos:

transgénicos, grandes superfí-cies e destruiçom da produçomlocal som alguns exemplos. Épor isso que, como assinala Da-vid Bruços, "na luita agroecológi-ca está a coincidir gente de dife-rentes âmbitos políticos", consti-tuindo umha base heterogéneamui interessante, segundo DiegoAlonso, da cooperativa viguesa.O problema que tenhem que sal-var estes projectos hoje é preci-samente a absorçom do discursoecológico por parte dos agentesdo capitalismo verde, quer gran-des cadeias de alimentaçom,quer as próprias instituiçons, jáque como adverte Olalha Fer-nández "é certo que a consciên-cia é maior, mas o que se está aintroduzir nas grandes superfí-cies é só a etiqueta".

Projectos agroecológicosOs projectos agroecológicos con-tinuarám medrando, embora ofagam a par do consumismo. Pa-ra Clara Raposo, estes "som con-ceitos que medram paralelamen-te, conscienciaçom e consumis-mo som a outra face da mesmamoeda". O objectivo para os pró-ximos anos é continuar crescen-do em oposiçom ao consumismodo sistema capitalista, procuran-do a transformaçom social e au-mentando os produtos que umhapessoa pode conseguir de mododirecto. Na Árbore, a dia de hoje,é possível fazer umha cesta dacompra sem se ter que recorreràs grandes superfícies: "só nosfalta papel de banho", di DiegoAlonso. Para favorecer a troca deexperiências e a partilha de re-cursos, existem vários pontos deencontro destas iniciativas, co-mo a Iniciativa pola SoberaniaAlimentar dos Povos (ISAP), a jácitada Rede Galega de ConsumoConsciente ou a Plataforma An-titransgénicos.

dito e feito

Iniciativas por um consumo conscienteconsolidam-se para a defesa da terra

Gente dos movimentos ou pessoas que querem fugir das grandessuperfícies fundárom cooperativas em contacto com os labregos

O.R. / De Doncos a Moanha, do Carvalhinho a Ferrol: o consu-mo consciente estende-se polo País através de cooperativas,associaçons ou simplesmente pessoas que vem na soberaniaalimentar umha das chaves da luita contra o capitalismo ac-tual. Defesa da terra e rejeiçom do consumismo estám detrásdo seu discurso, embora grandes superfícies e meios empre-sarias, que começam a se fazer eco destas iniciativas, limitemo consumo responsável a umha etiqueta verde obviando assuas reivindicaçons políticas.

salienta o escasso aPoio institucional com que contam aPesar da crescente aceitaçom social

Consumismo e consumo responsável

som conceitos quemedram em paralelo

a absorçom da etiqueta ecológica

polo capitalismo verdeé problemática

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Como se enquadra o nascimentoda Ceivar na história da luita an-ti-repressiva na Galiza?É preciso dizer antes de mais queonde há luita há repressom, e on-de há repressom há solidarieda-de. Na Galiza, historicamente aluita anti-repressiva vai mui ven-celhada com a existência de pre-sos. O nascimento das anterioresorganizaçons anti-repressivas quefuncionam durante as décadas de80 e 90, as Juntas Galegas polaAmnistia (JUGA) e os ComitesAnti-Repressivos (CAR), dá-se emcontexto de existência de presos ede procesos de luita ilegal e de re-pressom com maiúsculos.

Em boa medida, a Ceivar sai-sedesta afirmaçom. Esta organiza-çom nasce em 2003, num contex-to em que os presos que existemsom dumha etapa anterior, na al-tura encontram-se cumprindo ter-ceiros graus ou estáncias noctur-nas em prisom, e que aginhasaem. Nesse momento nom háumha luita ilegal como nos anosanteriores. Contodo, existe e dá-se com mais freqüência o que cha-mamos “repressom de baixa in-tensidade”, gente processadaatravés de julgamentos de faltasou processos penais por laboresde activismo ou propaganda. Éentom que o independentismo faiumha analise em que se vê que omovimento precisa de se dotardumha estrutura que denuncie esocialice a existência desta re-pressom política e aliás dê cober-tura aos militantes que enfrontamprocessos judiciais.

Actualmente, de quantos proces-sos judiciais pode estar a encarre-gar-se a equipa jurídica da Ceivar?Se contarmos processos adminis-trativos e judiciais, passam docento ao ano. E logo, tenha-se emconta que à volta dum caso podehaver diversos processos. Umexemplo é o caso dos presos inde-pendentistas. As denúncias da dis-persom e as agressons nas ca-deias som processos diferencia-dos. Entom, procedimentos pe-nais que levam os advogados quetrabalham com a Ceivar podemser a dia de hoje 30 ou 40. Depois,se somarmos individualmente os

procedementos administrativos,podemos ultrapassar os 100.

Falavas da existência dumha“repressom de baixa intensida-de” por parte do Estado. Quaissom os mecanismos que esteemprega para exercê-la?Som dumha tipologia variada eafectam diferentes ámbitos so-ciais; obreiro, vicinal., ecologistamas especialmente incide no com-bate ao independentismo organi-zado. Vai desde tentar meter me-do à gente nova com umha visitapolicial, passando pola repressomfísica em actos políticos que se or-ganizam na rua, até a repressomeconómica que é a variedade queestá a ter maior presença. Há tam-bém processos de faltas e penaisque nom concluem com ingresosna cadeia por serem sentençasmenores de dous anos e por nomterem os condenados anteceden-tes penais. Noutros casos ocorreque a repetiçom de condenaçons,ainda que sejam menores, podemsupor um ingresso em prisom.Existe aliás outra variedade que éaquela na que ainda nom poden-do condenar judicialmente ac-

tuam como processos fiscalizado-res e criminalizadores, no que osmédia do sistema tenhem um des-tacado papel, tal foi o caso da fa-mosa "Operación Castinheira".

Ocorre também agora que hápetiçons de prisom de 4, 5 e até 7anos já nom por qüestom de luitailegal, mas por se ter participadoem mobilizaçons de rua conflituo-sas. Actualmente, em procesosque se encontram abertos há vá-rias pessoas com risco de entra-rem na cadeia. Ademais de todoisto, hoje em dia temos que serconscientes de que os mecanismosde controlo que tem o Estado sommui potentes e que , em casos má-

lia sua ilegalidade, os empregamsem nenhum tipo de rubor.

A reapariçom e desenvolvimen-to da luita ilegal neste último lus-tro no País veu acompanhadadum reajuste na política repressi-va do Estado, esta repressom quechamamos de baixa intensidadefoi-se complementando com outr-ras medidas próprias dumha re-pressom com maiúsculos que im-plica a aplicaçom de processos econdenas por terrorismo, disper-som dos patriotas galegos presos,repressom penitenciária, vulnera-çom de direitos civis e políticos...

Centramo-nos na repressomeconómica, há pouco houvo umcaso em Vigo em que os partici-pantes dumha concentraçom fô-rom sancionados com multas demais de 900 euros. Como se res-posta a este tipo de agresons?Normalmente pola via admnistra-tiva há mui poucas para nom dizernenhuma possibilidade, pois os re-cursos que se apresentam por estavia som sancionados pola própriaadministraçom. As sançons admi-nistrativas som umha medida polí-tica, nom estám a aplicar o direito

penal. Nom se persegue a comis-som eventual dum delito, mas um-ha ideologia e um movimento po-lítico. Depois dos três recursos ad-ministrativos dam-che a possibili-dade dum contencioso-adminis-trativo num julgado. Mas esteprocesso nom é gratuito, há quedispor dum advogado e se se per-de há que pagar as custas judiciais,que podem ser um mínimo de 300euros. Contodo a primeira medidapara responder e dotar todo pro-cesso dumha defesa agil e lúcida.

Fai-se mui necesária a solidarie-dade comunitária para fazer fron-te a estas sançons e que as pes-soas que participem numha con-centraçom nom fiquem logo nacasa. Por outra parte, socializá-loe denunciá-lo publicamente, pon-do em marcha outro tipo de me-didas capazes de pressionar essasdecisons, por exemplo atraves deorganismos que estám para paraobservar e denunciar a vulnera-çom de direitos e liberdades. Tam-bém através campanhas que de-nunciem e assinalem directamen-te os responsáveis de todo isto,que nom som outros que AntomLouro, Delfim Fernández, J.M. Po-se Mesura, Camilo Isaac Ocampoe José Vázquez Portomeñe dele-gado e subdelegados do governoespanhol na Galiza, executandoos mandados do ministério do in-terior do governo espanhol. Querdizer, é o PSOE que está a levar acabo toda esta política repressiva.

Depois de todo o que foi faladopode-se dizer que há um ataquecontra os direitos dos indepen-dentistas galegos?Pode, sim. Para pôr um exemplo,enfronte do MARCO é onde sefam a grande maioria das mobili-zaçons do tecido associativo da lo-calidade de Vigo, muitas vezessem serem comunicadas. Mesmoem muitas ocasions há concelhei-ros concentrados neste tipo deconvocatórias. Nós mobilizamo-nos ali muitas vezes, a última po-los presos independentistas e pas-sárom-nos umha factura de25.000 euros. Isto evidencia a per-seguiçom que se exerce sobre um-ha ideologia e sobre umha sériede reivindicaçons.

15a exameNovas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

a exame “predomina a ‘repressom de baixa intensidade’ através de julgamentos de faltas ou processos penais por labores de activismo ou propaganda”

“É o psoe que lidera a política repressiva contra o independentismo através de interior”A.L.R. / A organizaçom anti-repressiva Ceivar trabalha desde há anos para assegu-rar as garantias legais aos independentistas galegos enfrontados a processosjudiciais, denunciando também a repressom que as Forças de Seguridade do Es-tado exercem contra este movimento político. Umha repressom que se expressa

mediante várias vias: prisom, multas, cargas policiais... Precisamente, esta con-versa tivo que realizar-se na casa do próprio entrevistado, ao começar a cumprirumha condenaçom de arresto domiciliar por participar numha campanha da ARía Nom se Vende que denunciava os interesses especulativos da Caixanova.

entrevista a óscar Gomes, Porta-voz nacional da ceivar

“várias pessoas podem ir ao cárcere

por ter-se mobilizado”

“Fai-se necesária a solidariedade para

enfrentar as sançons”

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A nova Lei de Águas da Galizaera aprovada em 26 de Outubrocom os únicos votos da maioriaparlamentar do Partido Popular.Um debate público, um tanto re-duzido, centrado quase em exclu-sivo em preços e isençons e umsuposto 'afám recadatório' daJunta por trás da reforma, deixa-va via livre ao governo ultralibe-ral que encabeça Núñez Feijóopara onerar pola vez primeira oconsumo dum bem básico comoa água. Ao mesmo tempo, a Leideixa aberta ao novo ente públicoAugas de Galicia a possibilidadede gerir os recursos hídricos gale-gos, assim como as instalaçonshidroeléctricas já existentes, nascoordenadas do mercado, poisque “a entidade axustará regular-mente a súa actuación ao dereitoprivado”. Esse novo ente resulta-rá da fusom da já existente Augasde Galicia, responsável pola ges-tom da água, com a Empresa Pú-blica de Obras e Serviços Hidráu-licos. Augas de Galicia regerá-sepor um Conselho de Administra-çom sem submetimento ao con-trolo parlamentar.

Apropriaçom do bem universalO ponto fundamental de debate éo que deu em chamar-se nosmeios e no debate entre as forçaspolíticas institucionais ‘cánone daágua'. Um nome debaixo do qualse oculta a cobrança por parte daAdministraçom, nomeadamentedas Augas de Galicia, polo consu-mo de água em território da Co-munidade Autónoma Galega.Tanto se esta procede de poços ca-seiros, de canalizaçons de águas

comunitárias ou canalizaçonsmunicipais, a Junta arroga-se comesta Lei a potestade de cobrar po-los litros dum bem até hoje uni-versal, sobre o qual, veladamente,se erigem como proprietários.Além do mais, um segundo ‘câno-ne de verqueduras' irá somar-seas taxas tributárias, para aquelaspessoas que morarem em Conce-lhos cujas estaçons de tratamentode águas dependam da Junta.

A Lei de Augas vem retirar comeste novo modelo o até agora vi-gente, no qual a cobrança possí-vel como 'cânone de abastecimen-to' era polo serviço e o abasteci-mento. Um cobro que afectava aquem fazia uso de redes de forne-cimento como copagamento, jáque logo, das despesas de manu-tençom das instalaçons públicas.

Poços e ‘traídas’ comunitáriasÉ precisamente a futura cobran-ça polo serviço de canalizaçonscomunitárias o que mais polémi-ca tem levantado. Esta fórmula deabastecimento é com claridade amaioritária no rural galego. Naausência da administraçom, é apopulaçom das paróquias ou doslugares quem se tem encarrega-do da construçom das aduçons deágua, mesmo no que refere à for-ça de trabalho.

Nom som poucos os casos, poroutra parte, em que estas obrasficam numha situaçom de alegali-dade –desde há várias décadas oudesde há só uns anos– para a quala lei nom prevê um período detransiçom e legalizaçom, comofoi reclamado em emendas daoposiçom parlamentar no debatesobre a norma.

O debate ficava concluso, parao Partido Popular, com a aplica-çom para as casas usuárias destetipo de estruturas dumha 'bonifi-caçom', umha isençom de 80 porcento no início, e que posterior-mente chegou a 90 por cento apósa aprovaçom dumha emendaapresentada polo Bloque Nacio-nalista Galego, para aquelas re-des que estiverem completamen-te legalizadas. Tal como avisárom

nos meios algumhas das associa-çons de canalizaçons comunitá-rias do Pais, dada a situaçom deirregularidade antedita, o futuromais imediato é que umhas co-munidades comecem a pagarcem por cento sem quase tempopara arranjarem a sua situaçomjurídica, mentres outras pagam10 por cento.

Foi ainda discutida a obrigato-riedade, incluída primeiramentena Lei, de os utentes instalarem epagarem contadores de consumo.De novo, o PP aceitou modificar aproposta sem tocar o fundamen-tal: eliminada a obrigatoriedadede instalar contadores, será a Au-gas de Galicia quem realize a 'esti-mativa objectiva' do consumo pa-ra posterior cobrança. Excep-tuam-se aqueles casos em que o

ente considerar conveniente, se-gundo arbítrio próprio, obrigar ainstalar os aparelhos de mediçom.

Fica sem constar na Lei, alémdisso, qual vai ser a fórmula aaplicar para os casos freqüentesem que o emprego de aduçonspúblicas de águas alterna com ouso de poços próprios, seja porseca ou por umha contaminaçompontual destes, seja polo empre-go dumhas e outros para fins di-ferenciados. É de entender, na fal-ta de consideraçons especiais aeste respeito, que as casas paga-rám dous 'cânones', renunciaráma umha das fontes de auga ou fi-carám expostas a multas que po-dem chegar a 30.000 euros.

Duplicar arrecadaçom em 2011Embora o governo tenha negadoumha e outra vez que da Lei deAugas de Galiza agora aprovadatenha o propósito de aumentaras quantidades arrecadadas poloemprego de água, o certo é queessas quantias vam ser em 2011 oduplo da soma tributada em 2010.

Com base no orçamentado po-la própria administraçom autonó-mica, a arrecadaçom deste ano atítulo de abastecimento será de34,7 milhons de euros. A Lei deAugas prevê, para 2011, 68,5 mi-lhons de euros cobrados a través

Novas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 201116 a fundo

a entrada das empresas na distribuiçom avança à medida que se agrava a crise económica junto à agonia financeira dos Concelhosa fundo

quatro transnacionais controlam 72 Por cento do reParto deste bem natural na Galiza

X.R.S. - C.B.G. / Os movimentos empresariais encaminhados a tirar rendimentoeconómico da água coincidem com vozes de alarma que a nível internacio-nal adiantam os perigos da escasseza dum bem universal ao qual já nomtem acesso directo a sexta parte dos habitantes do planeta. Grandes trans-nacionais controlam já o abastecimento de água para a maior parte da Galiza

urbana enquanto nas áreas rurais som as comunidades vicinais as que, es-quecidas polas administraçons, se ocupam de fazer chegar água às casas eos cultivos. Neste contexto, a nova Lei de Águas favorece a sua mercantiliza-çom preparando o terreno para que sejam as empresas as que governem so-bre este recurso fundamental para a sobrevivência.

legislaçom e privatizaçom do abastecimentosubmentem acesso à água às leis do mercado

augas de Galicia regerá-se por um

Conselho sem controlo parlamentar

a recadaçom polaágua duplicará-se em2011 a respeito dos

dados deste ano

centros sociaisaguilhoarS. Marinha · Ginzo de Límia

arrincadeiraC. Histórico · Riba d’Ávia

c.s. almuinhaEzequiel Masoni · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

lso atocha alta 14Monte Alto · Corunha

atreu!S. José · Corunha

aturujoPrincipal · Boiro

a casa da estaciónPonte d’Eume

a casa da trigaP. Maior · Ponte Areias

c.s.o. casa do ventoFigueirinhas · Compostela

a cova dos ratosRomil · Vigo

a esmorgaTelheira · Ourense

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

a fouce de ouroBertamiráns · Ames

o frescoBº da Ponte · Ponte Areias

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

o GuindastreXulián Estévez, Teis - Vigo

henriqueta outeiroQuir. Palácios · Compostela

c.s. lume!Gregório Espino · Vigo

mádia levaAmor Meilám · Lugo

srcd PalestinaRua do Ril · Burela

o PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revoltaRua Real · Vigo

csoa o salgueirónZona Massó · Cangas

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

setestreloPerez Viondi, 9 · Estrada

tarabelaDonramiro, 17 · Lalim

a tiradouraReboredo · Cangas

cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

csa xogo descubertoR. Salvaterra, Coia · Vigo

POÇOS PARTICULARESOs seus donos terám que pagar taxas por obter água do subsolo

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Nove marcas que obtenhem aágua que engarrafam de manan-ciais galegos estám integradas na‘Asociación Nacional de Empre-sas de Aguas de Bebida Envasa-das’, sociedade empresarial quedefende os interesses do negócio.Tendo em conta o volume de ven-das, a mais relevante delas é aAguas de Mondariz, que está con-trolada na sua totalidade pola Vi-chy Catalán. Segue-lhe a verinen-se Cabreiroá, nas maos da donada Estrella Galicia, Hijos de Rive-ra. A terceira é a Fontecelta, pro-priedade da agrupaçom empresa-rial do ex-presidente do Celta eprocessado polos tribunais, Horá-cio Gómez, com importantes inte-resses no sector da construçom. AAgua de Sousas está participada acem por cemto pola empresa ‘In-versiones Inmobiliarias Gallegas’que, por sua vez, conta com parti-cipaçons no clube de golfe ouren-sao Montealegre. E a quinta dasgrandes, a Fontoira de Cospeito,fai parte do empório da Coca-colaatravés da sua marca Aquabona.

O negócio consistente em me-ter numha garrafa um líquido aque se pode aceder de forma gra-tuita em qualquer fonte ou domi-cílio era impensável há décadase tivo a sua eclosom nos últimosvinte anos. Se no início da déca-da de 90 eram comercializados

dous mil milhons de litros, o vo-lume ascendeu para 5.600 mi-lhons em 2008.

Fraude empresarialA Organizaçom das Naçons Uni-das para a Agricultura e a Alimen-taçom (FAO) recomenda que seutilize água da bilha para o consu-mo em vez da envasada, assina-

lando que ambas cumprem a mes-ma funçom de hidrataçom. Ape-nas umha ínfima parte das águascomercializadas contam com pro-priedades minero-medicinais be-néficas para a saúde superioresaos da água da bilha.

O relatório Redes, difundido po-lo Natural Resources DefenseCouncil, analisou 103 marcas deágua engarrafada. Conforme assuas conclusons a quarta parte de-las valiam-se da água dos depósi-tos municipais para depois proces-sá-la, enquanto umha de cada trêscontinha substáncias poluentes.

O comércio mundial é controla-do polas transnacionais Danone,Nestlé e Coca-cola. A última destastrês suscitara um escándalo em2004, quando a Inspecçom daÁgua Potável británica detectaraque a água que esta companhia ex-traía do rio Tamisa continha depoisde ser processada elevados teoresde bromato, umha substáncia quepodia tornar-se cancerígena trásser consumida em grandes quanti-dades, o que forçara a empresa aretirar meio milhom de garrafas dasua marca Dasani do mercado.

O negócio move por volta devinte e dous mil milhons de dóla-res por ano, incrementando atéduzentas vezes o seu valor a res-peito dos preços do acesso actualà água da bilha.

17a fundoNovas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

do Cánone da Água e mais o deVerqueduras, o que representa97 por cento de aumento.

É neste última cobrança, polo'Cánone de Verqueduras', em quese espera um crescimento gradualda arrecadaçom. A previsom éque o número de famílias afecta-das passará de 269.111 no anopróximo para 350.514 em 2016,ano em que se aguarda que estetaxa reporte 29 milhons de euros.Som os números em que se irámtraduzindo as etapas de incorpo-raçom daqueles Concelhos de-pendentes da Conselharia doMeio Ambiente para os trabalhosde tratamento de águas. Em 2013serám 164 Concelhos, fundamen-talmente os de tamanho médio, al-go mais de metade dos Concelhosda Comunidade Autónoma Gale-ga. No ano vindouro, no primeiroperíodo, 85 Concelhos serám osprimeiros a se ver afectados emtoda a sua extensom pola políticaem matéria de águas da Junta deFeijóo. Umha política de águasque, pese a estar em vigor, nomserá cobrada pola vez primeira atédepois de passarem as eleiçonsmunicipais de Maio de 2011.

Transnacionais distribuem a águaO grosso do abastecimento daágua galega passou em vinte anosde ser bem comum a estar nasmaos dumhas poucas transnacio-nais. 72 por cento da água que con-sumimos está controlada polasempresas Aquagest, Urbaser, Ges-tagua e Aqualia, que por sua vezsom as marcas que utilizam na Ga-liza grandes empresas com impor-tante releváncia no comércio inter-nacional deste bem natural quepor fortuna abunda no país.

Conforme aponta o jornalistaMiguel Á. Rodríguez, cerca dedous milhons de galegos e gale-gas pagamos a estas empresaspor ter acesso à água, gerando umvolume de negócios anual que as-cende a 600 milhons de euros.Através de concessons munici-pais aprovadas por várias déca-das, na prática totalidade das ci-dades e em numerosos Concelhossom estas sociedades as que aca-bam por determinar os preços,obtendo um lucrativo negócio, aoobterem o monopólio do serviçonas áreas que controlam. De mo-do que todos os lares estám obri-gados a financiar-lhe os cofres.

A Aquagest fornece o serviçode águas em Santiago de Com-postela, Ourense, Ponte Vedra enoutros sessenta Concelhos, dis-pondo dumha clientela directa de

890.000 pessoas. Está controladapola Águas de Barcelona que,por sua vez, tem à transnacionalfrancesa Suez Environnementcomo accionista de referência. AUrbaser, filial da construtora deFlorentino Pérez ACS, controla49 por cento da sociedade Ema-fesa, que abastece Ferrol. A Ges-tágua, vinculada à multinacional

francesa Saur International, é aresponsável polo saneamento daágua lucense e apronta-se parase apossar do controlo do seuabastecimento. E a Aqualia, quepresta este serviço em Vigo, é fi-lial da FCC das Koplowitz e estáassociada à grande do sector etambém francesa Vivendi. Coru-nha é a única grande cidade ga-lega a manter o serviço nas maospúblicas, através da sociedademunicipal Emalcsa.

Os gestores do país dos mil riospreferem pois entregar às gran-des empresas um bem natural bá-sico antes do que garantirem oacesso através de sistemas públi-cos ou comunitários. E, através

desta fórmula, os preços elevam-se ano após ano nos municípiosem que o serviço foi privatizado.A província que lidera o processode mercantilizaçom, Ponte Vedra,tem um preço médio que ultrapas-sa o dobro do que se cobra num-ha província como Lugo, em queainda som mais os Concelhos queprestam directamente o serviço:1,62 euros polo metro cúbico delíquido frente aos 0,69 euros pa-gos na demarcaçom oriental.

E o processo privatizadoravança à medida que se agrava acrise económica junto à agoniafinanceira dos Concelhos. Aspercentagens galegas contras-tam com a média estatal, em quepouco menos de metade do ser-viço –45 por cento– está nas maosdas empresas. A mercantiliza-çom da água está em contradi-çom com as recomendaçons daComissom Europeia, que, aomesmo tempo que instava os Es-tados a privatizarem a energia oua telefonia, situou a água comoexcepçom para garantir o acessouniversal a um bem imprescindí-vel para a vida. Por seu turno, a‘Asociación Española de Abaste-cimiento de Agua y Saneamien-to’, patronal do sector, julga queo preço actual da água é barato epropóm dobrar o seu custo.

o cobro polos poços eas ‘traídas’ comunais

suscita umha importante oposiçom

aquagest, urbaser,Gestagua e aqualia

representam interessesdas multinacionais

Água envasada nas maos de grandes corporaçons

ÁGUAS DE BARCELONA (AGBAR)controla Aquagest, a maior

distribuidora de água na Galiza. Está participada pola transnacional

francesa Suez Environnement

futuro incerto Para o acesso da humanidade à ÁGua

Charles Fishman, autor do livro The Big Thirst (AGrande Sede), assinala que “alguns pensam que aágua engarrafada é a cúspide do capitalismo, parti-cularmente os que estám no negócio”. Consideraque esta modalidade de comércio da água é “umhaespécie de caricatura da economia global: fornece àgente vinte ou trinta variedades de algo em que real-mente nom existe tal variedade”.

Que vender água engarrafada se tenha tornado nosnossos dias um rendoso negócio, choca com o factode que a sexta parte da populaçom mundial, mais demil milhons de pessoas, nom tenha acesso directo aágua potável. e as grandes transnacionais do sectorda água engarrafada recorrem em boa medida à apro-priaçom directa de aquíferos do Terceiro mundo para

encherem de água as suas embalagens, provocandoconfrontos sociais e negando o acesso a este bem amilhares de pessoas nos seus próprios territórios.

o antigo vice-presidente do Banco mundial, is-mail serageldin, afirmou que “se as guerras do sécu-lo XX acontecérom por causa do petróleo, as do sé-culo XXi acontecerám por causa da água.” o intensocrescimento da populaçom mundial e o aceleradoincremento do consumo nos países mais desenvolvi-dos está a pôr em qüestom o futuro do acesso globalà água potável. Conforme a estimativas da onu, asnecessidades de água aumentarám em 55 por centonos próximos vinte anos. e se se mantiver o proces-so de mercantilizaçom, serám as grandes empresasas que ponham preço a este recurso indispensável.

o negócio tivo a sua eclosom nos

últimos vinte anos

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18 Palestra Novas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

Palestra a galeguidade do idioma que se fala entre os rios eu e náviaé analisada a partir de duas posiçons contrapostas

Afiliaçom lingüística do galego-as-turiano e a territorialidade do Eu-Návia som dous debates diferen-

tes. Por um lado, entendemos que a Filo-logia é a ciência social que se encarregado estudo das modalidades lingüísticas, eportanto aceitamos que a Filologia éalheia às vontades populares. Por outrolado, na hora de falar de identidades terri-toriais, estamos a falar de umha realidadepolítica. Se partirmos da perspectiva dassociedades democráticas, a identidade so-cial há que interpretá-la como um cons-truto colectivo. Partir de que a identidadeemana da língua, a cultura (melhor oupior definida), os antepassados, a História(amiúde vista como umha evoluçom paraum fim pré-fixado), é partir de preconcei-tos essencialistas que, evidentemente, es-tou mui longe de compartilhar.

O II Estudio Sociollingüístico d'Asturias

demonstra que, independentemente doque falem, os cidadaos do Eu-Návia somasturianos, porque assim se reconheceme porque o resto da comunidade asturianaos reconhece também como tais.

Quanto à língua, ainda que os discursosnacionalistas do século XIX vinculassembem cedo as realidades lingüísticas às ter-ritoriais (por pôr um caso, Murguia), nasAstúrias do século XX esse discurso só co-meçará a ganhar peso nos anos 70, com onascimento do Conceyu Bable. Porém, noextremo ocidental asturiano, esse discursonom chegará a vingar até tempos bem re-centes. A realidade é que a identidade lin-güística tem menos peso social do que aterritorial, de maneira que a vinculaçomde ambas as identidades leva a populaçoma interpretar de forma caótica a sua reali-dade lingüística. Se dizíamos que a identi-dade territorial é resultado do consensoimplícito dos agentes da sociedade, as fi-liaçons lingüísticas nom som discutíveispartindo de parámetros políticos, senomfilológicos. No meu caso, como nom souum filólogo, o único que podo fazer é acu-dir aos filólogos. Podemos afirmar que, fi-lologicamente falando, o que se fala no ter-ritório entre os rios Návia e Eu é umha va-riante do galego-português. Outra cousa éque a maior parte dos que defendemos ogalego-português das Astúrias o fagamospartindo de umha norma diferente da daGaliza. Isto nom deverá surpreender, um-ha vez que na própria Galiza há diferentesnormas, como prova o NOVAS DA GALIzA,que utiliza umha norma reintegracionistaconfrontada com a norma oficial da RAG ediferente da norma lisboeta. Neste senti-do, a falta de consenso para unificar as va-riaçons galego-portuguesas fai com queseja difícil defender como única boa umhanorma concreta para o Eu-Návia. As Nor-mas Ortográficas del Gallego-Asturiano,

publicadas pola ALLA em 2007 e assentesna Proposta de Normas Ortográficas pral

Ga(l)lego-Asturiano editada pola Conse-lharia da Cultura asturiana em 1993, é defacto a norma mais seguida no Eu-Návia, edesde 2007 é a norma oficial, já que a Se-cretaria Lingüística do Návia-Eu, inseridana ALLA, é a instituiçom oficial para regu-lar o galego-asturiano. Isto implica que é anorma que se ensina nas escolas, que seusa (quando se usa) nos concelhos ou noPrincipado. Podemos discutir sobre se é aALLA, a RAG ou outra instituiçom (cabemquase tantas propostas como pessoas se-jam a propor) a indicada para normativi-zar o galego-asturiano (como chamamos ogalego-português das Astúrias desde quenos anos 50 Dámaso Alonso o baptizoudeste modo), mas a experiência di-nos quenum território rural, com umha língua des-prestigiada, umhas instituiçons que nomfam muito por valorizar a língua, e umhapressom feroz do castelhano (que é consi-derado como língua comum), pode sermais produtivo assumir a variedade escri-ta que concita o apoio institucional (porpouco que ele seja) do que erguer uma bar-ricada em torno de umha norma concreta.Sem dúvida, as normas ortográficas po-dem ser discutidas, mas se a discussomtem um talante mais político do que filoló-gico, podemos ter a certeza de que a bata-lha será ganha polo castelhano, que é a lín-gua de referência da maioria dos asturia-nos de fala galego-asturiana e de fala astu-riana (e atrevo-me a dizer que também damaioria dos galegos), e a que nos oferecemaior estabilidade (pois a norma do caste-lhano nom se discute). É por isso que mui-tos optamos por aceitar a norma em queescrevo*, já que aceitamos as instituiçonsasturianas (porque essa é a nossa identi-dade) e já que nom há um critério de facto

unificador do galego-português.

Moisés Cima Fdez. milita no Colectivo Trafego

*Este texto, que originalmente seguia as Normas

Ortográficas del Gallego-Asturiano, divergentes

de outras usadas no resto da Galiza, foi adaptado

polo NOVAS DA GALIzA.

A norma tem que seadaptar para avançar

Moisés Cima Fernández

muitos optamos polanorma galego-asturianaporque aceitamos asnossas instituiçons

Alíngua galega no Eu-Navia fala-seem dezaoito concelhos, com umhapoboaçom galegofalante que po-

deria ser dumhas 30.000 pessoas, às quaisse somam as emigradas, especialmentena área central asturiana, que ainda man-tenhem o galego como língua materna. Adespovoaçom da comarca, a falta dum nú-cleo de articulaçom económico e cultural,a profunda castelanizaçom dos mais no-vos, a falta de protecçom legal e sensibili-dade por parte do governo do Principadoe a forte e demencial campanha de atran-cos da Academia da Llingua Asturiana(ALLA) e os seus adláteres (Xeira, Rapala-cois, etc.) unido aos grupos mais reaccio-nários do asturianismo cultural e político,fam muitas vezes perigar os poucos avan-ços para a protecçom da língua.

A tutela alegal que posui a ALLA comumha Secretaria fantasma, regida por umnom galegofalante -caso único na Europa-e organizadora cada ano duns cursinhosde galego das Astúrias sem nenhuma pre-paraçom, ao que se acrescenta a falta deescolarizaçom nos colégios e institutos damatéria, mesmo dando-se casos tam fla-grantes como leccionar-se língua asturia-na nas escolas galegofalantes de Luinha eVerducedo. A falta duns meios próprios,onde existe umha clara transculturizaçomda TPA e um desleixo completo por parteda TVG e do governo de Feijóo.

A tentativa dumha determinada recupe-raçom da toponimia tradicional galega, porumha Junta Assessora, com um processototalmente atípico e acientífico, baseadamuitas vezes em castelanismos, vulgaris-mos e asturianismos lingüísticos, seguindoteorias como a do filólogo Balbuena.

Cabe mencionar ainda a culpabilidadedos meios de comunicaçom, se falamos datransculturizaçom da TPA, os jornais apre-sentam campanhas difamadoras contínuascomo as feitas por “La Nueva España”, bei-rando a xenofobia. Junta-se a pouca sensi-bilidade dos jornais galegos e da TVG parautilizarem a toponimia tradicional da co-marca e algum deles mesmo em ser aber-tamente contrário ao galego das Astúriascomo o “Faro de Vigo”, dirigido polo astu-riano Isidoro Nicieza.

Na parte asturiana, certos sectores -amaioria nucleados arredor da ALLA- somabertamente antigalegos, inventando mes-mo a ideia dumha língua independente oude transiçom ou mesmo desde os sectoresmáis radicais dizendo que se trata dumhavariante do asturiano. Os estudos científi-cos, especialmente os de Dámaso Alonso,concluem que é galego o que se fala desdeo Eu ao Frexulfe, e desde o Ranhadoiro àlinha com a Fonsagrada. Nesta linha háanos xurdiu a Mesa de Defensa do Galegode Asturias (MDGA) e o que hoje em dia

recolhe o ideário da Associaçom CulturalAbertal, que já editou um Relatório Lin-güístico afirmando a tese da língua galegano Eu-Navia, fronte à ideia hipócrita de so-mar língua e identidade que propóm a AL-LA sem qualquer consistência cientifica.

Na parte galega, os passos dados sommui escassos. A falta de estudos sobre acomarca é mui ampla, com a ressalva doapoio da Área de Normalizaçom Lingüís-tica da Universidade de Vigo, da Conce-lharia da Cultura do Concelho da Coru-nha e doutras associaçons (AGAL, Cen-tros Sociais, O Facho, etc.), a pouca impli-caçom da RAG e do Consello da CulturaGalega, e às vezes umha estratégia erradade sectores reintegracionistas que por des-conhecemento mesmo servem ás estraté-gias antigalegas numha suposta liberdadede confusom normativa, onde a río revoltoalguns asturianistas defendem que a lín-gua do Eu-Navia forma parte do toro gale-go-português mas nunca avançando caraa esse eixo, senom asturianizando linguis-ticamente o galego das Astúrias. Soma-seo lamentável apoio de certos grupos na-cionalistas e independentistas galegos agrupúsculos asturianistas negadores daexistência do galego nas Astúrias, basean-do-se nun internacionalismo mal interpre-tado. Tambén o mundo da música nom éalheio, querendo eliminar a existência dagaita galega, e o apoio de certos grupos emúsicos galegos, como Quempallou ouBieito Romero, a posturas negacionistas.

A soluçom decorreria da assunçom porparte do asturianismo cultural da existên-cia do galego, cun claro benefício para to-das as partes e a conseguinte unidade me-diante um acordo amplo para frear a cas-telanizaçom e a falta de sensibilidade dosgovernos. Haveria que unir a criaçomdumha estratégia conjunta para salvar alíngua da súa desprotecçom coa conse-guinte cooficilidade e a necesidade urxen-te de estudos lingüísticos, etnográficos,culturais, etc. para evitar a sua perda, umapoio claro e decidido á gente e ás asocia-çons que defenden o galego, a necessida-de de correspondentes da TVG na comar-ca, a geralizaçom do ensino do galego emtodos os centros educativos, etc.

Carlos Varela Aenlle é membro

da Real Academia Galega

O galego continuamais além do rio Eu

Carlos Varela Aenlle

a soluçom passa pola assunçom por parte do asturianismocultural da existênciado galego das astúrias

a discusom normativatem um talante mais político do que filológico

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19mediaNovas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

media pereiro: “Cremo-nos profissionais liberais quando na realidade somos assalariados”

Após vários encerramentosem cousa dum ano, há futuropara a imprensa em galegosob governos ‘nom-amigos’?Há um fantasma que percorreo mundo todo: o do debate so-bre se subsistirám os meios im-pressos. Logo está o da criseeconómica, e por riba o da cri-se profissional, de se os meiostenhem razom de existir quan-do tendem a ser taboleiros deinformaçons feitas por fontes enom elaboradas por jornalistas,ou simples espectáculo. Bai-xando à terra, e à Terra, hojetodos os meios precisam de aju-das institucionais. Se som sub-sidiados sectores sem implica-çons culturais, como o automó-vel e o têxtil, com mais razomos meios em galego. Aínda quesó seja por reparaçom históri-ca, por procurar um equilíbrioe promover a biodiversidade. Amaioria dos meios andan nogume da navalha, a algunsachega-se-lhes o ombreiro co-mo apoio e a outros dá-se-lhesum empurronzinho para caí-rem. Mas a sobrevivência dummeio depende ao final do seuconceito profissional, da ges-tom económica e a receptivida-de do público. Sem isto, a vidadum projecto é artificial, e de-pende da administraçom, quedá oxigénio a quem considera.

Houvo meios que caírom porinércia, porque consideravamque estavam num nicho cómo-do, sem dependerem do públi-co, e resultou um nicho funerá-rio. Outros caírom polo contrá-rio, por emprenderem um cres-cimento que resultou nom ter abase de que precisavam.

O Colégio acaba de comuni-car ao Delegado do Governo apreocupaçom por certos abu-sos policiais. Até que pontosom habituais estes ou outrosobstáculos à informaçom?Nós conhecemos os que denun-ciam os colegiados. Há de riba,derivados da decisom das auto-ridades de que toda manifesta-

çom contrária ao chamado in-teresse geral deve ser atalhada.E há de baixo, abuso da forçade agentes concretos que pare-cem considerar o uniforme ummanto de impunidade. De to-das formas, os abusos mais ha-bituais som “declaraçons insti-tucionais”, conferências de im-prensa sem perguntas e outrosataques ao direito da cidadaniaa saber. Se um jornalista nompode perguntar, nom é infor-maçom, é publicidade.

Um dos afectados era camaró-grafo da Galiza Contrainfo,que difunde na Rede factosexcluídos da agenda empresa-rial. Há espaço para projectoscomunicativos nom afectadospola lógica mercantil?A utilidade dos meios nom co-merciais é muita porque contri-buem para a diversidade, paraque haja pontos de vista alémdo mainstream. E quando a in-formaçom é boa, alguns meiosnom tenhem mais remédio quea difundir. Com a Internet, osjornalistas nom precisam deempresas para difundirem in-formaçom; mas, com ou semempresa, tenhem que ter umcompromisso férreo com a ve-racidade e com a pluralidade.

Nesta nova dinámica, comodefinir a 'profissionalidade'?Que relaçom com o assalaria-mento e a titulaçom?A profissionalidade, o rigor e aindependência som qualidadespessoais, construídas dia a dia.Podes ser independente emmeios empresariais, dependen-do do que estiveres disposto adar em troca, e podes estarnum meio alternativo comple-tamente sujeito à linha edito-rial. Nom depende de estar ti-tulado ou assalariado, mas naFaculdade é isso o que seaprende, siga-lo ou nom.

Quanto à saída laboral, qual éo panorama para as e os jor-nalistas no nosso país?Nos estudos que fijo o CPXGem 2002, o salário médio era de8,20 euros por hora, e em 2008(antes da crise) tamém era 8,20euros. Em resumo, ganha maisumha empregada doméstica.

Profissionalmente, os jornalis-tas nom tenhem tempo paracontrastar as notícias, nem aselaborar minimamente, porqueas das fontes venhem redigidascom mais tempo e por genteque possivelmente ganha mais.O panorama é esse; logo háquem se conforma e trabalhaacorde com o que lhe pagam, equem pensa que a responsabi-lidade que tenhen nom é com aempresa, mas com a gente.

Nom se encontra invisibiliza-do precisamente nos meios?Na Transiçom, o quarto podereram em boa medida os jorna-listas, mas arrebatárom-no-loas empresas. Liárom aos profis-sionais nas suas guerras de in-teresses, sem terem em contaque na guerra, dizia Valéry, semata gente que nom se conhe-ce, para outra gente que se co-nhece mas nom se mata. A cul-pa em parte é nossa: somos umcolectivo com mais estatus so-cial do que económico, cremo-nos profissionais liberais quan-do na realidade somos assala-riados. Mesmo o associacionis-mo profissional é enxergado co-mo caduco, reduzido à festa dopatrom, e nom como organis-mos de defensa deontológica.

“a vida dum meio dependente dossubsídios é umha vida artificial”X.R.S. / O espaço informativo em galego vive desde a mu-dança no governo da Junta umha época de desapariçonsde meios que deixa um panorama inimaginável há apenasdous anos. Esta vaga, potenciada pola retirada de subven-çons, tem as causas mais fundas numha situaçom estru-tural que vai da precariedade laboral às dificuldades para

consolidar um público suficiente, assim como os entra-ves políticos ao labor informativo. O Colégio Profissionalde Jornalistas de Galiza, de que é decano Xosé ManuelPereiro, vem dando eco às dificuldades para o exercício,tentando exercer de defesa, no que à ética profissional serefere, dos trabalhadores e trabalhadoras do jornalismo.

xosÉ manuel Pereiro É decano do colÉGio de jornalistas da Galiza

“os meios nomcomerciais achegam

olhares além do‘mainstream’”

notas de rodaPÉ

As filtrações de The Sunshine Press fize-ram crer a mais dum comentarista que

amanhecia de verdade uma nova era da in-formação com base em dous peares: a Inter-net e as fugas de segredos de Estado.

Manuel Castells, catedrático de Sociolo-gia de Berkeley, anunciara uma mu-

dança capital em que a rede social eletrónicasubstituiria a política convencional deslegiti-mada pela corrupção. Outros compararam arapina eletrónica nos arquivos da Secretariade Estado norte-americana (ministério dosNegócios Estrangeiros) com o ataque às Tor-res Gémeas, o 11 de setembro de 2001.

Ora, o que nos surpreende das revela-ções da Wikileaks? As confidências

contam apenas factos bem conhecidos: “OsEstados Unidos consideram anacrónico oEstado Vaticano”, “Aznar queria convenceros norte americanos de o atentado de Ato-cha ser obra da ETA”, “A terra de Palomaresficou contaminada pelas bombas nuclearescaídas em 1966”, “Médicos e médicas de Cu-ba trabalham no rural da Venezuela”, “Sar-kozy leva alças nos sapatos”.

Ovelho preceito de medir informaçõesem virtude da novidade fornecida e não

apenas das intenções dos autores das notí-cias, reconcilia quase ao universo leitor en-tusiasta com o escaldado. O Cavalo de Tróiaavisado por Castells não passa de jumento.

Outras vozes de tanta ou mais autoridadeque o professor de Berkeley, asseguram

o ingresso na cadeia do inventor da Wiki-leaks ser na verdade uma estratégia do po-der para frear a Internet. A indignação da mi-nistra Clinton e a denúncia dos cúmplices edivulgadores das fugas seriam apenas fingi-mentos para aumentarem a credibilidade.

Mas por ventura precisa de mais censurao poder? Vejamos: movido por anseios

de paz e verdade um jornalista australianoacha na Internet um tesouro de confidenciasdo Estado mais poderoso do planeta. Admi-tamos que fosse assim. A quem corre a entre-gar a prenda o genial descobridor? Às redesalternativas? Aos jornais de esquerda a so-breviverem em todo o planeta ao temporal?Às organizações que resistem o capitalismo?

Não. A prenda foi para quatro jornais euma revista que trabalham para o capi-

tal planetário. Eis com quanta sinceridadeanunciam o seu papel de administradoresdo tesouro: “temos de servir de barragem domaterial filtrado, passar os textos pelo crivo,situá-los em contexto, minimizar os riscos”.Para tranqüilizar os leitores, The New YorkTimes publicou um editorial em que prome-tia passar pela censura do Departamento deEstado os documentos a publicar.

Espelhismosde liberdade

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Novas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 201120 a denÚncia

os agentes detidos, que nunca foram algemados, nom passaram polos calabouços, e desfrutárom dum menu especiala denÚncia

Mais de 25 pessoas imputa-das, vários centos chamadasa prestarem declaraçom e im-plicaçons directas de mem-bros de todos os níveis dopoder espanhol na Galiza:agentes policiais, empresá-rios, políticos e até médicos.Som as primeiras cifras dum-ha macro-operaçom policialdirigida pola magistrada Pilarde Lara, do Julgado de Instru-çom número 1 de Lugo. Asenormes extensons desta tra-ma permitem alviscar a cum-plicidade ou passividade so-cial com a exploraçom sexualdas mulheres.

JOSÉ MANUEL LOPES / A legisla-çom espanhola situa a prostitui-çom num limbo legal que derivada consideraçom do sexo mercan-tilizado como umha 'actividade lí-cita se estiver consentida por am-bas as partes'. Tal ambiguidade fa-vorece relaçons de trabalho neo-esclavagistas, fundamentadas naexploraçom sexual de mulheresimigrantes: 95% das quais proce-dem de fora do Reino de Espanhae em 73% dos casos carecem deautorizaçom de residência.

Na Galiza, apenas o feminismoorganizado tem declarado de ma-neira explícita um combate fron-tal contra o tráfico de mulheres eas tramas de mercantilizaçom dosexo: no seu dia, o colectivo Ale-crim pedira o esclarecimento dasrelaçons da Guarda Civil com asmáfias da prostituiçom, alarmadopolo prémio que a Associaçom deEmpresários de Locais de Alterneconcedera ao corpo armado es-panhol pola sua 'colaboraçom'. Asrazons do alarme nom som infun-dadas: apenas com os dados doterritório CAG, a Galiza encabeçao ranking de número de estabele-cimentos dedicados a este negó-cio, e em 2003, 30% de homensgalegos de 18 a 49 anos confessa-vam ao INE ter comprado sexo.

Os precedentes lucensesO tópico da benevolência judicialpara com certo tipo de delitos po-de achar em Lugo certo funda-mento. As origens do escándaloque abala nestes meses a cidadedas muralhas remontam ao ano2004. Na altura, umha ordem ju-dicial manda fechar os clubes

Scórpio e O Pazo. Apesar dumhapetiçom fiscal de 230 anos, todosos imputados saem em liberdadepor causa dum erro de procedi-mento do fiscal. Ana Milena Gó-mez, Manuel Ulloa e José IsolinoRico fogem aproveitando a liber-dade provisória e hoje estám de-saparecidos. Um dos proprietá-rios dos locais de alterne, ManuelManteiga 'El Increible', evita tam-bém a prisom e aluga o clubeScorpio a José Manuel GarcíaAdán. Adán é um dos principaisimputados na Operaçom Cariocae hoje está em prisom, juntamen-te com o cabo da Guarda Civil Ar-mando Lorenzo. Este agente par-ticipara na operaçom de 2004 eaponta-se a sua cumplicidadecom os evadidos.

Um começo fortuitoNem García Adán nem o cabo Ar-mando Lorenzo eram desconheci-dos em meios judiciais nem noámbito da denúncia feminista.Adán já fora acusado de obrigar aexercer a prostituiçom a váriasmulheres no clube Scórpio em1996, além de ser julgado por ten-tativa de sequestro e o acuitela-mento dum cliente no clube O Pa-zo de Lugo. Hoje sabemos das nu-merosas denúncias tramitadascontra ele, e das chamadas deatençom de colectivos de mulhe-res sobre a situaçom das prostitu-tas, numha relaçom de semi-escla-vagismo. Porém, como hoje sabe-mos, as denúncias ficavam conge-

ladas em altas instáncias: JesúsOtero, membro do PSOE e ex-sub-delegado do governo espanhol emLugo e actualmente imputado, en-carregava-se de bloqueá-las.

As origens desta vasta opera-çom judicial som, em boa parte,fortuitas: devem-se fundamental-mente às declaraçons acusatóriasde Javier Álvarez, um proxenetacondenado por sentença definitivaa doze anos de prisom. Álvarez fo-ra detido em 2004 e vira com sur-presa a absolviçom ou fuga de to-dos os seus cúmplices, polo que sedecidiu a declarar contra Arman-do Lorenzo, cabo da brigada judi-ciária da Guarda Civil.

Chantagens policiaisÉ deste fio que começa a puxar Pi-lar de Lara Cifuentes, umha juízaespanhola próxima das teses daextrema-direita (já tem condena-do, de feito, militantes indepen-dentistas da cidade por trabalhopropagandístico), que por razons

hoje desconhecidas remexe nomais profundo dos sumidoiros po-líticos e policiais. Em 18 de Outu-bro de 2009, umha brigada da Uni-dade Central de Operaçons, com-posta por guardas-civis chegadosde Espanha, detém dezassete pes-soas e realiza diversas buscas nosclubes Eros, Volvoreta, Queens eLa Colina. Na morada de José Ma-nuel Garcia Adán fórom apreen-didas armas e drogas.

Um mês mais tarde havia já 25pessoas detidas, entre as quais seencontravam encarregados declubes de alterne, agentes de se-gurança e prostitutas. A juíza acu-sava-os de crimes como prostitui-çom, imigraçom ilegal, vulnera-çom dos direitos dos trabalhado-res ou revelaçom de segredos. Aprópria imprensa comercial fil-trou o dado de que Armando Lo-renzo facilitava aos proxenetas ocontacto com os funcionários pa-ra agilizar os trámites. Com Lo-renzo caiu também Manuel Fer-nández, um guarda-civil reforma-do da Ponte Nova com um dilata-do historial de direcçom e pro-priedade de clubes de alterne.Segundo declarara Javier Álva-rez, Lorenzo aproveitava o seupoder para chantagear proxene-tas, exigindo dinheiro em trocade impunidade: por 600 euros pormês, Lorenzo garantia assim a al-guns empresários que o seu clubenom sofreria busca nenhumha,conseguindo umha extraordiná-ria fonte rendimentos.

Ligaçons municipaisA trama salpica aginha outras ins-táncias do poder. Também em fi-nais de 2009 cai numha batida po-licial Ramón Vázquez Ríos, co-nhecido inspector da Polícia Lo-cal. Ríos mantinha umha relaçomestreita com o dono do 'Queens',derivada da sua responsabilidadena quenda de noite deste corpopolicial, e segundo a juíza de Laraestava envolvido em maus-tratosa mulheres, prostituiçom e imi-graçom ilegal. O quadro comple-ta-se com o seu envolvimentonoutros processos: acusado polatrama de anulaçom irregular demultas, Ríos também se enfrenta-va a um processo por incompati-bilidade laboral, dado que conci-liava o seu trabalho numha corre-tagem de seguros com a sua res-ponsabilidade na polícia.

Ante o alarme social crescente,o concelheiro de Segurança Cida-dá, Jesús Rábade, apressou-se adesvencelhar o caso de Ríos doconjunto da Polícia Local e da ad-ministraçom municipal. A expli-caçom foi pouco convincente apósa detençom conseguinte de JavierReguera Pérez, funcionário doConcelho e ao mesmo tempo tra-balhador da empresa Doal, con-cessionária do serviço da ORA nacidade. Reguera administrava umimportante património imobiliá-rio vinculado com os locais ondese exercia a prostituiçom.

A sombra do assassinatoOs dados que aos poucos vamsendo conhecidos na cidade pro-vocam arrepios e alumiam essazona de sombra em que se movea exploraçom sexual: nos clubesencerrados por ordem judicialtrabalhavam cerca de 50 mulhe-res, mormente em situaçom irre-gular, com jornadas laborais dedoze horas e durante seis dias porsemana. Todas elas padeciam di-versos tipos de violências, ao pon-to de que umha prostituta doQueens foi obrigada a praticarum aborto sem anestesia e comequipamentos cirúrgicos avaria-dos. O responsável da atrocidade,o ginecologista Carlos AbuínMosteiriz, foi detido por estes fei-tos, pois praticava abortos ilegaise requeria cobros irregulares porparte de García Adán.

No início deste ano começam a

Operaçom Carioca desvenda trama corrupta que atinge todos os estamentos do poder

Polícias, Guardas civis, emPresÁrios, Políticos e mesmo mÉdicos involucrados na rede

CLUBE EROSFoi incendiado até três vezesconsecutivas para apagar provas

Galiza é líder a nívelestatal na percentagemde clubes por habitante

armando lorenzo facilitava o contactocom os funcionários

para agilizar os trámites

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21a denÚnciaNovas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

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conhecer-se dimensons aindamais preocupantes da trama. Ape-sar do segredo de justiça, difunde-se nos meios comerciais a mortede Ana, umha prostituta doQueens assassinada em 2006. Adesapariçom desta mulher, abso-lutamente silenciada, explica as-sim as pintadas anónimas que co-briam muitas paredes em Lugo,acusando o cabo Armando Loren-zo da sua desapariçom. De resto,a investigaçom revela que além dejornadas de trabalho extenuantes,as mulheres eram obrigadas a tra-balhar quando tinham a mens-truaçom, padeciam malheiras eeram obrigadas a drogar-se.

Silêncio e condescendênciaO silêncio e passividade massivaante estas revelaçons tenhem ex-plicaçons diferentes. Além da des-composiçom moral que pode atin-gir parte da nossa sociedade–mais quando se trata dos padeci-mentos de pessoas imigrantes– háum dado a levar em conta: os em-presários dos clubes tinham colo-cada umha rede de cámaras ocul-

tas nos locais, que registárom ve-xames e perversons de vários pes-soeiros lucenses no seu trato commulheres, que desta maneiraeram chantageados e obrigados acalar. A lei do silêncio ainda seconsolida ao começo da opera-çom, dado que parte destes vídeosestám nas maos do Julgado deInstruçom que leva o caso. Impor-tantes dirigentes políticos podemtambém estar interessados no blo-queio das pesquisas: outro dos im-putados é Jesús Novo, alcalde 'po-pular' do Vicedo, acusado demaus-tratos à sua companheira, eorganizador de festas com prosti-tutas lucenses no iate que JoséManuel Barreiro, presidente doPP lucense, tem atracado em Vi-veiro. Assim o revelou a revista'Interviu' numha recente reporta-gem, depois de que a sua compa-nheira sentimental acusasse o po-lítico de insultos, malheiras e vio-laçom. Novo saiu dos julgadostrás prestar declaraçom e fai um-ha vida normal na vila do Vicedo.

Apesar da magnitude de todo ovivido no último ano, o alcalde lu-

cense, López Orozco, manifestouapenas que 'isto nom deve man-char a imagem de Lugo nem doscorpos policiais', sem se atrever atecer umha reflexom de fundo so-bre os feitos. Também vários sin-dicatos policiais criticárom o 'tra-tamento mediático' que se deu aosagentes da polícia nacional deti-dos pola sua participaçom na tra-ma: a apariçom das suas fotos edos seus nomes completos, ou asmençons à sua vida privada, exac-tamente igual a como se fai sem-pre com os militantes galegos de-tidos. A ressalva, que nom é me-nor, foi o tratamento privilegiado

dos agentes detidos, que nunca fo-ram algemados, nom passarampolos calabouços, e desfrutáromdum menu especial. No entanto,resta por conhecer o verdadeirocompromisso das forças policiaiscom o esclarecimento do caso: asinstalaçons do clube Eros, já en-cerrado, fôrom incendiadas trêsvezes consecutivas para apagarprovas, sem que ainda tenha ocor-rido nenhuma detençom. Vizi-nhos e vizinhas consultadas poloNOVAS DA GALIzA mostrárom o seutemor, dado que vivem perto dumlocal que se tentou destruir combombonas de butano, e advertí-rom também de movimentos es-tranhos nas suas instalaçons aplena luz do dia.

Nem mobilizaçom nem debateUm ano depois do começo da ope-raçom, e ainda sob o segredo dejustiça, continuam a suceder-secousas inquietantes. A imprensacomercial desvelou que a imensamaioria das prostitutas dos clubesencerrados passárom a exercer aprofissom em apartamentos camu-

flados, enquanto alguns dos locaissimplesmente abrírom com outronome, caso do recentemente inau-gurado Ladys. Boa parte dos impu-tados estám na rua, à espera do jul-gamento, e a escassa mobilizaçomsocial deveu-se à propaganda mili-tante de organizaçons como AMIou 'Denúncia Feminista', que inçá-rom a rua de cartazes e colantespedindo explicaçons.

Finalmente, e frente ao privile-giado tratamento mediático dou-tros temas, poucos dos opinadoresmais célebres da imprensa comer-cial se atrevêrom a aprofundar natrama, porventura por causa dasmolestas conclusons que dela sepodem tirar. Numha das excep-çons a este comportamento, até umpensador sempre alinhado com opoder como Blanco Valdés, alertouna imprensa para as terríveis im-plicaçons do caso: o acovilho dum-ha rede corrupta de tal magnitudenumha pequena cidade, onde todoo mundo se conhece e quase todose sabe, evidencia umha preocu-pante socializaçom da corrupçom,afirmava o colunista.

Tinham cámarasocultas nos locais que

filmárom persoeiros

envergadura da tramaevidencia socializaçomdas práticas corruptas

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22 cultura Novas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

cultura

‘prémio manuel murguia’ reconhece a investigaçomhistórica feita desde abaixo e centrada no país

reconheceu-se o labor de bernardo mÁiz no PrÉmio ao labor e mÉrito historioGrÁfico

NGZ /A cultura oficial galega é pró-diga em prémios, homenagens ereconhecimentos. Porém, o espa-ço que medeia entre a academia ea produçom mais voluntarista, te-cida polo contributo desinteressa-do da base, fica tradicionalmenteum pouco mais escurecido.

Ao que parece, esta é a peja quequijo superar a Associaçom Gale-ga de Historiadores, em colabora-çom com a Revista Murguia, justona data em que aquela cumpriaduas décadas de vida. No passadoOutubro, ambas entidades faziampública a primeira entrega do'Prémio Manuel Murguia ao labore mérito historiográfico' a Bernar-do Máiz Vázquez.

O reconhecimento ao labor dohistoriador mugardês enquadra-se precisamente nestas chaves:Máiz doutourou-se na Universi-dade de Santiago de Compostela,mas desenvolveu o seu magisté-rio docente no ensino médio. Oseu labor investigador, tremen-damente prolífico, focou-se fun-damentalmente no estudo de al-gumhas expressons da culturapopular -caso das embarcaçonstradicionais- e na descoberta darepressom e a resistência a partirde 1936. Esta linha de pesquisa,absolutamente inédita quandoBernardo Máiz desceu pola pri-meira vez aos arquivos militares,na afastada década de 80, foi um

dos méritos considerados polosmembros do júri para a conces-som do prémio. E em pleno 2010,quando existe já um viçoso movi-mento pola recuperaçom da me-mória histórica, este reconheci-mento legitima à sua maneira otrabalho voluntário de todos osque vinhérom detrás.

Homenagem popularA entrega deste primeiro prémiotivo lugar em meados do passa-do Outubro, num jantar mui

concorrido em Compostela, on-de estivo presente umha repre-sentaçom nutrida da universida-de, o sindicalismo, o associati-

vismo da memória histórica edúzias de movimentos culturaise sociais de base. BernardoMáiz aproveitou a entrega doprémio para agradecer tal reco-nhecimento e incidir na sua vo-caçom investigadora e no seucredo moral e político, que con-tinua a partir do asserto, polassuas próprias palavras, de que“ser realista é pedir o impossí-vel”. O acto culminou com umrecital de poesia e a actuaçommusical de Mini e Mero.

ContinuidadePor palavras de Uxio BreogánDiéguez, membro da Associa-çom Galega de Historiadores epresidente da Revista Murguia,“o prémio quer dar eco àquelasiniciativas que, em muitos casosdesde o voluntarismo e à mar-gem da academia, resgatam dosilêncio fasquias mui importan-tes do nosso passado”. Diéguezlembrou também que precisa-mente foi este o espírito que ani-mou, no ano 2003, a um fato dehistoriadores moços e moças apôr em andamento dita publica-çom, que já é todo um referentena produçom dum discurso his-toriográfico autóctone e sem de-pendências alheias.

Há um grande espaço entre a academia e a produçom maisvoluntarista, tecida polo contributo desinteressado da base

o labor investigadorde máiz focou-se noestudo de expressonsda cultura popular

ngz / O Castro de Baronha, noconcelho de Porto do Som, quepassa por ser o assentamentocosteiro mais reconhecido daIdade de Ferro galega, encontra-se gravemente afectado em seis“áreas de impacto crítico” a cau-sa do tráfego incontrolado de vi-sitantes. Assim o assinala um es-tudo dado à luz pública nas pas-sadas semanas e dirigido poloarqueólogo Ángel Concheiro,que já foi responsável nas últi-mas obras de consolidaçom docastro, realizadas no ano 1996.O impacto do turismo sobre unsvestígios convertidos quase emícone vem acentuar o impacto dopróprio clima da zona desde osanos 70, quando começárom ostrabalhos de escavaçom.O estudo agora apresentado foiencarregado pola Junta da Gali-

za como passo prévio à toma dedecisons para umhas mais quedemoradas medidas de protec-çom, e depois de catorze anossem se realizar labores arqueo-lógicos no sítio. Recolhe, emconcreto, as “seis áreas de im-pacto crítico” onde as conse-

qüências da turistificaçom deBaronha estám a actuar "commuita virulência". A pressom dotráfego incontrolado de pessoas,somada à erosom como conse-qüência dos factores ambientais,estám a provocar danos funda-mentalmente às zonas escava-

das que ainda nom tenhem rece-bido um tratamento de conser-vaçom. Neste sentido, corres-pondem geralmente com os pon-tos polos que as pessoas visitan-tes passam nos seus percursosespontáneos, também contem-plados no estudo.

Retirada de pedrasEste estudo é apresentadoquando ainda está recente aagressom sofrida polo castro nopassado Verao de 2009, quandopessoas nom identificadas sa-quearam 300 pedras dos murosde protecçom mais externa doassentamento para depois ascolocarem em forma de peque-nas pirámides a poucos metros.Já na altura tinha sido o próprioÁngel Concheiro quem denun-ciara publicamente os factos, aotempo que instava as adminis-traçons a agilizarem um planode protecçom. Plano de protec-çom que ainda era aprovado emfinais do passado mês de No-vembro polo pleno municipalde Porto do Som, e que fica à es-pera de a Junta confirmar o seuapoio económico.

cultura em breve alertam do imPacto neGativo do turismo sobre o castro de baronha

o acto contou comrepresentaçom da

universidade e colectivossociais e de base

“Quer dar eco a quemresgata do silêncio

fasquias importantesdo nosso passado”

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23saÚde / ciência / redeNovas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

visualiza-se a censura da abundáncia, amplificada pola globalidade da rederede

Correspondência entre os postulados religiosos e científicos nem se deu, até agora

DAVID CANTO / O segundo paco-te de documentos publicados po-la página Wikileaks está a provo-car que o sistema estabelecido se-ja visto como vulnerável, nemtanto como devera.

Mas a novidade é a conforma-çom de bandos tam fortementediferenciados e cujo papel nomé o que observamos habitual-mente. Mais ainda, por umhavez a parte mais débil pode pro-teger-se dum jeito mais ou me-nos efectivo.

Wikileaks, personalizado parabem ou para mal em Julian As-sange, viu como, nada mais soltaros documentos em forma de ex-clusiva para cinco meios em todoo mundo, de Suécia, Suíça e Esta-dos Unidos fai-se todo o possívelpara conter na medida do possí-vel qualquer saída dos postula-dos, filtraçons ou comunicaçonsda web. Amazon, a empresa es-pecialidade em venda de livros e

dispositivos leitores electróni-cos, negou-lhe o hospedagem noseu servidor, manobra tam hipó-crita que seguiam oferecendo osfamosos "cabos", alcunha paracada um dos documentos da ma-cro-filtragem. Mastercard tam-bém fijo o seu trabalho, baixo aaguardada pressom dos EUA, eimpediu as transferências dirigi-das à iniciativa. PayPal, filial deEbay, dedicada aos pagamentospola Internet, fechou a conta deWikileaks, enquanto a Switzer-land Post Finance anulava trans-ferências por valor de 60,000 €,justificando nom ter residênciano lugar especificado, o domicí-lio de advogados de Assange.

O resultado foi centos de ende-reços espelho onde se hospeda aweb de Wikileaks, postos em an-damento umha vez que Amazonfechara as portas e Wikileaks fa-zia um chamamento a nível mun-dial de ajuda, tanto económica co-

mo tecnológica e informativa. Pa-ra além disto, vários ataques in-formáticos, como os DDOS, con-sistentes em bloquear umha webpor sobrecarga de petiçons de en-trada, boicotárom durante horasou dias aquelas páginas que ne-gárom o apoio ou atacárom a pá-gina em questom.

Estamos pois ante umha defe-sa, polo menos na Rede, férrea erealmente resistente, cujos riscosse repartem em certa medida.Mas também se podem encontrarsobras no cenário virtual, como éa passividade dos 5 jornais (El Pa-ís, New York Times, The Guar-dian, Der Spiegel e Le Monde)umha vez conseguírom as suasexclusivas, das quais ainda nomconhecemos os detalhes. Tam-bém se pode ver como o caudalde informaçom é tam basto querara vez a nível informativo sechega ao fundo das questons.

Assistimos a um bombardeio

de notícias, muitas das quaisnumha profunda análise pode-riam vislumbrar toda umha polí-tica governamental encoberta,mas pola sua quantidade e impor-tância nom conseguiríamos enu-merar aqui. É a censura da abun-dáncia, amplificada pola globali-

dade da Rede. Seria, portanto, ne-cessária umha ajuda bem diferen-te ao empréstimo do hosting àweb, ou à doaçom. Informaçomcontada, analisada, informaçominformadora. De nom ser assim,todo ficará num anedotário, algoa resenhar neste 2010.

Wikileaks: mais é menos

entre Dezembro e Janeiro Governo sobe o gravamee proíbe consumo de tabaco em todo lugar públicociência

Cerco ao fumo do tabacoFricções científico-religiosas

saÚde

J. R. FLORES DAS SEIXAS / Os atritos comas religiões acompanham a história daciência desde os seus inícios. Se bem aciência moderna nasce submetida ao ma-gistério religioso, os seus sucessos na ex-plicaçom dos fenómenos naturais e nodesenvolvimento tecnológico dérom-lheazo para ousar testar as previsões religio-sas sobre o mundo material, rejeitando-asmuitas vezes. Isto acabou levando a umharetirada das religiões para a esfera moral,mas nom sem resistências.

Um exemplo paradigmático é a históriada criaçom. Nem a Geologia nem a Biologiasom compatíveis com o relato do Génese,que grosso modo repete o Alcorám. Comoconseqüência as principais igrejas cristáspassárom a considerar o dito relato comoumha alegoria. Mas tanto dentro da Cristan-dade como do Islám há um forte movimentocriacionista, que prefere ignorar a ingentequantidade de dados que corrobora as teo-rias científicas sobre a evoluçom, tanto bio-lógica como geológica, do nosso planeta.

No melhor dos casos defendem no seulugar umha teoria conhecida como desen-ho inteligente, que nom se ajusta ao méto-do científico. Outros simplesmente acredi-tam ao pé da letra no seu livro sagrado, ig-norando o que di a ciência.

Na actualidade o maior desacordo entreciência e religiom refere-se a mente huma-na. Quase todas as crenças religiosas assu-mem a existência dum alma imortal, indivi-

sível, que comanda a mente, quando menosnos aspectos morais, e que à hora da morteabandona o corpo, sendo julgada para umhavida posterior. Porém o panorama que es-tám a descobrir as ciências neurológicasnom é muito compatível com esta assunçom.

Todos os aspectos da mente correspon-dem-se com algumha(s) área(s) do cérebro,e alterações tanto físicas -por um acidente,um tumor ou outra enfermidade-, comoquímicas -por enfermidades, fármacos oudrogas- deste órgao material, podem darlugar a importantes variações na personali-dade e comportamento dos seres humanos,podendo fazer dum santo um pecador. Émais, as modernas técnicas médicas permi-tem estudar experiências íntimas religio-sas, como a comunidade que experimen-tam alguns crentes com o divino, e explicá-las dum jeito puramente natural.

Acomodar as crenças religiosas com osdescobrimentos neurológicos é difícil, masnom impossível para a Divindade.

DAVID CANTO / O pacote de medidascontra o tabagismo por parte do Gover-no espanhol consolida-se com a aprova-çom e próxima aplicaçom da Lei Anti-Tabaco e a suba continuada do tipo im-positivo sobre os labores do tabaco. Me-didas sanitárias e arrecadadoras jun-tam-se numha atitude beligerantecontra o hábito fumador.

Desde 2006 o governo espanhol vemdesenvolvendo umha legislaçom que li-mite o consumo de tabaco, começandopor fazê-lo, a meias, em todos os lugarespúblicos e centros de trabalho. Os ocosabertos que deixárom na hotelaria figé-rom que actualmente o fumo conviva emgrande parte dos locais de ócio, com ex-cepçons mui pontuais, nom assim noresto de lugares de trabalho.

Após a aprovaçom do texto no Con-gresso e de várias emendas no Senado,estará proibido o consumo de tabacoem todo espaço público com excepçomde centros penitenciário, psiquiátricose residências de maiores e incapacita-dos. Os espaços de entrada aos centroshospitalários e de ócio infantil som con-siderados também “sem fumo”, aindasendo abertos.

Porém, devido a umha emenda apre-sentada polo PP, podem existir “cubícu-los” para fumadores de 30% em bares erestaurantes, com ventilaçom ajeitadae só para clientes.

Tabaco, todo caroO governo espanhol, no contexto dasmedidas adoptadas para a contençomdo défice, aumentou impostos sobre oslabores do tabaco. Pretende-se que sirvapara pagar várias medidas como a redu-çom fiscal para as PEMES.

A resposta por parte das tabaqueirasé umha suba de entre 35 e 40 cêntimosnas caixas, oscilando entre 2,65, a maisbarata, e 4,35 euros a mais cara. Aliás, otabaco de enrolar segue equiparando-seem preço aos cigarros. A suba no impos-to mínimo e no específico faz que o pre-ço chegue a subir até 30%.

Estas medidas vam provocar queapós o dia 2 de Janeiro, os preços e le-gislaçom sobre consumo de tabaco fa-gam ainda mais dificultoso o hábito defumar. Para além disso, o governo con-ta ademais com a legitimaçom de equi-parar a carga impositiva e a legisla-çom à da maior parte dos estados daUniom Europeia.

As vozes contrárias às reformas dogoverno falam dumha situaçom limitepara a hotelaria, ainda que a experiên-cia noutros estados diga o contrário.Pode-se adivinhar umha baixada noconsumo, pois o gravame afecta espe-cialmente ao tabaco barato, mas écomplicado predizer se na prática secumprirá a Lei e se impulsará o aban-dono do consumo.

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Novas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 201124 desPortos

d desP

orto

sGaliza contra Palestina o 26 de dezembro

O jogo de futebol terá lugar no estádioourensao do Couto, graças ao empen-ho de Siareir@s Galeg@s e com oapoio de BDS Galiza e a ComunidadePalestina da Catalunha. A jornada re-mata em concerto com os grupos Somdo Ghalpom, Keltoi e Royalties.

doPaGem Pom em causa êxitos esPanhóis

auToDeTerminaçom

DireiTo De auToDeTerminaçom, um poTenCial DemoCrÁTiCo

Texto de Henrique del BosqueZapata, prologado por uxío-Breo-gán Diéguez Cequiel

editam: Causa Galiza e a Fenda8 euros (com os gastos de envio)Breve e acessível manual sobre

o direito de autodeterminaçom e asua aplicaçom na Galiza

versom em norma aGal e raG

aTlas HisTÓriCo

aTlas HisTÓriCo Da GaliZae do seu Contorno Geográfico e Cultural

Texto de José manuel BarbosaDesign Gráfico e ilustraçom de José

manuel Gonçales ribeira50 euros (gastos de envio incluídos)edita: edições da Galizaamplo percurso pola história da Gali-

za através dos diferentes mapas de ca-da etapa a toda a cor

solicita-os em: [email protected] ou no telefone. 692 060 607

o ConTo Do apalpaDor

Textos de lua sende e alexandre miguensilustraçons de leandro lamas15 € (gastos de envio incluídos)editam: edições da Galiza e

a Fenda editorialCuidada ediçom para crianças

que aborda a figura do mítico personagem natalício34 páginas, 12 ilustraçons,

tampas duras

XERMÁN VILUBA / O bruar das bestasbravas invadiu o cenário de Liet es-te sábado 27 ás 20h38 para mos-trar ao mundo o nosso alento semcomplexos, umha ponta de lançaformada por Francisco, Felipe e

Xermán que, baixo o temível nomede Máfia Galega, com apenas unsmetros de distáncia contavam como impulso sem trégua do comandodeslocado até Lorient, Sak, MariaTeresa, Marta e Maria formáromesta grande equipa de valentes quesem eles nom nada teria sentido.No país, Nachok , Xabier Cordal,Xavier Campos e Moisés formá-rom o outro pilar de apoio sem oqual seria impossível realizar o sal-to mortal ao cenário do Liet.

Orka das ilhas Feroe com umhaexplosiva e experimental misturade música industrial extrema reali-zada com instrumentos recicladose cantos tradicionais feroeses con-seguírom o prémio do júri e os friu-lanos de Resistence in Dub leváromo prémio do público. Obrigadíssi-mo a todos os que apoiastes MáfiaGalega com os vossos votos e o vos-so alento desde a Galiza e desde to-dos os recantos do universo e es-fregai os olhos para o especial e his-

tórico Máfia Galega no Liet.Com atitude como tínhamos

prometido, defendemos umha lín-gua, um país ardendo dentro dou-tro país morto e murcho e umha fi-losofia de acçom mostrando osdentes e sem nengum tipo de com-plexo. Paco de Genebra dirigiu to-da unha perfomance que o situanos altares do indigenismo galaicopara sempre. A Chuva fina de an-tanho converteu-se em trovoadabrutal que inunda para sempre anossa imensa nave de buxo! Passa-vam os segundos sobre o cenário ea Máfia afiançava o seu atentadosonoro, só faltava dar-lhe o tiro de

graça. E assim foi, com um arran-que da actuaçom rachando moldesda mao da visom extrema do fotó-grafo Nachok que deixou a salaimpactada por mostrar umha praiadas Catedrais embravecida comonunca antes o mundo a tinha visto,depois umha pequena escolha dasua apavorante obra que deixou opúblico boquiaberto e disposto pa-ra que a Máfia abrisse lume dos ci-mos dos penedos bretons. Se al-guém tinha pensado vir à Galizapara desfrutar dos estereótipos dabeleza da paisagem e paisanagemdepois de ver esta proposta nomduvidarám rejeitar essa patranha

vendida polos meios públicos parachegar ao país armados com pause bilhardas e desfrutar da irman-dade e paixom nos campos de con-centraçom e treinamentos que aLNB está a pensar construir paraacolher a avalancha de turismo so-lidário-bilhardeiro que se prevêque chegue ao país depois da ac-çom de Máfia Galega. Disso já seencarregárom Paco e Felipe, osfrancófonos de Máfia galega dei-xárom o listom no mais alto nívelcom os apresentadores da gala ena sua acçom já que foi o interna-cional Paco, quem demonstrou oseu domínio do desporto da bilhar-da aproveitando que diante do ce-nário estava a bilharda e o palámcom o que Xermán tinha realizadoo seu retro-golpe que acabou porser fundamental para que Paco pu-desse ter o material a mao com oque assestar o tam desejado tiro degraça ao império do mal no Liet In-ternacional 2010.

Respiraçons entrecortadas, ciga-rros consumidos com umha soa ca-lada, copos vazios de um único tra-go, a adrenalina nom queria baixar

dos corpos e das mentes dos mem-bros de Máfia Galega desfrutandoao máximo depois de descarregaras pistolas, metralhadoras e gar-gantas sobre o impoluto cenário doLiet. Ovaral-Airlines levava o co-mando helvético a Genebra e traziade volta à terra a secçom da Mafio-sa que reside na terra, esta enormeviagem para o centro do universologrou abrir muitos portas e inume-ráveis e perpétuas alianças exter-nas e sobretodo internas, para alémde nos fazer ver que qualquer ac-çom por desproporcionada que pa-reça num principio se for realizadacom ímpeto, ilusom e com umhatripulaçom ajeitada e implicada na-da é impossível, porque ao olhar-mos o mapa e ver Lesoto repara-mos em que a construçom de um-ha autêntica República Bilhardaneste pedaço de terra galaica tam-bém pode ser possível...benzons atoda a tripulaçom militante daLNB, a gente vê-se nas pistas de bil-harda com o Apalpador amarradoa um palám e ao saco de castanhase no partido da selecçom galega defutebol em Ourense frente a Pales-tina de novo organizado polos ir-maos e irmás de Siareir@s Ga-leg@s que sem cobertura nengum-ha institucional este Natal voltam afazer rolar a bola e as pedras da in-tifada galaico-palestina contra a in-toleráncia, palám levantado e nobraço umha estrela... Bilharda sem-

pre, adiante com o varal!

Máfia Galega no Liet bretom: minorias ruidosas contra a B.S.O. estabelecida

Presença GaleGa no festival internacional de línGuas minoradasDefendemos

umha língua, umpaís e umha

filosofia de acçom

A 'Operaçom Galgo' acabou com lendasvivas do desporto espanhol -nomeada-mente Marta Domínguez- e estendeuumha sombra de suspeita sobre os su-cessos prévios. O afám competitivo e avoracidade económica confirmam queo mercado está a devorar o desporto.

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25desPortosNovas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

“Na Galiza nom se pode viver do remo, os clubesnom tenhem fundos para pagar os desportistas”

josÉ Parrada, remeiro do barbança que comPite com ‘la marinera’ de castro urdiais

ISMAEL R. SABORIDO / José Pa-rada, começou a remar na riade Arouça quando tinha onzeanos no clube de remo da Pó-voa do Caraminhal, agora,quando já cumpriu os trinta, éremeiro de umha das melho-res trainhas do Cantábrico, LaMarinera de Castro Urdiais. De-pois de remar durante noveanos no seu modesto clube deorigem, chegando a ganharumha medalha de bronze nocampeonato estatal infantil debatéis, e vogar quase umha dé-cada em duas das melhorestripulaçons galegas, ganhan-do oito vezes o campeonatonacional em diferentes embar-caçons, o passado ano fichapor umha das trainhas maislaureadas do Cantábrico.

Por que começache a remar?Antes de remar já tinha praticadooutros desportos, karaté e hóqueisobre patins, mas a raiz dumha le-som, um amigo, que ainda hoje éo patrom da Póvoa, e mais eu de-cidimos provar no clube de remo.

E parece que gostou, quantotempo estiveche na Póvoa?Comecei a remar no Verao do ano91, e estivem nove anos. Chegamosa ganhar o campeonato estatal in-fantil de batéis e a Copa Galiza. NoVerao de 2000, deixei o clube.

Qual foi o motivo?No Verao do ano 2000, a Póvoanom juntava gente suficiente parasacar trainha. Nessa situaçom, edepois de treinar todo o Inverno,um par de companheiros e maiseu, queríamos remar a temporadade trainhas, ainda que fosse nou-

tro clube que nom fosse o nosso, efoi quando decidimos ir para oclube que tínhamos mais perto,Cabo da Cruz.

Remei esse Verao, e oito anosmais. Estivem em Cabo até o ano2008, e foi no clube onde mais êxi-tos conseguim: ganhamos umhabandeira da ACT, seis campeona-tos nacionais, três medalhas emcampeonatos estatais e classifica-mo-nos para a final da Concha emquatro ocasions. Depois de Cabo,também voguei umha temporadaem Tirám, onde ganhei dous cam-peonatos galegos, em trainha etrainerinhas.

E depois de remar em duas dasmelhores trainhas galegas, deci-des emigrar para Cantábria pararemar na trainha de Castro Ur-diais, qual é o motivo?Depois de rematar a temporadaem Tirám, recebo um telefonemado treinador de Castro Urdiais,que vinha de ganhar a liga ACT, eoferecem-me a possibilidade de irviver para Castro para remar nasua trainha. Perante a oferta de

ganhar um salário por praticar odesporto de que gosto, decido ir.Entre outros motivos, também es-tá a situaçom laboral, se aqui ti-vesse um bom trabalho, nom creiodecidisse ir.

Mas tampouco som o único ga-lego a quem chamárom. Na Gali-za nom se pode viver do remo, emuitos dos remeiros galegos quechamam, aceitam a oferta.

Este ano sodes muitos galegos fora?Este ano, em Castro somos sete,mas há outros seis ou sete em Ur-daibai, três ou quatro em Pedren-ha, Kaiku,... Concretamente emCastro somos sete galegos, dousbascos, um romanês e os outrossom do povo.

Qual é o motivo?Um dos motivos principais, comodixem antes, é a situaçom laboralgeral, e a oferta de receber um sa-lário digno por praticar o teu des-porto, é muito atractiva. É um sa-lário acrescentado ao do teu tra-balho. Isto na Galiza nom é possí-vel, os clubes galegos nom ten-

hem a capacidade económica pa-ra pagar aos remeiros.

Mas também há outro motivo,que já temos falado entre nós, etrata-se de umha obsessom, quetemos todos, que é conseguir abandeira da Concha. Mui poucosgalegos a ganhárom e até o mo-mento, nengumha trainha galegaa conseguiu. Marchando fora, pa-ra um clube profissional comaCastro Urdiais, as probabilidadesde ganhá-la som maiores.

Crês que esta situaçom, de remei-ros galegos emigrando, se vaimanter com o passo dos anos?Penso que cada vez haverá menosgalegos que saiam fora, devido aumha mudança nos clubes. O “bo-om” de fazer trainhas a golpe detalonário está indo a menos. Porexemplo, no meu clube, o ano pas-sado havia vários remeiros queganhavam muito e este ano estáma tratar de equiparar os salários etirar mais gente da canteira.

E no meu caso, a ideia que ten-ho é remar três ou quatro anos fo-ra e depois voltar para casa. Epenso que como eu, a maior partedos galegos que estamos fora.

E como é a tua vida em Cantábria?Tampouco há que pensar que nos

estamos a fazer ricos, nom todo étam fácil como contam. Todos osmeus companheiros, para além detreinar, também trabalham. Eu, es-te ano em particular, para além detreinar, também me encarregareidas categorias inferiores do clube.E por cima, há que pensar que tésa família e a parelha longe.

No aspecto desportivo, nota-sea pressom, todo o mundo te con-hece pola rua, perguntam-che so-bre a trainha, há mais expecta-çom, a gente está ao tanto dos re-sultados, e se nom som os espera-dos, a pressom aumenta. Tambémquando os resultados som bons,celebram-se mais que na Galiza.

E o remo galego, como o vês?Melhor que anos atrás, mas háque continuar a evolucionar. Éimportante que as trainhas gale-gas tratem de subir à liga ACT,mas na minha opiniom, umhadas cousas mais importantes se-ria fazer duas categorias na LigaGalega de Trainhas. A organiza-çom dumha competiçom onde hádezassete trainhas, como foi ocaso deste ano, é mui difícil. Comduas ligas de oito ou dez train-has, a competiçom seria maisatractiva, os prémios poderiamser maiores, haveria mais possi-bilidades de que fosse emitida natelevisom, e para as equipas queestám da metade da classifica-çom para baixo, teriam o alicien-te de ganhar algumha bandeira.

Outra carência importante,como sabes, som os árbitros,que nom tenhem a mais mínimaprofissionalidade, em lugar deresolver os problemas, geram-nos. Haveria que actuar tambémnesse sentido.

REDACÇOM / Mulheres Despor-tistas Galegas (MUDEGA), a ac-tiva associaçom que preside Pi-lar Neira, está a activar umhaambiciosa campanha que assi-nale umha das vulneraçonsmais flagrantes no desporto fe-minino: a negativa legal a consi-derar as mulheres futebolistascomo profissionais desta disci-plina. O conhecimento destarestriçom, que está a causar umgrande rechaço social, chegaprecisamente quando o futebolfeminino alcança na Galiza ní-veis mais do que notáveis.

MUDEGA chama a atençom, num-ha campanha informativa que tivoo seu eco nos meios, sobre a nega-tiva da Federaçom Espanhola deFutebol a conceder licenças de pro-fissionalidade às mulheres, preci-samente no desporto que primeirose profissionalizou no Estado. A as-sociaçom de mulheres desportis-tas, que se somou à campanha ini-ciada por entidades homólogas emEspanha, adverte que tal cerraçomfederativa pode ser sancionável,dado que bate "contra a Constitui-çom, o Estatuto dos Trabalhado-res, ou a Directiva Europeia sobre

igualdade no trabalho". Para além do simbólico, a medi-

da tem consequências graves paraesses centos de moças que, des-pontando pola sua entrega e quali-dade, querem viver do desporto. Defacto, as mulheres que quigeremdedicar-se integramente ao futebolteriam que trabalhar sem quotiza-çons à segurança social ou directa-mente sem contrato. No colmo doabsurdo, como MUDEGA denun-cia, existem futebolistas galegasque trabalham com contratos en-cobertos: som empregadas nomi-nalmente como comerciais, vende-

doras ou teleoperadoras, sem cons-tar assim a sua profissom real.Nem cumpre esclarecer que destamaneira se faz impossível a defesadum convénio colectivo próprio.

* MUDEGA informa também que

na vindoura Primavera acudirá

com representaçom própria a um

encontro estatal de mulheres fu-

tebolistas que se realizará em

Cáceres. Por enquanto, a asso-

ciaçom conseguiu já que a depu-

tada do BNG, Olaia Fernández

Davila, levasse esta questom ao

congresso espanhol.

Futebolistas galegas iniciam umha campanha em defesa do reconhecimento dos seus direitos

a Federaçom nega-se a conceder

licenças profissionaisàs mulheres

Futebolistas galegastrabalham com

contratos encobertosnominalmente

“o remo galego melhora, mas há quecontinuar a evoluir.as trainhas galegas

devem tentar subir à liga aCT”

JOSÉ PARRADAà direita na foto

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26 temPos livres Novas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

temPos livres

sexualidade sida e erótica entre homens

Para o dia internacional contra a SI-DA, a Direcçom Geral da Saúde Públi-ca publicou um relatório em que seconstata, na Galiza, um aumento dequase 50% nos contágios de VIH entrehomens que mantenhem encontroseróticos com homens: de 39 casos em2004 a 74 em 2009 (a progressom é:2004-39; 2005-50; 2006-61; 2007-64;2008 -68; 2009-74). A SIDA passou deser umha doença com umha alta epronta mortalidade a ser umha doençacom umha alta esperança de vida.

O VIH transmite-se basicamentequando um fluido corporal (sangue, sé-men, fluxo vaginal) com suficiente car-ga viral entra em contacto com feridasou microferidas abertas e sangrantes,freqüentemente feitas no momento, quefavorecem que o vírus passe para o to-rrente sanguíneo. No coito anal sem pre-servativo dam-se estas circunstáncias.

Talvez é preciso, perante estes dados,fazermos algumhas reflexons:

Como influencia no aumento de con-tágios o facto de ver-se a SIDA já nomcomo doença mortal senom crónica?

A mudança normalizadora repercu-te ou nom na transmissom de VIH e noaumento de seropositivos? Se for as-

sim, de que modo?Quando os encontros eróticos entre

homens eram mais marginais que naactualidade, levavam-se a cabo as mes-mas práticas eróticas?

Combinar tranquilamente com ou-tro homem favorece mais ou menos ocoito anal? E o uso do preservativo?

Umha pessoa “normalizada” e “dig-na” pode transmitir a imagem de NOMpotencial transmissora?

Por outro lado, encontra um adoles-cente homossexual umha boa educa-çom sexual no seu ámbito?

A recomendaçom abusiva do preser-vativo nom favorece que as práticaseróticas entre homens sejam monopo-lizadas por umha única de entre todasas possíveis?

Está suficientemente tratado o re-conhecimento do desejo entre homenspola educaçom sexual, polos comitésanti-SIDA e os próprios colectivos lgbt?

É o mesmo procurar umha subidade adrenalina do que procurar alguéma quem se deseje? Que característicasacarreta cada atitude? Que práticas?Que riscos potenciais?

Em definitivo, que procuram os ho-mens que desejam homens nos seusencontros e por que 'se metem em maisproblemas' que em 2004?

viH e homossexualidadeBEATRIZ SANTOS

consumir menos, viver melhor Para Pensos e tamPons descartÁveis

alternativas reutilizáveis (iii)

No anterior Novas, no artigo desta mesma sec-çom, um erro fijo que no segundo parágrafo"desaparecessem" as seguintes ligaçons, úteispara ampliar informaçom sobre tampons deesponja marinha e sobre as possibilidades deautoconfecçom: pasionporvivir.es/productos/fe-

minidad/tampones-de-esponja , bebesecologi-

cos.es/node/453 , 1libertaire.free.fr/ofm2.html

E já que vai de autoconfecçom, na Casa dasAtochas da Corunha tem-se feito um atelier1

para aprender a fazer pensos e protege-slipsde pano e tampons de esponja, se alguém tiverinteresse em contactar com a mestra eu pode-ria proporcionar-lhe o seu contacto.

Os pensos e protege-slips de pano podemser lavados na lavadora com o resto da rou-pa. Se depois de tirá-los lavamos à mao omais gordo e os deixamos a remolho em águafria, as nódoas saem melhor. A opçom maiseconómica é fazê-los umha mesma, na redehá muita informaçom que nos pode guiar2.Comprando um jogo de doce pensos “madein península ibérica” pode-nos sair entre os22€ que custariam os confeccionados por Ve-

ra Martins no Porto3(de algodom estampado,geralmente aproveitado de retalhos) e os 60-100€ que nos custariam os Primal, confeccio-nados em Almeria (entre os quais podería-mos optar polo mais recomendável, o mode-lo “cru”, sem branquejantes nem tintas) por

Bebés Ecológicos. No caso dos pensos antescitados, ambos tenhem asas com botons queas fazem mais confortáveis. O maior preçodos “almerienses” entende-se em parte polamaior qualidade dos seus componentes (al-godom e bambu de cultivo ecológico). NosPrimal podemos escolher entre três taman-hos: pequeno (protege-slips), mediano (pen-so “normal”) e grande (penso “de noite”) se-gundo o que precisarmos.

As alternativas reutilizáveis custam mais aocomeço, mas a inversom é amortizada em pou-cos meses. Por isso e pola sua durabilidade,em geral, podemo-nos permitir gastar um pou-quinho mais e apostar nas marcas mais com-prometidas com os nossos valores. Concreta-mente no caso das copas, há muitas marcas, enalguns casos as diferenças entre as diferen-tes empresas som notáveis. Em redcopadelu-

na.webnode.org podedes encontrar um textoque elaboramos com os critérios a ter em con-ta à hora de escolher que copa comprar. Nanossa opiniom, Mooncup é o fabricante maisrecomendável.

1. casadasatochas.info/2010/04/13/obradoiro-de-

confeccion-de-salvaslips-e-compresas-de-tela/

2. labyrinth.net.au/~obsidian/clothpads/links_ma-

ke.html , casadasatochas.info/2010/04/13/obradoiro-

de-confeccion-de-salvaslips-e-compresas-de-tela/

3.centrovegetariano.org/loja/Cat-43-Vera%2BMar-

tins.html

CARLOS C. VARELA / A categoriadisso que pomposamente cha-mam ‘literatura’ nasce da cisomcom a vida, do mesmo jeito que asabedoria do contar do povo só éliteratura quando deixa de contar-se e passa a ficar escrita sob a rú-brica hipócrita e contraditória de‘literatura oral’. Em Futuro imper-fecto a linguagem e a realidade ca-minham da mao, com sinceridadetotal. Isto, certamente, nom é umlivro. É bem mais.

Testemunho em primeira pessoado plural –um "nós" que se chamaXulia e Nico–, as suas páginas som

um esconjuro daquela geraçom daGaliza dos 80 que conheceu as dro-gas pola primeira vez, com a ilu-som de pensar que tombaram umregime que morreu de morte mo-rrida. Umha geraçom que passouda clandestinidade da luita contraFranco à clandestinidade das terrí-veis siglas da SIDA. Páginas decrónica da nossa história mais re-cente, umha guerrilha contra um-ha enfermidade desconhecida,com a sua “particular agenda deamigos mortos” numha Compos-tela onde “junto à ilusom que o mo-mento político favorecia, se insta-

lou o negócio florescente das so-ciedades modernas: as drogas”.

Como a carícia dumha mao de-formada polo trabalho é à vezamorosa e dura. Sem mostrarcompaixom nem por si mesma,mas também sem esquivar pudo-rosamente os sentimentos mais ín-timos. Nom se poupa em palavrasnos momentos mais amargos,nom se cai na recriaçom típica dequem trafica com a dor alheia.Longe do que se puder pensar, oromance destila umha intensa ale-gria de viver até nos momentosmais duros: as tardes na praia do

Vao ou os partidos do Celta comos amigos, todo arredor da marédum amor de mirada atlântica.

Num país em que a épica estáà volta da esquina, tornada a pai-sagem, Xulia encontrou rearmena “memória da resistência”, co-mo ela lhe chama. Os recordosda família no campo de concen-traçom, na emigraçom em NovaIorque e Buenos Aires, recordosdo tio-avô fugindo polos montesda Rua das gadoupas fascistas,do seu pai ainda criança ouvindono quartelinho como malhavamno seu avô; mas, sobretudo, a re-

sistência perene das avós e damae, de Rosa, de Olímpia e Flo-ra, estirpe de luitadoras.

Quiçá porque a literatura é algodemasiado importante como paradeixar em maos dos literatos, Xu-lia pegou na pluma para escrevereste livro. Por isso e por fidelidadea umha memória compartilhada ea missom de herdá-la. Transpa-rência, como a das águas de Afife,e a beleza do poder destrutivo dassuas ondas. Um exemplo de vida.

Alonso Díaz, Xulia. Futuro imperfecto.

Ed. Galaxia, Vigo, 2010.

TONI LODEIRO

entrelinhas contra o esquecimento

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27temPos livresNovas da GaliZa 15 de Dezembro de 2010 a 15 de Janeiro de 2011

que fazer

16.12.2010 / MANIFESTAÇOMPOLO DIREITO A TITULAR-SE / 12:00 na Alameda. COM-POSTELAGreve geral na USC “contra aextinçom de matérias e convo-catórias”. Convoca Agir.

16.12.2010 / MERENDASCOM SUMO CUIDADO / 18:00no local A Cova da Terra(Rua Nóreas, 12). LUGOProjecçons, títeres e obradoiros.

16.12.2010 / PROJECÇOM DECASAS VIEJAS: 5 ANOS DEOKUPAÇOM E AUTOGES-TOM E OKUPA / 19:00 noC.S.O. A Casa da Estaçom(Avenida de Ferrol). PONTED’EUMEActividades polo primeiro ani-versário ‘Um ano e mais’.

16.12.2010 / PROJECÇOM DERED DOORS / 20:00 no C.S.Sem Um Cam (Rua do Vilar,9). OURENSEDo Ciclo de cinema LGBT.

16.12.2010 / PROJECÇOMSURPRESA DE DOCUMEN-TÁRIO / 21:00 no C.S. Vaga-lume (Rua Nóreas, 5). LUGO

17.12.2010 / OBRADOIRO DEBRINQUEDOS / 17:00 na se-de de Agarimar (Rua Real,12). VIGO

17.12.2010 / ACTO CONTRA OESTATUTO DE AUTONOMIA /19:00 no C.S A Fouce (Praçade Chaviám, bloco 2, rés-do-chao 5 - Bertamiráns). AMESAcaba com concerto de Sachana Horta.

17.12.2010 / PALESTRA SO-BRE A AUTOGESTOM / 20:00no C.S.O. A Casa da Esta-çom. PONTE D’EUMEActividades polo primeiro ani-versário ‘Un ano e mais’.

17.12.2010 / PALESTRA AHISTÓRIA DO NACIONALIS-MO GALEGO / 21:30 no C.S.A Revira (Rua Gonzalo Ga-llas, 4). PONTE VEDRAMinistrada por membro da Es-cola Popular Galega.

17.12.2010 / CONCERTO DEKAVE GZ E O SOUNDSYSTEM DE A MORRINHA /22:00 na Fundaçom Artábria(Travessa de Batalhons, 7 -Esteiro). FERROL

18.12.2010 / JANTAR E JUN-TANÇA DE OKUPAS / 14:00 /CONCERTO / 21:30 no C.S.O.A Casa da Estaçom. PONTED’EUMEActividades polo primeiro ani-versário ‘Um ano e mais’. Ac-tuaçom de THC, Arenga, Fol-kolikos e Pandilla basura.

18.12.2010 / JANTAR TEMÁ-TICO / 14:30 no C.S. O Pichel(Rua Santa Clara, 21). COM-POSTELADe lombarda e kivis.

18.12.2010 / PALESTRA DELÍDIA SENRA / 20:00 na sededa Escola Popular Galega(Rua Real, 12). VIGOSobre as conseqüências da Leido Solo e das Directrizes deOrdenaçom do Território.

18.12.2010 / COMEMORA-ÇOM DO TRIUNFO DA RE-VOLUÇOM CUBANA / 20:00no Local Sociocultural doCastinheirinho. COMPOSTE-LAActo político, música, mojitos epetiscos. Organiza a Associa-çom de Amizade Galego - Cu-bana ‘Francisco Vilhamil’.

18.12.2010 / CONCERTO DEÍXIOM / 22:00 na FundaçomArtábria. FERROL

18.12.2010 / FEIRA DE TRO-CO / Na Praça da Ferraria.

PONTE VEDRAOrganiza Verdegaia.

19.12.2010 / V MARCHA PO-LA LIBERDADEMarcha aos cárceres de Due-ñas (Palência) e Mansilla delas Mulas (Leom). Informaçomsobre a saida de autocarros napágina web de Ceivar.

19.12.2010 / SAÍDA ORNITO-LÓGICA / 8:30 no pavilhom.PONTE VEDRA Complexo Intermareal Úmia -Ogrove. Organiza Verdegaia.

19.12.2010 / ROTEIRO A EDU-CAÇOM AO SOM DA NATU-REZA / 09:00 na Escola deMagistério (Avda. de RamomFerreiro). LUGO Organiza Adega.

19.12.2010 / INAUGURAÇOM

DO MEMORIAL ÀS VÍTIMASDO FRANQUISMO / 17:00 naAvda. de Navarra. CORUNHAOrganiza a Comissom pola Re-cuperaçom da Memória Histó-ria da Corunha (CRMHC).

21.12.2010 / HOMENAGEMÀS FAMÍLIAS DAS VÍTIMASDO FRANQUISMO / 20:00no teatro Rosalia de Castro(Rua Rego de Agua, 37). CORUNHAOrganiza a CRMHC. Actuam AQuenlla, César Morán, XoséTaboada e Paco Campos.

22 e 23.12.2010 / X JORNA-DAS MOSTRA DE CURTAS-METRAGENS / No CentroCultural Torrente Ballester(Rua Concepción Arenal).FERROLOrganiza o Ateneu Ferrolano.

O programa completo está emhttp://www.ateneoferrolan.org.

22.12.2010 / COMEDOR PO-PULAR / 14:45 no C.S. MádiaLeva! (Rua Manuel Amor Mei-lám, 18). LUGOTodas as quartas-feiras.

22.12.2010 / PALESTRA DOFORO GALEGO DE IMIGRA-ÇOM / 20:00 no C.S. A Fou-ce. AMES

22.12.2010 / OBRADOIRO DEPANDEIRETA / 20:30 no C.S.Atreu (Trav. de Sam José, 2 -Monte Alto). CORUNHATodas as quartas-feiras.

22.12.2010 / PROJECÇOMDE MATERIAL, DE THO-MAS HEISE / 21:30 no C.S.O Pichel. COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VOSG.

23.12.2010 / CONTADAS DOSGHAZAFELHOS / 21:30 naFundaçom Artábria. FERROL‘Contos para escagarrinhar-se’.

27.12.2010 / PALESTRA SO-BRE AS IDEIAS LINGÜÍSTI-CAS DE CARVALHO CALERO/ 20:30 na Fundaçom Artá-bria. FERROLMinistra Maurício Castro.

29.12.2010 / PROJECÇOM DEMALCOLM X / 20:00 no C.S.A Fouce. AMES

29.12.2010 / ESPECTÁCULODE MAGIA / 21:00 na Funda-çom Artábria. FERROLCom Fiz o Mágico.

30.12.2010 / PROJECÇOM DEA BATALHA DE ARGEL /20:00 no C.S A Fouce. AMES

01.01.2011 / FESTA DE FIMDE ANO... POLA HORA GA-LEGA! / 01:00 no C.S. MádiaLeva! LUGO

01.01.2011 / FIM DE ANO DEMÚSICA / 01:00 na Funda-çom Artábria. FERROL

07.01.2011 / ACTOS POLO LXICABODANO DE CASTE-LAO: NA MEMÓRIA E NALUITA / Desde as 19:00.RIANJO E BOIROOferenda floral no busto deCastelao em Rianjo e recitalpoético e musical com Mini eMero no L.S. Aturuxo (Boiro)às 21:30.

13.01.2011 / CURSO APREN-DE A ESCREVER EM REIN-TEGRADO NUMHA HORA /20:30 no C.S. O Pichel. COM-POSTELA

14.01.2011 / PROJECÇOMDE O FONDO DO AIRE ÉVERMELHO / 20:00 no localda CUT (Rua Policarpo Sanz,22, 2º). VIGOCiclo Filmar a História. VOSE.

Diferentes vilas e centros sociais preparam-separa receber o apalpador num novo natalDiferentes colectivos, associaçons ecentros sociais preparam-se parareceber, mais um ano, o apalpador.

no dia 18 de Dezembro às 11:00hh. o gigante do Courel vai visitar ocentro social lume (vigo). Às 13:00haverá um magusto nesse local.

a associaçom agarimar organizano dia 21 um obradoiro de prepara-çom da chegada do apalpador. será

desde as 18:00 no espaço Folhasnovas (rua real, 12, vigo). Tam-bém preparam a chegada do gigan-te às ruas do casco velho da cidade.

a principal promotora da recupe-raçom desta figura, a Gentalha do pi-chel, prepara-se para receber ao car-voeiro no dia 23. o próprio apalpa-dor vai fazer o sorteio de um “sucu-lento cabaz cheio de cousas ricas”.

as ruas de Ferrol vam ver o apal-pador oferecendo castanhas no dia30. Convidado pola Fundaçom artá-bria, sairá, acompanhado de músi-ca, às 17:00 hh. do Bairro de esteiropara chegar ao Bairro da madalena.

Também no dia 30 o centro socialmádia leva organiza um obradoiropara crianças e um passa-ruas como apalpador polas ruas de lugo.

acto em Ponte vedra

Causa Galiza apresenta aDnCausa Galiza apresenta na tardedo 18 de Dezembro o acordoDemocrático nacional, texto deoito pontos pola autodetermina-çom e “contra a fraude estatutá-ria”. o acto vai-se realizar no pa-ço da Cultura de ponte vedra às16:30 hh., e consiste num co-

mício com diferentes interven-çons de membros de Causa Ga-liza e de outros colectivos.

Depois do acto o público vai-se deslocar à praça de Currosenriquez para realizar umha ofe-renda floral à escultura de ale-xandre Bóveda.

siareir@s Galeg@s organizaumha jornada na defesa dasselecçons galegas que inclui ojogo de futebol Galiza - palesti-na. Desde a manhá haverá ac-tividades : aberto de Bilharda,jantar popular, actuaçom depaiasos em rebeldia e, às16:00, manifestaçom com olema ‘povos em luita, selec-çons irmás’ desde a praçamaior. Às 20:30 haverá umconcerto de Keltoi, royalties esom do Galpom.

Jogo Galizapalestina em ourense

no dia 26

consolidaçom do carvoeiro do courel

Page 28: ovas da Gali a trabalhadora do Centro de informaçom da mulhernovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz97.pdftes sobre a neutralidade da Rede e as relaçons de poder entre Estados.

Novas da Gali a apartado 39 (15701) ComposTela Tel. 630 775 820 publicidade: 692 060 607 [email protected]

oestatuto do 36.Quem no-lo dera…Bóveda. Castelao.

nós. Homens e mulheresde nosso espalhados e es-palhadas polo país “a jeitode panfleto”. os mítins doestatuto. a Frentre popu-lar. as vacas de Daniel.nós mugimos a vaca e ou-tros bebem o leite. Quemaravilha de entrega eacerto no seu labor políti-co. e logo foi a barbárie. eficamos sem ele.

silêncio.

e reapareceu o... estatu-to? nom. autodetermina-çom. era a... Transiçom?Quanto signo de interroga-çom. e as palavras começa-ram a ser prostituídas. es-tatuto? De... autonomia?podem realmente estas pa-lavras andarem juntas 30anos depois sem preguntar-mo-nos onde foram os tra-ços dos seus significados?nom: autodeterminaçom.

nom à ‘prespituaçom es-pañola’. Fora bilingüismosharmónicos, concordados,restituídos. Fora a Galiza vi-perina a obrigar as palavrasà ‘prespituaçom’. o bilin-güismo é a morte de êxitodas línguas. nom existe.sempre é diglossia. José To-jeiro também as empregavaa pares. Botárom-nos drog-ha no estatu-caos.

e agora juntam-se os trêstenores do Cara-ao-caos.pp-psoe-BnG entoam oesta Tutto?, pavarotti? ou-tra volta a bailar ao som dochótis. pois nom. nom estáTutto. Faltam, por exemplo,os 8 pontos básicos do nos-so aDn, do acordo Demo-crático nacional, com asBases Democráticas Gale-gas na memória. o nossoaDn de soberanistas, inde-pendentistas. o mesmo queo de manuel antonio. sába-do 18, na ponte vedra doBóveda, do Castelao...

o único caminho continuaa ser a autodeterminaçom.

leo F. Campos

adn

henrique banet, aGricultor ecolóGico e activista ambiental

Fala-nos deste lugar. Que fazedes aqui?É umha antiga escola que cons-truírom os indianos emigradosem Mar de Plata. Estava total-mente em abandono. Umha pla-ca na porta dizia: “fazemos estaescola para que os nossos filhosnom tenham que emigrar”. Nosreconstruimo-la conservandotodas as suas características ini-ciais, mas com a ideia de fazê-latotalmente auto-suficiente. Re-colheremos e filtraremos natu-ralmente com plantas e lagoasas aguas residuais, deixando-asaptas para o consumo; sem gas-to energético. Compara-o comas custosíssimas depuradorasde águas dos concelhos. Usa-mos energias alternativas, co-mo solar, eólica e geotérmica.Nom dependeremos para nadadas grandes companhias. Esteserá um centro de demonstra-çom de agricultura, saúde eenergias alternativas. Por ou-tra parte o edifício é bio-climá-

tico: todos os produtos empre-gados aqui som galegos e na-turais: pedras, madeiras, pin-turas... Queremos montar cin-co centros na Galiza.

Auto-suficiência energética.Como é possível?A finca está perfurada por 650metros de tubo que recolhe atemperatura constante de 14,5graus do subsolo para que aaproveitemos no aquecimento ena água. Com essa mesma téc-nica, aproveitaremos a o calorque produz o compost da finca.Temos placas solares e instala-remos um pequeno moinho deeixo vertical, que som mais efi-cientes e sem o impacto visualdos obsoletos que proponhemas companhias eléctricas. Que-remos ser um modelo de sufi-ciência energética. Frente aomodelo tradicional, monopolís-ticos, (sucessivamente, carbom,petróleo, nuclear...) nós pode-mos fazer a nossa própria ges-

tom da energia. Mas claro, issonom interessa às grandes com-panhias, que preferem contro-lar o processo que supom gran-des benefícios.

E o investimento? 20 por cento mais que a tradi-cional, mas sem gastos de man-timento posterior. Mas tambémhá subsídios que compensameste sobregasto.

E a agricultura?Investigamos, colhemos e se-leccionamos sementes, damosformaçom gratuita aos agricul-tores, passamos-lhes as semen-tes e depois compramos-lhestoda a produçom a um preçodez vezes superior ao do mer-cado. Porque o problema é queo sistema é pernicioso repara:A pataca estava nas grandessuperfícies a 1,95 euros, e aoprodutor pagava-se-lhe a 19cêntimos. Nós pagamos a 1,10e a 1,30 quando se venda direc-

tamente ao consumidor. E fala-mos de produtos ecológicos.

A distribuiçom?Estamos fora do conselho regu-lador de agricultura ecológica.Exigimos mais, queremos umaval de qualidade. Queremosque 80% da produçom seja ven-dida num rádio de 50 qms. Por-que devemos produzir. Nom pro-duzimos nada, quase tudo vemde fora. Exigimos que os agricul-tores vivam dignamente do seutrabalho. Que nom tenha quemendigar um subsídio. Nom setrata de produzir para obtergrandes benefícios amparadosna etiqueta “ecológico”. A vendana proximidade é fundamental,para além da poupança emtransporte, contaminaçom e in-termediários. Ao grande capitale às instituiçons que o servemnom lhes interessa isso. A chaveé: Agricultura galega, ecológica,rendível: produzir na Galiza pa-ra consumir na Galiza.

“A chave está numha agricultura ecológica,

galega e rendível, produzida onde se consome”ALONSO VIDAL / Henrique Banet transmite confiança. Situa-seao teu lado e explica-che os seus projectos com a ilusomdos que ainda acreditam em antigas utopias, em transforma-çons radicais da sociedade, em revoluçons pessoais e so-ciais. Envolve-te nas suas palavras que falam de justiça, eco-logia, saúde, agricultura, energias alternativas... Fai-te viajardurante esse tempo a lugares projectados com inteligência,imaginaçom e constáncia. Afinal, de volta, com os pés na ter-

ra, um nom pode evitar pensar em que quiçá fôrom pessoascomo Henrique as que sonhárom primeiro as mudançasmais profundas na história e em que imprescindíveis sompara acreditarmos ainda em qualquer futuro alternativo aogrande capital. Realizador de TV prestigioso, embarcado jun-to à sua companheira, a actriz Mabel Rivera, em projectos deagricultura bio-ecológica e de energias alternativas, recebe-nos na sede do seu projecto principal, em Forcarei.