Oxe! - Julho de 2012

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Nesta edição nossa comemoração de aniversário, o Oxandolá [In]Festa 2012, ainda é o assunto. Confira como foram as comemorações, veja a transcrição do delicioso e poético bate-papo com o poeta e agitador cultural Sergio Vaz. Além disso, confira a segunda parte de “Triste ironia da vida” de Danilo Góes, saiba mais sobre a Pracinha do Coreto no texto de George de Paula, veja o final do Drama Crônico, conheça também o primeiro telemarketing do bem, a maravilhosa estreia de Reneé Criart em charge sobre o período eleitoral, confira também a fantástica charge de Betto Souza sobre as férias dos jovens moratenses e a incrível trinca poética de Messias Silva, Remisson Aniceto e Frank Neres. Tem também Na Faixa, Registro, Dia da Vovó, aulas de karatê no CIC, pensamentos sobre literatura e a criatividade da população moratense que abre espaço para o lazer onde não existe. E pra finalizar, você confere nossa prestação de contas dos projetos do Oxandolá [In]Festa e do Ponto de Mídi

Transcript of Oxe! - Julho de 2012

Page 1: Oxe! - Julho de 2012

Realização:

ANO IV − Numero 385.000 ExemplaresFrancisco Morato - São Paulo

Brasil

CCoommppoorrttaammeennttooSSoocciieeddaaddeeCCuull ttuurraannaa aattiivviiddaaddee

Julho / 201 2 Distribuição Gratuita - Venda proibida

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:stock.xchng-www.sxc.hu

... mas mesmo assim realizamos um mês de festança. Confira nestaedição como foi as comemorações do Oxandolá [In]Festa 201 2.

CCoonnffii rraa ccoommoo ffooii oo bbaattee--ppaappooccoomm oo ppooeettaa ee aaggii ttaaddoorrccuull ttuurraall SSEERRGGIIOO VVAAZZ

AA eessttrrééiiaa ddaass cchhaarrggeess ddeeRREENNEEÉÉ CCRRIIAARRTT eemm ggrraannddeeeessttii lloo nnaass ppáággiinnaass ddoo ÔÔxxee!!

CCoonnhheeççaa oo pprriimmeeii rrooTTEELLEEMMAARRKKEETTIINNGG DDOO BBEEMM

ddaa hhiissttóórriiaa

uummaa ttrrii nnccaa ppooééttiiccaa mmaattaaddoorraa

ee mmuuii ttoo mmaaiiss!!

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11 Julho / 201 2

ProgramasUbuntu 10.10 (ubuntu.com)BrOffice.org 3.2.1 (broffice.org)Gimp 2.6.10 (gimp.org)Scribus 1.3.3.13 (scribus.net)InkScape 0.48 (inkscape.org)Mozilla Firefox 3.6.13 (br.mozdev.org)Banshee 1.8.0 (banshee-project.org)

::. O que a gente usou nessa edição

::. Colaboraram nesta edição:

Betto Souza(subjetividadeematividade.blogspot.com.br)Danilo Góes([email protected])Frank Neres([email protected])Messias Silva([email protected])Renée Criartentregue pessoalmenteRemisson Aniceto(www.nossomundo.bligoo.com.br)

O informativo Ôxe! é uma iniciativada Ôxe! Produtora Comunitária quevisa propiciar à população de FranciscoMorato e região, um veículo de jornalis-mo cidadão e produção, difusão e divul-gação de ideias e informações na áreacultural. Todas as informações, ilustra-ções e imagens são de responsabilidadede seus respectivos autores e obedecema licença Creative Commons 2.5 Bra-sil Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Li-cença (acesse o blog para maioresdetalhes), salvo indicações do(a) au-tor(a) em contrário. Para ver uma cópiadesta licença, visite http://creativecom-mons.org/licenses/by-nc-sa/2.5/br/ ouenvie uma carta para Creative Com-mons, 171 Second Street, Suite 300,San Francisco, California 94105, USA.

A Equipe Ôxe! é: FabiaPierangeli, George de Paula,Gilberto Araújo, Mari Moura eRoger Neves([email protected])

Para quem não o conhece, Sérgio Vaz éconsiderado o precursor da chamada Literatu-ra Periférica (um Oswald de Andrade de nos-sa geração), organizou em novembro de 2007a Semana da Arte Moderna da Periferia. Fun-dou, há mais de dez anos, a Cooperifa, umdos movimentos artísticos mais ativos de SãoPaulo. Transformou em centro cultural o Bardo Zé Batidão, onde acontece um dos maio-res saraus deste país, o Sarau da Cooperifa. Jápublicou vários livros, o mais recente: O Cole-cionador de Pedras.

O Sarau da Cooperifa nos serve, além de ex-emplo, comomotivação para que continue-mos nesta resistência cultural... Temos aimpressão de que vocês, lá na Zona Sul, es-tão mais adiantados nessa corrida. Contepra gente como foi no início.

As pessoas demoraram muito para enten-der que tipo de ação que a gente realizava,muitas até achavam: “É, parece que tem umanova igreja aí”. Havia o estranhamento da co-munidade... Os próprios artistas não se apro-priavam daquele lugar onde viveram. Isso nãoera “chique”... Quando veio o Rap e HipHop, trazendo sua filosofia... Essa coisa de fa-lar do seu bairro sem ter vergonha. Isso foimuito importante e aCooperifa acabou surgin-do a reboque desse movimento.

O que diferencia a cultura periférica?Cultura periférica é feita por quem é da pe-

riferia, diferente de cultura da periferia, quepode ser feita por qualquer um, dentro da peri-feria. Sofremos preconceito o tempo todo e is-

so reflete no queproduzimos, não dá pa-ra ser artista sem antesser cidadão. Acreditoque nós, principal-mente nós da perife-

ria, devemos fazer aarteque transforma... Me-xer com a estrutura dacoisa... Arte política,lembrando que políticanão é partidarismo.

Tem gente que vê comolhos preconceituosos,como se fosse uma coi-samenor esse título, co-mo por exemplo...“não, não é poesia, époesia periférica”. Oque você pensa disso?

Então, como eu eujá falei, encaramosuma série de precon-ceitos, esse é mais

um... Não me incomodo, pelo contrário atégosto desse título, tenho orgulho... É difícil vo-cê crescer num barraco de madeira, com seusirmãos passando fome, fazer trabalhos em pre-sídios e falar de outras coisas... Sei lá, pode atéser uma coisa menor, mas eu me sinto maiorem ser da periferia e tratar da minha realidade.

Você percebe uma interação maior entrepessoas que frequentam diferentes espa-ços na periferia? E também, você achaque corremos o risco de criar uma segre-gação de periferia, de querer separá-la dorestante do país?

Sim. Quanto a segregação... A gente nãotem nada para segregar, eles é que são os do-nos das terras, do dinheiro... Nós não temosnada! Por mim se dividiria centro e periferia,pelo menos a gente teria alguma coisa (ri-sos)... Mas eu quero deixar claro que sou a fa-vor da igualdade, de sermos todos um país só,tudo junto e misturado de verdade.

ACooperifa tem apoio financeiro?Não. Em alguns eventos, apenas, como a

Mostra Cultural, que acontece em novembro,provavelmente teremos o apoio do Itaú Cultu-ral, do SESC, do Centro Cultural da Espa-nha... Mas é um apoio isolado para umevento isolado. No dia a dia somos indepen-dentes, funcionamos através da venda de li-vros, camisetas e etc.

Como que você vê a interferência do poderprivado sobre as iniciativas sociais?

Parceria não quer dizer casamento. Parcerianão é pagar a banda e mudar a música. Mas agente precisa de dinheiro e é claro que esse di-nheiro também é dinheiro público. Importan-te: nossa alma não está à venda!

Como você vê a relação com o poder público?Optamos por não ter relação com o poder

público, mas tambémnão vemos problema al-gum com iniciativas que tem o apoio do po-der público. O governo tem obrigação departicipar, é muito legal quando se encontra:“apoio do Governo do Estado”. Afinal de con-tas é por isso que a gente paga imposto. Ago-ra cabe ao artista separar: o apoio, opatrocínio, a parceria...

Émuito complicado chegar até as pessoas?Não é complicado porque... A gente sem-

pre teve essa ideia de entrar na mente da mo-lecada e a gente sabia que não ai ser comcarros alegóricos, com fogos de artifícios... ti-nha que ser enfrentando os nossos própriosproblemas, a gente passou a se perguntar: porque no centro tem teatro e aqui não tem? Porque no centro tem Semana da Arte Modernae aqui não tem? Passamos a criar isso nos am-

bientes que temos disponíveis: no bar, nochão. A ideia é se apropriar da comunidade.O ator e o público falam a mesma língua, umse apropria do outro. Eles se olham nosolhos, não é de baixo para cima, com medo,nem de cima para baixo, causando medo, éassim: com igualdade. A Cooperifa disponi-biliza para comunidade o cinema, a literatura,a dança... E a comunidade se envolve. É isso.

Vocês já tiveram algum problema com osSaraus?

Nunca tivemos, nem com a polícia, nemcom o crime, nem com o Estado... Há o en-tendimento com a comunidade, somos muitoparceiros das escolas... É claro que algumaspessoas que moram ao redor não gostam tan-to porque tem o barulho, tem alguns carrosque estacionam na porta... É mais ou menosassim: todos querem ter uma feira no bairro,mas ninguém quer que seja na sua rua. Mas...O sarau termina às onze, que é um acordocom a comunidade...

Você disse que émuito parceiro das escolas,como funciona essa parceria?

A gente entende que a escola é uma exten-são da comunidade, a gente realiza várioseventos nas escolas, tanto é que a Mostra éfeita nas escolas. E a comunidade entendeuisso e a partir do momento em que a comuni-dade entende, a briga não é mais minha oudo fulano, a briga é nossa que pertencemos aessa comunidade e tudo vai crescendo. Hojetem mais de sessenta saraus acontecendo emSão Paulo... Veja: fundamos o Sarau da Ro-cinha, sarau em Salvador, sarau no Ceará...Isso vira uma grande rede que dialoga entresi. Ousaria dizer que a periferia de São Paulovive a mesma efervescência que viveu a clas-se média nas décadas de sessenta e setenta.

Como promover cultura num lugar ondefalta tudo?

Maravilhoso! (risos) Não tem concorrên-cia, ninguém quer encarar... O cara de classemédia tem mais acesso a arte, ótimo. Masquando você vê o olhinho brilhando dumacriança nossa com uma peça de teatro, porexemplo, é lindo! É muito mais entrega! Vo-cê leva até aquele fulano uma coisa que nun-ca tinha visto! Isso é lindo! O grande barato éser artista da comunidade.

Já passou pela sua cabeça que daqui há al-guns anos as pessoas te estudem, estudemseus trabalhos?

Na verdade eu queria fazer sucesso na mi-nha quebrada. Mas eu gostaria de ser estuda-do sim, porque pra gostar do que a gentegosta, fazer o que a gente faz... Tem que terum parafuso a menos. .::

Be Linux, Be Free!Na confecção destematerial

gráfico foramutilizados

apenas softwares que atendem

a licençaGNU/GPL.

Saiba: blogduoxe.blogspot.comSiga: @informativo_oxeCurta: Produtora Ôxe!

::. Diga, Ôxe!

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:MariM

oura

(De) Bate-papo: Cultura na/da periferiaCom: Sérgio Vaz

Page 3: Oxe! - Julho de 2012

22Julho / 201 2

::. Teatro Girandolá Recebe...Durante os meses de julho e agosto, O Teatro Giran-

dolá receberá diversos grupos dentro da programaçãodo Centro Cultural Newton Gomes de Sá (Av. Sete deSetembro, s/nº, Centro, Franco da Rocha, SP).

Acompanhe a programação:

22 de julho às 17h – Cia de Teatro Educando comArte, com o espetáculo teatral “Navio Negreiro”, naPraça da Vila Bela, em frente a estação de trem daCPTM Baltazar Fidelis.

Dia 28 de julho às 20h – Key Zetta e Cia, com o es-petáculo de dança “Antes de desistir”, no Centro Cultu-ral Newton Gomes de Sá.

Dia 29 de julho às 17h - Cia de Teatro Educandocom Arte, com o espetáculo teatral “Navio Negreiro”,inspirado no poema de Castro Alves, no calçadão emfrente a estação de trem da CPTM Franco da Rocha.

Dia 3 de agosto às 16h – Coletivo Construtores dePontes, com o espetáculo teatral “Chamado da terra”,no Centro Cultural Newton Gomes de Sá.

Dias 4 e 5 de agosto às 20h – Grupo Una, com o es-petáculo teatral “Nós”, no Centro Cultural Newton Go-mes de Sá.

O projeto Teatro Girandolá Recebe é uma realizaçãodo Teatro Girandolá e tem o apoio da Diretoria de Cul-tura de Franco da Rocha. Todas as apresentações são

gratuitas e os ingressos das atividades que acontecemno Centro Cultural são distribuídos com 1 hora de ante-cedência.

Informações: 4488-8524 ou www.teatrogirando-la.com.br

::. Festa da Associação Cultural do VéioAcontece no dia 15 de julho mais uma edição da

manifestação “A cultura está nos morros”, que dessavez será realizada pela AssociaçãoCultural do Véio em parceria com aDiretoria de Cultura de Franco daRocha e acontecerá no Centro Cultu-ral Newton Gomes de Sá (Av. Setede Setembro, s/nº, Centro, Franco daRocha, SP) com muita capoeira, cur-sos, mesa de debate e apresentaçõesmusicais a partir das 14h. A EN-TRADA É FRANCA. Não perca! ! !

::. Programação QuilombaqueAproveite o mês de férias pra conferir a programa-

ção da Comunidade Cultural Quilombaque que está im-perdível: tem música, teatro, vídeos, discotecagem emuito mais pra animar seu inverno.

Dia 14/07, às 20h - Teatro Girandolá apresenta:"Ara Pyau – Liturgia para o povo invisível"

Um jovem, à procura de suas origens, depara-se comum lugar habitado por um povo que vive camufladocom a Natureza. Ara Pyau - Liturgia para o povo invisí-

vel, é uma narrativa que celebra o encontro do TeatroGirandolá com uma cultura milenar, a cultura Guarani.GRÁTIS

Dia 15/07, às 15h - Lançamento do Cd "Estilo DeVida" do NusCorre e do clipe "MonoRudeBoyStereo"do Kilomboklan. Convidados: Caos Do Suburbio -Consequencia CDH - A Rapa Do Sindicato. Discoteca-gem com: Dj Clevinho e Dj Dagoma. GRÁTIS

Dia 28/07 às 22h - A Quilom-baque e a banda O Mandruváapresentam a quarta edição doprojeto M.A.T(Música e Atitudeem Transpiração!)

O projeto configurou-se na ali-ança da banda O Mandruvá agre-gando ao conceito da ComunidadeCultural Quilombaque, o desejo derealizar um evento artístico-musi-

cal como uma nova proposta de fomento musical naperspectiva de agregar bandas e intervenções artísticas(vídeos, pirofagia, teatro, etc.), num só evento promo-vendo intercâmbio cultural entre grupos de várias loca-lidades de São Paulo.

Entrada: 5,00 reais

A Comunidade Cultural Quilombaque fica na Tra-vessa Cambaratiba, portão 5, Beco da Cultura ao ladoda estação de trem Perus (Linha 7 - Rubi da CPTM)

Informações: 3917-3012 .::

::. Na Faixa Por: Fabia Pierangeli

"Muitos homensiniciaram umanova era na suavida a partir daleitura de um livro"

Henry DavidThoreau

Odisséia das Flores - as meninas do grupo de rapserão as anfitriãs nas comemorações da ACV

iimmaaggeemm:: RRooggeerr NNeevveess

Page 4: Oxe! - Julho de 2012

33 Julho / 201 2

Francisco Morato, cidade dormitório, cidade que acolhe eabriga milhares de migrantes que chegam aqui sonhando comdias melhores. Dias melhores... Quem nunca sonhou comdias melhores? Quem nunca sonhou? Sonhar faz parte danatureza humana e nós sonhamos insistentemente com diasmelhores. Nós lutamos diariamente por dias melhores. E anossa arma de lutar é a Poesia e a Arte.

Em 2007 discutíamos se havia espaço para a produçãocultural em Francisco Morato e região, se havia público para aArte. Nossos administradores teimavam (e ainda teimam) emdizer que ofereciam para o povo, o que o povo gostava -cultura de massa - e nós insistíamos em dizer que isso não eraverdade. Que o povo não gostava só disso, que gostava deoutras coisas e ansiava por mais. Que nossa população eradiversa e que por isso, o departamento de cultura da nossacidade tinha obrigação de oferecer uma programaçãodiversificada, que fosse além dos eventos pontuais que SÓprivilegiavam as manifestações da famigerada indústriacultural.

Discutimos, falamos, argumentamos, brigamos, gritamos ecansados de tentar convencer os que de antemão já nãoqueriam ser convencidos. Resolvemos arregaçar as mangas ecolocar à prova nossa própria teoria. E foi a partir daí quecomeçamos a “cavar” espaços pra trazer a público outrasmanifestações culturais. Ciranda Cultural, Girandolá Recebe,Espaço Girandolá, Oficina Rodopiar – a casa aberta prabrincar, Informativo Ôxe!, Informativo Girandolá, Oxandolá[In] Festa, Concurso de Poesias “Prof. Aparecido RobertoTonelloti”, dentre outras iniciativas. Desde 2007 realizamos,apoiamos e divulgamos em nossa cidade e região (Franco daRocha, Caieiras, Perus e Jundiaí) diversos projetos com focona formação de público para as Artes, com apresentaçõesteatrais, musicais e de dança, saraus, concurso de poesias,oficinas culturais, bate-papos, encontros, publicações,manutenção de site, exposições de artes visuais e é com basenessa experiência que podemos afirmar com muita certezaque SIM, existe público para as Artes por aqui.

A terceira edição do Oxandolá [In] Festa, que aconteceudurante todo o mês de junho, no CIC e em frente ao CICFrancisco Morato é uma prova disso. Foram 16 atraçõesdistribuídas em 13 dias de evento e o público compareceu,centenas de moratenses acompanharam a programação,dezenas de pessoas apareceram e curtiram todos os dias do

festival. Completamos mais um ano de existência, deresistência e demos mais um passo no caminho daprofissionalização da área cultural na nossa região.

É o terceiro ano que realizamos o festival “Oxandolá [In]Festa”, e foi a primeira vez que conseguimos pagar todos osartistas que se apresentaram nele e todos os trabalhadores queo realizaram. Pode até parecer bobagem, mas isso é muitoimportante pra gente. Estamos há anos dizendo que artista éum trabalhador da cultura, que quando ele se apresenta, eleestá trabalhando e por isso precisa ser remunerado. Ninguémpede para um médico, pedreiro, padeiro, veterinário ou seja láque profissional for, trabalhar só por amor ao que faz, masque pro artista tudo bem pedir isso. Tudo bem pedir que eletrabalhe simplesmente pra ter um espaço pra mostrar seutrabalho. A realização do Oxandolá [In]Festa 2012 veio prareforçar que artista também é trabalhador e que ele precisa deespaço sim, mas não é só o espaço pra mostrar o que ele faz;ele precisa também de espaço pra se profissionalizar, praaprimorar e desenvolver seu trabalho.

Nós, cidadãos que tocam iniciativas independentes,idealizamos, organizamos, captamos recursos e realizamosum festival que gerou renda direta para 103 pessoas e indiretapara mais de 300, entre artistas, técnicos e produtoresculturais. Nosso festival custou R$ 60.000,00 e você podeconferir na contracapa do Ôxe! como esse dinheiro foi gasto.Esse recurso veio do ProAC – Programa de ação Cultural daSecretaria de Estado da Cultura, um prêmio que tem comoobjetivo fomentar a Arte e a Cultura no Estado de São Paulo.Além desse apoio financeiro, tivemos também outros apoiosque tornaram possível a realização do Oxandolá: do CICFrancisco Morato que entrou com o espaço para a realizaçãode parte das atividades e para os camarins dos artistas; daPrefeitura de Franco da Rocha que entrou com o espaço paraa realização da última apresentação e o empréstimo dospainéis para a exposição Axé du Ôxe! e da CooperativaCultural Brasileira que é nossa representante jurídica.

Já a Prefeitura de Francisco Morato... essa não perdeu aoportunidade de mais uma vez se queimar. Como já sabemosque nunca podemos contar com a prefeitura da nossa própriacidade, reservamos a ela uma espécie de apoio que, se nãoviesse, não faria muita falta. Pois é, e o apoio, mais uma vez,não veio. A única coisa que solicitamos à Superintendência deCultura de Francisco Morato, oficialmente, foi que nos dias

em que as atividades acontecessem na rua ela disponibilizasseum eletricista que pudesse nos fornecer um ponto de energia.Foram 5 atividades realizadas na rua. Só 5, das 16 querealizamos, mas nem assim pudemos contar com o apoio quesolicitamos. Só para termos uma ideia da gravidade disso,basta dizer que a Prefeitura da vizinha Franco da Rochaajudou mais do que a nossa própria prefeitura. Não sei se emtudo, mas pelo menos no que diz respeito ao Oxandolá[In]Festa, a prefeitura de Franco fez muito mais pelapopulação de Morato do que a própria prefeitura daqui.

O que dizer disso? Nem dá pra dizer nada, né? A não servoltar a dizer algo que já dissemos em outras oportunidades:A Superintendência de Cultura da nossa cidade é geridapor incompetentes. (E só pra não haver dúvidas do tipo deincompetência a que estamos nos referindo: Incompetentesegundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa éaquele que não tem competência; que carece das condiçõesexigidas).

Mas, não foi por isso que as atividades não aconteceram,muito pelo contrário, aconteceram lindamente, onde nãofaltaram poéticos e inspiradores momentos quecompartilhamos com a população de maneira gratuita eabsolutamente aberta a todos. Nós mesmos pegamos nossacaixinha de ferramentas e ligamos nosso ponto de energia,como sempre fizemos, pelas nossas próprias pernas e mãos,sem esperar por ninguém. Aliás, faz tempo que percebemosque se dependêssemos de qualquer estímulo ou apoio dosgovernantes de Francisco Morato, provavelmente, já teríamosdesistido ou ido embora.

E talvez seja isso mesmo que eles queiram, que desistamos.Afinal, Arte e Cultura ampliam o horizonte daqueles que têmcontato com elas. Arte e Cultura sensibilizam o ser humano,colocam ele pra questionar e comparar. Uma vez tocadospelas suas manifestações, o espirito das pessoas seengrandece e enobrece, e elas jamais voltam a ser as mesmas.O contato com Arte e Cultura somam a experiência daspessoas e as transformam e seres humanos melhores. E isso éperigoso, muito perigoso. É mais seguro administrar umacidade dormitório, uma população sem vínculos com oespaço que ocupa, sem entender seu lugar no mundo e nasociedade, sem entender porque ocupa esse lugar e quem sebeneficia com isso. É bem mais seguro... É bem mais seguroe requer menos competência. .::

“Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar.”(Chico Science)Por: Confraria Poética Marginal

Sergio Vaz - o poeta encantou e inspirou em noitemais que especial que terminou em muita poesia

Buraco D'Oráculo - grupo da Z/L encantou maisuma vez os moratenses em deliciosa apresentação

Festa do Oxandolá - o tradicional bolo de aniver-sário, este ano com discotecagens da Phone Raps

LiteraturAndante - Coletivo da Z/Ncolocou todomundo para brinca uma ciranda no final do sarau.

Brava Companhia - grupo da Z/S mais uma vezarrebentou em apresentação bombástica

Noite de Música - Shallana Rodrigues e AndersonDias em um dos grandes momentos do evento

iimmaaggeennss:: MMaarrii MMoouurraa ee FFaabbiiaa PPiieerraannggeellii //// iilluussttrraaççããoo:: RRooggeerr NNeevveess

Fotomontagem com Gilberto Araújo em cena de "Ara Pyau -liturgia para o povo invisível" do Teatro Girandolá e ao fundoimagens de todas as atividades do Oxandolá [In]Festa2012

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Mesaque teve duas perdas em menosde 2 anos que fizeram com que eu (aDescrença) virasse sua forte aliada. De-vido ao meu apoio começou a buscarrespostas em livros para suas perguntascamufladas de angústias. Foi seco paraler o AntiCristo de Nietzsche, mas dei-xou de lado, “muitas palavras difíceis”.

Estava pensativo, em sonho que tevee em um quadro que viu em uma expo-sição de arte de artista da região. O qua-dro era um olho com uma lágrimaescorrendo e dentro da pupila refletiaum adulto e uma criança de mãos da-das, “Janela da alma”, de Samara Sati-ko... "que baguio louco" ele pensa.Desceu uma lágrima de seu rosto, porum momento o quadro refletia comoum espelho, fazia tempo que não chora-va – havia endurecido o coração. Pen-sou no pai e no irmão.

Mesaque sempre teve uma relação deatrito com seu pai João, devido à reli-gião, que direcionava seu pai para Deuse o afastava da vida familiar.

Na infância ficava horas e horas na ca-sa do vizinho, pois em sua casa era proi-bido TV, e quantas vezes seu pai foibuscá-lo com cinto em mãos, educaçãosevera. Sempre teve uma visão de seupai ranzinza, calado, só escutava suavoz para repressão, que não pode isso enão pode aquilo, sempre reproduzindoo que a vizinha irmã de igreja falava:que TV era do demônio, que Cosme eDamião eram do demônio, que jogar bo-la é do demônio, tudo era demônio. Te-ve uma vez que Mesaque, vendo todos

os amiguinhos caracterizados, queriadançar quadrilha na Festa Junina daEscola, mas era do demônio.

Dona Severa, sua mãe, não falava na-da, pois no começo do casamento teveque suportar “poucas e boas” de João,pois bebia muito, para ela João melho-rou muito, mas Mesaque não conheceuessa fase, então para ele era um sacosuportar o pai evangélico.

A Morte de seu irmão Sadraque fezele se aproximar e conviver mais com opai, percebeu a luta dele para criá-los,que a ausência era trocada por alimen-to, que o corre e corre da vida era acausadora do distanciamento familiar eque a rigidez na criação era para evitaros erros que ele cometeu “na vida mun-dana”.

O quadro refletia um sonho que esta-va tendo constantemente, seu pai e seuirmão indo embora. As ações no passa-do demoraram a dar uma reação, maisderam. Seu pai levava uma vida deboêmio e numa ruptura brusca, largouessa vida. Do nada, seu pai sofreu umAVC, ruptura brusca. Percebeu que otempo perdido não tem reposição. Quea vida é um labirinto e somos ratos delaboratórios em rodas, andando emvão. Para Mesaque não existe maisuma estrela imaginária guiando parauma suposta saída. “Deus sabe o quefaz, será que sabe mesmo? As coisassimplesmente acontecem, tenho queacreditar nisso para ter um pouco de féem Deus ainda”. .::

TTrriissttee ii rroonniiaa ddaa vviiddaappaarrttee II II

"Os governos

suspeitam da

literatura porque

é uma força que

lhes escapa."

Émile Zola

PPoorr:: DDaanniilloo GGóóeess

Nasci em mil novecentos e cinquenta, em ca-sa, aqui em Morato mesmo, só que naquela épo-ca se chamava Fazenda Belém. Quando eu erapequena, moramos no Sete Voltas. . . Eu gostavade brincar na lagoa! Tinha sapo, girino, cobra!Olha só! E eu gostava de ficar ali. . . Olhandoeles. Depois de um tempo a gente foi morar alionde é a rua do Mihara. . . Como émesmo o no-me da rua? Clara Branca. . . É! Clara Brancaque o povo chamava. Não tinha número, mastambém, antigamente não tinha número mes-mo, né? Quando eu tinhauns doze anos morei com afamília do Pepito, os avósdele, eles os chamavam deabuelos. Morei também nacasa do Afonso Moreno, do-no do cartório. . . Depois,quando eu tinha quatorzeanos, fui pro Paraíso, emSão Paulo.

Dona Elza Fagundes Fazio, filha de Sebastia-na Fagundes e João Antônio Fagundes. Umbrinde à nostalgia!

Lá pros meus dezesseis, dezessete eu volteipra casa dos meus pais, daí eles moravam numsítio lá perto do PPA, era o sítio do Elias Ma-luf, já morreu faz muito tempo. Meu pai era mei-ero. . . Perguntei-lhe o que era meiero, é aqueleque tem direito de metade das coisas que se co-lhe. Trabelhei como diarista, vendedora. . . Caseiaos vinte e um anos e fui morar no Jaraguá.

Mas depois voltou para Francisco Morato,mora há trinta e oito anos na Rua 21 de Maço(data de comemoração da emancipação da cida-de) – Centro. Aqui criou seus três filhos: Vanes-sa, Pedro e Sandra, e também cria seus netos.

Antigamente não tinha tudo isso que tem ho-

je! Era tudo de terra, não tinha asfalto. . . A pri-meira venda foi a dos Federzoni. . . Onde é oMercado dos Italianos hoje, era um casarão eali era realizado bailinhos. . . Eu aproveitei bas-tante, viu! Tinha muitas colegas. . . A gente fica-va ali onde é o coreto. . . Batendo papo,oferecendo música pras amigas. Também tive-mos bastante amizade com os meninos do exér-cito, às vezes, no final de semana eles vinhampra cá e a gente combinava de se encontrar,todo-mundo, lá na pracinha. Era muito bom!

Uma vez escrevi sobreum tempo, um que não mepertence, mas que mesmoassim me apropriei: Nomeu tempo/ Homem erajoão/ Mulher era maria/Chapéu era elegância/ Mi-nissaia, ousadia /Cigarro,maturidade /Internet, uto-pia /No meu tempo /Havia

graça /Desejava-se: “Bom dia!” /Conversava-se na praça /O vento tinha melodia /E se a me-lancolia persistisse /O samba era de ale-gria/.../No meu tempo /Carro era fusca/Futebol era Garrincha /Beleza era BrigitteBardot /... Pois é.../ O tempo passou de repen-te/ E infelizmente não me esperou.

Depois chegou o progresso e foi mudandotudo. . . Mas essas coisas do passado, que agente já viveu. . . É claro! A gente guarda prasempre! .::

Conte-nos também a sua história, esta-mos arreganhados para ouvi-la. Entre emcontato: 4488-8524, ou através do e-mail:[email protected].

:: :: .. NNoossssaa PPrroossaa.. .. .. NNoossssaa HHiissttóórriiaa

AAhh!!AA pprraacciinnhhaa.. .. ..PPoorr:: GGeeoorrggee ddee PPaauullaa

Saiba: blogduoxe.blogspot.comSiga: @informativo_oxeCurta: Produtora Ôxe!

imagem: Isidro

iimmaaggeemm:: ssttoocckk.. xxcchhnngg -- wwwwww.. ssxxcc.. hhuu

Dona Elza entre os netos, da esquerda para direita:Milena, Guilherme e Fernanda.

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:Georgede

Paula

Page 6: Oxe! - Julho de 2012

55 Julho / 201 2

Sou choro contidoDiários não lidosBarracos de madeiraSem conforto, sem lareiraSou Marquises, trens lotadosSorrisos amarguradosRosto oculto na multidãoSou ninguém, sou todo mundoNo xadrez, só um peãoComponho atropelando a dialéticaIgnorando a licença poética.sobrevivo sem garantias de futuroadaptado ao silêncio e ao escuro

Não gozo dos despojos de minhas conquistasNão sou nova escola, muito menos vanguardista.Não olho pra trás contemplando nostalgiaNão desenterro mitos, não alimento utopias.Não perdoo meus algozesE meus heróis, não morreram de overdoseNão romantizo as historiasNão pretendo não exibir minhas gloriasmorramos jovensAntes que maturidade apodreça a essência rebelde de cada ser.Antes que a chama da vela se apague ao alvorecer,

Que ideias não sejam apenas ideiasQue as lutas não sejam em vãoQue a prudência não nos conduza a solidãoQue os muros caiam, as algemas se quebremQue o amanhã supere o ontemE ainda que a luz não volte a brilhar ,Quando o sonho acabaÉ por que é hora de acordar. .::

PPoorr:: FFaabbiiaa PPiieerraannggeellii

Eu só beijo por amor. . .o meu beijo causa ardor,

provoca paixões,letargias, sofreguidões,não beijo por beijar. . .só pro tempo passar;

não, beijar assim, não é digno!o meu beijo traz o meu signo;se eu beijar sem compromisso,

poderia se tornar vício,muitas bocas iriam querer,

o meu beijo por prazer,sossego não iria ter,

ninguém iria me entender;assim, meu sentido quer,

o beijo só de uma mulher;pode ser que o segredo de seus lábios,

contenha o que ninguém sabe;não digo que o ósculo não é bom!

mas no ósculo dela não tem batom. . .os beijos que vejo por ai. . .

nas baladas, bocas a se abrir;eu beijo ela todos os dias,

para queimar calorias,ela, dos meus beijos, sente falta,

me beija muito e se exalta;engolido fico mudo,

por seus lábios carnudos;o beijo dela é gostoso,envolvente, amoroso;

cheio de volúpia e paixão,com uma orquestra no coração. . .

como de filme e novela,me deixo levar por ela,

não é beijo técnico,do beijo artístico sou cético;

prefiro o beijo de cinema,no escurinho, sem problemas;

recebo dela, como do Sol, muito calor,ardentemente beijos de amor.

Oferecimentos: Monalisa Vidal Bertoline(Estudante de Pirituba) e Michelle Vieira

(Atriz do Núcleo de ExperimentaçõesTeatrais de Franco da Rocha)

TTEELLEEMMAARRKKEETTIINNGG DDOO BBEEMM“Se o sonhoacabou”...

...É por que éhora de acordar

Por: FrankNeres

O BEIJO DELAPor:Messias Silva

Tem dias que a vida se mostra sur-preendente e certos acontecimentostrazem mais luz para aquela peque-na fagulha de fé e esperança na hu-manidade, que teimamos em manteracesa. Eis que um desses aconteci-mentos chegou em nosso escritório,por telefone. Num final de tarde domês passado o telefone tocou e o Ro-ger atendeu, era uma menina que pe-la voz devia ter uns 7 ou 8 anos deidade. Ela se apresentou, chamavaJulia e perguntou se tinha muita gen-te com ele. Ele respondeu que sim,naquela tarde estávamos em 8 pesso-as, todos reunidos, conversando so-bre a realização do Oxandolá. AJulia disse que queria conversar comalguém e pediu pra que ele dissesseo nome das pessoas que estavam ali.Ele começou a falar e depois de ou-vir ela escolheu o meu nome e disseque queria falar comigo. Eu atendi eela novamente se apresentou, per-guntou se eu conhecia a mãe delaque chama Ana Paula e me explicouque tinha pego um folheto no lugaronde ela faz aula de dança que diziaque a água do planeta está acabandoe que por isso ela estava ligando pa-ra as pessoas pra pedir que a ajudas-sem a cuidar do planeta. Perguntou

se podia me falar sobre as orienta-ções que estavam escritas no folhetoque ela tinha em mãos, eu disse quesim e ela começou: “Pra ajudar acuidar do planeta não podemos to-mar banhos muito demorado.Quando você for lavar a roupa, po-de guardar a água da máquina pralavar o quintal. Quando for escovaros dentes, deixa a torneira fecha-da. . .” e por aí foi... ela falando co-migo e eu cada vez mais passada eao mesmo tempo, encantada. Quan-do ela terminou, ainda me agrade-ceu por eu ter escutado tudo o queela tinha pra falar e me mandou umbeijo. Eu também agradeci e desli-guei. O pessoal estava curioso parasaber o que tinha acontecido, já quena minha cara estava estampadaaquele misto de passada com en-cantada. Contei pra todos e juntosfomos tomados por um sentimentode alegria e também de admiraçãopor aquela menina. O que motivauma criança a pegar o telefone e li-gar pra pessoas que ela nem conhe-ce pra compartilhar algo que elajulga ser muito importante? Muitoobrigada Julia! É por essas e outrasque continuamos lutando por diasmelhores... .::

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Hoje ele quer morrer,só hoje, amanhã não:

amanhã ele quer viver intensamente.Amanhã ele quererá morrer,só amanhã, depois não:

depois de amanhã ele supõeviver intensamente.

E assim ele há de ser eternamente:morrendo hoje, amanhã não,querendo sempre o inusitado,

o diferente. . .

Poeminha práticoPor: Remisson Aniceto

Page 7: Oxe! - Julho de 2012

66Julho / 201 2

::. Rapidinha

Queria que ele me perguntasseo porquê pr'eu poder vomitaruma porção de motivos em suamesa. Mas não. Quando eu lhedisse: “Seo Leonel, quero minhademissão”, sabe o que foi que eleme respondeu?

– Tá – com uma indiferença di-vina.

Disse adeus à Dona Brígida esaí de lá meio flutuante. Tudo pa-recia ser de plástico e o pior éque talvez não apenas pareça,mas sim, seja de fato. Por umaréstia de fantasia foi que o acasome surpreendeu. Novamente,num dos vagões de trem da linhaRubi – que liga a Capital ao su-búrbio – ela estava lá, sem nome,sem voz, mas viva – tão vivaquanto a realidade inventada nodesvario do louco –, vestia preto,tinha o olhar pregado no nada, ti-nha o adolescer da vida adulta im-presso na fronte e em seu colo: amesma mochila vermelha.

Poderia ir até ela e lhe dizer oquanto me foi importante seu surgi-mento, ou não. Poderia iniciar umaboa prosa trivialmente, como, diaria-mente, acontece no trem, na padariaou na fila do banco. Poderia, sim-plesmente, começar assim: “Muitoprazer, me chamo Olavo...”. No últi-mo instante apareceu um baeta mar-manjo... E a beijou. Não que eu lhetivesse interesse, mas é que algumacoisa em mim fora rompida... – um

outro rompimento num mesmo dia.Talvez fosse melhor ela ter ficadonaquele seara fértil, o do encanto.

Por que não posso romper com otrato entre o concreto e o abstrato?Há tantas coisas para se ver, e eu sótenho dois olhos... Em cada segun-do há um pouco de infinito. Querogozar de todos eles! E... Até pensoem comprar uma bicicleta. .::

Do autor:

Antes de integrar a equipe do In-formativo Ôxe!, já eramos parcei-ros. A série Drama Crônico (antiga:Drama Quotidiano) surgiu dessaparceria e bem... Como tudo, che-gou ao seu fim. Alguns amigossempre se questionaram: Onde aca-ba Olavo Passos e começa Georgede Paula? Já os respondi confianteque não somos a mesma pessoa.Hoje (atualmente, neste agora súbi-to e efêmero), não me atrevo a daruma resposta... Talvez ele seja partede mim – mas só uma parte. Olavocontinuará sua vida, mas dei-lhe –e só agora – aquilo que mais tenhoquerido: Liberdade, esse troço, queaté parece um mito, mas creio emsua existência. Sou imensuravel-mente grato àqueles que contribuí-ram no desenvolvimento doperiódico e deixo cá um terno eeterno abraço em minha amigaPolyanne Rodrigues que inspirou-me o início desta série. A tudo, tan-tos e todos: o prazer foi todo meu.

PPoorr:: OOllaavvoo PPaassssooss**

LE RÉSULTAT

Aulas de Karatê no CIC

Os mestres Luciano, Fabia-no, Salu e Luis ministram aulasde karatê no CSU há 10 anos,tudo começou com o Sr. Edno,que é o mestre do todo o proje-to. Há um ano, estão ministran-do aulas no CIC. Para seinscrever nas aulas, tem quecomparecer no CIC, de segundaa sexta, das 9h às 17h, a indica-ção etária para participar é apartir de 7 anos de idade.

As aulas de Karatê acontecemnos seguintes horários: Terça-feira – 19h às 20h30 Sexta-fei-ta – 19h às 20h30 Sábado –16h às 17h30. Então, se querconhecer esse esporte, vá até oCIC saiba mais sobre a arte doKaratê. CIC Francisco Morato- Av. Tabatinguera, 45 - Centro- Francisco Morato - SP. Tele-fone: (11) 4489-3133 .::

* - Olavo Passos é um personagem do Drama Crônico, criado porGeorge de Paula

iilluussttrraaççããoo:: MMaarrii MMoouurraa //// iimmaaggeemm:: ssttoocckk.. xxcchhnngg -- wwwwww.. ssxxcc.. hhuu ::. Betto Souza Renée Criart .::

LAZER - NEM QUE SEJA NAMARRA!Sem ter opções de lazer, moradores de Francisco Morato criam seu próprio espa-ço e ocupam estacionamento de zona azul aos fins de semana. Lá em cima, nodetalhe, o pessoal do Jiu-Jitsu monta tatames e treina em pleno estacionamento.

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OO qquuoott ii dd iiaannoo dduumm ssuubbuurrbbaannooDDrraammaa CCrrôônniiccoo

Page 8: Oxe! - Julho de 2012

AGEN

TEMATA

ACOBRAEMOSTRAOPAU! Diversas esferas do poder

público incentivam Arte e

Cultura, disponibilizando

recursos, através de editais, para

o desenvolvimento de projetos

por iniciativas independentes.

Esses editais (dos Governos

Federal e Estadual) tem

possibilitado o desenvolvimento

de vários dos nossos projetos e

como seus recursos são

públicos e provenientes do

pagamento de nossos impostos,

entendemos que é nossa

obrigação prestar contas de

como esse dinheiro foi gasto,

junto à população.

Esse mês disponibilizamos a

prestação de contas de 2 dos

prêmios que conquistamos em

201 1 , Prêmio Ponto de MídiaLivre do Governo Federal,através do Ministério da Cultura

e o ProAC – Programa deAção Cultural do Governo doEstado de São Paulo, através

da Secretaria de Estado da

Cultural, que possibilitaram a

produção de 1 2 edições do

Informativo Ôxe! e do festival

“Oxandolá [In]Festa –uma

coisa leva à outra".

Além de diretamente gerar

renda para mais de um centena

de trabalhadores da cultura

(entre técnicos, produtores e

artistas) e de permitir a

realização de diversas atividades

paralelas, nestes treze meses,

ambos os projetos permitiram

trocas estéticas e culturais entre

centenas de pessoas em

Francisco Morato e Franco da

Rocha, assim como acesso a

informação e atividades culturais,

direito a comunicação, fruição

artística, livre expressão, lazer e

entretenimento em nossa região.