Oxe! - Janeiro de 2012

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Inaugurando o fim do mundo, você confere no Ôxe! deste mês textos de Danilo Góes e Isidro Lopes analisando o terminal de Francisco Morato que ficou meio “terminaldo”, George de Paula fala daquelas quimeras urbanas que ninguém gosta de ver, Frank Neres faz o balanço de uma vida, o estouro que vai ser 2012 na charge de Betto Souza, a poesia e arte do Messias Silva, Daniela Mendes em textos sobre o desrespeito aos mais experientes, o Drama Quotidiano no retorno das férias, procuram-se cachorros e donos, mais Registro e dicas Na Faixa para você aproveitar antes que o mundo acabe. Corra e leia! Vai que não dá tempo...

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Page 1: Oxe! - Janeiro de 2012

Realização:

ANO III − Numero 325.000 ExemplaresFrancisco Morato - São Paulo

Brasil

JÁ NO FIM

TÁ MEIOTERMINALDO!

… veja também o estouro que vai ser 2012 na charge de Bet-to Souza, a poesia e arte do Messias Silva, Daniela Mendesem textos sobre o desrespeito aos mais experientes, o DramaQuotidiano no retorno das férias, procuram-se cachorros edonos, mais dicas Na Faixa para você aproveitar antes que omundo acabe. Corra e leia! Vai que não dá tempo.. .

RREEGGIISSTTRROO

Fechando 201 1 , no ritmos das fé-rias, registramos o Sarau D'Quilo eo rock “du bão” do Atitude e Trans-piração II (imagem), na Quilombaquee também o Girandolá Recebe...Poetas e Cantadores, dentre outraspérolas, em Franco da Rocha.

E ANTES DE TERMINAR...

No “Nossa prosa. . . Nossahistória” desse mês, Georgede Paula fala daquelasquimeras urbanas queninguém gosta de ver, quaseinvisíveis que tentamosesconder nos becos e vielas.

CCoommppoorrttaammeennttooSSoocciieeddaaddeeCCuull ttuurraaee ccaattaaccll iissmmooss eemm ggeerraall

VIDA DE RUA

Frank Neres faz o balanço deuma vida igual a de tantos outrosque vão, com egoísmo e arrogân-cia, empurrando com a barrigaaté o fim do caminho. Comova-se e reflita na pág. 4

Janeiro / 201 2 Distribuição Gratuita - Venda proibida

Danilo Góes e Isidro Lopes analisama meia inaguração do terminal de Fran-cisco Morato e o jeitinho brasileiro daespertice politiqueira moratense. Pre-sente de grego... Confira nas págs. 5 e 6

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ilustração:RogerNeves

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1 Janeiro / 201 2

Ôxe! - Quais as perspectivas para Mora-to em 2012?1– Melhorias, não é? Não é isso que to-

dos nós esperamos? Melhoria na qualida-de de vida da população moratense.Investimentos na saúde: mais profissio-nais, reforma dos postos. . . No transporte,que é um absurdo! Na segurança: darmais atenção aos bairros desprotegidos.No trânsito, a manutenção das estradas.. .É isso.

2– Perspectivas? Sabe, eu queria quefosse tudo bem melhor, mais limpo, maisseguro, mais livre, pois a gente não podesair na rua com toda segurança.. . Melhorde viver.

3- Melhorias. Espero que o ano que vemseja melhor que este ano.

4- Eu acho que Morato pode evoluir gra-ças a Copa, porque os políticos estão sendopressionados para terminar as obras iniciadasapós o ano 2000, até 2014, mas, apesar dis-so, acho que não vai mudar muita coisa,não... Há quarenta e cinco anos Morato é as-sim. Haverá algumas mudanças, também, por-que ano que vem é um ano político, mas...Tudo é só para deixar a população mais alivi-ada. Veja só esse rio! Ninguém liga pra ele!Fizeram essa mureta, puseram esses banqui-nhos... Mas o rio está sujo e ninguém se preo-cupa com isso!

5– Perspectiva que a gente tem é que se-ja melhor. Eu tendo saúde para poder lu-tar pelos meus direitos é o que importa.Acho que se tem que investir mais em saú-de.. . A gente chega no posto é uma demo-ra para tudo.. . Para ser atendido, pegarremédios.. . Acho que tem que botar maisgente para trabalhar para nós.

6– Eu espero que o prefeito saiba admi-nistrar a verba que a cidade recebe, por-que a cidade recebe verba para melhorara vida do povo, para onde vai a verba éque é o negócio.. . Espero que ele concerteessas ruas, que dá vergonha! E o trânsito?É todo dia! E invista na educação, porqueas crianças são o futuro do país.

Ôxe! - O quê mais faz falta aqui na cida-de?1– Acho que faltam empresas, para dar

emprego ao povo. Existem vários luga-res. . . Tem muito espaço para se construirum Parque Industrial. . . Isso seria ótimopara todos os lados: as empresas teriammenos despesa de transporte, o trabalha-dor teria seu emprego na sua cidade, a pre-feitura sairia ganhando na arrecadação deimpostos.. .

2– Cinema! Gosto muito de cinema equeria que tivesse um aqui na cidade. Dis-seram que tinha um no shopping, mas ago-ra não tem mais.. .

3- O que mais falta em morato é organiza-ção, no trânsito, principalmente. Esses dias eufiquei parada quarenta minutos ali perto daantiga prefeitura... Alguém tem que resolveresse problema! Tem aquela fila de ônibus dolado direito, por causa do terminal que aindanão está pronto... Um monte de gente passan-do pelo meio da rua... Mais um monte de ôni-bus e caminhões... Eles saem dali daquelarua a esquerda, depois da Loja Cem e conges-tiona tudo!

4- O que mais faz falta são políticos ho-nestos e que se preocupem com os interes-ses públicos.5– Falta um lugar para a gente ir no fi-

nal de semana.. . Levar os netos.. . Sei lá.Um parque! Mas só tem essa pracinha su-ja.

6– Acho que falta gente competente,gente que diga: “é assim!”, para acabarcom essas coisas erradas.

Ôxe! - Qual a maior qualidade de Mo-rato?1– O ponto forte de Morato é o custo

de vida que é bem baixo, além disso, tudo

é muito acessível. . . Os bancos ficam to-dos próximos, os supermercados.. .

2– Como é que eu posso explicar? A hu-mildade das pessoas. Eu sou vendedora,trabalho na Ponte Seca e.. . Todos, os co-merciantes, os clientes, me tratam superbem. Tem gente chata também, mas nogeral as pessoas são bem simpáticas.

3- A maior qualidade de Morato... As pes-soas. São corajosas e trabalhadoras. Percebaque o trem enche em Morato e esvazia naLuz, é assim sempre.

4- A maior qualidade de Morato na minhaopinião é, na verdade, a qualidade do povode ser trabalhador... Aquele negócio de ga-nhar o “pão-de-cada-dia”. Mas a cidade nãooferece oportunidade para que o cidadão mo-ratense cresça, talvez até ofereça uma oportu-nidade para alguns grupos, mas não para opovo. O que me revolta é que a cidade recebeverba para isso, mas vai para onde? Para umMercedes, para uma casa na praia...

5– Olha, eu moro aqui faz mais de qua-renta anos, conheço todo mundo e gostode todo mundo. Aqui eu vi crescer meusfilhos e vi nascer meus netos.. . Apesardos pesares, eu gosto de Morato.

6– É o povo, com toda certeza.. . Vejasó: chegue ali e peça um copo d'água, odono do bar te dá. É um povo simpático,honesto e trabalhador.

Ôxe! - O que você sugeriria ao futuroprefeito?1– Disso tudo que

falei espero que o fu-turo prefeito tome asdevidas providênci-as.

2– Menos roubo emais ação.

3- Que ele ouvissemais o povo, dessemais atenção, porqueesse aí...

4- Mais decoro emais respeito a popu-lação moratense.

5– Eu estou velha,o meu tempo já pas-sou.. . Já paguei mui-to imposto.. . Sugiroao futuro prefeitoque ele não desam-pare os velhos nemas crianças.

6– Sugiro que ele tome vergonha nacara e trabalhe pelo povo, de verdade,porque botar isso numa placa, é fácil.

Ôxe! - Quanto a essa história do Mun-do acabar em 2012...1– O mundo vai acabar quando Deus

quiser.

2– Não acredito que o mundo vá aca-bar em 2. 012.

3- O mundo não vai acabar em 2012, émentira, quem vai acabar com o mundo é ohomem que só sabe consumir e poluir a na-tureza.

4– É uma grande bobagem... O mundoera para ter acabado em 2000, depois em2006.. . O mundo não vai acabar pela vozdo homem, vai acabar quando tiver queacabar.

5– Só quem sabe quando o mundo vaiacabar é Deus.. . Não tem esse negócio,não.

6– É mentira! O homem é um bichocheio de inventar histórias, essa é maisuma.

1- Virgilino, 56 anos (Vila Espanhola)2- Simone, 16 anos (Jardim Vassouras I)3- Sueli, 33 anos (Parque Paulista)4- Vitor, 17 anos (Jardim Liliane)5- Salomé, 62 anos, (Casa Grande)6- Francisco, 71 anos (Santo Antônio)

ProgramasUbuntu 10.10 (ubuntu.com)BrOffice.org 3.2.1 (broffice.org)Gimp 2.6.10 (gimp.org)Scribus 1.3.3.13 (scribus.net)InkScape 0.48 (inkscape.org)Mozilla Firefox 3.6.13 (br.mozdev.org)Banshee 1.8.0 (banshee-project.org)

::. O que a gente usou nessa edição

::. Colaboraram nesta edição:

Betto Souza(subjetividadeematividade.blogspot.com)Daniela Mendes([email protected])Danilo Góes([email protected])Frank Neres([email protected])Isidro Lopes([email protected])Messias Silva([email protected])

::. Diga, Ôxe! População moratense

O informativo Ôxe! é uma iniciativa daÔxe! Produtora Comunitária que visa pro-piciar à população de Francisco Morato e re-gião, um veículo de jornalismo cidadão eprodução, difusão e divulgação de ideias e in-formações na área cultural. Todas as infor-mações, ilustrações e imagens são deresponsabilidade de seus respectivos autorese obedecem a licença Creative Commons2.5 Brasil Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença(acesse o blog para maiores detalhes), salvoindicações do(a) autor(a) em contrário. Paraver uma cópia desta licença, visite http://crea-tivecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.5/br/ ouenvie uma carta para Creative Commons, 171Second Street, Suite 300, San Francisco, Ca-lifornia 94105, USA.

AEquipe Ôxe! é: Fabia Pierangeli, Georgede Paula, Gilberto Araújo, Mari Moura eRoger Neves ([email protected])

Fomos saber quais são as expectativas dapopulação para a nossa cidade.

Be Linux, Be Free!Na confecção destematerial

gráfico foramutilizados

apenas softwares que atendem

a licençaGNU/GPL.

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2Janeiro / 201 2

E pra começar bem o ano, noclima fim de mundo, confira oque rolou em dezembro de 2011por aqui. Teve o Sarau D'Quilo,quatro bandas soltando umrock do bom no Atitude eTranspiração II, na Quilombaquee o Girandolá Recebe Poetas eCantadores, com um som maiscalmo e belos textos. Conferelogo, antes que tudo acabe!

::. Inscrições abertas paraOficina de teatro emFran-co da Rocha

Estão abertas, até 16 de fevereiro, as inscrições para no-vas turmas do Núcleo de Experimentações Teatrais, daDiretoria de Cultura de Franco da Rocha. Divididos nas tur-mas Infantil (10 a 13 anos de idade), Juvenil (14 a 17 anos)e Adulto (a partir dos 18 anos), os participantes do curso te-rão a oportunidade de vivenciar exercícios de preparação vo-cal e corporal, respiração, improvisação e interpretação,além de participar da montagem de um espetáculo teatralque será apresentado, no mês de novembro, dentro da pro-gramação do Franco Mostra Teatro 2012.

Os interessados em se inscrever para qualquer turma de-vem estar regularmente matriculados em escolas do EnsinoBásico ou ter esse nível de ensino concluído. O curso é ofe-recido gratuitamente. Outras informações: 4443.7050.

::. Grupo Pandora faz ensaio aberto no CEU PerusNos dias 28 e 29 de janeiro às

18h, o Grupo Pandora realizaráum ensaio aberto de seu novo espe-táculo “Canibais Vegetarianos De-voram Planta Carnívora”, no CEUPerus.

O espetáculo, contemplado peloPrograma de Ação Cultural da Se-cretaria de Estado da Cultura, temestreia prevista para o mês de março.

Sinopse: Desejo versus necessidade. Saciar a fome ou en-cantar o paladar? Consumir ou amar? Personagens enfren-tam a fome por um vida melhor, enquanto sobrevivem comas migalhas de um sistema que aos poucos vai devorando-lhes os sonhos e a alma. O espetáculo caminha sobre o ques-tionamento de nossas necessidades & meio de vida. Comosaciar a fome sem abdicar da humanidade? A entrada éfranca! Outras informações: 3915-8753 ou grupopando-ra.blogspot.com

::. Oficina de Samba de Bumbo naQuilombaqueNo dia 28 de janeiro (sábado), às 15h, acontece na Co-

munidade Cultural Quilombaque uma oficina de Sambade Bumbo com o grupo IngomaPaulista. A oficina será ministra-da pelo estudioso Tomas Bastian,junto com os integrantes do grupoe trará informações a respeito des-sa expressão tipicamente paulista.Além das informações, os partici-pantes poderão vivenciar a ex-pressão, experimentando a dançae os toques, extremamente contagiantes.

A Comunidade Cultural Quilombaque fica na TravessaCambaratiba, 5 – Perus – SP (próxima a estação de Perusda CPTM) Outras informações: comunidadequilomba-que.blogspot.com ou 3915-7539

::. Dicas de passeios com a criançadaJaneiro, verão, mês de férias, mês de curtir a família e le-

var a criançada pra passear. Pensando nisso, selecionamos

algumas dicas de lugares bacanas que oferecem atividadesgratuitas ou bem baratinhas, pra toda a família.

Contação de histórias no Centro Cultural São PauloDurante todo o mês janeiro a Cia da Fulô, abordará temasque lembram as férias da criançada. Sábados, domingos eferiado, às 14h30, na Sala de Leitura Infanto-juvenil da Bi-blioteca Sérgio Milliet. Entrada franca - sem necessidadede retirada de ingressos. O Centro Cultural São Paulo ficana Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso – SP, ao lado da estaçãoVergueiro do Metrô. Informações: www.centrocultu-ral.sp.gov.br/programacao_infantojuvenil.asp ou 3397-4002.

::. Showmusical no Sesc PompeiaNos dias 22 e 29 de janeiro, às 18h30, na

Choperia do Sesc Pompeia acontece o show“Piolhos”, um show de música infantil recheadode senso de humor, diversidade de ritmos, deli-cadeza e graça. Os ingressos custamR$ 8,00.

O Sesc Pompeia fica na Rua Clélia, 93 –Pompeia – São Paulo- SPOutras informações:

www.sescsp.org.br

::. Parque AnhangueraUma outra boa pedida pra passear com a criançada é o

Parque Anhanguera, que fica em Perus (Avenida Fortu-nata Tadiello Natucci, 1000, Km 24,5 da Via Anhanguera)e possui trilhas, ciclovias, quadras, pista de cooper, orquidá-rio, playgrounds e área com cabanas para festas com chur-rasqueiras públicas. Diversão garantida a baixo custo. .::

::. Na Faixa Por: Fabia Pierangeli

imagem:LucianaSilva

imagem: Fabia Pierangeli

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3 Janeiro / 201 2

Depois de comemorar o fim do ano, enlouquecer a cachor-rada do bairro com aquela bateria de fogos de artifícios quequase te matou queimado e enfiar o pé na jaca com aquela si-dra aguada que você insistiu em tentar convencer todo mun-do de que era champanhe “de verdade” e só você tomou,chegou o fim das férias. Talvez para sempre. E lá vai você denovo prometendo que não vai beber mais, que vai perder unsquilinhos, que vai deixar sua sogra em paz e que vai emborade vez daqui – e talvez dessa vez você cumpra mesmo isso tu-do. 2012 mal chegou e já tá dando o que falar e muita genteanda perdendo a cabeça, o que só aumenta o “diz-que-me-disse” sobre o “ano do fim do mundo”. Se você tem mais oumenos a minha idade, certamente essa conversa de fim demundo não é novidade alguma para você: já foi cataclismoatômico, Nostradamus, ano dois mil, bug do milênio, guerrano oriente, PT no poder e agora é a vez dos maias.

No caso de 2012, tudo começou numa escavação arqueoló-gica em Tabasco, no sudeste do México, onde encontraram omonumento nº 6 do sítio arqueológico de Tortuguero e um la-drilho com hieróglifos localizado em Comalcalco, ambos cen-tros cerimoniais. Nestas “estelas” - que são monumentoslíticos, feitos em um único bloco de pedra, contendo inscri-ções sobre a história e a mitologia maias – narrava-se o en-contro entre Bahlam Ajaw, umantigo governante do lugar, e Bo-lon Yokte´, um dos deuses que,na mitologia maia, participaramdo início da era atual. Este encon-tro místico, segundo os hierogli-fos, aconteceria exatamente nodia 21 de dezembro de 2012, du-rante o solstício do inverno e mar-cava o fim da era atual. Daí essainformação, com a profundidadede um pires e bastante destaque nas palavras “fim” e “era”,caiu na maior central de boataria do universo: a internet. Ta-va feito o burburinho.

Muito se comentou sobre isso e a ideia de que o mundoiria acabar em 2012 correu rápido como rastilho de pólvorapela rede mundial, explodindo o imaginário popular e asoportunidades para os espertalhões faturarem com isso. O

“mito” de 2012 rendeu livros, pesquisas, filmes, ajudou a di-vulgar as mudanças climáticas no planeta e virou um grandenegócio, principalmente nas regiões antigamente ocupadaspelos Maias. Turismo, meus caros! Um monte de gente pagapara poder ver de perto os templos que “previram o fim domundo”, levar um lembrancinha e de quebra experimentamas comidas típicas da região e compram uma manta ou gorro“original” maia. E não é só: tem empresa que já vende espa-ço em bunkeres subterrâneos - a prova de fim do mundo - eaté o governo mexicano já investe em campanhas com essatemática para aquecer o turismo do sudeste do país. O mun-do nem acabou e já tem gente faturando com isso. Não é ofim-do-mundo?

Pois é, não é. Em entrevista à rede BBC, o pesquisador Ro-drigo Liendo, do Instituto de Pesquisas Antropológicas daUniversidade Autônoma do México (Unam) conta que osmaias “nunca disseram que haveriauma grande tragédia ou o fim domundo em 2012. Essa visão apocalíp-tica é algo que nos caracteriza, ociden-tais. Não é uma filosofia dos maias."Segundo o arqueólogo do InstitutoNacional de Antropologia e Históriado México (INAH) e um dos curado-res da mostra "A Sociedade e o Tem-po Maia", Orlando Casares, "Para osmaias não existia a concepção do fimdo mundo, por sua visão cíclica". Para eles, cada “era contacom 5.125 dias, quando esta acaba, começa outra nova, oque não significa que irão acontecer catástrofes; só os fatoscotidianos, que podem ser bons ou maus, voltam a se repetir",explica. Mais ou menos o que acontece com a gente: terminaum ano, começa outro; termina uma década, começa outra;termina um século, começa outro. E isso não significa nem in-fluencia em muita coisa. Quer dizer... mais ou menos.

Segundo Laura Castellanos, jornalista e autora do livro“2012, Las Profecias del Fin del Mundo”, essa onda apoca-líptica e milenarista toma conta da cultura ocidental e "anteci-pa catástrofes ou outros acontecimentos cada vez que secompletam dez séculos". Não só isso, lembremos que em ou-tras épocas a passagem de cometas, eclipses e outros sinais fo-ram vistos como prenúncios do fim do mundo. Mas seja napassagem do ano, seja nesses outros signos; o mito do fim domundo tem uma origem bem comum na sociedade ociden-

tal: as religiões pré-cristãs e cristãs, maisacentuadamente no Apocalipse de SãoJoão. A ideia do fim de todo o mundo queconhecemos e a inevitável confrontaçãocom o criador para prestarmos contas decomo levamos nossa vida é o grande mo-tor que empurrou (e ainda empurra) as reli-giões cristãs. O medo de um fim repletode sofrimento e dor, além das incríveis nar-rativas pautaram a vida de diversos fiéis einfluenciaram a maioria das culturas oci-dentais, canalizando poder, dinheiro e in-

fluência para alguns setores da sociedade. Assim é evidenteque de tempos em tempos se fazia necessário botar um pâni-co na galera, desencavando o mito do fim do mundo maisuma vez para tocar o terror e trazer os fiéis de volta as filei-ras das igrejas.

Mas já que falamos de crenças, outras vertentes e linhas es-pirituais entendem diferentemente o fim da era maia que

acontecerá em 2012. Segundo especialistas em tarô, búzios,numerologia e runas ouvidos pelo portal IG, o consenso é deque o mundo não irá acabar em 2012, mas teremos mudan-ças significativas no planeta que conhecemos. “Não será ofim do mundo, mas veremos muitos desastres naturais no anoque vem”, comenta a Mãe Kátia de Ogum. Segundo a astró-loga Jacqueline Cordeiro, em 2012 “a força do universo vaiser muito forte e a Terra recebe isso de forma negativa”. Anatureza vai gritar em 2012, mas no frigir dos ovos vai serpositivo. Talvez não muito para nós.

Mas vamos combinar que nós supervalorizamos nossaexistência na face da Terra. Durante bilhares de anos a vidaseguiu bem sem gente andando por aqui e basta ver como anatureza vai bem onde o homem não pisou para entenderporquê. Se a raça humana sumisse, é muito provável que ouniverso continuasse funcionando perfeitamente (ou até me-

lhor) sem a gente. E é certo tambémque em dezenas de milhares de plane-tas as coisas vão muito bem obrigadosem a presença de vida alguma e emoutras dezenas, a vida corre bem semhumanos. Do ponto de vista do uni-verso, a vida – principalmente a hu-mana – é desnecessária. Mundos,galáxias e estrelas surgem e desapare-cem sem deixar vestígios e sem nossoconhecimento. O universo se renova e

reinventa constantemente e frente a isso muito pouco ouquase nada podemos fazer. Do mesmo modo, um dia nossomundo também vai acabar, sumir do universo. Pode ser aexplosão do Sol, nossa estrela; pode ser um cometa ou umburaco negro, mas o mais provável é que nós mesmo acabe-mos com o pouco de planeta que ainda temos. É engraçadocomo se faz tanto por um boato tonto de fim de mundo, maspara combater uma ameaça real como as mudanças climáti-cas, poucos se mexem. Fazer o que, né?

Pra variar, acredito que ainda vale a boa e velha sabedoriapopular: “Desta vida só se leva a vida que se leva” e “Pramorrer, basta estar vivo”. Qualquer um de nós, inclusive vo-cê, pode amanhã ou depois esticar as canelas, fechar o paletóde madeira e ir bater no andar de cima (ou de baixo). Nofim das contas, o fim do mundo nos espreita pelas esquinastodos os dias e, numa dessas, um dia a gente se encontra. Éóbvio que devemos fazer o máximo para adiar esse encontro.Cuidar do corpo, da cabeça, do planeta e do lugar em que vi-vemos. Mas sem medo de viver também, afinal não adiantanada evitar e temer o fim duma vida que não vale a pena servivida. E aí, a sua vida tem valido a pena? Honestamente, setudo o que escrevi aqui estiver errado e o mundo acabarmesmo, vai ser realmente uma pena terminar prematura-mente sua vida? Pois se a resposta for negativa, é melhor seapressar, pois esse ano pode ser a sua ultima chance. Então,seguindo uma sugestão que surgiu em um Sarau da Quilom-baque, vamos combinar: no final deste ano, mais precisa-mente no dia 21 de Dezembro, faça algo totalmentediferente e inusitado, que mostre que sua vida vale mesmoser vivida. Mas tem que ser algo positivo pra você, pro pla-neta e as demais pessoas, OK? Ajude, colabore, divirta, en-fim você decide. Você tem um ano pra decidir. Só nãoespere que isso vá resolver o fim do mundo, pois não vai.Mas garanto que vai ser mais divertido, bacana e útil do queficar aí com a boca arreganhada cheia de dentes, esperandoo fim do mundo chegar. .::

Mudanças no clima: enchentes em nossa região sãoexemplos das mudanças que podem dar fim ao mundo

Saiba: blogduoxe.blogspot.comSiga: @informativo_oxeCurta: Produtora Ôxe!

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ariMoura

Por: RogerNeves

Fim do planeta: só não tem fim as teorias queprevêem o fim de nossa existência desde o Séc. XIX.

imagem:stock.xchng-www.sxc.hu

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4Janeiro / 201 2

A ignorância é uma dádiva, maldito os que pensam que sabem. Eu naminha medíocre prepotência que só me isolou do mundo. Sou ranzinza,chato de poucos amigos, sinto perder os poucos que tenho, evitei o mundopara que ele me evitasse e de fato ele me esqueceu.

Vivi provisoriamente, amei de forma superficial com medo da dor, poispensei que o tormento assolava os entregues aos sentimentos, lutei paranão ser fraco. Minhas lágrimas, apenas em segredo derramadas.

Vivi sobre lemas códigos de honras, que ninguém mais conhece ourespeita. Já não tem importância.

Não admiti medo, sinto que fui covarde, pois me escondi dentro da celachamada corpo que agora apodrece. Não contemplei pássaros, flores, pordo sol, não brinquei com crianças, quase nunca sorri, apenas de deboche.Concentrei bens para não usufruir, estoquei alimento que estragaram,acumulei conhecimento e por vaidade, não passei a ninguém.

Aproveitei-me do mais fraco, subjuguei os indefesos, omiti culpas, engolipalavras, magoei e não pedi desculpas.

Temi catástrofes por isso vivi cárcere privado, na dúvida fiquei caladopara não parecer idiota. Discriminei por ser incapaz de compreender.

Preservei o orgulho de me achar melhor que os outros e hoje vejo quesomos iguais. Que nada ganhei com a arrogância, exceto o isolamento,quando na verdade a inveja me corrói por dentro, odiei os felizes.

Agora o inevitável, o irremediável, que coloca a todos sobre a mesmacondição me bate a porta, e o que fomos e somos? Não interessa, semuma obra na terra. Há que memória serei revivido? Quanto tempo durarámeu legado secreto de vasto conhecimento trancafiado?

Serei apenas uma foto envelhecida num túmulo qualquer, um nome eduas datas, na estrela e na cruz, e assim como os feriados Natal, AnoNovo, Dias dos Pais, o Dia de Finados também será solitário. .: :

NNoo LLeeiittoo

ddee MMoorrttee

Por: Danilo Góes

Surgiram no século treze, devido ao aumentodas concentrações urbanas, segundo algumasfontes. A origem da palavra também não se sabese do Latim: menticu, ou do Grego: menipu. Fa-to que antes do cristo, eles já erravam pela terra.

Cê pode me arrumá um desse, irmão?

Num dos bancos sórdidos da praça central,sentei-me para fumar um cigarro. O terceiro tra-go foi interrompido por ele. Seu cheiro era insu-portável! Algo de esgoto, algo de pinga lhesomava a fragrância. O dei, não sei se por penaou generosidade.

Valeu.

Atrás de mim, uma corja deles fazia sua refei-ção da tarde. Estavam eufóricos, pois naqueledia, especialmente, havia carne. Fui até eles.

Pode chegá, irmão. Aqui tem espaço pra todomundo.

No cardápio: Macarrão e pele de frango.Eram quatro, comendo com a mesma colher.

Aqui, ninguém tem nojo de ninguém, não, viu. . .Também não tem nada de ninguém. É tudo nos-so. Hoje o Zé conseguiu pra gente esse frangui-nho, tá sem sal, mas tá bom! A gente pede nasporta, procura, pedi dinhero. . . Daí a gente se en-contra. . . Quando rola de comprá alguma coisa, agente compra, mas num robamo nada de nin-guém, viu! O sinhô tá servido?

A colher que visitava as bocas cariadas, tam-bém era a mesma que mexia a pele de frango,que estalava na gordura, numa lata sobre um fo-gão improvisado. E aquele negócio meio esverde-ado na carne.. . Tenho certeza que era mofo. Elesnão falavam muito. Balbuciavam bastante, talvez

pela embriaguez (eterna). De repente, um delesjogou uma sacola no chão.

Cê tá loco, cara! Num joga a sacolinha nochão, não! Não pode! O home vai pensar que agente é porco!

Barbudos, escoriados até a alma... Perguntei-lhes se tinham sonhos.

Queria sê dotor. De quê? Dotor de dotor, ué. . .Queria sê piloto de avião. . . Queria trabalhar natelevisão, mano, em novela. . . O outro não merespondeu.

Sempre ouvi dizer que estão na rua porquequerem. Perguntei-lhes se possuíam casas. Paraminha surpresa, todos disseram que sim, tam-bém todos tinham carro, um deles tinha um Me-riva, namorava a filha dum prefeito, o pai dooutro é o dono das Casas Bahia.. .

Por que o sinhô tá fazeno essas pergunta? OSinhô vai ajudá nois? Porque muita gente chegaaí na praça. . . É pastor, é político, é associação,o caralho. . . E fala mó par pá nóis. . . Fala que agente num pode bebê, num pode fumá, num po-de cherá. . . Ninguém vem trazê um prato de comi-da pra nóis. . .

Algo, em meu universo, despencou violenta-mente. Agradeci a atenção, apertei a mão de ca-da um e parti. Andando, andando... Parei numboteco para lavar as mãos.. . Graças a Deus, ti-nha sabonete! Ainda andando, passei por umoutdoor que anunciava um novo asfalto, embai-xo dizia: “Trabalhando pelo bem-estar do po-vo”. A questão me veio de pronto: Quê povo?

Não sei ainda explicar o que senti. Mas é umamistura de revolta, impotência, nojo, medo, pena...Não há palavra ou adjetivo que o signifique. .::

:: :: .. NNoossssaa PPrroossaa.. .. .. NNoossssaa HHiissttóórriiaa

QQuuiimmeerraassUUrrbbaannaass

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"Na natureza nãoexistem prêmios,nem sequer

punições. Existemconsequências!"James McNeilWhistler

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"Adote o ritmo da natureza. O segredodela é a paciência."

Ralph Waldo Emerson

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5 Janeiro / 201 2

AA ttrraaggééddiiaa ee aa ccoommééddiiaa nnaa vviiddaa ddee OOllaavvoo PPaassssoossDDrraammaa QQuuoottiiddiiaannoo

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hegava na metrópole após as mere-cidas férias de fim de ano, passadas

no Litoral Norte, numa pousadinha pul-guenta... Mas valeu a pena, não aguentavamais aquele escritório! Já estava tendo pe-sadelos com razonetes. Bem... O congesti-onamento me pegara o ônibus na serra elento, lento, lento levou-o até o destino.

Era meia noite e meia e o Metrô só abri-ria lá pelas quatro e meia da manhã. Oquê fazer até lá? Se ao menos fosse daque-les que puxam conversa com qualquerum... Apreciei as vitrines, fui ao banheiro– não por vontade, mas por não ter o quêfazer ou talvez por curiosidade, para sabercomo era aquele banheiro. Quando já esta-va fatigado de caminhar ao léu arrastandoaquela mala imensa, sentei-me.

Havia uma equipe de faxineiras lavandoalguns box's, e não é que um guri feliz davida, chafurdava a espuma cinzenta comose aquilo fosse a coisa mais maravilhosado mundo! Ninguém falava nada, nem asfaxineiras nem a mãe de criança, que sa-be-se lá onde estava. Atrás de mim, umasenhorinha falava, sem pausas, há uns qua-renta minutos sobre o fato de não ter con-seguido retirar sua aposentadoria. Suaouvinte era uma jovem maquilada comexagero... Dessas jovens comuns de minhageração, denominadas: piriguetes.

– … E a menina ainda me falou quenão podia fazer nada por mim! Cê acredi-ta, bem?! Isso é um absurdo! Ninguémmais respeita o idoso, hoje em dia, nem ogoverno... A gente trabalha, trabalha e de-pois não vale mais de nada! – ela continua-va – Na minha época, só pr'ocê vê,quando meu pai tava conversando na salacom alguém, a gente, criança, não podia

nem passar pela sala que levava um safa-não. Esses dias aí atrás, eu tava no trem,de pé, nenhum filho de Deus pra me darlugar! As pessoas se esquecem que vãoenvelhecer um dia... Hoje cê é jovem, bo-nita, cinturadinha... Amanhã...

A moça aproveitou a pausa.

– Licença, vou ao banheiro.

Ela pegou sua mala e saiu. Tempo de-pois a menina ainda não havia voltado, avelinha ficou olhando para os lados meioinquieta, procurando a moça ou mais al-guém que estivesse disposto a conversar,sua sorte foi que apareceu um senhor detraje social bastante encardido que sentou-se ao seu lado. Não demorou para que elacomeçasse:

– O sinhô veja, ant'onti fui receber mi-nha aposentadoria...

Quando ela deu uma pausa, o sujeitocomeçou: disse que findaria os tempos dedor na vida dela, que Deus amava a suaalma... E tirou da mala uma bíblia.

– A irmã crê? – vociferava ele – Estáaqui neste salmo...

Como sou amante do silêncio, saí dalipara dar mais uma volta na rodoviária.Eram umas três e pouco... A essas alturasaquele guri feliz da vida, comia espumaaté pelos olhos e ainda nada de sua mãe.

Finalmente os portões de entrada para ometrô se abriram. Voltaria para minhasórdida cidadezinha suburbana. Rumo aentrada, passei novamente por onde esta-va. A senhorinha ainda falava feito umamatraca e pela cara do sujeito, ele haviadesistido de seguir em seu proselitismo. .::

CNNaa RRooddoovviiáárriiaa ddoo TTiieettêê.. .. ..

Fico pensando que tem alguém bolandomaldades para nos ferrar. Visualizei a cena:No gabinete chega um funcionário comuma pasta e deixa em cima da mesa comuma etiqueta escrita “projetos para tornardifícil a vida dos moratenses”.

A “Caixa de Pandora” foi aberta aqui, enem a esperança quis ficar. Somos um “cur-ral eleitoral” para políticos pífios e moedaspara os burocratas da CPTM.

Desativaram a estação de trem para cons-trução de uma nova, colocaram uma esta-ção improvisada com instalação precária.Os burocratas da CPTM devem sentir pra-zer no nosso sofrimento. Se não iriam co-meçar logo, por que destruíram a antiga oupor que não começaram a (re)construçãoprimeiro de uma estação terminal (Francis-co Morato) onde o contingente de usuáriosé maior do que uma estação normal – Aconstrução da estação de Franco da Rocha.

Final de ano recebemos um presente queme fez lembrar “amigo secreto”, há muitadecepção nessa brincadeira, devido as dife-renças dos presentes dados: deu perfume“Boticário” e recebeu colônia “Leite de Ro-sa”; a criança esperando Playstation ouXBox e ganha Dynavision; dando a cole-ção de CDs do Beatles e recebendo CDsdo Calypso. Imagine a feição de decepção?É essa minha cara. Cara de trouxa. Foi as-sim que me senti com a entrega do Termi-nal de Ônibus de Francisco Morato - pelametade. Nem o amigo mais “engraçadinho”dava um presente desses, um verdadeiro“Cavalo de Troia”. Esperando, desde a ou-tra administração, para receber essa merda.

No projeto do terminal: rampas de aces-sos às pessoas portadoras de necessidadesespeciais, banheiros adaptados, escadas ro-lantes e até elevador. Ah? Tô com ânsia devômito.

São Deuses do Olimpo, desrespeitam tu-do e todos. Acessibilidade zero, cagaramno Estatuto do Portador de Deficiência, éimpossível utilizar a escada que dá acessoao Terminal. Banheiros? Só se for no matoque eles não limparam, ou na construçãoinacabada que tem no meio do terminal.Escadas rolantes? Não existem, subir as es-cadas com uma cesta básica é um verdadei-ro “Trabalho de Sísifo”. Ofendemos osDeuses, não é possível. Elevador? “Um pe-so e duas medidas”, a Estação de Osascoestá em reforma e a CPTM improvisou umelevador, aqui fomos condenados a subir edescer escada. No gabinete: “sobe e desce,sobe e desce as escadas, ai gozei!”

Colocaram um ônibus que circula docentro ao terminal, para pessoas que estãovagando na terra eternamente, pois tem queter muito tempo disponível para esperar.

“O 'calcanhar de Aquiles' do pobre é aeducação”, diz Facção Central. Enquantoformos “analfabetos políticos” continuare-mos a ter esse tipo de “presente”. Sei quenão temos muita opção, mas se continuar-mos a votar por camaradagem no cara doboteco, da barraca, do transporte, e da igre-ja, vai dar nisso. A maioria que está na câ-mara não tem engajamento político, nãotem capacidade de administrar a complexi-dade de uma máquina pública, que não étarefa fácil. .::

((TTeerrmmiinnaall ddee ÔÔnniibbuuss ee aa NNoovvaa EEssttaaççããoo ddee TTrreemm))CCaavvaalloo ddee TTrrooiiaa

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6Janeiro / 201 2

PPoorr:: MMeessssiiaass SSiillvvaa

Numa nova manifestaçãodo jeitinho brasileiro, o novoTerminal no alto do Escadãocomeçou a funcionar, não háescadas rolantes ou elevado-res que transportem o povo,inclusive idosos e deficien-tes. Também não há banhei-ros, nem bancos para o povoesperar. Dizem que a inicia-tiva foi do interesse da em-presa de ônibus, masvereadores espertinhos já es-parramaram faixas pela cida-de reclamando para si oscréditos da nova obra. .::

A arte me fasciname alumbra, me alucina,ela me estimulacom sua excelência me formulo,sua habilidade me preencheme aviva me enche,nela pratico uma ideiaao conhecimento da plateia,me leva ao pensamentoà criação e o surgimento,para o encanto a alegriada composição da sonata à sinfonia,para o flutuar das formosas musasna magia de belas músicas,na coreografia das bailarinasna escola o balé na sapatilha das meninas,é a alma do teatro, cinema, televisãoo glamour dos artistas em encenação,está na beleza da missno beijo envolvente do ator, da atriz,nos museus de artes me sinto agraciadoao ver expostas: fotografias, gravuras, quadros,é a essência formidável das culturasencarnou Niemeyr-arquitetura,presente nos escravos das pirâmidese jardins suspensos da Babilônia,surgiu como o big bang alumbrando todo o universono meu mundo revelada por criaturas rupestres,A arte vive em mim. . .capítulo a capítulo. . .eu a usarei para esculpir. . .o teu coração rupícolo. . .

Por: Betto Souza

::. Rapidinha

Pagandopromessas

Por: Isidro Lopes

Com frequência, assisto assombrada minha total falta de perspectivasno meio social em que vivo, estas, ligadas à coisas tão valorizadas hoje,que a maioria das pessoas alegam não mais me perecerem... A beleza fí-sica é uma das principais.

Um senhor como eu, não é mais valorizado como deveria, pois afinal,estamos no mundo do ter e não do ser, do ganhar sempre e não do reco-nhecer a importância de lutar... E a grande maioria de nós, finge não ou-vir quando uma piada soa em tom visivelmente pejorativo; brincamos,sorrimos... E até engordamos o enredo “pois é”. Outros, (e eu os com-preendo) aproveitam-se da fama de coitados, para conquistar um respeitoforçado.

Então eu subo as escadas sem corrimão com certa dificuldade, pen-sando em tudo isso... Os adolescentes me olham com desprezo e duvi-dam de minha clareza, reclamo da falta de respeito com que as mulheresjovens são tradadas e eles cochicham bem baixinho “velho louco” maspara mim, valores não envelhecem.

Esqueço das coisas com muita facilidade, qual era mesmo o tecido queprecisava comprar? Gaguejo palavras e não é por querer! Está na pontada língua mas todas as pessoas simplesmente não entendem.. Simples-mente não me olham mais e nem ligam pra isso. O sol está tão quentequanto o calor das discussões fúteis dos passantes, só querem consumir,consumir, consumir... Lamento não poder alertá-los sobre a realidade la-tente que lhes batem todos os milésimos à porta: de que envelhecemtambém e de que precisam refletir o sentido de suas vidas. .::

“IMPRESSÕESDEUMAIDADEULTRAPASSADA”

Por: Daniela Mendes

AA AArrtteeilustração:M

ariMoura

Escada de Jacó: falta das escada rolantese elevadores penaliza principalmente os

idosos e cadeirantes

imagem:IsidroLopes

Meio Terminaldo: jeitinho brasileirocolocou meio terminal para funcionar

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