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Índices de liquidez ponderados 16 de Junho de 2010 Este procedimento foi elaborado com base nas boas técnicas e doutrinas contábeis referentes ao assunto em questão. Índices de liquidez ponderados Sumário 1. Resumo 2. Introdução 3. Plataforma teórica 3.1 Análise de demonstrações contábeis 3.2 Indicadores tradicionais de liquidez 3.3 Índices de prazos médios 4. Trajetória metodológica 5. Resultados 5.1 Cia. Ponderada: um caso hipotético 5.2 Grupo Pão de Açúcar: um caso real 6. Considerações finais 1. Resumo A problemática sobre a qual se assenta este procedimento é referente às diferenças temporais, que existem entre os elementos do Ativo e do Passivo Circulantes, não consideradas no cálculo dos indicadores de liquidez. Utilizando como estratégias a pesquisa bibliográfica, a construção de um exemplo hipotético e um estudo de caso, o presente trabalho pretendeu verificar se é possível refletir os prazos médios de realização das contas do Ativo e do Passivo Circulantes na composição dos indicadores de liquidez, bem como avaliar os efeitos provocados. Verificou-se que é possível calcular os indicadores ponderados de liquidez nos âmbitos interno e externo às entidades. Também foram verificadas diferenças relevantes entre os indicadores tradicionais e os indicadores ponderados quando aplicados nas demonstrações do Grupo Pão de Açúcar. Percebeu-se uma alteração de 28% no Índice de Liquidez Imediata, 11% no Índice de Liquidez Seca e 12% no Índice de Liquidez Corrente. A proposta de cálculo, se aplicada às demonstrações de outras empresas, certamente apresentará variações diferentes, pois o objetivo desse indicador é exatamente captar com mais precisão os impactos da consideração dos prazos médios no cálculo dos indicadores de liquidez ponderados entre diferentes empreendimentos. 2. Introdução Os índices de liquidez são passíveis de várias fragilidades conceituais, mas isso não excluiu o sucesso deles no meio empresarial, por estarem ainda largamente em uso na atualidade. Por outro lado, os indicadores do ciclo operacional também apresentam algumas incoerências na transposição teórica para a prática empresarial, mas isso também não foi suficiente para tirá-los do "palco", já que são bastante utilizados no campo pragmático. Neste estudo, enfoca-se a desconsideração dos prazos de realização dos itens que compõem os índices de liquidez, ou seja, os ativos e passivos circulantes. Para ilustrar essa problemática, pode-se imaginar 2 casos extremos: a) o primeiro, sendo de uma empresa que possui apenas uma conta no Ativo Circulante: Caixa, no valor de R$ 50.000; no Passivo Circulante, a empresa também apresenta apenas uma conta: Financiamentos, no valor R$ 50.000, com vencimento em 330 dias; b) a segunda empresa possui apenas uma conta no Ativo Circulante: Contas a Receber, no valor de R$ 50.000, com vencimento em 320 dias; no Passivo Circulante, a empresa também apresenta apenas uma conta: Fornecedores, no valor de R$ 50.000, com vencimento em 2 dias. Page 1 of 12 16/06/2010 http://www.iobonlineregulatorio.com.br/print/module/print.html?source=printLink

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Índices de liquidez ponderados 16 de Junho de 2010

Este procedimento foi elaborado com base nas boas técnicas e doutrinas contábeis referentes ao assunto em questão.

Índices de liquidez ponderados

Sumário

1. Resumo

2. Introdução

3. Plataforma teórica     3.1 Análise de demonstrações contábeis 

    3.2 Indicadores tradicionais de liquidez 

    3.3 Índices de prazos médios 

4. Trajetória metodológica

5. Resultados     5.1 Cia. Ponderada: um caso hipotético 

    5.2 Grupo Pão de Açúcar: um caso real 

6. Considerações finais

1. Resumo

A problemática sobre a qual se assenta este procedimento é referente às diferenças temporais, que existem entre os elementos do Ativo e do Passivo Circulantes, não consideradas no cálculo dos indicadores de liquidez. Utilizando como estratégias a pesquisa bibliográfica, a construção de um exemplo hipotético e um estudo de caso, o presente trabalho pretendeu verificar se é possível refletir os prazos médios de realização das contas do Ativo e do Passivo Circulantes na composição dos indicadores de liquidez, bem como avaliar os efeitos provocados. Verificou-se que é possível calcular os indicadores ponderados de liquidez nos âmbitos interno e externo às entidades. Também foram verificadas diferenças relevantes entre os indicadores tradicionais e os indicadores ponderados quando aplicados nas demonstrações do Grupo Pão de Açúcar. Percebeu-se uma alteração de 28% no Índice de Liquidez Imediata, 11% no Índice de Liquidez Seca e 12% no Índice de Liquidez Corrente. A proposta de cálculo, se aplicada às demonstrações de outras empresas, certamente apresentará variações diferentes, pois o objetivo desse indicador é exatamente captar com mais precisão os impactos da consideração dos prazos médios no cálculo dos indicadores de liquidez ponderados entre diferentes empreendimentos.

2. Introdução

Os índices de liquidez são passíveis de várias fragilidades conceituais, mas isso não excluiu o sucesso deles no meio empresarial, por estarem ainda largamente em uso na atualidade. Por outro lado, os indicadores do ciclo operacional também apresentam algumas incoerências na transposição teórica para a prática empresarial, mas isso também não foi suficiente para tirá-los do "palco", já que são bastante utilizados no campo pragmático.

Neste estudo, enfoca-se a desconsideração dos prazos de realização dos itens que compõem os índices de liquidez, ou seja, os ativos e passivos circulantes. Para ilustrar essa problemática, pode-se imaginar 2 casos extremos:

a) o primeiro, sendo de uma empresa que possui apenas uma conta no Ativo Circulante: Caixa, no valor de R$ 50.000; no Passivo Circulante, a empresa também apresenta apenas uma conta: Financiamentos, no valor R$ 50.000, com vencimento em 330 dias;

b) a segunda empresa possui apenas uma conta no Ativo Circulante: Contas a Receber, no valor de R$ 50.000, com vencimento em 320 dias; no Passivo Circulante, a empresa também apresenta apenas uma conta: Fornecedores, no valor de R$ 50.000, com vencimento em 2 dias.

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Percebe-se claramente que a situação das duas empresas, em termos de liquidez, é muito diferente. A primeira possui uma disponibilidade para fazer face a uma exigibilidade que vencerá somente daqui a 320 dias. Já a segunda apresenta uma exigibilidade quase imediata de apenas 2 dias e valores, mesmo que iguais, mas a serem recebidos somente daqui a 320 dias. No entanto, os índices de liquidez tradicionais não são capazes de captar essas diferenças por não considerarem os prazos médios de realização dos elementos do Ativo e Passivo Circulantes na composição do cálculo dos indicadores.

Nesse sentido, Silva e Cavalcanti (2004, p. 140) afirmam que os índices de liquidez foram constituídos para responder à seguinte indagação: "Se uma empresa encerrar suas atividades, deterá capacidade de superação das dívidas?" No entanto, caso a solvência seja estimada sob a hipótese da prosperidade empresarial - perspectiva dinâmica -, os índices convencionais de liquidez expressarão valores situados à margem da realidade. Contudo, o que se percebe é o uso generalizado desses índices na gestão de empreendimentos sob a perspectiva da continuidade.

Diante disso, o presente procedimento pretende verificar se é possível utilizar os prazos médios de realização das contas do Ativo e Passivo Circulantes na composição dos indicadores de liquidez, bem como avaliar os efeitos provocados por essa modificação no cálculo. Parte-se da hipótese de que, ponderando os prazos médios de realização dos elementos do Ativo e Passivo Circulantes na composição dos índices de liquidez, poder-se-á minimizar significativamente os efeitos oriundos das diferenças temporais. Para tanto, serão utilizadas as seguintes técnicas de análise e coleta de dados:

a) estudo bibliográfico;

b) construção de um exemplo hipotético: "Cia. Ponderada" e;

c) estudo de caso: "Grupo Pão de Açúcar".

O estudo se justifica em função do vasto uso dos indicadores de liquidez por parte de vários stakeholders dentro e fora das empresas: gestores, empregados, investidores, fornecedores, governo etc. Além disso, o enfoque dado ao estudo não tem encontrado abordagens semelhantes, portanto, revela aspectos de originalidade da pesquisa.

O procedimento está dividido em 3 seções, além desta introdução e das considerações finais. Na primeira seção, é apresentada a plataforma teórica, em que são apresentados conceitos relacionados à atividade de análise de demonstrações contábeis, os principais indicadores de liquidez e suas fragilidades. Também são apresentados os indicadores de prazos médios. Na segunda seção, é apresentada a trajetória metodológica utilizada para desenvolvimento do estudo. Na terceira seção, divulgam-se os resultados obtidos.

3. Plataforma teórica

3.1 Análise de demonstrações contábeis

A análise de demonstrações contábeis, ou análise de balanços, como costumeiramente tem sido chamada, tem o objetivo de extrair informações das demonstrações contábeis para avaliação de desempenho e para tomada de decisões, notadamente por parte dos usuários externos. Quanto mais adequada a transformação de dados em informações, tanto melhores serão as informações produzidas (MATARAZZO, 2003).

Segundo Martins (2005b, p. 7), a "Contabilidade é um Modelo" que procura representar o que vem ocorrendo com a empresa. No entanto, "modelo", por definição, é uma aproximação da realidade, nunca a própria realidade. Sempre estará mostrando algo de maneira também mais simplificada do que de fato é, e estarão sempre faltando informações para se entender de forma completa o que está ocorrendo. Assim, o autor entende que "o objetivo geral da análise de balanços seja o de formar uma idéia sobre o desempenho da empresa durante certo período e extrair informações que ajudem, complementarmente a outras, a efetuar projeções sobre o futuro dessa entidade" (MARTINS, 2005b, p. 1).

Ainda de acordo com Martins (2005a), a análise de balanços se resumiria a 2 grandes objetivos principais: conhecer a liquidez e a rentabilidade das empresas. Com a análise relativa à liquidez, é possível verificar a capacidade de a empresa cumprir seus compromissos financeiros junto a todos os que a provêm de recursos, sejam eles financeiros, humanos, materiais, de serviços etc. Isso pode incluir análises de liquidez a prazo muitíssimo curto, a prazo médio, longo etc. Já com a análise relativa à rentabilidade é possível ver se a empresa remunera, efetivamente, os capitais nela empregados, principalmente o capital próprio, já que o capital de terceiros está visivelmente exposto nas demonstrações. Tanto a incapacidade de remunerar o capital próprio quanto a de responder pelas suas obrigações (capital de terceiros) significam o comprometimento da continuidade para qualquer sociedade de fins lucrativos.

Vários outros indicadores são utilizados na prática, como os índices relativos aos prazos de recebimento, de pagamento, de giro dos ativos, giro dos estoques, margens de lucro sobre vendas, necessidade de capital de giro, custo dos financiamentos, alavancagem financeira, alavancagem operacional etc. No entanto, a centralidade da análise de demonstrações contábeis recai, via de regra, nos

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indicadores de liquidez e rentabilidade.

Neste estudo, o foco de análise será lançado sobre a liquidez, ou seja, sobre os tradicionais índices de liquidez de curto, médio e longo prazos. Muito embora sejam bastante utilizados no meio empresarial, esses índices apresentam alguns problemas conceituais que podem provocar sérias distorções na análise de um empreendimento. É o que se pretende analisar na próxima seção.

3.2 Indicadores tradicionais de liquidez

Os indicadores de liquidez evidenciam a situação financeira de uma empresa frente aos compromissos financeiros assumidos. Para a referida análise, Matarazzo (2003) apresenta os seguintes índices:

a) Liquidez Seca;

b) Liquidez Corrente; e

c) Liquidez Geral.

Assaf Neto (2006) acrescenta também o Índice de Liquidez Imediata e Martins (2002), além destes, apresenta o Índice de Liquidez Corrente de Kanitz, o qual, embora seja uma fórmula criativa, tem tido pouca utilização. No Quadro 1, a seguir, são apresentados os indicadores, bem como suas fórmulas e respectivas indicações.

QUADRO 1

Nota Fonte: Adaptado de Matarazzo (2003).

Alguns desses indicadores são utilizados por praticamente todos os analistas, como, por exemplo, o Índice de Liquidez Corrente (MATARAZZO, 2003). Outros recebem menos atenção por parte dos analistas (como o Índice de Liquidez Imediata e o Índice de Liquidez Seca), muito embora sejam rotineiramente calculados para efetuar análises de demonstrações contábeis. Existem também

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aqueles que não têm muita aplicabilidade, como o Índice de Liquidez Geral, que não apresenta qualquer relação de temporalidade entre os elementos do numerador e do denominador (MARTINS, 2005a).

Nota Segundo Myers (1974), citado por Silva e Cavalcanti (2004), Willian Rosendale veiculou, em 1908, um artigo na revista Banker's Magazine, publicada pela associação dos Banqueiros de Nova York, intitulado "Credit Department Methods", almejando orientar os intermediários do mercado financeiro na consecução de análises destinadas à capacidade de pagamento - solvência - das empresas, mediante solicitações de crédito. Foram as primeiras alusões mercadológicas despendidas na análise das demonstrações contábeis, cujos ativos e passivos circulantes foram manipulados conjuntamente sob a forma de quociente. A divisão do Ativo Circulante pelo Passivo Circulante popularizou o mais antigo dos indicadores oriundos do processamento de comparações lógicas entre rubricas específicas do Balanço Patrimonial, notoriamente conhecido por "liquidez corrente".

As críticas aos indicadores de liquidez são várias. Martins (2005a) alerta sobre as possibilidades de "embelezamento" das demonstrações contábeis a fim proporcionar índices "melhores". A seguir são apresentados alguns exemplos:

a) classificações: problemas nas classificações, como, por exemplo, duplicatas descontadas no Ativo Circulante, o que pode alterar substancialmente os índices de liquidez;

b) gerenciamento do Circulante: pagamentos na véspera do fechamento do Balanço Patrimonial e realização de novas dívidas no início do período seguinte, as quais podem "embelezar" os indicadores de liquidez;

c) operações de factoring: vendas de recebíveis para sociedades de propósito especial, em que tais recebíveis são dados como garantias, na verdade, trata-se de financiamentos que deveriam ser classificados como tais a fim não alterarem os indicadores de liquidez; ressalte-se que mudanças próximas nas regras contábeis diminuirão esses problemas;

d) operações de venda com cláusula de recompra: financiamentos que se revestiam formalmente de aluguéis (leasing); essa possibilidade agora se encontra limitada pela Lei nº 11.638/2007 e pelo Pronunciamento Técnico CPC 06, que alteraram a forma de contabilização do leasing;

e) operações com sociedades de propósito especial: tais sociedades são criadas com finalidades específicas, como a compra seguida pelo aluguel de um ativo da investidora; essa prática tende a diminuir com o advento da Lei nº 11.638/2007 , a qual determina que a essência econômica do evento prevalece sobre sua forma jurídica, e com o Pronunciamento Técnico CPC 36(R1) - Demonstrações Consolidadas, que faz com que não mais apenas as companhias abertas tenham de consolidar essas entidades quando genuínas controladas; ou seja, tais demonstrações passam a ser consolidadas por todas as empresas quando se verifica o controle exercido pela investidora;

f) fraudes: os aspectos descritos são opções que a lei permite ou permitia; no entanto, deve-se observar também atos ilegais que podem alterar a performance dos indicadores; para os casos de fraudes, não há alternativas conceituais como as que se propõe neste procedimento.

Além dos problemas mencionados, que se referem aos dados utilizados na composição dos índices, existem outras deficiências na própria composição matemática desses indicadores. Martins (2005a) apresenta as seguintes:

a) situação estática: o Passivo Circulante representa o total das obrigações a serem liquidadas nos próximos 12 meses, que existiam e já estavam contabilizadas no encerramento do período atual, enquanto o Ativo Circulante representa os bens e direitos realizáveis para o mesmo período e já contabilizados - ou seja, o Balanço Patrimonial apresenta uma situação estática;

b) sazonalidade: algumas empresas, notadamente as agrícolas, apresentam grandes oscilações de resultados e prazos ao longo do ano; os indicadores apurados nas demonstrações encerradas em 31 de dezembro podem não retratar a realidade da empresa ao longo de todo o ano;

c) temporalidade: os prazos de realização dos itens do Ativo e do Passivo Circulantes são diferentes, pode haver itens vencendo no mês de janeiro ou dezembro do próximo ano; os passivos operacionais, como fornecedores, salários a pagar e impostos a recolher normalmente vencem no curtíssimo prazo, enquanto os financiamentos e empréstimos, por exemplo, podem vencer no final do período, mas todos recebem o mesmo tratamento.

A distribuição temporal entre os elementos do Ativo Circulante e do Passivo Circulante constitui um dos elementos cruciais na análise, contudo, a composição matemática dos índices de liquidez (apresentada no Quadro 1) não capta essas variações. Embora seja um problema conceitual, a literatura não tem apresentado solução adequada até o momento.

Espera-se que indicadores do ciclo operacional, especificamente aqueles relacionados aos prazos médios de itens do Circulante, possam contribuir no sentido de considerarem as diferenças temporais de realização existentes entre os elementos que compõem os índices de liquidez. Para tanto, será necessário, primeiro, apresentar tais indicadores.

3.3 Índices de prazos médios

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Os indicadores de prazos médios, ou do ciclo operacional, como também têm sido chamados, permitem que seja analisado o desempenho operacional da empresa e suas necessidades de investimento em giro (ASSAF NETO, 2006). Considerando os objetivos deste procedimento, a análise recairá somente sobre os indicadores de prazos médios de realização de elementos do Ativo Circulante e do Passivo Circulante.

Matarazzo (2003) apresenta os índices: Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV); Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC) e Prazo Médio de Renovação de Estoques (PMRE). Assaf Neto (2006) apresenta os seguintes: Prazo Médio de Estoques (PME); Prazo Médio de Fabricação (PMF); Prazo Médio de Venda (PMV); Prazo Médio de Cobrança (PMC) e Prazo Médio de Desconto (PMDD) e Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores (PMPF). Percebe-se que os 3 índices sugeridos por Matarazzo (2003) estão entre aqueles apresentados na obra de Assaf Neto (2006), com pequenas modificações de nomenclatura. No Quadro 2, a seguir, são apresentados os indicadores, bem como suas fórmulas e respectivas indicações.

QUADRO 2

Nota Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2006).

Esses indicadores, muitas vezes trazidos da literatura estrangeira e não adaptados à situação brasileira, apresentam outros tipos de problemas que não serão aqui tratados. Por exemplo: as contas de Duplicatas a Receber e de Fornecedores incluem os tributos incidentes sobre vendas e compras, respectivamente, mas os Estoques normalmente não incluem os tributos recuperáveis, e as Compras, calculadas a partir do Custo das Mercadorias Vendidas e da variação nos Estoques, também não. Logo, os números obtidos não são corretos, contudo, como já afirmado, não é esse o foco deste procedimento.

4. Trajetória metodológica

Como já citado, este procedimento pretende avaliar a possibilidade de ponderar os indicadores de liquidez pelos prazos médios de realização dos elementos do Ativo e Passivo Circulantes. Será construído um exemplo hipotético, denominado "Cia. Ponderada", com o objetivo de apresentar os indicadores propostos, bem como de estabelecer uma comparação inicial com os indicadores tradicionais. Assim, por meio da manipulação de algumas variáveis, vai-se procurar avaliar os impactos em termos de alterações nos índices sob investigação. Finalmente, os indicadores propostos serão testados em um estudo de caso, quando serão tomadas as demonstrações do Grupo Pão de Açúcar relativas ao ano de 2008, das quais serão extraídas as informações necessárias para os cálculos dos índices de liquidez tradicionais e de liquidez ponderados. Após os cálculos, serão feitas considerações e análises dos resultados à luz da teoria apresentada.

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5. Resultados

5.1 Cia. Ponderada: um caso hipotético

A empresa hipotética criada para o desenvolvimento deste procedimento é denominada "Cia. Ponderada". Inicialmente serão calculados os índices de liquidez tradicionais (Liquidez Corrente, Liquidez Imediata e Liquidez Seca) a partir dos dados expressos no Quadro 3, a seguir.

QUADRO 3

Aplicando as fórmulas apresentadas no Quadro 1 para cálculo dos índices de liquidez tradicionais, obtêm-se os seguintes resultados:

a) Liquidez Imediata: 0,1111;

b) Liquidez Seca: 0,4444;

c) Liquidez Corrente: 1,0000.

Esses resultados não consideram os prazos médios. Para considerá-los na composição dos índices, deve-se primeiro estabelecer o ciclo operacional da empresa; uma vez definido o ciclo operacional, tem-se a duração do Circulante. No caso da Cia. Ponderada, o ciclo operacional é menor que 1 ano. Portanto, o conceito de curto prazo será de 360 dias.

Para cálculo da Liquidez Imediata Ponderada, tem-se no numerador o subgrupo Disponível. Nesse caso, existe apenas a conta Caixa, cujo prazo de realização é zero, pois os valores estão disponíveis. No denominador, tem-se o Passivo Circulante, composto por 4 contas com prazos médios variados. Portanto, é necessário calcular o índice de realização do Passivo Circulante. Para tanto, calcula-se a representatividade de cada conta no total do grupo, bem como a fração de tempo durante a qual esses valores não serão exigíveis no curto prazo. Por exemplo: a conta Fornecedores representa 33% do total do Passivo Circulante (30.000/90.000) e será exigível nos próximos 60 dias, portanto não por 300 dias (360 - 60) dentro do curto prazo. A equação a seguir ilustra o cálculo:

EQUAÇÃO 1

Resolvendo a equação anterior, obtém-se o Índice de Liquidez Imediata Ponderada, igual a 0,1589, ou seja, há uma variação de

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43% em relação ao Índice de Liquidez Imediata tradicional, que era de 0,1111. Isso significa que os prazos médios das contas do Ativo Circulante e Passivo Circulante são bastante favoráveis relativamente ao que o índice normal dá a entender. O valor 0,1111 somente seria obtido pelo Índice de Liquidez Imediata Ponderada se todo o Passivo se vencesse logo no início do próximo exercício. O valor obtido indica que há certo prazo a decorrer para o cumprimento de todas as obrigações sob análise.

Esse cálculo pode ser representado matematicamente de acordo com a fórmula destacada no Quadro 4, a seguir. É importante notar que a interpretação do indicador também se diferencia da interpretação tradicional.

QUADRO 4

Onde:

D = Contas do Disponível;

CP = Contas do Passivo Circulante;

PC = Total do Passivo Circulante;

PM = Prazo Médio de realização da respectiva conta.

Para cálculo da Liquidez Seca Ponderada, tem-se no numerador o Ativo Circulante deduzido dos estoques e despesas antecipadas. Na Cia. Ponderada, as contas que comporão o numerador serão: Caixa e Contas a Receber. A primeira, conforme já mencionado, está disponível, portanto, será mantida por seu valor nominal. A segunda, Despesas Antecipadas, deverá ser ponderada pelo prazo médio de realização. O denominador será composto pelas contas do Passivo Circulante ponderadas, conforme calculado a seguir:

EQUAÇÃO 2

Resolvendo a equação anterior, obtém-se o Índice de Liquidez Seca Ponderada igual a 0,5166, ou seja, há uma variação de 16% em relação ao Índice de Liquidez Seca tradicional, que era de 0,4444. Novamente, o índice ponderado ficou maior que o tradicional, significando que as contas do Ativo Circulante que compõem o índice têm prazos médios menores que a média do Passivo Circulante. Portanto, há uma situação favorável em termos de liquidez comparativamente ao que indica o índice tradicional.

Esse cálculo pode ser representado matematicamente de acordo com a fórmula destacada no Quadro 5, a seguir. É importante notar que a interpretação do indicador também se diferencia da interpretação tradicional.

QUADRO 5

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Para cálculo do Índice de Liquidez Corrente Ponderada têm-se no numerador as contas do Ativo Circulante ponderadas por seus prazos médios. O grupo é composto por 4 contas com prazos médios variados. Portanto, é necessário calcular o índice de realização do Ativo Circulante. Para tanto, calcula-se a representatividade de cada conta no total do grupo, bem como a fração do tempo durante o qual esses valores não estarão disponíveis no curto prazo. Por exemplo: a conta Estoques representa 50% do total do Ativo Circulante (45.000/90.000) e estará disponível nos próximos 60 dias, logo não estará disponível por 300 dias (360 - 60) dentro do curto prazo, conforme demonstrado a seguir:

EQUAÇÃO 3

Resolvendo essa equação, obtém-se o Índice de Liquidez Corrente Ponderada igual a 1,1523, ou seja, há uma variação de 15% em relação ao Índice de Liquidez Corrente tradicional, que era de 1,0000. Novamente destaca-se que essa diferença origina-se da diferença de prazos médios entre ativos e passivos circulantes. Nesse caso, os primeiros são menores, de maior liquidez.

Esse cálculo pode ser representado matematicamente de acordo com a fórmula destacada no Quadro 6, a seguir. É importante notar que a interpretação do indicador também se diferencia da interpretação tradicional.

QUADRO 6

Onde: CA = Contas do Ativo Circulante;

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AC = Total do Ativo Circulante;

CP = Contas do Passivo Circulante;

PC = Total do Passivo Circulante;

PM = Prazo Médio de realização da respectiva conta.

O Quadro 7, a seguir, apresenta de forma resumida as variações identificadas entre os indicadores na Cia. Ponderada.

QUADRO 7

Quadro 7 - Resumo dos índices de liquidez - Cia. Ponderada

 Indicadores

 Tradicional

 Ponderado

 Variação

 Liquidez Imediata

 0,1111

 0,1589

 43%

 Liquidez Seca

 0,4444

 0,5166

 16%

 Liquidez Corrente

 1,0000

 0,1523

 15%

 Como se verifica, são significativas as variações encontradas entre as duas abordagens de cálculo dos índices de liquidez. No entanto, como se trata de um exemplo hipotético, tais variações podem ter sido provocadas na construção do próprio exemplo, acarretando dados distantes da realidade. Diante disso, torna-se interessante testar os indicadores propostos em demonstrações de uma empresa real.

5.2 Grupo Pão de Açúcar: um caso real

Nesta seção, os indicadores de liquidez ponderados propostos serão testados em demonstrações contábeis dessa empresa a fim de avaliar possíveis inconsistências pragmáticas. Para esse propósito, fez-se necessário escolher um empreendimento em que os indicadores de liquidez fossem bastante úteis à gestão, como empresa do setor de comércio, por exemplo. Ao mesmo tempo, haveria de ser um empreendimento que publicasse o maior número de informações possível sobre os prazos de liquidez das contas circulantes.

Diante disso, a empresa escolhida foi o Grupo Pão de Açúcar, por ser um empreendimento representativo do setor de comércio. Considerou-se também o fato de ser uma das empresas premiadas pelo Troféu Transparência 2009, no período utilizado neste procedimento. O Prêmio Transparência é concedido pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), pela Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e pelo Serasa Experian, às empresas que apresentam as práticas contábeis mais transparentes em suas demonstrações publicadas. Dessa forma, tal premiação é um indicativo de empresas que zelam pela qualidade das informações contábeis.

O Quadro 8, a seguir, apresenta as contas dos grupos Ativo Circulante e Passivo Circulante extraídas do Balanço Patrimonial do Grupo Pão de Açúcar, com relação ao período encerrado em 31.12.2008, bem como os respectivos prazos médios extraídos das notas explicativas das referidas demonstrações contábeis.

QUADRO 8

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Aplicando-se as fórmulas apresentadas às contas constantes no Quadro 8 para efetuar cálculo dos indicadores tradicionais, são obtidos os seguintes resultados:

a) Liquidez Imediata: 0,4756;

b) Liquidez Seca: 1,1942;

c) Liquidez Corrente: 1,6537.

O primeiro passo para cálculo dos índices ponderados é a definição dos prazos médios. Em seguida, explicar-se-á a composição de cada um dos prazos apresentados no Quadro 8, a começar pelas contas do Ativo Circulante:

a) Caixa: os valores já são líquidos, portanto, o prazo médio é zero;

b) Aplicações Financeiras: são aplicações de curto prazo, portanto, disponíveis;

c) Contas a Receber: média das duplicatas a receber/vendas a prazo x 360 dias;

d) Estoques: estoque médio/Custo das Mercadorias Vendidas x 360 dias;

f) Impostos a Recuperar: como a maior parte se refere a impostos incidentes sobre vendas, foram considerados, de forma simplificada, os mesmos prazos dos estoques;

g) Impostos Diferidos: se referem a IR e CSLL decorrentes dos ajustes à Lei nº 11.638/2007 ; portanto, assumiu-se que estes deverão permanecer no Ativo Circulante durante todo o período;

h) Outros Créditos: não há informações sobre o que seriam esses outros créditos; considerando que o valor é pouco expressivo, pois representa menos de 3% do Ativo Circulante, foi atribuído de forma conservadora o prazo de 360 dias, como se tais créditos fossem ficar todo o período indisponíveis;

i) Fornecedores: média de fornecedores a pagar/compras x 360 dias;

j) Empréstimos e Financiamentos: não foi possível identificar o vencimento de todos os empréstimos; no entanto, a maior parte tem vencimento no mês novembro/2009;

k) Debêntures: juros sobre debêntures são pagáveis a cada 6 meses; o próximo pagamento vence em 01.03.2009;

l) Salários e Encargos a Pagar: prazo médio permitido pela legislação ao pagamento de salários;

m) Impostos, Taxas e Contribuições: R$ 45.000,00 correspondem a impostos a recolher (IR, CSLL, Cofins e PIS-Pasep); o restante são parcelamentos de impostos, considerando-se uma média anual;

n) Valores a Pagar a Partes Relacionadas, Dividendos Propostos, Financiamento de Compra de Imóveis, Aluguéis a Pagar e Outras Obrigações: não há informações precisas sobre os vencimentos dessas contas; considerando que, somadas, elas representam menos de 10% do Passivo Circulante, de forma conservadora, foram consideradas exigibilidade imediata.

Explicados os prazos médios, pode-se partir para o cálculo dos índices. Aplicando-se as fórmulas apresentadas, obtêm-se os seguintes indicadores e variações:

QUADRO 9

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Quadro 9 - Resumo dos índices de liquidez - Grupo Pão de Açúcar

 Indicadores

 Tradicional

 Ponderado

 Variação

 Liquidez Imediata

 0,4756

 0,6078

 28%

 Liquidez Seca

 1,1942

 1,3302

 11%

 Liquidez Corrente

 1,6537

 1,8489

 12%

 Percebe-se que foram encontradas variações, embora menores que as encontradas no exemplo da Cia. Ponderada. Estas são significativas, já que podem alterar de forma substancial o processo decisório dos stakeholders.

É importante mencionar que todos os indicadores ponderados foram superiores aos indicadores tradicionais. Isso significa que os prazos médios das contas do Ativo Circulante, consideradas no cálculo dos índices, são menores que os das contas do Passivo Circulante consideradas no mesmo cálculo - ou seja, a situação poderia ser diferente, com indicadores ponderados menores que os tradicionais. Tal inversão dependeria dos prazos médios praticados pela entidade.

Assim, se todas as empresas do setor calculassem os índices de liquidez ponderados, considerando os respectivos prazos médios, visualizar-se-iam com muito mais clareza as diferenças de liquidez entre elas. É exatamente essa a contribuição desses indicadores, que mostram com mais precisão as diferenças de liquidez entre empresas com diferentes composições de prazos médios em Ativos e Passivos Circulantes.

6. Considerações finais

Os indicadores utilizados na análise das demonstrações contábeis, quaisquer que sejam eles, não devem ser confundidos com a própria realidade, nem com o retrato fiel dela, pois, além de suas limitações inerentes, a diversidade de métodos contábeis adotados pelas empresas de diferentes setores, e até mesmo por empresas de um setor específico, influenciam decisivamente na qualidade dos indicadores proporcionados (IUDÍCIBUS; MARION; 2000).

O Balanço Patrimonial, por exemplo, é uma demonstração que reflete a posição patrimonial da entidade em um determinado momento, de forma estática. A liquidez, por sua vez, é dinâmica e altera-se na empresa a cada momento pela realização de ativos e comprometimento de passivos. Além disso, o Ativo Circulante poderá conter elevados valores de estoques com baixa rotação, contas a receber a prazos muito amplos com elevado índice de inadimplência etc. Por outro lado, o Passivo Circulante poderá conter obrigações a vencer em curtíssimo prazo e isso poderá revelar, em muitos casos, que a referida folga financeira é ilusória, uma vez que os fluxos de caixa poderiam ser deficitários (PIMENTEL; BRAGA; CASA NOVA, 2005).

Tendo como foco exclusivo as diferenças nos prazos de realização dos elementos que compõem os índices de liquidez, este estudo pretendeu avaliar a possibilidade de se ponderar os indicadores de liquidez pelos prazos médios. O trabalho foi realizado mediante pesquisa bibliográfica, construção de um exemplo hipotético e estudo de caso.

Verificou-se que é perfeitamente possível calcular os indicadores ponderados de liquidez no âmbito interno das entidades, pois a maioria das informações, inclusive dos prazos médios, é acessível. O monitoramente desses indicadores por parte da gestão poderia antecipar possíveis situações de fluxos de caixa desfavoráveis, identificando tendências e possibilitando realinhamento de estratégias para fazer frente a necessidades futuras, evitando, assim, impactos econômicos no resultado da empresa.

Para os usuários externos, embora a gama de informações seja menor, é possível trabalhar com os indicadores ponderados, pois são poucos os itens do Ativo e do Passivo Circulantes que não apresentam os prazos médios de realização. Nesses casos, pode-se adotar uma postura conservadora, atribuindo prazos máximos (de 360 dias) para os ativos e mínimos (de zero) para os passivos.

Também foram apuradas diferenças relevantes entre os indicadores tradicionais e os ponderados nas demonstrações do Grupo Pão de Açúcar. Verificou-se uma alteração de 28% no Índice de Liquidez Imediata, 11% no Índice de Liquidez Seca e 12% no Índice de Liquidez Corrente. Essas alterações se referem especificamente à empresa analisada. Outras empresas, obviamente, poderão apresentar variações totalmente diferentes; o objetivo desse indicador é exatamente captar com mais precisão os efeitos entre diferentes empreendimentos.

Portanto, pode-se afirmar que, diante dos resultados alcançados, os indicadores de liquidez ponderados sinalizam claramente que a consideração dos prazos médios na composição desses indicadores poderá melhorar significativamente a qualidade da informação gerada. Eles captam com mais precisão as diferenças de realização existentes entre os elementos do Ativo e do Passivo Circulantes, possibilitando ao analista visualizar com muito mais facilidade as diferenças ocorridas ao longo do tempo em uma mesma entidade ou mesmo visualizar variações de desempenho entre diferentes entidades.

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Havendo disponibilidade de informações, esse tipo de indicador pode até vir a ser mais útil no Índice de Liquidez Geral, com possível redução da enorme incerteza trazida hoje quanto ao valor obtido pelo índice tradicional.

Para futuros estudos propõe-se a aplicação dos indicadores ponderados em um conjunto de empresas para avaliar seu desempenho no contexto de avaliação de solvência de empresas.

Legislação Referenciada

   CP 

  Lei nº 11.638/2007

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