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1 INTRODUÇÃO Os conteúdos geológicos e paleontológicos ocupam cerca de um quarto do território do Brasil e são repositórios das manifestações pretéritas da vida durante o Fanerozóico. A bacia sedimentar do Parnaíba, também denominada de bacia do Mara- nhão e bacia do Meio Norte, uma das maiores baci- as paleozóicas, possue uma área de cerca de 600 mil quilômetros quadrados. Recobre os estados do Maranhão, Piauí e parte dos estados de Tocantins, Pará e Ceará, entre as coordenadas 02°00’- 12°00’S e 40°30’- 52°00’W (Figura 1.1). Os registros de fósseis de diversas idades geoló- gicas, são evidências da presença de antigas fau- nas e floras, que subsidiam as inferências sobre as sucessivas posições do continente em movimento. Fornecem indicações de variações climáticas e as correlações entre a evolução geológica dos hemis- férios norte e sul. A História Geológica é apresenta- da através da reconstituição de antigos ecossiste- mas. Nas bacia do Parnaíba, São Luis-Grajaú, situa- das em área epicontinental, as influências conti- nentais e marinhas se alternaram ao longo da histó- ria fanerozóica. É uma característica que possibilita que as análises estratigráficas sejam referenciadas às variações globais do nível do mar. Ao mesmo tempo, os aparecimentos e desaparecimentos de grupos de organismos são correlacionados aos processos geológicos que modificaram os ecossis- temas. A organização e o tratamento de dados foram baseados em Paleobiologia, parte da Paleontolo- gia que estuda a Biosfera em evolução. O estudo foi efetuado por eventos biológicos, definidos como mudanças nas faunas e floras, motivadas por pro- cessos evolutivos de inovação, radiação, rápida distribuição geográfica e extinção. As informações reunidas compreendem as inte- rações entre os fenômenos geológicos e biológicos abrangidos nas disciplinas de Estratigrafia e Pale- ontologia. O arcabouço estratigráfico, que foi orga- nizado inicialmente para a bacia do Parnaíba, so- freu alterações no decorrer das pesquisas. A análise por Paleoecologia Evolutiva, demons- trou que os seres marinhos estiveram estreitamente vinculados à evolução da bacia, enquanto os seres terrestres tiveram uma autonomia maior. Para os antigos ecossistemas, deveria ser considerado o conceito de região geográfica, como nos estudos de Ecologia. Os dinossauros, com indícios encontrados no Cretáceo Inferior da bacia do Parnaíba (pegadas na Formação Corda e ossos e dentes no Albiano da Formação Itapecuru), deixaram também pistas no Cretáceo Superior da pequena bacia de São Luís (Formação Itapecuru e Cenomaniano). Estes são Introdução –1–

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    INTRODUO

    Os contedos geolgicos e paleontolgicosocupam cerca de um quarto do territrio do Brasil eso repositrios das manifestaes pretritas davida durante o Fanerozico. A bacia sedimentar doParnaba, tambm denominada de bacia do Mara-nho e bacia do Meio Norte, uma das maiores baci-as paleozicas, possue uma rea de cerca de 600mil quilmetros quadrados. Recobre os estados doMaranho, Piau e parte dos estados de Tocantins,Par e Cear, entre as coordenadas 0200-1200S e 4030- 5200W (Figura 1.1).

    Os registros de fsseis de diversas idades geol-gicas, so evidncias da presena de antigas fau-nas e floras, que subsidiam as inferncias sobre assucessivas posies do continente em movimento.Fornecem indicaes de variaes climticas e ascorrelaes entre a evoluo geolgica dos hemis-frios norte e sul. A Histria Geolgica apresenta-da atravs da reconstituio de antigos ecossiste-mas.

    Nas bacia do Parnaba, So Luis-Graja, situa-das em rea epicontinental, as influncias conti-nentais e marinhas se alternaram ao longo da hist-ria fanerozica. uma caracterstica que possibilitaque as anlises estratigrficas sejam referenciadass variaes globais do nvel do mar. Ao mesmotempo, os aparecimentos e desaparecimentos degrupos de organismos so correlacionados aos

    processos geolgicos que modificaram os ecossis-temas.

    A organizao e o tratamento de dados forambaseados em Paleobiologia, parte da Paleontolo-gia que estuda a Biosfera em evoluo. O estudo foiefetuado por eventos biolgicos, definidos comomudanas nas faunas e floras, motivadas por pro-cessos evolutivos de inovao, radiao, rpidadistribuio geogrfica e extino.

    As informaes reunidas compreendem as inte-raes entre os fenmenos geolgicos e biolgicosabrangidos nas disciplinas de Estratigrafia e Pale-ontologia. O arcabouo estratigrfico, que foi orga-nizado inicialmente para a bacia do Parnaba, so-freu alteraes no decorrer das pesquisas.

    A anlise por Paleoecologia Evolutiva, demons-trou que os seres marinhos estiveram estreitamentevinculados evoluo da bacia, enquanto os seresterrestres tiveram uma autonomia maior. Para osantigos ecossistemas, deveria ser considerado oconceito de regio geogrfica, como nos estudosde Ecologia.

    Os dinossauros, com indcios encontrados noCretceo Inferior da bacia do Parnaba (pegadasna Formao Corda e ossos e dentes no Albiano daFormao Itapecuru), deixaram tambm pistas noCretceo Superior da pequena bacia de So Lus(Formao Itapecuru e Cenomaniano). Estes so

    Introduo

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  • registros que apontam a presena destes animaisem ecossistemas favorveis, abrangendo uma re-gio geogrfica ampla, que ultrapassava os limitesgeolgicos das bacias. Entretanto, deve ser obser-vado que para a preservao dos registros (Tafo-nomia), os fatores de sedimentao foram essenci-ais (controle das bacias).

    Aps o encerramento, no Cretceo, dos ciclossedimentares da bacia do Parnaba e So Lu-s-Graja, os ecossistemas terrestres permanece-ram nesta rea geogrfica. Ocorreram deposiesem pequenas bacias tercirias, com floras que soindicadoras climticas e os terrenos foram percorri-dos pelos grandes mamferos do Pleistoceno. NoHoloceno, as rochas da bacia forneceram abrigopara o homem primitivo que, nos seus paredes,deixou impressa uma bela arte rupestre.

    Estes resultados constituem uma contribuiodentro do tema cientfico Terra e Vida, para o AnoInternacional do Planeta Terra (AIPT), programa daOrganizao das Naes Unidas, realizado entreos anos de 2007 e 2009, com nfase em 2008.

    So representativos da participao da Paleon-tologia em projetos de mapeamentos geolgicos epesquisa mineral realizados pela CPRM, desde1973, em bacias sedimentares. Com a interpreta-o de dados para integrao ampla e correlaesa nvel local, regional e, continental.

    Os dados de Paleontologia foram aplicados emEstratigrafia nos mapeamentos e pesquisa mineralexecutados pela CPRM para substncias destina-das ao uso em energia, materiais industriais e deconstruo. So substncias, de grande demanda,nas regies urbanas, necessrias ao desenvolvi-mento sustentvel.

    Para os estudos de Meio Ambiente, a orientaoda pesquisa foi para compreenso dos processosgeolgicos e biolgicos naturais do passado. Sotemas atuais nas indagaes sobre as ameaas

    como as extines decorrentes da atividade huma-na. Evidenciam o longo tempo geolgico necess-rio para o equilbrio dos processos evolutivos.

    Para Divulgao e Educao, nos objetivos doAno Internacional do Planeta Terra, so de interes-se para os sistemas de educao nos diferentes n-veis fundamental, mdio e superior.

    A srie de ilustraes reconstituindo as antigas ediferentes paisagens que existiram nos estados doMaranho e Piau, permite a compreenso dos aflo-ramentos geolgicos, stios e paisagens que se in-tegram geografia, histria da regio, aos par-ques nacionais e reservas naturais que contm asformaes geolgicas examinadas no presente tra-balho. So contribuies que podem ser acrescen-tadas aos roteiros turismo, uma atividade de impor-tncia para a gerao de renda para as popula-es locais. Roteiros mais amplos na regio nor-deste, com exposies simples de Geologia e Vidado passado so possibilidades para incremento doturismo, dentro do conceito de sustentvel.

    As formas de vida so os arquivos geolgicos deinovaes e extines biolgicas dos antigos ambi-entes e da deriva de continentes. As ilustraesconstituem apoio aos sistemas educacionais doBrasil, da Amrica do Sul, da frica e outros conti-nentes, que outrora estiveram unidos nos super-continentes Gondwana e Pangea.

    Nas bacias do Parnaba e So Lus esto impres-sos os registros de eventos biolgicos nicos e sin-gulares. Entretanto, um maior volume de pesquisas,principalmente de classificao sistemtica im-prescindvel para esclarecer a organizao da vida.

    Neste atual estgio de conhecimento das baci-as, os nomes de formao assumem caractersti-cas peculiares, derivadas do modo como aos pou-cos os conceitos foram estabelecidos. um blocoque preserva aspectos de idade, litologia, fsseis eambientes.

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    Paleontologia das Bacias do Parnaba, Graja e So Lus

  • Introduo

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    Figura. 1.1 Mapa de Localizao das bacias sedimentares do Parnaba, Graja e So Lus.