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7 DEVONIANO As mais extensas transgressões marinhas do Fanerozóico da América do Sul estão registradas no Devoniano. Estruturas sedimentares presentes em pelitos e psamitos, depositados em mares bati- dos por tempestades, juntamente com os fósseis marinhos da fauna evolutiva paleozóica (Sepkoski, 1990) são os indicativos dessas transgressões na Bacia do Parnaíba. 7.1 Histórico Small (1914) denominou os sedimentos Pimentei- ra, pela identificação de folhelhos e siltitos cinza e arroxeados que afloravam próximo à vila de Pimen- teiras, Piauí. Plummer et al. (1948) empregaram a denominação de Small, porém consideraram que as camadas eram subjacentes às unidades Serra Grande. A Formação Cabeças foi definida originalmente por Plummer et al. (1948) para arenitos que afloram na borda leste da bacia. Foi dividida em três mem- bros – Passagem, Oeiras e Ipiranga, com a se- ção-tipo situada na cidade de Dom Expedito Lopes (antiga Cabeças), Piauí. A Formação Longá foi proposta por Albuquer- que & Dequech (1946), para folhelhos cinza-escu- ros, que ocorrem no vale do rio Longá, próximo a Campo Maior, Piauí. Posteriormente foi dividida em três subunidades: uma arenosa, média e duas pelíticas, inferior e superior (Della Piazza & Santos, 1967). A estratigrafia do Devoniano da Bacia do Parnaíba foi revista por Kegel (1953) que dividiu a Formação Pimen- teira nos membros Itaim (inferior) e Picos (superior), e manteve as unidades superiores Cabeças e Longá. Na síntese de mapeamentos realizados pela PETROBRAS, Mesner & Wooldridge (1964) conservaram a seqüência litoestratigráfica proposta por Kegel. A coluna estratigráfica, com pequenas varia- ções, foi conservada em trabalhos posteriores. Ca- rozzi et al. (1975) interpretaram os ambientes de se- dimentação, e Della Fávera (1990) apresentou a Estratigrafia de Seqüências. 7.2 Área de Ocorrência As unidades litoestratigráficas do Devoniano afloram nas regiões leste e oeste, com os estratos orientados norte-sul, infletidos para sudeste e su- doeste, acompanhando o atual contorno da bacia do Parnaíba. Na região sul são recobertos por sedi- mentos da Bacia Sanfranciscana, e a norte por se- dimentos mesozóicos e cenozóicos. As áreas de maiores espessuras em superfície e subsuperfície estão situadas nos flancos nordeste, leste e sudeste da bacia. Nessas regiões, os areni- tos aflorantes formam elevações moderadas, em continuidade aos contrafortes internos das serras Paleontologia das Bacias do Parnaíba, Grajaú e São Luís – 48 –

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DEVONIANO

As mais extensas transgressões marinhas doFanerozóico da América do Sul estão registradasno Devoniano. Estruturas sedimentares presentesem pelitos e psamitos, depositados em mares bati-dos por tempestades, juntamente com os fósseismarinhos da fauna evolutiva paleozóica (Sepkoski,1990) são os indicativos dessas transgressões naBacia do Parnaíba.

7.1 Histórico

Small (1914) denominou os sedimentos Pimentei-ra, pela identificação de folhelhos e siltitos cinza earroxeados que afloravam próximo à vila de Pimen-teiras, Piauí. Plummer et al. (1948) empregaram adenominação de Small, porém consideraram queas camadas eram subjacentes às unidades SerraGrande.

A Formação Cabeças foi definida originalmentepor Plummer et al. (1948) para arenitos que afloramna borda leste da bacia. Foi dividida em três mem-bros – Passagem, Oeiras e Ipiranga, com a se-ção-tipo situada na cidade de Dom Expedito Lopes(antiga Cabeças), Piauí.

A Formação Longá foi proposta por Albuquer-que & Dequech (1946), para folhelhos cinza-escu-ros, que ocorrem no vale do rio Longá, próximo aCampo Maior, Piauí. Posteriormente foi divididaem três subunidades: uma arenosa, média e duas

pelíticas, inferior e superior (Della Piazza & Santos,1967).

AestratigrafiadoDevonianodaBaciadoParnaíba foirevista por Kegel (1953) que dividiu a Formação Pimen-teira nos membros Itaim (inferior) e Picos (superior), emanteve as unidades superiores Cabeças e Longá. Nasíntesedemapeamentos realizadospelaPETROBRAS,Mesner & Wooldridge (1964) conservaram a seqüêncialitoestratigráfica proposta por Kegel.

A coluna estratigráfica, com pequenas varia-ções, foi conservada em trabalhos posteriores. Ca-rozzi et al. (1975) interpretaram os ambientes de se-dimentação, e Della Fávera (1990) apresentou aEstratigrafia de Seqüências.

7.2 Área de Ocorrência

As unidades litoestratigráficas do Devonianoafloram nas regiões leste e oeste, com os estratosorientados norte-sul, infletidos para sudeste e su-doeste, acompanhando o atual contorno da baciado Parnaíba. Na região sul são recobertos por sedi-mentos da Bacia Sanfranciscana, e a norte por se-dimentos mesozóicos e cenozóicos.

As áreas de maiores espessuras em superfície esubsuperfície estão situadas nos flancos nordeste,leste e sudeste da bacia. Nessas regiões, os areni-tos aflorantes formam elevações moderadas, emcontinuidade aos contrafortes internos das serras

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que delimitam a bacia. No Devoniano, pelo mapade isópacas, as regiões leste/nordeste formavam odepocentro da bacia (Aguiar, 1971). O controle foido sistema de blocos associados ao LineamentoSobral-Pedro II, de direção nordeste (Fortes, 1978).As principais ocorrências de fósseis são registra-das nos afloramentos da borda leste.

As maiores espessuras são na Formação Itaim, de260 metros; na Formação Pimenteira, de 320 metros;na Formação Cabeças, de 350 metros; e na Forma-ção Longá, de 220 metros (Góes & Feijó, 1994).

7.3 Geocronologia e Idade

A primeira atribuição de idade devoniana na Baciado Parnaíba feita por Plummer et al. (1948), utilizandoinvertebrados marinhos, foi corroborada por Kegel(1953). O detalhamento em tabelas cronoestratigráfi-cas foi realizado com as pesquisas em subsuperfícieda PETROBRAS, iniciadas por Müller (1962).

Tabelas de intervalos bioestratigráficos e cronoes-tratigráficos baseadas nas associações palinológi-cas e nos microfósseis marinhos, foram publicadaspor Brito (1965, 1966, 1967a, b, 1968, 1969, 1971,1976); Brito & Santos (1965); Daemon (1974 e 1976);Carozzi et al. (1975); Quadros (1982); Brito & Qua-dros (1984 e 1985); Grahn (1992) e Loboziak et al.(1992).

A coluna estratigráfica de Grahn (1992) baseadaem quitinozoários, que constitui uma atualizaçãodos conhecimentos anteriores, modificada por Meloet al., 1992 (apud Góes & Feijó, 1994) foi adotada nopresente trabalho. À Formação Itaim (definição deKegel, 1953) é atribuída a idade eifeliana. A base daFormação Pimenteira é colocada no topo do Eifelia-no, e a base (Membro Passagem) da Formação Ca-beças no Givetiano. O topo da Formação Pimenteiraatinge a parte superior do Frasniano e o restante daFormação Cabeças desenvolve-se através do Fras-niano atingindo a base do Fameniano. A datação daFormação Longá, por microfósseis marinhos, é res-trita ao Neofameniano. De acordo com os mióspo-ros, as indicações para o topo da Formação Longásão do limite Devoniano/Carbonífero (Daemon, 1974e Loboziak et al., 1992). Góes & Feijó (1994) assina-lam seu topo no Eotournasiano.

7.4 Sedimentação

Para a síntese das relações dos eventos geológi-cos e biológicos, foram adotadas as seqüênciasdeposicionais do Devoniano estabelecidas porDella Fávera (1990).

O ciclo transgressivo/regressivo de idades eifelia-na e eogivetiana é o principal portador de ocorrên-cias fossilíferas. Compreende a Formação Itaim, aparte basal e média da Formação Pimenteira e aparte basal da Formação Cabeças. Nos intervalosregressivos do Neogivetiano e Eofameniano, nãoestão registrados elementos para datação.

No topo das formações Pimenteira e Cabeçasocorre nova transgressão no Neofrasniano-Eofa-meniano.

Nesta idade, a superfície de inundação máximana Formação Pimenteira apresenta alto teor de car-bono orgânico, indicado na perfilagem de raios-gama, pelos conspícuos picos radioativos.

No Neofameniano, a seqüência transgressiva daFormação Longá apresenta a superfície de trans-gressão máxima no topo da metade inferior, a partirdaí é regressiva em direção ao topo.

7.4.1 Eoeifeliano - Formação Itaim

Os depósitos da Formação Itaim foram acumu-lados pelo efeito do aumento da lâmina d’águaquando foi estabelecida uma plataforma marinhaproximal, batida por tempestades. São o limite in-ferior do sistema deposicional transgressivo naplataforma.

A seqüência transgressiva é discordante em rela-ção a unidade inferior, compreendida pelas fáciesfluviais anastomosadas da Formação Jaicós. Inicia-da no Eoeifeliano é composta por camadas de are-nitos que ocorrem com pequena espessura em su-perfície, no flanco leste da bacia. Correspondem li-toestratigraficamente à Formação Itaim. Em aflora-mentos próximos à cidade de Itainópolis, Piauí(Figura 7.1) são arenitos sílticos finos a médios, re-lativamente bem classificados, argilosos, amare-los a vermelhos, micáceos, apresentando estrutu-ras de lobos sigmoidais. São recobertos por areni-tos com estratificações cruzadas do tipo hum-mockys, da parte basal da Formação Pimenteira(Fonseca & Melo, 1987; Della Fávera, 1990).

7.4.2 Neoeifeliano - Formação Pimenteira

As atuais conceituações da Formação Pimentei-ra alteraram as definições originais de Kegel(1953). O Membro Itaim passou a Formação Itaim, eo pacote litológico e fossilífero, anteriormente de-signado como Membro Picos, assumiu a designa-ção de Formação Pimenteira.

A camada basal da Formação Pimenteira, deno-minada por Kegel (1953) de banco branco, é for-

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mada por folhelhos e folhelhos sílticos cinza-es-branquiçados ou verde-claro.

É registrada no flanco leste, entre as cidades dePiripiri, ao norte, e São João do Piauí, ao sul. Apre-senta indícios de sedimentação carbonática e oolí-tica nas suas exposições (Oliveira & Barros, 1976).

Nos afloramentos de Itainópolis, no contato ba-sal com os arenitos Itaim, os folhelhos e arenitos daFormação Pimenteira apresentam estratificaçõescruzadas de tipo hummockys, com corte em cate-nária (Figura 7.1). Correspondem as fácies tempes-títicas situadas abaixo da ação da base de onda eindicam uma contínua elevação do nível do mar, naseqüência transgressiva. São plataformas terríge-nas, com barras costa afora (offshore bars) domi-nadas por tempestades.

7.4.3 Eogivetiano - Formação Pimenteira

O primeiro intervalo regressivo de idade eogive-tiano é correspondente à parte média da FormaçãoPimenteira. Em afloramento que ocorre na entradada cidade de Picos, os corpos de arenitos amalga-mados, em laminações gradadas, com grandesondas, truncadas em catenária (hummockys) inter-

calam folhelhos com laminações em ondas (wavy)e lenticular (linsen). As formas geométricas dosarenitos são bem separadas por pelitos (Figura7.2).

São interpretados como plataformas terrígenas,com barras costa afora (offshore bars) dominadaspor tempestades. Representam eventos episódi-cos rápidos, com tempestades de grande intensi-dade, que quando cessam formam depósitos demenor energia sob ação de ondas, tais como os fo-lhelhos com as laminações wavy e linsen. São indi-cativos de lâmina d’água elevada, possivelmente aparte extrema da transgressão.

Nos morros do Ipueiro e do Colégio, em Picos, osdepósitos tempestíticos estão associados com evi-dências biológicas de proximidade de costa, comoas concreções contendo restos de vegetais terres-tres (Krausel & Dolianiti, 1957).

Os depósitos tempestíticos com as camadas deestratificação cruzada tipo hummockys são marca-dos por níveis de hardground, com icnofósseis per-furantes (Kegel, 1966). Significam parada da sedi-mentação após a tempestade. Entre os tratos desistemas de nível de mar alto são os que indicam oinício do intervalo regressivo.

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Figura 7.1 – Formação Itaim na base, com arenitos com lobos sigmoidais. Formação Pimenteira basal no topo,com arenitos com estratificações cruzadas em hummockys, corte em catenária.

Localidade: Rio Itaim, próximo à cidade de Itainópolis, Piauí.

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7.4.4 Eogivetiano - Formação Cabeças

Na região de Picos ocorrem também arenitosmédios a grossos que apresentam estruturas de lo-bos sigmoidais de topo plano (Figura 7.3) e lobossigmoidais com arenitos proximais e folhelhos dis-tais, com laminações em ondas e lenticulares. Sãomudanças laterais de fácies e caracterizam o deno-minado Membro Passagem da Formação Cabe-ças. São indicadores de lobos sigmoidais de maréna porção proximal passando a depósitos tempes-títicos até lamitos nas regiões distais.

No Parque Nacional de Sete Cidades, no Piauí, anordeste da bacia, os arenitos da Formação Cabe-ças apresentam modelados semelhantes às deno-minadas sand waves (Walker, 1984). Estas unida-des fisiográficas atualmente são encontradas nosarenitos de áreas rasas das plataformas continen-tais.

7.4.5 Neofrasniano/Eofameniano -Formações Pimenteira e Cabeças

Uma nova transgressão está assinalada nos inter-valos entre as idades compreendidas pelos Neo-fransniano e Eofameniano. Corresponde às sedi-mentações de siltitos e arenitos das camadas exis-tentes nas metades superiores das formações Pi-menteira e Cabeças.

Na Formação Pimenteira ocorrem folhelhos pre-tos, radioativos, com alto teor de carbono orgânico.Estão indicados pelos conspícuos picos na perfila-gem de raios gama. Della Fávera (1990) os identifi-cou como uma superfície de inundação máxima.Icnofósseis e algas Protosalvinia são citadas porGrahn (1992).

Na borda oeste da bacia, na parte superior daFormação Cabeças, ocorrem arenitos cinza a bran-cos com estratificação cruzada, conglomeráticos,com seixos intercalados. Estruturas de escorrega-mento sinsedimentares são comuns e localmenteos arenitos são cortados por canais rasos e amplos.Classificados como diamictitos, são interpretadoscomo uma progradação e integração rápida de le-ques aluviais, leques deltaicos e frentes deltaicas,com lobos glaciais no topo. Constituem o registrode um evento glacial ocorrido ao norte da Américado Sul (Caputo, 1984, 1985; Caputo & Lima, 1984;Caputo & Crowell, 1985).

Na borda leste, no estado do Piauí, próximo aCanto de Buriti, os diamictitos ocorrem junto comsuperfícies estriadas no topo da Formação Cabe-

ças (Caputo, 1984). Em Gaturano, os diamictitosocorrem sobrepostos às sigmóides da FormaçãoCabeças.

Andrade & Daemon (1974), Daemon (1976) eQuadros (1982) dataram os diamictitos do topo daFormação Cabeças no Fameniano, os quais são damesma idade dos diamictitos encontrados nas ba-cias do Solimões e Amazonas.

Esta seqüência foi seguida por uma regressãono Mesofameniano.

7.4.6 Neofameniano - Formação Longá

Camadas de folhelhos bem laminados e siltitosbioturbados, que caracterizam a Formação Longá,sobrepõem-se em contato superior com os arenitosda Formação Cabeças, acentuando uma abruptamudança litológica. Na parte basal, os icnofósseisabundantes e uma fauna de invertebrados estão as-sociados a folhelhos e siltitos. Representam o iníciode uma seqüência transgressiva, datada no Neofa-meniano (Figura 7.4).

A parte média da formação é marcada por areni-tos amarelados a esbranquiçados, argiláceos comestratificações cruzadas e delgados leitos de cal-cários argilosos. O contato superior, com a Forma-ção Poti, é, em geral, concordante e gradacional,embora possa ser localmente brusco (Della Fávera,1990).

Os depósitos da Formação Longá são interpreta-dos como o registro de um mar epicontinental, comambiente deposicional variando de infranerítico nasunidades basais e superiores, a litorâneo nas se-ções médias. Os sedimentos com a predominânciade clásticos finos da unidade inferior refletem um rá-pido afogamento do sistema marinho raso da For-mação Cabeças, pela elevação do nível do mar, nofinal de uma glaciação. Os folhelhos laminados comestratificação cruzada hummockys indicam uma se-dimentação mais profunda, com tempestades.

7.5 Fósseis

7.5.1 Microfósseis

Após o trabalho em palinologia de Müller (1962),que elaborou a primeira tabela cronoestratigráfica,para o Devoniano da Bacia do Parnaíba, Daemon(1974) divulgou a síntese com a correlação entre ospalinomorfos, estabelecendo intervalos bioestrati-gráficos do Devoniano nas bacias do Amazonas eParnaíba.

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Os microfósseis marinhos, acritarcas e quitino-zoários foram estudados com descrição sistemáti-ca e por possuírem uma nítida diferenciação morfo-lógica são excelentes índices (Brito, 1965, 1966,1967a, b, 1968, 1969, 1971, 1976; Brito & Quadros,1984 e 1985; Brito & Santos, 1965 e Quadros,1982). As associações palinológicas e de microfós-seis marinhos estão contidas em trabalhos de natu-reza estratigráfica, publicados por Daemon (1974 e1976), Carozzi et al. (1975), Grahn (1992) e Loboziaket al. (1992).

No Meso e Neodevoniano as formas de quitino-zoários e acritarcas se diversificam, em evoluçãorápida. Seu declínio e extinção global no topo doDevoniano é um bioevento mundial. No final do De-voniano, associações de esporomorfos ocorrem,sobretudo nas subturmas Pseudosaccitriletes e Zo-notriletes.

De acordo com Grahn (1992), nos sedimentos daFormação Itaim (definição de Kegel, 1953), os micro-fósseis marinhos apontam a idade mesoeifeliana, ci-tando como exemplo o quitinozoário Ramochitina ra-mosi. A Formação Itaim é correlacionada com o Mem-bro Lontra da Formação Maecuru. A base da Forma-ção Pimenteira é colocada no Neoeifeliano. Osquitinozoários apresentam maior percentagem deespécies cosmopolitas que no Eodevoniano.

Segundo Daemon (1976), o Eifeliano é uma ida-de marcada por uma rápida mudança da flora, que

pode significar variação climática ou elevação donível do mar. O conjunto de microfósseis indica am-biente marinho raso e proximidade da costa.

Quadros (1982) descreveu e figurou as associa-ções na cenozona Ramochitina ramosi (Figura7.5).

Grahn (1992) atribuiu a parte média da Forma-ção Pimenteira, ao Eogivetiano, com represen-tantes dos quitinozoários Ancyrochitina langei eGotlandochitina milanensis. O Membro Passa-gem da Formação Cabeças foi datado no Eogive-tiano. Observa este autor que, no Neofrasniano, atransgressão inicial do Neodevoniano em outrasbacias do mundo, originou um empobrecimentoda fauna e uniformização das bacias até o Neofa-meniano. Porém, nas bacias do Parnaíba e Jato-bá, a fauna de quitinozoários é composta pormais de 30 espécies, em contraste com poucasespécies de outras bacias. A fauna é endêmica eum gênero, Sommerochitina (Cruz & Quadros1985), aparece pela primeira vez no Fameniano,possivelmente em conexão com a glaciação do fi-nal do Devoniano.

A Formação Longá, que de acordo com Daemon(1976) contém esporos indicativos do limite Devo-niano/Carbonífero, foi posicionada por Grahn(1992) e Loboziak et al. (1992) no Neofameniano.Góes & Feijó estendem sua ocorrência para o Eo-tournasiano.

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Figura 7.4 – Formação Longá. Arenitos muito finos, cinza-escuros e siltitos intercalados. Localidade: EstradaTeresina-Picos. Rodovia BR-316, km 168,5, região de Valença do Piauí (segundo Carvalho, 1995).

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Devoniano

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QUITINOZOÁRIOS1 - Ancyrochitina ancyrea Eisenack, 19552 - Alpenachitina eisenacki Dunnn & Miller, 19643 - Ancyrochitina langei Sommer & van Boeckel, 19644 - Cladochitina biconstricta Lange, 19675 - Angochitina implicationis Urban, 19726 - Angochitina cf. A. capillata Eisenack, 19377 - Ramochitina ramosi Sommer & van Boekel, 19648 - Ancyrochitina cf. A. desmea Eisenack, 19649 - Angochitina mourai Lange, 1952

ACRITARCAS10 - Veryhachium rabiosum Cramer, 196411 - Micrhystridium stellatum Deflandre, 194512 - Veryhachium trispinosum (Eisenack) Cramer, 196413 - Baltisphaeridium sp.14 - Triangulina alargada Cramer, 196415 - Poliyedryxium decorum Deunff, 195516 - Navifusa brasiliensis Brito & Santos, 196517 - Navifusa cylindrica Brito & Santos, 196518 - Estiastra sp.19 - Duvernaysphaera tessella Deunff, 196420 - Baltisphaeridium dilatispinosum Downie, 196321 - Evittia sommeri Brito, 196722 - Maranhites brasiliensis Brito, 1965

Figura 7.5 – Microfósseis da cenozona Ramochitina ramosi, do Eifeliano (segundo Quadros, 1982).

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7.5.2 Macrofósseis

7.5.2.1 Eoeifeliano - Formação Itaim

Os restos de invertebrados bentônicos mais anti-gos estão registrados nos afloramentos da Forma-ção Itaim, situados na borda leste da bacia. São da-tados no Mesoeifeliano, e a sedimentação é de pla-taforma marinha proximal.

A esparsa fauna marinha é composta por Buca-nella (?), Nuculites entre outros moluscos; os bra-quiópodos Orbiculoidea (Figura 7.6) e “Craniops”;os icnofósseis Zoophycos (=Spirophyton) e rastrosatribuídos a trilobitas homanolotídeos. Indicando aproximidade da linha de costa são citados restosde pequenos vegetais Psilofitales (Kegel, 1953;Melo, 1988).

7.5.2.2 Neoeifeliano - Formação Pimenteira

As assembléias fossilíferas que ocorrem nos fo-lhelhos das camadas basais da Formação Pimen-teira, na borda leste da bacia são compostas por tri-lobitas, ostracodes, braquiópodos, biválvios, gas-trópodos, conulariídeos, tentaculídeos, hiolitídeos,escolecodontes, peixes e restos vegetais, datadosno Neoeifeliano (Fonseca & Melo, 1987; Carvalho,1995).

Uma associação fóssil apresenta braquiópodosinarticulados Orbiculoidea; terebratulídeos Crana-ena sp., “Paranaia” sp. e Derbyina smithi. A ocor-rência de Tropidoleptus carinatus no Mesodevonia-no da Bacia do Parnaíba caracteriza a expansãomundial da espécie a partir do Eodevoniano da re-gião renano-boêmia (Fonseca & Melo, 1987). As re-lações com a Província Malvinocráfica foram esta-belecidas por Melo (1985) que comparou os exem-plares da Bacia do Parnaíba com material tipo daChapada dos Guimarães, depositado no MuseuNacional.

Os trilobitas são o homalonotídeo Burmeisteria e ocalmonídeo Metacryphaeus kegeli, este último defamília da Província Malvinocáfrica (Carvalho, 1995;Carvalho et al., 1997). Os moluscos são Nuculites,Bucanella, e Hyolithes e o incertae sedis Tentaculi-tes. Os restos de peixes são Ctenacanthus e Ma-chaeracanthus (Santos, 1961). Os icnofósseis, ras-tos de vermes do grupo Nereites (Kegel, 1966) e Zo-ophycos, além de vegetais atribuídos a Spon-giophyton (Fonseca & Melo, 1987).

Em outra associação fóssil estão representados ocelenterado Mesoconularia africana; os braquiópo-dos Orbiculoidea sp., Derbyina smithi, “Paranaia”

sp. e “Cranaena” sp. e os trilobitas Metacryphaeuse Burmeisteria (Kegel, 1953; Melo, 1985; Fernan-des, 1985; Carvalho, 1995).

Na borda oeste, Melo (1985) identificou um aflora-mento situado três metros acima do embasamento,em Lajedo e fazenda Pé de Buriti, noroeste de Gua-raí, Tocantins, como pertencente à parte basal daFormação Pimenteira. Os fósseis são o celenteradoConularia; os braquiópodos: Orbiculoidea, “Spiri-fer”, “Australocoelia” e o vegetal Spongiophyton(Andrade Ramos & Barbosa, 1967; Barbosa et al.,1966; Melo, 1985).

7.5.2.3 Eogivetiano - Formação Pimenteira

A parte média da Formação Pimenteira, de ida-de Eogivetiana, de composição arenosa, ocorre emsuperfície, na borda leste, nos arredores de Picos,no limite com o Membro Passagem.

A fauna (Figura 7.7) contém o trilobita Burmeiste-ria notica, os biválvios Nuculites africanus, Nuculitessp. e Paleoneilo sp., os conularídeos Ctenoconulariaundulata e Mesoconularia africana, os braquiópo-dos Chonetes freitasi, Lingula, Orbiculoidea, os gas-trópodos Plectonotus derbyi e Hyolithes, o incertaesedis Tentaculites; o icnofóssil Cruziana e o peixe(?)Machaeracanthus (Kegel, 1953 e 1966; Santos,1961; Brito & Santos, 1965; Castro, 1968; Brito,1971; Melo, 1985; Campos, 1985; Lima Filho & Cal-das, 1987).

Os vegetais são Protolepidodendron kegeli,Archaeosigillaria picosensis, Palaeostigma sewar-di, Spongiophyton e um ramo de Archaeosigillaria(Krausel & Dolianiti, 1957).

Os fósseis procedem dos arredores da cidadede Picos. As camadas revestidas por alteração su-perficial de ferro formam hardground, com os icno-fósseis Neoskolithos picosensis (Kegel, 1966). Omaterial que ficou exposto aos fenômenos de oxi-dação no piso marinho formou nódulos hematíticosem torno de fragmentos do trilobita Burmeisteria.

7.5.2.4 Eogivetiano - Formação Cabeças

O Membro Passagem da Formação Cabeças,com maior percentagem em arenitos, é datado noEogivetiano, e como variação lateral de fácies temuma composição de fauna diferente da que ocorrena Formação Pimenteira.

Os braquiópodos são referidos a Tropidoleptuscarinatus, Pustulatia ou Plicoplasia, Pleurochone-tes, Mucrospirifer, Rhipidothyridae ou Mutationelli-dae.

Paleontologia das Bacias do Parnaíba, Grajaú e São Luís

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Devoniano

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1 Burmeisteria notica. Localidade: Picos, Piauí.

Coleção: DGM 5005-I.

4 Metacryphaeus kegeli (segundo Carvalho et al., 1997). Localidade:Cerca de 11km ao sul de Pimenteiras, Piauí. Coleção: DGM 6133-I.

2 Burmeisteria notica. Localidade: Picos, Piauí.Coleção: DGM 5007-I.

5 Plectonotus sp. Localidade: Picos, Piauí.Coleção: DGM 6197-I.

3 Cruziana isp. Localidade: Região de Picos, Piauí.Coleção: DGM 6200-I.

6 Ctenoconularia cf. C. undulata. Localidade: Região de Picos, Piauí.Coleção: DGM 6196-1.

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Figura 7.7 – Fósseis da Formação Pimenteira.

Orbiculoidea sp.Localidade: Estrada Araripina-Picos km 109, Piauí.Coleção DGM.

Figura 7.6 – Fósseis da Formação Itaim.

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Os biválvios são Nuculites aff. N. oblongatus, Nu-culites cf. N. triqueter, Nuculoidea(?) bellistriataparvula, Palaeoneilo sp. A e Palaeoneilo sp. B,Grammysioidea (?) lundi, Sanguinolites karsteni,Spathella pimentana e Grammysiidae indet. Osgastrópodos são Plectonotus derbyi e (?)Platyosto-ma baini e o cefalópodo é referido a Michelinocerasbokkeveldensis. O trilobita Metacryphaeus austra-lis (Castro, 1968) foi colocado na nova espécie Me-tacryphaeus meloi (Carvalho et al., 1997). São cita-dos euripterídeos, Tentaculites e os icnofósseis,Rusophycus isp. e Cruziana isp. (Kegel, 1953 e1965; Oliveira & Barros, 1976; Lima & Leite, 1978;Melo, 1985; Fonseca & Melo, 1987; Fonseca, 1994;Carvalho et al.; 1997, Carvalho, 1995).

A fauna do Membro Passagem (figura 7.8) estádepositada na base dos arenitos da seqüência re-gressiva, que ocorrem na margem leste. É correla-cionada com a fauna das formações Maecuru eErerê.

7.5.2.5 Neofrasniano/Eofameniano -Formações Pimenteira e Cabeças

A transgressão do Neofrasniano/Eofamenianoestá identificada nos sedimentos da parte superiordas formações Pimenteira e Cabeças. Está marca-da por esparsos restos orgânicos com as algasProtosalvinia e o traço fóssil Spirophyton (Grahn,1992).

Um indicador de atividade de microorganismossão os folhelhos pretos radioativos, conspícuos naperfilagem gama (Della Fávera, 1990).

7.5.2.6 Neofameniano - Formação Longá

Uma fauna de invertebrados, da base da Forma-ção Longá, de idade Neofameniana, é registradana Fazenda Barreiras, próximo da cidade de Valen-ça do Piauí, Piauí (Kegel, 1953; Melo, 1988; Carva-lho, 1995).

As assembléias consistem de biválvios alonga-dos, cilíndricos modiomórficos – Solemya (Janeia)sp., (?) Modiomorphidae; braquiópodos Lingula,Orbiculoidea; “Schuchertella” sp.; Chonetes; pe-quenos trilobitas Metacryphaeus sp. com afinidademalvinocáfrica (Figura 7.9); ostracodes Kloedenia,Primitia; possíveis Tentaculites e restos de peixes(Kegel, 1953; Melo, 1985; Carvalho & Melo, 1984;Carvalho, 1995).

Os icnofósseis são abundantes, especialmenteem afloramentos próximos à cidade de CampoMaior, Piauí. Ocorrem Bifungites cruciformis, Ru-

sophycus piauiensis, Neonereites uniserialis, Su-blorenzinia pauciradiata e Palaeophycus isp. (Mu-niz, 1981 e 1982).

Outras citações de icnofósseis são: Crossopodiaestrellada em Elesbão Veloso (Albuquerque &Dequech, 1946; Kegel, 1957); Asteriacites isp., nasproximidades de Oeiras (Santos & Campanha,1970; Brito, 1977); e Cruziana aff. C. lobosa,Aster iaci tes stel l i forme e (?)Crossopodiaestrellada, Conichnus conicus, em Rio Grande doPiauí e Valença do Piauí (Muniz, 1982). Há citaçãode Crossocorda maranhensis, no furo 2 VG-1-MA,Vargem Grande, Maranhão (Kegel, 1966; Quadros,1982).

7.6 Paleogeografia

A paleogeografia do Devoniano na América doSul foi discutida por Barrett & Isaacson (1988) queatualizaram o clássico modelo de Harrington(1962). Foram relatadas as principais ocorrênciasao longo dos Andes, desde a Venezuela, em dire-ção ao sul, através da Colômbia, Peru, Bolívia , Chi-le e Argentina. Analisaram também as bacias intra-cratônicas do Brasil, Paraguai e Argentina. Pela ta-bela de correlação entre as bacias, foi verificadoque na maior parte das ocorrências de Devoniano,as sedimentações são iniciadas no Emsiano ou Ei-feliano. São atribuídas a uma transgressão marinhapor elevação do nível do mar que, em caráter mun-dial, ocorreu no Mesodevoniano. Há uma discor-dância de caráter continental correspondente ao in-tervalo do Devoniano Inferior, que Góes & Feijó(1994) correlacionam com o reconhecido Ciclo oro-genético Caledoniano, do final do Siluriano.

Na Bacia do Parnaíba, os condicionamentos re-gionais continuaram controlados pelos lineamen-tos Transbrasiliano Picos-Santa Inês (Cunha,1986), com os depocentros localizados na regiãoda atual borda leste da bacia.

Modelos paleogeográficos nos diversos andaresdo Devoniano na Bacia do Parnaíba foram estabele-cidos por Melo (1988), em correlações das baciasdo Paraná, Amazonas e Parnaíba com a Américado Sul e África. Este autor ampliou modelos anterio-res de Lange & Petri (1967) e Lange (1972). A trans-gressão do Eifeliano conectou as bacias do Ama-zonas, Parnaíba e Paraná com a margem oeste daAmérica do Sul, e propiciou a colonização das zo-nas bentônicas. A noroeste da Bacia do Parnaíbahouve a conexão com o Cráton Oeste Africano,com deposição de grande espessura de folhelhos(Carozzi et al., 1975).

Paleontologia das Bacias do Parnaíba, Grajaú e São Luís

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Devoniano

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1 Gyrophyllites (?) sp. Localidade: Antigo km 5,5 darodovia Picos-Oeiras, Piauí. Coleção: DGM 6163-I.

5 Nuculites sp. Localidade: Antigo km 5,5 da rodovia Picos-Oeiras,Piauí. Coleção DGM 6158-I.

2 Família Mucrospiriferidae - valva branquial eMetacryphaeus-Pigideos. Localidade: Região dePicos, Piauí. Coleção: DGM 6194-I.

6 Metracryphaeus meloi (segundo Carvalho et al., 1997).Localidade: Oitis, na junção da rodovia Valença doPiauí-Pimenteiras, Piauí. Coleção: MCT 6822-I.

3 Família Chonetidae, Subfamília - Notiochonetinae.Localidade: Antigo km 5,5 da rodovia Picos-Oeiras,Piauí. Coleção: DGM s/nº.

7 Cálice de Crinóide. Localidade: km 36 a noroestede Canto do Buriti, próximo à entrada para Floriano, Piauí.Coleção: DGM.

4 Família Mutationellidae. Localidade: Vertenteoriental da serra Pedro II, Piauí.Coleção: DGM 6135-I.

Figura 7.8 – Fósseis da Formação Cabeças.

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7.7 Eventos Biológicos

Seis eventos biológicos foram reconhecidos noDevoniano da Bacia do Parnaíba (Carvalho et al.,1996). As formações das assembléias bentônicasestiveram relacionadas com mecanismos alocícli-cos, isto é, a fenômenos gerados externamente àsbacias sedimentares. São os fatores correlaciona-dos com as variações do nível do mar e climáticosque, provocando mudanças no nível de base, influ-enciaram a dinâmica dos seres vivos em mares epi-continentais.

Os bioeventos estão diferenciados, segundoKauffman (1986), em bioeventos locais, que cor-respondem no Eifeliano, ao aparecimento de vidabentônica na bacia. Um biovento florístico de natu-reza regional é indicado nas correlações entre asbacias sedimentares do Amazonas, Parnaíba e Pa-raná. Daemon (1976) assinalou um conjunto de mi-crofósseis representativo de rápidas mudanças da

flora, motivadas por mudanças climáticas e eleva-ção do nível do mar.

Estes fatores associados com a deriva continen-tal possibilitaram ainda o bioevento global de ex-pansão do braquiópodo Tropidoleptus carinatus, apartir de província biogeográfica do hemisfério nor-te (Fonseca & Melo, 1987).

7.8 Tafonomia

Nas séries tafonômicas evolutivas, os elementose associações registrados são abordados comosistemas tafonômicos ou tafossistemas (Fernán-dez-López, 1991). Os componentes que podemser observados em diferentes estágios de organi-zação são inter-relacionados ao ambiente externo,interpretados pelas seqüências, sistemas e ambi-entes deposicionais.

A preservação dos elementos fósseis foi na maiorparte causada por episódios de tempestades, que

Paleontologia das Bacias do Parnaíba, Grajaú e São Luís

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Figura 7.9 – Fósseis da Formação Longá.

1 e 2 Metacryphaeus sp.Localidade: Fazenda Barreiras, Valença do Piauí, Piauí.Coleção: DGM 5566-I (segundo Carvalho, 1995).

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transportaram as entidades produzidas, de dife-rentes habitats, para regiões mar adentro. Em ge-ral, as conchas e outros fragmentos de partes demaior durabilidade se acumularam como conglo-merado basal de tempestitos.

Entretanto, não foram de longa conservabilida-de, pois a maioria das entidades é registrada pormoldes internos e externos, sem vestígios das con-chas originais. As valvas de braquiópodos estãodesarticuladas, mas nos moldes estão impressosdetalhes de ornamentação. Indicam que houve so-terramento rápido após o transporte por fluxos decorrentes (Johnson, 1960).

Representam uma tafocenose com mistura deentidades preservadas transportadas lateralmen-te, do local da plataforma onde foram produzidas.São bioeventos locais de soterramento e preserva-ção, em regiões localizadas da bacia sedimentar.

Os gêneros identificados dão as informaçõespaleobiológicas que diferenciam as associaçõesbentônicas por regiões da plataforma (Boucot,1971 e 1975), e demonstram que na maioria dos re-gistros houve mistura de elementos procedentesde litoral e plataforma rasa.

A preservação foi por ressedimentação, comdeslocamento ao longo do substrato, antes que oselementos preservados fossem enterrados. Os ic-nofósseis foram preservados por acumulação. Sãoda produção biogênica, traduzida pelos traços nosubstrato. É um processo onde não há transporte.

Os braquiópodos do Membro Passagem daFormação Cabeças, estão depositados em ban-cos de arenitos na base de tempestitos. Constitu-em um bioevento local de soterramento e preser-vação da fauna. As conchas desarticuladas, pou-co fragmentadas, com a ornamentação bem con-servada tiveram pequeno transporte e soterra-mento rápido (Johnson, 1960).

7.9 Paleoecologia/Comunidades Bentônicas/Antigos Ecossistemas

Pelas entidades registradas, foram obtidas as evi-dências das quais derivam as informações paleo-biológicas. São reconhecidas as associações ben-tônicas em plataformas marinhas rasas, nas comuni-dades malvinocáfricas (Boucot, 1971 e 1975). Osgêneros determinados indicam a presença de:

Tipo 1 - comunidade de Lingula - caracterizadapor braquiópodos lingulídeos e discinidas (Orbicu-loidea). Estão em associação com os biválvios nu-culídeos, os gastrópodos belerofontídeos, e os tri-lobitas homalonotídeos. São de região litorânea.

Tipo 2 - comunidade de mutationélida, com bra-quiópodos incluindo os gêneros Derbyina e Para-naia, o ortídeo Tropidoleptus e o trilobita Burmeiste-ria. São de plataforma interna proximal.

Tipo 3 - comunidade de conetáceos, com espiri-ferídeos, ambocoelídeos (Plicoplasia ou Pustula-tia), terebratulídeos (Rhypidothyris e Mutationella),e o trilobita calmonídeo Metacryphaeus. São deplataforma interna distal.

MESOEIFELIANO - O início da seqüência trans-gressiva do Mesoeifeliano está representado porarenitos com lobos sigmoidais de pequena espes-sura da Formação Itaim.

Os fósseis representam o primeiro bioevento decolonização bentônica na bacia. O registro de fau-na bentônica e de plantas indica que as condiçõesecológicas foram alcançadas, permitindo o estabe-lecimento de metazoários.

A rápida mudança da flora registrada significariauma variação climática ou elevação do nível do mar.O bioevento local de colonização bentônica e o bio-evento florístico de caráter regional, documentadopor Daemon (1976) são possivelmente associadoscom mudanças climáticas, em conseqüência de umevento geológico global.

Pela elevação do nível do mar, ocorreu a seqüên-cia transgressiva, com os arenitos com lobos sig-moidais depositados em plataforma marinha rasa.Os escassos fósseis registrados são os biválviosnuculídeos, os gastrópodos belerofontídeos e res-tos de trilobitas homalonotídeos.

Entre os braquiópodos foi identificado Orbiculoi-dea, que é característico das comunidades mari-nhas litorâneas. Restos de pequenos vegetais sig-nificam também proximidade à linha de costa.

NEOEIFELIANO - Durante a seqüência trans-gressiva do Neoeifeliano, pelo aumento da lâminad’água nos mares submetidos a tempestades, fo-ram originados os depósitos de plataforma. Asacumulações de assembléias de invertebrados, eraros vertebrados, são compostas por trilobitas,ostracodes, braquiópodos, biválvios, gastrópo-dos, conularídeos, tentaculítídeos, hiolitídeos, es-colecodontes, restos vegetais e peixes (Kegel,1953; Melo, 1985).

É uma assembléia misturada por soterramento epreservação da fauna por fluxos de correntes detempestades em porções localizadas da bacia se-dimentar. As conchas estão desarticuladas, mas,preservando a ornamentação, demonstram acu-mulação após transporte e soterramento rápido.

Devoniano

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Os elementos mais numerosos da fauna bentôni-ca são de plataforma marinha rasa. Pertencem àscomunidades de mutationélidas, com os gênerosDerbyina e Paranaia, o ortídeo Tropidoleptus e o tri-lobita Burmeisteria. Apresentam ainda mistura comrepresentantes de comunidades de lâmina d’águamais rasa como os nuculídeos e belerofontídeos eoutros espécimens como os conularídeos.

EOGIVETIANO - A fauna situada na parte média daFormação Pimenteira, é considerada desta idade(Carvalho, 1995). São trilobitas, braquiópodos, bi-válvios, gastrópodos e representantes de floras deambientes terrestres. As camadas arenosas queocorrem na região de Picos estão no limite com oMembro Passagem da Formação Cabeças.

Na parte média da Formação Pimenteira, os ma-crofósseis e icnofósseis são indicativos de ambien-te litorâneo. O tipo de comunidade inferido pelosgrupos que predominam na associação é de litoral,pois ocorrem Lingula, Orbiculoidea, gastrópodos,belerofontídeos, biválvios nuculídeos e o trilobitaBurmeisteria. Apresentam ainda mistura com re-presentantes de conularídeos.

É um bioevento local de preservação da faunapor fluxos de correntes de tempestades, em parteslocalizadas da bacia sedimentar. As conchas de-sarticuladas, mas com a ornamentação preserva-da, o são por ressedimentação, isto é, soterramen-to rápido após transporte.

Os nódulos hematíticos são abundantes nosafloramentos nos arredores da cidade de Picos.Revestem fragmentos do trilobita Burmeisteria.Carvalho (1995) lembra que esta freqüência defragmentos pode significar a presença de carapa-ças vazias, deixadas durante o processo de mudaou ecdise. O grande número de nódulos com trilo-bitas inteiros indica acumulação in situ.

Os icnofósseis Neoskolithos (Kegel, 1966) mos-tram episódios de colonização intermitentes em ca-madas endurecidas por alteração superficial deferro. O traço foi formado no topo da camada poranimais endobiontes, que perfuraram após cadaparada da tempestade. O icnogênero Neoskolithosocorre em sucessivos hardgrounds (paradas desedimentação), nos ciclos tempestíticos. O nívelpode ser seguido em extensão nos paredões da re-gião de Picos.

A substituição dos pelitos pelos psamitos, obser-vada nos arredores e dentro da cidade de Picos,marca a superfície de inundação máxima. Com onível de mar mais alto, os ambientes terrestres pró-ximos foram inundados, possibilitando que repre-

sentantes de floras fossem preservados (Kraüsel &Dolianiti, 1957).

EOGIVETIANO - As acumulações de fósseis noMembro Passagem da Formação Cabeças, corres-pondem a um bioevento do início do intervalo re-gressivo. São trilobitas, braquiópodos, Tentaculi-tes, biválvios e gastrópodos. Embora sejam consi-derados da mesma idade da fauna da FormaçãoPimenteira, sua composição é diferente.

Boucot (1971) registra que podem haver váriascomunidades adjacentes em um tempo geológicocurto, que seriam causadas por razões de sedi-mentação rápida em oposição a uma subsidêncialenta, ou em regiões que representam a extremida-de da transgressão. As duas causas geológicasestão presentes aquí.

Os gêneros que representam a comunidade sãoos conetáceos, espiriferídeos, ambocoelídeos (Plico-plasia ou Pustulatia), terebratulídeos (Rhypidothyris eMutationella), e o trilobita calmonídeo Metacrypha-eus. Em termos de composição é comunidade dotipo 3, que Boucot (1971), considera de ocorrênciaem maior profundidade. São de plataforma internadistal, e sua ocorrência estaria influenciada por umsubstrato arenoso e mais firme para fixação. As es-truturas sedimentares associadas com a assem-bléia fóssil indicam a deposição em ambiente sub-maré.

Os braquiópodos conetáceos são abundantes epertencem aos Pleurochonetes. Estão presentestambém espiriferídeos (V.M. Fonseca, inf. verbal).Tropidoleptus carinatus permaneceu como bioe-vento global de expansão da espécie originária deprovíncias faunísticas do Hemisfério Norte (Fonse-ca & Melo, 1987).

Carvalho (1995) estudou os trilobitas descritospor Castro (1968) como Metacryphaeus australis,uma espécie da Bacia do Paraná. Considerou queos espécimens pertenciam a uma nova espécie dafamília Calmonidae, que é restrita à Província Malvi-nocáfrica.

Para o topo da Formação Cabeças, não foram re-gistradas ocorrências fósseis, em superfície. Grahn(1992) assinalou o declínio das microfósseis mari-nhos durante a regressão do Givetiano, nas baciasdo Parnaíba, Paraná e Amazonas.

NEOFRASNIANO-EOFAMENIANO - A elevação eus-tática do nível do mar, de idade Neofrasniano-Eofa-meniano é expressa pelo bioevento de anoxia repre-sentado pelos folhelhos negros radioativos que ocor-rem na parte superior da Formação Pimenteira.

Paleontologia das Bacias do Parnaíba, Grajaú e São Luís

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Raros registros fósseis são Spirophyton e Proto-salvinia correlacionáveis com as camadas inferio-res da Formação Curiri, da Bacia do Amazonas(Grahn, 1992). A sedimentação correspondeu àmaior elevação do nível eustático e atingiu as trêsgrandes bacias paleozóicas – Amazonas, Parnaíbae Paraná (Della Fávera, 1990).

NEOFAMENIANO - Na Formação Longá, que cor-responde a uma transgressão do Neofameniano, oregime sedimentar com predominância de clásti-cos finos, demonstra que a sedimentação foi efetu-ada em uma zona de plataforma mais distal.

Nas camadas basais da Formação Longá, com-posta de pelitos, há o evento de colonização por fau-na bentônica, com biválvios, braquiópodos inarticu-lados (Lingula e Orbiculoidea), articulados (“Schu-chertella”), Tentaculites e o trilobita Metacryphaeusde afinidade Malvinocáfrica.

É uma fauna de menor diversidade que as maisantigas, pertencentes às formações Pimenteira eCabeças. Os biválvios são representantes da in-fauna, onde se enterram no substrato mole de re-giões litorâneas, se alimentando de material emsuspensão. Estão acumulados em áreas de sedi-mentação tempestítica, e mostram que sofreramtransporte.

Carvalho (1995) considera que pertencem às as-sociações 2 e 3 de Boucot (1975), onde o braquió-podo “Schuchertella” e o trilobita calmonídeo são tí-picos de região offshore.

Os abundantes traços fósseis são estruturas debioturbação (Frey & Pemberton, 1984). Os gênerosdescritos indicam predomínio da icnofácies deCruziana, da zona sublitoral, e condições de off-shore de energia baixa a moderada.

Asteriacites é interpretado como traço de re-pouso de equinodermata. Eram animais que se lo-calizavam pouco abaixo da superfície e migravamna vertical para evitar o soterramento decorrenteda sedimentação rápida e episódica que corres-ponde às tempestades (Santos & Campanha,1970).

ECOSSISTEMAS - As comunidades bentônicassão de um antigo ecossistema marinho raso deplataforma epicontinental (Figura 7.10). As re-constituições paleobiológicas foram feitas no ciclotransgressivo/regressivo de idade givetiana, se-gundo o modelo paleoecológico de Fonseca &Melo (1987). As associações são diferenciáveissegundo a distância em relação à linha de costaem três tipos:

Tipo 1 - Nuculites, que estariam em planície demaré, na região de litoral. As litologias correspon-dentes a estes biótopos não foram preservadas noregistro sedimentar. Estariam situadas em posiçãomais a leste da atual linha de afloramento e foramremovidas por erosão.

Tipo 2 - mutationélidas com Tropidoleptus estariamem bancos arenosos em profundidades rasas.

Tipo 3 - de conetáceos estariam em bancos are-nosos aonde chegavam os lobos sigmóides.

Os fósseis foram transportados e soterrados portempestades, e não estavam em seus habitats ori-ginais. Durante os episódios de tempestade, as for-mas das diferentes associações foram misturadas.Pela interpretação dos paleoambientes e fósseis,as indicações são para uma plataforma marinha delitorânea a rasa (Melo, 1988; Carvalho et al., 1997).Entretanto, não são diferenciáveis as regiões deplataforma interna e externa com os gradientesexistentes nas plataformas atuais.

7.10 Paleobiogeografia

Boucot (1974) reconheceu no Devoniano trêsprovíncias biogeográficas:

A Província faunística do Velho Mundo, de águasquentes, ocupando as regiões de latitudes baixas,correspondentes à Europa, África do Norte, Ásia,Austrália, Nova Zelândia e ao oeste da América doNorte.

A Província faunística Americana Oriental situa-da entre latitudes baixas a médias, com águas tépi-das a temperadas no leste da América do Norte,Colômbia, Venezuela.

A Província faunística Malvinocáfrica, caracteri-zada pela baixa diversidade taxonômica e ende-mismo acentuado, era situada em regiões de altaslatitudes, abrangendo os mares rasos e frios, nosul da América do Sul, África do Sul e Antártida.

A paleobiogeografia no Devoniano das baciasbrasileiras e da América do Sul foi discutida porMelo (1988). Na Bacia do Paraná, as afinidadessão malvinocáfricas e nas bacias do Amazonas eParnaíba são malvinocáfrica e americana oriental.

Nas três bacias, o braquiópodo Tropidoleptuscarinatus, assinalado por Fonseca & Melo (1987)representa a expansão da espécie originária da re-gião Renano-Boêmia (que inclui a África do Norte),pertencente a províncias faunísticas do Velho Mun-do. A presença deste elemento provavelmenteocorreu por mudanças dos padrões de circulaçãoe aquecimento de correntes.

Devoniano

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Os trilobitas que ocorrem na Bacia do Parnaíbaforam estudados por Carvalho (1995) e indicam in-fluência austral. O homalonotídeo Burmeisteria e ocalmonídeo Metacryphaeus, são de afinidade coma província malvinocáfrica, pois o primeiro é repre-sentante de espécie da Bacia do Paraná e o segun-do é de família restrita à província.

O gênero Metacryphaeus ocorre nas bacias doAmazonas, Parnaíba e Paraná, camadas Bokke-veld na África do Sul, folhelho de Accra em Gana,formações Belén, Icla e Gamoneda, na Bolívia, enas ilhas Falklands.

O gênero cosmopolita Burmeisteria fornececomparação das bacias do Parnaíba e Paraná,com o Grupo Bokkeveld da África do Sul e SérieAccraiana em Gana.

Carvalho, M. (1995) considerou B. notica da For-mação Pimenteira no Piauí correlacionável com for-mas de Burmeisteria do equivalente estratigráficoda África, os folhelhos de Accra - Série Accraiana.

7.11 Paleoclima

O paleoclima do Devoniano na América do Sul éinferido principalmente pelos tipos de sedimentos ecomposição das comunidades pertencentes às pro-víncias biogeográficas. De acordo com Barrett &Isaacson (1988), as águas eram frias nas latitudesmédias e altas. Havia um clima árido a úmido, comtemperatura fria a temperada nas regiões situadasmais ao norte da América do Sul, enquanto que nasregiões situadas mais a sul o clima seria subpolar eseco.

Na Bacia do Parnaíba, a presença de clima frio ésugerida pela baixa diversidade da fauna e pelossedimentos glaciogênicos da Formação Cabeças

(Caputo, 1985). Porém, a mistura de gêneros deprovíncias biogeográficas Malvinocáfrica abran-gendo os mares frios, e Americana Oriental deáguas tépidas a temperadas, demonstra que naBacia do Parnaíba havia alternância destes pa-drões climáticos. A introdução de Tropidoleptuscarinatus da província faunística do Velho Mundo,de águas quentes, evidencia mudanças climáticas,com provável aquecimento por correntes mari-nhas, num sistema complexo de circulação.

7.12 Deriva

Nas reconstituições do Supercontinente Gond-wana, as estimativas das paleolatitudes foram fei-tas pelo exame das associações de determinadaslitofácies e suas características em faixas climáti-cas. Caputo (1985) e Caputo & Crowell (1985) pe-las indicações de sedimentos glaciogênicos naAmérica do Sul, consideraram que o pólo no Siluria-no estivera situado ao norte da África, migrandopelo centro da África em direção ao sul do Conti-nente Gondwana, durante o Devoniano.

Barrett & Isaacson (1988) estimaram que a partenorte da América do Sul era situada entre as latitudede 30� e 40�, e a parte mais ao sul, entre 60� e 90�.No Gondwana, a faixa compreendida pelo norte daÁfrica e norte da Austrália, onde são registradas di-versas ocorrências de carbonatos e evaporitos, es-tariam em paleolatitudes mais próximas da linha doEquador. Scotese & Barrett (1990) apresentaram arevisão destes dados para o Devoniano Inferior, Mé-dio e Superior, situando o Pólo Sul no centro-sul daArgentina. Estes dados foram utilizados por Scotese& McKerrow (1990) para a elaboração dos ma-pas-múndi de reconstituição do Paleozóico.

Paleontologia das Bacias do Parnaíba, Grajaú e São Luís

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