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O “SIM” QUE PODE SALVAR VIDAS DECISÃO DA FAMÍLIA SOBRE DOAÇÃO DOS ÓRGÃOS DA PESSOA FALECIDA É SOBERANA. DESCONHECIMENTO SOBRE O PROCESSO, NO ENTANTO, TEM FEITO AUMENTAR A FILA DE QUEM ESPERA POR UM TRANSPLANTE E M F OCO 38 ABR.2014 Construção civil: lançamento de projetos aquece o mercado e gera empregos no estado Hamilton Faria: escritor vai espalhar mínimoIMENSO em Curitiba, seu último livro de poesia Prejuízos na soja: veranico causa perdas de R$ 2,1 bilhões aos agricultores do Paraná PARANÁ

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O “SIM” QUE PODESALVAR VIDAS

DECISÃO DA FAMÍLIA SOBRE DOAÇÃO DOS ÓRGÃOS DA PESSOA FALECIDAÉ SOBERANA. DESCONHECIMENTO SOBRE O PROCESSO, NO ENTANTO, TEM

FEITO AUMENTAR A FILA DE QUEM ESPERA POR UM TRANSPLANTE

EM FOCO38ABR.2014

Construção civil:lançamento de projetos

aquece o mercado e geraempregos no estado

Hamilton Faria:escritor vai espalhar

mínimoIMENSO em Curitiba,seu último livro de poesia

Prejuízos na soja:veranico causa perdas deR$ 2,1 bilhões aosagricultores do Paraná

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4 ABR.2014 Paraná em Foco

EDIÇÃO 38ABRIL DE 2014

PublicaçãoEditora Paraná Em Foco

EditorSílvio Oricolli

RedaçãoLucian Haro

ColunistaNilson Monteiro

ColaboradoresBruna Maarin

Felipe StresserJosé Luiz da Silva Nunes

Luciana Maria BassiWilson Pedrosa

Comercial Guaracy Ribas Junior

Projeto Gráfico e Diagramação Celso Arimatéia

Tiragem 30.000 exemplares

auditados pela GP Auditores

Fale com a redaçã[email protected]

[email protected]

(041) 3029-6786

www.jornalparanaemfoco.com.brwww.facebook.com/paranaemfoco

@paranaemfoco

PROVA DEGENEROSIDADE

No Paraná, em números fechados no início do mês passado,havia perto de 2.100 pessoas na fila de transplantes. A maioria(quase 1.600) esperando por um rim. Única chance para boaparte dos pacientes se livrar das hemodiálises e ter qualidade devida. Outras 317 aguardam ansiosas pela doação de córneas.Alternativa que recolocará claridade na visão e cores na vidade cada uma delas.

No entanto, o Estado, que é referência nacional quando setrata de transplantes de órgãos, retraiu-se nos dois primeirosmeses do ano. Muitas e necessárias doações foram negadas pormotivos ainda ignorados. Pode ser por desconhecimento dobenefício que isso gera ou temor de que a retirada dos órgãosmutile o corpo.

Também há quem diga que a família pode ficar insegura nomomento de autorizar o transplante por temer que o doadorainda esteja vivo. No entanto, o ato só ocorre após aautorização formal dos familiares e com a comprovada mortecerebral do paciente, de acordo com protocolos estabelecidospelo Ministério da Saúde.

Por isso, especialistas, famílias de pessoas que sebeneficiaram com transplante e mesmo ONGs têm se mobilizadopara reverter o quadro, a partir da conscientização das pessoassobre a importância do ato que, se de um lado, exige coragem,de outro, é nobre e generoso, porque pode salvar vidas.

Justamente por ser uma questão delicada e, ao mesmotempo, envolver imensa generosidade, Paraná Em Foco ouviuenvolvidos em campanhas de conscientização sobre aimportância do ato. O propósito da matéria é contribuir para oaprofundamento do debate transparente sobre a necessidade dehaver um número cada vez maior de doadores.

Boa Leitura!

EDITORIAL

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Paraná em Foco ABR.2014 5

ÍNDICE

39 A ECONOMIA A CAMINHODA MODERNIDADE

CIÊNCIA & TECNOLOGIA06 INTERNET VIA RAIO LASER

08 MAIS “ANÉIS” NO UNIVERSO

SAÚDE10 TESTE RÁPIDO PARA TUBERCULOSE

12 RESTRIÇÃO A CLAREADORES

12 RANKING DE MÉDICOS E HOSPITAIS

13 CORRETO E SADIO

14 ENTRE O POSSÍVEL, O REAL E O IMAGINÁRIO

CIDADANIA16 TRISTE QUADRO

16 FACILITADA A ADOÇÃO INTERNACIONAL

18 UMA REALIDADE POSSÍVEL

ECONOMIA22 A TODO O VAPOR

AGRONEGÓCIO24 SALDO DO AGRONEGÓCIO É DE US$ 15,9 BILHÕES

CULTURA32 COM UM PÉ NA “IMORTALIDADE”

36 UM ANO E 55 MIL LIVROS

38 REENCANTAR É PRECISO

40 ARTE DA FAVELA NO MON

42 NOBEL DA LITERATUVA INFANTO-JUVENIL É BRASILEIRO

44 INFINITO E FOGOSO, POSTO QUE É CHAMA

ARTIGO50 AGRICULTURA DE PRECISÃO

FOTOGRAFIA46 WILSON PEDROSA

AGRICULTURA26 NOVA SOJA NO MERCADO

27 TECNOLOGIA ALTERNATIVA

28 SOJA TEM PERDAS DE MAIS DE R$ 2 BILHÕES

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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

INTERNET VIA

Projeto, queutilizará satélite edrone, colocaráFacebook emcompetição diretacom o Google

O Facebook está com um planoambicioso de conectar os dois terçosdo mundo que não têm acesso à in-ternet usando drones, satélites e la-sers, segundo anúncio feito por MarkZuckerberg na mídia social. O proje-to colocará a empresa em competi-ção direta com o Google, que planejalevar internet à essas áreas por meiode balões. Os dois gigantes da inter-net querem ampliar suas audiências,principalmente nos países em desen-volvimento.

Ainda há poucos detalhes sobre oprojeto do Facebook, mas já se sabeque o plano é utilizar uma frota dedrones (veículos aéreos não tripula-dos) movidos a energia solar, bemcomo satélites geoestacionários e emórbita próxima à Terra. Raios laserinfravermelhos e invisíveis tambémpoderiam ser usados para aumentara velocidade das ligações de rede. Noano passado, o Facebook e outrasempresas de tecnologia lançaram ointernet.org para ajudar a levar aces-so à internet para as enormes áreasdo globo que ainda não estão conec-tadas.

Especialistas aeroespaciais

A rede social já fez uma parceriacom operadoras de telecomunicaçõesnas Filipinas e no Paraguai para do-brar o número de pessoas usando ainternet nessas regiões. “Nós vamoscontinuar fazendo essas parcerias,mas conectar o mundo inteiro vai exi-gir também inventar uma nova tecno-logia”, disse Zuckerberg em seu post.

Para fazer o projeto se concreti-zar, o Facebook criou um Laborató-rio de Conectividade (ConnectivityLab) que conta com especialistas emaeronáutica e tecnologia de comuni-cação do laboratório de propulsão dejet da Nasa e do seu centro de pes-quisa Ames.

Também contratou uma equipe decinco membros que trabalhou na em-

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RAIO LASERPor Bruna Maarin*

presa britânica Ascenta, responsávelpelo desenvolvimento do Zephyr, quedetém o recorde de voo mais longo fei-to por aviões não tripulados movidosa energia solar. No início de março,surgiram rumores de que a rede soci-al estava interessada em comprar afabricante de drones Titan, apesar denão haver nenhuma menção sobre issono anúncio de Zuckerberg.

Altruísta?

Os planos fazem parte das ambi-ções do Facebook de estender seualcance para além de seus 1,2 bilhãode usuários, acredita o analista MarkLittle, do centro de análises de tec-nologia Ovum.

“Zuckerberg está levando issocomo uma forma altruísta de conec-tar mais pessoas em todo o mundo,usando a internet como um direitohumano básico. Mas, ao aumentar ototal de conexões de rede, aumentatambém o número de usuários doFacebook e a quantidade de compar-tilhamentos, que, por sua vez, criamais espaço para publicidade, ele-vando consideravelmente suas recei-tas”, avalia Little.

No ano passado, o Google anun-ciou planos semelhantes para de-senvolver balões movidos a energiasolar para fornecer acesso à inter-net em áreas remotas do mundo.

Com o codinome Projeto Loon, 30dos balões de super-pressão foramlançados da Nova Zelândia em ju-nho.

“O projeto terá vários obstáculospolíticos para ultrapassar. Algunsgovernos não aceitarão ter essa fro-ta em seu espaço aéreo”, disse Lit-tle. Ele acredita que tanto para o Fa-cebook quanto para o Google, a tec-nologia em seus projetos poderá pro-var ser “a parte fácil” e que o verda-deiro desafio consistirá em persua-dir os governos ao redor do mundode que suas redes alternativas sãoviáveis.

“As operadoras móveis estão sem-pre sob a ameaça de formas alterna-tivas de serviços de internet. Isto setorna uma preocupação para os go-vernos quando a comunicação de umanação depende de um provedor defora”, acrescentou Little.

(Especial para Paraná Em Foco)

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Zuckerberg:“Conectar o

mundo inteiro vaiexigir tambéminventar uma

nova tecnologia”

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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

MAIS “ANÉIS”NO UNIVERSO

Equipe com brasileiros descobre anéis em pequeno corpo celeste do sistema solar

Da Redação

Uma observação feita na noite do dia 3 de junho de2013 por astrônomos de vários países, incluindo pesqui-sadores do Brasil, permitiu a descoberta de anéis em umcorpo celeste do sistema solar do tipo centauro, peque-nos objetos que orbitam ao redor do Sol atravessando asórbitas dos planetas. O asteróide Chariklo está situadoentre as órbitas de Saturno e Urano, e tem dois anéis,distantes cerca de 9 quilômetros um do outro.

O artigo que descreve a descoberta, publicado nodia 26 de março pela revista Nature, é assinado por 62astrônomos de 34 instituições em 12 países, sendo 11brasileiros, dos quais cinco trabalham no ObservatórioNacional (ON), do Rio de Janeiros, órgão do Ministérioda Ciência, Tecnologia e Inovação. Também participa-ram pelo Brasil Observatóriodo Valongo/UFRJ, a Universida-de Estadual de Ponta Grossa(PR), Polo Astronômico Casimi-ro Montenegro Filho/FPTI-BR,Universidade Estadual do Oes-te do Paraná (Unioeste), Insti-tuto de Física e Química de Ita-jubá (MG) e Universidade Esta-dual Paulista (Unesp-Guaratin-guetá).

Os anéis foram batizados pe-los descobridores como Oiapo-que, para o mais largo, enquan-to o outro foi denominado Chuí. A confirmação dos no-mes, no entanto, ainda depende da IAU (sigla em inglêspara União Astronômica Internacional). A descoberta põepor terra a tese que vigorava até então, de que somenteos planetas gigantes (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno)têm anéis.

Segundo o astrônomo Roberto Vieira Martins, do ON,o fenômeno foi visto em sete observatórios localizadosna América Latina, com destaque para Chile, Uruguai,Argentina e Brasil. O projeto resultou de cooperaçãoentre o ON, o Observatório de Paris e o Instituto de As-trofísica de Andaluzia, na Espanha.

Martins adiantou que a observação faz parte de umprograma de longo prazo que pretende entender comoo sistema solar se formou e como evoluiu no início desua vida. “Dentro desse projeto, a gente observou esseobjeto particular e descobriu, por acaso, que ele tinhaanéis. A importância do anel é que, até hoje, só se co-nhecia anéis nos grandes planetas do sistema solar. Ne-nhum outro objeto tinha anel”, sustentou.

Chariklo Centauro é um objeto pequeno, cujo diâ-metro mede apenas 250 quilômetros. “É menor do quea Lua”, disse Martins. Fora a surpresa da descoberta,os astrônomos vão se dedicar agora a tentar explicarcomo isso ocorreu, porque o mecanismo de formaçãode anéis que a astronomia conhece hoje está ligado a

planetas gigantes. “O achadovai motivar agora um olhar di-ferente para procurar entendercomo se formam anéis em umcorpo celeste pequeno”, acres-centou.

O astrônomo destacou quea descoberta é importante porse tratar de observação feitaem cooperação entre pesquisa-dores de diversos países. “Parao Brasil, em particular, signifi-ca inserção internacional da ci-ência”, explicou. Como a des-

coberta usou tecnologia de ponta, o achado tende aindaao desenvolvimento de novos métodos e equipamentos.“O retorno para a sociedade vem por meio da evoluçãoda tecnologia que a ciência propicia”, disse.

Martins reiterou que, a partir do entendimento so-bre o Chariklo, que é o maior de seu tipo, os astrônomospoderão ter uma boa ideia sobre a formação e evoluçãodo próprio sistema solar. “É muito importante saber porque ele tem a cara que apresenta hoje, inclusive parapoder tirar conclusões se um sistema, como o nosso, écomum ou não no Universo”, acrescentou.

(Com Agência Brasil)

Anéis do centauro Chariklo são umanovidade para esse tipo de corpo celeste

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A MATOS PINTURAS é uma empresa atuante no ramo de prestação de ser-viços de lavagem, restauração e pintura prediais, sempre trabalhando com qualidadenas tarefas solicitadas por nossos clientes e buscando acima de tudo a sua total satisfa-ção. Trabalhamos com todo equipamentos de segurança conforme normas de trabalho.

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10 ABR.2014 Paraná em Foco

SAÚDE

TESTE RÁPIDO PARA

Já está disponível no País o testerápido gratuito de diagnóstico da tu-berculose, com capacidade de detec-tar a presença do bacilo causador dadoença em apenas duas horas, segun-do informações do Ministério da Saú-de. Todos os municípios e capitais doPaís, que registraram mais de 130casos de tuberculose em 2012, rece-berão o tratamento inicialmente. Des-tes, 92 municípios concentram maisde 55% de casos novos da moléstia.

Para implementar a nova tecno-logia no Sistema Único de Saúde(SUS), o Ministério da Saúde adqui-riu testes, computadores de última

geração, com leitor de código de bar-ras e impressora, além de investir notreinamento dos profissionais de saú-de. No entanto, sua aplicação é sim-ples, sem a necessidade de especia-lização.

Segundo Dráurio Barreira, coor-denador do Programa Nacional deControle da Tuberculose, “o Minis-tério da Saúde tem se articulado coma sociedade civil para prevenir a do-ença entre as populações mais vul-neráveis, como as comunidades indí-genas, população em situação de ruae pessoas com HIV”.

De acordo com o ministério, em

2013, o País registrou 71.123 novoscasos de tuberculose, o que represen-ta queda de 20,3% desde 2003. OBrasil ocupa, atualmente, o 16º lugarnum ranking de 22 nações conside-radas “de alta carga” (onde há gran-de circulação da doença), mas é o111º na comparação com os paísesdo mundo. No País, a tuberculose é aquarta causa de morte por doençasinfecciosas e a primeira causa demorte por doença identificada entrepessoas com HIV.

São mais vulneráveis à doença aspopulações indígenas – três vezesmais -, presidiários – 28 vezes -, mo-

TUBERCULOSE

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Mesmo com queda de 20,3% desde 2003, o Brasil registrou71.123 novos casos de tuberculose no ano passado

Da Redação

Corante natural identifica a doençaA tuberculose é diagnosticada através da baciloscopia, que analisa oescarro do paciente. Preocupados em eliminar os riscos envolvidos nesseprocedimento, pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas daAmazônia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Inpa/MCTI) eda Universidade Federal do Amazonas (Ufam) desenvolveram novatécnica de coloração que substitui a carbolfucsina por uma substâncianatural encontrada em plantas da Amazônia ou microrganismos danatureza. O resultado da pesquisa gerou o pedido de duas patentes, noInstituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), em 2013. Os nomesdas plantas e dos microrganismos são mantidos em sigilo por questõesde segurança.Na baciloscopia são utilizados corantes sintéticos (a carbolfucsina) ereagentes para detectar a presença de micróbios causadores da doença.Os corantes utilizados no diagnóstico são indutores de desenvolvimentode câncer ou tóxicos à saúde do homem e ao meio ambiente. “Após 130 anos, utilizando-se a mesma técnica para diagnosticar atuberculose e sabendo que os corantes e reagentes sintéticos utilizadossão cancerígenos ou tóxicos para o homem e para o meio ambiente,surgiu a ideia de substitui-los por uma substância natural”, explica apesquisadora do Inpa, Julia Ignez Salem, médica e doutora emmicrobiologia.O Laboratório de Micobacteriologia do Inpa pesquisa novos fármacos ecorantes para uso no combate à tuberculose desde 1995. Para isso,conta com vários parceiros, entre eles a Ufam.

(Com MCTI e Inpa)

radores de rua – 44 vezes mais, devi-do à dificuldade de acesso aos servi-ços de saúde e às condições específi-cas de vida –, além das pessoas vi-vendo com o HIV e Aids.

Dos 9 milhões de casos estimadosno mundo, 3 milhões não são detec-tados. A tuberculose é uma doençainfecciosa e contagiosa causada pelomicróbio Mycobacterium tuberculo-sis, conhecido como bacilo de Koch.Atinge principalmente os pulmões,mas pode afetar outras partes do nos-so corpo, como gânglios, rins, ossos,intestinos e meninges.

(Com Por tal Brasil) Divu

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SAÚDE

RANKING DEMÉDICOS E HOSPITAISSegundo norma da ANS, as operadoras de planos desaúde devem informar aos usuários a qualificação

dos profissionais e estabelecimentosDa Redação

Por determinação das AgênciaNacional de Saúde Suplementar(ANS), desde o mês passado, as ope-radoras de planos de saúde têm dedivulgar informações quanto à qua-lificação dos profissionais e estabe-lecimentos de saúde que fazem par-te de suas redes credenciadas. Porexemplo, se um médico possui es-pecialização ou se um hospital temcertificado de Acreditação, o livrode convênio e a página da operado-ra na internet deverão ter o íconerelativo a esses atributos nas listasde sua rede prestadora de serviçosde saúde.

Com isso, a ANS pretende propor-cionar aos usuários poder de avalia-ção e de escolha, destacar os atribu-tos que diferenciam os prestadores eainda estimular a adesão destes pro-

fissionais e estabelecimentos de saú-de a programas que melhorem seusdesempenhos e os qualifiquem.

A divulgação das informações so-bre a rede assistencial deve seguir apadronização estabelecida pela ANS,por meio de ícones dos atributos, es-pecificados no anexo da InstruçãoNormativa nº 52.

Ficou estabelecido que é respon-sabilidade das operadoras conferira veracidade e a procedência das in-formações fornecidas por seus pres-tadores de serviços de saúde antesda divulgação em seus canais. Asempresas que deixarem de incluir osatributos de qualificação informadospor seus prestadores no prazo esta-belecido poderão ser multadas ematé R$ 35 mil.

(Com ANS)

RESTRIÇÃO ACLAREADORESUso errado dessesprodutos pode causaraté perda de dentes

Com o objetivo de evitar asconsequências decorrentes do usoindevido e sem orientação profissionalde clareadores em concentraçõesaltas, a Agência Nacional de VigilânciaSanitária (Anvisa) vai propor quedeterminados clareadores dentaissejam vendidos somente comprescrição do odontologista.A proposta de Consulta Pública já foiaprovada pela Diretoria Colegiada doórgão e se refere aos produtos com assubstâncias peróxido de hidrogênio eperóxido de carbamida, emconcentrações superiores a 3%.Clareadores deste tipo terão que trazera expressão “Venda Sob PrescriçãoOdontológica”. Com o novoenquadramento, a propaganda destetipo de produto ficará proibida,restringido-se apenas aos veículosespecializados.Os clareadores dentais podem causardanos irreversíveis se utilizados demaneira indevida, levando até mesmo aperda de um dente, além de favorecero surgimento de infecções. A restriçãoda venda já havia sido proposta pelosConselhos de Odontologia, associaçõesde classe e o Ministério PúblicoFederal, preocupados com o impactodo uso deste produto por pessoasleigas.(Com ANS)

Da Redação

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SAÚDE

CORRETO E SADIOO projeto Biocopac resultou na criação de um novo composto

feito com pele de tomate para revestir latas de alimentosPor Bruna Maarin*

Cientistas e engenheiros se reu-niram recentemente na Europa embusca de novo material para ser usa-do no revestimento de latas de ali-mentos, pois o tradicional bisfenol A(BPA) provoca uma série de danos àsaúde. O projeto, denominado Bioco-pac, resultou no desenvolvimento deum novo composto a partir de rejei-tos de cascas de tomate.

As latas metálicas utilizadas paraarmazenar alimentos para a venda econsumo precisam ser revestidascom um tipo de verniz ou laca (umaresina obtida de plantas da famíliadas anacardiáceas) que tenha propri-edades biologicamente inertes e nãoofereça riscos à saúde.

Como o BPA, atualmente utiliza-do no revestimento, é suspeito de pro-vocar varias complicações e repre-sentar riscos à saúde, vários países,incluindo o Brasil, decidiram proibira importação e fabricação de mama-deiras que contenham esse compos-

to. A proibição em território brasilei-ro está em vigor desde janeiro de2012, por meio da Resolução RDC nº41/2011 da Agência Nacional de Vi-gilância Sanitária (Anvisa).

Para as demais aplicações, o BPAainda é permitido, mas a legislaçãoestabelece limite máximo de migra-ção específica desta substância parao alimento, com base nos resultadosde estudos toxicológicos.

Latas de pele de tomate

O objetivo do projeto é desenvol-ver uma bio-laca para a proteção in-terna e externa de embalagens demetal para alimentos para atender ademanda de produção sustentável epara a proteção da saúde do consu-midor, além de, ao mesmo tempo,aumentar a competitividade da indús-tria destas embalagens, reduzindo evalorizando os resíduos produzidospelo setor de conservas.

A pesquisa inicia-se com a análi-se e a caracterização dos resíduos detomate, que conduz à formulação debio-lacas aplicáveis aos materiais demetal em linhas de produção nor-mais. Os novos vernizes têm comoprincipal componente a cutina biopo-límero extraído da cutícula da fruta,por meio de um método otimizado epadronizado.

Após a avaliação das proprieda-des físico-químicas e da higiene paraa saúde dos novos vernizes produzi-dos, de acordo com a legislação daUnião Europeia, a sua adequaçãoserá confirmada pela produção delatas e da embalagem para os princi-pais produtos alimentares. Destemodo, no final do projeto, será possí-vel ter indicação completa da utiliza-ção das novas lacas em contato comos produtos alimentares e suas van-tagens econômicas e ambientais.

(Especial para Paraná Em Foco)

A pesquisa inicia-secom a análise e a

caracterização dosresíduos de tomate,

que conduz àformulação de bio-lacas

aplicáveis aosmateriais de metal

em linhas deprodução normais.

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ARTIGO

ENTRE O POSSÍVEL, OREAL E O IMAGINÁRIO

Luciana Maria Bassi*

Há muito tempo, assimcomo era uma vez..., as pes-soas se preocupavam em de-sejar um bom dia, em pergun-tar como você estava se sen-tindo e em querer ouvir se osoutros estavam bem.

Ouvimos queixas que istojá e coisa do passado. Serámesmo? Até que ponto nossafalta de consciência do coleti-vo nos impulsiona a percebersomente nós mesmos?

Em um determinado tem-po da nossa vida, isso e talvezo que chamamos de maturida-de, percebemos que não so-mos tão perfeitos, completose plenos.

Então, qual o limite dasnossas expectativas em rela-ção ao mundo e a nós mes-mos? Num mundo modernocheio de consumismos concretos e morais, como a vai-dade que exige e aprisiona cada vez mais as pessoas.

O fim do século XX e o início do XXI têm como ca-racterísticas certas a depressão, insatisfação e profun-da tristeza.

Somos narcisos. E o espelho d’água reflete dor e so-frimento, porque, viver com o objetivo de realizar as ex-pectativas e fazer com que esse mundo “perfeito” quecriamos se torne realidade, é impossível.

A grande questão é conciliar aquilo que somos, bus-car identificar e relacionar nossas possibilidades.

Conciliar desejo e realidade é tarefa árdua e não nostraz plenitude, mas olhando de outra ótica é possível econsequentemente flexível. É um processo libertador por-que nos permite arriscar a seguir novos caminhos.

Nossa dificuldade em perceber quem somos sem más-caras é grande. É mais fácil perceber o outro, apontar

defeitos alheios do que olharpara nossas próprias dores.

Para tomar consciência doque realmente somos é neces-sário nos implicarmos comnossas questões emocionais,com nossa história de vida,com aquilo que ao longo dotempo foi nos construído.

Quero dizer que nossostraumas, angústias e alegriasvividos ao longo da nossa in-fância deixaram marcas emnosso inconsciente.

Algumas dessas marcasficam reprimidas por conte-rem grande quantidade deafetos desagradáveis.

Mas as sensações ligadasacabam se manifestando atra-vés de situações indesejáveiscomo repetição e influencian-do nossas decisões.

Em muitos casos, esta “lei da repetição” leva a dese-quilíbrios físicos, psíquicos e a somatizações.

Olhar para dentro de si exige coragem, mas é o ca-minho para o encontro da nossa essência.

Assim recebemos como presente a liberdade de vi-ver e fazer nossas escolhas, de forma consciente, semrepetir.

*Luciana MariaBassi é psicóloga

em Curitiba

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“Narciso”, de Michelangelo Caravaggio

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CIDADANIA

A adoção de crianças brasileiraspor casais estrangeiros ficou maisfácil com a aprovação pelo ConselhoNacional de Justiça (CNJ), no dia 24de março, de uma mudança na reso-lução que trata do Cadastro Nacio-nal de Adoção (CNA). A partir de ago-ra, o cadastro – por meio do qual sãofeitos os processos de adoção no Bra-sil – estará aberto também a preten-dentes estrangeiros.

De acordo com a assessoria do CNJ,a publicação da nova resolução faz comque brasileiros e estrangeiros sigam omesmo trâmite no processo de adoção.Antes, os casais estrangeiros só pode-riam adotar crianças que não tivessemsido adotadas por meio do CNA, ouseja, após elas não terem despertadoo interesse de brasileiros. Em todopaís, há 30.424 pretendentes para aadoção de 5.440 crianças e adolescen-tes até 17 anos cadastrados (3.081meninos e 2.359 meninas). O estadocom maior número de criancas cadas-

TRISTEQUADRO

Da Redação

A Comissão Parlamentar deInquérito (CPI) da Exploraçãodo Trabalho Infantil decidiu quevai procurar mecanismosjurídicos para enfrentar otrabalho doméstico infantil, emdefesa dos direitos dospequenos cidadãos.A relatora da CPI, deputadafederal Luciana Santos (PCdoB-PE), argumenta que ainviolabilidade do lar não deveservir para encobrir violaçãoaos direitos humanos decrianças que trabalham emlares próprios ou de terceirosno Brasil. “O que nós estamosaqui tentando desenvolver é aideia de flexibilizar ainviolabilidade do lar. Isso teráque mudar o Código Penal e aprópria Constituição Brasileira”,argumentaDe acordo com o relatórioBrasil Livre de Trabalho Infantil,realizado com base nos dadosda Pesquisa Nacional porAmostra de Domicílios (Pnad)de 2011, havia 258 mil criançase adolescentes exercendotrabalhos domésticos no Brasil,naquela época. Desse total,cerca de 67 mil tinham entre 10a 14 anos e 190 mil entre 15 e17 anos.(Com Agência Câmara Notícias)

Em 2011,258 mil criançase adolescentes exerciamtrabalhos domésticos noPais, segundo pesquisa

FACILITADA A ADOÇÃOINTERNACIONAL

Alteração em resolução permite quecasais estrangeiros se inscrevam noCadastro Nacional de Adoção

Da Redação

tradas é São Paulo (1.341), seguido doRio Grande do Sul (702), de MinasGerais (669) e do Paraná (667).

Há, segundo o cadastro, oito cri-anças com menos de um ano, embusca de uma família. O número cres-ce à medida que a idade avança. São40 crianças com um ano de idade es-perando por adoção; 59 com 2 anos;91 com 3 anos. No outro lado da ta-bela do CNA, há 567 pessoas com 17anos na busca por uma família e 628com 16 anos.

Do total de crianças e adolescen-tes cadastrados, 2.588 são pardos;1.762 brancos; 1.033 negros; 31 in-dígenas e 25 de raça amarela (orien-tal-asiática). Dos 30,4 mil pretenden-tes cadastrados, 8.995 (29,57% dototal) dizem querer “somente” crian-ças brancas, enquanto 511 (1,68%)dizem querer “somente” criançasnegras. Há, ainda, 206 querendo so-mente adotar indígenas (0,68%).

(Com Agência Brasil)

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CIDADANIA

UMA REALIDADE

Estado tenta reverter queda no número de doação deórgãos registrada nos dois primeiros meses do ano

Por Lucian Haro

Quando se fala em doação de ór-gãos, o Paraná é referência no País.O Estado ocupa, atualmente, a ter-ceira posição no ranking nacional,atrás apenas do Ceará e do Rio Gran-de do Sul. Uma queda no número de

doações, registrada entre os mesesde janeiro e fevereiro deste ano –comparando-se a igual período de2013 –, reforça a importância de oassunto ser discutido em casa, umavez que a família (e apenas ela) de-

tém o poder de autorizar a retiradados órgãos da pessoa falecida.

Pelos dados da Secretaria Esta-dual de Saúde (Sesa), nos dois pri-meiros meses de 2013 houve 55 ca-sos de “não doação” de órgãos e 19

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POSSÍVELcasos de recusa familiar. Já em 2014,foram 64 casos de não doação e 33de recusa. A justificativa mais pro-vável para essa redução, segundo acoordenadora da Central Estadual deTransplantes (CET), Arlene Badoch,é o desconhecimento das famílias emrelação ao processo de retirada dosórgãos. “Muita gente ainda tem re-ceio de que a retirada aconteça empessoas vivas, o que é impossível”,afirmou.

Segundo a coordenadora, o pro-cesso é minucioso e há, inclusive, umprotocolo criado pelo Ministério daSaúde, que tem de ser cumpridopara evitar qualquer erro. “Quandohá a confirmação da morte cerebral,por meio do Protocolo de Morte En-cefálica, a Comissão Intra-Hospita-lar de Doação de Órgãos e Tecidospara Transplantes (CIHDOTT) con-versa com os familiares, esclarecen-do toda e qualquer dúvida sobre aremoção dos órgãos. Somente a par-tir desse contato e mediante autori-zação é que se inicia o processo”,esclareceu.

Ainda de acordo com Arlene, écomum que as famílias, que conhe-cem o procedimento e entendem aimportância do ato, se tornem maisfavoráveis à doação, o que ajuda adiminuir as filas de espera por umtransplante. “Em muitos casos, a de-sinformação é a pior inimiga. Porisso, um bom começo é pensar nadoação de órgãos como um ato hu-mano, de coragem e que pode salvarvidas”, enfatizou.

Fila de espera

Atualmente, 2.099 pessoasaguardam na fila por um transplan-

te, no Paraná. A maioria delas(1.591) espera por um rim. Dessespacientes, 583 (ou 27% deles) tementre 35 e 49 anos, 933 são homens,dos quais 653 sofrem de insuficiên-cia renal crônica.

Já a cirurgia de córnea é a segun-da mais procurada: são 317 pessoasna fila, sendo que 40% delas (126)têm entre 18 e 34 anos e os homenssão maioria (165). Lembrando queesses números foram fechados pelaSecretaria Estadual de Saúde entreos dias 1° de janeiro a 12 de marçodeste ano.

Pela vida

O nome escolhido pelo adminis-

trador de empresas curitibano, IvanPegoraro, para a ONG que montounão poderia ser mais sugestivo: “Va-lorize a vida”. A organização, quesurgiu há 13 anos, estimula a doaçãode órgãos a partir de uma triste ex-periência vivida por ele. Em 2000,Ivan perdeu a filha, Amanda, de 15anos, num grave acidente de carrocausado por um motorista alcooliza-do. Foi aí que tudo começou.

“Depois que ela morreu, fomoschamados pela equipe médica, quenos falou sobre a possibilidade dedoar os órgãos dela. Na hora lembreida minha mãe, que recebeu um rim,em São Paulo, e vive bem até hoje”,recordou. “E, depois, a Amanda gos-

Arlene: “Muita gente ainda têm receiode que a retirada ocorra em pessoas vivas,

o que é impossível de acontecer”

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tava muito de ajudar os outros e, comcerteza, ver outras pessoas felizesseria da vontade dela”, continuou.

Desde então, o administrador deempresas dedica-se incansavelmen-te ao trabalho de conscientização.Com a ONG, visita escolas e empre-sas dando palestras sobre o assunto.“Nas escolas, por exemplo, fazemospalestra e pedimos que as criançasfaçam uma redação sobre o temacomo lição de casa. Esperamos queelas conversem com os pais sobreisso. Logo, eles conversarão com ou-tras pessoas da família, com os ami-gos e, dessa maneira, o assunto serámais divulgado”, afirmou.

Ainda segundo Pegoraro, como afilha passou nove dias internada naUTI antes de falecer, apenas seis ór-gãos puderam ser doados: as córne-as, os rins e duas válvulas do cora-ção. “Mas esses órgãos foram sufi-cientes para salvar a vida de duascrianças internadas num hospital deCuritiba”, revelou.

CIDADANIA

Visão recuperada

E foi graças a uma córnea trans-plantada que a empresária MicheleWestphal, 30 anos, dá conta da roti-na atarefada que tem. Ela sofria deCeratocone, uma doença nos olhosque vai tornando a córnea mais finae irregular, resultando em uma visãodistorcida das imagens. “Eu não en-xergava nada com o olho esquerdo.Tinha apenas 2% de visão, o que meatrapalhava muito”, disse.

Há oito anos, porém, Michele re-

alizou o transplante e hoje vive tran-quilamente com 99% da visão. “Ini-ciei o processo em Curitiba, mas de-pois de dois anos de espera fui orien-tada a ir para Sorocaba (SP), onde afila era menor. Fui para lá na sexta-feira e já fiz a cirurgia na terça se-guinte”, garantiu. “Em um mês jácomecei a ver a melhora. Levei 18pontos e a cada ponto que tirava,ganhava de 2 a 3 graus de visão”,completou.

Ainda segundo a empresária, acirurgia mudou a visão dela e a dafamília, literalmente. “Antes, a doa-ção de órgãos era um tabu para aminha família. Hoje, depois que fiza cirurgia e os resultados aparece-ram, o pensamento mudou muito”,admitiu.

Nova vida

Um transplante bem sucedidotambém mudou a vida da dona de

Michele Westphal:“Antes do transplante decórnea, eu enxergava2% com o olho esquerdo.Hoje, tenho 99% da visão”

Eliane e o f ilho, Junior:Transplante de rim salvou

a vida do rapaz

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Dúvidas frequentesComo as dúvidas sobre o processo de doação de órgãosainda são muito frequentes, a Secretaria de Estado daSaúde elaborou uma cartilha com as principais perguntas.Veja abaixo:

Como posso ser doador?No Brasil, para ser doador, você não precisa deixar nada porescrito, em nenhum documento. Basta comunicar a família dasua vontade. Afinal, a doação de órgãos só acontece apósautorização familiar.

Quem pode doar?Qualquer pessoa. Para um transplante de órgão importaapenas a compatibilidade entre você e as várias pessoas queesperam uma nova vida de presente. Rins, parte do fígado eda medula óssea podem ser doados em vida. Mas, em geral,a doação ocorre em situações de morte encefálica, após aautorização familiar.

Para quem vão os órgãos?Os órgãos são destinados a pacientes que necessitam detransplante e estão aguardando em uma lista única de espera,por critérios definidos pelo Sistema Nacional de Transplantesdo Ministério da Saúde. No Paraná, todas as ações dedistribuição de órgãos e tecidos são coordenadas pela CentralEstadual de Transplantes.

Após a doação o corpo fica deformado?Nunca. A retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualqueroutra. O corpo do doador fica intacto e pode ser veladonormalmente.

Se os médicos do setor de emergência souberem que eusou um doador, não vão se esforçar para me salvar?Se você está doente ou ferido e foi admitido no hospital, aprioridade número um é salvar a sua vida. A doação deórgãos somente será considerada após sua morte e após oconsentimento de sua família.

Somente corações,fígados e rins podemser transplantados?Órgãos necessáriosincluem coração, rins,pâncreas, pulmões,fígado e intestinos.Tecidos que podem serdoados incluem:córneas, pele, ossos,valvas cardíacas etendões.(Fonte: Sesa)

casa Eliane Garcia e de seu filho, Ju-nior Garcia Rossi, que moram emQuatro Barras, na Região Metropoli-tana de Curitiba. Faz pouco mais deum ano que o rapaz, de 18 anos, re-cebeu um rim de uma pessoa quemorreu e, com ele, a chance de so-breviver - para a alegria da família.

Pelo que contou a mãe, Junior so-fria de insuficiência renal e aos 15anos já havia perdido os dois rins, oque deixou a vida dele “por um fio”.“Em 2011, o pai dele chegou a doarum dos rins para ser transplantadono Junior, mas o organismo dele re-jeitou. Aí começou a nossa luta na filade espera por um novo órgão”, lem-brou Eliane.

Foi então que, em fevereiro doano passado, Junior recebeu o órgãode uma pessoa falecida e a cirurgiafoi um sucesso. “O órgão veio nahora que mais precisávamos. Ou elefazia o transplante ou o perdería-mos. Graças a Deus deu tudo certo”,afirmou a mãe.

Hoje, Junior toca as atividadesnormalmente e Eliane levanta a ban-deira da doação de órgãos. “Eu já eraa favor da doação de órgãos, mashoje, vendo meu filho bem, vejo comoé importante”, frisou.

Pegoraro: “A Amandagostava muito de ajudar osoutros e, com certeza, ver

outras pessoas felizes seriada vontade dela”

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ECONOMIA

A TODO O VAPORConstrução civil deve bater recorde de contratações com carteira assinada neste ano

Por Lucian Haro

A cena se repete em todos os lu-gares: caminhões descarregando sa-cos e mais sacos de cimento, tapu-mes isolando áreas e muitos homenstrabalhando. O novo cenário urbano- que transformou boa parte das ci-dades brasileiras em verdadeiroscanteiros de obras - representa nãosó o grande “boom” que vive a cons-trução civil, mas, também, o aqueci-mento do setor quanto à contrataçãode mão de obra.

Recente pesquisa do Sindicato daIndústria da Construção Civil do Es-tado de São Paulo (Sinduscon-SP), emparceria com a Fundação Getúlio Var-gas (FGV), aponta que o número deempregados no setor cresceu 0,88%em fevereiro deste ano, ante o mes-mo mês do ano passado, com abertu-ra de 30,8 mil vagas a mais. Já no acu-mulado do primeiro bimestre de 2014,o indicador apresenta alta de 1,85%nos empregos em relação a 2013.

No Paraná, a situação não pode-ria ser diferente. Entre janeiro e feve-reiro deste ano, o Sindicato da Indús-

tria da Construção Civil do Estado(Sinduscon-PR) registrou acréscimode 2,13% no número de contratações.“O crescimento se deve, principalmen-te, aos projetos que estão sendo lan-çados”, explicou o vice-presidente daentidade, Wladimir Mazzola Morais.

Segundo ele, o que ocorre, na ver-dade, é uma recontratação dos tra-balhadores que estavam desempre-gados desde o fim do ano passado.“Em novembro e dezembro houve otérmino de muitas obras e, com isso,demissões. Agora, com a abertura demais projetos (a maioria deles resi-denciais), esses profissionais estãosendo chamados novamente”, expli-cou Morais.

A novidade para este ano, no en-tanto, é a quantidade de vagas quedevem ser abertas. O Sinduscon-PRprojeta a contratação de mais 3.400trabalhadores até o fim do ano - o queé considerado um número alto. “Omercado da construção civil do Pa-raná está estabilizado, hoje. Inclusi-ve, essa ideia de que falta mão deobra, por aqui, é incorreta. Temos

Morais: “Com aabertura de maisprojetos, essesprof issionais estãosendo chamadosnovamente”

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Recorde antecipadoO levantamento do Sindicato da Indústria da ConstruçãoCivil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e daFundação Getúlio Vargas (FGV) ainda prevê que, ao longodo primeiro semestre do ano, a construção civil jáultrapasse o recorde de 3,57 milhões de empregosformais, alcançado em setembro do ano passado.

trabalhadores suficientes para aten-der a necessidade atual”, sustentou.

Ainda de acordo com Morais, oquadro de vagas deve crescer, justa-mente, por conta do aumento na de-manda por profissionais. “Fizemosessa projeção (de 3.400 vagas) já con-tanto com novos empreendimentosque devem sair do papel no decorrerde 2014”, enfatizou.

Já pelo que informou o presiden-te do Sindicato dos Trabalhadores daConstrução Civil de Curitiba, o Sin-tracon, Domingos de Oliveira Davi-de, a procura por profissionais nãofalta. “Se você olhar os nossos qua-dros de aviso, tem procura o tempotodo. As empresas estão pedindo gen-te”, afirmou.

O impasse vivido, segundo ele, noentanto, é quanto à supervalorização

dos imóveis, que acaba dando ori-gem a outro fenômeno: o dos empre-endimentos que ficam “empacados”.“O problema é o alto preço dos imó-veis, o setor majorou muito. Aí, aque-la pessoa interessada em comprarespera por mais tempo para conse-guir uma boa proposta, o que esta-ciona o mercado. Mas o setor conti-nua aquecido, o que é bom para nós”,ponderou.

De acordo com Davide, o sindi-cato não tem um número fechado detrabalhadores em atividade, hoje,na cidade, porque há muita informa-lidade no setor e porque as obrassão rotativas. A estimativa, porém,é de que existam, em média, 55 milpessoas trabalhando em canteirosde obras entre Curitiba e a RegiãoMetropolitana.

Davide: “Temprocura o tempo todo.

As empresas estãopedindo gente”.

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24 ABR.2014 Paraná em Foco

AGRONEGÓCIO

SALDO DO AGRONEGÓCIOÉ DE US$ 15,9 BILHÕESA soja em grão foi o destaque dos embarques do primeiro

trimestre do ano, que movimentaram mais de US$ 20 bilhõesDa Redação

De janeiro a março, as vendasexternas do agronegócio brasileirototalizaram US$ 20,23 bilhões, en-quanto as importações somaram US$4,25 bilhões, proporcionando saldopositivo da balança comercial do se-tor de US$ 15,97 bilhões. A soja em

grão bateu recorde, com a expor-tação de 9 milhões de tone-

ladas, superando em101% os 4,5 mi-

lhões de to-

neladas de igual período de 2013. Asvendas da oleaginosa renderam US$4,55 bilhões, valor recorde para o tri-mestre. O faturamento da carne bo-vina aumentou 13,2% e atingiu U$1,65 bilhão.

Dentre os principais países com-pradores, a China novamente se des-tacou: os negócios foram de US$ 4,80bilhões, o que representou aumentode 73,8% sobre os US$ 2,76 bilhõesfaturados com as vendas do primeiro

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Embarques aumentam 20%De janeiro a março, foram despachados pelocorredor de exportação do Porto de Paranaguácerca de 4 milhões de toneladas, incluindo soja emgrão e farelo e milho. Segundo balanço daAdministração dos Portos de Paranaguá e Antonina(Appa), a movimentação de granéis no período teveaumento de 20% em relação ao primeiro trimestrede 2013.

Respondendo por 62,5% do volume exportado,foram embarcados 2,5 milhões de toneladas de sojaem grão, com incremento de 144% sobre o volumedo primeiro trimestre do ano passado. Tambémsaíram pelo terminal 835,2 mil toneladas de farelode soja e mais de 500 mil toneladas de milho.

“Considerando a produtividade que temosalcançado nestes primeiros meses do ano, acreditoque passaremos dos 17 milhões de toneladas degrãos previstos para este ano”, avaliou osuperintendente da Administração dos Portos deParanaguá e Antonina (Appa), Luiz HenriqueDividino.

Dividino disse ainda que o movimento de caminhõesque transportam grãos para Paranaguá aumentou25% em relação ao do primeiro trimestre de 2013.“Nesse primeiro trimestre, recebemos quase 100mil caminhões no Pátio Público de Triagem. Apesardesse total representar mais de 25 mil caminhõesdo que o recebido no período do ano passado,continuamos sem registro de filas ou transtornosnos acessos ao porto, graças ao trabalho emconjunto com os operadores portuários”, garantiu.(Com Appa)

Dividino: “Passaremos dos 17 milhões detoneladas de grãos previstos para este ano”

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trimestre do ano passado. A soma das vendas para aÁsia e para a União Europeia representou 61,8% dototal das exportações brasileiras do agronegócio, se-gundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento (Mapa).

Mês expressivo

De acordo com dados do Mapa, em março, comincremento de 3,7%, na comparação com o mesmomês de um ano atrás, o agronegócio brasileiro expor-tou o equivalente a US$ 7,97 bilhões, ao passo que asimportações, com recuo de 7% na mesma base derelação, somaram R$ 1,42 bilhão. Com isso, o supe-rávit do setor no mês foi de US$ 6,55 bilhões.

A maior contribuição para o resultado veio do com-plexo soja, que exportou mais de 7 milhões de tonela-das, movimentando US$ 3,62 bilhões. Novamente asoja em grão foi a vedete dos negócios, ao faturarUS$ 3,15 bilhões e crescimento de 64,8% em relaçãoao mesmo período do ano passado. O farelo vem emseguida, com negócios da ordem de US$ 363 milhões,o que representou aumento de 17,1%. No entanto, oóleo de soja, com queda de 26,6% no resultado dosnegócios, gerou US$ 114 milhões.

O Mapa demonstrou também que, de abril de2013 a março de 2014, as vendas externas do agro-negócio do Brasil atingiram o montante de US$ 99,63bilhões (+2,7%), enquanto as importações alcança-ram US$ 17,04 bilhões (+4,1%). Com isso, o saldodo setor teve superávit de US$ 82,59 bilhões. O au-mento foi de 2,5%.

(Com Mapa)

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AGRICULTURA

NOVA SOJA NO MERCADODa Redação

Material, já disponível para osagricultores, a soja BRS 359RR, por-tanto, transgênica, alia produtivida-de (3,6 toneladas por hectare) e pre-cocidade e, com isso, favorece o plan-tio do milho da segunda safra no pe-ríodo mais benéfico à cultura. A novacultivar é um produto da EmbrapaSoja, Embrapa Produtos e Mercado,

em parceria com a Fundação Meri-dional.

A cultivar é resistente às princi-pais doenças da cultura, como a po-dridão de fitóftora, podridão parda dahaste e cancro da haste, além deapresentar um bom comportamentodiante de dois nematoides rotylen-chulus renoformis (resistente) e ne-

matoide de galha meloidoyne incog-nita (moderamente resistente). Alémdisso, é tolerante ao acamamento, po-dendo ser cultivada também em re-giões com altitude um pouco maiselevadas.

A BRS 359RR é indicada para aMacrorregião 2 - Norte, Noroeste eOeste do Paraná; Sul e Centro-Sul doMato Grosso do Sul e Paranapanema(SP). Segundo Rogério de Sá Borges,pesquisador da Embrapa Produtos eMercado, “é uma cultivar com umexcelente arranque inicial, o que aju-da a lavoura a se estabelecer mais ra-pidamente”. A pesquisadora da Em-brapa Soja, Divania de Lima, acres-centou que “é um material precoce,com a vantagem de possibilitar a se-meadura antecipada e ter excelenteprodutividade”.

Há relatos de campo que apontamque a produtividade por hectare che-gou a 3,9 toneladas. A melhoria dodesempenho da cultivar, porém, de-pende das condições climáticas e dacondução e do manejo da lavoura.

“É uma cultivar que está entran-do no mercado com um bom volumede sementes e já estará disponívelpara semeadura na safra 2014/2015”,esclareceu Milton Dalbosco, coorde-nador técnico de transferência de tec-nologia da Fundação Meridional.

(Com Embrapa Soja)

Cultivar de ciclo precoce,que acaba de serlançada pela Embrapa,é ideal para osistema soja/milho

A nova cultivar já estádisponível para apróxima safra de soja

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Paraná em Foco ABR.2014 27

AGRICULTURA

TECNOLOGIAALTERNATIVA

Fertilizantesconcentrados zeolíticos

podem substituir,com vantagensambientais eagronômicas,

os insumossolúveis

Da Redação

Não poluente e mais efi-ciente na elevação da produ-tividade agrícola. Estas sãoalgumas das vantagens de umfertilizante que utiliza novatecnologia de produção deinsumos de liberação lenta nosolo. O produto, desenvolvi-do pelo Centro de TecnologiaMineral, do Ministério da Ci-ência, Tecnologia e Inovação(Cetem/MCTI), em parceriacom a Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária (Em-brapa), o Serviço GeológicoBrasileiro (CPRM) e a Univer-sidade Federal do Rio de Ja-neiro (UFRJ), utiliza concen-trados zeolíticos, que podemser usados em substituiçãoaos fertilizantes solúveis, quetem causado poluição daságuas, sem falar no desper-dício de nutrientes.

Durante os estudos, pes-quisadores usaram os con-centrados, enriquecidos comnutrientes, como fertilizan-tes alternativos no cultivo dealface, tomate e mudas defrutas cítricas, com eficiên-cia produtiva. Nos testesagronômicos, a produtivida-de foi até 40% superior àque-la obtida com métodos con-vencionais de fertilização.

A pesquisadora MarisaBezerra de Mello Monte dis-

se que o uso dos concentra-dos zeolíticos também mini-miza o impacto ambientalcausado pelo gás amônia (li-berado pela ureia, base dosprincipais fertilizantes), umdos principais causadores doefeito estufa, com ação 50 ve-zes mais forte que a do dióxi-do de carbono.

A patente já foi deferidapelo Instituto Nacional dePropriedade Industrial(INPI). O novo insumo é re-sultado dos experimentos de-senvolvidos pelos pesquisa-dores Alberto Carlos de Cam-pos Bernardi, Paulo RenatoPerdigão de Paiva, Nélio dasGraças de Andrade da MataRezende, Fernando de SouzaBarros e Hélio Salim de Amo-rim, além de Marisa.

O novo insumo é um dosresultados do projeto Inova-ção Tecnológica no Uso deMinerais Industriais na Agri-cultura (Agromin), desenvol-vido com suporte financeirodo Fundo Setorial Mineral(CT-Mineral) por uma equipeinterinstitucional de pesqui-sadores de Cetem, UFRJ,Embrapa Agropecuária Su-deste, Embrapa Solos, CPRMe Universidade Estadual doNorte Fluminense (Uenf).

(Com MCTI)

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Veranico de janeiro e fevereiro reduziu estimativa de produção da oleaginosa emdois milhões de toneladas. A região Norte do Estado foi a mais prejudicada

Por Sílvio Oricolli

O Paraná deixará de colher doismilhões de toneladas de soja na atualsafra por causa da falta de chuva e docalor intenso do início do ano, o querepresentará prejuízo de R$ 2,11 bi-lhões, considerando a cotação médiaR$ 63,36 da saca de 60 quilos comer-

cializada em março, segundo informa-ções da Secretaria Estadual da Agri-cultura e do Abastecimento (Seab). Omilho da safra de verão perdeu 185mil toneladas, o que comprometeu arenda da atividade em R$ 71,8 mi-lhões, uma vez que a saca de 60 qui-

los foi vendida em média, no mês pas-sado, a R$ 23,29.

Diante da expectativa do encerra-mento da colheita da soja no final des-te mês, o secretário da Agricultura,Norberto Ortigara, confirmou perda de12% no volume da safra da cultura,

SOJA TEM PERDAS DEMAIS DE R$ 2 BILHÕES

28 ABR.2014 Paraná em Foco

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reduzindo o volume para 14,5 mi-lhões de toneladas. “Mesmo assim éuma grande safra”, acrescenta, aolembrar que a estimativa era produ-zir 16,5 milhões de toneladas. Mascom a normalização do clima, o oti-mismo voltou à agricultura parana-ense, que pode compensar parte daperda da safra de verão com a pro-dução de inverno.

“O agricultor paranaense nãodesanima e vai buscar a compensa-ção com as lavouras de inverno”, con-temporizou Ortigara, ao preverque, somadas as lavouras de verão einverno, a produção paranaense de-verá ser de 35,4 milhões de tonela-das. No entanto, esse volume será 3%menor se comparado aos 36,3 mi-lhões de toneladas colhidos na safraanterior.

Prejuízo maior

O chefe de conjuntura do Depar-tamento de Economia Rural (Deral)da Seab, Marcelo Garrido, disse quea perda mais acentuada se soja ocor-reu no Norte do Paraná, com a que-bra de 1,3 milhão de toneladas, o quecorresponde a prejuízo de R$ 1,37bilhão. “A quebra na safra de verãoajudou a puxar um pouco o preço paracima, tendência que deve se manterao considerar que a atual oferta mun-dial de soja está apertada. Mas temospela frente a safra dos Estados Uni-dos, que deve ocupar área maior”,analisa.

O agrônomo Robson Mafioletti,assessor técnico e econômico do Sin-dicato e Organização das Coopera-tivas do Paraná (Ocepar), avalia queo prejuízo causado à soja pelo vera-nico, ocorrido entre 18 de janeiro e10 de fevereiro, pode ser reduzido,ao considerar que “aumento da áreada oleaginosa na safrinha amenizaum pouco a quebra”.

Em sua avaliação, com exceçãoda safra 2005/06, que teve clima emercado desfavoráveis, as demais

Contando o prejuízoO agricultor Adão de Pauli, que plantou soja em 350 hectares da Fazenda Guaritá,

em Paiquerê, distrito de Londrina, no Norte do Paraná, antes do veranico do início

do ano esperava que a lavoura lhe desse bons lucros. Afinal, o mercado estava

favorável e tudo indicava que a produtividade média de 58 sacas (3,48 toneladas)

por hectare seria mantida ou mesmo superada. “Investi muito na lavoura para essa

safra”, comenta.

Se tudo desse certo, Pauli tiraria limpo por hectare o equivalente a 30 sacas de

soja, considerando o custo total de 28 sacas por igual área. Mas a estiagem

causou estrago danado na Guaritá: reduziu a produção para 38 sacas (2,28

toneladas). O prejuízo por hectare, portanto, foi de 20 sacas, ou seja, R$ 1,26 mil,

que, multiplicados pela área da propriedade, totaliza R$ 441 mil.

Apesar do mercado firme no momento, na avaliação do agricultor, a tendência é

de redução do preço. Não acredita, porém, que fique abaixo de R$ 55 a saca de

60 quilos. “A seca, que afetou boa parte das lavouras do Norte do Paraná, até

ajudou a manter o preço, mesmo porque os estoques mundiais de soja estão

baixo. Isso alivia um pouco a situação”, analisa.

Pauli, que está na atividade há cerca de 30 anos, disse que vendeu 30% da soja

para entrega futura na média de R$ 62 a saca. “Foi minha sorte. O jeito, agora, é

negociar os contratos para fazer dinheiro e pagar o financiamento”, adianta.

Pauli: “Investi muito na lavoura para essa safra”

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Or tigara:“Mesmo assimé uma grande

safra”

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30 ABR.2014 Paraná em Foco

AGRICULTURA

Otimismo com a safrinhaSegundo o Departamento de Economia Rural (Deral), com a normalização das chuvas do período, as lavouras de soja,milho e feijão da segunda safra, se desenvolviam bem até o final de março.A estimativa de produção do milho é de 10 milhões de toneladas, enquanto o feijão da segunda safra pode render 490,3mil toneladas. A soja foi implantada em 111.868 hectares. A colheita esperada é de 211 mil toneladas.

Mafioletti: “O aumentoda área da oleaginosana safrinha amenizaum pouco o prejuízo”

sempre foram boas e com preçoscompensadores. “O produtor, queconsidera a agricultura uma indús-tria a céu aberto, portanto, sujeitaàs variações do tempo, se preveniue fez reserva de capital para supor-tar eventuais baques. Por isso, elecontinua tocando a atividade”,acrescenta Mafioletti.

O assessor da Ocepar, disse queas perdas na soja foram registradas,além do Paraná, no Mato Grosso doSul e São Paulo. Mas, no geral, o danonão foi tão grande, pois a expectati-va atual da safra nacional da oleagi-nosa é de 87 milhões de toneladas,frente aos 91 milhões de toneladas.Inicialmente isso afeta a produçãoagrícola nacional, que deverá se si-tuar em 190,6 milhões de toneladas,enquanto a Companhia Nacional deAbastecimento (Conab) estimava pro-dução de 194 milhões de toneladas.

“Mas havia, entre os mais otimistas,previsão de 200 milhões de tonela-das. Volume que não é difícil de seatingir”, ilustra.

Mercado bom

Mafioletti diz ainda que o preçopraticado pelo mercado, acima dosvalores do ano passado, ajudou a evi-

tar prejuízo maior aos agricultores.Por exemplo, entre a média do mêspassado, de R$ 63,36, frente a deigual período de 2013, de R$ 53,4, oaumento médio por saca de 60 qui-los foi de 18%.

Segundo ele, a expectativa de pre-ço é positiva, apesar da tendência deligeira redução, considerando que aArgentina e o Paraguai tiveram sa-fras cheias e os Estados Unidos vãoampliar a área de soja em 6,5% pas-sando de 31,1 milhões para 33,1 mi-lhões de hectares no plantio de maio.

“Isso deve mexer no mercado.Basta ver que, na Bolsa de Chicago,os contratos para maio e julho pa-gam US$ 32 por saca de 60 quilos,ao passo que, para os contratos desetembro/outubro - período da co-lheita da soja norte-americana - ovalor recua para US$ 27 a saca”,enfatizou Mafioletti.

Garrido:“A quebra

na safra deverão ajudou a

puxar umpouco o preço

para cima”

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32 ABR.2014 Paraná em Foco

CULTURA

COM UM PÉ NA

Nilson Monteiro:“Recebi a indicação commuita alegria e gratidão”

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Paraná em Foco ABR.2014 33

IMORTALIDADEO jornalista e escritor Nilson Monteiro

é indicado para a cadeira 27 daAcademia Paranaense de Letras

Por Lucian Haro

Desde o ventreO contato com a linguagem faz parteda vida de Nilson Monteiro “desde oventre da mãe”, como ele mesmo diz.Ainda pequeno e recém-alfabetizado,com sete ou oito anos, lembra queescrevia cartas para a mãe contando arotina, dele e dos irmãos, na casa dosavós. Um pouco mais velho e jáfrequentando o ginásio, o jornalistalembra de ter verdadeira paixão pelasaulas de Língua Portuguesa. “Tirarnota 10 nas aulas de Português eramoleza. Agora, nas aulas deMatemática eu custei para atingirmédias tão altas”, recordou.

Com o passar do tempo, a relaçãoamorosa entre Nilson e a escrita foi seentrelaçando cada vez mais. Hoje,portanto, algumas décadas mais tardee nove títulos publicados, elecomemora o sucesso da mais recenteobra, “Mugido de Trem”. O livro – seuromance de estreia - reúne 57histórias e é definido por ele comosendo “raios x feitos da alma emconflito entre a vida no campo e a vidana cidade grande”. Na noite delançamento, foram vendidos 257exemplares.

Ainda quanto à possibilidade deingressar na Academia Paranaense deLetras, Nilson ressaltou que aindicação tem motivado uma série demoções gratificantes. Entre elas, as daAssembleia Legislativa do Paraná(Alep), da Câmara de Vereadores deCuritiba, da Associação Paranaense deImprensa, Associação Comercial eIndustrial de Londrina (Acil) e daAssociação Comercial do Paraná(ACP).

Nascido em Presidente Bernardes (SP), mas londrinense de cora-ção, Nilson Monteiro é o tipo de escritor que, literalmente, não ficasem palavras. Jornalista há 43 anos, desenvolveu uma atmosfera pró-pria de criação, onde transita pelo relato “nu e cru” dos fatos (naturaldo jornalismo) e pela narrativa fictícia literária como ninguém. Porconta disso, coleciona leitores e admiradores não apenas nesses doiscampos de escrita, mas nos diversos gêneros que os compõem: seja noconto, na reportagem, na crônica, no romance e, claro, na poesia.

Atualmente, o representante do Norte do Estado atingiu a maturi-dade em sua carreira como autor, embora se considere um eterno apren-diz da arte de escrever. Nilson foi indicado, recentemente, a ocuparuma das cadeiras da Academia Paranaense de Letras (APL), o panteãodos escritores paranaenses. “Recebi a indicação com muita alegria egratidão”, disse, ao comentar a chance de tornar-se um “imortal”. “Casoseja admitido, espero corresponder às expectativas dos que me indi-caram”, afirmou.

Além de ter um currículo sólido como escritor, outro critério paraconcorrer a uma das vagas da APL é receber o aval de pelo menosquatro acadêmicos da entidade. A sugestão do nome de Nilson veio,

LIVROS:Simples (poesia)Curitiba vista por um pé vermelho (crônicas)Ferroeste, um novo rumo para o Paraná (reportagem)Itaipu, a luz (reportagem)Pequena casa de jornal (crônica)Madeira de Lei, uma crônica da vida e obrade Miguel Zattar (biografia)Sebrae: 40 anos ajudando a transformar vidas (institucional)Pedaços de muita vida - A história dos 122 anos daAssociação Comercial do Paraná (história)Mugido de trem (romance)

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34 ABR.2014 Paraná em Foco

Os acadêmicos:1. Dante Mendonça2. Ernani Lopes Buchmann3. René Ariel Dotti4. Eduardo Rocha Virmond5. Paulo Venturelli6. Oriovisto Guimarães7. Ney José de Freitas8. Rafael Valdomiro Greca de Macedo9. Ário Taborda Dergint de Rawicz10. Flora Munhoz da Rocha11. João Manuel Simões12. Ernani Costa Straube13. Rui Cavallin Pinto

CULTURA

justamente, do também escritor Dan-te Mendonça, que ocupa a cadeira nú-mero um. “A Academia precisa con-tar com a presença de um pé verme-lho (como é chamado quem nasce nointerior do Estado). Nilson tem seusméritos como escritor e é, sem dúvi-da, uma grande referência da litera-tura paranaense. Vai acrescentarmuito à Academia e oxigenar o nos-so trabalho”, afirmou Mendonça.

Já para Ernani Buchmann, outroimortal, são grandes as chances deNilson entrar para o seleto grupo dosletrados. “A obra de Nilson é incon-testável. Não tem quem não aprecie.Ele tem um texto límpido, apurado,coeso, e ainda é um excelente poeta”,disse. “Além do mais, é a única pes-soa que eu conheço que é cidadãohonorário de duas cidades (Curitiba eLondrina), sem nem ter nascido noEstado. A contribuição dele para aAPL será fundamental”, completou.

Conclave

Após a indicação ser protocolada,os acadêmicos da APL – atualmente

são 38 - votam para escolher o novocolega de bancada. Nilson foi indica-do a ocupar a cadeira de Noel Nasci-mento, ensaísta, poeta e romancista,

que morreu em junho do ano passa-do, aos 87 anos, vítima de complica-ções no pós-operatório de uma cirur-gia no úmero.

Representatividade culturalA Academia Paranaense de Letras foi fundada em Curitiba, em 26 de setembro de 1936, sucedendo a antiga Academia deLetras do Paraná, criada em 1922 e dissolvida por motivos políticos. A recriação de uma entidade representativa da cultura doEstado deu-se por estímulo e influência da Academia Carioca de Letras e da Federação das Academias de Letras do Brasil.Da extinta Academia de Letras, alinharam-se na promoção da nova instituição figuras importantes, como Dom Alberto JoséGonçalves, João Cândido, Sebastião Paraná, Dario Velozzo, Santa Rita, Leônidas Loyola, Pamphilo d’Assupção, Silveira Neto,Tasso da Silveira, Andrade Muricy, Leôncio Correia, Lacerda Pinto, Azevedo Macedo e Romario Martins. As cadeiras restantesforam ocupadas por outros intelectuais, totalizando quarenta.

14. Guido Viaro15. Adélia Maria Woellner16. Paulo Sérgio da Graça Torres Pereira17. Clemente Ivo Juliatto18. Laurentino Gomes19. Carlos Alberto Sanches20. Luiz Geraldo Mazza21. Albino de Brito Freire22. João José Bigarella23. Jeorling Cordeiro Cleve24. Chloris Casagrande Justen25. Paulo Vítola26. Léo de Almeida Neves27. Vaga (Cadeira que Nilson concorre)

28. Vaga29. Darci Piana30. Adherbal Fortes de Sá Jr.31. Lauro Grein Filho32. José Wanderlei Resende33. Roberto Muggiati34. Antônio Celso Mendes35. Ricardo Pasquini36. Apollo Taborda França37. Clotilde de Lourdes Branco

Germiniani38. Maria José Justino39. Cecília Vieira Helm40. Valério Hoerner Júnior

Dante Mendonça: “A Academia precisa contarcom a presença de um pé vermelho para

representar o Nor te do Paraná”

Ernani Buchmann: “A contribuição dele para aAPL será fundamental”

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36 ABR.2014 Paraná em Foco

CULTURA

UM ANO E 55 MIL No dia 28 de março, o projeto

Tubotecas completou um ano defuncionamento, contabilizando 55mil livros recebidos de empresas,instituições, escritores locais e dacomunidade em geral. Do total, 40mil exemplares foram colocados nasdez Tubotecas disponíveis para osusuários do transporte coletivo deCuritiba e os demais foram destina-dos para as Casas da Leitura e bi-bliotecas especializadas da Funda-ção Cultural de Curitiba (FCC), as-sociações de moradores, presídios,hospitais, bibliotecas comunitáriase rurais.

Segundo o presidente da FCC,Marcos Cordiolli, o projeto surgiucom o objetivo de mobilizar empre-sas e sociedade para que promoves-

sem o incentivo à leitura por meio dadoação de livros. “É muito satisfató-rio ver como os cidadãos e empresasde Curitiba abraçaram o projeto. AsTubotecas são um orgulho, pois vãoalém de cumprir seu objetivo de am-pliar a convivência das pessoas comlivros. Empresas e pessoas estão setornando agentes de leitura”, come-mora.

Entre algumas das empresas einstituições doadoras estão a ItaipuBinacional, Gazeta do Povo, Volvo,Rádio Lumen FM, Imobiliária Gonza-ga, Legião da Fraternidade, Editorada UFPR, Fundação de Ação Social,Operadora Oi, Universidade Tuiuti,Sebo Osório, Shopping Mueller, Sin-dicato da Indústria da Panificação eConfeitaria do Paraná.

Doações e devolução

Além de continuar estimulando adoação de livros, a segunda fase doprojeto desenvolvido pela FCC, emparceria com a Urbanização de Curi-tiba (Urbs) e o Instituto de Pesquisae Planejamento Urbano de Curitiba(IPPUC), vai reforçar o pedido dedevolução dos livros. Segundo a co-ordenadora de Literatura da FCC,Marianne Torres, as Tubotecas de-vem ganhar em breve caixas de de-volução. “Com as caixas poderemosmensurar o volume de devolução eaté o tempo médio que cada livro levapara ser lido”, afirma.

Como doar

As doações de livros podem serfeitas em qualquer equipamento

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Paraná em Foco ABR.2014 37

LIVROSDo total de volumes recebidos,projeto disponibilizou 40 milexemplares nas dez Tubotecas

Da Redação

ENDEREÇOS DAS TUBOTECAS

Estações Praça Rui Barbosa: 4 unidadesLinha Expressa Pinheirinho – Rui Barbosa

Linha Expressa Pinhais – Rui BarbosaLinha Expressa Centenário – Campo Comprido

Estação Central: 2 unidadesRua Presidente Faria (em frente ao Correio)Linha Expressa Santa Cândida – Capão Raso

Estação Praça Carlos Gomes: 1 unidadeLinha Expressa Boqueirão

Ligeirão Boqueirão

Estação Carlos Gomes: 1 unidadeRua Lourenço Pinto (em frente ao Hospital Paciornik)

Ligeirão Pinheirinho – Carlos Gomes

Estação Marechal: 2 unidadesLinha Verde

mantido pela Fundação Cultural, nasCasas da Leitura, na sede da Funda-ção (Rua Engenheiros Rebouças,1.732 – Rebouças), no IPPUC (RuaBom Jesus, 669 – Juvevê) e na sededa Prefeitura (Avenida Cândido deAbreu, 817 – Centro Cívico).

As publicações passarão por umatriagem antes de serem levadas paraas Tubotecas. Aceitam-se livros de li-teratura, contos, crônicas, romances,poesia, história em quadrinhos e in-fanto-juvenil. Não serão aceitos livroscom teor ofensivo, discriminatório epornográfico.

(Com FCC)

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Grandes doadores, interessados em doar acima de 1.000 volumes,precisarão se adequar a Edital de Chamamento Público lançado

no dia 1º de abril de 2013, que está disponível no sitewww.fundacaoculturaldecuritiba.com.br

Cordiolli:“Empresas e

pessoas estão setornando agentes

de leitura”

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38 ABR.2014 Paraná em Foco

CULTURA

REENCANTAR

É PRECISOHamilton Faria revisita Curitiba emmaio para distribuir “miniIMENSO”

seu mais recente livro de poemas

Por Sílvio Oricolli

O poeta curitibano Hamilton Fa-ria, que há anos mora em São Paulo,em defesa de sua arte, tem uma teseinteressante: o reencantamento domundo a partir da poesia. Mesmoporque isso está na essência dohomem que, além (ou antes) de“Sapiens” é “Homo Poeticus”, se-gundo sua própria definição. E sus-tenta que “o poeta é o guardião doreencantamento das palavras e domundo”. E nessa vinda à capital pa-ranaense, no mês que vem, preten-de ficar de mãos vazias ao repassarpara mãos alheias o mais recente li-vro de poemas, miniIMENSO, con-cebido, escrito e impresso para serdado, com o compromisso de circu-lar entre os leitores. Sem autógrafo,pois a ideia é que o os versos tatu-em emoções, saberes, em forma dededicatória, na alma dos leitores.

E quando se obtém a dedicatóriado autor nas primeiras páginas do li-vro, muitos sentem-se dono da obra,afinal ela foi “dedicada” àquele lei-tor, que inclusive comprou o livro,que, muitas vezes, tem como destinonão a leitura, provocar catarse, em-patia, mas engordar as prateleiras de

bibliotecas particulares. O contrades-tino da literatura.

“É uma pobreza, uma misériapara a poesia se destinar a uma pra-teleira de livraria ou biblioteca. Li-vro precisa circular. O poeta precisapertencer ao mundo e estar em to-dos os lugares. Tenho feito lançamen-to na rua, na praça, entre jovens dosbairros, em sarau de produtores cul-turais, entre crianças. Dou livros paramotorista de táxi, porteiro, manobris-ta, sambista, colega de academia deginástica. Até para desafetos – aliás,este é um desafio do Potlatch: dar li-vros a quem não gosta de você ou quejá teve alguma rusga, algum ruído narelação”, sustenta o poeta.

Moda?

Será que a proposta “Potlatch”pega? Outros autores vão aderir?Esta questão parece não preocuparHamilton, que foi se inspirar nos ín-dios norte-americanos do final doséculo XIX. Aliás, Potlatch foi pinça-da dos nativos do Norte.

“Não tenho certeza se os autoresvão aderir à proposta. E isso não éminha intenção. O que me entusias-

ma é a ideia de doar livros em Potla-tch, palavra que vem dos indígenasnorte-americanos que realizavamcerimônias para dar o que até lhesfaltavam e não o que tinham em ex-cesso. Achei isso emocionante. Na-quela época isso foi criticado pormissionários e governos, porque vi-nha na lógica contrária da acumu-lação capitalista. Ora, sociedade in-dustrial, o consumo se expandindoe os indígenas querem queimar ri-queza? Foi proibido. Só reabertopor intervenção de antropólogos emmeados do século XX. Era uma eco-nomia da dádiva que se fortalecianos seus aspectos simbólicos e afe-tivos, contra toda a mercantilizaçãoda vida. Não é maravilhoso dar li-vros de poemas num momento denormose e mercantilização da vida,criar circuitos de reencantamentoatravés da palavra e do livro e nãoda materialidade dos circuitos demercado e das celebridades ocas?”,argumenta.

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Paraná em Foco ABR.2014 39

SERVIÇO:O que: Lançamento/doação de mínimoIMENSO

Quem: Hamilton FariaQuando: 9 de maio – 15h30

Onde: Auditório da Secretaria da Educação(Av. Água Verde, 2.140)

Hamilton Faria:“O poeta precisapertencer aomundo e estar emtodos os lugares”

Parceria e qualidade

Hamilton Faria, que já publicouoito livros e colaborou com 20 anto-logias no Brasil e no exterior e quefoi premiado pela Academia de Artes,Ciências e Letras da França, em2006, não esconde que mínimoIMEN-SO reúne poemas curtos, mas de qua-lidade e que deram muito trabalho,aliás, o que está implícito no própriotítulo.

“Reuni estes poemas em um pe-queno livro (mínimo), com poemasmínimos (três a quatro linhas) co-municando o imenso, trazendo con-sigo um cosmos de sentimentos,pensamentos emotivos, contempla-ções. O livro também busca novassituações poéticas, e trabalha comas palavras e a linguagem, e estáatento a uma unidade do texto, em-bora cada poema valha por si. O li-vro é também uma proposta e trazconsigo um risco – a proposta doPotlatch e não há boa proposta se aliteratura não for compatível –, pois

não se sustenta se o texto não cor-responder àquilo que se propõe”,diz.

O poeta esclarece que a formado livro, cor, papel, a distribuiçãodos textos no silêncio da página, asfotos, tudo foi pensado para com-por com os textos e a proposta e fi-casse um objeto agradável para serdoado. Segundo ele, “a artista e de-signer Marilda Donatelli foi a gran-de autora desta apresentação e RitaJoly me ajudou na organização dospoemas e dialogou com a produ-ção”.

Por fim, promete: “Este é o pri-meiro. Virão outros.”

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40 ABR.2014 Paraná em Foco

CULTURA

ARTE

Flagrantes capturados por criançasna comunidade em quem vivempodem ser vistos no museu

NO MONDA FAVELA

A favela do Jacarezinho foi duran-te muito tempo uma das regiões maisviolentas do Rio de Janeiro, até suapacificação em outubro de 2012. Noentanto, antes disso, 80 meninos emeninas de 8 a 17 anos foram insti-gados a usar a criatividade para mos-trar um novo olhar de dentro da fa-vela. O resultado disso é “O Muro”,exposição interativa que permite en-xergar a comunidade pelos olhos dequem vive nela. Depois de passar peloRio e Belo Horizonte, a mostra apor-ta no Museu Oscar Niemeyer (MON),em Curitiba, onde permanecerá atéo dia 29 de junho.

O Muro é resultado do projeto “EuSou”, que desde 2003 desenvolve umtrabalho de artes plásticas com cri-anças e adolescentes do Jacarezinho.A proposta para montar a instalaçãoera que as crianças fotografassem olugar onde moram para mostrá-lo apessoas que não o conhecem, seguin-do a estética artística à qual foramapresentadas. O objetivo era possi-bilitar aos jovens o reconhecimentode um olhar menos contaminado pelopreconceito e o desprezo pela própriaorigem e o lugar onde vivem.

Antes de empunharem as câme-ras e retratarem o universo de ori-gem, as crianças participaram de ofi-cinas de sensibilização em que foram

Da Redação

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Paraná em Foco ABR.2014 41

estimuladas a passar por um proces-so de transformação do olhar sobreaquele ambiente. Do percusso, comespaços e detalhes inusitados e, àsvezes inóspitos, o que se vê é umaestética tão pessoal quanto extraor-dinária, além da tentativa de trans-por o muro social.

O trabalho resultou em mais de200 fotos, das quais 80 estão expos-tas. São registros de flores, passa-rinhos e árvores que se misturam afotos que mostram “crakeiros” elixo, retratando parte do cotidianodas crianças na comunidade. O re-sultado surpreende e emociona.Através de 80 olhos que expõem aobra produzida pelos jovens fotógra-fos, O Muro pretende conduzir opúblico a uma viagem mais do quevisual.

“Ajudamos as crianças a teremum olhar estético sobre o que já exis-te e a transformar em arte o que elasveem todos os dias. Agora mostramosao asfalto esse novo olhar da comu-nidade, outros ângulos, novas pers-pectivas”, avalia o artista plástico earte-educador Helio Rodrigues, aoacrescentar que “a arte não aceitalimites, é um meio para transformarvidas. Atravessa, transgride, rompeou, até mesmo, absorve os obstácu-los e deles faz ferramenta”.

“O Muro”, do projeto "Eu Sou", idealizado e coordenadopelo escultor e ar te-educador Helio Rodrigues

O trabalho resultou emmais de 200 fotos, das quais80 estão expostas. Sãoregistros de flores,passarinhos e árvores que semisturam a fotos quemostram “crakeiros” e lixo,retratando parte docotidiano das crianças nacomunidade.

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42 ABR.2014 Paraná em Foco

NOBEL DA LITERATURAINFANTO-JUVENIL É BRASILEIRO

Conselho reconhece a importância da Ilustração de Roger Mello, que inova a exploração da

história e cultura do Brasil e permite que as crianças desenvolvam a imaginação

Da Redação

CULTURA

Considerado o evento mais im-portante do segmento no mundo, aFeira Internacional do Livro Infan-til e Juvenil de Bolonha, na Itália, en-tregou ao ilustrador brasileiro Ro-ger Mello o prêmio Hans ChristianAndersen, atribuído pelo ConselhoInternacional sobre Literatura paraos Jovens (IBBY) a autores de litera-tura para a infância e juventude, queé considerado o Nobel da literaturainfanto-juvenil. A premiação foi en-tregue no dia 24 de março, durantea abertura da feira, que se encer-rou no dia 27. Antes de Mello,Lygia Bojunga (1982) e Ana MariaMachado (2000) venceram na cate-goria escritor.

O ilustrador, que já havia sido in-dicado ao mesmo prêmio em 2010,em 2002, recebeu o prêmio suíçoEspace Enfants e foi vencedor do prê-mio Jabuti nas categorias literaturainfanto-juvenil e ilustração com o li-vro Meninos do Mangue, além deoutros prêmios da Fundação Nacio-nal do Livro Infantil e Juvenil. Ele tem49 anos, dos quais 25 anos de carrei-ra na literatura, e já ilustrou cercade uma centena de obras.

Mello alcançou a premiação, se-gundo o júri internacional da IBBY,porque a ilustração dele explora ahistória e a cultura do Brasil, demons-tra a admiração pelos costumes, éinovadora e inclusiva e dá às crian-ças a oportunidade de entrar nas his-tórias pela sua própria imaginação.

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Paraná em Foco ABR.2014 43

Além do premiado, mais de 50artistas brasileiros tiveram trabalhosexpostos no evento, como Ziraldo,Angela Lago, Eva Furnari, Ana Ma-ria Machado, Ruth Rocha e Rui Oli-veira.

A Feira de Bolonha é considera-da a maior e mais importante feirade negócios do setor livreiro infantile juvenil no mundo e o Brasil, o paíshomenageado nesta 50ª edição, es-teve representado por 40 editoras.Segundo o Ministério da Cultura, aexpectativa de retorno, por ser o paíshomenageado na feira, é que os au-tores e escritores brasileiros entremcom ainda mais força no mercado delivros da Europa. Após a homenagemna Feira de Frankfurt em 2013, aseditoras brasileiras estimam fatura-mento de US$ 1,45 milhão nesse ano,entre direitos autorais e obras im-pressas.

A ministra da Cultura, Marta Su-plicy, que esteve na abertura do even-to enfatizou que “é a segunda vez quesomos o país homenageado nesta fei-ra. No ano passado, também fomoshomenageados, pela segunda vez, naFeira do Livro de Frankfurt. Issomostra que a literatura brasileira, talqual nosso País como um todo, des-perta de forma muito significativa ointeresse do mundo”.

Mello, dono de uma carreira brilhantecomo escritor e ilustrador, teve a

importância de seu trabalhoreconhecido em Bolonha

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CRÔNICA

Nilson Monteiro*

INFINITO E FOGOSO,

Para os maldosos de plantão, é fal-sidade. Nunca leram Vinícius de Mo-raes. São toscos. Outros dizem que épromiscuidade. Há controvérsias.

Meu coração não é monogâmico.Suporta uma, umas ou várias paixões.

Em suas andanças pelo país aforajuntou lugares e times às suas artéri-as, como um cigano sempre alvine-gro que reservou algum de seus can-tos para abrigar outros amores. Nãose pense que é leviandade, tara, trai-ção. Nunca. É um coração feito o damãe, sempre cabe mais um.

O Corinthians é meu pecado ori-ginal. Nasci com ele quando comple-tei três anos e meu pai levou-me ao

Pacaembu para vibrar com a festa decampeão do Quarto Centenário. Voumorrer com ele, claro. E absoluta-mente contaminado pelo seu vírus depaixão.

Em Campinas, onde morei porvários anos, manteve-se alvinegro aoadotar a Macaca como a amante, semnunca concorrer, claro, com o amorprimeiro. Vesti a história centenária,o bairro de ex-escravos e as arquiban-cadas da Ponte Preta, onde andei ra-surando alguns passes de figuranteem seu time de moleques, sonhandoencantar plateias. Não deu. Varei-mede emoções em 1970 quando a Pontevoltou à Divisão Especial do Campe-onato Paulista, com uma escalaçãoque mantenho na ponta da língua.Gritei “Ponte” milhares de vezes, masseu nome ficou mortal e naturalmen-te sufocado em 1977, quando o Co-rinthians decretou o fim de 23 anosde jejum e pelo pé santo de Basíliovoltou a ganhar um título. E foi emcima dela, a Macaca, em pleno Mo-rumbi alvinegro, sem lugar nem paramoscas verdes. O pecado originalpulsou maior. O Morumbi teve suanoite de Pacaembu, virou templo co-rintiano. E o encanto da amante nemperto passou do coração tomado pelapaixão primeira.

Em Londrina, de cuja cor roxa melambuzei e tornei-me, de pensamen-tos, palavras e obra, pé vermelho porconvicção, opção e paixão vulcânica,frequentei as arquibancadas vestidode azul clarinho, levado pelo carinho,Londrina Esporte Clube bordado no

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* Nilson Monteiro é jornalista e escritor

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POSTO QUE É CHAMA

lado esquerdo do peito, os ramos decafé escapando das artérias cardía-cas. Moro, a cada santo dia, em ter-ras londrinenses, em qualquer lugardo mundo onde esteja. E me declarotorcedor londrinense em qualquertribunal ou júri. Nunca engoli aqueleceleste desmaiado no uniforme doLEC, não sei por que diabos - eu mes-mo nunca entendi. Mas debulhei-mevárias vezes, uma delas quando otime ficou em terceiro lugar no Cam-peonato Nacional, arregalando osolhos do país, já acostumados à pu-jança da cidade amada, mas incrédu-los quanto ao seu futebol. Gritei Lon-drina milhões de vezes, no EstádioVitorino Gonçalves Dias ou no Está-dio do Café. Gritei “Tubarão” até ar-rebentar as cordas vocais, guelras en-gasgadas, sem concordar com esteapelido afogado para uma cidade quenão tem mar, mas um chão dos maisférteis do mundo. Melhor gritar Lon-drina! Deixar de lado esta birra con-tra a cor azul celeste. Ela continuaem algum canto do coração, apesarde eu achar que o Londrina, o time,deveria se vestir de escarlate, a corgrudenta e magnífica de onde brotouo café. Assim, da cor da cidade.

Enfim, mais um amor, desta vezpara endiabrar o gelo curitibano, meuiglu há décadas. Desta vez, uma pai-xão encarnada, que habita o caldei-rão com seu rubro-negro desafiadorpara os adversários. Intimado pormeus filhos, também de coraçõessubmetidos a amores futebolísticos,e por minha infância na Baixada, as-

sumi também o amor de-moníaco pelo Atlético.Impossível ir a um jogona Arena e não socar opeito com seu grito deguerra. Seria muita in-sensibilidade e traiçãoàquele mar vermelho epreto alucinante, mesmoque este pecado de amorconviva com o outro, o origi-nal, e com os outros, feito pou-so de cigano. Só corações desal-mados passariam pela Baixadasem apaixonar-se.

Mutante, sim, como a vida.Carregado de amantes, todasinebriantes, o coração não negaespaço e carinho às paixões poronde passou neste país de chu-teiras e loucuras. Vive gritandoseus nomes escolhidos, poucos,em pulsação nada tênue, como a sepreparar para a entrega ao pecadooriginal. Sim, aquele triângulo de pai-xões convive sem desditas, em inten-sidades mais agudas do que outrasao sabor do tempo e do espaço. Sãotensas, honestas, todas, não se pres-tam a agradar ninguém, a não sermeu visgo pelo futebol e minhas es-colhas. Posso emocionar-me comcada uma delas, embora, repito, o es-tremecimento tenha escalas diferen-tes. Amo, sim, esses pedaços de mim.E não tenho constrangimento, ao tor-cer por esses distintivos distintos, derepetir uma declaração pecaminosa,inflamada e santificada: Corinthians,meu amor!

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FOTOGRAFIA

Nascido no Rio de Janeiro, há 53anos, dos quais 39 dedicados à

fotografia, Wilson Pedrosa é um dosgrandes nomes do fotojornalismo

brasileiro, cobrindo grandes eventose acontecimentos nacionais e

internacionais.

Começou a carreira em 1977, noJornal de Brasília, transferindo-se,

em 1979, para o Correio Brasiliense.Depois, em 1984, foi para o Jornaldo Brasil, como coordenador daSucursal de Brasília; em 1989 foi

contratado pelo jornal Estado de SãoPaulo, também como coordenador e,em 2000, foi para São Paulo como

editor de fotografia do Grupo doEstadão, onde permaneceu até

2013. Atualmente mora em Curitiba.

PARQUE NACIONAL DO XINGU

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POR WILSON PEDROSA

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FOTOGRAFIA

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POR WILSON PEDROSA

SERTÃO NORDESTINO

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50 ABR.2014 Paraná em Foco

ARTIGO

AGRICULTURA DE PRECISÃO COMOFERRAMENTA PARA O PRODUTOR RURAL

As rápidas transformações quea moderna agricultura vem sofren-do nas últimas décadas tornaram-na uma atividade altamente compe-titiva. Com isso, o agronegócio pas-sou a exigir dos produtores ruraisum alto grau de especialização e deprofissionalismo visando aumentara capacidade gerencial das empre-sas rurais.

Associado a isso está a capaci-dade do produtor de coletar dados einformações relativas à suaárea produtiva, com o ob-jetivo de adaptar novastecnologias à sua realida-de. Isso em função dosconstantes riscos a que eleestá exposto e que definemo sucesso da produçãoagrícola.

Dessa forma, é funda-mental ao moderno produ-tor rural ter eficiência naaplicação dos recursos dis-poníveis, como forma deassegurar o sucesso emsua atividade. Assim, a obtenção deinformações sobre os fatores que in-teragem na lavoura e de como sepode maximizar os seus efeitos pa-rece crucial.

A agricultura de precisão surgiucomo um sistema de gerenciamentode informações e que teve seu cres-cimento potencializado a partir deavanços da tecnologia de referencia-mento e posicionamento, como o GPS(do Inglês Global Positioning System)

José Luis da Silva Nunes*

e de tecnologias de sensoriamentoremoto.

Conceitos surgiram a partir doemprego destas técnicas na agricul-tura, como os de aplicação de insu-mos em taxas variáveis e dos Siste-mas de Informação Geográfica (SIG).A consolidação de tais tecnologiascomo ferramentas à disposição doprodutor permitem visualização davariabilidade espacial e temporaldos fatores edafoclimáticos de cada

área agrícola, considerando as pe-culiaridades de cada parte da áreano momento do manejo, ao invés demanejá-la como se a mesma fosseuniforme.

Os problemas encontrados no iní-cio do desenvolvimento do conceitoe das práticas associadas à agricul-tura de precisão, como dificuldade nainterpretação de um volume conside-rável de dados, elevado custo dosequipamentos, adaptação das tecno-

logias às diferentes regiões do globoe de popularização das técnicas en-volvidas no processo, evoluíram parasoluções viáveis, tornando-a uma fer-ramenta real ao alcance dos produ-tores.

Engana-se quem pensa que aagricultura de precisão está relaci-onada apenas no emprego de má-quinas e tecnologias sofisticadas,pois esse princípio de agriculturavai além, constituindo-se em um sis-

tema de ações que levama um manejo mais eficien-te dos fatores de produ-ção, associados às condi-ções de diversidade deuma área agrícola.

Dessa forma, a adoçãode práticas de manejo quelevam em consideração adiversidade de condiçõesedafoclimáticas de umaárea agrícola, pode levar asculturas à possibilidade demaior expressão do poten-cial genético, não somente

em uma parte da lavoura, onde ascondições são mais favoráveis, masem toda a área cultivada.

Por outro lado, as perspectivaspara a agricultura de precisão sãopositivas, com possibilidade de au-mento da precisão na obtenção deresultados, conforme se forem tor-nando mais bem entendidos e ma-peados os fatores que contribuempara a variabilidade nas áreas agrí-colas.

*José Luis da Silva Nunes, doutor em Fitotecnia pela UFRS,é engenheiro agrônomo da Badesul Desenvolvimento

Engana-se quem pensa que aagricultura de precisão está relacionada

apenas no emprego de máquinas etecnologias sofisticadas, pois esse

princípio de agricultura vai além,constituindo-se em um sistema de

ações que levam a um manejo maiseficiente dos fatores de produção,

associados às condições dediversidade de uma área agrícola.

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