Paris - PerSe · Edith Piaf “O amor é o emblema da eternidade; confunde a noção do tempo,...

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Reencontros em Paris A romântica continuação de Um Fantasma em Minha VidaC.S.P. Ribeiro

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Reencontros em

Paris

A romântica continuação de “Um Fantasma em Minha Vida”

C.S.P. Ribeiro

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Arte final por: C. S. P. Ribeiro

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Índice

Algumas Palavras ............................................... 5

Prólogo ............................................... 9

Capítulo 1 ............................................... 18

Capítulo 2 ............................................... 33

Capítulo 3 ............................................... 47

Capítulo 4 ............................................... 59

Capítulo 5 ............................................... 73

Capítulo 6 ............................................... 87

Capítulo 7 ............................................... 100

Capítulo 8 ............................................... 113

Capítulo 9 ............................................... 129

Capítulo 10 ............................................... 141

Capítulo 11 ............................................... 154

Capítulo 12 ............................................... 168

Capítulo 13 ............................................... 183

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Capítulo 14 ............................................... 197

Capítulo 15 ............................................... 210

Capítulo 16 ............................................... 223

Capítulo 17 ............................................... 236

Capítulo 18 ............................................... 249

Capítulo 19 ............................................... 264

Capítulo 20 ............................................... 276

Capítulo 21 ............................................... 289

Sobre a Autora ............................................... 304

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Algumas palavras...

Mal acabei de escrever “Um Fantasma em Minha Vida” e os

primeiros rascunhos de “Reencontros em Paris” já haviam sido rabiscados

embalados pela promessa que Hugues fizera a Tara que a acharia, amaria e

protegeria, não interessava quem fosse ou onde estivesse.

Como a história do amor impossível entre um fantasma de 1092 e uma

restauradora do Século XXI foi ambientada em Poitou-Charentes, famosa por

seus castelos, vinhos e queijos, eu optei por Paris para dar continuidade ao enredo;

quer lugar mais romântico que a Cidade Luz? Mais icônico que seus músicos de

rua?

“Reencontros em Paris” foi embalado por doces e melódicas notas de um

cello, presença marcante em uma trama recheada de pequenas pitadas de humor,

muito amor e algum drama; foi uma delícia de escrever e sinceramente espero que

possa apreciá-lo tanto quanto eu apreciei.

Meus mais sinceros agradecimentos à Daniele Fátima, Trych Kyra e ao

meu inseparável parceiro e marido por todo o apoio.

Enfim, deixe-se levar pelos encantos de Paris, percorra comigo as ruas a

margem do Sena e arredores; sinta a magia, este é o meu convite.

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“L'amour est l'emblème de l'éternité; il confond toute la notion de temps,

efface toute la mémoire d'un commencement,

toute la crainte d'une extrémité "

Edith Piaf

“O amor é o emblema da eternidade;

confunde a noção do tempo,

apaga toda a memória de um começo,

todo o medo de um fim.”

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Prólogo

Paris, França, 23 Anos depois... Eve desceu correndo as escadas do metrô pelo acesso do

Palais-Royal, Musée du Louvre sabendo que acabaria se atrasando

para a aula. Passou por um violoncelista, sua correria foi brindada

pelos acordes do Prelúdio da Suite Nº 1 em G para Cello de Bach; por

um breve instante ela se deteve, girou o corpo e o olhou.

Jean Luc manteve o ar ausente até sentir-se emergir da

melodia para o mundo real, abriu seus olhos e a viu parada bem à sua

frente; sorriu. Ela era linda, pequena, longos cabelos encaracolados e

ruivos, grandes olhos azuis, pequenas sardas sobre uma pele cor de

leite. Inclinou à cabeça, seu sorriso se ampliou ao notar sua reação à

música, para depois notar que depositara alguns trocados na caixa

aberta do cello.

Algo nele a fez corar, seus olhos baixaram daqueles olhos

azuis quase turquesas contrastantes com cabelos negros e barba

cerrada; lembrou-se do atraso, jogou algumas notas na caixa do

instrumento e foi então que algo errado aconteceu: Sua mochila foi

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puxada com violência a fazendo girar, desequilibrar-se e cair. O

músico passou por ela como um raio ainda segurando o cello e partiu

no encalço do assaltante.

Jean Luc acelerou um pouco mais quase o alcançando quando

notou que o desgraçado pularia a roleta de acesso à plataforma e não

chegaria a tempo de agarrá-lo, a não ser que... Esticou o cello pelo

braço do instrumento e bateu com toda a força e raiva acumuladas. O

som da madeira quebrando o enfureceu de vez, o assaltante ainda

tonto com a pancada, voltou-se contra ele e os dois acabaram no

chão. Quando a polícia apareceu e o retirou de cima do contraventor,

limpou a boca suja de sangue iniciando a busca pelas partes quebradas

do instrumento espalhadas ao redor.

Eve viu horrorizada, o momento que os dois foram ao chão,

encontrou um policial, explicou o ocorrido e todos foram parar na

delegacia.

Ele prestou depoimento, jurou que trataria dos ferimentos e

foi dispensado. Ao sair a encontrou esperando ansiosa.

“Não poderia ir embora sem agradecer ao meu defensor.”

Observou o corte feio na boca e o inchaço acima do olho esquerdo,

contudo o que mais a incomodou, foram as partes quebradas do cello

que ele ainda segurava. “Sou Eve MacKay.” Estendeu a mão.

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“Jean Luc Dieudonnée.” Beijou-lhe a mão macia com uma

careta de dor.

“Precisa cuidar desses ferimentos.”

“É eu sei... Mais tarde talvez.” Bateu os ombros.

Ela não conseguia desviar a atenção dele, a sensação que a

invadira era que o conhecia, só não conseguia lembrar-se de onde.

“Vem comigo?” Esticou a mão em sua direção.

“O quê?!” Girou a cabeça com uma careta.

“Vem comigo.” O puxou pela mão.

“Para onde?!” Gemeu.

“Tratar desses ferimentos.”

“Eu já disse que irei tratar.” A impediu de ir adiante.

“Agora!” Deu um puxão tão violento, que o desequilibrou.

Ele arregalou um olho, o outro já quase fechara e abriu a boca

com cuidado.

“Você é sempre mandona desse jeito?!” Riu e gemeu de dor,

suas costelas o estavam matando.

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Ela ignorou a reclamação totalmente. Conseguiu um táxi, o

empurrou para dentro e voltou para seu apartamento. Abriu a porta,

voltou a empurrá-lo, o fez sentar-se, saiu e voltou com sua caixa de

primeiros socorros e um copo de água. Entregou um comprimido e o

copo.

“O que é isso?”

“Analgésico, engula!”

Jean a encarou sério engolindo o remédio em dois goles

ligeiros.

“Sempre carrega desconhecidos para seu apartamento?”

“Só o cavalheiro de armadura de ouro que me salva do

perigo.” Ironizou derramando álcool no algodão. “Vai arder um

pouquinho.” Riu ao vê-lo se encolher no sofá como uma criança

acuada.

“Isso arde muito, merde!”

“Eu dou um beijinho para sarar depois...”

Ele a encarou mais uma vez.

“Eu a conheço de algum lugar?” Franziu o cenho com uma

careta, esforçando-se para se afastar da ameaça ardida.

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“Engraçado perguntar, porque estava pensando a mesma

coisa minutos atrás.”

“Olha, eu tenho que ir...” Tentou levantar-se e foi empurrado.

“Não vai a lugar algum antes que eu acabe de limpar essa

zona em seu rosto e eu não acabei.” Esfregou o algodão mais uma vez

no corte acima do olho. “Ficará quietinho?”

“Oui, 1mon chou...” Sorriu levando a mão ao corte da boca.

“Me chamou de meu repolho?!” Riu.

“Não me parece um repolho... Está mais para um anjo.”

Retrucou em voz rouca, afastando uma mecha de cabelo para trás da

pequena orelha sardenta, quase rindo ao notar as pequenas pintinhas

espalhadas como delicados brincos.

“Jean Luc?”

“Oui?” Seus dedos passeavam indolentes pelo rosto sardento.

“Sinto muito por seu cello.” Se aproximou um pouco mais

para colocar o curativo.

1 Tratamento carinhoso como “meu doce”, apesar de chou também ser

repolho em francês, daí a confusão.

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“Tudo bem... Eu me arranjo no conservatório.” Respondeu

num fio de voz.

“Aceita um café, chá?”

“Adoraria um café.”

“Já volto.” Correu para a cozinha.

Jean Luc olhou ao redor, o apartamento era agradável, a

maioria dos móveis em suaves cores pastéis acompanhados por

almofadas bordadas, na verdade era incrível, uma cobertura ao lado da

Torre Eiffel, tão diferente do seu esconderijo de um só cômodo num

sótão, a uns bons quilômetros dali, mas com vista privilegiada da

Torre ao longe. Seus olhos pesaram, sentia-se tão cansado pela rotina

de trabalho, conservatório, metrô, mas para ele não havia outra

escapatória; apesar da bolsa do conservatório lhe proporcionar certo

alívio, ainda precisava de dinheiro para o aluguel e despesas em geral.

Bom, agora havia uma despesa extra e das pesadas: Com o cello

quebrado, precisaria arrumar outro o quanto antes se quisesse manter

os estudos. O problema é que no momento não dispunha de

condições para comprar um novo, quanto mais um usado. Sem cello

sem aulas, sem aulas adeus bolsa, sem bolsa sua vida estaria

literalmente arruinada e começou a se questionar a razão de ter

cometido o desatino que cometeu. Ainda pairava certa confusão em

sua mente, o motivo de ter usado o cello como arma lhe pareceu tão

natural no momento que sequer titubeou, agora já não estava tão certo

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se tomara a decisão correta, ainda mais por alguém a quem nunca vira

anteriormente. Maldita hora que decidira tocar nas galerias do metrô

perto do Louvre, nunca tivera um só acidente nestes anos de

apresentação em rua até aquele fim de tarde, fora pensando que o

ponto turístico lhe traria um rendimento maior e afundou num caos.

Ele estava com tanta dor, sentia-se tão cansado que nem sentiu

quando seus olhos fecharam.

Eve sorriu na cozinha, perdera o horário das aulas, porém a

sensação de que encontrara algo que procurava há tanto tempo não

desgrudava de seu pé. Ao voltar à sala munida de uma bandeja com

sanduíches e café, deparou-se com seu salvador dormindo sono solto

no sofá. Foi até o quarto, trouxe um travesseiro e um cobertor;

delicadamente o fez deitar-se, cobriu-o, depois se sentou na cadeira

oposta.

“Quem é você, meu cavalheiro de armadura dourada?”

Sussurrou. “Por que continuo com a sensação de que nosso encontro

não foi ao acaso?”

***

Seu celular tocou no horário de sempre e num rompante de

rebeldia, Jean Luc o desligou voltando a dormir com o aparelho na