Parte escrita - Marvin

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Indy Taiuan Reis OFICINA DE TEXTO

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IndyTaiuan Reis

OFICINA DE TEXTO

Feira de Santana,

2009

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IndyTaiuan Reis

OFICINA DE TEXTO

Trabalho apresentado pelo 1° semestre do curso de Publicidade e Propaganda à disciplina Oficina de Texto, ministrada pela orientadora Stela Bião.

Feira de Santana,

2009

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INTRODUÇÃO

O objetivo do trabalho é analisar uma composição proposta pela orientadora, interpretá-

la de forma clara, coerente e criativa. A forma de apresentação pode ser narrada ou

cantada, com o intuito de criar de personagens, cenários, dentre outros.

A composição proposta foi Marvin, traduzida e interpretada pelo grupo Titãs em 1988.

A versão em inglês era intitulada “Patches”, escrita pela dupla R. Dunbar e G.N.

Johnson. A composição narra um drama familiar.

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BIOGRAFIA DO AUTOR:

Com 15 anos de carreira, o Titãs é uma das bandas mais misteriosas do rock

nacional. Apostaram na diversidade, misturando estilos como Punk, Funk, Hard Rock,

Pop, New Wave e MPB, mudaram de imagem e intenções diversas vezes, e

conseguiram realizar uma façanha: mantiveram por todos esses anos um público fiel e,

com certeza, causaram muita controvérsia, pois não pensavam duas vezes antes de fazer

duras críticas a sociedade e incluir palavrões em suas músicas.

Em 1982, com um grande número de integrantes, a banda já causava estranheza

no público, eram nove: Arnaldo Antunes (vocal), Paulo Miklos (vocal, sax, guitarra),

Marcelo Frommer (guitarra), Sérgio Britto (vocal, teclado), Toni Belloto (guitarra),

Branco Mello (vocal), Nando Reis (baixo, vocal), André Jung (bateria) e Ciro Pessoa

(vocal). Essa formação surgia com o nome de “Titãs do Iê-Iê” e a proposta inicial era

fazer apenas uma releitura da Jovem Guarda. Dois anos depois, com a saída de Ciro

Pessoa em 84, lançaram o primeiro disco, auto-intitulado. Sem estilo definido, o único

sucesso do disco foi “Sonífera Ilha”, que chegava a ser cantada de 3 a 4 vezes durante

os shows. A falta de um estilo próprio, de um direcionamento musical definido era

proposital, uma ideologia da banda.

No ano seguinte sairia o segundo disco “Televisão”, produzido por Lulu Santos.

A variedade de estilos continuava, canções pesadas e pops dividiam espaço entre as

gravações. No mesmo ano, a imagem da banda seria marcada pela prisão de Arnaldo

Antunes e Tony Belloto por porte de heroína. Em 1986, com uma produção e

musicalidade de peso, os Titãs chegam ao auge da carreira com o que pode ser

considerado um verdadeiro marco na história do rock: lançam o disco “Cabeça

Dinossauro”, que faz duras críticas a igreja, a polícia, a família e a sociedade. Um

álbum agressivo, contundente e pertinente.

Com a entrada de Charles Gavin no lugar de André Jung, “Cabeça Dinossauro”

seria o disco mais pesado, mais punk de toda a carreira da banda. Pela primeira vez

podia se enxergar ali uma identidade definida, a verdadeira face do grupo.

Músicas como “Policia”, “Porrada”, “Igreja” e “Bichos Escrotos”, que foi censurada,

mostravam toda a agressividade e senso crítico da banda, seria uma revolução no rock

nacional. A banda continuava sem encontrar um caminho certo. Contrariaram todas as

expectativas com o lançamento do próximo disco “Jesus Não Tem Dentes no País dos

Banguelas” que, apesar de conter algumas músicas pesadas.

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Em 1988, gravado durante a apresentação da banda num festival na Suiça, é

lançado “Go Back”, com o objetivo de resgatar canções da fase anterior a “Cabeça

Dinossauro”. Entre elas estavam as faixa “Marvin”, originalmente gravada no primeiro

disco, virou um sucesso avassalador nas rádios no fim de 88 e por todo ano de

89.Totalmente independente, lançaram em 91 o álbum “Tudo Ao Mesmo Tempo

Agora”. Este seria o mais polêmico disco dos Titãs, por trazer incluídos nas letras

palavrões e termos escatológicos, além de um som sujo e pesado.

A banda sofreu duras críticas da mídia e, consequentemente, as músicas tiveram

vida curta nas rádios. Somado a isso, os Titãs levariam um duro golpe com a saída de

Arnaldo Antunes, o nome mais marcante da banda. Apartir daí, a banda entra em uma

grande crise. Os integrantes começaram a se separar e resolvem se dedicar a novos

projetos. Porém, em 1995, novamente eles contrariam as expectativas, mudam de rumo

mais uma vez, lançam o disco “Domingo”, um dos mais pop desde “Televisão”.

No ano de 1997, entram no projeto Acústico e lançam um disco em

comemoração aos 15 anos de carreira, com mais de 1 milhão e meio de cópias vendidas.

No ano de 1998, lançam o disco “Volume II”, uma continuação do Acústico,

mais sucessos antigos que não entraram no primeiro, juntamente com algumas inéditas e

duas covers. Em 1999, mais um disco lançado. Este álbum, porém, não agrada nem

critica e nem fãs antigos. O álbum “As Dez Mais”, é um apanhado de covers de vários

artistas da música brasileira. A banda foi acusada de lançar esse disco apenas como

caça-níqueis e por não terem criatividade para lançarem material inédito.

O ano de 2000 é marcado para as carreiras solos do grupo. Nando Reis é o

primeiro a lançar um trabalho, “Para quando o arco-íris encontrar o pote de ouro”, um

CD romântico. Em novembro de 2000, é a vez de Sérgio Britto atacar, chega com “A

minha cara”, o resultado é um som pop mais suave. Em 2001 os Titãs voltam com mais

uma coletânea de arrasar, a "E-collection. Um cd duplo contendo no primeiro CD

sucessos e no segundo CD raridades, entre elas “Planeta Morto”, “Saber sangrar”,

“Porta principal”.

O ano de 2001 não para por aí. Em 19 de maio, os Titãs tocam pela última vez

com Marcelo Frommer. Em um acidente trágico, no dia 13 de Junho, morre atropelado

o guitarrista Marcelo Frommer.

Os sustos não param por aí. No final de 2002 o baixista Nando Reis deixa os

Titãs alegando dar continuidade ao seu bem sucedido trabalho solo. Agora os Titãs se

resumem em cinco. Em 2003, lançaram o disco “Como estão vocês?”, com a faixa

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“Enquanto houver sol”, que ficou muito conhecida. Em seguida, 2005, lançaram o

segundo um disco ao vivo, gravado pela primeira vez no Brasil, “MTV Ao Vivo”, com

algumas músicas da história da banda.

Comportados, sentados em banquinhos e tocando violões, não lembram nem de

longe aquele bando de malucos que balançavam a cabeça e que criticavam. Com toda

essa diversidade musical, o grupo foi ganhando e perdendo fãs a cada ano e disco

lançado. Mas a imensa maioria continua fiel, talvez esperando que um dia a banda volte

a fazer novas obras-primas como “Cabeça Dinossauro”.

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INTERPRETAÇÃO DA COMPOSIÇÃO

Marvin trata-se de um personagem que simboliza o cotidiano dos jovens pobres dos campos, os quais vivem em famílias desestruturadas. A canção mostra toda a falta de oportunidades aos jovens pobres, os quais assistem a misérias que suas famílias vivem.Na primeira parte, narra as dificuldades enfrentadas pelo pai para proporcionar uma vida digna à família.

Meu pai não tinha educaçãoAinda me lembroEra um grande coraçãoGanhava a vida com muito suorE mesmo assim, não podia ser piorPouco dinheiro prá poder pagarTodas as contasE despesas do lar...Mas Deus quisVê-lo no chãoCom as mãos levantadas pro céuImplorando perdãoChorei!Meu pai disse: “Boa sorte” Com a mão no meu ombroEm seu leito de morteE disse: “Marvin, agora é só vocêE não vai adiantarChorar vai me fazer sofrer"...

Depois da morte do pai, Marvin, teve que assumir algumas responsabilidades (ajudar a mãe a criar os irmãos, trabalhar para ter o que comer).

E três dias depois de morrerMeu pai, eu queria saberMas não botava nem os pés na escolaMamãe lembravaDisso a toda hora...E todo diaAntes do sol sairEu trabalhavaSem me distrair...

Marvin era jovem e tinha todas as vontades de um jovem, queria se divertir. Achava que as dificuldades deveriam ser para os adultos. Ele largou a escola, pois não tinha estimulo nenhum para os estudos. O desespero aumentava.Na segunda parte, é narrado o cotidiano sem o pai e alguns conflitos existenciais de Marvin.

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Às vezes acho que não vai dar péEu queria fugir, mas onde eu estiverEu sei muito bem o que ele quis dizerMeu pai, eu me lembro, não me deixa esquecerEle disse: “Marvin, a vida é prá valerEu fiz o meu melhorE o seu destinoEu sei de cor"...

Por fim, na terceira parte, é narrada a tragédia que se abate sobre a família. Em seqüência, uma forte chuva que arruinou o trabalho esforçado de um ano inteiro, o que permite hipotetizar, que trabalhava com a terra, no campo.

- E então um diaUma forte chuva veioE acabou com o trabalhoDe um ano inteiroE aos treze anosDe idade eu sentiaTodo o peso do mundoEm minhas costasEu queria jogarMas perdi a aposta...

Mais tarde, a morte da mãe, dez anos após a do pai. Marvin faz uma imitação da vida do pai, zelando pelo bem-estar da família e de sua mãe pedindo perdão a Deus pelos roubos cometidos por conta da fome.

Trabalhava feitoUm burro nos camposSó via carne, se roubasse um frangoMeu pai cuidavaDe toda a famíliaSem perceber, segui a mesma trilhaE toda noite minha mãe oravaDeus!Era em nome da fomeQue eu roubavaDez anos passaramCresceram meus irmãosE os anjos levaramMinha mãe pelas mãosChorei!Meu pai disse: “Boa sorte” Com a mão no meu ombroEm seu leito de morteE disse:

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"Marvin, agora é só vocêE não vai adiantarChorar vai me fazer sofrer” “Marvin, a vida é prá valerEu fiz o meu melhorE o seu destino eu sei de cor".

Concluindo, essa composição corresponde a um exemplo da realidade de muitas famílias brasileiras que vivem para trabalhar, por vezes, o crime era inevitável, roubar era a solução para sustentar a família.