A Centralidade Da Politica Democratica: ensaios sobre habermas
Parte III - Resgate da Centralidade do Trabalho
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A centralidade do trabalho na organização da sociedade e os fundamentos da relação
entre a educação e o trabalho
A centralidade do trabalho na organização da sociedade
e os fundamentos da relação entre a educação e o trabalho
Parte III - Resgate da centralidade do trabalho no contexto do capitalismo.
Disciplina: Trabalho, Educação e Desenvolvimento
Societário.
Professora: Maria Aparecida da Silva
Alunos: Sara Rios Bambirra SantosValeria Bolognini F. Machado
Venício José Martins
Mestrado em Educação Tecnológica
Resgate da Centralidade do
trabalho
Principais Teóricos
Georg Lukács
István Mészáros
Ricardo Antunes
Capitalismo contemporâneo
relações de trabalho. Nesse período, ocorreu uma série de reformas
estruturais, que variaram em intensidade, a partir da abertura dos
mercados nacionais e da desregulamentação do mercado de
trabalho interno. É no setor terciário, o mais atingido pela
reestruturação produtiva da última década, que encontramos uma
maior flexibilização dos direitos trabalhistas, com a intensificação das
jornadas de trabalho e novas formas de contratação.
Nova conformação produtiva do capital - forma de sociabilidade que desemprega ou precariza mais de 1 bilhão de pessoas, um terço da força humana mundial que trabalha.
O processo de globalização
econômica, internacionalização dos
capitais e reestruturação produtiva,
teve como principal característica a
flexibilização e a precarização das
Necessidade de proceder correções e aperfeiçoamentos do instrumental analítico
desenvolvido pela tradição marxista.
Diante dessas transformações, de âmbito tecnológico e da gestão da produção, surgiram
novas formas de inserção no mercado de trabalho – trabalho em tempo parcial, emprego temporário,
subcontratação, auto-empresariamento, etc. – e uma diversificação das situações de atividade.
Houve um redimensionamento ético e moral do trabalho, entretanto a
intervenção humana pelo trabalho está longe de desaparecer.
Para uma melhor análise é importante destacar que temos três dimensões da centralidade do trabalho:
I. A centralidade ontológica do trabalho;
II. A centralidade cotidiana do emprego;
III. A centralidade política da classe trabalhadora.
O número de indivíduos vinculados a uma atividade formal não
decresceu - o que se percebeu foi um aumento do trabalho precário e
a intensificação do trabalho.
A centralidade ontológica do trabalho
A categoria trabalho tem centralidade na Ontologia do ser social
TRABALHO
Produtor de valores de uso
Produção e reprodução da vida, via atendimento das necessidades humanas e sociais.
Possibilita o salto ontológico das formas pré-humanas para o ser social.
Elemento mediador introduzido entre a esfera da necessidade e a realização desta - processo de auto-realização humana.
“O trabalho, portanto, pode ser visto como um fenômeno originário, como modelo, protoforma do ser social”
(Lukács)
TRABALHO Conceito de atividade produtiva em Marx
Possibilita demonstrar as conexões entre Teleologia e casualidade
essência natural do homem = atividade industriosa
A teleologia - presente na própria colocação de finalidades;
A causalidade - dada pela materialidade fundante. Ao pensar, idealizar mentalmente o trabalho, o homem, define inicialmente a posição fim - o que quer realizar, onde quer chegar, em seguida concebe os meios que utilizará para objetivar e concretizar sua atividade produtiva.
Crítica a Habermas
Minimização das dimensões abstrata e concreta do trabalho
na formulação marxiana.
Se o trabalho tem predominância nas mediações ontológicas do ser social, e a sociabilidade e a linguagem são mediações secundárias desse complexo fundante do ser social, estando intimamente ligadas a ele, separá-los é produzir uma disjunção analíticas entre estas dimensões.
Perde-se assim a articulação inter-relacional entre teleologia e causalidade, entre objetividade e subjetividade.
Crítica a Gorz e Offe
Ambos confundem a crise do proletariado com uma suposta crise do trabalho
Offe concebe a categoria trabalho em um sentido limitado - o trabalho assalariado
Gorz concebe trabalho estritamente comoemprego, identificando a crise do desemprego como a crise do trabalho.
Entretanto a categoria trabalho não se limita a esfera do trabalho assalariado.
Nenhum dos dois identifica os elos intermediários dos múltiplos fenômenos sociais, em reciprocidade dialética.
A centralidade cotidiana do emprego
Diminuição do operariado manual, fabril, estável
Aumento do novo proletariado, das inúmeras formas de subproletarização ou precarização do trabalho;
Esses elementos demonstram que o capitalismo contemporâneo não caminha no sentido da eliminação da classe trabalhadora, mas da sua complexificação, utilização e intensificação, de maneira diversificada, acentuada e precarizada.
Aumento do trabalho feminino; Expansão dos assalariados médios (setor de serviços); Exclusão dos trabalhadores idosos e jovens; Processo de desemprego estrutural; Expansão do trabalho social combinado.
Assim, seriam causas do refluxo do movimento operário:
• os processo de reestruturação do capital;• o fim do socialismo e perda dos direitos sociais;• a subordinação da esquerda a ordem do capital -
institucionalização e burocratização do movimento sindical.
Para ANTUNES, a crise atual do mundo do trabalho afetou a materialidade e a subjetividade da classe trabalhadora (a sua forma de ser).
A centralidade política da classe trabalhadora
A classe-que-vive-do-trabalho
Noção ampliada da classe trabalhadora:
Chave analítica - Assalariamento e/ou venda da força de trabalho.
Proletariado industrial;Assalariados dos setor de serviços;Proletariado rural;Proletariado precarizado;Subproletariado moderno;Trabalhadores terceirizados;Trabalhadores da economia informal;Trabalhadores desempregados;e outros.
Não fazem parte da classe trabalhadora aqueles que detêm o controle sobre a produção: gestores do capital, altos funcionários, micro-empresários, etc.
Assim, entendemos o TRABALHO como:
precedência estrutural da formação social capitalista. um sistema de relações entre proprietários e não-proprietários que assume a forma de sistema de expropriação de mais-valia.
meio que reafirma a supremacia do homem frente a natureza.
capaz de suscitar no homem novas capacidades e novas necessidades.
Referências Bibliográficas
ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho. Ensaio sobre afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 1999.
BONFIM, Antonio Carlos Ferreira. “A descentralidade do trabalho na versão antropológica habermasiana da autoformação do homem”. Trabalho e Educação, Belo Horizonte, 7: 63-75, jul/dez – 2000.
CHAIU, Marilena. O que é ideologia? Coleção Primeiros Passos, 38.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
GORZ, Andre, Crítica da divisão do trabalho. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
KONDER, Leandro. Marx Vida e Obra. Rio de Janeiro: José Álvaro Editor. 1968.
LUKÁCS, Georg. A reprodução da sociedade como totalidade. Revista Estudos de Sociologia. UNESP. n.1, 1996.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
MÉSZÁROS, István. A teoria da alienação em Marx. São Paulo: Boitempo, 2006.
SOUSA, Marcelo Alves. “A tese da perda de centralidade do trabalho como despolitização do capitalismo contemporâneo”. Enfoques, Rio de Janeiro, jul. 2004. Disponível em <http://www.enfoques.ifcs.ufrj.br/julho2003/04.html> Acesso em 13 Abr 2007.