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PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR NA IMPLEMENTAÇÃO DO PPP.

SÔNIA MARIA FLORENCIO

RESUMO

O P.P.P. consolida-se em um documento que detalha objetivos, diretrizes e ações

do processo educativo a ser desenvolvido na escola, expressando a síntese das

exigências sociais e legais do sistema de ensino e os propósitos e expectativas da

comunidade escolar. Expressa a cultura da escola porque está assentado nas

crenças, valores, significados, modos de pensar e agir das pessoas que o elaboram.

Ao mesmo tempo, é um conjunto de princípios e práticas que reflete e recria essa

cultura, projetando a cultura organizacional que se deseja visando à intervenção e

transformação da realidade. O projeto, portanto, orienta a prática de produzir uma

realidade: conhece-se a realidade presente, reflete-se sobre ela e traçam-se as

coordenadas para a construção de uma nova realidade, propondo-se as formas mais

adequadas de atender necessidades sociais e individuais dos alunos. A participação

da comunidade possibilita à população o conhecimento e a avaliação dos serviços

oferecidos e a intervenção organizada na vida da escola. A participação influi na

democratização da gestão e na melhoria da qualidade de ensino. Todos os

segmentos da comunidade podem compreender melhor o funcionamento da escola,

conhecer com mais profundidade os que nela estudam e trabalham, intensificar seu

envolvimento com ela e, assim, acompanhar melhor a educação ali oferecida.

Vivendo a prática da participação nos órgãos deliberativos do Colégio Estadual João

Paulo II – EFM, de Arapoti - Pr, os pais, os professores e os alunos sentiram-se

responsáveis na tomada de decisões e na construção de uma educação de

qualidade.

Palavras - Chave: Projeto político pedagógico. Participação coletiva. Educação de

qualidade.

INTRODUÇÃO

O projeto político-pedagógico é a própria organização do trabalho

pedagógico da escola. A sua construção parte dos princípios de igualdade,

qualidade, liberdade, gestão democrática e valorização do magistério. ― A escola é

concebida como espaço social marcado pela manifestação de práticas

contraditórias, que apontam para a luta e/ou acomodação de todos os envolvidos na

organização do trabalho pedagógico(VEIGA, 2000)‖.

É necessário decidir, coletivamente, o que se quer reforçar dentro da escola

e como detalhar as finalidades para se atingir a almejada cidadania. Caracterizar de

modo mais preciso possível a estrutura organizacional da escola e os problemas que

afetam o processo ensino-aprendizagem, de modo a favorecer a tomada de

decisões realistas e exequíveis (VEIGA, 2000).

Assim, considerando o contexto, os limites, os recursos disponíveis

(humanos, materiais e financeiros) e a realidade escolar, cada instituição educativa

assume sua marca, tecendo, no coletivo, seu projeto político-pedagógico,

propiciando consequentemente a construção de uma nova forma de organização.

O tempo é um dos elementos constitutivos da organização do trabalho

pedagógico. Para alterar a qualidade do trabalho pedagógico torna-se necessádo

que a escola reformule seu tempo, estabelecendo períodos de estudo e reflexão de

equipes de educadores, fortalecendo a escola como instância de educação

continuada. É preciso tempo para que os educadores aprofundem seu

conhecimento sobre os alunos e sobre o que estão aprendendo. É preciso tempo

para acompanhar e avaliar o projeto político pedagógico em ação. É preciso tempo

para os estudantes se organizarem e criarem seus espaços para além da sala de

aula (VEIGA, 2000).

A avaliação do projeto político-pedagógico, numa visão crítica, parte da

necessidade de se conhecer a realidade escolar, busca explicar e compreender

criticamente as causas da existência de problemas, bem como suas relações, suas

mudanças e se esforça para propor ações alternativas (criação coletiva).

É preciso entender o projeto político-pedagógico da escola como

uma reflexão de seu cotidiano.

A construção do projeto político-pedagógico requer continuidade das ações,

descentralização, democratização do processo de tomada de decisões e instalação

de um processo coletivo de avaliação de cunho emancipatório (VEIGA, 2000).

A reorganização da escola deverá ser buscada de dentro para fora,com o

empenho coletivo na construção de um projeto político-pedagógico e isso implica em

participação, conhecimento, reflexão e compreensão crítica da realidade.

É esse o ponto que justificou a elaboração desse Projeto: proporcionar esse

conhecimento, essa reflexão e compreensão para que todos os envolvidos tivessem

condições de participarem da implementação do P.P.P. do Colégio Estadual João

Paulo II, de Arapoti-PR, conscientes de sua importância na tomada de decisões e na

construção de uma educação de qualidade.

Neste sentido, o presente texto tem como objetivo apresentar os resultados

das intervenções realizadas, cuja intenção foi de promover um trabalho coletivo

entre escola e comunidade, de maneira a definir a identidade da escola como

espaço pedagógico necessário à construção do conhecimento e da cidadania. As

intervenções também objetivaram viabilizar a implementação de um projeto político-

pedagógico globalizado e interdisciplinar, prevendo formas de organização e

funcionamento da escola, incluindo as relações de trabalho no seu interior;

proporcionar um ambiente favorável ao trabalho coletivo entre escola e comunidade

na elaboração da proposta pedagógica e propiciar o planejamento participativo que

aprofunde compromissos, estabelecendo metas claras e que conscientize os

envolvidos a partir de diagnósticos observados na escola.

O projeto político – pedagógico: conceitos e importância

A educação tem como finalidade subsidiar o desenvolvimento do ser

humano, que se configura por definições filosóficas, políticas, pedagógicas e

didáticas. Isso quer dizer que para atuar com avaliação de acompanhamento da

aprendizagem em educação, há necessidade de um projeto que delimite o que se

deseja com a ação e consequentemente oriente na sua consecução.

Hoje, na linguagem mais comum do meio educacional, tal compreensão

significa estabelecer um Projeto Político-Pedagógico que guie a ação no cotidiano

escolar. O termo ―político‖, neste contexto, refere-se às intenções conscientes ao de

propor e realizar uma ação educativa e pedagógica, tendo em vista a formação do

educando como sujeito e como cidadão (LUCKESI, 2011).

Assim, para que se possa trabalhar na busca e construção de resultados

satisfatórios da aprendizagem, necessita-se de clareza quanto às finalidades, quanto

aos resultados que se deseja buscar e quanto a quem eles servem e/ou servirão, o

que, em síntese, significa estabelecer um projeto filosófico-político para essa ação.

Por isso, o Projeto Político-Pedagógico deve ser o plano que dirige todas as

atividades numa escola, sejam elas pedagógicas ou administrativas; ele unifica e

orienta todas as ações aí executadas

Em torno dos anos 1980 do século XX, a expressão ―Projeto Político-

Pedagógico‖ substituiu a expressão ―filosofia da escola‖, mediante a qual se

definiam as finalidades que guiavam a escola. A sua atual configuração incorpora as

delimitações filosóficas, assim como seus mediadores — recursos necessários para

sua efetiva execução e consecução. A nova expressão tem a vantagem de chamar

atenção para a necessidade de definir, de um lado, as finalidades filosóficas da ação

(aspecto filosófico-político) e, de outro, as mediações para realizar essas finalidades

[aspecto pedagógico] (LUCKESI, 2011).

Para construir um projeto político-pedagógico para a prática educativa,

importa compreender e assumir na prática cotidiana que o ser humano, em suas

dimensões individual e coletiva, é um ser inserido no mundo e que, pela ação, o

transcende, tendo em vista satisfazer suas necessidades, ao mesmo tempo que

constitui a si mesmo à medida que age.

Nesse contexto, importa ter presente que os currículos escolares, com tudo

aquilo que os compõe, serão mediadores do processo de desenvolvimento e da

constituição do educando como pessoa e, consequentemente, como cidadão.

Centrar-se na pessoa do educando, servindo-se do currículo como mediador

de sua formação, implica um ideário de construção da sua individualidade

autônoma, o que, em última instância, significa a busca da emancipação humana, a

serviço de si mesmo e do outro. Da vida, afinal de contas (LUCKESI, 2011).

Pedagógica e politicamente, um bom projeto para a escola tem como meta a

formação do sujeito-cidadão, o que significa um projeto escolar a serviço da

formação da pessoa humana em todas as suas dimensões; portanto, um projeto da

emancipação de cada um, em busca e a serviço de si mesmo, mas também em

busca e a serviço do outro (pessoas e meio ambiente), tanto nas experiências mais

simples do cotidiano como nas experiências mais complexas da vida.

Como diz Luckesi (2011, p.47):

O ser humano constitui-se pelas relações consigo mesmo, com o outro, com o mundo e ―com o que é maior do que ele‖. E, nesse processo, há determinações e escolhas. Nascemos num espaço geográfico, numa família, numa cultura e numa sociedade já determinadas por inúmeras variáveis e, nesse contexto, aprendemos a viver nossa vida e, consequentemente, a constituir-nos a partir de pequenas escolhas. Nós nos constituímos numa relação dialética com tudo o que nos cerca, expressando fenomenicamente aquilo que somos, o que nos permite, no nível do entendimento, constituir ―uma visão de mundo‖ que dê significado à ação educativa (ou outra qualquer ação) que desejamos praticar em nosso cotidiano. A filosofia compõe-se dos significados que dão sentido ao nosso viver e à nossa ação, que dão sustentação ao nosso caminhar pela vida.

Em síntese, essa cosmovisão compreende o ser humano como ―um ser de

relações‖, o que significa que a prática educativa precisa estar atenta a essa

realidade. Como oferecer condições educativas para que as crianças, os

adolescentes e os jovens, com os quais se trabalha possam desenvolver-se como

sujeitos (relação consigo mesmo) e como cidadãos (relação com o outro e com o

meio), envolvidos com forças sutis que permeiam sua experiência (o sagrado)?

Um projeto - que se expressa pelo conjunto de desejos estabelecidos (as

metas de uma ação) - implica um investimento consciente e consistente para que os

resultados sejam obtidos. Projeto é um desejo claro, posto à frente. Para que se

torne realidade, exige investimentos pessoais, profissionais e institucionais, sem os

quais não atenderá os desejos definidos.

Na educação, para que um projeto se realize, importa haver investimento

nele, ser executado com qualidade. Não basta praticar quaisquer atos supostamente

educativos. É preciso realizar a prática educativa com qualidade e de maneira

comprometida com o projeto, o que requer dos ocupantes dos poderes constituídos

e dos educadores, nas diversas instâncias — administração, direção, coordenação,

supervisão, ensino... —, muito investimento em sua ação (LUCKESI, 2011).

O projeto politico, que configura nossos sonhos e desejos de emancipação humana por intermédio da escola, necessita de um projeto pedagógico como um dos seus mediadores teóricos, ou seja, de uma proposta pedagógica que traduza nossos anseios filosófico-políticos em compreensões e orientações práticas e executáveis. A expressão ―projeto político-pedagógico‖, hoje utilizada em nossas escolas, denota uma visão filosófico-política mediada por uma abordagem pedagógica (LUCKESI, 2011, p.60).

O Projeto Político-Pedagógico é o plano global da instituição. Pode ser

entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de

Planejamento Participativo, que se aperfeiçoa e se concretiza na caminhada, que

define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar. É um instrumento

teórico-metodológico para a intervenção e mudança da realidade. É um elemento de

organização e integração da atividade prática da instituição neste processo de

transformação (VASCONCELLOS, 2006).

O Projeto Educativo é, claramente, um documento de planificação escolar que poderíamos caracterizar do seguinte modo: de longo prazo quanto à sua duração; integral quanto à sua amplitude, na medida em que abarco todos os aspectos da realidade escolar; flexível e aberto; democrático porque elaborado de forma participada e resultado de consensos. (DIOGO, 1998, p.17).

Tem, portanto, este valor de articulação da prática, de memória do

significado da ação, de elemento de referência para a caminhada. O Projeto Político-

Pedagógico envolve também uma construção coletiva de conhecimento. Construído

participativamente, é uma tentativa, no âmbito da educação, de resgatar o sentido

humano, científico e libertador do planejamento (VASCONCELLOS, 2006).

Segundo Vasconcellos (2006), o Projeto Político-Pedagógico é composto

basicamente de três grandes partes aliadas entre si:

1. Marco Referencial: Expressa o ‗rumo‘, o horizonte, a direção que a

instituição escolheu. É a busca de um posicionamento político e pedagógico. É

constituído de:

a) Marco Situacional: (onde estamos, como vemos a realidade). É o

momento da análise da realidade mais ampla na qual a instituição está

inserida.

b) Marco Filosófico: (para onde queremos ir). É a proposta de sociedade,

pessoa e educação que o grupo assume.

c) Marco Operativo: (que horizonte queremos para nossa ação). É a

proposta dos critérios de ação para os diversos aspectos relevantes da

instituição.

2. Diagnóstico: É a localização das necessidades da instituição. ―O Diagnóstico

é o resultado da comparação entre o que se traçou como ponto de chegada (Marco

Referencial) e a descrição da realidade da instituição como ela se apresenta‖

(GANDIN, 1983, p.29).

3. Programação: é o conjunto de ações concretas assumido pela instituição.

A Programação, dentro de um plano, é uma proposta de ação para diminuir

a distância entre a realidade da instituição que planeja e o que estabelece o Marco

Operativo. Dito de outra forma, é a proposta de ação para sanar (satisfazer) as

necessidades apresentadas pelo Diagnóstico (GANDIN, 1991)

Todos os aspectos apresentados devem ser articulados no processo de

elaboração do PPP da instituição.

O objetivo deste documento é sistematizar e organizar uma prática em

andamento, constituindo-se em material que irá orientar as ações educativas da

instituição e possibilitar uma constante avaliação e reformulação do trabalho.

Ele é elaborado para todos aqueles envolvidos nas ações de educar as

crianças, os adolescentes e os jovens. É tarefa de especialistas, dirigentes,

professores e funcionários, da família, das crianças, adolescentes, jovens e de

outros parceiros da comunidade, trabalhando numa perspectiva democrática e

participativa, possibilitando que todos se sintam responsáveis e comprometidos com

a educação.

É um instrumento de trabalho que espelha a prática cotidiana e os anseios

educativos dos diversos parceiros na educação. Um documento aberto que poderá,

no processo, ser modificado, criticado, superado pela própria dinâmica da realidade.

A Instituição se organizará, criando canais de participação, de formas

diferenciadas para cada segmento envolvido e definindo espaços e tempos para

desenvolver esse trabalho.

A partir das discussões relacionadas à escola, à demanda escolar, à

realidade em que esta está inserida, é possível sistematizar alguns princípios que

devem nortear a elaboração, implementação e avaliação de um PPP:

a) Unidade: construir referências que possam ser utilizadas por todos os

envolvidos nessa ação educativa: professores, coordenadores, dirigentes,

outros profissionais, crianças, adolescentes, jovens, pais e comunidade.

b) Sistematicidade: orientar de forma sistemática o cotidiano da instituição.

c) Consciência: é fator determinante ter consciência do que se faz, para que se

faz e como é feito o trabalho pedagógico.

d) Necessidade: elaborar um documento que possibilite a criação de referências

comuns.

e) Participação e envolvimento: sentirem-se sujeitos da construção do PPP, ao

invés de se colocarem como meros destinatários de outros PPP,

comprometerem-se com aquilo que construíram.

f) Compromisso: comprometer-se com a implementação das questões

registradas, avaliando-as continuamente.

g) Contextualização: uma escola específica, situada numa determinada

realidade, envolvendo crianças, adolescentes, jovens, famílias e profissionais.

h) Consistência: fundamentado nas definições legais, nos conhecimentos

produzidos na área, nas crenças e experiências dos envolvidos.

i) Coerência: as práticas devem traduzir de fato as concepções, os princípios e

as finalidades que orientam o PPP. Tem que haver nexo entre aquilo que se

acredita e o que é feito.

j) Dinamismo/ Provisoriedade: o PPP é sempre provisório, estando sempre em

movimento de construção e reconstrução.

Considerando a articulação de todos esses aspectos, segue-se uma

estrutura possível para a elaboração de um PPP:

• História da Instituição e de sua Proposta Pedagógica - Uma Proposta Pedagógica

possui uma história que precisa ser contada. Ela tem passado, presente e futuro. É

preciso resgatar as experiências acumuladas pela instituição.

• Contexto sociocultural no qual a instituição se insere - Caracterizar a população e

a comunidade atendida, explicitando a realidade sociocultural na qual estão

enraizadas. É necessário conhecer as condições de vida, trabalho, profissão dos

pais, mães e outros familiares, serviços a que têm acesso, costumes e tradições

da comunidade, religiões, músicas, danças e outras formas de lazer.

• Concepções norteadoras do trabalho- refletir e explicitar urna visão de sociedade,

de ser humano, de criança, adolescente e jovem, de desenvolvimento e

aprendizagem, de educação e buscar coerência entre o discurso e as ações vi-

venciadas no cotidiano.

• Finalidades e objetivos- apontar o sentido e a razão de ser da instituição

colocando a criança, o adolescente e o jovem, como centro do processo educativo.

Definir objetivos gerais relativos ao seu desenvolvimento e aprendizagem,

respeitando a integralidade desse processo nas suas dimensões afetivas, cognitivas,

físicas, sociais e culturais.

• Organização e gestão do trabalho: definir - de maneira coerente com o contexto,

com as concepções, com as finalidades e os objetivos explicitados – as formas de

organizar tanto as questões pedagógicas e administrativas mais gerais da instituicão

quanto a prática que os professores desenvolvern com as crianças, adolescentes e

jovens, no trabalho cotidiano de educá-los, estabelecendo uma relação entre o

discurso e a prática. Abrange:

a) o currículo – São as experiências escolares que se desdobram em torno do

conhecimento, em meio a relações sociais, e que contribuem para a construção de

identidades de crianças, adolescentes e jovens, associando-se ao conjunto de

esforços pedagógicos desenvolvidos com intenções educativas.

b) os tempos- Os períodos de atendimento durante o ano civil, os horários de

funcionamento de acordo com o público atendido; a carga horária de trabalho dos

funcionários e a forma de distribuição dessas horas no dia a dia; o período de

adaptação das crianças, adolescentes e jovens, e de suas famílias; o calendário

anual, com atividades coletivas; a organização mensal, semanal, a rotina diária das

atividades, articulada com as atividades coletivas da instituição, ou seja, a dinâmica

do planejamento.

c) espaços, equipamentos e materiais- envolve o prédio construído e usado pela

instituição considerando suas áreas interna e externa e levando em conta a

organização de um ambiente saudável e seguro. Deve-se abordar a organização e

utilização dos materiais e equipamentos disponíveis para a realização do trabalho

pedagógico, bem como a decoração do espaço e a participação da criança, do

adolescente e do jovem nessa organização.

d) as crianças - explicitar e justificar de modo coerente os critérios e as formas de

organização dos grupos de crianças, adolescentes e jovens, bem como as formas

de inserção e acolhimento destes.

e) as metodologias de trabalho- Formas de desenvolver o trabalho de educar no

cotidiano, em relação a procedimentos, posturas, atitudes, estratégias e ações,

possibilitando-lhes a dinamização de currículo.

f) os instrumentos de trabalho do professor- instrumentos que irão viabilizar o

planejar e o avaliar, entre eles, a observação e o registro, fazendo intervenções que

promovam a aprendizagem e o desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens.

Os instrumentos de trabalho devem contribuir para que os professores reflitam,

analisem, revejam e reorganizem sua prática de educar.

g) os profissionais e suas condições de trabalho-Tratar do perfil, da habilitação, das

atribuições, da seleção, das condições de trabalho dos profissionais e de como

esses elementos se articulam, interferindo na qualidade das ações desenvolvidas. É

fundamental que seus direitos sejam garantidos, com condições adequadas de

trabalho que considerem sua valorização e formação continuada.

h) o trabalho com a comunidade e com a família-É necessário que se tenha em

mente que, ao chegar à instituição, as crianças já trazem uma história de vida

construída na família e na comunidade em que estão inseridas. Contudo, fica

evidente que a responsabilidade pela formação das crianças em sua integralidade-

para que elas sejam cidadãs participativas, atuantes, conscientes de seus deveres e

direitos- é de todos os envolvidos no processo educativo, ou seja, da família, da

comunidade, do Estado e das Instituições de Educação. Quanto mais forte a

parceria entre família e instituição, mais positivo e significativo será o resultado a ser

discutido, elaborado e assumido coletivamente, oferece garantia visível e sempre

aperfeiçoável da qualidade esperada no processo educativo e, assim, sinaliza o

processo educativo como construção coletiva dos professores envolvidos.

Ao se constituir como processo, indica e reforça a função precípua da

direção da escola e da equipe diretiva ou coordenadora de cuidar da ―política

educativa‖, do alcance e da globalidade do processo educativo na escola e de liderá-

lo, administrando a consecução dos objetivos.

Ações desenvolvidas na implementação do PPP do Colégio Estadual João

Paulo II, de Arapoti - Paraná

O desafio que representa o projeto pedagógico traz consigo a exigência de

entender e considerar o projeto como processo sempre em construção

(BUSSMANN, 1993).

Não restam dúvidas de que articular, elaborar, construir projeto pedagógico

próprio, implementá-lo e aperfeiçoá-lo constantemente, envolvendo de forma criativa

e prazerosa os vários segmentos constitutivos da comunidade escolar, com suas

respectivas competências, num processo coletivo, é um grande desafio. E o é em

razão da necessidade e das expectativas pela melhoria da qualidade dos serviços

educacionais e dos resultados desses serviços.

A implementação de projeto político-pedagógico próprio é condição para que

se afirme (ou se construa simultaneamente) a identidade da escola, como espaço

pedagógico necessário à construção do conhecimento e da cidadania.

Daí que, ao construir e/ou implementar o projeto político pedagógico, seus

agentes devem ter isso claro, definido, explícito, de modo a assumir essa dinâmica

como móvel fundamental da prática pedagógica (BUSSMANN, 1993).

Considerando o já exposto, pode-se afirmar que ser administrada,

supervisionada, inspecionada não é a razão da existência da escola, mas sim ser o

espaço-tempo da prática pedagógica em que a criança e o jovem relacionam-se

entre si, com professores, ideias, valores, ciência, arte e cultura, livros e

equipamentos, problemas e desafios, concretizando a missão da escola de criar as

oportunidades para que eles se desenvolvam, construam e reconstruam o saber.

É esse o objetivo que justificou a elaboração e a realização desse projeto:

proporcionar esse conhecimento, essa reflexão e compreensão para que todos os

envolvidos tivessem condições de participarem da implementação do P.P.P. do

Colégio Estadual João Paulo II - EFM, de Arapoti-PR, conscientes de sua

importância na tomada de decisões e na construção de uma educação de qualidade.

Na busca de atingir esse objetivo, o trabalho foi elaborado em oito temas, com

a finalidade de subsidiar o Projeto de Intervenção, junto à comunidade escolar e

local:

1. Concepção de Projeto Político-Pedagógico;

2. Planejamento para a construção do Projeto Político-Pedagógico;

3. Metodologia para a construção do Projeto Político-Pedagógico;

4. Dimensões e princípios norteadores do Projeto Político-Pedagógico

(social, política, financeira, administrativa e gestora);

5. Construção do Projeto Político-Pedagógico;

6. Como articular o Projeto Político-Pedagógico com a prática pedagógica;

7. Implementação do Projeto Político-Pedagógico;

8. Estratégias de Avaliação do Projeto Político-Pedagógico.

Para início dos trabalhos, preparou-se uma reunião com direção, equipe

pedagógica, professores e equipe administrativa, para estudo e análise de todos os

temas acima relacionados, para que, com maior conhecimento todos os envolvidos

se sentissem melhor preparados para atuarem junto aos pais e alunos, na

implementação do PPP da escola. Para essa reunião, aproveitou-se o tempo

destinado à Semana Pedagógica do início do ano, quando todos estavam presentes

e com disposição renovada para um novo ano, com novas metas, com novos

recursos pedagógicos e didáticos e novas perspectivas.

Após estudo e análise dos documentos e do PPP elaborou-se um

cronograma para novas reuniões de estudos e de reconstrução do PPP, dessa vez

com a presença dos pais e dos alunos do Colégio Estadual João Paulo II – EFM.

Na primeira quinzena do mês de março, pais e alunos foram convidados para

uma reunião no período noturno, quando se explicou o projeto e sua finalidade. E

assim, com toda a comunidade escolar envolvida, apresentou-se o cronograma de

reuniões necessárias para o desenvolvimento do trabalho. Com a concordância de

todos, ficou assim definido o calendário dos trabalhos para o primeiro semestre de

2013, assim distribuídos: 28/03/13 (quinta-feira); 26/04/13 (sexta-feira);29/05/13

(quarta-feira); 25/06/13 (terça-feira), todas com início marcado para as 19 horas.

Na primeira reunião os pais e alunos presentes foram divididos em 8 (oito)

grupos, cada grupo em uma sala de aula, para estudo dos temas acima propostos,

acompanhados de professores, equipe pedagógica e funcionários. Cada grupo

aprofundou-se em um tema e após análise do assunto, fez uma síntese, que foi

apresentada em seminário, com todos os grupos reunidos. Dessa maneira, os

participantes tomaram conhecimento de todos os temas, de uma forma mais amena

e mais clara, com linguagem compreensível que possibilitou a discussão e o

entendimento.

Na segunda reunião foi analisada, com toda a comunidade escolar, o PPP

da Escola, comparando-o com os temas estudados na reunião anterior e com a

realidade da instituição de ensino. Idéias foram levantadas para serem aproveitadas

na implementação do PPP, bem como novas idéias foram solicitadas para a próxima

reunião.

Já na terceira reunião com a comunidade escolar (pais, alunos, professores,

funcionários e equipes pedagógica e administrativa) colocaram em um quadro, todas

as idéias e sugestões para enriquecimento do PPP do Colégio. Os participantes

analisaram os itens propostos e votaram, escolhendo os que acharam apropriados

para a realidade da demanda da escola. A síntese dos trabalhos foi registrada para

constar na implementação do PPP.

A pesquisa abordada neste estudo aliou dois aspectos ao mesmo tempo.

Por um lado, centrou-se na análise da Proposta Pedagógica enquanto documento e

fonte de análise e, por outro, no entendimento da comunidade escolar acerca da

construção coletiva da proposta.

Para o desenvolvimento da pesquisa e dos estudos foram utilizadas, como

procedimento, a observação direta, a pesquisa bibliográfica e documental.

Além dos procedimentos de pesquisa, foi organizado material didático-

pedagógico para nortear os encaminhamentos e discussões sobre a construção

coletiva da Proposta Pedagógica, durante as intervenções pedagógicas.

Durante o desenvolvimento deste projeto foi organizado o GTR para os

participantes que pretendessem discutir a Proposta Pedagógica, por meio de textos.

Após, foi elaborado um artigo final com o objetivo de socializar os estudos e

resultados obtidos.

Na última reunião a comunidade escolar tomou conhecimento do texto final

do PPP do Colégio, enfatizando que a sua elaboração contou com a participação

dos participantes e que suas idéias foram aprovadas e estavam contempladas na

proposta. Neste sentido, os participantes mantiveram o comprometimento assumido

junto às partes envolvidas no processo ensino e de aprendizagem e na construção

de uma escola pública de qualidade.

Com o trabalho executado dessa forma, todos os participantes aprenderam

que o PPP é um documento vivo, para ser sempre consultado, avaliado e discutido.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O PPP da escola retrata sua identidade. É um trabalho de construção e

reconstrução que tem como objetivo resgatar a escola como espaço público, lugar

de debate e de diálogo, fundado na reflexão coletiva. Por isso, exige a participação

de todos: equipe administrativa, equipe técnico-pedagógica, funcionários, alunos,

responsáveis pelos alunos e membros da comunidade local.

Para seu acompanhamento e avaliação, é preciso estabelecer períodos de

estudo e reflexão de equipes de educadores, fortalecendo a escola como instância

de educação continuada. É preciso tempo para conhecer os alunos; tempo para

avaliar a proposta em ação; tempo para os estudantes se organizarem e criarem

seus espaços. De acordo com Veiga (1995, p.15): ―[...] propiciar situações que

permitam aprender a pensar e a realizar o fazer pedagógico de forma coerente‖.

Para tanto, ―[...] é necessário que a escola reconheça a importância de

todos os seus atores tornarem-se responsáveis pelos serviços educacionais que

presta à comunidade, procurando sempre a melhoria da qualidade de ensino e de

aprendizagem‖ (MEDEL, 2008, p. 46).

Para a implementação do PPP do Colégio Estadual João Paulo II, de

Arapoti – Pr, a comunidade escolar participou de ações para conhecer a escola em

seus vários aspectos: espaço físico, recursos materiais, seus profissionais, alunos, a

prática pedagógica desenvolvida, os registros feitos, a história da escola, da

comunidade da escola, a postura dos pais em relação à escola, sugestões de

integração entre escola e comunidade. Pode refletir: a escola que temos e a escola

que queremos, através de atividades variadas, reuniões, discussões, debates, etc.

Foram estabelecidas as prioridades da escola, planejadas as ações que a

mesma irá executar e definidos os segmentos que irão realizar cada ação.

Estabeleceu-se cronogramas, calendários e horários definidos, visando garantir o

acompanhamento e a avaliação das ações que estão sendo executadas.

A comunidade escolar aprendeu que a escola não pode centrar o seu

trabalho na figura dos gestores, mas deve abrir-se à participação de todos nas

decisões que visam a definição e o alcance das finalidades do PPP.

O PPP é um instrumento de trabalho que espelha a prática cotidiana e os

anseios educativos dos diversos parceiros da educação. Um documento aberto que

poderá, no processo, ser modificado, criticado, superado pela própria dinâmica da

realidade.

REFERÊNCIAS

BUSSMANN, Antonia Carvalho. ―Administração escolar e projeto pedagógico‖. Comunicação realizada no Encontro Regional de Estudos sobre Administração Escolar com Equipes Diretivas de Escolas. Ijuí, ago. 1993.

DIOGO, Fernando. Por um Projeto Educativo de Rede, 2ª Ed. Lisboa: Asa, 1998.

GANDIN, Danilo. A Prática do Planejamento Participativo na Educação. Porto

Alegre: UFRGS, 1991.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem componente do ato pedagógico. 1. Ed.- São Paulo: Cortez, 2011.

MEDEL. Cassia Davena Mulin de Assis. Projeto Político Pedagógico: construção e implementação na escola. Campinas/SP: autores associados, 2008. (Coleção Educação Contemporânea).

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto político-Pedagógico-elementos metodológicos para elaboração e realização. 15ª edição. São Paulo: Libertad Editora, 2006.-(Cadernos Pedagógicos do Libertad;v.1).

VEIGA, Ilma Passos A. ―Escola, Currículo e Ensino‖. In: I.P.A. Veiga e M. Helena Cardoso (Org.) Escola Fundamental: Currículo e Ensino. Campinas: Papirus, 1995.

VEIGA, Ilma Passos A. (Org.) Projeto Político Pedagógico da Escola: uma

construção possível. 10ª edição. Campinas: Papirus, 2000.