Patio Comestivel da Escola

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O Pátio Comestível da Escola A partir da hort a , da cozinha e da mesa, você ap rende empatia – um com o outro e com toda a criação; você ap rende compaixão; você ap rende paciência e autodisciplina. Um currículo que ensina essas lições dá às crianças uma orientação para o futuro – e dá a elas esperança. A L I C E W A T E R S UMAPUBLICAÇÃODOCENTRO PA R AE C OA L FA B E T I Z A Ç Ã O ®

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Transcript of Patio Comestivel da Escola

Page 1: Patio Comestivel da Escola

O Pátio Comestível da EscolaA p a r t i r d a h o r t a , d a c o z i n h a e d a m e s a ,

vo c ê a p re n d e e m p a t i a – u m c o m o ou t ro e c om t od a a c r i a ç ã o ;

vo c ê a p r e n d e c o m p a i x ão ; vo c ê ap r e n d e p a c i ê n c i a

e a u t od i s c i p l i n a . U m c u r r í c u l o q u e e n s i n a e s s a s l i ç õ e s

d á à s c r i a n ç a s u m a o r i e n t a ç ão p a r a o f u t u ro –

e d á a e l a s e s p e r a n ç a .

A L I C E WAT E R S

U M AP U B L I CA Ç Ã OD OC E N T ROPA R AE C OA L FA B E T I Z A Ç Ã O

®

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© 1999

Publicado pela Learning in the Real World®

Centro para Ecoalfabetização2522 San Pablo AvenueBerkeley, Califórnia 94702Para maiores informações sobre esta ou outras publicações:email:[email protected]:510.845.1439

LEARNING IN THE REAL WORLD® é uma marca comercial depublicação do Centro para Ecoalfabetização, uma organizaçãosem fins lucrativos,isenta de impostos,localizada em Berkeley,Califórnia.O Centro para Ecoalfabetização dá suporte a umarede de escolas da Área da Baía e organizações empenhadasem alimentar o entendimento e experiência de crianças sobreo mundo natural,através de subvenções,atividades educa-cionais e um programa de publicações.Criada em 1997,Learning in the Real World publica histórias de comunidadesescolares e o entendimento ecológico ou sistêmico, que infor-ma sobre o trabalho delas.

Crédito das fotografias de capa e contra-capa:© 1998 Tyler, Momentos Brilhantes! Crédito das fotografias:como indicado

Este livro foi impresso em Neenah Env i ro n m e n t , um papel 100%reciclado (30% resíduos pós-consumidor).A impressão foi fo r n e c i-da por Alonzo Env i ronmental Printing of Hay w a rd , CA .

Diretora Editorial:Zenobia BarlowEditora:Margo CrabtreeDesigner: DelRae Roth/Atelier Graphique;Chris BettencourtEditora de Textos:Gisele RequenaCoordenador de Produção:Garrett Chan WaissColaboradores:Fritjof Capra,Leslie Comnes,Esther Cook,David Hawkins,Wes Jackson,Yvette McCullough,and Alice Waters

Gostaríamos de agradecer todo empenho e capacidade daequipe e corpo estudatil da Escola Média Martin Luther KingJr, assim como a nossos pais,família e comunidade.

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O Pátio Comestível da Escola

U M AP U B L I CA Ç Ã OD OC E N T ROPA R AE C OA L FA B E T I Z A Ç Ã O

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5O Pátio Comestível da Escola

Í n d i c e

As Implicações do Projeto do Pátio Comestível da Escola – por Wes JacksonComo educadores, uma das nossas maiores tarefas é expandir a imaginação denossas possibilidades.

Um Mundo de Possibilidades – por Alice WatersO projeto do Pátio Comestível da Escola começou com uma visão para mudara escola de fora para dentro.

A Experiência da Horta – por David HawkinsO objetivo do Pátio Comestível da Escola é criar uma atmosfera de conv i v ê n c i a , re s p e i t opara com cada estudante e dive rtimento com a generosidade da terr a .

Da Cozinha e da Mesa – por Esther CookÀ medida em que eles comem,na sua jornada através das estações,os estu-dantes fortalecem a sua ligação com o mundo natural.

Uma Receita do Pátio Comestível da Escola: Enrolados de AcelgaVermelha

Criar um Clima para a Mudança na EscolaUma conversa com Neil Smith,diretor da Escola Média King Entrevista por Leslie Comnes.

Uma Conversa com EducadoresLeslie Comnes entrevista o pessoal e os professores do projeto do PátioComestível da Escola sobre os tópicos de criar comunidade, integrar o cur-rículo e a mudança da escola.

Desenvolvendo Ecoalfabetização – por Yvette McCulloughA cozinha e a horta dão aos estudantes experiências do mundo real quedemonstram a sua ligação com o mundo natural.

Princípios de EcologiaConceitos ecológicos que são os padrões e processos pelos quais a naturezasustenta a vida.

Criatividade e Liderança em Comunidades de AprendizagemUma reflexão sobre a excelência da liderança e a importância de criar umclima que leve à criatividade.

Uma Receita Testada ao Longo do Tempo – por Zenobia BarlowOs ingredientes essenciais para criar comunidades de aprendizagem em esco-las que alimentam as crianças com experiências e com a compreensão domundo natural.

Sobre o Centro para Ecoalfabetização

Sobre O Pátio Comestível da Escola

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7O Pátio Comestível da Escola

Olivro de Wendell Berry A Descolonização da A m é ri c a de mu i t o s

anos atrás, pode ser o documento mais profético daquela época; o

duplo significado do título ainda não foi consumado. C o n fo rme descolo-

nizamos o interi o r, os jovens mu d a ram para as cidades, com suas mães e pais, c ri a n-

do uma implosão da info rmação de baixo níve l .Como resultado, a linguagem cul-

t u ral do agra rianismo de mudar a arm a zenagem de energia solar, na fo rma de

comida e fi b ra s , do solo até a boca, está em declínio.C o n fo rme nós preenchemos

os espaços com coisas do tipo do Vale do Silicone, com casas e empresas de info r-

mação eletrônica, nós agora sofremos com os perigos espiri t u a i s , que Aldo Leopold

nos adve rtiu há mais de um século atrás: a crença de que alimento vem de um

s u p e rmercado e aquecimento vem de um fo g ã o. Leopold estava falando de fo n t e.

É seguro dizer que nunca na história do Homo Sapiens tenha havido uma

c u l t u ra mais ignorante da sua fonte do que esta da população atual dos

Estados Unidos. Petróleo bara t o, um padrão de ocupação irracional da terra e

uma mobilidade ve rtical surg i ra m ,p a ra l e l a m e n t e, com a idéia, entre muitos de

n ó s , de que nós somos bons demais para produzir comida.

Uma história pessoal – Eu fui criado numa fazenda do Kansas, por uma família

do Kansas que remonta à 1854, no tempo em que o Kansas era um ter-

ri t ó ri o. Quando garoto, eu fui educado na vida agrári a , bastante semelhante a

todos os meus ancestrais do Kansas antes de mim. Naquela faze n d a ,g e ra l-

m e n t e, me diziam para ir pegar uma galinha que seria frita para a refeição do

m e i o - d i a ,a rrancar batatas para serem amassadas e apanhar os tomates e as

c e b o l a s . Um litro de leite, com o creme na parte superi o r, colocado no

p rato de cada um, tinha vindo das nossas próprias vacas, da ordenha do dia

a n t e ri o r. O milho verde fo ra arrancado naquela manhã, antes das sete hora s ,

quando ainda estava fri o, antes que o açúcar virasse uma goma. Pode ser

que nós estivéssemos enfardando o feno de alfafa naquela manhã, a ener-

gia solar captada e a ser arm a zenada no estábulo naquela tarde, e m

p r e p a ração para a alimentação de inve rno seis meses adiante.

As Implicações do Projeto do Pátio C o m e s t í vel da Escola

WES JAC K S O N

Wes Jackson

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Eu não sabia acerca da fo t o s s í n t e s e. Eu não sabia sobre a genética da

g e ração das plantas ou que algum dia eu iria estudar para uma licen-

c i a t u ra em Botânica e um título de Doutor em Genética, mas eu devo

d i zer que aprendi mais nestes primeiros dezoito anos na fazenda e na

cozinha do que aprendi em toda a minha faculdade e nos cursos de

g ra d u a ç ã o. Os meus profe s s o r e s , por um lado, e ram a minha família e a

minha comunidade e, por outro lado, eles eram os cereais, o gado, o

solo e as estações. Os meus netos não têm esta vantagem e eu me

preocupo que seja assim. Esta é uma situação perigosa que nós temos

a g o ra neste país.

Uma das coisas mais excitantes , acerca da

horta,é que nós estamos criando um lugar

mágico da infância para crianças que não

teriam tal lugar de outra forma e não

estariam em contato com a terra e as

coisas que nela crescem.

PHOEBE TANNER

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9O Pátio Comestível da Escola

Uma das nossas principais tarefas como

educadores é a de expandir a imagi-

nação acerca das nossas possibilidades.

WES JACKSON,

Tornando-se um nativo desse lugar

Se nós não conseguirmos sustentabilidade na agricultura primeiro, isso

não acontecerá.A agricultura, ultimamente, tem a ciência da ecologia por

trás dela. O setor industrial e o setor de materiais não têm.A horta-

modelo na Escola Média Martin Luther King Jr. é a melhor arma que

temos para corrigir essa falha cultural.

Wes Jackson é o fundador e diretor do Instituto da Terra,em Salina,Kansas,e autor deTornando-se um Nativo deste Lugar, Altares de Pedra não Talhada,Novas Raízes para a Agricultura eoutras publicações.

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Há cerca de quatorze anos, eu me mudei para a casa onde vivo agora

e comecei a passar de carro atrás da Escola King no meu caminho para

c a s a , de volta do tra b a l h o, em Chez Panisse – geralmente tarde da noite,

ou de manhã bem cedo. Sem dúvida, nessas horas nunca havia crianças ao

redor e eu fi c ava incomodada com o que eu via da ru a . A escola não pare-

cia tão boa. Na realidade, ela quase parecia abandonada. Eu podia ver o

g ra fite nas janelas, a grama queimada e imaginava o que teria acontecido.

Quem estava usando esta escola? Quem estava tomando conta dela?

Estes pensamentos permaneciam no meu subconsciente, até que um dia,

numa entrevista, fui questionada sobre educação (eu era uma profe s s o ra na

é p o c a , numa Escola Montessori) e observei o quanto a Escola King parecia

n e g l i g e n c i a d a . Como pode ser, p e rg u n t e i , em uma comunidade esclarecida

como a de Berke l e y, que as escolas públicas cheguem a se deteri o rar dessa

fo rma? Não é de admirar, de certo modo, que muitos pais, que têm mais

possibilidades, enviem suas crianças para escolas privadas.

Não muito tempo depois desta entrevista acontecer, Neil Smith, o diretor da

Escola King me chamou. Ele queria falar sobre o que eu havia dito, então o con-

videi para almoçar.D e s c o b rimos que nós estávamos na mesma sintonia.A p e s a r

de nós dois estarmos preocupados acerca da próxima geração e sentirmos a

mesma urgência acerca do que estava acontecendo no mundo lá fo ra , nós está-

vamos otimistas de como a escola poderia ajudar. E antes que eu percebesse,

nós estávamos a caminho para lançar o projeto do Pátio Comestível da Escola.

Eu aprendi que o Neil, a administra ç ã o, os professores e o distrito escolar

e s t avam todos cheios de boa vo n t a d e, dispostos a ouvir e dispostos a experi-

mentar novas idéias. Eu também aprendi que lá dentro havia pessoas que se

p r e o c u p avam com a escola – aqui está uma bela horta no pátio, um campo

g ramado de beisebol e um auditório refo rmado onde até recentemente as

poltronas eram mantidas juntas com fitas de vedação de dutos.

11O Pátio Comestível da Escola

Um Mundo de Po s s i b i l i d a d e s

ALICE WAT E R S

Alice Waters e uma estudante MLK entusiasmada,orgulhosamente, mostram uma colheita saudável debrócolis

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A responsabilidade pela deteri o ração desta escola e de muitas outras do

mesmo tipo não repousa nos bravos e mal pagos professores e administra d o r e s .

De fo rma alguma. Eu aprendi que era minha responsabilidade, como parte de

uma sociedade maior, que apóia a educação sem, c o n t u d o, agir efe t i v a m e n t e,

mas que não tem desejado fazer disso uma pri o ridade nacional, em que cada

c riança seja ensinada tão bem como qualquer outra cri a n ç a . Se nós estivésse-

mos somente querendo fazer isso – se nós estivéssemos todos querendo

assumir responsabilidade pelo que Jonathan Kozol chamou de desigualdade da

educação americana –, e n t ã o, nós poderíamos não somente virar a situação na

Escola King – nós poderíamos renovar escolas em todos os lugares, de tal

fo rma que as crianças soubessem que nós realmente nos importamos com elas.

A maior parte da educação – toda a educação – acontece, antes de mais nada,

pelo exe m p l o.Como nós podemos esperar que as crianças respeitem a si

p r ó p rias ou um ao outro, ou a comunidade como um todo, quando elas são

i n s t ruídas em lugares cada vez mais desleixados, muitos dos quais são mu i t o,

muito pior que a King? Tais escolas refletem todas,muito bem,o estado da nossa

s o c i e d a d e, onde a diferença entre ricos e pobres apenas se torna mais e mais

a m p l a ; e onde todas as várias crianças – ricas ou pobres – estão desligadas –

estão desligadas dos modos civilizados e humanos de viverem suas vidas.

O RITUAL DA NUTRIÇÃO

Desde alguns anos, até agora , eu tenho citado Francine du Plessix Grey que

e s c r e veu um pequeno ensaio no The New Yo rke r após ter visto o filme Kids.

K i d s , vocês devem lembra r, é um filme acerca de um monte de jovens assusta-

d o ramente amora i s , que são cru é i s ,i n s e n s í veis e quase sub-humanos. D u

Plessix Grey ficou assombrada com a imagem de sua comida rápida, que ela

d e s c r e veu como bru t a l , e devo rada grosseira m e n t e. E ela continua observ a n d o

que os jovens neste fi l m e, como milhões de outros, " nunca parecem sentar- s e

p a ra uma refeição adequada, em casa". C o n fo rme ela escreve u : "Nós podemos

estar testemunhando a pri m e i ra gera ç ã o, na históri a , que não foi solicitada a

p a rticipar daquele rito pri m i t i vo de socialização, a refeição em família".

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Este é um pensamento profundamente chocante para mim. Como Du

Plessix Grey, eu acredito que. . .

"a refeição da família não é só o currículo fundamental na

escola do discurso civilizado; é também um conjunto de pro-

tocolos que restringe a nossa selvageria e ganância naturais e

cultiva a capacidade de compartilhar e ter considera ç ã o.

Eu tenho tido jantares de batatas cozidas, com famílias na

Sibéria; jantares de pedaços frios de carne, com mulheres

solteiras dependentes do serviço social, em Chicago; tigelas

de sopa aguada de aveia, no Saara – todos tornados

memoráveis pela dignidade com que foram oferecidos e

pela visão de jovens aprendendo, através da experiência, a

arte do companheirismo humano. Os jovens de Kids não

são apenas fisicamente famintos… pela comida ruim que

consomem… pior do que isso, eles são privados do prato

principal da vida civilizada – a prática de sentar-se à mesa

do jantar e observar as convenções dos presentes…"

O que Du Plessix Grey chama "O ritual da nutrição", como qualquer

ritual, requer sacrifícios – toma tempo e esforço deixar o jantar pronto –

mas fazer estes sacrifícios alimenta a família e a sociedade. Cozinhar e

comer juntos nos ensina compaixão.

Eu continuo falando deste artigo com as pessoas porque a sua autora

d e s c r e veu exatamente aquilo em que eu acredito: nós devemos valorizar e

respeitar um ao outro e nós aprendemos melhor como fazer isto estando à

m e s a .E , desde que a refeição da família se tornou mais e mais ra ra , nós deve-

mos começar a pensar o que é que a escola pode fazer para ensinar estas

l i ç õ e s . Mas as escolas educam as nossas crianças como se elas não tive s s e m

e m e rgências familiares, de um lado; nem uma emergência planetári a , do outro.

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A META DA EDUCAÇÃO

Como educadores, de Sócrates em diante, r e c o n h e c e ra m , a meta da

educação não é o domínio de várias disciplinas, mas o domínio de si

p r ó p ri o. Ser responsável com você mesmo não pode ser separado de

ser responsável com o planeta. Eu não sei de nenhuma fo rma melhor

p a ra transmitir esta lição do que através do currículo da escola, no qual

o alimento assume o lugar no nível pri n c i p a l . Da hort a , da cozinha e da

m e s a , você aprende empatia – para com os outros e por toda a cri-

a ç ã o ; você aprende compaixão; você aprende paciência e autodisciplina.

Um currículo que ensina estas lições dá às crianças uma ori e n t a ç ã o

p a ra o futuro – e pode dar a elas espera n ç a .

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Dedos ágeis abrem uma vagem para revelar o grão de feijão seguramente protegido lá dentro.

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H o rt i c u l t u ra , c u l i n á ri a , s e rvir e comer, adubação – estas são coisas ve r-

d a d e i ramente básicas, mas as lições que elas poderiam ensinar são sufo-

cadas pelo clamor da mídia e as tentações insidiosas do consumismo.As cri-

a n ç a s ,h o j e, são bombardeadas com a cultura p o p que ensina a redenção

a t ravés de comprar coisas. A horta da escola, por outro lado, v i ra a cultura

p o p de cabeça para baixo. Ela ensina redenção através de uma profunda apre-

ciação pelo real, o autêntico, e o duradouro – pelas coisas que o dinheiro não

pode comprar – as ve r d a d e i ras coisas que import a m ,p rincipalmente se nós

fo rmos viver vidas sadias, s a u d á veis e sustentáve i s . Os jovens que aprendem

lições ambientais e nu t ri c i o n a i s ,a t ravés da hort i c u l t u ra na escola – e culinária e

comer na escola – aprendem como conduzir vidas éticas.

Não é necessária muita persuasão para conseguir que os alunos prestem

atenção ao currículo alimentar. Comer tem uma inevitabilidade natura l : é

alguma coisa que você tem que fazer todo o dia. O que é melhor: comer é

alguma coisa que você pode fazer todo o dia e que tem o potencial de

t ra zer a você um enorme pra ze r. Eu chego à conclusão de que a nossa

sociedade está desconfo rt á vel com a noção de que a educação possa ensi-

nar nossas crianças como experimentar o pra ze r: mas o pra zer sensual de

comer uma comida bonita, vinda da hort a , t raz com ele a satisfação mora l

de fazer a coisa certa para o planeta e para você mesmo.

LUGARES DE BELEZA

R e c o n s t ruir as escolas de tal fo rma que elas fiquem fisicamente conv i d a t i v a s

e inspira d o ras – e talvez até bonitas – é mais importante do que fazer nelas

ligações para computadores. Nós não podemos esperar computadores fun-

cionarem como um tipo de substituto para as escolas. Da mesma fo rm a

que os negócios agrícolas, comida processada e supermercados falham em

p r over os benefícios das comunidades reais – os tipos de comunidades que

são alimentadas pela agri c u l t u ra local em pequena escala, comida caseira e

o mercado dos fazendeiros – a classe virtual não pode jamais substituir a

classe real para criar um público socialmente responsáve l .

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Alice Waters recebeu a Comenda John Stanfo rd dos Heróis da Educação do Departamento de Educação dos Estados Unidos.

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As crianças merecem ser educadas em lugares dos quais possam sentir

o rg u l h o. Eu me senti tão bem quando estava aqui na horta da King e eu

ouvi um estudante dizer ao seu amigo: "A nossa horta não parece ótima?"

O objetivo da educação é o de prover as crianças com um sentido de fi n a l i-

dade e um sentido de possibilidade, com habilidades e hábitos de pensar

que vão ajudá-los a viver no mu n d o. Uma fo rma chave de viver estas habili-

dades e hábitos é aprender como comer bem e como comer direito. U m

c u rrículo criado para educar os sentidos e a consciência – um curr í c u l o

baseado em agri c u l t u ra sustentável – vai ensinar às crianças a sua obri g a ç ã o

m o ral de serem vigias e comissárias dos recursos finitos do nosso planeta e

ensinará a elas a alegria da mesa, os pra zeres do trabalho real e o real sig-

n i ficado de comu n i d a d e.

Alice Waters é a cozinheira e proprietária do mundialmente famoso restaurante Chez Panisseem Berkeley, Califórnia,onde as refeições são preparadas para 500,600 pessoas por dia.Ela étambém a fundadora da Fundação Chez Panisse, uma organização educacional sem fins lucra-tivos,que "dá suporte a projetos sobre juventude e comunidade, que ensinam às pessoas osprazeres entrelaçados de plantar, cozinhar e dividir comida,inspirando-as a respeitar e cuidarda terra de suas comunidades e delas próprias".

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19O Pátio Comestível da Escola

Criar a horta no Pátio Comestível da Escola tem sido uma ave n t u ra e um

ato de fé. Nós começamos dando aos estudantes a tarefa de construir e

manter a hort a . Isso deu aos estudantes uma poderosa mensagem de nossa

fé em suas competências. Nos últimos três anos, 900 estudantes, t ra b a l h a n d o

com uma dezena de professores e mais de 100 vo l u n t á ri o s ,t ra n s fo rm a ra m

um pedaço de terra desleixado, i n festado de ervas daninhas e parcialmente

c o b e rto de asfalto, numa bonita e produtiva hort a . Existe um orgulho real

num esforço coopera t i vo, que mu d o u , não somente a terra , mas também

todos aqueles que part i c i p a ra m . Os estudantes estão envolvidos nu m a

relação contínua com a hort a , tanto como criadores quanto como obser-

v a d o r e s . Isto se tra n s fo rmou num trabalho de arte coletivo, v i vo, mais do que

simplesmente um campo onde os grãos são cultivados.

As crianças e a terra devem ser exaltadas no processo de construir a horta da

e s c o l a .A t ravés da experiência de tra b a l h a r, b rincar e comer juntos, o Pátio

C o m e s t í vel da Escola visa criar uma atmosfe ra de sociabilidade, respeito a cada

estudante e alegria pela generosidade da terra . É uma abordagem à edu-

c a ç ã o, que encoraja os estudantes a criarem um vínculo com a natureza e ve r-

d a d e i ramente se importarem com o mundo natura l , assim como conhecê-lo.

A educação pela experiência é import a n t e. É o elemento mais ausente nos

e s t u d a n t e s , que já viram desde coisas como um vulcão em erupção até um

eclipse total na T V. Baseados unicamente nestas imagens eletrônicas, os estu-

dantes pensam que "sabem" sobre a natureza.A experiência humana tem sido

moldada e enriquecida por viver com a beleza e a complexidade do mu n d o

n a t u ra l .J ovens brincarem antes familiarizados com os elementos da terra :a r e i a ,

m a d e i ra ,b a rr o, g o r d u ras e animais. B rincarem familiarizados com o pra zer da lin-

guagem humana, c o m p a n h e i rismo e colabora ç ã o. Hoje em dia, b rincar signifi c a

b rinquedos plásticos, d i s p o s i t i vos eletrônicos e é, g e ra l m e n t e, uma experi ê n c i a

s o l i t á ri a . No Pátio Comestível da Escola, os estudantes têm uma c h a n c e,e x t r e m a-

A Experiência da Hort a

DAVID HAW K I N S

David Hawkins

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mente necessári a , de experi m e n t a r,em pri m e i ra mão, a areia, b a rr o, l a m a ,h u mu s ,

a d u b o, á g u a ,a r, ve n t o, c h u v a , luz solar, i n s e t o s ,a ra n h a s ,p l a n t a s , ra í ze s , folhas e ra m o s .

Há dias em que o baru l h o, p a ra ver quem consegue qual tra b a l h o, as fe rra m e n t a s

que são deixadas à toa ou quebra d a s ,ou os trabalhos que são executados de

fo rma imperfe i t a , faz com que a hort i c u l t u ra , com crianças de 11 e 12 anos de

i d a d e, pareça um sonho impossíve l . E ainda há dias perfe i t o s .Ao fim de uma tarde

q u e n t e, refrescada pelos irrigadores de aspers ã o, com o vento soprando através da

e s t ru t u ra aberta da ramada e com a conve rsa feliz de estudantes cansados,m a s

d e l i c i a d o s , todos os elementos estão lá: á g u a ,a r,o sol e jovens humanos no que há

de melhor.A magia de tais dias faz com que todos os esforços valham a pena.

TRABALHANDO E APRENDENDO JUNTOS

H o rtas são um contexto maravilhoso para adultos e estudantes trabalharem e

aprenderem juntos. Uma horta não é um espaço como a sala de aula, onde o

controle pode ser estritamente mantido, nem é um lugar onde as crianças pos-

sam ser forçadas a fazer trabalho manu a l . Os estudantes vêm para a hort a ,c o m

idéias preconcebidas e preconceitos.Alguns já tive ram boas experiências com

h o rtas e estão interessados em plantas, em fazerem trabalho prático e experi-

mentarem o que a horta tem a ofe r e c e r. Pa ra outros estudantes, a horta é um

lugar desconfo rt á ve l ,i n festado de bichos, onde se espera que eles mexam com

s u j e i ra ,e xecutem trabalho de baixo níve l , sem pagamento.A sustentabilidade do

componente hort a , do Pátio Comestível da Escola, depende da fo rma como os

estudantes são habilitados a relacionar isso a seus sentimentos ou afi n i d a d e s ,o u

alienação na situação. Muito disso não acontece em comunicações fo rm a i s

entre adultos e estudantes, mas é representado em observações incontáve i s ,

e x p e riências e interações que acontecem na horta todo dia.

A avaliação dos adultos sobre as crianças também tem sido muito import a n t e :s e u

humor e expressões, sua determ i n a ç ã o, seu companheirismo e sua falibilidade

h u m a n a .Um menino que mudou para uma cidade dife r e n t e, r e g u l a rm e n t e r e t o rn a

p a ra ve ri ficar a hort a . Quando um repórter perguntou a ele o que o hav i a

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21O Pátio Comestível da Escola

a l e g rado tanto a respeito da hort a , ele pensou cuidadosamente e disse: " foi a

fo rma como os adultos nos tra t a ra m " .

Poucas hortas da escola se desenvo l vem vagarosamente. G e ralmente apare-

cem da noite para o dia, como por mágica, e o processo de criar uma horta e

aumentar a fe rtilidade permanece obscuro. Os estudantes adicionaram quase

cento e trinta toneladas de adubo aos canteiros da horta desde o início do

p r o g ra m a .A maior parte veio do programa de reciclagem dos "containers "

selecionadores de lixo, colocados nas calçadas da cidade de Berke l e y. Os estu-

dantes também compostaram restos de comida da cozinha, m a t e rial das plan-

tas da horta no compostador à quente e nas caixas de minhocas.

Os estudantes cortam ramos de acácia e de árvores da baía que flanqueiam a horta,para construir uma estrutura sombreada improvisada, a ramada.

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A t ravés deste processo, os estudantes vivem o ciclo de vida, m o rt e,

decomposição e regenera ç ã o. Os estudantes e professores chegaram a

avaliar a importância do material org â n i c o, não somente para aumentar a

condição de trabalho do solo, mas também para aumentar a sua fe rt i l i d a d e

e as populações vivas da rede alimentar do solo.

As aulas de hort i c u l t u ra afetam profundamente muitos estudantes. E l e s

a d o ram comer ervilhas das vagens, tomates do tomateiro ou cenoura s

a rrancadas do canteiro e lavadas com o esguicho. C avar batatas, a s s i m

como outros alimentos de tubérculos andinos, como ya c o n , mashua e o c a,

são também as tarefas favo ri t a s . Estas experiências causam uma fo rt e

i m p r e s s ã o. Os estudantes e professores têm ficado surpresos pela ri c a

d i ve rsidade de variedades de plantas e grãos crescendo na hort a . U m a

garota disse que ela nunca soube que pudesse haver tantos tipos de ve r-

d u ras ou que existissem tantas plantas comestíve i s .

UM RECURSO CRESCENTE

A maior parte das estru t u ras tem sido construída usando as árvores que

crescem ao redor do limite da hort a . Por algum tempo, h o u ve discussão

p a ra construir uma estru t u ra de sombra para tornar o círculo, de enfardar

fe n o, um lugar mais agra d á vel para as classes se reunirem nos dias quentes

de ve r ã o. Foi a chegada de dez estudantes da Unive rsidade de Montana,

que vieram passar uma semana como vo l u n t á ri o s , que precipitou a

c o n s t rução da estru t u ra que agora é conhecida como ra m a d a. F o ram

c o rtados galhos de acácia e das árvores da baía, vizinhas à hort a , e a

c o n s t rução progrediu num espírito altamente eclético e improv i s a d o r.

C o rtar árvores tem sido uma das atividades favo ritas dos estudantes. E l e s

têm sido capazes de observar quão vagarosamente as árvores se regenera m

após os seus galhos terem sido cort a d o s . Muitos estudantes chegaram à

conclusão de que o nosso bosque poderi a , em breve, ter se esgotado com

unicamente um modesto programa de construção de estru t u ras e usando

lenha para o fo rno de pizza. E s g o t a d o, o nosso bosque iria nos privar de

s o m b ra valiosa, habitat para nossos pássaros e lugares protegidos na área.

22 ®

Page 23: Patio Comestivel da Escola

A horta veio a ser um recurso não somente para a escola e a comu-

nidade maior de hort i c u l t u ra da escola, mas também para a comu n i d a d e

l o c a l .Todo dia chegam visitantes de uma maneira fo rmal ou info rm a l .A s

pessoas tra zem os seus visitantes de fo ra ; os ex-alunos da King e os pais

a p a r e c e m ; famílias fazem festa de anive rs á rio na horta ou vêm para sim-

plesmente admirá-la; e jovens independentes zanzam pela hort a . Não exis-

tem cercas em volta da hort a . As desvantagens de eventuais vandalismos

são largamente compensadas pelo valor que a comunidade atri bui à

h o rt a . Nada mostra o geralmente latente orgulho dos estudantes mais

c l a ramente do que quando eles têm a oportunidade de acompanhar visi-

tas à horta – visitantes adultos ou estudantes de outras escolas. M e s m o

e s t u d a n t e s , que não parecem muito entusiasmados com a hort a , e n c o n-

t ram coisas interessantes para contar e explicar aos seus visitantes. A

h o rta é uma ligação entre a escola e a comunidade maior.

23O Pátio Comestível da Escola

Page 24: Patio Comestivel da Escola

24 ®

Page 25: Patio Comestivel da Escola

Os nossos vizinhos fazem doações de plantas, ajudam a aguar dura n t e

o verão e aparecem para trabalhar com os estudantes nas aulas de

h o rt i c u l t u ra . No momento, temos cerca de 40 vo l u n t á rios tra b a l h a n d o

r e g u l a rmente com os estudantes na hort a .

A admiração que as pessoas expressam pela beleza da horta e a alegri a

que as pessoas têm, ao passar o tempo lá, é gra t i fi c a n t e, mas o sucesso

real do projeto reside nos corações e mentes dos estudantes e profe s-

sores da King. Numa pesquisa recente com todos os estudantes da

K i n g , O Pátio Comestível da Escola ficou em terceiro lugar em

p o p u l a ridade de todas as atividades da escola. Ele veio depois de via-

gens de campo e educação física. Muitos dos estudantes não falam

muito abertamente a respeito dos seus sentimentos. C o n t u d o, u m

g a r o t o, que havia sido expulso da escola, voltou no ano seguinte para

ver se ele poderia matri c u l a r-se no projeto de verão da hort a . E no

ano passado, a ora d o ra da despedida mencionou a horta um sem-

número de ve zes no seu discurs o. Ela disse que trabalhar na horta tinha

sido um dos mais memoráveis aspectos do seu período na escola.

David Hawkins tem construído a horta na Escola Média King com os estudantes e professoresdesde que o projeto do Pátio Comestível da Escola começou.Nativo da Inglaterra,ele trabalhou por muitos anos em programas educacionais inovadores, fora do contexto da sala de aula,geralmente com garotos que foram expulsos da escola.

25O Pátio Comestível da Escola

Page 26: Patio Comestivel da Escola

Em um determinado dia, um visitante da aula de culinária do Pátio

C o m e s t í vel da Escola pôde testemunhar a intrigante visão de 30 estudantes

c o l a b o rando para tra n s fo rmar a colheita da sua horta numa refeição regular

s e rvida à mesa.A bonita cozinha da escola é um lugar mágico, onde 300 estu-

dantes por semana atingem o equilíbrio entre produção e paixão. Os estudantes

assumem o trabalho de aprender novas habilidades, seguir instruções e comple-

tar tarefas dentro de um determinado período de tempo. Eles mostram uma

ve r d a d e i ra excitação e ingenu i d a d e, c o n fo rme exploram cada lição pelo seu

potencial cri a t i vo.As aulas são estru t u radas numa progressão de 95 minutos e

26 ®

Da Cozinha e da Mesa

ESTHER COOK

Page 27: Patio Comestivel da Escola

e nvo l vem uma breve exposição, preparo da comida, pôr a mesa (sempre com

uma toalha de mesa e flores), p a rtilhar a comida, a conve rsa e a limpeza da sala

de aula.

Na pri m ave ra passada, os estudantes fi ze ram panquecas. Com um semestre de

e x p e ri ê n c i a , eles estavam ansiosos para tentar fazer a receita totalmente por sua

c o n t a , sem a ajuda dos profe s s o r e s . Os professores fo ram avisados para manter

suas mãos atrás das costas, e deixar os estudantes resolve r e m , eles mesmos, q u a l-

quer probl e m a .Uma profe s s o ra da sexta série confidenciou o seu medo de que

os seus estudantes não fossem capazes de fazer isso, de que fossem falhar;m a s

ela reconheceu, "a pior coisa que pode acontecer é que eles não comam pan-

quecas hoje. E n t ã o, vamos tentar".

Nada foi colocado nas mesas, exceto cópias da receita. Os estudantes tinham que

ler a receita, pegar os ingredientes e medi-los.A receita solicitava manteiga derr e t i-

d a , então os estudantes tive ram que descobrir como medir e derreter a manteiga

eles mesmos. Eles tive ram que pegar todo o equipamento e preparar a receita.

E eles fizeram! As panquecas de cada grupo saíram totalmente diferentes:

algumas estavam borrachudas, outras estavam muito, muito finas, mas os

estudantes as adoraram e foi interessante ver o que eles fizeram quando

foi permitido que fizessem tudo por conta própria. Um grupo calculou

cuidadosamente a massa para cada panqueca, de tal forma que elas ficas-

sem todas iguais e redondas; outro grupo ficou desenhando letras com

massa na frigideira. Foi maravilhoso! A professora apareceu depois e disse:

"significou tanto para mim ver estas crianças serem capazes de fazer isso.

Eu acho que as subestimei".

O entusiasmo com que os estudantes se envo l vem na cozinha é evidente,

numa variedade de comidas que eles fi ze ram e gostara m . Receitas antigas

incluem alcachofra frita de Jeru s a l é m , a b ó b o ra e sopa de couve galega, s u s h i

de pepino e biscoitos de batata-doce. Os estudantes plantam mais de 15 tipos

de ve r d u ras e aproveitam a ostentação infinita de ve r d u ras o ano inteiro.

27O Pátio Comestível da Escola

Esther Cook

A cada nova visita à cozinha,os meus

estudantes ficavam mais confiantes ,

mais à vontade e mais responsáveis

ao usar o equipamento e ajudar na

limpeza.A sua curiosidade e aceitação

de diferentes comidas e formas de

preparar e servir refeições cresceu

perceptivelmente.

JOSIE GERST

Page 28: Patio Comestivel da Escola

O potencial de aprendizagem nas aulas de culinária é sem limite. O s

estudantes aprenderam as origens de ingredientes de todo o dia, m o e n-

do seu próprio trigo e milho para fazer farinha e fazendo a manteiga

desde o início. Eles apreciaram a inerente generosidade da hort a , c o n-

tando as sementes de um tomate. Eles fo ram surpreendidos por um

pequeno tomate conter potencial para cem plantas. " S u ficiente para

todos no meu quarteirão!" exclamou um estudante.

Os estudantes praticam os princípios da ecologia; c o n fo rme eles reuti-

l i z a m , reciclam e compostam, pontas de vegetais e refugos torn a m - s e

28 ®

As minhas classes de matemática

adoravam trabalhar com comida,

especialmente cortando vegetais!

PATSY McATEER

Page 29: Patio Comestivel da Escola

s u p ri m e n t o ; uma lata de folha-de-flandres pode se tornar um cort a d o r

de bolachas, e garrafas são empregadas como rolo de macarr ã o. O s

estudantes carregam os produtos para a cozinha e o refugo para o

compostador da hort a , t o rn a n d o - s e, eles mesmos, uma parte do ciclo

de regenera ç ã o. C o n fo rme eles comem, no correr das estações e

planejam cardápios, antecipando-se às colheitas do que eles plantara m ,

sua ligação com o mundo natural fo rtalece e cresce.

Esther Cook é a professora e gerente da cozinha do Pátio Comestível da Escola.Ela foi criadanuma fazenda na Nova Inglater ra e trabalhou como cozinheira na Área da Baía por 12 anos.Quatro anos de voluntariado com O Mercado Cozinhando para Crianças (uma entidade colaborativa entre fazendeiros,cozinheiros e escolas públicas) inspiraram-na a fazer a mudança da cozinha de restaurante para a sala de aula da escola pública.

29O Pátio Comestível da Escola

Page 30: Patio Comestivel da Escola

30 ®

O QUE ESTAMOS FAZENDO? Enrolados de Acelga Ve rm e l h a

O que é isso?Acelga é uma ve r d u ra cheia de fo l h a s . Ela é ve rmelha eve r d e. Nós vamos cozinhá-la e recheá-la com salada dea rr o z . Aí nós vamos enrolá-la como para presente e amarr á -la com cebolinha, que é uma erva que cresce como gra m a .

Modo de fazer:Coloque aproximadamente 1litro de água na caçarola e ponhapara ferver. Lave a acelga em água fria e escorra o excesso deágua. Escalde a acelga em água fervendo, colocando as folhasum pouco de cada vez. Use o pegador de metal para fazer isso.Cozinhe as folhas de acelga por 3 a 4 minutos. Enquanto elascozinham, forre uma frigideira com toalhas de papel. Use opegador para remover a acelga da caçarola. E s c o rra as folhas deacelga na fri g i d e i ra fo rrada com papel. Escalde as cebolinhas como mesmo método. Coloque de lado a acelga e as cebolinhas.

Misture o arroz, as groselhas e o óleo de oliva numa tigela, adi-cione sal e pimenta a gosto. Agora nós estamos prontos paramontar os enrolados.

Coloque uma folha de acelga na mesa. Usando uma colher dechá, salpique uma pequena quantidade de molho de soja naacelga. Use uma colher de sopa para colocar a salada de arrozno meio da folha – cerca de duas colheres cheias.

O QUE PRECISAMOS?

I n g re d i e n t e s :2 maços de acelga1 maço de cebolinha6 xícaras de arroz cozido1/2 xícara de groselha2-3 colheres de sopa de azeite de olivasal e pimenta a gostomolho de soja

E q u i p a m e n t o :1 caçarola*1 pegador de saladas de metal1 pequena tigela1 colher de madeira1 colher de chá10 colheres de sopa**papel toalha1 frigideira grande4 facas para aparar,tábuas para cortar verdura

* uma caçarola é um recipiente grande paracozinhar, que se parece com o seguinte:

* * Pa ra um grupo de 10 estudantes

Uma Receita do Pátio Comestívelda Escola: Enrolados de AcelgaVermelha

Page 31: Patio Comestivel da Escola

Dobre os lados da folha para o centro no sentido longitudinal,da seguinte forma:

Corte o talo e dobre os extremos na direção do meio, daseguinte forma:

Use uma cebolinha para amarrar o seu enrolado, voltado parao meio. Isto vai impedi-lo de desenrolar.

Limpeza:Lave, seque e guarde todas as ferramentas e utensílios. Varra oseu local de trabalho, se necessário.

Pôr a mesa:Use uma toalha de mesa, pratos pequenos e xícaras. Por favor,faça um arranjo de centro usando produtos da sua colheita.

31O Pátio Comestível da Escola

Uma adolescente chefe de cozinha usa o pegador demetal para suavemente colocar uma folha de acelga naágua fervente.

Dedos delicados amarram primorosamente o enroladode acelga com uma cebolinha.

Page 32: Patio Comestivel da Escola

Eu sei que você começou aqui na King como diretor em 1989,e que ficou na adminis-t ração por dez anos antes disso.Quais fo ram alguns dos desafios que você enfre n t o uvindo para a escola?

Quando eu cheguei na King, a escola havia passado por um sem-número

de diretores, num curto período de tempo. Os professores não se senti-

am apoiados na escola e sentiam que as suas vozes não tinham vez no

operacional da escola.A disciplina dos estudantes era pobre e os edifícios

e o terreno estavam em estado lastimável.

Eu tentei ajudar os professores a entenderem que nós podíamos fazer alguma

coisa acerca de tudo isso. Se nós trabalhássemos juntos e estabelecêssemos

metas que fossem importantes para nós e fizéssemos acordos sobre isso, n ó s

poderíamos mudar a escola. Mas nós não poderíamos mudar isso da noite

p a ra o dia.A cada ano, nós poderíamos adicionar alguma coisa nova à nossa

l i s t a . Mas pensar que em um ano, ou até mesmo em dois anos, tudo estive s s e

caminhando marav i l h o s a m e n t e, s e ria muita tolice.

Como fo rma de ajudar os professores a se sentirem apoiados, uma das

minhas pri m e i ras metas foi manter a disciplina dos alunos. Naquela época, a

escola era uma escola de dois anos e eu esperava que os alunos da 8ª séri e, q u e

já estavam lá há um ano, fossem resistir aos novos limites que eu havia implanta-

d o. Eu imaginava que eles nunca fossem concordar, mas eu também não iri a

concordar com eles e nós iríamos lutar o ano inteiro. Eu também esperava que

no final do ano pudéssemos conseguir um impacto maior nessa área. E nós fi ze-

m o s . Mas foi uma batalha o ano inteiro e foi um ano muito duro para mim.

O que mais você fez para ajudar os professores a sentirem que as suas

vozes estavam sendo ouvidas?

No primeiro dia de desenvolvimento do pessoal, que nós tivemos no outono,

eu dividi o pessoal em quatro grupos para ve ri ficar os problemas que a escola

e s t ava vive n d o, tais como falha acadêmica e comport a m e n t o. Eu solicitei a

cada gru p o, de 10 profe s s o r e s , que examinasse o problema e apresentasse

32 ®

Neil Smith

Criar um Clima para a Mudança na Escola

E N T R E V I S TA REALIZADA POR LESLIE COMNES

Page 33: Patio Comestivel da Escola

alguns planos para enfrentar essa dificuldade. Quando os professores

voltaram, um dos grupos reportou que a nossa escola precisava de uma

revolução. Assim, um grupo começou a trabalhar na revolução e nós

implantamos o Comitê Revolucionário. O comitê foi criado para ser um

grupo flexível de professores, de tal forma que qualquer um pudesse

entrar. Ele se reunia após as aulas e escolhia e definia os problemas que

seriam analisados. No começo,contava com cerca de uma dúzia de pes-

soas – mais de um quarto do pessoal.Após o desabafo inicial, o Comitê

Revolucionário começou a focar em resoluções. O comitê pesquisaria e

buscaria soluções que seriam, então, apresentadas a todo o pessoal.

33O Pátio Comestível da Escola

Cavando o solo para marcar a linha divisória,o diretor Neil Smith dá uma mãozinha e ajuda os estudantes.

Page 34: Patio Comestivel da Escola

Quando um staff se torna tão grande como o staff na King (50 profes-

sores), tentar executar as coisas numa reunião de professores é um

processo trabalhoso e frustra as pessoas. Então o Comitê Revolucionário

trabalha o problema e apresenta-o ao staff para ser criticado. Na hora

em que o comitê apresenta uma idéia ao staff, seus membros já gastaram

uma porção de tempo trabalhando o assunto, conseguindo uma porção

de contribuições. É só submeter aos ajustes vindos do staff.

Como o Comitê Rev o l u c i o n á rio ajuda a arrumar a escola?

No primeiro ano o comitê conseguiu fazer algumas coisas caminharem para o

próximo ano e os professores se sentiram realmente como parte do proces-

s o. Eles não sentiram que alguém tivesse forçado as idéias para eles e eles se

s e n t i ram responsáveis pelos programas que nós estávamos implantando.

Qualquer coisa que tenha sido submetida, que impactasse a escola como um

34 ®

A horta apresenta oportunidades autênticas para os estudantes aplicarem a matemática que eles aprendem na sala de aula.

Page 35: Patio Comestivel da Escola

t o d o, e ra aprovada pelos professores como um todo.

Com o Comitê Revo l u c i o n á rio em ação, as pessoas viram que as coisas

e s t avam começando a funcionar naquele primeiro ano. O comitê se torn o u

uma parte da fi b ra da escola, apesar de que, em alguns anos, o seu brilho é

maior do que em outros. Parece que quando o estafe percebe mais probl e-

m a s , mais gente atende ao Comitê Revo l u c i o n á rio e quando as coisas estão

indo bem, menos pessoas aparecem. C o n t u d o, isto pode reduzir o esforço de

r e fo rm a ,p o r q u e, g e ra l m e n t e, a insatisfação com a situação incentiva as pes-

soas a se moverem mais rapidamente para a refo rm a .

Nós reavaliamos o nosso horário escolar vários anos atrás, através do

Comitê Revolucionário. Em 45 minutos, vamos dizer, você se sente como

se estivesse entrando na corrida e saindo dela. Quando você tem um

período de 95 minutos, você pode ter realmente tempo para fazer as

coisas com a sua classe. Eu penso que o horário escolar é o que faz a

nossa horta e a nossa cozinha trabalharem tão bem. Até mesmo caminhar

até a horta pode levar 15 minutos, organizando a sua classe , focando-os

na tarefa e permitindo que eles saibam o que você vai fazer.

E n t ã o , no meio de toda essa mudança na escola, você leu a entrevista da A l i c e

Wa t e rs no jornal, onde ela comentava a deteri o ração física da King.Você ligo u

p a ra ela e a convidou para conv e rs a r. Foi nesta reunião que a idéia do Pátio

Comestível da Escola surgiu?

Quando eu me encontrei com Alice , ela já tinha uma visão da horta da

escola e de integrar a horta com o programa de almoço da escola, com

os estudantes usando a produção recente para fazer o almoço. Eu vi a

sua idéia como aquela que iria dar mais autoridade às crianças, como a

que poderia impactar positivamente o clima da escola e o currículo da

escola. Parecia fazer muito sentido para mim. Não era alguma coisa como

eu havia considerado antes, mas eu pensei que realmente poderia

aumentar o que nós já tínhamos em andamento e poderia fazer da King

uma escola melhor para as crianças que vêm aqui.

35O Pátio Comestível da Escola

Page 36: Patio Comestivel da Escola

A idéia me excitou, mas também era av a s s a l a d o ra . Eu não pensava que

pudesse criar este projeto e dirigir a escola ao mesmo tempo. Eu sabia que

p r e c i s a ria de alguém para fazer este projeto acontecer – de preferência um

p a i , na A P M , que trabalhasse com a A l i c e. Eu apresentei a idéia na reunião da

A P M ,m a s , não houve resposta. Eu tentei novamente no outono seguinte e

Beebo Tu rm a n , uma mãe, ficou entusiasmada com a idéia.

Em seguida, eu falei disso aos profe s s o r e s ,p a ra ver se também havia profe s-

sores interessados. Isso despertou definitivamente o interesse de duas profe s-

s o ras de ciências – Phoebe Tanner e Beth Sonnenberg . Mas a visão de A l i c e

e s t ava tão longe e tão fo ra em comparação de onde nós estávamos. Ela esta-

va falando de estudantes serv i n d o, p a ra outros estudantes, o almoço que eles

h aviam cultivado na horta e nós estávamos olhando para um lote urbano,

a s f a l t a d o, que parecia tão desolado.As pessoas me disseram que estava real-

mente muito fo ra – eu tive que concordar. Eu até mesmo disse para A l i c e

que ela estava pulando para o passo dez antes que nós tivéssemos sequer

conseguido dar o passo um! Nós precisávamos começar com a horta antes

que pudéssemos falar sobre a cafe t e ria e refazer o programa de almoço.

B e m , muito em breve havia uma horta e depois uma cozinha. E agora nós

estamos falando sobre um refe i t ó rio escolar que está sendo planejado.

Como você tem ajudado as pessoas a terem a visão de como chegar aonde

o Pátio Comestível da Escola está agora?

Como pessoas da escola, nós sabemos que existe um monte de grandes idéias

que vêm juntas. Eu acho que alguém tem que dividir as idéias em passos que a

maior parte das pessoas possa, pelo menos, v i s u a l i z a r.Apresentar a todos a

idéia de estudantes servindo almoço uns aos outros estava bem fo ra ,m e s m o

p a ra a maioria dos nossos professores e eu penso que para a maioria dos pais,

mas apresentar a idéia de uma horta – eles podiam visualizar isso.A g o ra ,q u a n-

do eu apresento a idéia de crianças servindo almoços uns aos outros, não está

mais tão longe assim.A g o ra eles vêem que eles chegaram até aqui.

36 ®

Beebo Turman e sua filha Brenna

Page 37: Patio Comestivel da Escola

A s s i m , você constrói sobre os seus sucessos, mas tem que haver algumsucesso mensurável e perceptível em que as pessoas possam se apoiarantes que passem ao próximo passo. E n t ã o, as pessoas podem dize r : " e s t áb e m , a g o ra vemos isso. D a í , s i m , existe esta visão ampla de como as coisassão agora e como serão no futuro".

Assim, inicialmente, a maioria das pessoas viu isso como "Nós estamos con-seguindo uma horta"?

S i m , as pessoas podem comprar a idéia da hort a . Falando de constru i rsobre o sucesso, há alguns anos, nós tra n s fo rmamos outra área do recreio– um lote urbano igualmente horr í vel – num campo de beisebol. U s a n d or e c u rsos extern o s , tais como da Pequena Liga do Norte de Oakland e aLiga de Softball de Berke l e y - A l b a ny, em conjunto com a A P M , a escolatirou o velho asfalto e colocou grama e uma quadra de beisebol.

37O Pátio Comestível da Escola

A horta está emergindo da interação entre a terra e os estudantes,que estão construindo e tomando conta da horta.

Page 38: Patio Comestivel da Escola

E n t ã o, quando nós apresentamos a idéia de ter uma hort a , as pessoas con-

s e g u i ram imaginar isso. Elas olharam para o campo de beisebol e não hav i a

um sentimento de desesperança a respeito da hort a . Elas tinham visto um

pedaço de terra ser tra n s fo rm a d o ; pode ser que este outro pedaço de terra

fosse tra n s fo rmado também.

Apesar de que as pessoas pudessem comprar a idéia da hort a ,d i ri a m ,g e ra l-

m e n t e :“ Vamos lá, você vai cultivar alimento? As crianças vão cozinhar isso? Dá um

t e m p o ! ” Então eu diri a : “ Vamos falar disso após conseguirmos a hort a ” .

No começo, então, você teve algumas pessoas que ficaram entusiasmadas e

motivadas a respeito da horta? Como você mudou disso para a concordância

do resto do s t a f f?

Um ponto chave para a aprovação tem sido o de não forçar as pessoas a

f a zerem alguma coisa que elas não querem.As pessoas têm me falado:

" Você é o diretor.Você não pode apenas mandar os professores faze r e m

i s s o. B e m , n ã o, você não pode. E não somente isso, você não quer. Po r q u e,

quando as pessoas são forçadas a fazer alguma coisa, não fazem direito. Pa ra

que alguma coisa como esta tenha sucesso, o professor precisa querer faze r.

Se o professor quer fazer isto, ele se dará bem com as cri a n ç a s .

Quando a decisão envo l ve todas as pessoas na escola, nós pedimos o vo t o

dos profe s s o r e s . Eu procuro por uma tal maioria comensuráve l , de fo rm a

que aqueles da minoria se sintam assim: "A maré está se movendo contra

m i m . Preciso virar e ir com a maré". Em questões cru c i a i s , tais como o duplo

período no horário escolar ou a implantação de um aglutinante org a n i z a-

c i o n a l , é preciso a aprovação de todos e tem que ser pelo menos 80%, s e

você for fazer isso funcionar. Eu procuro esses 80% dos vo t o s . Nós usamos

uma votação secreta e eu faço as pessoas saberem a votação exata. C o m

o u t ras questões que são real e simplesmente questões de preferência –

como se uma assembléia acontece no segundo período ou quarto –, n ó s

p a rtimos para uma maioria simples: 5 0 % .

38 ®

Page 39: Patio Comestivel da Escola

Um exemplo de como conseguir a aprovação seria o que aconteceu com

o horário do duplo período. No primeiro ano, o departamento de ciências

concordou em tentar períodos duplos por um ano. Nós precisávamos

outro departamento para ir com eles, assim nós poderíamos colocar essas

duas classes uma após a outra no horári o. H i s t ó ria concordou em tentar

por um semestre, com o entendimento de que eles iriam votar ao fi m

desse tempo; se eles votassem para voltar ao tra d i c i o n a l , nós vo l t a r í a m o s .

No fim do semestre o departamento de história votou 50 a 50 para per-

manecer assim. Eu disse a eles que, já que o departamento de ciências

q u e ria permanecer assim, e eles eram exatamente 50 a 50, nós iríamos

p e rmanecer dessa fo rma pelo ano todo e então decidir o que fazer no

próximo ano. Eles concordaram com isso.

Após isso, os departamentos de inglês e matemática vieram até mim e

d i s s e ram que eles queriam períodos duplos para o próximo ano. Nós

tínhamos a reunião dos professores para falar do que nós iríamos faze r ; n ó s

poderíamos ter dois depart a m e n t o s , dos seis, no horário estendido, mas nós

não poderíamos ter três ou quatro departamentos sem os outros.

39O Pátio Comestível da Escola

Os estudantes construíram suportes para os pés de fe i j ã o,uma grade para o kiwi e eles planejaram canteiros informais e plantações que desenvo l veram uma estética própria

Page 40: Patio Comestivel da Escola

40 ®

Page 41: Patio Comestivel da Escola

Na reunião, eu coloquei o assunto para receber idéias. O depart a m e n t o

de Ciências disse que jamais vo l t a ria aos 45 minu t o s . H i s t ó ria concordou!

Eu estava tão surpreso! Eles tinham mais da metade do departamento que

realmente queria isso. Inglês e Matemática já tinham dito que queri a m

seguir assim. Educação Física disse que eles não queri a m , mas não iri a m

i m p e d i r. F a l t avam os departamentos eletivo s . Dois professores eletivo s

o b j e t a ram e um deles disse que talvez não fosse a melhor coisa para uma

língua estra n g e i ra . Eu concordari a ; mas você tem que olhar a escola como

um todo. O nível de francês e espanhol que nós estamos ensinando é tão

elementar que três dias por semana seriam sufi c i e n t e s . Então nós submete-

mos ao voto e o s t a f f votou maciçamente por isto.

Nós ficamos preocupados com isto. Nós gastamos tempo no nosso retiro do

s t a f f em agosto, planejando como cada um iria dar aula por 95 minu t o s .L e vo u

um certo tempo para ajustar, mas houve acordo e agora não se consegue

pensar no nosso horário operando de qualquer outra fo rm a .

Você teve um voto dos professores como aquele do projeto do Pátio

Comestível da Escola?

Com o Pátio Comestível da Escola foi ligeiramente dife r e n t e. Ele não exigiu de

todos porque ele não envo l veu a todos.A s s i m , a questão para o s t a f f como um

todo fo i : "aqui está um projeto que vai ser levado adiante; o que você acha?"

Quando nós tomamos decisões de s t a f f, n ó s , às ve ze s , usamos um método

com oito níveis de vo t a ç ã o. Isto dá às pessoas uma fo rma de expressar

suas dúvidas, suas reservas e até mesmo o seu negativismo com relação a

uma idéia sem bl o q u e á - l a . Uma pessoa pode dize r : " Tudo bem. Eu aceito

esta idéia. Eu não gosto dela, mas eu não quero impedir ninguém mais; e

a s s i m ; tudo bem, você tem o meu relutante sim".

O Pátio Comestível da Escola realmente só impactou aqueles profes-

sores que estavam levando as suas crianças para a horta, principalmente

professores de Ciências da 6ª série.

41O Pátio Comestível da Escola

A horta tem suprido a mim e aos

meus estudantes com algumas

ex p e riências inesperadas e

m a ra v i l h o s a s.Trabalhando na hort a ,

sujando as mãos, resolvendo probl e m a s,

se comunicando, c o o p e ra n d o, e simples-

mente se divertindo no ambiente de

aprendizado alternativo tem sido

substancialmente recompensador.

LYNNE PACUNAS

Page 42: Patio Comestivel da Escola

Aqueles professores realmente queriam isso e eu acho que entre o resto

do staff havia pontos de vista variáveis: "Boa idéia, mas eu não quero estar

envolvido". "Nós não queremos brecar você, divirta-se!"; ou "de certo

modo eu talvez gostasse de estar envolvido". Eu também penso que havia

provavelmente algum ceticismo de como iria acontecer. Eu não acho que

qualquer pessoa tivesse chegado à conclusão de como iria funcionar,

quão grande chegaria a ser, ou quanto sucesso poderia ter.

Com o staff desejoso de tentar o pro j e t o , como as coisas começaram a caminhar?

Por volta de 1995, nós tínhamos uma força-tarefa e convidamos pessoas dife r-

entes para vir à escola – arquitetos paisagistas, p r o fe s s o r e s ,r e s p o n s á veis por

r e s t a u ra n t e s , fo rnecedores de comida e outros.Nós perguntamos a eles como

f a zer o projeto acontecer. Desta reunião, nós selecionamos o nosso local a part i r

de três possibilidades.A t ravés de algumas conexões, conseguimos alguém para

r e t i rar o asfalto. É uma substância tóxica e, p o rt a n t o, d e ve ser removida de fo rm a

a p r o p ri a d a .

C o n t u d o, apesar de termos nos livrado do asfalto, o solo não era bom.

E n t ã o, em dezembro de 1995, iniciamos a plantação. Nós convidamos pes-

soas ligadas ao projeto para virem jogar as pri m e i ras sementes. Nós fi ze m o s

disso uma cerimônia com um grupo de dança A s t e c a . Eles fi c a ram tocando

tambor enquanto nós organizamos filas de pessoas para caminharem juntas e

jogarem sementes confo rme passav a m .As sementes era m ,p ri n c i p a l m e n t e,

feijão fav a ,p a ra pôr o nitrogênio de volta ao solo e limpá-lo.

Muita coisa aconteceu com o Pátio Comestível da Escola desde que você semeou

as pri m e i ras sementes em 1995.No começo, apenas uns poucos pro fe s s o re s

l ev a ram seus alunos para a hort a .C o n forme a horta cre s c e u , você acre s c e n t o u

e s t a fe ao Pátio Comestível da Escola. E n t ã o , veio a cozinha em 1997, que tro u xe

o u t ras classes e outros pro fe s s o res para o pro j e t o . E ago ra você está no meio do

planejamento de uma cafe t e ria escolar e a cozinha da horta – que irá fa zer do

p rojeto ainda mais o centro da escola.Há pro fe s s o res que estão pensando: "Oh! O

que aconteceu?"

S i m ,p r ov ave l m e n t e.Mas eles também podem ver que o programa teve tanto

sucesso e que está, o bv i a m e n t e, tendo um efeito tão bom sobre as cri a n ç a s.

42 ®

Os estudantes ajudaram a instalar as juntas do bar-racão de ferramentas desenhado por ScotttConstable.

Page 43: Patio Comestivel da Escola

Os professores da hort a , que fo ram para fo ra , p a s s a ram inicialmente

por uma porção de probl e m a s , de tal fo rma que a segunda leva de pro-

fe s s o r e s , usando a hort a , se beneficiou das experiências dos profe s s o r e s

i n i c i a i s . Estes primeiros professores têm sido muito bons em tra n s m i t i r

suas experiências e fazendo desenvolvimento de pessoal. Por exe m p l o,

eles juntaram um grupo de diferentes professores – incluindo ve t e ra n o s

e x p e rimentados– que tinham tido boas experiências na hort a . Q u a n d o

uma pessoa, que havia ensinado na King por mais de 20 anos, s e n t a - s e

com um grupo e fala em como funcionou para ela e quanto sucesso

t e ve com as suas cri a n ç a s , isso atinge a todos os profe s s o r e s .

43O Pátio Comestível da Escola

Page 44: Patio Comestivel da Escola

44 ®

A comunidade se juntou num trabalho coletivo para "levantar o estábulo", erguendo e fincando estruturas maciças de madeira para o barracão de fe rr a m e n t a s .

Page 45: Patio Comestivel da Escola

O apoio que você tem dado aos professores para este projeto é

impressionante, como se assegurar de que existe pessoal para cuidar da

horta? Em outras escolas , os professores tentam manter a horta da escola

além das suas obrigações de classe e isto pode se tornar frustrante.

Você tem que comparar a horta com qualquer outro bom recurso que

você tem na sua escola, como o labora t ó rio de info rm á t i c a , por exe m p l o.

O labora t ó rio de info rmática consegue mais sucesso e um uso melhor

quando há um técnico de computação e já existe um instrutor no labo-

ra t ó ri o. Com este apoio, os professores têm alguém para ajudá-los a plane-

jar a lição, pôr as coisas em ordem adiantadamente, eliminar os probl e m a s

e cert i fi c a r-se de que as coisas sejam mantidas em ordem. O mesmo tam-

bém é verdadeiro com a bibl i o t e c a .Você pode ter este recurso

m a rav i l h o s o, mas sem uma bibl i o t e c á ri a , não vai funcionar tão bem. O

mesmo também é verdadeiro com a hort a . Somente ter o recurso não é

s u fi c i e n t e.Ter o pessoal é crítico para fazer a coisa funcionar.

Com a hort a , se você tem que seguir planejando antecipadamente, b e m ,

você não vai. E se a horta não é somente sua, mas você está compart i l h a n-

do-a com outros profe s s o r e s , isso muda ainda mais. Por que, p a ra ela tra-

balhar efetivamente você precisa de um coordenador na hort a , cujo

t rabalho é facilitar o sucesso do programa da hort a .

Uma coisa que me deixou surpreso é a tremenda quantidade de comu n i c a ç ã o

e n t re os pro fe s s o res e o pessoal de apoio que parecem estar envolvidos em

fa zer o trabalho deste pro j e t o .

S i m , os professores e o s t a f f, inicialmente envo l v i d o s , têm gasto um tempo

e n o rme discutindo as coisas e fazendo as coisas funcionarem. O Centro

p a ra Ecoalfabetização realmente reconhece a necessidade de fazer isto.

Eles nos deram a autori z a ç ã o, p e rmitindo aos professores desenvo l ver o

c u rrículo e criar a posição de professores mentores. Estes profe s s o r e s

mentores ajudam a guiar os seus colegas através do processo. Isso é

i m p o rtante também.

45O Pátio Comestível da Escola

Eu descobri que as crianças que imi-

graram para cá recentemente estão

dispostas a compartilhar o seu

conhecimento de comida e de cultivar

comida de suas casas anteriores. Eu

me lembro de um estudante em par-

ticular, que descreveu a horta de sua

avó,no México. Ele prestou atenção

que muitas das frutas , verduras e

ervas que nós cultivamos aqui são

similares àquelas que a sua avó culti-

vava. Para esse estudante, a horta deu

um sentido de familiaridade e criou

um vínculo, que é um valioso ponto de

apoio na direção de criar um sentido

de comunidade.

KELSEY SIEGEL

Page 46: Patio Comestivel da Escola

46 ®

Page 47: Patio Comestivel da Escola

Como o Pátio Comestível da Escola se encaixa na sua noção de re forma da escola?

Pa ra um projeto como o do Pátio Comestível da Escola acontecer, tem que

h aver um clima na escola, onde as idéias de refo rmas são vistas positiva-

m e n t e. E a refo rma não precisa começar de uma fo rma ampla. Às ve ze s ,

quando as pessoas falam em refo rm a , assusta outras pessoas. Mas você tem

que construir a partir de pequenos sucessos.Você pode olhar para alguma

coisa que é gerenciáve l , isto é, v i á ve l , e isso é atra t i vo para uma porção de

p e s s o a s ; quando você tiver sucesso com isso, então você dá o próximo

passo e depois mais outro. Quando você constrói baseado em outros suces-

s o s , a visão das pessoas começa a se expandir. Eles começam a dize r: " N ó s

PODEMOS fazer isso".

Eu penso que, se há 10 anos, eu tivesse vindo para a King e dissesse: " N ó s

iremos construir uma escola que tem uma horta atrás, que tem um campo

de beisebol aqui, que vamos ter o horário com duplo período, s a b e, eu não

t e ria ficado até o fim do ano! Todos teriam pensado que eu era um excêntri-

co chegando.Além disso, eu sei que a minha visão não teria especifi c a m e n t e

incluído todas essas coisas.

Minha visão foi definitivamente uma visão refo rm i s t a , mas foi ampla o sufi c i e n t e,

de tal fo rma que pudesse englobar uma porção de fo rmas de se chegar ao

fi m . O fim tem sido sempre claro para mim: de que cada criança esteja assimi-

lando a sua educação, que esteja entusiasmada a respeito da aprendizagem,

que seja bem tratada na escola, que ela se sinta segura na escola e que cada

p r o fessor tenha autoridade suficiente para ajudar a desenhar e criar esta comu-

nidade de aprendizagem. Mas eu estou aberto para chegar lá através dos mais

d i ferentes passos. Eu nunca digo "este é o caminho que nós temos que

s e g u i r " . Eu assumo que muitas pessoas tra zem muitas idéias e que o gru p o

c o l e t i vo é mais esperto do que qualquer pessoa no gru p o.Ao colocar idéias

a t ravés do gru p o, nós as bu ri l a m o s , nós as tornamos passíveis de trabalhar para

todos e conseguimos a concordância de todos também.

47O Pátio Comestível da Escola

O projeto do Pátio Comestível da

Escola influencia estilos de instrução,

estruturas e relacionamentos . Isto tem

nos levado a perguntar : Qual é a

natureza da aprendizagem?

YVETTE MCCULLOUGH

Page 48: Patio Comestivel da Escola

Baseado no que você está dize n d o , a re forma está acontecendo em dife rentes níveis

na King.Você está falando sobre a escola ser um lugar onde as crianças se sentem

p rotegidas e engajadas e me parece também importante para os pro fe s s o res se sen-

t i rem protegidos para expressar as suas idéias.

Oh! sim. É para isto que serve o Comitê Revo l u c i o n á ri o.As pessoas gera m

algumas idéias bastante extravagantes e não interessa quão estranha uma

idéia possa parecer, ela deve ser considera d a .A idéia de A l i c e, i n i c i a l m e n t e,

parecia muito estra n h a , assumindo que a escola é uma escola urbana.

C rianças servindo almoço umas às outra s , cultivando suas próprias cenoura s

– isso era muito estra n h o. M a s , uma porção de coisas que nós temos na King

t e ria parecido brutal às pessoas dez anos atrás. Ensinar crianças por 95 minu-

tos? Nós costumávamos pensar que elas não conseguiriam sentar por tanto

t e m p o. E agora a gente nem fala disso. Isso é parte da cultura da escola.

Quais são outras fo r m a s, que você diri a , em que a cultura da escola tenha mu d a d o ?

A cultura mudou dra s t i c a m e n t e, o que foi responsável por mudar outra s

coisas da mesma fo rm a . A cultura da escola é, a g o ra , uma em que há uma

porção de coisas em andamento para as crianças – uma porção de apren-

dizagem – e está acontecendo de fo rma excitante. Há também uma sen-

s a ç ã o, entre o pessoal como um todo, de que nós somos todos respon-

s á veis pelas crianças como um todo. Eu não acho que possa haver alguém

que agora fosse olhar para sua sala, unicamente para os seus próprios estu-

d a n t e s , ou para o seu próprio curr í c u l o.Todos têm uma noção do quadro

maior e sentem alguma responsabilidade por ele.

O Centro para Ecoalfabetização fala destas mu d a n ç a s, das partes para o todo, q u e

p a recem ser um elemento crítico na re fo r m a .

Esta é uma mudança signifi c a t i v a . É também parte da refo rma da escola

média em part i c u l a r.A refo rma da escola média é sobre se distanciar

daquele modelo de "Escola Secundária" onde eu, como profe s s o r, s o u

r e s p o n s á vel por apresentar a minha matéria para os meus estudantes. I s t o

t o rna a escola média mais do tipo da escola elementar, onde você continu a

a alimentar os estudantes – não trocar a fralda deles como bebês, mas ali-

48 ®

Steven Davis

A porta da cozinha está sempre aber-

ta – nós achamos que isso ajuda a

criar um sentido de comunidade .As

crianças se sentem livres para vir a

qualquer hora procurar uma receita

ou sentar e conversar conosco.Além

do meu trabalho na cozinha,eu sou

também um instrutor de educação

física.Esse trabalho adicional com as

crianças realmente ajuda a reforçar a

harmonia que nós temos na cozinha.

STEVEN DAVIS

Page 49: Patio Comestivel da Escola

mentá-los como estudantes – e ajudá-los no processo de crescimento.

Nós temos um estafe de professores que está realmente compromissado

com este nível de idade em particular. Eles, realmente, querem estar na

escola média.

Como o Pátio Comestível da Escola ajudou a criar a comunidade?

A King se sente mais como uma comunidade do que se sentia há alguns

a n o s , devido ao número de projetos, sendo que a horta é um deles. E l a

t raz pessoas que poderiam não estar interessadas em ensinar, ou ler, o u

a c o n s e l h a r, mas que estão interessadas em se envo l ve r. Eu acho que os

vizinhos e a comunidade realmente gostam do Pátio Comestível da

E s c o l a . Ao contrário de olhar uma paisagem desolada, eles agora vêem

uma bela hort a . Isso melhorou a imagem da escola na vizinhança.

O senso de comunidade vai além da própria escola somente porque ele

acontece dentro da escola. Entre o staff há um sentido real de comu-

nidade. Os professores se sentem respeitados uns pelos outros mesmo

quando suas opiniões diferem. Eles sentem que suas idéias vão ser, pelo

menos consideradas, senão aceitas. Entre o staff há um cuidado real de

uns com os outros e um sentido de que nós estamos todos trabalhando

juntos para uma grande finalidade comum.

Que conselho você daria a alguém embarcando num projeto como o do Pátio

Comestível da Escola?

Antes de tudo, você precisa entender que isto não vai acontecer em um

a n o, é um projeto a longo pra zo. S e g u n d o, você não tem que ter a con-

cordância de todo o s t a f f inicialmente para começar, mas você tem que ter

com certeza algumas pessoas comprometidas.Te r c e i r o, é bom procurar por

a p o i o, tanto dentro como fo ra da escola, pelo menos inicialmente, p a ra

f a zer funcionar.Você precisa do apoio do distri t o. Nosso superi n t e n d e n t e,

Jack Mclaughlin, tem nos dado muito apoio e isso é especialmente impor-

tante se você for usar parte do terreno da escola. F i n a l m e n t e, tem que

h aver o apoio aos professores que participam e apóiam de várias fo rm a s ,

como tempo para reunião ou a pessoa que está fo ra ori e n t a n d o - o s .

49O Pátio Comestível da Escola

Page 50: Patio Comestivel da Escola

Como os pais responderam ao Pátio Comestível da Escola?

H o u ve uma preocupação, i n i c i a l m e n t e, de que alguns pais pudessem dize r:

" Vocês estão se distanciando do ‘ c u rrículo real’ p a ra que o meu filho possa

despender tempo na hort a " . Foi um medo que realmente não se materi a l i zo u .

Aconteceu com um pai ocasional, mas foi ra r o. Por outro lado, nós tive m o s

muitos pais dize n d o : "A coisa favo rita do meu filho acerca da escola é a hort a " .

Os pais, sem dúvida, ficam contentes quando seus filhos estão contentes com

alguma coisa na escola, especialmente a sexta, sétima e oitava séries que ra ra-

mente estão fe l i zes com alguma coisa. E n t ã o, isto foi muito bom de ouvir.

Você tem ouvido diretamente dos estudantes a respeito do que eles pensam do pro j e t o ?

Todo ano nós temos uma pesquisa com os nossos estudantes como part e

do Projeto de Excelência das Escolas de Berke l e y. Nesta pri m ave ra , nós con-

seguimos perto de seiscentas respostas. Os estudantes completam uma

pesquisa de duas páginas e no ve rso eles têm uma lista das seis pri n c i p a i s

coisas que gostariam de ter como pri o ridades para executar na escola. E l e s

têm 35 escolhas possíve i s . Na nossa escola, a maioria dos votos foi para edu-

cação física/esport e s ; em 2º lugar fi c a ram as viagens e em 3º foi a horta entre

as 35 possibilidades! Isso fo i ,p ra t i c a m e n t e, um testemunho do ponto de vista

das crianças – que a horta é alguma coisa a que eles dão valor.

Você percebeu qualquer diferença em coisas como as notas das provas ou

outras avaliações acadêmicas?

Você pode provar que está fazendo diferença? Eu não acho que possa. O

Pátio Comestível da Escola ajudou a mudar a cultura da escola. Ele prende o

interesse das crianças pela escola por dar a elas uma experiência com as

m ã o s , com os seus colegas e seus profe s s o r e s . Ele atrai as crianças para a

e s c o l a ,p a ra a aprendizagem. E faz com que as crianças cheguem à conclusão

de que aprendizagem não é apenas livros, mas que a vida é aprendizagem.

50 ®

Eu trabalho com nove estudantes ,

variando de 11 a 15 anos de idade.

Estes estudantes têm problemas de

aprendizagem,vêm da área central

deteriorada da cidade e tiveram

pouca, ou alguma, exposição ao

mundo e à forma como as coisas

crescem.A cozinha e a horta são

coisas que estas crianças podem fazer

bem.Em nosso trabalho de horta,em

particular, existe uma continuação da

horta para a sala de aula.Quando

nós estudamos a Antigüidade no ano

passado, nós fizemos cestos dos

capins em volta da horta, nós falamos

sobre comida,as diferenças entre

caçar e coletar, e eles aprenderam

sobre o cultivo caseiro de plantas.

A horta supriu uma mão-cheia de

experiências para as crianças fazerem

a conexão com o que eles estavam

aprendendo na sala de aula.

ELIZABETH W I H R

Page 51: Patio Comestivel da Escola

Uma das tarefas da escola média é entusiasmar as crianças sobre a apren-

dizagem e o Pátio Comestível da Escola é um sucesso nisso. S e, no fim das

e x p e riências de uma criança da oitava séri e, a criança tem certos fatos

s a b i d o s ,b e m , por quanto tempo estes fatos serão lembrados? M a s , se a cri-

ança estiver entusiasmada com uma matéria em part i c u l a r, irá se tornar um

estudante efe t i vo e continuará a aprendizagem sobre isso. Isto é realmente o

que você quer fazer – na escola média em particular – não é?

Neil Smith é o diretor da Escola Média King há dez anos. Ele dá o crédito aos talentosos profes-sores da King e a uma comunidade esclarecida e apoiadora por criar o projeto do PátioComestível da Escola e por sustentar o seu crescimento.

Leslie Comnes é uma escritora sobre Educação, especializada em Educação ambiental e deCiências.Ela escreveu para: Projeto da Árvore da Aprendizagem,Projeto WILD e Ciências doLaboratório da Vida. Uma antiga professora e ávida horteloa,ela está sempre interessada em comoeducadores atraem os estudantes e ajudam a ligar aprendizagem às suas vidas no dia-a-dia.

51O Pátio Comestível da Escola

Page 52: Patio Comestivel da Escola

…SOBRE CONSTRUIR COMUNIDA D E

Beth Sonnenberg: Uma coisa que é tão boa sobre o Pátio Comestível

da Escola é que ele cria comunidade de uma forma que torna a sua vida

muito mais fácil como professor. Ele dá a você um lugar comum com as

suas crianças que não é planejado. As crianças, nesta idade, não gostam

de "pôr a mão na massa" e trabalhar juntas na horta é uma forma

concreta de resolver alguns dos seus problemas.

Eu me lembro que , uma vez, havia somente duas crianças na minha classe

que jamais haviam sido controladoras de ferramentas, mas essas duas não

gostavam uma da outra e não queriam, efetivamente, trabalhar juntas. Eu

disse a elas: "Bem, vocês duas querem fazer isso; então, por que vocês

não vão lá e vêem o que vocês podem fazer para resolver isso?" E, quan-

do elas voltaram ao círculo, no fim daquele dia, disseram: "Você sabe?

Nós formamos uma equipe excelente!" Uma sabia ler melhor, assim ela

preencheu todos os nomes e conferiu as ferramentas e a outra limpou o

barracão de ferramentas e jogou o lixo fora.

Aquela oportunidade de trabalharem juntas não teria funcionado jamais,

academicamente, porque elas estavam em lados opostos, mas elas real-

mente tinham habilidades que funcionaram maravilhosamente naquela

situação. E as duas se sentiram realmente positivas porque elas fizeram a

coisa funcionar. Este tipo de coisa foi útil porque resolveu o que havia

entre elas, na sala. Elas agora sabem que podem trabalhar juntas num tra-

balho de matemática, mesmo estando em níveis diferentes.

Um professor pode pensar : "Oh! Eu estou perdendo uma hora e meia

do tempo curricular na horta". Mas você realmente está ganhando.

A kemi Hamai: Na King, nós temos esta imensa heterogeneidade. N ó s

temos crianças que estão num nível de leitura para faculdade, cujos pais são

p r o fi s s i o n a i s , que têm uma porção de recurs o s ; mas também nós temos cri-

anças que não têm uma porção de recurs o s , que tive ram experiências esco-

52 ®

Uma Conversa com Educadore s

E N T R E V I S TA REALIZADA POR LESLIE COMNES

Beth Sonnenberg e Phoebe Tanner

Page 53: Patio Comestivel da Escola

53O Pátio Comestível da Escola

Trabalhar na horta permite aos meus

estudantes de educação especial

explorar a beleza da Ciência e

Matemática de forma cooperativa.

Nós construímos cercas , cortamos e

medimos os galhos e resolvemos o

problema de como construir cercas

mais fortes. Alguns dias nós levamos o

nosso giz e papel para a horta e

desenhamos. Uma das nossas mais

agradáveis experiências é caminhar

através da horta e conversar.

JENNIFER BROUHARD

lares realmente negativas, ou cujos pais não se gra d u a ram na escola

s e c u n d á ri a .E ,b a s i c a m e n t e, estas crianças são jogadas juntas. Nós não

podemos ensiná-las como se elas fossem todas iguais – elas não são iguais.

Na King, todos os estudantes são misturados juntos, não somente na mesma

e s c o l a , mas na mesma sala de aula.

A s s i m , como profe s s o r e s , nós estamos sempre procurando coisas dife r e n t e s

das quais as crianças possam extrair coisas academicamente, emocionalmente e

s o c i a l m e n t e. Nós procuramos fo rmas de manter os estudantes juntos. N ó s

todos temos tentado atividades de aprendizagem coopera t i v a , mas as cri a n ç a s

sabem que elas são inve n t a d a s .A s s i m , nós estamos procurando fo rmas natu-

ra i s ,a u t ê n t i c a s ,p a ra que todas as crianças tenham uma experiência de sucesso.

O Pátio Comestível da Escola mantém as crianças unidas porque elas

trabalham juntas por uma razão: elas querem comer no final. Então elas

trabalharão com este grupo de crianças com as quais poderiam não se

socializar nunca, nem saber qualquer coisa sobre elas. Ou elas irão

trabalhar juntas para construir uma estrutura de sombra. É uma forma

natural para qualquer criança aprender em conjunto e trabalhar em con-

junto; uma forma com a qual qualquer uma pode se sentir bem.

Phoebe Ta n n e r: Até mesmo a fo rma como nós implantamos a hort a ,

pode ajudar os estudantes a ver que eles são parte da comunidade escolar.

Em casa você planta uma semente de tomate, você põe água todo dia e,

e n t ã o, você apanha e come o tomate.Aqui isto é feito comu n i t a ri a m e n t e, d e

tal fo rma que uma classe pode preparar o canteiro, o u t ra classe pode plantar

as sementes e então uma outra classe faz a colheita para a cozinha.

Nós realmente tivemos um problema num ano, quando um grupo de garotas

reclamou que o canteiro de morangos era só delas. Elas prepara ram o can-

t e i r o, elas plantara m , elas tira ram as ervas daninhas e então elas acharam que

os morangos deve riam ser delas. Outros estudantes seguindo uma prática

c o mu m ,s e rv i ram-se dos frutos maduros.As garotas fi c a ram muito aborr e c i d a s

e houve um monte de discussões. Nós estamos trabalhando para encontra r

Page 54: Patio Comestivel da Escola

fo rmas que permitam aos estudantes desenvo l ver um relacionamento pessoal

com as plantas, e ainda manter o sentido de que a horta é de todo o mu n d o.

Beth Sonnenberg: Eu tive dois meninos que jamais disseram qualquer coisa,

eles eram apenas muito quietos. Uma ocasião lhes foi dado o trabalho de

podar a cerca viva, ao lado da cerca, e os dois pegaram a tesoura e fo ram para

l á . E eles conve rs a ram durante uma hora e meia. Eu não sei sobre o que, m a s

toda hora que eu olhava para lá, eles estavam falando e podando e eu só pen-

s av a : "Ótimo!" Porque os dois realmente precisavam ser ouvidos. Eles estav a m

lado a lado de uma fo rma bonita. E então, pouco depois, eles começaram a ir

juntos ao cinema e a se falar por telefo n e.

Assim, algumas coisas realmente agradáveis acontecem na horta e na

cozinha, porque há espaço para coisas que poderiam não acontecer na

sala de aula. É aí que eu vejo o verdadeiro valor.

Akemi Hamai: Algumas das crianças de maior sucesso na horta ou na

cozinha são aquelas que fazem a menor quantidade de lição de casa ou

outro trabalho para mim.A horta ou cozinha é o lugar que eles amam. E

vê-los lá muda o relacionamento entre mim e meus estudantes. Mesmo

com uma criança que geralmente não faz lição de casa, eu posso ver que

esta criança é uma grande trabalhadora, que sabe muito ou está real-

mente interessada. Ou nós poderíamos ter uma conversa maravilhosa a

respeito da horta da família da criança, ou sua avó que cuida de horta, ou

alguém que vive em qualquer país de onde a família possa ter vindo e

que cuide de horta. Há, então, muitas ligações que nós podemos fazer e

que têm sido realmente agradáveis para mim.

Eu faço o melhor tentando me comunicar com estas crianças e isto é

exatamente outra forma de fazê-lo. A horta e a cozinha são lugares

espetaculares para ver estas crianças serem bem sucedidas. Eu acho que

muda a atitude do professor – e tem que mudar – e muda as atitudes da

criança: como elas se sentem a respeito delas mesmas e como elas pen-

sam que você as vê. E, nesta idade, isso é fundamental para estas crianças.

54 ®

Akemi Hamai

Page 55: Patio Comestivel da Escola

Ty rrah Yo u n g : A cozinha oferece aos estudantes dentro da Aula de Oport u n i d a d e

(um programa altern a t i vo dentro da escola) uma chance de trabalharem juntos,nu m

ambiente mais íntimo.Estes estudantes em part i c u l a r,eu acho,expressam a conexão

comida e o ritual familiar.Comida é uma parte importante da vida das cri a n ç a s .

Algumas delas assumem as duas responsabilidades, alimentarem a si próprias e

p o s s i velmente um irmão mais novo em casa.A nossa experiência na cozinha nos

deu a oportunidade de falar sobre os hábitos alimentares da família, assim como

dos amigos. Pa ra alguns estudantes, a experiência na cozinha fo rnece uma oport u-

nidade para demonstrar a sua perícia. Pe rmite também a eles experimentar vári a s

fo rmas de comidas que eles poderi a m ,e ve n t u a l m e n t e, nunca comer em casa.

As crianças ficam muito envolvidas na prepara ç ã o. Por exe m p l o, quando a

minha classe fez o enrolado de acelga ve rm e l h a ,a d i c i o n a ram o seu própri o

toque cri a t i vo.Algumas delas não eram "boas" na parte de enrolar, então

fi ze ram as suas próprias modifi c a ç õ e s .Algumas usaram a folha de acelga como

uma "tortilla" e colocaram o recheio em cima.Algumas comeram somente o

r e c h e i o, deixando a fo l h a .O u t ras cri a ram as suas próprias idéias sobre o que o

recheio deve ria ou poderia conter. Isto é muito característico do que acontece

quando nós entramos na cozinha. Nós podemos nos tornar realmente

c ri a t i vos com as receitas porque o nosso grupo é muito pequeno.

Phoebe Ta n n e r: O ano passado uma das minhas salas de aula teve uma

porção de conve rsas sobre trabalho quando nós estávamos no círculo da

h o rt a . As conve rsas começaram quando um estudante afro-americano con-

tou para a classe: "Minha avó diz:‘Trabalho duro é uma responsabilidade’".

Ele repetiu as palavras de sua avó em muitos outros dias.

Um outro estudante dessa classe começou um ritual no fechamento do

círculo, quando ele disse: "Eu só quero dizer que o Frank trabalhou real-

mente duro hoje". Outros seguiram com estórias acerca das realizações

de colegas e a prática continuou durante o ano inteiro.

Uma estudante estava relutando em tra b a l h a r.Ela se sentava num banco reclamando

ou talvez falasse com um amigo.Após alguns meses,eu fiquei sabendo que ela estav a

55O Pátio Comestível da Escola

Tyrrah Young

Page 56: Patio Comestivel da Escola

enchendo carrinhos de mão com composto, q u e b rando concreto velho com

uma marr e t a ,p a ra fazer uma parede e mostrando suas realizações no fe c h a m e n t o

do círculo. Quando eu perguntei a ela sobre isso, ela disse: "Eu apenas decidi que

se nós fôssemos estar aqui fo ra , eu deve ria também tra b a l h a r " . Eu a vi hoje e disse

a ela que eu estava novamente pensando em como a sua participação na hort a

h avia desenvo l v i d o.Dando uma risada ela disse: "Eu amo a hort a " .

Joy Osborne: Eu tenho estado envolvida com o projeto do Pátio Comestível da

Escola desde o seu começo.No início, o meu interesse principal era o de procura r

fo rmas de melhorar o entendimento dos meus estudantes sobre o período

N e o l í t i c o.Nós vimos como a agri c u l t u ra começou e a domesticação de plantas e

a n i m a i s .Como uma extensão da cozinha,nós moemos diferentes tipos de grãos.

Com o tempo eu comecei a ver que havia muito mais acontecendo – nós estáva-

56 ®

A cozinha é a sala de aula

heterogênea ideal.É o único lugar

onde todas as crianças são iguais. As

crianças são abertas , respeitosas e

desejam compartilhar. Algumas

crianças realmente desabrocham aqui.

ADA WADA

Page 57: Patio Comestivel da Escola

mos cultivando um sentido de comunidade através do nosso trabalho na cozinha.

Quando nós trabalhávamos na cozinha, chegávamos juntos, como uma

família. Nós preparávamos comida juntos e trabalhávamos em conjunto

de modo saudável. Não era tanto o que nós estávamos fazendo e, sim,

como estávamos fazendo. No nosso trabalho de cozinha, nós estávamos

criando um sentido de comunidade.

...SOBRE INTEGRAR CURRÍCULO

Beth Sonnenberg:O Estado nos manda tanto currículo para ser ensinado.

É realmente difícil manter-se no comando e dar um ritmo para si mesmo

p a ra completar o currículo de Matemática e Ciências. É ainda mais difícil faze r

isso e ainda adicionar alguma coisa mais, como a hort a .Assim você tem que

realmente procurar onde as afinidades estão.A integração encontra caminhos

p a ra se realizar isso.

Em Ciências, nós realmente tentamos olhar para os pontos em comum com

o que nós já estávamos ensinando. Onde nós já ensinamos certas coisas e

como elas se encaixam na horta? Quando eu ensinava relevo, por exe m p l o, e

estávamos vendo erosão, eu procurei um lugar onde eu pudesse ver erosão

na horta e nós falamos sobre qual seria a maior distância que uma part í c u l a

p o d e ria ter se deslocado. Quando nós estudamos alavancas e polias, n ó s

olhamos para as fe rramentas na horta e qual a alavancagem e vantagem

mecânica das fe rra m e n t a s . Num determinado ano, nós tivemos que move r

uma mesa de bandejas para plantar sementes, que era realmente pesada. N ó s

tentamos movê-la com um método egípcio de rolagem. Onde eles usav a m

toros de madeira , nós usamos tubos de irri g a ç ã o.

A kemi Hamai: Aconteceu de eu estar dando uma aula de Genética na

mesma época em que as macieiras estavam sendo podadas na hort a .A

ocasião era perfe i t a , mas eu revi a minha agenda para falar a respeito da

g e n é t i c a , do enxe rto e coisas como clonagem. Funcionou muito bem.

O enxe rto das macieiras aconteceu naquela época porque era a estação

c e rta e aquelas datas, em part i c u l a r, e ra quando nós podíamos conseguir

57O Pátio Comestível da Escola

Em Históri a , nós falamos do poder de

r e c u p e ração e discutimos por que um

sistema necessita divers i d a d e. N ó s

falamos da paisagem, do impacto do

homem sobre a terra e sobre adap-

t a ç ã o. Eu quero os meus estudantes

sentindo-se com mais autoridade para

mudar o mundo. Eu não quero que eles

se sintam como se fossem o dente de

uma engrenagem em alguma máquina.

RANDA CHAS

Randa Chas

Page 58: Patio Comestivel da Escola

vo l u n t á ri o s . Não foi um plano específico para coincidir com o curr í c u l o. M a s

esse é o nosso objetivo, que o currículo possa ser flexível o suficiente para

que possamos tirar vantagem de momentos maravilhosos de ensino

como esses.

Phoebe Ta n n e r: No âmago do projeto está uma das funções mais básicas

da vida: alimentar a nós mesmos. No crescer, c o z i n h a r, s e rvir e comer uma

deliciosa comida org â n i c a , nós estamos alimentando os corp o s , mentes e

e s p í ritos de nossos estudantes e a nós mesmos. Como profe s s o r e s , n ó s

estamos lutando para tra zer à luz o entendimento ecológico que vem com

cultivar e comer comida saudáve l . Em troca, é nossa esperança que as cri-

anças venham a aprender como se preocupar com a terra .

Esther Cook: Na cozinha, nós usamos a matemática para calcular o

custo das nossas comidas, o que foi muito interessante para essas cri a n ç a s .

Elas são muito espertas com relação a dinheiro, porque ou elas tem mu i t o

ou nenhum dinheiro. Quando nós calculamos o preço das comidas, as cri-

anças começaram a pensar em como poderiam ganhar dinheiro. Nós con-

cluímos que, se você fi zesse sopa para 30 pessoas e os ingredientes cus-

t a s s e m , d i g a m o s , R $ 2 0 , 00 e você vendesse a sopa por, d i g a m o s , R$1,50 a

t i g e l a , quanto dinheiro você conseguiria ganhar.

A margem de lucro começou a brilhar nos olhos delas e elas estav a m

d i ze n d o : "Nós poderíamos ir todos ao Great A m e rica (parque de dive r-

sões) no fim do semestre com o dinheiro que a gente ganhasse apenas

vendendo sopa".

A kemi Hamai: Nós não queríamos que o Pátio Comestível da Escola

fosse apenas para Ciências, nós queríamos que ele fosse de todos; isso sig-

n i fica que todas as classes têm acesso à hort a . Elas não vão para fo ra de

uma fo rma progra m a d a , mas um professor de arte que estava próximo, p o r

e xe m p l o, t r o u xe as suas crianças para fazer desenho. Outros profe s s o r e s

também fi ze ram isso e usam a horta tanto como um ambiente agra d á ve l

p a ra as crianças fi c a r e m , ou como material real para elas tra b a l h a r e m .

58 ®

Patty Fujiwara

Page 59: Patio Comestivel da Escola

G e n ev i eve Leslie: Os professores de humanas viram uma porção de

o p o rtunidades para a integração de Estudos Sociais na cozinha. No começo

deste ano escolar, nós realmente tentamos estabelecer a cozinha como uma

sala de aula. Um exemplo de integração foi arrumar as nossas três mesas da

cozinha para representar três culturas que os estudantes iriam estudar.

Eles tinham que adivinhar a cultura baseados nas comidas e utensílios de

c o z i n h a , na mesa. Isto realmente dá às crianças a chance de abordar o que

aprendem na sala de aula de um ângulo dife r e n t e, ângulo que é muito

v i s í vel e muito táctil. Ao fim de cada estudo de uma cultura , as cri a n ç a s

f a zem diferentes pratos dessa cultura ; t e m o s , e n t ã o, uma festa para celebra r.

Randa Chas: Na 7ª série nós estudamos História Universal. Quando

nós estudamos o Oriente Médio as crianças fizeram pão de pita com

"homus" na cozinha.Ao fim dos nossos estudos, as crianças escreveram

ensaios ou histórias curtas baseadas no que tinham aprendido. Quando

nós estávamos fazendo um "brainstorming" para levantar tópicos para a

redação deles, os estudantes sabiam detalhes a respeito da vida no

Oriente Médio, como o tipo de comida que o povo comia.

Beth Sonnemberg: Eu tenho ouvido que um bom professor é aquele

que consegue criar um milhão de exemplos para uma idéia.A horta é uma

fonte conveniente e interm i n á vel de exe m p l o s , que eu posso me serv i r

repetidas ve zes nas minhas aulas.A horta é uma experiência ri c a , c o mu m ,

que me ajuda a ensinar vários conceitos de Ciências. Algumas das minhas

c rianças jamais fo ram além da ponte Golden Gate, enquanto outras já via-

j a ram pelos sete continentes, mas todas já estive ram na hort a .

Phoebe Ta n n e r: Eu ensino uma unidade sobre lixo, na qual os estudantes

i nvestigam quanto lixo a escola produz e quanto lixo a cidade de Berkeley gera .

Nós estudamos as exigências estaduais para redução do lixo. Nós visitamos a

estação de tra n s ferência e os centros de reciclagem. Nós ve ri ficamos a reciclagem

da natureza, na hort a ,a t ravés da compostagem e cultura de minhocas. Como na

h o rt a , esta é uma área em que as crianças podem influir no meio ambiente.To d a

59O Pátio Comestível da Escola

Um dos valores de se trabalhar na

horta,com estudantes da Escola

Média,é que se consegue fazê-los tra-

balhar para uma meta comum, seja

remover um toco ou plantando num

canteiro. Eles trabalham com crianças

que eles de outra forma poderiam

nem chegar a conhecer. A horta ajuda

a criar um sentido de camaradagem e

comunidade entre os meus alunos .

PATTY FUJIWARA

Page 60: Patio Comestivel da Escola

vez que compramos alguma coisa, nós estamos tomando algum tipo de decisão.

Se nós compra rmos suco em uma garrafa plástica flexíve l , ou num recipiente de

vidro recicláve l , se nós compramos maçãs org â n i c a s , ou maçãs pulve rizadas com

p e s t i c i d a s , nós estamos tomando decisões que afetam o nosso meio ambiente.

Esther Cook: Quando os estudantes estavam aprendendo sobre a vida

doméstica dos egípcios e como os egípcios costumavam assar pão no

fo rn o, nós fi zemos pão de pita na cozinha. Eles leram sobre os egípcios

comerem feno grego e fi ze ram chá de feno grego. Quando as Olimpíadas

e s t avam sendo realizadas em Nagano, nós preparamos um tradicional café

da manhã japonês, com talharim udon e sopa de m i s s o s h i r o.

Quanto mais ligações você puder oferecer a essas cri a n ç a s ,m e l h o r. Elas querem

r e l e v â n c i a , elas querem saber como o que nós fazemos na escola se relaciona com

suas vidas no dia-a-dia.O que poderia ser mais relevante do que cultivar, cozinhar e

comer a comida?

Ene Osteraas-Constabl e : No último ve r ã o, h avia uma menina no progra m a

que era tão indiferente em relação à horta que ela nem queria ficar lá.No último

dia eu comecei um projeto de um corante natura l , em que nós usamos dife r-

entes materiais da horta para fazer cora n t e s .De repente ela chegou até mim e

d i s s e : "Olha essa pri m ave ra . Ela se abre desse jeito! Você vê como todas essas

p a rtes funcionam juntas? Se você abre desse jeito, não há cor no meio". Ela não

h avia sequer prestado atenção às plantas antes, seus olhos estavam litera l m e n t e

v i d ra d o s . Ela não havia participado da horta de fo rma alguma,mas ela encontrou

uma porta de entra d a . Desde aquela ocasião, eu fiquei sabendo que ela, a g o ra , é

capaz de se relacionar com mais aspectos da hort a . É relevante ter dife r e n t e s

p o rtas de entrada e é aí que o aspecto interdisciplinar deste projeto realmente

se encaixa. Sem isso você estará realmente limitando as possibilidades.

. . . M U DAR A CULTURA DE UMA ESCOLA

A kemi Hamai: É um esforço surpreendente começar um projeto como esse,

especialmente numa escola média onde há departamentos acadêmicos,c o m p l i-

60 ®

A resposta da comunidade ao Pátio

Comestível da Escola tem sido

tremenda! Várias centenas de pessoas

nos visitaram no último ano, procuran-

do formas de criar programas simi-

lares em sua vizinhança.Os visitantes

vão embora com idéias, inspiração e, o

mais importante, um sentido de que é

possível.Ao invés de se sentirem cul-

padas ou frustradas em relação ao

estado do meio ambiente e educação,

as pessoas vêem que elas podem

realmente criar mudanças simples e

positivas, nas suas próprias vizin -

hanças e escolas , o que terá um

impacto duradouro.

ENE OSTERAAS-CONSTABLE

Page 61: Patio Comestivel da Escola

cações de programação e professores que são muito confiantes na sua

m a t é ri a , mas que não são necessariamente genera l i s t a s . Há uma tremenda

quantidade de coordenação envo l v i d a . Como um corpo de profe s s o r e s ,n ó s

t i vemos que aprender a nos comunicar uns com os outros – constantemente

e num nível que nós jamais teríamos considerado antes. Nós temos que nos

c o municar realmente para ver se nós estamos de fato coopera n d o.

Beth Sonnemberg: A razão pela qual o projeto do Pátio Comestível da

Escola pode funcionar, na nossa escola, é que a nossa escola é surpreendente em

si e de si mesma. E s t a ria tudo bem sem um projeto do Pátio Comestível da

Escola e ela seri a , ainda assim, uma escola muito considera d a ; esta não é a única

coisa acontecendo.A maior parte do nosso s t a f f está fazendo serviço extra de

uma fo rma gera l . Existe o programa Lit Pa l , em que as crianças escrevem para

c o rrespondentes adultos, na comu n i d a d e, sobre livros que elas lera m .Há tam-

bém um programa Redação da Família. Existem professores muitos dedicados

na escola e eles todos fazem muito mais do que apenas lecionar na sala de aula.

Akemi Hamai: A horta aprimora a cultura da escola, mas a escola já

tinha o staff e a mentalidade para fazer um projeto de sucesso como

esse. Ele muda a escola de algumas formas, mas o staff da escola já esta-

va maduro para isso.Trabalhar com o Centro para Ecoalfabetização tem

ajudado o estafe a tornar mais claras as nossas metas e nos ajudou a

colocar as metas numa estrutura que todo mundo entende. Isto nos

desafiou intelectualmente, o que, eu imagino, o nosso s t a f f aprecia.

Beth Sonnenberg:Às ve zes é difícil ter um programa que seja para a esco-

la inteira . Nós temos que trabalhar para encontrar fo rmas de envo l ver todo o

s t a f f n e l e. Nem todos têm a perícia – ou o mesmo nível de interesse.

Phoebe Tanner: As pessoas vêm com seus próprios pontos de vista e

tem que haver espaço para isso. Deve haver portas de entrada por todo

o caminho; e diferentes tipos de portas de entrada, de tal forma que

nem todos tenham que aceitar apenas uma forma de fazer as coisas. É

importante ser sensível a todas as posições das pessoas.

61O Pátio Comestível da Escola

Ene Osteraas–Constable

Page 62: Patio Comestivel da Escola

Na Escola Média King, a ecologia permeia as coisas que nós faze m o s . É a

nossa fo rma de explicar aos estudantes o que nós fazemos e por que nós esta-

mos fazendo isso.Nós não ensinamos apenas uma unidade sobre ecologia, n ó s

abordamos a ecologia como o fio que mantém tudo junto.

A horta apresenta oportunidades para tornar os princípios da ecologia impor-

tantes para as cri a n ç a s .As crianças aprendem a entender a ligação que têm

com a terra . Com a hort a , como profe s s o r e s , nós não temos que pregar

ecologia como o que discursa na praça sobre uma caixa de sabão, n ó s

podemos conseguir o comprometimento das crianças envo l v i d a s .A sus-

tentabilidade não será por muito tempo alguma coisa que o professor ve n h a

a falar, ela se torna alguma coisa que as crianças vive n c i a m .

Nós usamos ecologia para explicar o “porquê” por trás da ciência que

nós estamos trabalhando na classe. Nós ensinamos uma porção de ciên-

cias na King; a ecologia traz um tópico de ciências para o mundo real e

dá a ele relevância perante as crianças. Por exemplo, alguém poderia per-

guntar por que nós estamos fazendo experimentos sobre fotossíntese. Se

nós olharmos para a fotossíntese através das lentes da ecologia e com

um contexto de horta, nós teremos uma resposta que significa alguma

coisa para as crianças.

Com ambas, a cozinha e a horta, nós somos lembrados da realidade, de

que somos sustentados por crescimento de planta, não por comida de

supermercado embalada em plástico. As crianças vêem de onde a comida

realmente vem. Elas vivenciam o impacto que as suas próprias ações

podem ter. Elas vêem o que elas podem fazer. Elas sentem o seu poder

aumentado porque suas ações podem fazer a diferença.

O Pátio Comestível da Escola tem um impacto na cultura da escola e na

fo rma como nós interagimos com as crianças e uns com os outros. C o m o

um s t a f f, nós todos trabalhamos juntos. Pa ra melhorar o nosso própri o

entendimento de ecologia, nós nos reunimos e educamos a nós mesmos.

Nós avaliamos o que é importante e como nós podemos fazer a dife r e n ç a .

62 ®

D e s e nvo l vendo Ecoalfabetização

YVETTE MCCULLOUGH

Yvette McCullough

Page 63: Patio Comestivel da Escola

Esta abordagem nos tem permitido ver mudanças em como nós intera g i-

mos com as crianças e como as crianças se relacionam umas com as outra s .

Desta fo rm a , o Pátio Comestível da Escola é uma entidade viva. É a fo rm a

como nós trabalhamos e intera g i m o s . Coisas vivas evo l u e m . Nós nos ve m o s

desta fo rma também. Não é que o Pátio Comestível da Escola tenha chega-

do e seja fixo no tempo e espaço. Nós vemos o Pátio Comestível da Escola

– como um processo em evolução – um processo que irá continuar a

crescer e mudar no correr do tempo.

A profe s s o ra de Ciências,Y vette McCullough, tem um compromisso para a vida toda com a ecologia ecom as suas aulas. No seu sexto ano na King,Y vette está envolvida no desenvolvimento do curr í c u l op a ra projeto do Pátio Comestível da Escola. Como mentora , ela se dedica a aumentar a part i c i p a ç ã odos professores através do curr í c u l o, assim como aumentar o envolvimento dos pais e da comu n i d a d e.

63O Pátio Comestível da Escola

Page 64: Patio Comestivel da Escola

Princípios de Ecolog i a

64 ®

Os conceitos ecológicos que são os padrões e

processos pelos quais a natureza sustenta a vida.

R E D E SI n t e r d e p e n d ê n c i a , D i v e rsidade e Complex i d a d e

Os membros de um ecossistema são interligados numa vasta rede

de relacionamentos em que todos os processos de vida são interdependentes e

alcançam a estabilidade através da dive rsidade de ligamentos.

SISTEMAS DENTRO DE SISTEMASF r o n t e i ras e Limites

Em todas as escalas da natureza, nós encontramos sistemas vivos dentro de

outros sistemas vivo s , cada um com a sua própria fronteira e limites.

C I C L O SReciclagem de Recursos e Pa r c e ri a s

As interações entre membros de uma comunidade ecológica envo l vem a troca de recursos

em ciclos contínu o s , de tal fo rma que todo o resíduo seja reciclado através de cooperação

u n i ve rsal e fo rmas incontáveis de parceri a . Na escala planetári a , cada um dos elementos

vitais para a vida segue através de um círculo fechado de mudanças cíclicas.

F L U X O SE n e rgia e Recurs o s

O constante fluxo de energia solar mantém a vida e dirige os ciclos ecológicos,

todos os organismos se alimentam em fluxos de energia e recurs o s , cada espécie

produzindo material que é alimento para outros org a n i s m o s .

D E S E N VO LV I M E N TOSucessão e Co-ev o l u ç ã o

O desdobramento da vida manifestado como desenvolvimento e aprendizagem

a nível individual e como evolução a nível das espécies, e nvo l ve uma interação de

c riatividade e mútua adaptação na qual organismos e ambiente co-evo l u e m .

EQUILÍBRIO DINÂMICOA u t o - o rg a n i z a ç ã o, F l ex i b i l i d a d e, Estabilidade e Sustentabilidade

Todos os ciclos ecológicos agem como "círculos de realimentação", de tal fo rma

que a comunidade ecológica regula e organiza a si própri a , mantendo um estado

de equilíbrio dinâmico cara c t e rizado por flutuações contínu a s .

Page 65: Patio Comestivel da Escola

A Escola Média Martin Luther King Jr, em Berke l e y, é um exemplo ideal

p a ra ilustrar as múltiplas facetas da ecoalfabetização. Ser ecologicamente alfabeti-

z a d o, ou "ecoalfabetizado", s i g n i fica entender os princípios básicos, ou os conceitos

fundamentais da ecologia e ser capaz e embuti-los na vida diária das comu-

nidades humanas. Pa ra as comunidades de aprendizagem e para escolas em par-

t i c u l a r, isto requer uma nova fo rma de pensar e uma nova prática de lidera n ç a .

Na comunidade de aprendizagem na Escola Média King, a nova fo rma de pensar

e a nova fo rma de liderar são praticadas em modelos exe m p l a r e s .

Pensar ecologicamente significa pensar em termos de relacionamentos, c o n e c-

tividade e contexto. Em Ciência, este tipo de pensamento se tornou conhecido

como "pensamento de sistemas" ou "pensamento sistêmico", porque se ori g i-

nou nas novas abordagens científicas à noção de sistemas vivos que fo ra m

d e s e nvolvidas durante as pri m e i ras décadas deste século.

Em meu livro,A Teia da V i d a , eu descrevo a história da "concepção de sistemas"

a t ravés deste século e proponho uma síntese de várias teorias de sistemas que

a p a r e c e ram durante os últimos 25 anos. Em outras palav ra s , eu apresento uma

n ova estru t u ra conceitual para a compreensão científica da vida. Esta nova con-

cepção de vida tem várias implicações muito interessantes para a compreen-

são de criatividade e lidera n ç a . Neste art i g o, eu vou explorar estas implicações,

i l u s t rando-as com alguns exemplos da Escola Média King.

REDES VIVAS

Um dos primeiros "insigths" importantes da concepção de sistemas foi a

conclusão de que cada sistema vivo é uma rede. Esta idéia apareceu

primeiro em ecologia. Desde o começo da ecologia, comunidades

ecológicas têm sido vistas como formadas por organismos interligados

em tipos de rede através de relações alimentares. No começo, os ecolo-

gistas formularam os conceitos de cadeias alimentares e ciclos alimenta-

res, e estes foram logo expandidos para o conceito atual de teia da vida.

65O Pátio Comestível da Escola

Criatividade e Liderança em C o munidades de A p re n d i z age m

FRITJOF CAPRA

Fritjof Capra

Page 66: Patio Comestivel da Escola

A "teia da vida" é, sem dúvida, uma idéia antiga, que tem sido usada pelos

p o e t a s , fi l ó s o fos e místicos através dos tempos, p a ra transmitir seu sentido

de interligação e interdependência de todos os fe n ô m e n o s .C o n fo rme o

conceito de rede se tornou mais e mais importante na ecologia, p e n s a d o r e s

de sistemas começaram a usar modelos de rede em todos os níveis de sis-

t e m a , olhando organismos como rede de órgãos e células, da mesma fo rm a

como ecossistemas são vistos como redes de organismos individuais. I s s o

nos leva ao "insight" chave de que rede é um padrão comum a tudo que é

vida – onde quer que vejamos vida, nós vemos redes.

66 ®

Page 67: Patio Comestivel da Escola

A g o ra , se bem que todos os sistemas vivos sejam redes, nós sabemos que

nem todas as redes são sistemas vivo s .A s s i m , quais são as características de

redes vivas? Um dos mais importantes aspectos de todas as redes vivas é que

elas envo l vem "círculos de realimentação". Numa rede viva, existem muitos

ciclos e círculos, e estes círculos podem se tornar "círculos de realimentação".

Um "círculo de realimentação" é um arranjo circular de elementos conectados

de fo rma causal, no qual uma causa inicial se propaga em volta das ligações do

c í r c u l o, de tal fo rma que cada elemento tenha um efeito no próximo, até que

o último "realimenta" o efeito no primeiro elemento do ciclo.

Num ecossistema, "círculos de realimentação" tendem a tra zer o sistema de

volta ao equilíbrio sempre que há um desvio da norma devido a condições

ambientais em mu d a n ç a . Por exe m p l o, se um verão excepcionalmente

quente resulta num crescimento inusitado de algas num lago, algumas espé-

cies de peixe que se alimentam dessas algas podem aumentar e criar mais,

de tal fo rma que o seu número aumenta e eles começam a reduzir a quan-

tidade de algas. Uma vez que a sua maior fonte de comida tenha fi c a d o

r e d u z i d a , os peixes começam a morr e r. C o n fo rme a quantidade de peixe s

c a i , as algas vão se recuperar e expandir nov a m e n t e. Desta fo rm a , o probl e-

ma original gera uma flutuação ao redor de um “círculo de realimentação”

q u e, e ve n t u a l m e n t e, t raz o sistema peixe/alga de volta ao equilíbri o.

O fenômeno da "realimentação" é extremamente importante para todos os

sistemas vivo s . Por causa da "realimentação", redes vivas podem regular a si

p r ó p rias e podem organizar a si própri a s . Uma comu n i d a d e, por exe m p l o,

pode regular a si própri a . Ela pode aprender a partir dos err o s , porque os

e rros vão e vêm ao longo desses "círculos de realimentação".Assim a comu-

nidade pode se organizar e pode aprender. Por causa da "realimentação", a

c o munidade tem sua própria inteligência, sua própria capacidade de aprender.

A s s i m , r e d e s , "realimentação" e auto-organização são conceitos prox i m a-

mente ligados. Nós podemos dizer que sistemas vivos são redes capazes de

a u t o - o rg a n i z a ç ã o.

67O Pátio Comestível da Escola

Eu tento ensinar ecologia dife r e n t e-

mente da fo rma como me foi ensinado;

não peça por peça, mas através de

uma abordagem sistêmica. Por exe m p l o,

nós verificamos como as nossas ações

a fetam outros sistemas, seja ele um sis-

tema ou a nossa comunidade e as nos-

sas interações sociais. Desta fo rm a ,a s

c rianças estão aprendendo, c o n c r e t a-

m e n t e, como as suas ações afetam os

outros e não estão aprendendo de

fo rma abstrata como as ações de uma

espécie em um ecossistema afetam

o u t ras espécies. Pa ra mim, a razão pela

qual eu leciono é a esperança de que,

a t ravés da ex p e riência das crianças com

a terra , elas venham eventualmente a

se tornar administradores da terra .

KAREN HANSEN

Page 68: Patio Comestivel da Escola

REDES DE CONVERSAÇÕES

A g o ra nós podemos perg u n t a r: Qual é a natureza das ligações em uma

rede viva? A resposta vai depender de que tipo de sistema vivo nós estamos

f a l a n d o. Numa célula, as ligações são processos químicos que interl i g a m

todos os componentes da célula. No cérebro e no sistema nervo s o, as

ligações são estru t u ras anatômicas da vasta rede neura l , os bilhões de

áxones e dendri t e s . Num ecossistema, c o n fo rme eu falei antes, as ligações

mais importantes são os relacionamentos de alimentação – as muitas fo rm a s

pelas quais plantas, animais e microorganismos se alimentam uns dos outros.

Quais são as ligações numa comunidade humana? Bem, tem havido um

debate acalorado entre cientistas sobre como descrever melhor as redes soci-

ais e uma das teorias mais interessantes é aquela do sociólogo alemão Niklas

L u h m a n n , que descreve a comunidade humana como uma rede de conve r-

s a ç õ e s . Esta rede envo l ve múltiplos “círculos de realimentação”. Os resultados

das conve rsações dão origem a novas conve rs a ç õ e s , que geram círculos auto-

a m p l i fi c a d o s .A s s i m , um comentário ocasional pode ser pego e ampliado pela

r e d e, até que ele tenha uma maior conseqüência. O encerramento da rede

dentro das fronteiras da comunidade resulta em um sistema compart i l h a d o

de crenças, explicações e valores – geralmente chamados de cultura org a n i z a-

cional – que é continuamente mantido por novas conve rs a ç õ e s .

Uma comunidade viva é uma rede de conversações com “círculos de

realimentação” e uma das melhores formas de estimular a comunidade é

facilitar e sustentar conversações.

Sem dúvida, c riar comunidade facilitando conve rsações foi uma das

p ri m e i ras e mais importantes tarefas que Neil Smith perseguiu quando ele

se tornou diretor na Escola Média King, em 1989. Ele se reuniu com todos

os professores em longas conve rsas individuais. Ele facilitou os diálogos e

o rg a n i zou um retiro de dois dias com o s t a f f, em seu segundo ano, que fo i

freqüentado por 90% dos profe s s o r e s . Quando o projeto do Pátio

C o m e s t í vel da Escola começou, ele se cert i ficou de que o primeiro gru p o

68 ®

Page 69: Patio Comestivel da Escola

de profe s s o r e s , pioneiros do projeto, t i vesse ampla oportunidade para

r e p a rtir suas experiências durante os dias de desenvolvimento do s t a f f.“ O s

p r o fessores mais envolvidos gastaram uma tremenda quantidade de tempo

o rientando e instruindo sobre determinadas coisas e fazendo as coisas fun-

c i o n a r e m .” , Neil nos falou.

Nestas conve rs a ç õ e s , Neil Smith continuamente encorajou a "realimen-

t a ç ã o " ; por exe m p l o, introduzindo um sofisticado método de votação envo l-

vendo oito diferentes níve i s , o que “dá às pessoas uma fo rma de expressar

suas preocupações, suas reservas e até mesmo o seu negativismo em

relação a uma idéia, sem bl o q u e á - l a ” .

69O Pátio Comestível da Escola

Uma comunidade viva é uma rede de conversações com "círculos de realimentação" .

Page 70: Patio Comestivel da Escola

70 ®

Page 71: Patio Comestivel da Escola

É interessante que redes de conversações também são agora ampla-

mente discutidas em círculos de negócios. Em um artigo intitulado

"Conversação como um Processo Fundamental de Negócios", Juanita

Brown e David Isaacs relatam que eles pediram a centenas de executivos

e empregados para descreverem a qualidade das conversações que

tiveram poderoso impacto sobre eles.

Eles descobriram que as respostas que receberam tinham uma quanti-

dade de temas em comum. Por exemplo:

• Havia um sentido de mútuo respeito entre nós. Nós aproveitamos para

realmente falar e refletir sobre o que cada um de nós pensava que

fosse importante.

• Nós ouvimos uns aos outros, mesmo se houvessem diferenças.

• Eu fui aceito e não julgado pelos outros nas conve rs a ç õ e s . Nós explo-

ramos questões que import av a m . Nós desenvo l vemos uma compreensão

recíproca que não estava lá quando nós começamos; e assim por diante.

Os autores também mencionam um estudo interessante feito pelo

Instituto para Pesquisa sobre Aprendizagem em Palo A l t o, sobre como a

aprendizagem acontece numa org a n i z a ç ã o. O estudo conclui: "O compar-

tilhar da mais poderosa aprendizagem e do conhecimento coletivo org a n i-

zacional cresce através do relacionamentos info rmais e redes pessoais –

a t ravés do desenvolvimento de conve rsações em comunidades de prática".

E M E R G Ê N C I A

Há uma outra propriedade muito importante de sistemas vivo s , que fo i

i d e n t i ficada e explorada somente muito recentemente. Cada sistema vivo

ocasionalmente encontra pontos de instabilidade nos quais algumas das suas

e s t ru t u ras se rompem e novas estru t u ra s , ou novas fo rmas de comport a-

mento emerg e m .A emergência espontânea de ordem – de novas estru-

71O Pátio Comestível da Escola

Eu me juntei ao A m e ricorps e vim para

o Pátio Comestível da Escola e então

pude encorajar os estudantes, na King, a

d e s e nvolverem um senso de lugar dentro

da sua própria comunidade.Ao aprender

a cultivar seus próprios produtos e cri a t i-

vamente mudar a paisagem na hort a

sempre em ev o l u ç ã o, os estudantes, n a

K i n g , são supridos com um lugar e

ex p e riências que os ligam com a beleza

da sua comunidade e o mundo que eles

irão herdar.

KELSEY SIEGEL

Page 72: Patio Comestivel da Escola

72 ®

Page 73: Patio Comestivel da Escola

t u ras e novas fo rmas de comportamento – é uma das marcas da vida. E s t e

fe n ô m e n o, g e ral e simplesmente chamado de “ e m e rg ê n c i a ” , tem sido

reconhecido como a base do desenvo l v i m e n t o, aprendizagem e evo l u ç ã o.

Em outras palav ra s , c riatividade – a geração de fo rmas que são constante-

mente novas– é a propri e d a d e - c h ave de todos os sistemas vivo s .A vida

constantemente se esforça em busca de nov i d a d e.

Estudos detalhados têm mostrado que os pontos de instabilidade, nos quais

o c o rre a emerg ê n c i a , são o resultado de pequenas flutuações que são

a m p l i ficadas por "círculos de realimentação". Pense novamente sobre o

c o m e n t á rio ocasional em uma rede de conve rsações! A s s i m , os “círculos de

r e a l i m e n t a ç ã o ” , na rede, são críticos para a criatividade do sistema e esta

c riatividade é manifestada nos processos de emerg ê n c i a .

E S T RUTURAS EMERGENTES E PLANEJADA S

D u rante a longa história da evo l u ç ã o, todas as estru t u ras vivas no planeta

e vo l u í ram através de emerg ê n c i a , em uma mostra sem-fim de criatividade e

a d a p t a ç ã o. Em outras palav ra s , todas as estru t u ras não humanas do planeta

são estru t u ras emerg e n t e s . Eu disse:“ Todas as estru t u ras não-humanas”,

porque com a evolução da espécie humana, e s t ru t u ras de outros tipos

fo ram cri a d a s . Na evolução humana, l i n g u a g e m , a b s t ra ç ã o, pensamentos con-

ceituais e todas as outras características da consciência humana entra ra m

p a ra o jogo. Isto nos permitiu fo rmar imagens mentais de objetos físicos, fo r-

mular metas e estratégias e, a s s i m , c riar estru t u ras por planejamento.

Em organizações humanas, os dois tipos de estru t u ras estão sempre pre-

s e n t e s . As estru t u ras planejadas são as estru t u ras fo rmais da org a n i z a ç ã o,

que são mostradas nos seus documentos oficiais e descrevem a missão da

o rg a n i z a ç ã o, suas políticas fo rm a i s , suas estratégias e assim por diante.

Além disso, há sempre estru t u ras emerg e n t e s . Estas são as estru t u ras info r-

mais da organização – as alianças e amizades, os canais info rmais de comu n i-

cação (boca a boca), as habilidades tácitas e fontes de conhecimento que

73O Pátio Comestível da Escola

Page 74: Patio Comestivel da Escola

estão continuamente evoluindo. Estas estruturas emergem de uma rede

informal de relacionamentos que cresce continuamente, muda e se adap-

ta a novas situações.

Os dois tipos de estruturas – planejadas e emergentes – são muito difer-

entes e cada organização necessita dos dois tipos. Enquanto as estruturas

planejadas não podem crescer, estruturas emergentes são adaptáveis,

desenvolvem e evoluem. Elas são expressões da criatividade coletiva da

organização. O Comitê Revolucionário na Escola Média King fornece um

exemplo vívido de uma estrutura emergente. Ele emergiu de um grupo

de discussão informal durante os primeiros dias de Neil Smith como

diretor; seus membros têm sido sempre espontâneos e voluntários; e

assim o Comitê é flexível e adaptável e evoluiu em resposta às necessi-

dades de aprendizagem da comunidade .

Se nós pensarmos sobre o relacionamento entre emergência e planejamen-

to em termos contínu o s , nós podemos dizer que um sistema "flutuando"

bem longe em direção ao planejamento vai se tornar excessivamente rígido,

incapaz de se adaptar às condições de mu d a n ç a .

Por outro lado, se uma organização "flutua" muito longe, em direção à

e m e rg ê n c i a , ela vai perder a habilidade de produzir bens ou serviços efi c i e n-

t e m e n t e. As estru t u ras planejadas permitem à organização operar de acor-

do com certas especifi c a ç õ e s . Elas permitem a fo rmulação de regras e regu-

lamentos que são necessários para o gerenciamento do dia-a-dia da org a n i-

z a ç ã o.A s s i m , o desafio para qualquer organização é encontrar um equilíbri o

c ri a t i vo entre as suas estru t u ras planejadas e as suas estru t u ras emerg e n t e s .

L I D E R A N Ç A

Parece que dois diferentes tipos de liderança correspondem a estes dois

tipos de estru t u ra s . A missão da organização é geralmente o resultado de

um processo de planejamento.A idéia tradicional de um líder é aquela de

uma pessoa que é capaz de, c l a ra m e n t e, fo rmular esta missão, sustentá-la e

74 ®

Page 75: Patio Comestivel da Escola

c o municá-la bem e com cari s m a . O outro tipo de liderança seria a facili-

tação de emerg ê n c i a . Esse tipo de liderança não é limitado a um simples

i n d i v í d u o. Em sistemas auto-org a n i z a d o s , a liderança é distri buída e a

responsabilidade se torna a capacidade do todo.

A partir da minha perspectiva, o diretor da Escola Média King personifica

os dois tipos de liderança. Ele é claro sobre sua visão e, mesmo assim, ele

não a impõe ao staff, mas facilita a emergência de processos e estruturas

que dêem suporte à visão. “O objetivo-fim tem estado sempre claro para

mim”, Neil Smith nos disse , “Que cada criança esteja adquirindo edu-

cação, esteja entusiasmada a respeito da aprendizagem, seja bem tratada

na escola e se sinta segura na escola. Mas eu estou aberto a chegar lá

através de vários e diferentes passos… As pessoas me disseram:‘Você é

o diretor, você não pode apenas fazer os professores fazerem isso?’ Bem,

não, você não pode. E não é apenas isso, você não quer”.

Na realidade, Neil reconheceu que dois tipos interligados de emerg ê n c i a

o p e ram aqui. “ Pa ra que alguma coisa nesse sentido – ‘O Pátio Comestíve l

da Escola’ tenha sucesso”, ele explica, “o professor tem que querer fazer e

isso vai realmente contagiar com as cri a n ç a s .”

C o n fo rme nós documentamos nesta brochura , a idéia do Pátio Comestíve l

da Escola, sem dúvida, se tornou popular em larga escala junto aos profe s-

s o r e s . E isto mudou a cultura da escola inteira , c o n fo rme o Neil esclarece:

“A cultura da escola é agora uma em que há uma porção de coisas em

andamento para as crianças – uma porção de aprendizagem – e caminha

de fo rma excitante. Há também uma sensação entre o staff, como um

t o d o, de que nós somos todos responsáveis pelas crianças como um todo”.

L i d e ra n ç a , e n t ã o, consiste em continuamente facilitar a emergência de

n ovas estru t u ras e incorp o rar o melhor delas no planejamento da org a n i z a-

ç ã o. E n t ã o, nessa organização haverá uma interação contínua entre

e m e rgência e planejamento. Como alguém facilita emergência? Você facilitará

e m e rgência ao criar uma cultura de aprendizagem, e n c o rajando inov a ç ã o

75O Pátio Comestível da Escola

O projeto do Pátio Comestível da Escola

dá às crianças a oportunidade de ali-

mentar uma coisa viva e vê-la crescer; e,

talvez mais import a n t e, ser capaz de ter

realmente sucesso em alguma coisa.

JAY COHEN

Jay Cohen

Page 76: Patio Comestivel da Escola

q u e s t i o n a d o ra e gra t i fi c a n t e. Em outras palav ra s , l i d e rança significa cri a r

c o n d i ç õ e s , mais do que dar direções. C o n fo rme o Neil diz, você não pode

mandar os professores fazerem alguma coisa e, o que é mais import a n t e,

você não quer isso!

Acima de tudo, facilitar emergência significa construir e manter uma rede de

c o nve rsações com "círculos de realimentação". O primeiro passo em

direção a esta meta pode ser afrouxar as estru t u ras planejadas e assim cri a r

mais flexibilidade, c o n fo rme Neil Smith fez quando primeiro dividiu o staff

em grupos para examinar os problemas da escola e, e n t ã o, facilitou a

e m e rgência de um comitê flexível e adaptável destes gru p o s .

Outro importante aspecto é criar um clima emocional, que seja propício à

e m e rg ê n c i a . Isto significa um clima de entusiasmo, s u p o rte mútuo e confi a n ç a ,

mas também um clima de paixão, com muitas oportunidades para celebra ç ã o.

Sem dúvida, c e l e b ração – de plantar e ara r, de comer juntos, de amizade e

c o o p e ração – tornou-se uma parte importante da Escola Média King.

F i n a l m e n t e, nós precisamos chegar à conclusão de que nem todas as

soluções emergentes são viáve i s .C o n s e q ü e n t e m e n t e, uma cultura alimen-

tando emergência deve incluir a liberdade de cometer err o s . Em tal cultura ,

a experimentação é encorajada e a aprendizagem é tão valorizada como o

s u c e s s o. Um dos principais probl e m a s , tanto em negócios como em edu-

c a ç ã o, é que as organizações são ainda julgadas de acordo com a sua estru-

t u ra planejada e não de acordo com as suas estru t u ras emerg e n t e s .

C o n fo rme a nossa sociedade passa por uma profunda tra n s i ç ã o, de um par-

adigma mecanicista para um ecológico, de um raciocínio fragmentado para

um sistêmico, os novos líderes precisarão agir, por um certo tempo, com um

pé em cada para d i g m a , por assim dize r. No fim de nossa conve rsação com

Neil Smith, nós perguntamos como ele mede o sucesso na Escola Média

K i n g . “O Pátio Comestível da Escola… ajudou a mudar a cultura da escola”,

respondeu ele.“Ele prende o interesse das crianças na escola ao dar a elas

76 ®

Page 77: Patio Comestivel da Escola

uma experiência do tipo “mão na massa” com seus colegas e seus profe s-

s o r e s . Ele atrai as crianças para a escola, p a ra a aprendizagem.

E ele faz com que elas cheguem à conclusão de que “a aprendizagem não é

somente livros, mas que a vida é aprendizagem".

F ritjof Capra ,P h . D. , físico e teorista de sistemas, é diretor fundador do Centro paraE c o a l f a b e t i z a ç ã o, localizado em Berke l e y. Ele é o autor de três best-sellers intern a c i o n a i s :O Tao da Física, O Ponto Crítico e S a b e d o ria Incomum. O seu último livro, A Teia da Vi d a, foi publ i c a d oem outubro de 1996 .

77O Pátio Comestível da Escola

Page 78: Patio Comestivel da Escola

78 ®

Os membros da rede regional de educadores do Centro foram juntos compartilhar suas experiências, numa visita a uma fazenda orgânica local.

Page 79: Patio Comestivel da Escola

Um dos mais recompensadores desafios para os educadores é cri a r

c o munidades de aprendizagem em escolas que promovem a experi ê n c i a

das crianças e o entendimento do mundo natura l . C o n fo rme vimos nas

páginas deste livro, a Escola Média King é um exemplo de uma comu n i d a d e

de educadores enfrentando este desafi o.

O projeto do Pátio Comestível da Escola na King é ímpar, o único da espécie,

com a colaboração de pessoas extra o r d i n á ri a s ; e ainda esse experimento em

e volução contém elementos básicos, como os simples e frescos ingredientes

numa receita herdada das nossas avós e testada ao longo do tempo.

Um ingrediente essencial é a liderança fo rte com uma visão clara . O diretor

Neil Smith calmamente inspira confiança aos professores da King e cri a

condições dentro da escola para inov a ç ã o.As sementes da “deliciosa

r e vo l u ç ã o ” de Alice Wa t e rs encontra ram terreno fért i l , cultivado sempre por

um s t a f f d e d i c a d o. Outros ingredientes essenciais incluem uma rica rede de

r e l a c i o n a m e n t o s , uma comunidade trabalhando unida num projeto tangíve l ,q u e

incentiva tanto a experiência quanto um entendimento do mundo natura l .

Ao cultivar e cozinhar sua própria comida, os estudantes são apresentados aos

ciclos e estações do seu lugar e ao ecossistema no qual estão incluídos.

O Centro para Ecoalfabetização sente-se honrado por estar em um gru p o

especial de patrocinadores comprometidos com a realização e sustentabili-

dade do Pátio Comestível da Escola. Nós produzimos esta publicação como

um tri buto à “deliciosa revo l u ç ã o ” acontecendo na King e como um encora-

jamento a outros que estejam dispostos a tentar dar sua ajuda a esta receita

b á s i c a ,f a zendo as adaptações necessárias às condições locais do seu própri o

clima e terr e n o.

Zenobia Barl ow é diretora executiva do Centro para Ecoalfabetização em Berke l e y, C a l i f ó rn i a . Ela étambém uma antropóloga visual e fo t ó g rafa que documenta as pessoas comuns em seu trabalho ea reverência e a admiração que ela vê nas faces das cri a n ç a s , na natureza.

79O Pátio Comestível da Escola

Zenobia Barlow

Uma Receita Testada ao L o n go do Te m p o

ZENOBIA BARLOW

Page 80: Patio Comestivel da Escola

80 ®

S o b re o Centro para Ecoalfabetização

DECLARAÇÃO DA MISSÃO

O Centro para Ecoalfabetização se dedica a incentivar a experiência e entendimento do mundo natura l .

Uma fundação públ i c a , o Centro para Ecoalfabetização (Centro) dá suporte a organizações educacionais e

alimenta comunidades em escolas que ensinam e agregam fo rmas ecológicas de sustentação da vida. O

Centro age como uma organização que levanta e controla fundos para subvenção ou doação e abriga pro-

jetos consistentes com sua missão.

REDE DO CENTRO PARA ECOA L FA B E T I Z A Ç Ã O

Nós reunimos a nossa rede de beneficiados em um ciclo contínuo de retiros sazonais e experiências

educacionais. O projeto do Pátio Comestível da Escola é um elo vital nesta rede vibrante de escolas

explorando o mundo natural e o seu enriquecido contexto para aprendizagem.

L E A R N I N G I N T H E R E A L WORLD (APRENDENDO NO MUNDO REAL) ®

O Centro age como um recurso de publicação sob a marca Learning in the Real Wo rld ®. Como um recur-

so de publ i c a ç ã o, o Centro presta serviços de consultori a ,e d i t o ri a l , planejamento e de produção e acesso ao

crescente arquivo de imagens fo t o g r á ficas (do Centro), sobre crianças aprendendo no mundo real.

P U B L I C A Ç Õ E S

O Pátio Comestível da Escola é a segunda, numa série de publicações que ilustram os diferentes esforços em incen-

tivar a alfabetização ecológica, a t ravés de hort i c u l t u ra ,c u l i n á ri a ,a g ri c u l t u ra sustentável e recuperação de habitat.

Dando a Largada:Um Guia Pa ra Criar Hortas Como Salas de Aula ao Ar Livre.As técnicas de tentativa e err o

apresentadas aqui são baseadas nos vinte anos de experiência do Labora t ó rio da Vida ajudando professores a

implantar hortas nas escolas. L av i s h ly ilustrou com fo t o g ra fias encantadora s , em preto e bra n c o, de cri a n ç a s

empenhadas na exploração de suas hort a s . Este folheto info rm a t i vo cobre tudo, do planejamento e escolha do

local da classe externa até estratégias para hort i c u l t u ra com estudantes, p a ra criar o apoio da comunidade que

irá sustentar o programa de horta da escola. O Centro fo rneceu ao Labora t ó rio da Vida serviços de planeja-

mento e de produção e o uso de imagens de sua biblioteca fo t o g r á fi c a . Dando a Larg a d a foi selecionado pelo

D e p a rtamento de Educação da Califórnia como um recurs o - c h ave de suporte à visão do Departamento de

“Uma horta em cada escola”.

E c o a l fa b e t i z a ç ã o :P re p a rando o Te r re n o. Usando o projeto de recuperação da bacia da Área da Baía, s u b-

vencionado pelo Centro como contexto, este livro de ensaios, coligidos por Fritjof Capra , D avid Orr,

Page 81: Patio Comestivel da Escola

81O Pátio Comestível da Escola

Jeannette A rm s t r o n g , e outros traz vida e profundidade ao que é conhecido por “ p r o m over a

E c o a l f a b e t i z a ç ã o ” . Os ensaios tratam o “processo de promover a Ecoalfabetização” a partir de dife r e n t e s

p e rs p e c t i v a s , incluindo teorias de sistemas, r e fo rma da escola sistêmica e uma antiqüíssima técnica, a p e r-

feiçoada pelos povos indígenas, p a ra criar princípios de sustentabilidade no processo de comu n i d a d e.

Imagens vívidas captam o entusiasmo das crianças explorando a sua bacia local.

P RO J E TOS SELECIONADOS

P rojeto dos Sistemas de Alimentação de Berke l e y. O projeto do Pátio Comestível da Escola tem inspirado ou tem

sido inspirado pelo Projeto dos Sistemas de Alimentação de Berkeley do distrito todo, um esforço para revi-

talizar o serviço de alimentação do Distrito das Escolas Unificadas de Berkeley (BUSD), c riar uma horta em cada

e s c o l a , implantar um currículo inovador relacionado com a alimentação e aumentar a confiança na agri c u l t u ra

s u s t e n t á vel regional. Com 85% das fazendas enfrentando a extinção nas extremidades da esticada área urbana,

ligar as escolas às fazendas vai, nas palav ras do escritor Wendell Berry,“solucionar com padrão”.A aliança de

B e rkeley está explorando soluções que trabalhem harmoniosamente com o sistema regional de alimentação.

Learning in the Real World (Aprendendo no Mundo Real). Esta organização sem fins lucra t i vos em Wo o d l a n d ,

C a l i f ó rn i a , foi implantada “ p a ra criar um debate popular em relação ao uso de computadores e outras ‘ t e c-

nologias educacionais’ na sala de aula”.A aprendizagem no mundo real analisa e distri bui info rmação que

e n c o raja as decisões racionais acerca de quando e onde a tecnologia de educação é uma fe rramenta positiva

p a ra crianças e quando prejudica o seu desenvo l v i m e n t o.Também provê doações a investigadores unive r-

s i t á ri o s ,p a ra pesquisa nas áreas de desempenho educacional e desenvolvimento cognitivo.

Conselho de A d m i n i s t r a ç ã o

Zenobia Barl ow

Peter Buckley

F ritjof Capra

G ay Hoagland

D avid W. O rr

Para informação adicional e fazer pedidos, por favor contate:

Center for Ecoliteracy

2522 San Pa blo Ave nue

B e rke l e y, CA 94702,

F a x : 510.845.1439

e - m a i l : i n fo @ e c o l i t e ra c y. o rg

w w w. e c o l i t e ra c y. o rg

Page 82: Patio Comestivel da Escola

82 ®

S o b re o Pátio Comestível da Escola

M I S S Ã O

A missão do Pátio Comestível da Escola na Escola Média Martin Luther King Jr. é criar e manter uma hort a

o rgânica e um ambiente que esteja totalmente integrado ao currículo da escola e ao programa de almoço.

Ele envo l ve os estudantes em todos os aspectos de cultivar a horta – além de prepara r, s e rvir e comer a

comida – como um meio de despertar seus sentidos e encorajá-los a se conscientizarem e reconhecerem

os valores tra n s fo rmadores da alimentação, c o munidade e gerenciamento da terra .

L O C A L I Z A Ç Ã O

O Pátio Comestível da Escola está localizado no campus da Escola Média Martin Luther King, J r. , e m

B e rke l e y, C a l i f ó rn i a .A Escola King está comprometida em praticar e ensinar os ideais do Dr. K i n g : i g u a l d a d e,

excelência acadêmica, ação comu n i t á ri a , respeito por si mesmo e pelos outros, não-violência e lidera n ç a

baseada em princípios democráticos. O staff da King está comprometido em criar e manter progra m a s

que irão garantir sucesso para cada estudante na cada vez maior e variada população da escola. Há 910

estudantes na 6ª, 7ª e 8ª séries –37% bra n c o s , 36% afro-ameri c a n o s , 16% latinos e 10% asiático-ameri-

c a n o s . Além disso, 12% desses estudantes falam Inglês como sua segunda língua e quase 30% se

e n q u a d ram no programa de comida de gra ç a .

UMA REDE CRESCENTE

Uma missão importante do Pátio Comestível da Escola é a de servir como modelo para outras escolas e

c o mu n i d a d e s . Nós continuamos na rede e construindo alianças com a comunidade maior. Nós também ali-

mentamos relacionamentos com outros projetos de horta da escola e programas ambientais através da

Rede do Centro para Ecoalfabetização.

O Pátio Comestível da Escola tem sido um participante ativo do Comitê Consultivo para a Política de

Alimentação da Superintendência do Distrito Escolar Unificado de Berke l e y. I n s p i ra d o, em part e, pelo tra-

balho que está sendo feito no Pátio Comestível da Escola, esta aliança única procura aumentar a quanti-

dade de alimentos orgânicos frescos servidos às crianças por todo o distri t o.

Recentemente o Pátio Comestível da Escola se tornou membro do Healthy Start Collabora t i ve, r e c e b e n-

do excurs õ e s , à horta e à cozinha, de organizações e pessoas dedicadas a melhorar a saúde e bem-estar

da comunidade da escola King.

Page 83: Patio Comestivel da Escola

83O Pátio Comestível da Escola

OLHANDO EM FRENTE

Nos últimos quatro anos, o programa do Pátio Comestível da Escola se enra i zou fi rmemente e floresceu

dentro da comunidade da Escola Média King. À medida que o programa continua a alimentar os relaciona-

mentos que se fo rm a ram no correr dos anos, ele vai também lançar novas propostas, incluindo dois novo s

p r o j e t o s : o programa após as aulas e o programa do almoço.A t ravés do programa após as aulas, os estu-

dantes vão ser participantes ativos em preparar e servir petiscos orgânicos nu t ri t i vo s , aos seus colegas da

e s c o l a . Este programa vai servir como um piloto para o programa de almoço da escola que está previsto

p a ra o futuro.A visão, p a ra o programa do almoço, inclui a construção de uma “ c a fe t e ri a ” planejada eco-

l o g i c a m e n t e, na qual os estudantes vão preparar seus próprios almoços, usando produtos orgânicos cultiva-

dos na horta local. Quando concluída, a “ c a fe t e ria”/cozinha servirá como modelo para o serviço institu-

cional de alimentação. Os recursos para lançar uma campanha para angariar fundos fo ram supridos pelo

Fundo Boals no Centro para Ecoalfabetização.

PAT ROCINADORES DO PÁTIO COMESTÍVEL DA ESCOLA

O Pátio Comestível da Escola é custeado através de uma combinação de subvenções e contri buições pri v a d a s

Os patrocinadores incluem:

As Sequóias Gigantes

A Fundação Susie Tompkins Buell

Centro para Ecoalfabetização

A Fundação Chez Pa n i s s e

Os Carvalhos V i vo s

C â m a ra de Comércio de Berkeley

V i veiro Hort i c u l t u ral de Berke l e y

Fundação para a Educação Pública de Berkeley

Fundação Nathan Cummings

M a rion Cunningham

A Fundação Eucalípto

Lojas da Rua Quatro

Fundação W. A .G e r b o d e

Fundo Richard e Rhoda Goldman

In Dulci Jubilo

S t e ven P. e Laurene P. J o b s

APM da Escola Média Martin Luther King Jr.

Page 84: Patio Comestivel da Escola

84 ®

Os Carvalhos V i vos ( c o n t i nu a ç ã o )

Neuman´s Own

Alex and Marge Singer

M a ry and Stanley Smith Tru s t

Sur la Ta bl e

Fundação Vanguarda Públ i c a

Fundação Família Y i h

The Cover Cro p

Pa t ro c i n a d o res que generosamente forneceram doações em espécie

Acme Bread Company

A m e rican Soil Company

A n t h o ny Electri c

Auto Chlor

Fundação James Beard

A Cidade de Berke l e y

B e rlin Equipment Sales

C a l i fo rnia Linen

The Cheese Board Collective, I n c.

Chez Panisse Restaura n t

The Gardener

James Pa i n t i n g

Monterey Marke t

Stan Nelson

Noah´s Bagels

Centro Ocidental de A rtes e Ecologia

Picante Cocina Mexicana

Renaissance Forg e

Saul´s Deli

Smith & Haw ke n

Studio eg

Whole Foods

… e todos os indivíduos, numerosos demais para mencionar, que contri b u í ram das mais diversas fo rm a s.

Page 85: Patio Comestivel da Escola

85O Pátio Comestível da Escola

Pa ra info rmações adicionais sobre O Pátio Comestível da Escola, f avor contatar :

The Edible Schoolya r d

M a rtin Luther King Jr. Middle School

1781 Rose Street

B e rke l e y, CA 94703

F a x : 5 1 0 . 5 5 8 . 1 3 3 4

e m a i l : e d i bl e @ l a n m i n d s . c o m

Os estudantes se reúnem em volta da mesa para tomar parte na conversa e apreciar suas conquistas coletivas.

Page 86: Patio Comestivel da Escola

86 ®

Mapa de Berkeley

Mapa da área da Baía de São Francisco

A Escola Média Martin Luther King Jr. está numa área de 17 acres em Berkeley, Califórnia.

Localizada na Baía de São Francisco, Berkeley faz parte da bacia do Delta da Baía de São

Francisco, o vasto sistema de águas que liga as correntes das montanhas,que circundam

o Vale Central, com a Baía de São Francisco e o Oceano Pacífico.

= Escola MédiaMartin Luther King

Page 87: Patio Comestivel da Escola

87O Pátio Comestível da Escola

Reprodução arquitetônica do campus da Escola Média Martin Luther King, J r. fo rnecida por cortesia de Bake r-Vilar A r q u i t e t o s .

L E G E N DA1. Edifício Principal das Classes (Construído Originalmente) 19201. Edifício Principal das Classes (Auditório) 19231. Edifício Principal das Classes (Adição da Ala Oeste) 19281. Edifício Principal das Classes (Remodelado) 19372. Ginásio (Construído) 19553. Edifício de Ciências (Construído) 19654. Lanchonete (Construído) 19765. Centro de Mídia (Construído) 19806. Coberto para Almoço/Pavilhão (Construído) 19837. Horta do Pátio Comestível da Escola 1994

EstruturasPermanentes

EstruturasTemporárias

15

3

6

4

2

7

Tennis CourtsTrack

Playfield

Garden

Hopkins St.

Page 88: Patio Comestivel da Escola

88 ®

Page 89: Patio Comestivel da Escola

89O Pátio Comestível da Escola

indo para a cozinha hoje?"

Joy Osborne – Para Joy Osborne, ser parte do projeto do PátioComestível da Escola significa ter a oportunidade de criar um sentido decomunidade com seus estudantes.Professora há vinte anos, Joy se uniuaos professores da King há seis anos e leciona Artes da Linguagem,História e Leitura para a 6ª série.

Ene Osteraas-Constable – Coordenadora do programa do PátioComestível da Escola,Ene Osteraas-Constable tem uma formação emEducação, Comunicações e Artes.Uma horticultora e cozinheira,ela temestado envolvida com o Pátio Comestível da Escola desde seu começo.

Lynne Pacunas – Professora de Matemática e Ciências da 6ª série,Lynne Pacunnas está em seu segundo ano na King e gosta muito dasinfindáveis oportunidades de aprender, que estão disponíveis através dotrabalho na horta com seus estudantes.Ela traz consigo quatro anos deexperiência em educação externa e ambiental,que ganhou com o ServiçoNacional de Parques.

Kelsey Siegel – Membro do Americorps,Kelsey Siegel trabalha comDavid Hawkins no Pátio Comestível da Escola. Kelsey traz para o projetouma formação em estudos ambientais,experiência adquirida numa fazen-da orgânica e trabalhando como cozinheiro profissional,assim como oamor pelas crianças.Após completar seu trabalho na King, Kelsey esperalevar o modelo do Pátio Comestível da Escola e aplicá-lo em outro lugar.

Beth Sonnemberg – O projeto do Pátio Comestível da escola temsido parte da vida de Beth Sonnemberg nos últimos cinco anos.Ela é umaprofessora mentora para a horta e professora de Ciências e Matemáticana 6ª série.

Phoebe Tanner – Gastando, no momento, vinte por cento do seutempo escrevendo o currículo para o projeto do Pátio Comestível daEscola,com sua colega professora Karen Hansen, Phoebe Tanner temquatorze anos de experiência como professora.Phoebe, que tem estadoenvolvida com o projeto do Pátio Comestível da Escola desde que elecomeçou,é membro do comitê executivo e ensina Matemática e Ciênciaspara a 6ª série .

James Tyler – Um fotógrafo com trinta anos de experiência,James Tyleré especialista em captar “momentos brilhantes” em filmes.

Ada Wada – Uma professora com vinte e oito anos de experiência naEscola Média Martin Luther King Jr.,Ada Wada leciona Matemática para a7ª e 8ª séries.Ela está ativamente envolvida em integrar a Matemática nocurrículo da cozinha do Pátio Comestível da Escola.

Elizabeth Wihr – Professora da Aula Especial do Dia,Elizabeth Wihrjuntou-se aos professores da King há dois anos, após oito anos como voluntária na classe. Uma nativa da Área da Baía e neta de um horticultor,Elizabeth compartilha com seus estudantes,sua paixão pela horticultura ecomida.

Tyrrah Young – Pro fessora de Aula de Oport u n i d a d e, Ty rrah Yo u n gjá está com os pro fe s s o res da King por quatro anos. Ty rrah vê acozinha como um meio para auxiliar e dar mais força aos estu-dantes que se sentem mais fracos academicamente; ela acre d i t aque ap render através da experiência geralmente acontece sem osestudantes sequer se darem conta disso.

Colaboradores

Carla Basom – Coordenadora Bilíngue/ESL, Carla Basom tem ensinado,por mais de 30 anos,em escolas médias e escolas secundárias,na África,Espanha,México e Califórnia.

Jennifer Brouhard – Professora da Aula Especial do Dia, JenniferBrouhard tem lecionado para a 6ª,7ª e 8ª séries nos 2 últimos anos naKing.Professora há 6 anos, Jennifer se envolveu com o projeto do PátioComestível da Escola quando se juntou aos professores da King.

Jacaranda Chas (Randa) – Professora de Artes da Linguagem e Históriada 7ª série é uma mentora de cozinha no projeto do Pátio Comestível daEscola.Professora há nove anos,Randa tem sido é membro do staff daKing há oito anos.

Jay Cohen – Professor de Matemática e Ciências da 6ª série, Jay Cohencredita o projeto do Pátio Comestível da Escola como sendo uma dasrazões pela qual se juntou aos professores da King dois anos atrás.Jay éum membro do Comitê do currículo do Pátio Comestível da Escola.Inspirado pelo projeto, Jay e os estudantes criaram uma horta na suaclasse e estão, no momento, cultivando ervas para uma festa de pizza.

Steven Davis – Assistente de Esther Cook,Steven Davis estudou ArteCulinária no Laney College, antes de se tornar um membro doAmericorps e se juntar ao staff do Pátio Comestível da Escola.Stevenjogou futebol e basquetebol na Escola Secundária Fremont,em Oakland, ecompartilha o seu amor pelos esportes e culinária com os estudantes daKing.

Patty Fujiwara – Professora de Ciências da 7ª série com 10 anos deexperiência,Patty Fujiwara se uniu aos professores da King há um ano.Como uma naturalista,anteriormente com o Serviço de Parques,Patty écapaz de incorporar seu interesse em educação, fora da sala de aula,nocurrículo de ciências,através do seu trabalho na horta.

Josie Gerst – Uma paixão pela culinária e horticultura levou Josie Gerstpara o Pátio Comestível da Escola desde o seu começo. Josie é professorade Artes da Linguagem e História da 7ª série e começou a sua carreira noensino na King há nove anos.

Akemi Hamai – Professora de Ciências da 7ª série ,Akemi Hamai levasuas classes de ciências para a horta,que fornece um contexto de mundoreal para os conceitos de ciências que eles estão aprendendo.A carreirade Akemi no ensino começou há oito anos,quando ela se uniu aos profes-sores da King.

Karen Hansen – Preparar o currículo com Phoebe Tanner é um papelque Karen Hansen tem no projeto do Pátio Comestível da Escola.Umaentomologista antes de se tornar professora,Karen traz uma abordagemde sistemas para ensinar seus estudantes sobre ecologia.

Genevieve Leslie – Professora de Artes da Linguagem e História,Genevieve Leslie enxerga as experiências de seus estudantes,na cozinha ena horta,como extensões tácteis e visuais do que eles aprendem na salade aula.Professora há oito anos,Genevieve é membro da equipe de pro-fessores da King há três anos e é mentora da cozinha para o projeto doPátio Comestível da Escola.

Patsy McAteer – Professora de matemática da sétima série, PatsyMcateer leva seus estudantes para a cozinha, para aulas de culinária epela oportunidade de aplicar habilidades matemáticas em situações da vidareal.Os estudantes amam o trabalho e sempre perguntam:"Nós estamos

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C r i a r u m c l i m a e m oc io n a l , q u e s e j a p ro p í c i o à e m e r gê n c i a ,

s i g n i f i c a c r i a r u m c l i m a de e n t u s i a sm o, s u p o r t e m ú t u o e c o n -

f i a n ç a ; u m c l i m a de p a i x ão , c om mu i t a s op o r t u n i d a de s p a r a

c e l e b r a ç ã o . Se m dú v i d a , c e l e b r a ç ão – de p l a n t a r e a r a r, d e

c om e r j u n t o s , d e a m i z a de e c o op e r a ç ã o – to r n ou - s e u m a

p a r t e im p or t a n t e d a E s c o l a M éd i a K i n g .

F R I T J O F C A P R A

U M AP U B L I CA Ç Ã OD OC E N T RO PA R AE C OA L FA B E T I Z A Ç Ã O

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