Paulo Granja - Dos Filmes Sonoros Ao Cineclubismo

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    exil iomericano

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    DOS FILMESSONOROS A0CIN0 cine-clubismo que animou a actividade mlturaIportuguesa, em especialdepois da II Guerra kMundial, consfituiu Gm movimento decisivo tIrara a renovapio do panorama cinematogrhfmnacional que ocorreu durante a dkada de 50, Ecom o abandono dos anteriores padr6es esthticos Ida 'komLdiaaportupesa" ou das reconstitui@eshistdrico-litedrias dependor nacionalita.P a u l o J o r g e G r a n J a *

    E necessidade de um cinema nacional capaz decompetir com a produ@o esrrangeira que im-pulsionah o cinema sonom portugus nos pri-meiros anos da dtca da d e 3 0 . Para o novo Esta-do que ent2o procurava implantar-se, o cinema,enquanto espectiiculo ao alcance das gtandes massas, era,como lembraria mais tarde Jorge de Sena, .no mais altograu, uma forma de comunica@o inconveniente... , e o ci-nema estrangeim que sevia em Portugal nto poderia dei-xar de ser considerado pelo regime como um grave factord e perda da identidade nacional. Por outro lado, a promes-sa de um novo cinema portugu$s,jii entrevisto pelos criti-cos em Nm mi, Praio d cscadons ( 1 9 2 7 ) , de Leitio deBarros, e D m , FFaino Fluenb l ( l 931) ,de Manoel de Oli-veira, t a m b h animava as esp en np s de todm quantos j6acreditavam no cinema sonoro enquanto arte.Em 1932 constituia-se, assim, a Companhia Poi-tu-

    guesa d e Filmes Sonoros Tobis Klang Film, que reconhe-cendn .a importancia social da cinematografia sonora co-ma meio d e educa@o e d e cultura, ainda como instru-mento de informaqio, d e documenta@o, propaganda epub lic idade ~, e justificava com o spensamento patri6ti-CO P de ctornar possivela cria@o de uma a n e nacional~'.Entretanto, jH Leitio de Barros realizara A S m r a( 1 9 3 1 ) ,o primeiro filme sonoro portugu&s, ilmado empaste em Fr an~ a evido ?t inexistencia d e estfidios d esom em Portugal. Inspirado na peqa de Jlilio Dantas, ofilme conta a hist6ria dos amores funestos da fadista ci-gana Maria Severa pelo toureiro e libertino sedutorconde d e Marialva, introduzindo, dest e modo, dois dostemas preferidos do cinema portugu&s das dCcadas se-guintes - ouros e fados. Seria o sucesso deste filme aapressar a constru@o dos estlidios da Tobis, onde Cot -tinelli Telmo realizaria A Cangio deLisboa ( 1 9 3 3 ) ,o pri-

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    meiro filme sonoro inteiramente rodado em Portugal.Comkdia d e equivocos inspirada no Teatro d e Revista,A Cm@ode LL~boo,eria, mais da q ue a propria Severa,e em grande parte devido aos actores da Revista quenela se estreavam no cinema (Vasco Santana, Ant6nioSilva, Beatriz Costa) , urn r etum ban te sucesso de hilhe-teira, dando inicio a um novo "gknero", a "comtdia 2portuguesa", e inaugurando um dos gran des fillies docinema portugu&sdas dCcadas de 30 e 40.

    Por est es anos comeGavam tambtrn a ten tar organi-zar-se em Portugal os primeiros clubes d e cinema ou ci-ne-clubes, cnm n nbjectivo de, atrav6s da exibis50 de ci-nema de qualidade em sess6es particulares para s6cios,elevar a cultura cinematogrifica do pliblico e assim le vaos produtores a encarar o cinema enquanto arte e nioapenas comn um produto comercial. Em 1931,JosC dosSantos StocMer lan ~av a ideia d e s e criar, em Faro, o Ci-

    ne-Clube de Portugal, ao m e m o tem po que FernandoRagoso sugeria na revista Cintfilo a fu n d a ~i o e um ci-ne-clube. Em 1933,seria a vez d e Alves Costa revelar narevista Movimento, onde colaborariam, entre outros,Manoel d e Oliveira, L ei ti o de Barros, JosC RCgio e Adol-fo Casais Monteiro, q ue um dos objectives dos fundado-res da revista era precisamente a constitui@o de um ci-ne-clube, attibuindo-lhe tins que seriam praticamenteos adoptados, mais tarde, pelo Cine-Clube do Porto.

    Apesar de I an ~a da estas e noutras revistas, a ideianio teria, no entanto, seguimento na d h d a de 30. En-quanto isso n5o acontecia, a maioria das revistas cine-matogrificas, depend end o da publicidade das distribui-doras e das salas de ex ib i~ io , io poupava elogios ao ci-nema nacional. Tratava-se de incentivar a indiistria dofilme em Portugal e a imprensa, ciimplice, precavia-secom ataques privies de falta de patriotismo contra to-

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    salas de nnem a, nem sequer com a int ro du ~i oa car, emSangue Touriro (1958), de Augusto Raga, ou do cinemas-cope, em 0Homem do Dia (1958), de IIenriqu c Campus.0 s racassos acumulavam-se e em Novembro de 1960se-ria ji numa revista subsidiada pelo Fundo que J+is de Pi-na, num artigo intitulado a o v o cinema portugu&s., assi-nava a certidio d e 6bito do cinema nacional dos anos 50,ao afirmar que seste, vivendo nos filtimos anos de umadesconsoladora mcdiania, precisa d e sangue novo. 0 s qu eficaram para triis [...I, parece ji nada t e r m para dizern".

    Da ~ortodoxia eo-realists.ao -cinema purondas novas tendenciasS6 a partir d e finais da dtcad a de 50 se cnme~aria

    quebrar uma certa uniformidade na critica cinematogrifi-ca e no proprio movimento cine-clubista, verificando-se,at6 certo ponto uma bipolariza@oesttticado movimento.Infl uenc iado s p ela eescola>> os Cahiers du CinPmae pelo critic0 franc& Andre Bazin, uma nova gera@ode cine-clubistas vai formar-se conlrariando us dog-mas est t t i cos da g er a ~i o nterior. A forma$o destanova w xr ent en t a m b h n8o te r i s ido est ranha a re -visi o cri tica d o .E assim que, e m 1956, surge o Centro Cultural deCinema, criado pot Joio Btnard da Costa, Pedro Ti-men e Nun o Br agan ~a, ntr e outros, cine-clube este,de orienta@o catdlica, que viria, com o Cine-ClubeUniversithrio de Lisboa (CCUL), a proceder - sob asacusa$ies de eformal ismo ~~4dealismo>> sttticos porparte de ouuos cine-clubes- a uma revaloriza@o do ci-nema norte-americano e 2 defesa do ,,cinema de au-tors. Em 1958, enquanto Baptista ~ a s t o sinda defen-

    dia na lmagetn um cinema -enqua-drado na mais genuina ortodoxia neo-realistau'" Ant6-nio Escudeiro, do CC UL , pedia, num artigo significati-vamente intitulado *D e uma tend tnci a moderna: o ci-nema pure,,, publicado na mesma revista, um novo ci-nema liberto

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    dos os criticos que pudessem vir a ser mais exigentes.I le resto, o meio era pequeno e era fr eque nte jornalis-tas e criticos terem interesses no mundo do cinema,acabando a critica mais independence por desenvolver-se em semanir ios literirios e culturais, quase sempre 2esquerda do regime, como, por exemplo, a SeqmNova, aPresmp, 0 Dkbo, 0 Clobo ou a Virtice.A produ@o nacional iria, assim, tentar seguir os doisprimeiros filmes sonoros portugueses, que constituiriam,segundo Luis d e Pina, edois vcrdadeiros arqut tipos, doismodelos, duas t e n d h i a s criadoras, em que praticamentetodos os cineastas se vieram inspirar>>'.Mas o nacionalis-mo qu e entHo se vivia em Portugal dificilmente se poderiacontentar com comkdias brejeiras e fados desmoralizado-res (ao veneno da rap), a que se referiria ironicamenteVasco Santana em A Can~do e Lisboa), principalmentequando o Secretariado da Propaganda Nacional (SPN),criado por Ant6nio Ferro em 1935, se propunha elevar acultura do povo portugu&s corn a sua

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