PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

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CRISTIAN EDEL WEISS TIAGO RIBEIRO SANTOS JORNAL BARRIGA: o jornalismo humorístico chegando de barriga em Blumenau BLUMENAU - SC 2009

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CRISTIAN EDEL WEISS

TIAGO RIBEIRO SANTOS

JORNAL BARRIGA o jornalismo humoriacutestico chegando de barriga em Blumenau

BLUMENAU - SC 2009

2

INSTITUTO BLUMENAUENSE DE ENSINO SUPERIOR IBES SOCIESC

CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO

PROJETO PRAacuteTICA EDITORIAL IMPRESSA

CRISTIAN EDEL WEISS

TIAGO RIBEIRO SANTOS

JORNAL BARRIGA o jornalismo humoriacutestico chegando de barriga em Blumenau

Disciplina Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo Coordenadora do Projeto Experimental

habilitaccedilatildeo em Jornalismo Ofeacutelia Elisa Torres Morales Dra Linha de Pesquisa Miacutedia Regional Professor Orientador Airton Almeida Ms

BLUMENAU - SC 2009

3

CRISTIAN EDEL WEISS

TIAGO RIBEIRO SANTOS

JORNAL BARRIGA

Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo aprovado para a conclusatildeo da mateacuteria Projeto Experimental em

Comunicaccedilatildeo do seacutetimo semestre do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Habilitaccedilatildeo em Jornalismo IBES

SOCIESC pela banca examinadora com nota ______ (____________________)

______________________________________________________________________ Presidente Prof Airton Almeida Ms (Orientador)

_____________________________________________________________________ Membro Prof Carlos Silva Ms

______________________________________________________________________ Membro Valther Ostermann

______________________________________________________________________ Coordenadora do Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo ProfaOfeacutelia Torres Morales

4

RESUMO

O estudo apresentado ao longo deste Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo (PEC)

refere-se agrave criaccedilatildeo de um jornal humoriacutestico para o puacuteblico-leitor blumenauense Inicialmente

este memorial apresenta uma fundamentaccedilatildeo histoacuterica como forma de compreender a origem

do jornalismo humoriacutestico no Brasil chegando ateacute agrave cidade de Blumenau como mercado a

ser focado pelo presente produto jornaliacutestico que seraacute descrito O documento ressalta a

importacircncia de um meio humoriacutestico e opinativo circulante na regiatildeo capaz de fornecer agrave

sociedade um ponto de vista diferenciado sobre assuntos possivelmente jaacute tratados ou natildeo

pela imprensa local

Palavras-chaves humor jornalismo opinativo Blumenau

5

ABSTRACT

This Trial Communication Project presents a study that refers to the creation of a

humorous newspaper dedicated to readers from Blumenau city in Santa Catarina state

Firstly this memorial presents a historical base as a way to comprehend and to reflect about

the origin of humorous journalism in Brazil especially in Blumenau city which is the aimed

market by the journalistic product that will be described soon afterwards The document

emphasizes the importance of a humorous and argumentative publication distributed around

the Vale do Itajaiacute able to provide different points of view about subjects that the local press

have already accosted or not

Key-words humour opinionative journalism Blumenau City

6

SUMAacuteRIO

1 APRESENTACcedilAtildeO8

2 INTRODUCcedilAtildeO9

3 JUSTIFICATIVA 10

4 OBJETIVOS 12

41 OBJETIVO GERAL12

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 12

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO13

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA 13

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR16

521 O Fim de O Pasquim18

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU20

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS 21

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung21

612 Teutocircnia Faschingsnumer 21

613 Bummelauer Fastnachts 22

614 Schuetsenliesel22

615 Kiriri22

616 Die Schnauze 23

617 A Ortiga 24

618 Die Mistgabel24

619 Sudarm-Glocken 25

6110 Der Mosquito 25

6111 Die Quasselbude 25

6112 Die Gurke26

6113 Antesiriprospeacutetico 26

6114 A Folia 27

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS27

621 O Quebra-Nozes 27

622 Bem-Te-Vi 28

623 Zeacute Pereira 28

624 O Bisturi28

625 O KCT28

7

626 Piranha 29

627 O Tinhoso 29

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR 30

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga 33

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO 35

81 O desafio do jornalismo com humor36

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais 38

83 O papel do humor no jornalismo 40

84 O humor sob o prisma eacutetico 42

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO 45

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO45

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto 45

912 Barriga o uacutenico sentido de ser 46

92 PRODUCcedilAtildeO 47

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica 47

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal 48

923 O Projeto Graacutefico48

9231 Formato tabloacuteide 49

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias 51

924 As imagens e o humor 52

925 Uso da Cor 53

928 Fontes Utilizadas54

97 Logotipia 55

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO55

931 A Impressatildeo 55

CONCLUSAtildeO 56

APEcircNDICE A57

APEcircNDICE B 58

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina59

ANEXO B Esboccedilos do Orientador 59

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipiaANEXO D61

ANEXO D64

ANEXO E 65

REFEREcircNCIAS66

8

1 APRESENTACcedilAtildeO

Um jornal de humor criacutetico e com abrangecircncia regional O Barriga eacute uma proposta

alternativa agraves miacutedias existentes no municiacutepio Deve circular em Blumenau e ter periodicidade

quinzenal A inovaccedilatildeo proposta eacute a espirituosidade intriacutenseca no discurso da notiacutecia

O jornal possui 12 paacuteginas distribuiacutedas entre as editorias de opiniatildeo poliacutetica

economia geral esportes cultura e um espaccedilo dedicado agraves personalidades comuns que

ajudam a construir a histoacuteria da cidade Em formato tabloacuteide e cor padratildeo em tonalidades

verdes o layout acompanha o estilo irreverente da publicaccedilatildeo

O nome Barriga foi inspirado no histoacuterico apelido aferido aos catarinenses barriga-

verde A riqueza leacutexica do termo tambeacutem permite diversas combinaccedilotildees frasais que

contribuem para a criaccedilatildeo de expressotildees bem-humoradas tais como de barriga cheia barriga

d aacutegua cair de barriga barriga tanquinho e inuacutemeros outros

Trata-se de um projeto que investe no estilo literaacuterio diferenciado e na criacutetica para

mostrar que eacute possiacutevel ir aleacutem da notiacutecia

9

2 INTRODUCcedilAtildeO

Registros apontam que somente sete jornais de caraacuteter humoriacutestico tenham surgido na

histoacuteria da imprensa em Blumenau Santa Catarina Ainda que tenha existido um nuacutemero

consideraacutevel de jornais carnavalescos editados anualmente a fim de entreter o puacuteblico no

tempo festivo que antecedia a quarta-feira de cinzas ambos os tipos de jornais natildeo

ultrapassaram o ano de 1938 quando a II Guerra Mundial pairou sobre o mundo

Apesar de desconhecida esta informaccedilatildeo por noacutes quando demos iniacutecio a este Projeto

Experimental em Comunicaccedilatildeo (PEC)1 dispusemo-nos mesmo assim agrave criaccedilatildeo de um jornal

humoriacutestico cuja proposta estaacute em levar informaccedilatildeo com estilo irreverente ao puacuteblico-leitor

blumenauense Mas atraveacutes do dado histoacuterico que apontamos uma outra missatildeo surgiu a

nossa frente trazer de volta agrave Blumenau sua veia humoriacutestica talvez apagada pela proacutepria

auto-censura dos habitantes apoacutes o periacuteodo de guerras

Embora o humor seja considerado por noacutes o principal atrativo aos leitores ao jornal

humoriacutestico que propomos eacute vaacutelido frisar que a publicaccedilatildeo eacute estruturada atraveacutes das

caracteriacutesticas de um produto jornaliacutestico Portanto exemplos dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (2004) como a Proximidade que eacute capaz de tornar o leitor como parte

do contexto explorado o Interessa Pessoal que daacute sentido de relevacircncia agrave mateacuteria sob olhos

do puacuteblico consumidor e evidentemente o Humor vatildeo ao encontro da proposta deste PEC

aleacutem de temas como o jornalismo opinativo e a eacutetica jornaliacutestica

Ainda que o registro inicial sobre o periacuteodo curto em que publicaccedilotildees humoriacutesticas

aconteceram em Blumenau natildeo revele bons auspiacutecios natildeo se eacute isentada a missatildeo de

transformar o presente PEC talvez um dia em um produto jornaliacutestico2 Mesmo diante do

fato deste Projeto natildeo contar com uma pesquisa de mercado sobre a aceitaccedilatildeo do produto eacute

vaacutelido a ressalva que natildeo faz parte de seus objetivos a suposiccedilatildeo de um produto bem aceito

Mas sim a demonstraccedilatildeo praacutetica de um caminho diferente para a conduccedilatildeo da notiacutecia e

opiniatildeo Um caminho exercido atraveacutes do humor

1 A partir desta explicaccedilatildeo os acadecircmicos optam por usar ao longo deste memorial apenas a sigla PEC como referecircncia a Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo

2 Os acadecircmicos tem com isto total consciecircncia de que uma pesquisa de aceitaccedilatildeo de mercado se faz necessaacuteria neste caso

10

3 JUSTIFICATIVA

Como jaacute relatado na Introduccedilatildeo deste PEC poucos satildeo os registros de jornais

humoriacutesticos que circularam por tempos duradouros na cidade de Blumenau (SC) Dentro da

miacutedia impressa o humor esteve dentro de jornais estudantis poliacuteticos e publicaccedilotildees

carnavalescas que durante o iniacutecio do seacuteculo XX surgiram e desapareceram entre um trocar

de ano e outro Mas efecircmeros ou natildeo como o Die Shnauze surgido na deacutecada de 1920 em

Blumenau publicaccedilotildees como estas funcionavam como eficiente meio opinativo e de

entretenimento ao puacuteblico leitor conforme eacute descrito por Silva (1970 p44)

Ecircste foi sem duacutevida o mais interessante o de vida mais longa e mais temido jornal carnavalesco publicado em Blumenau [] Muito bem escrito e bem impresso o seu aparecimento era sempre ansiosamente esperado Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas []

Como o Die Schnauze que prezava por bons textos criacuteticas concretas e o bom-humor

o jornal Barriga surge a partir da ideacuteia de investir em um produto jornaliacutestico diferenciado e

ainda atraveacutes do humor revelar possibilidades de ir aleacutem da notiacutecia factual pertencente agrave

linha editorial dos jornais blumenauenses Como um meio de comunicaccedilatildeo diferente na

regiatildeo o Barriga nasce para preencher a lacuna de um mercado inexistente o do humor que eacute

ausente no Vale do Itajaiacute e ainda sem se limitar agraves pequenas charges e colunas satiacutericas

conforme podem ser acompanhadas em editorias especiacuteficas dos principais jornais da cidade

Atualmente o espaccedilo para o humor eacute restrito nestes jornais Quando encontrado o

humor estaacute presente nas charges e nos espaccedilos dedicados aos colunistas Entre os colunistas

citamos Ostermann (2009 p 3) como um dos que mais comumente se utiliza do humor em

suas notas geralmente acompanhadas de certa ironia

Nossos poliacuteticos federais pretendem acabar com a tal verba indenizatoacuteria um salaacuterio (dos bons) que recebem por fora a tiacutetulo do ressarcimento de despesas com aluguel manutenccedilatildeo de escritoacuterios e locaccedilatildeo entre outras O jeito de acabar com o privileacutegio poreacutem daacute nos nervos a sugestatildeo mais em voga eacute de incorporaacute-la aos seus salaacuterios Natildeo satildeo umas gracinhas

Diferente destes jornais que utilizam o humor de maneira setorizada o PEC de um

jornal humoriacutestico como o Barriga se diferencia dos mesmos devido agrave sua caracteriacutestica de

retratar o humor por entre todas as paacuteginas de produccedilatildeo textual Mas como possivelmente

tambeacutem eacute de objetivo dos atuais jornais circulantes em Blumenau um de seus propoacutesitos estaacute

11

em fomentar o debate puacuteblico sobre os acontecimentos circulantes na regiatildeo fornecendo ao

puacuteblico um ponto de vista humoriacutestico ao tratar os assuntos aleacutem da banalidade Assuntos

que possivelmente jaacute circularam na miacutedia em geral ou natildeo

E eacute sobre a banalidade que se encontra um desafio A ideacuteia de desenvolver o Barriga

jamais teria chegado ateacute aqui se a experiecircncia de um jornal humoriacutestico anterior o iBZ

o

jornal da liacutengua solta desenvolvido pelos proacuteprios acadecircmicos deste PEC natildeo resultasse de

maneira positiva Criado em maio de 2007 e ainda em circulaccedilatildeo mensal o iBZ inseriu-se no

meio acadecircmico para utilizar o humor dentro do jornalismo trazendo a partir da banalidade de

assuntos tatildeo corriqueiros do dia-a-dia de uma faculdade pontos de vistas satiacutericos

humoriacutesticos e criacuteticos que despertaram atenccedilatildeo e assiduidade do puacuteblico leitor Aos poucos

o iBZ foi ganhou um puacuteblico fiel ateacute receber indicaccedilotildees para o precircmio na categoria de

Jornalismo Opinativo na ediccedilatildeo 2008 do Intercom Sul E sem estes avanccedilos e resultados o

jornal Barriga hoje natildeo estaria no papel como PEC

Eacute sobre este pensamento na tentativa de corromper a banalidade dos acontecimentos e

converte-los em opiniatildeo criacutetica humoriacutestica e principalmente o humor3 por si soacute o Barriga

surge como um produto jornaliacutestico diferenciado em Blumenau Um veiacuteculo que como os

jornais da cidade tecircm o objetivo de estar sempre agrave procura da verdade mas que ainda natildeo

estaacute exposta de maneira humoriacutestica

3 Para o emprego da palavra humor que percorreraacute por este projeto acadecircmico temos como principal referecircncia Torelly (apud SOOacute 1984 p 90) onde cita que o humor consiste em mostrar o outro lado das coisas O lado que a sociedade natildeo vecirc poreacutem sente Ainda natildeo usando o humor apenas sobre assuntos fuacuteteis mas sim covertendo-o agrave capacidade de retratar ateacute e miseacuteria com leveza

12

4 OBJETIVOS

41 OBJETIVO GERAL

Este presente projeto acadecircmico tem como objetivo geral primeiramente se

contextualizar dentro de uma breve histoacuteria sobre o jornalismo humoriacutestico no Brasil que

influenciaram de certo modo sua criaccedilatildeo Apoacutes a contextualizaccedilatildeo representar o humor

dentro do jornalismo opinativo dando aos fatos um novo ponto vista

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Fornecer aos leitores da miacutedia impressa blumenauense uma alternativa sobre as

publicaccedilotildees existentes no municiacutepio

Inovar como produto jornaliacutestico dentre os que circulam na regiatildeo criando um

ponto de vista singular sobre acontecimentos jaacute divulgados ou natildeo pela miacutedia

Trazer novos assuntos a puacuteblico de maneira humoriacutestica

13

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO

O bom humor eacute incompatiacutevel com a crueldade (Voltaire)

Para que seja compreendida a existecircncia de um jornal humoriacutestico em Blumenau eacute

inegaacutevel a necessidade um resgate histoacuterico sobre os principais expoentes desta diferente

maneira de transformar acontecimentos em opiniatildeo e ainda transmitir o humor Poreacutem natildeo

cabe a este PEC a funccedilatildeo de um minucioso detalhamento sobre a infinidade de publicaccedilotildees

jornaliacutesticas e humoriacutesticas que jaacute circulam ou ainda estatildeo circulantes no Brasil Cabe a ele o

dever de retratar suas principais influecircncias e inspiraccedilotildees que deixaram no jornal Barriga a

certeza de que assim como outros meios humoriacutesticos que ganham notabilidade entre o

puacuteblico ele como jornal humoriacutestico tambeacutem pode conseguir o seu espaccedilo na miacutedia local

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA

Fernando Apariacutecio Brinkerhoff Torelly nasceu em Satildeo Leopoldo no Rio Grande do

Sul em 1895 Torelly estudou medicina por dois anos mas seu descomprometimento com as

disciplinas fariam dele um aluno repetente duas vezes num mesmo periacuteodo Aos 21 anos

publicou seu primeiro livro (Pontas de Cigarros) com poesias satiacutericas sobre a falta de

dinheiro4 Mas a proacutepria falta de dinheiro o acabaria obrigando a procurar emprego no

jornalismo do Rio de Janeiro Laacute com um exemplar de O Globo no bolso apresentou-se a

Irineu Marinho que lhe perguntou o que sabia fazer Tudo respondeu Apariacutecio desde

varrer redaccedilatildeo ateacute dirigir jornal 5 Marinho se simpatizou com o jovem gauacutecho depois de ler

umas de suas crocircnicas humoriacutesticas e o contratou A primeira dessas crocircnicas foi publicada

logo no dia seguinte na capa de O Globo (SOOacute 1984)

Em 1926 parodiando o jornal A Manhatilde que era um dos mais influentes da eacutepoca

Torelly resolveu lanccedilar A Manha um singulariacutessimo jornal humoriacutestico como aponta

Sodreacute (2004 p 372)

A linguagem do semanaacuterio de cunho altamente satiacuterico prezava pela diversidade

literaacuteria utilizando-se de sotaques para a produccedilatildeo dos textos como o exemplo da cidade dos

4 No registro de Konder (1986) o fator dinheiro era desprezado pelos poetas da eacutepoca 5 Diaacutelogo reproduzido do jornal digital da ABI (Orgatildeo oficial da Associaccedilatildeo Brasileira da Impresa) set 2007

14

colaboradores que constavam no final do jornal Sand Cadrin (Santa Catarina) e Bordlegro

(Porto Alegre) Socirco (1984 p 46) afirma que este jornal de estilo humoriacutestico foi o primeiro a

ser publicado A Manha era a caricatura dos jornais da eacutepoca e por tabela da proacutepria eacutepoca

Esse tipo de jornalismo nunca fora feito em lugar nenhum Soacute muito mais tarde nos Estados

Unidos no Mad de Harvey Kurztman e no National Lampoon

Devido ao uso do humor o risco maior do jornal estava na produccedilatildeo de sua editoria

poliacutetica atraveacutes da satirizaccedilatildeo de grandes nomes do atual poder da eacutepoca Um exemplo disso

era o Ministro das Relaccedilotildees Exteriores Felix Pacheco que Torelly apelidou-o de Infeacutelix

Peacutechic por usar sempre botinhas bem lustrosas e aparentar um rosto tristonho E com

brincadeiras assim eram corriqueiras as visitas de policiais agrave redaccedilatildeo de A Manha na rua 13

de Maio no Rio de Janeiro fazendo ameaccedilas com o fechamento do jornal Por dificuldades

financeiras entre 1929 e 1930 Torelly se viu obrigado a circular seu jornal como anexo do

Diaacuterio da Noite de Assis Chateaubriand gozando a popularidade que alcanccedilara mesmo antes

de ser autonomeado como Baratildeo de Itarareacute nome que marcaria sua carreira conforme explica

Konder (1983 p17)

Em outubro de 1930 as forccedilas reunidas em torno da Alianccedila Liberal se sublevaram sob a lideranccedila de Getuacutelio Vargas A Batalha decisiva deveria se travar em Itarareacute mas natildeo chegou a ocorrer porque Washington Luiacutes foi deposto por seus proacuteprios auxiliares [] Um ano apoacutes a revoluccedilatildeo vitoriosa o humorista se concedeu o tiacutetulo de Duque de Itarareacute anunciando em seu jornal que a concessatildeo estava sendo feita a uma personalidade de excepcional valor que se distinguiu no campo de batalha Algumas semanas depois rebaixou seu tiacutetulo para Baratildeo de Itarareacute como prova de modeacutestia

Em 1934 surge ao jaacute Baratildeo de Itarareacute a possibilidade de dirigir o Jornal do Povo O

periacuteodo era conturbado pelo movimento intregralista6 Sodreacute (2004 p 379) reforccedila esta

posiccedilatildeo poliacutetica da eacutepoca Tratava-se aqui de seguir a receita amarga e por isso surgira o

integralismo cujo palavroso e falso apelo ao nacionalismo embalava os incautos O

tratamento dado aos assalariados era duro inclusive na imprensa []

Diante desta censura o Baratildeo ainda sofreu severas repressotildees Em entrevista Morel (

apud SODRE 2004 p 379) esclarece um dos casos

6 Movimento poliacutetico brasileiro baseado nos moldes fascistas fundado em 1932 in Dicionaacuterio Aureacutelio

15

Um jornalista imperava na cidade Era Apariacutecio Torelly o popular Baratildeo de Itarareacute agrave frente de valente equipe no jornal do Povo Anunciou dez reportagens sensacionais sobre a vida de Joatildeo Cacircndido7 Saiacuteram duas Na terceira o conhecido homem da imprensa foi sequumlestrado por oficiais da Marinha e conduzido ateacute a Barra da Tijuca onde sofreu vexames Foi por isto certamente que o Baratildeo mandou escrever na porta da redaccedilatildeo Entre sem bater

Em 1935 o Baratildeo de Itarareacute eacute preso na colheita pela onda de repressatildeo que se

desencadeou pelo golpe militar comunista A partir deste periacuteodo Torelly acabou passando

um ano e meio preso chegando a conhecer o escritor alagoano Graciliano Ramos sendo

citado em Memoacuterias do Caacutercere como aparentemente alegre

A Manha apenas reaparece em 1945 trazendo o mesmo sucesso de puacuteblico que

alcanccedilara em 1926 e 1935 O jornal contava somente com a ajuda financeira de Arnon de

Melo8 como tambeacutem a colaboraccedilatildeo de grandes escritores como o maior expoente da literatura

regionalista Joseacute Lins do Rego e nomes como Aacutelvaro Moreyra9 Marques Rebelo10 e Rubem

Braga11

O sucesso da republicaccedilatildeo foi tamanho que dois anos apoacutes em 1947 o Baratildeo foi o

oitavo12 vereador mais votado do Rio de Janeiro assumindo a Cacircmara pelo Partido

Comunista Brasileiro

Novamente sem conseguir manter o seu jornal por questotildees financeiras e agora com o

agravamento de seu estado de sauacutede13 o Baratildeo de Itarareacute publicou entre 1949 e 1955 trecircs

almanaques de o A Manha o Almanhaque

Doente o Baratildeo viveu em um pequeno apartamento no Rio de Janeiro para estudar

matemaacutetica e se dedicar agrave biocircnica que aparecera como nova ciecircncia ateacute falecer em 27 de

novembro de 1971 aos 76 anos Apesar do pioneirismo do Baratildeo de Itarareacute no humor dentro

do jornalismo Konder (1986 p81) afirma o esquecimento popular sobre o humorista

Hoje o Baratildeo estaacute praticamente esquecido Apenas meia duacutezia de baranoacutefilos e plagiaacuterios sabem dele Numa dessas injusticcedilas tatildeo comuns eacute mais conhecido pelo que haacute de pior nos seus livros O Baratildeo precisaria duma antologia cuidadosa Edmar Morel pensou em fazer O Forturna e o Jaguar tambeacutem Mas natildeo deu certo

7 Militar brasileiro liacuteder da Revolta da Chibata Para mais informaccedilotildees sugerimos o acesso ao httpwwwovermundocombroverblogjoao-candido-o-almirante-negro site colaborativo gerenciado pelo socioacutelogo Hermano Vianna 8 Ex-governador de Alagoas pai do ex-presidente Fernando Collor de Melo 9 Poeta cronista e jornalista brasileiro 10 Escritor e jornalista brasileiro 11 Escritor brasileiro e lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros 12 Naquele momento denuacutencias na imprensa apontavam atos criminosos de alguns comerciantes que misturavam aacutegua ao leite aumentando a quantidade do produto a ser vendido Dentro desse contexto o Baratildeo fez sua campanha vitoriosa e bem-humorada com o slogan Mais aacutegua e mais leite Mas menos agravegua no leite

13 Neste caso se deve agraves complicaccedilotildees respiratoacuterias

16

Mesmo diante do esquecimento popular eacute merecido ressaltar dentro deste PEC a

importacircncia das publicaccedilotildees empenho e dedicaccedilatildeo do Baratildeo de Itarareacute em dar a populaccedilatildeo

olhos capazes de ler o que nem todos veem Olhos que atraveacutes do humor enxergavam

princiacutepios democraacuteticos e do mais legiacutetimo direito agrave expressatildeo

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR

Por sua proacutepria natureza o humor eacute uma forccedila desinibidora libertaacuteria Em suas expressotildees mais desenvolvidas ele nos ajuda a perceber as ambiguumlidades da condiccedilatildeo humana as contradiccedilotildees disfarccediladas os anseios e insatisfaccedilotildees

(Leandro Konder)

Entre 1964 e 1980 periacuteodo em que a ditadura militar governou o Brasil dentro do mais

duro regime poliacutetico cerca de 150 jornais alternativos foram criados como forma de oposiccedilatildeo

ao poder (KUCINSKI 2003) Mas mesmo entre todo este montante de perioacutedicos poucos

sobreviveram a tempo de se tornarem nacionalmente conhecidos

Entre eles alguns se destacaram por seu humor a revista Pif-Paf14 de Millocircr

Fernandes o jornal O Pato Macho15 de Luiz Fernando Veriacutessimo e O Pasquim de Tarso de

Castro que atingiu dentro da linha do jornalismo humoriacutestico picos com tiragem de ateacute 225

mil exemplares marcando-o como jornal expoente na classe tida como imprensa alternativa

ou nanica16 Para Kucinski (2003 p 15) o jornal ainda foi aleacutem do humor O Pasquim

mudou haacutebitos e valores empolgando jovens e adolescentes nos anos 1970 em especial nas

cidades interioranas que haviam florescido durante o milagre econocircmico encapsuladas numa

moral provinciana

Para se opor agrave ditadura militar agrave classe meacutedia regida por conceitos morais e agrave grande

imprensa17 devido agrave censura o espiacuterito de O Pasquim seguia por correntes filosoacuteficas como o

existencialismo de Jean Paul-Sartre e a contra-cultura norte-americana do fim dos anos

14 Nos registros de Strelow (2009 p 11) o Pato Macho foi o primeiro jornal rio-grandense a sofrer a censura preacutevia 15 No registro histoacuterico de Kucinski (2003 p 437 ) Pif-Paf foi o primeiro perioacutedico a ser criado como oposiccedilatildeo agrave ditadura militar no Brasil 16 BELTRAtildeO Luiz (1980 p 37) cita o nome de nanica pelo motivo de a maioria dos jornais alternativos possuiacuterem na eacutepoca o tamanho tabloacuteide 17 Sodreacute (2004 p 275) afirma que o surgimento da grande imprensa no Brasil ocorre de maneira natural devido a ascensatildeo burguesa ao avanccedilo das relaccedilotildees capitalistas tornando o jornal capitalista e claramente objetivando a lucratividade

17

196018 Na mistura destas duas influecircncias mais o desejo ser um jornal independente O

Pasquim alcanccedilava o populismo de maneira raacutepida jaacute na sua 26deg ediccedilatildeo com a marca de 200

mil exemplares vendidos

Com este avanccedilo em 1969 o jornal comeccedilava a tomar o espaccedilo das revistas nas

bancas trazendo longas reportagens e entrevistas Entre elas o marcante entrevista da atriz

Leila Diniz que falava abertamente sobre sexo resultando natildeo soacute na ediccedilatildeo mais vendido da

histoacuteria do jornal mas tambeacutem no decreto que instalou a censura preacutevia19 no paiacutes

Mas mesmo sob as normas da censura preacutevia jaacute instalada no paiacutes a continuidade das

publicaccedilotildees de O Pasquim natildeo foram interrompidas nem apoacutes a invasatildeo dos policiais do DOI-

CODI20 na redaccedilatildeo do jornal em 1deg de novembro de 1970 Na ocasiatildeo Tarso de Castro

conseguiu fugir e continuou editando o jornal clandestinamente refugiado em uma casa ao

lado da redaccedilatildeo e a usando como escritoacuterio Ziraldo (1977 apud KUCINSKI 2003 p 218)

um dos editores do Pasquim na eacutepoca daacute mais detalhes sobre o acontecimento

Houve vaacuterias batidas em O Pasquim e a poliacutecia levou muitos documentos mas a mais seacuteria foi a que os levou presos ao departamento aeacutereo terrestre da Vila Militar ocupado pelo DOI-CODI Foram presos no fechamento de madrugada Joseacute Grossi Ziraldo Paulo Garcez Fortuna e Luiacutes Carlos Maciel Prenderam em casa o Francis Millocircr natildeo estava em casa quando foram prendecirc-lo Os outros receberam proposta da poliacutecia para se entregarem em troca de libertaccedilatildeo dos que jaacute estavam presos Numa reuniatildeo Jaguar e Seacutergio Cabral concordaram em se entregar Millocircr natildeo estava presente Queriam prender tambeacutem a Leila Diniz Quem abrigou-a foi o Flaacutevio Cavalcanti Era tudo coisa do falso puritanismo Achavam que a entrevista da Leila visava destruir a famiacutelia Quando os militares viram a grana nos talotildees de cheque pensaram que O Pasquim recebia dinheiro de Cuba

Natildeo seriam acontecimentos como este que dariam fim ao O Pasquim poreacutem as

tiragens caiacuteram de maneira preocupante devido agrave censura e muitos jornaleiros se recusaram a

continuar vendendo O Pasquim jaacute que sofriam ameaccedilas do governo militar que podiam

fechar o estabelecimento se assim o vissem necessaacuterios A publicidade dentro de O Pasquim

tambeacutem caiu chegando agrave zero

18 Op cit Kucinski (2003 p 209) 19 A censura preacutevia natildeo soacute foi executada sobre O Pasquim mas por todos os jornais em que o regime militar visse necessaacuterio no paiacutes 20 Oacutergatildeo de inteligecircncia e repressatildeo do governo brasileiro na eacutepoca

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 2: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

2

INSTITUTO BLUMENAUENSE DE ENSINO SUPERIOR IBES SOCIESC

CURSO DE COMUNICACcedilAtildeO SOCIAL COM HABILITACcedilAtildeO EM JORNALISMO

PROJETO PRAacuteTICA EDITORIAL IMPRESSA

CRISTIAN EDEL WEISS

TIAGO RIBEIRO SANTOS

JORNAL BARRIGA o jornalismo humoriacutestico chegando de barriga em Blumenau

Disciplina Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo Coordenadora do Projeto Experimental

habilitaccedilatildeo em Jornalismo Ofeacutelia Elisa Torres Morales Dra Linha de Pesquisa Miacutedia Regional Professor Orientador Airton Almeida Ms

BLUMENAU - SC 2009

3

CRISTIAN EDEL WEISS

TIAGO RIBEIRO SANTOS

JORNAL BARRIGA

Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo aprovado para a conclusatildeo da mateacuteria Projeto Experimental em

Comunicaccedilatildeo do seacutetimo semestre do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Habilitaccedilatildeo em Jornalismo IBES

SOCIESC pela banca examinadora com nota ______ (____________________)

______________________________________________________________________ Presidente Prof Airton Almeida Ms (Orientador)

_____________________________________________________________________ Membro Prof Carlos Silva Ms

______________________________________________________________________ Membro Valther Ostermann

______________________________________________________________________ Coordenadora do Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo ProfaOfeacutelia Torres Morales

4

RESUMO

O estudo apresentado ao longo deste Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo (PEC)

refere-se agrave criaccedilatildeo de um jornal humoriacutestico para o puacuteblico-leitor blumenauense Inicialmente

este memorial apresenta uma fundamentaccedilatildeo histoacuterica como forma de compreender a origem

do jornalismo humoriacutestico no Brasil chegando ateacute agrave cidade de Blumenau como mercado a

ser focado pelo presente produto jornaliacutestico que seraacute descrito O documento ressalta a

importacircncia de um meio humoriacutestico e opinativo circulante na regiatildeo capaz de fornecer agrave

sociedade um ponto de vista diferenciado sobre assuntos possivelmente jaacute tratados ou natildeo

pela imprensa local

Palavras-chaves humor jornalismo opinativo Blumenau

5

ABSTRACT

This Trial Communication Project presents a study that refers to the creation of a

humorous newspaper dedicated to readers from Blumenau city in Santa Catarina state

Firstly this memorial presents a historical base as a way to comprehend and to reflect about

the origin of humorous journalism in Brazil especially in Blumenau city which is the aimed

market by the journalistic product that will be described soon afterwards The document

emphasizes the importance of a humorous and argumentative publication distributed around

the Vale do Itajaiacute able to provide different points of view about subjects that the local press

have already accosted or not

Key-words humour opinionative journalism Blumenau City

6

SUMAacuteRIO

1 APRESENTACcedilAtildeO8

2 INTRODUCcedilAtildeO9

3 JUSTIFICATIVA 10

4 OBJETIVOS 12

41 OBJETIVO GERAL12

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 12

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO13

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA 13

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR16

521 O Fim de O Pasquim18

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU20

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS 21

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung21

612 Teutocircnia Faschingsnumer 21

613 Bummelauer Fastnachts 22

614 Schuetsenliesel22

615 Kiriri22

616 Die Schnauze 23

617 A Ortiga 24

618 Die Mistgabel24

619 Sudarm-Glocken 25

6110 Der Mosquito 25

6111 Die Quasselbude 25

6112 Die Gurke26

6113 Antesiriprospeacutetico 26

6114 A Folia 27

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS27

621 O Quebra-Nozes 27

622 Bem-Te-Vi 28

623 Zeacute Pereira 28

624 O Bisturi28

625 O KCT28

7

626 Piranha 29

627 O Tinhoso 29

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR 30

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga 33

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO 35

81 O desafio do jornalismo com humor36

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais 38

83 O papel do humor no jornalismo 40

84 O humor sob o prisma eacutetico 42

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO 45

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO45

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto 45

912 Barriga o uacutenico sentido de ser 46

92 PRODUCcedilAtildeO 47

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica 47

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal 48

923 O Projeto Graacutefico48

9231 Formato tabloacuteide 49

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias 51

924 As imagens e o humor 52

925 Uso da Cor 53

928 Fontes Utilizadas54

97 Logotipia 55

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO55

931 A Impressatildeo 55

CONCLUSAtildeO 56

APEcircNDICE A57

APEcircNDICE B 58

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina59

ANEXO B Esboccedilos do Orientador 59

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipiaANEXO D61

ANEXO D64

ANEXO E 65

REFEREcircNCIAS66

8

1 APRESENTACcedilAtildeO

Um jornal de humor criacutetico e com abrangecircncia regional O Barriga eacute uma proposta

alternativa agraves miacutedias existentes no municiacutepio Deve circular em Blumenau e ter periodicidade

quinzenal A inovaccedilatildeo proposta eacute a espirituosidade intriacutenseca no discurso da notiacutecia

O jornal possui 12 paacuteginas distribuiacutedas entre as editorias de opiniatildeo poliacutetica

economia geral esportes cultura e um espaccedilo dedicado agraves personalidades comuns que

ajudam a construir a histoacuteria da cidade Em formato tabloacuteide e cor padratildeo em tonalidades

verdes o layout acompanha o estilo irreverente da publicaccedilatildeo

O nome Barriga foi inspirado no histoacuterico apelido aferido aos catarinenses barriga-

verde A riqueza leacutexica do termo tambeacutem permite diversas combinaccedilotildees frasais que

contribuem para a criaccedilatildeo de expressotildees bem-humoradas tais como de barriga cheia barriga

d aacutegua cair de barriga barriga tanquinho e inuacutemeros outros

Trata-se de um projeto que investe no estilo literaacuterio diferenciado e na criacutetica para

mostrar que eacute possiacutevel ir aleacutem da notiacutecia

9

2 INTRODUCcedilAtildeO

Registros apontam que somente sete jornais de caraacuteter humoriacutestico tenham surgido na

histoacuteria da imprensa em Blumenau Santa Catarina Ainda que tenha existido um nuacutemero

consideraacutevel de jornais carnavalescos editados anualmente a fim de entreter o puacuteblico no

tempo festivo que antecedia a quarta-feira de cinzas ambos os tipos de jornais natildeo

ultrapassaram o ano de 1938 quando a II Guerra Mundial pairou sobre o mundo

Apesar de desconhecida esta informaccedilatildeo por noacutes quando demos iniacutecio a este Projeto

Experimental em Comunicaccedilatildeo (PEC)1 dispusemo-nos mesmo assim agrave criaccedilatildeo de um jornal

humoriacutestico cuja proposta estaacute em levar informaccedilatildeo com estilo irreverente ao puacuteblico-leitor

blumenauense Mas atraveacutes do dado histoacuterico que apontamos uma outra missatildeo surgiu a

nossa frente trazer de volta agrave Blumenau sua veia humoriacutestica talvez apagada pela proacutepria

auto-censura dos habitantes apoacutes o periacuteodo de guerras

Embora o humor seja considerado por noacutes o principal atrativo aos leitores ao jornal

humoriacutestico que propomos eacute vaacutelido frisar que a publicaccedilatildeo eacute estruturada atraveacutes das

caracteriacutesticas de um produto jornaliacutestico Portanto exemplos dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (2004) como a Proximidade que eacute capaz de tornar o leitor como parte

do contexto explorado o Interessa Pessoal que daacute sentido de relevacircncia agrave mateacuteria sob olhos

do puacuteblico consumidor e evidentemente o Humor vatildeo ao encontro da proposta deste PEC

aleacutem de temas como o jornalismo opinativo e a eacutetica jornaliacutestica

Ainda que o registro inicial sobre o periacuteodo curto em que publicaccedilotildees humoriacutesticas

aconteceram em Blumenau natildeo revele bons auspiacutecios natildeo se eacute isentada a missatildeo de

transformar o presente PEC talvez um dia em um produto jornaliacutestico2 Mesmo diante do

fato deste Projeto natildeo contar com uma pesquisa de mercado sobre a aceitaccedilatildeo do produto eacute

vaacutelido a ressalva que natildeo faz parte de seus objetivos a suposiccedilatildeo de um produto bem aceito

Mas sim a demonstraccedilatildeo praacutetica de um caminho diferente para a conduccedilatildeo da notiacutecia e

opiniatildeo Um caminho exercido atraveacutes do humor

1 A partir desta explicaccedilatildeo os acadecircmicos optam por usar ao longo deste memorial apenas a sigla PEC como referecircncia a Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo

2 Os acadecircmicos tem com isto total consciecircncia de que uma pesquisa de aceitaccedilatildeo de mercado se faz necessaacuteria neste caso

10

3 JUSTIFICATIVA

Como jaacute relatado na Introduccedilatildeo deste PEC poucos satildeo os registros de jornais

humoriacutesticos que circularam por tempos duradouros na cidade de Blumenau (SC) Dentro da

miacutedia impressa o humor esteve dentro de jornais estudantis poliacuteticos e publicaccedilotildees

carnavalescas que durante o iniacutecio do seacuteculo XX surgiram e desapareceram entre um trocar

de ano e outro Mas efecircmeros ou natildeo como o Die Shnauze surgido na deacutecada de 1920 em

Blumenau publicaccedilotildees como estas funcionavam como eficiente meio opinativo e de

entretenimento ao puacuteblico leitor conforme eacute descrito por Silva (1970 p44)

Ecircste foi sem duacutevida o mais interessante o de vida mais longa e mais temido jornal carnavalesco publicado em Blumenau [] Muito bem escrito e bem impresso o seu aparecimento era sempre ansiosamente esperado Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas []

Como o Die Schnauze que prezava por bons textos criacuteticas concretas e o bom-humor

o jornal Barriga surge a partir da ideacuteia de investir em um produto jornaliacutestico diferenciado e

ainda atraveacutes do humor revelar possibilidades de ir aleacutem da notiacutecia factual pertencente agrave

linha editorial dos jornais blumenauenses Como um meio de comunicaccedilatildeo diferente na

regiatildeo o Barriga nasce para preencher a lacuna de um mercado inexistente o do humor que eacute

ausente no Vale do Itajaiacute e ainda sem se limitar agraves pequenas charges e colunas satiacutericas

conforme podem ser acompanhadas em editorias especiacuteficas dos principais jornais da cidade

Atualmente o espaccedilo para o humor eacute restrito nestes jornais Quando encontrado o

humor estaacute presente nas charges e nos espaccedilos dedicados aos colunistas Entre os colunistas

citamos Ostermann (2009 p 3) como um dos que mais comumente se utiliza do humor em

suas notas geralmente acompanhadas de certa ironia

Nossos poliacuteticos federais pretendem acabar com a tal verba indenizatoacuteria um salaacuterio (dos bons) que recebem por fora a tiacutetulo do ressarcimento de despesas com aluguel manutenccedilatildeo de escritoacuterios e locaccedilatildeo entre outras O jeito de acabar com o privileacutegio poreacutem daacute nos nervos a sugestatildeo mais em voga eacute de incorporaacute-la aos seus salaacuterios Natildeo satildeo umas gracinhas

Diferente destes jornais que utilizam o humor de maneira setorizada o PEC de um

jornal humoriacutestico como o Barriga se diferencia dos mesmos devido agrave sua caracteriacutestica de

retratar o humor por entre todas as paacuteginas de produccedilatildeo textual Mas como possivelmente

tambeacutem eacute de objetivo dos atuais jornais circulantes em Blumenau um de seus propoacutesitos estaacute

11

em fomentar o debate puacuteblico sobre os acontecimentos circulantes na regiatildeo fornecendo ao

puacuteblico um ponto de vista humoriacutestico ao tratar os assuntos aleacutem da banalidade Assuntos

que possivelmente jaacute circularam na miacutedia em geral ou natildeo

E eacute sobre a banalidade que se encontra um desafio A ideacuteia de desenvolver o Barriga

jamais teria chegado ateacute aqui se a experiecircncia de um jornal humoriacutestico anterior o iBZ

o

jornal da liacutengua solta desenvolvido pelos proacuteprios acadecircmicos deste PEC natildeo resultasse de

maneira positiva Criado em maio de 2007 e ainda em circulaccedilatildeo mensal o iBZ inseriu-se no

meio acadecircmico para utilizar o humor dentro do jornalismo trazendo a partir da banalidade de

assuntos tatildeo corriqueiros do dia-a-dia de uma faculdade pontos de vistas satiacutericos

humoriacutesticos e criacuteticos que despertaram atenccedilatildeo e assiduidade do puacuteblico leitor Aos poucos

o iBZ foi ganhou um puacuteblico fiel ateacute receber indicaccedilotildees para o precircmio na categoria de

Jornalismo Opinativo na ediccedilatildeo 2008 do Intercom Sul E sem estes avanccedilos e resultados o

jornal Barriga hoje natildeo estaria no papel como PEC

Eacute sobre este pensamento na tentativa de corromper a banalidade dos acontecimentos e

converte-los em opiniatildeo criacutetica humoriacutestica e principalmente o humor3 por si soacute o Barriga

surge como um produto jornaliacutestico diferenciado em Blumenau Um veiacuteculo que como os

jornais da cidade tecircm o objetivo de estar sempre agrave procura da verdade mas que ainda natildeo

estaacute exposta de maneira humoriacutestica

3 Para o emprego da palavra humor que percorreraacute por este projeto acadecircmico temos como principal referecircncia Torelly (apud SOOacute 1984 p 90) onde cita que o humor consiste em mostrar o outro lado das coisas O lado que a sociedade natildeo vecirc poreacutem sente Ainda natildeo usando o humor apenas sobre assuntos fuacuteteis mas sim covertendo-o agrave capacidade de retratar ateacute e miseacuteria com leveza

12

4 OBJETIVOS

41 OBJETIVO GERAL

Este presente projeto acadecircmico tem como objetivo geral primeiramente se

contextualizar dentro de uma breve histoacuteria sobre o jornalismo humoriacutestico no Brasil que

influenciaram de certo modo sua criaccedilatildeo Apoacutes a contextualizaccedilatildeo representar o humor

dentro do jornalismo opinativo dando aos fatos um novo ponto vista

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Fornecer aos leitores da miacutedia impressa blumenauense uma alternativa sobre as

publicaccedilotildees existentes no municiacutepio

Inovar como produto jornaliacutestico dentre os que circulam na regiatildeo criando um

ponto de vista singular sobre acontecimentos jaacute divulgados ou natildeo pela miacutedia

Trazer novos assuntos a puacuteblico de maneira humoriacutestica

13

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO

O bom humor eacute incompatiacutevel com a crueldade (Voltaire)

Para que seja compreendida a existecircncia de um jornal humoriacutestico em Blumenau eacute

inegaacutevel a necessidade um resgate histoacuterico sobre os principais expoentes desta diferente

maneira de transformar acontecimentos em opiniatildeo e ainda transmitir o humor Poreacutem natildeo

cabe a este PEC a funccedilatildeo de um minucioso detalhamento sobre a infinidade de publicaccedilotildees

jornaliacutesticas e humoriacutesticas que jaacute circulam ou ainda estatildeo circulantes no Brasil Cabe a ele o

dever de retratar suas principais influecircncias e inspiraccedilotildees que deixaram no jornal Barriga a

certeza de que assim como outros meios humoriacutesticos que ganham notabilidade entre o

puacuteblico ele como jornal humoriacutestico tambeacutem pode conseguir o seu espaccedilo na miacutedia local

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA

Fernando Apariacutecio Brinkerhoff Torelly nasceu em Satildeo Leopoldo no Rio Grande do

Sul em 1895 Torelly estudou medicina por dois anos mas seu descomprometimento com as

disciplinas fariam dele um aluno repetente duas vezes num mesmo periacuteodo Aos 21 anos

publicou seu primeiro livro (Pontas de Cigarros) com poesias satiacutericas sobre a falta de

dinheiro4 Mas a proacutepria falta de dinheiro o acabaria obrigando a procurar emprego no

jornalismo do Rio de Janeiro Laacute com um exemplar de O Globo no bolso apresentou-se a

Irineu Marinho que lhe perguntou o que sabia fazer Tudo respondeu Apariacutecio desde

varrer redaccedilatildeo ateacute dirigir jornal 5 Marinho se simpatizou com o jovem gauacutecho depois de ler

umas de suas crocircnicas humoriacutesticas e o contratou A primeira dessas crocircnicas foi publicada

logo no dia seguinte na capa de O Globo (SOOacute 1984)

Em 1926 parodiando o jornal A Manhatilde que era um dos mais influentes da eacutepoca

Torelly resolveu lanccedilar A Manha um singulariacutessimo jornal humoriacutestico como aponta

Sodreacute (2004 p 372)

A linguagem do semanaacuterio de cunho altamente satiacuterico prezava pela diversidade

literaacuteria utilizando-se de sotaques para a produccedilatildeo dos textos como o exemplo da cidade dos

4 No registro de Konder (1986) o fator dinheiro era desprezado pelos poetas da eacutepoca 5 Diaacutelogo reproduzido do jornal digital da ABI (Orgatildeo oficial da Associaccedilatildeo Brasileira da Impresa) set 2007

14

colaboradores que constavam no final do jornal Sand Cadrin (Santa Catarina) e Bordlegro

(Porto Alegre) Socirco (1984 p 46) afirma que este jornal de estilo humoriacutestico foi o primeiro a

ser publicado A Manha era a caricatura dos jornais da eacutepoca e por tabela da proacutepria eacutepoca

Esse tipo de jornalismo nunca fora feito em lugar nenhum Soacute muito mais tarde nos Estados

Unidos no Mad de Harvey Kurztman e no National Lampoon

Devido ao uso do humor o risco maior do jornal estava na produccedilatildeo de sua editoria

poliacutetica atraveacutes da satirizaccedilatildeo de grandes nomes do atual poder da eacutepoca Um exemplo disso

era o Ministro das Relaccedilotildees Exteriores Felix Pacheco que Torelly apelidou-o de Infeacutelix

Peacutechic por usar sempre botinhas bem lustrosas e aparentar um rosto tristonho E com

brincadeiras assim eram corriqueiras as visitas de policiais agrave redaccedilatildeo de A Manha na rua 13

de Maio no Rio de Janeiro fazendo ameaccedilas com o fechamento do jornal Por dificuldades

financeiras entre 1929 e 1930 Torelly se viu obrigado a circular seu jornal como anexo do

Diaacuterio da Noite de Assis Chateaubriand gozando a popularidade que alcanccedilara mesmo antes

de ser autonomeado como Baratildeo de Itarareacute nome que marcaria sua carreira conforme explica

Konder (1983 p17)

Em outubro de 1930 as forccedilas reunidas em torno da Alianccedila Liberal se sublevaram sob a lideranccedila de Getuacutelio Vargas A Batalha decisiva deveria se travar em Itarareacute mas natildeo chegou a ocorrer porque Washington Luiacutes foi deposto por seus proacuteprios auxiliares [] Um ano apoacutes a revoluccedilatildeo vitoriosa o humorista se concedeu o tiacutetulo de Duque de Itarareacute anunciando em seu jornal que a concessatildeo estava sendo feita a uma personalidade de excepcional valor que se distinguiu no campo de batalha Algumas semanas depois rebaixou seu tiacutetulo para Baratildeo de Itarareacute como prova de modeacutestia

Em 1934 surge ao jaacute Baratildeo de Itarareacute a possibilidade de dirigir o Jornal do Povo O

periacuteodo era conturbado pelo movimento intregralista6 Sodreacute (2004 p 379) reforccedila esta

posiccedilatildeo poliacutetica da eacutepoca Tratava-se aqui de seguir a receita amarga e por isso surgira o

integralismo cujo palavroso e falso apelo ao nacionalismo embalava os incautos O

tratamento dado aos assalariados era duro inclusive na imprensa []

Diante desta censura o Baratildeo ainda sofreu severas repressotildees Em entrevista Morel (

apud SODRE 2004 p 379) esclarece um dos casos

6 Movimento poliacutetico brasileiro baseado nos moldes fascistas fundado em 1932 in Dicionaacuterio Aureacutelio

15

Um jornalista imperava na cidade Era Apariacutecio Torelly o popular Baratildeo de Itarareacute agrave frente de valente equipe no jornal do Povo Anunciou dez reportagens sensacionais sobre a vida de Joatildeo Cacircndido7 Saiacuteram duas Na terceira o conhecido homem da imprensa foi sequumlestrado por oficiais da Marinha e conduzido ateacute a Barra da Tijuca onde sofreu vexames Foi por isto certamente que o Baratildeo mandou escrever na porta da redaccedilatildeo Entre sem bater

Em 1935 o Baratildeo de Itarareacute eacute preso na colheita pela onda de repressatildeo que se

desencadeou pelo golpe militar comunista A partir deste periacuteodo Torelly acabou passando

um ano e meio preso chegando a conhecer o escritor alagoano Graciliano Ramos sendo

citado em Memoacuterias do Caacutercere como aparentemente alegre

A Manha apenas reaparece em 1945 trazendo o mesmo sucesso de puacuteblico que

alcanccedilara em 1926 e 1935 O jornal contava somente com a ajuda financeira de Arnon de

Melo8 como tambeacutem a colaboraccedilatildeo de grandes escritores como o maior expoente da literatura

regionalista Joseacute Lins do Rego e nomes como Aacutelvaro Moreyra9 Marques Rebelo10 e Rubem

Braga11

O sucesso da republicaccedilatildeo foi tamanho que dois anos apoacutes em 1947 o Baratildeo foi o

oitavo12 vereador mais votado do Rio de Janeiro assumindo a Cacircmara pelo Partido

Comunista Brasileiro

Novamente sem conseguir manter o seu jornal por questotildees financeiras e agora com o

agravamento de seu estado de sauacutede13 o Baratildeo de Itarareacute publicou entre 1949 e 1955 trecircs

almanaques de o A Manha o Almanhaque

Doente o Baratildeo viveu em um pequeno apartamento no Rio de Janeiro para estudar

matemaacutetica e se dedicar agrave biocircnica que aparecera como nova ciecircncia ateacute falecer em 27 de

novembro de 1971 aos 76 anos Apesar do pioneirismo do Baratildeo de Itarareacute no humor dentro

do jornalismo Konder (1986 p81) afirma o esquecimento popular sobre o humorista

Hoje o Baratildeo estaacute praticamente esquecido Apenas meia duacutezia de baranoacutefilos e plagiaacuterios sabem dele Numa dessas injusticcedilas tatildeo comuns eacute mais conhecido pelo que haacute de pior nos seus livros O Baratildeo precisaria duma antologia cuidadosa Edmar Morel pensou em fazer O Forturna e o Jaguar tambeacutem Mas natildeo deu certo

7 Militar brasileiro liacuteder da Revolta da Chibata Para mais informaccedilotildees sugerimos o acesso ao httpwwwovermundocombroverblogjoao-candido-o-almirante-negro site colaborativo gerenciado pelo socioacutelogo Hermano Vianna 8 Ex-governador de Alagoas pai do ex-presidente Fernando Collor de Melo 9 Poeta cronista e jornalista brasileiro 10 Escritor e jornalista brasileiro 11 Escritor brasileiro e lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros 12 Naquele momento denuacutencias na imprensa apontavam atos criminosos de alguns comerciantes que misturavam aacutegua ao leite aumentando a quantidade do produto a ser vendido Dentro desse contexto o Baratildeo fez sua campanha vitoriosa e bem-humorada com o slogan Mais aacutegua e mais leite Mas menos agravegua no leite

13 Neste caso se deve agraves complicaccedilotildees respiratoacuterias

16

Mesmo diante do esquecimento popular eacute merecido ressaltar dentro deste PEC a

importacircncia das publicaccedilotildees empenho e dedicaccedilatildeo do Baratildeo de Itarareacute em dar a populaccedilatildeo

olhos capazes de ler o que nem todos veem Olhos que atraveacutes do humor enxergavam

princiacutepios democraacuteticos e do mais legiacutetimo direito agrave expressatildeo

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR

Por sua proacutepria natureza o humor eacute uma forccedila desinibidora libertaacuteria Em suas expressotildees mais desenvolvidas ele nos ajuda a perceber as ambiguumlidades da condiccedilatildeo humana as contradiccedilotildees disfarccediladas os anseios e insatisfaccedilotildees

(Leandro Konder)

Entre 1964 e 1980 periacuteodo em que a ditadura militar governou o Brasil dentro do mais

duro regime poliacutetico cerca de 150 jornais alternativos foram criados como forma de oposiccedilatildeo

ao poder (KUCINSKI 2003) Mas mesmo entre todo este montante de perioacutedicos poucos

sobreviveram a tempo de se tornarem nacionalmente conhecidos

Entre eles alguns se destacaram por seu humor a revista Pif-Paf14 de Millocircr

Fernandes o jornal O Pato Macho15 de Luiz Fernando Veriacutessimo e O Pasquim de Tarso de

Castro que atingiu dentro da linha do jornalismo humoriacutestico picos com tiragem de ateacute 225

mil exemplares marcando-o como jornal expoente na classe tida como imprensa alternativa

ou nanica16 Para Kucinski (2003 p 15) o jornal ainda foi aleacutem do humor O Pasquim

mudou haacutebitos e valores empolgando jovens e adolescentes nos anos 1970 em especial nas

cidades interioranas que haviam florescido durante o milagre econocircmico encapsuladas numa

moral provinciana

Para se opor agrave ditadura militar agrave classe meacutedia regida por conceitos morais e agrave grande

imprensa17 devido agrave censura o espiacuterito de O Pasquim seguia por correntes filosoacuteficas como o

existencialismo de Jean Paul-Sartre e a contra-cultura norte-americana do fim dos anos

14 Nos registros de Strelow (2009 p 11) o Pato Macho foi o primeiro jornal rio-grandense a sofrer a censura preacutevia 15 No registro histoacuterico de Kucinski (2003 p 437 ) Pif-Paf foi o primeiro perioacutedico a ser criado como oposiccedilatildeo agrave ditadura militar no Brasil 16 BELTRAtildeO Luiz (1980 p 37) cita o nome de nanica pelo motivo de a maioria dos jornais alternativos possuiacuterem na eacutepoca o tamanho tabloacuteide 17 Sodreacute (2004 p 275) afirma que o surgimento da grande imprensa no Brasil ocorre de maneira natural devido a ascensatildeo burguesa ao avanccedilo das relaccedilotildees capitalistas tornando o jornal capitalista e claramente objetivando a lucratividade

17

196018 Na mistura destas duas influecircncias mais o desejo ser um jornal independente O

Pasquim alcanccedilava o populismo de maneira raacutepida jaacute na sua 26deg ediccedilatildeo com a marca de 200

mil exemplares vendidos

Com este avanccedilo em 1969 o jornal comeccedilava a tomar o espaccedilo das revistas nas

bancas trazendo longas reportagens e entrevistas Entre elas o marcante entrevista da atriz

Leila Diniz que falava abertamente sobre sexo resultando natildeo soacute na ediccedilatildeo mais vendido da

histoacuteria do jornal mas tambeacutem no decreto que instalou a censura preacutevia19 no paiacutes

Mas mesmo sob as normas da censura preacutevia jaacute instalada no paiacutes a continuidade das

publicaccedilotildees de O Pasquim natildeo foram interrompidas nem apoacutes a invasatildeo dos policiais do DOI-

CODI20 na redaccedilatildeo do jornal em 1deg de novembro de 1970 Na ocasiatildeo Tarso de Castro

conseguiu fugir e continuou editando o jornal clandestinamente refugiado em uma casa ao

lado da redaccedilatildeo e a usando como escritoacuterio Ziraldo (1977 apud KUCINSKI 2003 p 218)

um dos editores do Pasquim na eacutepoca daacute mais detalhes sobre o acontecimento

Houve vaacuterias batidas em O Pasquim e a poliacutecia levou muitos documentos mas a mais seacuteria foi a que os levou presos ao departamento aeacutereo terrestre da Vila Militar ocupado pelo DOI-CODI Foram presos no fechamento de madrugada Joseacute Grossi Ziraldo Paulo Garcez Fortuna e Luiacutes Carlos Maciel Prenderam em casa o Francis Millocircr natildeo estava em casa quando foram prendecirc-lo Os outros receberam proposta da poliacutecia para se entregarem em troca de libertaccedilatildeo dos que jaacute estavam presos Numa reuniatildeo Jaguar e Seacutergio Cabral concordaram em se entregar Millocircr natildeo estava presente Queriam prender tambeacutem a Leila Diniz Quem abrigou-a foi o Flaacutevio Cavalcanti Era tudo coisa do falso puritanismo Achavam que a entrevista da Leila visava destruir a famiacutelia Quando os militares viram a grana nos talotildees de cheque pensaram que O Pasquim recebia dinheiro de Cuba

Natildeo seriam acontecimentos como este que dariam fim ao O Pasquim poreacutem as

tiragens caiacuteram de maneira preocupante devido agrave censura e muitos jornaleiros se recusaram a

continuar vendendo O Pasquim jaacute que sofriam ameaccedilas do governo militar que podiam

fechar o estabelecimento se assim o vissem necessaacuterios A publicidade dentro de O Pasquim

tambeacutem caiu chegando agrave zero

18 Op cit Kucinski (2003 p 209) 19 A censura preacutevia natildeo soacute foi executada sobre O Pasquim mas por todos os jornais em que o regime militar visse necessaacuterio no paiacutes 20 Oacutergatildeo de inteligecircncia e repressatildeo do governo brasileiro na eacutepoca

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 3: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

3

CRISTIAN EDEL WEISS

TIAGO RIBEIRO SANTOS

JORNAL BARRIGA

Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo aprovado para a conclusatildeo da mateacuteria Projeto Experimental em

Comunicaccedilatildeo do seacutetimo semestre do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Habilitaccedilatildeo em Jornalismo IBES

SOCIESC pela banca examinadora com nota ______ (____________________)

______________________________________________________________________ Presidente Prof Airton Almeida Ms (Orientador)

_____________________________________________________________________ Membro Prof Carlos Silva Ms

______________________________________________________________________ Membro Valther Ostermann

______________________________________________________________________ Coordenadora do Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo ProfaOfeacutelia Torres Morales

4

RESUMO

O estudo apresentado ao longo deste Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo (PEC)

refere-se agrave criaccedilatildeo de um jornal humoriacutestico para o puacuteblico-leitor blumenauense Inicialmente

este memorial apresenta uma fundamentaccedilatildeo histoacuterica como forma de compreender a origem

do jornalismo humoriacutestico no Brasil chegando ateacute agrave cidade de Blumenau como mercado a

ser focado pelo presente produto jornaliacutestico que seraacute descrito O documento ressalta a

importacircncia de um meio humoriacutestico e opinativo circulante na regiatildeo capaz de fornecer agrave

sociedade um ponto de vista diferenciado sobre assuntos possivelmente jaacute tratados ou natildeo

pela imprensa local

Palavras-chaves humor jornalismo opinativo Blumenau

5

ABSTRACT

This Trial Communication Project presents a study that refers to the creation of a

humorous newspaper dedicated to readers from Blumenau city in Santa Catarina state

Firstly this memorial presents a historical base as a way to comprehend and to reflect about

the origin of humorous journalism in Brazil especially in Blumenau city which is the aimed

market by the journalistic product that will be described soon afterwards The document

emphasizes the importance of a humorous and argumentative publication distributed around

the Vale do Itajaiacute able to provide different points of view about subjects that the local press

have already accosted or not

Key-words humour opinionative journalism Blumenau City

6

SUMAacuteRIO

1 APRESENTACcedilAtildeO8

2 INTRODUCcedilAtildeO9

3 JUSTIFICATIVA 10

4 OBJETIVOS 12

41 OBJETIVO GERAL12

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 12

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO13

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA 13

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR16

521 O Fim de O Pasquim18

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU20

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS 21

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung21

612 Teutocircnia Faschingsnumer 21

613 Bummelauer Fastnachts 22

614 Schuetsenliesel22

615 Kiriri22

616 Die Schnauze 23

617 A Ortiga 24

618 Die Mistgabel24

619 Sudarm-Glocken 25

6110 Der Mosquito 25

6111 Die Quasselbude 25

6112 Die Gurke26

6113 Antesiriprospeacutetico 26

6114 A Folia 27

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS27

621 O Quebra-Nozes 27

622 Bem-Te-Vi 28

623 Zeacute Pereira 28

624 O Bisturi28

625 O KCT28

7

626 Piranha 29

627 O Tinhoso 29

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR 30

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga 33

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO 35

81 O desafio do jornalismo com humor36

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais 38

83 O papel do humor no jornalismo 40

84 O humor sob o prisma eacutetico 42

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO 45

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO45

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto 45

912 Barriga o uacutenico sentido de ser 46

92 PRODUCcedilAtildeO 47

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica 47

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal 48

923 O Projeto Graacutefico48

9231 Formato tabloacuteide 49

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias 51

924 As imagens e o humor 52

925 Uso da Cor 53

928 Fontes Utilizadas54

97 Logotipia 55

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO55

931 A Impressatildeo 55

CONCLUSAtildeO 56

APEcircNDICE A57

APEcircNDICE B 58

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina59

ANEXO B Esboccedilos do Orientador 59

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipiaANEXO D61

ANEXO D64

ANEXO E 65

REFEREcircNCIAS66

8

1 APRESENTACcedilAtildeO

Um jornal de humor criacutetico e com abrangecircncia regional O Barriga eacute uma proposta

alternativa agraves miacutedias existentes no municiacutepio Deve circular em Blumenau e ter periodicidade

quinzenal A inovaccedilatildeo proposta eacute a espirituosidade intriacutenseca no discurso da notiacutecia

O jornal possui 12 paacuteginas distribuiacutedas entre as editorias de opiniatildeo poliacutetica

economia geral esportes cultura e um espaccedilo dedicado agraves personalidades comuns que

ajudam a construir a histoacuteria da cidade Em formato tabloacuteide e cor padratildeo em tonalidades

verdes o layout acompanha o estilo irreverente da publicaccedilatildeo

O nome Barriga foi inspirado no histoacuterico apelido aferido aos catarinenses barriga-

verde A riqueza leacutexica do termo tambeacutem permite diversas combinaccedilotildees frasais que

contribuem para a criaccedilatildeo de expressotildees bem-humoradas tais como de barriga cheia barriga

d aacutegua cair de barriga barriga tanquinho e inuacutemeros outros

Trata-se de um projeto que investe no estilo literaacuterio diferenciado e na criacutetica para

mostrar que eacute possiacutevel ir aleacutem da notiacutecia

9

2 INTRODUCcedilAtildeO

Registros apontam que somente sete jornais de caraacuteter humoriacutestico tenham surgido na

histoacuteria da imprensa em Blumenau Santa Catarina Ainda que tenha existido um nuacutemero

consideraacutevel de jornais carnavalescos editados anualmente a fim de entreter o puacuteblico no

tempo festivo que antecedia a quarta-feira de cinzas ambos os tipos de jornais natildeo

ultrapassaram o ano de 1938 quando a II Guerra Mundial pairou sobre o mundo

Apesar de desconhecida esta informaccedilatildeo por noacutes quando demos iniacutecio a este Projeto

Experimental em Comunicaccedilatildeo (PEC)1 dispusemo-nos mesmo assim agrave criaccedilatildeo de um jornal

humoriacutestico cuja proposta estaacute em levar informaccedilatildeo com estilo irreverente ao puacuteblico-leitor

blumenauense Mas atraveacutes do dado histoacuterico que apontamos uma outra missatildeo surgiu a

nossa frente trazer de volta agrave Blumenau sua veia humoriacutestica talvez apagada pela proacutepria

auto-censura dos habitantes apoacutes o periacuteodo de guerras

Embora o humor seja considerado por noacutes o principal atrativo aos leitores ao jornal

humoriacutestico que propomos eacute vaacutelido frisar que a publicaccedilatildeo eacute estruturada atraveacutes das

caracteriacutesticas de um produto jornaliacutestico Portanto exemplos dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (2004) como a Proximidade que eacute capaz de tornar o leitor como parte

do contexto explorado o Interessa Pessoal que daacute sentido de relevacircncia agrave mateacuteria sob olhos

do puacuteblico consumidor e evidentemente o Humor vatildeo ao encontro da proposta deste PEC

aleacutem de temas como o jornalismo opinativo e a eacutetica jornaliacutestica

Ainda que o registro inicial sobre o periacuteodo curto em que publicaccedilotildees humoriacutesticas

aconteceram em Blumenau natildeo revele bons auspiacutecios natildeo se eacute isentada a missatildeo de

transformar o presente PEC talvez um dia em um produto jornaliacutestico2 Mesmo diante do

fato deste Projeto natildeo contar com uma pesquisa de mercado sobre a aceitaccedilatildeo do produto eacute

vaacutelido a ressalva que natildeo faz parte de seus objetivos a suposiccedilatildeo de um produto bem aceito

Mas sim a demonstraccedilatildeo praacutetica de um caminho diferente para a conduccedilatildeo da notiacutecia e

opiniatildeo Um caminho exercido atraveacutes do humor

1 A partir desta explicaccedilatildeo os acadecircmicos optam por usar ao longo deste memorial apenas a sigla PEC como referecircncia a Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo

2 Os acadecircmicos tem com isto total consciecircncia de que uma pesquisa de aceitaccedilatildeo de mercado se faz necessaacuteria neste caso

10

3 JUSTIFICATIVA

Como jaacute relatado na Introduccedilatildeo deste PEC poucos satildeo os registros de jornais

humoriacutesticos que circularam por tempos duradouros na cidade de Blumenau (SC) Dentro da

miacutedia impressa o humor esteve dentro de jornais estudantis poliacuteticos e publicaccedilotildees

carnavalescas que durante o iniacutecio do seacuteculo XX surgiram e desapareceram entre um trocar

de ano e outro Mas efecircmeros ou natildeo como o Die Shnauze surgido na deacutecada de 1920 em

Blumenau publicaccedilotildees como estas funcionavam como eficiente meio opinativo e de

entretenimento ao puacuteblico leitor conforme eacute descrito por Silva (1970 p44)

Ecircste foi sem duacutevida o mais interessante o de vida mais longa e mais temido jornal carnavalesco publicado em Blumenau [] Muito bem escrito e bem impresso o seu aparecimento era sempre ansiosamente esperado Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas []

Como o Die Schnauze que prezava por bons textos criacuteticas concretas e o bom-humor

o jornal Barriga surge a partir da ideacuteia de investir em um produto jornaliacutestico diferenciado e

ainda atraveacutes do humor revelar possibilidades de ir aleacutem da notiacutecia factual pertencente agrave

linha editorial dos jornais blumenauenses Como um meio de comunicaccedilatildeo diferente na

regiatildeo o Barriga nasce para preencher a lacuna de um mercado inexistente o do humor que eacute

ausente no Vale do Itajaiacute e ainda sem se limitar agraves pequenas charges e colunas satiacutericas

conforme podem ser acompanhadas em editorias especiacuteficas dos principais jornais da cidade

Atualmente o espaccedilo para o humor eacute restrito nestes jornais Quando encontrado o

humor estaacute presente nas charges e nos espaccedilos dedicados aos colunistas Entre os colunistas

citamos Ostermann (2009 p 3) como um dos que mais comumente se utiliza do humor em

suas notas geralmente acompanhadas de certa ironia

Nossos poliacuteticos federais pretendem acabar com a tal verba indenizatoacuteria um salaacuterio (dos bons) que recebem por fora a tiacutetulo do ressarcimento de despesas com aluguel manutenccedilatildeo de escritoacuterios e locaccedilatildeo entre outras O jeito de acabar com o privileacutegio poreacutem daacute nos nervos a sugestatildeo mais em voga eacute de incorporaacute-la aos seus salaacuterios Natildeo satildeo umas gracinhas

Diferente destes jornais que utilizam o humor de maneira setorizada o PEC de um

jornal humoriacutestico como o Barriga se diferencia dos mesmos devido agrave sua caracteriacutestica de

retratar o humor por entre todas as paacuteginas de produccedilatildeo textual Mas como possivelmente

tambeacutem eacute de objetivo dos atuais jornais circulantes em Blumenau um de seus propoacutesitos estaacute

11

em fomentar o debate puacuteblico sobre os acontecimentos circulantes na regiatildeo fornecendo ao

puacuteblico um ponto de vista humoriacutestico ao tratar os assuntos aleacutem da banalidade Assuntos

que possivelmente jaacute circularam na miacutedia em geral ou natildeo

E eacute sobre a banalidade que se encontra um desafio A ideacuteia de desenvolver o Barriga

jamais teria chegado ateacute aqui se a experiecircncia de um jornal humoriacutestico anterior o iBZ

o

jornal da liacutengua solta desenvolvido pelos proacuteprios acadecircmicos deste PEC natildeo resultasse de

maneira positiva Criado em maio de 2007 e ainda em circulaccedilatildeo mensal o iBZ inseriu-se no

meio acadecircmico para utilizar o humor dentro do jornalismo trazendo a partir da banalidade de

assuntos tatildeo corriqueiros do dia-a-dia de uma faculdade pontos de vistas satiacutericos

humoriacutesticos e criacuteticos que despertaram atenccedilatildeo e assiduidade do puacuteblico leitor Aos poucos

o iBZ foi ganhou um puacuteblico fiel ateacute receber indicaccedilotildees para o precircmio na categoria de

Jornalismo Opinativo na ediccedilatildeo 2008 do Intercom Sul E sem estes avanccedilos e resultados o

jornal Barriga hoje natildeo estaria no papel como PEC

Eacute sobre este pensamento na tentativa de corromper a banalidade dos acontecimentos e

converte-los em opiniatildeo criacutetica humoriacutestica e principalmente o humor3 por si soacute o Barriga

surge como um produto jornaliacutestico diferenciado em Blumenau Um veiacuteculo que como os

jornais da cidade tecircm o objetivo de estar sempre agrave procura da verdade mas que ainda natildeo

estaacute exposta de maneira humoriacutestica

3 Para o emprego da palavra humor que percorreraacute por este projeto acadecircmico temos como principal referecircncia Torelly (apud SOOacute 1984 p 90) onde cita que o humor consiste em mostrar o outro lado das coisas O lado que a sociedade natildeo vecirc poreacutem sente Ainda natildeo usando o humor apenas sobre assuntos fuacuteteis mas sim covertendo-o agrave capacidade de retratar ateacute e miseacuteria com leveza

12

4 OBJETIVOS

41 OBJETIVO GERAL

Este presente projeto acadecircmico tem como objetivo geral primeiramente se

contextualizar dentro de uma breve histoacuteria sobre o jornalismo humoriacutestico no Brasil que

influenciaram de certo modo sua criaccedilatildeo Apoacutes a contextualizaccedilatildeo representar o humor

dentro do jornalismo opinativo dando aos fatos um novo ponto vista

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Fornecer aos leitores da miacutedia impressa blumenauense uma alternativa sobre as

publicaccedilotildees existentes no municiacutepio

Inovar como produto jornaliacutestico dentre os que circulam na regiatildeo criando um

ponto de vista singular sobre acontecimentos jaacute divulgados ou natildeo pela miacutedia

Trazer novos assuntos a puacuteblico de maneira humoriacutestica

13

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO

O bom humor eacute incompatiacutevel com a crueldade (Voltaire)

Para que seja compreendida a existecircncia de um jornal humoriacutestico em Blumenau eacute

inegaacutevel a necessidade um resgate histoacuterico sobre os principais expoentes desta diferente

maneira de transformar acontecimentos em opiniatildeo e ainda transmitir o humor Poreacutem natildeo

cabe a este PEC a funccedilatildeo de um minucioso detalhamento sobre a infinidade de publicaccedilotildees

jornaliacutesticas e humoriacutesticas que jaacute circulam ou ainda estatildeo circulantes no Brasil Cabe a ele o

dever de retratar suas principais influecircncias e inspiraccedilotildees que deixaram no jornal Barriga a

certeza de que assim como outros meios humoriacutesticos que ganham notabilidade entre o

puacuteblico ele como jornal humoriacutestico tambeacutem pode conseguir o seu espaccedilo na miacutedia local

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA

Fernando Apariacutecio Brinkerhoff Torelly nasceu em Satildeo Leopoldo no Rio Grande do

Sul em 1895 Torelly estudou medicina por dois anos mas seu descomprometimento com as

disciplinas fariam dele um aluno repetente duas vezes num mesmo periacuteodo Aos 21 anos

publicou seu primeiro livro (Pontas de Cigarros) com poesias satiacutericas sobre a falta de

dinheiro4 Mas a proacutepria falta de dinheiro o acabaria obrigando a procurar emprego no

jornalismo do Rio de Janeiro Laacute com um exemplar de O Globo no bolso apresentou-se a

Irineu Marinho que lhe perguntou o que sabia fazer Tudo respondeu Apariacutecio desde

varrer redaccedilatildeo ateacute dirigir jornal 5 Marinho se simpatizou com o jovem gauacutecho depois de ler

umas de suas crocircnicas humoriacutesticas e o contratou A primeira dessas crocircnicas foi publicada

logo no dia seguinte na capa de O Globo (SOOacute 1984)

Em 1926 parodiando o jornal A Manhatilde que era um dos mais influentes da eacutepoca

Torelly resolveu lanccedilar A Manha um singulariacutessimo jornal humoriacutestico como aponta

Sodreacute (2004 p 372)

A linguagem do semanaacuterio de cunho altamente satiacuterico prezava pela diversidade

literaacuteria utilizando-se de sotaques para a produccedilatildeo dos textos como o exemplo da cidade dos

4 No registro de Konder (1986) o fator dinheiro era desprezado pelos poetas da eacutepoca 5 Diaacutelogo reproduzido do jornal digital da ABI (Orgatildeo oficial da Associaccedilatildeo Brasileira da Impresa) set 2007

14

colaboradores que constavam no final do jornal Sand Cadrin (Santa Catarina) e Bordlegro

(Porto Alegre) Socirco (1984 p 46) afirma que este jornal de estilo humoriacutestico foi o primeiro a

ser publicado A Manha era a caricatura dos jornais da eacutepoca e por tabela da proacutepria eacutepoca

Esse tipo de jornalismo nunca fora feito em lugar nenhum Soacute muito mais tarde nos Estados

Unidos no Mad de Harvey Kurztman e no National Lampoon

Devido ao uso do humor o risco maior do jornal estava na produccedilatildeo de sua editoria

poliacutetica atraveacutes da satirizaccedilatildeo de grandes nomes do atual poder da eacutepoca Um exemplo disso

era o Ministro das Relaccedilotildees Exteriores Felix Pacheco que Torelly apelidou-o de Infeacutelix

Peacutechic por usar sempre botinhas bem lustrosas e aparentar um rosto tristonho E com

brincadeiras assim eram corriqueiras as visitas de policiais agrave redaccedilatildeo de A Manha na rua 13

de Maio no Rio de Janeiro fazendo ameaccedilas com o fechamento do jornal Por dificuldades

financeiras entre 1929 e 1930 Torelly se viu obrigado a circular seu jornal como anexo do

Diaacuterio da Noite de Assis Chateaubriand gozando a popularidade que alcanccedilara mesmo antes

de ser autonomeado como Baratildeo de Itarareacute nome que marcaria sua carreira conforme explica

Konder (1983 p17)

Em outubro de 1930 as forccedilas reunidas em torno da Alianccedila Liberal se sublevaram sob a lideranccedila de Getuacutelio Vargas A Batalha decisiva deveria se travar em Itarareacute mas natildeo chegou a ocorrer porque Washington Luiacutes foi deposto por seus proacuteprios auxiliares [] Um ano apoacutes a revoluccedilatildeo vitoriosa o humorista se concedeu o tiacutetulo de Duque de Itarareacute anunciando em seu jornal que a concessatildeo estava sendo feita a uma personalidade de excepcional valor que se distinguiu no campo de batalha Algumas semanas depois rebaixou seu tiacutetulo para Baratildeo de Itarareacute como prova de modeacutestia

Em 1934 surge ao jaacute Baratildeo de Itarareacute a possibilidade de dirigir o Jornal do Povo O

periacuteodo era conturbado pelo movimento intregralista6 Sodreacute (2004 p 379) reforccedila esta

posiccedilatildeo poliacutetica da eacutepoca Tratava-se aqui de seguir a receita amarga e por isso surgira o

integralismo cujo palavroso e falso apelo ao nacionalismo embalava os incautos O

tratamento dado aos assalariados era duro inclusive na imprensa []

Diante desta censura o Baratildeo ainda sofreu severas repressotildees Em entrevista Morel (

apud SODRE 2004 p 379) esclarece um dos casos

6 Movimento poliacutetico brasileiro baseado nos moldes fascistas fundado em 1932 in Dicionaacuterio Aureacutelio

15

Um jornalista imperava na cidade Era Apariacutecio Torelly o popular Baratildeo de Itarareacute agrave frente de valente equipe no jornal do Povo Anunciou dez reportagens sensacionais sobre a vida de Joatildeo Cacircndido7 Saiacuteram duas Na terceira o conhecido homem da imprensa foi sequumlestrado por oficiais da Marinha e conduzido ateacute a Barra da Tijuca onde sofreu vexames Foi por isto certamente que o Baratildeo mandou escrever na porta da redaccedilatildeo Entre sem bater

Em 1935 o Baratildeo de Itarareacute eacute preso na colheita pela onda de repressatildeo que se

desencadeou pelo golpe militar comunista A partir deste periacuteodo Torelly acabou passando

um ano e meio preso chegando a conhecer o escritor alagoano Graciliano Ramos sendo

citado em Memoacuterias do Caacutercere como aparentemente alegre

A Manha apenas reaparece em 1945 trazendo o mesmo sucesso de puacuteblico que

alcanccedilara em 1926 e 1935 O jornal contava somente com a ajuda financeira de Arnon de

Melo8 como tambeacutem a colaboraccedilatildeo de grandes escritores como o maior expoente da literatura

regionalista Joseacute Lins do Rego e nomes como Aacutelvaro Moreyra9 Marques Rebelo10 e Rubem

Braga11

O sucesso da republicaccedilatildeo foi tamanho que dois anos apoacutes em 1947 o Baratildeo foi o

oitavo12 vereador mais votado do Rio de Janeiro assumindo a Cacircmara pelo Partido

Comunista Brasileiro

Novamente sem conseguir manter o seu jornal por questotildees financeiras e agora com o

agravamento de seu estado de sauacutede13 o Baratildeo de Itarareacute publicou entre 1949 e 1955 trecircs

almanaques de o A Manha o Almanhaque

Doente o Baratildeo viveu em um pequeno apartamento no Rio de Janeiro para estudar

matemaacutetica e se dedicar agrave biocircnica que aparecera como nova ciecircncia ateacute falecer em 27 de

novembro de 1971 aos 76 anos Apesar do pioneirismo do Baratildeo de Itarareacute no humor dentro

do jornalismo Konder (1986 p81) afirma o esquecimento popular sobre o humorista

Hoje o Baratildeo estaacute praticamente esquecido Apenas meia duacutezia de baranoacutefilos e plagiaacuterios sabem dele Numa dessas injusticcedilas tatildeo comuns eacute mais conhecido pelo que haacute de pior nos seus livros O Baratildeo precisaria duma antologia cuidadosa Edmar Morel pensou em fazer O Forturna e o Jaguar tambeacutem Mas natildeo deu certo

7 Militar brasileiro liacuteder da Revolta da Chibata Para mais informaccedilotildees sugerimos o acesso ao httpwwwovermundocombroverblogjoao-candido-o-almirante-negro site colaborativo gerenciado pelo socioacutelogo Hermano Vianna 8 Ex-governador de Alagoas pai do ex-presidente Fernando Collor de Melo 9 Poeta cronista e jornalista brasileiro 10 Escritor e jornalista brasileiro 11 Escritor brasileiro e lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros 12 Naquele momento denuacutencias na imprensa apontavam atos criminosos de alguns comerciantes que misturavam aacutegua ao leite aumentando a quantidade do produto a ser vendido Dentro desse contexto o Baratildeo fez sua campanha vitoriosa e bem-humorada com o slogan Mais aacutegua e mais leite Mas menos agravegua no leite

13 Neste caso se deve agraves complicaccedilotildees respiratoacuterias

16

Mesmo diante do esquecimento popular eacute merecido ressaltar dentro deste PEC a

importacircncia das publicaccedilotildees empenho e dedicaccedilatildeo do Baratildeo de Itarareacute em dar a populaccedilatildeo

olhos capazes de ler o que nem todos veem Olhos que atraveacutes do humor enxergavam

princiacutepios democraacuteticos e do mais legiacutetimo direito agrave expressatildeo

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR

Por sua proacutepria natureza o humor eacute uma forccedila desinibidora libertaacuteria Em suas expressotildees mais desenvolvidas ele nos ajuda a perceber as ambiguumlidades da condiccedilatildeo humana as contradiccedilotildees disfarccediladas os anseios e insatisfaccedilotildees

(Leandro Konder)

Entre 1964 e 1980 periacuteodo em que a ditadura militar governou o Brasil dentro do mais

duro regime poliacutetico cerca de 150 jornais alternativos foram criados como forma de oposiccedilatildeo

ao poder (KUCINSKI 2003) Mas mesmo entre todo este montante de perioacutedicos poucos

sobreviveram a tempo de se tornarem nacionalmente conhecidos

Entre eles alguns se destacaram por seu humor a revista Pif-Paf14 de Millocircr

Fernandes o jornal O Pato Macho15 de Luiz Fernando Veriacutessimo e O Pasquim de Tarso de

Castro que atingiu dentro da linha do jornalismo humoriacutestico picos com tiragem de ateacute 225

mil exemplares marcando-o como jornal expoente na classe tida como imprensa alternativa

ou nanica16 Para Kucinski (2003 p 15) o jornal ainda foi aleacutem do humor O Pasquim

mudou haacutebitos e valores empolgando jovens e adolescentes nos anos 1970 em especial nas

cidades interioranas que haviam florescido durante o milagre econocircmico encapsuladas numa

moral provinciana

Para se opor agrave ditadura militar agrave classe meacutedia regida por conceitos morais e agrave grande

imprensa17 devido agrave censura o espiacuterito de O Pasquim seguia por correntes filosoacuteficas como o

existencialismo de Jean Paul-Sartre e a contra-cultura norte-americana do fim dos anos

14 Nos registros de Strelow (2009 p 11) o Pato Macho foi o primeiro jornal rio-grandense a sofrer a censura preacutevia 15 No registro histoacuterico de Kucinski (2003 p 437 ) Pif-Paf foi o primeiro perioacutedico a ser criado como oposiccedilatildeo agrave ditadura militar no Brasil 16 BELTRAtildeO Luiz (1980 p 37) cita o nome de nanica pelo motivo de a maioria dos jornais alternativos possuiacuterem na eacutepoca o tamanho tabloacuteide 17 Sodreacute (2004 p 275) afirma que o surgimento da grande imprensa no Brasil ocorre de maneira natural devido a ascensatildeo burguesa ao avanccedilo das relaccedilotildees capitalistas tornando o jornal capitalista e claramente objetivando a lucratividade

17

196018 Na mistura destas duas influecircncias mais o desejo ser um jornal independente O

Pasquim alcanccedilava o populismo de maneira raacutepida jaacute na sua 26deg ediccedilatildeo com a marca de 200

mil exemplares vendidos

Com este avanccedilo em 1969 o jornal comeccedilava a tomar o espaccedilo das revistas nas

bancas trazendo longas reportagens e entrevistas Entre elas o marcante entrevista da atriz

Leila Diniz que falava abertamente sobre sexo resultando natildeo soacute na ediccedilatildeo mais vendido da

histoacuteria do jornal mas tambeacutem no decreto que instalou a censura preacutevia19 no paiacutes

Mas mesmo sob as normas da censura preacutevia jaacute instalada no paiacutes a continuidade das

publicaccedilotildees de O Pasquim natildeo foram interrompidas nem apoacutes a invasatildeo dos policiais do DOI-

CODI20 na redaccedilatildeo do jornal em 1deg de novembro de 1970 Na ocasiatildeo Tarso de Castro

conseguiu fugir e continuou editando o jornal clandestinamente refugiado em uma casa ao

lado da redaccedilatildeo e a usando como escritoacuterio Ziraldo (1977 apud KUCINSKI 2003 p 218)

um dos editores do Pasquim na eacutepoca daacute mais detalhes sobre o acontecimento

Houve vaacuterias batidas em O Pasquim e a poliacutecia levou muitos documentos mas a mais seacuteria foi a que os levou presos ao departamento aeacutereo terrestre da Vila Militar ocupado pelo DOI-CODI Foram presos no fechamento de madrugada Joseacute Grossi Ziraldo Paulo Garcez Fortuna e Luiacutes Carlos Maciel Prenderam em casa o Francis Millocircr natildeo estava em casa quando foram prendecirc-lo Os outros receberam proposta da poliacutecia para se entregarem em troca de libertaccedilatildeo dos que jaacute estavam presos Numa reuniatildeo Jaguar e Seacutergio Cabral concordaram em se entregar Millocircr natildeo estava presente Queriam prender tambeacutem a Leila Diniz Quem abrigou-a foi o Flaacutevio Cavalcanti Era tudo coisa do falso puritanismo Achavam que a entrevista da Leila visava destruir a famiacutelia Quando os militares viram a grana nos talotildees de cheque pensaram que O Pasquim recebia dinheiro de Cuba

Natildeo seriam acontecimentos como este que dariam fim ao O Pasquim poreacutem as

tiragens caiacuteram de maneira preocupante devido agrave censura e muitos jornaleiros se recusaram a

continuar vendendo O Pasquim jaacute que sofriam ameaccedilas do governo militar que podiam

fechar o estabelecimento se assim o vissem necessaacuterios A publicidade dentro de O Pasquim

tambeacutem caiu chegando agrave zero

18 Op cit Kucinski (2003 p 209) 19 A censura preacutevia natildeo soacute foi executada sobre O Pasquim mas por todos os jornais em que o regime militar visse necessaacuterio no paiacutes 20 Oacutergatildeo de inteligecircncia e repressatildeo do governo brasileiro na eacutepoca

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 4: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

4

RESUMO

O estudo apresentado ao longo deste Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo (PEC)

refere-se agrave criaccedilatildeo de um jornal humoriacutestico para o puacuteblico-leitor blumenauense Inicialmente

este memorial apresenta uma fundamentaccedilatildeo histoacuterica como forma de compreender a origem

do jornalismo humoriacutestico no Brasil chegando ateacute agrave cidade de Blumenau como mercado a

ser focado pelo presente produto jornaliacutestico que seraacute descrito O documento ressalta a

importacircncia de um meio humoriacutestico e opinativo circulante na regiatildeo capaz de fornecer agrave

sociedade um ponto de vista diferenciado sobre assuntos possivelmente jaacute tratados ou natildeo

pela imprensa local

Palavras-chaves humor jornalismo opinativo Blumenau

5

ABSTRACT

This Trial Communication Project presents a study that refers to the creation of a

humorous newspaper dedicated to readers from Blumenau city in Santa Catarina state

Firstly this memorial presents a historical base as a way to comprehend and to reflect about

the origin of humorous journalism in Brazil especially in Blumenau city which is the aimed

market by the journalistic product that will be described soon afterwards The document

emphasizes the importance of a humorous and argumentative publication distributed around

the Vale do Itajaiacute able to provide different points of view about subjects that the local press

have already accosted or not

Key-words humour opinionative journalism Blumenau City

6

SUMAacuteRIO

1 APRESENTACcedilAtildeO8

2 INTRODUCcedilAtildeO9

3 JUSTIFICATIVA 10

4 OBJETIVOS 12

41 OBJETIVO GERAL12

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 12

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO13

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA 13

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR16

521 O Fim de O Pasquim18

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU20

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS 21

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung21

612 Teutocircnia Faschingsnumer 21

613 Bummelauer Fastnachts 22

614 Schuetsenliesel22

615 Kiriri22

616 Die Schnauze 23

617 A Ortiga 24

618 Die Mistgabel24

619 Sudarm-Glocken 25

6110 Der Mosquito 25

6111 Die Quasselbude 25

6112 Die Gurke26

6113 Antesiriprospeacutetico 26

6114 A Folia 27

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS27

621 O Quebra-Nozes 27

622 Bem-Te-Vi 28

623 Zeacute Pereira 28

624 O Bisturi28

625 O KCT28

7

626 Piranha 29

627 O Tinhoso 29

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR 30

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga 33

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO 35

81 O desafio do jornalismo com humor36

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais 38

83 O papel do humor no jornalismo 40

84 O humor sob o prisma eacutetico 42

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO 45

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO45

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto 45

912 Barriga o uacutenico sentido de ser 46

92 PRODUCcedilAtildeO 47

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica 47

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal 48

923 O Projeto Graacutefico48

9231 Formato tabloacuteide 49

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias 51

924 As imagens e o humor 52

925 Uso da Cor 53

928 Fontes Utilizadas54

97 Logotipia 55

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO55

931 A Impressatildeo 55

CONCLUSAtildeO 56

APEcircNDICE A57

APEcircNDICE B 58

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina59

ANEXO B Esboccedilos do Orientador 59

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipiaANEXO D61

ANEXO D64

ANEXO E 65

REFEREcircNCIAS66

8

1 APRESENTACcedilAtildeO

Um jornal de humor criacutetico e com abrangecircncia regional O Barriga eacute uma proposta

alternativa agraves miacutedias existentes no municiacutepio Deve circular em Blumenau e ter periodicidade

quinzenal A inovaccedilatildeo proposta eacute a espirituosidade intriacutenseca no discurso da notiacutecia

O jornal possui 12 paacuteginas distribuiacutedas entre as editorias de opiniatildeo poliacutetica

economia geral esportes cultura e um espaccedilo dedicado agraves personalidades comuns que

ajudam a construir a histoacuteria da cidade Em formato tabloacuteide e cor padratildeo em tonalidades

verdes o layout acompanha o estilo irreverente da publicaccedilatildeo

O nome Barriga foi inspirado no histoacuterico apelido aferido aos catarinenses barriga-

verde A riqueza leacutexica do termo tambeacutem permite diversas combinaccedilotildees frasais que

contribuem para a criaccedilatildeo de expressotildees bem-humoradas tais como de barriga cheia barriga

d aacutegua cair de barriga barriga tanquinho e inuacutemeros outros

Trata-se de um projeto que investe no estilo literaacuterio diferenciado e na criacutetica para

mostrar que eacute possiacutevel ir aleacutem da notiacutecia

9

2 INTRODUCcedilAtildeO

Registros apontam que somente sete jornais de caraacuteter humoriacutestico tenham surgido na

histoacuteria da imprensa em Blumenau Santa Catarina Ainda que tenha existido um nuacutemero

consideraacutevel de jornais carnavalescos editados anualmente a fim de entreter o puacuteblico no

tempo festivo que antecedia a quarta-feira de cinzas ambos os tipos de jornais natildeo

ultrapassaram o ano de 1938 quando a II Guerra Mundial pairou sobre o mundo

Apesar de desconhecida esta informaccedilatildeo por noacutes quando demos iniacutecio a este Projeto

Experimental em Comunicaccedilatildeo (PEC)1 dispusemo-nos mesmo assim agrave criaccedilatildeo de um jornal

humoriacutestico cuja proposta estaacute em levar informaccedilatildeo com estilo irreverente ao puacuteblico-leitor

blumenauense Mas atraveacutes do dado histoacuterico que apontamos uma outra missatildeo surgiu a

nossa frente trazer de volta agrave Blumenau sua veia humoriacutestica talvez apagada pela proacutepria

auto-censura dos habitantes apoacutes o periacuteodo de guerras

Embora o humor seja considerado por noacutes o principal atrativo aos leitores ao jornal

humoriacutestico que propomos eacute vaacutelido frisar que a publicaccedilatildeo eacute estruturada atraveacutes das

caracteriacutesticas de um produto jornaliacutestico Portanto exemplos dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (2004) como a Proximidade que eacute capaz de tornar o leitor como parte

do contexto explorado o Interessa Pessoal que daacute sentido de relevacircncia agrave mateacuteria sob olhos

do puacuteblico consumidor e evidentemente o Humor vatildeo ao encontro da proposta deste PEC

aleacutem de temas como o jornalismo opinativo e a eacutetica jornaliacutestica

Ainda que o registro inicial sobre o periacuteodo curto em que publicaccedilotildees humoriacutesticas

aconteceram em Blumenau natildeo revele bons auspiacutecios natildeo se eacute isentada a missatildeo de

transformar o presente PEC talvez um dia em um produto jornaliacutestico2 Mesmo diante do

fato deste Projeto natildeo contar com uma pesquisa de mercado sobre a aceitaccedilatildeo do produto eacute

vaacutelido a ressalva que natildeo faz parte de seus objetivos a suposiccedilatildeo de um produto bem aceito

Mas sim a demonstraccedilatildeo praacutetica de um caminho diferente para a conduccedilatildeo da notiacutecia e

opiniatildeo Um caminho exercido atraveacutes do humor

1 A partir desta explicaccedilatildeo os acadecircmicos optam por usar ao longo deste memorial apenas a sigla PEC como referecircncia a Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo

2 Os acadecircmicos tem com isto total consciecircncia de que uma pesquisa de aceitaccedilatildeo de mercado se faz necessaacuteria neste caso

10

3 JUSTIFICATIVA

Como jaacute relatado na Introduccedilatildeo deste PEC poucos satildeo os registros de jornais

humoriacutesticos que circularam por tempos duradouros na cidade de Blumenau (SC) Dentro da

miacutedia impressa o humor esteve dentro de jornais estudantis poliacuteticos e publicaccedilotildees

carnavalescas que durante o iniacutecio do seacuteculo XX surgiram e desapareceram entre um trocar

de ano e outro Mas efecircmeros ou natildeo como o Die Shnauze surgido na deacutecada de 1920 em

Blumenau publicaccedilotildees como estas funcionavam como eficiente meio opinativo e de

entretenimento ao puacuteblico leitor conforme eacute descrito por Silva (1970 p44)

Ecircste foi sem duacutevida o mais interessante o de vida mais longa e mais temido jornal carnavalesco publicado em Blumenau [] Muito bem escrito e bem impresso o seu aparecimento era sempre ansiosamente esperado Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas []

Como o Die Schnauze que prezava por bons textos criacuteticas concretas e o bom-humor

o jornal Barriga surge a partir da ideacuteia de investir em um produto jornaliacutestico diferenciado e

ainda atraveacutes do humor revelar possibilidades de ir aleacutem da notiacutecia factual pertencente agrave

linha editorial dos jornais blumenauenses Como um meio de comunicaccedilatildeo diferente na

regiatildeo o Barriga nasce para preencher a lacuna de um mercado inexistente o do humor que eacute

ausente no Vale do Itajaiacute e ainda sem se limitar agraves pequenas charges e colunas satiacutericas

conforme podem ser acompanhadas em editorias especiacuteficas dos principais jornais da cidade

Atualmente o espaccedilo para o humor eacute restrito nestes jornais Quando encontrado o

humor estaacute presente nas charges e nos espaccedilos dedicados aos colunistas Entre os colunistas

citamos Ostermann (2009 p 3) como um dos que mais comumente se utiliza do humor em

suas notas geralmente acompanhadas de certa ironia

Nossos poliacuteticos federais pretendem acabar com a tal verba indenizatoacuteria um salaacuterio (dos bons) que recebem por fora a tiacutetulo do ressarcimento de despesas com aluguel manutenccedilatildeo de escritoacuterios e locaccedilatildeo entre outras O jeito de acabar com o privileacutegio poreacutem daacute nos nervos a sugestatildeo mais em voga eacute de incorporaacute-la aos seus salaacuterios Natildeo satildeo umas gracinhas

Diferente destes jornais que utilizam o humor de maneira setorizada o PEC de um

jornal humoriacutestico como o Barriga se diferencia dos mesmos devido agrave sua caracteriacutestica de

retratar o humor por entre todas as paacuteginas de produccedilatildeo textual Mas como possivelmente

tambeacutem eacute de objetivo dos atuais jornais circulantes em Blumenau um de seus propoacutesitos estaacute

11

em fomentar o debate puacuteblico sobre os acontecimentos circulantes na regiatildeo fornecendo ao

puacuteblico um ponto de vista humoriacutestico ao tratar os assuntos aleacutem da banalidade Assuntos

que possivelmente jaacute circularam na miacutedia em geral ou natildeo

E eacute sobre a banalidade que se encontra um desafio A ideacuteia de desenvolver o Barriga

jamais teria chegado ateacute aqui se a experiecircncia de um jornal humoriacutestico anterior o iBZ

o

jornal da liacutengua solta desenvolvido pelos proacuteprios acadecircmicos deste PEC natildeo resultasse de

maneira positiva Criado em maio de 2007 e ainda em circulaccedilatildeo mensal o iBZ inseriu-se no

meio acadecircmico para utilizar o humor dentro do jornalismo trazendo a partir da banalidade de

assuntos tatildeo corriqueiros do dia-a-dia de uma faculdade pontos de vistas satiacutericos

humoriacutesticos e criacuteticos que despertaram atenccedilatildeo e assiduidade do puacuteblico leitor Aos poucos

o iBZ foi ganhou um puacuteblico fiel ateacute receber indicaccedilotildees para o precircmio na categoria de

Jornalismo Opinativo na ediccedilatildeo 2008 do Intercom Sul E sem estes avanccedilos e resultados o

jornal Barriga hoje natildeo estaria no papel como PEC

Eacute sobre este pensamento na tentativa de corromper a banalidade dos acontecimentos e

converte-los em opiniatildeo criacutetica humoriacutestica e principalmente o humor3 por si soacute o Barriga

surge como um produto jornaliacutestico diferenciado em Blumenau Um veiacuteculo que como os

jornais da cidade tecircm o objetivo de estar sempre agrave procura da verdade mas que ainda natildeo

estaacute exposta de maneira humoriacutestica

3 Para o emprego da palavra humor que percorreraacute por este projeto acadecircmico temos como principal referecircncia Torelly (apud SOOacute 1984 p 90) onde cita que o humor consiste em mostrar o outro lado das coisas O lado que a sociedade natildeo vecirc poreacutem sente Ainda natildeo usando o humor apenas sobre assuntos fuacuteteis mas sim covertendo-o agrave capacidade de retratar ateacute e miseacuteria com leveza

12

4 OBJETIVOS

41 OBJETIVO GERAL

Este presente projeto acadecircmico tem como objetivo geral primeiramente se

contextualizar dentro de uma breve histoacuteria sobre o jornalismo humoriacutestico no Brasil que

influenciaram de certo modo sua criaccedilatildeo Apoacutes a contextualizaccedilatildeo representar o humor

dentro do jornalismo opinativo dando aos fatos um novo ponto vista

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Fornecer aos leitores da miacutedia impressa blumenauense uma alternativa sobre as

publicaccedilotildees existentes no municiacutepio

Inovar como produto jornaliacutestico dentre os que circulam na regiatildeo criando um

ponto de vista singular sobre acontecimentos jaacute divulgados ou natildeo pela miacutedia

Trazer novos assuntos a puacuteblico de maneira humoriacutestica

13

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO

O bom humor eacute incompatiacutevel com a crueldade (Voltaire)

Para que seja compreendida a existecircncia de um jornal humoriacutestico em Blumenau eacute

inegaacutevel a necessidade um resgate histoacuterico sobre os principais expoentes desta diferente

maneira de transformar acontecimentos em opiniatildeo e ainda transmitir o humor Poreacutem natildeo

cabe a este PEC a funccedilatildeo de um minucioso detalhamento sobre a infinidade de publicaccedilotildees

jornaliacutesticas e humoriacutesticas que jaacute circulam ou ainda estatildeo circulantes no Brasil Cabe a ele o

dever de retratar suas principais influecircncias e inspiraccedilotildees que deixaram no jornal Barriga a

certeza de que assim como outros meios humoriacutesticos que ganham notabilidade entre o

puacuteblico ele como jornal humoriacutestico tambeacutem pode conseguir o seu espaccedilo na miacutedia local

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA

Fernando Apariacutecio Brinkerhoff Torelly nasceu em Satildeo Leopoldo no Rio Grande do

Sul em 1895 Torelly estudou medicina por dois anos mas seu descomprometimento com as

disciplinas fariam dele um aluno repetente duas vezes num mesmo periacuteodo Aos 21 anos

publicou seu primeiro livro (Pontas de Cigarros) com poesias satiacutericas sobre a falta de

dinheiro4 Mas a proacutepria falta de dinheiro o acabaria obrigando a procurar emprego no

jornalismo do Rio de Janeiro Laacute com um exemplar de O Globo no bolso apresentou-se a

Irineu Marinho que lhe perguntou o que sabia fazer Tudo respondeu Apariacutecio desde

varrer redaccedilatildeo ateacute dirigir jornal 5 Marinho se simpatizou com o jovem gauacutecho depois de ler

umas de suas crocircnicas humoriacutesticas e o contratou A primeira dessas crocircnicas foi publicada

logo no dia seguinte na capa de O Globo (SOOacute 1984)

Em 1926 parodiando o jornal A Manhatilde que era um dos mais influentes da eacutepoca

Torelly resolveu lanccedilar A Manha um singulariacutessimo jornal humoriacutestico como aponta

Sodreacute (2004 p 372)

A linguagem do semanaacuterio de cunho altamente satiacuterico prezava pela diversidade

literaacuteria utilizando-se de sotaques para a produccedilatildeo dos textos como o exemplo da cidade dos

4 No registro de Konder (1986) o fator dinheiro era desprezado pelos poetas da eacutepoca 5 Diaacutelogo reproduzido do jornal digital da ABI (Orgatildeo oficial da Associaccedilatildeo Brasileira da Impresa) set 2007

14

colaboradores que constavam no final do jornal Sand Cadrin (Santa Catarina) e Bordlegro

(Porto Alegre) Socirco (1984 p 46) afirma que este jornal de estilo humoriacutestico foi o primeiro a

ser publicado A Manha era a caricatura dos jornais da eacutepoca e por tabela da proacutepria eacutepoca

Esse tipo de jornalismo nunca fora feito em lugar nenhum Soacute muito mais tarde nos Estados

Unidos no Mad de Harvey Kurztman e no National Lampoon

Devido ao uso do humor o risco maior do jornal estava na produccedilatildeo de sua editoria

poliacutetica atraveacutes da satirizaccedilatildeo de grandes nomes do atual poder da eacutepoca Um exemplo disso

era o Ministro das Relaccedilotildees Exteriores Felix Pacheco que Torelly apelidou-o de Infeacutelix

Peacutechic por usar sempre botinhas bem lustrosas e aparentar um rosto tristonho E com

brincadeiras assim eram corriqueiras as visitas de policiais agrave redaccedilatildeo de A Manha na rua 13

de Maio no Rio de Janeiro fazendo ameaccedilas com o fechamento do jornal Por dificuldades

financeiras entre 1929 e 1930 Torelly se viu obrigado a circular seu jornal como anexo do

Diaacuterio da Noite de Assis Chateaubriand gozando a popularidade que alcanccedilara mesmo antes

de ser autonomeado como Baratildeo de Itarareacute nome que marcaria sua carreira conforme explica

Konder (1983 p17)

Em outubro de 1930 as forccedilas reunidas em torno da Alianccedila Liberal se sublevaram sob a lideranccedila de Getuacutelio Vargas A Batalha decisiva deveria se travar em Itarareacute mas natildeo chegou a ocorrer porque Washington Luiacutes foi deposto por seus proacuteprios auxiliares [] Um ano apoacutes a revoluccedilatildeo vitoriosa o humorista se concedeu o tiacutetulo de Duque de Itarareacute anunciando em seu jornal que a concessatildeo estava sendo feita a uma personalidade de excepcional valor que se distinguiu no campo de batalha Algumas semanas depois rebaixou seu tiacutetulo para Baratildeo de Itarareacute como prova de modeacutestia

Em 1934 surge ao jaacute Baratildeo de Itarareacute a possibilidade de dirigir o Jornal do Povo O

periacuteodo era conturbado pelo movimento intregralista6 Sodreacute (2004 p 379) reforccedila esta

posiccedilatildeo poliacutetica da eacutepoca Tratava-se aqui de seguir a receita amarga e por isso surgira o

integralismo cujo palavroso e falso apelo ao nacionalismo embalava os incautos O

tratamento dado aos assalariados era duro inclusive na imprensa []

Diante desta censura o Baratildeo ainda sofreu severas repressotildees Em entrevista Morel (

apud SODRE 2004 p 379) esclarece um dos casos

6 Movimento poliacutetico brasileiro baseado nos moldes fascistas fundado em 1932 in Dicionaacuterio Aureacutelio

15

Um jornalista imperava na cidade Era Apariacutecio Torelly o popular Baratildeo de Itarareacute agrave frente de valente equipe no jornal do Povo Anunciou dez reportagens sensacionais sobre a vida de Joatildeo Cacircndido7 Saiacuteram duas Na terceira o conhecido homem da imprensa foi sequumlestrado por oficiais da Marinha e conduzido ateacute a Barra da Tijuca onde sofreu vexames Foi por isto certamente que o Baratildeo mandou escrever na porta da redaccedilatildeo Entre sem bater

Em 1935 o Baratildeo de Itarareacute eacute preso na colheita pela onda de repressatildeo que se

desencadeou pelo golpe militar comunista A partir deste periacuteodo Torelly acabou passando

um ano e meio preso chegando a conhecer o escritor alagoano Graciliano Ramos sendo

citado em Memoacuterias do Caacutercere como aparentemente alegre

A Manha apenas reaparece em 1945 trazendo o mesmo sucesso de puacuteblico que

alcanccedilara em 1926 e 1935 O jornal contava somente com a ajuda financeira de Arnon de

Melo8 como tambeacutem a colaboraccedilatildeo de grandes escritores como o maior expoente da literatura

regionalista Joseacute Lins do Rego e nomes como Aacutelvaro Moreyra9 Marques Rebelo10 e Rubem

Braga11

O sucesso da republicaccedilatildeo foi tamanho que dois anos apoacutes em 1947 o Baratildeo foi o

oitavo12 vereador mais votado do Rio de Janeiro assumindo a Cacircmara pelo Partido

Comunista Brasileiro

Novamente sem conseguir manter o seu jornal por questotildees financeiras e agora com o

agravamento de seu estado de sauacutede13 o Baratildeo de Itarareacute publicou entre 1949 e 1955 trecircs

almanaques de o A Manha o Almanhaque

Doente o Baratildeo viveu em um pequeno apartamento no Rio de Janeiro para estudar

matemaacutetica e se dedicar agrave biocircnica que aparecera como nova ciecircncia ateacute falecer em 27 de

novembro de 1971 aos 76 anos Apesar do pioneirismo do Baratildeo de Itarareacute no humor dentro

do jornalismo Konder (1986 p81) afirma o esquecimento popular sobre o humorista

Hoje o Baratildeo estaacute praticamente esquecido Apenas meia duacutezia de baranoacutefilos e plagiaacuterios sabem dele Numa dessas injusticcedilas tatildeo comuns eacute mais conhecido pelo que haacute de pior nos seus livros O Baratildeo precisaria duma antologia cuidadosa Edmar Morel pensou em fazer O Forturna e o Jaguar tambeacutem Mas natildeo deu certo

7 Militar brasileiro liacuteder da Revolta da Chibata Para mais informaccedilotildees sugerimos o acesso ao httpwwwovermundocombroverblogjoao-candido-o-almirante-negro site colaborativo gerenciado pelo socioacutelogo Hermano Vianna 8 Ex-governador de Alagoas pai do ex-presidente Fernando Collor de Melo 9 Poeta cronista e jornalista brasileiro 10 Escritor e jornalista brasileiro 11 Escritor brasileiro e lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros 12 Naquele momento denuacutencias na imprensa apontavam atos criminosos de alguns comerciantes que misturavam aacutegua ao leite aumentando a quantidade do produto a ser vendido Dentro desse contexto o Baratildeo fez sua campanha vitoriosa e bem-humorada com o slogan Mais aacutegua e mais leite Mas menos agravegua no leite

13 Neste caso se deve agraves complicaccedilotildees respiratoacuterias

16

Mesmo diante do esquecimento popular eacute merecido ressaltar dentro deste PEC a

importacircncia das publicaccedilotildees empenho e dedicaccedilatildeo do Baratildeo de Itarareacute em dar a populaccedilatildeo

olhos capazes de ler o que nem todos veem Olhos que atraveacutes do humor enxergavam

princiacutepios democraacuteticos e do mais legiacutetimo direito agrave expressatildeo

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR

Por sua proacutepria natureza o humor eacute uma forccedila desinibidora libertaacuteria Em suas expressotildees mais desenvolvidas ele nos ajuda a perceber as ambiguumlidades da condiccedilatildeo humana as contradiccedilotildees disfarccediladas os anseios e insatisfaccedilotildees

(Leandro Konder)

Entre 1964 e 1980 periacuteodo em que a ditadura militar governou o Brasil dentro do mais

duro regime poliacutetico cerca de 150 jornais alternativos foram criados como forma de oposiccedilatildeo

ao poder (KUCINSKI 2003) Mas mesmo entre todo este montante de perioacutedicos poucos

sobreviveram a tempo de se tornarem nacionalmente conhecidos

Entre eles alguns se destacaram por seu humor a revista Pif-Paf14 de Millocircr

Fernandes o jornal O Pato Macho15 de Luiz Fernando Veriacutessimo e O Pasquim de Tarso de

Castro que atingiu dentro da linha do jornalismo humoriacutestico picos com tiragem de ateacute 225

mil exemplares marcando-o como jornal expoente na classe tida como imprensa alternativa

ou nanica16 Para Kucinski (2003 p 15) o jornal ainda foi aleacutem do humor O Pasquim

mudou haacutebitos e valores empolgando jovens e adolescentes nos anos 1970 em especial nas

cidades interioranas que haviam florescido durante o milagre econocircmico encapsuladas numa

moral provinciana

Para se opor agrave ditadura militar agrave classe meacutedia regida por conceitos morais e agrave grande

imprensa17 devido agrave censura o espiacuterito de O Pasquim seguia por correntes filosoacuteficas como o

existencialismo de Jean Paul-Sartre e a contra-cultura norte-americana do fim dos anos

14 Nos registros de Strelow (2009 p 11) o Pato Macho foi o primeiro jornal rio-grandense a sofrer a censura preacutevia 15 No registro histoacuterico de Kucinski (2003 p 437 ) Pif-Paf foi o primeiro perioacutedico a ser criado como oposiccedilatildeo agrave ditadura militar no Brasil 16 BELTRAtildeO Luiz (1980 p 37) cita o nome de nanica pelo motivo de a maioria dos jornais alternativos possuiacuterem na eacutepoca o tamanho tabloacuteide 17 Sodreacute (2004 p 275) afirma que o surgimento da grande imprensa no Brasil ocorre de maneira natural devido a ascensatildeo burguesa ao avanccedilo das relaccedilotildees capitalistas tornando o jornal capitalista e claramente objetivando a lucratividade

17

196018 Na mistura destas duas influecircncias mais o desejo ser um jornal independente O

Pasquim alcanccedilava o populismo de maneira raacutepida jaacute na sua 26deg ediccedilatildeo com a marca de 200

mil exemplares vendidos

Com este avanccedilo em 1969 o jornal comeccedilava a tomar o espaccedilo das revistas nas

bancas trazendo longas reportagens e entrevistas Entre elas o marcante entrevista da atriz

Leila Diniz que falava abertamente sobre sexo resultando natildeo soacute na ediccedilatildeo mais vendido da

histoacuteria do jornal mas tambeacutem no decreto que instalou a censura preacutevia19 no paiacutes

Mas mesmo sob as normas da censura preacutevia jaacute instalada no paiacutes a continuidade das

publicaccedilotildees de O Pasquim natildeo foram interrompidas nem apoacutes a invasatildeo dos policiais do DOI-

CODI20 na redaccedilatildeo do jornal em 1deg de novembro de 1970 Na ocasiatildeo Tarso de Castro

conseguiu fugir e continuou editando o jornal clandestinamente refugiado em uma casa ao

lado da redaccedilatildeo e a usando como escritoacuterio Ziraldo (1977 apud KUCINSKI 2003 p 218)

um dos editores do Pasquim na eacutepoca daacute mais detalhes sobre o acontecimento

Houve vaacuterias batidas em O Pasquim e a poliacutecia levou muitos documentos mas a mais seacuteria foi a que os levou presos ao departamento aeacutereo terrestre da Vila Militar ocupado pelo DOI-CODI Foram presos no fechamento de madrugada Joseacute Grossi Ziraldo Paulo Garcez Fortuna e Luiacutes Carlos Maciel Prenderam em casa o Francis Millocircr natildeo estava em casa quando foram prendecirc-lo Os outros receberam proposta da poliacutecia para se entregarem em troca de libertaccedilatildeo dos que jaacute estavam presos Numa reuniatildeo Jaguar e Seacutergio Cabral concordaram em se entregar Millocircr natildeo estava presente Queriam prender tambeacutem a Leila Diniz Quem abrigou-a foi o Flaacutevio Cavalcanti Era tudo coisa do falso puritanismo Achavam que a entrevista da Leila visava destruir a famiacutelia Quando os militares viram a grana nos talotildees de cheque pensaram que O Pasquim recebia dinheiro de Cuba

Natildeo seriam acontecimentos como este que dariam fim ao O Pasquim poreacutem as

tiragens caiacuteram de maneira preocupante devido agrave censura e muitos jornaleiros se recusaram a

continuar vendendo O Pasquim jaacute que sofriam ameaccedilas do governo militar que podiam

fechar o estabelecimento se assim o vissem necessaacuterios A publicidade dentro de O Pasquim

tambeacutem caiu chegando agrave zero

18 Op cit Kucinski (2003 p 209) 19 A censura preacutevia natildeo soacute foi executada sobre O Pasquim mas por todos os jornais em que o regime militar visse necessaacuterio no paiacutes 20 Oacutergatildeo de inteligecircncia e repressatildeo do governo brasileiro na eacutepoca

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 5: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

5

ABSTRACT

This Trial Communication Project presents a study that refers to the creation of a

humorous newspaper dedicated to readers from Blumenau city in Santa Catarina state

Firstly this memorial presents a historical base as a way to comprehend and to reflect about

the origin of humorous journalism in Brazil especially in Blumenau city which is the aimed

market by the journalistic product that will be described soon afterwards The document

emphasizes the importance of a humorous and argumentative publication distributed around

the Vale do Itajaiacute able to provide different points of view about subjects that the local press

have already accosted or not

Key-words humour opinionative journalism Blumenau City

6

SUMAacuteRIO

1 APRESENTACcedilAtildeO8

2 INTRODUCcedilAtildeO9

3 JUSTIFICATIVA 10

4 OBJETIVOS 12

41 OBJETIVO GERAL12

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 12

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO13

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA 13

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR16

521 O Fim de O Pasquim18

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU20

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS 21

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung21

612 Teutocircnia Faschingsnumer 21

613 Bummelauer Fastnachts 22

614 Schuetsenliesel22

615 Kiriri22

616 Die Schnauze 23

617 A Ortiga 24

618 Die Mistgabel24

619 Sudarm-Glocken 25

6110 Der Mosquito 25

6111 Die Quasselbude 25

6112 Die Gurke26

6113 Antesiriprospeacutetico 26

6114 A Folia 27

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS27

621 O Quebra-Nozes 27

622 Bem-Te-Vi 28

623 Zeacute Pereira 28

624 O Bisturi28

625 O KCT28

7

626 Piranha 29

627 O Tinhoso 29

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR 30

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga 33

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO 35

81 O desafio do jornalismo com humor36

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais 38

83 O papel do humor no jornalismo 40

84 O humor sob o prisma eacutetico 42

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO 45

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO45

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto 45

912 Barriga o uacutenico sentido de ser 46

92 PRODUCcedilAtildeO 47

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica 47

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal 48

923 O Projeto Graacutefico48

9231 Formato tabloacuteide 49

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias 51

924 As imagens e o humor 52

925 Uso da Cor 53

928 Fontes Utilizadas54

97 Logotipia 55

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO55

931 A Impressatildeo 55

CONCLUSAtildeO 56

APEcircNDICE A57

APEcircNDICE B 58

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina59

ANEXO B Esboccedilos do Orientador 59

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipiaANEXO D61

ANEXO D64

ANEXO E 65

REFEREcircNCIAS66

8

1 APRESENTACcedilAtildeO

Um jornal de humor criacutetico e com abrangecircncia regional O Barriga eacute uma proposta

alternativa agraves miacutedias existentes no municiacutepio Deve circular em Blumenau e ter periodicidade

quinzenal A inovaccedilatildeo proposta eacute a espirituosidade intriacutenseca no discurso da notiacutecia

O jornal possui 12 paacuteginas distribuiacutedas entre as editorias de opiniatildeo poliacutetica

economia geral esportes cultura e um espaccedilo dedicado agraves personalidades comuns que

ajudam a construir a histoacuteria da cidade Em formato tabloacuteide e cor padratildeo em tonalidades

verdes o layout acompanha o estilo irreverente da publicaccedilatildeo

O nome Barriga foi inspirado no histoacuterico apelido aferido aos catarinenses barriga-

verde A riqueza leacutexica do termo tambeacutem permite diversas combinaccedilotildees frasais que

contribuem para a criaccedilatildeo de expressotildees bem-humoradas tais como de barriga cheia barriga

d aacutegua cair de barriga barriga tanquinho e inuacutemeros outros

Trata-se de um projeto que investe no estilo literaacuterio diferenciado e na criacutetica para

mostrar que eacute possiacutevel ir aleacutem da notiacutecia

9

2 INTRODUCcedilAtildeO

Registros apontam que somente sete jornais de caraacuteter humoriacutestico tenham surgido na

histoacuteria da imprensa em Blumenau Santa Catarina Ainda que tenha existido um nuacutemero

consideraacutevel de jornais carnavalescos editados anualmente a fim de entreter o puacuteblico no

tempo festivo que antecedia a quarta-feira de cinzas ambos os tipos de jornais natildeo

ultrapassaram o ano de 1938 quando a II Guerra Mundial pairou sobre o mundo

Apesar de desconhecida esta informaccedilatildeo por noacutes quando demos iniacutecio a este Projeto

Experimental em Comunicaccedilatildeo (PEC)1 dispusemo-nos mesmo assim agrave criaccedilatildeo de um jornal

humoriacutestico cuja proposta estaacute em levar informaccedilatildeo com estilo irreverente ao puacuteblico-leitor

blumenauense Mas atraveacutes do dado histoacuterico que apontamos uma outra missatildeo surgiu a

nossa frente trazer de volta agrave Blumenau sua veia humoriacutestica talvez apagada pela proacutepria

auto-censura dos habitantes apoacutes o periacuteodo de guerras

Embora o humor seja considerado por noacutes o principal atrativo aos leitores ao jornal

humoriacutestico que propomos eacute vaacutelido frisar que a publicaccedilatildeo eacute estruturada atraveacutes das

caracteriacutesticas de um produto jornaliacutestico Portanto exemplos dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (2004) como a Proximidade que eacute capaz de tornar o leitor como parte

do contexto explorado o Interessa Pessoal que daacute sentido de relevacircncia agrave mateacuteria sob olhos

do puacuteblico consumidor e evidentemente o Humor vatildeo ao encontro da proposta deste PEC

aleacutem de temas como o jornalismo opinativo e a eacutetica jornaliacutestica

Ainda que o registro inicial sobre o periacuteodo curto em que publicaccedilotildees humoriacutesticas

aconteceram em Blumenau natildeo revele bons auspiacutecios natildeo se eacute isentada a missatildeo de

transformar o presente PEC talvez um dia em um produto jornaliacutestico2 Mesmo diante do

fato deste Projeto natildeo contar com uma pesquisa de mercado sobre a aceitaccedilatildeo do produto eacute

vaacutelido a ressalva que natildeo faz parte de seus objetivos a suposiccedilatildeo de um produto bem aceito

Mas sim a demonstraccedilatildeo praacutetica de um caminho diferente para a conduccedilatildeo da notiacutecia e

opiniatildeo Um caminho exercido atraveacutes do humor

1 A partir desta explicaccedilatildeo os acadecircmicos optam por usar ao longo deste memorial apenas a sigla PEC como referecircncia a Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo

2 Os acadecircmicos tem com isto total consciecircncia de que uma pesquisa de aceitaccedilatildeo de mercado se faz necessaacuteria neste caso

10

3 JUSTIFICATIVA

Como jaacute relatado na Introduccedilatildeo deste PEC poucos satildeo os registros de jornais

humoriacutesticos que circularam por tempos duradouros na cidade de Blumenau (SC) Dentro da

miacutedia impressa o humor esteve dentro de jornais estudantis poliacuteticos e publicaccedilotildees

carnavalescas que durante o iniacutecio do seacuteculo XX surgiram e desapareceram entre um trocar

de ano e outro Mas efecircmeros ou natildeo como o Die Shnauze surgido na deacutecada de 1920 em

Blumenau publicaccedilotildees como estas funcionavam como eficiente meio opinativo e de

entretenimento ao puacuteblico leitor conforme eacute descrito por Silva (1970 p44)

Ecircste foi sem duacutevida o mais interessante o de vida mais longa e mais temido jornal carnavalesco publicado em Blumenau [] Muito bem escrito e bem impresso o seu aparecimento era sempre ansiosamente esperado Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas []

Como o Die Schnauze que prezava por bons textos criacuteticas concretas e o bom-humor

o jornal Barriga surge a partir da ideacuteia de investir em um produto jornaliacutestico diferenciado e

ainda atraveacutes do humor revelar possibilidades de ir aleacutem da notiacutecia factual pertencente agrave

linha editorial dos jornais blumenauenses Como um meio de comunicaccedilatildeo diferente na

regiatildeo o Barriga nasce para preencher a lacuna de um mercado inexistente o do humor que eacute

ausente no Vale do Itajaiacute e ainda sem se limitar agraves pequenas charges e colunas satiacutericas

conforme podem ser acompanhadas em editorias especiacuteficas dos principais jornais da cidade

Atualmente o espaccedilo para o humor eacute restrito nestes jornais Quando encontrado o

humor estaacute presente nas charges e nos espaccedilos dedicados aos colunistas Entre os colunistas

citamos Ostermann (2009 p 3) como um dos que mais comumente se utiliza do humor em

suas notas geralmente acompanhadas de certa ironia

Nossos poliacuteticos federais pretendem acabar com a tal verba indenizatoacuteria um salaacuterio (dos bons) que recebem por fora a tiacutetulo do ressarcimento de despesas com aluguel manutenccedilatildeo de escritoacuterios e locaccedilatildeo entre outras O jeito de acabar com o privileacutegio poreacutem daacute nos nervos a sugestatildeo mais em voga eacute de incorporaacute-la aos seus salaacuterios Natildeo satildeo umas gracinhas

Diferente destes jornais que utilizam o humor de maneira setorizada o PEC de um

jornal humoriacutestico como o Barriga se diferencia dos mesmos devido agrave sua caracteriacutestica de

retratar o humor por entre todas as paacuteginas de produccedilatildeo textual Mas como possivelmente

tambeacutem eacute de objetivo dos atuais jornais circulantes em Blumenau um de seus propoacutesitos estaacute

11

em fomentar o debate puacuteblico sobre os acontecimentos circulantes na regiatildeo fornecendo ao

puacuteblico um ponto de vista humoriacutestico ao tratar os assuntos aleacutem da banalidade Assuntos

que possivelmente jaacute circularam na miacutedia em geral ou natildeo

E eacute sobre a banalidade que se encontra um desafio A ideacuteia de desenvolver o Barriga

jamais teria chegado ateacute aqui se a experiecircncia de um jornal humoriacutestico anterior o iBZ

o

jornal da liacutengua solta desenvolvido pelos proacuteprios acadecircmicos deste PEC natildeo resultasse de

maneira positiva Criado em maio de 2007 e ainda em circulaccedilatildeo mensal o iBZ inseriu-se no

meio acadecircmico para utilizar o humor dentro do jornalismo trazendo a partir da banalidade de

assuntos tatildeo corriqueiros do dia-a-dia de uma faculdade pontos de vistas satiacutericos

humoriacutesticos e criacuteticos que despertaram atenccedilatildeo e assiduidade do puacuteblico leitor Aos poucos

o iBZ foi ganhou um puacuteblico fiel ateacute receber indicaccedilotildees para o precircmio na categoria de

Jornalismo Opinativo na ediccedilatildeo 2008 do Intercom Sul E sem estes avanccedilos e resultados o

jornal Barriga hoje natildeo estaria no papel como PEC

Eacute sobre este pensamento na tentativa de corromper a banalidade dos acontecimentos e

converte-los em opiniatildeo criacutetica humoriacutestica e principalmente o humor3 por si soacute o Barriga

surge como um produto jornaliacutestico diferenciado em Blumenau Um veiacuteculo que como os

jornais da cidade tecircm o objetivo de estar sempre agrave procura da verdade mas que ainda natildeo

estaacute exposta de maneira humoriacutestica

3 Para o emprego da palavra humor que percorreraacute por este projeto acadecircmico temos como principal referecircncia Torelly (apud SOOacute 1984 p 90) onde cita que o humor consiste em mostrar o outro lado das coisas O lado que a sociedade natildeo vecirc poreacutem sente Ainda natildeo usando o humor apenas sobre assuntos fuacuteteis mas sim covertendo-o agrave capacidade de retratar ateacute e miseacuteria com leveza

12

4 OBJETIVOS

41 OBJETIVO GERAL

Este presente projeto acadecircmico tem como objetivo geral primeiramente se

contextualizar dentro de uma breve histoacuteria sobre o jornalismo humoriacutestico no Brasil que

influenciaram de certo modo sua criaccedilatildeo Apoacutes a contextualizaccedilatildeo representar o humor

dentro do jornalismo opinativo dando aos fatos um novo ponto vista

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Fornecer aos leitores da miacutedia impressa blumenauense uma alternativa sobre as

publicaccedilotildees existentes no municiacutepio

Inovar como produto jornaliacutestico dentre os que circulam na regiatildeo criando um

ponto de vista singular sobre acontecimentos jaacute divulgados ou natildeo pela miacutedia

Trazer novos assuntos a puacuteblico de maneira humoriacutestica

13

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO

O bom humor eacute incompatiacutevel com a crueldade (Voltaire)

Para que seja compreendida a existecircncia de um jornal humoriacutestico em Blumenau eacute

inegaacutevel a necessidade um resgate histoacuterico sobre os principais expoentes desta diferente

maneira de transformar acontecimentos em opiniatildeo e ainda transmitir o humor Poreacutem natildeo

cabe a este PEC a funccedilatildeo de um minucioso detalhamento sobre a infinidade de publicaccedilotildees

jornaliacutesticas e humoriacutesticas que jaacute circulam ou ainda estatildeo circulantes no Brasil Cabe a ele o

dever de retratar suas principais influecircncias e inspiraccedilotildees que deixaram no jornal Barriga a

certeza de que assim como outros meios humoriacutesticos que ganham notabilidade entre o

puacuteblico ele como jornal humoriacutestico tambeacutem pode conseguir o seu espaccedilo na miacutedia local

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA

Fernando Apariacutecio Brinkerhoff Torelly nasceu em Satildeo Leopoldo no Rio Grande do

Sul em 1895 Torelly estudou medicina por dois anos mas seu descomprometimento com as

disciplinas fariam dele um aluno repetente duas vezes num mesmo periacuteodo Aos 21 anos

publicou seu primeiro livro (Pontas de Cigarros) com poesias satiacutericas sobre a falta de

dinheiro4 Mas a proacutepria falta de dinheiro o acabaria obrigando a procurar emprego no

jornalismo do Rio de Janeiro Laacute com um exemplar de O Globo no bolso apresentou-se a

Irineu Marinho que lhe perguntou o que sabia fazer Tudo respondeu Apariacutecio desde

varrer redaccedilatildeo ateacute dirigir jornal 5 Marinho se simpatizou com o jovem gauacutecho depois de ler

umas de suas crocircnicas humoriacutesticas e o contratou A primeira dessas crocircnicas foi publicada

logo no dia seguinte na capa de O Globo (SOOacute 1984)

Em 1926 parodiando o jornal A Manhatilde que era um dos mais influentes da eacutepoca

Torelly resolveu lanccedilar A Manha um singulariacutessimo jornal humoriacutestico como aponta

Sodreacute (2004 p 372)

A linguagem do semanaacuterio de cunho altamente satiacuterico prezava pela diversidade

literaacuteria utilizando-se de sotaques para a produccedilatildeo dos textos como o exemplo da cidade dos

4 No registro de Konder (1986) o fator dinheiro era desprezado pelos poetas da eacutepoca 5 Diaacutelogo reproduzido do jornal digital da ABI (Orgatildeo oficial da Associaccedilatildeo Brasileira da Impresa) set 2007

14

colaboradores que constavam no final do jornal Sand Cadrin (Santa Catarina) e Bordlegro

(Porto Alegre) Socirco (1984 p 46) afirma que este jornal de estilo humoriacutestico foi o primeiro a

ser publicado A Manha era a caricatura dos jornais da eacutepoca e por tabela da proacutepria eacutepoca

Esse tipo de jornalismo nunca fora feito em lugar nenhum Soacute muito mais tarde nos Estados

Unidos no Mad de Harvey Kurztman e no National Lampoon

Devido ao uso do humor o risco maior do jornal estava na produccedilatildeo de sua editoria

poliacutetica atraveacutes da satirizaccedilatildeo de grandes nomes do atual poder da eacutepoca Um exemplo disso

era o Ministro das Relaccedilotildees Exteriores Felix Pacheco que Torelly apelidou-o de Infeacutelix

Peacutechic por usar sempre botinhas bem lustrosas e aparentar um rosto tristonho E com

brincadeiras assim eram corriqueiras as visitas de policiais agrave redaccedilatildeo de A Manha na rua 13

de Maio no Rio de Janeiro fazendo ameaccedilas com o fechamento do jornal Por dificuldades

financeiras entre 1929 e 1930 Torelly se viu obrigado a circular seu jornal como anexo do

Diaacuterio da Noite de Assis Chateaubriand gozando a popularidade que alcanccedilara mesmo antes

de ser autonomeado como Baratildeo de Itarareacute nome que marcaria sua carreira conforme explica

Konder (1983 p17)

Em outubro de 1930 as forccedilas reunidas em torno da Alianccedila Liberal se sublevaram sob a lideranccedila de Getuacutelio Vargas A Batalha decisiva deveria se travar em Itarareacute mas natildeo chegou a ocorrer porque Washington Luiacutes foi deposto por seus proacuteprios auxiliares [] Um ano apoacutes a revoluccedilatildeo vitoriosa o humorista se concedeu o tiacutetulo de Duque de Itarareacute anunciando em seu jornal que a concessatildeo estava sendo feita a uma personalidade de excepcional valor que se distinguiu no campo de batalha Algumas semanas depois rebaixou seu tiacutetulo para Baratildeo de Itarareacute como prova de modeacutestia

Em 1934 surge ao jaacute Baratildeo de Itarareacute a possibilidade de dirigir o Jornal do Povo O

periacuteodo era conturbado pelo movimento intregralista6 Sodreacute (2004 p 379) reforccedila esta

posiccedilatildeo poliacutetica da eacutepoca Tratava-se aqui de seguir a receita amarga e por isso surgira o

integralismo cujo palavroso e falso apelo ao nacionalismo embalava os incautos O

tratamento dado aos assalariados era duro inclusive na imprensa []

Diante desta censura o Baratildeo ainda sofreu severas repressotildees Em entrevista Morel (

apud SODRE 2004 p 379) esclarece um dos casos

6 Movimento poliacutetico brasileiro baseado nos moldes fascistas fundado em 1932 in Dicionaacuterio Aureacutelio

15

Um jornalista imperava na cidade Era Apariacutecio Torelly o popular Baratildeo de Itarareacute agrave frente de valente equipe no jornal do Povo Anunciou dez reportagens sensacionais sobre a vida de Joatildeo Cacircndido7 Saiacuteram duas Na terceira o conhecido homem da imprensa foi sequumlestrado por oficiais da Marinha e conduzido ateacute a Barra da Tijuca onde sofreu vexames Foi por isto certamente que o Baratildeo mandou escrever na porta da redaccedilatildeo Entre sem bater

Em 1935 o Baratildeo de Itarareacute eacute preso na colheita pela onda de repressatildeo que se

desencadeou pelo golpe militar comunista A partir deste periacuteodo Torelly acabou passando

um ano e meio preso chegando a conhecer o escritor alagoano Graciliano Ramos sendo

citado em Memoacuterias do Caacutercere como aparentemente alegre

A Manha apenas reaparece em 1945 trazendo o mesmo sucesso de puacuteblico que

alcanccedilara em 1926 e 1935 O jornal contava somente com a ajuda financeira de Arnon de

Melo8 como tambeacutem a colaboraccedilatildeo de grandes escritores como o maior expoente da literatura

regionalista Joseacute Lins do Rego e nomes como Aacutelvaro Moreyra9 Marques Rebelo10 e Rubem

Braga11

O sucesso da republicaccedilatildeo foi tamanho que dois anos apoacutes em 1947 o Baratildeo foi o

oitavo12 vereador mais votado do Rio de Janeiro assumindo a Cacircmara pelo Partido

Comunista Brasileiro

Novamente sem conseguir manter o seu jornal por questotildees financeiras e agora com o

agravamento de seu estado de sauacutede13 o Baratildeo de Itarareacute publicou entre 1949 e 1955 trecircs

almanaques de o A Manha o Almanhaque

Doente o Baratildeo viveu em um pequeno apartamento no Rio de Janeiro para estudar

matemaacutetica e se dedicar agrave biocircnica que aparecera como nova ciecircncia ateacute falecer em 27 de

novembro de 1971 aos 76 anos Apesar do pioneirismo do Baratildeo de Itarareacute no humor dentro

do jornalismo Konder (1986 p81) afirma o esquecimento popular sobre o humorista

Hoje o Baratildeo estaacute praticamente esquecido Apenas meia duacutezia de baranoacutefilos e plagiaacuterios sabem dele Numa dessas injusticcedilas tatildeo comuns eacute mais conhecido pelo que haacute de pior nos seus livros O Baratildeo precisaria duma antologia cuidadosa Edmar Morel pensou em fazer O Forturna e o Jaguar tambeacutem Mas natildeo deu certo

7 Militar brasileiro liacuteder da Revolta da Chibata Para mais informaccedilotildees sugerimos o acesso ao httpwwwovermundocombroverblogjoao-candido-o-almirante-negro site colaborativo gerenciado pelo socioacutelogo Hermano Vianna 8 Ex-governador de Alagoas pai do ex-presidente Fernando Collor de Melo 9 Poeta cronista e jornalista brasileiro 10 Escritor e jornalista brasileiro 11 Escritor brasileiro e lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros 12 Naquele momento denuacutencias na imprensa apontavam atos criminosos de alguns comerciantes que misturavam aacutegua ao leite aumentando a quantidade do produto a ser vendido Dentro desse contexto o Baratildeo fez sua campanha vitoriosa e bem-humorada com o slogan Mais aacutegua e mais leite Mas menos agravegua no leite

13 Neste caso se deve agraves complicaccedilotildees respiratoacuterias

16

Mesmo diante do esquecimento popular eacute merecido ressaltar dentro deste PEC a

importacircncia das publicaccedilotildees empenho e dedicaccedilatildeo do Baratildeo de Itarareacute em dar a populaccedilatildeo

olhos capazes de ler o que nem todos veem Olhos que atraveacutes do humor enxergavam

princiacutepios democraacuteticos e do mais legiacutetimo direito agrave expressatildeo

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR

Por sua proacutepria natureza o humor eacute uma forccedila desinibidora libertaacuteria Em suas expressotildees mais desenvolvidas ele nos ajuda a perceber as ambiguumlidades da condiccedilatildeo humana as contradiccedilotildees disfarccediladas os anseios e insatisfaccedilotildees

(Leandro Konder)

Entre 1964 e 1980 periacuteodo em que a ditadura militar governou o Brasil dentro do mais

duro regime poliacutetico cerca de 150 jornais alternativos foram criados como forma de oposiccedilatildeo

ao poder (KUCINSKI 2003) Mas mesmo entre todo este montante de perioacutedicos poucos

sobreviveram a tempo de se tornarem nacionalmente conhecidos

Entre eles alguns se destacaram por seu humor a revista Pif-Paf14 de Millocircr

Fernandes o jornal O Pato Macho15 de Luiz Fernando Veriacutessimo e O Pasquim de Tarso de

Castro que atingiu dentro da linha do jornalismo humoriacutestico picos com tiragem de ateacute 225

mil exemplares marcando-o como jornal expoente na classe tida como imprensa alternativa

ou nanica16 Para Kucinski (2003 p 15) o jornal ainda foi aleacutem do humor O Pasquim

mudou haacutebitos e valores empolgando jovens e adolescentes nos anos 1970 em especial nas

cidades interioranas que haviam florescido durante o milagre econocircmico encapsuladas numa

moral provinciana

Para se opor agrave ditadura militar agrave classe meacutedia regida por conceitos morais e agrave grande

imprensa17 devido agrave censura o espiacuterito de O Pasquim seguia por correntes filosoacuteficas como o

existencialismo de Jean Paul-Sartre e a contra-cultura norte-americana do fim dos anos

14 Nos registros de Strelow (2009 p 11) o Pato Macho foi o primeiro jornal rio-grandense a sofrer a censura preacutevia 15 No registro histoacuterico de Kucinski (2003 p 437 ) Pif-Paf foi o primeiro perioacutedico a ser criado como oposiccedilatildeo agrave ditadura militar no Brasil 16 BELTRAtildeO Luiz (1980 p 37) cita o nome de nanica pelo motivo de a maioria dos jornais alternativos possuiacuterem na eacutepoca o tamanho tabloacuteide 17 Sodreacute (2004 p 275) afirma que o surgimento da grande imprensa no Brasil ocorre de maneira natural devido a ascensatildeo burguesa ao avanccedilo das relaccedilotildees capitalistas tornando o jornal capitalista e claramente objetivando a lucratividade

17

196018 Na mistura destas duas influecircncias mais o desejo ser um jornal independente O

Pasquim alcanccedilava o populismo de maneira raacutepida jaacute na sua 26deg ediccedilatildeo com a marca de 200

mil exemplares vendidos

Com este avanccedilo em 1969 o jornal comeccedilava a tomar o espaccedilo das revistas nas

bancas trazendo longas reportagens e entrevistas Entre elas o marcante entrevista da atriz

Leila Diniz que falava abertamente sobre sexo resultando natildeo soacute na ediccedilatildeo mais vendido da

histoacuteria do jornal mas tambeacutem no decreto que instalou a censura preacutevia19 no paiacutes

Mas mesmo sob as normas da censura preacutevia jaacute instalada no paiacutes a continuidade das

publicaccedilotildees de O Pasquim natildeo foram interrompidas nem apoacutes a invasatildeo dos policiais do DOI-

CODI20 na redaccedilatildeo do jornal em 1deg de novembro de 1970 Na ocasiatildeo Tarso de Castro

conseguiu fugir e continuou editando o jornal clandestinamente refugiado em uma casa ao

lado da redaccedilatildeo e a usando como escritoacuterio Ziraldo (1977 apud KUCINSKI 2003 p 218)

um dos editores do Pasquim na eacutepoca daacute mais detalhes sobre o acontecimento

Houve vaacuterias batidas em O Pasquim e a poliacutecia levou muitos documentos mas a mais seacuteria foi a que os levou presos ao departamento aeacutereo terrestre da Vila Militar ocupado pelo DOI-CODI Foram presos no fechamento de madrugada Joseacute Grossi Ziraldo Paulo Garcez Fortuna e Luiacutes Carlos Maciel Prenderam em casa o Francis Millocircr natildeo estava em casa quando foram prendecirc-lo Os outros receberam proposta da poliacutecia para se entregarem em troca de libertaccedilatildeo dos que jaacute estavam presos Numa reuniatildeo Jaguar e Seacutergio Cabral concordaram em se entregar Millocircr natildeo estava presente Queriam prender tambeacutem a Leila Diniz Quem abrigou-a foi o Flaacutevio Cavalcanti Era tudo coisa do falso puritanismo Achavam que a entrevista da Leila visava destruir a famiacutelia Quando os militares viram a grana nos talotildees de cheque pensaram que O Pasquim recebia dinheiro de Cuba

Natildeo seriam acontecimentos como este que dariam fim ao O Pasquim poreacutem as

tiragens caiacuteram de maneira preocupante devido agrave censura e muitos jornaleiros se recusaram a

continuar vendendo O Pasquim jaacute que sofriam ameaccedilas do governo militar que podiam

fechar o estabelecimento se assim o vissem necessaacuterios A publicidade dentro de O Pasquim

tambeacutem caiu chegando agrave zero

18 Op cit Kucinski (2003 p 209) 19 A censura preacutevia natildeo soacute foi executada sobre O Pasquim mas por todos os jornais em que o regime militar visse necessaacuterio no paiacutes 20 Oacutergatildeo de inteligecircncia e repressatildeo do governo brasileiro na eacutepoca

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

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Page 6: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

6

SUMAacuteRIO

1 APRESENTACcedilAtildeO8

2 INTRODUCcedilAtildeO9

3 JUSTIFICATIVA 10

4 OBJETIVOS 12

41 OBJETIVO GERAL12

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 12

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO13

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA 13

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR16

521 O Fim de O Pasquim18

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU20

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS 21

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung21

612 Teutocircnia Faschingsnumer 21

613 Bummelauer Fastnachts 22

614 Schuetsenliesel22

615 Kiriri22

616 Die Schnauze 23

617 A Ortiga 24

618 Die Mistgabel24

619 Sudarm-Glocken 25

6110 Der Mosquito 25

6111 Die Quasselbude 25

6112 Die Gurke26

6113 Antesiriprospeacutetico 26

6114 A Folia 27

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS27

621 O Quebra-Nozes 27

622 Bem-Te-Vi 28

623 Zeacute Pereira 28

624 O Bisturi28

625 O KCT28

7

626 Piranha 29

627 O Tinhoso 29

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR 30

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga 33

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO 35

81 O desafio do jornalismo com humor36

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais 38

83 O papel do humor no jornalismo 40

84 O humor sob o prisma eacutetico 42

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO 45

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO45

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto 45

912 Barriga o uacutenico sentido de ser 46

92 PRODUCcedilAtildeO 47

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica 47

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal 48

923 O Projeto Graacutefico48

9231 Formato tabloacuteide 49

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias 51

924 As imagens e o humor 52

925 Uso da Cor 53

928 Fontes Utilizadas54

97 Logotipia 55

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO55

931 A Impressatildeo 55

CONCLUSAtildeO 56

APEcircNDICE A57

APEcircNDICE B 58

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina59

ANEXO B Esboccedilos do Orientador 59

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipiaANEXO D61

ANEXO D64

ANEXO E 65

REFEREcircNCIAS66

8

1 APRESENTACcedilAtildeO

Um jornal de humor criacutetico e com abrangecircncia regional O Barriga eacute uma proposta

alternativa agraves miacutedias existentes no municiacutepio Deve circular em Blumenau e ter periodicidade

quinzenal A inovaccedilatildeo proposta eacute a espirituosidade intriacutenseca no discurso da notiacutecia

O jornal possui 12 paacuteginas distribuiacutedas entre as editorias de opiniatildeo poliacutetica

economia geral esportes cultura e um espaccedilo dedicado agraves personalidades comuns que

ajudam a construir a histoacuteria da cidade Em formato tabloacuteide e cor padratildeo em tonalidades

verdes o layout acompanha o estilo irreverente da publicaccedilatildeo

O nome Barriga foi inspirado no histoacuterico apelido aferido aos catarinenses barriga-

verde A riqueza leacutexica do termo tambeacutem permite diversas combinaccedilotildees frasais que

contribuem para a criaccedilatildeo de expressotildees bem-humoradas tais como de barriga cheia barriga

d aacutegua cair de barriga barriga tanquinho e inuacutemeros outros

Trata-se de um projeto que investe no estilo literaacuterio diferenciado e na criacutetica para

mostrar que eacute possiacutevel ir aleacutem da notiacutecia

9

2 INTRODUCcedilAtildeO

Registros apontam que somente sete jornais de caraacuteter humoriacutestico tenham surgido na

histoacuteria da imprensa em Blumenau Santa Catarina Ainda que tenha existido um nuacutemero

consideraacutevel de jornais carnavalescos editados anualmente a fim de entreter o puacuteblico no

tempo festivo que antecedia a quarta-feira de cinzas ambos os tipos de jornais natildeo

ultrapassaram o ano de 1938 quando a II Guerra Mundial pairou sobre o mundo

Apesar de desconhecida esta informaccedilatildeo por noacutes quando demos iniacutecio a este Projeto

Experimental em Comunicaccedilatildeo (PEC)1 dispusemo-nos mesmo assim agrave criaccedilatildeo de um jornal

humoriacutestico cuja proposta estaacute em levar informaccedilatildeo com estilo irreverente ao puacuteblico-leitor

blumenauense Mas atraveacutes do dado histoacuterico que apontamos uma outra missatildeo surgiu a

nossa frente trazer de volta agrave Blumenau sua veia humoriacutestica talvez apagada pela proacutepria

auto-censura dos habitantes apoacutes o periacuteodo de guerras

Embora o humor seja considerado por noacutes o principal atrativo aos leitores ao jornal

humoriacutestico que propomos eacute vaacutelido frisar que a publicaccedilatildeo eacute estruturada atraveacutes das

caracteriacutesticas de um produto jornaliacutestico Portanto exemplos dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (2004) como a Proximidade que eacute capaz de tornar o leitor como parte

do contexto explorado o Interessa Pessoal que daacute sentido de relevacircncia agrave mateacuteria sob olhos

do puacuteblico consumidor e evidentemente o Humor vatildeo ao encontro da proposta deste PEC

aleacutem de temas como o jornalismo opinativo e a eacutetica jornaliacutestica

Ainda que o registro inicial sobre o periacuteodo curto em que publicaccedilotildees humoriacutesticas

aconteceram em Blumenau natildeo revele bons auspiacutecios natildeo se eacute isentada a missatildeo de

transformar o presente PEC talvez um dia em um produto jornaliacutestico2 Mesmo diante do

fato deste Projeto natildeo contar com uma pesquisa de mercado sobre a aceitaccedilatildeo do produto eacute

vaacutelido a ressalva que natildeo faz parte de seus objetivos a suposiccedilatildeo de um produto bem aceito

Mas sim a demonstraccedilatildeo praacutetica de um caminho diferente para a conduccedilatildeo da notiacutecia e

opiniatildeo Um caminho exercido atraveacutes do humor

1 A partir desta explicaccedilatildeo os acadecircmicos optam por usar ao longo deste memorial apenas a sigla PEC como referecircncia a Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo

2 Os acadecircmicos tem com isto total consciecircncia de que uma pesquisa de aceitaccedilatildeo de mercado se faz necessaacuteria neste caso

10

3 JUSTIFICATIVA

Como jaacute relatado na Introduccedilatildeo deste PEC poucos satildeo os registros de jornais

humoriacutesticos que circularam por tempos duradouros na cidade de Blumenau (SC) Dentro da

miacutedia impressa o humor esteve dentro de jornais estudantis poliacuteticos e publicaccedilotildees

carnavalescas que durante o iniacutecio do seacuteculo XX surgiram e desapareceram entre um trocar

de ano e outro Mas efecircmeros ou natildeo como o Die Shnauze surgido na deacutecada de 1920 em

Blumenau publicaccedilotildees como estas funcionavam como eficiente meio opinativo e de

entretenimento ao puacuteblico leitor conforme eacute descrito por Silva (1970 p44)

Ecircste foi sem duacutevida o mais interessante o de vida mais longa e mais temido jornal carnavalesco publicado em Blumenau [] Muito bem escrito e bem impresso o seu aparecimento era sempre ansiosamente esperado Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas []

Como o Die Schnauze que prezava por bons textos criacuteticas concretas e o bom-humor

o jornal Barriga surge a partir da ideacuteia de investir em um produto jornaliacutestico diferenciado e

ainda atraveacutes do humor revelar possibilidades de ir aleacutem da notiacutecia factual pertencente agrave

linha editorial dos jornais blumenauenses Como um meio de comunicaccedilatildeo diferente na

regiatildeo o Barriga nasce para preencher a lacuna de um mercado inexistente o do humor que eacute

ausente no Vale do Itajaiacute e ainda sem se limitar agraves pequenas charges e colunas satiacutericas

conforme podem ser acompanhadas em editorias especiacuteficas dos principais jornais da cidade

Atualmente o espaccedilo para o humor eacute restrito nestes jornais Quando encontrado o

humor estaacute presente nas charges e nos espaccedilos dedicados aos colunistas Entre os colunistas

citamos Ostermann (2009 p 3) como um dos que mais comumente se utiliza do humor em

suas notas geralmente acompanhadas de certa ironia

Nossos poliacuteticos federais pretendem acabar com a tal verba indenizatoacuteria um salaacuterio (dos bons) que recebem por fora a tiacutetulo do ressarcimento de despesas com aluguel manutenccedilatildeo de escritoacuterios e locaccedilatildeo entre outras O jeito de acabar com o privileacutegio poreacutem daacute nos nervos a sugestatildeo mais em voga eacute de incorporaacute-la aos seus salaacuterios Natildeo satildeo umas gracinhas

Diferente destes jornais que utilizam o humor de maneira setorizada o PEC de um

jornal humoriacutestico como o Barriga se diferencia dos mesmos devido agrave sua caracteriacutestica de

retratar o humor por entre todas as paacuteginas de produccedilatildeo textual Mas como possivelmente

tambeacutem eacute de objetivo dos atuais jornais circulantes em Blumenau um de seus propoacutesitos estaacute

11

em fomentar o debate puacuteblico sobre os acontecimentos circulantes na regiatildeo fornecendo ao

puacuteblico um ponto de vista humoriacutestico ao tratar os assuntos aleacutem da banalidade Assuntos

que possivelmente jaacute circularam na miacutedia em geral ou natildeo

E eacute sobre a banalidade que se encontra um desafio A ideacuteia de desenvolver o Barriga

jamais teria chegado ateacute aqui se a experiecircncia de um jornal humoriacutestico anterior o iBZ

o

jornal da liacutengua solta desenvolvido pelos proacuteprios acadecircmicos deste PEC natildeo resultasse de

maneira positiva Criado em maio de 2007 e ainda em circulaccedilatildeo mensal o iBZ inseriu-se no

meio acadecircmico para utilizar o humor dentro do jornalismo trazendo a partir da banalidade de

assuntos tatildeo corriqueiros do dia-a-dia de uma faculdade pontos de vistas satiacutericos

humoriacutesticos e criacuteticos que despertaram atenccedilatildeo e assiduidade do puacuteblico leitor Aos poucos

o iBZ foi ganhou um puacuteblico fiel ateacute receber indicaccedilotildees para o precircmio na categoria de

Jornalismo Opinativo na ediccedilatildeo 2008 do Intercom Sul E sem estes avanccedilos e resultados o

jornal Barriga hoje natildeo estaria no papel como PEC

Eacute sobre este pensamento na tentativa de corromper a banalidade dos acontecimentos e

converte-los em opiniatildeo criacutetica humoriacutestica e principalmente o humor3 por si soacute o Barriga

surge como um produto jornaliacutestico diferenciado em Blumenau Um veiacuteculo que como os

jornais da cidade tecircm o objetivo de estar sempre agrave procura da verdade mas que ainda natildeo

estaacute exposta de maneira humoriacutestica

3 Para o emprego da palavra humor que percorreraacute por este projeto acadecircmico temos como principal referecircncia Torelly (apud SOOacute 1984 p 90) onde cita que o humor consiste em mostrar o outro lado das coisas O lado que a sociedade natildeo vecirc poreacutem sente Ainda natildeo usando o humor apenas sobre assuntos fuacuteteis mas sim covertendo-o agrave capacidade de retratar ateacute e miseacuteria com leveza

12

4 OBJETIVOS

41 OBJETIVO GERAL

Este presente projeto acadecircmico tem como objetivo geral primeiramente se

contextualizar dentro de uma breve histoacuteria sobre o jornalismo humoriacutestico no Brasil que

influenciaram de certo modo sua criaccedilatildeo Apoacutes a contextualizaccedilatildeo representar o humor

dentro do jornalismo opinativo dando aos fatos um novo ponto vista

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Fornecer aos leitores da miacutedia impressa blumenauense uma alternativa sobre as

publicaccedilotildees existentes no municiacutepio

Inovar como produto jornaliacutestico dentre os que circulam na regiatildeo criando um

ponto de vista singular sobre acontecimentos jaacute divulgados ou natildeo pela miacutedia

Trazer novos assuntos a puacuteblico de maneira humoriacutestica

13

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO

O bom humor eacute incompatiacutevel com a crueldade (Voltaire)

Para que seja compreendida a existecircncia de um jornal humoriacutestico em Blumenau eacute

inegaacutevel a necessidade um resgate histoacuterico sobre os principais expoentes desta diferente

maneira de transformar acontecimentos em opiniatildeo e ainda transmitir o humor Poreacutem natildeo

cabe a este PEC a funccedilatildeo de um minucioso detalhamento sobre a infinidade de publicaccedilotildees

jornaliacutesticas e humoriacutesticas que jaacute circulam ou ainda estatildeo circulantes no Brasil Cabe a ele o

dever de retratar suas principais influecircncias e inspiraccedilotildees que deixaram no jornal Barriga a

certeza de que assim como outros meios humoriacutesticos que ganham notabilidade entre o

puacuteblico ele como jornal humoriacutestico tambeacutem pode conseguir o seu espaccedilo na miacutedia local

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA

Fernando Apariacutecio Brinkerhoff Torelly nasceu em Satildeo Leopoldo no Rio Grande do

Sul em 1895 Torelly estudou medicina por dois anos mas seu descomprometimento com as

disciplinas fariam dele um aluno repetente duas vezes num mesmo periacuteodo Aos 21 anos

publicou seu primeiro livro (Pontas de Cigarros) com poesias satiacutericas sobre a falta de

dinheiro4 Mas a proacutepria falta de dinheiro o acabaria obrigando a procurar emprego no

jornalismo do Rio de Janeiro Laacute com um exemplar de O Globo no bolso apresentou-se a

Irineu Marinho que lhe perguntou o que sabia fazer Tudo respondeu Apariacutecio desde

varrer redaccedilatildeo ateacute dirigir jornal 5 Marinho se simpatizou com o jovem gauacutecho depois de ler

umas de suas crocircnicas humoriacutesticas e o contratou A primeira dessas crocircnicas foi publicada

logo no dia seguinte na capa de O Globo (SOOacute 1984)

Em 1926 parodiando o jornal A Manhatilde que era um dos mais influentes da eacutepoca

Torelly resolveu lanccedilar A Manha um singulariacutessimo jornal humoriacutestico como aponta

Sodreacute (2004 p 372)

A linguagem do semanaacuterio de cunho altamente satiacuterico prezava pela diversidade

literaacuteria utilizando-se de sotaques para a produccedilatildeo dos textos como o exemplo da cidade dos

4 No registro de Konder (1986) o fator dinheiro era desprezado pelos poetas da eacutepoca 5 Diaacutelogo reproduzido do jornal digital da ABI (Orgatildeo oficial da Associaccedilatildeo Brasileira da Impresa) set 2007

14

colaboradores que constavam no final do jornal Sand Cadrin (Santa Catarina) e Bordlegro

(Porto Alegre) Socirco (1984 p 46) afirma que este jornal de estilo humoriacutestico foi o primeiro a

ser publicado A Manha era a caricatura dos jornais da eacutepoca e por tabela da proacutepria eacutepoca

Esse tipo de jornalismo nunca fora feito em lugar nenhum Soacute muito mais tarde nos Estados

Unidos no Mad de Harvey Kurztman e no National Lampoon

Devido ao uso do humor o risco maior do jornal estava na produccedilatildeo de sua editoria

poliacutetica atraveacutes da satirizaccedilatildeo de grandes nomes do atual poder da eacutepoca Um exemplo disso

era o Ministro das Relaccedilotildees Exteriores Felix Pacheco que Torelly apelidou-o de Infeacutelix

Peacutechic por usar sempre botinhas bem lustrosas e aparentar um rosto tristonho E com

brincadeiras assim eram corriqueiras as visitas de policiais agrave redaccedilatildeo de A Manha na rua 13

de Maio no Rio de Janeiro fazendo ameaccedilas com o fechamento do jornal Por dificuldades

financeiras entre 1929 e 1930 Torelly se viu obrigado a circular seu jornal como anexo do

Diaacuterio da Noite de Assis Chateaubriand gozando a popularidade que alcanccedilara mesmo antes

de ser autonomeado como Baratildeo de Itarareacute nome que marcaria sua carreira conforme explica

Konder (1983 p17)

Em outubro de 1930 as forccedilas reunidas em torno da Alianccedila Liberal se sublevaram sob a lideranccedila de Getuacutelio Vargas A Batalha decisiva deveria se travar em Itarareacute mas natildeo chegou a ocorrer porque Washington Luiacutes foi deposto por seus proacuteprios auxiliares [] Um ano apoacutes a revoluccedilatildeo vitoriosa o humorista se concedeu o tiacutetulo de Duque de Itarareacute anunciando em seu jornal que a concessatildeo estava sendo feita a uma personalidade de excepcional valor que se distinguiu no campo de batalha Algumas semanas depois rebaixou seu tiacutetulo para Baratildeo de Itarareacute como prova de modeacutestia

Em 1934 surge ao jaacute Baratildeo de Itarareacute a possibilidade de dirigir o Jornal do Povo O

periacuteodo era conturbado pelo movimento intregralista6 Sodreacute (2004 p 379) reforccedila esta

posiccedilatildeo poliacutetica da eacutepoca Tratava-se aqui de seguir a receita amarga e por isso surgira o

integralismo cujo palavroso e falso apelo ao nacionalismo embalava os incautos O

tratamento dado aos assalariados era duro inclusive na imprensa []

Diante desta censura o Baratildeo ainda sofreu severas repressotildees Em entrevista Morel (

apud SODRE 2004 p 379) esclarece um dos casos

6 Movimento poliacutetico brasileiro baseado nos moldes fascistas fundado em 1932 in Dicionaacuterio Aureacutelio

15

Um jornalista imperava na cidade Era Apariacutecio Torelly o popular Baratildeo de Itarareacute agrave frente de valente equipe no jornal do Povo Anunciou dez reportagens sensacionais sobre a vida de Joatildeo Cacircndido7 Saiacuteram duas Na terceira o conhecido homem da imprensa foi sequumlestrado por oficiais da Marinha e conduzido ateacute a Barra da Tijuca onde sofreu vexames Foi por isto certamente que o Baratildeo mandou escrever na porta da redaccedilatildeo Entre sem bater

Em 1935 o Baratildeo de Itarareacute eacute preso na colheita pela onda de repressatildeo que se

desencadeou pelo golpe militar comunista A partir deste periacuteodo Torelly acabou passando

um ano e meio preso chegando a conhecer o escritor alagoano Graciliano Ramos sendo

citado em Memoacuterias do Caacutercere como aparentemente alegre

A Manha apenas reaparece em 1945 trazendo o mesmo sucesso de puacuteblico que

alcanccedilara em 1926 e 1935 O jornal contava somente com a ajuda financeira de Arnon de

Melo8 como tambeacutem a colaboraccedilatildeo de grandes escritores como o maior expoente da literatura

regionalista Joseacute Lins do Rego e nomes como Aacutelvaro Moreyra9 Marques Rebelo10 e Rubem

Braga11

O sucesso da republicaccedilatildeo foi tamanho que dois anos apoacutes em 1947 o Baratildeo foi o

oitavo12 vereador mais votado do Rio de Janeiro assumindo a Cacircmara pelo Partido

Comunista Brasileiro

Novamente sem conseguir manter o seu jornal por questotildees financeiras e agora com o

agravamento de seu estado de sauacutede13 o Baratildeo de Itarareacute publicou entre 1949 e 1955 trecircs

almanaques de o A Manha o Almanhaque

Doente o Baratildeo viveu em um pequeno apartamento no Rio de Janeiro para estudar

matemaacutetica e se dedicar agrave biocircnica que aparecera como nova ciecircncia ateacute falecer em 27 de

novembro de 1971 aos 76 anos Apesar do pioneirismo do Baratildeo de Itarareacute no humor dentro

do jornalismo Konder (1986 p81) afirma o esquecimento popular sobre o humorista

Hoje o Baratildeo estaacute praticamente esquecido Apenas meia duacutezia de baranoacutefilos e plagiaacuterios sabem dele Numa dessas injusticcedilas tatildeo comuns eacute mais conhecido pelo que haacute de pior nos seus livros O Baratildeo precisaria duma antologia cuidadosa Edmar Morel pensou em fazer O Forturna e o Jaguar tambeacutem Mas natildeo deu certo

7 Militar brasileiro liacuteder da Revolta da Chibata Para mais informaccedilotildees sugerimos o acesso ao httpwwwovermundocombroverblogjoao-candido-o-almirante-negro site colaborativo gerenciado pelo socioacutelogo Hermano Vianna 8 Ex-governador de Alagoas pai do ex-presidente Fernando Collor de Melo 9 Poeta cronista e jornalista brasileiro 10 Escritor e jornalista brasileiro 11 Escritor brasileiro e lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros 12 Naquele momento denuacutencias na imprensa apontavam atos criminosos de alguns comerciantes que misturavam aacutegua ao leite aumentando a quantidade do produto a ser vendido Dentro desse contexto o Baratildeo fez sua campanha vitoriosa e bem-humorada com o slogan Mais aacutegua e mais leite Mas menos agravegua no leite

13 Neste caso se deve agraves complicaccedilotildees respiratoacuterias

16

Mesmo diante do esquecimento popular eacute merecido ressaltar dentro deste PEC a

importacircncia das publicaccedilotildees empenho e dedicaccedilatildeo do Baratildeo de Itarareacute em dar a populaccedilatildeo

olhos capazes de ler o que nem todos veem Olhos que atraveacutes do humor enxergavam

princiacutepios democraacuteticos e do mais legiacutetimo direito agrave expressatildeo

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR

Por sua proacutepria natureza o humor eacute uma forccedila desinibidora libertaacuteria Em suas expressotildees mais desenvolvidas ele nos ajuda a perceber as ambiguumlidades da condiccedilatildeo humana as contradiccedilotildees disfarccediladas os anseios e insatisfaccedilotildees

(Leandro Konder)

Entre 1964 e 1980 periacuteodo em que a ditadura militar governou o Brasil dentro do mais

duro regime poliacutetico cerca de 150 jornais alternativos foram criados como forma de oposiccedilatildeo

ao poder (KUCINSKI 2003) Mas mesmo entre todo este montante de perioacutedicos poucos

sobreviveram a tempo de se tornarem nacionalmente conhecidos

Entre eles alguns se destacaram por seu humor a revista Pif-Paf14 de Millocircr

Fernandes o jornal O Pato Macho15 de Luiz Fernando Veriacutessimo e O Pasquim de Tarso de

Castro que atingiu dentro da linha do jornalismo humoriacutestico picos com tiragem de ateacute 225

mil exemplares marcando-o como jornal expoente na classe tida como imprensa alternativa

ou nanica16 Para Kucinski (2003 p 15) o jornal ainda foi aleacutem do humor O Pasquim

mudou haacutebitos e valores empolgando jovens e adolescentes nos anos 1970 em especial nas

cidades interioranas que haviam florescido durante o milagre econocircmico encapsuladas numa

moral provinciana

Para se opor agrave ditadura militar agrave classe meacutedia regida por conceitos morais e agrave grande

imprensa17 devido agrave censura o espiacuterito de O Pasquim seguia por correntes filosoacuteficas como o

existencialismo de Jean Paul-Sartre e a contra-cultura norte-americana do fim dos anos

14 Nos registros de Strelow (2009 p 11) o Pato Macho foi o primeiro jornal rio-grandense a sofrer a censura preacutevia 15 No registro histoacuterico de Kucinski (2003 p 437 ) Pif-Paf foi o primeiro perioacutedico a ser criado como oposiccedilatildeo agrave ditadura militar no Brasil 16 BELTRAtildeO Luiz (1980 p 37) cita o nome de nanica pelo motivo de a maioria dos jornais alternativos possuiacuterem na eacutepoca o tamanho tabloacuteide 17 Sodreacute (2004 p 275) afirma que o surgimento da grande imprensa no Brasil ocorre de maneira natural devido a ascensatildeo burguesa ao avanccedilo das relaccedilotildees capitalistas tornando o jornal capitalista e claramente objetivando a lucratividade

17

196018 Na mistura destas duas influecircncias mais o desejo ser um jornal independente O

Pasquim alcanccedilava o populismo de maneira raacutepida jaacute na sua 26deg ediccedilatildeo com a marca de 200

mil exemplares vendidos

Com este avanccedilo em 1969 o jornal comeccedilava a tomar o espaccedilo das revistas nas

bancas trazendo longas reportagens e entrevistas Entre elas o marcante entrevista da atriz

Leila Diniz que falava abertamente sobre sexo resultando natildeo soacute na ediccedilatildeo mais vendido da

histoacuteria do jornal mas tambeacutem no decreto que instalou a censura preacutevia19 no paiacutes

Mas mesmo sob as normas da censura preacutevia jaacute instalada no paiacutes a continuidade das

publicaccedilotildees de O Pasquim natildeo foram interrompidas nem apoacutes a invasatildeo dos policiais do DOI-

CODI20 na redaccedilatildeo do jornal em 1deg de novembro de 1970 Na ocasiatildeo Tarso de Castro

conseguiu fugir e continuou editando o jornal clandestinamente refugiado em uma casa ao

lado da redaccedilatildeo e a usando como escritoacuterio Ziraldo (1977 apud KUCINSKI 2003 p 218)

um dos editores do Pasquim na eacutepoca daacute mais detalhes sobre o acontecimento

Houve vaacuterias batidas em O Pasquim e a poliacutecia levou muitos documentos mas a mais seacuteria foi a que os levou presos ao departamento aeacutereo terrestre da Vila Militar ocupado pelo DOI-CODI Foram presos no fechamento de madrugada Joseacute Grossi Ziraldo Paulo Garcez Fortuna e Luiacutes Carlos Maciel Prenderam em casa o Francis Millocircr natildeo estava em casa quando foram prendecirc-lo Os outros receberam proposta da poliacutecia para se entregarem em troca de libertaccedilatildeo dos que jaacute estavam presos Numa reuniatildeo Jaguar e Seacutergio Cabral concordaram em se entregar Millocircr natildeo estava presente Queriam prender tambeacutem a Leila Diniz Quem abrigou-a foi o Flaacutevio Cavalcanti Era tudo coisa do falso puritanismo Achavam que a entrevista da Leila visava destruir a famiacutelia Quando os militares viram a grana nos talotildees de cheque pensaram que O Pasquim recebia dinheiro de Cuba

Natildeo seriam acontecimentos como este que dariam fim ao O Pasquim poreacutem as

tiragens caiacuteram de maneira preocupante devido agrave censura e muitos jornaleiros se recusaram a

continuar vendendo O Pasquim jaacute que sofriam ameaccedilas do governo militar que podiam

fechar o estabelecimento se assim o vissem necessaacuterios A publicidade dentro de O Pasquim

tambeacutem caiu chegando agrave zero

18 Op cit Kucinski (2003 p 209) 19 A censura preacutevia natildeo soacute foi executada sobre O Pasquim mas por todos os jornais em que o regime militar visse necessaacuterio no paiacutes 20 Oacutergatildeo de inteligecircncia e repressatildeo do governo brasileiro na eacutepoca

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 7: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

7

626 Piranha 29

627 O Tinhoso 29

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR 30

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga 33

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO 35

81 O desafio do jornalismo com humor36

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais 38

83 O papel do humor no jornalismo 40

84 O humor sob o prisma eacutetico 42

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO 45

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO45

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto 45

912 Barriga o uacutenico sentido de ser 46

92 PRODUCcedilAtildeO 47

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica 47

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal 48

923 O Projeto Graacutefico48

9231 Formato tabloacuteide 49

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias 51

924 As imagens e o humor 52

925 Uso da Cor 53

928 Fontes Utilizadas54

97 Logotipia 55

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO55

931 A Impressatildeo 55

CONCLUSAtildeO 56

APEcircNDICE A57

APEcircNDICE B 58

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina59

ANEXO B Esboccedilos do Orientador 59

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipiaANEXO D61

ANEXO D64

ANEXO E 65

REFEREcircNCIAS66

8

1 APRESENTACcedilAtildeO

Um jornal de humor criacutetico e com abrangecircncia regional O Barriga eacute uma proposta

alternativa agraves miacutedias existentes no municiacutepio Deve circular em Blumenau e ter periodicidade

quinzenal A inovaccedilatildeo proposta eacute a espirituosidade intriacutenseca no discurso da notiacutecia

O jornal possui 12 paacuteginas distribuiacutedas entre as editorias de opiniatildeo poliacutetica

economia geral esportes cultura e um espaccedilo dedicado agraves personalidades comuns que

ajudam a construir a histoacuteria da cidade Em formato tabloacuteide e cor padratildeo em tonalidades

verdes o layout acompanha o estilo irreverente da publicaccedilatildeo

O nome Barriga foi inspirado no histoacuterico apelido aferido aos catarinenses barriga-

verde A riqueza leacutexica do termo tambeacutem permite diversas combinaccedilotildees frasais que

contribuem para a criaccedilatildeo de expressotildees bem-humoradas tais como de barriga cheia barriga

d aacutegua cair de barriga barriga tanquinho e inuacutemeros outros

Trata-se de um projeto que investe no estilo literaacuterio diferenciado e na criacutetica para

mostrar que eacute possiacutevel ir aleacutem da notiacutecia

9

2 INTRODUCcedilAtildeO

Registros apontam que somente sete jornais de caraacuteter humoriacutestico tenham surgido na

histoacuteria da imprensa em Blumenau Santa Catarina Ainda que tenha existido um nuacutemero

consideraacutevel de jornais carnavalescos editados anualmente a fim de entreter o puacuteblico no

tempo festivo que antecedia a quarta-feira de cinzas ambos os tipos de jornais natildeo

ultrapassaram o ano de 1938 quando a II Guerra Mundial pairou sobre o mundo

Apesar de desconhecida esta informaccedilatildeo por noacutes quando demos iniacutecio a este Projeto

Experimental em Comunicaccedilatildeo (PEC)1 dispusemo-nos mesmo assim agrave criaccedilatildeo de um jornal

humoriacutestico cuja proposta estaacute em levar informaccedilatildeo com estilo irreverente ao puacuteblico-leitor

blumenauense Mas atraveacutes do dado histoacuterico que apontamos uma outra missatildeo surgiu a

nossa frente trazer de volta agrave Blumenau sua veia humoriacutestica talvez apagada pela proacutepria

auto-censura dos habitantes apoacutes o periacuteodo de guerras

Embora o humor seja considerado por noacutes o principal atrativo aos leitores ao jornal

humoriacutestico que propomos eacute vaacutelido frisar que a publicaccedilatildeo eacute estruturada atraveacutes das

caracteriacutesticas de um produto jornaliacutestico Portanto exemplos dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (2004) como a Proximidade que eacute capaz de tornar o leitor como parte

do contexto explorado o Interessa Pessoal que daacute sentido de relevacircncia agrave mateacuteria sob olhos

do puacuteblico consumidor e evidentemente o Humor vatildeo ao encontro da proposta deste PEC

aleacutem de temas como o jornalismo opinativo e a eacutetica jornaliacutestica

Ainda que o registro inicial sobre o periacuteodo curto em que publicaccedilotildees humoriacutesticas

aconteceram em Blumenau natildeo revele bons auspiacutecios natildeo se eacute isentada a missatildeo de

transformar o presente PEC talvez um dia em um produto jornaliacutestico2 Mesmo diante do

fato deste Projeto natildeo contar com uma pesquisa de mercado sobre a aceitaccedilatildeo do produto eacute

vaacutelido a ressalva que natildeo faz parte de seus objetivos a suposiccedilatildeo de um produto bem aceito

Mas sim a demonstraccedilatildeo praacutetica de um caminho diferente para a conduccedilatildeo da notiacutecia e

opiniatildeo Um caminho exercido atraveacutes do humor

1 A partir desta explicaccedilatildeo os acadecircmicos optam por usar ao longo deste memorial apenas a sigla PEC como referecircncia a Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo

2 Os acadecircmicos tem com isto total consciecircncia de que uma pesquisa de aceitaccedilatildeo de mercado se faz necessaacuteria neste caso

10

3 JUSTIFICATIVA

Como jaacute relatado na Introduccedilatildeo deste PEC poucos satildeo os registros de jornais

humoriacutesticos que circularam por tempos duradouros na cidade de Blumenau (SC) Dentro da

miacutedia impressa o humor esteve dentro de jornais estudantis poliacuteticos e publicaccedilotildees

carnavalescas que durante o iniacutecio do seacuteculo XX surgiram e desapareceram entre um trocar

de ano e outro Mas efecircmeros ou natildeo como o Die Shnauze surgido na deacutecada de 1920 em

Blumenau publicaccedilotildees como estas funcionavam como eficiente meio opinativo e de

entretenimento ao puacuteblico leitor conforme eacute descrito por Silva (1970 p44)

Ecircste foi sem duacutevida o mais interessante o de vida mais longa e mais temido jornal carnavalesco publicado em Blumenau [] Muito bem escrito e bem impresso o seu aparecimento era sempre ansiosamente esperado Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas []

Como o Die Schnauze que prezava por bons textos criacuteticas concretas e o bom-humor

o jornal Barriga surge a partir da ideacuteia de investir em um produto jornaliacutestico diferenciado e

ainda atraveacutes do humor revelar possibilidades de ir aleacutem da notiacutecia factual pertencente agrave

linha editorial dos jornais blumenauenses Como um meio de comunicaccedilatildeo diferente na

regiatildeo o Barriga nasce para preencher a lacuna de um mercado inexistente o do humor que eacute

ausente no Vale do Itajaiacute e ainda sem se limitar agraves pequenas charges e colunas satiacutericas

conforme podem ser acompanhadas em editorias especiacuteficas dos principais jornais da cidade

Atualmente o espaccedilo para o humor eacute restrito nestes jornais Quando encontrado o

humor estaacute presente nas charges e nos espaccedilos dedicados aos colunistas Entre os colunistas

citamos Ostermann (2009 p 3) como um dos que mais comumente se utiliza do humor em

suas notas geralmente acompanhadas de certa ironia

Nossos poliacuteticos federais pretendem acabar com a tal verba indenizatoacuteria um salaacuterio (dos bons) que recebem por fora a tiacutetulo do ressarcimento de despesas com aluguel manutenccedilatildeo de escritoacuterios e locaccedilatildeo entre outras O jeito de acabar com o privileacutegio poreacutem daacute nos nervos a sugestatildeo mais em voga eacute de incorporaacute-la aos seus salaacuterios Natildeo satildeo umas gracinhas

Diferente destes jornais que utilizam o humor de maneira setorizada o PEC de um

jornal humoriacutestico como o Barriga se diferencia dos mesmos devido agrave sua caracteriacutestica de

retratar o humor por entre todas as paacuteginas de produccedilatildeo textual Mas como possivelmente

tambeacutem eacute de objetivo dos atuais jornais circulantes em Blumenau um de seus propoacutesitos estaacute

11

em fomentar o debate puacuteblico sobre os acontecimentos circulantes na regiatildeo fornecendo ao

puacuteblico um ponto de vista humoriacutestico ao tratar os assuntos aleacutem da banalidade Assuntos

que possivelmente jaacute circularam na miacutedia em geral ou natildeo

E eacute sobre a banalidade que se encontra um desafio A ideacuteia de desenvolver o Barriga

jamais teria chegado ateacute aqui se a experiecircncia de um jornal humoriacutestico anterior o iBZ

o

jornal da liacutengua solta desenvolvido pelos proacuteprios acadecircmicos deste PEC natildeo resultasse de

maneira positiva Criado em maio de 2007 e ainda em circulaccedilatildeo mensal o iBZ inseriu-se no

meio acadecircmico para utilizar o humor dentro do jornalismo trazendo a partir da banalidade de

assuntos tatildeo corriqueiros do dia-a-dia de uma faculdade pontos de vistas satiacutericos

humoriacutesticos e criacuteticos que despertaram atenccedilatildeo e assiduidade do puacuteblico leitor Aos poucos

o iBZ foi ganhou um puacuteblico fiel ateacute receber indicaccedilotildees para o precircmio na categoria de

Jornalismo Opinativo na ediccedilatildeo 2008 do Intercom Sul E sem estes avanccedilos e resultados o

jornal Barriga hoje natildeo estaria no papel como PEC

Eacute sobre este pensamento na tentativa de corromper a banalidade dos acontecimentos e

converte-los em opiniatildeo criacutetica humoriacutestica e principalmente o humor3 por si soacute o Barriga

surge como um produto jornaliacutestico diferenciado em Blumenau Um veiacuteculo que como os

jornais da cidade tecircm o objetivo de estar sempre agrave procura da verdade mas que ainda natildeo

estaacute exposta de maneira humoriacutestica

3 Para o emprego da palavra humor que percorreraacute por este projeto acadecircmico temos como principal referecircncia Torelly (apud SOOacute 1984 p 90) onde cita que o humor consiste em mostrar o outro lado das coisas O lado que a sociedade natildeo vecirc poreacutem sente Ainda natildeo usando o humor apenas sobre assuntos fuacuteteis mas sim covertendo-o agrave capacidade de retratar ateacute e miseacuteria com leveza

12

4 OBJETIVOS

41 OBJETIVO GERAL

Este presente projeto acadecircmico tem como objetivo geral primeiramente se

contextualizar dentro de uma breve histoacuteria sobre o jornalismo humoriacutestico no Brasil que

influenciaram de certo modo sua criaccedilatildeo Apoacutes a contextualizaccedilatildeo representar o humor

dentro do jornalismo opinativo dando aos fatos um novo ponto vista

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Fornecer aos leitores da miacutedia impressa blumenauense uma alternativa sobre as

publicaccedilotildees existentes no municiacutepio

Inovar como produto jornaliacutestico dentre os que circulam na regiatildeo criando um

ponto de vista singular sobre acontecimentos jaacute divulgados ou natildeo pela miacutedia

Trazer novos assuntos a puacuteblico de maneira humoriacutestica

13

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO

O bom humor eacute incompatiacutevel com a crueldade (Voltaire)

Para que seja compreendida a existecircncia de um jornal humoriacutestico em Blumenau eacute

inegaacutevel a necessidade um resgate histoacuterico sobre os principais expoentes desta diferente

maneira de transformar acontecimentos em opiniatildeo e ainda transmitir o humor Poreacutem natildeo

cabe a este PEC a funccedilatildeo de um minucioso detalhamento sobre a infinidade de publicaccedilotildees

jornaliacutesticas e humoriacutesticas que jaacute circulam ou ainda estatildeo circulantes no Brasil Cabe a ele o

dever de retratar suas principais influecircncias e inspiraccedilotildees que deixaram no jornal Barriga a

certeza de que assim como outros meios humoriacutesticos que ganham notabilidade entre o

puacuteblico ele como jornal humoriacutestico tambeacutem pode conseguir o seu espaccedilo na miacutedia local

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA

Fernando Apariacutecio Brinkerhoff Torelly nasceu em Satildeo Leopoldo no Rio Grande do

Sul em 1895 Torelly estudou medicina por dois anos mas seu descomprometimento com as

disciplinas fariam dele um aluno repetente duas vezes num mesmo periacuteodo Aos 21 anos

publicou seu primeiro livro (Pontas de Cigarros) com poesias satiacutericas sobre a falta de

dinheiro4 Mas a proacutepria falta de dinheiro o acabaria obrigando a procurar emprego no

jornalismo do Rio de Janeiro Laacute com um exemplar de O Globo no bolso apresentou-se a

Irineu Marinho que lhe perguntou o que sabia fazer Tudo respondeu Apariacutecio desde

varrer redaccedilatildeo ateacute dirigir jornal 5 Marinho se simpatizou com o jovem gauacutecho depois de ler

umas de suas crocircnicas humoriacutesticas e o contratou A primeira dessas crocircnicas foi publicada

logo no dia seguinte na capa de O Globo (SOOacute 1984)

Em 1926 parodiando o jornal A Manhatilde que era um dos mais influentes da eacutepoca

Torelly resolveu lanccedilar A Manha um singulariacutessimo jornal humoriacutestico como aponta

Sodreacute (2004 p 372)

A linguagem do semanaacuterio de cunho altamente satiacuterico prezava pela diversidade

literaacuteria utilizando-se de sotaques para a produccedilatildeo dos textos como o exemplo da cidade dos

4 No registro de Konder (1986) o fator dinheiro era desprezado pelos poetas da eacutepoca 5 Diaacutelogo reproduzido do jornal digital da ABI (Orgatildeo oficial da Associaccedilatildeo Brasileira da Impresa) set 2007

14

colaboradores que constavam no final do jornal Sand Cadrin (Santa Catarina) e Bordlegro

(Porto Alegre) Socirco (1984 p 46) afirma que este jornal de estilo humoriacutestico foi o primeiro a

ser publicado A Manha era a caricatura dos jornais da eacutepoca e por tabela da proacutepria eacutepoca

Esse tipo de jornalismo nunca fora feito em lugar nenhum Soacute muito mais tarde nos Estados

Unidos no Mad de Harvey Kurztman e no National Lampoon

Devido ao uso do humor o risco maior do jornal estava na produccedilatildeo de sua editoria

poliacutetica atraveacutes da satirizaccedilatildeo de grandes nomes do atual poder da eacutepoca Um exemplo disso

era o Ministro das Relaccedilotildees Exteriores Felix Pacheco que Torelly apelidou-o de Infeacutelix

Peacutechic por usar sempre botinhas bem lustrosas e aparentar um rosto tristonho E com

brincadeiras assim eram corriqueiras as visitas de policiais agrave redaccedilatildeo de A Manha na rua 13

de Maio no Rio de Janeiro fazendo ameaccedilas com o fechamento do jornal Por dificuldades

financeiras entre 1929 e 1930 Torelly se viu obrigado a circular seu jornal como anexo do

Diaacuterio da Noite de Assis Chateaubriand gozando a popularidade que alcanccedilara mesmo antes

de ser autonomeado como Baratildeo de Itarareacute nome que marcaria sua carreira conforme explica

Konder (1983 p17)

Em outubro de 1930 as forccedilas reunidas em torno da Alianccedila Liberal se sublevaram sob a lideranccedila de Getuacutelio Vargas A Batalha decisiva deveria se travar em Itarareacute mas natildeo chegou a ocorrer porque Washington Luiacutes foi deposto por seus proacuteprios auxiliares [] Um ano apoacutes a revoluccedilatildeo vitoriosa o humorista se concedeu o tiacutetulo de Duque de Itarareacute anunciando em seu jornal que a concessatildeo estava sendo feita a uma personalidade de excepcional valor que se distinguiu no campo de batalha Algumas semanas depois rebaixou seu tiacutetulo para Baratildeo de Itarareacute como prova de modeacutestia

Em 1934 surge ao jaacute Baratildeo de Itarareacute a possibilidade de dirigir o Jornal do Povo O

periacuteodo era conturbado pelo movimento intregralista6 Sodreacute (2004 p 379) reforccedila esta

posiccedilatildeo poliacutetica da eacutepoca Tratava-se aqui de seguir a receita amarga e por isso surgira o

integralismo cujo palavroso e falso apelo ao nacionalismo embalava os incautos O

tratamento dado aos assalariados era duro inclusive na imprensa []

Diante desta censura o Baratildeo ainda sofreu severas repressotildees Em entrevista Morel (

apud SODRE 2004 p 379) esclarece um dos casos

6 Movimento poliacutetico brasileiro baseado nos moldes fascistas fundado em 1932 in Dicionaacuterio Aureacutelio

15

Um jornalista imperava na cidade Era Apariacutecio Torelly o popular Baratildeo de Itarareacute agrave frente de valente equipe no jornal do Povo Anunciou dez reportagens sensacionais sobre a vida de Joatildeo Cacircndido7 Saiacuteram duas Na terceira o conhecido homem da imprensa foi sequumlestrado por oficiais da Marinha e conduzido ateacute a Barra da Tijuca onde sofreu vexames Foi por isto certamente que o Baratildeo mandou escrever na porta da redaccedilatildeo Entre sem bater

Em 1935 o Baratildeo de Itarareacute eacute preso na colheita pela onda de repressatildeo que se

desencadeou pelo golpe militar comunista A partir deste periacuteodo Torelly acabou passando

um ano e meio preso chegando a conhecer o escritor alagoano Graciliano Ramos sendo

citado em Memoacuterias do Caacutercere como aparentemente alegre

A Manha apenas reaparece em 1945 trazendo o mesmo sucesso de puacuteblico que

alcanccedilara em 1926 e 1935 O jornal contava somente com a ajuda financeira de Arnon de

Melo8 como tambeacutem a colaboraccedilatildeo de grandes escritores como o maior expoente da literatura

regionalista Joseacute Lins do Rego e nomes como Aacutelvaro Moreyra9 Marques Rebelo10 e Rubem

Braga11

O sucesso da republicaccedilatildeo foi tamanho que dois anos apoacutes em 1947 o Baratildeo foi o

oitavo12 vereador mais votado do Rio de Janeiro assumindo a Cacircmara pelo Partido

Comunista Brasileiro

Novamente sem conseguir manter o seu jornal por questotildees financeiras e agora com o

agravamento de seu estado de sauacutede13 o Baratildeo de Itarareacute publicou entre 1949 e 1955 trecircs

almanaques de o A Manha o Almanhaque

Doente o Baratildeo viveu em um pequeno apartamento no Rio de Janeiro para estudar

matemaacutetica e se dedicar agrave biocircnica que aparecera como nova ciecircncia ateacute falecer em 27 de

novembro de 1971 aos 76 anos Apesar do pioneirismo do Baratildeo de Itarareacute no humor dentro

do jornalismo Konder (1986 p81) afirma o esquecimento popular sobre o humorista

Hoje o Baratildeo estaacute praticamente esquecido Apenas meia duacutezia de baranoacutefilos e plagiaacuterios sabem dele Numa dessas injusticcedilas tatildeo comuns eacute mais conhecido pelo que haacute de pior nos seus livros O Baratildeo precisaria duma antologia cuidadosa Edmar Morel pensou em fazer O Forturna e o Jaguar tambeacutem Mas natildeo deu certo

7 Militar brasileiro liacuteder da Revolta da Chibata Para mais informaccedilotildees sugerimos o acesso ao httpwwwovermundocombroverblogjoao-candido-o-almirante-negro site colaborativo gerenciado pelo socioacutelogo Hermano Vianna 8 Ex-governador de Alagoas pai do ex-presidente Fernando Collor de Melo 9 Poeta cronista e jornalista brasileiro 10 Escritor e jornalista brasileiro 11 Escritor brasileiro e lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros 12 Naquele momento denuacutencias na imprensa apontavam atos criminosos de alguns comerciantes que misturavam aacutegua ao leite aumentando a quantidade do produto a ser vendido Dentro desse contexto o Baratildeo fez sua campanha vitoriosa e bem-humorada com o slogan Mais aacutegua e mais leite Mas menos agravegua no leite

13 Neste caso se deve agraves complicaccedilotildees respiratoacuterias

16

Mesmo diante do esquecimento popular eacute merecido ressaltar dentro deste PEC a

importacircncia das publicaccedilotildees empenho e dedicaccedilatildeo do Baratildeo de Itarareacute em dar a populaccedilatildeo

olhos capazes de ler o que nem todos veem Olhos que atraveacutes do humor enxergavam

princiacutepios democraacuteticos e do mais legiacutetimo direito agrave expressatildeo

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR

Por sua proacutepria natureza o humor eacute uma forccedila desinibidora libertaacuteria Em suas expressotildees mais desenvolvidas ele nos ajuda a perceber as ambiguumlidades da condiccedilatildeo humana as contradiccedilotildees disfarccediladas os anseios e insatisfaccedilotildees

(Leandro Konder)

Entre 1964 e 1980 periacuteodo em que a ditadura militar governou o Brasil dentro do mais

duro regime poliacutetico cerca de 150 jornais alternativos foram criados como forma de oposiccedilatildeo

ao poder (KUCINSKI 2003) Mas mesmo entre todo este montante de perioacutedicos poucos

sobreviveram a tempo de se tornarem nacionalmente conhecidos

Entre eles alguns se destacaram por seu humor a revista Pif-Paf14 de Millocircr

Fernandes o jornal O Pato Macho15 de Luiz Fernando Veriacutessimo e O Pasquim de Tarso de

Castro que atingiu dentro da linha do jornalismo humoriacutestico picos com tiragem de ateacute 225

mil exemplares marcando-o como jornal expoente na classe tida como imprensa alternativa

ou nanica16 Para Kucinski (2003 p 15) o jornal ainda foi aleacutem do humor O Pasquim

mudou haacutebitos e valores empolgando jovens e adolescentes nos anos 1970 em especial nas

cidades interioranas que haviam florescido durante o milagre econocircmico encapsuladas numa

moral provinciana

Para se opor agrave ditadura militar agrave classe meacutedia regida por conceitos morais e agrave grande

imprensa17 devido agrave censura o espiacuterito de O Pasquim seguia por correntes filosoacuteficas como o

existencialismo de Jean Paul-Sartre e a contra-cultura norte-americana do fim dos anos

14 Nos registros de Strelow (2009 p 11) o Pato Macho foi o primeiro jornal rio-grandense a sofrer a censura preacutevia 15 No registro histoacuterico de Kucinski (2003 p 437 ) Pif-Paf foi o primeiro perioacutedico a ser criado como oposiccedilatildeo agrave ditadura militar no Brasil 16 BELTRAtildeO Luiz (1980 p 37) cita o nome de nanica pelo motivo de a maioria dos jornais alternativos possuiacuterem na eacutepoca o tamanho tabloacuteide 17 Sodreacute (2004 p 275) afirma que o surgimento da grande imprensa no Brasil ocorre de maneira natural devido a ascensatildeo burguesa ao avanccedilo das relaccedilotildees capitalistas tornando o jornal capitalista e claramente objetivando a lucratividade

17

196018 Na mistura destas duas influecircncias mais o desejo ser um jornal independente O

Pasquim alcanccedilava o populismo de maneira raacutepida jaacute na sua 26deg ediccedilatildeo com a marca de 200

mil exemplares vendidos

Com este avanccedilo em 1969 o jornal comeccedilava a tomar o espaccedilo das revistas nas

bancas trazendo longas reportagens e entrevistas Entre elas o marcante entrevista da atriz

Leila Diniz que falava abertamente sobre sexo resultando natildeo soacute na ediccedilatildeo mais vendido da

histoacuteria do jornal mas tambeacutem no decreto que instalou a censura preacutevia19 no paiacutes

Mas mesmo sob as normas da censura preacutevia jaacute instalada no paiacutes a continuidade das

publicaccedilotildees de O Pasquim natildeo foram interrompidas nem apoacutes a invasatildeo dos policiais do DOI-

CODI20 na redaccedilatildeo do jornal em 1deg de novembro de 1970 Na ocasiatildeo Tarso de Castro

conseguiu fugir e continuou editando o jornal clandestinamente refugiado em uma casa ao

lado da redaccedilatildeo e a usando como escritoacuterio Ziraldo (1977 apud KUCINSKI 2003 p 218)

um dos editores do Pasquim na eacutepoca daacute mais detalhes sobre o acontecimento

Houve vaacuterias batidas em O Pasquim e a poliacutecia levou muitos documentos mas a mais seacuteria foi a que os levou presos ao departamento aeacutereo terrestre da Vila Militar ocupado pelo DOI-CODI Foram presos no fechamento de madrugada Joseacute Grossi Ziraldo Paulo Garcez Fortuna e Luiacutes Carlos Maciel Prenderam em casa o Francis Millocircr natildeo estava em casa quando foram prendecirc-lo Os outros receberam proposta da poliacutecia para se entregarem em troca de libertaccedilatildeo dos que jaacute estavam presos Numa reuniatildeo Jaguar e Seacutergio Cabral concordaram em se entregar Millocircr natildeo estava presente Queriam prender tambeacutem a Leila Diniz Quem abrigou-a foi o Flaacutevio Cavalcanti Era tudo coisa do falso puritanismo Achavam que a entrevista da Leila visava destruir a famiacutelia Quando os militares viram a grana nos talotildees de cheque pensaram que O Pasquim recebia dinheiro de Cuba

Natildeo seriam acontecimentos como este que dariam fim ao O Pasquim poreacutem as

tiragens caiacuteram de maneira preocupante devido agrave censura e muitos jornaleiros se recusaram a

continuar vendendo O Pasquim jaacute que sofriam ameaccedilas do governo militar que podiam

fechar o estabelecimento se assim o vissem necessaacuterios A publicidade dentro de O Pasquim

tambeacutem caiu chegando agrave zero

18 Op cit Kucinski (2003 p 209) 19 A censura preacutevia natildeo soacute foi executada sobre O Pasquim mas por todos os jornais em que o regime militar visse necessaacuterio no paiacutes 20 Oacutergatildeo de inteligecircncia e repressatildeo do governo brasileiro na eacutepoca

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 8: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

8

1 APRESENTACcedilAtildeO

Um jornal de humor criacutetico e com abrangecircncia regional O Barriga eacute uma proposta

alternativa agraves miacutedias existentes no municiacutepio Deve circular em Blumenau e ter periodicidade

quinzenal A inovaccedilatildeo proposta eacute a espirituosidade intriacutenseca no discurso da notiacutecia

O jornal possui 12 paacuteginas distribuiacutedas entre as editorias de opiniatildeo poliacutetica

economia geral esportes cultura e um espaccedilo dedicado agraves personalidades comuns que

ajudam a construir a histoacuteria da cidade Em formato tabloacuteide e cor padratildeo em tonalidades

verdes o layout acompanha o estilo irreverente da publicaccedilatildeo

O nome Barriga foi inspirado no histoacuterico apelido aferido aos catarinenses barriga-

verde A riqueza leacutexica do termo tambeacutem permite diversas combinaccedilotildees frasais que

contribuem para a criaccedilatildeo de expressotildees bem-humoradas tais como de barriga cheia barriga

d aacutegua cair de barriga barriga tanquinho e inuacutemeros outros

Trata-se de um projeto que investe no estilo literaacuterio diferenciado e na criacutetica para

mostrar que eacute possiacutevel ir aleacutem da notiacutecia

9

2 INTRODUCcedilAtildeO

Registros apontam que somente sete jornais de caraacuteter humoriacutestico tenham surgido na

histoacuteria da imprensa em Blumenau Santa Catarina Ainda que tenha existido um nuacutemero

consideraacutevel de jornais carnavalescos editados anualmente a fim de entreter o puacuteblico no

tempo festivo que antecedia a quarta-feira de cinzas ambos os tipos de jornais natildeo

ultrapassaram o ano de 1938 quando a II Guerra Mundial pairou sobre o mundo

Apesar de desconhecida esta informaccedilatildeo por noacutes quando demos iniacutecio a este Projeto

Experimental em Comunicaccedilatildeo (PEC)1 dispusemo-nos mesmo assim agrave criaccedilatildeo de um jornal

humoriacutestico cuja proposta estaacute em levar informaccedilatildeo com estilo irreverente ao puacuteblico-leitor

blumenauense Mas atraveacutes do dado histoacuterico que apontamos uma outra missatildeo surgiu a

nossa frente trazer de volta agrave Blumenau sua veia humoriacutestica talvez apagada pela proacutepria

auto-censura dos habitantes apoacutes o periacuteodo de guerras

Embora o humor seja considerado por noacutes o principal atrativo aos leitores ao jornal

humoriacutestico que propomos eacute vaacutelido frisar que a publicaccedilatildeo eacute estruturada atraveacutes das

caracteriacutesticas de um produto jornaliacutestico Portanto exemplos dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (2004) como a Proximidade que eacute capaz de tornar o leitor como parte

do contexto explorado o Interessa Pessoal que daacute sentido de relevacircncia agrave mateacuteria sob olhos

do puacuteblico consumidor e evidentemente o Humor vatildeo ao encontro da proposta deste PEC

aleacutem de temas como o jornalismo opinativo e a eacutetica jornaliacutestica

Ainda que o registro inicial sobre o periacuteodo curto em que publicaccedilotildees humoriacutesticas

aconteceram em Blumenau natildeo revele bons auspiacutecios natildeo se eacute isentada a missatildeo de

transformar o presente PEC talvez um dia em um produto jornaliacutestico2 Mesmo diante do

fato deste Projeto natildeo contar com uma pesquisa de mercado sobre a aceitaccedilatildeo do produto eacute

vaacutelido a ressalva que natildeo faz parte de seus objetivos a suposiccedilatildeo de um produto bem aceito

Mas sim a demonstraccedilatildeo praacutetica de um caminho diferente para a conduccedilatildeo da notiacutecia e

opiniatildeo Um caminho exercido atraveacutes do humor

1 A partir desta explicaccedilatildeo os acadecircmicos optam por usar ao longo deste memorial apenas a sigla PEC como referecircncia a Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo

2 Os acadecircmicos tem com isto total consciecircncia de que uma pesquisa de aceitaccedilatildeo de mercado se faz necessaacuteria neste caso

10

3 JUSTIFICATIVA

Como jaacute relatado na Introduccedilatildeo deste PEC poucos satildeo os registros de jornais

humoriacutesticos que circularam por tempos duradouros na cidade de Blumenau (SC) Dentro da

miacutedia impressa o humor esteve dentro de jornais estudantis poliacuteticos e publicaccedilotildees

carnavalescas que durante o iniacutecio do seacuteculo XX surgiram e desapareceram entre um trocar

de ano e outro Mas efecircmeros ou natildeo como o Die Shnauze surgido na deacutecada de 1920 em

Blumenau publicaccedilotildees como estas funcionavam como eficiente meio opinativo e de

entretenimento ao puacuteblico leitor conforme eacute descrito por Silva (1970 p44)

Ecircste foi sem duacutevida o mais interessante o de vida mais longa e mais temido jornal carnavalesco publicado em Blumenau [] Muito bem escrito e bem impresso o seu aparecimento era sempre ansiosamente esperado Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas []

Como o Die Schnauze que prezava por bons textos criacuteticas concretas e o bom-humor

o jornal Barriga surge a partir da ideacuteia de investir em um produto jornaliacutestico diferenciado e

ainda atraveacutes do humor revelar possibilidades de ir aleacutem da notiacutecia factual pertencente agrave

linha editorial dos jornais blumenauenses Como um meio de comunicaccedilatildeo diferente na

regiatildeo o Barriga nasce para preencher a lacuna de um mercado inexistente o do humor que eacute

ausente no Vale do Itajaiacute e ainda sem se limitar agraves pequenas charges e colunas satiacutericas

conforme podem ser acompanhadas em editorias especiacuteficas dos principais jornais da cidade

Atualmente o espaccedilo para o humor eacute restrito nestes jornais Quando encontrado o

humor estaacute presente nas charges e nos espaccedilos dedicados aos colunistas Entre os colunistas

citamos Ostermann (2009 p 3) como um dos que mais comumente se utiliza do humor em

suas notas geralmente acompanhadas de certa ironia

Nossos poliacuteticos federais pretendem acabar com a tal verba indenizatoacuteria um salaacuterio (dos bons) que recebem por fora a tiacutetulo do ressarcimento de despesas com aluguel manutenccedilatildeo de escritoacuterios e locaccedilatildeo entre outras O jeito de acabar com o privileacutegio poreacutem daacute nos nervos a sugestatildeo mais em voga eacute de incorporaacute-la aos seus salaacuterios Natildeo satildeo umas gracinhas

Diferente destes jornais que utilizam o humor de maneira setorizada o PEC de um

jornal humoriacutestico como o Barriga se diferencia dos mesmos devido agrave sua caracteriacutestica de

retratar o humor por entre todas as paacuteginas de produccedilatildeo textual Mas como possivelmente

tambeacutem eacute de objetivo dos atuais jornais circulantes em Blumenau um de seus propoacutesitos estaacute

11

em fomentar o debate puacuteblico sobre os acontecimentos circulantes na regiatildeo fornecendo ao

puacuteblico um ponto de vista humoriacutestico ao tratar os assuntos aleacutem da banalidade Assuntos

que possivelmente jaacute circularam na miacutedia em geral ou natildeo

E eacute sobre a banalidade que se encontra um desafio A ideacuteia de desenvolver o Barriga

jamais teria chegado ateacute aqui se a experiecircncia de um jornal humoriacutestico anterior o iBZ

o

jornal da liacutengua solta desenvolvido pelos proacuteprios acadecircmicos deste PEC natildeo resultasse de

maneira positiva Criado em maio de 2007 e ainda em circulaccedilatildeo mensal o iBZ inseriu-se no

meio acadecircmico para utilizar o humor dentro do jornalismo trazendo a partir da banalidade de

assuntos tatildeo corriqueiros do dia-a-dia de uma faculdade pontos de vistas satiacutericos

humoriacutesticos e criacuteticos que despertaram atenccedilatildeo e assiduidade do puacuteblico leitor Aos poucos

o iBZ foi ganhou um puacuteblico fiel ateacute receber indicaccedilotildees para o precircmio na categoria de

Jornalismo Opinativo na ediccedilatildeo 2008 do Intercom Sul E sem estes avanccedilos e resultados o

jornal Barriga hoje natildeo estaria no papel como PEC

Eacute sobre este pensamento na tentativa de corromper a banalidade dos acontecimentos e

converte-los em opiniatildeo criacutetica humoriacutestica e principalmente o humor3 por si soacute o Barriga

surge como um produto jornaliacutestico diferenciado em Blumenau Um veiacuteculo que como os

jornais da cidade tecircm o objetivo de estar sempre agrave procura da verdade mas que ainda natildeo

estaacute exposta de maneira humoriacutestica

3 Para o emprego da palavra humor que percorreraacute por este projeto acadecircmico temos como principal referecircncia Torelly (apud SOOacute 1984 p 90) onde cita que o humor consiste em mostrar o outro lado das coisas O lado que a sociedade natildeo vecirc poreacutem sente Ainda natildeo usando o humor apenas sobre assuntos fuacuteteis mas sim covertendo-o agrave capacidade de retratar ateacute e miseacuteria com leveza

12

4 OBJETIVOS

41 OBJETIVO GERAL

Este presente projeto acadecircmico tem como objetivo geral primeiramente se

contextualizar dentro de uma breve histoacuteria sobre o jornalismo humoriacutestico no Brasil que

influenciaram de certo modo sua criaccedilatildeo Apoacutes a contextualizaccedilatildeo representar o humor

dentro do jornalismo opinativo dando aos fatos um novo ponto vista

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Fornecer aos leitores da miacutedia impressa blumenauense uma alternativa sobre as

publicaccedilotildees existentes no municiacutepio

Inovar como produto jornaliacutestico dentre os que circulam na regiatildeo criando um

ponto de vista singular sobre acontecimentos jaacute divulgados ou natildeo pela miacutedia

Trazer novos assuntos a puacuteblico de maneira humoriacutestica

13

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO

O bom humor eacute incompatiacutevel com a crueldade (Voltaire)

Para que seja compreendida a existecircncia de um jornal humoriacutestico em Blumenau eacute

inegaacutevel a necessidade um resgate histoacuterico sobre os principais expoentes desta diferente

maneira de transformar acontecimentos em opiniatildeo e ainda transmitir o humor Poreacutem natildeo

cabe a este PEC a funccedilatildeo de um minucioso detalhamento sobre a infinidade de publicaccedilotildees

jornaliacutesticas e humoriacutesticas que jaacute circulam ou ainda estatildeo circulantes no Brasil Cabe a ele o

dever de retratar suas principais influecircncias e inspiraccedilotildees que deixaram no jornal Barriga a

certeza de que assim como outros meios humoriacutesticos que ganham notabilidade entre o

puacuteblico ele como jornal humoriacutestico tambeacutem pode conseguir o seu espaccedilo na miacutedia local

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA

Fernando Apariacutecio Brinkerhoff Torelly nasceu em Satildeo Leopoldo no Rio Grande do

Sul em 1895 Torelly estudou medicina por dois anos mas seu descomprometimento com as

disciplinas fariam dele um aluno repetente duas vezes num mesmo periacuteodo Aos 21 anos

publicou seu primeiro livro (Pontas de Cigarros) com poesias satiacutericas sobre a falta de

dinheiro4 Mas a proacutepria falta de dinheiro o acabaria obrigando a procurar emprego no

jornalismo do Rio de Janeiro Laacute com um exemplar de O Globo no bolso apresentou-se a

Irineu Marinho que lhe perguntou o que sabia fazer Tudo respondeu Apariacutecio desde

varrer redaccedilatildeo ateacute dirigir jornal 5 Marinho se simpatizou com o jovem gauacutecho depois de ler

umas de suas crocircnicas humoriacutesticas e o contratou A primeira dessas crocircnicas foi publicada

logo no dia seguinte na capa de O Globo (SOOacute 1984)

Em 1926 parodiando o jornal A Manhatilde que era um dos mais influentes da eacutepoca

Torelly resolveu lanccedilar A Manha um singulariacutessimo jornal humoriacutestico como aponta

Sodreacute (2004 p 372)

A linguagem do semanaacuterio de cunho altamente satiacuterico prezava pela diversidade

literaacuteria utilizando-se de sotaques para a produccedilatildeo dos textos como o exemplo da cidade dos

4 No registro de Konder (1986) o fator dinheiro era desprezado pelos poetas da eacutepoca 5 Diaacutelogo reproduzido do jornal digital da ABI (Orgatildeo oficial da Associaccedilatildeo Brasileira da Impresa) set 2007

14

colaboradores que constavam no final do jornal Sand Cadrin (Santa Catarina) e Bordlegro

(Porto Alegre) Socirco (1984 p 46) afirma que este jornal de estilo humoriacutestico foi o primeiro a

ser publicado A Manha era a caricatura dos jornais da eacutepoca e por tabela da proacutepria eacutepoca

Esse tipo de jornalismo nunca fora feito em lugar nenhum Soacute muito mais tarde nos Estados

Unidos no Mad de Harvey Kurztman e no National Lampoon

Devido ao uso do humor o risco maior do jornal estava na produccedilatildeo de sua editoria

poliacutetica atraveacutes da satirizaccedilatildeo de grandes nomes do atual poder da eacutepoca Um exemplo disso

era o Ministro das Relaccedilotildees Exteriores Felix Pacheco que Torelly apelidou-o de Infeacutelix

Peacutechic por usar sempre botinhas bem lustrosas e aparentar um rosto tristonho E com

brincadeiras assim eram corriqueiras as visitas de policiais agrave redaccedilatildeo de A Manha na rua 13

de Maio no Rio de Janeiro fazendo ameaccedilas com o fechamento do jornal Por dificuldades

financeiras entre 1929 e 1930 Torelly se viu obrigado a circular seu jornal como anexo do

Diaacuterio da Noite de Assis Chateaubriand gozando a popularidade que alcanccedilara mesmo antes

de ser autonomeado como Baratildeo de Itarareacute nome que marcaria sua carreira conforme explica

Konder (1983 p17)

Em outubro de 1930 as forccedilas reunidas em torno da Alianccedila Liberal se sublevaram sob a lideranccedila de Getuacutelio Vargas A Batalha decisiva deveria se travar em Itarareacute mas natildeo chegou a ocorrer porque Washington Luiacutes foi deposto por seus proacuteprios auxiliares [] Um ano apoacutes a revoluccedilatildeo vitoriosa o humorista se concedeu o tiacutetulo de Duque de Itarareacute anunciando em seu jornal que a concessatildeo estava sendo feita a uma personalidade de excepcional valor que se distinguiu no campo de batalha Algumas semanas depois rebaixou seu tiacutetulo para Baratildeo de Itarareacute como prova de modeacutestia

Em 1934 surge ao jaacute Baratildeo de Itarareacute a possibilidade de dirigir o Jornal do Povo O

periacuteodo era conturbado pelo movimento intregralista6 Sodreacute (2004 p 379) reforccedila esta

posiccedilatildeo poliacutetica da eacutepoca Tratava-se aqui de seguir a receita amarga e por isso surgira o

integralismo cujo palavroso e falso apelo ao nacionalismo embalava os incautos O

tratamento dado aos assalariados era duro inclusive na imprensa []

Diante desta censura o Baratildeo ainda sofreu severas repressotildees Em entrevista Morel (

apud SODRE 2004 p 379) esclarece um dos casos

6 Movimento poliacutetico brasileiro baseado nos moldes fascistas fundado em 1932 in Dicionaacuterio Aureacutelio

15

Um jornalista imperava na cidade Era Apariacutecio Torelly o popular Baratildeo de Itarareacute agrave frente de valente equipe no jornal do Povo Anunciou dez reportagens sensacionais sobre a vida de Joatildeo Cacircndido7 Saiacuteram duas Na terceira o conhecido homem da imprensa foi sequumlestrado por oficiais da Marinha e conduzido ateacute a Barra da Tijuca onde sofreu vexames Foi por isto certamente que o Baratildeo mandou escrever na porta da redaccedilatildeo Entre sem bater

Em 1935 o Baratildeo de Itarareacute eacute preso na colheita pela onda de repressatildeo que se

desencadeou pelo golpe militar comunista A partir deste periacuteodo Torelly acabou passando

um ano e meio preso chegando a conhecer o escritor alagoano Graciliano Ramos sendo

citado em Memoacuterias do Caacutercere como aparentemente alegre

A Manha apenas reaparece em 1945 trazendo o mesmo sucesso de puacuteblico que

alcanccedilara em 1926 e 1935 O jornal contava somente com a ajuda financeira de Arnon de

Melo8 como tambeacutem a colaboraccedilatildeo de grandes escritores como o maior expoente da literatura

regionalista Joseacute Lins do Rego e nomes como Aacutelvaro Moreyra9 Marques Rebelo10 e Rubem

Braga11

O sucesso da republicaccedilatildeo foi tamanho que dois anos apoacutes em 1947 o Baratildeo foi o

oitavo12 vereador mais votado do Rio de Janeiro assumindo a Cacircmara pelo Partido

Comunista Brasileiro

Novamente sem conseguir manter o seu jornal por questotildees financeiras e agora com o

agravamento de seu estado de sauacutede13 o Baratildeo de Itarareacute publicou entre 1949 e 1955 trecircs

almanaques de o A Manha o Almanhaque

Doente o Baratildeo viveu em um pequeno apartamento no Rio de Janeiro para estudar

matemaacutetica e se dedicar agrave biocircnica que aparecera como nova ciecircncia ateacute falecer em 27 de

novembro de 1971 aos 76 anos Apesar do pioneirismo do Baratildeo de Itarareacute no humor dentro

do jornalismo Konder (1986 p81) afirma o esquecimento popular sobre o humorista

Hoje o Baratildeo estaacute praticamente esquecido Apenas meia duacutezia de baranoacutefilos e plagiaacuterios sabem dele Numa dessas injusticcedilas tatildeo comuns eacute mais conhecido pelo que haacute de pior nos seus livros O Baratildeo precisaria duma antologia cuidadosa Edmar Morel pensou em fazer O Forturna e o Jaguar tambeacutem Mas natildeo deu certo

7 Militar brasileiro liacuteder da Revolta da Chibata Para mais informaccedilotildees sugerimos o acesso ao httpwwwovermundocombroverblogjoao-candido-o-almirante-negro site colaborativo gerenciado pelo socioacutelogo Hermano Vianna 8 Ex-governador de Alagoas pai do ex-presidente Fernando Collor de Melo 9 Poeta cronista e jornalista brasileiro 10 Escritor e jornalista brasileiro 11 Escritor brasileiro e lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros 12 Naquele momento denuacutencias na imprensa apontavam atos criminosos de alguns comerciantes que misturavam aacutegua ao leite aumentando a quantidade do produto a ser vendido Dentro desse contexto o Baratildeo fez sua campanha vitoriosa e bem-humorada com o slogan Mais aacutegua e mais leite Mas menos agravegua no leite

13 Neste caso se deve agraves complicaccedilotildees respiratoacuterias

16

Mesmo diante do esquecimento popular eacute merecido ressaltar dentro deste PEC a

importacircncia das publicaccedilotildees empenho e dedicaccedilatildeo do Baratildeo de Itarareacute em dar a populaccedilatildeo

olhos capazes de ler o que nem todos veem Olhos que atraveacutes do humor enxergavam

princiacutepios democraacuteticos e do mais legiacutetimo direito agrave expressatildeo

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR

Por sua proacutepria natureza o humor eacute uma forccedila desinibidora libertaacuteria Em suas expressotildees mais desenvolvidas ele nos ajuda a perceber as ambiguumlidades da condiccedilatildeo humana as contradiccedilotildees disfarccediladas os anseios e insatisfaccedilotildees

(Leandro Konder)

Entre 1964 e 1980 periacuteodo em que a ditadura militar governou o Brasil dentro do mais

duro regime poliacutetico cerca de 150 jornais alternativos foram criados como forma de oposiccedilatildeo

ao poder (KUCINSKI 2003) Mas mesmo entre todo este montante de perioacutedicos poucos

sobreviveram a tempo de se tornarem nacionalmente conhecidos

Entre eles alguns se destacaram por seu humor a revista Pif-Paf14 de Millocircr

Fernandes o jornal O Pato Macho15 de Luiz Fernando Veriacutessimo e O Pasquim de Tarso de

Castro que atingiu dentro da linha do jornalismo humoriacutestico picos com tiragem de ateacute 225

mil exemplares marcando-o como jornal expoente na classe tida como imprensa alternativa

ou nanica16 Para Kucinski (2003 p 15) o jornal ainda foi aleacutem do humor O Pasquim

mudou haacutebitos e valores empolgando jovens e adolescentes nos anos 1970 em especial nas

cidades interioranas que haviam florescido durante o milagre econocircmico encapsuladas numa

moral provinciana

Para se opor agrave ditadura militar agrave classe meacutedia regida por conceitos morais e agrave grande

imprensa17 devido agrave censura o espiacuterito de O Pasquim seguia por correntes filosoacuteficas como o

existencialismo de Jean Paul-Sartre e a contra-cultura norte-americana do fim dos anos

14 Nos registros de Strelow (2009 p 11) o Pato Macho foi o primeiro jornal rio-grandense a sofrer a censura preacutevia 15 No registro histoacuterico de Kucinski (2003 p 437 ) Pif-Paf foi o primeiro perioacutedico a ser criado como oposiccedilatildeo agrave ditadura militar no Brasil 16 BELTRAtildeO Luiz (1980 p 37) cita o nome de nanica pelo motivo de a maioria dos jornais alternativos possuiacuterem na eacutepoca o tamanho tabloacuteide 17 Sodreacute (2004 p 275) afirma que o surgimento da grande imprensa no Brasil ocorre de maneira natural devido a ascensatildeo burguesa ao avanccedilo das relaccedilotildees capitalistas tornando o jornal capitalista e claramente objetivando a lucratividade

17

196018 Na mistura destas duas influecircncias mais o desejo ser um jornal independente O

Pasquim alcanccedilava o populismo de maneira raacutepida jaacute na sua 26deg ediccedilatildeo com a marca de 200

mil exemplares vendidos

Com este avanccedilo em 1969 o jornal comeccedilava a tomar o espaccedilo das revistas nas

bancas trazendo longas reportagens e entrevistas Entre elas o marcante entrevista da atriz

Leila Diniz que falava abertamente sobre sexo resultando natildeo soacute na ediccedilatildeo mais vendido da

histoacuteria do jornal mas tambeacutem no decreto que instalou a censura preacutevia19 no paiacutes

Mas mesmo sob as normas da censura preacutevia jaacute instalada no paiacutes a continuidade das

publicaccedilotildees de O Pasquim natildeo foram interrompidas nem apoacutes a invasatildeo dos policiais do DOI-

CODI20 na redaccedilatildeo do jornal em 1deg de novembro de 1970 Na ocasiatildeo Tarso de Castro

conseguiu fugir e continuou editando o jornal clandestinamente refugiado em uma casa ao

lado da redaccedilatildeo e a usando como escritoacuterio Ziraldo (1977 apud KUCINSKI 2003 p 218)

um dos editores do Pasquim na eacutepoca daacute mais detalhes sobre o acontecimento

Houve vaacuterias batidas em O Pasquim e a poliacutecia levou muitos documentos mas a mais seacuteria foi a que os levou presos ao departamento aeacutereo terrestre da Vila Militar ocupado pelo DOI-CODI Foram presos no fechamento de madrugada Joseacute Grossi Ziraldo Paulo Garcez Fortuna e Luiacutes Carlos Maciel Prenderam em casa o Francis Millocircr natildeo estava em casa quando foram prendecirc-lo Os outros receberam proposta da poliacutecia para se entregarem em troca de libertaccedilatildeo dos que jaacute estavam presos Numa reuniatildeo Jaguar e Seacutergio Cabral concordaram em se entregar Millocircr natildeo estava presente Queriam prender tambeacutem a Leila Diniz Quem abrigou-a foi o Flaacutevio Cavalcanti Era tudo coisa do falso puritanismo Achavam que a entrevista da Leila visava destruir a famiacutelia Quando os militares viram a grana nos talotildees de cheque pensaram que O Pasquim recebia dinheiro de Cuba

Natildeo seriam acontecimentos como este que dariam fim ao O Pasquim poreacutem as

tiragens caiacuteram de maneira preocupante devido agrave censura e muitos jornaleiros se recusaram a

continuar vendendo O Pasquim jaacute que sofriam ameaccedilas do governo militar que podiam

fechar o estabelecimento se assim o vissem necessaacuterios A publicidade dentro de O Pasquim

tambeacutem caiu chegando agrave zero

18 Op cit Kucinski (2003 p 209) 19 A censura preacutevia natildeo soacute foi executada sobre O Pasquim mas por todos os jornais em que o regime militar visse necessaacuterio no paiacutes 20 Oacutergatildeo de inteligecircncia e repressatildeo do governo brasileiro na eacutepoca

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

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69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 9: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

9

2 INTRODUCcedilAtildeO

Registros apontam que somente sete jornais de caraacuteter humoriacutestico tenham surgido na

histoacuteria da imprensa em Blumenau Santa Catarina Ainda que tenha existido um nuacutemero

consideraacutevel de jornais carnavalescos editados anualmente a fim de entreter o puacuteblico no

tempo festivo que antecedia a quarta-feira de cinzas ambos os tipos de jornais natildeo

ultrapassaram o ano de 1938 quando a II Guerra Mundial pairou sobre o mundo

Apesar de desconhecida esta informaccedilatildeo por noacutes quando demos iniacutecio a este Projeto

Experimental em Comunicaccedilatildeo (PEC)1 dispusemo-nos mesmo assim agrave criaccedilatildeo de um jornal

humoriacutestico cuja proposta estaacute em levar informaccedilatildeo com estilo irreverente ao puacuteblico-leitor

blumenauense Mas atraveacutes do dado histoacuterico que apontamos uma outra missatildeo surgiu a

nossa frente trazer de volta agrave Blumenau sua veia humoriacutestica talvez apagada pela proacutepria

auto-censura dos habitantes apoacutes o periacuteodo de guerras

Embora o humor seja considerado por noacutes o principal atrativo aos leitores ao jornal

humoriacutestico que propomos eacute vaacutelido frisar que a publicaccedilatildeo eacute estruturada atraveacutes das

caracteriacutesticas de um produto jornaliacutestico Portanto exemplos dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (2004) como a Proximidade que eacute capaz de tornar o leitor como parte

do contexto explorado o Interessa Pessoal que daacute sentido de relevacircncia agrave mateacuteria sob olhos

do puacuteblico consumidor e evidentemente o Humor vatildeo ao encontro da proposta deste PEC

aleacutem de temas como o jornalismo opinativo e a eacutetica jornaliacutestica

Ainda que o registro inicial sobre o periacuteodo curto em que publicaccedilotildees humoriacutesticas

aconteceram em Blumenau natildeo revele bons auspiacutecios natildeo se eacute isentada a missatildeo de

transformar o presente PEC talvez um dia em um produto jornaliacutestico2 Mesmo diante do

fato deste Projeto natildeo contar com uma pesquisa de mercado sobre a aceitaccedilatildeo do produto eacute

vaacutelido a ressalva que natildeo faz parte de seus objetivos a suposiccedilatildeo de um produto bem aceito

Mas sim a demonstraccedilatildeo praacutetica de um caminho diferente para a conduccedilatildeo da notiacutecia e

opiniatildeo Um caminho exercido atraveacutes do humor

1 A partir desta explicaccedilatildeo os acadecircmicos optam por usar ao longo deste memorial apenas a sigla PEC como referecircncia a Projeto Experimental em Comunicaccedilatildeo

2 Os acadecircmicos tem com isto total consciecircncia de que uma pesquisa de aceitaccedilatildeo de mercado se faz necessaacuteria neste caso

10

3 JUSTIFICATIVA

Como jaacute relatado na Introduccedilatildeo deste PEC poucos satildeo os registros de jornais

humoriacutesticos que circularam por tempos duradouros na cidade de Blumenau (SC) Dentro da

miacutedia impressa o humor esteve dentro de jornais estudantis poliacuteticos e publicaccedilotildees

carnavalescas que durante o iniacutecio do seacuteculo XX surgiram e desapareceram entre um trocar

de ano e outro Mas efecircmeros ou natildeo como o Die Shnauze surgido na deacutecada de 1920 em

Blumenau publicaccedilotildees como estas funcionavam como eficiente meio opinativo e de

entretenimento ao puacuteblico leitor conforme eacute descrito por Silva (1970 p44)

Ecircste foi sem duacutevida o mais interessante o de vida mais longa e mais temido jornal carnavalesco publicado em Blumenau [] Muito bem escrito e bem impresso o seu aparecimento era sempre ansiosamente esperado Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas []

Como o Die Schnauze que prezava por bons textos criacuteticas concretas e o bom-humor

o jornal Barriga surge a partir da ideacuteia de investir em um produto jornaliacutestico diferenciado e

ainda atraveacutes do humor revelar possibilidades de ir aleacutem da notiacutecia factual pertencente agrave

linha editorial dos jornais blumenauenses Como um meio de comunicaccedilatildeo diferente na

regiatildeo o Barriga nasce para preencher a lacuna de um mercado inexistente o do humor que eacute

ausente no Vale do Itajaiacute e ainda sem se limitar agraves pequenas charges e colunas satiacutericas

conforme podem ser acompanhadas em editorias especiacuteficas dos principais jornais da cidade

Atualmente o espaccedilo para o humor eacute restrito nestes jornais Quando encontrado o

humor estaacute presente nas charges e nos espaccedilos dedicados aos colunistas Entre os colunistas

citamos Ostermann (2009 p 3) como um dos que mais comumente se utiliza do humor em

suas notas geralmente acompanhadas de certa ironia

Nossos poliacuteticos federais pretendem acabar com a tal verba indenizatoacuteria um salaacuterio (dos bons) que recebem por fora a tiacutetulo do ressarcimento de despesas com aluguel manutenccedilatildeo de escritoacuterios e locaccedilatildeo entre outras O jeito de acabar com o privileacutegio poreacutem daacute nos nervos a sugestatildeo mais em voga eacute de incorporaacute-la aos seus salaacuterios Natildeo satildeo umas gracinhas

Diferente destes jornais que utilizam o humor de maneira setorizada o PEC de um

jornal humoriacutestico como o Barriga se diferencia dos mesmos devido agrave sua caracteriacutestica de

retratar o humor por entre todas as paacuteginas de produccedilatildeo textual Mas como possivelmente

tambeacutem eacute de objetivo dos atuais jornais circulantes em Blumenau um de seus propoacutesitos estaacute

11

em fomentar o debate puacuteblico sobre os acontecimentos circulantes na regiatildeo fornecendo ao

puacuteblico um ponto de vista humoriacutestico ao tratar os assuntos aleacutem da banalidade Assuntos

que possivelmente jaacute circularam na miacutedia em geral ou natildeo

E eacute sobre a banalidade que se encontra um desafio A ideacuteia de desenvolver o Barriga

jamais teria chegado ateacute aqui se a experiecircncia de um jornal humoriacutestico anterior o iBZ

o

jornal da liacutengua solta desenvolvido pelos proacuteprios acadecircmicos deste PEC natildeo resultasse de

maneira positiva Criado em maio de 2007 e ainda em circulaccedilatildeo mensal o iBZ inseriu-se no

meio acadecircmico para utilizar o humor dentro do jornalismo trazendo a partir da banalidade de

assuntos tatildeo corriqueiros do dia-a-dia de uma faculdade pontos de vistas satiacutericos

humoriacutesticos e criacuteticos que despertaram atenccedilatildeo e assiduidade do puacuteblico leitor Aos poucos

o iBZ foi ganhou um puacuteblico fiel ateacute receber indicaccedilotildees para o precircmio na categoria de

Jornalismo Opinativo na ediccedilatildeo 2008 do Intercom Sul E sem estes avanccedilos e resultados o

jornal Barriga hoje natildeo estaria no papel como PEC

Eacute sobre este pensamento na tentativa de corromper a banalidade dos acontecimentos e

converte-los em opiniatildeo criacutetica humoriacutestica e principalmente o humor3 por si soacute o Barriga

surge como um produto jornaliacutestico diferenciado em Blumenau Um veiacuteculo que como os

jornais da cidade tecircm o objetivo de estar sempre agrave procura da verdade mas que ainda natildeo

estaacute exposta de maneira humoriacutestica

3 Para o emprego da palavra humor que percorreraacute por este projeto acadecircmico temos como principal referecircncia Torelly (apud SOOacute 1984 p 90) onde cita que o humor consiste em mostrar o outro lado das coisas O lado que a sociedade natildeo vecirc poreacutem sente Ainda natildeo usando o humor apenas sobre assuntos fuacuteteis mas sim covertendo-o agrave capacidade de retratar ateacute e miseacuteria com leveza

12

4 OBJETIVOS

41 OBJETIVO GERAL

Este presente projeto acadecircmico tem como objetivo geral primeiramente se

contextualizar dentro de uma breve histoacuteria sobre o jornalismo humoriacutestico no Brasil que

influenciaram de certo modo sua criaccedilatildeo Apoacutes a contextualizaccedilatildeo representar o humor

dentro do jornalismo opinativo dando aos fatos um novo ponto vista

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Fornecer aos leitores da miacutedia impressa blumenauense uma alternativa sobre as

publicaccedilotildees existentes no municiacutepio

Inovar como produto jornaliacutestico dentre os que circulam na regiatildeo criando um

ponto de vista singular sobre acontecimentos jaacute divulgados ou natildeo pela miacutedia

Trazer novos assuntos a puacuteblico de maneira humoriacutestica

13

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO

O bom humor eacute incompatiacutevel com a crueldade (Voltaire)

Para que seja compreendida a existecircncia de um jornal humoriacutestico em Blumenau eacute

inegaacutevel a necessidade um resgate histoacuterico sobre os principais expoentes desta diferente

maneira de transformar acontecimentos em opiniatildeo e ainda transmitir o humor Poreacutem natildeo

cabe a este PEC a funccedilatildeo de um minucioso detalhamento sobre a infinidade de publicaccedilotildees

jornaliacutesticas e humoriacutesticas que jaacute circulam ou ainda estatildeo circulantes no Brasil Cabe a ele o

dever de retratar suas principais influecircncias e inspiraccedilotildees que deixaram no jornal Barriga a

certeza de que assim como outros meios humoriacutesticos que ganham notabilidade entre o

puacuteblico ele como jornal humoriacutestico tambeacutem pode conseguir o seu espaccedilo na miacutedia local

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA

Fernando Apariacutecio Brinkerhoff Torelly nasceu em Satildeo Leopoldo no Rio Grande do

Sul em 1895 Torelly estudou medicina por dois anos mas seu descomprometimento com as

disciplinas fariam dele um aluno repetente duas vezes num mesmo periacuteodo Aos 21 anos

publicou seu primeiro livro (Pontas de Cigarros) com poesias satiacutericas sobre a falta de

dinheiro4 Mas a proacutepria falta de dinheiro o acabaria obrigando a procurar emprego no

jornalismo do Rio de Janeiro Laacute com um exemplar de O Globo no bolso apresentou-se a

Irineu Marinho que lhe perguntou o que sabia fazer Tudo respondeu Apariacutecio desde

varrer redaccedilatildeo ateacute dirigir jornal 5 Marinho se simpatizou com o jovem gauacutecho depois de ler

umas de suas crocircnicas humoriacutesticas e o contratou A primeira dessas crocircnicas foi publicada

logo no dia seguinte na capa de O Globo (SOOacute 1984)

Em 1926 parodiando o jornal A Manhatilde que era um dos mais influentes da eacutepoca

Torelly resolveu lanccedilar A Manha um singulariacutessimo jornal humoriacutestico como aponta

Sodreacute (2004 p 372)

A linguagem do semanaacuterio de cunho altamente satiacuterico prezava pela diversidade

literaacuteria utilizando-se de sotaques para a produccedilatildeo dos textos como o exemplo da cidade dos

4 No registro de Konder (1986) o fator dinheiro era desprezado pelos poetas da eacutepoca 5 Diaacutelogo reproduzido do jornal digital da ABI (Orgatildeo oficial da Associaccedilatildeo Brasileira da Impresa) set 2007

14

colaboradores que constavam no final do jornal Sand Cadrin (Santa Catarina) e Bordlegro

(Porto Alegre) Socirco (1984 p 46) afirma que este jornal de estilo humoriacutestico foi o primeiro a

ser publicado A Manha era a caricatura dos jornais da eacutepoca e por tabela da proacutepria eacutepoca

Esse tipo de jornalismo nunca fora feito em lugar nenhum Soacute muito mais tarde nos Estados

Unidos no Mad de Harvey Kurztman e no National Lampoon

Devido ao uso do humor o risco maior do jornal estava na produccedilatildeo de sua editoria

poliacutetica atraveacutes da satirizaccedilatildeo de grandes nomes do atual poder da eacutepoca Um exemplo disso

era o Ministro das Relaccedilotildees Exteriores Felix Pacheco que Torelly apelidou-o de Infeacutelix

Peacutechic por usar sempre botinhas bem lustrosas e aparentar um rosto tristonho E com

brincadeiras assim eram corriqueiras as visitas de policiais agrave redaccedilatildeo de A Manha na rua 13

de Maio no Rio de Janeiro fazendo ameaccedilas com o fechamento do jornal Por dificuldades

financeiras entre 1929 e 1930 Torelly se viu obrigado a circular seu jornal como anexo do

Diaacuterio da Noite de Assis Chateaubriand gozando a popularidade que alcanccedilara mesmo antes

de ser autonomeado como Baratildeo de Itarareacute nome que marcaria sua carreira conforme explica

Konder (1983 p17)

Em outubro de 1930 as forccedilas reunidas em torno da Alianccedila Liberal se sublevaram sob a lideranccedila de Getuacutelio Vargas A Batalha decisiva deveria se travar em Itarareacute mas natildeo chegou a ocorrer porque Washington Luiacutes foi deposto por seus proacuteprios auxiliares [] Um ano apoacutes a revoluccedilatildeo vitoriosa o humorista se concedeu o tiacutetulo de Duque de Itarareacute anunciando em seu jornal que a concessatildeo estava sendo feita a uma personalidade de excepcional valor que se distinguiu no campo de batalha Algumas semanas depois rebaixou seu tiacutetulo para Baratildeo de Itarareacute como prova de modeacutestia

Em 1934 surge ao jaacute Baratildeo de Itarareacute a possibilidade de dirigir o Jornal do Povo O

periacuteodo era conturbado pelo movimento intregralista6 Sodreacute (2004 p 379) reforccedila esta

posiccedilatildeo poliacutetica da eacutepoca Tratava-se aqui de seguir a receita amarga e por isso surgira o

integralismo cujo palavroso e falso apelo ao nacionalismo embalava os incautos O

tratamento dado aos assalariados era duro inclusive na imprensa []

Diante desta censura o Baratildeo ainda sofreu severas repressotildees Em entrevista Morel (

apud SODRE 2004 p 379) esclarece um dos casos

6 Movimento poliacutetico brasileiro baseado nos moldes fascistas fundado em 1932 in Dicionaacuterio Aureacutelio

15

Um jornalista imperava na cidade Era Apariacutecio Torelly o popular Baratildeo de Itarareacute agrave frente de valente equipe no jornal do Povo Anunciou dez reportagens sensacionais sobre a vida de Joatildeo Cacircndido7 Saiacuteram duas Na terceira o conhecido homem da imprensa foi sequumlestrado por oficiais da Marinha e conduzido ateacute a Barra da Tijuca onde sofreu vexames Foi por isto certamente que o Baratildeo mandou escrever na porta da redaccedilatildeo Entre sem bater

Em 1935 o Baratildeo de Itarareacute eacute preso na colheita pela onda de repressatildeo que se

desencadeou pelo golpe militar comunista A partir deste periacuteodo Torelly acabou passando

um ano e meio preso chegando a conhecer o escritor alagoano Graciliano Ramos sendo

citado em Memoacuterias do Caacutercere como aparentemente alegre

A Manha apenas reaparece em 1945 trazendo o mesmo sucesso de puacuteblico que

alcanccedilara em 1926 e 1935 O jornal contava somente com a ajuda financeira de Arnon de

Melo8 como tambeacutem a colaboraccedilatildeo de grandes escritores como o maior expoente da literatura

regionalista Joseacute Lins do Rego e nomes como Aacutelvaro Moreyra9 Marques Rebelo10 e Rubem

Braga11

O sucesso da republicaccedilatildeo foi tamanho que dois anos apoacutes em 1947 o Baratildeo foi o

oitavo12 vereador mais votado do Rio de Janeiro assumindo a Cacircmara pelo Partido

Comunista Brasileiro

Novamente sem conseguir manter o seu jornal por questotildees financeiras e agora com o

agravamento de seu estado de sauacutede13 o Baratildeo de Itarareacute publicou entre 1949 e 1955 trecircs

almanaques de o A Manha o Almanhaque

Doente o Baratildeo viveu em um pequeno apartamento no Rio de Janeiro para estudar

matemaacutetica e se dedicar agrave biocircnica que aparecera como nova ciecircncia ateacute falecer em 27 de

novembro de 1971 aos 76 anos Apesar do pioneirismo do Baratildeo de Itarareacute no humor dentro

do jornalismo Konder (1986 p81) afirma o esquecimento popular sobre o humorista

Hoje o Baratildeo estaacute praticamente esquecido Apenas meia duacutezia de baranoacutefilos e plagiaacuterios sabem dele Numa dessas injusticcedilas tatildeo comuns eacute mais conhecido pelo que haacute de pior nos seus livros O Baratildeo precisaria duma antologia cuidadosa Edmar Morel pensou em fazer O Forturna e o Jaguar tambeacutem Mas natildeo deu certo

7 Militar brasileiro liacuteder da Revolta da Chibata Para mais informaccedilotildees sugerimos o acesso ao httpwwwovermundocombroverblogjoao-candido-o-almirante-negro site colaborativo gerenciado pelo socioacutelogo Hermano Vianna 8 Ex-governador de Alagoas pai do ex-presidente Fernando Collor de Melo 9 Poeta cronista e jornalista brasileiro 10 Escritor e jornalista brasileiro 11 Escritor brasileiro e lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros 12 Naquele momento denuacutencias na imprensa apontavam atos criminosos de alguns comerciantes que misturavam aacutegua ao leite aumentando a quantidade do produto a ser vendido Dentro desse contexto o Baratildeo fez sua campanha vitoriosa e bem-humorada com o slogan Mais aacutegua e mais leite Mas menos agravegua no leite

13 Neste caso se deve agraves complicaccedilotildees respiratoacuterias

16

Mesmo diante do esquecimento popular eacute merecido ressaltar dentro deste PEC a

importacircncia das publicaccedilotildees empenho e dedicaccedilatildeo do Baratildeo de Itarareacute em dar a populaccedilatildeo

olhos capazes de ler o que nem todos veem Olhos que atraveacutes do humor enxergavam

princiacutepios democraacuteticos e do mais legiacutetimo direito agrave expressatildeo

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR

Por sua proacutepria natureza o humor eacute uma forccedila desinibidora libertaacuteria Em suas expressotildees mais desenvolvidas ele nos ajuda a perceber as ambiguumlidades da condiccedilatildeo humana as contradiccedilotildees disfarccediladas os anseios e insatisfaccedilotildees

(Leandro Konder)

Entre 1964 e 1980 periacuteodo em que a ditadura militar governou o Brasil dentro do mais

duro regime poliacutetico cerca de 150 jornais alternativos foram criados como forma de oposiccedilatildeo

ao poder (KUCINSKI 2003) Mas mesmo entre todo este montante de perioacutedicos poucos

sobreviveram a tempo de se tornarem nacionalmente conhecidos

Entre eles alguns se destacaram por seu humor a revista Pif-Paf14 de Millocircr

Fernandes o jornal O Pato Macho15 de Luiz Fernando Veriacutessimo e O Pasquim de Tarso de

Castro que atingiu dentro da linha do jornalismo humoriacutestico picos com tiragem de ateacute 225

mil exemplares marcando-o como jornal expoente na classe tida como imprensa alternativa

ou nanica16 Para Kucinski (2003 p 15) o jornal ainda foi aleacutem do humor O Pasquim

mudou haacutebitos e valores empolgando jovens e adolescentes nos anos 1970 em especial nas

cidades interioranas que haviam florescido durante o milagre econocircmico encapsuladas numa

moral provinciana

Para se opor agrave ditadura militar agrave classe meacutedia regida por conceitos morais e agrave grande

imprensa17 devido agrave censura o espiacuterito de O Pasquim seguia por correntes filosoacuteficas como o

existencialismo de Jean Paul-Sartre e a contra-cultura norte-americana do fim dos anos

14 Nos registros de Strelow (2009 p 11) o Pato Macho foi o primeiro jornal rio-grandense a sofrer a censura preacutevia 15 No registro histoacuterico de Kucinski (2003 p 437 ) Pif-Paf foi o primeiro perioacutedico a ser criado como oposiccedilatildeo agrave ditadura militar no Brasil 16 BELTRAtildeO Luiz (1980 p 37) cita o nome de nanica pelo motivo de a maioria dos jornais alternativos possuiacuterem na eacutepoca o tamanho tabloacuteide 17 Sodreacute (2004 p 275) afirma que o surgimento da grande imprensa no Brasil ocorre de maneira natural devido a ascensatildeo burguesa ao avanccedilo das relaccedilotildees capitalistas tornando o jornal capitalista e claramente objetivando a lucratividade

17

196018 Na mistura destas duas influecircncias mais o desejo ser um jornal independente O

Pasquim alcanccedilava o populismo de maneira raacutepida jaacute na sua 26deg ediccedilatildeo com a marca de 200

mil exemplares vendidos

Com este avanccedilo em 1969 o jornal comeccedilava a tomar o espaccedilo das revistas nas

bancas trazendo longas reportagens e entrevistas Entre elas o marcante entrevista da atriz

Leila Diniz que falava abertamente sobre sexo resultando natildeo soacute na ediccedilatildeo mais vendido da

histoacuteria do jornal mas tambeacutem no decreto que instalou a censura preacutevia19 no paiacutes

Mas mesmo sob as normas da censura preacutevia jaacute instalada no paiacutes a continuidade das

publicaccedilotildees de O Pasquim natildeo foram interrompidas nem apoacutes a invasatildeo dos policiais do DOI-

CODI20 na redaccedilatildeo do jornal em 1deg de novembro de 1970 Na ocasiatildeo Tarso de Castro

conseguiu fugir e continuou editando o jornal clandestinamente refugiado em uma casa ao

lado da redaccedilatildeo e a usando como escritoacuterio Ziraldo (1977 apud KUCINSKI 2003 p 218)

um dos editores do Pasquim na eacutepoca daacute mais detalhes sobre o acontecimento

Houve vaacuterias batidas em O Pasquim e a poliacutecia levou muitos documentos mas a mais seacuteria foi a que os levou presos ao departamento aeacutereo terrestre da Vila Militar ocupado pelo DOI-CODI Foram presos no fechamento de madrugada Joseacute Grossi Ziraldo Paulo Garcez Fortuna e Luiacutes Carlos Maciel Prenderam em casa o Francis Millocircr natildeo estava em casa quando foram prendecirc-lo Os outros receberam proposta da poliacutecia para se entregarem em troca de libertaccedilatildeo dos que jaacute estavam presos Numa reuniatildeo Jaguar e Seacutergio Cabral concordaram em se entregar Millocircr natildeo estava presente Queriam prender tambeacutem a Leila Diniz Quem abrigou-a foi o Flaacutevio Cavalcanti Era tudo coisa do falso puritanismo Achavam que a entrevista da Leila visava destruir a famiacutelia Quando os militares viram a grana nos talotildees de cheque pensaram que O Pasquim recebia dinheiro de Cuba

Natildeo seriam acontecimentos como este que dariam fim ao O Pasquim poreacutem as

tiragens caiacuteram de maneira preocupante devido agrave censura e muitos jornaleiros se recusaram a

continuar vendendo O Pasquim jaacute que sofriam ameaccedilas do governo militar que podiam

fechar o estabelecimento se assim o vissem necessaacuterios A publicidade dentro de O Pasquim

tambeacutem caiu chegando agrave zero

18 Op cit Kucinski (2003 p 209) 19 A censura preacutevia natildeo soacute foi executada sobre O Pasquim mas por todos os jornais em que o regime militar visse necessaacuterio no paiacutes 20 Oacutergatildeo de inteligecircncia e repressatildeo do governo brasileiro na eacutepoca

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 10: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

10

3 JUSTIFICATIVA

Como jaacute relatado na Introduccedilatildeo deste PEC poucos satildeo os registros de jornais

humoriacutesticos que circularam por tempos duradouros na cidade de Blumenau (SC) Dentro da

miacutedia impressa o humor esteve dentro de jornais estudantis poliacuteticos e publicaccedilotildees

carnavalescas que durante o iniacutecio do seacuteculo XX surgiram e desapareceram entre um trocar

de ano e outro Mas efecircmeros ou natildeo como o Die Shnauze surgido na deacutecada de 1920 em

Blumenau publicaccedilotildees como estas funcionavam como eficiente meio opinativo e de

entretenimento ao puacuteblico leitor conforme eacute descrito por Silva (1970 p44)

Ecircste foi sem duacutevida o mais interessante o de vida mais longa e mais temido jornal carnavalesco publicado em Blumenau [] Muito bem escrito e bem impresso o seu aparecimento era sempre ansiosamente esperado Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas []

Como o Die Schnauze que prezava por bons textos criacuteticas concretas e o bom-humor

o jornal Barriga surge a partir da ideacuteia de investir em um produto jornaliacutestico diferenciado e

ainda atraveacutes do humor revelar possibilidades de ir aleacutem da notiacutecia factual pertencente agrave

linha editorial dos jornais blumenauenses Como um meio de comunicaccedilatildeo diferente na

regiatildeo o Barriga nasce para preencher a lacuna de um mercado inexistente o do humor que eacute

ausente no Vale do Itajaiacute e ainda sem se limitar agraves pequenas charges e colunas satiacutericas

conforme podem ser acompanhadas em editorias especiacuteficas dos principais jornais da cidade

Atualmente o espaccedilo para o humor eacute restrito nestes jornais Quando encontrado o

humor estaacute presente nas charges e nos espaccedilos dedicados aos colunistas Entre os colunistas

citamos Ostermann (2009 p 3) como um dos que mais comumente se utiliza do humor em

suas notas geralmente acompanhadas de certa ironia

Nossos poliacuteticos federais pretendem acabar com a tal verba indenizatoacuteria um salaacuterio (dos bons) que recebem por fora a tiacutetulo do ressarcimento de despesas com aluguel manutenccedilatildeo de escritoacuterios e locaccedilatildeo entre outras O jeito de acabar com o privileacutegio poreacutem daacute nos nervos a sugestatildeo mais em voga eacute de incorporaacute-la aos seus salaacuterios Natildeo satildeo umas gracinhas

Diferente destes jornais que utilizam o humor de maneira setorizada o PEC de um

jornal humoriacutestico como o Barriga se diferencia dos mesmos devido agrave sua caracteriacutestica de

retratar o humor por entre todas as paacuteginas de produccedilatildeo textual Mas como possivelmente

tambeacutem eacute de objetivo dos atuais jornais circulantes em Blumenau um de seus propoacutesitos estaacute

11

em fomentar o debate puacuteblico sobre os acontecimentos circulantes na regiatildeo fornecendo ao

puacuteblico um ponto de vista humoriacutestico ao tratar os assuntos aleacutem da banalidade Assuntos

que possivelmente jaacute circularam na miacutedia em geral ou natildeo

E eacute sobre a banalidade que se encontra um desafio A ideacuteia de desenvolver o Barriga

jamais teria chegado ateacute aqui se a experiecircncia de um jornal humoriacutestico anterior o iBZ

o

jornal da liacutengua solta desenvolvido pelos proacuteprios acadecircmicos deste PEC natildeo resultasse de

maneira positiva Criado em maio de 2007 e ainda em circulaccedilatildeo mensal o iBZ inseriu-se no

meio acadecircmico para utilizar o humor dentro do jornalismo trazendo a partir da banalidade de

assuntos tatildeo corriqueiros do dia-a-dia de uma faculdade pontos de vistas satiacutericos

humoriacutesticos e criacuteticos que despertaram atenccedilatildeo e assiduidade do puacuteblico leitor Aos poucos

o iBZ foi ganhou um puacuteblico fiel ateacute receber indicaccedilotildees para o precircmio na categoria de

Jornalismo Opinativo na ediccedilatildeo 2008 do Intercom Sul E sem estes avanccedilos e resultados o

jornal Barriga hoje natildeo estaria no papel como PEC

Eacute sobre este pensamento na tentativa de corromper a banalidade dos acontecimentos e

converte-los em opiniatildeo criacutetica humoriacutestica e principalmente o humor3 por si soacute o Barriga

surge como um produto jornaliacutestico diferenciado em Blumenau Um veiacuteculo que como os

jornais da cidade tecircm o objetivo de estar sempre agrave procura da verdade mas que ainda natildeo

estaacute exposta de maneira humoriacutestica

3 Para o emprego da palavra humor que percorreraacute por este projeto acadecircmico temos como principal referecircncia Torelly (apud SOOacute 1984 p 90) onde cita que o humor consiste em mostrar o outro lado das coisas O lado que a sociedade natildeo vecirc poreacutem sente Ainda natildeo usando o humor apenas sobre assuntos fuacuteteis mas sim covertendo-o agrave capacidade de retratar ateacute e miseacuteria com leveza

12

4 OBJETIVOS

41 OBJETIVO GERAL

Este presente projeto acadecircmico tem como objetivo geral primeiramente se

contextualizar dentro de uma breve histoacuteria sobre o jornalismo humoriacutestico no Brasil que

influenciaram de certo modo sua criaccedilatildeo Apoacutes a contextualizaccedilatildeo representar o humor

dentro do jornalismo opinativo dando aos fatos um novo ponto vista

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Fornecer aos leitores da miacutedia impressa blumenauense uma alternativa sobre as

publicaccedilotildees existentes no municiacutepio

Inovar como produto jornaliacutestico dentre os que circulam na regiatildeo criando um

ponto de vista singular sobre acontecimentos jaacute divulgados ou natildeo pela miacutedia

Trazer novos assuntos a puacuteblico de maneira humoriacutestica

13

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO

O bom humor eacute incompatiacutevel com a crueldade (Voltaire)

Para que seja compreendida a existecircncia de um jornal humoriacutestico em Blumenau eacute

inegaacutevel a necessidade um resgate histoacuterico sobre os principais expoentes desta diferente

maneira de transformar acontecimentos em opiniatildeo e ainda transmitir o humor Poreacutem natildeo

cabe a este PEC a funccedilatildeo de um minucioso detalhamento sobre a infinidade de publicaccedilotildees

jornaliacutesticas e humoriacutesticas que jaacute circulam ou ainda estatildeo circulantes no Brasil Cabe a ele o

dever de retratar suas principais influecircncias e inspiraccedilotildees que deixaram no jornal Barriga a

certeza de que assim como outros meios humoriacutesticos que ganham notabilidade entre o

puacuteblico ele como jornal humoriacutestico tambeacutem pode conseguir o seu espaccedilo na miacutedia local

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA

Fernando Apariacutecio Brinkerhoff Torelly nasceu em Satildeo Leopoldo no Rio Grande do

Sul em 1895 Torelly estudou medicina por dois anos mas seu descomprometimento com as

disciplinas fariam dele um aluno repetente duas vezes num mesmo periacuteodo Aos 21 anos

publicou seu primeiro livro (Pontas de Cigarros) com poesias satiacutericas sobre a falta de

dinheiro4 Mas a proacutepria falta de dinheiro o acabaria obrigando a procurar emprego no

jornalismo do Rio de Janeiro Laacute com um exemplar de O Globo no bolso apresentou-se a

Irineu Marinho que lhe perguntou o que sabia fazer Tudo respondeu Apariacutecio desde

varrer redaccedilatildeo ateacute dirigir jornal 5 Marinho se simpatizou com o jovem gauacutecho depois de ler

umas de suas crocircnicas humoriacutesticas e o contratou A primeira dessas crocircnicas foi publicada

logo no dia seguinte na capa de O Globo (SOOacute 1984)

Em 1926 parodiando o jornal A Manhatilde que era um dos mais influentes da eacutepoca

Torelly resolveu lanccedilar A Manha um singulariacutessimo jornal humoriacutestico como aponta

Sodreacute (2004 p 372)

A linguagem do semanaacuterio de cunho altamente satiacuterico prezava pela diversidade

literaacuteria utilizando-se de sotaques para a produccedilatildeo dos textos como o exemplo da cidade dos

4 No registro de Konder (1986) o fator dinheiro era desprezado pelos poetas da eacutepoca 5 Diaacutelogo reproduzido do jornal digital da ABI (Orgatildeo oficial da Associaccedilatildeo Brasileira da Impresa) set 2007

14

colaboradores que constavam no final do jornal Sand Cadrin (Santa Catarina) e Bordlegro

(Porto Alegre) Socirco (1984 p 46) afirma que este jornal de estilo humoriacutestico foi o primeiro a

ser publicado A Manha era a caricatura dos jornais da eacutepoca e por tabela da proacutepria eacutepoca

Esse tipo de jornalismo nunca fora feito em lugar nenhum Soacute muito mais tarde nos Estados

Unidos no Mad de Harvey Kurztman e no National Lampoon

Devido ao uso do humor o risco maior do jornal estava na produccedilatildeo de sua editoria

poliacutetica atraveacutes da satirizaccedilatildeo de grandes nomes do atual poder da eacutepoca Um exemplo disso

era o Ministro das Relaccedilotildees Exteriores Felix Pacheco que Torelly apelidou-o de Infeacutelix

Peacutechic por usar sempre botinhas bem lustrosas e aparentar um rosto tristonho E com

brincadeiras assim eram corriqueiras as visitas de policiais agrave redaccedilatildeo de A Manha na rua 13

de Maio no Rio de Janeiro fazendo ameaccedilas com o fechamento do jornal Por dificuldades

financeiras entre 1929 e 1930 Torelly se viu obrigado a circular seu jornal como anexo do

Diaacuterio da Noite de Assis Chateaubriand gozando a popularidade que alcanccedilara mesmo antes

de ser autonomeado como Baratildeo de Itarareacute nome que marcaria sua carreira conforme explica

Konder (1983 p17)

Em outubro de 1930 as forccedilas reunidas em torno da Alianccedila Liberal se sublevaram sob a lideranccedila de Getuacutelio Vargas A Batalha decisiva deveria se travar em Itarareacute mas natildeo chegou a ocorrer porque Washington Luiacutes foi deposto por seus proacuteprios auxiliares [] Um ano apoacutes a revoluccedilatildeo vitoriosa o humorista se concedeu o tiacutetulo de Duque de Itarareacute anunciando em seu jornal que a concessatildeo estava sendo feita a uma personalidade de excepcional valor que se distinguiu no campo de batalha Algumas semanas depois rebaixou seu tiacutetulo para Baratildeo de Itarareacute como prova de modeacutestia

Em 1934 surge ao jaacute Baratildeo de Itarareacute a possibilidade de dirigir o Jornal do Povo O

periacuteodo era conturbado pelo movimento intregralista6 Sodreacute (2004 p 379) reforccedila esta

posiccedilatildeo poliacutetica da eacutepoca Tratava-se aqui de seguir a receita amarga e por isso surgira o

integralismo cujo palavroso e falso apelo ao nacionalismo embalava os incautos O

tratamento dado aos assalariados era duro inclusive na imprensa []

Diante desta censura o Baratildeo ainda sofreu severas repressotildees Em entrevista Morel (

apud SODRE 2004 p 379) esclarece um dos casos

6 Movimento poliacutetico brasileiro baseado nos moldes fascistas fundado em 1932 in Dicionaacuterio Aureacutelio

15

Um jornalista imperava na cidade Era Apariacutecio Torelly o popular Baratildeo de Itarareacute agrave frente de valente equipe no jornal do Povo Anunciou dez reportagens sensacionais sobre a vida de Joatildeo Cacircndido7 Saiacuteram duas Na terceira o conhecido homem da imprensa foi sequumlestrado por oficiais da Marinha e conduzido ateacute a Barra da Tijuca onde sofreu vexames Foi por isto certamente que o Baratildeo mandou escrever na porta da redaccedilatildeo Entre sem bater

Em 1935 o Baratildeo de Itarareacute eacute preso na colheita pela onda de repressatildeo que se

desencadeou pelo golpe militar comunista A partir deste periacuteodo Torelly acabou passando

um ano e meio preso chegando a conhecer o escritor alagoano Graciliano Ramos sendo

citado em Memoacuterias do Caacutercere como aparentemente alegre

A Manha apenas reaparece em 1945 trazendo o mesmo sucesso de puacuteblico que

alcanccedilara em 1926 e 1935 O jornal contava somente com a ajuda financeira de Arnon de

Melo8 como tambeacutem a colaboraccedilatildeo de grandes escritores como o maior expoente da literatura

regionalista Joseacute Lins do Rego e nomes como Aacutelvaro Moreyra9 Marques Rebelo10 e Rubem

Braga11

O sucesso da republicaccedilatildeo foi tamanho que dois anos apoacutes em 1947 o Baratildeo foi o

oitavo12 vereador mais votado do Rio de Janeiro assumindo a Cacircmara pelo Partido

Comunista Brasileiro

Novamente sem conseguir manter o seu jornal por questotildees financeiras e agora com o

agravamento de seu estado de sauacutede13 o Baratildeo de Itarareacute publicou entre 1949 e 1955 trecircs

almanaques de o A Manha o Almanhaque

Doente o Baratildeo viveu em um pequeno apartamento no Rio de Janeiro para estudar

matemaacutetica e se dedicar agrave biocircnica que aparecera como nova ciecircncia ateacute falecer em 27 de

novembro de 1971 aos 76 anos Apesar do pioneirismo do Baratildeo de Itarareacute no humor dentro

do jornalismo Konder (1986 p81) afirma o esquecimento popular sobre o humorista

Hoje o Baratildeo estaacute praticamente esquecido Apenas meia duacutezia de baranoacutefilos e plagiaacuterios sabem dele Numa dessas injusticcedilas tatildeo comuns eacute mais conhecido pelo que haacute de pior nos seus livros O Baratildeo precisaria duma antologia cuidadosa Edmar Morel pensou em fazer O Forturna e o Jaguar tambeacutem Mas natildeo deu certo

7 Militar brasileiro liacuteder da Revolta da Chibata Para mais informaccedilotildees sugerimos o acesso ao httpwwwovermundocombroverblogjoao-candido-o-almirante-negro site colaborativo gerenciado pelo socioacutelogo Hermano Vianna 8 Ex-governador de Alagoas pai do ex-presidente Fernando Collor de Melo 9 Poeta cronista e jornalista brasileiro 10 Escritor e jornalista brasileiro 11 Escritor brasileiro e lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros 12 Naquele momento denuacutencias na imprensa apontavam atos criminosos de alguns comerciantes que misturavam aacutegua ao leite aumentando a quantidade do produto a ser vendido Dentro desse contexto o Baratildeo fez sua campanha vitoriosa e bem-humorada com o slogan Mais aacutegua e mais leite Mas menos agravegua no leite

13 Neste caso se deve agraves complicaccedilotildees respiratoacuterias

16

Mesmo diante do esquecimento popular eacute merecido ressaltar dentro deste PEC a

importacircncia das publicaccedilotildees empenho e dedicaccedilatildeo do Baratildeo de Itarareacute em dar a populaccedilatildeo

olhos capazes de ler o que nem todos veem Olhos que atraveacutes do humor enxergavam

princiacutepios democraacuteticos e do mais legiacutetimo direito agrave expressatildeo

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR

Por sua proacutepria natureza o humor eacute uma forccedila desinibidora libertaacuteria Em suas expressotildees mais desenvolvidas ele nos ajuda a perceber as ambiguumlidades da condiccedilatildeo humana as contradiccedilotildees disfarccediladas os anseios e insatisfaccedilotildees

(Leandro Konder)

Entre 1964 e 1980 periacuteodo em que a ditadura militar governou o Brasil dentro do mais

duro regime poliacutetico cerca de 150 jornais alternativos foram criados como forma de oposiccedilatildeo

ao poder (KUCINSKI 2003) Mas mesmo entre todo este montante de perioacutedicos poucos

sobreviveram a tempo de se tornarem nacionalmente conhecidos

Entre eles alguns se destacaram por seu humor a revista Pif-Paf14 de Millocircr

Fernandes o jornal O Pato Macho15 de Luiz Fernando Veriacutessimo e O Pasquim de Tarso de

Castro que atingiu dentro da linha do jornalismo humoriacutestico picos com tiragem de ateacute 225

mil exemplares marcando-o como jornal expoente na classe tida como imprensa alternativa

ou nanica16 Para Kucinski (2003 p 15) o jornal ainda foi aleacutem do humor O Pasquim

mudou haacutebitos e valores empolgando jovens e adolescentes nos anos 1970 em especial nas

cidades interioranas que haviam florescido durante o milagre econocircmico encapsuladas numa

moral provinciana

Para se opor agrave ditadura militar agrave classe meacutedia regida por conceitos morais e agrave grande

imprensa17 devido agrave censura o espiacuterito de O Pasquim seguia por correntes filosoacuteficas como o

existencialismo de Jean Paul-Sartre e a contra-cultura norte-americana do fim dos anos

14 Nos registros de Strelow (2009 p 11) o Pato Macho foi o primeiro jornal rio-grandense a sofrer a censura preacutevia 15 No registro histoacuterico de Kucinski (2003 p 437 ) Pif-Paf foi o primeiro perioacutedico a ser criado como oposiccedilatildeo agrave ditadura militar no Brasil 16 BELTRAtildeO Luiz (1980 p 37) cita o nome de nanica pelo motivo de a maioria dos jornais alternativos possuiacuterem na eacutepoca o tamanho tabloacuteide 17 Sodreacute (2004 p 275) afirma que o surgimento da grande imprensa no Brasil ocorre de maneira natural devido a ascensatildeo burguesa ao avanccedilo das relaccedilotildees capitalistas tornando o jornal capitalista e claramente objetivando a lucratividade

17

196018 Na mistura destas duas influecircncias mais o desejo ser um jornal independente O

Pasquim alcanccedilava o populismo de maneira raacutepida jaacute na sua 26deg ediccedilatildeo com a marca de 200

mil exemplares vendidos

Com este avanccedilo em 1969 o jornal comeccedilava a tomar o espaccedilo das revistas nas

bancas trazendo longas reportagens e entrevistas Entre elas o marcante entrevista da atriz

Leila Diniz que falava abertamente sobre sexo resultando natildeo soacute na ediccedilatildeo mais vendido da

histoacuteria do jornal mas tambeacutem no decreto que instalou a censura preacutevia19 no paiacutes

Mas mesmo sob as normas da censura preacutevia jaacute instalada no paiacutes a continuidade das

publicaccedilotildees de O Pasquim natildeo foram interrompidas nem apoacutes a invasatildeo dos policiais do DOI-

CODI20 na redaccedilatildeo do jornal em 1deg de novembro de 1970 Na ocasiatildeo Tarso de Castro

conseguiu fugir e continuou editando o jornal clandestinamente refugiado em uma casa ao

lado da redaccedilatildeo e a usando como escritoacuterio Ziraldo (1977 apud KUCINSKI 2003 p 218)

um dos editores do Pasquim na eacutepoca daacute mais detalhes sobre o acontecimento

Houve vaacuterias batidas em O Pasquim e a poliacutecia levou muitos documentos mas a mais seacuteria foi a que os levou presos ao departamento aeacutereo terrestre da Vila Militar ocupado pelo DOI-CODI Foram presos no fechamento de madrugada Joseacute Grossi Ziraldo Paulo Garcez Fortuna e Luiacutes Carlos Maciel Prenderam em casa o Francis Millocircr natildeo estava em casa quando foram prendecirc-lo Os outros receberam proposta da poliacutecia para se entregarem em troca de libertaccedilatildeo dos que jaacute estavam presos Numa reuniatildeo Jaguar e Seacutergio Cabral concordaram em se entregar Millocircr natildeo estava presente Queriam prender tambeacutem a Leila Diniz Quem abrigou-a foi o Flaacutevio Cavalcanti Era tudo coisa do falso puritanismo Achavam que a entrevista da Leila visava destruir a famiacutelia Quando os militares viram a grana nos talotildees de cheque pensaram que O Pasquim recebia dinheiro de Cuba

Natildeo seriam acontecimentos como este que dariam fim ao O Pasquim poreacutem as

tiragens caiacuteram de maneira preocupante devido agrave censura e muitos jornaleiros se recusaram a

continuar vendendo O Pasquim jaacute que sofriam ameaccedilas do governo militar que podiam

fechar o estabelecimento se assim o vissem necessaacuterios A publicidade dentro de O Pasquim

tambeacutem caiu chegando agrave zero

18 Op cit Kucinski (2003 p 209) 19 A censura preacutevia natildeo soacute foi executada sobre O Pasquim mas por todos os jornais em que o regime militar visse necessaacuterio no paiacutes 20 Oacutergatildeo de inteligecircncia e repressatildeo do governo brasileiro na eacutepoca

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 11: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

11

em fomentar o debate puacuteblico sobre os acontecimentos circulantes na regiatildeo fornecendo ao

puacuteblico um ponto de vista humoriacutestico ao tratar os assuntos aleacutem da banalidade Assuntos

que possivelmente jaacute circularam na miacutedia em geral ou natildeo

E eacute sobre a banalidade que se encontra um desafio A ideacuteia de desenvolver o Barriga

jamais teria chegado ateacute aqui se a experiecircncia de um jornal humoriacutestico anterior o iBZ

o

jornal da liacutengua solta desenvolvido pelos proacuteprios acadecircmicos deste PEC natildeo resultasse de

maneira positiva Criado em maio de 2007 e ainda em circulaccedilatildeo mensal o iBZ inseriu-se no

meio acadecircmico para utilizar o humor dentro do jornalismo trazendo a partir da banalidade de

assuntos tatildeo corriqueiros do dia-a-dia de uma faculdade pontos de vistas satiacutericos

humoriacutesticos e criacuteticos que despertaram atenccedilatildeo e assiduidade do puacuteblico leitor Aos poucos

o iBZ foi ganhou um puacuteblico fiel ateacute receber indicaccedilotildees para o precircmio na categoria de

Jornalismo Opinativo na ediccedilatildeo 2008 do Intercom Sul E sem estes avanccedilos e resultados o

jornal Barriga hoje natildeo estaria no papel como PEC

Eacute sobre este pensamento na tentativa de corromper a banalidade dos acontecimentos e

converte-los em opiniatildeo criacutetica humoriacutestica e principalmente o humor3 por si soacute o Barriga

surge como um produto jornaliacutestico diferenciado em Blumenau Um veiacuteculo que como os

jornais da cidade tecircm o objetivo de estar sempre agrave procura da verdade mas que ainda natildeo

estaacute exposta de maneira humoriacutestica

3 Para o emprego da palavra humor que percorreraacute por este projeto acadecircmico temos como principal referecircncia Torelly (apud SOOacute 1984 p 90) onde cita que o humor consiste em mostrar o outro lado das coisas O lado que a sociedade natildeo vecirc poreacutem sente Ainda natildeo usando o humor apenas sobre assuntos fuacuteteis mas sim covertendo-o agrave capacidade de retratar ateacute e miseacuteria com leveza

12

4 OBJETIVOS

41 OBJETIVO GERAL

Este presente projeto acadecircmico tem como objetivo geral primeiramente se

contextualizar dentro de uma breve histoacuteria sobre o jornalismo humoriacutestico no Brasil que

influenciaram de certo modo sua criaccedilatildeo Apoacutes a contextualizaccedilatildeo representar o humor

dentro do jornalismo opinativo dando aos fatos um novo ponto vista

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Fornecer aos leitores da miacutedia impressa blumenauense uma alternativa sobre as

publicaccedilotildees existentes no municiacutepio

Inovar como produto jornaliacutestico dentre os que circulam na regiatildeo criando um

ponto de vista singular sobre acontecimentos jaacute divulgados ou natildeo pela miacutedia

Trazer novos assuntos a puacuteblico de maneira humoriacutestica

13

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO

O bom humor eacute incompatiacutevel com a crueldade (Voltaire)

Para que seja compreendida a existecircncia de um jornal humoriacutestico em Blumenau eacute

inegaacutevel a necessidade um resgate histoacuterico sobre os principais expoentes desta diferente

maneira de transformar acontecimentos em opiniatildeo e ainda transmitir o humor Poreacutem natildeo

cabe a este PEC a funccedilatildeo de um minucioso detalhamento sobre a infinidade de publicaccedilotildees

jornaliacutesticas e humoriacutesticas que jaacute circulam ou ainda estatildeo circulantes no Brasil Cabe a ele o

dever de retratar suas principais influecircncias e inspiraccedilotildees que deixaram no jornal Barriga a

certeza de que assim como outros meios humoriacutesticos que ganham notabilidade entre o

puacuteblico ele como jornal humoriacutestico tambeacutem pode conseguir o seu espaccedilo na miacutedia local

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA

Fernando Apariacutecio Brinkerhoff Torelly nasceu em Satildeo Leopoldo no Rio Grande do

Sul em 1895 Torelly estudou medicina por dois anos mas seu descomprometimento com as

disciplinas fariam dele um aluno repetente duas vezes num mesmo periacuteodo Aos 21 anos

publicou seu primeiro livro (Pontas de Cigarros) com poesias satiacutericas sobre a falta de

dinheiro4 Mas a proacutepria falta de dinheiro o acabaria obrigando a procurar emprego no

jornalismo do Rio de Janeiro Laacute com um exemplar de O Globo no bolso apresentou-se a

Irineu Marinho que lhe perguntou o que sabia fazer Tudo respondeu Apariacutecio desde

varrer redaccedilatildeo ateacute dirigir jornal 5 Marinho se simpatizou com o jovem gauacutecho depois de ler

umas de suas crocircnicas humoriacutesticas e o contratou A primeira dessas crocircnicas foi publicada

logo no dia seguinte na capa de O Globo (SOOacute 1984)

Em 1926 parodiando o jornal A Manhatilde que era um dos mais influentes da eacutepoca

Torelly resolveu lanccedilar A Manha um singulariacutessimo jornal humoriacutestico como aponta

Sodreacute (2004 p 372)

A linguagem do semanaacuterio de cunho altamente satiacuterico prezava pela diversidade

literaacuteria utilizando-se de sotaques para a produccedilatildeo dos textos como o exemplo da cidade dos

4 No registro de Konder (1986) o fator dinheiro era desprezado pelos poetas da eacutepoca 5 Diaacutelogo reproduzido do jornal digital da ABI (Orgatildeo oficial da Associaccedilatildeo Brasileira da Impresa) set 2007

14

colaboradores que constavam no final do jornal Sand Cadrin (Santa Catarina) e Bordlegro

(Porto Alegre) Socirco (1984 p 46) afirma que este jornal de estilo humoriacutestico foi o primeiro a

ser publicado A Manha era a caricatura dos jornais da eacutepoca e por tabela da proacutepria eacutepoca

Esse tipo de jornalismo nunca fora feito em lugar nenhum Soacute muito mais tarde nos Estados

Unidos no Mad de Harvey Kurztman e no National Lampoon

Devido ao uso do humor o risco maior do jornal estava na produccedilatildeo de sua editoria

poliacutetica atraveacutes da satirizaccedilatildeo de grandes nomes do atual poder da eacutepoca Um exemplo disso

era o Ministro das Relaccedilotildees Exteriores Felix Pacheco que Torelly apelidou-o de Infeacutelix

Peacutechic por usar sempre botinhas bem lustrosas e aparentar um rosto tristonho E com

brincadeiras assim eram corriqueiras as visitas de policiais agrave redaccedilatildeo de A Manha na rua 13

de Maio no Rio de Janeiro fazendo ameaccedilas com o fechamento do jornal Por dificuldades

financeiras entre 1929 e 1930 Torelly se viu obrigado a circular seu jornal como anexo do

Diaacuterio da Noite de Assis Chateaubriand gozando a popularidade que alcanccedilara mesmo antes

de ser autonomeado como Baratildeo de Itarareacute nome que marcaria sua carreira conforme explica

Konder (1983 p17)

Em outubro de 1930 as forccedilas reunidas em torno da Alianccedila Liberal se sublevaram sob a lideranccedila de Getuacutelio Vargas A Batalha decisiva deveria se travar em Itarareacute mas natildeo chegou a ocorrer porque Washington Luiacutes foi deposto por seus proacuteprios auxiliares [] Um ano apoacutes a revoluccedilatildeo vitoriosa o humorista se concedeu o tiacutetulo de Duque de Itarareacute anunciando em seu jornal que a concessatildeo estava sendo feita a uma personalidade de excepcional valor que se distinguiu no campo de batalha Algumas semanas depois rebaixou seu tiacutetulo para Baratildeo de Itarareacute como prova de modeacutestia

Em 1934 surge ao jaacute Baratildeo de Itarareacute a possibilidade de dirigir o Jornal do Povo O

periacuteodo era conturbado pelo movimento intregralista6 Sodreacute (2004 p 379) reforccedila esta

posiccedilatildeo poliacutetica da eacutepoca Tratava-se aqui de seguir a receita amarga e por isso surgira o

integralismo cujo palavroso e falso apelo ao nacionalismo embalava os incautos O

tratamento dado aos assalariados era duro inclusive na imprensa []

Diante desta censura o Baratildeo ainda sofreu severas repressotildees Em entrevista Morel (

apud SODRE 2004 p 379) esclarece um dos casos

6 Movimento poliacutetico brasileiro baseado nos moldes fascistas fundado em 1932 in Dicionaacuterio Aureacutelio

15

Um jornalista imperava na cidade Era Apariacutecio Torelly o popular Baratildeo de Itarareacute agrave frente de valente equipe no jornal do Povo Anunciou dez reportagens sensacionais sobre a vida de Joatildeo Cacircndido7 Saiacuteram duas Na terceira o conhecido homem da imprensa foi sequumlestrado por oficiais da Marinha e conduzido ateacute a Barra da Tijuca onde sofreu vexames Foi por isto certamente que o Baratildeo mandou escrever na porta da redaccedilatildeo Entre sem bater

Em 1935 o Baratildeo de Itarareacute eacute preso na colheita pela onda de repressatildeo que se

desencadeou pelo golpe militar comunista A partir deste periacuteodo Torelly acabou passando

um ano e meio preso chegando a conhecer o escritor alagoano Graciliano Ramos sendo

citado em Memoacuterias do Caacutercere como aparentemente alegre

A Manha apenas reaparece em 1945 trazendo o mesmo sucesso de puacuteblico que

alcanccedilara em 1926 e 1935 O jornal contava somente com a ajuda financeira de Arnon de

Melo8 como tambeacutem a colaboraccedilatildeo de grandes escritores como o maior expoente da literatura

regionalista Joseacute Lins do Rego e nomes como Aacutelvaro Moreyra9 Marques Rebelo10 e Rubem

Braga11

O sucesso da republicaccedilatildeo foi tamanho que dois anos apoacutes em 1947 o Baratildeo foi o

oitavo12 vereador mais votado do Rio de Janeiro assumindo a Cacircmara pelo Partido

Comunista Brasileiro

Novamente sem conseguir manter o seu jornal por questotildees financeiras e agora com o

agravamento de seu estado de sauacutede13 o Baratildeo de Itarareacute publicou entre 1949 e 1955 trecircs

almanaques de o A Manha o Almanhaque

Doente o Baratildeo viveu em um pequeno apartamento no Rio de Janeiro para estudar

matemaacutetica e se dedicar agrave biocircnica que aparecera como nova ciecircncia ateacute falecer em 27 de

novembro de 1971 aos 76 anos Apesar do pioneirismo do Baratildeo de Itarareacute no humor dentro

do jornalismo Konder (1986 p81) afirma o esquecimento popular sobre o humorista

Hoje o Baratildeo estaacute praticamente esquecido Apenas meia duacutezia de baranoacutefilos e plagiaacuterios sabem dele Numa dessas injusticcedilas tatildeo comuns eacute mais conhecido pelo que haacute de pior nos seus livros O Baratildeo precisaria duma antologia cuidadosa Edmar Morel pensou em fazer O Forturna e o Jaguar tambeacutem Mas natildeo deu certo

7 Militar brasileiro liacuteder da Revolta da Chibata Para mais informaccedilotildees sugerimos o acesso ao httpwwwovermundocombroverblogjoao-candido-o-almirante-negro site colaborativo gerenciado pelo socioacutelogo Hermano Vianna 8 Ex-governador de Alagoas pai do ex-presidente Fernando Collor de Melo 9 Poeta cronista e jornalista brasileiro 10 Escritor e jornalista brasileiro 11 Escritor brasileiro e lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros 12 Naquele momento denuacutencias na imprensa apontavam atos criminosos de alguns comerciantes que misturavam aacutegua ao leite aumentando a quantidade do produto a ser vendido Dentro desse contexto o Baratildeo fez sua campanha vitoriosa e bem-humorada com o slogan Mais aacutegua e mais leite Mas menos agravegua no leite

13 Neste caso se deve agraves complicaccedilotildees respiratoacuterias

16

Mesmo diante do esquecimento popular eacute merecido ressaltar dentro deste PEC a

importacircncia das publicaccedilotildees empenho e dedicaccedilatildeo do Baratildeo de Itarareacute em dar a populaccedilatildeo

olhos capazes de ler o que nem todos veem Olhos que atraveacutes do humor enxergavam

princiacutepios democraacuteticos e do mais legiacutetimo direito agrave expressatildeo

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR

Por sua proacutepria natureza o humor eacute uma forccedila desinibidora libertaacuteria Em suas expressotildees mais desenvolvidas ele nos ajuda a perceber as ambiguumlidades da condiccedilatildeo humana as contradiccedilotildees disfarccediladas os anseios e insatisfaccedilotildees

(Leandro Konder)

Entre 1964 e 1980 periacuteodo em que a ditadura militar governou o Brasil dentro do mais

duro regime poliacutetico cerca de 150 jornais alternativos foram criados como forma de oposiccedilatildeo

ao poder (KUCINSKI 2003) Mas mesmo entre todo este montante de perioacutedicos poucos

sobreviveram a tempo de se tornarem nacionalmente conhecidos

Entre eles alguns se destacaram por seu humor a revista Pif-Paf14 de Millocircr

Fernandes o jornal O Pato Macho15 de Luiz Fernando Veriacutessimo e O Pasquim de Tarso de

Castro que atingiu dentro da linha do jornalismo humoriacutestico picos com tiragem de ateacute 225

mil exemplares marcando-o como jornal expoente na classe tida como imprensa alternativa

ou nanica16 Para Kucinski (2003 p 15) o jornal ainda foi aleacutem do humor O Pasquim

mudou haacutebitos e valores empolgando jovens e adolescentes nos anos 1970 em especial nas

cidades interioranas que haviam florescido durante o milagre econocircmico encapsuladas numa

moral provinciana

Para se opor agrave ditadura militar agrave classe meacutedia regida por conceitos morais e agrave grande

imprensa17 devido agrave censura o espiacuterito de O Pasquim seguia por correntes filosoacuteficas como o

existencialismo de Jean Paul-Sartre e a contra-cultura norte-americana do fim dos anos

14 Nos registros de Strelow (2009 p 11) o Pato Macho foi o primeiro jornal rio-grandense a sofrer a censura preacutevia 15 No registro histoacuterico de Kucinski (2003 p 437 ) Pif-Paf foi o primeiro perioacutedico a ser criado como oposiccedilatildeo agrave ditadura militar no Brasil 16 BELTRAtildeO Luiz (1980 p 37) cita o nome de nanica pelo motivo de a maioria dos jornais alternativos possuiacuterem na eacutepoca o tamanho tabloacuteide 17 Sodreacute (2004 p 275) afirma que o surgimento da grande imprensa no Brasil ocorre de maneira natural devido a ascensatildeo burguesa ao avanccedilo das relaccedilotildees capitalistas tornando o jornal capitalista e claramente objetivando a lucratividade

17

196018 Na mistura destas duas influecircncias mais o desejo ser um jornal independente O

Pasquim alcanccedilava o populismo de maneira raacutepida jaacute na sua 26deg ediccedilatildeo com a marca de 200

mil exemplares vendidos

Com este avanccedilo em 1969 o jornal comeccedilava a tomar o espaccedilo das revistas nas

bancas trazendo longas reportagens e entrevistas Entre elas o marcante entrevista da atriz

Leila Diniz que falava abertamente sobre sexo resultando natildeo soacute na ediccedilatildeo mais vendido da

histoacuteria do jornal mas tambeacutem no decreto que instalou a censura preacutevia19 no paiacutes

Mas mesmo sob as normas da censura preacutevia jaacute instalada no paiacutes a continuidade das

publicaccedilotildees de O Pasquim natildeo foram interrompidas nem apoacutes a invasatildeo dos policiais do DOI-

CODI20 na redaccedilatildeo do jornal em 1deg de novembro de 1970 Na ocasiatildeo Tarso de Castro

conseguiu fugir e continuou editando o jornal clandestinamente refugiado em uma casa ao

lado da redaccedilatildeo e a usando como escritoacuterio Ziraldo (1977 apud KUCINSKI 2003 p 218)

um dos editores do Pasquim na eacutepoca daacute mais detalhes sobre o acontecimento

Houve vaacuterias batidas em O Pasquim e a poliacutecia levou muitos documentos mas a mais seacuteria foi a que os levou presos ao departamento aeacutereo terrestre da Vila Militar ocupado pelo DOI-CODI Foram presos no fechamento de madrugada Joseacute Grossi Ziraldo Paulo Garcez Fortuna e Luiacutes Carlos Maciel Prenderam em casa o Francis Millocircr natildeo estava em casa quando foram prendecirc-lo Os outros receberam proposta da poliacutecia para se entregarem em troca de libertaccedilatildeo dos que jaacute estavam presos Numa reuniatildeo Jaguar e Seacutergio Cabral concordaram em se entregar Millocircr natildeo estava presente Queriam prender tambeacutem a Leila Diniz Quem abrigou-a foi o Flaacutevio Cavalcanti Era tudo coisa do falso puritanismo Achavam que a entrevista da Leila visava destruir a famiacutelia Quando os militares viram a grana nos talotildees de cheque pensaram que O Pasquim recebia dinheiro de Cuba

Natildeo seriam acontecimentos como este que dariam fim ao O Pasquim poreacutem as

tiragens caiacuteram de maneira preocupante devido agrave censura e muitos jornaleiros se recusaram a

continuar vendendo O Pasquim jaacute que sofriam ameaccedilas do governo militar que podiam

fechar o estabelecimento se assim o vissem necessaacuterios A publicidade dentro de O Pasquim

tambeacutem caiu chegando agrave zero

18 Op cit Kucinski (2003 p 209) 19 A censura preacutevia natildeo soacute foi executada sobre O Pasquim mas por todos os jornais em que o regime militar visse necessaacuterio no paiacutes 20 Oacutergatildeo de inteligecircncia e repressatildeo do governo brasileiro na eacutepoca

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 12: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

12

4 OBJETIVOS

41 OBJETIVO GERAL

Este presente projeto acadecircmico tem como objetivo geral primeiramente se

contextualizar dentro de uma breve histoacuteria sobre o jornalismo humoriacutestico no Brasil que

influenciaram de certo modo sua criaccedilatildeo Apoacutes a contextualizaccedilatildeo representar o humor

dentro do jornalismo opinativo dando aos fatos um novo ponto vista

42 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Fornecer aos leitores da miacutedia impressa blumenauense uma alternativa sobre as

publicaccedilotildees existentes no municiacutepio

Inovar como produto jornaliacutestico dentre os que circulam na regiatildeo criando um

ponto de vista singular sobre acontecimentos jaacute divulgados ou natildeo pela miacutedia

Trazer novos assuntos a puacuteblico de maneira humoriacutestica

13

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO

O bom humor eacute incompatiacutevel com a crueldade (Voltaire)

Para que seja compreendida a existecircncia de um jornal humoriacutestico em Blumenau eacute

inegaacutevel a necessidade um resgate histoacuterico sobre os principais expoentes desta diferente

maneira de transformar acontecimentos em opiniatildeo e ainda transmitir o humor Poreacutem natildeo

cabe a este PEC a funccedilatildeo de um minucioso detalhamento sobre a infinidade de publicaccedilotildees

jornaliacutesticas e humoriacutesticas que jaacute circulam ou ainda estatildeo circulantes no Brasil Cabe a ele o

dever de retratar suas principais influecircncias e inspiraccedilotildees que deixaram no jornal Barriga a

certeza de que assim como outros meios humoriacutesticos que ganham notabilidade entre o

puacuteblico ele como jornal humoriacutestico tambeacutem pode conseguir o seu espaccedilo na miacutedia local

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA

Fernando Apariacutecio Brinkerhoff Torelly nasceu em Satildeo Leopoldo no Rio Grande do

Sul em 1895 Torelly estudou medicina por dois anos mas seu descomprometimento com as

disciplinas fariam dele um aluno repetente duas vezes num mesmo periacuteodo Aos 21 anos

publicou seu primeiro livro (Pontas de Cigarros) com poesias satiacutericas sobre a falta de

dinheiro4 Mas a proacutepria falta de dinheiro o acabaria obrigando a procurar emprego no

jornalismo do Rio de Janeiro Laacute com um exemplar de O Globo no bolso apresentou-se a

Irineu Marinho que lhe perguntou o que sabia fazer Tudo respondeu Apariacutecio desde

varrer redaccedilatildeo ateacute dirigir jornal 5 Marinho se simpatizou com o jovem gauacutecho depois de ler

umas de suas crocircnicas humoriacutesticas e o contratou A primeira dessas crocircnicas foi publicada

logo no dia seguinte na capa de O Globo (SOOacute 1984)

Em 1926 parodiando o jornal A Manhatilde que era um dos mais influentes da eacutepoca

Torelly resolveu lanccedilar A Manha um singulariacutessimo jornal humoriacutestico como aponta

Sodreacute (2004 p 372)

A linguagem do semanaacuterio de cunho altamente satiacuterico prezava pela diversidade

literaacuteria utilizando-se de sotaques para a produccedilatildeo dos textos como o exemplo da cidade dos

4 No registro de Konder (1986) o fator dinheiro era desprezado pelos poetas da eacutepoca 5 Diaacutelogo reproduzido do jornal digital da ABI (Orgatildeo oficial da Associaccedilatildeo Brasileira da Impresa) set 2007

14

colaboradores que constavam no final do jornal Sand Cadrin (Santa Catarina) e Bordlegro

(Porto Alegre) Socirco (1984 p 46) afirma que este jornal de estilo humoriacutestico foi o primeiro a

ser publicado A Manha era a caricatura dos jornais da eacutepoca e por tabela da proacutepria eacutepoca

Esse tipo de jornalismo nunca fora feito em lugar nenhum Soacute muito mais tarde nos Estados

Unidos no Mad de Harvey Kurztman e no National Lampoon

Devido ao uso do humor o risco maior do jornal estava na produccedilatildeo de sua editoria

poliacutetica atraveacutes da satirizaccedilatildeo de grandes nomes do atual poder da eacutepoca Um exemplo disso

era o Ministro das Relaccedilotildees Exteriores Felix Pacheco que Torelly apelidou-o de Infeacutelix

Peacutechic por usar sempre botinhas bem lustrosas e aparentar um rosto tristonho E com

brincadeiras assim eram corriqueiras as visitas de policiais agrave redaccedilatildeo de A Manha na rua 13

de Maio no Rio de Janeiro fazendo ameaccedilas com o fechamento do jornal Por dificuldades

financeiras entre 1929 e 1930 Torelly se viu obrigado a circular seu jornal como anexo do

Diaacuterio da Noite de Assis Chateaubriand gozando a popularidade que alcanccedilara mesmo antes

de ser autonomeado como Baratildeo de Itarareacute nome que marcaria sua carreira conforme explica

Konder (1983 p17)

Em outubro de 1930 as forccedilas reunidas em torno da Alianccedila Liberal se sublevaram sob a lideranccedila de Getuacutelio Vargas A Batalha decisiva deveria se travar em Itarareacute mas natildeo chegou a ocorrer porque Washington Luiacutes foi deposto por seus proacuteprios auxiliares [] Um ano apoacutes a revoluccedilatildeo vitoriosa o humorista se concedeu o tiacutetulo de Duque de Itarareacute anunciando em seu jornal que a concessatildeo estava sendo feita a uma personalidade de excepcional valor que se distinguiu no campo de batalha Algumas semanas depois rebaixou seu tiacutetulo para Baratildeo de Itarareacute como prova de modeacutestia

Em 1934 surge ao jaacute Baratildeo de Itarareacute a possibilidade de dirigir o Jornal do Povo O

periacuteodo era conturbado pelo movimento intregralista6 Sodreacute (2004 p 379) reforccedila esta

posiccedilatildeo poliacutetica da eacutepoca Tratava-se aqui de seguir a receita amarga e por isso surgira o

integralismo cujo palavroso e falso apelo ao nacionalismo embalava os incautos O

tratamento dado aos assalariados era duro inclusive na imprensa []

Diante desta censura o Baratildeo ainda sofreu severas repressotildees Em entrevista Morel (

apud SODRE 2004 p 379) esclarece um dos casos

6 Movimento poliacutetico brasileiro baseado nos moldes fascistas fundado em 1932 in Dicionaacuterio Aureacutelio

15

Um jornalista imperava na cidade Era Apariacutecio Torelly o popular Baratildeo de Itarareacute agrave frente de valente equipe no jornal do Povo Anunciou dez reportagens sensacionais sobre a vida de Joatildeo Cacircndido7 Saiacuteram duas Na terceira o conhecido homem da imprensa foi sequumlestrado por oficiais da Marinha e conduzido ateacute a Barra da Tijuca onde sofreu vexames Foi por isto certamente que o Baratildeo mandou escrever na porta da redaccedilatildeo Entre sem bater

Em 1935 o Baratildeo de Itarareacute eacute preso na colheita pela onda de repressatildeo que se

desencadeou pelo golpe militar comunista A partir deste periacuteodo Torelly acabou passando

um ano e meio preso chegando a conhecer o escritor alagoano Graciliano Ramos sendo

citado em Memoacuterias do Caacutercere como aparentemente alegre

A Manha apenas reaparece em 1945 trazendo o mesmo sucesso de puacuteblico que

alcanccedilara em 1926 e 1935 O jornal contava somente com a ajuda financeira de Arnon de

Melo8 como tambeacutem a colaboraccedilatildeo de grandes escritores como o maior expoente da literatura

regionalista Joseacute Lins do Rego e nomes como Aacutelvaro Moreyra9 Marques Rebelo10 e Rubem

Braga11

O sucesso da republicaccedilatildeo foi tamanho que dois anos apoacutes em 1947 o Baratildeo foi o

oitavo12 vereador mais votado do Rio de Janeiro assumindo a Cacircmara pelo Partido

Comunista Brasileiro

Novamente sem conseguir manter o seu jornal por questotildees financeiras e agora com o

agravamento de seu estado de sauacutede13 o Baratildeo de Itarareacute publicou entre 1949 e 1955 trecircs

almanaques de o A Manha o Almanhaque

Doente o Baratildeo viveu em um pequeno apartamento no Rio de Janeiro para estudar

matemaacutetica e se dedicar agrave biocircnica que aparecera como nova ciecircncia ateacute falecer em 27 de

novembro de 1971 aos 76 anos Apesar do pioneirismo do Baratildeo de Itarareacute no humor dentro

do jornalismo Konder (1986 p81) afirma o esquecimento popular sobre o humorista

Hoje o Baratildeo estaacute praticamente esquecido Apenas meia duacutezia de baranoacutefilos e plagiaacuterios sabem dele Numa dessas injusticcedilas tatildeo comuns eacute mais conhecido pelo que haacute de pior nos seus livros O Baratildeo precisaria duma antologia cuidadosa Edmar Morel pensou em fazer O Forturna e o Jaguar tambeacutem Mas natildeo deu certo

7 Militar brasileiro liacuteder da Revolta da Chibata Para mais informaccedilotildees sugerimos o acesso ao httpwwwovermundocombroverblogjoao-candido-o-almirante-negro site colaborativo gerenciado pelo socioacutelogo Hermano Vianna 8 Ex-governador de Alagoas pai do ex-presidente Fernando Collor de Melo 9 Poeta cronista e jornalista brasileiro 10 Escritor e jornalista brasileiro 11 Escritor brasileiro e lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros 12 Naquele momento denuacutencias na imprensa apontavam atos criminosos de alguns comerciantes que misturavam aacutegua ao leite aumentando a quantidade do produto a ser vendido Dentro desse contexto o Baratildeo fez sua campanha vitoriosa e bem-humorada com o slogan Mais aacutegua e mais leite Mas menos agravegua no leite

13 Neste caso se deve agraves complicaccedilotildees respiratoacuterias

16

Mesmo diante do esquecimento popular eacute merecido ressaltar dentro deste PEC a

importacircncia das publicaccedilotildees empenho e dedicaccedilatildeo do Baratildeo de Itarareacute em dar a populaccedilatildeo

olhos capazes de ler o que nem todos veem Olhos que atraveacutes do humor enxergavam

princiacutepios democraacuteticos e do mais legiacutetimo direito agrave expressatildeo

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR

Por sua proacutepria natureza o humor eacute uma forccedila desinibidora libertaacuteria Em suas expressotildees mais desenvolvidas ele nos ajuda a perceber as ambiguumlidades da condiccedilatildeo humana as contradiccedilotildees disfarccediladas os anseios e insatisfaccedilotildees

(Leandro Konder)

Entre 1964 e 1980 periacuteodo em que a ditadura militar governou o Brasil dentro do mais

duro regime poliacutetico cerca de 150 jornais alternativos foram criados como forma de oposiccedilatildeo

ao poder (KUCINSKI 2003) Mas mesmo entre todo este montante de perioacutedicos poucos

sobreviveram a tempo de se tornarem nacionalmente conhecidos

Entre eles alguns se destacaram por seu humor a revista Pif-Paf14 de Millocircr

Fernandes o jornal O Pato Macho15 de Luiz Fernando Veriacutessimo e O Pasquim de Tarso de

Castro que atingiu dentro da linha do jornalismo humoriacutestico picos com tiragem de ateacute 225

mil exemplares marcando-o como jornal expoente na classe tida como imprensa alternativa

ou nanica16 Para Kucinski (2003 p 15) o jornal ainda foi aleacutem do humor O Pasquim

mudou haacutebitos e valores empolgando jovens e adolescentes nos anos 1970 em especial nas

cidades interioranas que haviam florescido durante o milagre econocircmico encapsuladas numa

moral provinciana

Para se opor agrave ditadura militar agrave classe meacutedia regida por conceitos morais e agrave grande

imprensa17 devido agrave censura o espiacuterito de O Pasquim seguia por correntes filosoacuteficas como o

existencialismo de Jean Paul-Sartre e a contra-cultura norte-americana do fim dos anos

14 Nos registros de Strelow (2009 p 11) o Pato Macho foi o primeiro jornal rio-grandense a sofrer a censura preacutevia 15 No registro histoacuterico de Kucinski (2003 p 437 ) Pif-Paf foi o primeiro perioacutedico a ser criado como oposiccedilatildeo agrave ditadura militar no Brasil 16 BELTRAtildeO Luiz (1980 p 37) cita o nome de nanica pelo motivo de a maioria dos jornais alternativos possuiacuterem na eacutepoca o tamanho tabloacuteide 17 Sodreacute (2004 p 275) afirma que o surgimento da grande imprensa no Brasil ocorre de maneira natural devido a ascensatildeo burguesa ao avanccedilo das relaccedilotildees capitalistas tornando o jornal capitalista e claramente objetivando a lucratividade

17

196018 Na mistura destas duas influecircncias mais o desejo ser um jornal independente O

Pasquim alcanccedilava o populismo de maneira raacutepida jaacute na sua 26deg ediccedilatildeo com a marca de 200

mil exemplares vendidos

Com este avanccedilo em 1969 o jornal comeccedilava a tomar o espaccedilo das revistas nas

bancas trazendo longas reportagens e entrevistas Entre elas o marcante entrevista da atriz

Leila Diniz que falava abertamente sobre sexo resultando natildeo soacute na ediccedilatildeo mais vendido da

histoacuteria do jornal mas tambeacutem no decreto que instalou a censura preacutevia19 no paiacutes

Mas mesmo sob as normas da censura preacutevia jaacute instalada no paiacutes a continuidade das

publicaccedilotildees de O Pasquim natildeo foram interrompidas nem apoacutes a invasatildeo dos policiais do DOI-

CODI20 na redaccedilatildeo do jornal em 1deg de novembro de 1970 Na ocasiatildeo Tarso de Castro

conseguiu fugir e continuou editando o jornal clandestinamente refugiado em uma casa ao

lado da redaccedilatildeo e a usando como escritoacuterio Ziraldo (1977 apud KUCINSKI 2003 p 218)

um dos editores do Pasquim na eacutepoca daacute mais detalhes sobre o acontecimento

Houve vaacuterias batidas em O Pasquim e a poliacutecia levou muitos documentos mas a mais seacuteria foi a que os levou presos ao departamento aeacutereo terrestre da Vila Militar ocupado pelo DOI-CODI Foram presos no fechamento de madrugada Joseacute Grossi Ziraldo Paulo Garcez Fortuna e Luiacutes Carlos Maciel Prenderam em casa o Francis Millocircr natildeo estava em casa quando foram prendecirc-lo Os outros receberam proposta da poliacutecia para se entregarem em troca de libertaccedilatildeo dos que jaacute estavam presos Numa reuniatildeo Jaguar e Seacutergio Cabral concordaram em se entregar Millocircr natildeo estava presente Queriam prender tambeacutem a Leila Diniz Quem abrigou-a foi o Flaacutevio Cavalcanti Era tudo coisa do falso puritanismo Achavam que a entrevista da Leila visava destruir a famiacutelia Quando os militares viram a grana nos talotildees de cheque pensaram que O Pasquim recebia dinheiro de Cuba

Natildeo seriam acontecimentos como este que dariam fim ao O Pasquim poreacutem as

tiragens caiacuteram de maneira preocupante devido agrave censura e muitos jornaleiros se recusaram a

continuar vendendo O Pasquim jaacute que sofriam ameaccedilas do governo militar que podiam

fechar o estabelecimento se assim o vissem necessaacuterios A publicidade dentro de O Pasquim

tambeacutem caiu chegando agrave zero

18 Op cit Kucinski (2003 p 209) 19 A censura preacutevia natildeo soacute foi executada sobre O Pasquim mas por todos os jornais em que o regime militar visse necessaacuterio no paiacutes 20 Oacutergatildeo de inteligecircncia e repressatildeo do governo brasileiro na eacutepoca

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 13: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

13

5 HUMOR EM FOCO NO JORNALISMO IMPRESSO BRASILEIRO

O bom humor eacute incompatiacutevel com a crueldade (Voltaire)

Para que seja compreendida a existecircncia de um jornal humoriacutestico em Blumenau eacute

inegaacutevel a necessidade um resgate histoacuterico sobre os principais expoentes desta diferente

maneira de transformar acontecimentos em opiniatildeo e ainda transmitir o humor Poreacutem natildeo

cabe a este PEC a funccedilatildeo de um minucioso detalhamento sobre a infinidade de publicaccedilotildees

jornaliacutesticas e humoriacutesticas que jaacute circulam ou ainda estatildeo circulantes no Brasil Cabe a ele o

dever de retratar suas principais influecircncias e inspiraccedilotildees que deixaram no jornal Barriga a

certeza de que assim como outros meios humoriacutesticos que ganham notabilidade entre o

puacuteblico ele como jornal humoriacutestico tambeacutem pode conseguir o seu espaccedilo na miacutedia local

51 BARAtildeO DE ITARAREacute AUDAZ JORNALISTA ASSAZ HUMORISTA

Fernando Apariacutecio Brinkerhoff Torelly nasceu em Satildeo Leopoldo no Rio Grande do

Sul em 1895 Torelly estudou medicina por dois anos mas seu descomprometimento com as

disciplinas fariam dele um aluno repetente duas vezes num mesmo periacuteodo Aos 21 anos

publicou seu primeiro livro (Pontas de Cigarros) com poesias satiacutericas sobre a falta de

dinheiro4 Mas a proacutepria falta de dinheiro o acabaria obrigando a procurar emprego no

jornalismo do Rio de Janeiro Laacute com um exemplar de O Globo no bolso apresentou-se a

Irineu Marinho que lhe perguntou o que sabia fazer Tudo respondeu Apariacutecio desde

varrer redaccedilatildeo ateacute dirigir jornal 5 Marinho se simpatizou com o jovem gauacutecho depois de ler

umas de suas crocircnicas humoriacutesticas e o contratou A primeira dessas crocircnicas foi publicada

logo no dia seguinte na capa de O Globo (SOOacute 1984)

Em 1926 parodiando o jornal A Manhatilde que era um dos mais influentes da eacutepoca

Torelly resolveu lanccedilar A Manha um singulariacutessimo jornal humoriacutestico como aponta

Sodreacute (2004 p 372)

A linguagem do semanaacuterio de cunho altamente satiacuterico prezava pela diversidade

literaacuteria utilizando-se de sotaques para a produccedilatildeo dos textos como o exemplo da cidade dos

4 No registro de Konder (1986) o fator dinheiro era desprezado pelos poetas da eacutepoca 5 Diaacutelogo reproduzido do jornal digital da ABI (Orgatildeo oficial da Associaccedilatildeo Brasileira da Impresa) set 2007

14

colaboradores que constavam no final do jornal Sand Cadrin (Santa Catarina) e Bordlegro

(Porto Alegre) Socirco (1984 p 46) afirma que este jornal de estilo humoriacutestico foi o primeiro a

ser publicado A Manha era a caricatura dos jornais da eacutepoca e por tabela da proacutepria eacutepoca

Esse tipo de jornalismo nunca fora feito em lugar nenhum Soacute muito mais tarde nos Estados

Unidos no Mad de Harvey Kurztman e no National Lampoon

Devido ao uso do humor o risco maior do jornal estava na produccedilatildeo de sua editoria

poliacutetica atraveacutes da satirizaccedilatildeo de grandes nomes do atual poder da eacutepoca Um exemplo disso

era o Ministro das Relaccedilotildees Exteriores Felix Pacheco que Torelly apelidou-o de Infeacutelix

Peacutechic por usar sempre botinhas bem lustrosas e aparentar um rosto tristonho E com

brincadeiras assim eram corriqueiras as visitas de policiais agrave redaccedilatildeo de A Manha na rua 13

de Maio no Rio de Janeiro fazendo ameaccedilas com o fechamento do jornal Por dificuldades

financeiras entre 1929 e 1930 Torelly se viu obrigado a circular seu jornal como anexo do

Diaacuterio da Noite de Assis Chateaubriand gozando a popularidade que alcanccedilara mesmo antes

de ser autonomeado como Baratildeo de Itarareacute nome que marcaria sua carreira conforme explica

Konder (1983 p17)

Em outubro de 1930 as forccedilas reunidas em torno da Alianccedila Liberal se sublevaram sob a lideranccedila de Getuacutelio Vargas A Batalha decisiva deveria se travar em Itarareacute mas natildeo chegou a ocorrer porque Washington Luiacutes foi deposto por seus proacuteprios auxiliares [] Um ano apoacutes a revoluccedilatildeo vitoriosa o humorista se concedeu o tiacutetulo de Duque de Itarareacute anunciando em seu jornal que a concessatildeo estava sendo feita a uma personalidade de excepcional valor que se distinguiu no campo de batalha Algumas semanas depois rebaixou seu tiacutetulo para Baratildeo de Itarareacute como prova de modeacutestia

Em 1934 surge ao jaacute Baratildeo de Itarareacute a possibilidade de dirigir o Jornal do Povo O

periacuteodo era conturbado pelo movimento intregralista6 Sodreacute (2004 p 379) reforccedila esta

posiccedilatildeo poliacutetica da eacutepoca Tratava-se aqui de seguir a receita amarga e por isso surgira o

integralismo cujo palavroso e falso apelo ao nacionalismo embalava os incautos O

tratamento dado aos assalariados era duro inclusive na imprensa []

Diante desta censura o Baratildeo ainda sofreu severas repressotildees Em entrevista Morel (

apud SODRE 2004 p 379) esclarece um dos casos

6 Movimento poliacutetico brasileiro baseado nos moldes fascistas fundado em 1932 in Dicionaacuterio Aureacutelio

15

Um jornalista imperava na cidade Era Apariacutecio Torelly o popular Baratildeo de Itarareacute agrave frente de valente equipe no jornal do Povo Anunciou dez reportagens sensacionais sobre a vida de Joatildeo Cacircndido7 Saiacuteram duas Na terceira o conhecido homem da imprensa foi sequumlestrado por oficiais da Marinha e conduzido ateacute a Barra da Tijuca onde sofreu vexames Foi por isto certamente que o Baratildeo mandou escrever na porta da redaccedilatildeo Entre sem bater

Em 1935 o Baratildeo de Itarareacute eacute preso na colheita pela onda de repressatildeo que se

desencadeou pelo golpe militar comunista A partir deste periacuteodo Torelly acabou passando

um ano e meio preso chegando a conhecer o escritor alagoano Graciliano Ramos sendo

citado em Memoacuterias do Caacutercere como aparentemente alegre

A Manha apenas reaparece em 1945 trazendo o mesmo sucesso de puacuteblico que

alcanccedilara em 1926 e 1935 O jornal contava somente com a ajuda financeira de Arnon de

Melo8 como tambeacutem a colaboraccedilatildeo de grandes escritores como o maior expoente da literatura

regionalista Joseacute Lins do Rego e nomes como Aacutelvaro Moreyra9 Marques Rebelo10 e Rubem

Braga11

O sucesso da republicaccedilatildeo foi tamanho que dois anos apoacutes em 1947 o Baratildeo foi o

oitavo12 vereador mais votado do Rio de Janeiro assumindo a Cacircmara pelo Partido

Comunista Brasileiro

Novamente sem conseguir manter o seu jornal por questotildees financeiras e agora com o

agravamento de seu estado de sauacutede13 o Baratildeo de Itarareacute publicou entre 1949 e 1955 trecircs

almanaques de o A Manha o Almanhaque

Doente o Baratildeo viveu em um pequeno apartamento no Rio de Janeiro para estudar

matemaacutetica e se dedicar agrave biocircnica que aparecera como nova ciecircncia ateacute falecer em 27 de

novembro de 1971 aos 76 anos Apesar do pioneirismo do Baratildeo de Itarareacute no humor dentro

do jornalismo Konder (1986 p81) afirma o esquecimento popular sobre o humorista

Hoje o Baratildeo estaacute praticamente esquecido Apenas meia duacutezia de baranoacutefilos e plagiaacuterios sabem dele Numa dessas injusticcedilas tatildeo comuns eacute mais conhecido pelo que haacute de pior nos seus livros O Baratildeo precisaria duma antologia cuidadosa Edmar Morel pensou em fazer O Forturna e o Jaguar tambeacutem Mas natildeo deu certo

7 Militar brasileiro liacuteder da Revolta da Chibata Para mais informaccedilotildees sugerimos o acesso ao httpwwwovermundocombroverblogjoao-candido-o-almirante-negro site colaborativo gerenciado pelo socioacutelogo Hermano Vianna 8 Ex-governador de Alagoas pai do ex-presidente Fernando Collor de Melo 9 Poeta cronista e jornalista brasileiro 10 Escritor e jornalista brasileiro 11 Escritor brasileiro e lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros 12 Naquele momento denuacutencias na imprensa apontavam atos criminosos de alguns comerciantes que misturavam aacutegua ao leite aumentando a quantidade do produto a ser vendido Dentro desse contexto o Baratildeo fez sua campanha vitoriosa e bem-humorada com o slogan Mais aacutegua e mais leite Mas menos agravegua no leite

13 Neste caso se deve agraves complicaccedilotildees respiratoacuterias

16

Mesmo diante do esquecimento popular eacute merecido ressaltar dentro deste PEC a

importacircncia das publicaccedilotildees empenho e dedicaccedilatildeo do Baratildeo de Itarareacute em dar a populaccedilatildeo

olhos capazes de ler o que nem todos veem Olhos que atraveacutes do humor enxergavam

princiacutepios democraacuteticos e do mais legiacutetimo direito agrave expressatildeo

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR

Por sua proacutepria natureza o humor eacute uma forccedila desinibidora libertaacuteria Em suas expressotildees mais desenvolvidas ele nos ajuda a perceber as ambiguumlidades da condiccedilatildeo humana as contradiccedilotildees disfarccediladas os anseios e insatisfaccedilotildees

(Leandro Konder)

Entre 1964 e 1980 periacuteodo em que a ditadura militar governou o Brasil dentro do mais

duro regime poliacutetico cerca de 150 jornais alternativos foram criados como forma de oposiccedilatildeo

ao poder (KUCINSKI 2003) Mas mesmo entre todo este montante de perioacutedicos poucos

sobreviveram a tempo de se tornarem nacionalmente conhecidos

Entre eles alguns se destacaram por seu humor a revista Pif-Paf14 de Millocircr

Fernandes o jornal O Pato Macho15 de Luiz Fernando Veriacutessimo e O Pasquim de Tarso de

Castro que atingiu dentro da linha do jornalismo humoriacutestico picos com tiragem de ateacute 225

mil exemplares marcando-o como jornal expoente na classe tida como imprensa alternativa

ou nanica16 Para Kucinski (2003 p 15) o jornal ainda foi aleacutem do humor O Pasquim

mudou haacutebitos e valores empolgando jovens e adolescentes nos anos 1970 em especial nas

cidades interioranas que haviam florescido durante o milagre econocircmico encapsuladas numa

moral provinciana

Para se opor agrave ditadura militar agrave classe meacutedia regida por conceitos morais e agrave grande

imprensa17 devido agrave censura o espiacuterito de O Pasquim seguia por correntes filosoacuteficas como o

existencialismo de Jean Paul-Sartre e a contra-cultura norte-americana do fim dos anos

14 Nos registros de Strelow (2009 p 11) o Pato Macho foi o primeiro jornal rio-grandense a sofrer a censura preacutevia 15 No registro histoacuterico de Kucinski (2003 p 437 ) Pif-Paf foi o primeiro perioacutedico a ser criado como oposiccedilatildeo agrave ditadura militar no Brasil 16 BELTRAtildeO Luiz (1980 p 37) cita o nome de nanica pelo motivo de a maioria dos jornais alternativos possuiacuterem na eacutepoca o tamanho tabloacuteide 17 Sodreacute (2004 p 275) afirma que o surgimento da grande imprensa no Brasil ocorre de maneira natural devido a ascensatildeo burguesa ao avanccedilo das relaccedilotildees capitalistas tornando o jornal capitalista e claramente objetivando a lucratividade

17

196018 Na mistura destas duas influecircncias mais o desejo ser um jornal independente O

Pasquim alcanccedilava o populismo de maneira raacutepida jaacute na sua 26deg ediccedilatildeo com a marca de 200

mil exemplares vendidos

Com este avanccedilo em 1969 o jornal comeccedilava a tomar o espaccedilo das revistas nas

bancas trazendo longas reportagens e entrevistas Entre elas o marcante entrevista da atriz

Leila Diniz que falava abertamente sobre sexo resultando natildeo soacute na ediccedilatildeo mais vendido da

histoacuteria do jornal mas tambeacutem no decreto que instalou a censura preacutevia19 no paiacutes

Mas mesmo sob as normas da censura preacutevia jaacute instalada no paiacutes a continuidade das

publicaccedilotildees de O Pasquim natildeo foram interrompidas nem apoacutes a invasatildeo dos policiais do DOI-

CODI20 na redaccedilatildeo do jornal em 1deg de novembro de 1970 Na ocasiatildeo Tarso de Castro

conseguiu fugir e continuou editando o jornal clandestinamente refugiado em uma casa ao

lado da redaccedilatildeo e a usando como escritoacuterio Ziraldo (1977 apud KUCINSKI 2003 p 218)

um dos editores do Pasquim na eacutepoca daacute mais detalhes sobre o acontecimento

Houve vaacuterias batidas em O Pasquim e a poliacutecia levou muitos documentos mas a mais seacuteria foi a que os levou presos ao departamento aeacutereo terrestre da Vila Militar ocupado pelo DOI-CODI Foram presos no fechamento de madrugada Joseacute Grossi Ziraldo Paulo Garcez Fortuna e Luiacutes Carlos Maciel Prenderam em casa o Francis Millocircr natildeo estava em casa quando foram prendecirc-lo Os outros receberam proposta da poliacutecia para se entregarem em troca de libertaccedilatildeo dos que jaacute estavam presos Numa reuniatildeo Jaguar e Seacutergio Cabral concordaram em se entregar Millocircr natildeo estava presente Queriam prender tambeacutem a Leila Diniz Quem abrigou-a foi o Flaacutevio Cavalcanti Era tudo coisa do falso puritanismo Achavam que a entrevista da Leila visava destruir a famiacutelia Quando os militares viram a grana nos talotildees de cheque pensaram que O Pasquim recebia dinheiro de Cuba

Natildeo seriam acontecimentos como este que dariam fim ao O Pasquim poreacutem as

tiragens caiacuteram de maneira preocupante devido agrave censura e muitos jornaleiros se recusaram a

continuar vendendo O Pasquim jaacute que sofriam ameaccedilas do governo militar que podiam

fechar o estabelecimento se assim o vissem necessaacuterios A publicidade dentro de O Pasquim

tambeacutem caiu chegando agrave zero

18 Op cit Kucinski (2003 p 209) 19 A censura preacutevia natildeo soacute foi executada sobre O Pasquim mas por todos os jornais em que o regime militar visse necessaacuterio no paiacutes 20 Oacutergatildeo de inteligecircncia e repressatildeo do governo brasileiro na eacutepoca

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 14: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

14

colaboradores que constavam no final do jornal Sand Cadrin (Santa Catarina) e Bordlegro

(Porto Alegre) Socirco (1984 p 46) afirma que este jornal de estilo humoriacutestico foi o primeiro a

ser publicado A Manha era a caricatura dos jornais da eacutepoca e por tabela da proacutepria eacutepoca

Esse tipo de jornalismo nunca fora feito em lugar nenhum Soacute muito mais tarde nos Estados

Unidos no Mad de Harvey Kurztman e no National Lampoon

Devido ao uso do humor o risco maior do jornal estava na produccedilatildeo de sua editoria

poliacutetica atraveacutes da satirizaccedilatildeo de grandes nomes do atual poder da eacutepoca Um exemplo disso

era o Ministro das Relaccedilotildees Exteriores Felix Pacheco que Torelly apelidou-o de Infeacutelix

Peacutechic por usar sempre botinhas bem lustrosas e aparentar um rosto tristonho E com

brincadeiras assim eram corriqueiras as visitas de policiais agrave redaccedilatildeo de A Manha na rua 13

de Maio no Rio de Janeiro fazendo ameaccedilas com o fechamento do jornal Por dificuldades

financeiras entre 1929 e 1930 Torelly se viu obrigado a circular seu jornal como anexo do

Diaacuterio da Noite de Assis Chateaubriand gozando a popularidade que alcanccedilara mesmo antes

de ser autonomeado como Baratildeo de Itarareacute nome que marcaria sua carreira conforme explica

Konder (1983 p17)

Em outubro de 1930 as forccedilas reunidas em torno da Alianccedila Liberal se sublevaram sob a lideranccedila de Getuacutelio Vargas A Batalha decisiva deveria se travar em Itarareacute mas natildeo chegou a ocorrer porque Washington Luiacutes foi deposto por seus proacuteprios auxiliares [] Um ano apoacutes a revoluccedilatildeo vitoriosa o humorista se concedeu o tiacutetulo de Duque de Itarareacute anunciando em seu jornal que a concessatildeo estava sendo feita a uma personalidade de excepcional valor que se distinguiu no campo de batalha Algumas semanas depois rebaixou seu tiacutetulo para Baratildeo de Itarareacute como prova de modeacutestia

Em 1934 surge ao jaacute Baratildeo de Itarareacute a possibilidade de dirigir o Jornal do Povo O

periacuteodo era conturbado pelo movimento intregralista6 Sodreacute (2004 p 379) reforccedila esta

posiccedilatildeo poliacutetica da eacutepoca Tratava-se aqui de seguir a receita amarga e por isso surgira o

integralismo cujo palavroso e falso apelo ao nacionalismo embalava os incautos O

tratamento dado aos assalariados era duro inclusive na imprensa []

Diante desta censura o Baratildeo ainda sofreu severas repressotildees Em entrevista Morel (

apud SODRE 2004 p 379) esclarece um dos casos

6 Movimento poliacutetico brasileiro baseado nos moldes fascistas fundado em 1932 in Dicionaacuterio Aureacutelio

15

Um jornalista imperava na cidade Era Apariacutecio Torelly o popular Baratildeo de Itarareacute agrave frente de valente equipe no jornal do Povo Anunciou dez reportagens sensacionais sobre a vida de Joatildeo Cacircndido7 Saiacuteram duas Na terceira o conhecido homem da imprensa foi sequumlestrado por oficiais da Marinha e conduzido ateacute a Barra da Tijuca onde sofreu vexames Foi por isto certamente que o Baratildeo mandou escrever na porta da redaccedilatildeo Entre sem bater

Em 1935 o Baratildeo de Itarareacute eacute preso na colheita pela onda de repressatildeo que se

desencadeou pelo golpe militar comunista A partir deste periacuteodo Torelly acabou passando

um ano e meio preso chegando a conhecer o escritor alagoano Graciliano Ramos sendo

citado em Memoacuterias do Caacutercere como aparentemente alegre

A Manha apenas reaparece em 1945 trazendo o mesmo sucesso de puacuteblico que

alcanccedilara em 1926 e 1935 O jornal contava somente com a ajuda financeira de Arnon de

Melo8 como tambeacutem a colaboraccedilatildeo de grandes escritores como o maior expoente da literatura

regionalista Joseacute Lins do Rego e nomes como Aacutelvaro Moreyra9 Marques Rebelo10 e Rubem

Braga11

O sucesso da republicaccedilatildeo foi tamanho que dois anos apoacutes em 1947 o Baratildeo foi o

oitavo12 vereador mais votado do Rio de Janeiro assumindo a Cacircmara pelo Partido

Comunista Brasileiro

Novamente sem conseguir manter o seu jornal por questotildees financeiras e agora com o

agravamento de seu estado de sauacutede13 o Baratildeo de Itarareacute publicou entre 1949 e 1955 trecircs

almanaques de o A Manha o Almanhaque

Doente o Baratildeo viveu em um pequeno apartamento no Rio de Janeiro para estudar

matemaacutetica e se dedicar agrave biocircnica que aparecera como nova ciecircncia ateacute falecer em 27 de

novembro de 1971 aos 76 anos Apesar do pioneirismo do Baratildeo de Itarareacute no humor dentro

do jornalismo Konder (1986 p81) afirma o esquecimento popular sobre o humorista

Hoje o Baratildeo estaacute praticamente esquecido Apenas meia duacutezia de baranoacutefilos e plagiaacuterios sabem dele Numa dessas injusticcedilas tatildeo comuns eacute mais conhecido pelo que haacute de pior nos seus livros O Baratildeo precisaria duma antologia cuidadosa Edmar Morel pensou em fazer O Forturna e o Jaguar tambeacutem Mas natildeo deu certo

7 Militar brasileiro liacuteder da Revolta da Chibata Para mais informaccedilotildees sugerimos o acesso ao httpwwwovermundocombroverblogjoao-candido-o-almirante-negro site colaborativo gerenciado pelo socioacutelogo Hermano Vianna 8 Ex-governador de Alagoas pai do ex-presidente Fernando Collor de Melo 9 Poeta cronista e jornalista brasileiro 10 Escritor e jornalista brasileiro 11 Escritor brasileiro e lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros 12 Naquele momento denuacutencias na imprensa apontavam atos criminosos de alguns comerciantes que misturavam aacutegua ao leite aumentando a quantidade do produto a ser vendido Dentro desse contexto o Baratildeo fez sua campanha vitoriosa e bem-humorada com o slogan Mais aacutegua e mais leite Mas menos agravegua no leite

13 Neste caso se deve agraves complicaccedilotildees respiratoacuterias

16

Mesmo diante do esquecimento popular eacute merecido ressaltar dentro deste PEC a

importacircncia das publicaccedilotildees empenho e dedicaccedilatildeo do Baratildeo de Itarareacute em dar a populaccedilatildeo

olhos capazes de ler o que nem todos veem Olhos que atraveacutes do humor enxergavam

princiacutepios democraacuteticos e do mais legiacutetimo direito agrave expressatildeo

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR

Por sua proacutepria natureza o humor eacute uma forccedila desinibidora libertaacuteria Em suas expressotildees mais desenvolvidas ele nos ajuda a perceber as ambiguumlidades da condiccedilatildeo humana as contradiccedilotildees disfarccediladas os anseios e insatisfaccedilotildees

(Leandro Konder)

Entre 1964 e 1980 periacuteodo em que a ditadura militar governou o Brasil dentro do mais

duro regime poliacutetico cerca de 150 jornais alternativos foram criados como forma de oposiccedilatildeo

ao poder (KUCINSKI 2003) Mas mesmo entre todo este montante de perioacutedicos poucos

sobreviveram a tempo de se tornarem nacionalmente conhecidos

Entre eles alguns se destacaram por seu humor a revista Pif-Paf14 de Millocircr

Fernandes o jornal O Pato Macho15 de Luiz Fernando Veriacutessimo e O Pasquim de Tarso de

Castro que atingiu dentro da linha do jornalismo humoriacutestico picos com tiragem de ateacute 225

mil exemplares marcando-o como jornal expoente na classe tida como imprensa alternativa

ou nanica16 Para Kucinski (2003 p 15) o jornal ainda foi aleacutem do humor O Pasquim

mudou haacutebitos e valores empolgando jovens e adolescentes nos anos 1970 em especial nas

cidades interioranas que haviam florescido durante o milagre econocircmico encapsuladas numa

moral provinciana

Para se opor agrave ditadura militar agrave classe meacutedia regida por conceitos morais e agrave grande

imprensa17 devido agrave censura o espiacuterito de O Pasquim seguia por correntes filosoacuteficas como o

existencialismo de Jean Paul-Sartre e a contra-cultura norte-americana do fim dos anos

14 Nos registros de Strelow (2009 p 11) o Pato Macho foi o primeiro jornal rio-grandense a sofrer a censura preacutevia 15 No registro histoacuterico de Kucinski (2003 p 437 ) Pif-Paf foi o primeiro perioacutedico a ser criado como oposiccedilatildeo agrave ditadura militar no Brasil 16 BELTRAtildeO Luiz (1980 p 37) cita o nome de nanica pelo motivo de a maioria dos jornais alternativos possuiacuterem na eacutepoca o tamanho tabloacuteide 17 Sodreacute (2004 p 275) afirma que o surgimento da grande imprensa no Brasil ocorre de maneira natural devido a ascensatildeo burguesa ao avanccedilo das relaccedilotildees capitalistas tornando o jornal capitalista e claramente objetivando a lucratividade

17

196018 Na mistura destas duas influecircncias mais o desejo ser um jornal independente O

Pasquim alcanccedilava o populismo de maneira raacutepida jaacute na sua 26deg ediccedilatildeo com a marca de 200

mil exemplares vendidos

Com este avanccedilo em 1969 o jornal comeccedilava a tomar o espaccedilo das revistas nas

bancas trazendo longas reportagens e entrevistas Entre elas o marcante entrevista da atriz

Leila Diniz que falava abertamente sobre sexo resultando natildeo soacute na ediccedilatildeo mais vendido da

histoacuteria do jornal mas tambeacutem no decreto que instalou a censura preacutevia19 no paiacutes

Mas mesmo sob as normas da censura preacutevia jaacute instalada no paiacutes a continuidade das

publicaccedilotildees de O Pasquim natildeo foram interrompidas nem apoacutes a invasatildeo dos policiais do DOI-

CODI20 na redaccedilatildeo do jornal em 1deg de novembro de 1970 Na ocasiatildeo Tarso de Castro

conseguiu fugir e continuou editando o jornal clandestinamente refugiado em uma casa ao

lado da redaccedilatildeo e a usando como escritoacuterio Ziraldo (1977 apud KUCINSKI 2003 p 218)

um dos editores do Pasquim na eacutepoca daacute mais detalhes sobre o acontecimento

Houve vaacuterias batidas em O Pasquim e a poliacutecia levou muitos documentos mas a mais seacuteria foi a que os levou presos ao departamento aeacutereo terrestre da Vila Militar ocupado pelo DOI-CODI Foram presos no fechamento de madrugada Joseacute Grossi Ziraldo Paulo Garcez Fortuna e Luiacutes Carlos Maciel Prenderam em casa o Francis Millocircr natildeo estava em casa quando foram prendecirc-lo Os outros receberam proposta da poliacutecia para se entregarem em troca de libertaccedilatildeo dos que jaacute estavam presos Numa reuniatildeo Jaguar e Seacutergio Cabral concordaram em se entregar Millocircr natildeo estava presente Queriam prender tambeacutem a Leila Diniz Quem abrigou-a foi o Flaacutevio Cavalcanti Era tudo coisa do falso puritanismo Achavam que a entrevista da Leila visava destruir a famiacutelia Quando os militares viram a grana nos talotildees de cheque pensaram que O Pasquim recebia dinheiro de Cuba

Natildeo seriam acontecimentos como este que dariam fim ao O Pasquim poreacutem as

tiragens caiacuteram de maneira preocupante devido agrave censura e muitos jornaleiros se recusaram a

continuar vendendo O Pasquim jaacute que sofriam ameaccedilas do governo militar que podiam

fechar o estabelecimento se assim o vissem necessaacuterios A publicidade dentro de O Pasquim

tambeacutem caiu chegando agrave zero

18 Op cit Kucinski (2003 p 209) 19 A censura preacutevia natildeo soacute foi executada sobre O Pasquim mas por todos os jornais em que o regime militar visse necessaacuterio no paiacutes 20 Oacutergatildeo de inteligecircncia e repressatildeo do governo brasileiro na eacutepoca

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

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Page 15: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

15

Um jornalista imperava na cidade Era Apariacutecio Torelly o popular Baratildeo de Itarareacute agrave frente de valente equipe no jornal do Povo Anunciou dez reportagens sensacionais sobre a vida de Joatildeo Cacircndido7 Saiacuteram duas Na terceira o conhecido homem da imprensa foi sequumlestrado por oficiais da Marinha e conduzido ateacute a Barra da Tijuca onde sofreu vexames Foi por isto certamente que o Baratildeo mandou escrever na porta da redaccedilatildeo Entre sem bater

Em 1935 o Baratildeo de Itarareacute eacute preso na colheita pela onda de repressatildeo que se

desencadeou pelo golpe militar comunista A partir deste periacuteodo Torelly acabou passando

um ano e meio preso chegando a conhecer o escritor alagoano Graciliano Ramos sendo

citado em Memoacuterias do Caacutercere como aparentemente alegre

A Manha apenas reaparece em 1945 trazendo o mesmo sucesso de puacuteblico que

alcanccedilara em 1926 e 1935 O jornal contava somente com a ajuda financeira de Arnon de

Melo8 como tambeacutem a colaboraccedilatildeo de grandes escritores como o maior expoente da literatura

regionalista Joseacute Lins do Rego e nomes como Aacutelvaro Moreyra9 Marques Rebelo10 e Rubem

Braga11

O sucesso da republicaccedilatildeo foi tamanho que dois anos apoacutes em 1947 o Baratildeo foi o

oitavo12 vereador mais votado do Rio de Janeiro assumindo a Cacircmara pelo Partido

Comunista Brasileiro

Novamente sem conseguir manter o seu jornal por questotildees financeiras e agora com o

agravamento de seu estado de sauacutede13 o Baratildeo de Itarareacute publicou entre 1949 e 1955 trecircs

almanaques de o A Manha o Almanhaque

Doente o Baratildeo viveu em um pequeno apartamento no Rio de Janeiro para estudar

matemaacutetica e se dedicar agrave biocircnica que aparecera como nova ciecircncia ateacute falecer em 27 de

novembro de 1971 aos 76 anos Apesar do pioneirismo do Baratildeo de Itarareacute no humor dentro

do jornalismo Konder (1986 p81) afirma o esquecimento popular sobre o humorista

Hoje o Baratildeo estaacute praticamente esquecido Apenas meia duacutezia de baranoacutefilos e plagiaacuterios sabem dele Numa dessas injusticcedilas tatildeo comuns eacute mais conhecido pelo que haacute de pior nos seus livros O Baratildeo precisaria duma antologia cuidadosa Edmar Morel pensou em fazer O Forturna e o Jaguar tambeacutem Mas natildeo deu certo

7 Militar brasileiro liacuteder da Revolta da Chibata Para mais informaccedilotildees sugerimos o acesso ao httpwwwovermundocombroverblogjoao-candido-o-almirante-negro site colaborativo gerenciado pelo socioacutelogo Hermano Vianna 8 Ex-governador de Alagoas pai do ex-presidente Fernando Collor de Melo 9 Poeta cronista e jornalista brasileiro 10 Escritor e jornalista brasileiro 11 Escritor brasileiro e lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros 12 Naquele momento denuacutencias na imprensa apontavam atos criminosos de alguns comerciantes que misturavam aacutegua ao leite aumentando a quantidade do produto a ser vendido Dentro desse contexto o Baratildeo fez sua campanha vitoriosa e bem-humorada com o slogan Mais aacutegua e mais leite Mas menos agravegua no leite

13 Neste caso se deve agraves complicaccedilotildees respiratoacuterias

16

Mesmo diante do esquecimento popular eacute merecido ressaltar dentro deste PEC a

importacircncia das publicaccedilotildees empenho e dedicaccedilatildeo do Baratildeo de Itarareacute em dar a populaccedilatildeo

olhos capazes de ler o que nem todos veem Olhos que atraveacutes do humor enxergavam

princiacutepios democraacuteticos e do mais legiacutetimo direito agrave expressatildeo

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR

Por sua proacutepria natureza o humor eacute uma forccedila desinibidora libertaacuteria Em suas expressotildees mais desenvolvidas ele nos ajuda a perceber as ambiguumlidades da condiccedilatildeo humana as contradiccedilotildees disfarccediladas os anseios e insatisfaccedilotildees

(Leandro Konder)

Entre 1964 e 1980 periacuteodo em que a ditadura militar governou o Brasil dentro do mais

duro regime poliacutetico cerca de 150 jornais alternativos foram criados como forma de oposiccedilatildeo

ao poder (KUCINSKI 2003) Mas mesmo entre todo este montante de perioacutedicos poucos

sobreviveram a tempo de se tornarem nacionalmente conhecidos

Entre eles alguns se destacaram por seu humor a revista Pif-Paf14 de Millocircr

Fernandes o jornal O Pato Macho15 de Luiz Fernando Veriacutessimo e O Pasquim de Tarso de

Castro que atingiu dentro da linha do jornalismo humoriacutestico picos com tiragem de ateacute 225

mil exemplares marcando-o como jornal expoente na classe tida como imprensa alternativa

ou nanica16 Para Kucinski (2003 p 15) o jornal ainda foi aleacutem do humor O Pasquim

mudou haacutebitos e valores empolgando jovens e adolescentes nos anos 1970 em especial nas

cidades interioranas que haviam florescido durante o milagre econocircmico encapsuladas numa

moral provinciana

Para se opor agrave ditadura militar agrave classe meacutedia regida por conceitos morais e agrave grande

imprensa17 devido agrave censura o espiacuterito de O Pasquim seguia por correntes filosoacuteficas como o

existencialismo de Jean Paul-Sartre e a contra-cultura norte-americana do fim dos anos

14 Nos registros de Strelow (2009 p 11) o Pato Macho foi o primeiro jornal rio-grandense a sofrer a censura preacutevia 15 No registro histoacuterico de Kucinski (2003 p 437 ) Pif-Paf foi o primeiro perioacutedico a ser criado como oposiccedilatildeo agrave ditadura militar no Brasil 16 BELTRAtildeO Luiz (1980 p 37) cita o nome de nanica pelo motivo de a maioria dos jornais alternativos possuiacuterem na eacutepoca o tamanho tabloacuteide 17 Sodreacute (2004 p 275) afirma que o surgimento da grande imprensa no Brasil ocorre de maneira natural devido a ascensatildeo burguesa ao avanccedilo das relaccedilotildees capitalistas tornando o jornal capitalista e claramente objetivando a lucratividade

17

196018 Na mistura destas duas influecircncias mais o desejo ser um jornal independente O

Pasquim alcanccedilava o populismo de maneira raacutepida jaacute na sua 26deg ediccedilatildeo com a marca de 200

mil exemplares vendidos

Com este avanccedilo em 1969 o jornal comeccedilava a tomar o espaccedilo das revistas nas

bancas trazendo longas reportagens e entrevistas Entre elas o marcante entrevista da atriz

Leila Diniz que falava abertamente sobre sexo resultando natildeo soacute na ediccedilatildeo mais vendido da

histoacuteria do jornal mas tambeacutem no decreto que instalou a censura preacutevia19 no paiacutes

Mas mesmo sob as normas da censura preacutevia jaacute instalada no paiacutes a continuidade das

publicaccedilotildees de O Pasquim natildeo foram interrompidas nem apoacutes a invasatildeo dos policiais do DOI-

CODI20 na redaccedilatildeo do jornal em 1deg de novembro de 1970 Na ocasiatildeo Tarso de Castro

conseguiu fugir e continuou editando o jornal clandestinamente refugiado em uma casa ao

lado da redaccedilatildeo e a usando como escritoacuterio Ziraldo (1977 apud KUCINSKI 2003 p 218)

um dos editores do Pasquim na eacutepoca daacute mais detalhes sobre o acontecimento

Houve vaacuterias batidas em O Pasquim e a poliacutecia levou muitos documentos mas a mais seacuteria foi a que os levou presos ao departamento aeacutereo terrestre da Vila Militar ocupado pelo DOI-CODI Foram presos no fechamento de madrugada Joseacute Grossi Ziraldo Paulo Garcez Fortuna e Luiacutes Carlos Maciel Prenderam em casa o Francis Millocircr natildeo estava em casa quando foram prendecirc-lo Os outros receberam proposta da poliacutecia para se entregarem em troca de libertaccedilatildeo dos que jaacute estavam presos Numa reuniatildeo Jaguar e Seacutergio Cabral concordaram em se entregar Millocircr natildeo estava presente Queriam prender tambeacutem a Leila Diniz Quem abrigou-a foi o Flaacutevio Cavalcanti Era tudo coisa do falso puritanismo Achavam que a entrevista da Leila visava destruir a famiacutelia Quando os militares viram a grana nos talotildees de cheque pensaram que O Pasquim recebia dinheiro de Cuba

Natildeo seriam acontecimentos como este que dariam fim ao O Pasquim poreacutem as

tiragens caiacuteram de maneira preocupante devido agrave censura e muitos jornaleiros se recusaram a

continuar vendendo O Pasquim jaacute que sofriam ameaccedilas do governo militar que podiam

fechar o estabelecimento se assim o vissem necessaacuterios A publicidade dentro de O Pasquim

tambeacutem caiu chegando agrave zero

18 Op cit Kucinski (2003 p 209) 19 A censura preacutevia natildeo soacute foi executada sobre O Pasquim mas por todos os jornais em que o regime militar visse necessaacuterio no paiacutes 20 Oacutergatildeo de inteligecircncia e repressatildeo do governo brasileiro na eacutepoca

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 16: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

16

Mesmo diante do esquecimento popular eacute merecido ressaltar dentro deste PEC a

importacircncia das publicaccedilotildees empenho e dedicaccedilatildeo do Baratildeo de Itarareacute em dar a populaccedilatildeo

olhos capazes de ler o que nem todos veem Olhos que atraveacutes do humor enxergavam

princiacutepios democraacuteticos e do mais legiacutetimo direito agrave expressatildeo

52 O PASQUIM O HUMOR NO JORNALISMO CONTRA A DITADURA MILITAR

Por sua proacutepria natureza o humor eacute uma forccedila desinibidora libertaacuteria Em suas expressotildees mais desenvolvidas ele nos ajuda a perceber as ambiguumlidades da condiccedilatildeo humana as contradiccedilotildees disfarccediladas os anseios e insatisfaccedilotildees

(Leandro Konder)

Entre 1964 e 1980 periacuteodo em que a ditadura militar governou o Brasil dentro do mais

duro regime poliacutetico cerca de 150 jornais alternativos foram criados como forma de oposiccedilatildeo

ao poder (KUCINSKI 2003) Mas mesmo entre todo este montante de perioacutedicos poucos

sobreviveram a tempo de se tornarem nacionalmente conhecidos

Entre eles alguns se destacaram por seu humor a revista Pif-Paf14 de Millocircr

Fernandes o jornal O Pato Macho15 de Luiz Fernando Veriacutessimo e O Pasquim de Tarso de

Castro que atingiu dentro da linha do jornalismo humoriacutestico picos com tiragem de ateacute 225

mil exemplares marcando-o como jornal expoente na classe tida como imprensa alternativa

ou nanica16 Para Kucinski (2003 p 15) o jornal ainda foi aleacutem do humor O Pasquim

mudou haacutebitos e valores empolgando jovens e adolescentes nos anos 1970 em especial nas

cidades interioranas que haviam florescido durante o milagre econocircmico encapsuladas numa

moral provinciana

Para se opor agrave ditadura militar agrave classe meacutedia regida por conceitos morais e agrave grande

imprensa17 devido agrave censura o espiacuterito de O Pasquim seguia por correntes filosoacuteficas como o

existencialismo de Jean Paul-Sartre e a contra-cultura norte-americana do fim dos anos

14 Nos registros de Strelow (2009 p 11) o Pato Macho foi o primeiro jornal rio-grandense a sofrer a censura preacutevia 15 No registro histoacuterico de Kucinski (2003 p 437 ) Pif-Paf foi o primeiro perioacutedico a ser criado como oposiccedilatildeo agrave ditadura militar no Brasil 16 BELTRAtildeO Luiz (1980 p 37) cita o nome de nanica pelo motivo de a maioria dos jornais alternativos possuiacuterem na eacutepoca o tamanho tabloacuteide 17 Sodreacute (2004 p 275) afirma que o surgimento da grande imprensa no Brasil ocorre de maneira natural devido a ascensatildeo burguesa ao avanccedilo das relaccedilotildees capitalistas tornando o jornal capitalista e claramente objetivando a lucratividade

17

196018 Na mistura destas duas influecircncias mais o desejo ser um jornal independente O

Pasquim alcanccedilava o populismo de maneira raacutepida jaacute na sua 26deg ediccedilatildeo com a marca de 200

mil exemplares vendidos

Com este avanccedilo em 1969 o jornal comeccedilava a tomar o espaccedilo das revistas nas

bancas trazendo longas reportagens e entrevistas Entre elas o marcante entrevista da atriz

Leila Diniz que falava abertamente sobre sexo resultando natildeo soacute na ediccedilatildeo mais vendido da

histoacuteria do jornal mas tambeacutem no decreto que instalou a censura preacutevia19 no paiacutes

Mas mesmo sob as normas da censura preacutevia jaacute instalada no paiacutes a continuidade das

publicaccedilotildees de O Pasquim natildeo foram interrompidas nem apoacutes a invasatildeo dos policiais do DOI-

CODI20 na redaccedilatildeo do jornal em 1deg de novembro de 1970 Na ocasiatildeo Tarso de Castro

conseguiu fugir e continuou editando o jornal clandestinamente refugiado em uma casa ao

lado da redaccedilatildeo e a usando como escritoacuterio Ziraldo (1977 apud KUCINSKI 2003 p 218)

um dos editores do Pasquim na eacutepoca daacute mais detalhes sobre o acontecimento

Houve vaacuterias batidas em O Pasquim e a poliacutecia levou muitos documentos mas a mais seacuteria foi a que os levou presos ao departamento aeacutereo terrestre da Vila Militar ocupado pelo DOI-CODI Foram presos no fechamento de madrugada Joseacute Grossi Ziraldo Paulo Garcez Fortuna e Luiacutes Carlos Maciel Prenderam em casa o Francis Millocircr natildeo estava em casa quando foram prendecirc-lo Os outros receberam proposta da poliacutecia para se entregarem em troca de libertaccedilatildeo dos que jaacute estavam presos Numa reuniatildeo Jaguar e Seacutergio Cabral concordaram em se entregar Millocircr natildeo estava presente Queriam prender tambeacutem a Leila Diniz Quem abrigou-a foi o Flaacutevio Cavalcanti Era tudo coisa do falso puritanismo Achavam que a entrevista da Leila visava destruir a famiacutelia Quando os militares viram a grana nos talotildees de cheque pensaram que O Pasquim recebia dinheiro de Cuba

Natildeo seriam acontecimentos como este que dariam fim ao O Pasquim poreacutem as

tiragens caiacuteram de maneira preocupante devido agrave censura e muitos jornaleiros se recusaram a

continuar vendendo O Pasquim jaacute que sofriam ameaccedilas do governo militar que podiam

fechar o estabelecimento se assim o vissem necessaacuterios A publicidade dentro de O Pasquim

tambeacutem caiu chegando agrave zero

18 Op cit Kucinski (2003 p 209) 19 A censura preacutevia natildeo soacute foi executada sobre O Pasquim mas por todos os jornais em que o regime militar visse necessaacuterio no paiacutes 20 Oacutergatildeo de inteligecircncia e repressatildeo do governo brasileiro na eacutepoca

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 17: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

17

196018 Na mistura destas duas influecircncias mais o desejo ser um jornal independente O

Pasquim alcanccedilava o populismo de maneira raacutepida jaacute na sua 26deg ediccedilatildeo com a marca de 200

mil exemplares vendidos

Com este avanccedilo em 1969 o jornal comeccedilava a tomar o espaccedilo das revistas nas

bancas trazendo longas reportagens e entrevistas Entre elas o marcante entrevista da atriz

Leila Diniz que falava abertamente sobre sexo resultando natildeo soacute na ediccedilatildeo mais vendido da

histoacuteria do jornal mas tambeacutem no decreto que instalou a censura preacutevia19 no paiacutes

Mas mesmo sob as normas da censura preacutevia jaacute instalada no paiacutes a continuidade das

publicaccedilotildees de O Pasquim natildeo foram interrompidas nem apoacutes a invasatildeo dos policiais do DOI-

CODI20 na redaccedilatildeo do jornal em 1deg de novembro de 1970 Na ocasiatildeo Tarso de Castro

conseguiu fugir e continuou editando o jornal clandestinamente refugiado em uma casa ao

lado da redaccedilatildeo e a usando como escritoacuterio Ziraldo (1977 apud KUCINSKI 2003 p 218)

um dos editores do Pasquim na eacutepoca daacute mais detalhes sobre o acontecimento

Houve vaacuterias batidas em O Pasquim e a poliacutecia levou muitos documentos mas a mais seacuteria foi a que os levou presos ao departamento aeacutereo terrestre da Vila Militar ocupado pelo DOI-CODI Foram presos no fechamento de madrugada Joseacute Grossi Ziraldo Paulo Garcez Fortuna e Luiacutes Carlos Maciel Prenderam em casa o Francis Millocircr natildeo estava em casa quando foram prendecirc-lo Os outros receberam proposta da poliacutecia para se entregarem em troca de libertaccedilatildeo dos que jaacute estavam presos Numa reuniatildeo Jaguar e Seacutergio Cabral concordaram em se entregar Millocircr natildeo estava presente Queriam prender tambeacutem a Leila Diniz Quem abrigou-a foi o Flaacutevio Cavalcanti Era tudo coisa do falso puritanismo Achavam que a entrevista da Leila visava destruir a famiacutelia Quando os militares viram a grana nos talotildees de cheque pensaram que O Pasquim recebia dinheiro de Cuba

Natildeo seriam acontecimentos como este que dariam fim ao O Pasquim poreacutem as

tiragens caiacuteram de maneira preocupante devido agrave censura e muitos jornaleiros se recusaram a

continuar vendendo O Pasquim jaacute que sofriam ameaccedilas do governo militar que podiam

fechar o estabelecimento se assim o vissem necessaacuterios A publicidade dentro de O Pasquim

tambeacutem caiu chegando agrave zero

18 Op cit Kucinski (2003 p 209) 19 A censura preacutevia natildeo soacute foi executada sobre O Pasquim mas por todos os jornais em que o regime militar visse necessaacuterio no paiacutes 20 Oacutergatildeo de inteligecircncia e repressatildeo do governo brasileiro na eacutepoca

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

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SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

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XI n 02 p 36-40 fev 1970

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XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

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69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 18: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

18

521 O Fim de O Pasquim

O fim da censura preacutevia sobre O Pasquim terminou em 24 de marccedilo de 1975 agraves

veacutesperas de sua ediccedilatildeo de ndeg 300 Para a mesma ediccedilatildeo Millocircr Fernandes preparou o editorial

em tom de provocaccedilatildeo resultando no seu fichamento pelo DOPS21 Depois do fato Millocircr

Fernandes (1990 apud Kucinski 2003 p 227) decide deixar a redaccedilatildeo de O Pasquim e explica

o motivo No dia seguinte eu teria que escrever um artigo ainda mais violento Iria escrever

um artigo violento no nuacutemero 301 contra o Armando Falcatildeo22 Aiacute natildeo quiseram Por isso no

nuacutemero 300 todos entram com um galho dentro da redaccedilatildeo

O ciclo de resistecircncia de O Pasquim comeccedilava a se encerrar com o fim da censura

preacutevia fazendo as vendas do jornal novamente subirem ateacute atingirem o pico de 83 mil

exemplares no final de 1978 quando a campanha de Anistia23 alcanccedilava seu maacuteximo apogeu

Mas o clima de calmaria aos poucos natildeo favorecia as vendagens de O Pasquim Chegando na

tiragem de 44 mil exemplares em 1982 o cenaacuterio poliacutetico do periacuteodo natildeo favorecia a

criatividade o deboche e o esquerdismo do jornal igualando-se agraves pequenas publicaccedilotildees

alternativas semelhantes no periacuteodo

Com o fracasso de Ziraldo em tentar produzir um Pasquim remodelado em tamanho

standart e que nunca aconteceu Millocircr e Jaguar levaram O Pasquim a favor do partidarismo

propondo-se ao apoio agrave candidatura de Miro Texeira no Rio de Janeiro Por outro lado

Jaguar que desacreditava na potencialidade de Teixeira como possiacutevel governador do estado

passou a apoiar Leonel Brizola que tambeacutem concorria agrave eleiccedilatildeo Com este impasse editorial a

tentativa de reerguer O Pasquim rompia com a tradiccedilatildeo do proacuteprio jornal altamente contraacuterio

agrave poliacutetica o que podia denotar a falecircncia e o esgotamento de sua proposta inicial

desmoralizando-se diante de seu puacuteblico24

21 Departamento de Ordem Poliacutetica e Social oacutergatildeo do governo brasileiro criado durante a ditadura militar em que o objetivo era controlar e reprimir movimentos contraacuterios ao poder 22 Ministro da justiccedila dentro do governo Ernesto Geisel 23 Anistia deve-se a lei ndeg 6683 promulgada pelo entatildeo Joatildeo Figueiredo em 1979 durante a ditadura militar A lei dizia Art 1ordm Eacute concedida anistia a todos quantos no periacuteodo compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979 cometeram crimes poliacuteticos ou conexo com estes crimes eleitorais aos que tiveram seus direitos poliacuteticos suspensos e aos servidores da Administraccedilatildeo Direta e Indireta de fundaccedilotildees vinculadas ao poder puacuteblico aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciaacuterio aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado) sect 1ordm - Consideram-se conexos para efeito deste artigo os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes poliacuteticos ou praticados por motivaccedilatildeo poliacutetica 24 Em vista disso eacute razoaacutevel afirmar que o erro que daria inicio agrave falecircncia de O Pasquim esteve em contratariar sua proacutepria ideologia

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 19: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

19

No final das eleiccedilotildees com a vitoacuteria do concorrente agrave candidatura do Rio de Janeiro

Leonel Brizola o Pasquim somava uma diacutevida de 200 mil doacutelares na qual falhas

administrativas contribuiacuteram para o endividamento conforme Kucinski (2003 p 208)

Durante toda a sua existecircncia como imprensa alternativa o Pasquim foi uma sociedade por cotas instaacutevel que mudava a composiccedilatildeo acionaacuteria a cada crise Mas natildeo foram obedecidas regas baacutesicas de administraccedilatildeo controle financeiro e de estoques o que levou ao estrangulamento de um projeto editorialmente bem-sucedido O grupo natildeo se via como uma empresa nem mesmo como uma redaccedilatildeo convencional mas como uma patota um grupo de amigos que tinha prazer de fazer de suas relaccedilotildees pessoais e idiossincrasias mateacuteria de jornal

Com o enfraquecimento das vendas do jornal devido aos fatores como o citado

contexto poliacutetico desfavoraacutevel a repeticcedilatildeo de linguajem e concorrentes humoriacutesticos que

comeccedilavam a surgir no mercado O Pasquim deixou evidente a sua falecircncia em 1988 quando

foi comprado pelo empresaacuterio Joatildeo Carlos Rabello que anulou o estilo pasquiniano de

escrever sua linguagem como acredita Queiroz (2007) Acredito que o teacutermino do

semanaacuterio se consolidou por uma seacuterie de sintomas mas principalmente pelo esgotamento

de sua linguagem com uma consequumlente ausecircncia de renovaccedilatildeo e pela perda de sua

identidade

Apoacutes este periacuteodo nenhum outro jornal de caraacuteter humoriacutestico fora capaz de se igualar

a popularidade conquistada pelo O Pasquim

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 20: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

20

6 O JORNALISMO HUMORIacuteSTICO EM BLUMENAU

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis Eu quero mostrar a miseacuteria de forma leve

(Apariacutecio Torelly)

Apoacutes a imigraccedilatildeo alematilde os colonizadores que aqui se situaram natildeo deixaram de

herdar algumas culturas europeacuteias Entre elas estavam os festejos carnavalescos que

aconteciam pelas ruas e clubes da cidade Dentro do periacuteodo de carnaval pequenos jornais

carnavalescos comeccedilaram a fazer parte da festa a partir do seacuteculo XX25 Candena (2009)

descreve sobre a singularidade do tratamento destes jornais no Brasil

O fato eacute que o nosso paiacutes foi o uacutenico no mundo a desenvolver uma miacutedia especiacutefica para as festas de momo Os jornais carnavalescos segundo Joseacute Ramos Tinhoratildeo que catalogou 176 tiacutetulos no seu livro A imprensa carnavalesca no Brasil eacute um fenocircmeno exclusivamente brasileiro o pesquisador faz a ressalva em relaccedilatildeo a Portugal onde os encontrou editados em linguagem e folhas de cordel durante o seacuteculo XVIII com o entrudo como tema Muito distantes contudo quanto agrave forma conteuacutedo e intenccedilatildeo da imprensa perioacutedica tupiniquim caracterizada justamente pela variedade temaacutetica

Como estas publicaccedilotildees carnavalescas natildeo poderiam ficar ausentes nesta pequena

recuperaccedilatildeo historiograacutefica que antecede o PEC do jornal Barriga apresentaremos a seguir os

perioacutedicos anuais que atraveacutes do humor levavam criacutetica e informaccedilatildeo agrave sociedade

blumenauense da eacutepoca Os jornais propriamente ditos como humoriacutesticos26 datildeo sequumlecircncia ao

resgate27

25 Com base na entrevista agrave historiadora Sueli Petry atualmente os carnavais de ruas e clubes natildeo satildeo visiacuteveis na sociedade blumenauense devido agrave mudanccedilas de haacutebito como a preferecircncia por estadias litoracircneas durante o feriado carnavalesco 26 Classificaccedilatildeo de estilos conceituados por Petry (2006 p 11) in caderno 1deg Seminaacuterio sobre a Histoacuteria da Comunicaccedilatildeo em Santa Catarina 27 Eacute relevante a ressalva sobre o trabalho historiograacutefico de Joseacute Ferreira da Silva in A Imprensa em Blumenau sobre as folhas carnavalescas e jornais humoriacutesticos que eacute tomado como referecircncia uacutenica neste resgate devido ao assunto ter recebido pouca exploraccedilatildeo por parte de outros pesquisadores locais Ressalvamos tambeacutem que o tema jornais humoriacutesticos inicialmente eacute um preacute-projeto de Teoria de Conclusatildeo de Curso do acadecircmico Tiago

Ribeiro presente neste trabalho afim de sistematizar este estilo de suporte midiaacutetico ainda pouco estudado em Blumenau

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

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Page 21: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

21

61 OS JORNAIS CARNAVALESCOS

611 Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung

O Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung surgiu em 17 de fevereiro de 1901 como um

jornal carnavalesco de humorismo e criacutetica no bairro Itoupava Seca de Blumenau Com o

pequeno formato de 23 x 31 cm e 4 paacuteginas o jornal era impresso em papel colorido e

praticamente todo ele escrito na liacutengua alematilde Em portuguecircs eram publicados apenas alguns

versos que eram dispostos na uacuteltima paacutegina

A publicaccedilatildeo tinha como ponto forte criacuteticas aos poliacuteticos da eacutepoca principalmente

devido agrave ideologia partidaacuteria de seus editores a fim de atuarem na poliacutetica e administraccedilatildeo da

cidade no periacuteodo O jornal teve um uacutenico exemplar publicado mas Silva (1977 p 40) afirma

a possiacutevel continuidade com outro nome Embora natildeo possamos afirmaacute-lo com seguranccedila eacute

de todo provaacutevel que este jornalzinho tenha sido publicado tambeacutem anos seguinte mas sob o

tiacutetulo de Bummelauer Fastnachts-Zeitung []

612 Teutocircnia Faschingsnumer

O Teutocircnia Faschingsnumer surge no dia 14 de fevereiro de 1904 como outro jornal

carnavalesco No formato de 20 x 305 cm era composto por quatro paacuteginas e com letras de

impressatildeo goacutetica alematilde na maior parte do jornal

Diferente do Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung o Teutocircnia Faschingsnumer natildeo era

composto de muita graccedila nem interessante aos leitores pela conotaccedilatildeo de que a publicaccedilatildeo

apenas surgira para mexer com integrantes da Sociedade Recreativa de Itoupava Carente de

mais informaccedilotildees sobre o assunto o historiador Silva (1977 p 41) deixa incerto a

continuidade do jornal Acreditamos que o nuacutemero de que tratamos foi o uacutenico publicado

pois natildeo temos nem mesmo notiacutecia de outros que tivessem surgido

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 22: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

22

613 Bummelauer Fastnachts

Como citado por Silva (197 p 40) de que este jornal provavelmente tivera sido o

mesmo que anteriormente se chamava Altonaer Fastnachts-Umzug-Zeitung eacute sabido

historicamente que Bummelauer Fastnachts Jornal Carnavalesco de Pacircndega em portuguecircs

teve apenas mais trecircs ediccedilotildees nos respectivos anos de 1903 1904 e 1906

Como na versatildeo anterior o Bummelauer Fastnachts dirigia suas criacuteticas

principalmente aos poliacuteticos em evidecircncia da eacutepoca como explica Silva (1977 p 48)

[] essa folha carnavalesca foi das mais temiacuteveis que apareceram em Blumenau Esse jornalzinho apesar do roacutetulo de carnavalesco deve ter dado muitas dores de cabeccedila aos homens da poliacutetica e da administraccedilatildeo municipal pois sob o pretexto de troccedila trouxe agrave puacuteblico muitas das suas mazelas Soube bem encarnar o dito latino ridendo castigat mores

614 Schuetsenliesel

Apenas dois exemplares fazem parte da curta vida do Schuetsenliesel Publicado nos

anos de 1911 e 1912 ambas ediccedilotildees tiveram tamanhos diferentes entre si A primeira foi

impressa em papel branco com o formato 16 x 24 cm e oito paacuteginas Jaacute a segunda ediccedilatildeo esta

teve o formato 18 x 255 cm com apenas quatro paacuteginas em papel azul

O jornal foi publicado por integrantes da Sociedade de Atiradores de Blumenau mas

como jornal humoriacutestico carecia de boas piadas e criacuteticas certamente deixando o puacuteblico

leitor desinteressado pela publicaccedilatildeo (SILVA 1977)

615 Kiriri

Uma uacutenica ediccedilatildeo do Kiriri surgiu no saacutebado de Carnaval do dia 14 de fevereiro em

1920 Suas quatro paacuteginas foram redigidas em portuguecircs e alematildeo no formato 28 x 38 cm

Mas como folha carnavalesca deixou a desejar conforme Silva (1970 p 44)

Pouca graccedila e poesias mal feitas como esta que transcrevemos como amostra

Olhando sempre pro chatildeo

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 23: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

23

No meu passo vagaroso

Tropeccedilo agraves vezes em vatildeo

Pensando no bem ditoso

Oacute que graccedila que deliacutecia

Naquele olhar piedoso

Que palidez tatildeo sublime

No seu rosto tatildeo sedoso 28

A partir deste recorte eacute possiacutevel compartilharmos da mesma opiniatildeo de Silva

reafirmando o que disse atraveacutes da notaacutevel ausecircncia de uma caracteriacutestica marcante a cerca do

humor

616 Die Schnauze

O primeiro nuacutemero do Die Schnauze foi publicado em 28 de fevereiro de 1920 A

traduccedilatildeo literal do nome Die Schnauze significa focinho mas que tambeacutem pode ser boca

no sentido mais vulgar Neste caso o jornal deveria ser traduzido como O Boca Grande

Dentro do formato 235 x 325 cm de quatro ou seis paacuteginas o jornal possuiacutea estilo de

escrita e impressatildeo de oacutetima qualidade causando ansiedade no puacuteblico leitor antes de sua

publicaccedilatildeo Aleacutem de engraccedilado o jornal era temido por algumas classes blumenauenses

como explica Silva (1970 p 44)

Suas criacuteticas feitas com muita graccedila eram ferinas e por isso mesmo temidas Criticava inclusive com muito bom humor a proacutepria administraccedilatildeo municipal e as autoridades constituiacutedas como por exemplo neste toacutepico Estatiacutestica No municiacutepio de Blumenau satildeo fabricados anualmente 1485923 tijolos Sobre a cabeccedila de cada um de seus habitantes caem exatamente 23 e meio tijolos por ano

Muitas caricaturas ainda ilustravam quase todas as paacuteginas do jornal algumas de

cunho mais satiacuterico outras de cunho mais irocircnico sempre fornecendo um aspecto de material

agradaacutevel aleacutem de sua parte literaacuteria

Mas assim como outros jornais de cunho humoriacutestico e criacutetico o Die Schnauze natildeo

escapou de intervenccedilotildees policiais e de processos judiciais como consequumlecircncia de seu material

publicado Mesmo nestas condiccedilotildees ele foi editado interruptamente em todos os carnavais

28 Por uma preferecircncia esteacutetica mantivemos na citaccedilatildeo a diagramaccedilatildeo encontrada em Silva (1970 p 44)

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 24: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

24

pelos 17 anos seguintes desde seu surgimento em 1920 consagrando-se como o jornal

carnavalesco humoriacutestico de maior nuacutemero de ediccedilotildees jaacute publicadas em Blumenau

617 A Ortiga

O A Ortiga surgiu no Carnaval de 1924 com o nome realmente grafado da maneira

errada como um pequeno jornal de 4 paacutegina no formato de 225 x 32 cm O jornal denotava

pouco senso do humor se atendo apenas a criticar pessoas que faziam parte da sociedade

local Somente um exemplar do deste jornal circulou na cidade

618 Die Mistgabel

Die Mistgabel O Forcado em portuguecircs surgiu em Pomerode entatildeo parte integrante

do municiacutepio de Blumenau no carnaval de 1929 em formato 32 x 32 cm com quatro ou seis

paacuteginas O periacuteodo de publicaccedilatildeo deste jornal foi irregular tendo sua segunda apariccedilatildeo em

1930 a terceira em 1934 e a quarta ediccedilatildeo em 1938 mas sempre com muita graccedila e humor

Silva (1970 p 88) traz um recorte onde o jornal se dirige aos leitores falando sobre sua

ausecircncia

Como editorial do ndeg 3 aparece por exemplo o seguinte Pela terceira vez Der Mistgabel vem visitar-te Tu podes examinaacute-lo por fora e por dentro por traacutes e pela frente ele responderaacute ao teu minucioso exame tudo eacute estrume Durante cinco anos o jornal matildeo apareceu por causa da forte censura Mas nesse meio tempo juntou-se tanto lixo que noacutes fomos obrigados a arranjar um novo redator

Para melhor ilustrar a citaccedilatildeo acima o estrume comentado eacute uma referecircncia ao

forcado que na tradiccedilatildeo portuguesa significa garfo de apanhar lixo ou estrume Registros

histoacutericos reunidos por Silva (1977) apontam que este jornal foi publicado ateacute a quarta ediccedilatildeo

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 25: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

25

619 Sudarm-Glocken

O Sudarm Gloken Sinos de Rio do Sul em portuguecircs surgiu em 1929 no formato 23

x 285 cm em quatro paacuteginas Por circular no distrito de Bela Alianccedila o quinto em Blumenau

o jornal publicava em forma de versos criacuteticas pesadas agraves autoridades do distrito Silva (1970

p 88) daacute mais detalhes sobre este contexto

Essa publicaccedilatildeo foi mais um verdadeiro pasquim que folha carnavalesca e pelo que se deduz tinha a finalidade de desmoralizando os vaacuterios funcionaacuterios do distrito evitar a emancipaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo do mesmo e a sua elevaccedilatildeo agrave sua categoria de municiacutepio o que se daria no ano seguinte

Registros histoacutericos tambeacutem apontam de que este pequeno jornal natildeo ultrapassou sua

primeira ediccedilatildeo

6110 Der Mosquito

Patrocinado pela Sociedade de Atiradores Nova Velha o Der Mosquito (O Mosquito)

surge em 22 de fevereiro de 1930 como outra folha carnavalesca entre as jaacute apresentadas O

formato do jornal era de 23 x 32 cm com quatro paacuteginas e ateacute onde existem registros

histoacutericos chegou apenas ateacute sua quinta ediccedilatildeo

O jornal era composto por criacuteticas leves aos acontecimentos da regiatildeo e agraves

personalidades da cidade de Blumenau Atraveacutes de boas piadas e um bom espiacuterito

humoriacutestico o jornal marcou eacutepoca no meio onde circulava

6111 Die Quasselbude

A primeira ediccedilatildeo do jornal carnavalesco Die Quasselbude surgiu em 23 de janeiro de

1932 no formato 225 x 325 Divido em quatro paacuteginas completamente redigidas em alematildeo

o jornal aproveitava sua veia humoriacutestica para deixar registrado em sua capa o dizer Wem es

juckt der kratze sich Wir sind nicht verantwortlich que em portuguecircs significa Quem

sentir coceiras que coce Noacutes natildeo somos os responsaacuteveis

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 26: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

26

Como outros jornais carnavalescos mais amenos o Die Quasselbude criticava as

pessoas de destaque na cidade sem partir para textos com agressotildees pessoais

6112 Die Gurke

Apesar de ter sido criado no distrito de Indaial 3deg do Municiacutepio de Blumenau o Die

Gurke (O Pepino) destacou-se por seu interessante bom humor como explica Silva (1977 p

94)

A maior parte da mateacuteria eacute composta em versos agraves vezes bem feitos e cheios de humor Anuacutencios muito cocircmicos avisos repletos de verve criacuteticas alegres distribuiacuteam-se pelas vaacuterias colunas tornando o jornalzinho verdadeiramente interessante e naturalmente tambeacutem irritante para os atingidos por algumas das suas muitas pilheacuterias

Escrito inteiramente em alematildeo no editorial do jornal estava a explicaccedilatildeo do porquecirc

de o jornal se chamar O Pepino como ainda aponta Silva (1977 p 94)

[] porque certos narizes de apreciaacutevel volume e de natildeo menor capacidade de cheirar as coisas tambeacutem satildeo conhecidos pela mesma designaccedilatildeo do indigesto mas saborosiacutessimo fruto tatildeo usado para saladas e conservas

Assim O Pepino prometia meter o nariz mesmo onde natildeo fosse chamado e marcou

eacutepoca no distrito Indaial mexendo com a populaccedilatildeo em geral mas sem os excessos de outros

jornais carnavalescos jaacute citados que fomentavam inimizades nas comunidades que surgiam

Em Silva (1977) acredita-se que o exemplar nuacutemero 4 de 1935 tenha sido o uacuteltimo a ser

publicada

6113 Antesiriprospeacutetico

Foi com este nome que surgiu entre 1935 e 1938 o Antesiriprospeacutetico um jornal

carnavalesco que devido agrave ausecircncia de registros histoacutericos natildeo eacute possiacutevel afirmar sua data de

publicaccedilatildeo com precisatildeo A publicaccedilatildeo teve apenas um uacutenico nuacutemero conforme aponta o

registro histoacuterico de Silva (1970)

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

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Page 27: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

27

6114 A Folia

A Folia surge no carnaval de 1934 com o formato 23 X 315cm e quatro 4paacuteginas De

caraacuteter criacutetico e humoriacutestico o jornal natildeo ressaltava grande toacutepicos A publicaccedilatildeo se limitava

agraves piadas sobre os grupos de diversas rodas de Blumenau Sua ediccedilatildeo foi uacutenica

62 OS JORNAIS HUMORIacuteSTICOS

Eacute incontestaacutevel a superioridade em relaccedilatildeo aos nuacutemeros de jornais carnavalescos sobre

os jornais humoriacutesticos que viratildeo a seguir Diferente destas publicaccedilotildees carnavalescas citadas

anteriormente que comumente tinha apenas uma ediccedilatildeo por ano os jornais humoriacutesticos

estavam desatrelados ao contexto carnavalesco surgindo a partir da ideia de seus fundadores

de exercer a criacutetica e o humor

Seraacute possiacutevel notar que as publicaccedilotildees dos jornais humoriacutesticos e tambeacutem

carnavalescos natildeo permearam apoacutes o ano de 1938 ano antecedente agrave II Guerra Mundial que

inibiria quaisquer publicaccedilotildees do tipo Beltratildeo (1980 p 35) reforccedila esta afirmaccedilatildeo Os

jornalecos efecircmeros de duas ou quarto folhas de reduzido formato e limitada penetraccedilatildeo

desapareceram natildeo como por encanto poreacutem como resultado das novas condiccedilotildees sociais

Entre estas condiccedilotildees propostas por Beltratildeo pressupomos que a cidade de Blumenau

tenha se enquadrado dentro delas devido a sua origem alematilde que mantinha relaccedilatildeo com a II

Guerra Mundial

621 O Quebra-Nozes

O Quebra-Nozes nasce em setembro de 1905 como uma folha humoriacutestica e criacutetica

de pequeno formato como oacutergatildeo do Clube de Bolatildeo Nussknacker Ateacute onde se tem

conhecimento registrado o jornal foi ateacute sua terceira ediccedilatildeo o que sustenta a afirmaccedilatildeo de

Silva (1970 p 45) sobre a vida curta de publicaccedilotildees de cunho criacutetico e humoriacutestico na regiatildeo

Foi como muitos outros jornais criacuteticos e humoriacutesticos que surgiram posteriormente em Blumenau de vida efecircmera frutos quase sempre de entusiasmos passageiros que esmoreceram ao encontro dos primeiros percalccedilos encontrados principalmente os da ordem financeira

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 28: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

28

622 Bem-Te-Vi

O Bem-te-vi surgiu em maio de 1923 atraveacutes de alunos da Escola Complementar

anexa ao Grupo Escolar Luiz Delfino dizendo-se perioacutedico semanal jornal criacutetico e

humoriacutestico O jornal tinha formado 23 x 32 e era manuscrito e mimeografado e natildeo existem

registros de ediccedilotildees superiores aleacutem da quarta ediccedilatildeo que possivelmente foi a uacuteltima (SILVA

1977)

623 Zeacute Pereira

O Zeacute Pereira um jornalzinho criacutetico e humoriacutestico (BLUMENAU EM CADERNOS

1956 p 36) surgiu no carnaval de 1917 em Blumenau no formato 22 x 31 cm e quatro

paacuteginas Atraveacutes de criacuteticas sem maliacutecia o jornal era composto basicamente por criacuteticas

anedotas e versos brincalhotildees Somente uma ediccedilatildeo de Zeacute Pereira foi publicada

624 O Bisturi

O Bisturi surge em maio de 1931 no formato 23 x 35 cm com quatro paacuteginas No

cabeccedilalho a criatividade no Expediente dava caras do estilo de humor do jornal Expediente

depois das dez Distribuiacutemos esmolas soacute aos saacutebados e aceitamos donativos monetaacuterios

Mas apesar do comeccedilo bastante irocircnico o jornal compunha pequenas brincadeiras e piadas

inofensivas Este diferente da maioria dos jornais humoriacutesticos pesquisados teve maior

longevidade chegando ateacute sua 16deg ediccedilatildeo em julho do mesmo ano

625 O KCT

Lanccedilado em 1934 O KCT tinha o formato 225 x 33 cm e era bimensal Mas como

outras publicaccedilotildees humoriacutesticas jaacute citadas tambeacutem teve uma vida curta natildeo passando de sua

seacutetima ediccedilatildeo (SILVA 1977)

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 29: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

29

626 Piranha

Ainda em 1934 aparece o Piranha tambeacutem um jornal humoriacutestico e criacutetico no mesmo

formato de O KCT e impresso nas oficinas do Correio de Blumenau O jornal atingiu somente

ateacute sua 5deg ediccedilatildeo confirmando mais uma vez a efemeridade destas publicaccedilotildees em que aponta

Silva (1977)

627 O Tinhoso

Apoacutes fazer ataques editoriais agraves autoridades de Blumenau o jornal Cidade de

Blumenau teve sua publicaccedilatildeo suspensa fazendo seus ex-diretores publicarem O Tinhoso um

jornal criacutetico que satirizava principalmente as autoridades da eacutepoca ainda em 1934 Em

formato 285 x 385 cm com quatro paacuteginas e contando com quatro colunas sob caricaturas

ridicularizante o jornal prezava por sua arte singular e criacutetica atraveacutes de desenhos como no

O inicial do tiacutetulo do jornal que apresentava o rosto de um diabo No expediente oacutergatildeo

diaboacutelico brincalhatildeo Soacute sai aos domingos A responsabilidade vai por conta do diabo

Somente dois nuacutemeros de O Tinhoso foram publicados como resultado das pesadas

brincadeiras sobre autoridades fazendo com que a poliacutecia proibisse sua publicaccedilatildeo

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 30: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

30

7 O JORNALISMO OPINATIVO E O HUMOR

O homem natildeo eacute tatildeo ferido pelo que acontece e sim por sua opiniatildeo sobre o que acontece

(Montagne)

A opiniatildeo sempre esteve presente dentro de noacutes seres humanos criacuteticos por natureza a

partir de julgamentos sobre as informaccedilotildees que absorvemos Seja na leitura de diferentes

significados que podem ser encontrados em O Pequeno Priacutencipe29 seja adjetivando definiccedilotildees

para as formas nas pinturas de Tarsila do Amaral30 ou nos sentimentos registrados a cada

poesia de Cruz e Souza31 Diante desta exposiccedilatildeo eacute possiacutevel concordar com TOgraveBIO32 (1967

apud 1980 BELTRAtildeO p 16 ) acerca deste caraacuteter humano e sua naturalidade em exercer

julgamentos

Todo ser humano naturalmente se inclina a criticar dentro da atividade mental elaborada de juiacutezos Todos criticamos diariamente o que contemplamos e que de uma maneira ou de outra nos afeta Criticar responde agrave natureza do homem e se eleva com seu niacutevel cultural Dado o fato ou acontecimento em processo natural e automaacutetico segue a criacutetica Como a vista distingue o que vecirc o entendimento discrimina o que entende e o qualifica logo Todo homem conhece todo homem julga e critica Fundamenta-se na criacutetica na imperfeiccedilatildeo de todo o humano e tem sentido porque o humano eacute suscetiacutevel de correccedilatildeo e melhoramento

A partir desta afirmaccedilatildeo eacute inegaacutevel a reflexatildeo sobre a formaccedilatildeo das produccedilotildees

jornaliacutesticas e sua passividade em exercer julgamentos uma vez que satildeo produzidas por seres

humanos Pessoas que como noacutes carregam dentro de si bagagens culturais experiecircncias de

vida e preferecircncias religiosas esportivas e poliacuteticas

Ainda em Beltratildeo (1980 p 36) e partindo deste princiacutepio humano temos acesso ao

registro histoacuterico que evidencia o uso da opiniatildeo jaacute no primeiro jornal a circular no Brasil

[] o primeiro perioacutedico a circular no Brasil

o Correio Brasiliense

editorializava desde o nuacutemero um definindo o caraacuteter opinativo de sua publicaccedilatildeo mostrar com evidecircncia os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro pois concebia o trabalho dos redatores das folhas puacuteblicas natildeo apenas como o de meros informares mas de elementos que munidos de uma criacutetica satilde e de uma censura

29 Livro francecircs mais vendido no mundo com cerca de 80 milhotildees de exemplares de Antoine de Saint-Exupeacutery publicado em 1943 Aparentemente um livro infantil sua mensages revelam sentidos filosoacuteficos e poeacuteticos sobre a vida 30 Pintora modernista brasileira 31 Poeta catarinense entre os percussores do simbolismo no Brasil como oposiccedilatildeo ao Realismo e o Naturalismo 32 TOacuteBIO FERNANDES Jesus El periodicista como criacutetico In Estuacutedios de Informacioacuten Madrid n 1 JanMar 67

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 31: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

31

adequada representam os fatos do momento as reflexotildees sobre o passado e as soacutelidas conjecturas sobre o futuro

Rabaccedila (2001 p 405) define a opiniatildeo como o ponto de vista expresso e ainda o

juiacutezo que se faz do assunto o que colocando em praacutetica dentro da profissatildeo jornaliacutestica

caracteriza-se como jornalismo opinativo onde conceituaremos seus gecircneros no decorrer

desta pesquisa Mas antes de darmos maiores aprofundamentos sobre a opiniatildeo jornaliacutestica

usada dentro do jornal Barriga nos remetemos a Melo (2003 p 25) para esclarecer os limites

que permeiam a opiniatildeo e a informaccedilatildeo no que tange a profissatildeo jornaliacutestica evidenciando

que estes dois fatores dependem de um contexto profissional e poliacutetico para serem definidos

[] a categoria informativa e a opinativa corresponde a um artifiacutecio profissional e tambeacutem poliacutetico Profissional no sentido contemporacircneo significando o limite que o jornalista se move circulando entre o dever de informar (registrando honestamente o que observa) e o poder de opinar que constitui uma concessatildeo que lhe eacute facultada ou natildeo pela instituiccedilatildeo em que atua Poliacutetico no sentido histoacuterico ontem o editor burlando a vigilacircncia do estado assumindo riscos calculados nas mateacuterias cuja autoria era revelada (comments) desviando a vigilacircncia do publico leitor em relaccedilatildeo agraves mateacuterias que aparecem como informativas (nes) mas na praacutetica possuem vieses ou conotaccedilotildees [grifos nossos]

Tomando como parte os grifos nossos da citaccedilatildeo de Melo ressaltamos que a

instituiccedilatildeo referida pelo autor no caso deste presente PEC eacute o proacuteprio jornal Barriga que

devido a sua linha editorial humoriacutestica permite a seus editores o uso da opiniatildeo de maneira

satiacuterica sobre a mateacuteria produzida sem se distanciar da caracteriacutestica de um produto

jornaliacutestico Torely (apud SOOacute 1984 p 90) cuja jaacute teve neste trabalho sua histoacuteria biograacutefica

resgatada traz uma interessante ideacuteia sobre o objetivo do humor praticado no jornal A Manha

O humorismo consiste em mostrar o outro lado das coisas o lado que o povo natildeo vecirc Natildeo

vecirc mas sente Aleacutem disso o humorismo natildeo deve ser usado apenas em assuntos fuacuteteis

Baseada nas citaccedilotildees de Torelly e Melo pressupomos uma semelhanccedila no objetivo

final de ambos do jornalismo opinativo e do humorismo de trazer ao puacuteblico um diferente

ponto de vista sobre os fatos em circulaccedilatildeo midiaacutetica elucidando-os Ambos objetivos

tambeacutem transpassam a factualidade de uma notiacutecia seja ela rasa ou de profundidade podendo

despertar no leitor o interesse pelo debate puacuteblico acerca da opiniatildeo emitida pelo veiacuteculo

Tendo em vista estes dois apontamentos reconhece-se no objetivo do jornal Barriga o

ofiacutecio de exercer a opiniatildeo legitimamente humoriacutestica sobre os fatos decorrentes na regiatildeo

de Blumenau e sejam eles atemporais ou natildeo Diferente de Martins (2005 p20) o jornal

Barriga retoma a predominacircncia opinativa no produto jornaliacutestico impresso o que para este

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 32: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

32

autor natildeo mais predomina remetendo-se ao webjornalismo33 como um novo meio de

disseminaccedilatildeo da opiniatildeo

[] longe de estar desaparecendo a imprensa de opiniatildeo tende a florescer no meio eletrocircnico da internet em que custos satildeo compatiacuteveis com a envergadura de seu puacuteblico Mas nos jornais diaacuterios dificilmente ela voltaraacute a dar o tom Essa fase acabou

Como complemento Martins (2005 p 20) ainda levanta a questatildeo sobre o espaccedilo da

opiniatildeo na miacutedia impressa que hoje se articulada em outros produtos jornaliacutesticos antes de

tender ao webjornalismo referido acima

Quer dizer entatildeo que atualmente natildeo haacute mais espaccedilo para a imprensa de opiniatildeo partidaacuteria ou segmentada Claro que haacute Mas esse espaccedilo vem se deslocando progressivamente do terreno dos jornais diaacuterios em que custos de produccedilatildeo satildeo altiacutessimos para o das publicaccedilotildees de periodicidade mais longa como semanaacuterios quinzenaacuterios e revistas

Para compreender o espaccedilo citado por Martins recorrermos agrave Beltratildeo (apud Melo

2003 p 60) citado como o uacutenico pesquisador a se preocupar sistematicamente com o

fenocircmeno de classificaccedilatildeo de gecircneros jornaliacutesticos para conceituar dentro do jornalismo

opinativo as cinco classificaccedilotildees ditas como opinativas

Satildeo elas o editorial um espaccedilo em que proacuteprio veiacuteculo de comunicaccedilatildeo se utiliza

para expressar sua opiniatildeo o artigo onde especialistas ou leitores comuns dissertam a cerca

de algum tema e expotildee sua opiniatildeo a crocircnica espaccedilo com predomiacutenio literaacuterio para a

exposiccedilatildeo de algum fato cotidiano regido por uma questatildeo cronoloacutegica a opiniatildeo ilustrada

charges e a opiniatildeo do leitor onde contem comentaacuterios de leitores que comumente fazem

comentaacuterios sobre as publicaccedilotildees anteriores

Mas mesmo sob as classificaccedilotildees propostamente dividas por Beltratildeo facilmente

identificamos e reconhecemos o uso da opiniatildeo em outras construccedilotildees jornaliacutesticas dentro do

Barriga Devido agrave proposta do jornal se utilizar do humor dentro de suas mateacuterias como

notiacutecia reportagem histoacuteria de interesse humano e informaccedilatildeo pela imagem que

tambeacutem foram classificadas por Beltratildeo mas dentro do gecircnero informativo eacute inegaacutevel a

presenccedila de julgamentos feitos de maneira humoriacutestica pelo editor sobre a mateacuteria Assim o

33 Designaccedilatildeo formulada pelo teoacuterico Joatildeo Canavilhas Para mais detalhes sobre o termo sugerimos a leitura de CANAVILHAS Joatildeo Messias Do jornalismo on-line ao webjornalismo formaccedilatildeo para a mudanccedila Disponiacutevel em lthttpboccubiptgt Acesso em 22 mar 2009

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 33: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

33

jornal Barriga registra explicitamente o seu cunho opinativo predominante em todo o

produto

71 A influecircncia Pasquim o estilo Barriga

Em torno da caracteriacutestica opinativa registrada no capiacutetulo anterior e do resgate

histoacuterico feito sobre O Pasquim34 no iniacutecio deste PEC eacute necessaacuterio o esclarecimento sobre a

distinccedilatildeo entre o perfil de O Pasquim e do jornal Barriga

Diferente das caracteriacutesticas revolucionaacuterias ou ideologistas como as de O Pasquim

que utilizava seu vieacutes humoriacutestico para legitimar o direito agrave expressatildeo e informaccedilatildeo em um

periacuteodo ditatorial o Barriga descarta esta aparecircncia revolucionaacuteria Seu objetivo estaacute como jaacute

citado na Justificativa deste trabalho em dar ao puacuteblico leitor um diferente ponto de vista

sobre as situaccedilotildees decorrentes na cidade mas sem princiacutepios revolucionaacuterios ou poliacuteticos

Aspirado de O Pasquim estaacute aleacutem do legitimo direito agrave expressatildeo35 a necessidade de criar

atraveacutes da opiniatildeo um veiacuteculo capaz de enxergar aleacutem da factualidade Poreacutem obviamente o

periacuteodo natildeo eacute mais ditatorial mas sim democraacutetico onde a liberdade sob os direitos

constituiacutedos predomina podendo tornar a opiniatildeo como algo distante do singular Diante

desta liberdade o Barriga se propotildee a criar a opiniatildeo sobre o que pode ser visto como banal e

natildeo menos importante tambeacutem imprescindiacutevel agrave sociedade blumenauense Neste ponto de

necessidade opinativa vale-se usar a citaccedilatildeo de Julian Maria36 (apud BELTRAtildeO 1980 p 16)

para discernir a funccedilatildeo do Barriga como um meio opinativo que desperte interesse sobre o

leitor

Quando algueacutem declara que natildeo tem opiniatildeo natildeo quer dizer que natildeo sabe e sim que natildeo tomou posiccedilatildeo por falta de interesse ou por natildeo ter presente as possibilidade de opinar ou por natildeo contar com os elementos suficiente para que sua adesatildeo se mobilize ateacute uma delas Isso significa que natildeo se ter opiniatildeo sobre qualquer coisa mas somente sobre certos temas que interessam para orientar a vida

Concordando com Julian destacamos que a necessidade de uma publicaccedilatildeo alternativa

se faz devido agrave utilidade deste mesmo produto jornaliacutestico em despertar no leitor sua

34 Jornal de cunho altamente opinativo e humoriacutestico que atingiu seus aacutepices de vendas durante um periacuteodo da ditadura militar 35 Direito presente na Constituiccedilatildeo Brasileira de 1988 36 Julian Maria (1915-2005) era filoacutesofo espanhol considerado o principal disciacutepulo do filoacutesofo Joseacute Ortega y Gasset que

atuou como ativista poliacutetico e jornalista

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

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Contemporacircneas 2005

Page 34: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

34

capacidade de opiniatildeo e julgamentos ainda natildeo abordados de maneira humoriacutestica A partir

desta afirmaccedilatildeo eacute valido a ressalva de que Beltratildeo (1980 p 15) deixa em seus registros a

necessidade de existir um fato questionaacutevel para que o mesmo seja capaz de gerar opiniatildeo

Nem todas as ocorrecircncias poreacutem satildeo suscetiacuteveis de opiniatildeo eacute necessaacuterio que o objeto seja questionaacutevel isto eacute decirc margem a uma opccedilatildeo do sujeito entre duas ou mais alternativas igualmente possiacuteveis Quando o objeto natildeo comporta diferentes faces natildeo haacute lugar para a opiniatildeo

Poreacutem partindo do princiacutepio de que a opiniatildeo se daacute apoacutes o interesse sobre um assunto

defendemos nossa aposta editorial em despertar opiniatildeo no leitor sobre os fatos mesmos

inquestionaacuteveis transformando-os em objeto opinativo e produto noticiosamente humoriacutestico

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 35: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

35

8 HUMOR E INFORMACcedilAtildeO

Contudo na vida cotidiana a maioria das pessoas natildeo questiona aquilo que as faz rir Ri e isso basta Quando o desfecho de uma situaccedilatildeo eacute o riso ou a gargalhada a captaccedilatildeo da mensagem parece ter sido imediata ou pelo menos bastante raacutepida e a resposta espontacircnea Rir natildeo eacute poreacutem uma mera reaccedilatildeo fisioloacutegica nem ao menos uma caracteriacutestica humana desde sempre

(Josimey Costa da Silva)

Em novembro de 2008 durante o seminaacuterio acadecircmico Jornalismo de

entretenimento37 o jornalista e professor Henrique Moreira38 definiu a importacircncia de

utilizar o humor como ferramenta para transmitir informaccedilatildeo fugindo do comodismo e da

focircrma que os padrotildees do mercado impuseram aos jornalistas Para ele o impacto da nova

modalidade seduz puacuteblicos que as miacutedias tradicionais habitualmente natildeo abrangem Quando

aparece alguma coisa nova que desconstroacutei os formatos tradicionais a gente vecirc que atraveacutes

do humor da criacutetica da ironia eles conseguem informar as pessoas e atingem um puacuteblico que

normalmente natildeo assiste o telejornal tradicional natildeo lecirc o jornal e natildeo tem uma visatildeo criacutetica

Nessa perspectiva surge o Barriga cuja pretensatildeo natildeo eacute ser um perioacutedico revolucionaacuterio

como os do periacuteodo em que Ditadura Militar era o alvo das criacuteticas como explanado

anteriormente No entanto a proposta do Barriga eacute utilizar o humor como canal de conduccedilatildeo

das notiacutecias Mas de que maneira o humor pode ser utilizado na transmissatildeo da informaccedilatildeo

sem que a credibilidade do veiacuteculo seja afetada Para tanto primeiro eacute necessaacuterio conhecer as

definiccedilotildees de humor

Rabaccedila (2001 p372) acredita que o humor eacute mais do que o conceituado nos dicionaacuterios

como disposiccedilatildeo do espiacuterito Para ele trata-se de uma posiccedilatildeo do espiacuterito uma visatildeo

desmistificadora da existecircncia humana Jaacute Silva (2002) faz uma compilaccedilatildeo das mais

diversas acepccedilotildees do humor caracterizado no teatro e literatura

Do ponto de vista da representaccedilatildeo literaacuteria e teatral haacute imensa gama de variaccedilotildees humor cocircmico humor burlesco humor ridiacuteculo humor irocircnico humor satiacuterico satildeo algumas e cada uma representa um tipo particular de humor nem todas provocando risos O cocircmico se faz comeacutedia utilizando-se do ridiacuteculo para fazer rir francamente A ironia provoca apenas sorrisos e eacute uma das formas mais criacuteticas e ferinas de humor consistindo em dizer o contraacuterio do que se pensa ela adiciona falsidade mentira ao fato que ridiculariza No extremo da escala haacute a saacutetira uma composiccedilatildeo

37 Nona ediccedilatildeo do ciclo de conferecircncias A Imprensa discute a Imprensa promovido pela Associaccedilatildeo dos Servidores da Imprensa Nacional e pelo jornal Correio Braziliense e apresentado em 13 de novembro de 2008 em Brasiacutelia 38 Coordenador do Curso de Comunicaccedilatildeo Social do Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUB)

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 36: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

36

sarcaacutestica mordaz que apela para a inteligecircncia divertindo uns enquanto estoca outros [] Nem sempre o objetivo da saacutetira eacute fazer rir Agraves vezes provoca rejeiccedilatildeo do objeto da ridicularizaccedilatildeo e mesmo sendo um ataque fictiacutecio essencialmente tem um caraacuteter moral que se destina a fazer a sociedade refletir e se rever

Konder (1986 p66) vai aleacutem e demonstra o impacto do humor sobre a sociedade O

caraacuteter criacutetico a princiacutepio menos hostil permite confrontar as incoerecircncias do cotidiano com

sutileza expondo caracteriacutesticas da sociedade que a miacutedia convencional se constrange em

divulgar O humor atrevido critica e toma para si a responsabilidade de desmascarar haacutebitos

da elite e das esferas do poder Para o autor o humor eacute uma forccedila desinibidora capaz de fazer

entender o caraacuteter ambiacuteguo das situaccedilotildees humanas e das contradiccedilotildees da sociedade Esse

compromisso em apontar criticamente as situaccedilotildees ainda natildeo percebidas pela sociedade eacute que

torna o humor uma forma de expressatildeo ousada Como propriamente Konder define No niacutevel

mais consequumlente da sua dialeacutetica imanente o humor natildeo poupa nada natildeo respeita ningueacutem

ele natildeo livra a cara sequer do proacuteprio do humorista

O psicanalista Sigmund Freud (apud Sooacute 1984) por sua vez define o gecircnero pelo

impacto que imprime no leitor delimitando trecircs aspectos fundamentais das sensaccedilotildees que

causam riso no ser humano o chiste o cocircmico e o humor

No chiste o riso se daacute por meio dum jogo de palavras ou ideias No cocircmico por meio de fatos ou objeto luacutedicos alegres envolvendo a percepccedilatildeo dalgum contraste No humor a coisa muda de figura o humor acontece quando a proacutepria viacutetima consegue ver o lado engraccedilado da sua trageacutedia diminuindo-lhe a importacircncia

Para tanto haacute distinccedilatildeo na conjuntura que leva agrave produccedilatildeo do chiste e da peccedila cocircmica

De acordo com Freud ambas as modalidades satildeo aceitas caso natildeo existam motivos traacutegicos

envolvidos na situaccedilatildeo Em outras palavras natildeo deve haver tristeza para que a foacutermula tenha

eficaacutecia Jaacute o humor no entanto eacute mais abrangente Eacute um estado de espiacuterito que reflete

otimismo ainda que vivencie situaccedilotildees traacutegicas Nesse contexto o deboche acerca da proacutepria

dor eacute mais uma das alternativas de abordagem desse estilo

81 O desafio do jornalismo com humor

Se para Freud o humor eacute visto como artifiacutecio sem autocensura que ri das proacuteprias

anguacutestias esse eacute o ponto de accedilatildeo para o jornalismo que pretenda discorrer uma linguagem

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 37: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

37

otimista para as notiacutecias Fazer rir em meio a tribulaccedilotildees talvez seja o maior desafio agrave

sustentaccedilatildeo do Barriga

Muitos podem questionar se eacute eacutetico abordar de maneira bem-humorada o desenrolar de

uma cataacutestrofe de impacto generalizado como a enchente39 que sobreveio ao Vale do Itajaiacute

em novembro de 2008 Como noticiar espirituosamente o fato O humor eacute uacutetil nessas

circunstacircncias A sociedade organizada aceitaria a cobertura Eis o desafio que emerge frente

ao Barriga noticiar conhecendo os limites que definem a fronteira entre a trageacutedia e o cocircmico

Silva (2002 p119) explica essa linha contrastante utilizando o teatro para explicar o

fenocircmeno Tanto na trageacutedia quanto na comeacutedia os princiacutepios de accedilatildeo satildeo as atribuiccedilotildees

negativas de um fato A diferenccedila do uso dos pontos negativos ao se contar uma histoacuteria eacute

evidenciada pela finalidade dos dois gecircneros a trageacutedia induz agrave anguacutestia e a comeacutedia agrave

hilaridade Haacute em qualquer dos casos a presenccedila marcada do limite do extremo do que

desloca o ser de sua condiccedilatildeo de ineacutercia emocional completa Silva

Eacute a prudecircncia editorial do Barriga que deve ditar a angulaccedilatildeo de notiacutecias que envolvam

fatos pertinentes a trageacutedias ou situaccedilotildees aacutesperas Seguindo a linha de Freud para o humor

exposta anteriormente sempre eacute possiacutevel perceber o lado positivo de um acontecimento pois

ele pode servir como incentivo a reconstruir e restabelecer a ordem

Deve ser exatamente esse o papel do jornalismo de humor em situaccedilotildees como a

enchente levantar a auto-estima da populaccedilatildeo ao enfatizar a criatividade o senso de

sobrevivecircncia e solidariedade e enaltecer como ponto positivo a reaccedilatildeo da sociedade em

detrimento dos fatos negativos publicados agrave exaustatildeo pela miacutedia convencional

A prudecircncia eacute a virtude a ser levada agrave risca na produccedilatildeo do humor no jornalismo Silva

(2002 p123) adverte para a possibilidade de erros na cobertura de trageacutedias e fatos de

ocorrecircncia suacutebita que surpreendem ateacute mesmo o jornalismo tradicional

Mesmo as partes seacuterias do jornal satildeo em muitas ocasiotildees influenciadas pela imprevisibilidade da vida e pe1os movimentos da dinacircmica social Aiacute surgem os erros que nem a mea culpa dos ombudsmans consegue livrar da chacota e esses erros satildeo um espaccedilo onde cabem as entrelinhas do humor inadvertido que brinca de transformar fustigando os costumes arcaicos denunciando as injusticcedilas sociais cobrando posicionamento e accedilotildees poliacuteticas renovadoras

39 Cataacutestrofe natural que atingiu o Vale do Itajaiacute entre 22 e 23 de novembro de 2008 O fenocircmeno climaacutetico foi o aacutepice do periacuteodo chuvoso que se estendia desde setembro Ao todo 60 municiacutepios de Santa Catarina foram atingidos pela enchente ou deslizamentos de terra afetando mais de 15 milhatildeo de pessoas A Defesa Civil contabilizou 135 mortes no estado apenas em Blumenau foram 24 oacutebitos Cerca de 5 mil famiacutelias blumenauenses perderam suas casas devido a deslizamentos de terra

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 38: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

38

Assim o humor eacute uma carta na manga do jornalista que faz uso do gecircnero para

apontar os erros da sociedade das autoridades e dos governantes Uma espada de dois gumes

portanto pois permite criticar com ousadia os aspectos negativos abordados e enaltecer

espirituosamente a superaccedilatildeo humana

82 Como o humor eacute apresentado nos jornais

A linguagem humoriacutestica natildeo tem espaccedilo garantido no jornalismo tradicional O gecircnero

limita-se a aparecer nas colunas de opiniatildeo e cadernos de lazer ou cultura dos jornais

raramente se dispersando pelo conteuacutedo informativo da publicaccedilatildeo Silva (2002 p119)

explicita esse aparecimento repentino do humor entre o conteuacutedo de informaccedilatildeo

Nos veiacuteculos isso eacute mais apreensiacutevel pela setorizaccedilatildeo do humor em gecircneros ou seccedilotildees especiacuteficas em jornais e revistas mas haacute tambeacutem diluiccedilatildeo do humor no todo das informaccedilotildees veiculadas seja com a presenccedila da ironia no texto dos articulistas com o comentaacuterio recheado de sarcasmo de um entrevistado com a foto que explora algum acircngulo pitoresco ou ainda com o absurdo de muitas colocaccedilotildees pretensamente objetivas e seacuterias

Normalmente o humor eacute encarado como jornalismo de entretenimento e difundido como

tal Rabaccedila (2001 p 373) no entanto acredita que o humor pode sim ser infiltrado nas

mateacuterias de cunho especificamente informativo jaacute que para ele o proacuteprio entretenimento

hoje aparece presente ateacute mesmo nas mateacuterias de teor preponderantemente informativo

Segundo o autor o humor segue esta linha e infiltra-se ainda mais nos meios de comunicaccedilatildeo

em virtude de seu apelo ao puacuteblico Considerado popularmente como a arte de fazer rir o

humor consagrou-se como forma altamente comunicativa e de grande alcance popular com o

desenvolvimento tecnoloacutegico e o advento dos meios de comunicaccedilatildeo de massa

Ainda em Silva (2002 p120) o jornalismo convencional procura contrapor o humor

com a teacutecnica jornaliacutestica sob os termos seacuterio e natildeo-seacuterio do conteuacutedo informativo A

diferenccedila entre as duas eacute que o estilo seacuterio eacute o praticado na grande miacutedia proporciona

reflexatildeo e oferece informaccedilotildees novas Jaacute o humor eacute enquadrado na estrutura dita natildeo-seacuteria

pois procura utilizar os fatos para divertir e em alguns casos ateacute ridiculariza os personagens

citados

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 39: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

39

Obviamente esse eacute um traccedilo natildeo oficial do humor no jornalismo Enquanto praacutetica soacutecio-cultural cotidiana o humor eacute aprisionado pela induacutestria da comunicaccedilatildeo de massa e apropriado dentro dos limites do lazer como natildeo-seacuterio como se o que eacute seacuterio fosse completa e desejavelmente destituiacutedo de humor O resultado como se sabe eacute uma estandartizaccedilatildeo do humor submetido agrave produccedilatildeo em seacuterie direcionado agrave homogeneizaccedilatildeo de puacuteblico para que se torne massa o que coloca as formas mais refinadas do humor fora do alcance de grande parcela desse puacuteblico As charges caricaturas e cartoons publicados em praticamente todos os jornais de circulaccedilatildeo massiva reproduzem as contradiccedilotildees que essa situaccedilatildeo conteacutem Ao mesmo tempo em que deixam entrever as suas potencialidades criacuteticas muitas vezes realizam um humor de apaziguamento e confirmaccedilatildeo poliacutetica

Mas Silva (2002 p121) ainda defende que a diferenccedila entre ambos os estilos

diferenciam-se apenas na forma de veicular a informaccedilatildeo e natildeo no conteuacutedo da mateacuteria Para

a autora o que define como praacutetica jornaliacutestica eacute a utilizaccedilatildeo das caracteriacutesticas da notiacutecia e

dos criteacuterios de noticiabilidade A charge e a caricatura

um dos poucos representantes do

gecircnero humoriacutestico presentes nos jornais

podem trazer tantas informaccedilotildees quanto a mateacuteria

responsaacutevel pela manchete do jornal jaacute que fazem uso dos criteacuterios de produccedilatildeo de notiacutecias

para embasar o conteuacutedo abordado pelo gecircnero Desse modo mais proacutexima da notiacutecia elas

estatildeo

Para tratar sobre os principais criteacuterios de noticiabilidade a serem utilizados no jornal

Barriga buscamos apoio em Erbolato (2005 p 60) que propotildee 24 criteacuterios40 que possam

motivar o puacuteblico ao consumo e leitura da notiacutecia Entre elas escolhemos respectivamente a

ordem que comeccedila em Humor a de maior relevacircncia devido a adequaccedilatildeo ao perfil editorial

do jornal Proximidade uma vez que eacute incomum pessoas e fatos regionais serem tratados de

maneira humoriacutestica e Interesse pessoal a fim de assegurar o interesse do puacuteblico-leitor

sobre acontecimentos que interfiram diretamente em sua vida e principalmente local

Destacamos abaixo o humor que mais caracteriza este PEC

O homem meacutedio procura natildeo soacute a informaccedilatildeo mas dentro do possiacutevel algo que o entretenha Em meados de 1975 os jornais paulistanos dedicaram razoaacutevel espaccedilo para noticiar o fato de Prefeitura Capital ter mandado colocar em gaiolas um casal de marrecos que permanecia solto em uma avenida Motivo as aves foram acusadas de provocarem poluiccedilatildeo ambiental No dia seguinte poreacutem foram libertadas

O criteacuterio do humor proposto por Erbolato vai de encontro aos objetivos do Barriga o

que o caracteriza como um produto jornaliacutestico diferenciado dos demais jornais que circulam

40 Op Cit Erbolato (2005 p 60) Proximidade Marco geograacutefico Impacto Proeminecircncia (ou celebridade) Aventura e conflito Consequumlecircncias Humor Raridade Progresso Sexo e Idade Interesse pessoal Interesse humano Importacircncia Rivalidade Utilidade Poliacutetica editorial do jornal Oportunidade Dinheiro Expectativa ou Suspense Originalidade Culto de heroacuteis Descobertas e invenccedilotildees Repercussatildeo Confidecircncias

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

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Page 40: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

40

em Blumenau jaacute que por sua vez o Humor possivelmente natildeo seja o primeiro criteacuterio a ser

adotado por estes jornais

83 O papel do humor no jornalismo

Logo se o humor reclama tanto espaccedilo para si no jornalismo qual a verdadeira

responsabilidade que possui na produccedilatildeo de notiacutecias Silva (2002 p121) tambeacutem mostra que

a jurisdiccedilatildeo do humor eacute bem mais ampla do que o pretendido inicialmente Seguindo este

conceito pode-se afirmar que para ser compreendido e igualmente despertar estado de graccedila

o humor precisa ir aleacutem da redaccedilatildeo da notiacutecia e expor os pormenores da informaccedilatildeo

Eacute aiacute que se justifica o caraacuteter opinativo da linguagem cocircmica explanado anteriormente

Eacute preciso estar preso a um ponto de vista para descobrir os objetos causadores de risos e

instigar um retorno por parte do leitor Sobre essas caracteriacutesticas do humor agregado agrave

difusatildeo de notiacutecias Silva projeta O humor dentro do jornalismo poderia ser deveria ser o

impulso que leva a realizar um esforccedilo de imaginaccedilatildeo na tentativa de descobrir o que estaacute

certo atraveacutes de uma coisa que parece errada e como esta coisa deveria ser Ou o que estaacute

errado na coisa aparentemente certa procurando inclusive as razotildees daquela coisa errada

Dada essas peculiaridades pode-se dizer que o jornalismo feito sob a intenccedilatildeo do humor

determina aleacutem da direccedilatildeo opinativa a presenccedila da interpretaccedilatildeo dos fatos antes de serem

lanccedilados a puacuteblico Como um jornal de caracteriacutestica quinzenal o Barriga precisa garimpar

novidades em relaccedilatildeo aos fatos apresentados e depois expocirc-los sob a linguagem cocircmica

Diante dessas atribuiccedilotildees eacute inegaacutevel a necessidade de se construir um jornalismo que se

preocupa com a interpretaccedilatildeo dos fatos noticiados Martins (2005 p21) demonstra como essa

carecircncia estaacute presente na miacutedia impressa

Na maioria dos casos natildeo basta apenas dar a notiacutecia ou seja transmitir a informaccedilatildeo factual mais recente Eacute necessaacuterio qualificaacute-la relacionaacute-la com outros fatos explicar suas causas e avaliar suas possiacuteveis consequumlecircncias Em suma eacute preciso entregar aos leitores natildeo apenas a notiacutecia mas tambeacutem o que estaacute por traacutes e em volta da notiacutecia Dito de outra forma eacute preciso explicar analisar interpretar o que aconteceu41

Na mesma linha de raciociacutenio Rabaccedila (2001 p405) acredita que haacute uma sensiacutevel

tendecircncia ao gecircnero interpretativo em substituiccedilatildeo agrave rigorosa objetividade da notiacutecia presa

41 Este caso pode ser melhor verificado de maneira praacutetica na editoria Poupanccedila do jornal onde refere-se a criaccedilatildeo de leis de dois vereadores

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 41: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

41

aos fatos O autor justifica que a avalanche noticiosa que atinge o puacuteblico proveniente das

diversas miacutedias gera a necessidade de expor os fatos seguindo os princiacutepios de abordagem

qualitativa que traz sempre uma novidade sobre o acontecimento antigo

O fato eacute que mesmo tornando-se atraente por causa da silhueta humoriacutestica notiacutecia

velha natildeo vende jornal O bom-humor por si soacute natildeo tem mais valor que a razatildeo de ser do

veiacuteculo impresso que eacute a notiacutecia o produto mais pereciacutevel que existe Deste modo um jornal

quinzenal como o Barriga precisa reinventar os fatos redirecionar a informaccedilatildeo de modo a

tornar novo o que instantaneamente se torna velho por ser veiculado mais rapidamente pelo

raacutedio TV e jornais de periodicidade mais breve Martins (2005 p 23) volta a argumentar

sobre revitalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo Mas jornal com notiacutecia interpretada explicada voltada

para o dia de amanhatilde esse jornal vende Pelo menos eacute o tipo de jornal que estaacute sendo vendido

em todo o mundo hoje

Interpretar eacute selecionar pontos de vista minuciosamente A escolha dos pontos de vista

poreacutem deve ser feita com cautela Lester (2003 p23) alerta para o uso de estereoacutetipos na

definiccedilatildeo dos personagens citados o que conduz agrave reaccedilatildeo de preconceito Satildeo estereoacutetipos

consagrados pela sociedade e cultura da sociedade e ateacute aceitos pelas viacutetimas da piada Eacute

como dizer que no Brasil o baiano eacute ocioso e o gauacutecho homossexual De acordo com o autor

eacute por compartilharmos esses preconceitos e por haver aceitaccedilatildeo na sociedade que os

estereoacutetipos causam graccedila Yet they are considered funny because either we share those

prejudices or we are aware of them and sufficiently accepting of them that we can laugh

while telling ourselves that we do not share their perspective 42

O autor ainda demonstra a preocupaccedilatildeo em como os estereoacutetipos aparecem nos jornais

uma vez que fazer jornalismo natildeo eacute absorver conceitos do senso-comum mas adquirir

respostas provadas cientificamente e traduzi-las a uma linguagem de faacutecil acesso ao puacuteblico

Puacuteblico este capacitado a absorver o humor de modo geral como citado anteriormente

In news one could argue stereotypes have no legitimate role Humor is not the objective of the newscast (at least one would not think so) It would seem an appropriate goal of the journalist to portray people as they are not as we think them to be Indeed journalism is most compelling when it shows us that reality is different from what we have assumed it to be43

42 Traduccedilatildeo nossa Natildeo obstante eles [os estereoacutetipos] satildeo considerados engraccedilados porque querem que compartilhemos os preconceitos ou estejamos cientes deles e aceitando de tal maneira que podemos rir enquanto dizemos a noacutes mesmos que natildeo compartilhamos essas perspectivas

43 Traduccedilatildeo nossa Na notiacutecia pode-se argumentar estereoacutetipos natildeo tecircm papel legiacutetimo Humor natildeo eacute o objetivo da ediccedilatildeo das notiacutecias (pelo menos natildeo se pensaria assim) Uma meta conveniente do jornalista seria retratar as pessoas como elas satildeo natildeo como pensamos que sejam Na verdade o jornalismo eacute mais atraente quando nos mostra que a realidade eacute bem diferente do que assumimos que fosse

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 42: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

42

Como visto o Barriga jaacute nasce com muitas obrigaccedilotildees a corresponder desde a

prudecircncia na seleccedilatildeo dos fatos

que seratildeo convertidos a notiacutecias nas paacuteginas do jornal a

ampliaccedilatildeo qualitativa das notiacutecias a fim de tornar novo o que jaacute foi massivamente publicado

por outras miacutedias ateacute a abordagem eacutetica e livre de preacute-conceitos dos personagens e fontes

citadas Noticiar fatos com humor natildeo eacute tarefa das mais simples mas nos faz acreditar de que

exige a assunccedilatildeo do mesmo empenho e responsabilidade do jornalismo tradicional

84 O humor sob o prisma eacutetico

Fazer jornalismo com humor eacute correr o risco permanente de ferir egos instituiccedilotildees e

representantes do poder Eacute passiacutevel de corromper personalidades tradiccedilotildees e arranhar a moral

dos personagens que compotildeem as paacuteginas do jornal

Para buscar um respaldo que delimite os limites politicamente corretos para a publicaccedilatildeo

dos fatos o Barriga se ampara no Coacutedigo de Eacutetica dos Jornalistas44 o documento

determinante de conduta mais respeitado entre os profissionais do Brasil

Antes de tudo a peccedila mais valiosa respeitada pelo jornal eacute o direito constitucional agrave

informaccedilatildeo Direito de ouvir ser ouvido e ter acesso agraves fontes que possuem a informaccedilatildeo O

Barriga procura ir aleacutem de apenas informar busca ser um mecanismo incitante de debates e

reflexotildees atraveacutes da triagem interpretativa da informaccedilatildeo pelo humor O objetivo do jornal

natildeo eacute apenas se preocupar em levar ao leitor o fato mas fazecirc-lo compreender os efeitos e as

causas que determinaram o acontecimento E o humor eacute o artifiacutecio escolhido para cumprir

esse papel

Mas o humor natildeo afianccedila ao Barriga o direito de manipular os fatos nem eacute esse o

escopo dos editores A precisa apuraccedilatildeo e a transmissatildeo concisa das informaccedilotildees - previstas

no artigo primeiro do coacutedigo de eacutetica - satildeo obrigaccedilotildees do jornal que assume o humor apenas

como linguagem de transmissatildeo E eacute por isso que natildeo se permite fantasiar acontecimentos

tampouco maquiar informaccedilotildees intencionalmente Apesar da justificativa da linguagem O

Barriga se propotildee a fazer um jornalismo seacuterio e criacutetico preocupado com abordagens

sociopoliacuteticas para os quais a maioria dos jornais convencionais fecham os olhos

44 Documento elaborado pela Federaccedilatildeo Nacional dos Jornalistas (Fenaj) Atualizado em 2007 conteacutem artigos que tratam das responsabilidades do profissional e da conduta eacutetica a ser seguida O direito de sigilo da fonte legislaccedilatildeo trabalhista e privacidade tambeacutem satildeo abordados no documento

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 43: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

43

O artigo quarto do segundo capiacutetulo do coacutedigo estabelece que O compromisso

fundamental do jornalista eacute com a verdade no relato dos fatos deve pautar seu trabalho na

precisa apuraccedilatildeo dos acontecimentos e na sua correta divulgaccedilatildeo A busca pela versatildeo mais

verossiacutemil eacute obrigaccedilatildeo do jornalismo que se diz profissional eacute o mesmo estaacutegio que o Barriga

pretende assumir Como alerta Noblat (2002 p 29) se o jornalista se depara com apenas um

fator que ainda apresente duacutevidas em toda a mateacuteria o melhor eacute natildeo publicaacute-la O leitor natildeo

quer ler boas histoacuterias Quer confiar nas histoacuterias que lecirc

O uso do humor no entanto tem seus limites bem traccedilados O coacutedigo de eacutetica exige dos

jornalistas respeitar o direito agrave intimidade agrave privacidade agrave honra e agrave imagem do cidadatildeo

Satildeo essas discussotildees eacuteticas talvez as que mais dificultam a abordagem humoriacutestica O

Barriga pretende narrar comicamente os fatos natildeo descrever estereotipicamente os

personagens para provocar o riso Baseando-se nessa premissa o jornal tambeacutem obedece ao

deacutecimo sexto artigo do segundo capiacutetulo do Coacutedigo

XIV - combater a praacutetica de perseguiccedilatildeo ou discriminaccedilatildeo por motivos sociais econocircmicos poliacuteticos religiosos de gecircnero raciais de orientaccedilatildeo sexual condiccedilatildeo fiacutesica ou mental ou de qualquer outra natureza

A razatildeo de ser de um jornal eacute abrir espaccedilo para opiniotildees de divergentes grupos da

sociedade organizada Embora nem todos sigam essa determinaccedilatildeo o Barriga como um

jornal assumidamente opinativo se propotildee a fomentar discussotildees e abrir espaccedilo para a

expressatildeo popular principalmente caracterizado na seccedilatildeo de opiniatildeo e colunas assinadas

Poreacutem liberdade de expressatildeo natildeo significa libertinagem jornaliacutestica Tal qual define o

coacutedigo de eacutetica natildeo nos cabe usar o jornalismo para incitar a violecircncia a intoleracircncia o

arbiacutetrio e o crime O veiacuteculo natildeo foi criado para gerar provocaccedilotildees ou expor o caraacuteter

moacuterbido das notiacutecias

Portanto eacute vedada a veiculaccedilatildeo de informaccedilotildees referentes a crimes ocorridos na regiatildeo

Temas concernentes agrave seguranccedila seratildeo abordados apenas se houver respaldo eacutetico e interesse

puacuteblico e quando for possiacutevel aplicar linguagem de humor na narrativa Para esses casos a

notiacutecia seraacute publicada na editoria de Geral jaacute que o Barriga natildeo se propotildee a criar uma seccedilatildeo

especiacutefica a assuntos policiais

O coacutedigo de eacutetica do jornalista inibe o profissional de abordar os fatos de caraacuteter

moacuterbido sensacionalista ou contraacuterio aos valores humanos especialmente em cobertura de

crimes e acidentes O humor nos jornais por vezes pode ser confundido como

sensacionalismo Amaral (2006 p 21) define o que eacute tornar a notiacutecia sensacionalista

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 44: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

44

Em geral o sensacionalismo estaacute ligado ao exagero agrave intensificaccedilatildeo valorizaccedilatildeo da emoccedilatildeo agrave exploraccedilatildeo do extraordinaacuterio agrave valorizaccedilatildeo de conteuacutedos descontextualizados agrave troca do essencial pelo supeacuterfluo ou pitoresco e inversatildeo do conteuacutedo pela forma [] O sensacionalismo tem servido para caracterizar inuacutemeras estrateacutegias da miacutedia cm geral como a superposiccedilatildeo do interesse puacuteblico a exploraccedilatildeo do sofrimento humano a simplificaccedilatildeo a deformaccedilatildeo a banalizaccedilatildeo da violecircncia da sexualidade e do consumo a ridicularizaccedilatildeo das pessoas humildes o mau gosto a ocultaccedilatildeo de fatos puacuteblicos relevantes a fragmentaccedilatildeo e descontextualizaccedilatildeo do fato o denuncismo os prejulgamentos e a invasatildeo de privacidade de tanto de pessoas pobres e como de celebridades entre tantas outras

O Barriga quer passar longe da margem sensacionalista Pelo contraacuterio quer enaltecer

os valores humanos a vida inusitada que passa despercebida pelas lentes e estimular o puacuteblico

a perceber o lado positivo das coisas como explanado anteriormente ao abordar cataacutestrofes

como enchentes crises e tribulaccedilotildees O que natildeo significa que o jornal viva apenas para exalar

notiacutecias boas Ciente de que natildeo eacute apenas o que o puacuteblico espera a linha criacutetica do Barriga

vem agrave tona principalmente quando os fatos satildeo negativos Noblat (2002 p15) argumenta essa

posiccedilatildeo do jornalismo

De resto a realidade eacute feia e bonita ao mesmo tempo e as pessoas se sentiriam logradas se pudessem ter acesso apenas ao lado bom da vida O mundo eacute profundamente desigual e injusto com a maioria dos habitantes E tudo indica que se tornaraacute pior por meio de um acelerado processo de concentraccedilatildeo de renda Eacute compreensiacutevel pois que as mazelas atraiam mais a atenccedilatildeo dos jornalistas Natildeo nos custa nada poreacutem abrir os olhos para a necessidade que as pessoas tecircm de receber boas notiacutecias Nada custa e creio ateacute ser capaz de ajudar nas vendas e na disputa pela audiecircncia

Por fim o jornalismo irreverente do Barriga eacute coisa seacuteria Para exercecirc-lo natildeo basta ter o

mesmo estado de espiacuterito ou ter registro profissional de jornalista Eacute preciso ter as duas

atribuiccedilotildees e ser portador de uma visatildeo social mais apurada

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 45: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

45

9 RELATO DE PRODUCcedilAtildeO

O PEC Barriga envolve a produccedilatildeo de conteuacutedos jornaliacutesticos com vieacutes humoriacutesticos

pertinentes agrave regiatildeo e populaccedilatildeo de Blumenau Santa Catarina publicadas em jornal impresso

De nome Barriga o jornal eacute composto por oito editorias identificadas pelos seguintes nomes

Opiniatildeo Poupanccedila Puliacutetica Geralzatildeo Esportes Zeacutepovinho Barriga pra cima e De Costas

As produccedilotildees foram desenvolvidas com base em mateacuterias publicadas pela miacutedia local

seja no meio impresso radiofocircnico ou televisivo partindo dos criteacuterios de noticiabilidade

propostos por Erbolato (1991) e com o intuito de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo ambos de

maneira humoriacutestico ao puacuteblico

91 PREacute-PRODUCcedilAtildeO

911 iBZ o independente iniacutecio de um projeto

Em maio de 2007 nasce na Faculdade Ibes o iBZ45 jornal humoriacutestico editado de

maneira independente por noacutes autores deste PEC Distribuiacutedo virtualmente por e-mail a

receptividade do puacuteblico-leitor diante de uma linguagem humoriacutestica sobre episoacutedios

acadecircmicos foi o marco que idealizou a criaccedilatildeo do Barriga como um jornal humoriacutestico

circulante em Blumenau Enquanto a ideia de um jornal a niacutevel municipal continuava em

nosso pensamento o iBZ mantinha sua periodicidade mensal O iBZ naquele momento

primaacuterio carecia de apoio profissional e teoacuterico As mateacuterias publicadas se construiacuteam pelo

impulso criativo por algumas vezes distante de caracteriacutesticas jornaliacutesticas como a consulta

de mais de uma fonte e criteacuterios noticiosos

Antes de o iBZ ser editado ateacute a sua 20deg ediccedilatildeo jaacute nos preparaacutevamos para a realizaccedilatildeo

do PEC partindo do princiacutepio de levar opiniatildeo e informaccedilatildeo de maneira humoriacutestica ao

puacuteblico leitor blumenauense Uma das diferenccedilas entre os dois jornais estava no suporte

midiaacutetico que migraria da internet para a miacutedia impressa Outra era a de que este novo jornal

deveria se munir de embasamentos teoacuterico Esta necessidade fazia surgir a nossa frente uma

pergunta que precisava ser respondida como unir humor agrave informaccedilatildeo e torna-la interessante

45 Este trabalho pode ser conferido no link wwwbloguidoibzblogspotcom

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 46: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

46

ao leitor Isto descobririacuteamos mais tarde atraveacutes da presente bibliografia apresentada ateacute o

momento A primeira preocupaccedilatildeo estava voltada agrave escolha de um nome que o representasse

912 Barriga o uacutenico sentido de ser

Ateacute que chegaacutessemos ao nome final do jornal humoriacutestico jaacute decidido por fazer

obtivemos algumas outras ideias Dentre nomes como Barriga-verde (cuja posteriormente

descobririacuteamos jaacute existir O Barriga-verde que circula na cidade de Taioacute) Buluacutemenau e

Blumenzecirc chegamos ao nome Barriga que pensaacutevamos como um bom nome representativo

sobre algo regional e acima de tudo popular

Poreacutem como eacute de conhecimento acadecircmico barriga tambeacutem se trata de um jargatildeo

jornaliacutestico referente agraves notiacutecias inventadas pela proacutepria imprensa Portanto jaacute na escolha

deste nome obtiacutenhamos um desafio isentar a proposta editorial do jornal Barriga ao jargatildeo

jornaliacutestico que caracteriza a mentira Partindo desta condiccedilatildeo abrimos o Editorial na paacutegina

2 do jornal Barriga onde eacute declarado abertamente a sua proposta humoriacutestica longe da

invenccedilatildeo de fatos mas sim humorizaccedilatildeo deles

Para firmarmos o uso da expressatildeo Barriga no nome do jornal recorremos a

Jamundaacute (1989 p 73) que traz algumas versotildees sobre o surgimento do nome

[] quem mais se aprofundou nessa pesquisas foi o Prof Oswaldo Rodrigues Cabral [] Este publicou em uma de suas obras o resultado de pesquisas histoacuterias da miliacutecias portuguesas resolvidas por ele algo que esclarecesse o assunto visto que falava-se que entre uma dessas miliacutecias deslocadas para o Sul do Brasil havia uma que portava uma faixa verde por debaixo do doacutelmatilde do fardamento como um largo cinturatildeo Entretanto Cabral natildeo encontrou nada existente entre as vaacuterias gravuras de fardamentos que lhes foram enviadas de Portugal natildeo havendo portanto registro que estabelecesse a sua existecircncia

Ainda em Jamundaacute (1989) eacute possiacutevel encontrar outros significados para o mesmo

nome Entre eles estaacute o de um historiador natildeo identificado deixando em duacutevida sua versatildeo

para o surgimento do termo

Diz ele determinado batalhatildeo de infantaria catarinense combatendo as tropas do Ditador Artigas foi cercado de tal maneira pelas tropas do Ditador num cerco prolongado e os milicianos catarinenses na tentativa de furarem o cerco em busca de comida e aacutegua rastejavam sobre a relva verde e uacutemida ficando com a frenta da farda verde pela clorofila das relvas vindo daiacute a alcunha de Barriga Verde

Eacute uma afirmativa sem valor histoacuterico visto que como diz o proacuteprio Cabral nem todos os milicianos que compunham o batalhatildeo eram catarinenses Seja como for poreacutem eacute valida pois vem reafirmar a existecircncia desse alcunha

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 47: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

47

Independente da maneira com que o nome tenha surgido eacute inegaacutevel a afirmaccedilatildeo de

que o termo Barriga-verde faz direta relaccedilatildeo com a populaccedilatildeo catarinense dando ao jornal

Barriga um sentido de ser e existir

92 PRODUCcedilAtildeO

921 A inspiraccedilatildeo humoriacutestica

Natildeo temos por conhecimento alguma escola que forme humoristas Que decirc a seus

alunos a capacidade de reverter fatos cotidianos em risadas afim suportar uma sociedade

aparentemente sufocada por obrigaccedilotildees Acordar pontualmente nos mesmos dias para uma

rotina trabalho cumprir metas mensais e relacionar-se profissionalmente com pessoas avessas

a um sorriso fazem partem do mundo atual em que vivemos Lutar contra isso para noacutes natildeo eacute

um ato heroacuteico Eacute um ato de auto-conhecimento e acima de tudo consciecircncia de que em vida

ou natildeo queremos ser lembrados por nossa capacidade e de sorrir e natildeo pela nossa cara cinza e

amarga diante do mal-humor como resultado de ene fatores Eacute deste ponto que parte a

inspiraccedilatildeo para a criaccedilatildeo do Barriga

Crentes de que grande parte dos fatos decorrentes em nossas vidas possam ser vistos

com olhos mais belos e inteligentes traduzimos a banalidade (ou natildeo) dos acontecimentos

municipais transformando-os em opiniatildeo propriamente editorial e informaccedilatildeo

Partindo de experiecircncias mais antigas onde era evidente o humor no jornalismo

tomamos como parte o A Manha fundado pelo entatildeo conhecido como Baratildeo de Itarareacute

considerado por Sooacute (1986) como o primeiro jornal no Brasil dentro do gecircnero humoriacutestico

Apesar da curta duraccedilatildeo do jornal e seus hiatos devido agraves retaliaccedilotildees do governo brasileiro na

deacutecada de 30 A Manha ganhou a atenccedilatildeo do puacuteblico leitor pela sua maneira diferente de

expressar sua opiniatildeo sempre de maneira humoriacutestica Outro exemplo de sucesso necessaacuterio

para a sustentaccedilatildeo de que eacute possiacutevel um produto com caracteriacutesticas jornaliacutesticas e

humoriacutesticas ser aceito pelo puacuteblico foi O Pasquim Apesar de o contexto social ser

infinitamente diferente nos tempos de hoje O Pasquim no periacuteodo da Ditadura Militar atingiu

recordes de vendas no mercado editorial na qual chegou a disputar espaccedilo com as revistas

ainda que como jornal semanal Poderia o Barriga atingir o mesmo patamar dentro de um

limite municipal Soacute a publicaccedilatildeo do jornal e sua disponibilidade nas bancas poderia

responder a essa pergunta

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

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LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

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SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

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Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

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69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 48: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

48

Natildeo menos importante mas sem duacutevida o desejo mais audacioso no PEC do Barriga

estaacute em devolver agrave cidade um jornal humoriacutestico inexistente desde 1939 Em consulta ao

Arquivo Histoacuterico de Blumenau verificamos que apoacutes o iniacutecio da Segunda Guerra Mundial

nenhum outro jornal humoriacutestico aleacutem do uacuteltimo chamado O Tinhoso foi publicado na

cidade A partir disto pressupomos que mesmo apoacutes o teacutermino do regime nazista a

populaccedilatildeo blumenauense tenha se auto-censurado evitando a criaccedilatildeo de publicaccedilotildees

humoriacutestica apoacutes um periacuteodo de tatildeo grande sofrimento no mundo

922 Recursos para a produccedilatildeo do jornal

Para a produccedilatildeo graacutefica do jornal Barriga optamos pelo software InDesign jaacute que

tivemos conhecimento no 5deg semestre do curso de jornalismo dentro da disciplina de

Editoraccedilatildeo Eletrocircnica Devido ao alto custo para a compra de licenccedila do software

aproximado em R$ 1300 utilizamos uma versatildeo demo para o uso durante 30 dias Apoacutes o

teacutermino dos dias era necessaacuterio a desinstalaccedilatildeo e reinstalaccedilatildeo do produto para que

continuaacutessemos usando

Apesar de nosso pouco conhecimento na aacuterea de diagramaccedilatildeo de jornais obtivemos o

apoio da equipe de editoraccedilatildeo graacutefica da Folha de Blumenau que nos cedeu o boneco de seu

jornal onde a partir dele fizemos as devidas alteraccedilotildees para que se adequasse a nossa

proposta

Para as fotos de mateacuterias principais utilizamos uma cacircmera digital amadora (Olympus

FE-150) Jaacute para as fotos que usamos cuja veiculaccedilatildeo jaacute tivesse acontecido as creditamos

dentro do proacuteprio jornal

Desde a segunda quinzena de marccedilo o tempo meacutedio para editoraccedilatildeo e diagramaccedilatildeo do

jornal foi uma meacutedia de 4 horas por finais de semana sendo que cada um dos finais de

semana nos programaacutevamos sobre que trabalho desenvolveriacuteamos dentro do Barriga

923 O Projeto Graacutefico

Para melhor aproveitamento do discurso apresentado pelo Barriga ressalta-se a

preocupaccedilatildeo com a distribuiccedilatildeo graacutefica das informaccedilotildees Apesar do interesse em transformar

a linguagem textual mais atrativa atraveacutes do humor de pouco se vale o esforccedilo se as mateacuterias

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

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BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

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JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

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LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

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NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

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RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

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ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 49: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

49

natildeo forem distribuiacutedas de modo a despertar a atenccedilatildeo do leitor Lage (2004 p6) reforccedila esta

necessidade

No projeto graacutefico a diferenccedila se sobrepotildee agrave semelhanccedila e agrave novidade se integra na identidade Ele deve ser capaz de preservar a individualidade do veiacuteculo

fazecirc-lo

reconhecido pelo consumidor mesmo sem ler o tiacutetulo

ainda que a disposiccedilatildeo dos

elementos varie a cada dia Guarda relaccedilatildeo com a realidade social tanto que em dada sociedade podemos presumir a que o grupo de leitores se destina

Partindo desta preocupaccedilatildeo o Barriga se propocircs a criar uma identidade visual proacutepria

a fim de obter destaque entre as publicaccedilotildees jaacute existentes na cidade Apesar de possuir a linha

editorial bastante distinta destes outros jornais estaacutevamos cientes de que seu projeto graacutefico

necessitava de inovaccedilatildeo

9231 Formato tabloacuteide

A escolha do formato tabloacuteide para o Barriga surgiu pelas vantagens apresentadas por

esse tipo de paginaccedilatildeo Como descreve Larequi (1994 apud SOUSA 2005 p 280) jornais

em tabloacuteide requerem menor esforccedilo visual do leitor por ser maior que o padratildeo revista satildeo

mais confortaacuteveis e causam menor aborrecimento ao leitor do que o formato standard o

caracteriacutestico de grandes jornais como Folha de S Paulo e Estado de S Paulo Em

contrapartida tabloacuteides limitam a capacidade de explorar na totalidade elementos visuais

limitando agrave escolha de uma a duas ilustraccedilotildees por mateacuteria

A alternativa a ser adotada pelo Barriga eacute o emprego de textos mais curtos para

resguardar o espaccedilo das ilustraccedilotildees que suavizam a paacutegina complementam o texto e tornam a

leitura mais agradaacutevel Rocha (2007) enumera as vantagens do formato

Um tabloacuteide eacute mais faacutecil de manusear na mesa do cafeacute no ocircnibus no trem no banheiro no cavalo As mateacuterias estatildeo sempre na frente dos seus olhos O jornal fica mais grosso com mais paacuteginas dando a impressatildeo de que tem muito mais coisas para ler do que um standard Eacute mais faacutecil de produzir em funccedilatildeo do tamanho de provas de impressatildeo e de fotolito Eacute mais barato para o anunciante porque os anuacutencios satildeo menores Eacute mais faacutecil de imprimir porque natildeo exige equipamentos grandes e caros

O Barriga tambeacutem opta pela paginaccedilatildeo horizontal na distribuiccedilatildeo dos textos e

imagens Trata-se de um formato que valoriza os tiacutetulos destaca as figuras e permite

remodelar o espaccedilo destinado agrave mateacuteria com maior liberdade Como define El-Mir (1995 apud

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 50: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

50

SOUZA 2005 p 282) um texto pesado tira agilidade do design obrigando o leitor a

dedicar mais tempo agrave leitura

9232 Modulaccedilatildeo

O Barriga foi preparado utilizando os princiacutepios de modulaccedilatildeo editorial e comercial

caso necessite reservar espaccedilo publicitaacuterio Conhecida pelo jargatildeo jornaliacutestico como

boneco a preacute-diagramaccedilatildeo foi desenvolvida para facilitar o processo de produccedilatildeo das

mateacuterias A modulaccedilatildeo eacute essencialmente a divisatildeo das paacuteginas do jornal em blocos de texto e

grades que serviratildeo de referecircncia de quanto espaccedilo dispotildeem os redatores e vendedores de

anuacutencios

De acordo com Rocha (2007) a profissionalizaccedilatildeo de um jornal comeccedila pela divisatildeo

do espaccedilo em que cada departamento vai desenvolver sua funccedilatildeo

Se o fechamento comercial de seu veiacuteculo ainda acontece agraves seis da tarde depois que a redaccedilatildeo comeccedilou a escrever as mateacuterias do dia seguinte natildeo se preocupe vocecirc natildeo estaacute sozinho quase todos os jornais brasileiros usam um esquema amador como o veiacuteculo em que vocecirc trabalha Esta improvisaccedilatildeo pode levar a muitos problemas que satildeo resolvidos com um procedimento simples a preacute-diagramaccedilatildeo

Da mesma maneira para se obter confiabilidade e exatidatildeo na hora de sair agraves ruas para

apurar as informaccedilotildees que vatildeo compor a reportagem o jornalista necessita saber com

antecedecircncia o espaccedilo que lhe estaacute reservado Desta maneira saberaacute se investe mais nos

detalhes ou sintetiza ao maacuteximo as informaccedilotildees que coleta em campo Ainda em Rocha

(2007) o jornal profissionalizado deve se programar com antecedecircncia para natildeo colocar a

carroccedila na frente dos bois

Em outras palavras o boneco da paacutegina deve ser pensado antes que se comece a

escrever a reportagem Poreacutem no cotidiano do jornalismo permanece a dificuldade em

cumprir essa determinaccedilatildeo por falta de tempo e de disputa por espaccedilo entre o corpo editorial e

o departamento comercial Isso demonstra amadorismo improvisaccedilatildeo falta de treinamento

falta de estudo falta de espiacuterito empreendedor e de inovaccedilatildeo E eacute por seguir uma linha de

produccedilatildeo mais racional e otimizada que o Barriga optou por seguir teacutecnicas da modulaccedilatildeo de

paacutegina

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 51: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

51

9233 Distribuiccedilatildeo das Mateacuterias

A distribuiccedilatildeo do conteuacutedo informativo nas paacuteginas do Barriga pretende obedecer agraves

teorias propostas por Arnold (apud ROCHA46 2007) e Garcia e Adams (apud ROCHA

2007) Os autores realizaram pesquisas para definir como o leitor visualiza as paacuteginas de um

jornal

Garcia e Adams usaram um artefato chamado Eyetrack espeacutecie de oacuteculos composto

por cacircmeras de viacutedeo uma dirigida aos olhos do observador e outra apontada diretamente

para os olhos deste As duas imagens eram tratadas e fundidas numa soacute onde aparecia a

paacutegina do jornal fixa com um cursor apontando aonde os olhos se fixavam

De acordo com os estudos a primeira paacutegina vista por leitores ocidentais eacute sempre a

da direita Tambeacutem descobriram que os anuacutencios em jornal no estudo natildeo foram lidos

primeiro nem se houvesse ofertas ou se fosse anuacutencio colorido Para os estudiosos a leitura

dos jornais eacute feita em duas etapas primeiro os leitores fazem uma varredura na paacutegina

(scanning) procurando pontos de interesse e depois se fixam em pontos de entrada Estes

pontos

os locais onde os leitores faziam uma visualizaccedilatildeo mais demorada

satildeo

determinados entre outros fatores pelo tamanho das fotos pelo conteuacutedo destas se a foto eacute

colorida ou natildeo

Conforme Silva (1985) numa paacutegina de jornal podem ser observadas as zonas de

visualizaccedilatildeo

Quando algueacutem recebe uma comunicaccedilatildeo escrita uma carta qualquer recado de um amigo instintivamente sua visatildeo se fixa no lado superior agrave esquerda do papel pois estamos condicionados a saber que o comeccedilo da escrita ocidental seraacute sempre no lado superior esquerdo

Portanto com a preocupaccedilatildeo de definir padrotildees de diagramaccedilatildeo que atentassem para o

movimento oacutetico e o condicionamento ocidental de leitura Arnold (1965 apud SILVA 1985

p 47) propotildee (ANEXO I) a divisatildeo das paacuteginas em principal ou (1) primaacuteria (2) secundaacuteria

(3) morta (4) morta (5) centro oacutetico (6) centro geomeacutetrico Seguindo esse zoneamento a

aacuterea primaacuteria deve conter um elemento forte para atrair a atenccedilatildeo e interesse do leitor

podendo ser foto texto ou grande tiacutetulo Dentre os recursos as fotografias satildeo elementos que

mais atraem a atenccedilatildeo mas natildeo devem ser utilizadas frequumlentemente

46 httpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-impressa

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 52: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

52

Fator determinante para a distribuiccedilatildeo do conteuacutedo jornaliacutestico numa paacutegina de jornal

estaacute o processo de hierarquizaccedilatildeo da informaccedilatildeo O fato mais importante merece maior

destaque e deve ser colocado no alto da paacutegina podendo ser acompanhado de fotografia

Sousa (2005 p381) sintetiza o conceito de se editar graficamente jornais e revistas como

Valorizar os seus conteuacutedos e hierarquizaacute-los e ordenaacute-los visualmente em funccedilatildeo dessa

valorizaccedilatildeo mercecirc da utilizaccedilatildeo dos recursos tipograacute cos e graacute cos que conformam a

morfologia desse jornal ou dessa revista Logo pode-se considerar que editar eacute estabelecer

prioridades

924 As imagens e o humor

Natildeo apenas como ferramenta ilustrativa mas de cunho complementar informativo o

Barriga utiliza os recursos da fotografia em suas paacuteginas Sustentando-se em Sousa (2005 p

392) a linha editorial do jornal pretende utilizar o recurso imageacutetico apenas em situaccedilotildees que

sirva como elemento informativo e estabeleccedila comunicaccedilatildeo direta com a estrutura textual Se

for usada meramente para encher espaccedilo ou ilustrar o designer deve interrogar-se se natildeo

haveraacute outros recursos que possam funcionar melhor do que a imagem fotograacute ca

O humor nas imagens eacute caracterizado pela fotografia conhecida como features que eacute o

estilo que permite maior liberdade artiacutestica e estiliacutestica ao fotojornalista A intenccedilatildeo desta

modalidade eacute adquirir uma imagem incomum cheia de forccedila visual frequentemente colorida

capaz de atrair imediatamente o leitor Segundo Sousa (2005 p485)

A exploraccedilatildeo do humor das situaccedilotildees eacute um dos caminhos pelos quais os fotoacutegrafos mais enveredam quando realizam features evocando com essas imagens momentos que frequentemente nos fazem reparar na beleza do mundo das pessoas e das coisas e amenizam a dureza do dia a dia

Entre as categorias da fotografia em features estaacute a de interesse humano Nestas fotos

as pessoas satildeo apresentadas ao natural e de uma forma bem-humorada Eacute a exploraccedilatildeo

sentimental da ternura que estabelece ligaccedilatildeo com o humor atraveacutes de imagens que

denunciam interaccedilatildeo cocircmica entre animais crianccedilas e seres humanos

Os cartuns tambeacutem tecircm espaccedilo reservado na ilustraccedilatildeo do Barriga Sobretudo na

paacutegina 3 na seccedilatildeo de Opiniatildeo do jornal as charges representam a opiniatildeo do autor e do

veiacuteculo diante dos fatos que estejam em evidecircncia naquela ediccedilatildeo Por serem criacuteticos e bem-

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 53: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

53

humorados essa modalidade jornaliacutestica casa muito bem com a ideologia admitida pelo

projeto editorial do Barriga Sousa (2005 p506) tambeacutem descreve a particularidade do

gecircnero

Determinados cartoons podem ser considerados como um geacutenero jornaliacutestico opinativo ou analiacutetico Satildeo eles os cartoons editoriais jornaliacutesticos que diariamente vemos na imprensa e que procuram geralmente representar critica e humoristicamente situaccedilotildees de actualidade eou protagonistas dessas mesmas situaccedilotildees tendo por objectivo opinar e interpretar a realidade social transmitindo sobre ela um determinado ponto de vista

Como forma de explorar ainda mais esse recurso as caricaturas siacutembolos universais

da manifestaccedilatildeo de opiniatildeo com humor estatildeo presentes tambeacutem como imagens

representativas no decorrer do jornal

925 Uso da Cor

Por razotildees financeiras dentre as 12 paacuteginas do Barriga apenas quatros foram

desenvolvidas para que recebessem cores

capa contracapa e paacuteginas centrais Ainda que a

cor represente vitalidade em qualquer projeto graacutefico os estudos de Garciacutea Stark e Miller

(1991) tambeacutem apontam que ela por si soacute natildeo representa atrativo algum aos leitores mas eacute o

desenho de paacutegina que exerce esse papel independente do matiz utilizado Os resultados do

estudo foram sinteticamente apresentados por Sousa (2005 p 277)

[] (l) A cor natildeo funciona independentemente dos restantes elementos graacuteficos mas antes sinergicamente o uso da cor pode contribuir para um designer levar o leitor a percorrer as paacuteginas de um jornal numa certa sequecircncia mas o tamanho das imagens e das notiacutecias o seu posicionamento nas paacuteginas o seu conteuacutedo e a arquitectura global das paacuteginas satildeo elementos tatildeo importantes como a cor (m) O uso da cor soacute por si tende a natildeo atrair mais leitores []

Em pleno acordo com o estudo reforccedilarmos a ideia de que possivelmente as cores

natildeo satildeo destaques maiores que a proacutepria arquitetura do jornal o que permite ao Barriga

exercer sua caracteriacutestica de visual dinacircmico mesmo em paacuteginas preto e branco

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 54: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

54

928 Fontes Utilizadas

Uma das peccedilas mais importantes que constituem o corpo de um jornal eacute a tipografia

utilizada Afinal satildeo as fontes os primeiros fatores a identificar a personalidade do veiacuteculo

Para Sousa a personalidade construiacuteda depende da consistecircncia graacute ca que deveraacute residir na

harmonia estiliacutestica

Conforme Severo (2008) eacute importante utilizar fontes caracterizadas pela serifa - traccedilos

nas extremidades das letras - pois guiam os olhos do leitor de uma letra para outra

imprimindo ritmo e facilitando assim a leitura No entanto eacute prudente desenvolver um projeto

graacutefico que alterne o uso desse tipo de fonte nos tiacutetulos criando contraste no leiaute a fim de

evitar que este fique monoacutetono

Haacute projetos graacuteficos que adotam letras com serifa somente no texto olho e linha fina deixando tiacutetulos e legendas com letras no formato bold sem serifa (tipo bastonado) como Helveacutetica Univers Arial Bahamas Futura etc Essa mescla de letras serifadas e bastonadas nas diferentes fontes proporcionam contrastes que aleacutem da funccedilatildeo esteacutetica facilitam a leitura expondo claramente os diferentes recursos graacuteficos A principal funccedilatildeo do contraste eacute evitar a aplicaccedilatildeo de elementos meramente similares em uma mesma paacutegina

As principais fontes eleitas foram Cooper Std Black utilizada na manchete e nos

tiacutetulos das mateacuterias de abre em todas as editorias Como variaccedilatildeo para os tiacutetulos a Hobo Std

foi escolhida devido agrave sua irreverecircncia Em tiacutetulos ainda enquadra-se a fonte Sylfaen Em

todo o corpo de texto a Geoacutergia eacute a fonte presente Como ausecircncia da serifa aparece a Segoe

distribuiacuteda nas linhas finas que antecedem as mateacuterias de abre Na legenda das fotos a

ZapfHumnst eacute a fonte que se enquadra no projeto do Barriga Por uacuteltimo como destaque ao

nome de cada editoria aparece a Tiffany

97 Logotipia

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 55: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

55

Para o desenvolvimento da Logotipia optamos em um modelo que aleacutem de trazer

irreverecircncia em sua identificaccedilatildeo possibilitando o destaque entre os outros meios de

publicaccedilotildees disponiacuteveis em Blumenau correspondesse agrave proposta do jornal Barriga

Utilizando-se da expressatildeo empurrar com a barriga (embora evidentemente natildeo tenha sido

esta a proposta deste PEC) aproximamos todas as letras uma a uma dando a sensaccedilatildeo que

fossem gradativamente empurradas pelo becirc maiuacutesculo ateacute que a uacuteltima letra da palavra

Barriga fosse propositalmente derrubada

Poreacutem para que chegaacutessemos ao teacutermino desta logotipia inuacutemeras outras surgiram no

decorrer do jornal cuja principais destacamos em Anexos neste presente projeto

93 POacuteS-PRODUCcedilAcircO

931 A Impressatildeo

Mediante aos orccedilamentos de exemplares miacutenimos para a impressatildeo do jornal estarem

acima de nossa disponibilidade econocircmica finalizamos o projeto com a disponibilidade do

arquivo PDF gravado em miacutedia CD Poreacutem na apresentaccedilatildeo do PEC que ocorreu as 19h do

dia 02 de julho de 2009 entregamos agrave banca examinadora a versatildeo do jornal impresso em

papel A2 com o intuito de simular o papel em que satildeo impressos os jornais

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 56: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

56

CONCLUSAtildeO

A impressatildeo que nos fica ao teacutermino do jornal Barriga eacute a que todos os fatos agrave nossa

volta satildeo passiacuteveis de receberem opiniatildeo O que faz uma pedra no meio do caminho Na

opiniatildeo de Carlos Drummond de Andrade um poema O que faz um ex-atleta de marcha

atleacutetica medalhista oliacutempico na presidecircncia da Fundaccedilatildeo de Esportes de uma cidade Na

opiniatildeo do Barriga um rebolar para presidir Exemplo como este em que citamos do

presidente da Fundaccedilatildeo Municipal de Desportos Seacutergio Galdino usado em uma das editorias

do jornal reflete a objetivo do Barriga de buscar a notiacutecia sem a espera de que os fatos

aconteccedilam Transformar o inquestionaacutevel e o que eacute tatildeo concreto como uma pedra em um

objetivo passiacutevel de receber opiniatildeo humor

A partir deste objetivo consideramos o humor uma ferramenta capaz de trabalhar

sobre a rotina de uma pequena cidade como Blumenau a fim de sustentar um perioacutedico

quinzenal que se proponha a informar e entreter aleacutem do que diariamente pode ser alcanccedilado

nas bancas de jornais Poreacutem trata-se de uma tarefa delicada Como por exemplo retratar

com humor o periacuteodo escuro que viveu Blumenau durante o novembro de 2008 Ou ainda

como permanecer sempre de peacute na corda-bamba que eacute o humor deixando sua ambiguumlidade

longe de cometer erros de expressatildeo que podem ter entendimento contraacuterio diante do puacuteblico

leitor Indagaccedilotildees como esta ainda nos fazem refletir acerca do assunto poreacutem natildeo nos

deixam de matildeos vazias perante a esta primeira experiecircncia por meio deste PEC

Atraveacutes de estudos como a utilizaccedilatildeo do humor para a conduccedilatildeo da notiacutecia a opiniatildeo

como necessidade e qualidade do pensamento criacutetico e humano e a obrigatoriedade eacutetica que

mesmo tratando-se de um produto humoriacutestico eacute tambeacutem um produto jornaliacutestico por suas

caracteriacutesticas a produccedilatildeo do Barriga nos esclarece de que uma aparente brincadeira eacute talvez

a maior responsabilidade de todas Mediante a sua proposta de um produto jornaliacutestico eacute

evidente que princiacutepios natildeo devem jamais parecer menores do que a necessidade de gerar o

humor A necessidade e principal objetivo tentado ateacute aqui estaacute em fazer de seu puacuteblico

leitor um puacuteblico diferente Um puacuteblico que leia se entretenha e consiga pensar sobre o fato

aleacutem de um simples fato Que consiga pensar e ainda sorrir

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 57: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

57

APEcircNDICE A

A seguir listam-se os recursos necessaacuterios para a produccedilatildeo deste Projeo Experimental em

Comunicaccedilatildeo

ELEMENTOS MATERIAIS

Papel A4

Cacircmera Fotograacutefica Digital

Gravador de Voz

Meio de Transporte

CombustiacutevelVale Transporte

Computador com Impressora

Cartucho para Impressora

Livros

Fotocoacutepias e impressotildees

CD s para Gravaccedilatildeo

ELEMENTOS HUMANOS

Acadecircmicos (Cristian Edel Weiss e Tiago Ribeiro)

Articulista (Danielle Fuchs)

Colunistas (Faacutebio Ricardo Fabriacutecio Wolff Jorge Theiss e Francisco Fresard)

Chargistas (Daniel Costa e Allan George)

Coordenadora do PEC (Prof ordf Dra Ofeacutelia Elisa Torres Morales)

Orientador (Prof Ms Airton Almeida)

Entrevistados (Zeca Bombeiro Sgt Armindo Caroline da Silva Marcos Santos e

Felipe Gonccedilalves)

Leitores (Eliane Pereira Deise Furtado Fabriacutecio Santos Bruna Marcela e Bruna

de Souza)

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 58: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

58

APEcircNDICE B

Orccedilamentos para a impressatildeo do jornal com finalidade de apresentaccedilatildeo agrave banca

GRAacuteFICA KRASBURG

Exemplares miacutenimos 50

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 45000

GRAacuteFICA DO JORNAL DE SANTA CATARINA

Exemplares miacutenimos 4000

Impressatildeo Off-set

Paacutegina 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 1980

GRAacuteFICA RIO SUL

Exemplares miacutenimos 1000

Impressatildeo Off-set

Paacuteginas 12 (4 coloridas)

Preccedilo R$ 72000

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 59: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

59

ANEXO A Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina

(ARNOLD 1965)

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 60: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

60

ANEXO B Esboccedilos do Orientador

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 61: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

61

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 62: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

62

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 63: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

63

ANEXO C Evoluccedilatildeo da logotipia

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 64: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

64

ANEXO D

Exemplar de A Manha do Baratildeo de Itarareacute Ediccedilatildeo de 13 de maio de 1925

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

alternativa 2ed rev Satildeo Paulo Edusp 2003

LAGE Nilson Estrutura da notiacutecia 5 ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LAGE Nilson Linguagem jornaliacutestica 7ed Satildeo Paulo Aacutetica 2004

LESTER Paul Martin ROSS Susan Dente Images that injure

pictorial stereotypes in

the media 2 ed Westport Praeger 2003

67

LIVROSSILVA Rafael Souza Diagramaccedilatildeo o planejamento visual graacutefico na

comunicaccedilatildeo impressa Satildeo Paulo Summus Editorial 1985

MARTINS Franklin Jornalismo poliacutetico Satildeo Paulo Contexto 2005

MELO Joseacute Marques de Jornalismo opinativo gecircneros opinativos no jornalismo

brasileiro 3ed rev Campos do JordatildeoRJ Mantiqueira 2003

MELO Joseacute Marques de 40 anos de jornalismo Disponiacutevel em

lthttpwwwmarquesdemeloprobrtextosentreventrev_07htmgt Acesso em 8 mar 2009

NOBLAT Ricardo A Arte de Fazer um Jornal Diaacuterio Satildeo Paulo Contexto 2002

OSTERMANN Valther Pacabaacute Jornal de Santa Catarina Blumenau 21 a 22 fev 2009

11522 3

PETRY Sueli A Imprensa em Blumenau 1deg Seminaacuterio sobre a histoacuteria da comunicaccedilatildeo

em Santa Catarina Blumenau n 1 p 5-17 7 mar 2006

PIMENTEL Luiacutes Itarareacute o Baratildeo de uma batalha inexistente Jornal da ABI Rio de

Janeiro set 2007 Disponiacutevel em ltwwwabiorgbrjornaldaabisetembro_2007pdfgt Acesso

em 08 mar 2009

QUEIROZ Andreacutea Cristina de Barros O veloacuterio de um foliatildeo O Pasquim e os anos 1980

Disponiacutevel emltwwwrjanpuhorgAnais2006conferenciasAndrea20Cristina20de20

Barros20Queirozpdfgt Acesso em 15 mar 2009

RABACcedilA Carlos Alberto Dicionaacuterio de comunicaccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro Campus 2001

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Abaixo o jornal alto Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070612abaixo-o-jornal-alto-2gt Acesso em 15 mar

2009

68

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Contagem de caracteres na diagramaccedilatildeo Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613contagem-de-caracteres-na-diagramacaogt

Acesso em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Preacute-diagramaccedilatildeo em jornal e revista Disponiacutevel em

lthttpmeiradarochajorbrnews20070613pre-diagramacao-em-jornal-e-revistagt Acesso

em 15 mar 2009

ROCHA Joseacute Antonio Meira da Zonas de visualizaccedilatildeo da paacutegina impressa Disponiacutevel

em lthttpmeiradarochajorbrnews20070810zonas-de-visualizacao-da-pagina-

impressagt Acesso em 14 mar 2009

SEVERO Leonam O design e o designer Disponiacutevel em

lthttpwwwifdcombrblog20080213o-design-e-o-designergt Acesso em 15 mar 2009

SILVA Joseacute Ferreira da A imprensa em Blumenau Florianoacutepolis IOSESC 1977

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 02 p 36-40 fev 1970

SILVA Joseacute Ferreira da Blumenau e a sua imprensa Blumenau em Cadernos Blumenau t

XI n 03 p 41-47 mar 1970

SILVA Josimey Costa da O humor nada objetivo e um jornalismo muito seacuterio

Communicare Satildeo Paulo Volume 2 n 2 p 117-124 2ordm semestre 2002

SODREacute Nelson Werneck 1911-1999 Histoacuteria da imprensa no Brasil 4ed Rio de Janeiro

Mauad 2004

SSOacute Ernani Baratildeo de itarareacute 3ed Porto Alegre Tchecirc 1984

STRELOW Aline Pato Macho o humor no jornalismo alternativo Disponiacutevel em

ltwwwboccubiptpagstrelow-aline-patomacho-humorpdfgt Acesso em 19 mar 2009

69

SOUSA Jorge Pedro Elementos de jornalismo impresso Florianoacutepolis Letras

Contemporacircneas 2005

Page 65: PEC Cristian Weiss e Tiago Ribeiro

65

ANEXO E

Primeira ediccedilatildeo de O Pasquim apoacutes a libertaccedilatildeo de seus editores do encarceramento

proporcionado pelo regime militar em 17 de janeiro de 1971

NETO RAUL Fernando Esquerda vou verDisponiacutevel em

httpferanetobloguolcombrarch2007-11-11_2007-11-17html Acesso em 21 jun2009

66

REFEREcircNCIAS

AGUIAR Odailton Aragatildeo O Riso na Miacutedia O Baratildeo de Itarareacute e seus Almanhaques os

almanaques do jornal A Manha 2006 Doutorado em Comunicaccedilatildeo e Semioacutetica Pontifica

Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006

AMARAL Maacutercia Franz Jornalismo Popular Satildeo Paulo Contexto 2006

ARNOLD E C Tipografia y Diagramado para Perioacutedicos Nova Yorque Mergenthaler

Linotype Company 1965

CADENA Nelson Varoacuten Jornais carnavalescos a miacutedia do deboche Disponiacutevel em lt

httpwwwalmanaquedacomunicacaocombrblogp=847gt Acesso em 20 mar 2009

BELTRAtildeO Luiz Jornalismo opinativo Porto Alegre Sulina 1980

ERBOLATO Maacuterio Teacutecnicas de Codificaccedilatildeo em Jornalismo 5ed Satildeo Paulo Aacutetica 1991

FERNANDES Mario Luiz 1962- A forccedila do jornal do interior Itajaiacute Ed da Univali

2003

JAMUNDAacute Theobaldo O barriga-verde versotildees e versotildees Florianoacutepolis IOESC 1989

KONDER Leandro Baratildeo de itarareacute Satildeo Paulo Brasiliense 1986

KUCINSKI Bernardo 1937- Jornalistas e revolucionaacuterios nos tempos da imprensa

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