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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO 1 Pedreiro

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Geraldo Alckmin

Governador

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO,

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Rodrigo Garcia

Secretário

Nelson Baeta Neves Filho

Secretário-Adjunto

Maria Cristina Lopes Victorino

Chefe de Gabinete

Ernesto Masselani Neto

Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante

Antonio Rafael Namur MuscatPresidente da Diretoria ExecutivaHugo Tsugunobu Yoshida Yoshizaki Vice-presidente da Diretoria Executiva

Gestão de Tecnologias aplicadas à Educação

Direção da ÁreaGuilherme Ary Plonski

Coordenação Executiva do ProjetoAngela Sprenger e Beatriz Scavazza

Gestão do PortalLuiz Carlos Gonçalves, Sonia Akimoto e Wilder Rogério de Oliveira

Gestão de ComunicaçãoAne do Valle

Gestão do processo de produção editorial

Gestão Editorial Denise BlanesEquipe de ProduçãoAssessoria pedagógica: Ghisleine Trigo SilveiraEditorial: Airton Dantas de Araújo, Beatriz Chaves, Camila De Pieri Fernandes, Carla Fernanda Nascimento, Célia Maria Cassis, Daniele Brait, Fernanda Bottallo, Lívia Andersen, Lucas Puntel Carrasco, Mainã Greeb Vicente, Patrícia Maciel Bomfim, Patrícia Pinheiro de Sant’Ana, Paulo Mendes e Sandra Maria da SilvaDireitos autorais e iconografia: Aparecido Francisco, Beatriz Blay, Hugo Otávio Cruz Reis, Olívia Vieira da Silva Villa de Lima, Priscila Garofalo, Rita De Luca e Roberto PolacovApoio à produção: Luiz Roberto Vital Pinto, Maria Regina Xavier de Brito, Valéria Aranha e Vanessa Leite RiosDiagramação e arte: Jairo Souza Design Gráfico

Fundação Carlos Alberto Vanzolini

Concepção do programa e elaboração de conteúdos

Geraldo Biasoto Jr.Diretor Executivo

Lais Cristina da Costa Manso Nabuco de AraújoSuperintendente de Relações Institucionais e Projetos Especiais

Coordenação Executiva do Projeto José Lucas Cordeiro

Equipe TécnicaAna Paula Alves de Lavos, Bianca Briguglio, Dilma Fabri Marão Pichoneri, Emily Hozokawa Dias, Karina Satomi, Laís Schalch, Selma Venco e Walkiria Rigolon

Textos de ReferênciaMaria Helena de Castro Lima

Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia

Coordenação do ProjetoJuan Carlos Dans Sanchez

Equipe TécnicaCibele Rodrigues Silva e João Mota Jr.

Agradecemos aos seguintes profissionais e instituições que colaboraram na produção deste material:

CTP, Impressão e Acabamento Imprensa Oficial do Estado de São Paulo

Anamaco, Casa Santo Expedito, Equipaobra, GH Parafusos e Ferramentas, Japi S/A, José Roberto Fávaro, Lilian Spinola, Noel Cossa, Paulo Henrique Pulter e Saulo Braga de Lima

Caro(a) Trabalhador(a)

Estamos felizes com a sua participação em um dos nossos cursos do Programa Via Rápida Emprego. Sabemos o quanto é importante a capacitação profissional para quem busca uma oportunidade de trabalho ou pretende abrir o seu próprio negócio.

Hoje, a falta de qualificação é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo desempregado.

Até os que estão trabalhando precisam de capacitação para se manter atualizados ou quem sabe exercer novas profissões com salários mais atraentes.

Foi pensando em você que o Governo do Estado criou o Via Rápida Emprego.

O Programa é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, em parceria com instituições conceituadas na área da educação profis-sional.

Os nossos cursos contam com um material didático especialmente criado para facilitar o aprendizado de maneira rápida e eficiente. Com a ajuda de educadores experientes, pretendemos formar bons profissionais para o mercado de trabalho e excelentes cidadãos para a sociedade.

Temos certeza de que iremos lhe proporcionar muito mais que uma formação profissional de qualidade. O curso, sem dúvida, será o seu passaporte para a realização de sonhos ainda maiores.

Boa sorte e um ótimo curso!

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia

Caro(a) Trabalhador(a)

Você inicia um novo caminho rumo à construção de novas aprendizagens.

O objetivo do Programa Via Rápida Emprego é ampliar seus conhecimentos para além dos conteúdos específicos da ocupação de pedreiro.

Neste curso você terá a oportunidade de aprender sobre esse ofício, conhecendo o histórico da ocupação desde sua origem até os dias de hoje, bem como outros aspectos que nem sempre são abordados nos programas de qualificação.

É fundamental, sem dúvida, aprender as técnicas tradicionais de construção, mas outros aprendizados, como conhecer de que maneira a construção se desenvolveu ao longo do tempo, novas formas de construir, quais as possibilidades de trabalho, entre outras coisas, são igualmente importantes.

Este Programa parte do princípio de que você já tem muitos conhecimentos, experiências e vivências, e tudo isso será valorizado e potencializado neste curso.

A Unidade 1 trata da história da construção civil e da ocupação de pedreiro. Nela, você conhecerá um pouco sobre as técnicas e os materiais utilizados nas construções por nossos antepassados.

Na Unidade 2, partindo do levantamento de suas experiências, você aprenderá mais sobre os saberes necessários para o exercício da atividade de pedreiro.

As ferramentas e os materiais básicos que os pedreiros utilizam no dia a dia de uma obra são tema da Unidade 3.

A Unidade 4 vai ajudar você a ler projetos de construção, assim você poderá reconhecer plantas baixas, cortes laterais e fachadas, compreendendo o que esses projetos informam sobre as obras.

O canteiro de obras é assunto da Unidade 5. Você vai saber como organizar, preparar, limpar e cercar o terreno, bem como construir um local para guardar as ferramentas e os materiais da construção, incluindo os equipamentos de proteção individual essenciais ao exercício de qualquer ocupação.

Já está pronto para começar? Então, mãos à obra!

Sum á ri o

Unidade 19

A históriA dA construção civil e dA ocupAção de pedreiro

Unidade 233

os conhecimentos dA ocupAção profissionAl e os meus conhecimentos

Unidade 351

ferrAmentAs e mAteriAis básicos de trAbAlho

Unidade 477

como ler um projeto

Unidade 593

entrAndo em umA obrA: orgAnizAção e prepAro do locAl de trAbAlho

FICHA CATALOGRÁFICASandra Aparecida Miquelin - CRB-8/6090

Tatiane Silva Massucato Arias - CRB-8/7262

São Paulo (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia. Via Rápida Emprego: construção civil: pedreiro, v.1. São Paulo: SDECT, 2012.

il. - - (Série Arco Ocupacional Construção Civil)

ISBN: 978-85-65278-32-4 (Impresso) 978-85-65278-34-8 (Digital)

1. Ensino profissionalizante 2.Construção civil - Qualificação técnica 3. Alvenaria - Construção de obras 4.Tijolos - Assentamento 5. Soalhos - Assentamento I. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia II. Título III. Série.

CDD: 371.425693.1

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unida d e 1

A história da construção civil e da ocupação de pedreiroO que nos vem à mente quando pensamos em construção civil?

Casas? Prédios? Estradas? Pontes? Túneis?

Operários? Mestres de obras? Ajudantes? Engenheiros? Carpin-teiros?

Tijolo? Concreto? Cimento? Vidro? Estruturas de metal? Ma-deira?

Pode ser que nos venha tudo isso. E ainda mais.

Afinal, basta olharmos ao redor para ver que existem construções muito diferentes, que envolvem materiais variados e que foram erguidas por um conjunto de profissionais de diversas áreas, trabalhando em equipe.

Mas será que sempre foi assim?

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Atividade 1 Falando sobre a construção civil

Vamos fazer uma roda de conversa sobre esse assunto?

Nossa roda funcionará da seguinte forma: a classe vai se sentar em círculo e todos que quiserem vão falar o que sabem sobre construção civil, se já tiveram experiências nessa área e quais foram, ou se conhecem alguma histó-ria sobre o assunto. Pode ser alguma informação que leram, alguma história contada por parentes, amigos ou vizinhos, uma música...

Enquanto a classe fala, o monitor vai registrar em uma folha o que for falado. Esse registro ficará na parede da sala e, de tempos em tempos, a classe voltará a ele para verificar quais ideias iniciais da turma se confirmaram, quais dúvidas foram esclarecidas, que outras surgiram e foram resolvidas.

Como tudo começou

O que sabemos, estudando um pouco de história, é que os seres humanos sempre procuraram lugares para se proteger do frio, da chuva, do ataque de animais, do sol excessivo etc. E essa procura, possivelmente, foi uma de suas primeiras motivações para que começassem a pensar em lugares seguros para moradia.

Mas entre buscar abrigo e começar, de fato, a criar e construir espaços para morar, muito tempo se passou.

Quando falamos em construção, temos em mente a modificação dos espaços, com o uso de técnicas diversas.

Com base em pesquisas sobre como os seres humanos viviam no passado, descobriu-se que os primeiros homens e mulheres abrigavam-se em cavernas encontradas na natureza e interferiam muito pouco para modificar esses ambientes.

Modificação dos espaços: Ato ou ação de promover mudanças em determinado lugar. Essas mudanças po-dem ser de diferentes tipos: no que se vê, no trânsito, no barulho etc. Quando construímos uma casa, mudamos o que se vê naquele quarteirão. Quando um shopping é construído, o trânsito de todo o bairro po-de mudar. Quando se cons-trói um viaduto que liga dois ou mais bairros, o visual, o trânsito e o barulho podem mudar ao mesmo tempo.

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Trata-se de um período conhecido como Pré-história ou, como se prefere dizer atualmente, sociedades sem Estado. Esse período vai da origem do homem, há cerca de 5 milhões de anos, até aproximadamente 3500 a.C. (antes de Cristo), quando surgiu a escrita.

Não parece possível afirmar que nas cavernas a ideia de construção já existisse, pois os lugares habitados não eram transformados. A principal intervenção humana nesses locais de moradia se dava pelas pinturas nas paredes. Por meio delas, os homens e as mulheres retratavam aspectos de sua vida cotidiana. Porém, não se tratava de criar espaços novos, diferentes, e sim de deixar marcas, registros do que conheciam e de como viviam, em forma de desenhos.

Essas pinturas ficaram conhecidas como arte rupestre. A palavra “rupestre” se refere à “rocha”, local onde essa forma de arte era expressa.

Pintura rupestre em Jabal Akakus, Líbia.

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Para marcar as diferentes etapas do desenvolvimento da humanidade e facilitar o estudo da história, os estudiosos dividiram a história em grandes períodos:

• Pré-história(ousociedadessemEstado):daorigemdohomem,háaproximadamente5 milhõesdeanos,atécercade3500 a.C.(antesdeCristo),quandosurgiuaescrita.

• Antiguidade(ouIdadeAntiga):dosurgimentodaescritaatéaquedadoImpérioRomanodoOcidentenoano476 d.C.(depoisdeCristo).

• IdadeMédia:daquedadoImpérioRomanodoOcidenteaté1453,comaTomada de Constantinopla pelos turcos otomanos.

• IdadeModerna:daTomadadeConstantinoplaaté1789,datadaRevolução Francesa.

• IdadeContemporânea:daRevoluçãoFrancesaaténossosdias.

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ConstantinoplafoicapitaldoImpérioRomanodoOrienteedoImpérioOtomano,consideradaa“por-tadeentrada”doOcidenteparaoOriente.ATomada de Constantinopla foi o momento histórico quemarcouofimdadominaçãoromanasobreospovosnoOriente.Atualmente,temonomedeIs-tambuleéamaiorcidadedaTurquia,seguidapelacapitaldopaís,Ancara.

Antoine Vérard. CercodeConstantinopla,1499.Iluminuraemvelino,60cmx42,3cm.BibliotecaNacional,Turim,Itália.

ConstantinoplaRoma

Mar Negro

MarBáltico

Mardo

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Mar Mediterrâneo

Império Romano do Ocidente

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Fonte:SHEPHERD,W.R.TheHistoricalAtlas,1911.Disponívelem:<http://www.lib.utexas.edu/maps/historical/shepherd/roman_empire_395.jpg>.Acessoem:4jun.2012(adaptado;meramenteilustrativo;suprimidasascoordenadasgeográficas).

A Revolução Francesafoiomovimentosocialepolíticoquetirouopoderdamonarquia(dosreis),danobrezaedaIgrejaparadarinícioaumanovaformadegovernonaFrança–arepública.Foitam-bém nessa época que uma nova forma de produção começou a se consolidar: o capitalismo industrial. ARevoluçãoFrancesaéummarcoparaasmudançaspolíticas,econômicasesociaisqueaconteceramnaEuropanasegundametadedoséculoXVIII(18)eseestenderamparaquasetodoomundo.

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O ato de construir – ou, mais propriamente, de modifi-car ou criar espaços que servissem para moradia, culto, comércio etc. usando técnicas diferentes – teve início somente no fim do período conhecido como Pré-história ou sociedades sem Estado; ou seja, no começo da cha-mada Idade Antiga.

As primeiras construções humanas foram feitas com pedras – essa foi a primeira técnica de construção apren-dida e utilizada pelos homens.

A construção que vemos a seguir é uma das primeiras de que se tem notícia. Ela fica na Inglaterra (um país da Europa) e tem o nome de Stonehenge.

Não se sabe ao certo quando ela foi erguida. Os cientistas acreditam que tenha sido entre os anos 3100 e 2800 a.C. (antes de Cristo); isto é, há aproximadamente 4 mil anos!

Esse tipo de construção é chamado dólmen ou sistema trilítico: duas grandes pedras são erguidas no chão em posição vertical e uma terceira é colocada horizontal-mente sobre elas, unindo-as e formando uma espécie de arco, que funciona como cobertura.

Stonehenge: Palavra ingle-saquesignifica“monumen-tocircularfeitodepedra”–stone = pedra; henge = monumento circular.

Trilítico: Tri=três;lítico = relativo a pedra.

Stonehenge.Inglaterra.

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Várias dessas estruturas foram colocadas na terra for-mando um círculo. E, embora isso não possa ser com-provado, imagina-se que essa construção tenha sido, originalmente, algo parecido com o que é mostrado na figura a seguir.

E por que motivo essa construção foi feita? Embora o formato pareça com o de uma casa, sabe-se que esse não era um lugar utilizado para moradia. E existem versões diferentes sobre sua finalidade, ou seja, para o que esse espaço era usado.

Alguns acreditam que Stonehenge era um local de culto ao Sol e à Lua, ou seja, uma das formas como os povos da Antiguidade manifestavam suas crenças.

Outros afirmam que foi um espaço utilizado para o es-tudo dos astros e para que as pessoas pudessem se orien-tar no espaço (como se fosse uma bússola, ou um GPS, sistema de localização mais usado nos dias de hoje).

Há ainda quem diga que Stonehenge era um lugar de sepultamento, uma espécie de cemitério, onde os antigos enterravam seus mortos.

Mais intrigante do que sua utilidade é pensar como esse monumento foi erguido, já que as pedras chegam a ter 5 metros (m) de altura. Até hoje muitos se perguntam como foi possível construí-lo com tão poucos recursos!

Bússola:Instrumentoquemarcaasdireções,ospontoscardeaisdaTerra:Norte,Sul,LesteeOeste;e,comisso,ajudaqueaspessoasselo-calizem e se orientem. Ela funciona por meio de mag-netismo, isto é, da proprie-dadedaTerradeatrairme-tais, e foi muito utilizada pelos navegadores, pois, em alto-mar, era difícil saber se uma embarcação estava in-do para o lado certo.

Pedra do altar

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Outros exemplos de construções feitas com base em pedras são encontrados em diferentes épocas e locais na história da humanidade: do Egito Antigo, 2500 a.C. (antes de Cristo), até grandes castelos, portais e igrejas construídas na Idade Média, e que ainda existem na Europa, resistindo à ação do tempo.

Veja algumas obras incríveis que foram feitas apenas cortando, empilhando, equi-librando e modelando pedras de diferentes tipos e tamanhos.

VistadeMachuPicchu.ValedoUrubamba,Peru.

Pirâmides de Gizé. Egito.

CatedralNotre-Dame.Paris,França.

FortalezadeSacsayhuamán.Cusco,Peru.VistadacidadedePiraporadoBomJesus(SP).

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Várias dessas construções de pedra do passado nos impressionam: as pirâmides do Egito; os templos da Grécia; as imensas igrejas e os mosteiros construídos na Idade Média na Europa; as cidades e os monumentos erguidos pelos povos que viveram na América Latina antes de a região ser ocupada pelos espanhóis nos séculos XV (15) e XVI (16) e que ficaram conhecidos como civilizações pré-colombianas: tiahuanacos, incas, maias, astecas etc.

Essas obras chamam a atenção pela utilização predominante – quase exclusiva – de pedras em sua construção. Mas também despertam nossa curiosidade quando imaginamos como foi possível transportar, levantar e empilhar pedras imensas sem a ajuda de guindastes e outros instrumentos usados em construções nos dias de hoje.

Carregar e içar/levantar as pedras até a altura desejada não parece uma tarefa nada fácil, não é mesmo?

E o mais curioso é que essas atividades exigiam conhecimentos de Matemática (como cálculo, geometria) e Física (como equilíbrio, força) muito sofisticados para a época e que, ainda hoje, são usados nas áreas de Engenharia e Arquitetura.

Vamos voltar a esse tema mais adiante.

Você já ouviu falar de algumas das obras que foram citadas aqui? Que tal pesquisar sobre elas?

Aocupação,pelosespanhóis,degrandepartedoterritórioamericano–ondehojeficamoPeru,aBolí-via,aColômbia,oChile,oMéxico,entreoutrospaíses–implicouadestruiçãoquasetotaldaculturadospovosquealiviviam.Restam,atualmente,apenaspartesdosmonumentosedascidadesconstruídospor eles.

OsespanhóisiniciaramaconquistadaAméricanofinaldoséculoXV(15)e,nesseprocesso,ascivilizaçõespré-colombianasqueviviamnessaregiãoforampraticamenteexterminadas.IstoaconteceunoMéxico,ondeexistiaoImpérioAsteca,noPeru,oImpérioInca–eemváriosoutroslocaisque,atualmente,compõemoterritórioamericano.

Assim como a ocupação espanhola, a ocupação portuguesa do território brasileiro, que ocorreu no mes-moperíodo(ouseja,apartirdoanode1500),tambémimplicouadestruiçãodeváriasnaçõesindígenasque aqui viviam.

Alémdasmortesresultantesdecombates,doençaseexploraçãodotrabalhoescravo,aviolênciadessasocupaçõessemanifestavapelaproibiçãodequeessespovosmantivessemsuacultura:tradições,costu-mes, crenças etc.

Eaocupaçãourbananosdiasatuais:Éharmoniosaouviolenta?Reflitaarespeitoediscutacomseuscolegas.

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 17

Atividade 2 Grandes construções de pedra

1. A classe vai se dividir em quatro grupos. Cada grupo vai fazer uma pesquisa diferente e preparar uma apresentação para a classe.

A primeira coisa a fazer é dividir os grupos:

Grupo 1 – Pirâmide de Quéops

Grupo 2 – Acrópole de Atenas

Grupo 3 – Machu Picchu (civilização inca)

Grupo 4 – Chichén Itzá (civilização maia)

2. Pesquisando na internet, no laboratório de informática – com a ajuda do moni-tor –, cada grupo deve buscar responder às seguintes perguntas relacionadas a seu tema:

a) Onde está o monumento que seu grupo deve pesquisar? Localize no atlas o lugar de que estamos falando. Depois de achar o local, escreva o nome da cidade, do país e do continente onde ele está.

b) Por que ele foi construído? Com qual finalidade?

c) Pensando em construções, como esse monumento foi construído? Quais materiais e técnicas construtivas foram utilizados para fazê-lo?

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d) O que nele chama mais a atenção do grupo? O tama-nho? O formato? A finalidade? Justifique suas respostas.

e) O que aconteceu com ele? Como ele se encontra atual-mente?

3. Para compartilhar com os colegas o que cada grupo descobriu, planejem a divisão das tarefas entre os par-ticipantes do grupo. Depois façam um ou mais carta-zes e preparem uma apresentação de cerca de 20 mi-nutos. Vocês podem organizar algumas anotações para não se perderem na hora da apresentação. Mãos à obra!

E só se usavam pedras nessas construções?

Embora a pedra fosse a base de todas as construções, a madeira e a argamassa faziam parte da tecnologia usa-da para fazer algumas delas.

Por que dividir a apresentação e cada pessoa falar uma parte? Não seria maisfácilumúnicocolegafalartudo?

Sugerimosquetodosfalemporquefalaremvozaltaeconseguirexplicarumassuntoparaumgrupodepessoaséumsaberimpor-tante para qualquer ocupação.

Imaginequevocêestejatrabalhandoemumagrandeconstruçãoepre-cise comunicar a um cliente, a um mestre de obras ou a um engenheiro umproblemaquepoderáatrasaroserviçoouexplicaranecessidadedereforçar uma coluna para não causar rachaduras nas paredes, no futuro.

Agoraanalise:Comovocêdaráessasinformaçõesseforbloqueadopor sua timidez, que o impede de falar com segurança com seus clientesousuperiores?Ousenãoconseguircomunicardevagarecom clareza os problemas que você notou? Quais podem ser as con-sequências de você não falar?

Por isso, aproveite o espaço da sala de aula para se capacitar e se expressarcommaissegurança.

Argamassa:Misturadema-teriais usada para unir ou revestirpedras,tijoloseblo-cos. Nessa mistura estarão necessariamente um mate-rial chamado aglomerante (cal,cimentoougesso),umagregado miúdo (areia) eágua.Voltaremosaesseas-sunto mais adiante.

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 19

Acredita-se que a madeira era usada para facilitar o transporte das pedras – por terra ou por água – e também para levantá-las, colocando-as em posição vertical. As ilustrações seguintes mostram como provavelmente isso era feito.

A madeira também era usada para cortar as pedras e moldá-las no formato desejado.

Vejacomoessemecanismofuncionava:

Cunhas–pequenaspeçaspontiagudas–demadeiraeram colocadas em pequenas rachaduras nas pedras. Aosermolhada,amadeirainchava(aumentavadetamanho),ampliandoarachaduraatérepartirapedraem dois ou mais pedaços.

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Atividade 3aprendendo com o passado

Vamos fazer uma experiência para ver se essa técnica funciona?

Sigam os seguintes passos:

1. O monitor vai trazer para a classe dois ou três pedaços de pedra (pode ser granito ou semelhante). O tamanho deve ser suficiente para permitir a experiência – pró-ximo do tamanho dos paralelepípedos que são usados em calçamentos de ruas:

Em cada uma das pedras, vocês terão de fazer uma pequena rachadura, em tamanho suficiente para colocar as cunhas de madeira.

2. Em seguida, a madeira deverá ser molhada. Para que ela fique bem enchar-cada, vocês podem colocar na água as pedras com as cunhas de madeira fixadas nelas.

3. Todos os dias vocês vão retirar as pedras da água, forçar as madeiras, martelan-do-as levemente, e observar se houve alguma mudança. Cada um deverá registrar o que percebeu durante cinco dias seguidos.

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4. Agora, toda a classe, junto com o monitor, vai discutir o resultado da experiência. O que aconteceu? As pedras se partiram? Quais conclusões vocês podem tirar disso? Tentem refletir também em que essa experiência pode ajudá-los no dia a dia e em sua futura ocupação e registrem as conclusões da classe.

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O uso da argamassa

A argamassa, utilizada em construções desde os tempos mais antigos até hoje, já no passado auxiliava na união entre as pedras, sendo também usada como revestimen-to, para proteger e reforçar as construções.

Antes da descoberta do cimento, vários produtos foram usados para desempenhar esse papel de unir pedras:

• a argila, que muitos de nós conhecemos pelo nome popular de “barro”, cujo uso na construção de casas é mostrado a seguir;

• o junco, uma espécie de planta cujo caule pode ser trançado e que atualmente é mais utilizado na fabricação de móveis do que na composição de argamassas;

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• e até mesmo uma mistura de conchas, areia e óleo de baleia.

Um exemplo do uso dessa mistura é a Igreja Matriz de Nossa Senhora das Graças, que fica na cidade de São Francisco do Sul, no Estado de Santa Catarina. Essa igreja foi construída no ano de 1699, cerca de 200 anos depois de os portugueses chegarem ao Brasil.

Se você não se lembra desta parte da nossa história – quando os

portugueses chegaram aqui –, reveja, no Caderno do Trabalhador 1 –

Conteúdos Gerais (disponível em: <http://www.viarapida.sp.gov.br>,

acesso em: 14 maio 2012), o tema que trata de alguns aspectos da história

do Brasil: Repassando a história.

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Atividade 4 conheça um pouco mais do brasil

1. Veja e marque no mapa a seguir onde fica Santa Catarina, Estado que abriga a igreja citada no exemplo anterior. Localize também o Estado de São Paulo, onde você mora.

2. Agora complete o mapa com o nome de todos os Estados que você souber (não importa quantos). Depois, troque seu Caderno com o de um colega, até que a classe preencha o nome de todos os Estados.

3. Pense em sua família: pais, avós, irmãos... Eles vieram de outros Estados ou sempre viveram em São Paulo? Faça uma pequena pesquisa com seus familiares:

a) Quantos nasceram e viveram no Estado de São Paulo e quantos vieram de outro Estado ou região?

b) De quais Estados ou regiões vieram?

c) Qual era o trabalho predominante dos membros de sua família nos lugares onde viviam?

d) Em que época eles mudaram para São Paulo?

e) Por que motivo?

f) Como foi a chegada a São Paulo? Onde foram morar e trabalhar?

g) Pensando nas características das moradias nos locais de origem e em São Paulo: Os materiais usados para fazer as paredes e os telhados das casas eram semelhan-tes? Quais as diferenças?

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4. Registre a seguir, com suas palavras, o que você descobriu sobre a história de sua família. Se quiser, compartilhe sua história lendo para os colegas o texto que você escreveu.

Conhecer nossas origens e nossa história é importante para

compreendermos o mundo em que vivemos e também a nós mesmos.

Muitosdenóstemosparentespróximos–avós,pais,irmãos,primosetc.–queviveramemoutrasregiõesdoBrasil.IssoaconteceporquemuitaspessoassaemdeondehámenosempregosevêmparaoEs-tadodeSãoPaulo(entreoutros),paratentarencontrarmelhoresopor-tunidades de trabalho.

Essasituaçãofoimuitocomumnasdécadasde1960e1970,quandomuitasindústriasestavamsendoabertaseacidadedeSãoPaulocrescia“atodoovapor”.Depoisdosanos1980,diminuiuavindadepessoasdoNordesteedoNorteparaSãoPaulo,masaindasãomui-tas as que chegam todos os anos a este Estado em busca de trabalho.

OcompositorChicoBuarquefezumacançãoqueretratacomoégran-de a movimentação de pessoas em nosso País e nossa diversidade cultural e regional.

Amúsica,quetemonome“Paratodos”,começacomosseguintesversos:

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Meuavô,pernambucano

Omeubisavô,mineiro

Meutataravô,baiano.

©MarolaEdiçõesMusicaisLtda.

Setivercuriosidade,vocêpodeouviracançãointeirapesquisandoemsites de busca.

26 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Como evoluíram os materiais

Conforme correram os séculos, novos materiais foram descobertos e passaram a ser utilizados na construção civil.

Com isso, as pedras deixaram de ser o elemento principal na estrutura das casas e de outros tipos de obra. Elas continuam a ser bastante usadas para fazer muros de arrimo, fundações, revestimentos e também para a fa-bricação de novos produtos, como o cimento e o concre-to, que permanecem em uso.

Vamos ver a evolução de alguns desses produtos.

O cimento substituiu as bases que serviam para a pro-dução das argamassas citadas (argila ou barro, junco, mistura de conchas, areia e óleo de baleia) e passou a ser um elemento fundamental nas construções – por exem-plo, para erguer paredes ou, como se fala nos canteiros de obra, “subir com a alvenaria”. Atualmente, é com ele que se unem os tijolos ou blocos das construções.

O cimento foi inventado em 1824 por um inglês chama-do Joseph Aspdin. Nessa época, o produto era compos-to de uma mistura de calcário e argila e formava um pó que, misturado com água, se tornava muito duro e re-sistente após a secagem. Hoje em dia, o processo de fa-bricação do cimento é diferente, sendo produzido em grandes indústrias.

As argamassas passaram a ser fabricadas misturando ci-mento, água e areia e ganharam novas funções nas obras. São usadas hoje, principalmente, para: revestir paredes, deixando-as lisas e niveladas para que possam ser pintadas; assentar azulejos, pastilhas e alguns tipos de piso; tapar buracos; fazer acabamentos etc.

O concreto foi descoberto poucos anos depois do cimen-to, em 1848.

Sua composição é parecida com a da argamassa: uma mistura de pedras britadas ou brita, areia, cimento e água. Entretanto, suas funções são diferentes.

1 século: 100anos.

Calcário:Rochasformadasapartir de uma substância cha-mada carbonato de cálcio,encontrada em conchas, fós-seis de carapaças de animais, esqueletos etc., que se de-compõenaterra.Fonte:<http://www.rc.unesp.

br/museudpm/rochas/sedimentares/calcarios.html>.Acessoem:14maio2012.

As maiores reservas de cal-cário do Brasil estão nosEstados deMinasGerais,MatoGrossodoSulePara-ná,queconcentramcercade50%dasreservas.Fonte:<http://www.mme.gov.br/sgm/galerias/arqui

vos/plano_duo_decenal/a_mineracao_brasileira/P27_RT38_Perfil_do_Calcxrio.

pdf>.Acessoem:11jun.2012.

Você sabia?O cimento foi patenteado e é conhecido até hoje pelo nome de “cimento Portland” porque, segun-do Joseph Aspdin, o pro-duto que ele descobriu era tão sólido e durável como as rochas existen-tes em uma ilha britânica chamada Portland.

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 27

Oanode1848foibastantesignificativoparaaEuropa.

Elefoimarcadoporváriosmovimentosderuptura/revoluções,quecomeçaramnaFrança,masseesten-deramtambémparaváriospaíseseuropeus.

Embora essa transição não tenha acontecido de um dia para o outro, esse ano simboliza uma grande mudançapolíticaeeconômicamundialporcausadosseguintesacontecimentos:

a)asubstituiçãodasmonarquiasedosgovernosautoritáriosporregimesdemocráticos;

b)ofortalecimentodosEstadosnacionais;

c)ocrescimentodotrabalhoassalariadonaindústria;e

d)osurgimentodomovimentooperáriocomoumaforçapolítica,dispostaalutarporseusdireitos.

Nessemesmoano,doisimportantespensadoresalemães–KarlMarx(1818-1883)eFriedrichEngels(1820-1895)–escreveramumtextoqueficoumuitoconhecidoeatéhojeélidoemváriospaíses.Otextobuscaexplicaressemomentodahistóriaeconvidaosoperáriosdomundotodoaseunirelutarporjustiçaeigualdade,emummundoondenãohajamaispatrõeseempregadosenoqualodireitodepropriedadesejaabolido.OnomedessetextoéManifestodoPartidoComunista.

Como a resistência do concreto é bem maior do que a da argamassa e a do cimento misturado apenas com água, ele é mais usado para fazer as estruturas de sustentação das obras: fundações, pilares, lajes e vigas.

PeterCarlGeissler.A gloriosa barricada do povo de Berlim contra os militares,1848.Litografia,documentaçãohistórica da cidade de Berlim, Alemanha.

PrimeirapáginadoJornal do Povo,de25deabrilde1848.Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa.

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LéonCogniet.AGuardaNacionaldeParissejuntaaoexércitoemsetembrode1792,c.1833-1836.Óleosobretela.CastelodeVersalhes,França.

28 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Outros componentes que passaram a fazer parte das construções são as estruturas metálicas, o vidro, as cerâmicas e a madeira, entre outros.

Vamos ver, primeiramente, como evoluiu o uso das estruturas metálicas.

Ainda antes da descoberta do concreto, em 1779, foi realizada a primeira obra importante utilizando ferro: a construção de uma ponte na Inglaterra. Porém, foi no final do século XIX (19) que seu uso se tornou comum em residências, substi-tuindo as estruturas de madeira.

O ferro permitia um melhor aproveitamento dos espaços e possibilitava a construção de edificações mais altas (de vários andares). O processo de montagem das estrutu-ras de ferro era também mais fácil. Além disso, elas superavam as de madeira por serem mais resistentes à ação do tempo e ao calor, prevenindo a ocorrência de in-cêndios de grandes proporções.

Aliás, seu primeiro uso em larga escala nos Estados Unidos da América (EUA) acon-teceu em Chicago, quando a cidade passou por um incêndio gigantesco e precisou ser reconstruída em caráter emergencial. Esse incêndio aconteceu em 1871 e já no final dos anos 1890 o uso das estruturas metálicas estava presente em vários lugares naquele país.

Também nessa época, no final do século XIX (19), a mesma evolução no uso de estruturas metálicas ocorria na Europa. Estações de trem, pontes, viadutos, merca-dos, entre outras obras, mudaram a paisagem das grandes cidades nessa época.

Veja alguns exemplos:

MercadodelBorn.Barcelona,Espanha.

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Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 29

O vidro já tinha lugar nos objetos de casa desde a Antiguidade, passando da pro-dução artesanal à industrial ao longo dos séculos. Na construção civil, entretanto, passou a ser usado, em larga escala, no começo do século XX (20).

O mesmo pode ser dito sobre a cerâmica. Embora peças de cerâmica tenham sido produzidas desde tempos muito remotos – e a descoberta dessas peças, inclusive, nos ajude a conhecer culturas já extintas –, somente em meados do século XX (20), depois da 2a Guerra Mundial (1939-1945), a produção de cerâmica para revestimento teve um crescimento expressivo. Com isso, esse produto tornou-se mais barato e acessível, passando a fazer parte dos materiais comuns utilizados nas construções.

ViadutoSantaIfigênia.SãoPaulo(SP). PontecomestruturametálicanacidadedoPorto,Portugal.

Casacomfachadadevidro.SãoPaulo(SP). Estufaparapalmasdatadade1830.JardimBotânicodeBelfast,IrlandadoNorte.

FachadadoTheatroJosédeAlencar.Fortaleza(CE).

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30 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Com o desenvolvimento constante de novas tecnologias e a descoberta de novos materiais ou de novas aplicações para materiais já conhecidos na construção civil, as caracterís-ticas e os estilos de construção também foram mudando.

Tal como acontece com o jeito de as pessoas se vestirem, com os tipos de corte de cabelo, com os modelos de carro e com tantas outras coisas, os estilos das residências e das grandes obras também foram mudando ao longo dos anos.

E, principalmente a partir do século XX (20), essas mu-danças passaram a ser muito rápidas: o que é moda em uma época deixa de sê-lo poucos anos depois. Isso vale para os tipos de projeto, o desenho de fachadas, as cores de paredes, os modelos de telhado, os materiais de revestimento.

Voltaremos a falar sobre isso na Unidade 9, de forma que você possa saber um pouco mais sobre os estilos de construção, aprenda a analisá-los, a diferenciar o que gosta do que não gosta – o que é chamado de “desen-volver seu senso estético” – e a usar a criatividade para propor coisas novas no momento em que estiver exer-cendo sua ocupação.

Também voltaremos a falar sobre os materiais usados nas construções, conforme surgir necessidade de seu uso.

Senso estético:Capacidadedeapreender,apreciarejul-gar o valor estético de algo, de perceber a beleza e dis-cernir, de acordo com certos padrões,oqueéeoquenãoé belo.

©iDicionárioAulete.<www.aulete.com.br>

CasarãodecoradocomazulejoportuguêsnaRuaEstrela.CentrohistóricodeSãoLuís(MA).

DetalhedecasarãonaRuadoEgito.CentrohistóricodeSãoLuís(MA).

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Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 31

E a ocupação de pedreiro, será que também tem sua história?

Bem, a história da construção civil não é somente a his-tória dos materiais e tecnologias usados para construir, não é mesmo?

Como será que, no mundo do trabalho, surgiram os pedreiros?

Quando você estudou a história do trabalho (Caderno do Trabalhador 1 – Conteúdos Gerais), viu que já na Idade Média, no século XII (12), os homens se organi-zavam para trabalhar em oficinas artesanais de acordo com suas ocupações. Nessas oficinas, os mestres – que detinham os principais conhecimentos da ocupação – ensinavam aos aprendizes, que depois de alguns anos de aprendizagem tornavam-se artífices ou ajudantes dos mestres e podiam trabalhar em outras oficinas ou mon-tar oficinas próprias.

Entre as oficinas artesanais mais importantes estavam as dos construtores ou pedreiros. Ou seja, na Idade Média, a ocupação de pedreiro já existia. E era nessas oficinas que os construtores definiam o que era preciso saber para exercer a ocupação e organizavam a produção: estabele-ciam regras de qualidade e os preços dos serviços, por exemplo.

Como nas outras ocupações, os mais velhos transmitiam para as gerações mais novas os conhecimentos relaciona-dos a como construir.

Essa forma de organização da produção de bens era chamada

sistema de guildas (que tem como origem a palavra francesa guilde =

corporação de artesãos). Para saber mais sobre a história do trabalho, pesquise no Caderno do Trabalhador 1 – Conteúdos Gerais,

“História do trabalho” (disponível em: <http://www.viarapida.sp.gov.br>,

acesso em: 14 maio 2012).

32 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Com o surgimento das máquinas e seu uso em grande escala – período conhecido como Revolução Industrial, iniciado na Inglaterra em meados do século XVIII (18) –, as oficinas artesanais perderam espaço e as relações de trabalho assalariado passaram a ser predominantes.

No caso dos pedreiros, o trabalho autônomo – isto é, o trabalho realizado de forma independente, sem estar vinculado a um empregador – não chegou a desaparecer totalmente e manteve-se como uma possibilidade no mercado de trabalho. Entre-tanto, a maior parte dos profissionais dessa área tornou-se assalariada, como é o caso dos operários da construção civil.

Esses são os dois principais caminhos para aqueles que exercem ou vão exercer essa ocupação nos dias de hoje. Esse tema será tratado mais adiante, na Unidade 12.

Deondevemaexpressão“peãodeobra”?

Nosdicionários,apalavra“peão”temváriossignificados,entreoutros:

• aquelequeandaapé;

• condutordetropa,auxiliardeboiadeiros,amansadordecavalos;

• trabalhadorrural;

• serventedeobras.

Peãotambéméumapeçadojogodexadrez.Nessejogo,ospeõessãoaspeçasqueficamàfrentedasdemais.Sãoaspeçasconsideradasmenosimportantesdojogo,quetêmomenorgraunahierarquiadoxadrez.Seusmovimentossãolimitados,maselastambémsãoasprimeirasquesemovem,que“constroem”asjogadasiniciais,quetomamafrentenasbatalhas,quedão“acaraparabater”.Porisso,sãotambémasprimeirasexcluídasdojogo,enquantoasdemaispeçasficamescondidasnapartedetrásdotabuleiro.

Valeapenapensarseexisteumasemelhançaentretodosessessignificados.Oquevocêacha?

AlgunshistoriadoresafirmamqueasoficinasoucorporaçõesdeconstrutoresdaIdadeMédiaderamorigemaumaorgani-zaçãoconhecidacomomaçonaria,queexisteatéhoje.Atual-mente, porém, essa organização não tem relação com nenhu-ma ocupação.

AassociaçãoentreasoficinasdeconstrutoresdaIdadeMédiaeamaçonariasedeuporduasrazões:ambasutilizavamosmesmossímbolos:oesquadroeocompasso;apalavra“pedreiro”nalínguafrancesa é maçon e, na inglesa, mason.

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Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 33

unida d e 2

Os conhecimentos da ocupação profissional e os meus conhecimentosCom tantas obras espalhadas pelas cidades e tantas construções que precisam ser consertadas, alteradas ou reformadas, princi-palmente perto de onde moramos, é bem provável que você já tenha ideia do que faz um pedreiro.

É possível até que você já tenha trabalhado nessa área:

• contratado para auxiliar em uma construção, seja de uma grande obra, seja de uma pequena casa;

• fazendo uma pequena reforma em sua casa;

• ajudando um amigo ou parente a rebocar e pintar paredes, abrir mais uma janela, construir um muro, acertar o piso de uma cozinha etc.

Atividade 1 reFlita a partir de sua experiência

1. Pense em tudo o que já fez e liste o que você acredita ter relação com a ocupação de pedreiro.

34 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

2. Agora, com base em sua experiência, escreva uma frase que comece da seguinte forma:Ser pedreiro é...

3. Troque a frase que você escreveu com as de dois colegas que estejam próximos de você e compare. Elas são diferentes da que você fez? Em que aspectos?

Apenas três frases devem ter sido suficientes para perceber que há várias possibili-dades de descrever um mesmo trabalho, não é?

Uma pessoa pode, por exemplo, dizer que “ser pedreiro é construir casas e prédios”; e outra, que “ser pedreiro é ajudar a fazer grandes obras como viadutos, pontes, metrôs, que tornam as cidades lugares melhores para se viver”. E ambas as descrições podem ser consideradas corretas, ainda que nenhuma delas fale sobre tudo o que um pedreiro faz.

Veja agora como o poeta Vinicius de Moraes descreveu, em 1956, essa ocupação:

O operário em construção

ViniciusdeMoraes

Era ele que erguia casas

Ondeantessóhaviachão.

Comoumpássarosemasas

Ele subia com as asas

Que lhe brotavam da mão.

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 35

Mastudodesconhecia

Desuagrandemissão:

Nãosabiaporexemplo

Que a casa de um homem é um templo

Um templo sem religião

Comotampoucosabia

Que a casa que ele fazia

Sendoasualiberdade

Era a sua escravidão.

Defato,comopodia

Umoperárioemconstrução

Compreenderporqueumtijolo

Valia mais do que um pão?

Tijoloseleempilhava

Compá,cimentoeesquadria

Quanto ao pão, ele o comia...

Masfossecomertijolo!

Eassimooperárioia

Comsuorecomcimento

Erguendo uma casa aqui

Adiante um apartamento

Alémumaigreja,àfrente

Um quartel e uma prisão:

Prisão de que sofreria

Não fosse eventualmente

Umoperárioemconstrução.

Maseledesconhecia

Essefatoextraordinário:

Queooperáriofazacoisa

Eacoisafazooperário.

Deformaque,certodia

À mesa, ao cortar o pão

Ooperáriofoitomado

Deumasúbitaemoção

Ao constatar assombrado

Que tudo naquela mesa

–Garrafa,prato,facão–

Vinicius de Moraes foi poe-ta, compositor e dramaturgo. Também trabalhou comojornalistaediplomata,repre-sentandooBrasilnoexterior.Elenasceuem1913emorreuem1980,noRiodeJaneiro.Suasmúsicasepoemassãobastanteconhecidos.Namú-sica, foi um dos criadores de um movimento conhecido como Bossa Nova e parceiro deToquinho,TomJobim,ChicoBuarque,JoãoGilber-to, entre outros composito-res brasileiros.

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36 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Era ele quem os fazia

Ele,umhumildeoperário,

Umoperárioemconstrução.

Olhouemtorno:gamela

Banco,enxerga,caldeirão

Vidro,parede,janela

Casa,cidade,nação!

Tudo,tudooqueexistia

Era ele quem o fazia

Ele,umhumildeoperário

Umoperárioquesabia

Exerceraprofissão.

[...]

MORAES,Viniciusde.Ooperárioemconstrução.In:Nova antologia poética. CíCERO,Antonio;FERRAz, Eucanaã

(Org.).SãoPaulo:CompanhiadasLetras,2008.p.201

©VMEmpreendimentosArtísticoseCulturaisLtda.

©CompanhiadasLetras(EditoraSchwarcz).

Atividade 2 interpretando o poema

1. O que você entendeu do texto lido? Do que ele trata? Qual você considera ser sua principal mensagem?

Esse poema é bem maior. Se você gostou, leia-o inteiro na internet.Se encontrar palavras que você

desconhece, procure seu significado no dicionário.

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 37

2. Discuta sua interpretação com a classe. Todos tiveram a mesma interpretação? Redija a seguir as conclusões a que vocês chegaram.

O que o pedreiro deve saber?

Da mesma forma como existem diferentes jeitos de ex-plicar o que é ser pedreiro, se cada pessoa deste curso for pensar onde um pedreiro pode trabalhar e quais os conhecimentos necessários para ser um profissional nes-sa área, provavelmente várias respostas serão encontradas.

Diante disso, você pode estar se perguntando: Se cada pessoa pensa de um jeito e define uma ocupação de for-ma diferente, como saber, realmente, o que faz um pe-dreiro e o que ele precisa saber para exercer a ocupação?

Existe um órgão do governo federal responsável por re-gulamentar as relações de trabalho no País: o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

O MTE produziu um documento chamado Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), no qual estão descritas 2 422 ocupações e o que é preciso para exercê-las: a es-colaridade necessária, o que cada profissional deve co-nhecer (saber fazer), onde pode atuar etc.

A CBO organiza as ocupações em famílias. A família que nos interessa neste momento é a dos trabalhadores de estruturas de alvenaria (código 7152). É nesse grupo

Você sabia?A descrição de cada ocupa-ção da CBO é feita pelos próprios trabalhadores. Dessa forma, temos a ga-rantia de que as informa-ções foram dadas por pessoas que atuam no ramo e, portanto, conhe-cem bem a ocupação. Para consultar esse do-cumento na íntegra, aces-se o site <http://www.mtecbo.gov.br>. Acesso em: 14 maio 2012.

38 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

que vamos encontrar a definição do que faz e do que deve saber fazer um trabalhador que pretende ser pedreiro nos dias de hoje.

O que fazem esses profissionais é indicado de forma re-sumida na CBO com o título de “descrição sumária”. Vejamos:

• organizam o trabalho;

• preparam o local de trabalho na obra;

• constroem fundações e estruturas de alvenaria;

• aplicam revestimentos e contrapisos.

Cada um desses itens é bastante detalhado, indicando o que um pedreiro deve saber fazer em relação a esses qua-tro aspectos, conforme veremos a seguir.

Atividade 3os conhecimentos previstos na cbo e

os seus conhecimentos

1. O monitor ou um de vocês vai ler em voz alta cada um dos itens e as atividades correspondentes, confor-me apresentadas na CBO. Acompanhe atentamente essa leitura.

2. Depois de ouvir uma vez, retome o texto e veja se há palavras que você desconhece. Se houver necessidade, use o dicionário que fica na classe ou procure ajuda do monitor ou dos colegas para compreender o que for mais difícil para você.

3. Por último, assinale ao lado de cada uma das atividades:

• aquelas que você sabe fazer;

• as que você sabe fazer mais ou menos e, por isso, ain-da precisa aprimorar;

• as que não sabe fazer ou não tem ideia do que se trata.

Nos quadros a seguir, é possível que você se depare com muitas palavras e/ou atividades de que nunca ouviu falar. Não se preocupe com isso. O monitor poderá explicar, de forma

breve, aquilo que a classe não compreender, mostrando a que parte

do trabalho de um pedreiro corresponde uma dada atividade. Nas

Unidades que virão a seguir, todos esses assuntos serão retomados e

detalhados.

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 39

Organizar o trabalho O que sei fazer O que sei fazer

mais ou menos O que não sei fazer

Interpretarordensde serviço

Especificar materiais a serem utilizados na obra

Calcularosmateriaisa serem utilizados na obra

Fazerorçamentodeserviços

Preparar o local de trabalho O que sei fazer O que sei fazer

mais ou menos O que não sei fazer

Providenciar a liberação do local de trabalho

Selecionarferramentas e equipamentos

Selecionarequipamentos de segurança

Providenciar local para depósito de materiais e ferramentas

Disponibilizarmateriais para a obra

40 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Construir fundações

O que sei fazer

O que sei fazer mais ou menos

O que não sei fazer

Construirogabarito para a locação da obra

Marcaraobraa ser realizada

Abrir cavas (buracos)paracolocação de sapatas

Providenciar as fôrmasparaasfundações

Preparar o concreto

Aplicar ou lançar o concreto nas fundações

Confeccionaroarranque do pilar e a cinta de fundação

Sapatas:Fundaçõesusadasnasconstruções,quandooterreno é firme e a profundi-dade pequena.

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 41

Construir estruturas de

alvenaria

O que sei fazer

O que sei fazer mais ou menos

O que não sei fazer

Esquadrejarasalvenarias

Preparar a argamassa para o assentamento

Aprumar as alvenarias

Alinhar as alvenarias

Assentar tijolos,blocose elementos vazados

Concretarpilares e pilaretes

Assentar vergas nos vãos

Chumbartacose tarugos para fixaçãodeaduelas

Aplicar concreto nas cintas de amarração sobre as alvenarias

Montarlajespré-moldadas

Concretar lajes

Apertar alvenarias

Verga: Peça colocada hori-zontalmente sobre as ombrei-rasdeportasejanelas.Tam-bém pode ser pedaço de madeirafinoeflexível.

Tarugo: Espécie de pino de madeira ou metal que se cravaparafixarduasvigas.

Aduela: Peça de madeira que guarnece os umbrais de portasejanelas.

©iDicionárioAulete.<www.aulete.com.br>

42 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Aplicar revestimentos e

contrapisosO que sei fazer O que sei fazer

mais ou menos O que não sei fazer

Aplicar chapisco em tetos e paredes

Preparar argamassa para revestimento

Marcarpontosdenível e pontos de massa

Aplicar emboço para regularizar a superfície

Assentar acabamentos (soleiras,peitorisetc.)emportasejanelas

Preparar argamassa (farofa)paracontrapiso

Assentar os pré-moldados

Se você desconhece a maior parte dessas atividades ou acha que não sabe fazê-las direito, não se sinta mal.

Um dos principais objetivos deste curso de qualificação é justamente levar você a desen-volver esses conhecimentos, que estão diretamente relacionados à ocupação de pedreiro.

O que mais diz a CBO

São ainda contemplados na CBO conhecimentos que estão relacionados:

• à escolarização formal e à formação profissional dos trabalhadores, por meio de cursos e/ou experiências de trabalho;

• a atitudes pessoais que interferem no desempenho profissional.

Vamos fazer, com relação a esses conhecimentos, o mesmo exercício que fize-mos anteriormente.

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 43

Escolarização e formação/experiência profissional

Conhecimentos que já tenho

Conhecimentos que preciso aprimorar

Conhecimentos que não tenho

Ensino Fundamentalcompleto

Experiênciadetrabalho em canteiro de obras

Cursodequalificação de nível básico

Aspectos relacionados às

atitudes no âmbito pessoal e no ambiente

de trabalho

O que sei fazer

O que sei fazer mais ou menos

O que não sei fazer

Coordenartrabalhos com outros membros da equipe

Trabalharemáreasderisco(regiõesqueestão mais sujeitasaacidentes decorrentes de condiçõesnaturais, por exemplo:encostas de morros,áreascom solo arenosoetc.)

Trabalharemgrandes alturas

Você sabia?Equivalente ao antigo cur-so primário e ginasial, o Ensino Fundamental cor-respondia a 8 anos de es-tudo (1ª à 8ª série) até meados da década de 2000. A partir de 2006 (Lei nº 11 274/2006), o En-sino Fundamental passou a ter nove anos de estudo.

44 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Aspectos relacionados às

atitudes no âmbito pessoal e no ambiente de

trabalho

O que sei fazer O que sei fazer mais ou menos O que não sei fazer

Obedeceranormasde segurança, um conjuntoderegrasque tem como objetivoaimplementação de medidas de controle e prevenção de riscos nos ambientes de trabalho. No caso da construção civil, trata-sedaNR-18:CondiçõeseMeioAmbiente de TrabalhonaIndústriadaConstrução.Essetemaserátratadocom detalhe na Unidade5

zelarpelaqualidadedo trabalho

Manter-seatualizadoquantoàsnormastécnicas e de segurança

Preocupar-se com a produtividade

Comunicar-secomos clientes, superiores e colegas de trabalho

Cuidardomaterialde trabalho

Cumprirespecificaçõesdosfabricantes

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 45

Antes de continuar, lembre-se: parte desses aprendizados você pode ter adquiri-do em trabalhos que já realizou ou em vivências não diretamente ligadas à cons-trução civil.

Afinal, existem conhecimentos...

... de tipos diferentes – relacionados à comunicação (fala e escrita), aos números, aos esportes, às habilidades manuais etc.

... que aprendemos em lugares diferentes – na escola, no trabalho, na vizinhança, na reunião da associação de bairro etc.

... que aprendemos de forma diferente – olhando os outros fazerem (ou seja, pelo exemplo), lendo, exercitando...

E sempre é tempo de aprender...

Por isso, acreditamos que, lembrando histórias da sua vida, você poderá perceber que já tem conhecimentos, experiências e percepções que podem ser úteis no dia a dia de um pedreiro.

Talvez você nem se lembre desses conhecimentos ou não os valorize, isto é, não consiga perceber sua utilidade agora.

Veja este exemplo: um dos conhecimentos pessoais listados na CBO para a ocupa-ção de pedreiro é a capacidade de “trabalhar em grandes alturas”. Vamos imaginar a seguinte situação:

“Josemar nunca trabalhou em construção. Mas, quando era criança, sua mãe tra-balhava como empregada doméstica em um apartamento que ficava no 15o andar de um prédio. Muitas vezes, Josemar acompanhava a mãe no trabalho e a ajudava a limpar as janelas, porque ela tinha muito medo de altura. Depois, sua primeira experiência de trabalho, ainda jovem, foi em uma empresa terceirizada de limpeza. Nesse emprego, ele também tinha de limpar janelas: algumas vezes em lugares baixos, outras vezes em locais altos. Muitos anos se passaram e os trabalhos que Josemar fez depois não mais envolveram lugares altos”.

Agora pense: Não é provável que essa experiência tenha tornado Josemar uma pessoa capaz de trabalhar em grandes alturas?

46 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Atividade 4 retome suas experiências

1. Procure relembrar, mais uma vez, tudo o que você já fez na vida, no trabalho e fora dele, e faça anotações no quadro a seguir.

Tipos de conhecimento Exemplos Conhecimentos

que tenho

Conhecimentosrelacionadosàsminhas experiênciasdetrabalho

Fuiajudantedebalcão numa padaria.

Conhecimentosrelacionados ao meujeitodeserede agir

Gosto bastante de conversar e de trabalhar com outras pessoas.

Outrascoisasquesei/aprendi

Ajudarnalimpezada casa.

Ensinar meu filho a organizar e cuidar de suas coisas.

2. Depois de preencher esse quadro, volte aos quadros anteriores e veja se algo mudou. Se for o caso, altere suas anotações.

Outrasformasdeconheceraocupação

Embora a CBO, como já vimos, contenha quase tudo o que um pedreiro precisa saber, profissionais que traba-lham nessa área também podem dar algumas dicas úteis para quem está começando na ocupação.

O depoimento a seguir é de um engenheiro que trabalha na Companhia do Metropolitano de São Paulo, o Metrô.

Vamos ver o que ele diz sobre a ocupação de pedreiro.

Se você não tem certeza de que algumas de suas experiências de vida podem ser aproveitadas na ocupação de pedreiro, troque informações com

o colega ao lado. Um ajudará o outro a reconhecer e a

extrair, das vivências de cada um, conhecimentos que podem ser úteis

para a ocupação que estão buscando. Saber ouvir e aprender com os outros

são grandes aprendizados para qualquer ocupação.

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 47

MeunomeéOrlandoFerreiraFilho.

Eu estudei Engenharia na Universidade Estadual Paulista, em Bau-

ru,edesde1988trabalhonaáreadeconstruçãocivil.

Játrabalheiemmuitasobrasecommuitostiposdepessoas;pessoas

comdiferentesníveisdeescolaridadeedeexperiência:ajudantes,

pedreiros, mestres e técnicos.

Háváriosaspectosquenospreocupamaocontratarumajudanteou

pedreiro novo. Ele tem que conhecer as principais técnicas da profissão,

ser comprometido com o trabalho, se preocupar em manter o local de

trabalho organizado e não ter vergonha de perguntar o que não sabe.

Maspossofalar,comsegurança,queoquemaisimportanessahoraé

seralguémquetenhavontadedesedesenvolvernaprofissão,sejafa-

zendocursosoupormeiodesuaexperiênciadetrabalho.

Meuconselhoparaquemestácomeçando?Mostrardedicaçãopelo

que faz e cuidar da própria segurança e da dos demais colegas que

trabalham na obra.

Você também pode entrevistar pessoas que trabalham em obras, residenciais ou não. Pense em ajudantes, pedreiros, mestres de obras, azulejistas, marceneiros etc.

Você sabe como se organiza um grande canteiro de obras na construção civil?

Existeumahierarquiaentreasocupações,queésinalizadapelascoresdoscapacetesdesegurança.Quandopassar por uma obra, repare como a quantidade de trabalhadores que faz o trabalho mais pesado é bem maior do que a daqueles que fazem as regras e definem como todos vão trabalhar.

• Engenheirosearquitetos

• Técnicosdeobras

•Mestresouencarregadosdeobras

• Pedreirosespecializados

• Pedreiros

• Ajudantesouserventesdepedreiro

O canteiro é hierarquia clara e absoluta. O cliente solicita. Os técnicos pensam, solucionam, calculam. Um engenheiro e um mestre de obras organizam a labuta diária. E aí vêm as centenas de operários organizados também hierarquicamente em encarregados, especialistas, subespecialistas e ajudantes.

SANTOS,PaulaConstanteSilva;DWORECKI,SilvioMelcer.Capacetescoloridos(trabalhofinaldegraduação).SãoPaulo:FaculdadedeArquiteturaeUrbanismodaUniversidadedeSãoPaulo–FAU-USP.In:Encartedo

DVDqueacompanhaoTFG.Disponívelem:<http://www.usp.br/fau/disciplinas/tfg/tfg_online/tr/071/a062.html>. Acessoem:4jun.2012.

48 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Atividade 5 busque mais inFormações sobre a ocupação

1. Em grupo de quatro integrantes, vocês vão escolher um profissional para entre-vistar.

Considerando o conhecimento e as facilidades de cada um, procurem se dividir de modo que cada grupo entreviste pessoas que trabalhem em lugares e em funções diferentes em uma obra.

Por exemplo: um grupo entrevista um pedreiro que esteja reformando ou construin-do uma casa e trabalhe como autônomo; outro, um pedreiro que trabalhe em uma obra grande. O terceiro grupo pode escolher conversar com um mestre de obras, e assim por diante.

O importante é tentar coletar diferentes olhares e experiências sobre a ocupação, pois isso poderá ajudá-los a saber se vão mesmo seguir esse caminho e de que forma vão tentar trabalhar no futuro.

Vejam a seguir um roteiro de entrevista. Cada grupo pode acrescentar outras per-guntas que considerar importantes.

a) Quem é o entrevistado? Homem ou mulher? Quantos anos tem? Qual é a esco-laridade? Ainda estuda ou pretende voltar a estudar?

b) Onde trabalha? O que faz?

c) Como escolheu essa ocupação?

d) Como aprendeu a ocupação? Para se especializar, fez algum curso de capacitação antes ou depois de começar a trabalhar na área?

e) Quais os pontos positivos e negativos nesse trabalho?

f) Como faz para cuidar da própria segurança no ambiente de trabalho?

g) Quais são seus conselhos para alguém que vai começar a trabalhar agora?

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 49

Incluam outras perguntas que vocês gostariam de fazer para esse profissional. Procurem investigar tam-bém as oportunidades de trabalho que existem para quem exerce essa ocupação.

2. Agora que a entrevista está feita, é hora de comparti-lhar o que vocês aprenderam. Cada grupo vai orga-nizar as principais informações coletadas para apre-sentar os resultados da entrevista para a classe. Procurem planejar como será essa apresentação: um cartaz, um relato etc. Lembrem-se de que ela deve conter informações sobre quem vocês entrevistaram, sobre os argumentos utilizados pelo entrevistado para mostrar como é a ocupação e as conclusões do grupo a respeito da entrevista.

A essa altura, todos na classe já sabem um pouco mais sobre o que é e como é ser um pedreiro.

Portanto, está na hora de irmos adiante, começando pela apresentação dos principais instrumentos com os quais você vai lidar.

No dia da entrevista, leve as perguntas escritas e anote as

respostas.

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Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 51

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Ferramentas e materiais básicos de trabalhoNesta Unidade, vamos conhecer as ferramentas e os materiais que são mais cotidianos e básicos para o exercício da ocupação de pedreiro.

A seleção apresentada, porém, não esgota o universo de ferra-mentas e de materiais com os quais você terá contato e ganha-rá familiaridade conforme cresça sua experiência em obras. Trataremos apenas do que é de uso mais comum.

Ferramentas de trabalho de uso mais comum

Vamos ver algumas delas. Outras você conhecerá quando esti-ver trabalhando, a depender do que vai fazer e do tipo de obra e local onde vai trabalhar.

Algumasferramentasbásicassãoutilizadashámuitotemponasconstruções,emboratenhamsemoder-nizadobastanteaolongodosséculos.Observeummartelo,marretasecinzéisqueosegípciosusavamnaconstruçãodaspirâmidesedospalácios.

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Marretas–feitasdemadeiradura,foram utilizadas com cinzéis.

As“cabeças”dosmartelos eram de 30cmdecomprimento.

Cinzéis–decobreoudeliga de cobre e de diversos estilos e modelos, alargavam as ranhuras nas rochas.

52 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Prumo

Existem dois tipos de prumo e ambos são essenciais no trabalho dos pedreiros.

O prumo de face é formado por dois sólidos unidos por um fio/cordão, que passa exatamente no centro deles. É usado nas construções no momento de erguer paredes, para verificar se elas não estão abauladas, ou seja, se estão retas na vertical.

O prumo de centro tem o formato de um cone e sua ponta possibilita marcar o centro exato de um local.

Nível

Como o prumo de face, o nível também é uma ferramenta para verificar se uma superfície está reta ou nivelada, podendo ser usado na posição horizontal ou vertical.

Quando uma parede está sendo construída, por exemplo, ele serve para ver se os tijolos estão todos na mesma linha.

Existe mais de um tipo de nível:

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• nível de bolha parece uma régua e pode ser de madeira ou metal. Nele, há uma abertura onde fica um vidro com líquido e pela qual se vê uma bolha de ar. Se essa bolha estiver bem centralizada, a superfície estará reta ou nivelada;

• nível de mangueira é uma mangueira de plástico transparente. Para verificar se uma superfície está reta ou nivelada, basta colocar água dentro dela e observar se a água permanece em um nível constante.

• Há ainda o nível a laser (fala-se “lêiser”) uma ferramenta mais sofisticada, usada em geral por empresas de construção civil, sobretudo quando há necessidade de maior precisão.

Trena

A trena é uma fita métrica retrátil, usada para fazer medidas em centímetros (cm), metros (m), polegadas ou pés.

Em geral, as trenas são metálicas, mas existem também as que são feitas de plástico. Elas podem ter diferentes comprimentos: 1 m, 2 m, 5 m, 10 m ou até mesmo 50 m. Uma trena de 5 m é adequada para as atividades de um pedreiro que trabalha em obras pequenas, a exemplo de casas e prédios residenciais.

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Outra ferramenta utilizada para fazer medidas é o cha-mado “metro”, fabricado de madeira. Embora cumpra a mesma função da trena, o metro é menos prático. Mes-mo dobrável, ocupa mais espaço e é mais fácil de quebrar do que a trena.

Esquadro

É uma ferramenta simples, feita de dois pedaços de me-tal (ou, mais antigamente, de madeira) que formam entre si um ângulo reto, ou seja, de 90° (graus).

Sua utilidade é verificar se uma parede está formando um ângulo reto em relação ao piso e à parede vizinha. Quando isso acontece, fala-se que a construção está “no esquadro”.

Entendendo o que é ânguloÂngulo é a figura forma-da entre o encontro de duasretas(ousegmen-tos/pedaçosdereta).Osângulos são medidos em graus(X°).Porexemplo,umângulode60°entreduas retas significa que elas se encontram da se-guinte forma:

Em uma construção, as paredes e o piso têm de se encontrar em ângulo exatode90°,tambémchamado ângulo reto.

Para medir ângulos em desenhos, utiliza-se um instrumento chamado transferidor. Nas constru-ções,paraconferirseosângulossãode90°,sãousados esquadros.

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Colherdepedreiro

Usada para assentar tijolos, para misturar pequenas quantidades de massa, para fazer pisos e revestimentos, a colher de pedreiro é utilizada o tempo todo em uma obra.

Ela é de metal e a mais comum é a de ponta redonda e triangular.

Colhermeia-cana

De formato arredondado, serve para aplicar argamassa no assentamento de tijolos e blocos.

Desempenadeiras

Podem ser de diferentes tipos, sendo usadas para retirar excesso de massa em pare-des ou pisos, regularizar superfícies e prepará-las para os acabamentos. A mais utilizada e comum é a desempenadeira lisa, que serve para regularizar lajes de concreto. Para fazer acertos de cantos, utiliza-se a desempenadeira lisa de canto.

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As dentadas são empregadas na fixação de azulejos e pisos.

As com base de espuma ou feltro, para acertar revestimentos de paredes.

Régua

Utilizada para espalhar e regularizar concreto ou argamassa.

As réguas mais usadas em obras são de alumínio.

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Carrinhodemãoebalde

Usados tanto para transportar materiais secos, como cimento, pedras, areia etc., quanto umedecidos, como concreto, argamassa e água.

Útil para carregar pequenas quantidades de material em curtas distâncias, como no caso da preparação de con-creto e argamassa.

Brocha

De diferentes tamanhos, é utilizada para caiar, aplicar papéis de parede ou fazer pinturas que não exijam gran-de precisão.

Você sabia?Os carrinhos de mão mais fundos também são chamados de “giricas”. Eles comportam maior carga de material e po-dem ter uma ou duas ro-das, o que deixa o carre-gamento mais fácil para o trabalhador.

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Martelo,marreta,picadeiraemacetedeborracha

Essas ferramentas têm formatos semelhantes e as mesmas características físicas: um cabo, em geral de madeira, e uma ponta de ferro ou borracha.

Todas são usadas para bater ou fazer pressão sobre outro objeto ou ferramenta (ta-lhadeira ou ponteiro, por exemplo) empurrando-os contra algo mais duro, como um pedaço de concreto. Também podem servir para fazer pressão direta sobre al-guma coisa que se queira quebrar, como uma pedra ou uma parede.

A diferença entre elas está no tamanho e no tipo de ponta; sua escolha vai depender do tamanho do objeto e da pressão ou força que você terá de fazer para empurrá-lo ou quebrá-lo.

Existem muitas ferramentas desse tipo, mas as mais usadas nas obras são:

• martelo, que serve, por exemplo, para pregar pregos na parede e para retirá-los;

• marreta, que é um martelo grande e pesado, usado, por exemplo, para derrubar uma parede;

• picadeira, que é um martelo pequeno, com ponta dos dois lados, usado pelo pedreiro, por exemplo, para fazer pequenas saliências em superfícies de concreto, deixando-as menos planas;

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• martelo ou macete de borracha, usado quando há necessidade de fazer pressão de uma forma mais delicada, como no assentamento de cerâmicas, ladrilhos hi-dráulicos ou lambris.

Ponteiro

Pode ter diferentes espessuras e tamanhos e serve para produzir furos em paredes, colunas ou quaisquer outras superfícies duras.

A pressão sobre eles é feita com martelo ou marreta.

Talhadeira

É empregada para abrir fendas – como os povos mais antigos faziam com as cunhas de madeira, de que falamos na Unidade 1.

Também é usada para retirar o excesso de material endurecido quando se aplica argamassa em uma parede, por exemplo.

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Cavadeiraetrado

A cavadeira e o trado têm a função de escavar e abrir buracos no solo.

A escolha por uma ou outra ferramenta vai depender do tipo de buraco (largura e tamanho) que se queira fazer.

O trado faz buracos mais uniformes e é usado, sobretudo, em fundações, pois pode alcançar maiores profundidades.

Já a cavadeira serve para fazer buracos mais rasos e menores.

Enxada

Tem várias utilidades em um canteiro de obra: desde a limpeza do terreno, reti-rando plantas, pedras e entulhos, até a mistura de argamassa e concreto em peque-nas quantidades.

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Diâmetro: Linha reta que liga dois pontos de uma circunfe-rência, passando pelo centro.

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Torquês

Serve para cortar arames e ajudar na amarração de fer-ragens.

Furadeira

Sua utilização é bastante comum, já que possibilita fazer furos de diferentes diâmetros e profundidades, confor-me o tipo de broca escolhido.

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Máquinadecortarmaterialcerâmico

Serve para cortar, riscar ou esquadrejar cerâmicas.

Costuma ser mais usada por azulejistas e aplicadores de pisos cerâmicos do que por pedreiros.

Arco de serra e serrote

Utilizado para cortar ou serrar metais, madeira, plástico e outros materiais, o arco de serra também é conhecido como “arco de segueta”.

O serrote (ferramenta semelhante ao arco de serra) também pode ser usado, mas somente para o corte de madeiras.

Chavededobrarferro

Ferramenta utilizada para fazer dobras em barras de ferro que serão empregadas em armações de vigas, pilares e lajes.

Existem chaves de diferentes tamanhos, que variam segundo a largura e a espessu-ra do local onde o ferro é encaixado para ser dobrado.

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Tesouradecortarferro

Também usada para trabalhar com barras de ferro de diferentes espessuras, a tesou-ra é utilizada para cortá-las, deixando-as com o tamanho desejado.

Linhadenáilon

Serve para marcar áreas, fazer locação da obra, bem como para controlar o alinha-mento de tijolos e blocos, quando uma parede está sendo erguida.

Peneira

Usada para deixar homogêneos areia, terra, cimento e outros materiais. A peneira retém grãos maiores de material e permite que sejam separados conforme o seu tamanho.

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Escantilhão ou gabarito de altura

Esse tipo de régua de madeira ou alumínio graduada em centímetros é usado para demarcar e alinhar paredes, auxiliando a mantê-las “no esquadro” (ou seja, em ângulo reto).

Para uma obra pequena, são necessários pelo menos dois escantilhões ou gabaritos de altura.

Eles podem ser feitos na própria obra, com pedaços de madeira. O importante é que tenham o comprimento do pé-direito (distância que vai do piso ao forro), com as medidas marcadas em centímetros.

Soquetedemadeira

Usado para compactar argamassa sobre o solo no momento em que se faz o contrapiso.

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Caixão(caixote)paraargamassa

É comum nas obras existirem caixas específicas, de diferentes tipos e tamanhos, para preparo de argamassas.

Para uso em obras residenciais, esse recipiente pode ter pequenas dimensões, o que facilita também o seu transporte.

Aplicadorderejuntes

Há diferentes tipos de ferramentas que auxiliam na aplicação de rejunte e sua esco-lha deve estar de acordo com o material a ser utilizado.

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Verruma

A verruma serve para apertar ou soltar (desrosquear) parafusos manualmente – a mesma função que têm as chaves de fenda.

A mais utilizada tem a aparência de um gancho de metal, no qual o trabalhador se-gura para utilizar a ferramenta. Do outro lado, na ponta, a haste de metal é sulcada e afunilada, como a broca de uma furadeira.

Existem verrumas de variados tamanhos e com diferentes tipos de ponta, adequadas aos diversos tipos de parafusos.

Arco de pua

Utilizado para fazer furos em madeira e apertar parafusos manualmente, o arco de pua tem uma de suas pontas adaptada para comportar diferentes tipos de broca.

Ele pode substituir as furadeiras elétricas a um custo bem menor.

Vibrador

Trata-se de um equipamento usado para “vibrar” o concreto, depois que ele é colo-cado em uma dada superfície, tornando-o compactado e homogêneo.

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Em geral, é utilizado em obras que fazem uso de concre-to em grande quantidade, cobrindo ou preenchendo superfícies extensas e/ou profundas.

Os pedreiros que trabalham como autônomos, em refor-mas e pequenas edificações, não precisam tê-lo em mãos, mas ele faz parte das ferramentas disponíveis para uso em grandes obras e construtoras.

Os vibradores são instrumentos simples que possuem um motor ao qual são acoplados os mangotes, uma espécie de mangueira que é inserida no concreto a ser trabalhado.

Existem vibradores de diferentes tipos e tamanhos, in-clusive portáteis – como o mostrado a seguir.

Betoneira

Equipamento utilizado para preparar concreto e mantê--lo na consistência adequada para uso.

Cuidar de suas ferramentas e de seu material de trabalho, além do

material da obra, também faz parte dos conhecimentos que um pedreiro

deve ter!

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68 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Atividade 1 conheça as Ferramentas citadas

1. Agora que você já viu as ferramentas de uso comum dos pedreiros “no papel”, vamos ao laboratório da escola para conhecer cada uma delas “ao vivo”. Leve este Caderno com você.

2. No laboratório, procure as ferramentas citadas, manipule cada uma e imagine como usá-las em uma obra.

3. Se tiver dúvidas sobre suas funções ou sobre como usá-las, releia seu Caderno ou peça ajuda aos colegas e ao monitor.

Atividade 2pratique o uso de prumos, esquadros e níveis

1. A classe vai se dividir em quatro grupos para experimentar o uso dessas três ferramentas.

2. Cada grupo vai escolher um lado da classe ou uma parede.

a) Com o prumo de face, o grupo vai verificar se a parede escolhida está na posição exata em relação ao piso, ou seja, se ela “está no prumo”, e não abaulada.

b) Cada grupo também medirá o ângulo da parede escolhida em relação ao piso com um esquadro.

c) Anote as conclusões da classe sobre a verticalidade e os ângulos das paredes.

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 69

3. Agora, vamos praticar o uso dos níveis de bolha e de mangueira, que servem para verificar se as superfícies estão niveladas.

a) Com o nível de bolha, escolham uma área da sala de aula e verifiquem o nivelamento do piso. Cada grupo fará a verificação em um lugar diferente.

b) Com o nível de mangueira, vocês vão checar o nivela-mento da mesa do monitor, dos peitoris das janelas (se houver), dos armários e/ou do batente superior da porta.

Materiais usados na fabricação do concreto/argamassa

Os materiais podem ser divididos em quatro tipos:

• aglomerantes;

• agregados;

• água;

• aditivos.

Com pequena variação de características e combinados em diferentes proporções, esses materiais são a base para o preparo, entre outras coisas, de argamassas e de concreto.

Aglomerantes

Os aglomerantes são, em geral, vendidos na forma de pó. Quando misturados com outros materiais, ganham a consistência de uma pasta, que endurece e se torna sóli-da com a ação do tempo.

Na construção civil, o aglomerante mais utilizado é o cimento Portland.

concretoargamassas

aglomerantes + agregados + água + aditivos

Você sabia?Observando os materiais existentes, os estudiosos da Física e da Química (na Idade Média, chama-dos de alquimistas) per-ceberam que as matérias podem se apresentar em três estados:

•sólido, como a terra, o ferro, a madeira etc.;

•líquido, como o leite;

•gasoso, como o vapor- -d’água, quando a água é aquecida.

A água é uma matéria que pode se apresentar em três estados: como gelo (estado sólido), como água para beber (estado líquido) e como vapor- -d’água (estado gasoso).

Gesso e cal já foram bastante utilizados como aglomerantes.

Atualmente, eles são pouco usados para esse fim. Foram substituídos

pelo cimento, que é mais resistente do que esses outros produtos.

O gesso ainda é bastante usado para revestimentos; e a cal, no preparo das argamassas ou para caiação de

muros e paredes.

70 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Fabricado, atualmente, com uma mistura de calcário, argila e outros materiais chamados de “adições”, o ci-mento Portland é usado em praticamente todas as etapas de uma obra.

A mistura desse pó com água provoca liberação de calor. Nesse processo, a mistura ganha a consistência de uma pasta que, passado um tempo, endurece e adquire gran-de resistência.

Existem vários tipos de cimento Portland, sendo quatro deles os mais usados em obras. Veja a seguir quais são.

a) CP (cimento Portland) I – cimento comum, usado em obras que não exigem condições especiais.

b) CP II – cimento composto, usado quando há necessi-dade de que o cimento endureça de forma mais lenta.

c) CP III – cimento de alto-forno, usado em geral para obras grandes e quando se tem necessidade de maior durabilidade e impermeabilidade.

d) CP V-ARI – um tipo de cimento que endurece mais rapidamente que os outros – ou, como se diz na lin-guagem das obras, “seu tempo de pega é menor”. Por isso, ele tende a ser usado quando é necessário diminuir o tempo para finalizar uma construção.

Como você pode notar, a escolha de um ou outro cimen-to depende do tipo de construção, da duração da obra e da resistência que se queira alcançar. Em geral, essa es-colha é feita pelo engenheiro ou pelo mestre de obras e comunicada aos trabalhadores.

Veja agora as dicas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial da Bahia (Senai-BA) para quando você for comprar ou guardar sacos de cimento:

Você sabia?Os cimentos Portland – assim como outros mate-riais de construção – têm características técnicas definidas por profissio-nais da área, que devem ser seguidas por todos os fabricantes. Elas são cha-madas de Normas Brasi-leiras Regulamentadoras (NBR) e cada produto tem um número corres-pondente. A fabricação do CP I, por exemplo, é regida pela NBR 5732.

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 71

Não receber cimento empedrado.

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tem-se ao teto ou nas paredes.

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Salvador,2005.Disponívelem:<http://www.abcp.org.br/comuni

dades/salvador/ciclo2/htms/downloads/LNK05/07/ApostilaCurso

dePedreiros.pdf>.Acessoem:11jun.2012.

Outra dica importante é não colocar os sacos de cimen-to em contato direto com o piso. Eles devem ser sempre colocados sobre um estrado de madeira.

Agregados

São materiais usados para misturar com aglomerantes e água e, dessa forma, produzir outros materiais, como concreto e argamassas.

Sua apresentação é, em geral, na forma de grãos que não têm formato ou volume definido e que são misturados ao cimento (ou a outros aglomerantes como o gesso e a cal) e à água.

Os agregados se dividem, entre outras características, de acordo com:

a) a origem, podendo ser:• naturais: areia, pedregulhos, cascalhos etc.; ou

• artificiais: pedra britada, areia artificial, argila expan-dida etc.

b) o tamanho dos grãos, podendo ser:• miúdos: grãos pequenos, capazes de passar em uma pe-

neira com malha equivalente a 4,8 milímetros (mm) – peneira número 4; ou Para fabricação de argamassas são

utilizados agregados miúdos.

72 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

• graúdos: grãos maiores, que ficam retidos em uma peneira com malha equivalen-te a 4,8 mm (peneira número 4).

Como acontece com a escolha do tipo de cimento, o uso de um ou outro agregado depende do tipo de concreto ou argamassa que se queira fabricar e de qual será seu uso. Essa indicação é, em geral, dada por engenheiros ou mestres de obras. Porém, com a prática, um pedreiro saberá escolher os componentes mais adequados em cada caso.

Água

Conforme já explicado, o cimento em contato com a água provoca liberação de calor. Nesse processo, forma-se uma espécie de pasta que endurece e ganha resistência.

A quantidade de água a ser usada na fabricação de argamassa e concreto varia de acordo com as características que se quer dar ao produto final. Quanto maior a quantidade de água usada no preparo do concreto, por exemplo, fica mais fácil tra-balhar com ele, mas, em contrapartida, sua resistência e durabilidade serão menores.

Para a produção de um concreto durável, deve-se utilizar água o mais limpa possí-vel, sem sais, ácidos, óleos, materiais orgânicos, sem cheiro ou sabor.

Aditivos

Os aditivos são produtos químicos que, quando misturados aos demais produtos (aglomerantes, agregados e água) na fabricação de concreto ou argamassa, modificam as suas propriedades ou características.

Assim, por exemplo, um aditivo pode fazer com que o concreto “endureça” (ganhe resistência) de forma mais rápida ou mais lenta; deixar o concreto mais mole (plastificantes); tornar o concreto mais impermeável (impermeabilizantes) etc. Os aditivos podem ter diferentes funções, e sua necessidade e uso vão depender do tipo de aplicação que se dará ao material.

Por serem produtos químicos e modificarem as características do concreto, os adi-tivos devem ser usados com cuidado. Quando utilizados de forma indevida, podem trazer sérias consequências para a obra.

Além disso, quando o concreto for preparado (dosado) na obra e houver indicação de uso de um aditivo, é responsabilidade do mestre de obras verificar se o aditivo que está sendo empregado na mistura é o mesmo especificado no projeto pelos engenheiros e fazer anotações sobre lote, marca, tipo de produto, data de fabricação e prazo de validade.

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 73

O mestre de obras também deverá testar a compatibili-dade do aditivo com o tipo de cimento a ser empregado e lembrar aos pedreiros: para que os aditivos possam reagir com o cimento, devem ser dissolvidos na água de amassamento.

Atividade 3 experiência de Fabricação de concreto

Como já citado, o concreto é feito a partir de uma com-binação de aglomerantes, agregados, água e aditivos. O aglomerante utilizado para a fabricação de concreto é o cimento; e os agregados, areia e pedra.

O uso de aditivos e a proporção entre as quantidades de aglomerante e agregados variam de acordo com o tipo de concreto que se vai fabricar. Essa proporção é chamada, na linguagem dos profissionais da construção civil, de “traço”.

Por exemplo: para fabricar um tipo de concreto chama-do de “concreto magro”, uma possibilidade de traço é, para cada saco de cimento de 50 quilogramas (kg):

• 8,5 latas de 18 litros (ℓ) de areia;

• 11,5 latas de 18 ℓ de pedra britada;

• 2 latas de 18 ℓ de água.

Concreto magro ou de baixo desempenho é um tipo de concreto que utiliza menos cimento e que é, geralmente, usado como base de fundações e para contrapisos.

Além do concreto magro ou de baixo desempenho, há o chamado concreto comum e o concreto de alto desem-penho, este para obras de grande porte ou áreas que demandam alta resistência: base para equipamentos pe-sados, pisos que sofrem agressão de produtos químicos com poder de corrosão, pisos que sofrem problemas de abrasão etc.

Você sabia?Existem especialistas (prin- cipalmente os engenhei-ros de materiais) que es-tudam a proporção exata de cada um dos materiais para fazer um concreto de melhor qualidade e ade-quado aos diferentes usos. Essa proporção é chamada de “traço”.

No canteiro de obras, a definição das proporções a serem usadas na fabri-cação do concreto, para cada uso específico (ou seja, o traço do concreto), também não é atribuição do pedreiro. Ela é respon-sabilidade de engenheiros ou de técnicos, os respon-sáveis pela obra. A atribui-ção do pedreiro é preparar o concreto, conforme o traço especificado.

74 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

O objetivo desta atividade é que você aprenda a preparar à mão um concreto com qualidade. Vamos lá?

1. No laboratório, em grupo de cinco alunos, vocês vão usar as informações indi-cadas anteriormente para fazer uma experiência de fabricação de concreto.

Cada grupo vai misturar cimento, dois agregados (um miúdo e um graúdo) e água e anotar os dados da experiência, respondendo às seguintes questões:

a) Qual a proporção de cada material utilizada pelo grupo?

Material Quantidade

CimentoPortland

Agregados

Água

b) Que ferramentas foram usadas para fazer a mistura?

c) Em que sequência o material foi colocado?

d) O que aconteceu enquanto a mistura estava sendo feita?

e) Quanto tempo depois o concreto endureceu?

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 75

f) Quais conclusões podem ser tiradas a partir dessa experiência?

2. Terminada a experiência, cada grupo vai apresentar suas conclusões para a classe. O monitor os ajudará a relatar a experiência e também poderá mostrar como fazer essa mistura com maior precisão, gerando um concreto de qualidade.

3. Registre, com suas palavras, o que você aprendeu so-bre esse assunto.

4. Leia o passo a passo para preparo manual do concre-to, e veja na lateral as recomendações para completar o seu aprendizado.

1o passo: despeje a areia no solo, formando um pequeno círculo.

2o passo: coloque o cimento sobre a areia e misture bem com uma enxada.

3o passo: sobre essa mistura, coloque as pedras e mistu-re, mais uma vez, os três ingredientes.

Use água limpa e preste bastante atenção na quantidade exata da mistura. Água demais deixa o

concreto com pouca resistência.As pedras e a areia devem ser

próprias para fazer concreto: têm de estar limpas, sem folhas ou outros

tipos de impurezas. Esteja atento, pois há casos de

acidentes muito graves decorrentes do uso inadequado de materiais em obras. Um caso que saiu nos jornais em todo o País, por exemplo, foi a queda de dois prédios no Rio de Janeiro. Segundo denúncia, se

utilizou areia de praia para o preparo do concreto das fundações.

76 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

4o passo: faça um pequeno monte com essa mistura.

5o passo: abra um buraco no meio do monte e coloque água aos poucos. Misture com cuidado para a água não escorrer.

Outrosmateriaisessenciaisparaumaobra

Além de concreto e argamassa, que um bom pedreiro precisa conhecer muito bem, há outros materiais, utilizados em outras fases da obra, que não podem deixar de ser conhecidos.

Em especial, tenha atenção para os seguintes:

• materiais utilizados em revestimentos de paredes e forros, como massa corrida, gesso e cal;

• materiais para reforço de estruturas, sobretudo madeira e aço;

• materiais para acabamento, como cerâmicas – em especial, azulejos, pastilhas e pisos cerâmicos – e vidro.

Falaremos mais sobre esses materiais quando passarmos ao passo a passo de uma construção.

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 77

unida d e 4

Como ler um projetoImagine a seguinte situação: você acaba de ser contratado como ajudante para trabalhar na construção de uma casa.

Chegando lá, o responsável pela obra reúne todos os que vão trabalhar e apresenta o seguinte projeto.

Banho

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2,00 7,00

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4,00

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10,4

5

2,00

Cozinha A. serviço QuartoQuarto

SuíteBanhoSala

Varanda

Área da casa: 138,58m²Área externa: 33,80m²Área total: 172,38m²

Este tipo de desenho é chamado de “planta baixa”. Nele, a casa

é vista de cima.

Como o terreno já está preparado para o começo da obra, o responsável geral divide o serviço, informando, para cada um, as partes da casa pelas quais ficarão encarregados. Cada um vai para o seu “canto”.

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Imagemsemescala

78 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Você entendeu que deverá trabalhar na parte dos fundos da casa, mas não sabe o que aquele desenho quer dizer.

O que fazer?

Pedir ajuda nessa hora não é nenhuma vergonha. Como diz um velho ditado, “ninguém nasce sabendo”. E você certamente encontrará a seu lado trabalhadores que já passaram por isso e poderão orientar seu trabalho.

Mas, para você não chegar a uma obra sem ter ideia de como começar a entender um projeto, nesta Unidade vamos falar de alguns conceitos básicos que poderão ajudá-lo.

Você já viu um mapa, não é? Neste Caderno mesmo, na Unidade 1, página 24, mostramos um mapa do Brasil com a divisão dos Estados.

Um mapa é um desenho que os cartógrafos (que podem ter formação em engenha-ria, geografia, entre outras) fazem para representar um lugar, uma cidade, um país ou até o mundo todo.

E você reparou, no mapa do Brasil, que os Estados têm tamanhos diferentes?

Por

tal d

e M

apas

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 79

No mapa do mundo acontece a mesma coisa. Os países são representados (aparecem no desenho do mapa) com tamanhos diferentes. Consulte o atlas que há na classe e veja, por exemplo, como a Rússia é maior do que a China; ou como o Brasil é maior do que a Colômbia, o Peru, a Bolívia e todos os outros países da América Latina, onde nosso País está localizado.

Isso ocorre porque um mapa é uma representação da realidade. Ou seja, assim como na realidade os locais (cidades, Estados ou países) têm tamanhos (e formatos) dife-rentes, no mapa eles também aparecem dessa forma.

Na planta de uma casa acontece a mesma coisa. Se você observar o desenho anterior, verá que os quartos, banheiros, sala e cozinha têm tamanhos diferentes.

Há mais uma coisa que você deve observar: quando os locais (sejam Estados, países ou partes de uma casa) são representados em um desenho, pode-se ver que os ta-manhos são diferentes, mas também que existe uma proporção entre eles. Isto é, os mapas e as plantas representam a realidade, mostrando como os tamanhos das coisas são diferentes e proporcionais.

Atividade 1 para entender a proporcionalidade

1. Observe os dois desenhos a seguir. Com o auxílio de uma régua, meça os dois lados de cada desenho e anote as medidas ao lado de cada um.

Retângulo 1

Retângulo 2

80 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

2. Em trio, comparando as medidas dos dois retângulos, o que vocês podem concluir? Anotem a seguir as con-clusões do grupo.

3. Discutam essas conclusões com a classe.

Talvez alguns de vocês tenham percebido que as medidas dos lados do “retângulo 2” são o dobro das medidas dos lados do “retângulo 1”.

Oestudodasformaséchamadogeometria.Existemmuitasoutrasformasgeométricasbastanteutilizadasnosdesenhoseprojetos.Entre elas:

Linha:Figuraqueunedoispontos.

Quadrado:Figuracomquatroladosiguaisqueformamângulosretos.

Triângulo:Figuracomtrêslados,quepodemseriguaisoudiferentes.

Círculo:Formalimitadaporumalinhacurva.Qualquerlinharetaquecomece no ponto central do círculo e siga até a linha curva tem a mesma medida.

Cubo:Figuracomtrêsdimensõesqueéformadaapartirdoquadrado.

Esseassuntofoitratadonotexto“Arteecotidiano”naUnidade3doCadernodoTrabalhador7–ConteúdosGerais.Sevocênãolembra,revejaotexto.Esseconhecimentoémuitoimportantenaocupaçãodepedreiro.

Retângulo:Figuraquetemquatro lados, sendo esses lados paralelos e com a mes-ma medida dois a dois.

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 81

Ou seja:

Se o “retângulo 1” mede 7 cm de comprimento por 1,50 cm de largura, o “retângulo 2” mede 14 cm de comprimento por 3 cm de largura.

Essa proporção também é chamada de “escala”. E você sempre a encontrará indicada nos desenhos com os quais tiver contato.

Assim, quando você olhar uma planta e observar um número escrito na forma 1:100, significa que a medida real da casa é 100 vezes maior do que a medida repre-sentada no desenho.

Por exemplo, uma parede desenhada com 3 cm de altura tem, na realidade, 3 cm × 100 cm, ou seja: 300 cm ou 3 m. Você se lembra de ter estudado sistema de medidas?

Isto é, 300 cm equivalem a 3 m, porque 1 m correspon-de a 100 cm. Ou: 300 cm ÷ 100 = 3 m.

Vamos retomar alguns aspectos sobre o sistema de me-didas de superfície ou área.

Relembrando

As unidades de medida de superfície mais usadas no nos-so cotidiano são o centímetro, o metro e o quilômetro. Essas medidas podem ser lineares – quando se mede com-primento, largura ou altura – ou quadradas – quando se mede a área.

Relembre a relação entre estas medidas:

Issosignificaqueapropor-ção entre os dois retângulos éde1para2.

Essa proporção também po-de ser escrita da seguinte forma:1:2(éessaformadeescrita que costuma aparecer nasplantas).

Para saber um pouco mais sobre esse tema, você pode consultar pela internet:

Caderno do Trabalhador 3 – Conteúdos Gerais, “Fazendo contas”

(Unidade 3). Disponível em: <http://www.viarapida.sp.gov.br>.

Acesso em: 14 maio 2012.EJA – Mundo do Trabalho, Caderno do Estudante 6º ano, Matemática.

Disponível em: <http://www.ejamundodotrabalho.sp.gov.br>.

Acesso em: 14 maio 2012.

Medidas lineares

Múltiplo Unidade principal Fração

Quilômetro(km) Metro(m) Centímetro

(cm)

0,001 1 100

Medidas de área

Múltiplo Unidade principal Fração

Quilômetroquadrado

(km2)

Metroquadrado

(m2)

Centímetroquadrado

(cm2)

0,000001 1 10000

82 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Vamos agora voltar ao desenho da casa que apresentamos no começo desta Unidade.

Observe que uma planta bem detalhada deve conter a escala, as medidas dos cômodos e também:

• a indicação das paredes e sua espessura, que, em geral, é de um tijolo ou meio tijolo;

• a posição das portas e a posição e a altura das janelas;

• o sentido ou a direção de abertura das portas, janelas e portões;

• a largura, a altura e o número de degraus das escadas;

• a localização de pontos de luz, interruptores, tomadas comuns e de telefone, chuveiros etc.;

• a localização de pias (de cozinha e banheiros), vasos sanitários, tanques e outros tipos de louça que deverão ter local fixo na construção.

Atividade 2 “leia o projeto”

1. Observe novamente, com atenção, a planta a seguir.

Obtém-se a medida de área de quadrados e retângulos

multiplicando-se o tamanho (em metros lineares) de um lado pelo

tamanho do outro lado. Por exemplo: um cômodo quadrado

que mede 5 m por 5 m tem área igual a 25 m² (5 m x 5 m); já um cômodo retangular que mede 2 m de largura

por 3 m de comprimento terá área de 6 m² (2 m x 3 m).

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Imagemsemescala

Banho

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Cozinha A. serviço QuartoQuarto

SuíteBanhoSala

Varanda

Área da casa: 138,58m²Área externa: 33,80m²Área total: 172,38m²

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 83

2. Calcule as medidas da casa:

3. Calcule as áreas, em m2, de cada cômodo:

a) varanda:

b) cozinha:

c) área de serviço:

d) sala:

e) quarto 1:

f) quarto 2:

g) suíte:

h) banheiro 1:

i) banheiro 2:

Entenda a simbologia

Para que seu entendimento da planta seja completo, ainda há necessidade de conhe-cer alguns detalhes. Como saber onde estão as portas? E as janelas? E a pia da co-zinha ou as louças do banheiro?

Vamos ver como eles são simbolizados na planta.

Símbolo Significado

Porta:alémdemarcaraexistênciade uma porta, esse símbolo também indica o sentido de sua abertura. Nesse caso,

ela é aberta do lado direito para o esquerdo, nosentidoanti-horário.

Janela

Ilust

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otor

84 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Símbolo Significado

Cotasdenível:altura(medidaemcentímetrosoumetros)decadapavimentooucômodoemrelação a um local padrão, identificado com o

número(oucota)zero(0).

Porexemplo,sevocêolharumaplantabaixaemqueo“0”(zero)éaruaeacotadasaladeentradaé+2(maisdois),vocêsaberáqueasala

está2cmmaisaltadoquearua.

Pia da cozinha*

Tanque*

Vasosanitário*

Pia de banheiro*

Mictório

Chuveiro*

Ilust

raçõ

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Pla

nom

otor

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 85

Até este momento, falamos de um tipo de desenho que é chamado de “planta” ou “planta baixa”. Mas existem outros tipos que você precisará conhecer.

Vamos ver quais são eles:

• os chamados “cortes”, que representam uma visão la-teral interna da obra (no caso apresentado, uma casa). Esse tipo de desenho mostra as alturas de uma edifi-cação, a espessura do piso, pé-direito, espessura da laje, altura das janelas e portas, altura dos azulejos nas áreas frias etc.;

• os desenhos das fachadas, que mostram o exterior da casa.

Veja a seguir.

Cortes

Os símbolos marcados com asterisco (*) são mais utilizados por arquitetos

do que por engenheiros. Nem sempre você encontrará esses

símbolos nas plantas.

Você sabia?Existe uma área do conhe-cimento que estuda os signos, símbolos e seus significados. Essa área é chamada de semiótica, uma palavra que vem do grego (semeiotiké) e quer dizer “a arte dos sinais”.

Todo projeto – por mais simples que seja – precisa ser aprovado pela

prefeitura da cidade onde a obra será realizada. Para isso, o projeto (ou

planta baixa) deverá ser apresentado no setor de obras da prefeitura. Se o

projeto for aprovado, o construtor receberá um documento chamado

“alvará de construção” e, então, poderá iniciar a obra.

Ilust

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Pla

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otor

86 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Observe que, no caso anterior, o desenho também é feito em escala; o tamanho dos cômodos está representado de modo proporcional à realidade.

Portas, sacadas, escadas, azulejos, peças de cerâmica e telhados aparecem em des-taque.

Fachada

Observe, nos exemplos anteriores, que o desenho da fachada pode ser “desdobrado” em vários desenhos, mostrando como deve ser a frente da casa, a parte de trás (“os fundos”) e as laterais.

Há também desenhos que indicam os materiais que serão usados nas fachadas: pedras, madeira, cerâmicas, vidros etc.

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Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 87

Diferentemente dos desenhos detalhados, alguns arquitetos e engenheiros apresen-tam os desenhos de fachadas apenas na forma de croqui – uma palavra derivada do francês que significa esboço.

O croqui é um desenho preliminar, por isso não obedece à proporcionalidade correta das medidas e não tem, portanto, grande precisão.

Ainda que esses aspectos não façam parte de sua capacitação geral, é importante que você tenha ideia de como são esses desenhos.

Uma planta que traz a indicação das instalações hidráulicas de uma residência ou outra construção pode ser de diferentes tipos, como mostraremos a seguir.

Essas plantas devem ser de seu conhecimento, pois você precisará saber onde passarão canos e tubulações quando estiver construindo ou reformando as paredes de uma casa.

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88 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

É muito comum pedreiros sem essa preocupação furarem, sem querer, a tubulação de água de uma cozinha ou de um banheiro durante uma reforma.

Saber um pouco sobre as instalações elétricas também é importante. Conhecendo os locais pelos quais passarão os fios e onde ficarão os pontos de luz ou energia, você poderá deixar instaladas as caixas de luz e os conduítes, facilitando o trabalho dos eletricistas, que é realizado, em geral, mais para o final da obra.

Você sabia?Além dos tipos de dese-nho apresentados aqui, que são para uso dos pe-dreiros, há outros prepa-rados para orientar o trabalho de áreas profis-sionais específicas. Por exemplo: as plantas de instalações hidráulicas, usadas por encanadores, e as plantas de instala-ções elétricas, usadas por eletricistas.

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Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 89

Atividade 3 diFerencie os desenhos e o que eles

inFormam sobre a obra

1. Em grupo de cinco, observem os desenhos nas páginas a seguir. Identifiquem e marquem no respectivo desenho o que representa:

a) A fachada.

b) A planta baixa.

c) Os cortes laterais.

2. Analisem a fachada e respondam:

a) O que é possível concluir sobre as características do terreno? Ele é plano ou existem inclinações?

b) O que podemos dizer sobre os materiais e as características dessa construção (portas, sacadas, andares etc.)?

3. Sobre a planta baixa, respondam:

a) Qual o tamanho – a área construída – da residência?

b) Quantos cômodos ela tem e quais suas dimensões?

c) Quantas portas e janelas existem? Usem lápis vermelho para marcar as portas e lápis verde para identificar as janelas.

d) A construção está em nível com a rua?

4. Agora, observando os cortes laterais: Que outras informações esses desenhos fornecem sobre a obra que será construída?

5. Com a ajuda do monitor, discutam as conclusões dos grupos, adequando as respostas dadas, quando for o caso.

90 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

1,50

1,50

1,80

1,50

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4,80

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4,65

3,45

1,25

5,45 4,65

1,25

3,05

4,25

2,45

3,05

3,05 1,45

5,45

5,20

4,65

3,65

1,402,90

1,60

6,60

2,90

4,65

5,05

3,45

3,30

1,35

1,10

3,104,20

3,10

1,50

3,15 3,80

3,15

3,35

5,45

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Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 91

92 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 93

unida d e 5

Entrando em uma obra: organização e preparo do local de trabalho A primeira etapa em uma obra é a organização e o preparo do local onde você vai trabalhar, ou seja, o canteiro de obras. Co-nhecendo o projeto, você saberá as partes do terreno que deve-rão ser preparadas para o início dos trabalhos.

Tapumes: Painéis contínuos quetêmporobjetivoprotegeros pedestres dos possíveis acidentes que decorrem da execuçãodostrabalhos.Tam-bém visam dificultar o desvio de material da obra.

Trocando em miúdos, preparar o terreno significa, na prática:

• limpá-lo, retirando plantas, pedras, entulhos etc.;

• cercá-lo com tapumes;

• providenciar um local para guardar suas ferramentas de trabalho e os demais materiais que serão usados e que deverão estar disponíveis para utilizar na construção.

Além disso, você deverá saber:

• selecionar as ferramentas e os materiais de que precisa-rá no trabalho que começa agora;

• comprar ou informar-se sobre se essas ferramentas e mate-riais estão disponíveis na obra, para que você possa usá-los.

Todas essas etapas podem levar mais ou menos tempo, exigir mais ou menos trabalhadores e implicar o gasto de diferentes tipos de material. Isso tudo vai depender do tamanho e das características da obra.

Vamos começar falando sobre as providências que dizem respeito ao terreno. A indicação de ferramentas e de ma-teriais que serão utilizados em cada etapa será dada con-forme eles forem necessários para o trabalho.

94 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Entrando no terreno

A primeira etapa de uma obra é a limpeza do terreno. Mas, antes de iniciá-la, é preciso verificar se a rede de água alcan-ça o terreno ou se há meios de levá-la ao local de trabalho. Uma obra, qualquer que seja, sempre necessitará de água.

Se o terreno não dispuser de entrada de água, ela terá de ser providenciada. Ou seja, é preciso ter uma ligação de água com a rede da cidade – ligação que deverá ser soli-citada à empresa responsável pela distribuição de água em cada município.

Em grande parte dos municípios paulistas, o órgão res-ponsável pelo saneamento é a Companhia de Saneamen-to Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Pesquise, no município em que você vive, qual é a empresa responsá-vel e anote a seguir, para lembrar mais tarde:

É também muito importante verificar se há redes de energia e de esgoto no local e pedir a ligação delas se não houver. As solicitações para esses serviços deverão ser entregues na concessionária responsável no município, nos órgãos regionais ou nos locais autorizados.

Limpar o terreno

A limpeza do terreno pode envolver diferentes serviços que vão depender das condições em que se encontrar o terreno antes do início da obra.

Há casos em que a limpeza implica demolição de construções. Há

pessoas e empresas especializadas nesse serviço, as quais, inclusive,

vendem os materiais reaproveitáveis.

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Sav

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Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 95

Assim, poderá ser necessário carpir, roçar ou destocar, de acordo com o que exigir a vegetação, ou retirar lixo ou entulho acumulado. Para limpar o terreno, você pre-cisará, basicamente, de enxada, pá e carrinho de mão.

Independentemente do tamanho da obra, essas são ferra-mentas que você já deverá ter comprado, se pretender trabalhar como autônomo e não quiser depender de outros trabalhadores ou de quem contratou seu trabalho.

É também bastante provável que o proprietário do ter-reno ou a construtora, no caso de uma obra grande, tenha de disponibilizar uma ou mais caçambas para que os entulhos, pedras e sujeiras retirados do terreno possam ser descartados.

Além disso, se o terreno for excessivamente grande e sua limpeza exigir muito esforço físico e tempo, há a possi-bilidade de que o trabalho seja feito por equipamentos motorizados: pás carregadeiras e caminhões.

Nesse caso, uma empresa especializada (que conte com profissionais com carteira de habilitação e experiência no manejo de veículos pesados) será acionada para dirigir e fazer o trabalho de limpeza.

Se houver árvores que precisem ser retiradas do local, é necessário ter uma autorização para removê-las. A legislação ambiental proíbe o desmatamento, de forma geral. Porém, em terrenos dentro das

cidades, o órgão responsável pelo meio ambiente do município (quando

houver), ou, em São Paulo, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), pode autorizar a

retirada de árvores isoladas. Para isso, é preciso apresentar uma documentação que justifique o

pedido de corte.Para saber mais, consulte o site da

Cetesb sobre licenciamento ambiental. Disponível em: <http://

www.cetesb.sp.gov.br/licenciamento/licenciamento-ambiental/1-pagina-inicial>. Acesso em: 14 maio 2012.

Especificamente no município de São Paulo, toda poda e remoção de árvore necessitam de autorização prévia do

Poder Executivo Municipal. A autorização para remoção por corte ou transplante de árvores é realizada

pelo Departamento de Parques e Áreas Verdes (Depave/SVMA).

Para mais informações, consulte o site da prefeitura, disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/

cidade/secretarias/meio_ambiente/>. Acesso em: 14 maio 2012.

Você sabia?Na cidade de São Paulo, a partir de 1999, o uso de caçambas para entulho passou a ser regulamenta-do por decreto, sendo obrigatório o cadastra-mento prévio no Departa-mento de Limpeza Urbana (Limpurb). As regras mu-dam de uma cidade para a outra. Por isso é preciso consultar a legislação es-pecífica de cada localidade.

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96 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Uma empresa especializada também deverá ser contratada se houver necessidade de nivelar o terreno, isto é, distribuir a terra de forma mais uniforme, buscando deixar plana a área que será ocupada pela construção.

Nesse caso, caberá aos pedreiros ajudar os trabalhadores da empresa contratada nas etapas que terão de ser feitas manualmente.

Cercaroterrenocomtapume

Essa é uma etapa nem sempre feita quando se trata de pequenas construções e obras residenciais. É mais comum cercar o terreno na construção de edifícios ou nas grandes obras de infraestrutura.

Independentemente do tamanho da obra, cercar o terreno antes de iniciá-la tem, pelo menos, três objetivos (ou vantagens):

• primeiro – proteger o local e os materiais que estarão lá armazenados;

• segundo – proteger a população que anda nas ruas e que poderá, de forma desa-visada, machucar-se ao passar próximo de materiais cortantes ou terrenos aciden-tados, deixados sem o devido cuidado;

• terceiro – cumprir legislações locais que exigem, no caso de grandes obras, que os terrenos sejam cercados.

Para cercar um terreno, você precisará de:

Ferramentas

Cavadeira–paraabrirosburacosnosoloonde ficarão presos os pontaletes

Martelo

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Materiais

Chapadecompensado(madeirite),comespessurade6 mmou10 mm,parafazero

tapume

Pontalete ou caibro de madeira serrada para fazer pequenos pilares

Dimensãosugerida:8 cm x 8 cm x 3 m

Sarrafodemadeiraserradaparafazerotravamento dos pontaletes e o suporte das

chapas de compensado. Dimensãosugerida:7 cm,comcomprimento

de2,2 m

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98 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

E como fazer o cercamento do terreno?

Se você tiver de comprar o material para a realização dessa etapa, a primeira tarefa será calcular a quantidade necessária. Para isso, você precisa se valer de saberes de Matemática. Vamos lá?

Comece olhando a planta baixa da obra e identificando a metragem de cada lado do terreno. Você terá de saber também as dimensões do compensado (madeirite).

Se você não estiver de posse da planta ou não souber a medida do terreno, terá de utilizar uma trena, ferramenta adequada para esta atividade e que deverá estar sempre com você.

Agora, é fazer as contas.

O terreno é um retângulo; portanto, as medidas de superfície de seus dois lados (L) são iguais; e as medidas da frente e do fundo também (F).

As medidas do terreno são:

• lado: 45 m;

• frente: 20 m.

As dimensões das chapas de compensado variam de acordo com o fabricante. Vamos usar aqui as dimensões mais usuais: 1,10 m × 2,20 m.

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Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 99

Para saber quantas chapas de compensado você vai pre-cisar, siga os passos a seguir.

1. Primeiro, calcule o perímetro do terreno, ou seja, a soma de todos os lados. Você pode fazer isso de duas formas:

a) somar os quatro lados do retângulo:45 m + 45 m + 20 m + 20 m = 130 m

ou

b) multiplicar a medida de um dos lados por 2 (L × 2) e, em seguida, fazer o mesmo com a medida da fren-te ou dos fundos (F × 2). Agora, você deve somar os dois valores:

45 m × 2 = 90 m

20 m × 2 = 40 m

90 m + 40 m = 130 m

Como você pode observar, o resultado é o mesmo.

Mas lembre-se: isso só pode ser feito porque o terreno tem o formato de um retângulo, em que dois lados têm a mesma medida e os outros dois também.

2. Neste momento, você já sabe:• quantos metros de terreno terá de cercar: 130 m;

• qual a medida da largura de uma peça de compensado: 1,10 m.

Com esses dados, uma operação de divisão permitirá que você saiba quantas peças de compensado serão necessá-rias para cercar o terreno.130 ÷ 1,10 = 118,2

118,2 é a quantidade de peças de compensado que você vai precisar para cercar o terreno. Mas você não vai comprar 118 peças e mais um pedaço (0,2 de uma peça), não é?

E se for um quadrado?

Comojáfalado(Unidade4,página80),oquadradoéumafigura geométrica que possui os quatro lados iguais. Por isso, para calcular o períme-tro de um terreno quadrado, basta multiplicar a medida de um dos lados por 4.

Ouseja:seamedidadeumdosladosforiguala20m,amedidatotaldosladosserá:

20 x 4 = 80 m

Para fazer essa divisão, use uma calculadora. É mais rápido e você não

corre o risco de errar a conta (ou o resultado da operação, que é como se

fala em Matemática).

100 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Programe-se para comprar cerca de 130 peças. Assim, você poderá ter uma peque-na sobra (pouco mais de 10%), caso necessite.

E a quantidade de pontaletes, como calcular? Exatamente da mesma forma. Você utilizará um pontalete para cada duas chapas de compensado (madeirite) mais um pontalete para unir a última chapa. Ou seja, 61 pontaletes serão suficientes, distri-buídos da seguinte forma:

• 60 para unir as chapas de compensado;118 ÷ 2 = 59 + 1 para o pedaço de chapa a mais (0,2)

• 1 para unir a última chapa.

Para fazer o travamento dos pontaletes são necessárias três linhas de sarrafos de madeira, conforme mostra o desenho a seguir:

Os sarrafos de madeira, portanto, deverão ser em número suficiente para cercar três vezes o terreno. Sabendo as dimensões dos caibros, podemos calcular a quantidade necessária de peças.

Nesse exemplo, para sarrafos de 2,20 m de comprimento, teremos:

118,2 m de chapas × 3 linhas de sarrafos = 355 m de sarrafo

355 m ÷ 2,20 cada sarrafo = 162 sarrafos

Ou seja, serão necessários aproximadamente 180 sarrafos, considerando também aqui alguma sobra.

A quantidade de pregos você não precisa calcular com exatidão. No começo da obra, adquira alguns pacotes de pregos de diferentes tamanhos. Com certeza, você os usará durante toda a obra. E, caso sobre, poderá utilizar em outros trabalhos.

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PontaleteSarrafo

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 101

Atividade 1 aGora é com vocês

1. Em dupla, imaginem a seguinte situação: um amigo vai construir uma casa e chamou-os para ajudá-lo na preparação do local.Considerem que o terreno dele tem o formato e as metragens indicados a seguir. Ajudem-no a calcular o número de peças de compensado, pontaletes e sarrafos de que vocês vão precisar para cercar o terreno.

Agora que você já calculou os materiais e já sabe as ferramentas que vai utilizar, veja como unir os madeirites e cercar o terreno (ou, como se diz no jargão das obras, “tapumar”).

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102 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

2,20

Chapa de compensado

PontaleteSarrafo

Passo a passo:

1. Marque os pontos onde vai cravar os pontaletes de madeira, a cada 1,10 m.

2. Com a cavadeira, faça buracos em todos os pontos marcados, com aproximadamente 80 cm de profun-didade.

3. Posicione os pontaletes nos buracos e aterre ou preen-cha os buracos com concreto para que fiquem firmes no solo.

4. Posicione os sarrafos de madeira horizontalmente e pregue-os nos pontaletes. O primeiro sarrafo deverá estar rente ao solo; o segundo, no meio da parte apa-rente do pontalete, a aproximadamente 1,10 m do solo; e o terceiro, na parte superior do pontalete, a aproximadamente 2,10 m do solo.

5. A última etapa será pregar as peças de compensado nos sarrafos, concluindo o processo de tapumar (cer-car) o terreno.

Deixe um espaço de pelo menos 3 m de largura para o portão, tamanho

suficiente para um caminhão entrar na obra, caso seja necessário.

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Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 103

Construir um local para depósito de materiais e ferramentas

Outro passo dessa etapa é garantir um local fechado e seguro para guardar materiais e ferramentas.

Como nas etapas já citadas, as dimensões e a estrutura do depósito dependerão da dimensão da obra e do tempo previsto para sua utilização.

Em grandes obras de infraestrutura ou prédios, por exemplo, esses depósitos são feitos de alvenaria de blocos cerâmicos ou de concreto e oferecem maior segurança e conforto. Nesse caso, é também comum que se construa um lugar de abrigo para um ou mais operários, que podem morar na obra durante sua realização.

Em obras pequenas, o mesmo tipo de chapa de compensado (madeirite) usado para cercar o terreno pode servir para fazer um cômodo onde ferramentas e materiais de uso cotidiano são guardados.

Neste momento do curso, vamos ver como se faz esse “quartinho” utilizando chapas de compensado. O assunto “como fazer paredes de alvenaria” será tratado mais adian-te, quando formos falar sobre como erguer as paredes de uma casa (na Unidade 7).

Vamos começar mais uma vez listando ferramentas e materiais de que você preci-sará:

Ferramentas

Cavadeira

Martelo

Trena

Esquadro

Materiais

Chapasdecompensado(madeirite),comespessurade6 mma10 mm,largurade1,10mecomprimentode2,20m.

Pontaletes ou caibros de madeira serrada para fazer pequenos pilares.

Dimensãosugerida:8 cmx8 cmou6cmx16cm.

Ocomprimentodospontaletesdevevariar.Doisdelesqueficarãoaofundododepósitodevemser50 cmmaioresdoqueosdemais,paraproporcionarocaimentonotelhado.

Sugestão:3 me3,5 m.

Sarrafosdemadeiraserradaparafazerotravamentodospontaleteseosuportedaschapasdecompensado.

Dimensãosugerida:7 cm,comcomprimentode3,3 m.

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Materiais

Vigasdemadeiraserradade6cmx12cm,com4 mdecomprimento,parasuportedotelhado.

Telhasonduladasdefibrocimentode6mmdeespessuracomdimensõesde0,50 mx2,44 mede0,50 mx1,22 m.

Pregos de diferentes tamanhos.

Dobradiças.

Tijoloscomunsparafazeropiso.

Antes de iniciar, lembre-se de que se trata de um depósito simples e temporário, que será desmanchado no final da obra. Por isso, não são necessários forro nem janela. Além disso, materiais já utilizados em outras obras poderão ser aproveitados.

O tamanho do local, mais uma vez, dependerá do porte da obra. Para terreno e obra pequenos, um depósito quadrado com cerca de 3,3 m de cada lado deverá ser sufi-ciente.

Para fazer o cálculo das quantidades, use o mesmo raciocínio utilizado para cercar o terreno.

Serão necessários:

• 12 chapas de compensado (madeirite): três peças para cada lado, formando uma parede de 3,30 m;

• 5 pontaletes, um para cada canto e um para a porta. Três pontaletes devem ter 3 m de comprimento, e dois deles, 3,5 m.

Além disso, você precisará de: 12 sarrafos que farão o travamento dos pontaletes e o suporte dos compensados; 4 vigas de madeira para a sustentação do telhado; e 16 telhas de fibrocimento onduladas, de 6 mm, sendo 8, com 0,50 m × 2,44 m, e 8 com 0,50 m × 1,22 m.

Telhadefibrocimento.

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Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 105

Calculados e adquiridos os materiais e as ferramentas, vamos ao passo a passo para fazer o depósito.

1. Marque os pontos nos quais vai cravar os pontaletes de madeira, formando um quadrado de 3,30 m de lado. Em um dos lados, onde estará a porta do barracão, marque mais um ponto, que deverá estar a uma distância de 1,10 m do canto.

Os pontaletes maiores, com comprimento de 3,5 m, devem ficar ao fundo do depósito.

2. Com a cavadeira, faça buracos em todos os pontos marcados com, aproximada-mente, 80 cm de profundidade.

3. Posicione os pontaletes nos buracos e aterre ou preencha os buracos com concre-to para que fiquem firmes no solo.

4. Posicione os sarrafos de madeira horizontalmente e pregue-os nos pontaletes. O primeiro sarrafo deverá estar rente ao solo; o segundo, a aproximadamente 1 m do solo; e o terceiro, na parte superior do pontalete, a aproximadamente 2 m do solo. O terceiro sarrafo deve ficar a uma distância de 20 cm a 25 cm da parte superior do pontalete, pois acima deles ainda virão as vigas de madeira serrada.

5. Posicione as vigas e pregue-as nas extremidades superiores dos pontaletes.

6. Pregue as chapas de compensado nos sarrafos, fazendo as “paredes” do barracão. Lembre-se de que uma das chapas fará as vezes de uma porta e deverá ser presa com dobradiças.

7. Coloque as telhas sobre as vigas, prendendo-as com parafusos específicos para telhas.

O piso do barracão pode ser deixado de terra batida ou, se houver necessidade, faça uma cobertura com tijolos ou “concreto magro” (espessura de 6 cm). Conforme já citado, esse é um tipo de concreto que usa pouco cimento e, portanto, tem um custo mais baixo e menor resistência (assim você não gastará muito e será fácil desmanchar o depósito quando acabar a obra).

Para terminar nossa conversa sobre a preparação do terreno, não se esqueça de providenciar dois bons cadeados: um para o depósito e outro para o portão de en-trada do tapume que cerca o terreno.

Antes de passar para a etapa seguinte, vamos realizar mais uma atividade.

106 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Atividade 2 você Foi chamado para trabalhar em uma reForma

Imagine agora que você foi contratado para fazer uma reforma e não uma obra completa.

Lembre-se do que você viu nas etapas anteriores e responda:

1. Quais ferramentas citadas nesta Unidade você precisará ter?

2. Como você poderá guardar as ferramentas e os materiais que utilizará na reforma?

Outrosequipamentosindispensáveisnasobras

Como já citado, as ferramentas e os materiais a serem utilizados e aqueles que você precisará adquirir em cada etapa serão informados (ou relembrados) conforme forem necessários para o trabalho.

Mas, neste momento, falaremos de equipamentos que não podem ser deixados para depois, pois permitirão que você trabalhe com segurança: são os Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

Muita gente acha que se preocupar com equipamentos de segurança é desperdício de tempo e dinheiro. Mas não é bem assim.

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 107

As obras são locais onde muitos acidentes podem acontecer quando menos se espera.

Você estará em contato constante com materiais e ferramentas que cortam (cortan-tes) ou que podem machucá-lo, como pregos, farpas de madeira, pedaços de ferro, blocos de concreto, tijolos, martelos, pás, enxadas etc.

Isso sem contar a possibilidade de sofrer quedas de pequenas ou grandes alturas.

Por isso, existem Normas Regulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho e Emprego que definem os EPI como indispensáveis, sem os quais uma obra não pode funcionar.

Atividade 3 os equipamentos de proteção individual essenciais

1. Em dupla com o colega ao lado, discutam quais EPI vocês consideram essenciais e justifiquem suas respostas.

Equipamentos de Proteção Individual (EPI) Uso obrigatório: sim ou não. Justificativa:

Luvas de raspa (maisresistentesdoqueasdeborracha)

Calçadosdesegurança (calçadosfechadosoubotas)

Capacetedesegurança

Óculos de segurança

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Máscaraparaproteção respiratória

Protetor auricular (deouvidos)

Cintodesegurança

Se vocês consideraram todos eles essenciais, estão certos. A depender do tamanho e do tipo de obra, nenhum desses equipamentos é dispensável, e o monitor pode ajudá- -los a identificar por que, caso a segunda coluna de sua tabela esteja incompleta.

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Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 109

Além desses, há equipamentos de segurança mais específicos, para quem trabalha em condições especiais – sob altas temperaturas ou com produtos químicos, por exemplo –, e equipamentos coletivos – que também devem ser providenciados pelos empregadores, como prendedores de cintos de segurança para grandes alturas, telas protetoras, andaimes seguros, roupas isolantes, capas de chuva, entre outros.

Conforme artigo de Renata Ávila na revista Equipe de obra:

EPI(EquipamentodeProteçãoIndividual)étododispositivodeuso

individualqueprotegeotrabalhadorderiscosàsuasegurançaeà[sua]

saúdenoambientedetrabalho.Algunssãousadosportodososfun-

cionáriosnaobra,comoocapaceteeasbotas.Outrossãodeuso

maisespecífico.OusodeEPIsdependedoriscoaqueotrabalhador

estáexposto.OempregadordeveadquirirosEPIs,exigiroseuuso,

orientaretreinarofuncionário,trocarosEPIsdanificadoserespon-

sabilizar-sepelahigienizaçãoemanutenção.Jáofuncionáriodeve

utilizaroEPIcorretamente,responsabilizar-sepelaguardaeconser-

vação e falar para o empregador se o equipamento estiver sem con-

diçõesdeuso.[...]

Equipe de obra.EditoraPINILtda.Disponívelem:

<http://www.equipedeobra.com.br/construcao-reforma/3/artigo27429-1.asp>.

Acessoem:14maio2012.

Fiqueligado!

De acordo com a Norma Regulamentadora no 18 (NR-18) do Ministério do Tra-balho e Emprego, os Equipamentos de Proteção Individual devem ser fornecidos de forma gratuita para os empregados de qualquer ocupação.

Se o trabalhador for autônomo, ele também deve adquirir os EPI, pois estará zelan-do pela própria segurança.

O uso de um ou outro EPI é dispensado apenas se houver medidas de proteção coletivas que o substituam, oferecendo completa proteção aos operários. Por exem-plo, em uma grande obra, com grandes alturas, a empresa construtora deve provi-denciar um Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) chamado guarda-corpo. Nesse caso, o cinto de segurança pode ser dispensado.

110 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

O Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) é responsável (entre outras coisas) por organizar as infor-mações sobre acidentes e doenças do trabalho.

Segundo esse órgão, é acidente de trabalho “aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, permanente ou temporária, que cause a morte, a perda ou a redução da capacidade para o trabalho. Consideram- -se acidente do trabalho a doença profissional e a doença do trabalho”. (Disponível em: <http://mpas.gov.br/con teudoDinamico.php?id=989>. Acesso em: 21 jun. 2012.)

Durante o ano de 2009, foram registrados no INSS cer-ca de 723,5 mil acidentes do trabalho, uma queda de 4,3% em relação ao ano de 2008.

Historicamente, o número de acidentes na construção civil está em torno de 5% desse total. Ou seja, são apro-ximadamente 35 mil acidentes por ano. É muita coisa, não é mesmo?

Para saber mais sobre a NR-18 e outros dados de segurança na construção civil, você pode acessar o site do Sindicato

da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (disponível em:

<http://www.sindusconsp.com.br/msg2.asp?id=3249>, acesso em:

14 maio 2012).Busque mais informações sobre esse assunto no Caderno do Trabalhador 6

– Conteúdos Gerais, “Saúde e segurança no trabalho”, disponível no site <http://www.viarapida.sp.gov.br>,

acesso em: 14 maio 2012. Lá você encontrará orientações sobre riscos,

providências e direitos dos trabalhadores no caso de sofrerem

acidentes de trabalho.

Capacetedesegurança

Óculos de segurança

Protetor auricular

Máscarafiltradora

Cintodesegurança

Camisaoucamiseta

Luvas de raspa

Calçacomprida

Calçadofechado

Obs.:todososequipamentos de segurança devem possuir certificado de autenticidade.

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Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 111

Momento de reflexão

Antes de encerrar esta Unidade, vamos ver como o artista espanhol Francisco de Goya retratou a questão dos acidentes de trabalho na construção civil.

Atividade 4 o acidente de trabalho na pintura

Observe o quadro O pedreiro ferido, de Francisco de Goya (1746-1828).

FranciscodeGoya.Opedreiroferido,1786-1787.Óleosobretela,268cmx110cm.MuseuNacionaldoPrado,Madri,Espanha.

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112 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

1. O que o pintor retrata nesse quadro e quais suas sensações diante dessa obra? Que outro nome essa obra poderia ter?

2. Existem equipamentos de segurança coletivos nessa obra? Os operários estão fazendo uso de Equipamentos de Proteção Individual?

3. Pesquise na internet, no laboratório de informática, imagens de outras obras de Francisco de Goya e de Eugênio Sigaud (1899-1979), conhecido como “pintor dos operários”, e reflita sobre as formas de esses artistas verem o tra-balho operário na construção civil.

Atividade 5 a “construção” de chico buarque

1. Leia a letra e, se possível, ouça a canção “Construção”, de Chico Buarque de Holanda.

Construção

ChicoBuarque

Amou daquelavezcomosefosseaúltima

Beijousuamulhercomosefosseaúltima

Ecadafilhoseucomosefosseoúnico

E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiuaconstruçãocomosefossemáquina

Pedreiro 1 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 113

Ergueu no patamar quatro paredes sólidas

Tijolocomtijolonumdesenhomágico

Seusolhosembotadosdecimentoelágrima

Sentoupradescansarcomosefossesábado

Comeufeijãocomarrozcomosefosseumpríncipe

Bebeuesoluçoucomosefosseumnáufrago

Dançouegargalhoucomoseouvissemúsica

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado

Eflutuounoarcomosefosseumpássaro

Eseacabounochãofeitoumpacoteflácido

Agonizounomeiodopasseiopúblico

Morreunacontramãoatrapalhandootráfego

Amoudaquelavezcomosefosseoúltimo

Beijousuamulhercomosefosseaúnica

E cada filho seu como se fosse o pródigo

E atravessou a rua com seu passo bêbado

Subiuaconstruçãocomosefossesólido

Ergueunopatamarquatroparedesmágicas

Tijolocomtijolonumdesenhológico

Seusolhosembotadosdecimentoetráfego

Sentoupradescansarcomosefosseumpríncipe

Comeufeijãocomarrozcomosefosseomáximo

Bebeuesoluçoucomosefossemáquina

Dançouegargalhoucomosefosseopróximo

Etropeçounocéucomoseouvissemúsica

Eflutuounoarcomosefossesábado

E se acabou no chão feito um pacote tímido

Agonizounomeiodopasseionáufrago

Morreunacontramãoatrapalhandoopúblico

114 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 1

Amoudaquelavezcomosefossemáquina

Beijousuamulhercomosefosselógico

Ergueunopatamarquatroparedesflácidas

Sentoupradescansarcomosefosseumpássaro

E flutuou no ar como se fosse um príncipe

E se acabou no chão feito um pacote bêbado

Morreunacontramãoatrapalhandoosábado.

©MarolaEdiçõesMusicaisLtda.

2. Em dupla, discutam: O que Chico Buarque quis mostrar nessa canção?

3. Agora, individualmente, escreva um texto expressando como se sentiu ouvindo a canção e o que espera de sua futura ocupação.

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OperáriostrabalhamnaobradonovoEstádiodoCorinthians,conhecidocomo“Itaquerão”,nobairrodeItaquera,zonalestedacapitalpaulista.OlocalseráasedeparaaAberturadaCopadoMundode2014.SãoPaulo(SP),2jan.2012.

v i a r á p i d a e m p r e g o

www.viarapida.sp.gov.br

A história da construção civil e da ocupação de pedreiro

Os conhecimentos da ocupação profissional e os meus conhecimentos

Ferramentas e materiais básicos de trabalho

Como ler um projeto

Entrando em uma obra: organização e preparo do local de trabalho

Sum á ri o

Unidade 69

Construindo uma Casa: Como fazer fundações

Unidade 733

Construindo uma Casa: erguer paredes

Unidade 857

Construindo uma Casa: revestimentos e Contrapisos

Unidade 973

ÉpoCas e estilos: a moda nas Construções

Unidade 1093

Construções sustentáveis

Unidade 11105

as atitudes e as relações nos loCais de trabalho

Unidade 12111

possibilidades de trabalho e vínCulos

Unidade 13123

novos ConheCimentos e CurríCulo

FICHA CATALOGRÁFICASandra Aparecida Miquelin - CRB-8/6090

Tatiane Silva Massucato Arias - CRB-8/7262

São Paulo (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia. Via Rápida Emprego: construção civil: pedreiro, v. 2. São Paulo: SDECT, 2012.

il. - - (Série Arco Ocupacional Construção Civil)

ISBN: 978-85-65278-33-1 (Impresso) 978-85-65278-35-5 (Digital)

1. Ensino profissionalizante 2. Construção civil - Qualificação técnica 3. Alvenaria - Construção de obras 4.Tijolos - Assentamento 5. Soalhos - Assentamento I. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia II. Título III. Série.

CDD: 371.425693.1

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 9

unida d e 6

Construindo uma casa: como fazer fundaçõesUma vez limpo o terreno e organizado o canteiro de obras, chegou a hora de começar a construção, que sempre será inicia-da pelas “fundações” ou “alicerces” – onde a casa ficará apoiada.

As fundações têm o papel de dar sustentação às edificações, ga-rantindo que elas permaneçam firmes durante a obra e depois de prontas, e que suportem o peso de tudo que será colocado dentro delas. Assim, são estruturas capazes de receber o peso (carga) do edifício que está em construção e, depois de pronto, de resistir a essa carga e de transmiti-la ao terreno.

Os tipos de fundação estão relacionados com as características do solo da região e com o peso da construção (cargas a serem transferidas). Duas casas do mesmo tamanho e com as mesmas características poderão ter fundações bem diferentes, se o tipo de solo do terreno for, por exemplo, arenoso, argiloso (com mais argila) ou rochoso (se houver a presença de rochas).

A definição de como será o projeto da fundação requer um cálculo bastante rigoroso, que é feito pelos engenheiros ou téc-nicos responsáveis pela obra. Um erro na hora de calcular as fundações pode ocasionar rachaduras, por exemplo, ou até gra-ves acidentes, como a queda de uma parede ou de uma cons-trução inteira.

Por isso, muita atenção deve ser dada a essa fase do trabalho. A fundação deverá sempre ser executada de acordo com o projeto. Não se pode modificar, sob qualquer pretexto, suas dimensões sem autorização dos responsáveis pela obra (engenheiros ou técnicos).

A primeira etapa, para iniciar as fundações, é a marcação do local da obra e do local onde serão erguidas as paredes externas e internas da edificação.

10 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

Esse processo – também chamado de “locação da obra” – deve obedecer rigorosamente às medidas previstas no projeto.

Antes, porém, de iniciar a marcação, você deverá verifi-car com atenção quais medidas (metragens) deverão ser deixadas entre as paredes externas da construção e a rua e os terrenos vizinhos àquele em que você estiver traba-lhando. Essa informação – ou seja, os chamados “recuos mínimos” da obra – deverá ser indicada no projeto. Va-mos entender melhor como funcionam as regras de recuo.

O terreno onde a obra será erguida é retangular e mede 20 metros (m) de frente por 45 m de fundo. Imagine que a prefeitura de sua cidade determine que a obra deva ter um recuo mínimo de 2 m em relação à rua e de 3 m em relação aos terrenos vizinhos.

Veja como ficaria a obra nesse terreno.

Atividade 1 ExErcitE as rEgras dE rEcuo

1. O terreno onde você vai construir possui 20 m de frente, 30 m de fundo e laterais com a mesma medi-da: 20 m cada uma. As regras de recuo do município dizem que deve haver pelo menos 2 m de distância

Você sabia?As regras ou normas de recuo são definidas em legislação municipal. Ca-da cidade tem suas pró-prias regras, que podem ser consultadas por todos os cidadãos.

Elas podem estar no có-digo de obras do Municí-pio ou (quando a cidade não tem um código de obras) na Lei de Uso e Ocupação do Solo, que todos os municípios de-vem ter.

Além do recuo, a altura máxima das construções em cada local/bairro da cidade, a finalidade das obras (comércio ou mora-dia, por exemplo), entre outras características ge-rais das construções, tam-bém são determinadas por legislação municipal.

Todos os projetos de construção ou reforma devem ser aprovados pe-la prefeitura da localidade da obra. E, quando um projeto é encaminhado para aprovação na prefei-tura, essas regras – recuo, altura máxima etc. – devem ser obedecidas. Caso contrário, o projeto não recebe a licença que autoriza a execução da obra.

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entre a rua e a parede da frente e 4 m de recuo nos fundos. Em relação às laterais, o recuo deve ser de 2 m.

Nessas condições, faça um desenho do terreno e dos limites da construção.

Marcação ou locação da obra

Sabendo das regras de recuo, você começará, então, a fazer a marcação ou locação da obra.

Como já foi dito, trata-se, nesse momento, de marcar os limites externos da obra – onde estarão as paredes externas – e os limites de todas as paredes internas.

Essa marcação é feita com madeira serrada (pontaletes e sarrafos), linha de náilon ou arame, e pregos. Ela tem duas funções principais:

• orientar o trabalho de marcação das fundações;

• orientar a localização das paredes externas e internas, de modo que os encontros entre elas formem ângulos retos; isto é, fiquem “no esquadro”.

Existem diferentes métodos para fazer a locação de obras e a sua escolha tem relação com o porte delas. Nas grandes obras, que ocupam amplos terrenos, o processo de marcação deve ser feito por um profissional da área de topografia, que realiza me-dições precisas com o auxílio de aparelhos próprios.

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Para obras de pequeno porte, dois processos são mais utilizados:

1. Processo dos cavaletes

A primeira etapa desse processo é confeccionar pequenos cavaletes. Para fazê-los, una, com pregos, uma pequena travessa de madeira serrada a duas estacas pequenas (pontaletes). No centro de cada cavalete, você deverá colocar um prego, conforme ilustração a seguir.

Em seguida posicione os cavaletes na direção dos eixos onde ficarão as futuras pa-redes internas e externas de edificação.

Depois de fixar os cavaletes no terreno, verifique no projeto onde há paredes e passe uma linha de náilon ou um arame unindo os pregos que estiverem nessas estacas. Dessa forma, as linhas estarão demarcando os limites das áreas externa e interna de cada parte da casa.

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É importante, nesse momento, que se verifique se os pontos de intersecção entre as linhas formam um ângulo reto. Caso contrário, as paredes da edificação ficarão fora de eixo. Essa verificação deve ser feita com a ajuda de um esquadro de metal ou madeira.

2. Processo da tábua corrida (gabarito)

Embora esse processo exija mais madeira e encareça um pouco mais a obra, ele permite que a marcação fique mais precisa. Por essa razão, é o mais aconselhável.

Para fazer a marcação da obra por esse processo são usados:

• pontaletes de madeira serrada. Dimensão sugerida: 8 centímetros (cm) × 8 cm. Comprimento de 1,50 m;

• tábuas de madeira serrada com, aproximadamente, 15 cm a 20 cm de largura;

• pregos;

• linha de náilon ou arame.

Comece com o posicionamento dos pontaletes, que devem ser cravados a 1,20 m da localização das futuras paredes externas, a uma profundidade aproximada de 50 cm. Cada pontalete deve ser colocado a cerca de 1,50 m de distância um do outro.

Feito isso, pregue as tábuas na extremidade superior dos pontaletes, a uma distância de cerca de 1 m do solo.

Com isso, o gabarito da obra está pronto. A próxima etapa do trabalho é a marcação das paredes, que deverá ser feita com pregos, sobre o gabarito.

Verifique no projeto onde estarão as paredes; coloque pregos, sobre o gabarito, nos locais previstos para as pa-redes; passe uma linha de náilon ou arame entre os pre-gos, fazendo a marcação completa.

Intersecção: Cruzamento entre duas linhas ou duas áreas/superfícies. Na Mate-mática, chama-se de área de intersecção a área que per-tence a duas ou mais figuras geométricas ao mesmo tem-po. A parte da geometria que estuda esse assunto chama- -se “teoria dos conjuntos”.

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Para que a marcação fique precisa, deverão ser utilizados vários pregos, como mos-tra a figura a seguir.

Serão 7 pregos, sendo que o prego central (maior) marca o eixo. Os demais pregos marcam a localização das paredes, dos alicerces da obra e das valas, onde serão feitas as fundações. Deve-se anotar na madeira a qual correspon-de cada prego e, consequentemente, cada linha de marcação.

Da mesma forma como vimos no processo de cavaletes, lembre-se de que os encon-tros entre paredes devem formar ângulos retos. Para garantir que isso aconteça, use um esquadro de metal, que deve ficar encostado às linhas que se encontram, como mostra a ilustração a seguir.

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Nas construções convencionais, em geral, os pilares de sustentação de uma edificação ficam a uma distância de 3 m uns dos outros. Entretanto, há obras de arquitetura e engenharia que se destacam pelo desafio de manter vãos muito maiores do que esse, sem pilares de sustentação. Eles são chamados de “vãos-livres”.

Veja este exemplo, bastante próximo de nós: o Museu de Arte de São Paulo (Masp), na capital paulista, tem um vão-livre de 74 m, sustentado por apenas quatro colunas de concreto. O projeto do Masp foi elaborado por uma arquiteta modernista chamada Lina Bo Bardi (1914-1992), nascida na Itália e naturali-zada brasileira.

As fundações

Feita a marcação da obra, pode-se dar início à execução das fundações.

Como já apontado, a escolha do tipo de fundação é responsabilidade do engenhei-ro ou técnico que responde pela obra, e o tipo de fundação estará especificado no projeto. Caberá aos pedreiros executá-las, conforme o previsto.

Para isso, é importante saber que existem dois tipos principais de fundações, e que cada um deles faz uso de recursos diferentes:

• as fundações indiretas ou profundas utilizam estacas ou tubulões;

• as fundações diretas ou rasas utilizam sapatas corridas ou contínuas, sapatas isoladas e/ou radiers (palavra francesa que significa “revestimento”; fala-se “ra-diês”).

Vamos tratar a seguir de alguns desses recursos, abordando com mais detalhes aqueles que envolvem o trabalho de pedreiros: estacas, sapatas e radiers.

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Fundações indiretas ou profundas

São chamadas de fundações indiretas ou profundas aque-las cujo comprimento é maior do que sua seção.

Para esse tipo de fundação utilizam-se, conforme in-dicado anteriormente, estacas ou tubulões que são cravados no terreno até a profundidade indicada no projeto.

Estacas

Indicadas para utilização em fundações profundas ou indiretas, as estacas podem ser confeccionadas de ma-deira, aço ou concreto. As de concreto podem ainda ser pré-moldadas ou moldadas na obra.

Elas podem também ter diferentes comprimentos, diâ-metros e formatos: quadradas, retangulares, circulares ou prismáticas.

Seu comprimento e a profundidade com que serão cra-vadas no solo também variam, de acordo com o tipo de obra, com as cargas que terão que suportar, com o tipo de solo do terreno etc. Esses aspectos são considerados por engenheiros e técnicos na elaboração do projeto e definição do tipo de fundação mais adequado. Para essa definição é necessária a execução de sondagens no terre-no, executadas por empresas especializadas.

Exceto as chamadas brocas – estacas com dimensões menores –, os demais tipos de estacas, em geral, são exe-cutados por empresas especializadas, pois há necessidade de equipamentos especiais para fazer a perfuração do terreno e a concretagem.

Assim, somente as brocas são executadas manualmen-te e a sua execução faz parte dos conhecimentos que os pedreiros devem ter.

As brocas têm, em geral, diâmetros de 20 cm a 25 cm e seu comprimento varia de 5 m a 6 m.

Para verificar se um tipo de estaca é adequado, uma dica é consultar os

vizinhos para saber como foram feitas as fundações das casas próximas.

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Além disso, as brocas, em geral, não são “armadas”, ex-ceto em situações específicas. Normalmente, elas são feitas com o chamado concreto simples, que não leva aço em sua estrutura.

As brocas contêm apenas barras de ferro, que são colocadas para que seja possível amarrá-las (uni-las) aos baldrames, um tipo de viga sobre o qual falaremos mais adiante.

Fundações diretas ou rasas

Conforme já citamos (p. 15), as fundações diretas ou rasas não fazem uso de estacas, mas de diferentes tipos de sapatas e radiers.

A escolha depende do tipo de fundação a ser realizada e de cálculos, realizados por engenheiros e apresentados no projeto, que consideram, entre outros fatores, as ca-racterísticas do solo do terreno e sua capacidade de rece-ber ou suportar mais ou menos carga.

Vamos ver agora, em primeiro lugar, o que são sapatas.

O aço é uma liga (ou combinação) de ferro e carbono e é com ele que se faz a armação do concreto. Nas obras, porém, é mais comum ouvirmos o termo “ferro” ou “barras de ferro” no lugar de aço.

Qualquer que seja o pretexto, não se pode modificar as dimensões das

fundações, sem autorização do engenheiro responsável pela obra.

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Sapatas

Existem sapatas de diferentes tipos e elas podem ser confeccionadas com concreto simples ou armado. Elas têm em comum o fato de serem estruturas que ficam no solo a uma profundidade menor do que as estacas.

As sapatas podem ser isoladas, corridas ou contínuas.

As sapatas isoladas têm o formato de pirâmide, como mostrado a seguir. Elas são feitas, geralmente, com fôrmas de madeira, uma das atividades que cabem aos pe-dreiros. Mas pode acontecer também de serem feitas sem fôrmas, concretando-se diretamente as cavas.

As sapatas isoladas são, em geral, utilizadas em construções menores, também chamadas de construções de pequeno porte, e são consideradas adequadas quando os terrenos apresentam grande resistência.

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As sapatas corridas ou contínuas são feitas, em geral, com concreto armado. Existem também, principalmen-te em construções antigas, sapatas corridas confeccio-nadas em alvenaria de tijolos. É importante conhecer esse tipo de sapata para o caso de você trabalhar em reformas e/ou se houver necessidade de reforço dessas estruturas.

Radier

Outro tipo de fundação rasa ou direta, o radier é uma laje sobre o solo, feita com concreto (armado ou refor-çado com fibras de aço), que ocupa toda a área onde vai ficar a edificação. Dessa forma, o peso/carga da edificação é distribuído de modo uniforme sobre toda a superfície.

O radier, além de apoiar a edificação, faz as vezes de contrapiso. Porém, só pode ser utilizado se o solo de todo o terreno for uniforme, do mesmo tipo.

Para completar a execução das fundações e iniciar o pro-cesso de levantamento das paredes, você precisa conhecer, além das estruturas citadas (estacas tipo broca, sapatas e radiers), dois outros processos:

Você já deve ter visto ou talvez até morado em casas erguidas com

fundações inadequadas ou, ainda, sem fundação alguma. Isso acontece,

mas é uma prática muito perigosa. São esses tipos de moradia que

sofrem maior desgaste, sendo às vezes totalmente destruídas quando

acontecem chuvas fortes. Por isso, se trabalhar em uma obra com essa

característica, não deixe de comunicar imediatamente ao

responsável por ela, de modo que ele possa reorientar o trabalho,

garantindo a segurança de todos. Todas as irregularidades em relação a dimensões, profundidade e locação das fundações nas obras devem ser

comunicadas aos responsáveis.

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• confecção de vigas baldrame; e

• impermeabilização.

Vigas baldrame

As vigas do tipo baldrame são confeccionadas, em geral, com concreto armado.

Elas ficam nos locais onde haverá paredes, apoiadas nas brocas ou sapatas. No caso da utilização de radier, vigas baldrame não são executadas.

As paredes da edificação serão erguidas sobre essas vigas.

Como veremos mais adiante, o contrapiso de uma casa é feito acima dos baldrames. O contrapiso, entretanto, somente será feito após as paredes terem sido levantadas.

Impermeabilização

Impermeabilizar significa preparar uma superfície de modo que esta não deixe in-filtrar (passar) água ou qualquer outro líquido.

Vale dizer que a água, quando entra “onde não é chamada”, é um dos maiores inimigos da construção civil. Por isso, todo cuidado é pouco.

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Independentemente do tipo de fundação e do solo, a im-permeabilização é indispensável nas edificações. Ela deve abarcar os alicerces e as alvenarias que ficam em contato com o solo e que estão sujeitos a absorver umidade.

O processo de impermeabilização exige produtos espe-ciais, que são aplicados quando as superfícies já estão lisas e sem resíduos (sujeiras).

A depender das condições do solo, a impermeabilização poderá ser feita sobre toda a laje ou sobre uma parte dela, onde serão erguidas as paredes. Veja os dois exemplos nas imagens a seguir.

Em geral, a impermeabilização de lajes, reservatórios, piscinas etc.

é um processo executado por empresas especializadas.

Impermeabilização

Alguns proprietários ou construtores, em vez de fazer a impermeabilização sobre a laje, optam por colocar um plástico preto entre o solo e a laje.

A intenção é impedir que a umidade da terra passe para a laje.

Esse processo de impermeabilização não é muito eficaz, pois sua vida

útil é curta.

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Os produtos de impermeabilização mais conhecidos no mercado, e também os mais baratos, são produzidos à base de asfalto e podem ser encontrados em galões ou em rolos.

Atualmente, existem vários produtos específicos para a impermeabilização. Os produtos e as técnicas de imper-meabilização usados em obras de infraestrutura, como túneis e estações de metrô, por exemplo, são bem mais modernos e diferenciados do que o citado anteriormente.

Passo a passo da execução das fundações

Ao ler as informações, todas essas atividades podem pa-recer difíceis. Mas, na prática, você verá que essas etapas não são complicadas.

Primeiro, vamos ver as ferramentas e os materiais utili-zados para fazer as fundações.

Ferramentas

Trena ou metro

Trado

Martelo

Esquadro

Torquês

Carrinho de mão

Régua de alumínio

Tesoura para cortar aço

Cavadeira

Você sabia?A água, quando está pre-sente em grande quanti-dade no solo, consegue penetrar e atravessar su-perfícies de alvenaria. Em função de um fenômeno físico chamado de “capi-laridade”, ela pode “su-bir” até 60 cm acima do nível do piso externo de uma construção. Por essa razão, há alguns anos, quando não havia imper-meabilizantes, as edifica-ções eram construídas com porões. Sua finalida-de principal era proteger as casas da umidade que vinha do solo.

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Materiais

Madeira

Linha de náilon

Arame recozido

Aço (diversas bitolas) para fazer a armadura do concreto (também se fala “armar” o concreto ou fazer a armação do concreto)

Hidroasfalto ou manta asfáltica para impermeabilização

Cimento, areia, pedra e água – como já falamos na Unidade 1 – são materiais ne-cessários para preparar concreto. Se você for preparar ou, como se diz nas obras, “virar” o concreto na própria obra, deverá comprar esses materiais e definir um local do terreno para preparar a mistura.

A mistura do concreto na obra poderá ser feita à mão ou com o auxílio de uma betoneira.

Para lembrar como se faz essa mistura à mão, reveja o passo a passo mostrado na Unidade 3 (p. 75-76).

No caso do uso de uma betoneira, faça da seguinte forma:

1o passo: limpe a betoneira, retirando restos de material que podem ter ficado de usos anteriores.

2o passo: coloque, em primeiro lugar, parte das pedras.

3o passo: despeje metade da medida de água que está prevista.

4o passo: com a betoneira girando, acrescente o cimento.

5o passo: em seguida, coloque areia e o restante da água.

6o passo: coloque o restante das pedras.

Deixe a mistura girando na betoneira por 3 minutos.Saber preparar o concreto na obra é muito importante. Porém, hoje em dia, no caso das obras de médio e grande porte, é comum os proprietários das obras ou constru-toras comprarem o concreto pronto de concreteiras (empresas que produzem concre-to). Nesse caso, o produto é preparado em usinas próprias e transportado até os locais das obras em caminhões betoneiras (caminhões que, além de transportar o concreto, mantêm a mistura girando para que ela não perca suas características originais).

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Agora, acompanhe cada etapa do processo de fundação.

Marcação das fundaçõesCom o projeto (planta baixa) nas mãos e os materiais necessários, você já marcou os limites da obra, de acordo com o procedimento escolhido: utilizando cavaletes ou tábua corrida (gabarito).

Marque agora os locais onde serão feitas as fundações, conforme indicado no projeto.

Execução de estacas tipo brocaA localização das estacas é definida pelo cruzamento das linhas, conforme o gaba-rito (ver desenho na p. 14). Com um prumo de centro, marque os locais de inter-secção das linhas. As estacas ficarão nesses locais, marcados por um piquete, isto é, uma pequena estaca de madeira.

Betoneira.

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Siga estas etapas:

1. Faça a locação das estacas.

2. Abra valas no terreno em todos os locais onde serão posicionadas as brocas e comece o trabalho de perfu-ração com uma cavadeira.

3. Em seguida, utilizando um trado, continue o processo de escavação, de modo que as perfurações alcancem as dimensões e a profundidade determinadas no projeto.

4. Compacte o fundo do furo executado.

5. Faça, então, o lançamento do concreto, que vai preen-cher o furo escavado.

Para confeccionar as brocas na própria obra, o primeiro passo será verificar se devem ser feitas de concreto simples (mais usual) ou armado.

Nas brocas de concreto simples, basta lançar o concreto nos locais previstos. Tenha em mente que o lançamento desse material deve acontecer no máximo 30 minutos depois de sua preparação (amassamento), não podendo ser remisturado.

Para executar outros tipos de estacas, é necessária a contratação de

empresas especializadas, pois sua execução exige materiais e

equipamentos próprios.

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Para as brocas de concreto armado, inicie o trabalho pela confecção da armadura de aço. A quantidade de aço, as dimensões e a bitola (diâmetro) estão definidas no pro-jeto de fundações.

Para fazê-las:

• corte as barras de aço e dobre-as, seguindo o que está especificado no projeto;

• una as barras com arame recozido, o que garante maior firmeza à armadura;

• posicione a armadura no furo feito para as brocas;

• lance o concreto no local.

Independentemente da utilização de concreto simples ou armado, onde estiverem previstos pilares de sustentação da edificação, há necessidade de se fazer uma armação de aço que ultrapasse a altura das brocas em, pelo menos, 1 m. Essas estruturas são chamadas de arranques dos pilares.

Execução de sapatas isoladas

1. Prepare uma fôrma de madeira para moldar as sapatas de acordo com as medidas indicadas no projeto.

2. Preencha a fôrma com concreto.

3. Espere o período de cura do concreto e desenforme a sapata após esse período (mínimo sete dias).

4. Enquanto executa as sapatas, abra as valas no terreno, nos locais onde elas serão inseridas. Se as sapatas forem contínuas ou corridas, as valas deverão ser abertas em toda a extensão prevista.

5. Coloque as sapatas já prontas nos locais abertos.

6. Tal como no caso das brocas, onde houver pilares deve-se deixar prontos os arranques dos pilares, isto é, barras de aço com altura de pelo menos 1 m.

A profundidade máxima das fundações que receberão as brocas é de

6 m. No caso de estacas com maior profundidade – o que ocorre, em geral,

nas grandes construções, em que a sustentação terá de ser mais forte –,

será necessário o auxílio de um guindaste para a armadura das estacas

ou tubulões nos locais previstos.

Cura do concreto: No pro-cesso de secagem, o concre-to libera calor e perde água. A cura é o processo de man-ter a superfície do concreto úmida durante um período de tempo. Com isso, a água, que é colocada na mistura para fazer o concreto, é man-tida por mais tempo no seu interior, até que se dê a com-pleta hidratação do cimento. O processo de cura deve du-rar pelo menos sete dias, a contar do momento em que o concreto é lançado. Se a cura não for bem-feita, ocor-re redução da resistência do concreto, podendo aparecer fissuras na estrutura. Uma cura malfeita resulta num concreto fraco.

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Execução de radierO radier, conforme já visto, é um tipo de fundação rasa de concreto, que cobre toda a área da edificação. Para fazê-lo, é necessário espalhar concreto na superfície, o que deve ser feito, preferencialmente, com o uso de caminhão betoneira.

Seu trabalho e o dos demais pedreiros, nesse caso, será:

1. Espalhar o concreto de modo uniforme sobre o ter-reno, usando pás, e regularizar a espessura do concre-to utilizando réguas de alumínio.

2. Fazer a cura do concreto, ou seja, molhar o concre-to ou cobrir toda a laje com sacos de estopa, man-tendo a laje úmida durante o período de, no mínimo, sete dias.

3. Após a cura, pode-se iniciar (ou retomar) os serviços de marcação do local das paredes (ver item “Marcação ou locação da obra”, p. 11) e levantá-las.

Execução de vigas baldrame

1. Construa, com madeira, fôrmas que ocupem a exten-são de cada uma das paredes.

Vigas baldrame só são executadas quando as fundações são do tipo

brocas ou sapatas. Não existe baldrame para fundação em radier.

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2. Colocadas as fôrmas nos locais, lance o concreto, de modo a preencher as fôrmas.

3. Após sete dias – período de cura do concreto –, você poderá retirar as fôrmas de madeira, pois os baldrames estarão prontos.

ImpermeabilizaçãoPara impermeabilizar o baldrame e o radier, você pode-rá fazer uso de hidroasfalto (hidro = água) – impermea-bilizante vendido em galões – ou aplicar uma manta asfáltica (comercializada em rolos ou bobinas).

Mas, antes de olharmos como a aplicação desses produ-tos é feita, vamos ver as etapas anteriores dos processos de impermeabilização.

1. No caso das vigas baldrame, o primeiro passo é as-sentar sobre elas algumas fiadas de alvenaria, até que o nível do piso da edificação seja alcançado. Elas são chamadas de “alvenaria de embasamento”.

Quando iniciar a elevação das paredes, é recomendável que a argamassa de junção das duas

primeiras fiadas agregue produto impermeabilizante.

Fiada: Fileira horizontal de pedras ou de tijolos, de mes-ma altura, que entram na formação da parede.

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A aplicação do impermeabilizante se dará sobre a alvenaria de embasamento. Para a impermeabiliza-ção ser eficaz, o produto indicado deverá ser passa-do na parte superior e nas laterais da alvenaria de embasamento. Esse processo deve se repetir em to-das as vigas.

2. No radier, a impermeabilização poderá ser efetuada sobre toda a superfície, formando o chamado “lastro impermeabilizado”. É possível optar também pela impermeabilização parcial. Nesse caso, deverão ser impermeabilizados todos os locais onde serão ergui-das as paredes.

Aplicação de produtos impermeabilizantes

1. O hidroasfalto é aplicado com rodo, brocha ou esco-vão macio. Devem ser aplicadas entre três e quatro camadas cruzadas; ou seja, uma camada é aplicada em um sentido e a camada seguinte, no sentido con-trário. Deve-se esperar um dia entre cada uma das aplicações.

2. A manta asfáltica é mais difícil de ser aplicada e requer a contratação de uma empresa especializada. O pro-cesso acontece da seguinte forma:

• cobre-se a superfície a ser impermeabilizada com um produto chamado primer (fala-se “práimer”), que ser-ve para fazer a ligação entre o concreto e a manta a ser aplicada;

• depois que o primer estiver seco, realiza-se a colagem da manta, desenrolando-se a bobina devagar e aque-cendo o produto com maçarico para colá-lo ao chão;

• após a aplicação da manta, cobre-se a área a ser imper-meabilizada com uma proteção feita com cimento e areia peneirada;

• somente alguns dias depois, o contrapiso da casa po-derá começar a ser feito.

Sempre que a umidade do solo for excessiva, a impermeabilização

deverá ser feita sobre toda a superfície da edificação.

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As pessoas têm o costume de dizer que “na teoria tudo parece fácil”; e que, “na prática, as coisas são mais difíceis”.

Você verá que, nesse caso, acontece o contrário.

Primeiro porque, em uma obra, você dificilmente estará sozinho. E, quando o trabalho acontece em equipe, um pode ajudar o outro naquilo que não conhece bem. E todos saem ganhando.

Segundo porque, com as ferramentas e os materiais em mãos, você vai testar seus conhecimentos e adquirir prá-tica no dia a dia da ocupação. Quando perceber, tudo o que lhe parecia complicado já terá se transformado em um conhecimento que você não esquecerá mais.

Atividade 2ExErcitE sEus conhEcimEntos

1. Em dupla, no laboratório da escola, comecem conhe-cendo as ferramentas e os materiais que vocês terão de usar para fazer as fundações.

2. Com projetos entregues pelo monitor, vocês vão exer-citar as etapas do trabalho de que falamos até agora.

Além da planta baixa, os projetos trarão indicações sobre as fundações. Cada projeto deverá ter uma indicação de um tipo de fundação diferente (brocas, sapatas e radiers), compatível com o projeto.

Antes de iniciar o trabalho, observe que algumas das atividades propostas não serão feitas exatamente como em uma obra real, pois o espaço disponível na escola não comportaria. Nesse caso, vamos reproduzir o trabalho na obra, mas em escala reduzida. Outras atividades – que não exigem grandes áreas – serão realizadas como se fossem em uma obra real.

a) Aprendam a abrir uma vala e usar o trado para fazer os buracos das brocas. Como se trata de uma simulação, a perfuração pode ser rasa, com, no máximo, 1 m.

Essa é uma atividade que deve durar vários dias. Não tente fazer tudo de

forma rápida e apressada. O cuidado e o capricho tornarão você um

pedreiro mais bem qualificado e isso conta muito na hora de conseguir uma vaga no mercado de trabalho.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 31

b) Imaginem que vocês terão de preencher o furo com concreto armado. Constru-am uma armação para o concreto, usando barras de ferro com cerca de 1,50 m de comprimento.

c) Consultando o projeto que prevê fundações com sapatas isoladas, construam fôrmas de madeira para as sapatas e para as vigas baldrame.

d) Recordem como se faz concreto:

• consultem, no Caderno, quais são os materiais necessários para a confecção do concreto e anotem nos espaços a seguir: , ,

e ;

• façam a mistura, de acordo com a seguinte proporção ou traço:

5 kg de cimento

0,5 lata de 18 litros de areia

0,65 lata de 18 litros de pedra

0,15 lata de 18 litros de água.

• discutam com os colegas e com o monitor se todas as duplas chegaram a um concreto com consistência adequada e por quê;

• anotem a seguir as conclusões do grupo, pois elas poderão ser úteis no momento em que estiverem trabalhando.

32 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

e) Com o concreto preparado, preencham as fôrmas de sapatas e baldrame. Cada dupla preencherá somente uma fôrma.

f) Façam a cura do concreto, aproveitando para observar como se dá o seu endureci-mento ao longo dos dias. Depois de sete dias, desenformem as sapatas e os baldrames.

g) Executem uma fundação do tipo radier, utilizando uma área de formato qua-drado de 0,5 m de lado.

h) Impermeabilizem o radier, utilizando um dos produtos específicos para esse fim.

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unida d e 7

Construindo uma casa: erguer paredesNesta Unidade, você aprenderá a erguer as paredes de uma casa, parte da obra que se inicia assim que as fundações estão prontas.

São chamadas de “alvenaria” todas as partes de uma construção em que tijolos, blocos cerâmicos ou de concreto, pedras etc. são unidos entre si por argamassa.

Vamos começar listando as ferramentas e os materiais que farão parte de mais essa importante etapa do seu trabalho. Você ne-cessitará do seguinte:

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Ferramentas

Trena ou metro

Esquadro

Escantilhão ou gabarito de altura (pelo menos dois)

Prumo

Colher de pedreiro

Macete de borracha

Nível de bolha ou de mangueira

Materiais

Tijolos e blocos de cerâmica ou de concreto

Argamassa de assentamento

Linha de náilon

Esquadrejar alvenarias

Retomando o que diz a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), na Unidade 2, vemos que a primeira etapa dessa fase da obra é: “esquadrejar as alvenarias”.

Já vimos o que é alvenaria. Mas o que seria esquadrejar?

Quando falamos das ferramentas para construção, uma delas chamava-se esquadro, lembra-se?

Trata-se de uma ferramenta utilizada para verificar se uma parede está formando ângulo reto (de 90o) com o terreno e a parede vizinha.

“Esquadrejar as alvenarias” nada mais é do que “colocar as paredes em esquadro”, ou seja, fazer uma marcação de modo que as paredes formem um ângulo reto entre si e em relação ao terreno.

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Na Itália – um país que fica na Europa –, existe uma torre muito famosa na cidade de Pisa. Ela foi construída entre os anos de 1173 e 1350, e, desde o início da obra, o solo cedeu mais de um lado do que de outro, fazendo com que a torre ficasse inclinada. Assim ela permanece até hoje, dando a im-pressão de que vai cair.

Ela tem uma inclinação de cerca de 4o, e seu topo fica 4 m mais para o lado do que se a estrutura estives-se em ângulo reto.

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Prédios “tortos” – ou, melhor dizendo, fora de esquadro – também existem na orla marítima da cidade de Santos, no litoral de São Paulo. Nesse caso, em função das características do terreno, alguns prédios afundaram mais de um lado que de outro, saindo do esquadro ao longo dos anos. Ambas as situações apresentadas são exemplos de edificações que estão fora de esquadro. Porém, elas se tornaram inclina-das em razão de problemas relacionados ao terreno em que foram construídas. Técnicas para esquadre-jar as alvenarias não impediriam que esse problema acontecesse.

36 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

Mas como garantir que seu cliente (ou você mesmo) não vai morar em uma casa com as paredes inclinadas?

A primeira coisa a fazer é marcar os cantos da casa, onde duas paredes se encontram, pois é nesse local que você fará a verificação dos ângulos. Já falamos sobre esse pro-cedimento em “Marcação ou locação da obra” (p. 11). Vamos retomá-lo agora.

Há duas formas de fazer a marcação dos cantos:

1. Posicione o esquadro no local onde as paredes devem se encontrar e marque esse local. O uso do esquadro tem a vantagem de formar um ângulo exato de 90o; mas o fato de ter apenas 30 cm ou 50 cm pode fazer com que você tenha mais dificuldade para fazer as medidas.

2. Faça um triângulo com linhas de náilon, com as seguintes medidas: 3 m × 4 m × 5 m. Esse tipo de triângulo é chamado de “triângulo retângulo”. Feito com essas medidas, sempre formará um ângulo de 90o. Nesse caso, você deverá proceder da seguinte forma: estique uma linha de 3 m no local onde ficará uma parede e uma de 4 m na direção da parede com a qual ela faz canto. A terceira medida terá necessariamente de ser 5 m. Caso contrário, o ângulo não estará reto (90o).

Antes do passo a passo, é importante que você saiba um pouco mais sobre alguns dos materiais de construção que vai usar nesse momento da obra.

(espaço para imagem: referência de desenho / Fa-cens – Técnicas de construção civil, p.23, figura 2.9)

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Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 37

Atividade 1tijolos E blocos cErâmicos ou blocos

dE concrEto: o quE usar?

1. Em grupo de três integrantes, procurem imaginar as vantagens e as desvantagens de cada um desses produtos em uma obra e registrem suas reflexões.

Produto Vantagens Desvantagens

Tijolo comum ou maciço

Bloco cerâmico

Bloco de concreto

Bloco de concreto. Tijolo.

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2. Compartilhem o que discutiram com a classe, antes de lerem o texto a seguir, com a ajuda do monitor.

Tijolos e blocos cerâmicos ou blocos de concreto

A decisão de trabalhar com um ou outro material de-pende, em geral, da escolha do proprietário da obra ou da construtora. Atualmente, existem tijolos e blocos com qualidade bastante semelhante.

Em comparação com os tijolos (maciços), os blocos ce-râmicos e de concreto representam custo menor para a obra. Como suas dimensões são maiores do que as dos tijolos, gasta-se menos material (tanto peças de alvenaria como argamassa) e a parede tende a ser erguida mais rapidamente.

A existência de furos – uma característica dos blocos cerâmicos e de concreto – tem ainda outra vantagem: tubulações de água e ligações elétricas podem passar pelos furos com mais facilidade.

E como calcular as quantidades de tijolos ou blocos?

Como esses materiais têm tamanhos diferentes, varia a quantidade necessária para fazer cada metro quadrado (m2) de parede.

Tipo de material Dimensões Quantidade de peças por m2

Tijolos comuns 5 cm x 10 cm x 20 cm 92

Blocos cerâmicos (6 ou 8 furos)

10 cm x 20 cm x 20 cm 23

Blocos de concreto

10 cm x 20 cm x 40 cm 13

Você sabia?Blocos cerâmicos tam-bém são conhecidos po-pularmente, nas obras, como tijolo baiano.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 39

Se você for comprar material ou orientar um cliente sobre as quantidades a serem compradas, lembre-se de que é importante adquirir uma quantidade um pouco maior da que está prevista, pois podem ocorrer quebras.

Argamassas

Vamos saber, agora, um pouco mais sobre as argamassas. Como já foi dito, as ar-gamassas são uma mistura de cimento, cal, areia e água, que pode ser feita manu-almente ou com a ajuda de uma argamassadeira.

Seu endurecimento (que a faz tornar-se rígida e resistente à ação da água) acontece em cerca de uma hora. Portanto, para não haver desperdício de material, a arga-massa deve ser produzida aos poucos e sua aplicação não pode ser muito demorada.

Existem basicamente dois tipos de argamassa:

a) de assentamento, utilizada para unir blocos, tijolos, ladrilhos e outros materiais;

Sempre que uma obra recebe material, deve-se conferir a entrega. Uma forma utilizada para conferir a quantidade de tijolos ou blocos recebida é empilhá-los. Fazendo 15 camadas com 16 tijolos cada, você fará uma pilha com 240 tijolos. Coloque mais 10 tijolos sobre essa pilha. Assim, você terá cada pilha com 250 tijolos.

Dessa maneira, fica fácil fazer a contagem:

1 pilha = 250 tijolos

4 pilhas = 250 x 4 = 1 000 tijolos

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40 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

b) de revestimento, que deve ser aplicada sobre paredes e teto e tem tripla função: proteger a alvenaria, deixando-a mais sólida; impermeabilizar paredes e teto; e prepará-los para a pintura ou colocação de outros revestimentos.

Antes de iniciar o passo a passo da elevação da alvenaria, vamos ver como preparar adequadamente a argamassa que será utilizada nesse momento: a argamassa de assentamento.

O traço, ou seja, a proporção entre os ingredientes (ci-mento, cal e areia) para produção desse tipo de argamas-sa, varia conforme o tipo de alvenaria utilizada:

• para tijolos e blocos cerâmicos, o traço utilizado é de 1:2:8 (em volume);

• para blocos de concreto, o traço utilizado é de 1:½:6 (em volume).

Escolhido o traço adequado para o tipo de material, veja como misturar a argamassa à mão:

1. Coloque a areia no solo, formando um pequeno círculo.

2. Despeje o cimento e a cal sobre a areia.

3. Misture os três ingredientes com uma enxada, até que a mistura fique uniforme.

4. Faça um pequeno monte e um buraco no meio, que é chamado de “coroa”.

5. Coloque água aos poucos e com cuidado para que ela escorra para os lados.

Quando a mistura é preparada, sua consistência deve ser a de uma massa não muito mole.

Lembre-se de preparar apenas o que será utilizado na próxima hora de trabalho.

O cálculo da quantidade de argamassa necessária depen-derá do tipo de material.

Veja a seguir o rendimento da argamassa calculado com base em sacos de cimento:

Caso a mistura da argamassa seja feita com auxílio de uma

argamassadeira, coloque em primeiro lugar a areia e metade da quantidade prevista de água. Depois de misturar esses dois itens, adicione o cimento e

a cal. Por último, complete com o restante da água.

Também existe a possibilidade de comprar a argamassa já pronta.

Nesse caso, basta acrescentar água para utilizá-la. Veja a quantidade de água a ser adicionada indicada na

embalagem do produto.

Terminada a impermeabilização, aguarde pelo menos um dia até iniciar a elevação da alvenaria.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 41

Tipo de material Traço da argamassa

Rendimento por saco de cimento

(50 kg)

Tijolos maciços ou comuns

1 lata de cimento

2 latas de cal

8 latas de areia

10 m2

Blocos cerâmicos

1 lata de cimento

2 latas de cal

8 latas de areia

16 m2

Blocos de concreto

1 lata de cimento

½ lata de cal

6 latas de areia

30 m2

As latas utilizadas como referência são as de 18 litros (ℓ).

Um saco de cimento de 50 kg equivale a 36 ℓ (2 latas de 18 ℓ).

Você já ouviu falar de consumo consciente? É quando compramos e consumimos o que realmente é necessário.

O consumo daquilo que não precisamos só causa prejuízos ao meio ambiente e a nós mesmos.

Além dos recursos gastos para produzir, embalar, transportar e ven-der cada produto (por vezes, retirados da natureza), ainda há a polui-ção decorrente do modo de produção.

Já para as pessoas, o consumo excessivo acaba por gerar constante insatisfação, pela impossibilidade de se ter tudo o que se quer.

Se você quiser saber mais sobre esse assunto, veja na internet o ma-terial de qualificação básica do Programa Via Rápida Emprego (dispo-nível em: <http://www.viarapida.sp.gov.br>, acesso em: 14 maio 2012) Caderno do Trabalhador 6 – Conteúdos Gerais, texto “Cidadania am-biental”. Consulte também outros sites que tratam desse tema, como o da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (disponível em: <http://www.ambiente.sp.gov.br>, acesso em: 14 maio 2012).

Passo a passo da elevação da alvenaria

1. Com as ferramentas e os materiais em mãos, comece o trabalho colocando os escantilhões ou gabaritos de altura nos locais onde ficam os limites da parede que você vai erguer.

42 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

2. Ainda sem argamassa, coloque tijolos ou blocos no chão, ao lado de cada um dos escantilhões.

3. Amarre uma linha em um dos escantilhões e estique-a até o outro, exatamente acima dos tijolos ou blocos. Ela deve estar bem esticada para permitir que você veja se os tijolos ou blocos estão na mesma altura (ou seja, alinhados). Essa linha também marcará a altura da primeira fiada de tijolos ou blocos.

4. Prepare a argamassa de assentamento (conforme visto na p. 40), em quantidade suficiente para o trabalho que você fará na próxima hora.

5. Levante um tijolo ou bloco e, usando sua colher de pedreiro, coloque uma camada de argamassa no local onde ele será assentado. A camada de argamassa deve ficar espalhada no chão, de modo a cobrir toda a extensão do bloco ou tijolo, e deve ter cerca de 1 cm. Coloque o tijolo ou bloco sobre a argamassa sem apertar.

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6. Com um prumo, verifique se o tijolo ou bloco está alinhado na vertical.

7. Siga o mesmo procedimento para o tijolo ou bloco seguinte, até alcançar o outro lado da parede. Para unir um tijolo ou bloco ao seguinte, aplique argamas-sa também entre eles.

8. Depois de assentar cada tijolo ou bloco, retire o ex-cesso de argamassa com a colher de pedreiro, procu-rando deixar a parede o mais uniforme possível.

9. Também é importante que, a cada tijolo ou bloco colocado, você verifique o alinhamento vertical e ho-rizontal da parede que está construindo:

a) use o prumo para verificar o alinhamento vertical, e a linha mestra e o escantilhão para o alinhamento horizontal;

Se for prevista uma porta na parede que você estiver erguendo, demarque o tamanho do vão antes de iniciar a parede e deixe o espaço livre para a

colocação posterior dos batentes e da porta. Se a medida da porta for

padrão – 0,80 m x 2,10 m –, deixe 10 cm a mais na largura e 5 cm na

altura para os batentes.

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b) caso um tijolo ou bloco fique um pouco mais alto, use um macete de borracha para nivelar a altura, seguindo sempre a linha que foi colocada entre os escantilhões.

10. Terminada a primeira fiada, use o nível para verificar, mais uma vez, se o ali-nhamento horizontal está adequado.

Da segunda fiada em diante

Após a primeira fiada, o processo se repete a cada fileira de tijolos ou blocos assen-tados.

Mas há alguns detalhes para os quais você deve dar especial atenção.

Em primeiro lugar, inicie a segunda fiada usando metade de um tijolo ou bloco, de forma que as peças fiquem desencontradas, ou seja, de modo que as extremidades das peças não fiquem alinhadas umas sobre as outras. Depois, volte a usar as peças inteiras, e assim sucessivamente a cada fiada. Esse procedimento de juntas desen-contradas confere maior estabilidade e resistência às alvenarias.

Em segundo lugar, os cantos devem ser levantados primeiro, pois dessa forma é mais fácil controlar o prumo e o nivelamento das fiadas. Para isso, você deverá esticar a linha a cada fileira levantada, pois ela atuará como guia para que a parede não fique fora do prumo.

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Um terceiro ponto de atenção: assim como lembramos em relação às portas, você não deve se esquecer de deixar abertos os vãos para as janelas exatamente nos locais onde elas estiverem previstas no projeto.

Para uma janela de madeira de tamanho padrão – 1,50 m × 1,20 m –, deixe mais 10 cm na largura e 10 cm na altura para os batentes.

No caso das esquadrias metálicas (como, por exemplo, as de alumínio), essas medidas podem ser mais reduzidas (3 cm).

Outro ponto muito importante: você deve ter no proje-to a informação sobre a altura das paredes que serão construídas.

A altura da parede tal como aparece no projeto é cha-mada pé-direito. Nessa altura será construída a laje do teto.

Mas as paredes não acabam na altura da laje. Elas vão além. Entre a laje e o telhado deverá ter um espaço para o forro da casa, por onde passará a fiação e por onde serão feitas as instalações elétricas.

Sempre que uma parede alcançar 1,50 m é preciso confeccionar um andaime, para dar sequência ao

trabalho. Os andaimes podem ser feitos com tábuas pregadas em pontaletes ou

com estruturas metálicas.Lembre-se de que 1,50 m será o

primeiro patamar de um andaime. Outros patamares deverão ser

previstos, conforme as paredes forem sendo elevadas e a depender do tipo

de edificação.

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Depois da última fiada

Feita a última fiada de tijolos ou blocos, o próximo passo é fazer o que se chama de “cinta de amarração”.

Trata-se de um reforço que é feito nas paredes de alvenaria para evitar que haja uma concentração de carga da laje sobre uma única área, o que poderá danificar a parede.

Assim, as cintas de amarração servem de apoio para a laje, cumprindo a função de distribuir o peso da laje que ficará apoiada nelas. Elas também “amarram as paredes”, mantendo-as firmes e ancoradas.

A cinta de amarração deve ser feita pelo menos sete dias depois de concluída a al-venaria.

Ela poderá ser executada com tijolos maciços, colocados no sentido contrário dos tijolos ou blocos das paredes. O espaço entre os tijolos é preenchido com concreto.

Atividade 2 ExErcitE sEus conhEcimEntos

1. Em dupla, no laboratório da escola, separem as ferramentas e os materiais que vocês usarão para erguer as paredes.

2. Lembrando as vantagens e desvantagens de utilizar tijolos, blocos cerâmicos ou blocos de concreto, escolham o que vão usar nesse momento.

3. Construam uma parede de 1 m de comprimento por 1 m de altura, usando tudo o que aprenderam até agora:

a) Posicionem os gabaritos de altura e estiquem uma linha na altura corresponden-te ao primeiro tijolo ou bloco.

b) Preparem a argamassa de assentamento, considerando o traço adequado ao tipo de material escolhido.

c) Assentem a primeira fiada, usando corretamente o prumo e o nível.

d) Assentem as demais fiadas até alcançarem 1 m de altura.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 47

4. Observem os trabalhos uns dos outros, discutam os resultados em classe e anotem suas conclusões.

Vergas e contravergas

Agora vamos tratar um pouco mais sobre a preparação da alvenaria para receber portas e janelas.

Você já deixou os vãos necessários para colocá-las enquanto subia as paredes. Mas isso não é suficiente.

Na parte superior do vão das portas e das janelas, é necessário construir as chama-das vergas; e, na parte inferior das janelas, as contravergas ou vergas inferiores.

Na prática, elas são uma espécie de viga de concreto que tem o tamanho um pouco maior do que os vãos (no mínimo 30 cm), e sua função é distribuir melhor o peso dos blocos ou tijolos.

As vergas superiores impedem que as esquadrias das janelas e portas se deformem. Já as inferiores evitam a ocorrência de rachaduras nas paredes em função do exces-so de peso ou carga concentrado em alguns pontos.

48 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

Existem atualmente vergas pré-moldadas de concreto armado que podem ser compradas nas casas de material de construção. Nesse caso, basta encaixá-las nos vãos já existentes.

Mas não é difícil executar as vergas na própria obra.

Veja, a seguir, diferentes tipos de verga, executadas com tijolo maciço, blocos cerâmicos e blocos de concreto.

Para terem mais apoio, as vergas devem ser cerca de 30 cm maiores do

que os vãos, de cada lado.

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Feito isso, mais uma etapa da obra está cumprida.

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Executando os pilares

Você se lembra de que, quando mostramos como fazer as fundações da obra, dei-xamos um conjunto de arranques de pilares e não falamos mais nesse assunto?

Vamos voltar, agora, para fazer os pilares, mais um elemento de sustentação da edificação que estamos fazendo. Sem eles, não há como fazê-la sustentar o peso de tudo o que ainda está por vir: a laje superior, o telhado etc.

Podemos dizer que essa parte do trabalho tem cinco etapas. Veja a seguir o que você deve fazer neste passo a passo:

1. Confeccionar as armaduras, que serão unidas aos arranques dos pilares. Essas arma-duras devem ser elaboradas da mesma forma que os arranques: cortando e dobrando o aço, que deve ter as partes unidas entre si com arame recozido. Seu comprimento deve ser igual ao da altura das paredes.

A bitola e a quantidade do aço a ser empregadas na confecção dessas armaduras deverão ser informadas pelo engenheiro ou técnico responsável pela obra.

2. Unir as novas armaduras de aço aos arranques dos pilares, utilizando arames re-cozidos. Essas duas armaduras devem ter uma intersecção (ou transpasse ou, ainda, emenda), como mostrado no exemplo a seguir:

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Quando você executar os pilares, as paredes de alvenaria já estarão prontas, não é? Portanto, sua obra terá uma aparência semelhante a esta:

No encontro entre a parede de alvenaria e um pilar de concreto, o usual é chapiscar a face do pilar que ficará em contato com a alvenaria. O chapisco é feito com arga-massa de cimento e areia no traço de 1:3 (em volume).

3. O próximo passo é providenciar a execução das fôrmas de madeira, que serão feitas na própria obra, e preenchê-las com concreto, cujo traço deverá ser deter-minado pelos responsáveis pela obra.

4. Manter a umidade do concreto para evitar fissuras (rachaduras pequenas). O tempo de cura do concreto também será definido por engenheiros e técnicos, sendo de, no mínimo, sete dias.

5. “Desformar” o pilar, ou seja, retirar as fôrmas de madeira.

A essa altura, a casa que você está construindo encontra-se no seguinte estágio:

Chegou a hora de preparar a cobertura. Afinal, ninguém pode viver numa casa sem teto, não é?!

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Atividade 3 mas sErá quE todo mundo tEm um tEto ondE morar?

1. Você já ouviu a canção “Saudosa maloca”, composta por Adoniran Barbosa?

Procure a letra na internet e a leia na classe. Se possí-vel, ouça também a canção, acompanhando a letra.

Observe que a letra dessa canção foi escrita da manei-ra como o seu compositor – Adoniran Barbosa – fa-lava. Ou seja, ela não segue a chamada norma culta ou padrão formal da língua portuguesa.

2. Com base na letra pesquisada, responda: O que acon-teceu com Joca, Mato Grosso e a pessoa que está contando a história?

3. Você conhece alguém que ficou sem casa para morar? O que aconteceu?

4. O Brasil é um país onde faltam moradias adequadas para quase 6 milhões de pessoas. Mas, segundo in-formações do último censo, realizado em 2010, exis-tem mais de 6 milhões de moradias desocupadas (incluindo as que estão sendo construídas).

Fonte: Zero Hora, dez 2010. Disponível em: <http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/economia/noticia/2010/12/censo-indica-que-numero-de-casas-vazias-supera-deficit-habitacional-3139334.

html>. Acesso em: 14 maio 2012.

Censo ou recenseamento demográfico: Pesquisa pe-riódica feita com a popula-ção do país (e respondida diretamente pelas pessoas) que levanta informações so-bre tamanho das famílias, moradia, escolaridade, ren-da, emprego e desemprego, produção industrial e agríco-la, entre outras. O órgão do governo federal responsável por fazer esse tipo de pesquisa chama-se Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE). Se precisar pesquisar dados como esses, consulte o site <http://www.ibge.gov.br/>. Acesso em: 14 maio 2012.

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Discuta com o colega ao lado o que vocês pensam a respeito dessa informação e registrem a seguir a opinião de vocês.

5. Organizem, na classe, um debate sobre o tema. Pensem juntos:

a) O que é possível fazer para mudar essa situação?

b) O que podemos fazer individualmente?

c) E de maneira coletiva, em um grupo organizado de pessoas, o que podemos fazer?Deixem registradas as conclusões a que chegaram.

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Constituição Federal do Brasil, 1988

Capítulo II – Dos direitos sociais

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a pro-teção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/

Constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 25 jun. 2012.

Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948

Artigo 25

§1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuá-rio, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.

Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Art. XXV. Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/

Declara%C3%A7%C3%A3o-Universal-dos-Direitos-Humanos/declaracao-universal-dos-direitos-humanos.html>. Acesso em: 25 jun. 2012.

Há residências em que a laje não é colocada, mantendo-se apenas um

forro – feito com estuque, que é gesso aplicado em uma tela de arame

– ou mesmo passando das paredes diretamente para as vigas que darão

sustentação ao telhado. Essa opção torna a construção bem

mais barata, mas não é recomendável, pois a laje superior dá maior segurança à moradia e tem a função de isolar a casa do calor e do

frio excessivos.

A cobertura da casa

Acima das cintas de amarração, que abordamos anterior-mente, ficará a laje superior da casa. É desse tema que trataremos a seguir.

Em geral, proprietários e construtoras fazem a opção pelo uso de lajes pré-fabricadas. Mas faz parte da ocupação de pedreiro saber como montá-las e concretá-las.

Vamos ver como dar mais esse passo.

A primeira etapa é fazer uma armação utilizando dois tipos de material:

• vigotas – pequenas vigas pré-fabricadas de concreto armado, que têm o formato semelhante a um triângulo. Existem vários tipos de vigota, sendo as mais comuns:

– vigota T, usada para cobrir áreas menores ou cômodos pequenos, uma vez que suporta menos peso;

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Vigota treliçada

Vigota “T”

Lajota (tavela)

– vigota treliçada, com maior resistência e, por isso, pode ser usada para cobrir áreas maiores.

• lajotas ou tavelas – produtos vazados de cerâmica, que são colocados entre as vigotas.

Existem também, nas lojas de material de construção, lajotas feitas de isopor, bem mais leves do que as de cerâmica, que têm a vantagem de isolar melhor o ambiente do barulho – no caso de prédios de apartamento – e do calor.

Os dois produtos – vigotas e lajotas – são comprados prontos e caberá a você mon-tá-los, apoiando-os sobre as vigas de amarração, vistas anteriormente.

A montagem é simples: basta intercalar vigotas e lajotas, que se encaixam umas nas outras.

Os pequenos pinos que saem das extremidades das vigotas são parte da sua armação.

O mais importante nesse momento é saber que a direção de colocação das vigotas (e, portanto, das lajotas) deve ser diferente nos cômodos ou espaços da casa que ficam um ao lado do outro.

As vigotas geralmente são colocadas nas menores dimensões dos ambientes ou de acordo com o projeto.

Junto com as vigotas, você deverá fazer um escoramento, que poderá ser de madei-ra ou metal. Ele tem a função de evitar que a laje seja fletida pelo peso da estrutura.

Feito isso, os espaços vazios deverão ser preenchidos com concreto, formando a laje. O traço do concreto e a espessura da laje deverão ser informados pelo engenheiro ou técnico responsável pela obra.

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56 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

Depois de lançado o concreto, não se esqueça de mantê--lo úmido por pelo menos sete dias.

Há, finalmente, duas etapas que somente serão necessá-rias se a parte superior da casa terminar com a constru-ção da laje. Quando estiver prevista a montagem de te-lhado, não há necessidade de fazer essas duas etapas.

A primeira é a impermeabilização da laje, que, caso necessário, será feita da mesma forma como você fez com o piso: aplicando hidroasfalto ou uma manta asfáltica.

A segunda é fazer um pequeno caimento na laje – de cerca de 0,50 cm a cada metro – para que haja esco-amento da água da chuva e ela não se acumule sobre a laje.

Porém, reforçando: quando se coloca o telhado, nenhu-ma dessas etapas é necessária, já que o telhado cumpre a função de não deixar a água entrar.

Feita a laje, a próxima etapa para finalizar o que chama-mos de “obra bruta” é a construção do telhado. Segundo a CBO, entretanto, esse trabalho não é responsabilidade dos pedreiros, e sim de carpinteiros especializados em telhados.

Ao pedreiro caberá, nesse momento, revestir as paredes e fazer o contrapiso. São esses os temas de que trataremos na Unidade a seguir.

Caso o proprietário ou a construtora faça a opção por uma laje que não

seja pré-fabricada (o que tende a ser muito raro em residências de

pequeno porte) será necessário: preparar fôrmas de madeira e instalar

os pontaletes que sustentam essas fôrmas (cimbramento); prendê-las nas cintas de amarração; fazer a armação

com barras de aço; fazer a concretagem; e retirar as fôrmas após

a secagem total do concreto.Mas as vantagens das lajes pré-

-fabricadas não podem ser desconsideradas: são mais leves,

facilitando e agilizando o trabalho, pois dispensam o preparo de fôrmas e sua

consequente retirada. Com tudo isso, o custo da obra consequentemente também acaba sendo menor, pela

economia de tempo e da quantidade de material de construção.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 57

unida d e 8

Construindo uma casa: revestimentos e contrapisosAntes da entrada de outros profissionais na obra, que serão res-ponsáveis pelo acabamento – pintores, azulejistas ou aplicadores de cerâmicas, marceneiros, eletricistas, entre outros –, os pedrei-ros deverão deixar prontos os revestimentos e o contrapiso.

São essas as etapas da obra de que trataremos adiante.

Como fazer revestimentos

Os revestimentos são feitos com argamassas próprias para esse fim. Eles podem ser feitos em uma única camada ou em cama-das superpostas, sendo que a primeira camada, em geral, leva maior quantidade de cimento.

Vamos tratar, a seguir, de como se faz a primeira camada de revestimento – chamada de “chapisco” – e as demais.

A aplicação de chapisco tem a função de preparar a parede para receber as outras camadas de revestimento, como o emboço e o reboco, proporcionando melhor aderência desses revestimen-tos à parede.

A aplicação das demais camadas de argamassa prepara a parede para a colocação do acabamento. Além disso, ajuda a melhorar o isolamento de som (isolamento acústico) e de temperatura (isolamento térmico) dos ambientes.

58 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

Para essa etapa do trabalho – aplicação de revestimentos – você precisará de:

Ferramentas

Balde

Brocha

Colher de pedreiro

Desempenadeiras: lisa, de canto e de espuma ou feltro

Enxada (para misturar a argamassa)

Martelo

Peneira

Prumo

Régua de alumínio

Trena ou metro

Materiais

Água

Areia

Buchas e parafusos (para as soleiras e os peitoris)

Cal

Cimento

Linha de náilon

Pequenos calços de madeira ou cerâmica, também chamados de “taliscas”, que vão servir para marcar

a aplicação da argamassa

Pregos

Colocar “taliscas” ou fazer o “taliscamento”: Fixação, em pontos específicos da superfície a ser revestida, de cacos cerâmicos ou peque-nos pedaços de madeira, utilizando a mesma arga-massa que será usada para o revestimento.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 59

Aplicação de chapisco

O chapisco é uma mistura de cimento, areia e água.

Em geral, para essa mistura, usa-se uma parte de cimen-to para cada três partes de areia.

Essa proporção entre os materiais é chamada traço, lembra-se? Ou seja, uma sugestão de traço bastante usa-da para fazer o chapisco é de 1:3.

A quantidade de água deve ser determinada durante a mistura, cuja consistência não pode ser muito dura.

Em normas técnicas, embalagens dos produtos, revistas especializadas, há indicações sobre as quantidades de material necessárias por metragem de parede. Mas esses cálculos variam, pois podem estar baseados em propor-ções (traços) entre produtos diferentes.

No caso de um chapisco com traço 1:3, pode-se consi-derar o seguinte consumo de material para cada m2 de parede:

• 2,25 kg de cimento

• 0,0053 m3 de areia

TCPO – Tabelas de Composições de Preços

para Orçamentos. 13. ed. São Paulo: Pini, 2008.

Você sabia?Existem termos específi-cos que são utilizados somente por aqueles que pertencem a um mesmo grupo social e/ou compar-tilham uma mesma ocu-pação. Esses termos são chamados jargões. É co-mo se fosse uma gíria, mas que, em geral, só é conhecida e usada em de-terminado meio.

Veja exemplos de outros jargões das ocupações ligadas à construção civil:

•fazer a quita – receber o salário/pagamento;

•passar o facão – cortar pessoal, demitir;

•fazer gambiarra – fazer malfeito, de um jeito que não é o mais correto.

1. O cimento é comprado por quilo. Já a unidade de medida para a compra

de areia é metro cúbico (m3).2. Para calcular quantos m2 tem uma parede (ou seja, sua área), multiplique a medida do comprimento pela altura.

Por exemplo, se a parede a ser chapiscada tem 3,2 m de comprimento

por 2,8 m de altura, ela terá:3,2 m × 2,8 m = 8,96 m2.

3. Sempre que for comprar material, adquira um pouco mais. Em todas as obras há certa perda de material, isso

é impossível de evitar.

Cimento

Areia

Dê preferência

para a areia

média ou grossa,

sem peneirar.

60 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

Atividade 1 cálculo dE matErial para chapisco

1. Considerando uma parede com 3 m de comprimento por 2,8 m de altura, calcule a quantidade de areia e de cimento que você terá de comprar para fazer o chapisco de um cômodo que tem as quatro paredes com a mesma metragem.

2. Calcule, agora, o material imaginando que você de-verá fazer o chapisco em outro cômodo retangular, com as seguintes medidas:

a) duas paredes com 4 m de comprimento por 3 m de altura;

b) e duas paredes com 2 m de comprimento por 3 m de altura.

Preparado na obra ou comprado no mercado, vamos começar a aplicação do chapisco?

Primeiro, limpe as paredes e umedeça-as com uma brocha.

Em seguida, lance o chapisco nas paredes e no teto da casa, com uma colher de pedreiro. Isso deve ser feito com força e a uma distância de cerca de 1 m, para que a mistura fique aderida (grudada) na parede.

Procure deixar essa camada o mais fina possível.

Faça as operações aritméticas por etapas: primeiro, calcule quantos m2 tem uma parede; depois, quantos m2

tem o cômodo todo; e, por último, veja quanto você vai precisar comprar

de cimento e de areia.Se tiver dificuldade, converse com o colega a seu lado e faça a atividade

em dupla.

Sempre que for revestir uma superfície – com chapisco ou outras

argamassas –, é preciso limpá-la bem, retirando poeira, gorduras e

quaisquer outros resíduos.Existe no mercado argamassa para

chapisco industrializada. Nesse caso, basta acrescentar água na

proporção indicada pelo fabricante e utilizar o produto. Veja o que o

proprietário e/ou construtor vão preferir que você use na obra.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 61

Antes da etapa seguinte, é recomendável esperar entre 24 e 72 horas; ou seja, de dois a três dias.

Nesse período, você deverá molhar o chapisco levemen-te, da mesma forma como se faz a cura do concreto.

Aplicação das demais camadas de argamassa

A aplicação das demais camadas de argamassa é um pou-co mais complicada e requer outros cuidados. Considere, aqui, que o seu objetivo é deixar as superfícies (paredes e tetos) prontas para o trabalho de pintura, assentamento de cerâmicas ou outros acabamentos – trabalhos que se-rão feitos depois, por um pedreiro de acabamento.

A primeira camada de revestimento, após o chapisco, é chamada de emboço ou massa grossa. E a camada, depois desta, de reboco ou massa fina.

O traço da argamassa sugerido em cada caso é diferente e a espessura das camadas deve ser cada vez mais fina. A forma de aplicação dessas camadas também difere, con-forme vamos ver a seguir.

Emboço

A forma de preparo do emboço é parecida com a da argamassa de assentamento, vista na Unidade 7. Mas, neste caso, você usará mais um produto: a cal hidratada.

O traço do emboço – isto é, a proporção dos componen-tes – deve variar de acordo com a superfície na qual será aplicado. Considerando as paredes de uma residência, podemos sugerir como traço: 1:2:9 (em volume).

Pedreiro de acabamento: Responsável, em uma obra, pela pintura de paredes, as-sentamento de azulejos, pe-dras, pastilhas e outros tipos especiais de revestimento.

Fonte: TCPO – Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos. 13 ed. São Paulo: Pini, 2008.

Cimento

Cal hidratada

Areia (de preferência

média)

62 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

Com a argamassa pronta, você deverá marcar a parede com pregos e linha de náilon, para fazer o taliscamento.

Essa marcação serve para indicar o local de aplicação do emboço e também como medida para que a espessura da argamassa fique igual em toda a parede.

A espessura do emboço deve ser, aproximadamente, de 1,50 cm a 2,00 cm. Mas nem sempre se consegue deixar as superfícies totalmente uniformes. Como um tijolo (ou bloco) não é perfeitamente igual ao outro, quando esse trabalho de mar-cação não é feito as paredes podem ficar com ondulações.

Procedimento

1. Coloque 4 pregos na parede, sendo 2 na parte de baixo (base) e 2 no topo, formando um quadrado, e amarre uma linha de náilon entre eles.

2. No local dos pregos, coloque um pouco de argamas-sa. Não se esqueça de umedecer esse espaço com uma brocha antes de colocar a argamassa.

3. Fixe as taliscas (pequenos calços de madeira com di-mensões aproximadas de 1 cm × 5 cm × 12 cm, ou cacos de cerâmica) nos lugares deixando-as bem ali-nhadas – tanto vertical como horizontalmente.

Com as taliscas prontas para servir de guia, você come-çará a colocação da argamassa. Esse processo se dá aos poucos, em uma parte da parede de cada vez.

Para fazer um quadrado exato, use a trena. A distância entre os pregos

deve estar entre 1,5 m e 2 m. O prumo vai lhe mostrar se a linha vertical está

correta.

A distância entre as taliscas deve ser de, no máximo, 2 m. Utilize um

prumo para garantir que o alinhamento vertical esteja correto. F

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Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 63

1. Primeiro, você fará as chamadas “guias” ou “mestras”, faixas de argamassa na posição vertical que ocupam toda a altura das paredes. Inicie esse processo ume-decendo o local com uma brocha. Depois lance a argamassa de uma distância aproximada de 80 cm e use uma colher de pedreiro para comprimi-la (apertá- -la) contra a parede (1).

2. Aguarde por cerca de 15 a 20 minutos – tempo sufi-ciente para a argamassa endurecer um pouco.

3. Em seguida, passe a régua de alumínio molhada sobre a argamassa aplicada, de modo que ela fique nivelada (2).

4. Terminado o preenchimento das guias (faixas verti-cais), retire as quatro primeiras taliscas e complete com argamassa o espaço da parede entre as guias.

A parede não pode estar muito molhada, pois isso faz com que a

argamassa escorra e impede que ela se fixe na parede.

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As etapas são as mesmas: aplicação da argamassa, ali-nhamento com a régua de alumínio e alisamento com as desempenadeiras.

5. A etapa final dependerá do acabamento que será dado:

• seorevestimentofinalforreboco(umaterceiraca-mada de argamassa), azulejo ou pastilha, deixe o em-boço apenas alisado com a régua.

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64 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

• se a superfície for receber gesso ou massa corrida, alise-a com uma desempenadeira lisa.

• se a superfície for receber pintura, deve ser alisada com uma desempenadeira lisa e, em seguida, com uma de espuma ou feltro.

Atividade 2ExErcitE sEus conhEcimEntos

1. Em dupla, no laboratório da escola, separem as ferra-mentas e os materiais que vocês usarão para aplicar chapisco e emboço na parede (de 1 m de comprimento por 1 m de altura) construída por vocês na Unidade 7.

2. Para isso, sigam os passos a seguir:

a) preparem o chapisco;

b) chapisquem toda a parede e façam a cura pelo tempo indicado no passo a passo;

c) preparem argamassa para o emboço;

d) façam as medidas para marcar o posicionamento das taliscas e as fixem na parede, deixando um intervalo de 0,7 m entre elas;

e) apliquem a argamassa, de modo a fazer as guias ver-ticais;

f) depois de retirar as taliscas, apliquem o emboço sobre toda a superfície interna às guias, seguindo o que vo-cês aprenderam nesta Unidade;

g) nivelem e alisem a argamassa usando as ferramentas adequadas.

3. Observem o trabalho realizado e vejam se há aspectos em que ele poderia ser melhorado.

4. Conversem com a classe sobre as dificuldades que tiveram e/ou sobre dicas para que o trabalho de todos

1. Se as medidas da parede forem maiores do que 2 m × 2 m, o processo de colocação de taliscas e aplicação da argamassa deve se repetir nos

demais lugares, até que seu revestimento esteja completo. Não se esqueça de utilizar o prumo para que

as medidas fiquem corretas.2. Para fazer cantos, utilize uma

desempenadeira própria.Em geral, o processo de aplicação de

argamassa de revestimento deve começar pelo teto. Embora o modo de fazer seja o mesmo, é mais difícil

aplicar chapisco e argamassa no teto. No início de sua ocupação, procure contar com a ajuda de um pedreiro

mais experiente.

As desempenadeiras devem ser passadas com movimentos circulares.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 65

fique melhor. Anotem-nas a seguir, para que esse conhecimento possa ser revisto quando você for praticar a ocupação.

Reboco

O reboco – terceira camada de argamassa – pode ser o acabamento final de uma superfície. Pode ser dispensado em outras situações – como, por exemplo, quando uma parede vai receber azulejos.

Em relação ao emboço, essa camada de argamassa deve ser ainda mais fina: sua espessura deve variar de 2 mm a 5 mm.

O reboco é feito com cal, areia fina peneirada e água. O traço mais usual (comum) é o de 1:2, isto é, uma parte de cal para duas partes de areia. A mistura também pode ser comprada pronta. Nesse caso, siga as instruções do fabricante sobre a melhor forma de preparar a argamassa e aplicá-la.

Quando a mistura é feita na obra, ela deve ser preparada certo tempo antes de ser aplicada. Isto é, a argamassa deve “descansar”. Esse tempo vai garantir que a cal se hidrate (absorva água), o que é necessário para não prejudicar o reboco.

Vamos ver agora como aplicá-lo. Você usará uma desempenadeira de madeira e aplicará a argamassa fazendo um movimento circular. Inicie a aplicação da parte inferior da parede para a superior. De tempos em tempos, umedeça a superfície com uma brocha.

O acabamento final é feito utilizando uma desempenadeira de espuma.

Para que pedreiros de acabamento e marceneiros possam, finalmente, entrar na obra e começar o trabalho deles (seja o revestimento com materiais mais específicos, seja a colocação de portas e janelas ou, ainda, a execução dos telhados), ainda há duas etapas a serem cumpridas:

66 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

• fazer o contrapiso e

• acertar os acabamentos para a colocação de portas e janelas.

Como fazer contrapisos

Existem duas maneiras de fazer o contrapiso:

• contrapiso com concreto magro, também chamado de “lastro” e indicado para construções de pequeno porte (como casas) e

• contrapiso com argamassa de regularização.

Em ambos os casos, o objetivo desse trabalho é deixar o piso preparado para receber o revestimento final: cerâmica, madeira, tacos, cimento queimado, carpetes etc.

Além de possibilitar a correção de pequenos defeitos de nível na laje inferior, o contrapiso auxilia no processo de impermeabilização e na manutenção da tempe-ratura (isolamento térmico) do local que está sendo construído.

Esse trabalho também é fundamental para fazer um pequeno caimento no piso em direção aos ralos, permitindo o escoamento de água em alguns lugares da casa/obra.

Contrapiso de concreto magro ou lastro

Trata-se da aplicação, sobre o terreno, de uma camada de concreto magro, de es-pessura mínima de 5 cm e máxima de 8 cm.

Para esse trabalho, serão necessários:

Ferramentas

Balde ou carrinho de mão

Enxada e pá (para misturar o concreto)

Régua

Nível de mangueira

Soquete de madeira

Trena ou metro

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 67

Materiais

Água

Areia

Cimento

Pedra britada

Linha de náilon

Pequenos calços de madeira (“taliscas”) para marcar a altura do concreto e garantir o seu nivelamento

Pregos

O concreto, como já vimos na Unidade 3, é confeccionado com cimento, areia, pedra britada e água. E o concreto magro é um tipo de concreto que consome menos cimento. Para contrapiso, são sugeridos (e mais usuais) os seguintes traços: 1:4:8, 1:3:5 ou 1:3:6 (em volume).

O primeiro passo é fazer o nivelamento e o apiloamento do terreno. Assim, verifique o nível do terreno com a ferramenta apropriada (o nível de mangueira) e faça os ajustes necessários.

O apiloamento é executado apenas com a finalidade de uniformizar a superfície e não aumentar a sua resistência. Ele é feito para evitar que a terra solta se misture com o concreto.

A etapa seguinte é a colocação de taliscas que indicam a altura do contrapiso. Sobre elas passe uma linha, que servirá de guia para o lançamento do concreto.

Depois de lançado, nivele a superfície com uma régua.

Terminado o trabalho, lembre-se de que o concreto precisa ser curado.

Contrapiso com argamassa de regularização

Fazer o contrapiso com argamassa de regularização significa, na prática, aplicar uma camada de argamassa na base da casa, cuja espessura pode variar de 2 cm a 6 cm.

Para o contrapiso com argamassa, você necessitará de:

68 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

Ferramentas

Balde ou carrinho de mão

Colher de pedreiro

Desempenadeiras: lisa e de espuma ou feltro

Enxada e pá (para misturar e espalhar a argamassa)

Martelo

Nível de mangueira

Soquete de madeira

Trena ou metro

Materiais

Água

Areia

Cimento

Impermeabilizante

Linha de náilon

Pequenos calços de madeira (“taliscas”) para marcar a altura da argamassa

Pregos

A argamassa de contrapiso é feita com cimento, areia e água.

Tanto a composição como o traço e a espessura da argamassa dependem da aplica-ção do tipo de acabamento que será dado ao piso.

Veja, a seguir, algumas sugestões de traço:

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 69

Acabamento sobre o

contrapiso (piso)Traço Espessura da

argamassa

Cimentado

1:3

1 lata de cimento

3 latas de areia

2,50 cm

Madeira

1:4

1 lata de cimento

4 latas de areia média ou grossa

2,50 cm

Cerâmicas e ladrilhos

1:4 ou 1:6

1 lata de cimento

4 latas de areia média ou 6 latas de areia média

3 cm

Diferente das argamassas de revestimento, esse tipo de argamassa deve ser mais seca, com a consistência de uma “farofa”.

Pode-se ainda acrescentar a essa mistura um aditivo impermeabilizante.

Vamos, agora, ao passo a passo.

1. Limpe o local, livrando-o de entulhos e restos de ma-terial que possam estar grudados nele. O piso deve ser bem compactado e estar o máximo possível nivelado, para receber o contrapiso de argamassa.

2. Com a trena, assinale a altura do contrapiso e passe uma linha de náilon horizontalmente, de um extremo ao outro do cômodo. Confirme sua marcação, utili-zando um nível de mangueira.

3. Neste momento, você poderá indicar o local das ta-liscas e a distância entre elas – que não deve ultrapas-sar 2,00 m.

4. Prepare a argamassa para fixar as taliscas e, mais tar-de, para cobrir toda a superfície.

Na Unidade 3, vimos que os aditivos são produtos químicos que, quando

adicionados ao concreto ou às argamassas, modificam as suas

propriedades. Nesse caso, sua função será a de tornar a argamassa mais

impermeável.

70 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

5. Fixe as taliscas com argamassa para obter a medida (parâmetro) da altura do contrapiso.

6. Aplique a argamassa entre as taliscas, espalhando-a com a ajuda de uma enxada.

7. Use o soquete de madeira para compactar a argamas-sa, até que o contrapiso chegue à altura desejada, que estará marcada com a linha de náilon. Não se esque-ça de deixar um leve caimento na direção dos locais em que houver ralos (banheiros, áreas de serviço etc.).

8. Com uma régua de alumínio, faça o nivelamento final da argamassa, corrigindo as pequenas falhas identificadas.

9. Complete o trabalho usando uma desempenadeira lisa, que deixará o contrapiso pronto para a aplicação de outros revestimentos.

Preparação para a “chegada” de portas e janelas

Para que portas e janelas possam ser colocadas pelos marceneiros, os vãos das paredes devem ser preparados.

Na construção das paredes, vimos como deixar o espaço livre e como construir vergas e contravergas, a fim de dar sustentação para a entrada dessas peças.

O caimento deve ter no máximo 0,5%. Ou seja, a cada 1 m, o caimento

deve ser de 0,5 cm.

Sobre a colocação de pisos

De acordo com a CBO, esse é um trabalho de pedreiros especializa-dos em acabamentos. Entretanto, quando se trata de obras pequenas, os próprios pedreiros da alvenaria poderão ser chamados para auxiliar na colocação de pisos.

Lembre-se de que existem muitos tipos diferentes de pisos – pedras (como granitos, mármores, arenitos etc.), lajotas, ladrilhos hidráulicos, tacos de madeira, plásticos, cimento queimado e vários outros. E acer-tar a colocação de cada um deles exigirá conhecimentos específicos.

Se você for participar de obras grandes, aproveite para observar como se faz esse trabalho e aprender com os profissionais mais experientes.

Você também poderá buscar novos cursos para conhecer melhor esse assunto.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 71

Agora vamos mostrar como são feitos as soleiras das por-tas e os peitoris das janelas.

As soleiras das portas são, em geral, feitas de madeira ou pedras (mármores, granitos etc.), sendo estas últimas mais comuns nos cômodos de piso frio, feitos com cerâmicas.

Já os peitoris das janelas, na maioria das vezes, são de alvenaria.

Em qualquer dos casos, os vãos são medidos e as peças são compradas no tamanho adequado para sua colocação.

A fixação das soleiras de madeira é feita com buchas e parafusos, variando o tamanho, conforme a necessidade de cada local. A distância entre um parafuso e outro não deve ultrapassar 90 cm. No caso das soleiras de cerâmi-ca ou pedra, o assentamento é feito com argamassa.

Algumas portas vêm com as soleiras parafusadas. Se você não quiser esse tipo de produto, fique atento na hora

de comprar as portas.

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72 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

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unida d e 9

Épocas e estilos: a moda nas construçõesA ideia desta Unidade é mostrar que existem diferentes esti-los de construção, e como a moda que, em geral, percebemos em roupas, sapatos, maquiagens, desenho dos carros, também está presente em residências, igrejas, pontes, prédios de apar-tamento.

Para lembrar a divisão que os historiadores fazem das grandes

épocas da história da humanidade, retome as páginas 11 e 12 da Unidade 1.

Faremos uma passagem bastante breve por esse assunto ao longo da história. Mas trata-se de um conhecimento que, se for de seu interesse, você poderá aprimorar sozinho, pesquisando na internet ou em livros sobre história da arquitetura. Já para conhecer as últimas tendências nessa área, procure revistas especializadas em construção civil.

Nesse passeio pela história, falaremos de alguns movi-mentos importantes que marcaram época na evolução da humanidade.

Começando pelo passado mais distante, pode-se dizer que quatro estilos se destacaram no campo da construção civil:

1. O estilo clássico, na Antiguidade.

2. O estilo gótico, na Idade Média.

3. O barroco, no Renascimento.

4. O rococó, também no Renascimento.

Esses estilos também estavam presentes nas obras de arte – pinturas e esculturas – dessas épocas, e podem ser reconhecidos em obras de arquitetura mesmo nos dias de hoje.

Vamos observar algumas de suas características e mostrar como estão presentes nas construções atuais, embora não sejam exatamente iguais às do tempo em que foram criadas.

Esse vaivém de estilos tam-bém se observa quando olhamos vestuários, maquia-gens, cortes de cabelo... Eles lembram os estilos que pas-saram, mas não são exata-mente iguais e, por isso, são conhecidos como “releitura” do passado.

74 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

Estilo clássico

A principal característica desse estilo é uma combinação entre grandiosidade – obras, em geral, muito grandes –, simetria, presença de colunas (usualmente arredondadas) e certa simplicidade das formas.

Foi chamado de estilo clássico porque começou a existir na Antiguidade clássica, mais especificamente na Grécia antiga. Mais tarde, serviu de inspiração para a ar-quitetura romana e continuou “ressurgindo” de tempos em tempos, em grandes obras, como por exemplo, na sede do governo dos Estados Unidos – a Casa Branca – e em algumas construções brasileiras. Veja a semelhança de estilos, embora as construções sejam de períodos bem distintos.

Leonardo Da Vinci. Homem Vitruviano, 1490-1492. Lápis e tinta sobre papel, 34 cm x 24 cm, Galeria da Academia (Gallerie dell’accademia), Veneza, Itália.

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Falamos que há simetria quando um objeto é dividido ao meio e dá origem a duas partes que são con-sideradas iguais.

O lado esquerdo e o direito do cor-po humano, quando olhados por fora, nos dão um bom exemplo de simetria. Uma forma geométrica, como um quadrado ou um círculo, também. Mas o mesmo não pode ser dito de todos os tipos de triân-gulo, não é?

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 75

Universidade do Paraná. Curitiba (PR).Templo de Atenas na Acrópole. Grécia.

Museu Paulista da Universidade de São Paulo. São Paulo (SP).

Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos da América.

Casa França-Brasil. Rio de Janeiro (RJ).

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Estilo gótico

Nascido na França, é característico de muitas obras do período medieval ou da Idade Média, principalmente de igrejas. Suas principais características são:

• a presença de abóbadas enormes, apoiadas em pilares ou em conjunto de colunas, que tinham a função de sustentá-las;

• paredes muito grossas, vazias de cores e de detalhes, exceto nas próprias colunas;

• pouca iluminação interna, restrita à luz que passa pelos vitrais.

Catedral Notre-Dame de Paris. França.

Catedral de Notre-Dame de Amiens. França.

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No lado exterior, as igrejas de estilo gótico são mais ricas em detalhes. Sobressaem as esculturas marcadas por uma religiosidade opressiva, com imagens alusivas tanto ao castigo ou inferno como ao céu. A força da Igreja Católica naque-la época e as dificuldades que as pessoas tinham de viver sob governos instáveis, em disputas constantes por territórios, transparecem nas construções.

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Diferentemente do estilo clássico, as obras góticas não foram reproduzidas em pe-ríodos posteriores. O que houve foram obras de inspiração gótica que podem ser vistas em igrejas construídas no final do século XIX (19) e início do século XX (20). Esse estilo foi chamado neogótico.

Há exemplos no Brasil, como a Catedral da Sé em São Paulo (construída entre 1912 e 1954), a Igreja Luterana Alemã Martin Luther, também em São Paulo (1907- -1908), o Santuário do Caraça, no Parque Nacional do Caraça, em Minas Gerais (1876-1883), entre outros.

Catedral da Sé. São Paulo: exterior e interior.

Santuário do Caraça. Minas Gerais: exterior e interior.

Ainda no século XIX (19), o estilo neogótico aparece em algumas igrejas europeias, mas com elementos que fugiam do estilo gótico original, já que mesclava as estru-turas de pedra (originais) com estruturas metálicas.

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Um dos defensores dessa concepção foi o arquiteto francês Eugène-Emmanuel Viollet-le-Duc (1814-1879), que restaurou a igreja Sainte-Chapelle, criando um estilo chamado gótico metálico.

Estilo barroco

O barroco é um movimento que se iniciou na Itália no século XVII (17).

Ele é uma representação, por meio da arte e da arquitetura, de uma época de inten-sas mudanças: a Igreja Católica, que havia perdido força para os movimentos de reforma no século XVI (16), busca recuperar seu poder e se sobrepor à valorização do humano, das ciências e da filosofia, que marcaram o Renascimento.

Trata-se de um período de transição no qual convivem valores opostos: a razão e a fé; o material e o espiritual; o homem e a religião, como elementos centrais da vida. Nas artes, esses contrastes são perceptíveis pela existência do escuro e do claro; das luzes e das sombras.

Igreja Sainte-Chapelle, restaurada por Viollet-le-Duc, estilo gótico metálico, século XIX (19). Paris, França.

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A riqueza de detalhes, o colorido, o brilho do ouro, a presença de grandes volu-mes e a pouca preocupação com a simetria aparecem como as principais marcas do barroco na arquitetura.

O Brasil possui várias obras que representam a arquitetura barroca. Que tal fazer uma pesquisa sobre esse tema?

Michelangelo Merisi da Caravaggio. A Ceia em Emaús, 1606. Óleo sobre tela, 141 cm x 175 cm. Pinacoteca di Brera, Milão, Itália.

Igreja de São Francisco de Assis. Ouro Preto (MG).

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Atividade 1 o barroco no brasil

1. Em trio, identifiquem uma obra do estilo barroco brasileiro e preparem um cartaz com imagens e texto para apresentar à classe.

2. Pesquisem também o que estava acontecendo no Brasil na época em que essa obra foi construída e relatem para a classe. Assim, todos conhecerão um pouco mais sobre a arquitetura e a história do Brasil.

Estilo rococó

O estilo rococó é considerado por muitos estudiosos das artes uma versão exagerada do barroco; ou seja, o barroco levado ao extremo no que se refere à riqueza de deta-lhes, ao uso do dourado etc.

No entanto, embora mantenha algumas características do estilo barroco, o ro-cocó não mantém ligação direta com os temas da religião, nem a arte se restrin-ge aos ambientes sacros (igrejas, mosteiros etc.). O cotidiano das cortes, festas e alegria são característicos das pinturas desse estilo, nas quais também predomi-nam as cores claras.

Palácio Nacional de Queluz. Portugal.

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Sala do Trono no Palácio Nacional de Queluz. Portugal.

Essa passagem pelos estilos arquitetônicos pode parecer um conhecimento desnecessário para o dia a dia da ocu-pação de pedreiro. Porém, não é bem assim.

Conhecer esses diferentes estilos – saber onde e como o olhar dos seres humanos sobre a construção civil foi mudando ao longo do tempo – pode ajudá-lo a desenvolver o gosto pelo que é bonito, ou seja, seu senso estético. Com isso, você poderá aprimorar o acabamento e o aspecto visual do seu trabalho. Po-derá também compreender melhor o estilo e o gosto de um futuro cliente e, até mesmo, propor alternativas de construção que estejam mais de acordo com o que ele desejar.

Esses conhecimentos lhe serão particularmente úteis se você for trabalhar em um escritório de arquitetura, no qual os construtores, além de verem o que funciona e é adequado para uma casa, estarão também preocupados com a inovação, a diferenciação, a criatividade e a beleza do que será construído.

Vamos ver, agora, alguns movimentos e aspectos que caracterizam a arquitetura dos séculos XX (20) e XXI (21), ou seja, a partir de 1901, ano que inicia o século XX (20).

A expressão senso estético já foi utilizada na Unidade 1. Se você tiver dúvida sobre seu significado, volte até lá ou rememore o que foi dito com seus colegas ou o monitor.

Para saber mais sobre o que acontecia no mundo nesse período,

consulte, no site: <http://www.viarapida.sp.gov.br> (acesso em:

14 maio 2012), Caderno do Trabalhador 1 – Conteúdos Gerais.

Veja também o Caderno do Estudante de História (6º ano) do Programa Educação de Jovens e

Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho, do governo do Estado de São Paulo,

disponível em: <http://www.ejamundodotrabalho.sp.gov.br>

(acesso em: 6 jul. 2012).

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Arquitetura moderna: as marcas do século XX (20)

O mundo – nessa época representado, sobretudo, pela Europa e pelos Estados Unidos – entra nesse século “a todo o vapor”, colhendo os frutos da Segunda Re-volução Industrial, que aconteceu na segunda metade do século anterior (a partir de 1860).

Com a descoberta da eletricidade, do uso do petróleo como fonte de energia e de como transformar o ferro em aço, você pode imaginar como a indústria se desenvolveu.

As ciências e as artes caminharam na mesma direção.

Na arquitetura e na construção civil, projetos muito criativos e diferenciados surgiram em vários lugares do mundo e quase ao mesmo tempo. Acompanhando outros movimentos artísticos, a arquitetura moderna inovou em diversos aspectos: nas formas, no uso de materiais, nas cores, na preocupação com a estética e com a sociedade.

Alguns movimentos

Na França, é o arquiteto Le Corbusier (1887-1965) quem melhor representa a ar-quitetura moderna do início do século XX (20). Sua obra tem características muito próprias, apostando na simplicidade e na naturalidade das construções.

Em seus escritos, ele define os cinco principais aspectos que deveriam marcar a nova arquitetura:

1. construção sobre pilotis, ou seja, suspensa, sendo a parte inferior (o térreo) vista como continuidade da área externa;

2. fachadas livres, ou seja, pilares e vigas não ficam aparentes na área externa da casa;

3. interiores livres de estrutura, ou seja, as paredes dividem os ambientes, mas não são elas que dão sustentação à obra;

4. terraço-jardim, com aproveitamento da parte superior das construções para lazer;

5. janelas em fita, isto é, amplas, com grande extensão horizontal, aproveitando a iluminação natural, solar.

Todos esses princípios foram postos em prática em sua obra Villa Savoye, construí-da em Poissy, nos arredores de Paris, em 1928.

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Na Alemanha, um grupo de arquitetos, liderado por Walter Gropius, criou, em 1919, uma escola de arquitetura chamada Bauhaus – palavra que, em tradução livre, significa “casa da construção” (haus, “casa”; bauen, “para construir”).

Eles acreditavam que as construções deviam ser econômicas, usando mate-riais diferenciados, com muito vidro – para aproveitar a iluminação natural –, madeira e estruturas de metal, e ter espaços amplos, com poucas paredes. Também pregavam que devia haver correspondência entre forma e função. Ou seja, deve-se pensar o formato de casas, cômodos, móveis etc., sempre considerando para o que eles serão usados.

Nos Estados Unidos da América (EUA), a arquitetura moderna chegou por intermédio do arquiteto Frank Lloyd Wright, que ficou mundialmen-te conhecido por seus projetos arroja-dos e com intensa integração com a natureza.

Assim como na escola Bauhaus, a integração entre as formas e sua finalidade (fun-ções) é marca registrada de suas obras.

Prédio da Bauhaus. Dessau, Alemanha. Projeto de Walter Gropius, 1925.

Villa Savoye. Poissy, França. Projeto de Le Corbusier, 1928.

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São também características da obra de Lloyd Wright:

• uso de materiais rústicos;

• espaço interior amplo e aberto, o que permite sua ocupação de diversas formas e para diferentes finalidades;

• telhados inclinados;

• fachadas sem detalhes – com uso de concreto aparente e pedras – que parecem ser simples, mas exigem cálculos precisos e sofisticados.

Na cidade de Barcelona, na Espanha, o modernismo se destacou nos projetos dos arquitetos Antoni Gaudí e Lluís Domènech i Montaner.

Gaudí é considerado um mestre da criatividade. Em seus projetos, abusou das curvas e das cores, sempre inspirado por elementos da natureza.

Parque Güell. Barcelona, Espanha. Projeto de Antoni Gaudí, 1900-1914.Casa Batlló. Barcelona, Espanha. Projeto de Antoni Gaudí, 1904-1906.

Robie House. Chicago, EUA. Projeto de Frank Lloyd Wright, 1908. Construída em 1910.

Fallingwater House (Casa da Cascata). Pensilvânia, EUA. Projeto de Frank Lloyd Wright, 1934. Construída em 1936.

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Já Domènech i Montaner se destacou não apenas pela criatividade formal e inova-ção nos materiais construtivos, mas também pela preocupação social que marca sua obra. Na construção do Hospital de la Santa Creu i Sant Pau – entre 1901 e 1930 –, o arquiteto deixa clara sua forma de pensar: acreditava que as pessoas adoecidas poderiam melhorar mais rapidamente se estivessem em um lugar agradável, onde pudessem caminhar livremente, sem se restringir aos espaços da clínica. Por isso, o hospital mantém uma extensa área de jardins.

Atividade 2 o quE há dE comum EntrE os arquitEtos E/ou os

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1. Em grupo de cinco colegas, voltem e releiam as características dos trabalhos dos arquitetos modernistas.

2. Discutam entre vocês: É possível perceber pontos em comum ou semelhanças entre eles? Quais?

Vistas dos pavilhões de internação do Hospital de la Santa Creu i Sant Pau e seus jardins. Barcelona, Espanha.

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3. Exponham os resultados para a classe e registrem as conclusões da turma.

No Brasil

Na década de 1920, o movimento modernista, que está tão presente nas artes e na arquitetura europeia (princi-palmente), alcança também o Brasil.

Escultores, pintores, compositores, poetas, escritores, entre outros artistas, organizaram, em 1922, a Semana de Arte Moderna, durante a qual apresentaram e discu-tiram obras bem diferentes das que haviam marcado as artes no Brasil até essa época.

Na arquitetura brasileira, o modernismo chega influen-ciado por Le Corbusier, por volta da década de 1940.

É marcado pela presença de pilotis, uso de concreto aparen-te nas fachadas e paredes internas, emprego moderado de cores (exceto o branco), e brise-soleil (fala-se “bríze soléi”) – expressão francesa que pode ser traduzida como “quebra- -sol”. Na prática, brise-soleil é uma espécie de chapa que regula a entrada do sol nas residências e, com isso, diminui o calor interno.

Alguns dos principais responsáveis pela introdução do modernismo na arquitetura brasileira foram, entre outros, Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Rino Levi, Vilanova Ar-tigas e Paulo Mendes da Rocha.

Você poderá saber mais sobre a Semana de Arte Moderna,

pesquisando na internet. Esse assunto é tratado no Caderno do Trabalhador 1 - Conteúdos Gerais, disponível no site

<http://www.viarapida.sp.gov.br>. Acesso em: 14 maio 2012.

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Oscar Niemeyer – ainda vivo aos 104 anos, em 2012 – trabalhou diretamente com Le Corbusier em pelo menos dois projetos:

• o projeto do Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro (1936-1947), do qual participaram outros ar-quitetos brasileiros;

• o projeto do edifício-sede da Organização das Nações Unidas (ONU), nos Estados Unidos, construído entre 1949 e 1952.

Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo ho-mem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país. No curso sinuo-so dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein.

Oscar Niemeyer

Disponível em: <http://www.museuoscarniemeyer.

org.br/permanentes.htm>. Acesso em: 14 maio 2012.

Sede da Organização das Nações Unidas. Nova Iorque, EUA.

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Universidade de São Paulo (USP): exterior e interior.

Em São Paulo, o prédio da Faculdade de Arquitetura e Ur-banismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) é mais um exemplar da arquitetura moderna que vale a pena co-nhecer. O projeto, elaborado em 1969, é de Vilanova Artigas (1915-1985) e Luís Inácio de Anhaia Melo (1891-1974).

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Na década de 1950, Niemeyer realizou outros projetos que se tornaram mun-dialmente conhecidos, marcados pela ousadia das formas e pelo uso de curvas. Veja, por exemplo, o Edifício Copan, construído em 1951 em São Paulo, e o projeto de construção da cidade de Brasília, a atual capital do Brasil, inaugura-da em 1960. O projeto urbanístico de Brasília é do engenheiro Lúcio Costa e as construções são de Oscar Niemeyer.

Um aspecto da arquitetura bastante evidente na obra de Oscar Niemeyer é como as construções dos prédios, das casas e as características das cidades influenciam (e, às vezes, determinam) o modo em que se dá a ocupação dos espaços urbanos.

Brasília, por exemplo, foi uma cidade planejada: com quadras iguais, todas com o mesmo número de prédios de apartamento, locais de lazer, de comércio etc. O que aconteceu? A cidade permaneceu dessa forma, “arrumadinha”, parecendo intocada. Mas em seu entorno criou-se uma enorme periferia, construída de maneira desordenada, com casas, prédios, comércio e tudo o mais. Nessas cida-des residem a maior parte da população de trabalhadores de Brasília.

Ponte Juscelino Kubitschek. Lago Paranoá, Brasília (DF). Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida. Brasília (DF).

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Em São Paulo, ao contrário, a ocupação dos espaços foi desorganizada desde seu início. Como em Brasília, a população com menos recursos também foi sendo transferida para a periferia da cidade, morando cada vez mais longe. Algumas pessoas chegam a levar de três a quatro horas para se deslocar de suas moradias para o trabalho, como as que residem no bairro Cidade Tiradentes e trabalham no centro da cidade. Mas há, também em São Paulo, regiões em que a população pobre mora em condições muito precárias, embora ao lado dos que têm muito dinheiro.

Esplanada dos Ministérios. Brasília (DF).

Palácio da Alvorada. Brasília (DF).Congresso Nacional. Brasília (DF).

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O pós-modernismo na arquitetura

Mas a história da arquitetura não parou por aí.

A partir dos anos 1970, novos movimentos surgiram, alterando mais uma vez os padrões de construção que imperaram no modernismo.

Dois movimentos são os que mais se destacam: a arquitetura high-tech (fala-se “raitéc”), ou de alta tecnologia, e a desconstrutivista.

A arquitetura high-tech tem como marca principal o uso de tecnologia avançada nas construções. Ela começou a aparecer nos anos 1970, acompanhando o início do desenvolvimento da informática e das ciências da computação.

Um dos museus da cidade de Paris, na França, é um bom exemplo desse tipo de arquitetura: o Centro Georges Pompidou.

Centro Georges Pompidou. Paris, França. Projeto de Renzo Piano e Richard Rogers, 1977.

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A Casa Dançante. Praga, República Tcheca. Projeto de Vlado Miluni e Frank Gehry, 1996.

UFA Cinema Center. Dresden, Alemanha. Projeto de Coop Himmelb(l)au, 1998.

A arquitetura desconstrutivista trouxe mudanças mais radicais. Estruturas curvas assimétricas; formas distorcidas, não lineares; muito metal e vidro são os principais elementos desse estilo de arquitetura.

Seu desenvolvimento se deu em especial a partir do final dos anos 1980 e, sob o rótulo do desconstrutivismo, diferentes tipos de obra foram feitos. Veja alguns exemplos.

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Museu Guggenheim. Bilbao, Espanha. Projeto de Frank Gehry, 1997.

Atividade 3uma Exposição sobrE a arquitEtura dE sua cidadE

1. Organizados em grupo (podem ser três ou quatro colegas), dividam a classe para visitar regiões ou bairros diferentes da cidade onde moram. Cada grupo ficará responsável por uma região ou bairro.

2. A atividade de vocês será procurar e fotografar (pode ser com câmera digital ou celular) ou desenhar casas, prédios, grandes ou pequenas obras que considerem bonitas, interessantes e/ou que chamem a atenção por seu estilo.

3. Ainda em grupo, usem o laboratório de informática para “baixar” as fotos no computador, escolher as que acharem mais adequadas e imprimi-las.

4. Montem uma exposição com as fotos e os desenhos na sala de aula. Cada grupo explicará à classe por que escolheu aqueles locais para fotografar ou desenhar e expor para a classe.

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Construções sustentáveisVocê já ouviu falar de desenvolvimento sustentável? E de cons-truções sustentáveis?

O desenvolvimento sustentável procura combinar:

Desenvolvimento da economia (crescimento da indústria, do comércio,

da agricultura etc.)

Justiça social (condições dignas de vida para toda a população)

Preocupação ambiental (preservação do meio ambiente)

Construções sustentáveis são aquelas que procuram combinar economia ou não desperdício de material e uso adequado de recursos naturais, sem deixar de lado a preocupação com as necessidades das pessoas que farão uso dos espaços construídos.

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Atividade 1 Em quE casa Eu quEro morar

1. Ouça a canção “Casa no campo”, composta por Zé Rodrix e Tavito, acompa-nhando a letra a seguir.

Casa no campo

Composição: Zé Rodrix e Tavito

Eu quero uma casa no campoOnde eu possa compor muitos rocks ruraisE tenha somente a certezaDos amigos do peito e nada maisEu quero uma casa no campoOnde eu possa ficar no tamanho da pazE tenha somente a certezaDos limites do corpo e nada maisEu quero carneiros e cabras pastando solenesNo meu jardimEu quero o silêncio das línguas cansadasEu quero a esperança de óculosMeu filho de cuca legalEu quero plantar e colher com a mãoA pimenta e o salEu quero uma casa no campoDo tamanho ideal, pau a pique e sapéOnde eu possa plantar meus amigosMeus discos e livrosE nada mais

Warner Chappell Music (Brasil)

2. Escreva um texto inspirado nessa música e pensando nas seguintes questões: “Em que tipo de casa eu quero morar?”; “Em que tipo de mundo eu quero viver?”. Você pode escrever na forma de poesia ou de texto corrido. A escolha é sua.

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3. Se você quiser, leia seu texto para os colegas ou coloque-o no mural da classe, para que todos possam compartilhar seus sonhos e desejos.

Levando em conta a preocupação com o meio ambiente e com o desenvolvimento sustentável, há um conjunto de materiais e técnicas que pode ser utilizado nas construções e que ajuda a compor o que chamamos hoje de construções sustentáveis ou ecologicamente corretas. São aquelas menos nocivas ao meio ambiente, sem que com isso se perca em conforto e segurança.

Vamos ver apenas alguns desses materiais e técnicas, pois você poderá pesquisar outras soluções, conforme estiver trabalhando. Há muitos sites e revistas especiali-zadas com informações a esse respeito. Veja a seguir uma imagem que resume al-gumas dessas soluções em residências.

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Caixa d’água secundária para armazenar a água coletada da chuva, usada nas bacias sanitárias.

Cobertura verde.

Coleta de água da chuva.

Madeira de reflorestamento certificada.

Área externa permeável e vegetada.

Miniestação de tratamento de água.

Espaço para separação de lixo reciclável.

Eletrodomésticos ecológicos.

Cisterna para armazenamento de água da chuva e tratada para regar as plantas.

Móveis ecológicos feitos com materiais naturais renováveis, reutilizados e/ou reciclados.

Piso externo intertravado.

Equipamentos sanitários de baixo consumo.

Lâmpadas de alta eficiência energética.

Captação da luz solar através de placas fotovoltaicas ou coletores solares.

OBS: tratar a calçada com o mesmo cuidado que a própria residência. Arborizá-la e permeabilizar o solo são formas respeitosas de a construção se relacionar com o entorno. Uma construção só é ecológica quando o entorno também é sustentável.

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Materiais “verdes”

Destacamos a seguir alguns dos principais materiais e produtos usados em construções que são considerados com menor impacto ambiental.

Tijolos de adobe

Misturando argila, areia, água e palha ou outro tipo de fibra vegetal, pode-se fazer um tijolo de excelente qualidade.

Os tijolos de adobe possuem, no geral, boa resistência, mas esta é maior nos lugares de clima seco, onde chove pouco, como algumas áreas do agreste.

Além de resistentes, os tijolos de adobe são muito efica-zes para impedir a passagem de som de um ambiente para outro.

Para serem considerados “verdes”, materiais ou produtos devem ser

certificados por entidades específicas e confiáveis. Procure conhecer o

órgão certificador para ter certeza de que o material ou produto é de fato

ecologicamente correto. Uma das instituições de certificação

mais conhecidas é o Conselho de Manejo Florestal (em inglês,

Forest Stewardship Council [FSC]). O “selo verde” desse conselho existe

em mais de 50 países.No Brasil, o FSC é representado pelo

Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (FSC Brasil). Disponível

em: <http://www.fsc.org.br>. Acesso em: 14 maio 2012.

Você sabia?Atualmente, vários cen-tros de pesquisa nas fa-culdades de engenharia das universidades públi-cas brasileiras estão pes-quisando materiais sus-tentáveis e ensinando aos futuros engenheiros e técnicos como se deve trabalhar com eles.

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Solo-cimento

Trata-se de uma mistura de solo, cimento e água. O elemento predominante nessa composição é o solo, que pode ser o da própria obra, desde que este contenha entre 45% e 50% de areia na sua composição. Apenas 5% a 10% do solo-cimento corres-ponde ao cimento.

Depois que a mistura é compactada, o solo-cimento pode ser usado para confecção de paredes inteiras (paredes maciças), fundações e contrapisos. Pode também servir para a fabricação de tijolos e blocos, que serão usados em paredes.

O solo-cimento se destaca por ser durável e resistente, inclusive à ação da água (tem boa impermeabilidade). Além de seu custo ser mais baixo, o uso de menor volume de cimento tende a contribuir para que diminua a extração de recursos naturais das jazidas de calcário e para que menos calor, decorrente dos altos-fornos que produzem cimento, seja liberado na atmosfera.

A utilização de menor volume de areia também é bem-vinda, já que contribui para que menor quantidade dela seja extraída dos portos de areia – isso previne o asso-reamento dos rios.

Tintas produzidas à base de óleos vegetais ou de água

Tintas, vernizes, impermeabilizantes e outros produtos usados em acabamentos são, em geral, feitos por indústrias químicas e podem conter substâncias tóxicas.

Esses produtos, no entanto, também podem ser feitos à base de óleos vegetais – por exemplo, de amendoim, girassol, milho, mamona, soja (entre outros) – ou mesmo de água, em vez de produtos à base de solventes, tornando-se menos poluentes e menos nocivos à saúde.

Reutilização de concreto, tijolos e telhas

Todos esses materiais podem ser reutilizados, ou seja, as sobras de construções ou os produtos de demolições podem ser reaproveitados em outras obras. Além da vantagem de comprar esses materiais a um preço inferior, ao usá-los você evitará desperdícios e seu descarte na natureza.

Madeiras de reflorestamento ou certificadas

Para evitar que haja desmatamento predatório, causado pelo emprego da madeira em construções, é indicada a utilização de madeira de reflorestamento ou madeiras certificadas.

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Madeiras de reflorestamento são aquelas extraídas de florestas não nativas, cujas árvo-res são repostas cada vez que são retiradas. Já as madeiras certificadas são as que têm comprovação de origem e são tiradas de locais onde o corte da madeira é controlado.

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Telhas de materiais reciclados ou extraídos da natureza

Dois tipos de telha, que estão sendo atualmente utilizados em construções, são consi-derados menos prejudiciais ao meio ambiente: as telhas feitas com embalagens longa vida – material das embalagens de “leite de caixinha” – e as telhas produzidas com fibras vegetais prensadas. Nos dois casos, o resultado são telhas bem leves – o que ajuda na hora de montar a estrutura dos telhados –, mas também bastante resistentes.

Tecnologias “verdes”

Como acontece com os materiais, existem tecnologias que podem ser consideradas “verdes”, pois se preocupam com a economia de recursos naturais, principalmente água e energia elétrica.

Vamos ver algumas dessas técnicas.

Telhado ecológico.Telhas de embalagem longa vida.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 99

Para economia de água

1. Instalação de cisternas para aproveitamento (reúso) de água da chuva

Uma importante forma de economizar água é com a instalação de cisternas – de-pósitos, que podem ser confeccionados com diferentes materiais e que são colocados abaixo do nível do terreno, onde recebem e armazenam água da chuva.

As cisternas podem ser construídas ao lado da casa e essa água pode ser utilizada para muitas coisas: molhar plantas, lavar quintal e cozinha, lavar roupas, descargas dos vasos sanitários, entre outros usos. Não devem, porém, ser aproveitadas para ativida-des que requerem água tratada: beber, lavar as mãos, cozinhar, tomar banho etc.

2. Uso de vasos sanitários e pias que economizam água

Já existem no mercado tanto pias como vasos sanitários com dispositivos que eco-nomizam água.

No caso das pias, há modelos de torneiras com sensores que fazem com que a água só comece a sair quando as mãos são colocadas em frente a eles. Há também aque-las que, quando acionadas, soltam apenas um jato de água por vez.

Nos novos modelos de vasos sanitários, o mesmo produto traz dois tipos de descar-ga de água: uma menor (3 litros [ℓ]) e outra maior (6 ℓ); e você pode acioná-las de acordo com a necessidade.

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100 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

Coletor solarBoiler

Caixa d’água da residência

(reservatório térmicode água quente)

(para dias em que o sol não aqueça a água plenamente)

Sistema auxiliar elétrico

Água Quente

Água Fria

Para economia de energia elétrica

Iluminação natural

A preferência pela iluminação natural, sempre que possível, tem sido característica de muitas obras há vários anos: utilização de vidros nas fachadas e telhados, janelas amplas, terraços internos... Tudo isso evita que luzes sejam acesas sem necessidade e ajuda a economizar energia elétrica durante o dia.

Energia solar ou eólica

Também cada vez mais utilizadas são as fontes alternativas de energia, entre elas o aproveitamento da luz do sol e da força dos ventos para aquecer a água dos chuvei-ros, por exemplo. Vamos ver melhor como isso funciona.

No caso da energia solar, o que se faz é a colocação de coletores solares nos telhados. Eles recebem a luz do sol e a armazenam, dirigindo o calor gerado para o interior da casa.

Casa com captação de energia solar.

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Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t ru ç ão Ci v i l 101

Parque eólico de Gargaú. Rio de Janeiro, RJ.

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Em relação ao uso dos ventos, o processo é semelhante. Porém, em vez de coletores solares, o que se utiliza são espécies de cata-ventos, que absorvem a força dos ventos e a dirigem para a casa.

Em ambos os casos (energia solar ou eólica), é importante ter uma bateria ou um gerador alternativo de energia para os dias em que não haja sol ou vento suficiente para suprir as necessidades da casa.

Luzes com sensores de movimento

Luzes que só se acendem quando registram a presença de pessoas ou de movimen-to e se apagam automaticamente também representam economia de energia. Com elas, evita-se que luzes que não precisam estar acesas o tempo todo – como hall de elevador, entradas de garagem etc. – sejam esquecidas e permaneçam longos perí-odos gastando energia desnecessariamente.

102 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

LED: Sigla da expressão em inglês Light Emitting Diode, que significa diodo emissor de luz.

Lâmpadas ecológicas

Embora ainda sejam produtos bastante caros, existem alguns tipos de lâmpada – como as fluorescentes e as de LED – que gastam muito menos energia do que as lâm-padas comuns e costumam durar muito mais. Elas ain-da têm a vantagem de não esquentar muito o ambiente onde estão instaladas, o que em geral acontece com lâm-padas comuns.

Preservação das áreas verdes

Além das técnicas apresentadas, também é muito reco-mendado que áreas verdes sejam preservadas sempre que possível.

Áreas plantadas do terreno (sem concreto ou outros tipos de piso) deixam a construção mais bonita e ajudam no escoamento da água da chuva. A quantidade de chuva excessiva, que o solo não consegue absorver, provoca enchentes, não é mesmo? Áreas verdes diminuem a pro-babilidade de elas acontecerem.

Além disso, a temperatura do local fica mais agradável e a casa, menos abafada.

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Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 103

Telhados verdes são outra opção que combina beleza com preservação do meio ambiente. Uma cobertura desse tipo protege a casa de barulho, de calor e da entrada de poei-ra. Esse tipo de escolha, entretanto, requer cuidados mais constantes com o telhado, como se ele fosse um jardim. É preciso tirar o mato, as folhas mortas e cuidar para que ele não perca a beleza.

Atividade 2 para vivEr Em um mundo mElhor

1. Pense por alguns minutos no lugar em que você mora, no caminho de sua casa até o curso e em outros locais da cidade aos quais você costuma ir. Faça uma lista dos problemas relacionados ao meio ambiente que você encontra todos os dias e que fazem de sua cida-de um lugar pior para viver. Podem ser problemas relacionados à água, ao lixo, ao transporte, à falta de áreas verdes... qualquer coisa.

Se você se interessar por esse assunto, procure saber mais

pesquisando na internet. Existem vários sites que tratam de

construções sustentáveis e alternativas que podem ser usadas

em obras e que são menos agressivas ao meio ambiente.

Edifício comercial com telhado verde. San Bruno, Califórnia, EUA.

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104 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

2. Agora, reflita sobre cada um dos itens que listou e pense o que você pode fazer para melhorar aquela situação.

3. Escolha dois ou três problemas e as soluções em que pensou para apresentar e discutir com a classe.

Áreas de atuação O que eu posso fazer para melhorar

Exemplo: lixo espalhado na pracinha perto de minha casa.

Organizar uma reunião com a vizinhança; discutir a possibilidade de fazer um mutirão

de limpeza em um sábado; pensar em formas de mostrar para as pessoas do bairro como

manter a praça limpa será melhor para todos.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 105

unida d e 11

As atitudes e as relações nos locais de trabalhoAlém dos conhecimentos técnicos – mais específicos da ocupa-ção –, se você retomar a Unidade 2, verá que há um conjunto de conhecimentos listados como necessários na CBO que dizem respeito ao modo de ser e de agir das pessoas em seus locais de trabalho.

Nossa proposta, neste momento, é conhecer quais são essas atitudes e conhecimentos. E, para isso, dividiremos nossa con-versa em duas partes:

• as atitudes que dizem respeito à segurança no trabalho e

• as atitudes que têm a ver com suas relações no local de tra-balho, seja com seus colegas, superiores ou contratantes.

Sobre segurança no trabalho

Quando falamos sobre a organização e o preparo necessários para começar o trabalho em uma obra (Unidade 5), comentamos também sobre a obrigatoriedade de todos que vão exercer a ocupação de pedreiro usar os Equipamentos de Proteção Indi-vidual (EPI). Lembra-se?

Mas não basta ter os EPI que lhe forem entregues pelos cons-trutores ou adquiri-los como formalidade.

É muito importante que você obedeça às normas de segurança, e, para obedecê-las, você deve manter-se atualizado em relação a elas.

Como fazer isso?

Consultando, periodicamente, as normas regulamentadoras (NR) que se encontram no site do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE):

106 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

<http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamen tadoras-1.htm> (acesso em: 14 maio 2012). São mais de 30 normas! E todas são importantes, já que tratam das condições de segurança nos ambientes de trabalho.

Certamente, você não precisa conhecer todas, pois uma parte delas está direcionada para outras ocupações que não têm a ver com a que você vai exercer. Mas existem também aquelas que são essenciais para todos os profis-sionais e, em particular, para aqueles que trabalharam na construção civil.

Vamos ver quais são elas.

a) Norma Regulamentadora no 1: Disposições gerais – trata da obrigatoriedade de as empresas cumprirem todas as normas relacionadas com a segurança e a medicina do trabalho.

b) Norma Regulamentadora no 3: Embargo e Interdição – informa que as Delegacias Regionais do Trabalho (DRT) podem mandar interditar ou embargar (ou seja, mandar fechar) um local de trabalho se conside-rarem que existem riscos para os trabalhadores.

c) Norma Regulamentadora no 6: EPI – explica a impor-tância e regulamenta o uso dos Equipamentos de Proteção Individual.

d) Norma Regulamentadora no 18: Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção – tem por objetivo definir como deve ser a implantação de medidas de controle e de prevenção, para que haja segurança nas condições de trabalho, nos processos e nos ambientes de trabalho na área de construção civil.

A linguagem usada na redação dessas normas nem sem-pre é simples, porque segue o padrão formal. Para faci-litar sua compreensão, no momento em que você iniciar um trabalho e precisar conhecê-las melhor, é necessário que exercite um pouco a leitura.

Caso você vá trabalhar em uma empresa de construção que tenha

mais de 20 funcionários, é importante conhecer também a NR nº 5, que

trata da obrigatoriedade de existência de Comissões Internas de Prevenção

de Acidentes (Cipa).

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 107

Atividade 1 criE familiaridadE com a linguagEm das “nr”

1. Consulte o site do Ministério do Trabalho (disponível em: <http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm>. Acesso em: 14 maio 2012).Leia na NR no 1 os artigos 1.7 e 1.8, que definem o que cabe aos empregadores e empregados. Leia também as responsabilidades dos empregadores e trabalha-dores em relação ao uso dos Equipamentos de Proteção Individual na NR no 6, artigos 6.6 e 6.7.

Faça essa leitura com um dicionário para ajudá-lo, se tiver dificuldades no en-tendimento das palavras.

2. Discuta com os colegas o significado e a importância desses artigos.

3. Mais tarde, em casa, faça a leitura das demais NR. Se tiver dúvidas, traga-as por escrito para discutir com os monitores e os colegas na aula seguinte.

Um pouco mais sobre segurança

O cumprimento das especificações dos fabricantes de produtos (outro saber apon-tado na CBO), além de dar qualidade a seu trabalho, também pode ser visto como fator de segurança.

Atividade 2 por quE cumprir as EspEcificaçõEs dos fabricantEs

contribui com a sEgurança

1. Com o colega ao lado, tentem imaginar por que cumprir as especificações dos fabricantes tem a ver com a segurança. Façam uma lista com a opinião de vocês.

2. As duplas vão apresentar sua opinião e o monitor fará uma lista, na lousa ou no papel, com a síntese das opiniões dos grupos para, em seguida, analisar as res-postas com a classe.

3. Uma listagem final dos motivos surgirá dessa discussão. Anote-a em seu caderno para não esquecer sua importância.

Ainda com relação à segurança, é essencial que você saiba que o trabalho de pedrei-ro em obras grandes – sobretudo edifícios e algumas obras de infraestrutura, como

108 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

viadutos, pontes, metrôs, usinas etc. – pode exigir que você atue em áreas de risco e em grandes alturas. Há pessoas que se sentem mal em tais situações, mas isso não é nenhuma vergonha!

Reflita sobre suas características. Se você é uma pessoa que não gosta de altura e de correr esse tipo de risco, procure locais para trabalhar que não exijam isso de você.

Você pode, por exemplo, optar apenas por construções de residências ou especiali-zar-se como pedreiro de acabamentos internos, aquele que entra nas obras quando as paredes estão prontas e não precisa lidar com as grandes alturas.

Sobre atitudes no ambiente de trabalho

A segurança é uma parte muito importante de seu trabalho, mas não é a única.

Há atitudes, formas de agir e de se relacionar no trabalho, que podem fazer muita diferença no momento em que estiver trabalhando, deixando-o mais autoconfiante, o que se refletirá em sua relação com colegas, empregadores e clientes.

Um grande diferencial, que transparece em todos os trabalhos, qualquer que seja a ocupação, é a preocupação com a qualidade e com o compromisso ou envolvimen-to que você transmite ao executar sua atividade.

Imagine, por exemplo, uma parede na qual não há regularidade na quantidade de argamassa entre os tijolos assentados, ou uma parede na qual o revestimento fica desnivelado em alguns locais da sala, ou uma viga que fica completamente torta...

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Erros, evidentemente, podem acontecer. Ninguém nasce sabendo como fazer as coisas. E, com certeza, quanto maior for a sua experiência em obras, melhor será seu trabalho. Compartilhar suas decisões com colegas e superiores, solicitar auxílio em caso de dúvidas são também maneiras de realizar um bom trabalho e ganhar experiência.

Mas é muito importante que você demonstre cuidado, zelo e comprometimento na hora de executar uma tarefa e busque cumpri-la sempre da melhor forma possível.

Inspire-se no poeta Fernando Pessoa para refletir sobre a qualidade daquilo que faz.

Tratando ainda do aspecto do compromisso, é fundamental em uma obra – na verdade, em qualquer ocupação – que você saiba planejar seu trabalho e programar--se para cumprir os prazos combinados com empregadores e clientes.

Ninguém gosta de saber, sobretudo quando os prazos estão terminando, que um trabalho vai atrasar.

Acontecer contratempos é normal: uma entrega de produto que atrasa parte da obra; uma chuva fora de hora; alguém na família que precisa de sua ajuda e você não pôde estar presente em determinado dia.

No entanto, é muito importante que você comunique a possibilidade de atraso com antecedência e que explique os motivos pelos quais vai atrasar a entrega da obra (ou de parte dela).

Essa explicação não resolverá o problema, mas, com certeza, mostrará sua disposição para solucioná-lo da melhor forma possível e também seu profissionalismo, gerando confiança em seu trabalho.

Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.

PESSOA, Fernando. Poemas de Ricardo Reis. Disponível em: <http://www.dominiopublico.

gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=16549>.

Acesso em: 25 jun. 2012.

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Saber trabalhar em equipe e comunicar-se com colegas, superiores ou clientes, demons-trando respeito e seriedade, são outros dois aspectos que não podem ser ignorados.

Em uma obra de porte médio ou grande, várias pessoas trabalham juntas e, em geral, a atividade de uma depende e interfere na tarefa da outra. Por isso, a coope-ração é fundamental.

Não há quem esteja com vontade de conversar ou brincar o tempo todo. Nem ha-veria sentido alguém exigir que isso acontecesse. O importante é que não se perca, no ambiente de trabalho, o espírito cooperativo, independentemente de quem sejam as pessoas a seu lado.

Referir-se a colegas, clientes e empregadores de modo respeitoso ajuda a preservar o clima de cooperação, além de tornar o ambiente de trabalho mais prazeroso para todos.

Quantas vezes você já ouviu falar de pessoas grosseiras ou teve de conviver com algumas delas, que se sentem superiores às demais? É horrível, não é mesmo?

Pois é. Assim como não queremos conviver com alguém que não nos reconhece nem nos respeita, também não podemos agir desse modo com os demais.

Pessoas são diferentes umas das outras: são diferenças físicas, no modo de pensar e de agir, de idade, de orientação sexual, entre tantas outras.

Além de pequenas regras de civilidade ajudarem a manter o ambiente de trabalho equilibrado, respeitar as diferenças e reconhecer a todos como iguais são questões de cidadania.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 111

unida d e 12

Possibilidades de trabalho e vínculosSaber como exercer uma ocupação nem sempre é suficiente para que as pessoas tenham sucesso em sua vida profissional.

Estudar e ampliar nossos conhecimentos é, sem dúvida, o pri-meiro passo para começarmos uma carreira. Mas, mesmo se adotarmos essas atitudes, às vezes esbarraremos em problemas que não conseguiremos contornar e, com isso, não seguiremos adiante na ocupação que escolhemos.

Você já deve ter ouvido falar de alguém que montou um negó-cio próprio, por exemplo, mas esse negócio não foi para frente; ou de uma pessoa que sabe realizar muito bem alguma ativida-de, mas não consegue um emprego em sua área.

Isso pode acontecer por várias razões: uma crise econômica na-cional ou mundial, uma mudança no processo de produção na área em que estamos procurando trabalho e que ainda não co-nhecemos, uma alteração na forma de organizar um serviço etc.

As relações de trabalho se transformam ao longo do tempo. Por essa razão, o trabalhador – em geral a parte mais fraca nessa relação – precisa se adequar às mudanças para poder manter seu trabalho.

Conhecer o mercado de trabalho pode ser um caminho para que você não seja pego de surpresa na hora de procurar um local para trabalhar. Isso o ajudará a identificar melhor as opor-tunidades que seus novos conhecimentos podem lhe abrir.

É por isso que nesta Unidade falaremos sobre o mercado de trabalho para profissionais de nível básico da área de constru-ção civil.

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Mas lembre-se: como dissemos, o mercado de trabalho é dinâmico, ou seja, muda conforme a economia, a localidade, a ocupação. Portanto, você tem de estar sempre se atualizando. E isso vale para tudo que fazemos.

Um mercado em expansão

Atualmente, a construção civil é um mercado em expansão. A economia do País está crescendo e, com isso, as pessoas estão conseguindo comprar moradias, as construtoras estão fazendo mais prédios e os governos estão investindo mais em obras para a melhoria das cidades.

Isso quer dizer que está mais fácil conseguir trabalhos nessa área. No entanto, não podemos nos esquecer de que também há pessoas de outros setores buscando em-pregos na construção civil. Inclusive as mulheres que, há poucos anos, estavam totalmente ausentes das obras e desse tipo de trabalho.

Se você é mulher, com certeza seu desafio para entrar nessa área é maior. Mas as mulheres já enfrentaram tantas vezes a dificuldade de serem aceitas em uma nova ocupação que não será agora que vão desistir, não é mesmo?

Atividade 1 Expansão na construção civil

E o mErcado dE trabalho

1. Em dupla, leiam a notícia reproduzida a seguir. Ela foi publicada originalmente no jornal O Estado de S. Paulo, em 12 de setembro de 2010, escrita pela jorna-lista Márcia de Chiara.

O artigo é um tanto longo, mas muito interessante. E lendo com o colega ao lado, sua leitura ficará mais fácil.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 113

Construção civil recruta cortador de cana

Falta de mão de obra qualificada leva empresas a contratar ex-corta-

dores de cana e mulheres

12 de setembro de 2010 | 0h00

Márcia De Chiara – O Estado de S. Paulo

O nível de emprego na construção civil é recorde e as construtoras já

começam a contratar mulheres e trabalhadores egressos do corte da

cana-de-açúcar para atenuar o déficit de mão de obra no setor.

A falta de pedreiros, carpinteiros, pintores e azulejistas nos canteiros de

obras, por exemplo, pode chegar a 80 mil trabalhadores neste ano em todo

o País, nas contas do diretor de Economia do Sindicato da Indústria da

Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Eduardo Zaidan.

Em julho, 2,771 milhões de trabalhadores com carteira assinada esta-

vam empregados na construção civil, marca jamais atingida, revela o

estudo do Sinduscon-SP, feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)

com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempre-

gados (Caged). Além do recorde em números absolutos de trabalha-

dores, as taxas de crescimento no emprego neste ano até julho e em

12 meses são robustas, de 12,79% e 16,67%, respectivamente.

Zaidan diz que o ritmo de crescimento do emprego em 12 meses até

julho do setor imobiliário (18,04%) supera o de infraestrutura (12,05%)

em igual período. “Um forte indicador de que a construção civil vai

continuar aquecida por um bom tempo é que a demanda por mão de

obra para serviços de preparação de terrenos cresceu 10,6% nos últimos

12 meses até julho.” Mas um dos obstáculos à sustentação desse ritmo

de crescimento é exatamente a escassez de trabalhadores, que come-

çou a ser removido por várias empresas.

A construtora Copema de Ribeirão Preto, polo produtor de cana-de-

-açúcar do interior do Estado de São Paulo, por exemplo, tem

ex-cortadores de cana em seus canteiros de obras. Segundo Marcelo

Henrique Dinamarco, encarregado do departamento de Recursos

114 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

Humanos da empresa, entre 60% e 65% dos trabalhadores que exer-

cem funções em suas obras e foram contratados por empreiteiras

vieram do corte da cana-de-açúcar.

Além da mão de obra fornecida por empreiteiras, os ex-cortadores de

cana representam cerca de 25% dos trabalhadores contratados dire-

tamente pela construtora. “Se nós não tivéssemos essa oferta de

ex-cortadores de cana, o déficit de mão de obra na construção seria

maior”, calcula o encarregado.

O quadro é semelhante na construtora Pereira Alvim, também de

Ribeirão Preto. Francisco Galli, técnico de segurança do trabalho da

empresa, conta que 10% dos trabalhadores contratados pelas emprei-

teiras que prestam serviço à construtora são egressos do corte da

cana. “Muitas usinas já mecanizaram o corte da cana e esse contin-

gente fica sem trabalho”, observa Galli.

Dinamarco, da Copema, diz que é possível traçar o perfil desses tra-

balhadores. “Pelos dados da carteira de trabalho, eles vieram do Nor-

deste para cortar cana nos arredores de Ribeirão Preto. Com a cres-

cente mecanização do corte da cana, eles não voltam para os Estados

de origem e vão para as cidades maiores a fim de trabalhar na cons-

trução civil.” Galli, da construtora Pereira Alvim, observa que 80%

desse contingente é analfabeto. Geralmente eles começam como

servente de pedreiro, função que não requer qualificação.

José Batista Ferreira, diretor do Sinduscon de Ribeirão Preto, que

engloba mais 92 municípios, conta que já foram iniciadas conversas

entre a entidade e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

(Senai) para qualificar os ex-cortadores de cana ainda neste ano. Nas

suas contas, serão treinados cerca de mil trabalhadores nos próximos

anos para cobrir parte do déficit de mão de obra na construção civil

na região, que é de 2 mil pessoas.

Mulheres. Outra saída encontrada pelas construtoras para atenuar a

falta de mão de obra tem sido a contratação de mulheres. Na cons-

trutora Marcondes César, de São José dos Campos (SP), elas já repre-

sentam 5% do quadro de funcionários, conta o diretor técnico da

companhia, José Antonio Marcondes César.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 115

Segundo o executivo, as mulheres desempenham funções de azule-

jistas, eletricistas, motoristas e encanadoras, entre outras. “Estamos

usando a mão de obra feminina para serviços de acabamento mais

fino”, diz César. A intenção do executivo é que as mulheres represen-

tem entre 10% e 12% do quadro de funcionários no próximo ano.

Para isso, César diz que pretende substituir os empregados homens

por mulheres em várias funções. Ele ressalta que as mulheres são mais

fiéis à empresa e mais estáveis, qualidades consideradas pelo execu-

tivo positivas, especialmente no momento atual de falta de mão de

obra. “Por qualquer quantia a mais os homens trocam de emprego e

as mulheres não”, afirma.

José Roberto Alves, diretor do Sinduscon de São José dos Campos,

que abrange a cidade e 40 municípios, confirma a presença crescente

de mulheres nos canteiros de obras da região. “Mas é difícil quebrar

o paradigma de que o emprego na construção é masculino.”

No último curso de qualificação para operários da construção civil

realizado no primeiro semestre deste ano pela entidade, havia seis

mulheres entre 50 inscritos, isto é, um pouco mais de 10%. A porta de

entrada para as mulheres no canteiro de obras, diz ele, é tarefa de

limpeza, que não exige qualificação nem grande esforço físico.

DE CHIARA, Márcia. Construção civil recruta cortador de cana. O Estado de S. Paulo, 12 set. 2010. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/

impresso,construcao-civil-recruta-cortador-de-cana,608643,0.htm>.

Acesso em: 23 maio 2012.

2. Agora respondam:

a) O que está acontecendo com os empregos na área da construção civil?

116 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

b) Quem são as pessoas que estão sendo contratadas para a construção civil? De que setores elas estão saindo?

c) O que está acontecendo com as mulheres?

d) O que os cortadores de cana e as mulheres pensam dessa expansão dos empregos? E os empregadores, o que pensam?

3. Depois de responder a essas questões, registre sua opinião sobre o texto.

4. Compartilhe suas conclusões com a classe.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 117

Onde trabalhar como pedreiro

Como pedreiro, você tem as seguintes opções para atuar no mercado:

• trabalhar como empregado assalariado para construtoras particulares (empresas privadas), que constroem prédios ou grandes obras públicas;

• trabalhar como empregado assalariado para pequenas construtoras e/ou escritórios de engenharia ou arquitetura;

• trabalhar por conta própria – de forma autônoma –, fazendo pequenas construções ou reformas; tocando sua ocupação sozinho ou em parceria com algum amigo ou colega.

Lembre-se de que, nesse último caso, o início da ocupação pode ser mais difícil, pois você precisará arrumar clientes e comprar todas as ferramentas básicas neces-sárias para começar a exercer sua ocupação.

Empregado assalariado

O empregado assalariado é aquele que atua em construtoras ou escritórios, contra-tado por outra pessoa. Em geral, quando pensamos em trabalho assalariado, nos vêm à mente carteira de trabalho registrada, direitos garantidos e benefícios, como vale-transporte e vale-refeição.

Você, possivelmente, já deve ter passado por uma experiência de trabalho assalaria-do. Por isso, pode ter uma opinião sobre as vantagens e, também, em relação a al-gumas dificuldades que se têm de enfrentar quando se trabalha para os outros.

As principais vantagens desse tipo de trabalho (independentemente do lugar) são o salário pago no final do mês e o vínculo empregatício assegurado pelo Estado. Se o profissional tiver registro em sua carteira de trabalho, ele gozará de direitos sociais como férias, 13o salário, descanso semanal remunerado e licença-maternidade ou paternidade, entre outros benefícios garantidos pela Constituição Federal e pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como o benefício da Previdência Social, que o amparará se tiver de se afastar por acidentes e na aposentadoria.

O empregador e o empregado, nesse caso, devem recolher a contribuição previden-ciária – feita ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ela garante ao empre-gado o direito a receber um auxílio em situação de doença ou de acidente de traba-lho, entre outros problemas, além de lhe assegurar a aposentadoria, que é de fato a “devolução” do imposto recolhido durante a vida de trabalho.

Em geral, a pessoa tem um salário fixo que consta da carteira de trabalho.

118 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de São Paulo, o piso de 1 080,60 reais para pedreiros passou por uma elevação de 7,47% em 2012, chegando a 1 168,20 reais. (Disponível em: <http://www.sintraconsp.org.br/NoticiasZoom.asp?RecId=3491&RowId=a30d0000>. Acesso em: 2 jul. 2012.)

Outro aspecto positivo do trabalho assalariado em construtoras e escritórios é poder atuar com outros profissionais de sua área. E essa convivência proporciona uma troca de experiências muito rica para todos. Ou seja, novas possibilidades de qua-lificação são abertas.

Os profissionais que trabalham no mesmo local podem e devem se ajudar. A soli-dariedade e o esforço em equipe tornam a atividade mais prazerosa e os resultados, melhores.

Atividade 2pEnsE sobrE o trabalho assalariado

1. Com base no que você leu até agora, reflita por alguns minutos sobre as carac-terísticas do trabalho assalariado e como é ter um emprego em uma grande e em uma pequena construtora. Verifique o que lhe parece mais interessante e anote suas reflexões.

2. Troque suas impressões com colegas, de modo a perceber outros aspectos de trabalhar nesses lugares que ainda não lhe haviam ocorrido.

Antes de seguir adiante, lembre-se: a forma ideal de trabalho é sempre aquela que garante os direitos do profissional. Entretanto, no Brasil atual, boa parte do traba-lho contratado não assegura os direitos trabalhistas a todos. A universalização dos direitos dos trabalhadores é uma tarefa que exige o empenho de toda a sociedade, não apenas de políticos e empresários, mas também dos trabalhadores, que, ao se unirem em sindicatos e outras associações, podem lutar por seus direitos.

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Por outro lado, há pessoas que preferem trabalhar sozinhas, de maneira autônoma e com mais liberdade de organizar a vida pessoal. Pense no que será melhor em seu caso.

Trabalho por conta própria ou autônomo

Se você considerar que tem mais vontade de trabalhar por conta própria, fazendo pequenas construções e reformas, do que como empregado assalariado, lembre-se: esse caminho exige maior organização e planejamento.

Para isso, você precisa planejar como começar, ou seja, identificar como e onde obter financiamento para comprar seus materiais de pedreiro, como vai divulgar seu trabalho e arrumar seus primeiros clientes.

Lembre-se também de refletir sobre suas características pessoais e tente responder à seguinte pergunta: Eu tenho disposição para comprar materiais, planejar meu trabalho, controlar meus ganhos e minhas despesas? Essas são questões fundamen-tais para você decidir trabalhar como autônomo.

Atividade 3 atuar como autônomo

1. Imagine-se trabalhando como autônomo.Procure lembrar-se de suas características pessoais e registre, na coluna da esquerda, aquelas que podem ajudá-lo nesse processo. Na outra coluna, liste as características que podem atrapalhá-lo.

Podem ajudar Podem atrapalhar

Sou muito organizado e cumpro os prazos com os quais me comprometo.

Não sei como cobrar adequadamente por meu trabalho.

2. Apresente suas reflexões para a turma.

120 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

Como fazer uma planilha de custos

Apenas saber se você tem ou não o perfil para trabalhar como autônomo, provavel-mente, não basta para decidir o que fará adiante.

Já fazer uma planilha de custos servirá para você prever tudo o que vai gastar para iniciar na ocupação e ver se isso é possível nesse momento de sua vida.

No laboratório de informática, use um programa de planilha eletrônica para elabo-rar uma planilha e calcular esses gastos. Se você não tiver muita familiaridade com o computador, forme dupla com alguém um pouco mais experiente. O monitor também pode ajudá-lo.

Nessa planilha, você vai anotar todas as ferramentas que precisará comprar de imediato. Para isso, consulte a Unidade 3. A seguir, escreva ao lado de cada item quanto vai gastar para comprá-lo pela primeira vez.

Você usará essa planilha para saber se será necessário ou não pedir financiamento a fim de abrir seu negócio.

Além do material que você já tem descrito, é importante incluir nessa planilha os custos de se tornar um Microempreendedor Individual (MEI), que é uma forma de você garantir alguns direitos, como o de aposentadoria, mesmo sem ser empregado.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 121

Finalmente, insira também na planilha os custos que você terá para divulgar seu trabalho e os custos de trans-porte para deslocar-se até os locais das obras que vai levar adiante.

1. Existe um órgão da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho

(Sert) que concede financiamento a juros baixos para pessoas que

estejam iniciando uma ocupação. Trata-se do Banco do Povo Paulista,

presente em muitos municípios paulistas. Consulte o site: <http://

www.bancodopovo.sp.gov.br/> (acesso em: 14 maio 2012) para saber

as condições de financiamento e os documentos necessários para

obter o empréstimo.2. Identifique com amigos, vizinhos e parentes aqueles que podem ajudá-lo a divulgar seu trabalho. Veja se vale a pena pedir auxílio da associação de moradores de seu bairro ou colocar um anúncio em lugares que várias

pessoas da região frequentem, como escolas, organizações não

governamentais etc. ou, ainda, oferecer seus serviços por meio de

algum blog ou rede social na internet.

Microempreendedor Individual (MEI)

Atualmente, existe uma legislação que facilita a abertura de empresas para quem tem pequenos negócios, cujo faturamento seja menor do que R$ 60 mil por ano.

Ser um microempreendedor individual pode ajudá-lo na hora de conseguir acesso a um empréstimo bancário. Você também ficará habilitado a se inscrever no INSS como contribuinte individual. Isso lhe garantirá não só a possibilidade de obter futuramente sua apo-sentadoria, como lhe dará direito a outros benefícios, como o auxílio--doença.

Para se tornar um microempreendedor individual, é preciso ir a uma junta comercial e abrir uma empresa. Não é nada complicado.

Você pode ter mais informações no site: <http://www.portaldoempre endedor.gov.br/modulos/inicio/index.htm>. Acesso em: 23 maio 2012.

122 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 123

unida d e 13

Novos conhecimentos e currículoCom esta Unidade chegamos ao fim deste curso.

É importante, neste momento, que você esteja bem certo do que aprendeu e de quais são seus conhecimentos agora. Você também tem de se preparar para se colocar no mercado de trabalho: seja como empregado assalariado ou como profissional autônomo.

Vamos começar retomando seus conhecimentos.

Atividade 1 vEja dE novo o quE diz a cbo

1. A primeira atividade será retomar o quadro que você prepa-rou na Unidade 2, no qual estão os conhecimentos necessá-rios para ser um pedreiro, de acordo com a CBO.Você vai preencher o quadro novamente e, depois, compará--lo com aquele que elaborou no início do curso. Assim, será possível ver se alguma coisa mudou.

Organizar o trabalho O que sei fazer O que sei fazer

mais ou menos O que não sei fazer

Interpretar ordens de serviço

Especificar materiais a serem utilizados na obra

Calcular os materiais a serem utilizados na obra

Fazer orçamento de serviços

124 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

Preparar o local de trabalho O que sei fazer O que sei fazer

mais ou menos O que não sei fazer

Providenciar a liberação do local de trabalho

Selecionar ferramentas e equipamentos

Selecionar os equipamentos de segurança

Providenciar local para depósito de materiais e ferramentas

Disponibilizar materiais para a obra

Construir fundações O que sei fazer O que sei fazer

mais ou menos O que não sei fazer

Construir o gabarito para a locação da obra

Marcar a obra a ser realizada

Abrir cavas (buracos) para colocação de sapatas

Providenciar as fôrmas para as fundações

Preparar o concreto

Aplicar ou lançar o concreto nas fundações

Confeccionar o arranque do pilar e a cinta de fundação

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 125

Construir estruturas de

alvenariaO que sei fazer O que sei fazer

mais ou menos O que não sei fazer

Esquadrejar as alvenarias

Preparar a argamassa para o assentamento

Aprumar as alvenarias

Alinhar as alvenarias

Assentar tijolos, blocos e elementos vazados

Concretar pilares e pilaretes

Assentar vergas nos vãos

Chumbar tacos e tarugos para fixação de aduelas

Aplicar concreto nas cintas de amarração sobre as alvenarias

Montar lajes pré- -moldadas

Concretar lajes

Apertar alvenarias

126 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

Aplicar revestimentos e

contrapisosO que sei fazer O que sei fazer

mais ou menos O que não sei fazer

Aplicar chapisco em tetos e paredes

Preparar argamassa para revestimento

Marcar pontos de nível e pontos de massa

Aplicar emboço para regularizar a superfície

Assentar acabamentos (soleiras, peitoris etc.) em portas e janelas

Preparar argamassa (farofa) para contrapiso

Assentar os pré- -moldados

Aspectos relacionados às

atitudes no âmbito pessoal e no ambiente de

trabalho

O que sei fazer O que sei fazer mais ou menos O que não sei fazer

Coordenar trabalhos com outros membros da equipe

Trabalhar em áreas de risco

Trabalhar em grandes alturas

Obedecer a normas de segurança

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 127

Aspectos relacionados às

atitudes no âmbito pessoal e no ambiente de

trabalho

O que sei fazer O que sei fazer mais ou menos O que não sei fazer

Zelar pela qualidade do trabalho

Manter-se atualizado quanto às normas técnicas e de segurança

Preocupar-se com a produtividade

Comunicar-se com os clientes, superiores e colegas de trabalho

Cuidar do material de trabalho

Cumprir especificações dos fabricantes

2. Comparando os dois quadros, a que conclusão você chega? Você está mais pre-parado para ser um pedreiro?

128 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

O importante é não ficar parado

Analisando esse quadro, é possível que você note que ainda há conhecimentos e práticas que precisam ser aprimorados ou aprendidos.

Isso é normal e o fato não deve desanimá-lo. Parte dos conhecimentos sobre a ocupação você aprenderá na prática, com a experiência. Outra parte você vai ad-quirir se informando das mais diversas formas.

Para isso, sugerimos que você siga dois caminhos.

Caminho 1 – Ampliando seus conhecimentos

Este caminho tem como ponto de partida aquilo que você relacionou nas duas últimas colunas do quadro preenchido na Atividade 1: “O que sei fazer mais ou menos” e “O que não sei fazer”.

Após analisar esses dados, planeje o que fará para dar sequência a seu aprendizado ou como ampliará seus conhecimentos como pedreiro.

• Voltando a estudar.

• Procurando um novo curso nessa área.

• Lendo revistas ou livros especializados.

• Pesquisando informações sobre diferentes técnicas na internet.

Só você poderá escolher o que fazer. Não há uma regra sobre o que é certo ou erra-do nessa hora.

Para não perder o ânimo, o importante é não deixar o tempo passar e se programar para a realização das atividades escolhidas de modo organizado.

O planejamento é um instrumento que deve ser revisto de tempos em tempos para não se tornar ultrapassado.

Ações e prazos podem, e devem, ser sempre atualizados.

Não adianta prever muitas ações difíceis de ser executadas. A chance de você desa-nimar nesse caso é muito grande.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 129

Atividade 2 planEjE sEus próximos passos

Para fazer seu planejamento, utilize o quadro a seguir.

O que fazer? Por quê? Como? Quando?

Caminho 2 – Sua preparação para o mercado de trabalho

Se você escolheu trabalhar por conta própria, programe-se para comprar seu mate-rial e divulgar seus conhecimentos, de modo a conquistar os primeiros clientes.

Caso tenha optado por procurar trabalho, é importante deixar seus documentos em ordem e fazer seu currículo.

A primeira coisa a providenciar é a organização de seus conhecimentos e práticas, para comprovar tudo o que você já fez.

Esses comprovantes, assim como uma cópia de seus documentos pessoais, devem ser colocados, de forma organizada, em uma pasta. Ela vai servir para sua apresen-tação nos locais em que você vai procurar emprego.

Esse tipo de pasta é conhecido como portfólio e deve conter cópias dos seguintes documentos:

• comprovação de sua escolaridade formal – diplomas;

• certificados de cursos que você fez – incluindo este;

• comprovação de suas experiências de trabalho, que podem ser registros informais, declarações, fotos etc.;

• cartas de recomendação;

• documentos pessoais.

130 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

Além do portfólio, você precisa fazer um currículo. Nele você vai elaborar um resumo de tudo o que já fez, de tudo o que sabe e o que pretende fazer.

Antigamente, os currículos eram grandes e todas as in-formações constantes neles eram muito detalhadas. Al-gumas pessoas até inventavam dados para tornar o cur-rículo mais interessante.

Hoje, os currículos são curtos e objetivos. Vão direto ao assunto e, de preferência, ressaltam os conhecimentos e as práticas relacionados à ocupação ou ao cargo que a pessoa pretende.

Para tornar sua apresentação mais adequada, os dados que sempre devem constar de um currículo são:

a) nome;

b) dados pessoais – inclua apenas seu endereço comple-to. Não precisa colocar data de nascimento, idade nem estado civil. Essas informações só devem aparecer se forem importantes para o cargo ou a função que você tem intenção de ocupar;

c) objetivo, ou seja, a vaga em que você está interessado;

d) seus conhecimentos e práticas mais adequados ao tra-balho pretendido;

e) histórico profissional, isto é, os trabalhos que já teve. Se você não teve emprego formal, escreva: “Princi-pais experiências”. Siga a ordem cronológica inver-sa: comece pelo mais atual e siga em ordem até o mais antigo;

f) escolaridade e cursos, lembrando que, neste item, vale qualquer curso que você tenha frequentado – de idio-mas, computação, oficinas de qualificação profissional relacionadas a suas áreas de interesse etc.;

g) trabalhos voluntários, passatempos e áreas de interesse;

Você sabia?A palavra “currículo” vem do latim, língua que deu origem ao português e outros idiomas, como o espanhol, o francês e o italiano. A expressão cur-riculum vitae, traduzida do latim, quer dizer “car-reira de vida”.

Em português, o certo é usar o termo currículo, em vez de curriculum ou curriculum vitae.

No site <http://www.via rapida.sp.gov.br>, Cader-no do Trabalhador 1 – Conteúdos Gerais, esse assunto é abordado mais a fundo.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 131

h) data (o dia da elaboração do currículo);

i) assinatura.

Atividade 3 como fazEr um currículo

1. Com base nas informações relacionadas anteriormente, elabore uma primeira versão de seu currículo, escrevendo os dados principais.

2. Troque ideias com os colegas e com o monitor do curso, verificando se há algu-ma mudança a fazer.

132 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l Pedreiro 2

3. Agora, no laboratório de informática, digite e forma-te seu currículo no computador, deixando-o bem apresentável para que seja enviado a possíveis empre-gadores.

Última etapa

A última etapa a enfrentar é a entrevista ou a seleção para o emprego que você pretende.

Se você procurar uma construtora ou um escritório de arquitetura ou engenharia, é provável que haja uma en-trevista, na qual deverá relatar sua vida e sua experiência profissional.

Lembre-se de algumas regras que poderão ajudá-lo.

• Informe-se antes sobre o local: onde é, como está or-ganizado, quantas pessoas trabalham nele etc.

• Chegue sempre um pouco antes da hora marcada, cerca de 15 minutos.

• Leve seu portfólio e seu currículo.

• Desligue seu celular e jogue fora balas ou gomas de mascar.

• Mantenha-se calmo.

• Exponha com clareza seus conhecimentos e práticas, tanto sobre ser pedreiro como em relação a suas atitu-des e jeito de ser.

• Mostre-se confiante a respeito do que sabe, mas não queira parecer mais do que é. Seja honesto em dizer que não sabe sobre algo que lhe seja perguntado.

• Seja simpático, mas não fale mais do que o necessário.

• Evite intimidades. Cumprimente o entrevistador com um aperto de mão apenas.

Boa sorte!

Há ocasiões em que as coisas não dão certo na primeira tentativa.

Nesse caso, não desanime. Mantenha a confiança e procure outras

oportunidades.

Pedreiro 2 Arco Ocupacional Co n s t r u ç ã o Ci v i l 133

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