Pela transparência na supply chain

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14 Maio/Junho de 2012 STORE MAGAZINE Preços e margens Pela transparência na supply chain Contribuir para uma melhor informação económica dos actores do sector da distribuição é um dos objectivos do Observatório dos Preços e das Margens dos Produtos Alimentares, criado em França, em 2010 Foi em 2008 que o primeiro orga- nismo encarregado de analisar a formação de preços e margens em França deu os primeiros pas- sos, na altura ainda uma estrutura informal apenas com responsa- bilidade perante as autoridades administrativas envolvidas, isto é, os ministérios da Agricultura e da Economia. Dois anos depois esta estrutura evoluía para um obser- vatório formal, criado no âmbito da Lei da Modernização da Agricultu- ra e Pescas. E porquê a necessidade de um ob- servatório dedicado em exclusivo à formação dos preços e das mar- gens: uma maior transparência. A justificação é do próprio executi - vo gaulês da época: “O governo decidiu mobilizar todos os meios à sua disposição a fim de forne- cer a maior transparência sobre a evolução dos preços dos produtos de grande consumo vendidos na grande distribuição, dos produtos petrolíferos e dos produtos do sec- tor agrícola”. E é de transparência precisamen- te, mas também de confiança, que fala no seu primeiro relatório ao parlamento francês o presidente do observatório, Philippe Chalmin, professor de História Económica na Universidade de Paris-Dauphi- ne. Um estudioso dos mercados mas independente face ao que está em jogo. “Há poucos países [como a França] em que as relações entre fornece- dores e clientes sejam motivo para tantas tensões, tantas dissensões a propósito dos preços, mas tam- bém das condições e dos prazos de pagamento (…) A cadeia que vai do produtor agrícola ao con- sumidor de produtos alimentares tem uma dimensão simbólica que ultrapassa largamente as questões económicas (…) A transmissão do preço ao longo da cadeia de valor dá lugar, entre agricultores, indus- triais e distribuidores, a um jogo cuja complexidade inquieta o con- sumidor”, considera. E isto num país que dispõe de ferramentas estatísticas particular- mente pertinentes. O problema – sublinha – é que são objecto de in- terpretações múltiplas e contradi- tórias que tornam difícil a avaliação racional das margens nas diferen- tes fases das fileiras. Foram estas carências e estas dificuldades que levaram o legislador a criar um ob- servatório da formação dos preços e das margens específico para o mundo agrícola e alimentar. Como o nome indica, trata-se de um lu- gar de observação e de discussão entre todas as partes interessadas, com vista à elaboração de relató- rios transparentes e, a partir daí, ao estabelecimento de relações de confiança entre os agentes. Em nome da transparência são di- vulgados mensalmente relatórios que dão conta da formação dos preços e das margens nas diversas fileiras – frutas e legumes, produ- tos lácteos, carne bovina, porco fresco, porco fumado, aves. Para que serve o Observatório? EM FRANÇA Explicar por que existem diferenças de preços Melhor informação económica Maior transparência

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14 Maio/Junho de 2012 STORE MAGAZINE

Preços e margens

Pela transparência na supply chain

Contribuir para uma melhor informação económica dos actores do sector da distribuição é um dos objectivos do Observatório dos Preços e das Margens dos Produtos Alimentares, criado em França, em 2010

Foi em 2008 que o primeiro orga-nismo encarregado de analisar a formação de preços e margens em França deu os primeiros pas-sos, na altura ainda uma estrutura informal apenas com responsa-bilidade perante as autoridades administrativas envolvidas, isto é, os ministérios da Agricultura e da Economia. Dois anos depois esta estrutura evoluía para um obser-vatório formal, criado no âmbito da Lei da Modernização da Agricultu-ra e Pescas. E porquê a necessidade de um ob-servatório dedicado em exclusivo à formação dos preços e das mar-gens: uma maior transparência. A justificação é do próprio executi-vo gaulês da época: “O governo decidiu mobilizar todos os meios à sua disposição a fim de forne-cer a maior transparência sobre a evolução dos preços dos produtos de grande consumo vendidos na grande distribuição, dos produtos

petrolíferos e dos produtos do sec-tor agrícola”.E é de transparência precisamen-te, mas também de confiança, que fala no seu primeiro relatório ao parlamento francês o presidente do observatório, Philippe Chalmin, professor de História Económica na Universidade de Paris-Dauphi-ne. Um estudioso dos mercados mas independente face ao que está em jogo.“Há poucos países [como a França] em que as relações entre fornece-dores e clientes sejam motivo para tantas tensões, tantas dissensões a propósito dos preços, mas tam-bém das condições e dos prazos de pagamento (…) A cadeia que vai do produtor agrícola ao con-sumidor de produtos alimentares tem uma dimensão simbólica que ultrapassa largamente as questões económicas (…) A transmissão do preço ao longo da cadeia de valor dá lugar, entre agricultores, indus-

triais e distribuidores, a um jogo cuja complexidade inquieta o con-sumidor”, considera.E isto num país que dispõe de ferramentas estatísticas particular-mente pertinentes. O problema – sublinha – é que são objecto de in-terpretações múltiplas e contradi-tórias que tornam difícil a avaliação racional das margens nas diferen-tes fases das fileiras. Foram estas carências e estas dificuldades que levaram o legislador a criar um ob-servatório da formação dos preços e das margens específico para o

mundo agrícola e alimentar. Como o nome indica, trata-se de um lu-gar de observação e de discussão entre todas as partes interessadas, com vista à elaboração de relató-rios transparentes e, a partir daí, ao estabelecimento de relações de confiança entre os agentes.Em nome da transparência são di-vulgados mensalmente relatórios que dão conta da formação dos preços e das margens nas diversas fileiras – frutas e legumes, produ-tos lácteos, carne bovina, porco fresco, porco fumado, aves.

Para que serve o Observatório?

eM FRança

• Explicar por que existem diferenças de preços• Melhor informação económica• Maior transparência