Percepção da Qualidade do Serviço Após a Fusão de Empresas...

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO Percepção da Qualidade do Serviço Após a Fusão de Empresas Concorrentes no Mercado de Químicos para Óleo e GásFelipe Bernardes Duarte Silva ORIENTADOR: Prof. Dr. Eduardo Espíndola Halpern Rio de Janeiro, 17 de Dezembro de 2014.

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

“Percepção da Qualidade do Serviço Após a Fusão de Empresas Concorrentes no Mercado de Químicos para Óleo e Gás”

Felipe Bernardes Duarte Silva

ORIENTADOR: Prof. Dr. Eduardo Espíndola Halpern

Rio de Janeiro, 17 de Dezembro de 2014.

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“PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DO SERVIÇO APÓS A FUSÃO DE EMPRESAS

CONCORRENTES NO MERCADO DE QUÍMICOS PARA ÓLEO E GÁS”

FELIPE BERNARDES DUARTE SILVA

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissional em Administração

como requisito parcial para obtenção do

Grau de Mestre em Administração.

Área de Concentração: Marketing de

Serviços

ORIENTADOR: PROF. DR. EDUARDO ESPÍNDOLA HALPERN

Rio de Janeiro, 17 de dezembro de 2014.

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“PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DO SERVIÇO APÓS A FUSÃO DE EMPRESAS

CONCORRENTES NO MERCADO DE QUÍMICOS PARA ÓLEO E GÁS”

FELIPE BERNARDES DUARTE SILVA

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissional em Administração

como requisito parcial para obtenção do

Grau de Mestre em Administração.

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

PROF. DR. EDUARDO ESPINDOLA HALPERN (Orientador)

Instituição: Ibmec/RJ

_____________________________________________________

PROF. DR. MARCO AURÉLIO DE SÁ RIBEIRO

Instituição: Ibmec/RJ

_____________________________________________________

Prof. Dr. Paulo Vicente Dos Santos Alves

Instituição: Fundação Dom Cabral

Rio de Janeiro, 17 de dezembro de 2014.

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S586

Silva, Felipe Bernardes Duarte.

Percepção da qualidade do serviço após a fusão de empresas

concorrentes no mercado de químicos para óleo e gás / Felipe

Bernardes Duarte Silva. - Rio de Janeiro: [s.n.], 2014.

113 f.

Monografia de Graduação em Administração

Orientador (a): Prof.º. Dr. Eduardo Espíndola Halpern.

1. Qualidade de serviço. 2.Marketing de serviço. 3. Fusões e

aquisições. 4. Produtos químicos. 5. Óleo e Gás. I. Título.

CDD 658.812

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DEDICATÓRIA

A minha família que sempre acreditou e torceu por mim,

por vezes abrindo mão de sonhos próprios para que o meu

se tornasse realidade;

A minha noiva e futura esposa Francis Garcia, pelo amor

incondicional, a dedicação e apoio que serviram como

porto seguro ao longo dessa jornada;

Em memória de meus avôs e tios que foram fonte de

inspiração no que diz respeito à educação, perseverança e

fé;

A Deus, pelo dom da vida e pela benção de permitir que

eu chegasse até aqui.

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RESUMO

O trabalho tem como objetivo principal identificar como a fusão de duas grandes empresas do

setor químico de óleo e gás impactou a qualidade de serviço percebida por seus clientes

organizacionais. O referencial teórico utilizado para dar suporte à investigação foi baseado na

literatura sobre fusões e aquisições, marketing de serviços e mercado B2B. A observação

participante do autor, em conjunto com a pesquisa documental e com a pesquisa de campo

que foi realizada através de entrevistas semiabertas em profundidade, permitiu concluir que a

qualidade de serviço percebida é ligeiramente menor após a fusão. Essa percepção, no

entanto, não parece ser causada por uma queda no nível de serviço prestado, mas sim, pelo

aumento da expectativa dos clientes em relação ao que podem receber. Esse aumento de

expectativa associado à manutenção do nível do serviço entregue em geral, fez com que a

diferença entre expectativa e serviço recebido seja maior do que antes da fusão, causando

assim uma percepção da qualidade inferior ao que era percebido anteriormente.

Palavras Chave: fusão; marketing de serviços; qualidade de serviços; SERVQUAL; B2B; óleo

e gás;

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ABSTRACT

The research´s main goal was to identify how the merger of two leading companies in the oil

and gas chemical market impacted the quality of service perceived by its organizational

customers. The literature review conducted to give theoretical support to the investigation was

based on mergers and acquisitions, services marketing and B2B market. Participant

observation of the author, together with documentary research and field research that was

conducted through in depth interviews, concluded that perceived service quality is slightly

lower after the merger. This perception, however, does not seem to be caused by a fall in the

level of service provided, but rather, increased customer expectations about what they should

get. This increased expectation associated with maintenance of the service level delivered in

general, made the gap between expectation and service received to be greater than before the

merger, thus causing a lower quality perception than it was before.

Key Words: merger; services marketing; quality of services; SERVQUAL; B2B; Oil & Gas

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Amostra de Clientes Entrevistados ........................................................................... 32

Tabela 2. Cronograma .............................................................................................................. 37

Tabela 3. Classificação de Importância para Qualidade do Serviço ........................................ 44

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

1.1 O PROBLEMA ............................................................................................................................................ 6 1.1.1 Contextualização do Problema ............................................................................................................. 6 1.1.2 Formulação do Problema ...................................................................................................................... 9

1.2 OBJETIVOS................................................................................................................................................. 9 1.2.1 Objetivo Final ....................................................................................................................................... 9 1.2.2 Objetivos Intermediários ...................................................................................................................... 9

1.3 SUPOSIÇÕES ............................................................................................................................................ 10

1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO .................................................................................................................. 10 1.4.1 Empresarial......................................................................................................................................... 10 1.4.2 Acadêmica .......................................................................................................................................... 11

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ................................................................................................................ 11

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................. 13

2.1 MARKETING E MERCADO “B2B” ...................................................................................................... 13

2.2 MERCADOS INDUSTRIAIS x MERCADOS DE BENS DE CONSUMO .......................................... 14

2.3 O COMPRADOR ORGANIZACIONAL ................................................................................................ 17

2.4 FUSÕES E AQUISIÇÕES ........................................................................................................................ 20

2.5 QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ................................................................................. 21

2.6 SATISFAÇÃO DE CLIENTES NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS .................................................... 23

2.7 GESTÃO DE MARKETING .................................................................................................................... 26 2.7.1 Retenção ............................................................................................................................................. 27 2.7.2 Vendas Relacionadas .......................................................................................................................... 28 2.7.3 Referencias ......................................................................................................................................... 28

3 METODOLOGIA ................................................................................................ 30

3.1 TIPO DE PESQUISA ................................................................................................................................ 30 3.1.1 Quanto aos fins ................................................................................................................................... 30 3.1.2 Quanto aos meios ............................................................................................................................... 31

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA ....................................................................................................................... 31

3.3 COLETA DE DADOS ............................................................................................................................... 32

3.4 TRATAMENTO DOS DADOS ................................................................................................................ 35

3.5 LIMITAÇÕES DO MÉTODO ................................................................................................................. 36

3.6 CRONOGRAMA ....................................................................................................................................... 37

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ...................................... 37

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4.1 FUSÃO DA EMPRESA “A” COM A EMPRESA “B” .......................................................................... 38 4.1.1 Histórico ............................................................................................................................................. 38 4.1.2 Objetivos e Premissas ......................................................................................................................... 40 4.1.3 Dificuldades ....................................................................................................................................... 42

4.2 IMPORTÂNCIA DOS ATRIBUTOS DE QUALIDADE DE SERVIÇOS ........................................... 43

4.3 ANÁLISE DOS ATRIBUTOS DE QUALIDADE DE SERVIÇOS....................................................... 45 4.3.1 Tangibilidade ...................................................................................................................................... 45 4.3.2 Confiabilidade .................................................................................................................................... 54 4.3.3 Capacidade/Velocidade de Resposta .................................................................................................. 62 4.3.4 Credibilidade ...................................................................................................................................... 68 4.3.5 Empatia Corporativa........................................................................................................................... 75 4.3.6 Produtos .............................................................................................................................................. 78

4.4 MODELO DE ANÁLISE PARA SÍNTESE ............................................................................................ 83

5 CONCLUSÕES .................................................................................................. 85

5.1 RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS ............................................................................ 94

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 95

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTAS POR PAUTA ................................ 100

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1 INTRODUÇÃO

O mercado de óleo e gás no Brasil vem crescendo de forma consistente ao longo dos últimos

anos. De acordo com a ANP, a produção nacional de petróleo saiu do patamar de um milhão

de barris/dia para dois milhões de barris/dia na última década e foi acompanhada por

descobertas de reservas importantes, incluindo o pré-sal (SANT´ANNA, 2010).

Segundo o BNDES, o crescimento deste mercado estimulou mudanças importantes na

estrutura industrial brasileira, de forma que este segmento triplicou sua participação no valor

da transformação industrial, além de ter reduzido significativamente a dependência de

petróleo importado para o país. Esse processo parece ter sido alavancado pelos maiores

investimentos na indústria, em especial na área de exploração e produção (E&P), com forte

ampliação do papel do setor de óleo e gás, tanto na produção industrial quanto como indutor

de investimentos em outros setores relacionados (SANT´ANNA, 2010).

Segundo Canelas (2004) “a indústria de petróleo, em particular o segmento E&P, é altamente

intensiva em capital e em tecnologia, sendo marcada por bens de capital e serviços

tecnológicos de altíssima especificidade, alguns de natureza indivisível, o que implica na

necessidade de certo nível de integração de médio e longo prazo entre empresas investidoras

em E&P e empresas fornecedoras de bens e serviços de produção a estes investimentos. Em

indústrias deste tipo, destaca-se a importância da chamada economia de integração: em todas

as indústrias cujos investimentos se baseiam em ativos de alta especificidade, a obtenção

destes ativos no mercado implica em grandes custos transacionais entre agentes, os chamados

custos de transação; ao se proceder à integração vertical entre investimento e fornecimento de

bens de capital e serviços de produção, através de mecanismos como contratos de longo

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prazo, internalização na firma da produção dos insumos, ou fusões e aquisições, procedem-se

à realização de importantes economias de integração, ou economias de custos de transação.”

A indústria do petróleo e gás vai liderar os investimentos no Brasil nos próximos anos. De

acordo com dados divulgados pelo BNDES os investimentos do segmento no Brasil podem

chegar a R$ 378 bilhões nos próximos três anos compreendendo exploração, produção, refino,

transportes, gás e energia. A perspectiva de investimentos na indústria até 2014 é da ordem de

R$ 614 bilhões nos setores de petróleo e gás, extrativa mineral, siderurgia, química, papel e

celulose, veículos, eletroeletrônica e têxtil/confecções. O grande destaque do estudo é o

segmento de petróleo e gás (inclui extração e refino de petróleo), com R$ 378 bilhões, que

representa 62% do mapeamento. De acordo com a Agência de Informações de Energia dos

Estados Unidos (US Energy Information Administration), o Brasil é a principal fronteira para

a expansão da produção de petróleo no mundo até 2030 (ITAESA, 2012).

As transações comerciais envolvidas neste processo são essencialmente do tipo “Business to

Business” (B2B) e nesse contexto, surge um desafio: capacitar a cadeia fornecedora de bens e

serviços à indústria de petróleo e gás para atingir níveis de competitividade internacionais

(SANT´ANNA, 2010).

Um dos segmentos dessa cadeia é o segmento B2B que fornece tratamento químico

especializado de água, óleo e gás, além de serviços relacionados, para produção de petróleo e

gás (upstream).

Até Abril de 2013, seis grandes empresas deste segmento dividiam quase 80% do mercado

global, e destas, três representavam cerca de 70% do mercado nacional, sendo o restante

pulverizado em companhias locais de menor porte.

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Nesse estudo, o processo de fusão de duas das três empresas dominantes no mercado

brasileiro do segmento de especialidades químicas será parcialmente descrito, e se buscará

entender o impacto percebido pelo cliente na qualidade do serviço oferecido. Por conta de

limitações legais, não serão divulgados os nomes das empresas envolvidas nesse processo,

facilitando assim a divulgação de dados e comparações, mas será feito um descritivo de cada

uma dessas duas empresas que chamaremos de “A” e “B”.

Sabe-se que os processos de fusões e aquisições são inerentes à concorrência capitalista e

guardam estreita relação com as condições do mercado de capitais, mas principalmente com

as grandes corporações. Nesse sentido, sua origem teórica se fundamenta nas diversas teorias

que explicam a origem e o crescimento da firma. Trata-se de uma das atividades empresariais

mais impactantes (para funcionários, empresa, clientes, sociedade etc.), cujas consequências e

desdobramentos empíricos ainda não estão totalmente explicados por teorias e regras no meio

acadêmico. Os processos de F&A’s integram a estratégia empresarial, e por meio deles as

empresas conseguem expansão rápida, a conquista de novos mercados, maior racionalização

produtiva, economias de escala, ativos complementares, entre outras coisas. Apesar disso, não

devem ser encarados como uma solução simples para problemas internos ou ameaças

mercadológicas, devido ao elevado grau de complexidade, risco e incerteza que permeiam

essas operações, além da ausência de um consenso sobre ganhos (sinergias) e criação de

valor, não só para os acionistas, mas também para clientes (DE CAMARGOS et al., 2009).

Segundo HUTT et al (2002), “o volume monetário das transações no mercado industrial ou

organizacional (B2B) supera de forma significativa o valor do mercado do consumidor final.

Neste segmento, um único cliente pode ser responsável por grande número de atividades de

compra” (HUTT et al, 2002).

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Nesse sentido o mercado de fornecimento de produtos e prestação de serviços em óleo e gás

parece não ser diferente. Além disso, este é um setor reconhecido por apresentar uma

demanda de alta tecnologia, confiabilidade e segurança. Observações deste mercado

evidenciam que os contratos são em geral de longa duração (maiores que 4 anos) e os valores

de altas proporções, o que consequentemente pode acarretar em maiores riscos tanto para o

fornecedor quanto para o cliente, elevando o “custo de substituição” de um fornecedor e o

“investimento em marketing” para conquista de clientes de uma empresa concorrente.

No segmento de interesse dessa dissertação, os produtos fornecidos são químicos

especializados que são utilizados para resolução de problemas naturalmente associados à

produção de óleo e gás. Estes produtos, apesar de serem desenvolvidos a partir de

investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), utilizarem expertise própria dos

fornecedores, e guardarem sigilo de formulação, oferecem, em muitos casos, performances

técnicas similares quando comparados na mesma aplicação em relação aos diferentes

fornecedores do mercado.

Assim sendo, as empresas deste segmento específico tem seguido a tendência de incluir a

prestação de serviços associada ao fornecimento de produtos de maneira a incrementar o valor

percebido pelos clientes nessa relação comercial B2B.

É de conhecimento do autor que no segmento de mercado estudado, os principais tomadores

de decisão em relação ao processo de compra são geralmente as pessoas que ocupam as

posições de “Químico de Produção” e “Gerente de Operações”, que em geral tem formação

técnica e são responsáveis, não só pela boa performance do processo de produção de petróleo

e gás, mas também pelo gerenciamento do contrato da empresa fornecedora de serviços de

tratamento químico. Dessa forma, o comprador propriamente dito, ainda que tenha a

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responsabilidade por executar a operação de compra, atua apenas como um avaliador

estratégico do mercado, voltado para preços e negociação, porém sem grande poder de

decisão de compra, mas sim mais como um influenciador moderado e como um controlador

de informações.

O entendimento da percepção de qualidade e do comportamento desses tomadores de decisão

e influenciadores é fundamental no gerenciamento da relação B2B.

Há muitos anos que pesquisadores da área de serviços sugerem que os consumidores julgam a

qualidade do serviço recebido com base em suas percepções do resultado técnico gerado, o

processo pelo qual o resultado foi produzido e pela qualidade do ambiente físico em que o

serviço é executado (Zeithaml et al, 2011).

Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985) colaboraram na tese de que a qualidade de serviços,

percebida pelos clientes, deriva da comparação entre o que os clientes acham que a empresa

deve oferecer (expectativas) e a percepção da performance da empresa oferecendo tal serviço.

A qualidade percebida de um serviço é então vista como o grau e direção da diferença entre a

percepção do cliente e sua expectativa prévia.

As pesquisas feitas sobre qualidade de serviços sugerem que os clientes não percebem a

qualidade de serviço de modo unidimensional, mas sim com base em fatures diversos,

relevantes ao contexto. Parasuraman el at (1985) identificou cinco dimensões específicas da

qualidade do serviço aplicáveis a diversos contextos de serviço:

Confiabilidade: habilidade de executar o serviço prometido de forma confiável e

precisa

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Responsividade: capacidade de resposta para ajudar os clientes e fornecer o serviço

imediatamente

Segurança: conhecimento e a cortesia dos funcionários prestadores de serviço, e sua

capacidade de inspirar confiança e certeza

Empatia: atenção individualizada dispensada aos clientes

Elementos Tangíveis: grupo de elementos físicos associados à prestação de serviços,

tais como aparência das instalações físicas, dos equipamentos, produtos e materiais

impressos.

Essas dimensões representam como os consumidores organizam as informações sobre a

qualidade do serviço em suas mentes. De alguma maneira todas essas dimensões compõe a

avaliação da qualidade do serviço, porém nem sempre de maneiras equivalentes. Em função

da natureza do serviço prestado, uma ou outra dimensão pode ter maior relevância para o

cliente (Zeithaml et al, 2011).

1.1 O PROBLEMA

1.1.1 Contextualização do Problema

A empresa “A” é uma empresa global, presente em 171 países, que fornece serviços e

tratamento químico de água, óleo e gás para uma variedade de clientes e mercados e conta

com um time de mais de 44 mil profissionais atendendo a mais de 1 milhão de localidades de

clientes no mundo todo com tecnologias, soluções e serviços de engenharia. “A” é uma

empresa de grande porte que possui ações na bolsa de valores de Nova Iorque e faturou 13,5

Bilhões de Dólares em 2012.

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Para essa dissertação, todos os dados utilizados da empresa “A” serão relacionados ao seu

segmento de especialidades químicas que oferece químicos e serviços para empresas de

produção de petróleo e gás (upstream). Neste segmento, a empresa “A” possui cerca de 3.600

funcionários, sendo 2.100 atuando em vendas e serviços, distribuídos em mais de 70 países e

faturou cerca de 3.7 Bilhões de Dólares em 2012.

Com um perfil diferente, a empresa “B” é uma empresa familiar com 3.200 funcionários,

sendo 1.600 na área de vendas e serviços e presente em mais de 70 países. “B” é uma empresa

que atua somente no segmento de mercado de químicos e serviços para empresas de produção

de petróleo e gás (upstream), não possuindo portanto outros mercados de atuação. “B” não

negocia ações em Bolsa de Valores e faturou cerca de 1.3 Bilhões de Dólares em 2012.

Em Abril de 2013, a empresa “A” concretizou a compra da empresa “B” ao mercado global e

a uniu ao seu negócio de químicos e serviços para óleo e gás (upstream) formando uma única

empresa neste segmento, que chamaremos de “Nova Empresa”.

As empresas A e B declaradamente possuíam culturas e valores similares em nível global.

Ambas declaravam ter foco na prestação de serviços e na satisfação do cliente final.

Observações do mercado nacional, porém, demonstram que o posicionamento estratégico de

“A” e “B” no Brasil eram historicamente diferentes. “A” mantinha a maior parte de sua

carteira de clientes voltada para clientes multinacionais, com cultura e know-how de prestação

de serviços e ferramentas de garantia de satisfação do cliente bem avaliadas e implementadas.

Por outro lado, “B” mantinha sua estratégia ligada em clientes nacionais, com cultura

comercial mais evidente e relacionamentos sólidos construídos com base em negociações

comerciais e boa performance técnica dos produtos associados aos serviços oferecidos.

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Após o anúncio da fusão de “A” e “B”, o crescimento da expectativa de quais estratégias,

políticas e procedimentos seriam adotados na “Nova Empresa” foi notável, não só

internamente, mas também em alguns depoimentos de clientes. Toda essa incerteza e

expectativa de quais alterações o serviço prestado (do ponto de vista interno) e o serviço

recebido (do ponto de vista do cliente) sofreriam, se tornou ainda mais relevante devido ao

tempo de quase 6 meses que separou o anúncio público da fusão e a concretização dos

processos legais.

Atualmente, cerca de 1 ano após o estabelecimento da “Nova Empresa”, sabemos que houve

uma reestruturação da equipe de vendas e marketing, e que existem vendedores e prestadores

de serviço originários da empresa “A” atendendo clientes que originalmente pertenciam a

empresa “B” e vice-versa.

Em verdade, essa foi parte das premissas utilizadas no modelo de reestruturação dos grupos

de trabalho. Houve intenção em compartilhar culturas e conhecimentos entre as empresas

fundidas, e por isso, propositalmente, muitas equipes de trabalho foram cruzadas para

possuírem membros originários de ambos os lados na “Nova Empresa”. Se por um lado, isso

pode elevar o grau de inteligência e multidisciplinaridade corporativa, por outro, oferece

riscos à continuidade da prestação de serviços e à percepção da qualidade de serviços por

parte dos clientes.

De fato, existem relatos positivos e negativos de funcionários com relação a adaptação a

novas culturas e políticas e também, relatos de clientes positivos e negativos em relação a

qualidade de serviço percebida atualmente.

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1.1.2 Formulação do Problema

Observada a situação de que a manutenção e/ou perda de um cliente pode causar alto impacto

nos negócios de uma empresa do segmento estudado, e entendendo os desafios que podem

surgir a partir de um processo de F&A´s, essa dissertação buscará responder a pergunta: Qual

foi o impacto percebido pelos clientes na qualidade do serviço prestado pela “Nova

Empresa” após a fusão da empresa “A” com a empresa “B”?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Final

O propósito desse estudo é identificar se os clientes da “Nova Empresa” perceberam algum

impacto na qualidade do serviço oferecido, seja positivo ou negativo, após a fusão das

empresas “A” e “B”.

1.2.2 Objetivos Intermediários

Descrever de forma breve o processo de fusão das empresas “A” e “B”, listando as

principais premissas utilizadas, objetivos traçados e dificuldades enfrentadas no processo

de integração;

Compreender quais atributos e fatores, do ponto de vista do cliente, são prioritários para

diferenciar o serviço oferecido por fornecedores de produtos químicos especializados

para produção de óleo e gás de forma a favorecer a qualidade de serviço percebida;

Compreender quais são/eram as expectativas desses clientes em relação ao serviço

fornecido após o anúncio da união de duas grandes empresas do mesmo segmento,

comparando essas expectativas com a ideia de uma empresa considerada excelente neste

setor;

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Sugerir potenciais necessidades de melhoria no processo de integração das empresas “A”

e “B”, baseado no feedback recebido dos clientes desse segmento.

1.3 SUPOSIÇÕES

Em relação aos objetivos traçados, duas suposições/hipóteses foram desenvolvidas.

A primeira suposição relacionada ao objetivo principal era que os clientes da Nova Empresa

iriam indicar que perceberam alguma piora na qualidade do serviço após a fusão. Essa

hipótese está relacionada ao fato de que foram observados, após a fusão, alguns comentários e

avaliações tanto dos clientes como dos funcionários da Nova Empresa, ainda que em um

ambiente informal, indicando uma queda no nível de serviço prestado.

A segunda suposição relacionada a um dos objetivos intermediários era que os clientes iriam

avaliar os atributos de Confiabilidade e Capacidade/Velocidade de Resposta como os mais

importantes para avaliação da qualidade do serviço. Essa suposição foi baseada na realidade

do mercado de óleo e gás onde os contratos envolvem elevados valores transacionais, são de

longa duração e consequentemente apresentam altos riscos, não somente financeiros mas

também associados a segurança da saúde de pessoas e do meio ambiente devido a natureza da

própria operação. Com isso, torna-se fundamental poder prever, planejar e corrigir, quando

necessário, cada etapa do processo tornando assim esses atributos mais relevantes.

1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

1.4.1 Empresarial

Este estudo será útil para empresas que passam por processos de F&A compreenderem alguns

dos desafios enfrentados em processos desse tipo, entendendo também que tipos de

expectativas surgem como demanda de seus clientes mesmo em mercados B2B. Em especial

para a empresa detalhadamente estudada, essa dissertação auxiliará na otimização das ações

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de marketing e vendas já existentes na organização e em ajustes eventualmente necessários

para aumentar a qualidade de serviço percebida por seus atuais clientes.

1.4.2 Acadêmica

Apesar de existirem diferentes artigos, estudos e livros sobre Fusões e Aquisições, e vasto

material sobre marketing B2B, marketing de serviços e marketing de relacionamento, não se

encontrou nenhum estudo dedicado ao segmento específico de químicos para produção de

óleo e gás no Brasil. Além disso, até mesmo o mercado brasileiro de óleo e gás, quando

estudado de forma mais ampla e menos segmentada, também tem recebido pouca atenção nos

estudos de marketing. Essa dissertação tem o objetivo de descrever um pouco mais desse

negócio, evidenciando aspectos dos serviços ofertados neste segmento do mercado.

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

A cadeia produtiva de petróleo e gás natural é bastante ampla. Tradicionalmente, pode ser

dividida em dois grandes blocos: as atividades de upstream (exploração e produção) e as de

downstream (transporte, refino e distribuição). Entretanto, as ligações dessa cadeia com

outros setores da economia são mais extensas, uma vez que as atividades citadas utilizam

grande número de equipamentos complexos e específicos (plataformas, dutos, equipamentos

para refino e processamento) e serviços especializados (engenharia, automação, consultoria,

construção, manutenção, segurança, entre outros). O âmbito do presente estudo restringiu-se a

um segmento específico do mercado upstream, ligado às atividades de produção de óleo e

gás.

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Para produzir petróleo e gás uma empresa demanda diferentes produtos e serviços. Dados os

altos níveis de tecnologia, segurança e investimentos necessários neste mercado, a relação

comercial entre cliente e fornecedor é quase que exclusivamente uma relação B2B.

A gama completa de produtos e serviços comercializados nesta indústria apresenta uma vasta

variedade de características e requisitos próprios. O mercado oferece oportunidades de

negócios para construção civil, indústria alimentícia, controle de pragas, consultorias,

auditorias, indústrias químicas, entre outras. Por isso, torna-se mais adequado a restrição do

estudo a um segmento específico de produtos e serviços associados.

Este estudo, então, examina o segmento de fornecimento de químicos especializados e

commodities para produção de óleo e gás, avaliando o processo de fusão entre duas empresas

do setor, as ferramentas e conceitos relacionados ao marketing B2B, marketing de serviços e

marketing de relacionamentos e a qualidade do serviço percebida por seus clientes.

Apesar da fusão entre a empresa “A” e a empresa “B” ter ocorrido em nível global, essa

dissertação estará avaliando apenas os aspectos associados ao processo de integração no

Brasil e não entrará em detalhes, desafios e conclusões em nível global.

Da mesma forma, a percepção da qualidade de serviço será avaliada apenas no nível nacional

e não poderá ser estendida de forma imediata a outros mercados e localidades onde a “Nova

Empresa” atua.

A percepção da qualidade do serviço será avaliada ainda, somente sob a perspectiva das

pessoas que representam as funções de Químico de Produção, Gerente de Operações e

Comprador no cliente organizacional. Por possuírem papéis determinantes no processo de

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decisão de compra, o estudo fará uma inferência a partir dessa percepção para generalizar a

percepção total da organização.

2 REVISÃO DE LITERATURA

Para essa dissertação, foram revisados os conceitos de marketing/mercado B2B e as

diferenças entre mercados industriais e mercados de bens de consumo. Em seguida, foram

traçados o perfil do comprador organizacional e das principais forças que influenciam o

processo de compras em organizações.

Por se tratar de um estudo que envolve a fusão de duas empresas, também foram revisados

conceitos de Fusões e Aquisições e como esses processos podem impactar na qualidade

percebida na prestação de serviços pelos clientes. Além de conceitos de qualidade de serviços,

o modelo da escala SERVQUAL foi utilizado como base para essa dissertação. Finalmente,

uma revisão de conceitos relacionados à satisfação de clientes na prestação de serviços e

também à gestão de marketing.

2.1 MARKETING E MERCADO “B2B”

HUTT et al (2002), descrevem os mercados industriais como sendo “mercados para produtos

e serviços, locais ou internacionais, adquiridos por empresas, órgãos governamentais e

instituições para incorporação (por exemplo, ingredientes ou componentes), para consumo

(por exemplo, materiais de processo, materiais de escritório, serviços de consultoria), para uso

(por exemplo, instalações ou equipamentos) ou para revenda” (COLLEGE OF BUSINESS

ADMINISTRATION apud HUTT et al. 2002). O que diferencia o marketing B2B do

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marketing de consumo é o tipo de cliente e a forma como o cliente usa o produto. Os clientes

são organizações (empresas, governo, instituições) (HUTT et al, 2002)..

Ainda de acordo com HUTT et al (2002), ‘as empresas adquirem bens industriais para compor

ou facilitar o processo de produção ou para usá-los como componentes na produção de outros

bens e serviços. Essas empresas parecem comprar os bens industriais para compor e entregar

serviços a seu próprio mercado: o público.”

Muitas das grandes empresas que fabricam produtos como aço, equipamentos de produção ou

chips de memoria de computador demonstram atender preferencialmente os clientes do

mercado industrial e pouco interagem diretamente com o consumidor final. O que parece

diferenciar o marketing B2B do marketing de bens de consumo é a intenção de uso do

produto e também o consumidor que se quer atingir. Algumas vezes os produtos são iguais,

mas são necessárias abordagens de marketing fundamentalmente diferentes para alcançar o

comprador organizacional (HUTT et al, 2002)..

2.2 MERCADOS INDUSTRIAIS x MERCADOS DE BENS DE CONSUMO

Day et al, diz que a tarefa básica de gerenciamento atinge tanto o marketing de bens de

consumo como o marketing B2B. Os profissionais de marketing que atuam em ambos os

setores podem se beneficiar estabelecendo seu plano organizacional em uma orientação de

mercado, o que requer proficiência superior no entendimento e na satisfação dos clientes

(DAY at al. 1994). Essas empresas voltadas para o mercado demonstram:

Um conjunto de valores e crenças que colocam os interesses do cliente em primeiro

lugar (DESHPANDE et al. 1993);

A habilidade de gerar, disseminar e usar de maneira produtiva informações

importantes sobre clientes e concorrentes (KOHLI et al. 1990);

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O uso coordenado de recursos interfuncionais (por exemplo, pesquisa e

desenvolvimento, manufatura) (NARVER et al. 1990)

Uma análise mais profunda de uma empresa voltada para o mercado pode revelar pelo menos

duas características importantes: a percepção de mercado e a ligação com o cliente (DAY et

al. 1994). HUTT et al, descrevem que, primeiro, a capacidade de percepção de mercado

preocupa-se em verificar o quanto a organização está equipada para perceber continuamente

as mudanças em seu mercado e antecipar as respostas dos clientes aos programas de

marketing. As empresas voltadas para o mercado parecem reconhecer as mudanças de

mercado e reagir à frente de seus concorrentes. Segundo, a capacidade de ligação com o

cliente pode incluir habilidades especiais, competência e processos que a organização tenha

desenvolvido para criar e gerenciar uma relação mais próxima com o cliente. Enquanto uma

forte capacidade de ligação com o cliente parece ser evidente nas relações entre produtor e

revendedor no mercado de bens de consumo, ela pode ser muito importante no mercado

industrial, no qual pode prevalecer uma relação mais próxima entre comprador-vendedor.

Segundo HUTT et al (2002), “uma empresa que atue em B2B pode tornar-se uma fornecedora

preferencial para grandes clientes ao trabalhar próximo como parceiro, desenvolvendo um

conhecimento intimo das operações do cliente e contribuindo com valores importantes para o

seu negocio. Programas desse tipo de marketing podem envolver cada vez mais uma mistura

de produtos sob medida, suporte de serviço, além de informações e serviços contínuos, antes e

depois da venda. Por outro lado, empresas voltadas para o mercado podem considerar de alta

prioridade a capacidade de ligação com o cliente e alinhar as decisões de produto – entrega,

manuseio, serviço e outras atividades da cadeia de suprimentos – bem próximo das operações

do cliente.”

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Segundo Webster Jr. (1994, p.60), “a estratégia de marketing B2B deve se basear em uma

avaliação da empresa, do concorrente e do cliente. Uma estratégia bem-sucedida centra-se na

identificação daquelas oportunidades nas quais a empresa pode agregar valor superior a seus

clientes com base em suas competências diferenciais.”

Webster Jr. (1994, p.60) afirma que “as empresas voltadas para o mercado tentam ajustar seus

recursos, habilidades e aptidões àquelas necessidades específicas do cliente que não estão

sendo atendidas de maneira adequada. Entendendo as necessidades do cliente, os gerentes de

marketing podem definir valor a partir da perspectiva do cliente e converter essas informações

em requisitos para criar clientes satisfeitos. Por outro lado, a capacidade e a habilidade de uma

empresa determinam o nível em que ela pode atender a esses requisitos e proporcionar valores

mais importantes do que seus concorrentes” (WEBSTER JR., 1994).

A literatura sugere que o marketing B2B não deve trabalhar isolado das outras áreas da

empresa, mas sim deve agir como integrador, que compreende as características de

manufatura, pesquisa e desenvolvimento (P&D) e serviços ao cliente e que aplica essas forças

para desenvolver estratégias de marketing que atendam as necessidades do cliente.

O sucesso desse marketing depende de um bom desempenho de áreas funcionais da empresa

como engenharia, P&D, manufatura e serviços técnicos (HUTT, 1995).

De acordo com Hutt (1995), entender a dinâmica de comportamento do comprador

organizacional é determinante para identificar segmentos lucrativos do mercado B2B,

conhecer os influenciadores do processo de compra desses segmentos e alcançar de forma

eficiente e eficaz esses compradores organizacionais.

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2.3 O COMPRADOR ORGANIZACIONAL

Acredita-se que o comportamento do comprador organizacional é influenciado por forças

ambientais, forças organizacionais, forças de grupo e forças individuais (HUTT, 1995):

Forças ambientais: Estão fundamentalmente relacionadas a mudanças no ambiente

externo da organização. Influências econômicas, como juros e taxas cambiais,

influências políticas, como a criação de novas leis, influências legais e até

tecnológicas que envolvem o surgimento de novas tecnologias ou demandas por mais

eficiência, são exemplos que podem alterar os planos e decisões de compras

organizacionais.

Forças organizacionais: Estão relacionadas com as prioridades estratégicas e os

desafios competitivos enfrentados pela organização. As decisões de compra

organizacional são tomadas para facilitar as atividades organizacionais e para dar

apoio à missão e às estratégias da empresa. Cada vez mais, a estratégia de compras

está se aproximando dos objetivos corporativos, proporcionando aumento da

qualidade do produto, aceleração do desenvolvimento de novos produtos,

capitalização em novas tecnologias e exigindo melhora na qualidade de serviço

contratado. As organizações de compras líderes de mercado aprenderam que esses

resultados só podem ser atingidos quando se constroem relações estreitas com os

fornecedores que por sua vez, precisam desenvolver propostas que agreguem valor por

completo (Produto, serviços e ideias).

Forças de Grupo: O processo de compras organizacional normalmente envolve um

complexo conjunto de decisões menores, tomadas ou influenciadas por diversas

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pessoas. Esse grau de envolvimento dos membros do grupo no processo de compras

varia de empresa para empresa e até de segmento para segmento.

Num processo de compras B2B, pode haver um grupo de pessoas que participam da

decisão de compras e que dividem os objetivos e riscos resultantes dessa decisão. A

composição desse grupo de pessoas pode variar de uma situação de compra para outra

e não é necessariamente estabelecida no organograma formal de uma empresa, já que

surge durante o processo e em função de uma demanda específica.

Os membros desse grupo de compras assumem papéis diferentes durante o processo

de compras. Esse papéis podem ser divididos nas seguintes categorias (Webster Jr. et

al, 1972):

o Usuários: aqueles que vão utilizar o produto e/ou serviço. O nível de influência

dessa categoria pode ser desde mínimo até extremamente importante. Em

alguns casos, os usuários iniciam a ação de compra ao requisitar um produto

ou serviço, podendo chegar a serem, também, os responsáveis por definir as

especificações necessárias do que se irá comprar.

o Controladores: é a categoria responsável por controlar as informações que

serão revistas pelos outros membros do grupo de compras, através de tarefas

como a disseminação de informações impressas, propagandas e até no fluxo de

informação entre vendedor e cliente. Essa categoria pode “abrir portas” para

alguns fornecedores e “fechar portas” para outros.

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o Influenciadores: em geral, composto por membros de departamentos técnicos

como engenharia, controle de qualidade, ou até consultores técnicos externos,

em casos de compras de alta tecnologia. Os influenciadores afetam a decisão

de compras ao fornecer alternativas ou estabelecer especificações do produto e

serviços que serão adquiridos, e ainda, podem influenciar politicamente o

tomador de decisão através de relacionamentos pessoais ou organizacionais.

o Tomadores de Decisão: são as pessoas que efetivamente tomam a decisão de

comprar um determinado produto ou serviço, não importando se formalmente,

têm ou não autoridade para fazê-lo. Identificar o tomador de decisão em uma

organização pode não ser tarefa fácil, já que o comprador pode ter autoridade

formal para comprar, mas algum gerente pode tomar a decisão. O tomador de

decisões pode ser até um engenheiro de projeto que desenvolve um conjunto

de especificações que apenas um fornecedor pode atender.

o Comprador: é aquele que tem autoridade formal para selecionar um fornecedor

e tomar as medidas para adquirir o produto ou serviço, ainda que nem sempre

exerça tal autoridade que acaba a cargo do tomador de decisão.

Forças Individuais: mesmo em um ambiente B2B, são as pessoas e não as

organizações que tomam decisões de compras. Cada um tem uma personalidade única,

um conjunto de experiências passadas, uma função organizacional específica e uma

percepção sobre a melhor forma de atingir tanto os objetivos pessoais como

organizacionais. Para compreender o comprador organizacional, é importante

conhecer as percepções individuais daqueles que participam ativamente do processo.

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Em resumo, o “comprador organizacional” pode ser composto por diferentes pessoas que

podem assumir papéis distintos no processo de compra da empresa. É fundamental identificar

quem são as pessoas que desempenham um papel ativo, determinante e influenciador neste

grupo de compras. Pessoas que tenham um interesse pessoal importante na decisão, possuam

conhecimento especializado e/ou sejam importantes no fluxo de informações relacionadas a

decisão tendem a ser as mais importantes nesse processo.

Entendido o perfil do comprador organizacional e definido os diferentes papéis que pessoas

podem exercer em um processo de compras, faz-se necessário revisar conceitos de fusões e

aquisições para compreender quais impactos uma integração de empresas pode trazer no

relacionamento com clientes.

2.4 FUSÕES E AQUISIÇÕES

De Camargo et al (2009) afirma que os processos de fusões e aquisições são inerentes à

concorrência capitalista e guardam estreita relação com as condições do mercado de capitais,

mas principalmente com as grandes corporações. A origem teórica deste tema se fundamenta

nas diversas teorias que explicam a origem e o crescimento da firma. Trata-se de uma das

atividades empresariais mais impactantes (para funcionários, empresa, clientes, sociedade

etc.), cujas consequências e desdobramentos empíricos ainda não estão totalmente explicados

por teorias e regras no meio acadêmico. Os processos de F&A’s integram a estratégia

empresarial, e por meio deles as empresas conseguem expansão rápida, a conquista de novos

mercados, maior racionalização produtiva, economias de escala, ativos complementares, entre

outras coisas. Apesar disso, não devem ser encarados como uma solução simples para

problemas internos ou ameaças mercadológicas, devido ao elevado grau de complexidade,

risco e incerteza que permeiam essas operações, além da ausência de um consenso sobre

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ganhos (sinergias) e criação de valor, não só para os acionistas, mas também para clientes (DE

CAMARGOS et al., 2009).

Alguns estudos analisaram a valorização de empresas não-familiares quando estas, adquiriram

empresas familiares em diferentes condições legais e as conclusões indicam que o negócio

familiar tem uma influência significativamente positiva na valorização da empresa

compradora (FEITO-RUIZ et al. 2010)

Segundo King at al (2004), existe uma necessidade para desenvolvimento adicional de teorias

e diferentes metodologias de pesquisa de Fusões e Aquisições, já que a maior parte dos

estudos de performance de empresas pós-aquisição é focado apenas no desempenho no

mercado de ações, ignorando os efeitos de Fusões e Aquisições em outras potenciais

dimensões da performance de uma empresa, entre elas, a qualidade de serviço.

2.5 QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

De acordo com Rudie et al (1985), “o aumento da concorrência e a rápida desregulamentação

parece ter levado muitas empresas de vendas e serviços a buscar maneiras rentáveis de se

diferenciar. Uma das estratégias que tem sido associada ao sucesso nesses negócios é a

entrega de serviços de alta qualidade”. Parasuraman et al (1988) afirmam que “entregar

serviços de alta qualidade parece ser um pré-requisito para o sucesso, senão a sobrevivência,

dos negócios desde os anos 80.”

Parasuraman et al (1988) dizem que “diferentemente da qualidade de produtos, que pode ser

medida objetivamente por indicadores como durabilidade e número de defeitos, a qualidade

de serviços seria um construto abstrato constituído fundamentalmente por 3 fatores únicos em

serviços: intangibilidade, heterogeneidade e inseparabilidade entre produção e consumo. Na

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ausência de medidas objetivas, uma forma apropriada de avaliar a qualidade de serviço

prestada por uma empresa seria medir a percepção de qualidade obtida por um cliente.”

O construto de qualidade, na forma como está descrito na literatura, envolve a percepção de

qualidade. A escala SERVQUAL também utiliza essa definição para mensurar a qualidade de

um serviço. A percepção de qualidade é o julgamento de um cliente sobre a excelência e

superioridade de uma organização, é um tipo de atitude, relacionado mas não equivalente a

satisfação, e resulta da comparação entre expectativa e percepção de performance. Difere

neste sentido de qualidade objetiva (PARASURAMAN et al, 1988).

SERVQUAL é uma escala de múltiplos itens, concisa, com boa validação e confiabilidade

que as empresas podem utilizar para compreender melhor as expectativas e percepções dos

consumidores sobre o serviço oferecido, e como resultado, melhorar suas ações. Este

instrumento é amplamente utilizado na literatura e foi desenvolvido para ser aplicável em uma

vasta gama de serviços. A ferramenta fornece um esqueleto que contém questões relacionadas

às expectativas e percepções de cada uma das cinco dimensões de qualidade de serviço

descritas por Parasuraman (1988): elementos tangíveis, confiabilidade, capacidade de

resposta, garantia e empatia. Esse esqueleto, quando necessário, pode ser adaptado ou

complementado para se tornar mais representativo em características ou necessidades

específicas de uma pesquisa ou organização em particular.

Uma das aplicações desta ferramenta é determinar a importância relativa das cinco dimensões

na influência da percepção geral dos clientes sobre a qualidade do serviço (PARASURAMAN

et al, 1988).

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Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985) colaboraram na tese de que a qualidade de serviços,

percebida pelos clientes, deriva da comparação entre o que os clientes acham que a empresa

deve oferecer (expectativas) e a percepção da performance da empresa oferecendo tal serviço.

A qualidade percebida de um serviço é então vista como o grau e direção da diferença entre a

percepção do cliente e sua expectativa prévia.

O termo “expectativa” utilizado na literatura de qualidade de serviços difere do seu

significado na literatura de satisfação do cliente. Especificamente, na literatura de satisfação

do cliente, expectativas são vistas como previsões feitas pelos consumidores sobre como um

encontro de serviço provavelmente deve ocorrer. Por outro lado, a literatura de qualidade de

serviços define a expectativa como sendo um desejo ou vontade do consumidor, por exemplo,

o que eles acham que o fornecedor deve oferecer em vez do que eles vão oferecer

(PARASURAMAN et al, 1988).

2.6 SATISFAÇÃO DE CLIENTES NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

Os esforços de marketing convencionais, que giravam em torno dos 4 Ps de produto, preço,

promoção e praça, parecem ter influenciado, durante muito tempo, os responsáveis pela venda

de bens de consumo e produtos industriais, com o objetivo principal de conquistar

participação no mercado, uma vez que haviam sido encontradas associações diretas deste fator

com a rentabilidade das empresas (NEEDHAM et al, 1995).

A disputa por um pedaço do mercado desenvolveu-se então baseada em filosofias como "o

cliente tem sempre razão" e em estratégias quase integralmente ligadas a vendas e

publicidade.

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Reichheld e Sasser mostraram que numa organização de prestação de serviços não havia

nenhuma correlação entre participação no mercado e rentabilidade (REICHHELD & SASSER

apud STEPHENS et al. 1996). Esse estudo mostrou também que as empresas com maiores

níveis de fidelidade de clientes possuíam as maiores rentabilidades dentro de um setor, e que

os clientes mais fiéis tornavam-se mais rentáveis com o passar do tempo. Por definição, o ano

mais lucrativo do relacionamento com um cliente era o ultimo. Isso levou os autores a tentar

compreender o valor vitalício de um cliente e o valor da construção de fidelidade dos clientes,

sejam dando ouvido as suas reclamações, antecipando-se ao seu abandono e compreendendo

os motivos que o levam a trocar uma empresa pela concorrente.

É possível afirmar que a perda de um cliente fiel causa grande impacto nos dias atuais. Por

isso a importância na intensificação dos esforços para medir e comunicar aos funcionários o

valor vitalício de um cliente; identificar, criar e aprimorar as funções de ouvidoria; criar

formas de reconhecimento e incentivos para a construção da fidelidade dos clientes; e utilizar

os casos de abandono como oportunidades de aprendizagem.

Nos últimos anos, vários estudos concluíram que a satisfação do cliente e sua fidelidade nem

sempre variam diretamente, havendo uma serie de fatores que podem interferir na relação

entre essas duas medidas. Assim, índices de satisfação proporcionam alertas iniciais uteis

sobre a existência de problemas, mas clientes satisfeitos não compram sistematicamente mais

do que clientes insatisfeitos. (LANE et al 1996)

O gráfico abaixo (SASSER & JONES, 1995) busca descrever a relação fidelidade x satisfação

para diferentes segmentos do mercado.

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Figura 1. Relação Fidelidade x Satisfação (Retirado de SASSER & JONES, 1995)

Basicamente, nas situações em que os clientes dispõem de uma variedade de alternativas,

custos relativamente baixos para mudar de um produto ou serviço para outro, pouca

regulamentação governamental limitando a concorrência e poucos programas de promoção da

fidelidade produzem curvas semelhantes ao mercado da indústria automobilística.

À medida que a concorrência ou as alternativas de produtos ou serviços são reduzidas ou os

"custos de reposição" aumentam, a curva pode se assemelhar mais a dos serviços telefônicos

locais. Nessa situação, os clientes podem se tornar cada vez mais "cativos", apresentando o

que Sasser & Jones chamam de "falsa fidelidade", passível de ocasionar a perda imediata da

fidelidade do cliente caso surja concorrência e os custos de reposição caiam.

Neste gráfico, pode-se dividir o cliente e sua fidelidade em quatro grupos principais:

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Apóstolos: mais do que fieis, encontram-se tão satisfeitos que recomendam o serviço a

terceiros.

Mercenários: podem mudar o fornecedor de um serviço para obter um preço menor,

mesmo que apresentem um alto nível de satisfação.

Refém: clientes extremamente insatisfeitos, mas com pouca ou nenhuma alternativa

para mudar de fornecedor.

Terroristas: não só dispõe de alternativas, como as utilizam, além de aproveitarem

toda e qualquer oportunidade de converter os outros, expressando sua insatisfação com

o prestador de serviços anterior.

Entender a satisfação dos clientes e a natureza da relação que mantém com a empresa, é

fundamental para tomada de decisões e gerenciamento do negócio. Para isso, conhecer as

ferramentas de gestão auxilia no sucesso organizacional.

2.7 GESTÃO DE MARKETING

A qualidade da participação no mercado, definidas basicamente em termos da parcela de

clientes fiéis atendidos, está se tornando a meta principal, em lugar de se possuir apenas a

maior participação no mercado. Para isso se faz necessário abandonar a ideia de que os

clientes têm sempre razão e adotar a tese de que alguns clientes nunca estão certos. Significa

um marketing que ocorre mais pela escuta, não raro pela prestação de serviços notáveis ao

cliente, e que utiliza, de forma extraordinária, as referencias feitas pelos clientes.

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As empresas então devem procurar meios não só de reter os clientes, mas também de

estimula-los a comprar produtos e serviços relacionados e a dar referencias, para amigos, de

suas experiências positivas com os produtos e serviços da empresa, o que basicamente resulta

em uma estratégia centrada nos três Rs: Retenção, Vendas Relacionadas e Referencias

(HESKETT et al, 1997).

2.7.1 Retenção

A retenção é o relacionamento continuo e ativo com um cliente, que acarreta um fluxo de

receita cada vez mais rentável, à medida que fica mais fácil atender os clientes existentes, com

menor necessidade de dedicar-lhes esforços de marketing com vistas à familiarização.

Os custos envolvidos no atendimento aos clientes existentes caem à medida que as

expectativas são estabelecidas e os clientes aprendem o processo de prestação do serviço,

principalmente para os serviços em que os clientes participam do processo.

É importante notar que mesmo nos casos onde não ha rompimento do relacionamento com o

fornecedor, os padrões de compra dos clientes pode se modificar aos poucos, e por isso a

retenção nunca deve ser dada como certa.

Diversas iniciativas mostram que o custo de atração de novos clientes é cinco ou mais vezes

maior que o da retenção dos já existentes.

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2.7.2 Vendas Relacionadas

Custa muito menos vender novos produtos e serviços a clientes já existentes que a clientes

novos. Isso se explica porque as vendas para um cliente que já conhecemos e a quem já nos

conhece requerem pouca apresentação de marketing, não exigem verificações de credito e

ocupam muito menos tempo.

Dessa forma, as margens sobre as vendas para clientes existentes são maiores, mesmo nos

casos onde esses clientes negociem preços menores para certos itens padronizados na linha do

fornecedor, já que em contrapartida, esses mesmos clientes costumam ser menos sensíveis em

relação aos preços na aquisição de novos produtos.

2.7.3 Referencias

O maior impacto sobre o lucro, exercido pelos esforços de retenção dos clientes e de

desenvolvimento de sua satisfação, decorre das referencias positivas fornecidas por estes aos

clientes em potencial. Esse fato é especialmente importante para muitos serviços e bens

industriais e de consumo, para os quais os potenciais clientes apresentam níveis elevados de

risco percebido.

Existem estudos sugerindo que clientes satisfeitos com os serviços prestados provavelmente

falariam a esse respeito com outras cinco pessoas. Por outro lado, clientes insatisfeitos teriam

a probabilidade de falar com outras onze pessoas (STANDARD AND POOR'S STOCK

REPORTS, 1999).

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De acordo com Barlow & Moller (1996), “reclamações fornecem um mecanismo de feedback

que pode ajudar as organizações a mudar ou adaptar produtos, estilo de serviço e até foco de

mercado de forma rápida e barata, atendendo as necessidades dos clientes.”

No entanto, as técnicas utilizadas por muitas organizações para coletar as opiniões dos

clientes são significativamente limitadas. As pesquisas (sejam entrevistas e/ou questionários)

que compõe a maior parte dos esforços do mercado, são, quando usadas de forma isolada, não

efetivas para identificar as necessidades do cliente, particularmente onde o cliente não

conhece realmente quais são suas reais necessidades. Com relação a isso, o setor de serviços

torna-se ainda mais desafiador dado a natureza intangível de alguns serviços, o que pode

dificultar ao cliente detalhar de forma apropriada sua necessidade ou expectativa. (GOFFIN

et al, 2010; GOFFIN et al, 2012).

Desenvolver um entendimento profundo das necessidades do cliente é um processo iterativo e

complexo que eventualmente requer uma observação sistemática, cuidadosa e flexível

(EUCHNER & HENDERSON, 2011).

Transformar as opiniões do cliente em desenvolvimentos de novos produtos e serviços é

quase universalmente reconhecido por gerentes como um fator crucial para a criação de casos

de sucesso (GRIFFIN & HAUSSER, 1993).

Após a revisão, foi possível definir as características do mercado B2B e como esse mercado

se diferencia de um mercado de bens de consumo, principalmente no que diz respeito ao

relacionamento que se estabelece entre fornecedor e cliente e a necessidade de integração das

diferentes áreas de uma empresa para atendimento da demanda do mercado.

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Também foi possível identificar as características do comprador organizacional e as forças

que atuam em um processo de compras. Neste caso, foi possível validar que os cargos

elegidos para estudo da qualidade de serviço nessa dissertação possuem os atributos que os

tornam determinantes no processo de compras.

Com a revisão, também foi possível compreender como processos de fusões e aquisições

podem impactar o relacionamento com os clientes, incluindo a qualidade de serviços

percebida que por sua vez, também teve suas dimensões descritas através da literatura

estudada.

Finalmente definiu-se a escala SERVQUAL que será utilizada nesse estudo conforme descrito

na metodologia, bem como se listou algumas ferramentas de marketing úteis para o

gerenciamento dos negócios no segmento de mercado estudado.

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE PESQUISA

Para a categorização dessa dissertação, utilizou-se como base a taxionomia apresentada por

Vergara (2010), que a separa em relação a dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios.

3.1.1 Quanto aos fins

Quanto aos fins, a pesquisa foi exploratória e descritiva. Exploratória porque, apesar de

muitos estudos sobre Fusões e Aquisições e também relacionados à Qualidade de Serviços,

encontrou-se poucos estudos que de alguma forma relacionam esses dois temas da forma

como a qual essa dissertação se propõe. Descritiva porque, além de descrever brevemente o

processo de fusão da Empresa “A” com a Empresa “B”, essa dissertação visa descrever o

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impacto desse processo de fusão na qualidade do serviço recebida pelos clientes, com base em

percepções e expectativas relatadas.

3.1.2 Quanto aos meios

Quanto aos meios, a dissertação é um estudo de caso e ao mesmo tempo, uma pesquisa de

campo. É um estudo de caso porque está relacionada diretamente ao processo de fusão

específico da empresa “A” com a empresa “B” e é uma pesquisa de campo por se tratar de

uma investigação empírica / qualitativa que vai incluir entrevistas em profundidade e

observação participante. Por utilizar essa ferramenta de entrevistas, parte do tamanho da

amostra foi reduzido em troca da busca por maior profundidade nas informações coletadas.

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA

A pesquisa de campo foi feita no mercado organizacional de empresas produtoras de petróleo

no Brasil, que são as clientes do segmento de mercado de químicos para produção de óleo e

gás, estudado nessa dissertação. Neste mercado organizacional, o país conta com 5 grandes

clientes organizacionais, que representam quase 95% do faturamento das empresas do

segmento estudado, sendo os 5% restantes compostos por outros clientes organizacionais de

menor representatividade no cenário nacional. O universo da dissertação será composto das

pessoas que ocupam posições que fazem parte do processo de compra nesses 5 grandes

clientes organizacionais e incluem: Gerentes, Químicos de Produção e Engenheiros de

Processamento. Entre as posições selecionadas para o universo da pesquisa, algumas delas

não estão diretamente ligadas ao processo de compras, mas exercem peso determinante na

decisão de compra e por isso a pesquisa está centralizada nessas posições como respondentes

principais da questão avaliada. Basicamente todos os entrevistados são “Tomadores de

Decisão”, “Aprovadores” ou “Usuários/Influenciadores diretos” do processo de compras.

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A amostra foi definida pelo critério de tipicidade, uma vez que foram selecionadas as pessoas

que melhor representam a população-alvo, visto que fazem parte de um mercado conhecido

pelo autor.

Também foi levada em consideração a complexidade da estrutura organizacional do cliente,

ou seja, naqueles clientes de estrutura mais simples, selecionou-se apenas 1 ou 2

entrevistados, enquanto no cliente com maior estrutura e complexidade na organização,

selecionou-se 4 entrevistados. Para efeitos de confidencialidade, manteve-se os nomes em

sigilo.

Nome Cliente Papel do Processo de Compras

A. 1 Tomador de Decisão

B. 2 Tomador de Decisão

C. 2 Tomador de Decisão

D. 3 Usuário e Influenciador

E. 3 Tomador de Decisão e Aprovador

F. 4 Usuário e Influenciador

G. 5 Tomador de Decisão e Usuário

H. 3 Tomador de Decisão

I. 3 Tomador de Decisão

Tabela 1. Amostra de Clientes Entrevistados

3.3 COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados por meio de:

Observação Participante, uma vez que o autor da dissertação fez parte da equipe de

vendas da empresa “A” antes e durante a fusão e desde então, é parte integrante da

equipe de marketing da “Nova Empresa”, interagindo portanto nos processos que

impactam na prestação de serviços da organização estudada.

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Pesquisa Documental nos arquivos, documentos e comunicações das empresas “A”,

“B” e “Nova Empresa”, com o objetivo de levantar informações relevantes

relacionadas ao processo de fusão, e a cultura existente pré-fusão, no que tange a

prestação de serviços e estrutura dos times de vendas e marketing.

Pesquisa de campo, com realização de entrevistas por pautas (semiaberta) com os

ocupantes dos cargos indicados na seção de Universo e Amostra.

As entrevistas foram conduzidas através dos diferentes aspectos abordados na escala

SERVQUAL, que foi utilizada como base para elaboração das pautas a serem

exploradas, mais de forma qualitativa do que quantitativa. O objetivo foi ter

profundidade em cada um dos atributos da qualidade de serviço listada pela

SERVQUAL, para determinar a satisfação dos clientes em relação a qualidade de

serviço da “Nova Empresa”.

A nomenclatura dos atributos foi ligeiramente modificada para apresentação aos

clientes de forma a deixar mais claro o objetivo da avaliação. Assim os atributos

avaliados foram chamados de:

Tangibilidade: grupo de elementos físicos associados a prestação de serviços, tais

como aparência das instalações físicas, dos equipamentos e materiais impressos. Nesse

item foi solicitado de forma explícita ao entrevistado que não considerasse o produto

associado ao tratamento químico para produção de óleo e gás. Isso foi feito para que o

produto, elemento tangível principal deste segmento, não influenciasse a avaliação do

serviço, objetivo principal do trabalho. Por causa disso, e sabendo da importância do

produto neste mercado, foi adicionado um tópico na entrevista para coleta de dados

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específico sobre produto, com o objetivo de não negligenciar a opinião do cliente em

relação a esse aspecto.

Confiabilidade: Diz respeito à capacidade da empresa prestadora de serviço em

executar o serviço contratado conforme o prometido/combinado, de modo confiável e

preciso.

Capacidade/Velocidade de Resposta: Disposição de ajudar os clientes e de fornecer o

serviço com prontidão. Relaciona-se também à rapidez de resposta na correção de

erros.

Credibilidade: Refere-se à capacidade dos funcionários da empresa prestadora de

serviço em inspirar credibilidade e confiança nos clientes, além de seus conhecimentos

e cortesia

Empatia Corporativa: Refere-se ao grau em que a prestadora do serviço é capaz de

adequar-se para atender às especificidades de cada cliente, ou seja, a atenção

individualizada e cuidadosa que as empresas proporcionam aos clientes

As entrevistas foram gravadas em meio digital, transcritas, e então apresentadas aos

entrevistados para revisão e validação do texto. Não foram feitas modificações no texto final.

Os áudios estão disponíveis para conferência e validação em poder do autor.

Após a definição das perguntas que foram utilizadas na entrevista, um pré-teste com uma

pessoa da Nova Empresa foi realizado, de maneira a calibrar e validar as perguntas que foram

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utilizadas nas entrevistas definitivas. O respondente do pré-teste não faz parte da amostra

final.

3.4 TRATAMENTO DOS DADOS

Para o tratamento dos dados coletados nas entrevistas em profundidade, foi utilizada a técnica

de análise de conteúdo descrita por Bardín (1977) e Vergara (2005).

Para Bardín (1977, p. 42), a análise de conteúdo é um conjunto de “técnicas de análise das

comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do

conteúdo das mensagens, indicadores [...] que permitam a inferência de conhecimentos

relativos às condições de produção/recepção [...] destas mensagens”

Ainda de acordo com Bardin (1977, p. 95), o desenvolvimento da análise passa por: pré-

análise, que tem como missões a escolha dos documentos a analisar; a formulação das

hipóteses e dos objetivos; a elaboração dos indicadores que fundamentam a interpretação

final; exploração do material, que envolve operações de codificação e enumeração em função

das regras previamente formuladas; e tratamento dos resultados, de modo a serem

significativos e válidos; inferência e interpretação. É importante destacar a importância da

seleção da unidade de análise que pode ser, por exemplo, a palavra ou a frase. A opção deverá

recair sobre aquela que for mais adequada ao estudo que estiver sendo realizado, tendo em

conta as vantagens e limitações relacionadas com o uso de qualquer um dos tipos de unidades.

Neste estudo, a unidade de análise utilizada foram as frases, que retiradas das transcrições do

texto ajudam a interpretar o contexto geral da resposta do entrevistado.

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3.5 LIMITAÇÕES DO MÉTODO

A metodologia escolhida para essa dissertação apresenta as seguintes dificuldades e

limitações quanto à coleta e ao tratamento dos dados:

O método está limitado pela seleção das pessoas que foram entrevistadas, tendo em vista a

impossibilidade de serem entrevistados todos os participantes do processo de compra e todos

os usuários do serviço prestado pela “Nova Empresa”, devido a disponibilidade de tempo e,

em alguns casos, a acessibilidade de todas essas pessoas.

Soma-se a isso, o fato de se utilizar entrevistas em profundidade como ferramenta de pesquisa

de campo, trabalhando com uma amostra restrita, o que pode fazer com que as respostas não

representem fielmente o universo estudado, mas esse é um risco de qualquer processo de

investigação.

Outro aspecto a ser considerado é que, quando da coleta de dados, para a obtenção de

melhores resultados o pesquisador deve ser experiente e maduro no sentido de captar aspectos

relevantes que, às vezes, não são explicitamente revelados e devem ser inferidos dos discursos

dos entrevistados. É possível que nem sempre se consiga fazer isso.

Os entrevistados, por sua vez, podem fornecer respostas falsas, que não traduzam suas

opiniões reais, por razões conscientes (receio de comprometer-se ou timidez, por exemplo) ou

inconscientes. Também alguma falha na habilidade do entrevistador pode influenciar as

respostas dos entrevistados ou não lhes transmitir a confiança necessária para que eles

exponham seus reais sentimentos. Busca-se, contudo, neutralizar esses aspectos, como por

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exemplo, tornando a entrevista confidencial e repassando o texto transcrito para uma revisão

final.

Quando do tratamento dos dados coletados, uma limitação diz respeito à própria história de

vida do pesquisador, influindo em sua interpretação. Contudo, procura-se certo

distanciamento, embora se admita a inexistência da neutralidade científica.

3.6 CRONOGRAMA

Início Término

1. Aprovação do Projeto

1.1 Definição do escopo do projeto com o orientador

1.2 Pesquisa inicial e elaboração do projeto escrito

1.3 Defesa e aceitação do projeto

15.01.2014 16.04.2014

2. Coleta de Dados

2.1 Pesquisa Bibliográfica e documental

2.2 Preparação das entrevistas / Pré-teste

2.3 Realização das Entrevistas

17.04.2014 20.07.2014

3. Tratamento dos Dados

3.1 Análise dos dados bibliográficos e documentais

3.2 Transcrição e validação das entrevistas

3.3 Análise dos dados das entrevistas

3.4 Conclusão dos resultados

21.07.2014 20.10.2014

4. Redação e aprovação da dissertação

4.1 Redação da versão preliminar

4.2 Aceitação pelo orientador

4.3 Defesa e apresentação a banca examinadora

21.10.2014 20.12.2014

AtividadeDatas

Tabela 2. Cronograma

.

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados e discutidos os principais resultados obtidos por meio da

coleta de dados. Na primeira seção está apresentada uma breve descrição da fusão das

Empresas “A” e “B” listando suas principais premissas, objetivos e dificuldades. Essa seção

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foi feita com base na observação participante do autor que fez parte de todo o processo como

funcionário. Na segunda seção, está a análise da importância dos atributos da qualidade de

serviços estudados (Tangibilidade, Confiabilidade, Velocidade/Capacidade de Resposta,

Credibilidade e Empatia Corporativa) neste mercado, com base na classificação feita pelos

entrevistados ao final de cada entrevista realizada. Na terceira seção é feita a análise de cada

um desses atributos em detalhe e estão apresentados trechos retirados das transcrições das

entrevistas de forma a exemplificar a opinião geral dos entrevistados. A análise é realizada

para cada um dos atributos individualmente: Tangibilidade, Confiabilidade,

Velocidade/Capacidade de Resposta, Credibilidade, Empatia Corporativa, além de Produto,

item acrescentado devido à importância deste elemento no segmento estudado.

4.1 FUSÃO DA EMPRESA “A” COM A EMPRESA “B”

4.1.1 Histórico

A empresa “A” era uma empresa global, presente em 171 países, e fornecia serviços e

tratamento químico de água, óleo e gás para uma variedade de clientes e mercados, contando

com um time de mais de 44 mil profissionais atendendo a mais de 1 milhão de localidades de

clientes no mundo todo com tecnologias, soluções e serviços de engenharia. “A” era uma

empresa de grande porte que possuía ações na bolsa de valores de Nova Iorque e faturou 13,5

Bilhões de Dólares em 2012.

Para essa dissertação, todos os dados utilizados da empresa “A” serão relacionados ao seu

segmento de especialidades químicas que oferece químicos e serviços para empresas de

produção de petróleo e gás (upstream). Neste segmento, a empresa “A” possuía cerca de

3.600 funcionários, sendo 2.100 atuando em vendas e serviços, distribuídos em mais de 70

países e faturou cerca de 3.7 Bilhões de Dólares em 2012.

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Com um perfil diferente, a empresa “B” era uma empresa familiar com 3.200 funcionários,

sendo 1.600 na área de vendas e serviços e presente em mais de 70 países. “B” era uma

empresa que atuava somente no segmento de mercado de químicos e serviços para empresas

de produção de petróleo e gás (upstream), não possuindo portanto outros mercados de

atuação. “B” não negociava ações em Bolsa de Valores e faturou cerca de 1.3 Bilhões de

Dólares em 2012.

Em Outubro de 2012, a empresa “A” anunciou a compra da empresa “B” ao mercado global e

6 meses depois, em Abril de 2013, concretizou os trâmites legais concluindo a transação e

unindo a empresa “B” ao seu negócio de químicos e serviços para óleo e gás (upstream)

formando uma única empresa neste segmento, que chamaremos de “Nova Empresa”.

As empresas A e B declaradamente possuíam culturas e valores similares em nível global.

Ambas declaravam ter foco na prestação de serviços e na satisfação do cliente final.

Observações do mercado nacional, porém, demonstram que o posicionamento estratégico de

“A” e “B” no Brasil eram historicamente diferentes. “A” mantinha a maior parte de sua

carteira de clientes voltada para clientes multinacionais, com cultura e know-how de prestação

de serviços e ferramentas de garantia de satisfação do cliente bem avaliadas e implementadas.

Por outro lado, “B” mantinha sua estratégia ligada em clientes nacionais, com cultura

comercial mais evidente e relacionamentos sólidos construídos com base em negociações

comerciais e boa performance técnica dos produtos associados aos serviços oferecidos.

Durante os 6 meses entre o anúncio público e a concretização da fusão as empresas e seus

funcionários não tinham permissão para trocar informações e compartilhar decisões. Ambas

as empresas continuaram funcionando independente uma da outra neste período.

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Como se pode imaginar, esses 6 meses foram um período onde seus funcionários e clientes

apresentavam uma sensação misturada de expectativa e medos.

Expectativa por poder finalmente conhecer mais sobre aquela que durante bastante tempo foi

um concorrente de peso para os funcionários e expectativa por parte dos clientes sobre quando

poderiam começar a usufruir da nova estrutura, bem como os ganhos que poderiam receber.

Por parte dos funcionários também houve medo por não saber como ficaria a estabilidade dos

empregos, a nova estrutura organizacional, a cultura que seria multiplicada, e por parte dos

clientes o medo era relacionado a perda de serviços, falhas de entrega e perda de

competitividade no mercado.

Após a concretização da fusão de “A” e “B”, o crescimento da expectativa de quais

estratégias, políticas e procedimentos seriam adotados na “Nova Empresa” foi notável, não só

internamente, mas também em alguns depoimentos informais de clientes observados na

época.

4.1.2 Objetivos e Premissas

Após a concretização do surgimento da Nova Empresa a pesquisa nos documentos e

comunicações internas aponta duas prioridades claras relacionadas aos funcionários da Nova

Empresa:

Manutenção imediata do nível de serviço entregue ao cliente, programas e políticas de

suas empresas originais (“A” ou “B”);

Tranquilização dos funcionários em termos de estabilidade de empregos;

A mesma pesquisa aponta outras duas mensagens claras direcionadas aos clientes:

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Manutenção imediata do nível de serviço entregue ao cliente, programas e políticas de

seus fornecedores originais (“A” ou “B”);

Promoção/Divulgação das capacidades e forças da Nova Empresa;

Após o anúncio da fusão, as empresas “A” e “B” assessoradas por uma consultoria

especializada definiram 50 grupos de trabalho, cada um com no mínimo um líder global e um

líder regional de cada empresa “A” e “B”. Nesta fase, ainda não era permitido compartilhar

informações, mas a consultoria fazia o papel de centralizadora de dados e as equipes

trabalhavam para recolher e organizar as informações que seriam necessárias após a

concretização da fusão.

Em Abril de 2013, esses grupos de trabalho, já autorizados a compartilhar dados dentro da

estrutura da Nova Empresa passaram então a trabalhar na unificação e definição de novas

políticas, processos e objetivos.

Entre os grupos de trabalho criados estavam diferentes áreas de Supply Chain, RH, TI,

Finanças, Comercial, Segurança e Meio Ambiente, Qualidade, entre muitos outros.

1 ano e meio após a fusão, alguns desses grupos de trabalho continuam em atividade e

continuam definindo processos e políticas comuns.

Vale destacar que a principal premissa para esses grupos de trabalho era selecionar o “melhor

do melhor” em termos de processo e política.

Essa premissa batizada de “melhor do melhor” também foi aplicada para estruturação das

equipes. A diferença foi que para o time de vendas, utilizou-se também um segundo artifício

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com o objetivo de maximizar a troca de conhecimentos, experiências e boas práticas. Esse

artifício foi o de cruzar as lideranças com as equipes das duas empresas, isto é, uma equipe de

vendas originária da Empresa “A” passou a ser gerenciada por um gerente originário da

Empresa “B” e vice versa.

4.1.3 Dificuldades

Por ser um processo de fusão considerado grande e complexo algumas dificuldades podem ser

destacadas:

O cruzamento de lideranças associado a premissa de seleção do “melhor do melhor” em uma

fase inicial da fusão criou um ambiente de tensão entre os funcionários e gerentes;

Algumas sinergias e consequente demissão de funcionários também foi observada nesta fase o

que acabou acarretando um aumento da tensão já existente naquele momento;

Do ponto de vista dos clientes, observou-se alguns comentários sobre afastamento das

lideranças e aumento da distância no relacionamento cliente-fornecedor;

A tensão causada nos funcionários também pode potencialmente ter ocasionado a perda de

foco dos funcionários que prestam serviço na ponta do cliente já que esse também foi um

comentário observado na época próxima a concretização da fusão;

A harmonização de benefícios e salários também apareceu como dificuldade neste processo e

continua sendo assim. 1 ano e meio depois da concretização, o grupo de trabalho de RH ainda

trabalha no processo de harmonização que parece, baseado em observação participante, gerar

certa insatisfação nos funcionários que buscam certa equidade em relação aos colegas de área

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e de profissão. Ainda que em andamento e em fase final de implementação, este processo se

mostrou complexo de ser feito;

A lista de dificuldades é provavelmente mais extensa do que a aqui apresentada, mas esse

trabalho se limitará a esta lista baseando-se apenas na observação participante que impacta

mais diretamente a funcionários de vendas e clientes.

4.2 IMPORTÂNCIA DOS ATRIBUTOS DE QUALIDADE DE SERVIÇOS

Em cada entrevista foi solicitado aos entrevistados que colocassem os atributos da qualidade

de serviço em ordem de importância segundo a opinião deles. Os atributos Tangibilidade,

Confiabilidade, Velocidade/Capacidade de Resposta, Credibilidade e Empatia Corporativa

foram então classificados segundo o próprio critério do entrevistado de maneira a demonstrar

seu grau de importância na hora de avaliar a qualidade do serviço prestado por um fornecedor

do mercado de tratamento químico de óleo e gás.

Após a classificação de cada um dos 5 atributos em ordem de importância, considerou-se a

posição na classificação como uma pontuação, ou seja, o atributo de maior importância

ganhou nota 1 e o atributo de menor importância ganhou nota 5. Ao final foi realizado o

somatório da pontuação e o atributo de menor pontuação (mais vezes nas primeiras posições

de importância) foi considerado de maior importância e assim sucessivamente.

A tabela final de classificação de importância para os entrevistados está apresentada a seguir:

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Classificação de

ImportânciaAtributo

1 Confiabilidade

2 Velocidade/Capacidade de Resposta

3 Credibilidade

4 Empatia Corporativa

5 Tangibilidade

Tabela 3. Classificação de Importância para Qualidade do Serviço

A classificação demonstra que os clientes avaliaram os atributos de Confiabilidade e

Velocidade/Capacidade de Resposta como sendo os atributos mais importantes na avaliação

da qualidade de serviço no segmento estudado.

Em um mercado que envolve valores transacionais elevados e riscos altos, não somente

financeiros mas também associados a segurança da saúde e do meio ambiente, o planejamento

e a certeza que uma empresa produtora de petróleo irá receber o serviço contratado conforme

o combinado é muito importante e fica evidenciado nesta classificação. Da mesma forma a

capacidade de solucionar problemas, por vezes de alta complexidade e a velocidade para

corrigir erros ou até entregar soluções complementa essa necessidade.

Na outra ponta da importância aparece o atributo da Tangibilidade, unânime na classificação

de atributo menos importante. Essa classificação poderia ser surpreendente já que o segmento

estudado tem o produto químico como item tangível e como o negócio principal do segmento

de tratamento químico de óleo e gás. No entanto, solicitamos aos clientes que removessem o

produto químico de sua avaliação, procurando pensar nos atributos exclusivamente em termos

de serviços. Dessa forma, a tangibilidade foi avaliada em termos de aparência das instalações,

das pessoas, materiais de divulgação, relatórios e outros tangíveis não associados diretamente

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aos produtos químicos utilizados no tratamento, o que torna mais compreensível encontrar

este atributo classificado como menos importante para avaliação da qualidade de serviço.

4.3 ANÁLISE DOS ATRIBUTOS DE QUALIDADE DE SERVIÇOS

Nesta seção é feita a análise detalhada de cada um dos atributos estudados. Para cada atributo

está apresentado um resumo das observações feitas seguido de trechos retirados das

transcrições das entrevistas de forma a exemplificar as observações.

Conforme definido na metodologia, o entrevistado foi orientado a estruturar sua resposta em 3

etapas: definição de uma empresa excelente/ideal no atributo discutido, percepção da Empresa

A ou Empresa B antes da fusão e finalmente, percepção de alteração na qualidade associada

ao atributo avaliado após a fusão. Em alguns casos, para melhor entendimento do contexto

geral da resposta foi solicitado que o entrevistado falasse sobre a expectativa que criou após

ser comunicado que a fusão da Empresa A com a Empresa B iria acontecer.

4.3.1 Tangibilidade

Esse atributo, considerado o de menor importância na classificação de prioridades, refere-se

aos aspectos tangíveis do serviço prestado, que podem servir de pistas ou indicadores da

qualidade do serviço, tais como aparência física das instalações, equipamentos, apresentação

das pessoas e material de comunicação. Para o segmento de mercado estudado, o produto é

sem dúvida o elemento mais tangível associado a prestação de serviços de tratamento químico

e por isso como já explicado, durante o processo de entrevistas foi solicitado de forma

explicita ao entrevistado que não considerasse esse elemento em sua avaliação mas usasse os

demais aspectos tangíveis para fazer sua avaliação.

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4.3.1.1 Definição da Empresa Excelente

De modo geral, no que diz respeito ao atributo da tangibilidade, os entrevistados definiram

que uma empresa excelente e ideal do segmento estudado deve apresentar padronização e boa

apresentação. Isso pode ser evidenciado pelos trechos retirados das transcrições das

entrevistas abaixo:

Uma empresa ideal mostraria padronização... entrega o mesmo serviço

em qualquer localidade para qualquer cliente. (A., Tomador de

Decisão)

A empresa ideal é aquela que possui instalações com boa conservação

e organização, padrão de segurança e conforto, equipamentos

modernos e em funcionamento, pessoas com boa apresentação

pessoal… (B., Tomador de Decisão)

...sem duvida a aparência e organização acaba refletindo na sua ideia

e conceito... (F., Usuário)

Com relação as instalações, quando um cliente vai visitar a planta, se

ela está bagunçada a percepção é uma, agora se está organizada,

automatizada com equipamentos modernos isso faz uma diferença...

(G., Tomador de Decisão e Usuário)

Também se observou uma menção específica a apresentação pessoal dos prestadores de

serviço, porém associada a um “alerta” sobre nivelamento da apresentação com a realidade do

cliente. Nesse caso o entrevistado tenta demonstrar que a apresentação, ainda que boa, deve

manter um nível adequado a realidade do cliente evitando exageros:

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Se o cara bater todo dia de gravata aqui vai me incomodar, porque eu

não ando assim, a roupa tem que estar próximo do seu cliente para

trazer proximidade... (E., Tomador de Decisão e Aprovador)

Em uma das entrevistas, foi curioso perceber que a nomenclatura dos produtos foi

considerada um elemento tangível e foi associada também a importância da padronização.

Neste caso pode-se potencialmente relacionar essa opinião ao fato de que o entrevistado era

um usuário direto dos serviços e produtos da Nova Empresa:

Quanto mais homogênea a nomenclatura for, menor o risco de

contaminações ou usos indevidos de um produto. (D., Usuário)

Ainda na definição de uma empresa excelente, foi registrado também menções a relatórios

que comumente são entregues aos clientes nesse mercado de prestação de serviços de

tratamento químico. Neste caso, a apresentação e padronização também se faz presente na

entrevista relacionado o item tangível ao atributo de confiabilidade. Além disso destaca-se a

importância do conteúdo do relatório:

...é muito importante você ter um relatório técnico bem estruturado

para que seja claro e direto... apresentação dá a pista de que aquele

relatório está bem feito e é confiável... (C., Tomador de Decisão)

Em relação a material de divulgação e relatórios é importante que os

relatórios venham com o máximo de informações possíveis uteis, o que

não pode é ter um monte de informações irrelevantes. (G., Tomador de

Decisão e Usuário)

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... relatórios técnicos são nosso guia para tomar decisões e precisam

ser claros e bem estruturados. A apresentação de um relatório indica o

cuidado que se deu ao elaborá-lo... (H. Tomador de Decisão)

Foram registradas ainda observações relacionadas a tangibilidade demonstrada por eventuais

serviços terceirizados pelo próprio prestador de serviços. No mercado de tratamento químico

de óleo e gás essa terceirização acontece fundamentalmente em atividades logísticas.

...na terceirização você precisa prestar atenção para que o mesmo

mantenha os seus padrões de qualidade... (E., Tomador de Decisão e

Aprovador)

Muitas vezes a empresa demonstra um elevado padrão de qualidade,

boa apresentação e instalações e ativos em excelentes condições mas

utiliza serviços terceirizados muito abaixo desse nível. Com isso, tudo

que a empresa deseja mostrar se desfaz porque o terceirizado nada

mais é que a própria empresa prestando um serviço... (H., Tomador de

Decisão)

... é muito importante que qualquer serviço terceirizado mantenha o

mesmo padrão demonstrado pela empresa... (I., Tomador de Decisão)

4.3.1.2 Percepções anteriores a fusão

Na segunda etapa da entrevista, o entrevistado foi orientado a avaliar a Empresa A ou

Empresa B no atributo de Tangibilidade. Neste caso, há uma avaliação geral de que ambas as

empresas demonstravam qualidade neste atributo, com certo destaque para a Empresa A,

sendo reconhecida pelo cliente por ter certo zelo com esse atributo. Nesse tópico também é

possível notar que os clientes percebiam a infraestrutura produtiva da Empresa A num nível

de qualidade maior que a da Empresa B.

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49

A Empresa A sempre se preocupou com os elementos tangíveis do seu

serviço como apresentação, aparência, instalações… (D., Usuário)

Visito as instalações da empresa com frequência e elas estão bem

próximas ao padrão ideal de mercado. De fato, as instalações da

Empresa B demonstram ainda um padrão inferior de qualidade de

segurança e organização do que as instalações da Empresa A e isso

gera uma expectativa de que o padrão maior seja mantido e

multiplicado para as novas instalações. (B., Tomador de Decisão)

A Empresa B antes da fusão possuía uma planta terceirizada e

Empresa A uma planta automatizada. Conheci uma das plantas da

Empresa B mas não conheci a outra, para ser sincero tem muita coisa

manual, não tem automatização, não estou questionando a qualidade,

mas não é uma planta moderna. (G., Tomador de Decisão e Usuário)

Questionou-se também sobre a percepção anterior a fusão em relação a relatórios entregues

aos clientes e observou-se uma diferença negativa entre o que o cliente havia definido como

excelente e a percepção que ele tinha da realidade antes da fusão:

...os relatórios nunca eram tão claros como deveriam ser e que as vezes

falta padronização e um sistema de rastreamento que diga claramente

quem fez, quando fez, qual o departamento, bem como uma capa de

abertura... (C., Tomador de Decisão)

... alguns relatórios não eram tão completos ou tão claros nas

conclusões e como cliente as vezes existia dificuldade para interpretar

os dados e tirar conclusões.. (H., Tomador de Decisão)

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50

4.3.1.3 Percepções após a fusão

A terceira etapa da entrevista consistiu em identificar a percepção após a fusão. Neste caso

buscou-se extrair da entrevista percepções de alterações ou de manutenção do status

percebido pelo cliente após o surgimento da Nova Empresa e se a conotação dessa alteração

ou manutenção era percebida como um aumento ou perda de qualidade do serviço recebido.

Em sua maioria, os clientes não perceberam alterações no atributo de tangibilidade após a

fusão:

...não se percebeu nenhuma mudança pós-fusão... (B., Tomador de

Decisão)

Não acho que esse item tenha piorado após a fusão mas também não

consigo apontar uma melhoria em relação a isso (D., Usuário)

Não modificou de alguma forma significativa assim... (E., Tomador de

Decisão e Aprovador)

Não percebo alterações após a fusão com exceção de uma repaginada

no logotipo e outros aspectos visuais... (I., Tomador de Decisão)

Neste ponto é importante adicionar parte da observação participante do autor do trabalho que

evidenciou uma reformulação completa da imagem visual da empresa, adicionando uma nova

marca, imagens, materiais de divulgação e padrões de comunicação diferentes. No entanto,

esse extenso trabalho de reformulação não foi percebido ou não foi reconhecido pelos clientes

como se pode observar nas afirmações a seguir:

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A fusão alterou a imagem visual da empresa mas não em termos de

qualidade. Nesse ponto continua igual antes e depois da fusão. (A.,

Tomador de Decisão)

Em relação a material de divulgação, como cliente ainda não sinto que

conheço as capacidades e histórico da Empresa B. Sinto que essa

informação ainda não chegou para o cliente. (C., Tomador de Decisão)

Ainda não tive acesso a materiais de divulgação ou relatórios da Nova

Empresa e não consigo perceber como a fusão tenha impactado nesse

aspecto. (D., Usuário)

...apresentações não vi mudanças realmente só no logo. O mais

importante é o conteúdo do que a própria apresentação em si, não

enxergo isso como vantagem ou desvantagem. (F.,Usuário)

...em termos de material de divulgação não recebi nada. (G., Tomador

de Decisão e Usuário)

Até agora recebi muito pouco material de divulgação... (H., Tomador

de Decisão)

Neste caso não se nota um viés claramente negativo de percepção de qualidade de serviço

associada a tangibilidade, porém percebe-se que a Nova Empresa não conseguiu recuperar o

valor dos esforços postos na reformulação da imagem visual por talvez não ter comunicado

adequadamente até o presente momento.

No quesito comunicação após a fusão, percebe-se certa carência de informações relacionada a

Empresa com a qual o cliente não tinha contato antes da fusão. Em alguns casos foi

mencionado o fato de não se ter conhecimento ou acesso a possíveis benefícios da fusão com

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a outra Empresa diferente da qual o cliente fazia negócios anteriormente, o que parece que era

uma expectativa dos clientes:

...a Nova Empresa não se preocupou em demonstrar esses ganhos

advindos da fusão. (B., Tomador de Decisão)

Acho que seria muito agregador para o cliente ter essa visibilidade do

que se agregou com a fusão. Produtos, casos de sucesso, será que não

há nada da Empresa B que possa ser aplicado? (C., Tomador de

Decisão)

Quando questionado sobre os relatórios entregues pela Nova Empresa, evidencia-se que a

baixa qualidade percebida antes da fusão continua presente para o cliente que havia

apresentado uma percepção negativa. Para os demais clientes, há evidências que os relatórios

não sofreram alterações significativas:

Isso não mudou com a fusão… (C., Tomador de Decisão)

Relatório não vi nenhuma diferença, só mudou o logo, os reports e

apresentações não vi mudanças realmente só no logo. (F., Usuário)

O relatório vem sido desenvolvido com o tempo, permanece o mesmo,

praticamente só mudou o logo, mas ainda são melhorias pequenas, não

houve mudanças drásticas, (G., Tomador de Decisão e Usuário)

Foi identificada a importância da homogeneidade da nomenclatura dos produtos durante a

etapa de definição de uma empresa excelente e por isso foi questionada a percepção desse

tópico na Nova Empresa. A resposta demonstra que o cliente identifica uma falta de

padronização que pode causar problemas na prestação do serviço:

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O fato da nomenclatura dos produtos ofertados pela Empresa A e

Empresa B ainda estarem mantidos acaba gerando confusão e acho

que a Nova Empresa deve migrar para uma nomenclatura comum. (D.,

Usuário)

Finalmente, como parte da observação participante do autor, destaca-se que ambas as

empresas possuíam infraestrutura avançada e de qualidade antes da fusão, porém em áreas

que se mostraram complementares principalmente nos serviços que demandam tecnologia,

isto é, em muitos casos a infraestrutura existente da Empresa A atendia uma necessidade da

Empresa B e vice-versa. Com isso, aparentemente esse foi a única parte deste aspecto que

parece indicar que a Nova Empresa se beneficiou em alguma extensão dessa fusão,

proporcionando melhores recursos e infraestrutura para seus clientes:

Em relação a infraestrutura, percebo que a fusão proporcionou algum

aumento de capacidade e recursos, principalmente na parte técnica.

(C., Tomador de Decisão).

...vejo melhoria em relação a parte de laboratório, tem um laboratório

novo, equipamentos modernos, maior, nessa parte de desenvolvimento

percebi uma melhoria... (G., Tomador de Decisão e Usuário)

...claro que a fusão das duas empresas proporcionou uma maior

quantidade de recursos de infraestrutura como laboratórios, plantas e

escritórios o que acaba sendo útil para os clientes e é uma melhoria..

(I., Tomador de Decisão)

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4.3.2 Confiabilidade

O atributo da Confiabilidade está relacionado à capacidade da empresa prestadora de serviço

em executar o serviço contratado conforme o prometido/combinado, de modo confiável e

preciso.

Como vimos no item 4.2, a Confiabilidade foi considerada o aspecto mais importante para a

avaliação da qualidade do serviço de uma empresa do segmento estudado. Devido a natureza

do mercado de óleo e gás, os riscos envolvidos são considerados altos já que os contratos em

geral são de alto valor e longa duração, além do fato de que a operação em si é de alta

complexidade e exige grande tecnologia e segurança para as pessoas, instalações e meio

ambiente. Dessa forma, receber um serviço confiável passa a ter grande importância.

Os entrevistados foram orientados a seguir a mesma lógica descrita anteriormente, isto é,

estruturar sua avaliação em 3 partes (definição da empresa excelente/ideal, percepção da

Empresa A ou Empresa B, percepção da Nova Empresa).

4.3.2.1 Definição da Empresa Excelente

A começar pela definição do atributo de confiabilidade em uma empresa excelente, destaca-se

das entrevistas realizadas a importância dos prazos de entrega de um serviço e a segurança

que o cliente possui de que aquele serviço está feito da forma correta:

...a entrega ocorre na data exata marcada atendendo a necessidade do

cliente... (A., Tomador de Decisão)

Uma empresa excelente entrega um serviço que não deixe dúvidas em

relação a sua qualidade, ou seja, 100% confiável. Ao avaliar o serviço,

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seja uma tarefa, um relatório, ou o que for, não terei dúvidas em

relação ao que estou recebendo e dentro do prazo acordado. (B.,

Tomador de Decisão)

Empresas excelentes não somente executam um serviço dentro do prazo

e de acordo com o que o cliente requisita, mas também informam

prazos realísticos e gerenciam a expectativa do cliente. (C., Tomador

de Decisão)

...desde o teste de laboratório, que deve ser um teste correto e que

encontre o produto adequado, que ao ir para teste de campo o produto

funciona bem... (A., Tomador de Decisão)

Uma empresa excelente, expert em um determinado serviço que a gente

contrataria, teria como um balizamento a questão de controle e

indicadores de que tudo está dentro do escopo de fornecimento, do que

esta sendo entregue. (F., Usuário)

Uma empresa excelente entrega no prazo... (G., Tomador de Decisão e

Usuário)

Ainda na definição de empresas excelentes, os clientes destacam a importância da

transparência e clareza para o bom desenvolvimento do atributo de confiabilidade. Neste

ponto, nota-se inclusive uma aceitação por parte do cliente de eventuais falhas, desde que

comunicadas e compartilhadas adequadamente.

...a empresa tem que estar próximo do cliente, para ser mais rápido e

se errou é melhor falar que errou e já tomar a ação necessária para

corrigir... Uma relação mais transparente é melhor, porque quando o

cliente identifica o problema e a empresa não é transparente e fala que

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não sabe do problema o cliente simplesmente deixa de comprar… (E.,

Tomador de Decisão e Aprovador)

Se por algum motivo o serviço não for entregue no prazo acordado

porque existiram problemas de natureza maior, e isso for identificado e

comunicado, não haveria problemas. (B., Tomador de Decisão)

No nosso mercado a previsibilidade é muito importante e o fornecedor

deve estar atento para comunica antecipadamente qualquer dificuldade

que possa ter para entregar um serviço. Prever problemas também é

uma forma de transmitir confiança. (I., Tomador de Decisão)

4.3.2.2 Percepções anteriores a fusão

Ao analisar a percepção da qualidade do serviço oferecido pelas Empresa A e Empresa B

antes da fusão, os clientes demonstraram alguma insatisfação relacionada a confiabilidade dos

serviços. Abaixo estão destacados trechos que falam sobre a diferença entre o serviço

contratado/esperado e o serviço entregue:

…tivemos problemas porque recebemos uma coisa diferente do que

pedimos… (E., Tomador de Decisão e Aprovador)

Muitas vezes se inicia um serviço com a proposta de fazer A, B e C.

Isso vai sendo passado pra frente, passado pra frente, até que no final

das contas, a pessoa responsável por executar o serviço faz C, B e A ou

Z, D e H, que não era nada do que o cliente queria. (C., Tomador de

Decisão)

Eventualmente, o cliente recebe algo útil, mas nem sempre, é

exatamente o que ele esperava ou é o ideal. (C., Tomador de Decisão)

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Antes da fusão, a Empresa A apresentava alguns gaps em alguns tipos

de serviço, em relação a prazo e confiabilidade. (B., Tomador de

Decisão)

As maiores dificuldades antes da fusão estavam relacionadas a

entregas logísticas como data, horário e disponibilidade... (H.,

Tomador de Decisão)

Neste ponto da avaliação sobre as diferenças entre o serviço contratado e o serviço oferecido,

uma citação chamou atenção ao indicar o que o cliente percebia como sendo uma das fontes

do problema:

Eu vejo como maior barreira para a confiabilidade, ou seja, a maior

barreira para entregar um serviço conforme prometido ou conforme

esperado pelo cliente é de certa forma a estrutura utilizada para

prestação do serviço. (C., Tomador de Decisão)

Também foram registradas percepções negativas associadas aos serviços de análises de

laboratório, serviço esse de relevante importância no mercado de químicos para óleo e gás.

Não tive uma boa experiência com alguns testes de laboratório

realizados…(A., Tomador de Decisão)

Alguns resultados de análise eram e continuam sendo questionáveis

para gente. (B. Tomador de Decisão)

Finalmente em relação a percepções anteriores a fusão, registrou-se observações em relação

ao desenvolvimento de soluções e cumprimento de promessas. Neste caso, os clientes

destacam que a Empresa A prometia uma melhoria, alcançava de fato uma melhora, porém

insuficiente para atender completamente a sua necessidade.

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Sempre que a empresa A prometeu desenvolver uma solução melhor

que a anterior o produto de fato apresentava uma tendência de melhora

mas não atingia a melhora ou o resultado desejado. (D., Usuário)

Era comum que um tratamento fosse prometido para funcionar com

uma determinada especificação e na prática ou não funcionava ou

havia muita dificuldade para enquadrar as especificações combinadas.

(I., Tomador de Decisão)

4.3.2.3 Percepções após a fusão

Analisando então as percepções sobre a qualidade de serviço no que tange a confiabilidade

após a fusão, e a exemplo do que foi observado no atributo de tangibilidade, quase a

totalidade dos clientes afirmou que não percebeu alterações em relação à confiabilidade.

Essas opiniões foram manifestadas principalmente em relação à confiabilidade em geral,

como também em relação as diferenças entre serviço contratado e serviço entregue e analises

de laboratório, itens mencionados durante a fase de avaliação anterior a fusão de forma

negativa.

Não houve grandes mudanças após a fusão... (A., Tomador de Decisão)

...a fusão com a Empresa B ainda não demonstrou nenhuma

vantagem... No geral acho que na fusão com a Empresa B, ainda não

foi possível visualizar esse aumento de capacidade e sinergia... (A.,

Tomador de Decisão)

A fusão de duas grandes empresas gerou uma expectativa de que não

somente esse como todos os itens melhorassem... ...Essa expectativa de

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melhora ainda não foi atendida em nenhum item. (B., Tomador de

Decisão)

Não vejo alteração de confiabilidade após a fusão (C., Tomador de

Decisão)

Em poucos casos, clientes manifestaram uma percepção de melhoria do atributo de

confiabilidade, demonstrando maior satisfação em relação a esse aspecto. Em todos eles, há

uma relação da percepção de melhora com o aumento de recursos técnicos tanto de

infraestrutura quanto de pessoas:

Acho que a confiabilidade após a fusão é maior do que antes. (D,.

Usuário)

Os recursos e capacidade técnica advindos da Empresa B fizeram com

que a Nova Empresa passe maior confiabilidade do que como clientes

percebíamos na Empresa A. (E., Tomador de Decisão e Aprovador)

Em relação aos prazos percebi uma melhora, que tem mais gente

envolvida, percebe-se que por traz tem mais gente e mais capacidade

do que tinha antes. (G., Tomador de Decisão e Usuário)

No caso específico onde o cliente apontou a estrutura para prestação do serviço como fonte

para as diferenças entre serviço contratado e serviço entregue, foi questionada sua percepção

sobre o mesmo tema após a fusão como uma tentativa de aprofundar essa análise. Neste

momento, o cliente detalhou um pouco mais o que acredita ser a causa raiz e também

explicitou que a percepção após a fusão é que isso piorou:

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Sinto falta de uma comunicação mais direta ou até uma comunicação

mais clara entre o inicio e o final do processo. ...posso afirmar que

tenho exemplos recentes desse tipo de problema, mais frequentes hoje

do que aconteciam anteriormente. Coincidência ou não, após a fusão

esse é um aspecto que senti piorar. (C., Tomador de Decisão)

Esse problema de diferenças entre serviço contratado e serviço entregue é exemplificado por

outro cliente em relação à entrega de relatórios técnicos e prazos. Neste caso o cliente deixa

claro que não considera que a fusão teve impacto sobre esse processo, mas que na verdade o

processo apenas continua sendo feito da mesma forma pelas mesmas pessoas.

Além disso, até hoje esses relatórios, ainda que haja um acordo

formalizado e ainda que tenhamos demonstrado a importância desses

resultados, ainda há casos recentes de atrasos de mais de um mês onde

deveriam estar disponíveis em 1 semana. Eu não diria que a esse item

piorou com a fusão, mas sim, tivemos novos problemas que eu não

associo ao processo de fusão, mas sim por desvios de funcionários que

já atuavam antes da fusão e continuam sendo os mesmos, até porque

não houve nenhuma alteração na estrutura, na forma ou na filosofia

que pudesse causar algum impacto positivo ou negativo. (B., Tomador

de Decisão)

A manutenção da estrutura e das pessoas é evidenciada por outro cliente, porém neste caso

com uma conotação positiva:

Em relação aos serviços não observo nenhuma alteração, uma vez que

até as pessoas que trabalham diretamente ligados ao cliente

continuaram sendo as mesmas e consequentemente não ocorreram

grandes alterações. (A., Tomador de Decisão)

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Em relação a busca pela melhoria contínua e desenvolvimento de novas soluções, comentário

citado como negativo antes da fusão, as opiniões são divergentes. As entrevistas parecem

indicar não ter havido modificação nesse aspecto, não atendendo assim a expectativa dos

clientes, porém um único cliente indicou que houve uma melhora na percepção da qualidade

do serviço associado a esse desempenho. Fica claro neste ponto que a Nova Empresa precisou

realizar alterações no processo para entregar um resultado diferente e o fez com sucesso onde

tentou, porém não estendeu essa iniciativa a todos os clientes ainda.

No geral, a fusão gerou uma expectativa positiva de que mudanças

iriam ocorrer para melhorar processos, aproveitando as sinergias das

duas empresas, porém em âmbitos gerais, não se perceberam

mudanças. Apesar de, em sua grande parte, eu estar recebendo o

mesmo serviço de antes da fusão, minha satisfação atual é menor

porque hoje sei que a empresa poderia oferecer mais. (B., Tomador de

Decisão)

Em termos de desenvolvimento de produtos, a Nova Empresa mostrou

então uma evolução em relação a empresa A. ... A Nova Empresa

apresentou a tendência de melhora da Empresa A, mas colocou mais

esforços e conseguiu atingir o resultado esperado. (E., Tomador de

Decisão e Aprovador)

Evidencia-se neste caso duas situações opostas. Em alguns clientes a Nova Empresa optou por

manter processos e pessoas e em outros clientes houve alteração de processos e/ou pessoas.

Os resultados obtidos em relação a evolução da qualidade do serviço percebida nesses casos

distintos foi diferente já que onde houve alterações o cliente percebeu evolução da qualidade,

enquanto por outro lado, onde a Nova Empresa preferiu a manutenção dos processos e

pessoas houve ou piora da qualidade percebida ou não houve percepção de alteração o que

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consequentemente, pode causar uma piora do nível de qualidade percebida devido as maiores

expectativas geradas com a fusão.

4.3.3 Capacidade/Velocidade de Resposta

O atributo da Capacidade/Velocidade de Resposta está relacionado à disposição de ajudar os

clientes e de fornecer o serviço com prontidão. Relaciona-se também à rapidez de resposta na

correção de erros. Importante notar que a exemplo da Confiabilidade, o atributo da

Capacidade/Velocidade de Resposta apresentou alto grau de importância considerado pelos

clientes como vimos no item 4.2

4.3.3.1 Definição da Empresa Excelente

O mesmo processo já descrito anteriormente foi seguido nessa etapa das entrevistas e

iniciaremos com as expectativas dos entrevistados para esse atributo ao avaliar uma empresa

excelente.

Talvez por ser um atributo menos subjetivo e mais objetivo no que diz respeito a sua

definição, as entrevistas evidenciaram que a expectativa de um cliente do mercado de óleo e

gás em relação a uma empresa excelente está sempre relacionada a velocidade com que o

prestador de serviços apresenta uma solução para uma necessidade ou ainda corrige um

problema que o cliente possui. Essa ação do prestador de serviços pode ser inclusive de curto

prazo, ainda que outras etapas ou complementos se façam necessários para a entrega completa

de uma solução.

Uma empresa excelente apresenta uma resposta imediata, ainda que

não seja a resposta final... (B., Tomador de Decisão)

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Problemas aparecem quando você menos espera e quando eles

acontecem, você quer resolver o mais rápido possível. (C., Tomador de

Decisão)

As melhores empresas são aquelas que no momento da crise elas

prontamente já tem uma carta na manga, rápido para resolver o

problema, não trabalha no limite, fugindo inclusive de alguns

formalismos. (E., Tomador de Decisão e Aprovador)

...uma boa empresa já sabe como agir, por mais que não esteja na

prateleira ela tem a capacidade de agir de forma rápida com pessoas

qualificadas tomar a decisão correta. (F., Usuário)

No mercado de óleo e gás, onde os valores transacionais são bastante elevados, assim como os

custos, um problema não resolvido pode causar grande prejuízo, principalmente quando ele

está atrelado a uma perda de produção de petróleo e gás. Cada minuto, hora e dia vale alguns

milhões de Reais. Nos trechos abaixo retirados das entrevistas os clientes explicam o porquê

da importância dessa velocidade e demonstram que também valorizam o fato do prestador de

serviços conhecer sua operação e seus riscos, sabendo priorizar o que de fato é importante.

...demonstra que recebeu uma demanda/identificou um erro, já vem

ainda que não imediatamente, mas assim que possível, com um plano

de ação e a resposta final esteja disponível o mais rápido possível para

o cliente final. (B., Tomador de Decisão)

A parte mais importante na relação cliente - fornecedor é quando o

fornecedor começa a entender a urgência de cada área que ele atua...

Existem áreas que você não precisa atuar de uma forma tão ágil, agora

existem áreas que em função do impacto que você causa para o cliente

seja do ponto de vista de produção, do ponto de vista legal, nesses

casos você precisa atuar de uma forma muito pronta, muito rápida.

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Tem erros que levam 1 mês para resolver sem impacto nenhum e outros

que precisam de resposta em 24h, então temos que saber discernir qual

é a urgência desse problema. (E., Tomador de Decisão e Aprovador)

...no caso de algo urgente como vazamentos, que precisa ser urgente,

esse tipo de coisa tem que ser feito, não tem como esperar, mas outra

coisa tem seu tempo, como desenvolvimento de novos produtos, isso

tem seu tempo. (G., Tomador de Decisão e Usuário)

4.3.3.2 Percepções anteriores a fusão

Ao analisar as empresas antes da fusão, a percepção geral dos clientes é que a

capacidade/velocidade de resposta já estava em um bom patamar. De maneira geral, os

clientes afirmaram que as respostas eram rápidas para problemas cotidianos, problemas de

logística e que os funcionários das Empresas A e B sempre demonstraram disponibilidade e

boa intenção de ajudar a solucionar o problema. Em resumo a percepção geral captada indica

que os clientes consideravam positivo o desempenho das Empresas A e B no que diz respeito

a capacidade e velocidade de resposta.

A velocidade de resposta da Empresa A antes da fusão variava em

função do tipo do problema existente e da autonomia que existia nas

pessoas que atendem o cliente para resolver/solucionar uma

necessidade. Sempre que existia autonomia, havia uma resposta

imediata, disposição em ajudar e uma solução final corretiva em curto

e médio prazo... (B., Tomador de Decisão)

Eu já considerava esses tempos de resposta como bons... (C., Tomador

de Decisão)

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Para os problemas de logística sempre tivemos respostas muito rápidas

e boas.. (D., Usuário)

A Empresa B era um dos nossos melhores fornecedores... sempre

respondeu dentro do nosso prazo... (G., Tomador de Decisão e Usuário)

Interessante destacar que a capacidade de resposta foi associada ao fato de entregar um

serviço que o cliente realmente precisa ou demanda solucionando um problema real. Isso foi

avaliado de forma positiva no caso da Empresa B porém foi indicado como uma dificuldade

da Empresa A. Em relação a Empresa A, outro cliente também citou que a preocupação com a

velocidade em determinado momento prejudicava a qualidade da entrega final:

A Empresa B... ...já tinha uma postura de relacionamento com o

cliente, sempre tiveram uma postura de sempre ter as melhores

soluções e procurarem entregar o que o cliente deseja. A Empresa A

tem varias etapas, tem um pedaço lá no passado que a Empresa A

pagou durante muito tempo que era uma postura de que eu queria

comprar o fusca azul e eles queriam me vender o fusca rosa e eu não

queria... (E., Tomador de Decisão e Aprovador)

Antes da fusão a empresa ficava muito preocupada em atender o prazo

de 30 dias porem se se preocupar em buscar a melhor solução… (D.,

Usuário)

As empresas tinham performances diferentes neste aspecto. Enquanto

uma conseguia relacionar bem entrega e prazo, percebíamos que a

outra ora não atendia prazos, ora não atendia resultados... (H.,

Tomador de Decisão)

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4.3.3.3 Percepções após a fusão

Iniciando a avaliação da Nova Empresa no que diz respeito ao atributo da

capacidade/velocidade de resposta, esse equilíbrio entre velocidade e qualidade da resposta se

mostrou importante para o cliente.

Do ponto de vista de prestação de serviços a Empresa B fez muito bem

a Empresa A... (E., Tomador de Decisão e Aprovador)

Então acho que depois da fusão, esse equilíbrio entre tempo de

resposta e efetividade da resposta foi melhor trabalhado. (D., Usuário)

Percebemos que a Nova Empresa está conseguindo aos poucos extrair

o melhor de ambas as empresas... (I., Tomador de Decisão)

A percepção captada das entrevistas é que a maioria dos clientes consideram que a fusão

trouxe benefícios e percebem uma melhora no nível de velocidade ou de capacidade de

resposta. Em alguns casos, os clientes percebem a manutenção do nível já considerado como

sendo bom.

Apesar de alguns problemas pontuais, com a fusão o processo logístico

melhorou porque colocou uma pessoa mais dedicada nessa área que

fez uma aproximação com o cliente e possibilitou algumas iniciativas

interessantes que ajudaram a “arrumar a casa” e mostraram uma

melhora nesse aspecto. (A., Tomador de Decisão)

...após a fusão isso manteve o mesmo padrão, ou seja, não houve

nenhuma melhoria, apesar de também não ter havido nenhuma piora.

(B., Tomador de Decisão)

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Percebo uma melhora nesse aspecto na Nova Empresa. (C., Tomador

de Decisão)

Operacionalmente, os problemas que vinham acontecendo continuam

acontecendo e os tempos de resposta são praticamente os mesmos. Eu

já considerava esses tempos de resposta como bons, mas continuam os

mesmos. vejo que a longo prazo algo pode melhorar, mas também não

vejo que houve nenhuma piora após a fusão (C., Tomador de Decisão)

Acho que a capacidade de resposta após a fusão é melhor. As

demandas de curto prazo já eram atendidas de forma satisfatória e

continuam sendo assim. (D., Usuário)

Foi identificada a percepção clara de melhora no que diz respeito a capacidade técnica de

resposta, isto é, a capacidade de entregar soluções de alta complexidade que envolvem

tecnologia. Esse quesito é de grande importância no segmento estudado que apresenta

desafios técnicos e tecnológicos cada vez maiores. A Nova Empresa parece ter tido sucesso na

fusão ao unir forças das empresas originárias no que tange a esse aspecto.

Na parte operacional, não houve uma mudança tão significativa, porém

na parte de suporte técnico percebo uma grande diferença.

Anteriormente, para um determinado desafio técnico, como cliente eu

contava com um único especialista e hoje tenho um corpo técnico muito

maior dentro da empresa, então o numero de pessoas e recursos

disponíveis para resolver problemas técnicos é muito maior, logo a

Nova Empresa pode dar uma resposta muito mais rápida. (C., Tomador

de Decisão)

...para as demandas mais complexas tenho a percepção que a Nova

Empresa tem maior capacidade de técnica para resolver e dar a melhor

resposta ainda que não seja a resposta mais rápida. (D., Usuário)

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Quando juntou as duas empresas o mercado se dividiu em dois e a

Empresa B cresceu, na minha visão a Empresa A tinha uma qualidade

técnica muito forte, para óleo não era tão forte, com a Empresa B

melhorou muito. O que a Empresa A trouxe para Empresa B foi de

infraestrutura, a fusão foi bem feita... (E., Tomador de Decisão e

Aprovador)

Na Nova Empresa vejo que a capacidade em laboratório agora é

maior, muita coisa pode ser feita aqui no Brasil ao invés de ter que

enviar para o exterior como faziam antes... (G., Tomador de Decisão e

Usuário)

Em apenas um caso a percepção da fusão foi considerada negativa. Para esse cliente a fusão

trouxe certo distanciamento das pessoas que prestavam serviço e suas gerências do cliente

final e isso acabou gerando uma piora na velocidade de resposta percebida. Neste caso a Nova

Empresa deveria trabalhar diretamente com esse cliente para estender a percepção positiva

dos demais cliente a este também.

Em minha opinião antes da fusão o desempenho da Empresa A era

melhor que atualmente... A proximidade entre os diferentes níveis da

Empresa A e o cliente era maior e após a fusão, os serviços estão mais

distantes, não só o representante que fica diretamente no cliente mas a

própria gerencia da Nova Empresa fica muito distante do cliente final.

(A., Tomador de Decisão)

4.3.4 Credibilidade

Credibilidade é um atributo que se refere à capacidade dos funcionários da empresa

prestadora de serviço em inspirar credibilidade e confiança nos clientes, além de seus

conhecimentos, inclusive técnicos, e cortesia.

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4.3.4.1 Definição da Empresa Excelente

Os clientes descreveram este atributo em uma empresa excelente associando a credibilidade

principalmente ao conhecimento demonstrado pelos funcionários. Destacou-se o

conhecimento técnico, o conhecimento do negócio e também a capacidade de solucionar

problemas:

Numa empresa ideal, o cliente tem plena confiança de que os

funcionários prestadores de serviço terão uma resposta que satisfaça

um problema ou uma necessidade sua quando surgirem. (B., Tomador

de Decisão)

É importante ter conhecimento vasto... (C., Tomador de Decisão)

O funcionário que esta offshore deve demonstrar conhecimento e

experiência… Principalmente o técnico offshore de uma empresa

fornecedora de tratamento químico acaba sendo a referencia nessa

área de conhecimento. ... O funcionário tem que ter conhecimento para

atender uma necessidade ou pergunta. (D., Usuário)

Por outro lado, o funcionário que atende o cliente na base operacional

deve conhecer o negocio, conhecer o cliente, seus indicadores de

performance, deve saber como ele pode impactar nos indicadores,

conhecer as metas de custo, de produção, de eficiência, demonstrando

como a empresa pode ajudar o cliente. (D., Usuário)

Em uma empresa ideal a confiança tem que ser total, demonstrar que

também o staff é capacitado... (F., Usuário)

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Uma pessoa que demonstra conhecimento do negócio, não só do cliente

como da sua própria empresa, consegue demonstrar muito mais

credibilidade... (I., Tomador de Decisão)

Ao mesmo tempo em que destacam a importância de demonstrar conhecimento, foram

registradas em mais de uma ocasião a preocupação do cliente em relação a sinceridade do

prestador de serviço em admitir que não conhece determinada resposta ou não pode

solucionar o problema.

Neste caso, os clientes destacam que se o prestador de serviço não sabe uma resposta, ele

deve admitir e buscar a informação em outros meios.

Os funcionários demonstram possuir conhecimento técnico adequado, e

quando não o possuem, são honestos em afirmar que não possuem tal

conhecimento mas agem internamente para buscar respostas e

soluções. (B., Tomador de Decisão)

Toda vez que um funcionário de uma empresa desse segmento vai falar

sobre um assunto técnico, ele também precisa demonstrar humildade,

ou seja, se por algum motivo ele não sabe todas as respostas, ele deve

deixar claro que não sabe e deve procurar informações para

posteriormente dar uma resposta correta. (C., Tomador de Decisão)

...o conhecimento é muito importante, mas não espero que a pessoa

saiba tudo, mas se ela não sabe que seja sincera e honesta em falar que

não sabe. Essa também é uma forma de mostrar confiança... (G.,

Tomador de Decisão e Usuário)

Ainda em relação a uma empresa excelente, também foram registradas menções associando o

atributo da credibilidade a compromisso, cumprimento de prazos e intenção. Neste atributo

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parece haver grande apelo emocional já que trata de confiar em pessoas que podem ter

interesses conflitantes com o cliente já que estão buscando fortalecer a relação comercial.

... para passar credibilidade é importante demonstrar que seu interesse

não é somente querer vender a qualquer custo, mas sim procurar a

satisfação do cliente independente se ele vai vender mais ou menos... Se

o cliente compra algo que posteriormente descobre que não era

necessário, a credibilidade fica completamente abalada. (A., Tomador

de Decisão)

Credibilidade então, no meu ponto de vista, seria uma combinação de

dois aspectos: primeiro o compromisso com o cliente, entregar as

tarefas no prazo combinado e do jeito combinado e o segundo, ter

conhecimento técnico sendo capaz de admitir quando não o possuir,

afim de não passar informações equivocadas. (C., Tomador de

Decisão)

4.3.4.2 Percepções anteriores a fusão

A análise das Empresas A e B antes da fusão no que diz respeito a credibilidade mostrou

opiniões diversas. Em geral a percepção era positiva e os funcionários tinham sucesso na

tarefa de transmitir credibilidade, mas há opiniões pontuais de dificuldades com a

credibilidade transmitida por alguns funcionários.

A Empresa A sempre prezou por isso como um valor e uma cultura…

(A., Tomador de Decisão)

Existiam poucas diferenças entre a Empresa A e a empresa ideal... (C.,

Tomador de Decisão)

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Os técnicos offshore eram 2 pessoas com experiência, sendo um

indicado por mim mesmo, ambos muito bons... Esses funcionários de

antes da fusão conseguiam transmitir credibilidade de forma muito

próxima do ideal. O conhecimento técnico demonstrado na base

operacional apresentava algumas falhas... (D., Usuário)

...o vendedor não se interessa em conhecer tecnicamente e vende

produtos que não vão resolver o problema... Acho que antes uma

empresa fazia mais do que a outra, acho que uma das empresas tinha

menos postura que a outra… (E., Tomador de Decisão e Aprovador)

...antes da fusão, sempre tive confiança no pessoal que trabalhava

comigo, sempre tivemos discussões abertas... (G., Tomador de Decisão

e Usuário)

No geral o nível de credibilidade das empresas era bom... tínhamos

alguma dificuldade quando a discussão se tornava mais técnica e

muitas vezes o lado comercial falava mais alto prejudicando um pouco

a qualidade da informação que estava sendo trocada (H., Tomador de

Decisão)

As dificuldades de credibilidade, quando relatadas, também estavam relacionadas ao processo

de entrega de relatórios. Esse mesmo aspecto também foi citado como uma dificuldade no

atributo de confiabilidade e parece ser um ponto de atenção.

Esperava ter um relatório mensal e não conseguimos implementar isso

até hoje... O contrato pede para ser feito um relatório diário que é

compartilhado com o supervisor do cliente mas ainda é aquém do que

se pode ter… (D., Usuário)

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4.3.4.3 Percepções após a fusão

Uma vez que a credibilidade foi avaliada de forma geral como positiva antes da fusão e essa

credibilidade está diretamente relacionada as pessoas que prestam serviço ao cliente, o que se

observou na etapa da entrevista sobre a Nova Empresa, após a fusão, é que naqueles clientes

onde ocorreram mudanças de pessoas a avaliação tem uma tendência negativa, uma indicação

de possível perda de qualidade percebida, enquanto nos clientes onde as pessoas foram

mantidas, quase não houve alteração da percepção de qualidade associada a credibilidade,

mas há indícios de perda de foco desses prestadores de serviço e menor disponibilidade

causada pela fusão, o que acaba potencialmente diminuindo a qualidade percebida pelo

cliente..

No geral vejo que o serviço realmente piorou porque as pessoas que

atendiam o cliente perderam um pouco o foco na prestação do serviço,

redução da disponibilidade dos funcionários prestadores de serviço

devido a necessidade de participarem de reuniões internas e maior

demanda de suas próprias empresas em tirar o prestador de serviço do

ponto de atendimento ao cliente. Esse impacto na disponibilidade e

foco, ainda que hoje seja em menor grau, ainda não voltou ao patamar

de antes da fusão. (A., Tomador de Decisão)

A mudança organizacional na estrutura do prestador de serviço foi

negativa para o cliente... As negociações comerciais de preço antes da

fusão eram muito mais empáticas, confiáveis e críveis. Seja por conta

de mudança de pessoas ou processos, o fato é que essas negociações se

tornaram muito mais difíceis pós-fusão. (B., Tomador de Decisão)

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Após a fusão não houve muitas mudanças de pessoas, e acredito que

por isso, não senti nenhuma alteração na credibilidade que percebo na

Nova Empresa. (C., Tomador de Decisão)

As pessoas que nos atendiam mudaram após a fusão... Nem antes nem

após a fusão, ainda não temos uma abordagem técnica satisfatória...

Após a fusão houve alguma dificuldade com as pessoas que prestavam

serviços offshore... (D., Usuário)

Não mudou nada depois da fusão porque as pessoas são as mesmas.

(F., Usuário)

Para mim não houve diferença porque o pessoal é o mesmo e não vejo

sinceramente muita diferença... (G., Tomador de Decisão e Usuário)

As lideranças não se alteraram e o processo continua muito parecido...

a maior preocupação técnica e preparo dos funcionários ainda não foi

demonstrada na prática. (I., Tomador de Decisão)

Em relação a analise feita antes da fusão sobre a atitude negativa de vendedores mal

preparados tecnicamente que tentam vender serviços que o cliente não precisa, o cliente

demonstrou perceber alguma melhora neste aspecto mas deixa claro que ainda não estão no

patamar esperado:

Depois da fusão elas ficaram num meio termo, tenho visto algumas

ações isoladas, em uma reunião que vem um técnico mais capacitado,

não vem só o vendedor, uma visão gerencial numa reunião, tem

melhorado, graças a algumas pessoas... Acho que tem que evoluir um

pouco para ser o natural da empresa e não da ação isolada de algumas

pessoas... Depois de um ano da fusão diria que melhorou mas ainda

não esta no seu ideal... (E., Tomador de Decisão e Aprovador)

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4.3.5 Empatia Corporativa

O ultimo atributo avaliado nas entrevistas que está diretamente ligado a qualidade de serviços

foi o atributo da empatia corporativa. Este atributo refere-se ao grau em que a prestadora do

serviço é capaz de adequar-se para atender às especificidades de cada cliente, ou seja, a

flexibilidade e atenção individualizada e cuidadosa que as empresas proporcionam aos

clientes.

4.3.5.1 Definição da Empresa Excelente

Nesse quesito, a empresa excelente foi descrita como sendo aquela que está disposta a

flexibilizar processos, adequando-se para atender uma necessidade do cliente. Também foi

mencionado como empatia corporativa o fato da empresa demonstrar que conhece o negócio

do cliente e consegue antecipar problemas, demonstrando pró-atividade.

A empresa ideal é aquela que dentro da sua própria política, é capaz

de se adequar para atender uma necessidade de seu cliente… (B.,

Tomador de Decisão)

E essa é a postura esperada para uma empresa ideal, estar sempre

disponível para atender uma necessidade especial, sem maiores

barreiras. (C., Tomador de Decisão)

Uma empresa excelente se coloca consistentemente no lugar do cliente

e entende as dificuldades que um cliente tem no seu processo. ... A

empresa excelente antecipa os problemas que o cliente pode ter e

consegue trabalhar pró-ativamente neles. Uma empresa excelente

também deve ser proativa no que tange a otimização contínua do

tratamento químico... (D., Usuário)

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...para uma empresa tornar excelente ela precisa se envolver com o

problema e trazer uma solução... (F., Usuário)

Uma empresa excelente precisa estar disposta a se adaptar para

atender uma necessidade de seu cliente... (I., Tomador de Decisão)

4.3.5.2 Percepções anteriores a fusão

A avaliação das Empresas A e B antes da fusão em relação a empatia corporativa indica que

os clientes estavam satisfeitos quanto a esse aspecto. Foram citados exemplos positivos de

empatia demonstrada pelo prestador de serviços:

Essa empatia já existia de certa forma, mesmo quando não era 100%

chegava-se a um acordo que busca o meio termo entre as partes... (B.,

Tomador de Decisão)

Vejo esse aspecto como sendo um dos pontos mais fortes da Empresa

A... Quando era preciso fazer algo diferente, a Empresa A buscava uma

solução para executá-lo. Mesmo quando de fato não era possível fazer

algo, percebia uma boa vontade na empresa em buscar uma alternativa

viável. (C., Tomador de Decisão)

Nos serviços logísticos, já havia certa empatia..., como por exemplo

antecipando datas de entrega devido a necessidades do cliente. (D.,

Usuário)

Percebo que sempre houve alguma empatia... (H., Tomador de

Decisão)

Sempre existiu um nível de empatia em ambas as empresas, assim

como, como clientes, também demonstramos empatia com os nossos

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fornecedores. Esse é um caminho de mão dupla que acaba sendo bom

para ambos os lados. (I., Tomador de Decisão)

4.3.5.3 Percepções após a fusão

A exemplo de outros atributos, a percepção geral dos clientes é que após a fusão, o grau de

empatia corporativa não se alterou. Nota-se que os clientes indicam para a Nova Empresa que

ainda há espaço para melhoria neste quesito, principalmente em relação a pró-atividade e

maior flexibilização.

Eu considero que nessa questão de empatia a Empresa A demonstrava

certa empatia e isso não se alterou com a fusão, mas claro que há um

limite de flexibilidade... (A., Tomador de Decisão)

...não houve alterações positivas ou negativas por conta da fusão. A

empatia corporativa atual atende a necessidade mas poderia ser

melhor, por exemplo, no que diz respeito ao planejamento de demandas

que apresentam incertezas por sua própria natureza. (B., Tomador de

Decisão)

Em relação a empatia antes e depois da fusão acho que continua a

mesma coisa, continua sendo flexível, atendendo demandas especiais...

(C., Tomador de Decisão)

A Empatia Corporativa melhorou em relação ao serviço logístico e se

manteve igual nos outros aspectos após a fusão. Em termos logísticos,

o desempenho da Nova Empresa está muito próximo do desempenho

esperado de uma empresa excelente e ideal. Em termos de soluções de

problemas técnicos, ainda há espaço para melhorar em relação a uma

empresa excelente. (D., Usuário)

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Uma empresa excelente também deve ser proativa no que tange a

otimização contínua do tratamento químico e também considero que

isso pode ser melhor na Nova Empresa. (D., Usuário)

Não acho que isso melhorou nem piorou após a fusão... (H., Tomador

de Decisão)

Nota-se ainda neste atributo menções negativas em relação a maior burocracia para

contratação de pessoas por parte do fornecedor. Essas contratações foram de fato congeladas

durante um período e em seguida, apesar de possíveis, precisavam passar por uma longa

cadeia de aprovações. Isso impacta o cliente porque eventualmente ele precisa que o

fornecedor contrate mão de obra adicional.

Uma das coisas que senti é que durante a fusão houve um pouco de

confusão de quem vai fazer o que internamente no fornecedor, uma

duvida sobre papeis e responsabilidades. Houve também um

congelamento de contratações... (C., Tomador de Decisão)

Em geral a impressão que tive foi que alguma burocracia aumentou,

principalmente na contratação de gente, para contratar um técnico de

laboratório no início da fusão tinha que chegar a vice presidência dos

Estados Unidos, isso demorava muito nosso processo e prejudicava

nossas urgências... (G., Tomador de Decisão e Usuário)

4.3.6 Produtos

Usando o mesmo processo, a última etapa da entrevista perguntou sobre os produtos. Apesar

de este estudo ser feito em relação a qualidade do serviço ofertado, os produtos químicos são

o elemento tangível associado diretamente ao negócio principal do segmento de tratamento

químico de óleo e gás.

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Se um cliente acredita que o produto químico de uma empresa definitivamente não entrega a

performance e o resultado esperado, dificilmente esse cliente manterá seu contrato com o

fornecedor do tratamento químico, ainda que todo o serviço associado ao fornecimento seja

considerado excelente.

É possível considerar, porém, que quando a qualidade do serviço é um diferencial, ou seja, é

considerado excelente, o cliente trabalha em maior cooperação e oferece melhores prazos e

flexibilidade para desenvolvimento e resolução de problemas associados diretamente a

performance de produtos.

4.3.6.1 Definição da Empresa Excelente

Nessa etapa da entrevista, os clientes definiram produtos de uma empresa excelente como

aqueles que cumprem o que se propõe a fazer e também definiram uma empresa excelente

como aquela que possui um portfolio extenso capaz de atender diferentes necessidades e

desafios.

A empresa ideal possui produtos pra todos os desafios. (A., Tomador

de Decisão)

Uma empresa ideal possui produtos em seu portfolio que cumprem

100% do que foram desenvolvidos para fazer em relação a sua

performance, ou seja, quando o cliente aplica o produto na dosagem e

da forma recomendada, ele obtém o resultado da forma esperada. (B.,

Tomador de Decisão)

...a empresa excelente é ter o produto que atenda a expectativa e

funcione... (F., Usuário)

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Ter produtos que funcionem e atendam a necessidade é fundamental...

(I., Tomador de Decisão)

4.3.6.2 Percepções anteriores a fusão

Ambas as empresas já possuíam um portfólio extenso que em teoria poderia atender todas as

necessidades associadas ao tratamento químico de óleo e gás. Porém, de maneira geral os

clientes reconheciam que as Empresas A e B possuíam maior expertise em áreas

complementares, isto é, possuíam produtos reconhecidamente bons e avançados em áreas de

especialidade diferentes.

...produto é relacionado a uma tecnologia que reconhecidamente

estava mais avançada na Empresa B. (B., Tomador de Decisão)

Cada uma das empresas atacavam bem de lados diferentes, a Empresa

B melhor em óleo e gás e a Empresa A com tratamento de aguas,

quando juntou vocês pegaram todo o portfolio… (E., Tomador de

Decisão e Aprovador)

Cada uma das empresas tinha seu foco aplicado em tecnologias

diferentes e a fusão permitiu ampliar as capacidades e a

competitividade da Nova Empresa... (H., Tomador de Decisão)

É justamente essa percepção de que as Empresas A e B se complementariam após a fusão que

gerou uma expectativa alta nos clientes de conseguir ter acesso a produtos e tecnologias que

não podiam ter, já que tinham contrato com apenas uma das empresas. O aumento de portfolio

e o encontro de melhores soluções químicas fica explícito na fala dos entrevistados:

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A fusão trouxe uma expectativa de que os serviços poderiam piorar mas

que o portfolio de produtos e soluções aumentaria. (A., Tomador de

Decisão)

Esperávamos mais pro atividade nesse sentido, no sentido de

identificar os melhores produtos de cada empresa e já oferecer aos

seus clientes. (B., Tomador de Decisão)

Eu vi a fusão de forma otimista, minha expectativa era de algo bom.

Maior leque de produtos e serviços... (C., Tomador de Decisão)

...claro que uma fusão como essa traz uma expectativa de evolução na

tecnologia, novos produtos e melhor performance... (I., Tomador de

Decisão)

4.3.6.3 Percepções após a fusão

Apesar de essa expectativa ser algo comum a todos os clientes, as entrevistas parecem indicar

que a Nova Empresa ainda não conseguiu entregar tudo o que os clientes esperavam. Em

alguns casos, os clientes reconhecem avanços e demonstram satisfação com ritmo que o

acesso a novas tecnologias e produtos estão seguindo, em outros casos os clientes

demonstram grande insatisfação e chegam a afirmar frustação com o resultado do surgimento

da Nova Empresa:

Acho que essa parte foi a que mais agregou valor com a fusão. Hoje

estamos testando alguns produtos que eram da Empresa B e

encontramos algumas soluções bem melhores do que as que tínhamos.

Isso foi muito bom, mas também acho que há muitas áreas para serem

exploradas com novos produtos mas que ainda não tivemos tempo. O

aumento do portfolio é certamente algo de muito valor. Há aplicações

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que ainda não conhecemos as novas tecnologias. Não consegui ter

acesso a essas informações ainda. (C., Tomador de Decisão)

Sentimos diferença no que diz respeito a oferta de produtos. Com a

Nova Empresa foi possível encontrar um produto que atendesse a nossa

necessidade e apresentasse a performance esperada que a Empresa A

não estava conseguindo atender antes da fusão. Esse é um ponto

central do tratamento químico e a fusão trouxe uma melhora na Nova

Empresa quando comparada a Empresa A. (D., Usuário)

A fusão ainda não trouxe uma mudança no encontro de soluções. ...

Esperava que a integração entre tecnologias e soluções fosse mais

evidente e marcante com testes de campos e novas propostas. (A.,

Tomador de Decisão)

A fusão ainda não mostrou, em relação as minhas expectativas, o que

poderia trazer de melhor. ... Entendo que numa fusão há um longo

processo burocrático para ser atravessado, que demanda tempo,

impedindo que a Nova Empresa entregue tudo que o cliente espera de

forma imediata, mas os ganhos que eu esperava receber, ainda que no

médio prazo, não aconteceram. Eu diria que a fusão, em termos de

produtos, não foi negativa, mas também não trouxe benefícios. Eu

esperava mais. Ainda vejo a Empresa A trabalhando como Empresa A

e a Empresa B trabalhando como Empresa B, não vejo Nova Empresa.

... Isso frustrou e ainda frustra muita gente dentro da minha

organização. (B., Tomador de Decisão)

Por possuir capacidade técnica e de fato possuir um portfolio maior de produtos e soluções, a

Nova Empresa deve utilizar o bom prestígio que tem para recuperar essa percepção de

qualidade e recuperar essa perspectiva positiva de seus clientes no que diz respeito a entrega

de novos produtos. Em alguns momento é possível entender que os clientes ainda estão

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esperando e ainda acreditam que podem receber o benefício da fusão neste aspecto. É possível

também observar sugestões de clientes que indicam que a percepção atual pode estar

relacionada também a uma simples questão de melhor comunicação e demonstração de valor

agregado.

... por outro lado percebo que estão se desenvolvendo novos

laboratórios, uma nova estrutura de pesquisa e acredito que os

resultados ainda estão para chegar. (A., Tomador de Decisão)

Por conhecer o mercado, eu percebo que a Nova Empresa tem um

portfolio de produtos mais extenso e de maior qualidade, mas essa

percepção não é a mesma ao longo da minha organização, porque nem

todos tem o mesmo conhecimento prévio do mercado e principalmente

porque a Nova Empresa não se preocupou em demonstrar esse ganho

advindo da fusão. Quem não tinha essa visão, continua não tendo e

logo não percebe nenhuma mudança. (B., Tomador de Decisão)

Produtos também melhoraram mas ainda podem ser melhor se tivermos

mais acesso a esse portfolio. (C., Tomador de Decisão)

...a fusão trouxe um ganho para ambas as empresas, não é apenas

vender o produto químico mas vender o serviço agregado ao produto.

(E., Tomador de Decisão e Aprovador)

4.4 MODELO DE ANÁLISE PARA SÍNTESE

Um modelo foi criado para que as diferentes opiniões foram tabeladas de maneira resumida e

objetiva, para facilitar a análise e descrição dos resultados. Esse modelo basicamente lista,

para cada atributo: que aspectos do atributo o cliente usa para fazer sua avaliação; como o

cliente define uma empresa excelente; como o cliente percebia as empresas antes da fusão;

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84

qual a expectativa criada após a fusão; como o cliente percebe a empresa após a fusão e

finalmente; a tendência/viés da resposta do cliente (positiva ou negativa).

O modelo está apresentado na tabela abaixo:

MODELO DE ANÁLISE TANGIBILIDADE CONFIABILIDADE CAP/VEL DE RESPOSTA CREDIBILIDADE EMPATIA

Avaliado por

Instalações,

Relatórios,

Nomeclatura de

Produtos

Prazos;

Entregas/Serviços em

geral; Previsibilidade;

Informações técnicas

Soluções técnicas;

Serviços logísticos

Conhecimento

técnico;

Conhecimento do

negócio; Capacidade

de solucionar

problemas

Flexibilidade de

Processos; Pró-

atividade

Empresa Excelente

Padronização,

Apresentação e

Organização

Prazos; Entrega de

acordo com o que foi

contratado;

transparência de

informações

Alta velocidade de

entrega associada a

boa qualidade de

entrega; Velocidade

na resposta a

desafios; Priorização

de urgências

Conhecimento

técnico e do negócio

vasto; Sinceridade;

Compromisso e

Prazos

Consegue flexibilizar

para atender as

necessidades;

trabalha pró-

ativamente

Percepção Antes da

Fusão

Boas instalações em

"A"; Relatórios sem

clareza e organização

Diferenças entre

serviço contratado e

serviço entregue;

Dificuldades

logísticas; Análises

de laboratório

inconsistentes

Bons tempos de

resposta; "B" com

boa capacidade de

entregar o que o

cliente de fato

precisa

Postura positiva;

Conhecimento

apresentava falhas;

Prazos de relatórios

não cumpridos

Ponto forte antes da

fusão; Antecipação

de prazos logísticos

ExpectativaMelhorias e

evoluções

Melhorias de prazo e

reduções de

diferença entre

serviço contratado e

entregue

Otimização de

tempos; Aumento de

capacidade de

resposta;

Aumento de

conhecimento;

melhoria de prazos

Manutenção do bom

nível; não surgimento

de barreiras

Após a Fusão

Pouca ou nenhuma

altearação; Falha na

comunicação de

ganhos da fusão;

Relatórios sem

alteração; aumento

de infraestrutura

Pouca ou nenhuma

alteração; Diferenças

entre contratado e

entregue continuam;

Problemas de

comunicação interna

Melhora de

velocidade ou

capacidade; Melhora

significativa de

Capacidade técnica

Pouca ou nenhuma

alteração; Falhas no

conhecimento

técnico; Menor foco

e disponibilidade

Pouca ou nenhuma

alteração; Maior

burocracia;

Viés / Tendência Negativo Levemente Negativo Positivo Levemente Negativo Levemente Negativo

Tabela 4. Modelo de Análise para Síntese

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5 CONCLUSÕES

O objetivo principal desse estudo foi identificar se os clientes da “Nova Empresa” perceberam

algum impacto na qualidade do serviço oferecido, seja positivo ou negativo, após a fusão das

empresas “A” e “B”.

O primeiro objetivo intermediário estabelecido foi o de descrever de forma breve a fusão das

Empresas “A” e “B”, listando as principais premissas, objetivos e dificuldades.

Essa descrição, feita a partir da observação participante demonstrou que o processo de fusão

foi construído ao longo de 6 meses entre o anúncio da fusão e a efetivação legal do

surgimento da Nova Empresa. Após o surgimento oficial da Nova Empresa, duas prioridades

foram definidas de forma clara pela direção: a manutenção ininterrupta do serviço prestado ao

cliente e a promoção/divulgação das capacidades e forças da Nova Empresa surgidas a partir

da sinergia entre Empresa “A” e Empresa “B”.

Entre as premissas utilizadas para o processo de fusão no Brasil, destaca-se a intenção de unir

e compartilhar as melhores práticas existentes tanto na Empresa “A” como na Empresa “B”,

compartilhando essas práticas e conhecimentos através das equipes de trabalho. Para tornar

essa intenção possível, as equipes e lideranças das Empresas “A” e “B” foram cruzadas no

organograma da Nova Empresa o que potencialmente causou certo desconforto em alguns

funcionários e certa dificuldade de comunicação entre os níveis da empresa, tendo sido

percebido por parte dos clientes como ficou evidenciado em partes das entrevistas realizadas

para esse estudo.

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Entre as dificuldades observadas na fusão, a construção do novo organograma para prestação

de serviços, e a comunicação interna e externa aparecem como maiores dificuldades listadas

no processo.

O segundo objetivo intermediário estabelecido foi o de compreender quais atributos e fatores,

do ponto de vista do cliente, são prioritários para diferenciar o serviço oferecido por

fornecedores de produtos químicos especializados para produção de óleo e gás de forma a

favorecer a qualidade de serviço percebida.

Esse objetivo foi alcançado durante a etapa de entrevistas por pauta onde os clientes foram

solicitados a classificar de forma objetiva os 5 atributos (Tangibilidade, Confiabilidade,

Velocidade/Capacidade de Resposta, Credibilidade, Empatia Corporativa). Essa classificação

apontou a Confiabilidade, isto é, a capacidade de entregar um serviço conforme o combinado

e com precisão, como sendo o atributo de maior importância.

No mercado de óleo e gás, os contratos envolvem altos valores transacionais, são de longo

prazo, trabalham com informações de elevada confidencialidade e consequentemente

apresentam altos riscos, não somente financeiros mas também associados a segurança da

saúde de pessoas e do meio ambiente. Por conta disso, o planejamento é constante e a

previsibilidade é fundamental. Isso fica confirmado na classificação do atributo da

confiabilidade como sendo o de maior importância já que aumenta a certeza que uma empresa

produtora de petróleo irá receber o serviço contratado conforme o combinado.

O estudo também demonstrou que a capacidade de solucionar problemas, por vezes de alta

complexidade, e a velocidade para corrigir erros ou até entregar soluções, características aqui

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representadas pelo atributo da Capacidade/Velocidade de Resposta é também de elevada

importância neste segmento de mercado.

Essa conclusão confirma a suposição descrita no item 1.4 que destacava os atributos da

Confiabilidade e da Capacidade/Velocidade de Resposta como sendo os mais importantes do

ponto de vista do cliente deste setor.

Considerado o atributo de menor importância, a Tangibilidade foi classificada de forma

unânime como atributo menos importante para avaliação da qualidade de serviço. Essa

classificação poderia ser surpreendente se não estivesse desconsiderando o produto químico,

elemento tangível principal associado ao tratamento químico de óleo e gás. No entanto, como

foi solicitado aos clientes que removessem o produto químico de sua avaliação, procurando

pensar nos atributos exclusivamente em termos de serviços, a tangibilidade foi avaliada em

termos de aparência das instalações, das pessoas, materiais de divulgação, relatórios e outros

tangíveis não associados diretamente aos produtos químicos utilizados no tratamento, o que

torna mais compreensível encontrar este atributo classificado como menos importante para

avaliação da qualidade de serviço.

No entanto, essa classificação não indica que esse é um atributo que pode ser desconsiderado

pelas empresas deste segmento. Ao longo da avaliação, itens importantes como relatórios, e

infraestrutura foram citados com significativa relevância e devem ser pontos de atenção.

A classificação de importância aqui executada serve apenas como base para que as empresas

do segmento de tratamento químico de óleo e gás possam priorizar seus esforços em busca de

melhorar a qualidade de serviço percebida por seus clientes.

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Nesse sentido, a ordem de prioridade identificada como sendo a recomendável é, da mais

importante para a menos importante: Confiabilidade, Capacidade/Velocidade de Resposta,

Credibilidade, Empatia Corporativa e Tangibilidade.

O terceiro objetivo intermediário foi o de compreender as expectativas dos clientes em relação

ao serviço que seria fornecido após o anúncio da união de duas grandes empresas do mesmo

segmento, comparando essas expectativas com a ideia de uma empresa excelente para que

finalmente tudo isso fosse comparado a percepção do serviço entregue de fato e o objetivo

principal fosse atingido.

Esse terceiro objetivo intermediário também foi atingido com a coleta de dados utilizando a

metodologia da entrevista por pautas. A avaliação foi dividida nos 5 atributos relacionados a

qualidade de serviços baseados na escala SERVQUAL somados a avaliação dos produtos.

Cada um dos atributos foi definido em relação a uma empresa excelente. Para todos os

atributos foi possível evidenciar que a expectativa dos clientes, de maneira geral, era que a

fusão de duas grandes empresas se traduzisse em melhorias e benefícios para eles, clientes.

A expectativa envolvia melhoria de prazos, maior disponibilidade de recursos, menores

diferenças entre serviço contratado e serviço entregue e maior portfolio de produtos e

soluções, ou seja, havia para os clientes a expectativa de mudanças, de movimento e de

evolução.

Essa expectativa se mostrou, em parte, concorrente com a prioridade definida pela Nova

Empresa em relação a manutenção e estabilidade dos serviços prestados aos clientes

imediatamente após a fusão.

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Se por um lado a Nova Empresa teve o zelo e a preocupação de não transmitir uma queda do

nível de serviço aos seus clientes devido a fusão que poderia ser potencialmente causada por

eventuais perdas de foco, falhas de comunicação e operação que poderiam acontecer em um

processo complexo como esse, o estudo parece indicar que a transição do período de

manutenção e estabilidade para o período de demonstração do valor gerado pela fusão aos

clientes pode ter sido tardio.

Desse modo é possível considerar que o objetivo principal da pesquisa foi atingido permitindo

que a conclusão principal seja enunciada conforme se segue:

Os clientes da Nova Empresa perceberam impactos na qualidade do serviço recebido quando

comparado ao serviço recebido antes da fusão da Empresa “A” com a Empresa “B”. De

maneira geral, a percepção é que a qualidade de serviço é ligeiramente menor, ainda que em

alguns aspectos se percebam evoluções e melhorias. Essa percepção no entanto, não parece

ser causada por uma queda no nível de serviço prestado, mas sim, pelo aumento da

expectativa dos clientes em relação ao que a Nova Empresa pode entregar. Como houve

aumento da expectativa e manutenção do nível do serviço entregue em geral, a diferença entre

expectativa e serviço recebido é maior do que antes da fusão, causando assim uma percepção

da qualidade inferior ao que era percebido antes da fusão.

A conclusão confirma em parte a suposição descrita no item 1.4 que apontava para uma

percepção de piora da qualidade de serviço após a fusão. Confirma em parte porque a

percepção não está sendo causada pela queda do nível de serviço como se supunha, mas sim

pelo aumento da diferença entre expectativa e serviço recebido o que também acaba por gerar

a percepção com tendência negativa.

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Finalmente, como objetivos adicionais, é possível sugerir potenciais necessidades de melhoria

no processo de integração das empresas “A” e “B” baseado no feedback recebido dos clientes

desse segmento. As sugestões de melhoria estão definidas a seguir.

De maneira geral a maior recomendação não somente para a Nova Empresa mas que também

pode ser útil em outros processos de fusão é que a manutenção do nível de serviço pode não

ser suficiente para manter o nível da qualidade do serviço percebida pelos clientes. Em um

processo de fusão, especialmente aqueles que envolvem grandes empresas de um mesmo

segmento, os clientes podem tender a elevar seu nível de expectativa que quando não

acompanhado pela empresa acabam ocasionando uma perda de qualidade percebida.

Claramente um processo de fusão é complexo e demanda tempo, porém a demonstração de

ganhos e avanços gerados pela própria fusão deve estar na lista de prioridades das empresas

que estão se fundindo. Além disso:

Em relação a Tangibilidade:

Revisão da estrutura de relatórios técnicos procurando deixa-los mais claros e

objetivos;

Padronização dos diferentes relatórios enviados aos clientes e criação de um sistema

de rastreamento único;

Unificação da nomenclatura dos produtos;

Melhorar a comunicação da nova imagem visual da empresa;

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Compartilhamento com os clientes de materiais de divulgação com maior frequência e

consistência;

Compartilhar/Comunicar os avanços e melhorias diretamente associadas a fusão

demonstrando o valor agregado pela Empresa oposta a que o cliente trabalhava antes

da fusão;

Fortalecer a visão, já positiva, do aumento de infraestrutura de laboratórios e recursos

técnicos;

Em relação a Confiabilidade:

Buscar continuamente a antecipação de problemas, comunicando dificuldades ao

cliente pró-ativamente;

Formalizar acordos de entrega de serviços durante a fase de planejamento/pedido,

evitando desvios ou potenciais percepções de desvios entre o serviço contratado e o

serviço entregue;

Ter atenção a prazos/horários de entregas logísticas;

Compartilhar/Comunicar os avanços e melhorias diretamente associadas a fusão

demonstrando o valor agregado pela Empresa oposta a que o cliente trabalhava antes

da fusão;

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Melhorar a cadeia de comunicação interna da empresa com o objetivo de evitar falhas

de comunicação entre o início e o final do processo de entrega de serviços;

Revisão da estrutura de relatórios técnicos procurando deixa-los mais claros e

objetivos;

Incrementar o compartilhamento de informações internas e definir e implementar as

melhores práticas para que todos os clientes sejam atingidos com os benefícios e

processos otimizados percebidos apenas por alguns clientes;

Em relação a Capacidade/Velocidade de Resposta:

Continuar trabalhando as melhores práticas de equilíbrio entre velocidade e qualidade

de resposta que já é considerado positivo pelos clientes;

Fortalecer a visão, já positiva, da melhora de capacidade técnica continuando

entregando soluções com velocidade e qualidade adequados;

Garantir que todos os clientes estão sendo atendidos com o uso das melhores práticas,

aproximando-se deles para que a visão positiva deste atributo, que parece ser um

ponto forte da empresa, seja comum a todos os clientes;

Em relação a Credibilidade:

Trabalhar o desenvolvimento das pessoas que prestam serviço ao cliente de maneira

que possam ter uma abordagem que demonstre credibilidade consistentemente;

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Revisar o processo de vendas oferecendo maior suporte técnico aos vendedores de

forma que possam estar bem suportados tecnicamente junto a clientes que tenham esse

tipo de demanda;

Revisão da estrutura de relatórios técnicos procurando deixa-los mais claros e

objetivos, bem como estar atento para manutenção de prazos na entrega dessas

informações;

Em relação a Empatia Corporativa:

Continuar trabalhando empaticamente com os clientes de maneira a garantir a

manutenção da visão positiva em relação a esse aspecto;

Trabalhar mais pró-ativamente no que diz respeito a otimização contínua do

tratamento químico;

Em relação aos Produtos:

Demonstrar/Comunicar melhor o aumento de portfolio de soluções e produtos para os

clientes;

Trabalhar pró-ativamente para realizar testes e revisões de produtos junto aos clientes,

de maneira a encontrar as melhores soluções, evidenciando ainda o uso de tecnologias

advindas da outra empresa que o cliente não trabalhava antes da fusão;

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Essa lista de sugestões estará a disposição da equipe gerencial da Nova Empresa que terá a

liberdade de avaliar e implementar aquelas que julgar importantes e factíveis.

5.1 RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS

Uma vez que os objetivos propostos pela presente pesquisa foram alcançados, torna-se

possível realizar uma avaliação das possibilidades futuras de estudo.

Um processo de fusão e integração de duas grandes empresas envolve sempre uma série de

ciclos. Esse estudo foi feito 1 ano e meio após a fusão de “A” e “B” e os resultados aqui

observados devem ser revistos novamente dentro de algum tempo. Idealmente, esse estudo

poderia ser repetido dentro de 1 ano de maneira a avaliar se houve alteração na opinião dos

clientes em relação a qualidade do serviço. Supõe-se que a Nova Empresa comece a se

estruturar e organizar e daqui a algum tempo esteja apta a entregar um serviço melhor.

Dado que vários setores da economia, não somente o B2B mas também o B2C, tem

apresentado a característica de vivenciarem fusões e aquisições entre grandes empresas,

acredito que novos estudos sobre qualidade de serviços aplicados a fusões e aquisições

poderiam ser realizados nestes outros setores e contextos também.

Estudos de base quantitativo-estatística da qualidade de serviço percebida também podem ser

executados em paralelo para buscar encontrar novas conclusões, uma vez que esse estudo

usou a metodologia de analise em profundidade com uma amostra pequena.

Assim, novos estudos sobre o impacto de uma fusão na qualidade de serviço percebida pelo

cliente podem contribuir para uma compreensão mais abrangente desses processos e podem

servir como guia para minimização desses impactos para o cliente final.

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APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTAS POR PAUTA

O roteiro abaixo foi utilizado pelo entrevistador para guiar as perguntas a serem apresentadas

e para garantir que as respostas abordavam o tema apresentado de forma satisfatória. Esse

documento não foi entregue ou sequer apresentado fisicamente ao entrevistado, mas foi

utilizado exclusivamente pelo entrevistador.

Orientação a ser passada ao entrevistado:

“Baseado em sua experiência como cliente de uma empresa fornecedora de serviços de

tratamento químico para produção de óleo e gás, gostaríamos de saber sua opinião sobre

alguns atributos relacionados ao serviço prestado por empresas desse ramo. Para cada atributo

sua opinião será importante de 3 pontos de vista diferentes:

1) Em um primeiro momento, pediremos que pense sobre um tipo de empresa dessa área

que entregasse um serviço de alta qualidade, um tipo de empresa dessa área que você

gostaria de fazer negócios. Em suas respostas, diga até que ponto você acredita que

uma empresa fornecedora de serviços de tratamento químico para produção de óleo e

gás deva possuir as características descritas, ou seja, se você entende que uma

característica citada é ou não essencial para que uma empresa deste ramo entregue um

serviço de alta qualidade.

2) Em um segundo momento, em relação ao mesmo atributo, responda sobre como você

percebia a empresa “A” ou empresa “B”, antes da fusão.

3) Em um terceiro momento, ainda sobre o mesmo atributo analisado, diga sua percepção

sobre a “Nova Empresa”.

Falaremos sobre 5 dimensões diferentes do serviço prestado”:

Tangibilidade

Refere-se aos aspectos tangíveis do serviço prestado, que podem servir de pistas ou

indicadores da qualidade do serviço, tais como: aparência física das instalações,

equipamentos, apresentação das pessoas, material de comunicação

Pautas a serem abordadas

1) Empresas de químicos e serviço de óleo e gás excelentes terão equipamentos

modernos e de última geração

2) As instalações físicas de empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes

serão visualmente atraentes

3) Os funcionários de empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes estarão

sempre bem apresentados

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4) Materiais de divulgação de empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes

serão visualmente atraentes e modernos

5) empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes possuem produtos que

atendem as especificações técnicas dos clientes

6) empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes entregam produtos que

funcionam conforme prometido

Confiabilidade

Diz respeito à capacidade da empresa prestadora de serviço em executar o serviço contratado

conforme o prometido/combinado, de modo confiável e preciso.

Pautas a serem abordadas

7) Quando empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes prometem fazer

algo dentro de um certo prazo de tempo, elas de fato fazem

8) Quando um cliente tem um problema, empresas de químicos e serviços de óleo e gás

excelentes vão demonstrar um interesse sincero em resolver este problema

9) empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes farão o serviço de forma

certa na primeira vez

10) empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes vão fornecer o serviço no

prazo que prometeram

11) empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes estarão comprometidas com

erro zero em suas operações

Capacidade/Velocidade de Resposta

Disposição de ajudar os clientes e de fornecer o serviço com prontidão. Relaciona-se também

à rapidez de resposta na correção de erros.

Pautas a serem abordadas

12) funcionários de empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes vão dar o

prazo exato de quando um serviço será executado

13) Funcionários de empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes estrão

prontos para atender seus clientes no momento necessário

14) Funcionários de empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes estarão

sempre dispostos a ajudar seus clientes

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15) Funcionários de empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes nunca

estarão tão ocupados a ponto de deixar de atender um pedido de seus clientes

Credibilidade

Refere-se à capacidade dos funcionários da empresa prestadora de serviço em inspirar

credibilidade e confiança nos clientes, além de seus conhecimentos e cortesia

Pautas a serem abordadas

16) O comportamento de funcionários de empresas de químicos e serviços de óleo e gás

excelentes transmite confiança aos clientes

17) Clientes de empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes terão segurança

nas transações comerciais que realizam

18) Funcionários de empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes serão

consistentemente educados com seus clientes

19) Funcionários de empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes terão

conhecimento suficiente para responder perguntas de seus clientes

Empatia Corporativa

Refere-se ao grau em que a prestadora do serviço é capaz de adequar-se para atender às

especificidades de cada cliente, ou seja, a atenção individualizada e cuidadosa que as

empresas proporcionam aos clientes

Pautas a serem abordadas

20) empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes darão atenção

individualizada aos seus clientes

21) empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes serão capazes de atender

necessidades de seus clientes em horários convenientes para eles

22) empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes terão funcionários capazes

de dar atenção pessoal aos seus clientes

23) funcionários de empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes terão os

interesses de seus clientes verdadeiramente guardados em seus corações

24) funcionários de empresas de químicos e serviços de óleo e gás excelentes vão entender

as necessidades específicas de seus clientes

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Produto

Elemento tangível direto associado ao negócio principal desta empresa.

Pautas a serem abordadas

1) Desempenho e Performance

2) Portfolio de produtos e soluções

Gostaríamos de saber o quão importante é cada uma dessas características para sua empresa

quando avaliam a qualidade do serviço oferecido. Pedimos então que classifique esses

atributos na ordem de prioridade para você e sua empresa