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Agente Aeroporto

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  • P r e v e n o d e A c i d e n t e s

    O P e r i g o A v i r i o

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    O PERIGO AVIRIO

    CONTEDO

    Introduo

    Gravidade da Ocorrncia

    Aumento da Populao de Pssaros

    Altitudes em que Pssaros So Encontrados

    Controle da Populao de Pssaros

    Mecanismos de Preveno

    Identificao de Pssaros com Maior

    Incidncia de Coliso no Brasil

    Estudos Realizados Sobre o Bacurau

    Concluso

  • P r e v e n o d e A c i d e n t e s

    O P e r i g o A v i r i o

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    I - I N T R O D U O A incidncia de coliso de aeronaves com pssaros tende a aumentar a cada dia, tendo em vista o incremento dos vos, a homologao de novos aeroportos em regies mais remotas, o crescimento urbano, enfim, uma srie de fatores que as autoridades governamentais j come-am a preocupar-se, indicando a necessidade de elaborar um eficaz plano de trabalho para tentar minimizar os prejuzos causados por estas colises, seja no aspecto material, seja no aspecto humano.

    O primeiro registro oficial de uma coliso, envolvendo uma aeronave e um pssaro, ocorreu no dia 3 de abril de 1912.

    Naquele dia, o piloto americano Calbralth Perry Rodgers (Call Rodgers) estava fazendo um vo sobre Long Beach, Califmia, quando uma gaivota colidiu com a aeronave que caiu ao mar provocando a morte do piloto. Este evento provocou grande repercusso porque Call Rodgers era considerado um heri da aviao americana pelo fato de ter sido o primeiro homem a efe-tuar um vo costa-a-costa. (Setembro de 1911 - Aviation Anillustrated History - Christopher Chant).

    Em 1984, uma aeronave F-5E da Fora Area Brasileira, voando e misso de treinamento de navegao baixa altura, colidiu com um pssaro, sofrendo srios danos e, mais que isso, mu-tilou o piloto-instrutor que estava no assento traseiro, o qual perdeu definitivamente a viso, de-vido ao forte impacto do pssaro contra seu rosto. O piloto da cabina dianteira conseguiu reali-zar um pouso de emergncia, com sucesso, na sua base de origem.

    No dia 27/Jun/86, a Fora Area Brasileira perdeu um Mirage IIIB, logo aps a decolagem (80 segundos entre o inicio da corrida de decolagem e o impacto com o solo) por causa de inges-to de pssaro (urubu) pelo motor. O piloto conseguiu ejetar-se com sucesso.

    Esse tipo de acidente ou incidente tambm ocorre com aeronaves civis. Em novembro de 1975, um DC-10 da Overseas National Airways (ONA), ao decolar do Aeroporto Internacional JFK, colidiu com vrias gaivotas que foram sugadas pelo moto direito. A aeronave estava com uma velocidade aproximada de 100 ns e o comandante iniciou os procedimentos para uma aborta-gem. O motor foi totalmente destrudo no impacto com os pssaros, alm de provocar um in-cndio. Aps a parada completa da aeronave e a evacuao de todos os passageiros e tripulantes, o fogo destruiu totalmente o DC-10 em apenas 5 minutos. (The Mac Flyer - October 77). No dia 25/Jul/88, em Porto Velho - RO, um B-737 de uma empresa area brasileira colidiu com um urubu aps a decolagem. O avio retornou e efetuou um pouso de emergncia monomotor. Alm do susto, somente danos materiais foram causados a aeronave (troca de motor - custo aproximado de 700 mil dlares).

    No ms de setembro de 1987, um B-1 B da USAF colidiu com um pssar causando a queda do avio. Neste acidente, somente trs tripulante sobreviveram e outros trs faleceram. Os cus-tos materiais oraram em 300 milhes de dlares, se contar com a perda incalculvel das vidas humanas.

    A Fora Area de Israel reconhece que j perdeu mais avies por problemas de coliso com pssaros do que em situao de combate com seus inimigos.

    Pelos fatos narrados acima, verifica-se a situao critica a que esto expostos os pilotos que se vem obrigados a conviver com algo mais que o inerente perigo do vo.

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    No admissvel compactuar com tal situao, fazendo-se necessria uma conscientizao por parte daqueles que, direta e indiretamente, se encontrem envolvidos com a atividade area. A responsabilidade do Ministrio da Aeronatica em promover e divulgar meios capazes de evi-tar os gastos exagerados com a recuperao de aeronaves e motores e preservar vidas huma-nas a qualquer custo, constitui-se elemento fundamental de sucesso nas medidas a serem em-preendidas.

    No podemos, hoje, admitir que aeronaves de alta performance, de custos elevados e com grande capacidade de transporte de passageiros ou carga, sejam "abatidas" ou mesmo "danifi-cadas" por pssaros.

    O custo , realmente, demasiadamente elevado, devendo ser adotadas medidas urgentes e e-ficazes para se enfrentar, com xito, esse desafio.

    I I - G R A V I D A D E D A O C O R R N C I A

    1 - M o m e n t o R e s u l t a n t e d o I m p a c t o

    O momento resultante do impacto de um pssaro com uma aeronave, varia de acordo com o peso do pssaro e a velocidade da aeronave.

    Por exemplo, um pssaro de dois quilogramas gera um impacto de sete toneladas em uma ae-ronave cuja velocidade seja de 300 Km/hora.

    Esse impacto poder causar danos imprevisveis, dependendo do local da coliso (cabina dos pilotos, bordo de ataque, motor, etc.).

    Estatsticas realizadas revelam que: a) 70% a 80% das colises com pssaros ocorrem entre o solo e 150 metros de altura, na vizi-nhana do aerdromo; b) aproximadamente 75% das colises ocorrem durante o dia (72% entre 8h e 16h); e c) 80% dos impactos ocorrem nas superfcies frontais (bordo de ataque, radome, motores).

    Os dados disponveis demonstram que 33,3% das colises ocorrem com aeronaves de caa, 28,2% com aeronaves de transporte de carga, 21,6% com avies de treinamento e 16,9% com outros tipos (Flying Safety - September 1986).

    Os registros da Organizao de Aviao Civil Internacional (OACI), referentes s colises ocor-ridas no mundo, durante o ano de 1987, apresentam os seguintes dados:

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    Outro fator que contribui para a ocorrncia destas colises a percepo sensorial que varia de um elemento para outro. Estudos realizados indicam que o tempo requerido desde a per-cepo, visualizao, processo decisrio, utilizao dos comandos e a efetiva mudana de proa da aeronave varia de piloto para piloto.

    A performance da aeronave tambm ir influenciar no tempo decorrido at o efetivo desvio de proa.

    Assim, a mdia do tempo gasto entre a sensao da imagem do objeto durante a sua viagem entre o olho e o crebro 0,10 seg.

    O ajuste focal (0,29 seg), a percepo e o reconhecimento do objeto (0,65 seg) consomem ou-tros 0,94 seg. Estes dados podem variar conforme o estado emocional do tripulante, tamanho do objeto (pssaro), o movimento relativo e intensidade luminosa.

    O problema ainda no terminou. O processo decisrio consome, em mdia, outros 2 segun-dos, conforme experincia, nvel de concentrao e o conhecimento da situao do piloto.

    Uma vez decidida a reao a ser tomada, outros 0,40 segundos sero gastos para operar os controles de vo.

    A resposta da aeronave aos comandos aplicados varia conforme a aeronave, em funo do seu desempenho aerodinmico. Um F-15 efetuando uma curva de 5.000 ft de raio, com uma velocidade de 450 KT, necessita de um espao de tempo de 0,52 seg. para um desvio de 20 ft e assim evitar uma coliso com pssaro.

    Aproximadamente quatro segundos sero necessrios desde a sensao inicial do objeto at o deslocamento lateral da aeronave a fim de evitar o acidente. Considerando um avio com uma velocidade de 500 KT, o piloto ir precisar de 3.342 ps (1.018 metros) de distncia para evitar a coliso com o pssaro. (Flying Safety May 1986).

    2 - O s D o i s M a i o r e s R i s c o s

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    Essencialmente, os dois maiores riscos associados coliso com pssaro so: a penetrao pelo pra-brisas e a ingesto pelo motor. Vrios pilotos, vtimas desse tipo de ocorrncia, mor-reram, feriram-se ou caram com a sua aeronave.

    As aeronaves de pequeno porte e aeronaves militares frequentemente operam em baixas altu-ras, dividindo o espao areo com os pssaros.

    a) Penetrao pelo pra-brisas

    Uma coliso no pra-brisas poder romp-lo, resultando numa penetrao na aeronave e cau-sando srios ferimentos na face, braos, mos (o piloto tentar proteger sua face com os membros superiores), alm de estragos na estrutura interna da aeronave.

    Por causa dos painis eltricos e de corta-circuitos estarem localizados atrs do piloto, poder ocorrer falha neste sistema, assim como fogo de origem eltrica.

    A fora do vento que estar entrando pelo "buraco" no pra-brisas, alm do barulho, podero tornar as comunicaes impraticveis, o que ir influenciar em muito nos procedimentos de emergncia.

    Convm lembrar que o "disco" formado pela rotao da hlice na frente do prabrisas (avies convencionais monomotores) no uma proteo contra essas penetraes.

    Em situao de alta velocidade, o piloto deve iniciar uma subida para diminuir a velocidade do avio e a fora da rajada de vento que entra na cabine de pilotagem, alm de tentar passar por cima de outras aves, caso estejam voando em bando e prximas do local da primeira coliso.

    Com o pra-brisas quebrado, a mudana do fluxo de ar poder afetar a controlabilidade em baixa velocidade, portanto deve ser evitado o vo prximo da velocidade de "stall". b) lngesto pelo motor

    A ingesto pelo motor poder causar estragos diversos, dependendo das circunstncias do im-pacto. Nos motores a jato, poder ocorrer apenas mossas nas laminas do "fan" ou do prprio compressor.

    Entretanto, o estrago causado pelo impacto pode gerar uma vibrao, aumentar a temperatura dos gases, causar o "stall" de compressor, fogo no motor elou colapso total de reator.

    Outro detalhe interessante que devemos levar em considerao a possibilidade do pssaro no danificar as palhetas do compressor, mas bloquear a entrada de ar, ocasionando o "stall" do compressor por falta de ar ou pelo turbilhonamento do fluxo de ar.

    A fase mais crtica de ingesto de pssaros pelo motor ocorre na decolagem. Durante essa fa-se crtica do vo, essencial que o piloto reconhea a situao de emergncia o mais rpido possvel, para que possa efetuar os itens previstos nos procedimentos de emergncia.

    I I I - O A U M E N T O D A P O P U L A O D E

    P S S A R O S

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    Considerando que a maioria das colises ocorrem nas operaes de pouso e decolagem, mui-tas providncias podero ser colocadas em ao, visando a sua reduo e, conseqentemente, obtendo-se um incremento da segurana de vo.

    1 - V e g e t a o

    A vegetao nas proximidades das pistas ir influenciar diretamente na populao das aves que vivem prximas dos aerdromos.

    Uma vegetao alta e no cuidada ir permitir a proliferao de insetos que, naturalmente, so fontes de alimentao para os pssaros.

    Outro fator ser a construo de ninhos nessa vegetao alta, tanto pela defesa dos pssaros em camuflar seus ninhos, como pela proximidade daquelas fontes de alimento. A presena desses ninhos acarretar um aumento na populao dos roedores (ratos, camundongos) que, por sua vez, iro atrair pssaros noturnos como as corujas. Tambm, das cobras que atrairo outros pssaros como gavies, falces, etc.

    Portanto, um adequado controle no corte da vegetao e a limpeza das reas prximas ao ae-rdromo podero contribuir para a reduo dos ndices de coliso com pssaros.

    J est comprovado que o corte da vegetao dever mant-la entre 10 e 20 cm de altura.

    2 - C l i m a

    As diferenas trmicas, que podem ocorrer entre o dia e a noite, iro influenciar sobremaneira no comportamento dos pssaros que habitam locais prximos de aeroportos. No Brasil, pode-mos citar a regio amaznica, principalmente os aerdromos homologados para operao no-turna. Por exemplo, o aeroporto de Ponta Pelada, situado em Manaus, apresenta um perigo potencial para a operao noturna, em certas pocas do ano, devido a migrao da ave "Po-degar-nacunda", comumente conhecida como "bacurau".

    Devido inverso trmica, durante a noite, a pista permanece mais aquecida do que a seiva, ocasionando o deslocamento das aves que ali ficam pousadas para se aquecerem, propiciando um risco em potencial para a operao noturna.

    Um C-130 Hrcules da Fora Area Brasileira perdeu um motor em uma operao de decola-gem, tendo como causa a ingesto de um bacurau. Como medida preventiva, antes da opera-o da pista para pouso ou decolagem, uma vistoria realizada com um vecio para espantar as aves, alm da utilizao de armas de caa com a mesma finalidade.

    Nestas regies tropicais, onde os aerdromos esto localizados prximos seiva, no existe um procedimento seguro e confivel para eliminar a possibilidade de coliso com pssaros. Estudos dos hbitos das aves e o conhecimento da poca em que ocorrem as migraes pode-ro auxiliar, em muito, nas medidas preventivas.

    3 - L o c a l i z a o d o s A e r d r o m o s

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    Na construo dos principais aerdromos considera-se, no seu projeto inicial, a sua localizao que dever estar em regies mais afastadas dos centros urbanos. No entanto, o crescimento urbano est envolvendo a maioria dos aeroportos do Brasil. Vilas e conjuntos residenciais so construdos na vizinhana dos aeroportos e os resduos alimentares domsticos acabam tor-nando-se fontes de alimentao para os pssaros e, por conseqncia, um fator a mais para o aumento da populao das aves nas proximidades dos aerdromos.

    Considerando, ainda, o afastamento dos aerdromos dos centros urbanos e, tambm, dos lo-cais destinados aos depsitos de lixo, importante que as reas reservadas a esse fim sejam localizadas o mais afastado possvel dos aeroportos, assim como indstrias e matadouros que, pela sua atividade, atraem grandes quantidades de aves (urub).

    I V - A L T I T U D E S E M Q U E P S S A R O S

    S O E N C O N T R A D O S Algumas espcies de pssaros realizam viagem de migrao durante o dia e chegam a cobrir distncias de at 4.000 Km de seu "habitat" de origem.

    A altura de vo, de um modo geral, varia entre zero a 1.500 metros do solo, entretanto, alguns estudos baseados em observaes com radar demonstram que a altura destes vos varia de acordo com as condies meteorolgicas.

    Algumas aves migratrias, entre elas os gansos, os cisnes e as garas voam entre 3.000 e 6.700 metros. No entanto, tem-se detectado algumas aves isoladas voando a uma altura ex-trema de 12.000 metros. Um pato selvagem atingiu os 9.000 metros sem qualquer problema numa cmara de baixa presso, mostrando que os pssaros na realidade voam mais alto do que normalmente se estima.

    Podemos citar a coliso ocorrida entre um Boeing 747 da Pan Am com um ganso a 33.000 ps. O impacto deu-se com o radome e causou uma "mossa" de 6 ps de dimetro. O comandante realizou um pouso de emergncia com sucesso (Flight lnternational - 26 Nov 88).

    A maior altitude registrada envolvendo uma ocorrncia entre aeronave e ave de 37.000 ps, sobre a Cordilheira dos Andes, com um condor.

    Foram publicados na revista Flying, edio de outubro de 1984, alguns fatos curiosos, ainda que reais, envolvendo estranhas colises:

    uma galinha a 800 ps; uma cobra a 3.000 ps;

    um esquilo voador a 5.000 ps; e um rato a 8.000 ps.

    claro que esses animais estavam sendo conduzidos por alguma ave maior no momento da coliso.

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    V - C O N T R O L E D A P O P U L A O D E P S -

    S A R O S

    Atualmente, no existe um mtodo efetivo para prevenir a coliso com pssaros no espao a-reo, sendo uma das medidas preventivas a ao evasiva por parte do piloto, quando detectado, por radar ou visualmente, um bando de pssaros em vo.

    Aeronaves em operao de pouso ou de decolagem devero informar aos rgos de controle todas as concentraes de pssaros, para que este possa acompanhar a evoluo das aves, assim como alertar outras aeronaves que estiverem nas reas adjacentes. Todo o pessoal de servio nos aeroportos, em especial os operadores das torres de controle, deve estar informa-do sobre os riscos que as aves representam para a atividade area.

    Recentemente, o governo americano desenvolveu uma tcnica que consiste em gravar os sons emitidos pelos pssaros quando submetidos a sacrifcios e posteriormente usar esses mesmos sons atravs de alto-falantes para afugentar as aves da mesma espcie nas proximidades dos aeroportos.

    Experincias prticas utilizando esse mtodo no Canad comprovaram a incrvel capacidade de adaptao pelos pssaros a essa situao artificial e freqentemente, a ignoravam aps al-guns dias de utilizao.

    1 - O s P s s a r o s R e s i d e n t e s

    So aqueles que permanecem constantemente no aeroporto e proximidades, efetuando, em conseqncia, vos locais, que representam uma ameaa em potencial.

    O aeroporto de Ponta Pelada apresenta sempre uma concentrao de urubus prximo da ca-beceira 09, tendo, nesse caso especfico, a industrializao de peixes, de curtumes e o lixo jo-gado pela prpria populao em terrenos baldios da cidade como as fontes geradoras dessa concentrao. O vo dessas aves, se repetem diariamente, caracterizando-se pela movimen-tao intensa de ida e volta em altitudes inferiores a 200 metros. Portanto, um conhecimento prvio das zonas de maior incidncia de pssaros dever ser amplamente difundida.

    O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro apresenta um problema similar por causa do aterro sanitrio localizado nas suas proximidades.

    No podemos deixar de considerar as aves marinhas que habitam locais prximos dos aer-dromos costeiros. As gaivotas podem escolher uma rea para repousar e, tambm, voar cerca de 50 km ou mais em busca de alimento. Caso encontrem alimentao em abundncia, como restos de comida ou outros resduos prximos dos aerdromos, podero fixar-se nestas reas.

    2 - P r o g r a m a d e C o n t r o l e

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    A administrao de cada aerdromo dever elaborar seu prprio programa de controle de ps-saros a fim de evitar as colises. Como exemplo podemos citar os esquadres de treinamento da Fora Area Brasileira em Natal - RN, que mantm um mapa de grade nas salas de briefing indicando as reas de concentrao de aves. Estas informaes so atualizadas a cada ins-tante pelos pilotos ao regressarem das misses.

    V I - M E C A N I S M O S D E P R E V E N O Conforme pode ser verificado, o perigo representado pelos pssaros atividade aeronutica um problema da mais alta significao dentro do contexto da preveno de acidentes. No Bra-sil o problema vem sendo administrado conforme os seguintes aspectos:

    1 - M i g r a o

    O estudo da migrao dos pssaros muito importante e apresenta caractersticas bastante especiais que varia de uma espcie para outra.

    O resultado de um trabalho como esse ir mostrar as rotas e as pocas do ano que ocorrem estas migraes.

    Um exemplo a ser observado o da ave "Muscivora Tytyrannus", tambm conhecida com "Te-sourinha, encontrada no Brasil Meridional e Central. Essa ave pode ser vista em fios de luz ou de telefone, nas imediaes de centros urbanos. Quando em migrao, forma grandes ban-dos. De abril a setembro, porm, desaparece totalmente dessas regies, sendo vista aos milha-res na Amaznia. Esse um movimento feito em grande parte dentro de um pas, por uma po-pulao residente e de fcil observao.

    Por outro lado a ave Calidris Alba, uma espcie de Maarico", visitante no Brasil, vinda do rtico. Percorre uma distncia de 20.000 km at o Rio de Janeiro para depois voar mais 5.000 km at a Terra do Fogo, na Argentina. Aparece nas praias Atlnticas em bandos de centenas ou milhares.

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    No Brasil, num total de 1.581 espcies de aves cadastradas, 119 so migrantes de longo curso. Fazendo parte desse grupo, h o Calidris Canatus", conhecido como "Maarico-de-papo-vermelho", uma espcie com cerca de trinta mil exemplares. Reproduz-se de julho a agosto em volta da Baa de Hudson e no Oceano rtico, no Canad. Aps a reproduo, e fugindo do inverno no hemisfrio Norte, inicia seu movimento migratrio em direo Terra do Fogo.

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    Concentram-se, no inicio da migrao, na Baa de Chesapeake, Estados Unidos e, em grandes bandos comeam a deixar a Amrica do Norte, dirigindo-se, atravs do Atlntico, at as costas do Suriname, na Amrica do Sul. O percurso feito sem escalas, cobrindo milhares de quil-metros em dias e noites de vo ininterrupto.

    Ao chegarem ao Suriname, os maaricos permanecem alguns dias nos mangues da costa, ali-mentando-se. Aps reiniciarem seu movimento, dirigem-se, pela costa do Brasil, para a Pata-gnia e Terra do Fogo.

    O conhecimento das rotas de migrao hbitos, assim como a poca do ano em que ocorrem, de grande importncia para a preveno de acidentes.

    2 - C o n t r o l e d a Z o n a d o A e r d r o m o

    Sobre este enfoque, faz-se necessrio um eficaz controle das zonas de maior concentrao a-travs da mobilizao geral, onde so peas fundamentais os seguintes aspectos:

    a) O CENIPA, como orgo central da Segurana de Vo no pas, vem envidando esforos no sentido de sensibilizar as autoridades federais, estaduais e municipais, fornecendo informaes de como pode ser perigoso para a atividade area a permisso para instalao de matadouros particulares ou pblicos e a instalao de depsitos de lixo prximos dos aerdromos que, pela

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    prpria natureza de sua atividade, so um foco gerador de pssaros, que procuram esses lo-cais como fonte de alimentao.

    Atualmente, pode-se citar o problema da ameaa de coliso com pssaros na zona do Aero-porto Internacional Dois de Julho, em Salvador, Bahia, cujo problema digno de nota, inclusive no ROTAER.

    O depsito de lixo municipal, de Cana Brava, localizado prximo do marcador externo do pro-cedimento ILS da pista 10 desse aeroporto, recebe material orgnico que mantido a cu aberto, atraindo uma grande concentrao de aves, principalmente o urub.

    Com o crescimento da cidade, as autoridades locais pretendem implementar um projeto para a construo de um aterro sanitrio mais afastado da cidade e que estar a cerca de seis quil-metros da pista principal. Esse projeto resolver o problema sanitrio da cidade, mas sem d-vida, poder afetar sobremaneira a Segurana de Vo na regio do aerdromo, com a concen-trao de pssaros.

    Mesmo com uma tecnologia moderna para a instalao de um depsito de lixo, fica a dvida, se no futuro, essas instalaes no iro atrair mais pssaros para a rea pretendida.

    b) Outro aspecto a ser considerado a manuteno de um mapa de grade nas salas AIS onde devem ser identificadas e localizadas as concentraes de pssaros.

    c) Podemos ainda, citar a importncia da participao efetiva dos rgos de controle de trfego areo que, ao receberem informao sobre uma concentrao de pssaros, devero divulg-la s outras aeronaves que estejam em sua rea de controle.

    3 - P a r t i c i p a o d a C o m u n i d a d e L o c a l

    Estando a populao includa nas fontes geradoras, atravs da prtica indesejvel de contribui-o para o surgimento de depsitos de lixo em reas no apropriadas, de extrema importn-cia que sejam adotados mecanismos de conscientizao e de participao geral em prol da so-luo do problema. Essa situao mais crtica nos aerdromos localizados nas cidades das regies Norte e Nordeste do Brasil.

    Como elemento de preveno de acidentes, essencial a perfeita interao entre a comunida-de e os rgos dos governos estaduais e municipais. Nesse aspecto, podemos considerar o estmulo aos proprietrios de aeronaves particulares de pequeno porte no sentido de reporta-rem a ocorrncia de coliso com pssaros ao rgo central, atravs do preenchimento das fi-chas CENIPA-15 e 15A

    Muitos operadores no reportam essas ocorrncias por acharem que o seu caso isolado e s aconteceu por mero "azar'. Se considerarmos que cem pilotos que experimentaram uma coli-so com pssaro e tiveram essa mesma atitude omissa, o CENIPA deixar de receber essas importantes informaoes que podem configurar uma anlise de tendncia.

    4 - A R e a o d a s A v e s n a I m i n n c i a d e u m a C o l i s o

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    As aves possuem mecanismos de autodefesa diante de situaes adversas, como por exem-plo, o urub que tem como hbito mergulhar na tentativa de fuga. Assim, recomendvel, co-mo ao de ltima instncia, "cabrar a aeronave e jamais estabelecer uma atitude de "picada".

    5 - R a d a r

    A utilizao do radar, embora de comprovao cientfica ainda questionada, pode afugentar al-guns tipos de aves, tendo em vista a emisso das ondas eletromagnticas.

    6 - V e g e t a o

    O controle da vegetao nas reas adjacentes aos aerdromos, considerando a sua importn-cia como elemento de proliferao da populao de pssaros na regio.

    7 - V i g i l n c i a d o E s p a o A r e o

    Maior vigilncia por parte dos pilotos durante as operaes de pousos e decolagens, nos locais de maior incidncia de concentrao de pssaros.

    8 - C o n s t r u o d e A e r d r o m o s

    A seleo de reas adequadas, normalmente evitando-se os permetros urbanos, deve ser considerada dentre os demais fatores de avaliao.

    9 - U t i l i z a o d o s F a r i s d a s A e r o n a v e s

    O uso de faris durante as fases de decolagem, aproximao final e pouso, ao contrrio do que muitos pensam, no afugenta as aves, mas apenas torna a aeronave mais visvel a elas.

    1 0 - E s t u d o s E s t a t s t i c o s

    A avaliao de dados estatsticos possibilita o estabelecimento de anlises de tendncia que iro auxiliar no desenvolvimento de atividades preventivas.

    Para tomar esse mecanismo eficaz, de extrema importncia a participao da comunidade aeronutica atravs da utilizao das fichas CENIPA-15 e 15A.

    Seguindo esta metodologia, o CENIPA coletou nos ltimos onze anos, os seguintes dados rela-tivos coliso com pssaros, embora esses dados no correspondam realidade uma vez que muitas ocorrncias deixaram de ser comunicadas s autoridades aeronuticas.

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    Podemos observar que, a partir do ano de 1988, h um aumento do nmero de ocorrncias que devido maior participao da comunidade aeronutica, em funo de uma maior divul-gao do problema por parte do CENIPA.

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    No Brasil, a grande concentrao das colises ocorre nas horas mais quentes, entre 10h e 15h.

    O item desconhecido, ou a vigsima quinta hora, representa o nmero de colises cujo horrio no foi especificado na ficha CENIPA -15 ou 15A.

    Pelas mesmas razes citadas no grfico anterior, podemos observar um elevado nmero de colises cuja fase do vo desconhecida.

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    Pelas mesmas razes citadas no grfico anterior, podemos observar um elevado nmero de colises com caractersticas desconhecidas.

    Dentre as espcies de aves que oferecem maior grau de perigo para a atividade area no Bra-sil, podemos destacar o urub; bacurau e quero-quero.

    Nesse grfico pode-se notar uma fatia significativa das colises com aves no identificadas, devido ao fato do operador desconhecer a espcie ou no preencher corretamente as fichas CENI PA -15 e 15A.

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    Os pilotos devem conhecer os seguintes aspectos e adotar os seguintes procedimentos para evitar ou diminuir a probabilidade de uma coliso:

    Consulte os NOTAM ou informaes disponveis nos aeroportos de decolagem e destino, re-

    ferentes concentrao de pssaros, migrao e outras disponveis; Evite voar a alturas inferiores a 3.000 ps;

    Evite voar sobre rios e suas margens e o litoral porque os pssaros normalmente seguem estes "caminhos" como orientao em seus vos migratrios;

    Durante o txi, observe se existe concentrao de aves nas proximidades da pista de deco-lagem;

    No decole se existir bando de pssaros voando no setor de decolagem ou cabeceira opos-ta. Lembre-se que aps o avio sair do cho, o mesmo estar com baixa velocidade e, portanto, sem manobrabilidade para efetuar uma ao evasiva eficiente;

    Se ocorrer uma ingesto na corrida de decolagem e a velocidade e condies da pista permitirem, aborte a sua decolagem;

    Faa uma vistoria detalhada no motor;

    Se ocorrer uma coliso no pra-brisas com penetrao da ave, verifique controlabilidade do avio antes de tentar um pouso. Inicie uma subida e reduza velocidade da aeronave e use culos para reduzir o efeito da rajada de ar;

    Se o pra-brisas ficar apenas rachado ou trincado, reduza a velocidade e use culos; Ao iniciar a descida, durante a aproximao e aps a decolagem, esteja atento para outra

    possvel concentrao de aves e use os faris de pouso; Se um bando de pssaros for observado no procedimento de aproximao, existindo a

    probabilidade de coliso, efetue uma arremetida com segurana; Se estiver voando dentro de uma concentrao de pssaros, reduza imediatamente a velo-

    cidade do avio para diminuir os efeitos de uma coliso; Se h suspeita de coliso, faa uma verificao externa completa na aeronave aps o pou-

    so; e

    Comunique as colises, as concentraes observadas e outras informaes julgadas neces-srias ao Setor de Segurana de Vo da sua empresa.

    V I I - I D E N T I F I C A O D E P S S A R O S

    C O M M A I O R I N C I D N C I A D E C O L I S O

    N O B R A S I L Quero-quero - ave da famlia dos caradrideos (Belonopterus Cavennensis) cuja distribuio abrange desde a Amrica Central at o extremo Sul da Amrica Meridional. de colorido geral cinzento e ventre preto e branco, com um topete de penas longas na nuca. O mesmo que o da baivota preta.

    Urubu - denominao geral das aves falconiformes da sub ordem dos catrteos, famlia dos catartideos, que possuem as narinas intercomuncveis, por no terem septo nasal; o urubu comum tem cor inteiramente negra, inclusive a cabea, que nua. Animal socivel, ocorre em

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    toda a Amrica, excetuadas as regies frias, e conhecido por sua predileo por animais mor-tos.

    Bacurau - ave caprimulgiforme da famlia dos caprimulgideos, com trinta centmetros de com-primento, colorido pardacento salpicado de preto e amarelo, com faixa branca no pescoo. Habita a Amrica Tropical. Mesmo que curiango.

    V I I I - E S T U D O S R E A L I Z A D O S S O B R E O

    B A C U R A U

    1 - I n t r o d u o

    A presena do bacurau em grandes bandos, na rea do Aeroporto de Ponta Pelada, em Ma-naus, j acarretou grandes prejuzos s aeronaves C-115 Bfallo e C-130 Hrcules da Fora Area Brasileira que sofreram ingesto ao decolar ou aterrisar, principalmente noite, determi-nando o mal funcionamento dos motores que, alm de causar prejuzos considerveis e indis-ponibilidade das aeronaves, colocaram em risco a segurana de seus ocupantes.

    2 - E s t u d o d a S i t u a o

    Sendo o primeiro aeroporto internacional da cidade de Manaus, serviu a todo o trfego areo daquela regio com um movimento intenso de aeronaves civis e militares, transportando tanto passageiros como carga.

    O aerdromo de Manaus situa-se num altiplano no Bairro de Educandos, no permetro urbano da cidade de Manaus, s margens do Rio Negro, tendo sua pista de pouso e decolagem, em toda sua extenso, do lado adjacente do Rio Negro, uma vasta vegetao secundria e herb-cea, tornando-se um grande abrigo e refgio de pequenas aves e animais.

    Nesse aspecto foram detalhadamente estudados os hbitos, costumes, alimentao e nidifica-o da ave com o objetivo de avaliao da populao, dos abrigos e refgios, bem como das distncias em que se encontram seus esconderijos em relao pista, visto que a ave tem h-bito notumo; seu vo curto, de mdia altura e de pouca durao no ar.

    3 - D e s e n c a d e a m e n t o d a O p e r a o

    O desenvolvimento da operao teve as seguintes trs fases distintas:

    1 fase - levantamento das condies ecolgicas da rea do aeroporto;

    2 fase - estudo do porqu da presena endmica dos grandes bandos de bacurau naquela regio;

    3 fase - adoo de medidas de saneamento sistemtico do bacurau na rea, sem prejuzos populao humana vizinha e a outros animais presentes.

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    a) Primeira fase

    (1) Fauna - durante uma semana os trabalhos se desenvolveram tanto durante o dia como noite, e foi levantada toda a fauna da rea do aeroporto. Foram coletadas todas as informa-es possveis sobre cada espcie animal que habitava a regio, inclusive margem esquerda do Rio Negro, adjacente ao Aeroporto. Foram encontrados: roedores de mdio e pequeno por-te (paca, cutia, coelho selvagem, pres, ratos etc), desdentado (tamandu e tatu), marsupiais (gambas e cuicas), aves aquticas e pernaltas (garas, socs, martin-pescador, saracuras), aves terrestres (Inhambus, juritis, rolinhas e outras de pequeno porte).

    Foi encontrada grande quantidade de vestgios do bacurau como penas, ninhos abandonados, aves mortas, principalmente junto aos barrancos das margens do rio.

    Tambm, alguma ave de rapina (gavio, coruja e cabur) foi encontrada na rea.

    (2) Flora - foram encontrados dois tipos de cobertura na rea do aerdromo:

    vegetao secundria - composta de palmceas em sua maior parte ingazeiros, embabas,

    bru vegetal, quaresmeiras, leiteiras e outros arbustos de menos importncia;

    vegetao terciria - cobertura arbustiva com uma variedade grande de ervas, cips, cac-tos, bromlias e pteridfitas. Na rea da pista propriamente dita, uma vegetao consti-tuda de gramneas e flora rasteira diversa.

    (3) Solo - mido nos setores mais prximos a praia com eroses nas cabeceiras da pista; seco no restante (parte alta) da rea vasculhada. Grande cobertura de folhas secas e matria org-nica em decomposio, bem como paus podres, criando ambiente apropriado para abrigos e refgios de animais e aves. Nos barrancos s margens dos iguaps, centenas de buracos ar-redondados de 5 cm de dimetro e 80 cm, em mdia de profundidade, evidenciando ninhos e abrigos de aves aquticas e de bacurau.

    b) Segunda Fase

    Avaliando os dados e informaes colhidas na primeira fase, a segunda fase foi limitada ob-servao dos hbitos, costumes, alimentao e localizao da ave, conforme o seguinte roteiro e indagaes: De onde vinham? Quando vinham? Como vinham? Quanto tempo permaneci-am na rea? De que consistia sua alimentao bsica na rea? O que atraia as aves para a-quele local? Que hora abandonavam o aerdromo? Para onde iam?

    As respostas obtidas permitiram a seguinte concluso:

    As aves chegavam pela cabeceira da pista do lado adjacente margem do Rio Negro, ao a-noitecer, entre 18h 30min e 21 h, em pequeno nmero at atingir grandes bandos, espalhando-se ao longo de toda a pista e concentrando-se em maior nmero na sua parte mediana, em movimentos constantes na competio e busca de alimento, junto com morcegos insetvoros. Ali permaneciam at entre 5h e 6h quando, ao clarear do dia regressavam para seus ninhos, abrigos e refgios, situados nas barrancos do rio, no sendo mais observados na pista alm desse horrio.

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    c) Terceira fase

    De posse das informaes obtidas nas fases anteriores, a terceira fase foi desenvolvida, consti-tuindo-se basicamente de dois eventos:

    controle biolgico (direto e indireto); medidas administrativas (permanentes e temporrias).

    (1) Controle biolgico

    Direto - emprego de pessoal para destruir, sistematicamente, os ninhos situados nos barrancos do rio, impedindo, desta forma, volta dos pssaros a seus ninhos e evitando com esse proce-dimento a sua reproduo e, conseqentemente, motivando a sua disperso.

    Indireto - emprego de inseticida (malatol) em toda rea do aerdromo, pela tcnica de aspergi-mento, para eliminar, da grama e da macega, todos os insetos (gafanhotos, grilos, borboletas e outras formas lanurias) que fazem parte da alimentao bsica do bacurau.

    (2) Medidas administrativas

    Permanente - substituio do sistema de iluminao dos hangares e instalaes, no que se

    refere implantao de postos (entre 10 e 15 metros) e mudana da cor das luzes utili-zadas na iluminao. Verificou-se que os refletores instalados nos hangares e os desti-nados segurana da pista, alm de possurem um foco de luz branca muito intenso, di-rigido pelo posicionamento inclinado para o lado escuro da pista e s margens do Rio Negro, funcionavam como armadilha de luz, impressionando e atraindo, a grandes dis-tncias, insetos que se concentravam na rea do aeroporto aos milhares, de centenas de espcies caractersticas do ambiente tropical. Foi sugerida a colocao de iluminao vertical, com foco de luz amarela, direcionada de cima para baixo e protegida, para evi-tar a disperso do cone de luz e iluminao dirigida somente para a rea interessada.

    Temporria - estabelecimento de um planejamento regular para dar cumprimento s medi-das a serem adotadas, com o objetivo de eliminar as causas determinantes da concen-trao do bacurau e outros animais e insetos na rea do aeroporto.

    4 - C o n c l u s e s

    Aps a anlise dos dados, foram estabelecidas s seguintes concluses:

    a) A transformao do Aeroporto Internacional de Ponta Pelada em aeroporto militar, com a re-duo sensvel do movimento de aterrissagem, decolagem, embarque e desembarque de pas-sageiros e carga e a conseqente diminuio do barulho e movimentos durante o dia e a noite, em rea relativamente isolada do ncleo urbano, determinaram a aproximao e o aumento da populao das aves na regio da Base Area de Manaus;

    b) A obteno de alimentao fcil, num "habitat" ideal, em que se transformou a regio delimi-tada do aeroporto para a espcie de bacurau, fomentou o crescimento exagerado da populao dessa ave, ocasionando problemas ecolgicos;

    c) A localizao estratgica do aeroporto, o posicionamento da pista, ladeada por vegetao exuberante, rea fluvial, num altiplano em relao cidade, a utilizao inadequada de luz, os

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    hbitos e costumes da espcie de bacurau, a falta de predadores para a espcie, alm de ou-tros fatores, contriburam para o aparecimento e desenvolvimento da ave em grandes bandos;

    d) O halo de luz formado pela iluminao dos hangares sobre a pista (distncia aproximada de 25 metros), no sentido inclinado, cria um cone de luz que menos intenso medida que se a-proxima da pista. O "lusco-fusco" formado nessa distncia permite que o bacurau, por ser ave de hbito noturno, voe da pista, regio mais escura, para a regio iluminada (hangares), na busca de alimento e regresse ao ponto de partida. Assim, a pista de pouso no s oferece condies timas para o descanso e pouso da ave, bem como oferece calor para a mesma, co-lhido durante o dia. Esse tipo de bacurau no pousa em galhos de rvores ou em terrenos su-jos em virtude da anatomia de seus ps e a dificuldade em alar vo, da a escolha pela pista;

    e) A confirmao da presena de alimentos encontrados no pr-ventriculo (papo) dos bacuraus, tais como mariposas, besouros, colepteros, grilos, gafanhotos, etc, s foi possvel pelo apre-samento e necropsia de algumas aves. Esse tipo de alimento vem comprovar o hbito de se a-limentar realizando o itinerrio descrito anteriormente.

    f) A ingesto de bacuraus pelas turbinas dos C-115 e C-130, se deve, em parte, ao tipo e baixa velocidade de vo do bacurau que, estando na pista, primeiro se eleva para depois fazer o vo horizontal de curta distncia (50 metros).

    I X - F I C H A S C E N I P A 1 5 E 1 5 A As fichas CENIPA 15 e 15A destinam-se ao reporte de ocorrncia do tipo Coliso com Pssa-ros de modo a permitir o conhecimento e a divulgao das circunstncias envolvidas em uma ocorrncia.

    Os modelos dessas fichas so apresentados a seguir:

  • P r e v e n o d e A c i d e n t e s

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  • P r e v e n o d e A c i d e n t e s

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    X - C O N C L U S O As autoridades brasileiras esto preocupadas com os alarmantes ndices de coliso com ps-saros, tanto pela perda de vidas humanas como pelas perdas materiais.

    Durante a realizao de uma reunio, em 1993, em Santiago do Chile sobre "Coliso com Ps-saros", coordenada pela ICAO, sugeriu a idia da implantao do Comit Regional para a Am-rica do Sul, visando a troca de informaes e experincias entre os pases, criando-se meca-nismos para tomar a troca dessas informaes mais gil, sendo o escritrio da ICAO em Lima-Peru o rgo centralizado. Desse comit participariam representantes da aviao civil e militar de todos os pases, alm de rgos ligados diretamente atividade area.

    Concomitantemente a isso, deveriam ser criados os comits nacionais em cada pas participan-te.

    As anlises das informaes sobre as colises, tais como: hora do evento, espcie de ave en-volvida, altitude de vo, posio geogrfica em relao pista, condies meteorolgicas no aeroporto, caractersticas da regiao como a vegetao, agricultura, pecuria, tipos de indstrias instaladas na rea so dados importantes para a elaborao de um eficaz Programa de Pre-veno de Colises com Pssaros.

    Sabemos que no existe um mecanismo to completo e eficaz, nos dias de hoje, capaz de so-lucionar, em definitivo, to grave problema, no entanto, medidas preventivas, especificas para cada regio, devem ser adotadas constantemente e, sobretudo, atravs de uma mobilizao geral de todos aqueles envolvidos direta o indiretamente com a atividade area.

    A contribuio de todos, portanto, se evidncia como fundamental para reduo do nmero de ocorrncias de coliso com pssaro.

  • P r e v e n o d e A c i d e n t e s

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    NDICE

    CONTEDO

    I - INTRODUO

    II - GRAVIDADE DA OCORRNCIA

    1 - Momento Resultante do Impacto

    2 - Os Dois Maiores Riscos

    III - AUMENTO DA POPULAO DE PSSAROS

    1 -Vegetao

    2 - Clima

    3 - Localizao dos Aerdromos

    IV - ALTITUDES EM QUE PSSAROS SO ENCONTRADOS

    V - CONTROLE DA POPULAO DE PSSAROS

    1 - Os Pssaros Residentes

    2 - Programa de Controle

    VI - MECANISMOS DE PREVENO

    1 - Migrao

    2 - Controle da Zona do Aerdromo

    3 - Participao da Comunidade Local

    4 - A Reao das Aves na lminncia de Uma Coliso

    5 - Radar

    6 - Vegetao

    7 - Vigilncia do Espao Areo

    8 - Construo de Aerdromos

    9 - Utilizao dos Faris das Aeronaves

    10 - Estudos Estatsticos

    VII - IDENTIFICAO DE PSSAROS COM MAIOR INCIDNCIA DE COLISO NO BRASIL

    VIII - ESTUDOS REALIZADOS SOBRE O BACURAU

    1 - Introduo

    2 - Estudo da Situao

  • P r e v e n o d e A c i d e n t e s

    O P e r i g o A v i r i o

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    3 - Desencadeamento da Operao

    4 - Concluses

    IX - FICHAS CENIPA 15 E 15A

    X - CONCLUSO