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    EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA XXXXX VARA CVEL DA COMARCA DE RIO GRANDE/RS

    Clarel da Cruz Riet, infra-assinado,engenheiro civil, perito judicial nomeado nos autosda AO DE NUNCIAO DE OBRA NOVA, processon. 023/1.04.001511X-X, em que AUTORA G.F.N.

    e RU I. O. P., tendo procedido aos estudos ediligncias que se fizeram necessrios, vemapresentar a V. Exa. as concluses a que chegou,consubstanciado no seguinte,

    LAUDO DE ENGENHARIA

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    NDICE

    1. OBJETIVO DA PERCIA .................................................................................... 032. PRELIMINARES ............................................................................................... 033. VISTORIA E CARACTERIZAO DA REGIO ...................................................... 034. METODOLOGIA ............................................................................................... 14

    5. SUBSDIOS ESCLARECEDORES ........................................................................ 145.1. RECALQUES DE FUNDAES ........................................................................... 145.1.1. INVESTIGAO DO SUBSOLO .......................................................................... 145.1.2. SOLOS DE COMPORTAMENTO ESPECIAL ........................................................... 145.1.3. A DEFORMABILIDADE DOS SOLOS E A RIGIDEZ DAS SAPATAS .......................... 145.1.4. PADRES TPICOS DE TRINCAS ....................................................................... 175.1.5. RECALQUES ADMISSVEIS ............................................................................... 196. DIAGNSTICO DA SITUAO .......................................................................... 197. CONCLUSO ................................................................................................... 208. QUESITOS ...................................................................................................... 218.1. QUESITOS DO RU ......................................................................................... 21

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    1. OBJETIVO DA PERCIA

    O objetivo deste trabalho consiste na verificao das conformidades tcnicas e funcionaisvisando o diagnstico das patologias manifestadas em um edificao sito a Rua Martim Afonsode Souza n. 427 e o nexo causal entre estas e a construo de um sobrado em alvenaria emterreno lindeiro.

    2. PRELIMINARES

    A Autora entendendo que a construo de um sobrado de alvenaria, realizado pelo Ruem terreno lindeiro ao seu, provocou danos como trincas, rachaduras e afundamento de pisosem sua casa pede providencias.

    O Ru argumenta que os danos no foram provocados por sua construo e alega a

    existncia de solo com baixa capacidade de carga e com uma grande camada de argila o queoriginaria recalques diferenciais nas fundaes.Alega tambm que com o aumento de trnsito de veculos pesados em nossa cidade

    estaria provocando trepidaes, fazendo os prdios vibrarem, provocando rachaduras em vriospontos das construes.

    Menciona que o prdio da Autora, por possuir laje de concreto armado, esta estariasofrendo dilataes trmicas devido o aquecimento provocado pelo emprego de telhas de FBC epor conseqncia, provocando as rachaduras nas paredes.

    O ru finaliza expondo que as rachaduras tambm poderiam ser conseqncia dasampliaes realizadas no prdio da Autora, onde a acomodao das fundaes seria responsvelpelos recalques diferenciais.

    3. VISTORIA E CARACTERIZAO DA REGIO

    A vistoria oficial ocorreu no dia 17/01/2010, s 14:00 horas, contando alm deste peritocom as presenas da Autora e do Ru. Aps esta inspeo, retornamos ao local nos dias 18/01 e22/01/10, quando colhemos mais informaes junto aos moradores e tiramos mais fotos.

    Trata-se de uma regio urbana litornea com predominncia de habitaes residenciaisunifamiliares, clima ameno, superfcie plana, padro scio econmico cultural mdio, topografiaem nvel e solo predominantemente arenoso permevel da classe das areias quartzosasmarinhas distrficas, com algumas zonas constitudas de relativa parcela de argila de AtividadeAlta1.

    A Infra estrutura urbana possui sistema virio, transporte coletivo, coleta de resduosslidos, gua potvel, energia eltrica, telefone, comunicao e televiso, esgotamento sanitrioe guas pluviais.

    As atividades existentes incluem redes bancrias, industrias, comrcio e atividades deprofissionais liberais, sendo mdio como um todo o nvel do mercado de trabalho.

    Os servios comunitrios disponveis compreendem escolas (municipal e estadual),segurana, hospitais e centros de sade, igrejas, clubes de recreao e teatro.

    Para efeito de melhor entendimento e preciso dos trabalhos periciais, junta-se adocumentao fotogrfica comentada a seguir, obtida no ato da inspeo.

    1Projeto RADAM (IBGE,1986) e Cunha e Silveira (FURG, 1995)

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    Foto 1- No centro, a fachada do imvel do Ru, o qual faz divisa com o imvel da Autora, adireita. Trata-se de um prdio em alvenaria com dois pavimentos em um terreno com 8m defrente por 30m de profundidade.

    Foto 2- As fachadas dos dois imveis separados pelo corredor da Autora que sofreuafundamentos. O terreno da Autora tambm possui 8x30m e a casa toda em alvenaria.

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    Foto 3- Presena de trincas nos muros lindeiros. Na foto, uma rachadura inclinada no murolateral esquerdo, do prdio do Ru.

    Foto 4- A mesma rachadura fotografada mais de perto, com uma abertura de 11mm.

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    Foto 5- As trincas provocadas pela flecha excessiva da laje em balano, agravadas pelo recalquediferencial das fundaes.

    Foto 6- Manifestao de rachaduras inclinadas prximo das quinas das aberturas. (Prdio doRu).

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    Foto 7- Mesmo tipo de anomalia da foto 06. (Prdio do Ru).

    Foto 8- Trinca horizontal no nvel da laje de entrepiso. (Prdio do Ru).

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    Foto 9- Rachadura a 45 entre a quina do vo da porta e a laje. (Prdio do Ru).

    Foto 10- Rachadura inclinada provocada por recalque diferencial das fundaes. (Prdio do

    Ru).

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    Foto 11- O recalque diferencial das fundaes do prdio do Ru refletiu na casa da Autora,provocando patologias como esta trinca horizontal prxima do piso. (Casa da Autora).

    Foto 12- Anomalia exgena sob a forma de trinca, provocada pela deflexo excessiva dasfundaes do prdio do Ru.

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    Foto 13- Mesmo tipo de patologia da foto 12.

    Foto 14- O corredor lateral esquerdo da casa da Autora. A esquerda na foto, a parede do Ru

    que, em alguns pontos, chegou a 'afundar' 10cm, levando junto o muro, o piso e um lado doporto de ferro, da Autora.

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    Foto 15- Nesta foto, tirada de dentro para fora do corredor, observa-se o desnvel deaproximadamente 8cm entre as duas folhas do porto. Este desnvel se deu justamente peloafundamento da parede onde uma das folhas do porto fixada, ou seja, a parede do Rurecalcou levando consigo o muro da Autora, onde o porto fixado.

    Foto 16- Manifestao de rachaduras na parede lateral prximo do porto.

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    Foto 17- Observa-se com facilidade o afundamento do piso na direo da parede do Ru.

    Foto 18- Nota-se que aps o pilarete de alvenaria, o afundamento diminui bastante. Este fato

    devido ao ltimo trecho do corredor no fazer divisa com rea construda do Ru, ou seja, aconstruo do Ru termina um pouco antes do pilarete.

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    Foto 19- A ampliao da Autora que no consta no projeto. Trata-se de uma construo isolada,executada no lado direito do terreno, fazendo divisa com o imvel da direita, afastadoaproximadamente 5,0m da divisa com o terreno do Ru, constituda de um quarto, WC e umapequena cozinha, totalizando 18m2 de rea construda.

    Foto 20- A esquerda deste corredor, a casa principal da autora e, a direita, a ampliao citadana Foto n. 19. Observa-se que o piso do corredor encontra-se nivelado, sem afundamentos,

    diferente do corredor que separa a casa da Autora do prdio do Ru (Ver Foto n. 17),indicando que as fundaes da ampliao no recalcaram e portanto no foram responsveispelas patologias manifestadas na casa.

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    4. METODOLOGIA

    A presente percia atendeu todos os requisitos necessrios e exigidos pela NBR 13752/96(norma que fixa os critrios e procedimentos relativos s percias de engenharia na construocivil), em seu item 4.3.2 Requisitos essenciais. Todos foram condicionados tanto quanto abrangncia das investigaes, confiabilidade e adequao das informaes obtidas quanto qualidade das anlises tcnicas e ao menor grau de subjetividade emprestado pelo perito.

    5. SUBSDIOS ESCLARECEDORES5.1. RECALQUES DE FUNDAES5.1.1. INVESTIGAO DO SUBSOLO

    A investigao do solo a causa mais freqente de problemas de fundaes. Na medida

    em que o solo o meio que vai suportar as cargas, sua identificao e a caracterizao de seucomportamento so essenciais soluo de qualquer problema, sendo no Brasil, o programapreliminar, normalmente desenvolvido com base em ensaios SPT (NBR 6484/2001).

    O programa complementar depende das condies geotcnicas e estruturais do projeto,podendo envolver tanto ensaios de campo (cone, piezocone, pressimetro, palheta, ssmicasuperficial, etc.) como de laboratrio (adensamento, triaxiais, cisalhamento direto, entre outros).

    5.1.2. SOLOS DE COMPORTAMENTO ESPECIAL

    Os solos de comportamento especial podem ter sua ocorrncia prevista ainda em fasepreliminar, definindo os ensaios especiais necessrios caracterizao de seu comportamento e

    sua influncia nas fundaes.Assim, ocorrncias localizadas, como zonas de minerao (problema pouco comum noBrasil), zonas crsticas, influncia da vegetao, colapsibilidade, expansibilidade e ocorrncia demataces, se no identificados, podem provocar subsidncia ou problemas construtivossensveis com o surgimento de patologias importantes e custos significativos de reparo.

    Dentre os solos colapsveis, os quais possuem uma estrutura sujeita a grande variao(reduo) volumtrica, encontram-se os solos porosos tropicais, especialmente os originados derochas granticas, tendo sido encontrando no Rio Grande do Sul, somente nas cidades de Santongelo, Carazinho e Vacaria2.

    J os solos expansivos, onde a presena de argilo-minerais em solos argilosos responsvel por grandes variaes de volume, decorrentes de mudanas do teor de umidade,provocando problemas especialmente em fundaes superficiais, foram encontrados no RioGrande do Sul somente nas cidades de Encantado, So Jernimo, Santa Maria, Rosrio do Sul,Santa Cruz do Sul, Cachoeirinha e ao norte de Porto Alegre3.

    5.1.3. A DEFORMABILIDADE DOS SOLOS E A RIGIDEZ DAS SAPATAS

    At bem pouco tempo as fundaes dos edifcios eram dimensionadas pelo critrio deruptura do solo, apresentando as construes cargas que geralmente no excediam a 500Tf,bem inferior a 20.000TF que certas obras nos dias de hoje chegam a atingir, tornando-seimprescindvel uma mudana de postura para o clculo e dimensionamento das fundaes dosedifcios.

    2Localizao de solos colapsveis no Brasil (Ferreira et al, 1989), com incluses de dados de Milititskyet Dias(1986)3Vargas et al. (1989)

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    De acordo com Vitor Mello4, apenas em argilas de baixa plasticidade o critrio de clculocondicionante o de ruptura; j em argilas de alta plasticidade os recalques acentuam-sepassando em geral a ser condicionante o critrio de recalques admissveis.

    Em siltes e areias (observando que em Rio Grande o solo predominantemente arenosocom algumas zonas constitudas de argila), que so solos com significativos coeficientes deatrito interno, o critrio de ruptura s pode ser condicionante para sapatas muito pequenas deforma que em construes de maior porte passa a ser condicionante o critrio de recalques.

    Assim, de uma forma geral poderamos dizer que para solos de alta resistncia,prevalece o critrio da ruptura, pois as deformaes so pequenas e para solos de baixaresistncia, prevalece o critrio de recalque admissvel, pois as deformaes do solo serosempre grandes.

    A capacidade de carga e a deformabilidade dos solos no so constantes, sendo no casode fundaes superficiais, que o tipo ora examinado, funo dos seguintes fatores;

    a) Tipo e estado do solo (areia nos vrios estados de compacidade ou argilas nos vriosestados de consistncia)

    b) Disposio do lenol fretico

    c) Intensidade da carga e cota de apoio da fundao

    d) Dimenses e formato da sapata carregada (quadradas ou retangulares)

    e) Interferncia de fundaes vizinhas

    Portanto para as fundaes diretas (superficiais) a intensidade dos recalques dependerno s do tipo de solo, mas tambm das dimenses do componente da fundao.

    Para as areias, onde a capacidade de carga e o mdulo de deformao aumentamrapidamente com a profundidade, existe a tendncia de que os recalques ocorram com mesmamagnitude, tanto para sapatas estreitas quanto para sapatas mais largas, entretanto, acapacidade de carga nestes solos, aumenta tanto com a dimenso como com a profundidade deapoio da sapata.

    Seguindo esta linha de raciocnio, para os solos com grande coeso, onde os parmetrosde resistncia e deformabilidade no variam tanto com a profundidade, pode-se raciocinarhipoteticamente que uma sapata com maior rea apresentar maiores recalques que uma outra,menor, submetida a mesma presso, pois o bulbo de presses induzidas no terreno na primeirasapata alcana maior profundidade.

    4Mello, V. F. B. Deformao como base fundamental de escolha da fundao. Revista Geotcnica n.12, Lisboa. 1975.

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    Figura 1- Grficos tericos Presso x Recalque de sapatas apoiadas em argilas e areias,representando o comportamento hipottico citado anteriormente, para sapatas com diferentesdimenses5.

    importante observar que a ocorrncia deste comportamento leva em considerao aexistncia de uma mesma presso para sapatas de tamanho diferentes, ou seja, a sapata demaior dimenso estaria suportando uma carga superior a de menor dimenso, que o quegeralmente ocorre, enquanto a boa tcnica levaria a manter a carga de clculo e aumentar asdimenses da base, o que levaria a presses menores e conseqentemente a menoresrecalques.

    Do exposto, conclui-se que na maioria dos casos, os problemas de recalques diferenciaisdas fundaes so originados na concepo, onde muitas vezes a sondagem geotcnica no realizada e o dimensionamento feito 'a sentimento', levando a adoo de sapatas do tipoRgida (normalmente sapatas estreitas, com pouca largura), onde deveriam ser do tipo Flexvel(com menor altura e maior largura) e vice-versa.

    As sapatas Flexveis so prprias para solos com baixa resistncia admissvel, como emalgumas zonas de Rio Grande (na ordem de 0,15MPa), onde o solo constitudo de argila mole,devendo ser dimensionadas ao momento fletor e ao esforo cortante, da mesma forma que paraas lajes macias, enquanto as Rgidas so comumente adotadas como elementos de fundaesem terrenos que possuem boa resistncia em camadas prximas da superfcie.

    5Fonte: Thomaz, Ercio, 1989- Trincas em edifcios.

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    HH0

    A

    Ap

    Sendo,

    Rgida: H > (A-Ap)/3Flexvel: H (A-Ap)/3

    Onde,

    A a dimenso da sapata na direo analisada;H a altura da sapata;Ap a dimenso do pilar na

    Figura 2- Classificao das sapatas quanto a sua rigidez, segundo a NBR 6118:2003.

    Na realidade, segundo Bowles6, o mdulo de deformao Es do solo e a prpriaprofundidade de influncia de fundao variam com uma srie de propriedades do solo,principalmente com a estratificao de camadas, a massa especfica do solo e eventuais estadosde pr-adensamento. Em razo disso, a predio do verdadeiro mdulo de deformao do soloe, em conseqncia, a avaliao do recalque real que ocorrer na sapata carregada, tarefabastante difcil.

    5.1.4. PADRES TPICOS DE TRINCAS

    De maneira geral, as fissuras provocadas por recalques diferenciados so inclinadas,confundindo-se s vezes com as fissuras provocadas por deflexo de componentes estruturais,contudo, apresentam aberturas geralmente maiores, "deitando-se" em direo ao ponto ondeocorreu o maior recalque.

    Outra caracterstica das fissuras provocadas por recalques a presena deesmagamentos localizados, em forma de escamas, dando indcios das tenses de cisalhamentoque as provocaram. Alm disso, quando os recalques so acentuados, observa-se nitidamenteuma variao na abertura da fissura.

    As variaes de umidade do solo, principalmente no caso de argilas, provocam alteraesvolumtricas e variaes no seu mdulo de deformaes, com possibilidade de ocorrncia derecalques localizados. Segundo BRE7, estes recalques, bastante comuns por causa da saturaodo solo pela penetrao de gua da chuva nas vizinhanas da fundao, podem tambm ocorrerpela absoro de gua por vegetao localizada prxima a obra.

    Alm dos fatores geotcnicos apontados como provveis causadores de recalquesdiferenciais, como consolidaes distintas de aterro, interferncia em bulbos de tenses etc., ageometria das edificaes e/ou do componente, tamanho e localizao de aberturas, grau deenrijecimento da construo (emprego de cintamentos, vergas e contra-vergas) e a eventualpresena de juntas no edifcio, so variveis que tambm podem provocar recalques diferenciais

    e conseqentemente o aparecimento de fissuras e trincas.6Bowles, J. E. Foundation: Analysis and design, 3 ed. Tokyo, McGraw-Hill kogakusha, 1982.7Bulding Research Establishment. Soils and foundations, Garston, 1977 (Digest n. 63, Part 1)

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    Tabela 1 - Relao entre abertura de fissuras e danos em edifcios (Thornburn e Hutchinson,1985)

    Abertura daFissura(mm)

    Intensidade dos danosEfeito na estrutura euso do edifcioResidencial Comercial ou

    publicoIndustrial

    < 0,1 Insignificante Insignificante Insignificante Nenhum

    0,1 a 0,3 Muito leve Muito leve Insignificante Nenhum

    0,3 a 1 Leve Leve Muito leve Apenas esttica.Deterioraoacelerada do aspectoexterno.

    1 a 2 Leve a moderada Leva amoderada

    Muito leve

    2 a 5 Moderada Moderada Leve A utilizao doedifcio ser afetadae, no limite superior,a estabilidade pode,tambm, estar emrisco

    5 a 15 Moderada asevera

    Moderada asevera

    Moderada

    15 a 25 Severa a muitosevera

    Severa a muitosevera

    Moderada asevera

    > 25 Muito severa e

    perigosa

    Severa a

    perigosa

    Severa a

    perigosa

    Cresce o risco da

    estrutura tornar-seperigosa

    Tabela 2 - Classificao dos danos visveis em paredes de edifcios

    Categoriado Dano

    Danos Tpicos Largura aproximadada fissura (mm)

    Fissuras capilares com largura menor que 0,1mm so

    classificadas como desprezveis.

    < 0,1

    1. Fissuras finas que podem ser tratadas facilmente duranteo acabamento normal.

    < 1,0

    2. Fissuras facilmente preenchidas. Um novoacabamento provavelmente necessrio.Externamente, pode haver infiltraes. Portas ejanelas podem empenar ligeiramente.

    < 5,0

    3. As fissuras precisam ser tornadas acessveis e podem serreparadas por um pedreiro. Fissuras que reabrem podemser mascaradas por um revestimento adequado. Portas e

    janelas podem empenar. Tubulaes podem quebrar. Aestanqueidade , freqentemente, prejudicada.

    5 a 15ou,um nmero de

    fissuras (por metro)> 3

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    4. Trabalho de reparao extensivo envolvendo asubstituio de panos de parede, especialmente sobreportas e janelas. Esquadrias de portas e janelas

    distorcidas; pisos e paredes inclinados visivelmente.Tubulaes rompidas.

    15 a 25, porm,tambm, funo donmero de

    fissuras.

    5. Essa categoria requer um servio de reparao maisimportante, envolvendo reconstruo parcial oucompleta. Vigas perdem suporte; paredes inclinamperigosamente e exigem escoramento. Janelasquebram com distoro. Perigo de instabilidade.

    Usualmente > 25,porm, tambm,funo donmero de fissuras

    Fonte: Velloso e Lopes, 2002: 34.

    5.1.5. RECALQUES ADMISSVEIS

    Pode-se afirmar que todas as fundaes sob carga apresentam recalques, uma vez queos solos so materiais deformveis que, ao serem carregados, apresentam variaes de volume,entretanto, a definio de comportamento inadequado na fase de projeto, quando so feitasprevises de deslocamentos sob o ponto de vista de recalques de suma importncia e no tarefa simples.

    Existem regras empricas, usualmente conhecidas, relativas a recalques admissveis, asquais foram obtidas atravs de coleta de dados e casos entre 1975 e 1995, considerandoestruturas correntes e cargas relativamente uniformes, devendo, portanto ser utilizadas com adevida cautela, dado a mudana de padres construtivos ocorridos desde ento, devendo noscasos complexos ser utilizadas anlises mais sofisticadas que permitam estabelecer

    consideraes quanto a interao Solo x Estrutura.

    A) Fundaes assentes em solos granulares (areias)8

    Recalque diferencial: 25mm Recalque total: 40mm

    B) Fundaes assentes em solos argilosos9

    Recalque diferencial: 40mm Recalque total: 65mm

    6. DIAGNSTICO DA SITUAO

    Tpico de obras de pequeno porte, em geral por motivos econmicos, mas tambmpresente em obras de porte mdio, a ausncia de investigao de subsolo em obras, como ocaso, prtica inaceitvel. A normalizao vigente (NBR 6122/1996; NBR 8036/1983) e o bomsenso devem nortear o tipo de programa de investigao, o nmero mnimo de furos desondagem e a profundidade de explorao.

    Estudos e pesquisas no Brasil, tambm referendados pela estatstica francesa (Logeais,1982), indicam que em mais de 80% dos casos de mau desempenho de fundaes de obraspequenas e mdias, a ausncia completa de investigao o motivo da adoo de soluo

    inadequada.8Burland et al. (1977)9Skempton e MacDonald (1956)

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    Apesar da ausncia de sondagem, temos conhecimento da no existncia de solosclassificados como especiais (Ver item 5.1.2. SOLOS DE COMPORTAMENTO ESPECIAL, dolaudo), em nossa cidade, a qual como j mencionado, possui um solo predominantemente

    arenoso com algumas zonas constitudas de argila, como indica ser o caso em questo, o quenos leva a deduzir que a ocorrncia do sinistro no se deve a existncia de solo decomportamento especial.

    A fim de verificarmos a ocorrncia de possveis danos causados pelas mquinas daCorsan para reparos de tubulaes com a posterior recolocao do pavimento unistein, no dia18/01/10 retornamos ao local e conversando com alguns vizinhos, fomos informados que asobras da Corsan, as quais ocorreram a aproximadamente 01 (um) ano, provocaram danos emalgumas casas localizadas nas esquinas, local onde as escavaes foram em profundidade,entretanto, no atingindo as casas localizadas prximas do centro da quadra, onde asescavaes foram executadas apenas para a passagem e ligao das tubulaes, local onde selocaliza a casa da Autora, porm, independentemente desta situao, cabe salientar que, as

    patologias ora investigadas surgiram em data anterior a set./2003, que foi quando o presenteprocesso foi distribudo no Foro Estadual de Rio Grande, portanto no possuindo nenhumacorrelao com as referidas obras pblicas.

    Analisando o projeto e documentos existentes no interior do invlucro de fls. 48, ecomparando com o prdio existente no local, verificamos que alm da ampliao aprovada, foiexecutada uma pequena casa, isolada da casa principal, constituda de um quarto, WC e umadiminuta cozinha, com 18m2 de rea construda, localizada no lado direito do terreno, junto adivisa com o morador da casa a direita e a aproximadamente 5,0m da divisa com o terreno doRu, no possuindo relao com o sinistro apresentado, observando que inexistem patologiasnas paredes desta ou qualquer afundamento no corredor adjacente (Ver fotos n.'s 19 e 20),diferentemente do que ocorreu com a parede do Ru em relao ao piso do corredor lateral

    esquerdo da Autora, como se observa nas fotos n.'s 14, 16, 17 e 18, do laudo, onde o mesmoafundou aproximadamente 10cm em alguns pontos, demonstrando que a fundao do Rusofreu recalques que ultrapassaram os limites indicados por Skempton e MacDonald (1956) (VerItem 5.1.5 RECALQUES ADMISSVEIS, letra B).

    7. CONCLUSO

    A configurao das trincas e rachaduras manifestadas no imvel da Autora eprincipalmente no do Ru, indicam a ocorrncia de sinistro originado de recalque diferencial defundaes.

    Tanto a ampliao executada na casa da Autora na dcada de 80 (portanto a muitotempo estabilizada), com apenas 21,54m2 de rea construda, como a pequena construoisolada, executada alguns anos antes do sobrado do Ru e localizada no lado direito do terrenoda Autora, com somente 18m2 (isento de manifestaes tanto em si como no entorno), no soresponsveis pelos danos apresentados nos imveis, os quais demonstram patologiastotalmente correlacionadas.

    O prdio do Ru, provavelmente devido a erro de dimensionamento das fundaes,decorrente possivelmente da inexistncia de sondagem do solo, sofreu recalques acima do limiteaceitvel, provocando danos a sua prpria estrutura, com o aparecimento de trincas erachaduras das paredes, refletindo no embasamento do imvel da Autora, o qual sofreuinterferncia no bulbo de presses, com o conseqente recalque diferencial das fundaes,provocando Anomalias Exgenas, que so aquelas originadas de fatores externos edificao,com o surgimento de trincas, rachaduras e afundamento de pisos.

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    8. QUESITOS8.1. QUESITOS DO RU

    1. Qual o ano de aprovao da construo sito a Rua Martim Afonso de Souza, 427, BairroSalgado Filho?

    R: O projeto foi aprovado em 19/03/1981

    2. No projeto aprovado na SMCP consta outros projetos aprovados, em outras datas?

    R: No.

    3. Caso negativo, o projeto aprovado inicialmente, tem vistoria em que data?

    R: Em 27/02/1987.

    4. Caso positivo, poderia informar se o(s) projeto(s) est(o) de acordo com a(s) construo(es) existentes no local?

    R: Sem efeito, devido a resposta do quesito 3., acima.

    5. Poderia informar se as construes foram construdas em etapas, isto , em diferentespocas?

    R: Sim. Analisando o projeto aprovado em 19/03/1981 e a certido de vistoria da SMCPdatada de 06/03/87, constatamos tratar-se de um projeto de ampliao onde existia uma reaconstruda de 131m2, sendo ampliada uma rea de 21,54m2, observando que no momento davistoria encontramos alm da ampliao prevista no projeto, uma pequena construo isoladada casa principal, constituda de um quarto, WC e uma pequena cozinha, lindeira com o terrenodo morador a direita da Autora e a aproximadamente 5,0m da divisa com o terreno do Ru, com18m2 de rea construda.6. Poderia o Sr. Perito informar se a construo (da Rua Martim Afonso de Souza, 427), tinhamanuteno, desde a data de sua vistoria, isto , anterior a Dez./1996?

    R: No momento da vistoria, o imvel aparentou um estado regular de conservao.

    7. Poderia o Sr. Perito informar se a poca da primeira construo, no imvel sito a Rua MartimAfonso de Souza, j existia a pavimentao de unistein?

    R: Sim, segundo os moradores das casas ao redor.

    8. Caso negativo, a pavimentao realizada na via pblica, aps a vistoria, no poderia tercomprometido as construes na regio, devido ao uso dos equipamentos de compactao,etc.?

    R: Sem efeito, devido a resposta do quesito 7., acima.

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    9. Poderia o Sr. Perito informar da possibilidade de existir vibraes nas construes, emespecial, a de n. 427, se com o grande trnsito de veculos pesados, como nibus, caminhes,nas proximidades, no estariam afetando as construes da regio, provocando desta maneira

    as trincas e fissuras alegadas, por ter sido o imvel de n. 427, da dita rua, construdo emetapas?

    R: A zona em questo tranqila e com pouco movimento de veculos. Segundoinformaes colhidas de alguns moradores, o movimento de algumas mquinas se deu somentena poca das obras da Corsan, quando foi retirado e recolocado o pavimento unistein (Ver 4pargrafo, do item 6. DIAGNSTICO DA SITUAO, do laudo).

    10. De acordo com o histrico da regio, as etapas, se confirmadas, das ampliaes efetuadasno imvel de n. 427 da dita rua, em diferentes pocas, aps a vistoria, no poderiam tersofrido acomodaes das fundaes e estruturais e conseqentemente provocado as trincas e

    fissuras alegadas?R: Sim. Uma construo existente pode sofrer alteraes decorrentes de outra construoexecutada em data posterior, seja ela uma ampliao da primeira ou simplesmente vizinha. Estefato pode ocorrer em funo de diversos fatores, podendo compreender a fase de projeto, fasede execuo e/ou fase de utilizao.

    Desde modo, incorrees como inadequao do projeto ao ambiente, m concepoestrutural do projeto, erros de clculo, adoo de materiais inadequados ou de baixa qualidade,execuo em desacordo com o projeto e ainda sobrecargas excessivas, no previstas no projeto,podem originar patologias que venham a comprometer a segurana e durabilidade dasconstrues.

    11. Poderia o Sr. Perito informar se a rachadura apresentada na fachada, no imvel de n. 425,de minha propriedade, devida ao vo (avano) de laje ter sofrido uma pequena flecha?

    R: Sim. A ocorrncia de flechas excessivas nos balanos de vigas e lajes pode introduziresforos de flexo nas paredes de fachada, apoiadas na extremidade da laje em balano,situao em que normalmente aparecem fissuras inclinadas, configurando um caso bastantetpico de fissurao provocada pela falta de rigidez estrutural.

    Em outras palavras poderamos dizer que a deflexo da laje em balano provocou oaparecimento de trincas de cisalhamento na alvenaria e destacamento entre a parede e aestrutura de concreto armado.

    12. Poderia o Sr. Perito informar se o imvel de n. 427, apresenta laje em concreto armado, oupr-laje, em toda a sua construo ou tem partes em forro de madeira ou PVC?

    R: O imvel todo com laje de concreto armado, sendo que no corredor de acesso aosdormitrios, a laje foi revestida com PVC, apenas com finalidade de esttica.

    13. Se a laje ou pr-laje, foram construdas em etapas, de acordo com as ampliaes emdiferentes pocas?

    R: De acordo com o projeto, sim.

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    14. Se, o diferente tipo de forro (laje e forro em madeira ou PVC) no tem influncia nas trincase fissuras alegadas, pelo histrico da regio, devido as diferentes cargas?

    R: A casa toda em laje de concreto armado, com exceo da construo isolada de 18m2,portanto no configurando o descrito no presente quesito.

    15. A cobertura de cimento amianto (6mm ou 4mm), tem influncia na dilatao dos materiais,devido a incidncia dos raios solares, em acumular calor entre a cobertura e laje?

    R: Sim, parte da energia calorfica absorvida pelas telhas reirradiada para a laje, alm deocorrer atravs do tico transmisso de calor por conduo e conveco. Esta energia associadaa outros fatores como diferenas nos coeficientes de dilatao trmica dos materiaisconstrutivos e ao fato de que as lajes de cobertura normalmente encontram-se vinculadas s

    paredes de sustentao, pode provocar o surgimento de movimentaes trmicas.Assim, a dilatao plana das lajes e o abaulamento provocado pelo gradiente detemperaturas ao longo de suas alturas podem introduzir tenses de trao e de cisalhamentosegundo diversos autores,10, 11, 12 e 13 quase que exclusivamente nas paredes das edificaes,apresentando trincas tipicamente no topo das paredes, paralelas ao vo da laje, com traadobem definido, realando o efeito dos esforos de trao na face interna da parede, entretanto,diferente da configurao das anomalias presentes no caso, as quais foram originadas porrecalques diferenciais excessivos das fundaes do Ru.

    16. Poderia o Sr. Perito informar se o porto de ferro no alinhamento do imvel de n. 427,encontra-se em funcionamento, e se foi consertado?

    R: As duas folhas do porto esto desalinhadas em aproximadamente 8cm devido aoafundamento do muro lateral onde uma delas se fixa. Este muro lateral encostado na parededo sobrado do Ru, a qual sofreu o afundamento devido ao recalque diferencial das fundaes,'arrastando' com ela o muro da Autora. Na foto n. 14, do laudo, observa-se que a folha quedeslocou para baixo a que est fixada na parede de divisa com o Ru enquanto a outra, a qualesta fixada na casa da Autora se manteve na posio original, demonstrando que oafundamento se deu nas fundaes do construo do Ru.

    17. O sedimento da garagem da requerente deu-se devido ampliao efetuada do prdio,sendo que a parte existente encontrava-se estabilizada e a ampliao em outra etapa, em fasede acomodao propiciou tal sedimento alegado?

    R: No. A conformao do sedimento do piso lateral indica uma anomalia provocada emfuno do recalque excessivo das fundaes executadas pelo Ru.

    10Pfeffermann, O. Les fissures dans les constructions: consequence de phnomnes physiquesnatureis. Annales de L'Institut Technique du Btiment et des Travaux Publics, Bruxelles, n. 250,octobre, 1968.11Latta, J. K. Dimensional changes due to temperature, In: Seminar on Cracks, Movements and Jointin Buildings, Ottawa, 1970. Proceedings Ottawa, National Research Council of Canada, 1976. (NRCC 15.477).12Chand's S. Cracks in building and their remedial measures. Indian Concrete Journal, New Delhi,october, 1979.13Sahlin, Sven. Structural Masonry. New Jersey, Prentice Hall, 1971.

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    18- Poderia estipular o valor aproximado da troca de piso (lajotas iguais) no vo onde ocorreramas deformaes (ao lado direito do sobrado)?

    R: Quesito prejudicado. Em alguns casos, a recuperao em si do componente danificado a parte menos importante na resoluo do problema. No tocante a recalques de fundaes, porexemplo, Pfeffermann14cita "se os estudos demonstram que h possibilidade de continuao domovimento, nenhum mtodo de reparo do componente ser eficiente". Alm do mais, caso seconsiga um mtodo aparentemente eficiente, com o emprego de selantes flexveis, por exemplo,este poder constituir-se numa simples maquiagem, encobrindo evolues perigosas para asegurana da edificao.

    Assim, na ocorrncia de recalques de fundaes a recuperao do componente s deverser efetuada quando da certeza da estabilizao do movimento, portanto, antes de estimar oscustos, primeiramente necessrio de faz o monitoramento para a obteno da certeza da

    estabilidade para depois orar, se for o caso, o necessrio reforo e a posterior recuperao doselementos danificados.

    -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

    Vai o presente Laudo, desenvolvido em 24 (Vinte e quatro) folhas impressas em um slado, todas rubricadas, sendo a ltima datada e assinada.

    disposio de Vossa Excelncia para outras informaes que julgar pertinente.

    Rio Grande, 22 de janeiro de 2010.

    ------------------------------------

    Clarel da Cruz Riet

    Eng. Civil CREA 66.891-D

    Perito - IBAPE 1.047/99

    14Pfeffermann, O. et al. Fissuration des maonneries. Bruxelles, Centre Scientifique et Technique de laConstruction, 1967. (Note d'information Technique 65).