Perry Rhodan - 1º Ciclo " A Terceira Potência" - Volume VI - Os Saltadores. P- 26-30

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    1 CICLO - A TERCEIRA POTNCIAVOLUME 6P- 26-30

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    O Herdeiro do

    Universo

    Duelo de MutantesVolume 26

    O Herdeiro do

    UniversoO Herdeiro do

    Universo

    O Herdeiro do

    Universo

    O Herdeiro do

    Universo

    O Domnio do HipnoVolume 27

    A Frota dos SaltadoresVolume 29

    Cilada CsmicaVolume 28

    Perigo No Planeta GeladoVolume 30

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    Duelo de MutantesO Domnio do Hipno

    Cilada Csmica

    A Frota dos Saltadores

    Peri o No Planeta Gelado

    1 Ciclo

    A Terceira PotnciaVolume 06

    Episdios: 26 - 30 de 49

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    N 26

    DeClark Darlton

    TraduoRichard Paul NetoDigitalizaoVitrioReviso e novo formatoW.Q. Moraes

    Os primeiros ataques do Supercrnio foram repelidos. A Terceira Potnciaprovou sua solidez.

    Mas, o pavoroso inimigo ainda continua de posse de seu quartel-general, deonde pode lanar novos ataques contra a Terceira Potncia ou outros Estados. A

    tarefa mais urgente de Perry Rhodan consiste em localizar essa central e arrebataras armas do Supercrnio, pois s assim conseguir evitar o caos.

    Perry Rhodan coloca em campo os seus mutantes, que se defrontam cominimigos que nada lhes ficam a dever em capacidade. O Duelo de Mutantes deflagrado.

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    A menos de quinhentos metros de altura, a nave-escola em forma de torpedo da Academia Espacial corriavertiginosamente sobre a superfcie vermelha e desrticade Marte, desviando-se agilmente dos cumes da longa

    cadeia de montanhas. O capito Hawk, um dos instrutoresmais competentes, estava sentado diante de seus controlese mostrava aos alunos que mesmo uma nave de grandesdimenses, habilmente manejada, capaz de se desviar dequalquer obstculo.

    A nave-escola Z-82 tinha cerca detrinta metros de comprimento eoferecia lugar apenas para trstripulantes. Era capaz de alcanar avelocidade da luz.

    O cadete Klaus Eberhardt estavasentado esquerda do observador e

    procurava memorizar as inmeras

    manipulaes dos instrumentos. Noera bobo; pelo contrrio, possua umelevado grau de inteligncia. Mas elemesmo no negaria que tinha certadificuldade em compreender. Isso noacontecia sempre; de forma alguma.Mas geralmente acontecia nosmomentos mais inoportunos. Era esseseu nico defeito.

    direita do instrutor, estavasentado outro cadete. Ao contrrio deEberhardt era alto e esbelto, quasemagro. Uma cabeleira castanho-

    escura encimava o rosto oval, ondedois olhos castanhos esboavam umsorriso meigo, um pouco tmido. Semque o percebesse, o cadete JulianTifflor, que seus amigos e colegaschamavam apenas de Tiff, enganava os que o cercavam.Atrs daqueles olhos sonhadores escondia-se a energia deuma pequena bomba atmica. Apesar dos seus vinte anos,Tiff era um gnio matemtico e um exemplar de corageme resoluo. Era um dos melhores alunos da instituio.

    O capito Hawk apontou obliquamente para frente. Esto vendo aquela montanha? Chegarei o mais

    prximo possvel antes de desviar a nave. Observem o

    poder de reao da Z-82. claro que no espao vazio essepoder um pouco menor, porque nas proximidades dasuperfcie a resistncia da atmosfera ajuda na direo.

    Ah!disse o cadete Eberhardt e acenou a cabeapara Tiff, que, sorrindo em silncio, colocou as mossobre os controles simulados, para tentar esboar suareao no mesmo instante em que o instrutor o fizesse. Osinstrumentos eletrnicos mediriam e registrariamqualquer movimento que executasse.

    Eberhardt seguiu o exemplo do colega.O cume da montanha aproximou-se a uma velocidade

    vertiginosa. Realmente parecia que a nave iria bater emcheio na rocha nua e avermelhada. No entanto,

    literalmente no ltimo segundo, entrou numa curva quaseimperceptvel, passou junto formao rochosa e subiu

    para o cu azul-escuro, onde j se viam as primeiras

    estrelas. Foi por pouco disse o cadete Eberhardt,

    reclinando-se no assento. Acho que eu nunca tentariauma manobra dessas, a no ser que isso fosseabsolutamente necessrio.

    Devemos estar em condies de enfrentar qualquersituao observou o capito Hawk, olhando para o

    relgio.Est na hora de voltarmos Terra. mesmo disse Tiff em tom pensativo. Pedi

    licena para hoje de noite.Hawk lanou-lhe um olhar de recriminao.

    Nas horas de servio no sedeve pensar no prazer, cadeteTifflor. Ainda temos diante de nsum voo de regresso bastantecansativo.

    Esse trechinho? respondeu Tiff em tom dedesprezo. Com a Z-82 nolevaremos mais de uma hora.

    No pretendo acelerar atatingir a velocidade da luz,embora isso fosse perfeitamente

    possvel. Dentro de trs horaspousaremos em Terrnia.

    Desta vez o capito Hawkestava muito enganado, mas no

    poderia mesmo saber. Porm, setivesse levado em considerao afolga noturna de Tifflor,

    possivelmente tudo teria sidodiferente e os acontecimentos dodia seguinte seriamcompletamente outros.

    J fez os clculos? perguntou Hawk. Suponhamosque nosso piloto robotizadofalhou, e que o senhor tem de

    encontrar o curso que mais rapidamente o conduza devolta Terra. E isso sem instrumentos, partindo do lugarem que nos encontramos. Quanto tempo levar?

    Tiff suspirou e olhou para trs. Na escotilha viu Marte,cujo tamanho diminua a olhos vistos.

    Na escotilha dianteira, a Terra apareceu como umapequenina estrela cinza-azulada. Era perfeitamentereconhecvel. Tiff soltou um suspiro desanimado esacudiu os ombros.

    claro que o clculo da rota no fcil, mas podeser feito. Mas, em minha opinio, totalmente suprfluo.Com a velocidade que estamos desenvolvendo podemos

    perfeitamente realizar um vo visual.O capito Hawk comeou a agitar os braos.

    Cadete Tifflor, no se esquea de que se encontranuma nave-escola. Sei perfeitamente que podemosrealizar um voo visual, mas no disso que se trata.Quero saber se o senhor capaz de se orientar seminstrumentos num espao desconhecido. Portanto, comecelogo a calcular.

    Tiff lanou um olhar melanclico em direo aoplaneta Marte, que se desvanecia. De repente viu que oquadro que se oferecia pela escotilha estava modificado.Tambm a Terra deslocou-se lateralmente, saindo do

    Personagens Principais desteepisdio:

    PerryRhodanChefe supremo daTerceira Potncia.ReginaldBellMinistro da segurana daTerceira Potncia.CliffordMonternyApelidado deSupercrnio.JulianTifflor e KlausEberhardtDoiscadetes da Academia Espacial.TatianaMichalovnaUma jovem muito

    perigosa.AndrNoir, JohnMarshall, BettyToufryOs membros mais importantesdo Exrcito de Mutantes da Terceira

    Potncia.GuckyUma criatura vinda do planetaVagabundo.

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    campo de viso. Hawk havia deixado que a Z-82 corressesem rumo, para dificultar a tarefa que Tiff tinha decumprir.

    No devia ter feito isso. Mas, quem que conhece ofuturo? O capito Hawk, pelo menos, no o conhecia. AZ-82 deslocava-se a uma velocidade vertiginosa,acelerando constantemente. No se sentia qualquer

    presso, pois os campos gravitacionais automticos

    compensavam qualquer modificao da rota ou davelocidade.Numa expresso de compaixo, Eberhardt contemplou

    Tiff quando este se ps a lanar algarismos numa folha depapel. Confortavelmente reclinado em sua poltrona, ocapito Hawk deixou que a nave disparasse pelo espaoafora, sem se preocupar com a trajetria. Dali a pouco seualuno teria de recolocar a Z-82 na rota correta e, maistarde, faz-la pousar em segurana.

    Ningum se preocupou com os instrumentos.Ningum, com exceo de Eberhardt.Mas, infelizmente, foi mais uma vez sua lentido que

    lhe causou problemas. Se comparadas com as de um

    cidado normal do planeta Terra e convm que istofique bem claro suas reaes ainda eram bem rpidas.Apenas, era muito lento para preencher as qualidades deum bom piloto espacial.

    E foi por isso que levou dez segundos vitais paraperceber a reao do rastreador. Tratava-se de uminstrumento que emitia constantemente ondas de radar emtodas as direes, registrando os reflexos que ocorressem.O alcance do instrumento era relativamente reduzido, e

    por isso tais reflexos se tornavam bastantes raros noespao livre. S surgiam quando um asteroide ou ummeteorito de grandes dimenses passasse nas

    proximidades da nave; ou quando outra nave se

    encontrava nas vizinhanas.O cadete Eberhardt estendeu o brao, apontando para

    a minscula tela que se via por cima da escala dorastreador.

    Apareceu alguma coisadisse.Parece ser bemgrande.

    O capito Hawk levantou-se preguiosamente e,perplexo, fitou o instrumento. Na pequenina tela viu-seuma mancha quase redonda, que crescia rapidamente. Oobjeto vinha em sua direo.

    De um salto, Hawk ps-se de p. Seus olhos correramvelozmente sobre os dados projetados na escala; depoissacudiu a cabea.

    Um destrier? No possvel! Nosso destrier onico que se encontra entre Marte e Terra. Se nomodificarmos nossa rota, estar aqui dentro de poucossegundos. Vejam, est desacelerando. Que coisa estranha!

    A figura esguia da nave gmea j se tornara visvelmesmo a olho nu. Descreveu uma curva bem ampla evoltou a se aproximar, vinda da frente.

    Quem sabe se a Terceira Potncia... principiouTiff, mas o capito Hawk sacudiu a cabea.

    Segundo o ltimo comunicado do rdio,transmitido pela academia, no h nenhuma nave de PerryRhodan no espao. Somos os nicos. Se no conhecesseto bem esse tipo de nave...

    No chegou a prosseguir.Uma luz ofuscante surgiu pela frente. Um raio quase

    alaranjado saiu da proa do outro destrier e, to rpido

    que o olho humano no poderia segui-lo, aproximou-se daZ-82.

    O capito Hawk no reagiu com a necessria rapidez,e tambm para Tiff o inesperado ataque foi rpido demais.Inclinou-se para a esquerda e bateu com o punho fechadosobre a chave, mas o envoltrio energtico formou-secom o atraso de uma frao de segundo.

    A pontaria do artilheiro da outra nave era pssima; foi

    uma sorte. Foi uma sorte para a Z-82, mas de nada valeuao capito Hawk.O raio energtico disparado pelo inimigo no chegou a

    penetrar na capa protetora da proa da Z-82; mas pareciaque a nave havia batido contra uma muralha slida. Oimpacto foi tamanho que mesmo os neutralizadores de

    presso revelaram-se praticamente inteis. A fora doimpacto fez com que o capito Hawk fosse arrancado doassento e projetado, com toda fora e de cabea, contra o

    painel de controle do crebro eletrnico encarregado danavegao.

    Tiff foi atirado para frente, mas conseguiu amortizar oimpacto, estendendo rapidamente as mos. Destrancou

    ambos os pulsos, o que nem chegou a perceber nomomento.

    O cadete Eberhardt teve mais sorte. Foi o nico quecolocara e afivelara o cinto de segurana, que geralmenteno costumava ser usado. O cinto quase o corta em dois,mas evitou que tivesse destino idntico ao de Hawk.Evidentemente Eberhardt teria levado um segundo e meio

    para lembrar-se de pr as mos frente do corpo, o queseria demais.

    Um olhar bastou para que Tiff visse que seu instrutorestava morto. Os instrumentos do painel haviamesfacelado seu crnio. Mas no teve tempo para cuidar domorto. Havia coisa mais importante a fazer.

    Depois do ataque aparentemente frustrado, a naveinimiga descreveu uma curva e voltou a se aproximar emvoo frontal. Com um salto, Tiff colocou-se na poltrona doinstrutor, agora vazia, e assumiu os controles. Desviou-senuma curva fechada para a direita, acelerou e lanou-se aoataque contra o desconhecido. Enquanto fazia isso, asidias mais fantasiosas passavam pela sua mente.

    Quem seria o piloto do destrier que os estavaatacando? No podia ser ningum da Academia Espacial;a hiptese era totalmente inconcebvel. E tambm erainconcebvel que uma nave da Terceira Potncia se

    pusesse a derrubar suas prprias naves.Mas quem seria?

    Tiff no sabia que o maior inimigo de Perry Rhodanhavia roubado trs destrieres, que estavam sendotripulados por homens transformados em simplesinstrumentos, destitudos de vontade prpria, que haviamrecebido ordem para atirar contra qualquer coisa quetrouxesse alguma indicao de pertencer TerceiraPotncia.

    Tiff ignorava tudo isso. Sabia apenas que umdesconhecido o havia atacado com uma nave muitoconhecida e quase chegara a dar cabo dele. Seriatotalmente intil tentar a fuga, pois o inimigo poderiadesenvolver a mesma velocidade da Z-82. Alm disso, a

    possibilidade de fugir e deixar para trs um enigma sem

    soluo no agradava ao temperamento de Tiff.A reao da nave inimiga no foi muito rpida. Numa

    curva que quase chegava a ser elegante, Tiff conseguiu

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    colocar a Z-82 numa posio tal que a proa apontavadiretamente para a popa flamejante da nave tripulada pelodesconhecido. Conforme soubera do ensinamento terico,ali ficava o nico ponto vulnervel do destrier. Naquele

    ponto o campo protetor tinha uma espcie de furo, pois deoutra maneira os raios propulsores seriam refletidos sobreo campo.

    Os olhos de Tiff procuraram e encontraram a chave

    vermelha do canho neutrnico, que se tornara clebre emtantas horas de voo. Nunca pudera tocar nessa chave,quanto menos acion-la. Em caso de necessidade, semprefizera questo de ressaltar o capito Hawk, essa chave pea funcionar uma arma mortfera, cujos efeitos...

    Surgira o caso de necessidade.O cadete Julian Tifflor no mais se sentia preso a

    qualquer regulamento. Estava agindo em legtima defesa. medida que a velocidade da Z-82 aumentava, a

    popa do outro destrier ia se aproximando. Tiff colocou amo sobre a chave vermelha e, num movimentoinstantneo, puxou-a para fora.

    Um segundo.

    Dois segundos.O raio energtico alaranjado precipitou-se para fora da

    proa e rompeu os chamejantes raios propulsores doinimigo. Com uma velocidade prxima da luz, penetrounos bocais dos jatos e roeu o maquinismo, at atingir asala de mquinas, onde se situava o reator arcnida.

    Depois de trs segundos, Tiff soltou a chave vermelhae descreveu uma curva fechada com a Z-82. Numavelocidade vertiginosa, embora parecesse que ambas asnaves estavam paradas, passou rente ao destrier atingido.

    Fascinado, Tiff observou os efeitos do disparo.De incio, um vazamento formara-se na popa do

    destrier; nas bordas do mesmo o fogo comeou a se

    espalhar. Surgiu uma coroa de fogo que, subitamente, foiapagada pelo impacto de uma exploso silenciosa. A popase esfacelou e uma fora invisvel atirou os destroos emtodas as direes. A parte interior da nave parecia sedesprender do resto, com uma tendncia a se tornarindependente. O envoltrio externo rompeu-se. As fortes

    paredes metlicas deformaram-se, como se fossem feitasde lata.

    O destrier quebrou no meio.O inimigo estava praticamente destrudo.Tiff respirou aliviado. S depois disso teve tempo para

    cuidar do instrutor e de seu colega.O capito Hawk jazia contorcido entre o assento do

    piloto e a parede dianteira da cabina. No havia a menordvida de que estava morto. Apesar disso Tiff no deixoude examin-lo, mas o resultado apenas confirmou suassuposies. O cadete Eberhardt, que estivera sentado bemquieto perto de Tiff, sem poder fazer nada, foi serecuperando do choque. A primeira observao que soltoufoi tpica de seu temperamento.

    Agora estamos sem professor. Como faremos paravoltar?

    Tiff reprimiu a contrariedade. At parece que se esqueceu de que j temos

    algumas horas de vo. Alm disso, j calculei a rota.Dentro de duas horas pousaremos na Terra. Apenas lhe

    peo que me ajude a levar o capito Hawk ao camarote.Colocaram o instrutor morto sobre a cama e cobriram-

    no. Encontraria seu ltimo descanso em sua cidadezinha

    natal. Mas seus alunos nunca o esqueceriam quando,comandando orgulhosamente as naves espaciais,vagassem pelas amplides do espao csmico. Deviamtudo aquilo que eram e que sabiam fazer a um homem, ocapito Hawk.

    Nesse meio tempo a proa desgovernada s se desviaraligeiramente para o lado. Dali a pouco penetraria nocrculo de asteroides.

    Tiff contemplou os destroos com os olhossemicerrados.A proa estava intacta, no apresentando qualquer

    vestgio de destruio. Em compensao, o lado opostoassemelhava-se a um campo de destroos. Peasderretidas da cabina e placas de envoltriosemigaseificadas emergiam por entre as bordasentrecortadas. Ao lado dela, certas peas avulsas, cujafinalidade no mais podia ser reconhecida,acompanhavam a trajetria da nave.

    Em meio a esses destroos devia haver uma cabinaintacta, na qual os inimigos desconhecidos estariamencerrados em situao desesperadora. Talvez possussem

    armas manuais, mas elas s poderiam ser usadas sealgum se aproximasse deles.

    Era exatamente o que Tiff pretendia fazer. Dirigindo-se a Eberhardt, disse:

    Vamos dar uma olhada nesses camaradas quequeriam nos mandar para o inferno?

    Enquanto proferia estas palavras, aproximou atrajetria da Z-82 dos destroos da outra nave. Lanou umolhar bastante expressivo para o armrio de parede,examinou os controles remotos e murmurou:

    Um de ns deve enfiar um traje pressurizado, sairpela comporta de nossa nave e dar uma olhada no que estse passando por l.

    verdade confirmou Eberhardt em tom srio.Um de ns deve fazer isso.

    Tiff esperou. Mas esperou em vo. Eberhardt notinha mais nada a dizer sobre o assunto. E o que disserafora bem pouco. Suspirou. Tudo ficaria por conta dele.

    Quem vai fazer isso voc, cadete Eberhardt.Vamos logo! Enfie seu terno e faa a baldeao. Leve umradiador porttil, para estar prevenido se do lado de l a

    porta estiver emperrada.Eu? o cadete Eberhardt arregalou os olhos.

    Quer que eu saia sozinho da nave e prenda aquelesbandidos? Escute a, cadete Tifflor, eu sou um pilotoespacial; no perteno ao F.B.I.

    Comandante Tifflor, por obsquio retificou Tiffe deu uma expresso autoritria ao seu rosto.E procurese apressar, nem que seja s desta vez.

    Eberhardt sacudiu os ombros, levantou-sepreguiosamente e tirou um radiador de impulsos doarmrio de armamentos. Todas as naves de treinamentoda academia estavam equipadas com essa arma mortal,que funcionava segundo princpios arcnidas. Lanou umltimo olhar de desespero para Tiff, espera de um gestode compaixo, balanou nervosamente o corpo e saiu.Parou na porta.

    Matarei esses bandidos para vingar Hawkdisseem tom triunfal.Eu sozinho. E voc, o que vai fazer?

    Farei com que nada de mal lhe acontea asseverou Tiff tranquilamente, apontando para a chavevermelha do canho neutrnico.Ao menos tentarei.

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    Eberhardt engoliu seco e deixou a cabina sem maiscomentrios. Tiff esperou que a luz verde se iluminasse,antes de pr a funcionar a comporta.

    A Z-82 estava flutuando, aparentemente imvel, amenos de dez metros dos destroos. Num certo instanteTiff acreditou ter percebido um movimento atrs de umadas escotilhas do que restava da nave inimiga. Mas talvezfosse engano. No, ali estava de novo. Reconheceu

    perfeitamente os contornos de uma figura humana. Umaluz dbil surgiu no mesmo lugar. Naturalmente aquelagente j no dispunha de eletricidade, e por isso tinha dese contentar com o suprimento das pilhas. Se quedispunham de alguma, alm das lanternas de bolso. Ainstalao de rdio tambm havia sido destruda pelaexploso.

    Uma luz vermelha surgiu diante de Tiff. A comportade ar estava vazia, e Eberhardt abrira a escotilha externa.As manobras em pleno espao haviam sido treinadasvrias vezes, mas desta vez era para valer. Alm disso,ningum sabia o que os esperaria naqueles destroos. Era

    bem possvel que os piratas Tiff acreditava que os

    desconhecidos fossem exatamente isso tivessem ostrajes pressurizados na cabina.

    Eberhardt entrou no seu campo de viso. Preso a umcabo fino, flutuava perto de Tiff; aproximou-selentamente dos destroos, que descreviam um movimentode rotao. A sombra atrs da escotilha da proa enrijeceu.Devia ter notado a pessoa que se aproximava.

    Eberhardt absorveu o leve impacto que sofreu aopousar no envoltrio da nave destruda. Moveu-selentamente at atingir a escotilha. Olhou bem no rosto deum homem, que o encarava com os olhos arregalados.

    O estranho envergava um traje espacial, mas noestava com o capacete fechado. De pele escura, parecia

    um mestio, mas Eberhardt no tinha certeza. De qualquermaneira, sentiu-se satisfeito ao ler no rosto do outro osusto e o pavor.

    Acenou a cabea para o estranho, com uma expressode raiva no rosto; por uma medida de cautela mostrou-lheseu radiador e deslocou-se cautelosamente em direo

    parte destroada da proa. Ao primeiro relance de olhos,percebeu que tinha diante de si parte do corredor quelevava aos camarotes. Como por milagre a porta da salade comando no havia sido danificada.

    E agora?Era claro que pretendia pegar o estranho vivo, pois a

    morte do mesmo no ajudaria ningum. Afinal, era

    necessrio descobrir quem era ele e qual era a pessoa quese encontrava atrs desse ataque inexplicvel. Eberhardtsegurou seu radiador porttil e bateu com a pesadacoronha contra a porta. Trs vezes.

    Evidentemente no ouviu nada, pois no havianenhuma atmosfera que pudesse conduzir o som. Mas a

    pessoa que se encontrava na cabina ouviria as pancadas.Eberhardt encostou o capacete porta e ps-se a

    escutar. Se o desconhecido respondesse s batidas, asvibraes se transmitiriam ao ar que se encontrava nointerior do capacete. No demorou dez segundos e ouviutrs batidas. O sujeito estava disposto a negociar.

    Eberhardt agradeceu ao destino por ter prestado muita

    ateno nas aulas de telegrafia. Lembrou-se daobservao irnica de que muitos dos cadetes no

    puderam se abster quando tiveram de aprender o alfabeto

    Morse. Para que servia esse alfabeto numa era em que ascomunicaes audiovisuais cobriam trajetosinterplanetrios?

    Subitamente descobriu para que tinha aprendidoaquilo.

    Respondeu s batidas de forma quase automtica: Feche o capacete e abra a porta apenas um

    pedacinho. Saia de costas e sem armas. Estou esperando.

    No houve qualquer resposta. Mas dali a um minuto aporta se abriu. Por pouco o ar que escapou do recinto noarrasta Eberhardt, mas ele se segurou num suporte oculto.

    Na mo direita empunhava o radiador de impulsos,engatilhado e apontado para a abertura da porta.

    Viu em primeiro lugar um brao, que tateoucuidadosamente para trs; logo aps surgiu a parte traseirade um traje espacial. Era do mesmo tipo usado peloscadetes da academia. Logo, tambm devia ser...

    Eberhardt praguejou por no ter se lembrado logodessa possibilidade. Com um gesto rpido ligou oradiofone. Talvez o outro j estivesse pronto para recebersua mensagem.

    Estava....bom, se me levasse de volta para Marte.Eberhardt aguou o ouvido. O homem queria ir para

    Marte? Teria vindo de l? O que estaria acontecendonaquele planeta?

    Vire-se de frente e levante as mos. Odesconhecido obedeceu. S agora Eberhardt pdeexaminar melhor o rosto. No se enganara. Era ummestio. Falava um ingls perfeito.

    Onde esto os outros tripulantes?A resposta surpreendeu Eberhardt:

    Estou sozinho.O mestio estava desarmado; via-se ao primeiro

    relance de olhos. Eberhardt ordenou-lhe que o deixassepassar e aguardasse. Foi sala de comando da navedestroada e certificou-se de que estava vazia. Realmente;o rapaz devia ter pilotado a nave sozinho. Era estranho.

    Saiu da sala de comando e, satisfeito, notou que ooutro no sara do lugar.

    Vamos embora. Voe na minha frente. Est vendo acomporta aberta. Trate de entrar; mas no pense emtolices. Mantenho a arma apontada para voc.

    O desconhecido no respondeu; afastou-se com umligeiro empurro. Livre de toda fora gravitacional,

    passou sobre a fresta e pousou um pouco ao lado dacomporta, no casco da Z-82. Com um ligeiro movimento

    colocou-se no interior da comporta; ficou aguardando.Eberhardt seguiu-o; no sabia o que pensar. Tinha a

    impresso de que a coisa fora fcil demais. Aquele sujeitodevia saber que para ele as perspectivas no eram nadaagradveis. Por que havia deixado que o aprisionassemsem esboar a menor resistncia?

    Tiff aguardou o prisioneiro na sala de comando.Esperou pacientemente at que o mestio tirasse ocapacete; estudou seu rosto. Ficou surpreso com asinceridade espelhada no mesmo. Nos olhos lia-se umligeiro espanto, aliado a um pouco de medo e indeciso.

    bem verdade que tambm se notava certa teimosia. Oslbios estavam firmemente cerrados. O queixo enrgico e

    proeminente dava testemunho de uma dose elevada decoragem e energia, o que era contrariado pela maneira

    pela qual o homem se entregava ao seu destino.

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    Voc fala ingls?perguntou Tiff, enquanto faziasinal para que Eberhardt fechasse a porta que dava para ocorredor.

    O mestio confirmou com um aceno de cabea, masno pronunciou uma palavra.

    Quem voc?Ainda desta vez no houve resposta.

    Voc nos atacou sem motivo prosseguiu Tiff,

    enquanto seu esprito comeava a ferver. Lembrou-se docapito Hawk, que acabara de morrer. Quero saberquem o mandou fazer isso, e por que fez.

    No posso falar murmurou o mestio e logocerrou os lbios, como se quisesse impedir que alguma

    palavra irrefletida sasse de sua boca. Ento no pode falar? disse Tiff espantado,

    enquanto os pensamentos se atropelavam em seu crebro.Quem sabe se o acaso no os levara a se defrontar comum acontecimento muito importante? J no acreditavaque se tratasse de um simples ato de pirataria. Ningum

    pensaria em encontrar tesouros numa nave-escola daAcademia Espacial.

    Est bem. Outra gente o far falar. CadeteEberhardt, tranque o prisioneiro na cela e tire seucapacete. Tire todo o ar da sala de acesso cela, para quetoda e qualquer tentativa de fuga seja ilusria.

    Estreitou os olhos e viu que o prisioneiro se deixavalevar, indiferente, como se j no tivesse nada a ver comaquilo.

    Aguardou ate que Eberhardt voltasse e o informassede que o pirata estava bem trancafiado.

    Seguiremos rumo Terra decidiu Tiff. Estabelea contato com a central de comando e informe-asobre o incidente. Acredito que estaro interessados emsaber tudo.

    Enquanto a Z-82, numa acelerao louca, seprecipitava para o espao, deixando os destroos da outranave entregues ao seu destino, as ondas de rdioadiantaram-se nave. Eberhardt relatou todos os detalhesdo ataque, deu informaes sobre a morte trgica deHawk e sentiu-se muito surpreendido quando,subitamente, foi interrompido por uma emissora muitoforte. Uma voz um tanto nervosa perguntou:

    Como era a nave que atacou a sua?Eberhardt reagiu com uma rapidez surpreendente.

    Foi um destrier do mesmo tipo do nosso. Nosabemos como explicar o incidente.

    Capturaram um prisioneiro?

    Isso mesmo. Afinal, quem o senhor? Sou do setor de segurana da Terceira Potncia.

    Reginald Bell.S podia serdisse Eberhardt em tom resignado.

    O setor de segurana tem suas orelhas em toda parte.Graas a Deus!retrucou Bell e acrescentou:

    Continue ligado para a recepo. Terei que transmitir informao a outra pessoa. E possvel que Perry Rhodanqueira entrar em contato com voc.

    Ouviu-se um estalo no alto-falante; depois s restouum zumbido. Um tanto espantado, Eberhardt dirigiu-se aTiff:

    Esse Reginald Bell! Tem que meter o nariz em

    tudo.Tiff provou que tambm sabia reagir rapidamente.

    Lanando um ltimo olhar para a fileira de instrumentos,

    ligou o piloto automtico, que manteria o destrier narota. Levantou-se e aproximou-se de Eberhardt.

    Tomarei conta disso disse em tom indiferente.Veremos o que esto querendo de ns. Fique de olhono rastreador, para que no nos peguem de surpresa maisuma vez. Tenho a impresso de que h algo de errado emtudo isso.

    Nem desconfiava de que essa afirmativa era

    totalmente correta.

    * * *Anos atrs, o primeiro foguete espacial tripulado

    decolou com destino Lua e pousou no satlite. Naquelaoportunidade ningum desconfiava de que com isso teriaincio uma nova poca da histria da Humanidade. Omajor Rhodan, comandante da expedio, encontrou naLua alguns representantes dos arcnidas, uma raahumanide que regia um imprio estelar situado a 34.000anos-luz de distncia. Prestou ajuda expedio frustradae esta o recompensou com o extenso saber de sua raa,que h milnios conhecia os segredos da navegao

    espacial. Com o auxlio dos arcnidas, Perry Rhodaninstalou na Terra a Terceira Potncia, impediu a guerranuclear e, nessa altura dos acontecimentos, esforava-se

    para alcanar a unio definitiva do mundo.Seu quartel-general achava-se instalado na cidade de

    Terrnia, situada em pleno deserto de Gobi. Terrnia era ametrpole mais moderna do mundo e encerrava em seuseio o saber e a tecnologia de milnios. Em caso denecessidade a cidade e as instalaes nela existentes

    podiam ser isoladas do mundo exterior por meio de umaabbada energtica. Um exrcito formado por dez milsoldados e robs cuidava da segurana da TerceiraPotncia.

    Reginald Bell, ministro da segurana e um doshomens que haviam acompanhado Perry Rhodan na

    primeira viagem Lua, aguardou pacientemente at que atela de quase dois metros de altura se iluminasse. Umaescrivaninha surgiu na mesma. Atrs dela estava sentadoum homem. Quase chegava a ser magro, seu cabelocastanho-escuro era liso e estava penteado para trs;

    possua um par de olhos cinza-azulados que pareciamchispar fogo. Embora j no fosse to jovem, PerryRhodan no aparentava mais de trinta anos. E conservariaesse aspecto para sempre, pois o saber inconcebvel deuma raa h muito desaparecida tornara-o quase imortal.A cada sessenta e dois anos teria que visitar o planeta da

    vida eterna, onde estava instalada a misteriosa duchacelular que lhe conferiria a juventude por mais seisdecnios.

    Tambm Reginald Bell estivera no planeta Peregrinoe, tal qual Rhodan, obtivera o tratamento da conservaocelular.

    Um dos destrieres roubados apareceu, Rhodan disse Bell. Seus olhos chispavam de nervosismo contido.

    Atacou uma nave-escola da academia.Perry Rhodan ergueu as sobrancelhas.

    Onde? Nas proximidades de Marte. Felizmente um dos

    cadetes teve bastante presena de esprito para destruir a

    nave atacante, depois que o instrutor tinha sido morto.Capturou um prisioneiro.

    De repente Rhodan demonstrou bastante interesse.

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    Um prisioneiro?Foi por isso que me comuniquei com voc. Pensei

    que gostaria de dar uma olhada no sujeito.Onde est o prisioneiro? No momento est na cela da nave-escola Z-82.

    Aguarde um momento. Eu o colocarei em contato com odestrier. Assim voc poder falar pessoalmente com ocadete. A nave est a caminho da Terra.

    Alguns segundos depois, o cadete Julian Tiffloranunciou-se pelo rdio. Relatou mais uma vez empalavras lacnicas, mas precisas, o incidente pelo qualhavia passado, e aguardou. Perry Rhodan refletiu sobre oque acabara de ouvir e disse:

    Como mesmo seu nome?Cadete Julian Tifflor. Muito bem. Voc pousar no espaoporto de

    Terrnia e me apresentar um relato pessoal. Sua baseser avisada. Cuide bem do prisioneiro; muitoimportante para ns. O cadver do capito Hawk sertrasladado para sua terra natal. Quando poderei contarcom sua chegada?

    Dentro de oitenta minutos.Na voz de Tiff havia respeito e venerao. Para ele

    Perry Rhodan no era apenas o chefe supremo daAcademia Espacial; era principalmente uma figuralendria e distante. Onde estaria a Terra hoje se PerryRhodan no tivesse conseguido utilizar o poder dosarcnidas? Talvez os homens j tivessem se destrudo unsaos outros. Talvez nosso planeta nem existisse mais.

    Est bem, cadete Tifflor. Fico sua espera.Bell interrompeu a comunicao e instruiu os postos

    militares para que dentro de oitenta minutos facultassem opouso do destrier Z-82 e fizessem conduzir os tripulantesimediatamente ao edifcio do ministrio da segurana.

    Depois se voltou a Rhodan, cuja imagem em tamanhonatural ainda era projetada na tela.

    Ento, o que acha?No tenho a menor dvida; trata-se de um dos trs

    destrieres que o Supercrnio nos roubou.Supercrnio; sempre ouo falar nele resmungou

    Bell, assustado.Quem dera que soubssemos quem seesconde atrs desse apelido. Supercrnio, Supercabea.Talvez no passe de uma cabea dgua.

    No acreditodisse Rhodan.O Supercrnio um sujeito muito inteligente, que resolveu se transformarna Quarta Potncia do planeta Terra. No ser fcilimpedi-lo de realizar seu intento. At hoje no

    conseguimos estabelecer a identidade do grandedesconhecido. S sabemos que nos defrontamos com uminimigo dotado de uma enorme inteligncia e falta deescrpulos, que no recua nem mesmo diante de umassassnio. Interrogaremos o prisioneiro at descobrir tudoque desejamos saber a respeito desse desconhecido.Depois disso saber quem eu sou. Se que o prisioneirovai prestar declaraes objetou Rhodan, enfatizando o

    se.Bell soltou uma risada fria.

    Ele vai prestar declaraes; nem tenha a menordvida. Afinal, para que serve Andr Noir?

    No me refiro a qualquer resistncia da parte dele disse Perry Rhodan. Mas bem possvel que oSupercrnio tenha adotado certas providncias que oimpeam de prestar declaraes, mesmo que se encontre

    sob influncia hipntica. Veremos disse Bell para espantar as

    preocupaes que surgiram em sua prpria mente.

    * * *Para Tiff o primeiro encontro com Perry Rhodan foi

    um dos grandes momentos de sua vida. Ento era este osalvador da Humanidade e o heri da juventude moderna,

    o lendrio Perry Rhodan, que repelira a invaso dosdeformadores individuais, expulsara os tpsidas dosistema Vega e salvara a Humanidade da destruio.

    E esse homem estava sorrindo.Para Tiff talvez fosse a maior surpresa de toda a vida,

    e mais tarde o mesmo reconheceu que, no primeiroinstante, aquele sorriso o decepcionara um pouco.

    Perto de Rhodan havia outro homem, que j conheciade muitas fotos e telefilmes. Era Reginald Bell, ministroda segurana da Terceira Potncia e o melhor amigo deRhodan. At Tiff sabia que Bell estava sorrindo, mas eraum sorriso impaciente e insistente.

    Tiff ficou em posio de sentido.

    O cadete Tifflor e o cadete Eberhardt esto de voltade um vo de treinamento. Ocorrncias especiais: ataquede um destrier, o capito Hawk morto, inimigodestrudo, um prisioneiro capturado.

    De repente Rhodan no estava sorrindo mais. Dirigiu-se a Tiff e estendeu-lhe a mo.

    Agradeo-lhe por sua atuao decidida, cadeteTifflor. Voc vingou o capito Hawk e nos prestou umgrande servio. Se no fosse voc no saberamos quemespalha a insegurana pelo espao com nossos destrieresroubados. O prisioneiro este?

    Eberhardt e o mestio estavam um pouco atrs de Tiff.Alm da cor da pele no havia a menor diferena entre os

    mesmos, pois ambos continuavam a envergar o leve ternopressurizado, embora sem o capacete. E na academia dosespaonautas no existiam diferenas raciais.

    Por isso no era de admirar que Rhodan apontassepara Eberhardt, que se encontrava ao lado do prisioneiro,ligeiramente embaraado. Tiff se esforou para reprimirum sorriso.

    Perdo, este o cadete Eberhardt, que aprisionou osobrevivente.

    Rhodan apertou a mo de Eberhardt.Ento este? disse, examinando atentamente o

    mestio. Aproximou-se dele.Quem voc? E qual apessoa que lhe d ordens?

    Nenhuma resposta.Bell, que tambm cumprimentara os dois cadetes,

    franziu a testa, bastante contrariado. Para que tudo isso? perguntou. Para que

    servem nossos mutantes? John Marshall logo descobrir oque h com ele. Esse sujeito no conseguir esconder seus

    pensamentos.Rhodan confirmou com um aceno de cabea.

    Cuide disso, Bell. Enquanto isso eu converso comos nossos hspedes. Avise-me assim que ele falar.

    Bell aproximou-se do prisioneiro, fitou os olhosinexpressivos do mesmo, sacudiu a cabea, perplexo, edeu-lhe o brao. E de braos dados, como se fossem

    grandes amigos, os dois homens saram da sala. Rhodanseguiu-os com os olhos; parecia pensativo. Depois dealgum tempo voltou a se dirigir a Tiff.

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    Agora voc vai contar minuciosamente o queaconteceu. Quero conhecer todos os detalhes, mesmo osque paream no ter a menor importncia. Devemosencontrar algum indcio.

    Tiff comeou a contar.

    * * *As emanaes radiativas, cuja presena na atmosfera

    terrestre data de 1945, produziram um efeito mais rpidodo que os cientistas haviam admitido. Quase diariamentenascera um mutante, sem que ningum tivesse percebidoqualquer coisa dessa mudana paulatina. S muitos anosmais tarde comearam a ser descobertas faculdadesextraordinrias em pessoas aparentemente normais. Deuma hora para outra surgiram os telepatas e os telecinetas.Um homem desapareceu na frica e apareceu no mesmoinstante a trs mil quilmetros de distncia; atravessaraessa distncia por teleportao. Houve outra pessoa quecaptou emisses de rdio sem possuir qualquer aparelhoreceptor. De repente o crebro humano demonstroucapacidades que nunca possura antes. Os mutantes

    comearam a surgir em todos os cantos da Terra, se bemque poucos deles apresentassem alteraes positivas.Isoladamente no representavam qualquer perigo, mas sefossem reunidos sob uma disciplina rgida poderiam setransformar numa fora combatente bastante poderosa.

    Rhodan no demorara a perceber o fato. Enviaracomandos de busca a todas as partes do mundo,especialmente ao Japo. Dentro de poucos meses foiformado o Exrcito de Mutantes. Esse exrcito formava aespinha dorsal das foras armadas de Rhodan.

    Um desses mutantes era John Marshall. Suascapacidades telepticas permitiam-lhe dispensar qualquerdetector de mentiras, por mais sofisticado que fosse.

    Nenhum pensamento lhe ficava oculto, e a experinciaensinara que Marshall sabia manter contato teleptico atmesmo com seres extraterrenos.

    O prisioneiro que tinham diante de si era um homemnormal; ao menos primeira vista parecia s-lo. QuandoJohn Marshall penetrou nos seus pensamentos, no sedefrontou com qualquer obstculo. Mas Marshall sconseguiu captar os pensamentos superficiais.

    Quem lhe deu ordem para atacar a nave-escola Z-82? perguntou John Marshall e fitou os olhos domestio.

    Bell estava ao seu lado e procurou dar-se um ar demuito zangado. Mas o prisioneiro nem parecia perceber.

    Disps-se a falar, mas acabou ficando calado. Algumacoisa o impedia de responder. Talvez quisesse, masevidentemente no podia.

    Ishi Matsu, a telepata japonesa, concentrara-se maisintensamente, talvez porque desconfiasse de que haveriadificuldades.

    Est sofrendo um bloqueio hipnticocochichou. Suas recordaes esto mergulhadas num campoenergtico hipntico. No conseguiremos romp-lo.

    Que tal um contra bloqueio?sugeriu Bell.Ishi sacudiu a cabea.

    No acredito que adiante alguma coisa, maspodemos tentar. Andr Noir seria o homem indicado para

    isso.Poucos minutos depois, Noir, filho de franceses

    radicados no Japo, entrou na sala e parou junto porta.

    Com um ar indiferente contemplou o prisioneiro. Era ochamado hipno do Exrcito de Mutantes. Tinha a maiorfacilidade em penetrar na conscincia de qualquer servivo e obrig-lo a submeter-se sua vontade. Ningumdesconfiaria de que esse homem, que parecia todescansado, fosse um dos hipnotizadores mais eficazes domundo.

    Andr Noir se aproximou lentamente. Seus olhos

    pensativos descansavam no prisioneiro. Sem olhar paraMarshall ou Bell, disse: Pode dizer seu nome, pois est entre amigos. E

    diga tambm o nome de quem lhe d ordens. Sei que estsubmetido coao, mas o senhor tem de me ajudar aremover essa coao, seno nunca ser um homem livre.

    Antes viver sob coao que deixar de viverdisse o mestio em tom hesitante.

    Todos sentiram que algum lhe colocara essaspalavras na boca.

    Uma vida livre melhor disse Noir em tominsistente.

    O prisioneiro no demonstrou a menor reao.

    Noir empenhou suas imensas energias espirituais pararomper o anel que algum colocara em torno daconscincia do prisioneiro. John Marshall e Bellmantiveram-se numa atitude de muda expectativa. A

    japonesinha delicada tinha o rosto transformado emmscara; acompanhava o fenmeno em todos os detalhes.

    Mais algum entrou na sala semiobscurecida, quasesem ser percebido, e parou junto porta.

    Perry Rhodan.Subitamente o encanto foi quebrado. O prisioneiro

    arregalou os olhos, encarou seu interlocutor, perplexo, eabriu a boca. Dela saiu uma srie de palavrasininteligveis, pronunciadas s pressas, como se aquele

    homem estivesse com medo e tivesse que se apressar.De repente passou a falar em ingls:

    ...atacar e destruir tudo... dio, um dio terrvel...Domnio mundial... Mutantes... eu tambm... oSupercrnio...

    Quem o Supercrnio? gritou Rhodan, quecontinuava parado junto porta. Aproximou-se e fitou osolhos do prisioneiro. Noir sacudiu a cabea, desesperado,e fez um gesto como se quisesse deter Rhodan.

    Supercrnio... balbuciou o prisioneiro. OSupercrnio ...

    Seu rosto se modificou numa rapidez apavorante.Parecia que de repente o prisioneiro estava vendo alguma

    coisa horrorosa e incompreensvel. A dor parecia fustigarseu corpo. As pernas comearam a se dobrar. Rhodan deuum salto e segurou-o na queda. Marshall veio em seuauxlio. Andr no fez nada disso; recuou alguns passos.

    tardemurmurou.O bloqueio hipntico foimuito forte. Mas no foi o bloqueio hipntico que omatou. Foi um comando hipntico superpotente.

    Colocaram o corpo imvel do mestio num sof. JohnMarshall inclinou-se para examin-lo.

    Um comando hipntico? perguntou Rhodan,olhando para Noir.Quem deu esse comando?

    No sei. Deve ter sido o tal do Supercrnio. E qual foi o comando que transmitiu ao nosso

    prisioneiro? Um comando de morrer. Ordenou-lhe

    simplesmente que morresse. E o prisioneiro morreu.

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    Uma coisa dessas possvel?Andr Noir confirmou com um ar srio.

    Acredito que encontrei algum que capaz demedir-se comigodisse em tom sombrio.

    Saiu sem aguardar resposta. Bell, que se mantiveratotalmente passivo junto parede, aproximou-se deRhodan.

    Sempre esse Supercrnio. A est a prova. Nas

    ltimas duas horas, ele assassinou duas pessoas, o capitoHawk, e este aqui, que afinal era um elemento do seugrupo.

    Ele comanda os mutantes que domina disseMarshall, que ainda se encontrava junto ao sof. Noinstante em que o prisioneiro morreu, consegui penetrar

    por um segundo em seu esprito. Era um mutante fraco epossua memria fotogrfica. Por isso foi capaz de pilotaro destrier sozinho. Sem dvida poderia ter contadoalguma coisa bem interessante.

    Sem dvidaconfirmou Rhodan. Foi por issoque teve de morrer.

    Franziu a testa e olhou para Marshall.

    No conseguiu descobrir de que direo vinha semanaes que o influenciaram?

    De que direo? O que quer dizer com isso? simples. Se o Supercrnio exercia uma vigilncia

    teleptica sobre o prisioneiro, os impulsos hipnticos porele emitidos devem ter vindo da mesma direo.

    Talvez voc possa me esclarecer a este respeito.Noir pensou nisso enquanto deixava a sala. Estava

    admirado porque os impulsos vinham de duas direesdiversas: exatamente do leste e do oeste.

    Rhodan estacou.De duas direes ao mesmo tempo?! exclamou,

    espantado. estranho. Talvez no seja, pois afinal a

    Terra redonda. Mas quase chegaria a apostar quevinham exclusivamente de uma direo. De cima. Ou serque Marte ainda se encontra embaixo da linha dohorizonte?

    John Marshall seguiu-o com os olhos, silencioso,quando deixou a sala.

    Bell apontou para o prisioneiro, que jazia imvel.

    Quer dizer que est morto?Isso mesmoconfirmou Marshall.

    2

    O Tenente Becker comandava o posto de fronteiraleste, formado de dez postos de combate, prximos unsaos outros, equipados com canhes arcnidas de nutrons.Os postos estavam constantemente guarnecidos.

    A companhia de guardas ficava a pouca distncia dali,numa rea plana. Um pequeno cinema, um bar e uma

    piscina constituam as nicas distraes para os homens, ano ser que estes preferissem usar o nibus, que trafegavaregularmente, para irem cidade, onde encontrariamoportunidade para se divertir ao gosto de cada um.

    O sargento Harras acabara de anunciar a Becker oregresso de seu grupo e mandara que os homens sedirigissem aos alojamentos. Tinham oito horas livresdiante deles. S de noite voltariam a montar guarda.

    Um sol escaldante brilhava no cu. No se viaqualquer nuvem. A melhor coisa que Harras pdeimaginar foi tirar quanto antes o uniforme suado e dar umsalto na piscina, onde ficaria at que a fome o tangesse

    para a cantina.Vestindo apenas um calo, saiu do quarto que

    compartilhava com dois outros sargentos, andoutranquilamente por cima do gramado ralo e parou beirada piscina. Respirou o cheiro vivificante da gua em quetrinta homens se debatiam alegremente, esquecidos de quese encontravam num deserto quase totalmente ressequido.Gritavam piadas uns para os outros e no pouparamHarras.

    Est com medo? berrou algum perto dele ebateu contra a gua, levantando um verdadeiro esguichoque atingiu Harras.Entre, seu sapo.

    Subitamente o sargento Harras hesitou. Ainda h uminstante a perspectiva de saltar no lquido frio o alegrara,mas agora alguma coisa parecia segur-lo. Mas o desejode se refrescar era mais forte que todos os

    pressentimentos sombrios. Deu um passo para frente edeixou que seu corpo robusto casse na gua.

    A piscina est transbordando! gritou algumironicamente.

    Harras no o ouviu mais. Deixou-se afundar e sesentiu feliz por no ouvir qualquer voz. Por um instanteagradeceu ao destino pelo instante de solido.

    Pensamentos e desejos estranhos se apoderaram dele,afastando seu eu normal. Sentiu uma presso estranha emalgum ponto da cabea. Uma estranha ansiedade seapossou de seu corao. Talvez tivesse segurado arespirao por muito tempo.

    Deu um empurro no fundo e subiu tona. O quadrocom que se deparou parecia confirmar suas suposiesmais inconcebveis. Seus companheiros dirigiam-se s

    pressas para a beira da piscina e saam da gua. Ningumdizia uma palavra. Parecia que nos poucos instantes emque estivera embaixo da gua algum lhes dera umcomando. Um comando para que sassem imediatamenteda piscina.

    O tenente Becker surgiu na sada do edifcio. Agitava

    os braos e gritava alguma coisa que Harras no entendia.Mas sabia o que Becker havia gritado...Alarma! Entrar em forma. Equipar-se para a luta.O sargento Harras correu para o quarto, envergou o

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    uniforme, afivelou o radiador porttil e correu para apraa de reunies. Metade da companhia j se encontraval. Do lado dos postos de fronteira vieram os veculos deesteira. Espantado, Harras constatou que os radiadores denutrons haviam sido retirados dos postos de combate emontados nos veculos. A fronteira estava desguarnecida.Talvez os robs arcnidas se incumbissem da vigilncia.

    O tenente Becker no se preocupou com o fato de que

    a companhia no estava toda reunida. Uma inquietaonervosa parecia domin-lo. Insistiu para que os oficiaissubalternos se apressassem. Mal os dez carros com oscanhes entraram em forma, deu ordem para iniciar amarcha.

    O sargento Harras percebeu que alguma coisa noestava certa, porm, por mais que se esforasse, noconseguia concentrar seus pensamentos sobre aquilo queestava acontecendo. A presso na cabea no diminura,mas se tornara ainda mais forte. Alguma coisa o obrigavaa pr-se em marcha com gestos mecnicos.

    O tenente Becker deslocou sua unidade em direoaos estaleiros da Terceira Potncia, situados no interior da

    rea interditada, a menos de dois quilmetros do lugar emque se encontravam. Os canhes de radiao neutrnicaiam frente, com os canos apontados horizontalmente. Osartilheiros estavam sentados atrs dos controles, prontos

    para disparar a qualquer momento.Por um instante, Harras teve ideia de perguntar ao

    homem que ia a seu lado o que havia acontecido, mas,quando viu os lbios estreitados do mesmo, desistiu doseu intento. Devia ser uma coisa horrvel.

    Mas tudo isso era uma tolice rematada...Teve sua ateno desviada. Trs veculos, vindos dos

    estaleiros, aproximaram-se da coluna, levantando umaespessa nuvem de poeira. Pararam e deixaram descer

    nove robs de combate dos arcnidas.So reforos, pensou Harras aliviado, mas ainda

    preocupado.Tal quais seus companheiros, havia-se acostumado

    com a ideia de ver nesses homens mecnicos sofisticadosseus amigos e aliados. Ajudavam-nos a proteger aTerceira Potncia contra qualquer atacante.

    O tenente Becker fez uma coisa totalmenteincompreensvel. Deu ordens para que os robs fossemdestrudos. Os veculos com os canhes formaram umsemicrculo em cujo foco estavam os robs.

    Harras no conseguiu pegar sua arma manual. Sabiaque a ordem dada por Becker era absurda, mas no tinha

    foras para se opor mesma. Manteve-se em atitudepassiva; foi o mximo que conseguiu fazer.

    Pelos cantos dos olhos viu que com outros soldados sepassava coisa semelhante. Hesitavam em cumprir asordens de Becker.

    Isso um motim declarado, pensou o sargentoHarras tomado de pavor. Um motim contra Perry

    Rhodan e contra os arcnidas. Um motim contra oexrcito onipotente dos robs.

    O primeiro canho emitiu um raio de energiaconcentrada contra os robs desprevenidos, dando incio

    batalha absurda. Quatro dos nove homens mecnicoscaram, semiderretidos, permanecendo imveis,

    estendidos na areia escaldante do deserto. Os outrosesboaram uma reao instantnea; o pensamento

    positrnico no conhecia o segundo de pavor.

    Foram atacados, e pouco lhes importava quem era oatacante. Seus braos esquerdos levantaram-se eassumiram uma posio horizontal. O rel embutido emseus ventres deu um estalo, liberando a ligao deemergncia, atravs da qual lhes era concedida permisso

    para disparar contra seres humanos. O brao esquerdotransformou-se num canho de radiao em miniatura.

    Antes que os canhes de Becker pudessem disparar a

    segunda salva, foram atingidos pelas descargasenergticas dos robs. Os canos de dois dos canhestorceram-se, como se, de uma hora para outra, tivessem setransformado em cera. Um terceiro canho sedesmanchou numa chuva de fascas.

    Os outros se encontravam fora da zona de destruio.Apesar da reao instantnea, os robs no tinham amenor chance. Foram destrudos antes que pudessem sevirar.

    O tenente Becker, empunhando o radiadorneutrnicoque trazia consigo, dirigiu-se aos trs carros, que semantinham espera. Os trs motoristas aguardavam-nocom os rostos inexpressivos e no esboaram qualquer

    defesa.Os senhores esto submetidos ao meu comando

    gritou Becker.Os motoristas, mesmo sentados, assumiram posio de

    sentido e fizeram continncia.O sargento Harras, que se mantinha a distncia, no

    compreendera quase nada do que havia acontecido; massabia que algo de horrvel se passava. Becker devia terenlouquecido de uma hora para outra. Mas ser que elemesmo no enlouquecera tambm? Por que cumpriaordens absurdas como essas? O que o obrigara a faz-lo?

    Que dor de cabea! No queria parar. Devia ser aquelecalor insuportvel. O sol, quase em posio vertical,

    dardejava seus raios sobre o deserto. Os estaleirostremeluziam no ar aquecido.

    Subitamente teve a impresso de que dedos delicadostateavam seu crebro e o sondavam. Mas de uma hora

    para outra esses dedos j no eram delicados;comandavam e pressionavam. Eliminavam sua vontade eanulavam seu raciocnio normal.

    Tal quais seus companheiros, voltou a pr-se emmovimento. Passou pelos robs imveis, estendidos naareia, e pelos veculos com os canhes destroados.

    Viu um movimento junto aos estaleiros. Homenssaram de seus abrigos, de armas nas mos. Umturbomvel em disparada surgiu da direita e parou perto

    de um edifcio. Homens desceram. Um deles seguravaalguma coisa na mo, uma caixinha quadrada.

    O tenente Becker levantou o brao.Espalhem-se! Vamos atacar os estaleiros.Num movimento resoluto e automtico, o sargento

    Harras puxou a arma.

    * * *Perry Rhodan levantou os olhos quando a porta foi

    aberta com violncia e algum se precipitou.Era Bell; mas tinha diante de si um Bell que ainda no

    conhecia. Os cabelos estavam desgrenhados, e no rosto,geralmente corado, via-se uma palidez cadavrica. Os

    olhos chamejavam nervosamente, e Rhodan percebeu queas mos do amigo tremiam.

    Viu o demnio por a?perguntou, espantado.

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    Dentro de pouco estar aqui mesmo fungouBell.O diabo est s soltas. A companhia de vigilnciado tenente Becker est atacando nossos estaleiros.

    O que aconteceu? perguntou Rhodan e lanouum olhar atento para Bell, como se temesse pelasfaculdades mentais do mesmo.Becker est atacando osestaleiros? Acho que isso s pode ser uma piada de maugosto. Comigo pode-se fazer muita coisa, Bell, mas...

    verdade. Aquela gente ficou louca. OSupercrnio deve estar atrs disso.O Supercrnio murmurou Rhodan, enquanto se

    levantava lentamente.Como? O que aconteceu?H poucos instantes recebi aviso de alarma do setor

    sete. Becker e seu grupo est marchando em direo aoestaleiro e destruiu nove robs de combate. A guarniode defesa assumiu seus postos. Est aguardando novasordens. O que devem fazer se Becker realmente se lanarao ataque? Deve ter enlouquecido.

    Naquele instante Rhodan pareceu ver diante de si omestio que havia morrido em virtude de um comando doinimigo desconhecido. Se o Supercrnio era capaz de uma

    coisa dessas, ele tambm estaria em condies de dar auma companhia inteira a ordem de marchar para sua

    prpria destruio.Subitamente sentiu-se sacudido por um susto. Deu-se

    conta do que poderia acontecer se realmente o tal doSupercrnio dispusesse de qualidades inconcebveis, faces quais at mesmo as foras dos mutantes no passassemde brincadeira. Com uma frieza implacvel a ideia de quese defrontava com um inimigo igual em foras, que seriacapaz de destru-lo se agisse com bastante inteligncia,imps-se ao seu crebro.

    No podemos perder tempo com essaobservao Bell interrompeu as reflexes de Rhodan.

    Os homens aguardam nossas instrues. No nada fcilatirar contra amigos que enlouqueceram.

    Vamos at l respondeu Rhodan em tomdecidido. Arranje um projetor mental e umneutralizador gravitacional pequeno. Ande depressa.Espero no carro.

    Bell no perdeu tempo com perguntas. Girou noscalcanhares e saiu apressadamente. Dois minutos depois,quando Rhodan chegou ao seu carro, Bell j o esperava.

    Na mo esquerda segurava uma caixinha metlica, queno parecia ser muito pesada. Na direita trazia um basto

    prateado.No vamos levar mais ningum?

    Se no dermos conta disso sozinhos, ningum maisdarrespondeu Rhodan e entrou no carro. As turbinasuivaram e o pequeno veculo acelerou loucamente,

    precipitando-se sobre a superfcie lisa de concreto. Tomoua direo do estaleiro de naves espaciais, situado a cincoquilmetros das instalaes centrais de Terrnia.

    A hora no era de muito movimento. Vez por outraum pedestre solitrio parava e olhava atrs do veculotresloucado, cujo motorista devia ter perdido o juzo.

    Bell respirava com dificuldade.O que ser que aconteceu? Trata-se de influncia hipntica; nem poderia ser

    outra coisa. O Supercrnio apoderou-se da companhia de

    Becker e submeteu-a ao seu comando. Devemos tentarcompensar esse comando por meio do projetor mental.

    O projetor mental era uma arma arcnida. Atravs

    dele podia-se penetrar na vontade de outra pessoa e dirigi-la. At se podiam transmitir comandos ps-hipnticos.

    O que ser de ns?perguntou Bell.Ser queo Supercrnio conseguir nos impor sua vontade?

    Sabemos que ele j o tentou com Crest, o arcnida,mas no teve xito. Por isso suponho que sua fora no capaz de influenciar um crebro arcnida. E atravessamoso treinamento hipntico arcnida. Talvez ele tenha

    deixado seus reflexos em nossos crebros. Ao menos faovotos de que seja assim. Eu tambm disse Bell, respirando

    profundamente.O veculo disparava pelo deserto. A pista de concreto,

    lisa como um espelho, tinha dez metros de largura. Eraencimada pelo ar tremeluzente, que tinha o aspecto deuma nuvem de gs que escapava de algum lugar. Maisadiante erguiam-se os edifcios alongados do estaleiro,onde diariamente surgiam novas naves espaciais do tipodos destrieres. Rhodan percebeu os contornos poucontidos de figuras que corriam de um lado para outro efechavam enormes portes. Veculos blindados assumiam

    suas posies.Mais esquerda, em pleno deserto, uma nuvem de

    poeira erguia-se acima do solo. Embaixo dela,marchavam soldados. Eram os homens de Becker!

    Rhodan no compreendia por que o inimigodesconhecido no utilizava suas faculdades numempreendimento que possusse maiores chances de xito.Se estava em condies de submeter uma companhiainteira sua influncia, poderia ordenar aos pilotos dasnaves de Rhodan que decolassem e atacassem Terrnia.Por que no fazia isso? Por que se contentava com umaao relativamente inofensiva, da qual devia saber deantemo que no levaria a nada?

    Ser que pretendia desgastar os nervos de Rhodan?Bem, ao que parece j o havia conseguido com Bell. O

    ministro da segurana da Terceira Potncia transformara-se num modelo de insegurana. Se John Marshallestivesse presente quela hora, sem dvida o teriaapelidado de ministro da insegurana. Reviravanervosamente o projetor mental e escorregavanervosamente em seu assento.

    Ser que voc no sabe mais ficar quieto? indagou Rhodan. No pense que o Supercrnio secontentar com este ensaio. s o comeo.

    O comeo?disse Bell com um gemido de pavor.Nossos homens atiram contra ns e voc diz que isso

    s o comeo?Rhodan no respondeu. Conhecia o amigo e sabia que

    sua aparente desorientao s era externa. Passou pelosprimeiros robs de vigilncia e deixou para trs oscanhes de radiaes que se encontravam em posio decombate. Parou junto a um abrigo subterrneo, onde haviaalguns oficiais que envergavam o uniforme da diviso devigilncia. Vieram correndo quando reconheceramRhodan.

    Bell no permitiu que falassem.Saiam do caminho! gritou-lhes. Saltou do carro

    e levantou a caixa prateada do projetor mental. Vamosmostrar a essa gente como se comanda um exrcito.

    Rhodan tirou a caixa metlica de suas mos e colocou-a no cho. Ao que parecia no estava confiando no efeitodo projetor. Deu um aceno de cabea em direo a Bell:

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    Tente. Transmita um comando para que regressemimediatamente aos seus alojamentos.

    Depois disso dirigiu-se aos oficiais, que pareciamdesorientados.

    Mantenham seus homens reunidos. Mas s deemordem de fogo quando eu autorizar. No queremos matarnossa gente.

    Eles destruram nove robsdisse um capito.

    Isso muito lamentvel, mas robs no so gente.E acontece que fizeram isso contra a vontade. Contra a vontade? perguntou o capito,

    esticando as palavras, mas no formulou outras perguntas.Nem teria tempo para isso, pois Bell entrou em ao.Evidentemente o alcance do projetor mental era

    limitado. Mas as foras do tenente Becker j haviam seaproximado bastante. Era inexplicvel que ocupassem

    posies num lugar to prximo, pois com seus canhespoderiam ter bombardeado o estaleiro a dois quilmetrosde distncia. Mas Becker mandou que sua coluna parassea quinhentos metros das linhas do comando de vigilnciae colocasse as peas de artilharia em posio de atirar.

    Bell ajoelhou-se lentamente e dirigiu o bastoprateado sobre o inimigo involuntrio. Comprimiu umboto para acionar o aparelho. Falando em voz alta, disse:

    Tenente Becker, ordeno ao senhor e aos seussubordinados que voltem imediatamente aos seusalojamentos. Qualquer ordem em contrrio que lhes tenhasido dada revogada.

    Os oficiais neste meio tempo um total de cinco sereunira no local olharam para Bell como se fossealgum bicho milagroso. Sabiam que os arcnidas

    possuam armas lendrias, mas nunca tinham vistonenhuma delas em ao. Ao menos o projetor mentalainda lhes era desconhecido. Infelizmente ainda dessa vez

    no tiveram sorte.O tenente Becker no deu a menor ateno s ordens

    de Bell.O primeiro disparo passou a pequena altura acima do

    grupo, derretendo um rob de vigilncia desprevenido quese encontrava a alguma distncia.

    O poder do Supercrnio maior que o de nossoprojetor mentaldisse Rhodan em tom tranquilo.

    Terminara seus preparativos e estava agachado juntoao abrigo, pronto para entrar em ao. Ali poderiadesaparecer de um momento para outro, quando isso setornasse necessrio. Os cinco oficiais abrigaram-se atrsda cpula de concreto. Utilizando seus rdios, instruram

    os subordinados, espalhados por vrios lugares, para queaguardassem novas instrues e em hiptese algumaabrissem fogo contra as tropas amotinadas.

    Bell voltou a dirigir o raio hipntico contra os homensde Becker e transmitiu um segundo comando que, tal qualo primeiro, no foi obedecido. Pelo contrrio, trs doscanhes dirigiram seus raios neutrnicos contra os

    pavilhes do estaleiro que se encontravam mais prximos.Rhodan percebeu que no poderia opor-se atuao

    do Supercrnio por meios exclusivamente psquicos. S aviolncia resolveria. Dirigiu a objetiva do neutralizadorgravitacional sobre as tropas de Becker e acionou oaparelho.

    O campo de atuao abria-se em forma de leque;comeava junto caixa metlica, espalhando-se emdireo ao inimigo e diminuindo de intensidade. Mas a

    regulagem levada a efeito por Rhodan foi suficiente parafazer com que Becker e seus homens no mais tivessem

    peso.O sargento Harras, contrariado, estava dando um

    passo para frente, sem saber por que, quando subitamenteperdeu o apoio dos ps. Foi subindo lentamente, girandoem torno de seu prprio eixo. Assustado, soltou a arma deradiao, mas o objeto no caiu para baixo, permaneceu

    na mesma altura.O que aconteceu com Harras tambm aconteceu comos outros homens do tenente Becker. Este, que pretendiase deslocar com um salto para junto de um dos canhes,foi atingido com maior intensidade pela sbita ausnciade gravidade. Subiu inclinadamente, como se fosse umagranada humana e remou desesperadamente com os ps eas mos, procurando se segurar no ar. InfelizmenteRhodan no estava em condies de seguir sua trajetria.O infeliz logo saiu do campo de atuao do neutralizadore caiu ao solo feito uma pedra. Transformou-se na nicavtima do ataque que lhe fora imposto, alm doscondutores e artilheiros dos veculos destrudos pelos

    robs.Praticamente toda a fora do tenente Becker

    encontrava-se no ar. A terra no mais conseguia segur-la.A posio ocupada por cada um dependia dosmovimentos que executara em terra. De qualquermaneira, o alcance do aparelho arcnida no era ilimitado.Para evitar maiores perdas, Rhodan teria de agirimediatamente. Dirigindo-se aos oficiais que, perplexos,haviam acompanhado o fenmeno, disse:

    Vou reduzir a intensidade do neutralizador.Mandem seus homens para l, a fim de que aguardem acompanhia que vai aterrissar. Devem se mover com muitacautela. Na rea submetida ao do aparelho a gravidade

    foi reduzida a um dcimo. Cuidem dos carros de combatede Becker. Se necessrio, os artilheiros devem serreduzidos inatividade.

    Foi espantosa a rapidez com que os oficiais serecuperaram do susto. Levaram poucos minutos paramobilizar seus homens. Os soldados moveram-se comestranhos passos rastejantes sob os corpos que desciamlentamente, remando desesperadamente no ar e

    procurando se recuperar da surpresa. A maior parte deleshavia largado as armas, e assim no poderia mais causarqualquer dano.

    Aos poucos Rhodan fez com que a gravidade voltasseao nvel normal e esperou at que a companhia amotinada

    fosse dominada. Tirou o projetor mental das mos de Belle procurou proteger os soldados contra novos comandoshipnticos. Supunha que esse tipo de proteo seria

    perfeitamente possvel, muito embora no houvessecondies de romper um bloqueio depois de instalado.

    Menos de cinco minutos depois disso, o Supercrnioretirou sua influncia.

    De repente o sargento Harras sentiu que a presso emsua cabea diminua. No primeiro instante nocompreendeu de que se tratava. Pensou que ainda seencontrasse no fundo da piscina e ficou espantado ao ver-se ameaado por armas apontadas em sua direo. O

    prprio Rhodan explicou o acontecimento inconcebvel a

    ele e seus companheiros, e ressaltou que o fenmenopoderia se repetir a qualquer instante. No momento nohavia motivo para recear qualquer ataque armado vindo

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    de fora; por isso determinou que o armamento dacompanhia de vigilncia fosse reduzido a um mnimo.

    Prximo dali, o corpo imvel do tenente Becker jaziasob um cobertor. Bell lanou um olhar na direo domesmo e disse em tom sombrio:

    S hoje foram nove vtimas, Rhodan. Est na horade darmos um passo decisivo.

    Rhodan no respondeu. Sem dizer uma palavra,

    regressaram a Terrnia, onde a notcia de outracalamidade os aguardava. O coronel Freyt em pessoatrouxera a notcia de Nova Iorque, onde ficava o quartel-general de Homer G. Adams, o financista da TerceiraPotncia. Dali, o mutante de memria fotogrfica teciasua rede e dominava a economia mundial. Homer pareciainfalvel e nunca tomava uma deciso errada. Ou melhor,nunca a tomara enquanto o Supercrnio no existia. Os

    primeiros ataques do personagem monstruoso foramrepelidos. A mutante Betty Toufry foi enviada a NovaIorque, para proteger o gnio das finanas. Betty era atelepata mais potente do Exrcito de Mutantes, e aomesmo tempo era uma telecineta.

    E foi Betty que deu o alarma.Mais uma vez Homer G. Adams parecia ter sido

    submetido influncia nefasta do Supercrnio. As ltimasinstrues dadas por ele no correspondiam s vindas deuma inteligncia normal e teriam levado a GeneralCosmic Company beira da runa financeira.

    No ltimo instante Betty conseguiu anular essasinstrues por meio de um projetor mental. Enquanto seencontrasse nas proximidades de Adams, nada poderiaacontecer; mas no poderia segui-lo a cada passo.

    Imediatamente Rhodan ps-se em contato com aG.C.C. A tela retratou o rosto embaraado de Adams, queera um pouco pequeno. Seu cabelo ralo estava maltratado;

    tinha a aparncia de quem passara algumas noites semdormir. No fundo via-se Betty Toufry, que parecia

    bastante cansada.Ol, Adamsdisse Rhodan, como se Nova Iorque

    ficasse a poucos quilmetros dali, no na extremidadeoposta da esfera terrestre. Pelo que ouvi, voltou a ter

    problemas.Adams ia dizer alguma coisa, mas Rhodan no

    permitiu que ele o interrompesse.Adams, no h necessidade de se desculpar. Aqui

    estamos enfrentando os mesmos problemas. O poder denosso pavoroso inimigo estende-se por todo mundo.Gostaria apenas que me dissesse se no consegue sentir o

    incio da influncia exercida pelo Supercrnio.Adams confirmou com um gesto hesitante.

    Sinto uma presso no crebro, mas quando issoacontece j tarde. No sei o que teria acontecido seBetty no estivesse perto de mim. Sinto muito, Rhodan,mas no pode confiar mais em mim.

    Que tolice, Adams! No diga uma coisa dessas.Mantenha-se numa atitude passiva at receber novasinstrues. Evite nos prximos dias qualquer ao demaior envergadura, pois vou precisar de Betty Toufry. Deuma hora para outra o inimigo vai se expor, e entogolpearemos imediatamente.

    Tomara que isso acontea logo. No nada

    agradvel sabermos que j no somos donos de nsmesmos.

    Rhodan esboou um sorriso tranquilizador e

    interrompeu o contato.No instante em que a imagem de Adams desapareceu,

    o sorriso desapareceu de seus lbios.

    * * *Para quem no prestasse ateno sua pele morena e

    se deixasse enganar por seus modos fleumticos, FellmerLloyd parecia ser um tipo absolutamente normal e

    corriqueiro. Trabalhara durante anos numa usina atmicaamericana, onde exercia as funes de assessor do diretorcientfico, mas a equipe de Perry Rhodan acabou porlocaliz-lo.

    Fellmer Lloyd era um mutante natural.No poderia ser designado propriamente um telepata,

    mas suas faculdades aproximavam-se das de um mutantedesse tipo. Certo setor de seu crebro fora modificado

    pelas emanaes radiativas a que seus pais estiveramexpostos, a tal ponto que estava em condies de, aqualquer momento, absorver os modelos cerebrais de seussemelhantes, classific-los e analis-los. No sabia captaros pensamentos, mas os sentimentos fundamentais do

    prximo, e com isso tambm suas provveis intenes.Ao falar com algum, sabia imediatamente se ointerlocutor tinha uma disposio amistosa ou hostil paracom ele. Suas faculdades transformaram-no num tipo delocalizador do Exrcito de Mutantes.

    Fellmer Lloyd estava parado junto barreira doaeroporto de Moscou; sem despertar a ateno deningum, observava os passageiros que desembarcavam eembarcavam no jato de carreira. Era um dos avies daslinhas regulares que, por incumbncia da TerceiraPotncia, estabeleciam ligao entre os continentes.

    Na semana anterior dois avies desse tipo haviam sidodestrudos no ar, por sabotagem. O ministrio da

    segurana da Terceira Potncia recorrera aos mutantesaptos para esse tipo de ao, a fim de impedir a repetiodesse tipo de incidente.

    E foi assim que Fellmer Lloyd passou a voar de umcontinente para outro, tateando os passageiros e tomandocuidado para que nenhum sabotador subisse a bordo.

    Ainda estava indeciso sobre se devia tomar esse avioe deixar a capital do Bloco Oriental. Gostava de Moscou,onde travara relaes bastante agradveis. O povo

    parecia-lhe muito amvel e gentil, motivo por que sentiabastante ter que deixar essa cidade.

    Fez um exame quase superficial de um casal eleganteque atravessou a barreira e, atravessando a faixa de

    concreto, dirigiu-se ao avio. Provavelmente seriamrecm-casados em viagem de npcias. De qualquermaneira eram inofensivos.

    Mais ao longe os telhados da cidade brilhavam sob osraios do sol que se punha. Gigantescos arranha-cuserguiam-se para o alto, num esforo de concentrar sobre sios ltimos raios do sol no poente. A larga via de acessoque ligava o aeroporto cidade recebia os raios do sol emcheio; mal conseguia dar vazo ao trfego.

    Subitamente Fellmer Lloyd estremeceu.Alguma coisa m, vinda no se sabe de onde, que no

    combinava com o ambiente de paz, penetrou em seuesprito. Algum pensava em violncia e em cautela, em

    morte, em assassnio.O raio de ao de sua faculdade no era muito

    extenso, s atingia algumas centenas de metros. Mas a

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    intensidade das ondas cerebrais que o atingiam eratamanha que o respectivo emissor devia se encontrar nasimediaes.

    Num movimento apressado lanou os olhos em tornode si.

    Grupos de pessoas conversavam. Alguns sedespediam, separavam-se, ainda acenavam com as mos.Uma dama jovem, com pernas lindssimas, atravessou a

    barreira em passos resolutos e dirigiu-se ao avio.Carregava uma grande pasta marrom. Mais esquerda,Lloyd viu um policial, cujos olhos atentos fitavam as

    pessoas que passavam por ali.Os olhos de Lloyd voltaram a pousar na jovem dama.

    As impresses causadas pela mesma fortaleceram-se emseu crebro. Realmente. As ideias de violncia provinhamdela; no havia a menor dvida. Por um instante omutante pensou que se tivesse enganado; mas podiaconfiar em seu senso de orientao.

    Cautelosamente movimentou seu corpo musculoso eseguiu a dama. Trajava um vestido moderno e dava aimpresso de que praticava muito esporte. Seu andar era

    elstico, quase macio.Faltavam trs minutos para a decolagem.Quando subiu a escada do avio, a dama apresentou

    sua ficha de embarque com o nmero da poltrona, trocoualgumas palavras com a aeromoa e entrou no avio.Lloyd seguiu-a. Sua identidade bastou para que fosseadmitido no avio. Recebeu um lugar prximo ao dadama.

    As ideias que se ocupavam com alguma coisa terrvelenfraqueceram um pouco, dando lugar a uma sensao detranquilidade e segurana temporria. Lloyd tinha certezaabsoluta de que no momento no havia o menor perigo.Mas tambm sabia que no devia tirar os olhos daquela

    bela dama, enquanto ela se encontrasse no avio.Devia ter uns vinte e cinco anos, era esbelta e tinha

    cabelos castanho-escuros. Os olhos, um pouco estreitos,davam um encanto extraordinrio ao seu rosto oval. Lloydno podia se conformar com a ideia de que se tratava deuma agente daquele personagem desconhecido, oSupercrnio. Talvez tudo no passasse de coincidncia.

    O avio decolou e seguiu o sol que se punha. Suavelocidade era tamanha que o sol ainda se encontrava namesma altura quando pousou no aeroporto de Tempelhof,em Berlim.

    Lloyd sentiu-se atingido por uma onda de excitaoquando a moa se levantou e se dirigiu porta. O avio

    acabara de taxiar na pista e encontrava-se diante das salasde inspeo alfandegria.

    O mutante tambm se levantou e apressou-se para noperder de vista sua presa. As ondas cerebrais da mesmaeram to intensas que Lloyd mal conseguia se protegercontra elas. Quase chegavam a provocar dor ao

    penetrarem em sua conscincia, despertando nela asensao de uma ameaa imediata.

    Descera e caminhava a passos rpidos e decididos emdireo barreira. Segurava a passagem na mo. Ao que

    parecia no tinha bagagem.Nenhuma bagagem?Lloyd teve a impresso de que algum derramara uma

    tina de gua escaldante em suas costas. E a bagagem?De supeto percebeu a realidade. A dama no trazia

    nada na mo. Deixara a pasta de couro no avio.

    Lloyd girou sobre os calcanhares, correu em direoao avio, forou passagem ao lado dos passageiros quedesciam, no deu a menor ateno aos protestosenfurecidos e, de um salto, colocou-se junto poltronaque havia sido ocupada pela suspeita.

    A pasta de couro, aparentemente inofensiva, estavaembaixo da poltrona.

    Pegou-a num movimento rpido e voltou correndo

    pelo mesmo caminho. Por um instante acreditou terperdido a pista da possuidora da pasta. Mas descobriu-ajunto entrada do aeroporto onde se esforava paraconseguir um txi. Lloyd captou o modelo confuso desuas ideias, nas quais voltara a se introduzir ainsegurana. No estava convencida do acerto daquilo queacabara de fazer?

    Chegou ao momento exato em que ela ia entrandonum txi. Com alguns saltos enormes, alcanou o veculo,abriu a porta e entrou. Fitou diretamente os olhos dadama, arregalados de pavor. O olhar dela no se fixavanele, mas na pasta de couro que seguravadespreocupadamente embaixo do brao.

    Meu Deus disse Lloyd, exausto. Para quetanta pressa? A senhora esqueceu esta pasta no avio.

    A desconhecida fitou-o com os olhos perscrutadores.Depois disso uma expresso de pavor passou pelo seurosto. Enfiou a mo no bolso do vestido e retirou um

    pequeno revolver. Mas Lloyd fora prevenido por ummodelo dos sentimentos do outro crebro. Com um gestotirou a arma da moa.

    No faa isso, minha bela amiga advertiu emtom suave. Minhas intenes so as melhores

    possveis. Esta mentindo disse a dama, sacudindo a

    cabea. Falava um ingls arranhado, com um ligeiro

    sotaque russo. O senhor vem me perseguindo desdeMoscou. Acha que no percebi?

    Quer dizer que l pensamentos.A dama hesitou por um instante; depois confirmou

    com um aceno de cabea.Sim, sou telepata.No primeiro instante Lloyd ficou decepcionado e

    mesmo assustado. Como lidar com algum queadivinhava seus pensamentos mais secretos? Mas depoisde algum tempo sacudiu os ombros.

    Est bem. Nesse caso podemos usar de franqueza.A senhora foi incumbida pelo Supercrnio de sabotar aslinhas areas da Terceira Potncia. Uma carga explosiva

    est tiquetaqueando nesta pasta. A senhora ajustou odetonador e deixou a pasta no avio. Ela explodiria naviagem daqui para Londres. Minhas suposies no socorretas?

    Ela o mediu com o olhar.E se fosse assim?Nesse caso Perry Rhodan estaria muito interessado

    em conversar com a senhora.Uma sombra passou pelo lindo rosto da dama.

    No tenho nenhum interesse em conversar com ohomem que traiu a Humanidade. Diga-lhe isto da minha

    parte. Alis, se fosse o senhor, procuraria me livrar destapasta quanto antes. A carga explosiva tem potncia

    suficiente para nos atirar at as nuvens. E a nica pessoaque conhece o momento da detonao sou eu.

    Enquanto a senhora estiver comigo e no

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    demonstrar nenhuma inquietao, nada poder meacontecer observou Lloyd com uma lgicairrepreensvel. Inclinou-se para a frente e abriu o vidroque os separava do motorista. Leve-nos de volta aoaeroporto voltou a fechar o vidro e dirigiu-se

    prisioneira. Seria bonito se nos apresentssemos. Jconhece meu nome. Como posso chamar a senhora?

    Tatiana Michalovna respondeu a dama em tom

    obstinado. Lloyd sentiu que no mentia. Em hiptesealguma descobrir mais que isto. Perry Rhodan e seus mutantes descobriro

    prometeu Lloyd em tom tranquilo e ficou satisfeito aoconstatar que sua interlocutora se assustou. Tenho umavio rpido no aeroporto. Daqui a algumas horas

    poderemos estar em Terrnia.A dama no respondeu. Seus olhos pensativos

    estavam pousados na pasta de couro, que estava de pjunto a Lloyd. Este percebeu o olhar e sorriu.

    No se preocupe madame. Na Sibriaencontraremos um lugar em que uma pequena explosono far mal a ningum. Por l j houve exploses bem

    maiores.A dama manteve-se num silncio obstinado.

    * * *

    O duelo espiritual entre Marshall e TatianaMichalovna no durou muito. A russa logo percebeu queno adiantaria ocultar a verdade. E houve outro fator comque no contava: Perry Rhodan.

    Comeou a falar com a voz hesitante. Tal quais todos os seres humanos, mantive uma

    atitude de ceticismo face Terceira Potncia. Para mim osenhor, Sr. Rhodan, era um traidor, pois se aliou a seres

    extraterrenos que aspiravam ao domnio mundial. bemverdade que impediu a guerra atmica entre o Oriente e oOcidente. Mas nem por isso tinha o direito de nos forar aingressar num processo evolutivo que avana com rapidezexcessiva, atirando-nos para fora da trilha que nos foi

    prescrita. Tambm teramos alcanado a unio mundialsem o senhor.

    No tenho a menor dvida admitiu Rhodansorrindo e piscou o olho. Teriam conseguido suamaneira, naturalmente. Acontece que eu fiz minhamaneira. H alguma objeo contra isto?

    H algumas. O fato que um belo dia eu meencontrei com um homem cujas ideias coincidiam com as

    minhas. Tambm ele condenava a Terceira Potncia edesejava a paz. Nossa paz. Entrei em contato com ele.Como nem desconfiasse das minhas capacidadestelepticas, descobri tudo. Uma quarta potncia est sendoformada; ser uma potncia puramente humana, que nadater que ver com os arcnidas e raas da Via Lctea. A

    poltica do Supercrnio terrena, no galctica. No nada inteligente disse Rhodan.

    Prossiga Michalovna.Resolvi me unir ao grupo do Supercrniodisse a

    moa com a maior naturalidade.A luta dele uma lutajusta, pois se dirige contra uma coisa que sempre serestranha nossa natureza.

    J houve um tempo em que as pequenas naes daEuropa julgavam as culturas vizinhas estranhas suanatureza objetou Rhodan. Hoje formam uma

    unidade.Trata-se de uma evoluo natural, no artificial...No diga isso. Deram um empurro.Apesar de tudo...No vejo a menor diferena. A Humanidade teve

    de se convencer de que no a nica raa inteligente queexiste no Universo. Deve se manter isolada, para ser ela,vitimada um belo dia por uma agresso? No ser muito

    melhor que nos adaptemos ao ambiente em que vivemos?No podemos fazer mais que isso. S uma Terra unidasob uma mo forte no perder a oportunidade de seintegrar na civilizao galctica. H alguns anos ainda se

    julgava que essa evoluo dos acontecimentos se situavanum futuro muito distante; parecia o sonho de umalucinado. Hoje ingressou no mundo da realidade.Devemos tomar nossa deciso, e muita gente j o fez.

    Nem mesmo um Supercrnio pode modificar isso.Nem pretende faz-lo. Apenas ope-se ao domnio

    exclusivo que o senhor quer exercer.Rhodan sorriu e lanou um olhar rpido para John

    Marshall.

    Se aspirasse ao domnio exclusivo, j o teriaalcanado. A senhora no deixar de reconhecer isso.

    A moa hesitou. verdade. Por que ainda no o conquistou?Porque no fao a menor questo disso. A polcia

    deve cuidar da ordem, mas nunca deve governar. Ento acha que lhe cabe o papel de polcia

    mundial?Talvez, mas isso no deve ser levado ao p da letra.

    Prefiro que me considere um desbravador de caminhos.A moa no respondeu, mas seu rosto revelava que

    refletia intensamente. De repente John Marshall, otelepata, disse:

    Michalovna, por que ser que no consigo captarclaramente todos os seus pensamentos? Nunca encontreiuma pessoa que conseguisse ocultar seus pensamentos demim.

    Pois desta vez o senhor acaba de encontrar umapessoa destas disse Tatiana com um sorriso desuperioridade. Alm da telepatia possuo outrafaculdade, que aparentemente ainda no se tornou tocorriqueira como supus. Posso instalar um bloqueiovolitivo contra qualquer tipo de influncia estranha.

    bem possvel que esse bloqueio tambm isole meuspensamentos do mundo exterior, impedindo que sejamcaptados por um telepata.

    A senhora sabe se resguardar contra qualquerinfluncia estranha? perguntou Rhodan bastanteinteressado.Ser que h necessidade disso? Os hipnosso muito raros.

    O Supercrnio um hipno disse Tatiana,enfatizando as palavras.

    Rhodan contemplou-a por algum tempo; depoisacenou lentamente com a cabea.

    Quer dizer que a senhora sabe se defender de umainfluncia hipntica exercida a distncia?

    Esperou at que a moa confirmasse com um aceno decabea e prosseguiu:

    Mesmo neste instante estaria em condies de agir

    contra vontade do Supercrnio?A moa voltou a confirmar com um aceno de cabea.

    J sabe que costuma ordenar a qualquer

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    colaborador aprisionado por ns que morra?Tatiana empalideceu.

    E da?perguntou, assustada. A pessoa obedece e morre respondeu Rhodan

    em tom brutal. Por isso recomendo-lhe que tomecuidado para que seu bloqueio volitivo resista.Provavelmente o nico ser humano sobre o qual oSupercrnio no consegue exercer qualquer influncia,

    com exceo de ns, evidentemente. possvel que possahaver certa influncia, mas nunca o comando dirigido aonosso corao, de suspender sua atividade.

    Isso uma coisa horrvel! exclamou Tatiana.No podia se conformar com o fato de que seu chefe eraum homem sem escrpulos. Rhodan tirou proveito dasituao.

    O Supercrnio fez com que uma das nossascompanhias se amotinasse e atirasse contra seuscompanheiros. Felizmente conseguimos evitar o pior.

    Tatiana cobriu o rosto com as mos.E eu estava to cega que quase chego a assassinar

    cem pessoas inocentes. Aquela bomba...

    No pense mais nisso disse Rhodan baixinho eem tom insistente. J houve gente que fez coisa muito

    pior, de boa f. A senhora agiu de acordo com suasconvices. Assim que estiver recuperada do susto, Lloyda levar de volta para Moscou. Ningum a obrigar a ficarconosco.

    A moa olhou-o, espantada.Vai me colocar em liberdade?Por que iria segur-la? No acredito que a senhora

    caia mais uma vez na tolice de se deixar levar por simplesfrases. O Supercrnio no apenas um nacionalistaestpido, mas tambm um criminoso vido de poder.Ainda vou descobrir quem se oculta atrs da mscara do

    Supercrnio.Tatiana levantou a cabea e encarou Rhodan, um tanto

    espantada. De repente sorriu.No sabe quem o Supercrnio? perguntou em

    tom perscrutador.Rhodan sacudiu a cabea. Subitamente seus olhos

    cinza-azulados tornaram-se frios e emitiram um brilhoenrgico. Inclinou-se para frente.

    Ser que a senhora sabe?Tatiana acenou com a cabea e saboreou seu triunfo.

    Sei; at o conheo pessoalmente.

    3

    Nas imediaes da regio onde em 1.945 foi detonadaa primeira bomba atmica, um reator experimental entrouem pane em fins de 1944. As radiaes liberadas peloacidente mataram muitos cientistas e trabalhadores, masoutros tantos escaparam com vida.

    Um deles foi o fsico Monterny, que casou poucodepois. Foi um casamento breve, mas feliz. Em 1.945 suamulher presenteou-o com um filho, Clifford Monterny.

    Clifford era um mutante de primeiro grau, um hipno depotncia inacreditvel.Seguindo o exemplo do pai, estudou fsica. Sua

    inteligncia extraordinria levou-o a conquistar posies

    importantes e uma fortuna aprecivel, mas quase chegou aenvelhecer antes que descobrisse suas capacidadesanmalas. No tinha a menor dificuldade em impor suavontade a outras pessoas. Levou dois anos para descobrirque a distncia no impunha qualquer limitao influncia por ele exercida. Depois de ter visto umhomem uma nica vez, conseguiria localiz-lo do outrolado do mundo e submet-lo sua influncia.

    Clifford Monterny era gordo e flcido; no tinha umaspecto muito atraente. As mulheres evitavam-no, e essacircunstncia talvez tivesse exercido alguma influnciaem seu carter. A expresso de seus olhos pequenos eafundados nas rbitas sempre era de inveja edesconfiana. Com trinta e dois anos j tinha a cabeacompletamente calva e quase sempre andava de chapu.Sua inteligncia extraordinria formava um contrastechocante com seu aspecto desagradvel.

    Teve sua ateno despertada pela formao daTerceira Potncia e pelos xitos alcanados por PerryRhodan. Acompanhou a formao do Exrcito deMutantes e por mais de uma vez tomou a deciso de se

    colocar ao dispor de Rhodan. Mas nunca o fez.No era ele mesmo um mutante? No poderia dirigir

    os destinos da Humanidade se o desejasse? No estariaem condies de reunir um poder maior do que jamais umhomem teve em suas mos? No poderia formar seu

    prprio exrcito de mutantes?Foi assim que Clifford Monterny comeou a reunir, s

    escondidas, seu prprio grupo de mutantes.Clifford Monterny transformou-se no Supercrnio, um

    homem que quase ningum conhecia e que parecia estarem todos os lugares, ou em lugar nenhum. Sua fortuna

    permitiu-lhe construir um verdadeiro castelo nasMontanhas Rochosas de Utah. Menos de cem quilmetros

    ao leste do grande lago salgado, ao p do Emmons Peakcom seus quatro mil e noventa metros de altura, ficavasua fazenda de nove quilmetros quadrados. A casa aliconstruda parecia uma verdadeira fortaleza, que poderiaser considerada inexpugnvel. As conquistas da tcnicamoderna permitiam-lhe detectar e vigiar qualquervisitante, e elas o defenderiam eficazmente contraqualquer ataque.

    Quando atingiu a idade de trinta e cinco anos, suascapacidades telepticas estavam totalmente amadurecidas.Alm de seus dons hipnticos, sabia dominar qualquerhomem com quem se tivesse encontrado uma vez quefosse, captando o modelo de suas vibraes cerebrais.

    Para um homem desses no haveria escapatria: oSupercrnio saberia localiz-lo, onde quer que ele seescondesse.

    Num trabalho silencioso, o quartel-general de umanova potncia foi instalado nas montanhas rochosas deUtah; tratava-se de uma potncia que poderia representarum perigo mesmo para Perry Rhodan. O primeiro ataque,de natureza econmica, desfechado contra a TerceiraPotncia, foi rechaado por Rhodan. Mas o Supercrnio

    passou a utilizar mtodos mais diretos.Foi nesse estgio dos acontecimentos que Perry

    Rhodan teve conhecimento da identidade daquele homem,at ento desconhecido.

    * * *Todos os servios secretos do mundo se haviam

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