Planejamento de Pesquisa (Luna)
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7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
1/25
PUC-SP
Reitor:
Maura
Pardini
Bicudo
Vras
Yice-Reitora
Acadmica: Bader
Burihan
Sawaia
EDUC
-
Editora
PUC-SP
Conselho
Editorial:
Ana Maria
Rapassi, Bader
Burihan
Sawaia
(Presidente),
Bernardete
A. Gatti,
Cibele Isaac
Saad
Rodrigues,
Dino
Preti,
Marcelo Figueiredo,
Maria
do
Carmo Guedes,
Maria Eliza
Mazzilli
Pereir4
Maura
Pardini Bicudo
Vras,
Onsimo
de
Oliveira
Cardoso,
ScipioneDi
PierroNetto
(rn
memoriam),Yladmir
O. Silveira.
&tuld(M
i\
.E DEL
Hr
H
EtrtrEQyfl
Sergio
Vasconcelos
de
Luna
PLANEJAMENTO
DE
PESQU
ISA
UMA
INTRODUO
Elementos
para uma
Anlise
Metodolgica
EEP,F
2007
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
2/25
Luna,
Sergio
Vasconcelos
de
.
Planejamento
de
pesquisa:
uma
introduo
/
Sergio
Vasconce_
los
de Luna.
-
So
Paulo:
EDUC,
1996.
108 p.
;
l8
cm.
-
(Srie
Trilhas)
Bibliografia
rsBN
85-283-0103-6
l.
Pesquisa
-
Metodologia.
I.
Ttulo.
II.
Srie.
cDD
001.42
CaLtlogao
na Fonte
-
Biblioteca
Reitora
Nadir
Gouva
Kfouri/pUC_Sp
Reimpresses:
Srie
Trilhas.
Dirigida
por
Maria
Eliza
Mcuzilli
Pereira
Direo
Migtel
ll/ady
Chaia
Produo
Maria
Eliza
Mazzilli
pereira
Reviso
Sonia Montone
Editorao
Eletrnica
Elaine
Cristine
Fernandes
da
Silva
Capa
Projeto:
ngela
Mendes
Realizao:
Patrcia
Russo
e
pedro
Martins
Rua
Monte
Alegre,
971
-
Sala
3gCA
05014-001 -
So Paulo
-
Sp
Telefax:
(l
l)
3670-8085
E-mail:
Site: www.pucsp.br/educ
l"edio:1996
r
998
(2),
1999,
2000,
2002,
2003,2005,2006,2007
SUMARIO
...,,.,,
7
DE
PESQUISA
TO{ADA
DE DECISES
ffiaodotermopesquisa
......13
OFqtudepesquisa.
......26
O;ilemadepesquisa. ....27
t-d-itaaodasfontes
deinformao
...... 48
"ildcfu
dos
procedimentos
de coleta
de informao . .
58
hpausaparareconsiderao.. ....60
.d[fiasformao clas
informaes
e
tratamento cle
dados
63
/fgwralidadedoconhecimento...
.........
68
$
IE1IISO DE LITERATURA
If,MPARTE
INTEGRANTE DO
PROCESSO
mFoRMULAO DO
PROBLEMA
.
.. .. .. .
80
AQrms objetivos
da reviso
cle
literatura. . . . . .
82
Lmlizao
e identificao de
material
lmcialmenterelevante
....88
Alondeetroceclernotempo?
......93
Gomoiniciarolevantamentobibliogrfico
....94
Aorganizaodotexto
.....95
Adequao
do tipo e
da
quantidade
cle
intbrmao:
Esumo
uenrusclescrioverslts
crtica
. ......
97
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
3/25
Fontes
primirias
yerirrrs
fbntes
secundrias.
.
.
.
Citaes
diretas
REFERNCIAS
BIBLIOGRFICAS
.
NOTA
SOBRE
O
AUTOR
t02
103
106
108
PREFCIO
Ao
l,ongo
do
muitos anos como
professor
de
Cienfi ca,
beneiciei-me
de
inmeros
o assunto
que,
de
uma
forma
ou de
outra,
razo
ou
por
outra, serviram
para
subsidiar
sobre
a
pesquisa
cientica
em diferentes
do
curso.
Com
certeza,
jamais
encontrei
tErf,o"
quepreenchesse
os
requisitos do curso
que
1rcendia
lecionar, mas
pouco provvel
que
tE
professor,
minimamente
inquieto,
o
tenha
b.
Alis,
esta deve
ser a
razo
pela qual
muitos
ssores
acabam
escrevendo
seus
prprios
livros
ryitus.
Fosse
como
forma
de ir
"compondo"
uma
bi-
hgraia
mais
prxima
dos
meus
objetivos,
fosse
denecessidade de
azer
os alunos
coniontarem-se
ut
diferentes
autores
-
e,
conseqentgmente,
com
ftrcntes
idias
sobre os assuntos em discusso
-,
rrbei aderindo
idia
de
ir busca,
para
cada
tpico
eser
discudo, os
autores
que
melhor
exprimissem
r
questes
centrais
sobre
ele e o debate
que
se
tirvava
em torno
dele. Mas, se
essa
deciso
satisfazia
e minha inteno no
que
se
referia
a programa
de
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
4/25
curso,
era
certo
que
o
recurso
era
insuiciente,
tanto
em
relao
minha
contribuio
como prof.essor,
quanto
no
que
dizia
respeito
s ligacs
que
o
aluno
podia
estabelecer
a
partir
daquilo
que
poderia
pare_
cer
a
ele
"urla
colcha
de
retalhos,,.
A
alternativa
era
ansbrmar-me
em
autor,
ainda que
moJestarncntc,
redigindo
notas
de
aula.
Pualelamente
s minhas
a.ividacles
como
pro_
'essor (a
rnaior
parte
do
tempo
iunto
a
programas
clc
Ps-Graduao),
somava-se
uma
atividacle
de
orien-
tador
de
teses
e
dissertaes
e de
membro
cle
bancas
de
exame
de
qualilicao
e rle
de'esa.
Nessas
ativi_
dades
inter'eria
uma
conclio
possivclmente
cli.e_
renciada
em relao
a outros
pro'essores
de
ps_gra_
duao:
provavelmente
ent
virtude
do
tempo quc
dediquei
ao
ensino
da
Metodologia
Cientlica
e/ou
por
causa
do
meu
declarado
interesse
pelas
questcs
metodolgicas,
havia quase
sempre
unta
expectativn
de
que
minha parcipao
em bancas
cobrisse
parti_
cularmente
o
aspecto
metodolgico,
a
par
le
outras
questes
que
eu
tivesse para
analisar.
Essa
circuns_
tncia,
aliada
ao
meu
hbito
de
redigir
argies,
levou-me
a
focalizar
minha
ateno
em
problemas
metodolgicos
recorentes
e
a
sistematiz_los.
Finahnente
-
e
como
as
coisas
nunca
ocorrenl
por
acaso
-
tive
oportunidade
de
participar
de
vrios
eventos
em
que
o
tema
central
era
a
ntetodologia
ou
a atividade
de
pesquisa
na
Universidade.
por
hbito
ocrncia,
minha tendncia
foi sempre
a de
ses
eventos
o exerccio
derelexo
sobre
que
encontrava
em
lneus
cursos,
nas
cm
que
argra
e,
obviamente,
na
prpria
que
estudava.
l$b
demorou
para que
esses
exerccios
de
re-
-transfomados
em
textos
-
virassem
publi-
oa
paa
servirem
a
ins didticos
em
meus
[fis
cursos,
ora
por
bra da
(boa)
tradio
de
se
Lcrem
textos
apresentados
em
eventos.
No
en-
ffi,adespeito
da
qualidade dos veculos
em
que
rtgos
foram
publicados,
uma
srie
de
razes
ffi
fazendo
com
que
sua
circulao
licasse
res-
r
rendo uma
das
publicaes se esgotado
muito
naamente
e
nunca
mais sendo
reeditada.
Apesar
&,
com
freqncia
eu era
solicitado
a
emprestar
orlrrt
desses
textos
e
fiquei
mesmo
sabendo
que
qas
em
xerox deles
eram
recorrentenente
usadas
c
ctnros
em
di'erentes instituies.
Em vista disto,
comecei
a
cogitar
a
idia
dc
rrnir
todos
os artigos
em
uma
publicao
nica.
Ha
prpria
exposio
feita at
aqui,
j
deve
estar
droque
minha
inteno
no
a depublicarum
livro
tMetodologia
da
Pesquisa
ou
Cientica:
os
assun-
h Eatados
e
a
sua
abrangncia
nem
permitiriam
mgit-lo.
A
deciso
de faz-lo teve trs
intenes
ilsicas:
condensar
experincias
tanto
como
orienta-
dor
de alunos
(principalmente,
mestrado
e
doutora-
-
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5/25
do), quanto
como
membro
de
bancas
de
exames
cle
qualificao
e
de
de'esa;
sistematizar
anotaes
de
aulas
em
cursos
de
metodologia
que
venho
minis_
trando
h
alguns
anos;
e
integrar
a esse
coniunto
os
textos que
redigi
para exposio
em
eventos.
Ao
mesmo
tempo,
o
relanamento
deles
visa,
tambm,
dar-lhes
uma
direo
mais
detinida
em
termos
de
sua
divulgao.
Dada
a
minha
explcita
inteno
de
que
o
con_
tedo
desse
texto
tenha
inalidade
didtica
em rela_
o
reflexo
sobre
alguns
aspectos
da
ativicladc
de
pesquisar,
julgo
procedente,
de
incio,
fazer
duas
declaraes
de
princpio.
A
primeira
diz
respeito
ao
valor
relativo
quc
atribuo
aos
cursos
de
metodologia.
euanto
mais
me
envolvo
com
eles,
mais
me
conveno
de
sua
insuli_
cincia
para
a brniao
de
pesquisadores,
sotrretudo
quando
eles
so
usados
como
substitutos
d
ativicla_
de
de
pesqsa.
A
metodologia
um
instrumento
poderoso
jus_
tamente
porque
representa
e
apresenta
os
para
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
6/25
certamente
no
corria
o
risco
de
levar
os
alunos
a
substituirem
o.fazer
pelo
falar
sobre.
Voltando
ao
ponto
inicial,
gostaria
de
nos
ver
a
todos
discutindo
metoclologia
em
meio
atividadc
de pesquisa,
ent
vez de nos ocupIrmos
com
quantt
metodologia
conseguimos
colocar
em
1 ou
2
semes_
tres.
Mas,
enquanto
nossos
currculos
no
substitu_
rcnt
crrlitos
em
cursos
por
oividades
de
pe.rquiso,
no
faz
sentido
discutir
a
ellcincia/sul,icincia
rlos
cursos
de
metodologia:
eles
continuuo
sendo
um
mal
necessrio.
Todavia,
permanece
verdacle
que
seu
contedo
servir
apenas
como
possvel
roteiro
para
trtividades
de
pesErisa.
se
estas
ocorrerem.
A
segunda
declarao
que
fao
decorrncia
da primeira.
A
realiclade
a ser
pesquisada
infinita_
mente
maior,
mais
complexa
e
rnais
diversilicada
do
que
qualquer
brmalizao
didtica
cla
atividade
do
pesquisador
(e
a
metodologia
no passa
disto).
As_
sim,
o
valor
das
consideraes
f.eitas
aqui
restrin_
ge-se
oportunidade
de
se
reletir
sobre
questes
metodolgicas;
o risco
que
se
corre
o
de
elas
virem
a ser
transbrmadas
em
modelos
e
padres
a serem
seguidos.
]II\TEJAMENTO
DE PES
QUISA
OOMO
TOMADA
DE DECISOES
do
termo
pesquisa
Se
foi
possvel,
em
unt
certo
perodo
d
a
hi stri a
fua,
estabelecer
parmetros e
limites
para
o
que
era
pesquisa, de
h
muito
pode-se
que
ningum
sair
ileso
de
tal
empreitada,
e
o
tenho
iluso
de constituir
exceo
a
essil
tgla".
As razes
que
justiicam
essa afirmao
ffi
alm
das
possibilidades
deste
livro,
seja
em
*qo,
seja
mesmo
em
necessidade,
j
que
outos
ffes
cuidaram
disto.
No
entanto,
importante
mpera
alguns
dos
argumentos
que
do
sustenta-
o
a
ela, na medida em que ajudam a
entender
a
rcituao
de
pesquisa
que
proponho
e
que
adoto
mlongo
do texto.
O
sentido
da
palavra metodologia
tem
variado
o
longo dos
anos.
Mais
irnportante,
tem
variado
o
Mtus atribudo
a ela
no contexto
da
pesquisa.
Em
Jguns
mbitos
profissionais,
metodologia
associa-
daaEstastica,
e
Demo
(1981)
sugere
que,
na
Am-
rica
Latina,
metodologia
se
aproxima mais
do
que
se
@eria
chamar
cle
Filosofia
ou
Sociologia
da
Cin-
l3
-
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cla,
enquanto
a
disciplina
instruntental
ref.erida
como
Mtodos
e
Tcnicas.
Mts
importnte,
porm,
que
s
conotaes
que
possam
ser
atribudas
ao
termo,
bram
as
ftansbrmaes
que
solreu
o
seu
staus
dentro
do
cenrio
da
cincia.
be
ato, reconhe_
ce-se,
hoje,
que
a
metoclelogia
no
tent
stutus
pr_
pr o, precisandleilIinida
Cni
urn
cor,_
lgqtl
qq
:ry
qlqqgto
gl
co.
Efi
ou
tras
ai
ati.{,
arran
J_
dessas
consideraes,
a atividade
pode
ser
razoavelmente
conceituada
e
Na
medida
em
que
meu
conceito
de
embasa
o
restante
do texto,
julgo
proce-
t-lo.
rslevante
terica
e
socialmentc
A discusso
do
critrio
Por
trs
do
*novo"
ser feita
mais
amplamente
quando
da distino
entre
o
pesquisar
e
o
prestar
um
pouco
adiante.
Por
enquanto,
sufi-
esclarecer
que
ele
subentende
um
conheci-
Wepfsicinolgicos.'
econnecimento
do podr
rclativo
d
lnctdologia
tem
por
trs
outra
decorrncia
cla
evoluo
do pcn_
samento
epistemolgico:
a substiLuio
a
trusca
r/n
:,r_: r:,1,
l"ta
enlativa
delnrenrar
po.tr
c*ptica_
uvo
das
teorias.
Neste
contexto,
o
papcl
tlo
psqui_
-gdg{_P-lsa
.1
ser
-o_d9
unt
intipier
oa
reatioarte
pesquisada,
segnOo
oi
instrumentos
conridos
pela
sua
postura
teOric_piiteinlgica.
Na,
,.
.r-
pera,
hoje,
que
ele
estabele
or"rridodrdas
suas
constataes.
Espera-se,
sim,
qlg.gLe_
seja-capaz
dc
:-_p__y.:
'
vuu(r
lrdr.lVtA,
aOAnOO_
1oy.-s9-(.oyJetsejbandonando)
a itJia
dc
q.uc
raa
S:atquclsenrid
Oisrir
a
nGlortblogia
t.ort
rtc
uin
9m9sar
-
seeundo
cliteripUiiA
;firirl
I
Defenclo
o
compronrisso
social
clo
pesquisaclor
em
sua
tividade
cientica,
mas
a
histria
cta
cincia
;;;
il;;;;a
ingnuo
cobrar
de
todas
as
pesquisas,
o
tempo todo, uma
aplicao social
imecliata-
decimento.
O
julgamento
ltimo
da
novidade
e
r
importncia
do
conhecimento
Produzido
feito
;de
comunidade
frciente
para
deixar
claro
que
no
me
reiro
a
alquer
tipo
particular
de
pesquisa,
nem
a
uma
ebordagem
particular,
mas
a
exemplificao
de al-
guns
objetivos
a
serem
atingidos
por
uma
pesquisa
pode
esclarecer
melhor
essa
afirmao:
Jt
-
demonstrao
da
existncia
(ou
da
ausncia)
de
relaes
entre
diferentes
l'enntenos;
a
rea
de c,o-nh9im9[ Q,
O
carter deliberadamente despojado
do
con-
cito
de
pesquisa
apresentado
acima
deveria
ser
su-
t4
l5
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
8/25
$-
-
estabelecimento
dtr
consistncia
interna
entre
cohceitos
dentro
de
uma
dada
teoria;
.L
-
desenvolvime:rtq
de
novas
tecnologias
ou
111o11raeao
dE{rovas
aplicaes
de
recnologias
coecidas;
;-
-
aumento
da
generalidade
do
conhecimento;
^
i
-
descrio
das
condies
sob
as
quais
um
fenmeno
ocorre.
Os
elementos
brisicos
da pesquisa
Qualquer que
se.ja
o
rel.erencial
terico ou
a
metodologia
empregada,
uma
pesquisa
implica
o
preenchimento
dos
seguintes
requisitos:
.l':
t)
a
formulao
de
um
probl.nro
de
pesquisa,
isto
,
de
um
conjunto
de
perguntas
que
se
pretende
responder,
e
cujas
respostas
mostrem_se
novas
e
relevantes
terica
e/ou
socialmente;
F
2)
a
determinao
das
inbrmaes
necessrias
para
encaminhar
as
respostas
s
perguntas
.eitas;
}
3)
a
seleo
das
melhores
bntes
dessas
infor_
raes;
i-
,
4)
a
deinio
de
um
conjunto
de
aes
que
produzam
essas
i
n
fonnacs
;
;-
5)
a
seleo
de
um
sistema
para
tratmento
dessas
infonnaes;
J,
6)
o
uso
de
um
sistema
terico
para
interpreta_
o
delas;
7) a
produo
de
respostas
s
perguntas
formu-
pelo problema;
#
*l a indicao do
grau
de coniabilidade
das
obtidas
(ou
seja,
por
que
aquelas respostas,
condies da
pesquisa.
so as
melhores
respos-
possveis?);
{
9)
finalmente,
a
indicao da
generalidade
dos
tados,
isto
, a
extenso dos
resultados obtidos;
nmedida em
que
a
pesquisa
foi
realizada sob deter-
nadas
coldies,
a
generalidade
procura
indicar
ftuanto
possvel)
at
que
ponto,
sendo alteradas as
oondies,
podem-se
esperr
resultados
semelhantes.
Esta
seqncia est
ilustrada
no
esquema
ntgina 78 e
ser retomada ao
longo
do
livro.
Antes
de
prosseguir, paro
neste
ponto
para
mgerir
ao
leitor
que
relita
sobre
uma
questo:
exa-
tamente,
que
tendncia
metodolgica
particular
caracterizada
por
esses
requisitos? Ou,
de
outra
br-
ma, que
corrente metodolgica poderia
dispensar
qualquer
um
deles?
Neste ltimo caso, o
que
permi-
ria continuar
falando em
pesquisa?
Mia resposta
a
ambas
as
perguntas
acima
"nenhuma",
e
passo
a
justific-la
usando cada
um dos
requisitos
acima
mencionados.
Os e'eitos da
inexistncia
de um
problema
de
pesquisa (ou
de
uma pergunta
que
se
queira
respon-
der)
parecem
claros
e
no
dependem
de
muita
l6
t7
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
9/25
discusso.
Ele
precisa
existir,
mesmo
que
sob
a
forma
de
uma
mera
curiosidade,
para
dirigir
o
trabalho
de
colcta
deinformaes
e,
posteriormente,
para
orga_
niz-las.
Oifcit
argumentar
contra
a
l.ormulao
de
problemas
de
pesquisa
e
desconheo
a
existncia
de
uma
corrente
metodolgica
que
o aa
seriamente.
Vez
por
outra
surgem
alegaes
de
que
a
l.or_
mulao
de
problemas
de
pesquisa
uma
imposio
de
metodologias
tradicionais.
No
entanto,
a
meu
ver,
a maioria
dos
argumentos
o.erecidos
neste
sentido
tem
uma
concepo
equivocada
de
,,problema
cle
pesqui
sa". Por exempl
o,
de'ensores
d
a
chamacl
a
pes_
quisa-ao
sustentam
no
serpossvel
a
formulao
prvia
de
problernas
em
virtude
de
isto
ser
parte
do
prprio
processo
de
pesquisa,
devendo,
portanto,
brotar
dele.
No
tenho
objees
a
essa
maneira
de
encarar
o
problema
de
pesquisa.
Entretanto,
se
cabe
ao
pesqui_
sador
um
papel
de
desencadeador
desse
processo
ou,
ainda,
se
cabe a
ele qualquer papel
di'erencial
que
o
qualifique
como
pesquisador,
ento
necessrio
que
ele
nos
devolva
uma
anlise que
indique
qual
cra
o
problema
original
(que
poderia
per'eitamente
ter sido
"como
levar
este
grupo
a descrever
e
identilicar
suas
diiculdades?"
ou
algo
no
gnero)
e
que
resposta
obte_
ve.
Note-seque
estou
azendo
uma
clara
disno
entre
a
resposta
s
questes
sociais
que
poderiam
ter
gerado
a sua
ao
no
grupo
ou
comunidade,
e
a
resposta
ffieae
enquanto
pesquisador
comunidade
[Lr
sumo,
toda
pesquisa
tem um
problema,
variar
quanto
na-
sua
formulao
possa
ur
molaridade.
Osrequisitos
seguintes
(2,3
e4) dizem
respeito
de
um
conjunto
de
passos
que
gerem
relevante,
isto
,
o
procedimento.
No
GIno
uma
pesquisa
possa
dispensar
procedi-
e
a
razo
para
isto
simples. Se
o
problema
a
pesquisa
no
pode
ser respondido direta-
(caso
contrrio
no
teramos um
problema ),
fica
que
a
realidade
no
pode
ser apreendida
Srmente,
mas
depende
de
um
recorte dela
que
,tpsentido.
Esse
recorte
garantido pelo
procedi-
Eto
que
seleciona
as
inbrmaesnecessrias
para
-
leitura
pelo pesquisador.
Diferentes tendncias
ffirecortes
dif'erentes,
mas no
podero
prescindir
pocedimentos
de
coleta
de
informaes.
Os
critrios
5 e
6
justificam-se
pela noo
de
'Lwrte"
da
realidade,
mencionada
acima.
Res-
ctas
aum
questionrio,
transcries
de enlrevistas,
qrmentos,
registros de observao
representam
rpenas
"informaes"
espera de um
tratamento
rye
lhes
d
um
sentido
e
que
permita que
a
partir
ddas
se
produza
um
conhecimento
at ento
no
dEsponvel.
E,
aqui,
fecha-se
o crculo
da
teoria
em
relao
pesquisa
(ver
esquema),
j
que
o
sistema
18
t9
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
10/25
de
tratamento
das
informaes
depende
do refer_
encial
adotado
e
que,
por
sua
vez, gerou
o
problem4
as
perguntas
a serem
respondidas
e
o
procedimento
para
a
coleta
de
inbrmaes.
A
questo
da
confiabilidade
da
resposta
o-ere_
cida
pela
pesquisa
pode,
resumidamente,
ser
coloca-
da
da seguinte
'orma:
se a
resposta (ou
respostas)
produzida
pela
pesquisa
depende
da
interpretao
das
informaes
geradas
pelo
procedimento,
o
pes_
quisador
deve
oferecer garantias
quanto
sua
ade_
quao
(a
alternativa
colocar
o
interlocutor
na
posio
de
acreditar
ou
no
no
resultado
oferecido,
em
vez
de
torn-lo
um re-intrprete
dos
resultados ).
Freqentemente
(e
cada
vez
mais),
as
inbrmaes
geradas
pelos
procedimentos
de
pesquisa
consistem
em
massas
de relatos
verbais,
verdadeiros
discursos
(como
se
diz
hoje) que
em
geral
no
so
colocados
disposio
do
leitor,
ou
pelo
seu
volume
ou
mesmo
pela necessidade
de
manuteno
do
sigilo.
Contudo,
ainda
nestes
casos,
o
pesquisador
no pode
se
'urtar
dvida
de
expor
os
meios
de
transbrmao
da
informao
em
dado
e
de
argumentar
a avor
da
sua
adequao.
A
ausncia
desse
compromisso
tem
transformado
muito
do
que
comeou
como
pesquisa
em mani'esto
ou em
romance.
Embutida
na questo
da
ficledignidade,
existe
outra
questo.
Uma
vez
tratadas
e
analisadas
as
informaes,
o
pesquisador
chega
resposta
(ou
ao
seu
problema.
Consideradas
as
cir-
em
que
foi
realizada
a
pesquisa,
por que
oferecida
a
melhor
resposta
possvel?
respostas
alternativas puderam
ser
descarta-
Apenas como
exemplo
da
importncia
dessa
lembro a
ieqncia com
que
termino
a
de
uma
"pesquisa"
com a
sensao
de
que
a
estava
pronta
antes
de a
pesquisa ser
reali-
e teri
sido oferecida
independentemente
das
coletadas
e
das anlises
'eitas.
'
O
ltimo
itern
da seqncia
ser
mais detida-
Erte
analisado enr
um tpico
parte,
no
final
do
fuo,
dedicado
generalidade
dos
resultados.
Por
b,
basta,
no momento, uma
breve
meno
a
ele
gra
completar
o
quadro
dos
requisitos da
pesqsa
k
mais
abrangente
que
possa
ser,
uma
pesquisa
ma
sempre utn
"pedao",
uma
amostra
de um
Enmeno
para
estudo;
at
demonstrao
em contr-
do,
os
resultados
a
que
a
pesquisa
chega
-
se terica
c metodologicamente
corretos
-
tm
sua
validade
restrita
s
condies
sob
as
quais
foi
realizada.
Cabe
a
pesquisador
indicar o
grau
de
generalidade
que
se
lnssa
vir a
aibuir
a
eles, ou
seja, em
que
medida
eles
podem
ser
estendidos
a
situaes
no
contem-
pladas
pela
pesquisa.
Logo no incio
deste
tpico
eu
afirmei
que
c
requisitos
propostos
para
uma
pesquisa
independiam
da
natureza da
pesquisa
e do
re'erencial
adotado.
20
2t
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
11/25
Feitas
as
consideraes
acima, pergunto:
sob
que
condies
uma
corente
metodolgica
qualquer
po_
deria
eximir-se
de oferecer
respostas
a
essas
questes?
E,
se
puder,
por
que
razo
as
respostas
oferecidas
por
uma
pesquisarealizada
sob
essa
orientao deveriam
merecer
algum
crdito?
O
pesquisar
e
o
prestor
servios
A
evoluo
das
matrizes
epistemolgicas
quc
presidem
pesquisa em educao
e as
preocupaes
com
os
determinantes
sociais
do fenmeno
educa_
cional
produziram
uma
alterao
sensvel
no
padro
de
pesqsa
nos
ltimos
anos.
Ocorreu
uma
imerso
mais
profunda
do
pesquisador
na
situao
natural,
aumentando,
em
muito,
a relevncia
dos
conheci-
mentos
produzidos.
Ao
mesmo
tempo,
aumentou
o
compromisso
do
pesquisador
com a
transformao
da
realidade
pesquisada,
seja
pela
interveno direta,
seja pela
explicitao
das
implicaes
sociais
do
conhecimento
produzido.
O
problema
todo
que,
se
imerso
na realidade
e
compromisso
com
ela
so
sempre
produtivos
em
termos
de
ao
relevante,
isto
no
suficiente para
caracterizar
a
pesquisa.
Entra
aqui
uma
distino
ente
uma
prestao
de
servios
e uma
pesquisa.
Antes
de
faz-lo,
porm, julgo
'undamental
prestar
esclarecimentos
no intuito de
prevenir
mal-
-No
h,
na
distino, tentativa
de
estabelecer
de valor
sobre
qualquer
uma das avidades.
O
critrio
para julg-las
ainda
o da
qualidade,
do
ponto
de
vista do conhecimento
produzido,
m
que
diz
respeito
ao
servio
prestado.
-Formalmente
falando,
no
h nada
que
impe-
um
profissional
pesqse
uma
realidade e, o
mo
tempo,
preste
servios aos
envolvidos
nela.
'lhmr
ponto
de
vista,
este
seria
o
profissional
ideal.
-Poroutro
lado, mesmo
quetodos
os
profissio-
ris
soubessem/quisessem/pudessem
faz-lo,
essa
&ino
ainda
faria
sentido,
na
medida em
que
Sas as atividades
-
pesquisa
e
prestao
de
servi-
16-
lssumem caractersticas
diferentes,
no
mnimo
qpento
ao seu
ponto
de
partida
e
de
chegada,
confor-
reindico a seguir.
A
distino
pode
ser
melhor
caracterizada
re-
Smando-se um
dos
critrios
para
definir
a
pesqui-
se
proouo
de conhecimenio
novd Ao
se
realizar
uma
pesquisa.
espera-se
que
o
ponto
de
partida
cuia
resnosta
no
I oontre explicitamente
na literatura;
conseqente-
mente,
a
resposta
obtida
ao final
da
pesquisa
-
mnstatada
a
coneo metodolgica
-
deve
ser relevan-
te
para
a
comunidade
cientfica,
no
apenas
por
se
tratar
de uma
resposta, mas,
principalmente, por
se
tra-
22
23
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
12/25
tar
de
uma
resposta
importante
de
ser
obticla.
Destr
forma,
pesqu$ador
e
a
go.tn .UljlSlgSlggfrtga,
rnzo
pels
(
Nos projetos
de interveno,
o
proissional
(e
\
naO
necessafiamgntg
O Desouisador\ q
,r
cenrinn da
i
_
r_".15_r,suvrr,
volq
s
owr
Yrvu
tt;
,
I
u*
rntertocutor
(indivduo,
grupo
ou
comunidade)
/
_-__,
D-El/v
vs
vvr.rurrrusuv,
/
que
apresenta
um
problerna
que,
para
maior
Iacili_
,
dade
de
comunicao,
identiictrei
aqui
como
,,quei-
xa".
Cabe
ao
profissional
identijc_la
ou
levar
seu
interlocutor
a
identiic-la
e
colocar
sua
habilitao
a
servio
do
encaminhamento
cle
solues.
Desta
brma,
um
projeto
de interveno
parte
d
,,queixa,,
(ou
da
necessidade
de
identijc-la)
e
tem
como
ponto
de
chegada
a
sua
soluo.
Se
isto
ocorrer,
ter-se-
caracterizado
uma
adequada
prestao
de
servios.
Se
essas
consideraes
soam
bvias,
sua
obvi-
edade
parece
diminuir
quando
o
projeto
de
interven_
o
envolve
pesquisa,
ou
seja,
quando
seu
autor
(ou
autores)
qualiica-o
e
apresenta-o
como
umapesqui_
sa.
Nestas
circunstncias,
tenho
observado,
no
relato
dele,
a ocorrncia
de
certas
combinaes
que
mere_
cem
considerao.
Combinao
/.
O relato
sugere
um
projeto
relevante
pelos
seus
efeitos,
mas no
indica
os
procedimentos
empregados,
nem
que
avaliao
dos
pesquisador)
est
a servio
de
foi
feita em
relao a
eles;
em
outras
torna-se
difcil caracterizar
mesmo
uma
ional,
seia
de
pesquisa, seia de
interven-
Na
maior
parte
das
vezes, o
sucesso
avaliado
rm
critrio
de
"validao social",
isto
,
o
"cli-
mostra-se
satisfeito
com
os resultados.
Combinao
2. O
relato
d
conta da
queixa
e
soluo; contudo,
nem
queixa,
nem
soluo
par
a
comunidade
cientfica,
na
medida
r
que
no
constitui
in'orrnao
nova
para
ela.
hora
pais possam
ficar
aliviados
por
saberem
que
lcufermidade
de
seu
filho bi
identificada
e
curada,
fficilmente
um
mdico
iria a um
congresso
para
mrnunicar
seu
procedimento
para
identiicar um
ndriado
e
tratar
dele.
Em outras
palavras,
o
relato
1*
ter
o
"aspecto fonnal"
de uma
pesquisa,
mas o
mnhecimento
a
que
se chega
no
novo
pra
a
omunidade
de
pares
do
pesquisador.
Combinao
3.
Essa combinao,
como
a an-
Eior,
decorre
de
uma
confuso quanto
ao
interlocu-
lor
prprio
para
cada
atividade,
embora
em sentido
inverso.
Pesquisadores
adotando
a
metodologia
da
pesquisa-ao/pesquisa-participante
sempre
assu-
miram
a
tarefa
de
devolver
aos
participantes
os
re-
sultados
de sua
ao.
No
entanto,
com
alguma
fteqncia, constataram
o
desinteresse
destes
quanto
aos
resultados.
Com
algumas
possveis
excees,
certamente tratava-se
de
devolver
aos
participantes
24
25
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
13/25
de
que
cada
uma
se reveste,
pesquisa
e
prestao
de
servio
no
se
conundem,
nem
mesmo
quando
am_
bas
so
desenvolvidas
conjuntamente.
por
mais
ver_
dadeiro que
se.ia
o ato
de
que
teoria
e
prtica
precisam
interagir
continuamente
e
por
mais
indis_
cutvel que
se.ja
a
necessidade
do
compromisso
dopesquisador
com
a
realidade,
permanece
o fato
de
que
ambas
-_preslao
de
servios
e
pesquisa
_
tm
O
projeto
de
pesquisa
Uma
das
principais
diiculdacles
com
que
se
defronta quem
quer
que
se
disponha
a discorrer
sobre
o
processo
envolvido
no
planejamento
da
pesquisa
diz
respeito
inevitvel
peculiaridade
de
cada pro-
jeto,
decorrente
da
necessidade,
por
exemplo,
de
ajust-lo
ao
problema
formulado
e
de respeitar
as
condies
sob
as
quais
a
pesquisa
ser
realizada.
De
fato,
a
partir
das
primeiras
decises
tomadas,
abre_se
leque
de
caminhos alternativos
a
tomar,
deveestarpreparado
para,
ao
mesmo
ser
sensvel s
alteraes
que
se
lhe
impem
@a
lgica do
planejamento,
seia
pelos
resul-
Wecomea
a
obter)
e manter
o
equilbrio meto-
sob risco de terminar
com uma
massa de
que
no
produzem
dados
consistentes.
Essa fluidez
do
processo
de
pesquisa
(que
no
r'justificar
ausncia de
critrios)
torna
impratic-
'ffi
e
indesejvel
normatiz-lo.
Apesar
disto, a expe-
ffnciaindica
caminhos
(atrilharou
a evitar)
erecursos
ppodem
auxiliar
na
reflexo
que
preside
o
plane-
Fento.
isto
que
se
pretende
transmitir
a seguir.
O
protrlema
de
pesquisa
A
posio
assumida
e
enfatizada
neste
livro
ade
que
clareza
em
relao
ao
problema
da
pesquisa
onstui
um
passo
f'undamental
dentro
do
processo
E=mi?ioes
a
serem tomadas
pelo
pesquisador
dependero
da
formulao
do
problema
e,
portanto,
sero
tanto
mais
adequadas
quanto
maior
for
a
cla-
reza
em
relao
a
ele.
No raramente,
um
pesquisador iniciar
(um)a
pesquisa,
far
intervenes
na
realidade a
ser
pesqui-
sada
e
colher
inf'ormaes com
o
propsito
explci-
to
de
localizar
um(o)
problema
de
pesquisa
ou
de
26
27
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
14/25
detalhar
o
problema
inicialmente
formulado.
Essas
circunstncias,
no
entanto,
apens
alam
a
avor
da
importncia
do
detalhamento
do
problema
de
pesquisa
como guia
para
o
desenvolvimento
lfuro
desta.
Entretanto, com alguma ieqnci
a
estabelece_
se
uma
confuso
entre
elementos
relativos
a
um
problema
de
pesquisa
e o
prprio
problema,
danclo_
se
andamento
ao
trabalho
le
pesquisa
sem
uma
clareza
suficiente
quanto
ao
que
se
pretende
pesqui-
sar.
Os itens
a seguir
fbram
introduzidos
com
o
intuito
de
esclarecer
alguns
desses
elementos
e
as
relaes
que
eles
costumam
manter
com
o
problema
de
pesquisa.
rea
/ tema
/
nilo
/
sujeito
/
insilruito
versus
problema
de
pesquisa
O
ponto
de
partida
de
uma pesquisa
pode
cons-
tituir-se
de
uma
inteno
ainda
imprecisa.
O
pesqui-
sador
pode
ter decidido
trabalhar
com
dejcientes
mentais
ou
estudar
a
escola
de
primeiro
grau.
possvel
que
tenha
se
associado
a um grupo
que
vem
estudando
a
psicologia
das
organizaes
ou,
rnais
especiicamente,
as relaes
sociais
dentro
de
em-
press.
Nenhuma
dessas
especificaes
delimita
um
problema
de
pesquisa,
embora
o
pesquisador
esteja
um
ou
mais
passos
adiante
de
quem
no
tenha
aind
idia do
que
pretende estudar.
Defato,
"deflcientes
mentis"
delimita
um
tipo
(embora
a
deficincia
mental
seja
melhor
como
um tema).
A escola
de
Primeiro
(ou
qualquer
outra)
circunscreve
uma
institui-
deno
da
qual
se
pretende trabalhar.
A
psicolo-
social
ou
das
organizaes
configura
uma
rea
pesqsa
e
a
especificao
de
que
se
pretende
EE
das
relaes
sociais
dentro
das
empresas
j
Qlic
a seleo de
um
tema dentro
de
uma
rea,
re
no
ainda
um
problema
de
pesquisa.
Da mesma
brma,
por
mais
infbrmativo
que
reja o tulo
de
um
trabalho
(e
ele
deveria
s-lo),
amente
ele
se
constitui
em
uma
boa
brmulao
de
problema
de
pesqsa
(at
porque tulos
no
deveriam
ser
longos).
"Estado,
Sociedade
e
Margi-
ralidade"
pode
serum
timo
tulo
paraum
trabalho,
mas certamente
no constitui
uma
boa
formulao
p
um
problema. Em
qualquer
das
situaes
cima,
o
pesquisador
estar
apenas
em uma
ase
preliminar
do
processo de pesquisar, que
pode
ser
uma
etapa
inevitvel do
pesqsar,
especialmente
se o
pesqui-
sador
estiver
enffando
em
uma
rea
nova
para
ele
(alis,
condio
comum
entre
os
pesquisadores
ini-
ciantes).
O risco
dela
est
no ato de uma
formulao
to
inicial
ser
tomada
como
o
problema
de
pesquisa,
gerando
o desencadeamento
das
demais
decises
(escolha
de
procedimentos,
das caractersticas
dos
participantes
da
pesquisa,
etc.).
J
foi
dito
aqui
que
28
29
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
15/25
Um
dos
recursos
teis
no
detalhamento
do
ryq@a;;il*fi"-
,inigial,
buscand@;pAOi
quanto
mais
claramente
um
problema
estiver
formu_
lado,
mais
fcil
e
adequado
ser
o
processo
de
toma
da
das
decises
posteriores,
mas
deve
jcar
claro,
porm,
que
essa
clarezano
signiica
que
o
pesqui_
sador no
decida/prefira/precise
rebrmular
o
pro_
blema
posteriormente.
O
processo
de pesquisa
essencialmente
dinmico.
O
problema
de pesquisa
como
pergtmta
ott
conjunto
de
perguntos
"11{gleostaria
de
obrer
ou,
pl,oeni,'inoia.
e
-duur
tsuslala
oe
oDter
ou,
pelo
menos,
indicar
que
aspectos
do
fenmeno
a
estuOariluig
nesario
cercar.
Considerem-se
as fbrmulaes
abaixo:
-
Que
trans'ormaes
ocorreram
no
conceito
de
deficincia mental
desde que
ele
foi
cunhado
e
quais
as
possveis
implicaes
delas para
as
prticas
de
cuidado
com
o
deficiente
mental?
-
Quais
os
efeitos
de
diferentes
procedimentos
de
preenchimento
de
cargos
de
cheia
sobre
a
produ_
tividade
da
empresa?
-
H
diferenas
entre
o
relato
de
um
professor
sobre
as
dificuldades
de
um
aluno
e
as
dificuldades
constatadas
a
partir
do
desempenho
efetivo
clo
auno?
30
-H
coerncia
interna
entre
os conceitos
X,
Y
embasam
a
teoria
T?
Dois aspectos
marcam
claramente
a diferena
asproposies
iniciais
que
acabanros
de
discu-
formulaes
acima.
Em
primeiro
lugar,
quan-
perguntas formuladas
acima,
representam
uma
mais
clara
na
inteno do
pesqsador,
qosio
a temas
e
reas
genricos
abrangentes.
segundo
lugar,
por
causa
dessa
maior clteza,
meam
a
servir
de
guia
par
a
tomada
de
decises
fuortantes
na
conduo
da
pesquisa;
de
fato,
em
dauma
delas
j
h claras
indicaes
do
caminho
a
s
Eilhado
na
pesquisa
(um
dos
efeitos
mais
sim-
fles,
mas certamente
importante,
permitir
ao
pes-
quisador
selecionar
que
tipo
de
literatura
poder
vir
e
interess-lo
no embasamento
da
pesquisa
e
na
discusso
dos
resultados).
A
discusso
desses
dois
aspectos
enseia
a
con-
siderao
de
outro
elemento
importante
do
processo
de
pesquisar, embora
seja
difcil fazlo
sem
tomar
um
espao considervel
e,
mais
importante,
sem
correr
o
risco
de supersimplificao.
Em todo
caso,
arrisco
pelo
menos
um comentrio:
trata-se
do
realce
da
funo da
teoria.
Considere-se,
por
exemplo,
a
formulao
do
segundo
dos
quatro
problemas
acima.
Um
pesquisador
pode
percorer
inmeras
empresas,
descrever em detalhes
tudo
que
lhe
parecerpertinen-
te
em
termos
de
"sistema
de
preenchimento
de
car-
31
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
16/25
a)
Obtidas
as
informaes
sobre
preenchimen
to
de
cargos
e
produtividade,
a
intno
a
de
associar
os
dois
conjuntos,
para
cada
empresa,
na
expecttiva
de
extrair
possveis
relaes
entre
eles
Se
essa
relao
existir
na
direo
p."rirto
na
fbrmu_
lao
do
problema,
o
pesquisador
dever
ser
capaz
de
explic{a
em
funo
de
algum
processo
que
v
alrn
das peculiaridades
encontradas
em
cada
situa_
o.Tm
g_u-tryq
pltvgs,*que
critrio
dever
ser
-eryplegagg
_pqa
d-istilguir
entr
o
qe
ioiossincra_
sia
de
uma
empresa
no procedimnto
de
preenhil
.
I119lt-o=49,qm
_cargo
daquilo
qy-g*Uoderia
vir
a
sei
gos"
e
anotar
tudo
o
que,
eventualmente,
possa
respeito
a
"produtividade".
pelos
meno,uo.
tes
centrais
podem
ser
destacadas
daqui.
ongem
em
uma
formulao
,,no_terica,,(uma
pes_
quisa
encomendada
por
um
empresa,
por
exemplo,
ou
o interesse
particular
de
um pesquisador).
Ainda
assim,
o
pesquisador
defrontar-se-
com
as
questes
mencionadas acima. Uma
.,soluo,,
(?)
adoiada
por
iniciar
a coleta
de dados
e
esperar
que
as
de anlise
suriam
das
leituras
do
material
qrco
referencial terico
seja escolhido
aps
a
do
material. Ambas
as alternativas
esto dis-
e
tm sido
usadas.
No
entanto, alm
de
que
a
primeira
delas exige
um
pesquisador
e
criativo,
-continuo,
acreditando
que
a
qq
qeg-o*s 1q
l
$lgq1ryq
p
_ gun-ta.
E
se
tas,
algum tipo
de teorizaoj
est
envol-
Resta saber se
boa... O
mesmo
raciocnio
a
quaisquer
dos demais
exemplos.
ffipteses
e
objetivos
de
pesquisa
No sentido
mais
leigo do terqg,
hiptese
signi-_
fi
caumasu-p_o_s-49:*Ury1lc-gnjeglUlSr.gglgqgp :
cada
ll
p_gs
qu
is
a,
i mplicl g^onj
e-clqq
gUg{rtg--Aq
posyqilresultados
a
serem
obtidos.
Desteponto
de
vista,
hipteses
so
quase
inevitveis, sobretudo
para
em
estudioso da
rea que
pesquisa
e,
com
base
em
anlises
do
conhecimento
disponvel,
acaba
*apostandol'
naquilo
que pode
surgir
como
produto
Iinal
do
estudo.2
2
bern verdade
que
muito
j
se falou
(Cf.
Bachrach,
1969)
contra
os perigos
que qualquer
tipo
de hiptese
possa
representar,
no
senlido de tomar
o
pesquisador
"mope"
em
relao
a resultados
no esperados,
mas este
apenas
um s,
dentre outros,
a
lentar
o
pesquisador.
32
33
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
17/25
Mas,
hiptese
sempre
teve
um
signilicado
e
uma
Iuno
benr
mais
precisos,
cspccialmcnte
no
quc
se
refere
pesquisa
quantitativa
conduzitJa
se_
gundo
delineanrentos
estalsticos.
De
Ja(o,
u
cstal.s_
tica
infrencial3 responde
a
perguntas
espcclicas
qoblg
relaes
entre
conjuntos
dc
dados.
Durante
muitos
anos,
a
prirnazia
quase
absolu_
ta
da
pesquisa
quantitativa
tornou
impensvel
que
se
dispensasse
o
uso
de
testes
estatsticos
para
encami_
nhar
os
resultados
da
pcsquisa.
Neste
contexto,
hi_
pteses
eram
derivaclas
do problenta
formulado
e
faziam
parte indispensvel
do
projeto
e
clo
relatrio
de
pesquisa.
Particularmente
nas
cincias
humanas,
quando
comearam
a
ser
introduzidos
novos
moclelos
cle
pesquisa,
a
estastica
inferencial
teve
seu
uso
dras_
ticamentereduzido
e,
em
decorrncia,
eviclenciou_se
a
existncia
de
uma
conluso
estabelecida
entre
pro-
blema
e hiptese.
por
uni
laclo,
alar
em
problema
cle
pesquisa
parece
evocar,
para
muitas
pessoas,
ecos
de
pesquisa
quantitativa
segundo
modelos
estatsti_
cos;
ou
seja, problema
de
pesquisa
confunde_se
com
hiptese
estastica.
Como
um
outro
laclo
clessa
mes_
3
A
estatstica
inferencial
pennite
que
se
lirem
concluses
sobre
populaes
a partir
da
anlise
dos
pametros
de
anrostra.s
clelm;
ope-se,
neste
sentido,
estatstica
descritiva,
cujo
escopo
a
organizao
e
a
distribuio
de
dados
de
unra
coleticlacle
cluatquer.
nmed,a"
parece
persistir
a
idia
de
que,
se
no se
@Oer
empregar
estatstica
in'erencial,
desne-
imia
a
preocupao com
a
preciso
da
formula-
ryfue
problema
de
Pesqsa.
'
Hiptese,
n-$ g_ e do,
no
pqde-e-
nem dgve
md.urmdir-se
com
problema depesquisa,
Em
primg-
@
hsar+rqu
a
'ormulao
de
hipteses
de
pcs-
rygundc,
porque,
ao
contrrio
do
que
ocorre
com
as
Guaiforntulaes
de
problema
tomadas
como
crtmplo,
a
Nptese
representa
unla
tbrmatizao
do
pronfma
e,
como
tal,
muito
mais
especfic
do
quc
cre.
De
fato,
uma
hiptese bcm
estruturada
dependc
Eum
problema
claro
e
sem
ambigidades.
Problemas
de
pesquisa so,
tambm,
ieqente-
mente
tomados
por
objetivos
de
pesquisa. No
raro,
mr
questionado
por alunos
sobre as
diferenas
entre
ombos
ou sobre
o
lugar
adequado
para
apresent-los,
uo
projeto
ou
no relato.
A
discusso
dos
obietivos
nkntro
do
planejamento do
projeto
apresenta
uma
diiculdade
decorrente
do fato
de,
tradicionalmente,
sua
incluso
no
ser
obrigatria
nos
modelos
habitu-
ais de
planejamento de
projetos
e de
relatrios
de
Jresquisa
e,
conseqentemente,
haver
pouca
explici-
tao
quanto
a eles.a
A confuso
enre
problema
de
J Tenho
uma
forte
suspeita
de
que
essa
expresso
tenha
sido
introduzida
no
planejamento
das
pesquisas
pelos formulrios
de
agncias
de fomento,
como
modo
de forar
a explicao
da
relevncia
de um
projeto de
pesquisa.
34
35
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
18/25
pesquisa
e objetivos
da
pesquisaexiste,
mas
par@
me
que
o
bom-senso
seja
suliciente
para
dirimir
dvidas:
de
q q,
o_u
os gbjetivos
coindem
com
o
prgqlryg,(e,
nste
c.aso,ieo
h
poi@riar
u.-
*
r
rw'r'u
r
sr
druir,_u
u.o
rn
.
o-qJ
e- r*ygs..
preten
d
e_se
cha_
-Tar-
a ateno
para
a
relevncia
dC
nesoulia-
narr-
ltem
no
relato),
ou
com
.,ob
bje-fiyos"
*
1qlF@q
i-ade
os
resu
tyao
oslq
e,'
rS.,
rp
..
Ip.,LU.U
ilem
esperado
dnrro
i
nOuao
e/ou'
ao
1 na-l
do
relato,
na
discusso
dos
resultads).
Neste
ltimo
caso.
,
_o_
impg{anle
risar que
a
explicitao
do
que
se
espera
vir
a nsegrir.o*
Em
sntese,
objetivos
e
hipteses
de
pesquisa
no
se
confundem
com
o
problema
de
pesquisa,
mas
dependem
da
prvia
brmulao
dele.
Fatores
relevanes
naformLtlao
tle
um
problema
H
considervel
consenso
sobre
relevncia
e
originalidade
como
critrios
importantes
para
a
lbr_
mulao
de
um problema
de
pesquisa.
No
entanto,
por
alguma
azo,
esses
critrios
assumem
propor_
es
gigantescas
paa
pesquisadores
iniciantes.
O
medo
de
que
suas pesquisas
venham
a ser
taxadas
de
futilidade,
de que no venham a
constituir
..efetiva
pesquisa,
para
a
no campo"
leva-os
freqentemente
problemas de
muitos
modos
inviveis.
da
relevncia
II
pelo
menos
doit
tipo.
d.
t.l.un.
:
a terica
e
a
social.
Inmeros
textos
tm
ffi
#u
ito,
em
particular,
o
de
hCI
(1981)
no
qual
a
qualidade
do
contedo
se
mia
a um
raro
bom-senso
em
discusses
sobre
o
rymto.
Ainda
assim,
vale
apontar alguns
aspectos
c
geral
no
considerados
nas discusses
sobre a
rpcsto.
Uma
coisa
no
saber
responder
pela
relevn-
de
de
uma
pesquisa;
outra
esperar
que
seus
resul-
Hos
sejam
definitivos
em
relao
a
problemas
sionais
seculares.
Uma
coisa
repisar
o
que
mui-
h
j
disseram;
outra
imobilizar-se
procura
do
solutamente
original.
Qualquer
desses
extremos
pte
do
d
esconheci
mento
bsico
0u grgryg-enqt13n:
l uma
atividade
social,
de
carter
coletivo,
se
no
em cada
ao,
pelo
menos
no
propsito'
A
soluo
grantqqLlg-qgn:Isggi3l9"rytas9o n-o,ltal
humanas
-
se
d
como
trabalho
de
criao
coletiva,
em-qllesp-asq
-qe
fempo
qye
ulrqpassa
em
mu g.
aqu.e g.de,
upr
proietq
ind .yidu.al gq
pq-s"qUjsa.
36
37
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
19/25
Projeto
de
pesquisa
versus
programa
de
pesquisa
Grande
parte
dos projetos
mirabolantes
e
grar.
diloqentes
constifuiria,
para
pesquisadores
ex1rc_
rientes,
ump
rograma
depesquisa, no qual
cada
tema
importante
analisado,
decomposto
lgica
e
teorica_
mente,
encadeado
em
relao
ao
conhecimento
que
deve
ir
senlo
produzido.
Esse
procedimento,
mais
do
que
revelar
esperteza
por
parte
do
pesquisaclor,
revela
profissionalismo:
cada
etapa
concluda
divulgada,
submetida
crtica,
reformularla
e alap
tada
em
relao
ao
conhecimento
j
avanado
pelo
prprio
pesquisador
e
pelos
demais.
No
faz
sentido,
portanto,
que justamente
pesquisadores
ini
ci
antes
se
aventurem
em
uma
pesquisa
singular (que
mais pro_
priamente
deveria
constituir
um
programa
de
pes-
quisa)
em
busca
de
sentido
e
relevncia
para
seus
resultados.
Parafraseando
a
prof
Maria
Amlia
Aze_
vedo,
se
voc pretende
continuar
pesquisando
o
assunto, no
precisa
se
envolver em
um
projeto
nico
to
ambicioso;
por
outro
lado,
se
no pretende,
a
que
no
faz
mesmo
sentido
l.ormul_lo
desta
maneira.
"Pesquisas
que
no
trn
passado
dificilmente
tero
futuro..."
Em
Jlglsiquals:eutaue-ndpna"".ai.a-explie-lqqq
de
um
problemq_ile
no contexto
maior
de
um
(do
prprio
isador
ou
do
con
SE
am
a
estudar
o
relevncia
de
pesquisa
versus
o
que
necessrio
lEesrld-lo
Uma
das
armadilhas
espreita
do
pesquisador
ffiante
a
chamatla
"necessidade
de
contextualizar
lpoblema".
Mui
tas
vezes, como
p
arte
d esse
proces-
n"
o
projeto
acaba
se
desdobrando
e
perdendo
a
sua
riilidade;
se,
de
to,
a
contextualizao
de
um
pobtema
exige
uma
pesquisa
histrica,
retrospecti-
va(como
parece
ser
sempre
o caso),
ento,
iloo
algum
j
deve
t-la
realizado
(e
se
isto
ocY-neu
valeria
a
pena,
antes,
rever
a
necessidade
a);
U).ou
mesmo
necessrio
que ela
seja
'eita;
uas,
este
caso,
Por
que
diar
o
segundo?
no realizar
esse
Projeto
e
Em
qualquer
projeto
de
pesquisa,
o
pesquisa-
dor
defront-se
com
lacunas
importantes
na
rea'
Parte
dessas
lacunas
dever
ser
preenchida
(por
exemplo,
com
literatura
pertinente),
mas uma
poro
considervel
delas
ar
parte
de
um
conjunto
de
pressupostos assumidos
pelo pesquisador'
Suas
con-
38
39
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
20/25
cluses
permanecero
provveis
se
e enqltonto
aqrr,-
les pressupostos
puderem
ser
sustentads.
Pressupostost
sempre
estaro
por
trs
de
pe*.
quisas.
O
risco
maior
no
est
na
sua presena,
mag
no
desconhecimento
dela.
Levar
em conta
os
pres$ts
postos
na
anlise
dos
resultados
unta
das
maneiras
de
contornar
seus
efeitos.
O
detalhamento
do problema
de
pesquisa
J
foi
dito
aqui que quanto
maior
a
clareza
na
formulao
de
um
problema
mais
adequadas
pode_
ro
vir
a
ser
as
decises
subseqentes
em
relao
ao
projeto.
Por
outro
lado,
o
detalhamento
de
um
pro_
blema
depesquisa
um processo
relativamente
atrer_
to e,
com
alguma
freqncia,
o
pesquisaclor
ver_se_
tentado
ou
mesmo
instado
a
alterar
a sua
bnnulao
em
meio
coleta
de
dados.
portanto,
a insistncia
quanto
clareza
da
brmulao
do
problema
e
da sua
delimitao
visa
a
obteno
de
parrnetros
claros
para
as
decises
metodolgicas,
mas
no pode
e
no
deve
funcionar
como
uma
camisa
de
bra que
torne
o
pesquisador
insensvel
realidade
com
que
ele
sc
defronta.
5
Demo,
1981,
faz
uma
anlise
interessanre
deles
e
mostra
que
eles
vo da
ideologia
ao senso_comum.
40
"o
nnai
do
trabalho,
o
passo
seguinte
Gto
depende
de
muitos
fatores,
comeando
1
estilo
do
pesquisaclor
e
chegando
natureza
lpesquisa
e
do
problema'
Apesar
disto'
apresento
ftuns
exemplos
que
no
pretendem
constituir
ro-
iu,
aPenas
apontr caminhos'
H
dois
conjuntos
diferentes
de
informaes
a
mem
obtidos
a
partir
das
perguntas
contidas
em
um
trmblema
e
eles
sero
ilustrados
com
um
exemplo
dativamente
simples:
a
compreenso
de
leitura
pderd
ser
facilitatla
se
o texto
a
ser
lido/estudado
pr
acompanhado
de
questes
de
estuclo?
A
partir
desse
problema, precisaramos'
apa-
rentements,
apenas
de
um
grupo de
alunos/pessoas
dos
quais
pudssemos
obter
informaes
-
as
quais
chamaremos,
na
falta
de
expresso
melhor'
de
inbr-
maes
diretas
sobre
o
problema
-
sobre:
a)
a
compreenso
de
leitura
sem
questes
dc
estudo;
b) a
compreenso
de
leitura
com
questes
de
estudo.
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
21/25
Entretanto,
uma
anlise
mais
cuidadosa
laria
a necessidade
de
infbrmaes
(ou,
pelo
m
de
cuidados)
adicionais.
Suponhamo*
qu.
preteil-
dssemos
conduzir
a
pesquisa
segundo
o
esquema
&
comparao entre
grupos:
durante
um certo
tempq
avaliaramos
a
compreenso
de
leifura
dos
indivduc
de
um grupo
sem
questes
de
estudo
e
a
dos
elemen_
tos
do
outro
grupo
que
contasse
com
elas;
ao
final
dessetempo,
compararamos
o
desempenho
dos
lois
grupos.
A
execuo
da
pesquisa
comearia,
en[o,
a
exigir
um
outro
conjunto
de
informaOls
nao
direta_
mente
relacionadas
ao problema,
a
saber:
-
qual
o nvel
de
compreenso
de
leitura
dos
alunos
antes
deseiniciar
a
pesquisa?
(sem
essa
informao
no
teranos
como
comparar
as
diferenas
ao
inal
dela);
-
qual
o grau
de
diiculdade
relativa
de
cada
texto?
(sem
essa
informao,
correramos
o
risco
de
misturar
eitos
diferentes:
o
das ques_
tes
e
o da
complexidade do
texto);
-
situao
idntica
anterior
ocore
com
o
fator
motivacional,
j
que
a
diliculdade
maior
ou
menor
de
um
texto
sofre
a influncia
do
inte-
resse
que
o
indivduo
tem
pelo
assunto
e
do
conhecimento
prvio
dele
sobre
o
contedo.
Deve
ser
salientado
que
a
natureza
e funo
das
informaes
consideradas
necessrias,
em
uma
de-
terminada
pesquisa,
so
vari
vei
s.justamente
porque
I[parar
o
pesqsador
para
a tarefa
futura
de
fmmento
das
respostas
formuladas
a
partir
mais
geral.
Ao
conclr
sobre
a
melho-
no)
do
desempenho
dos
alunos
no
estudo'
ao
pesqsa,
o
pesqsador deveria
estar
prepa-
responder
pela
possvel
interao
de
fato-
que
no
as
questes
de
estudo,
sob
risco
suas
concluses
(abalando
a
fide-
do
estudo).
::
Esse
problema
particularmente
importante
rdo
a
pesquisa
envolve
intermedirios
entre
o
,it
iCoo
que
se
estuda
e
o
pesquisador'
A avaliao
tprogramas
de
ensino,
por
exemplo'
no
pode
ser
tvrda
a
cabo
sem
que
se
considerem
aspectos
do
seu
Gmvolvimento:
quem
os
aplicou,
com
que
compe-
trcia
etc.
Por
outro
lado,
o
reconhecimento
da
necessr-
de
de
informaes
adicionais
para
esclarecer
an-
l[*s
que o
pesquisador
possa
vir
a
ter
de
fazer
no
poOe
servii de
razio
para
uma
ao desorientada'
'paa
quat
o
pesquisador
pssa
a
"cecar"
quase
tudo
quelhe
ocolre
em
matria
de
in'ormao'
A
conse-
qncia
disto
ser,
quase invariavehnente'
informa-
o
no
utilizada.
Note-se
que, em
muitos
casos'
a
implicao
do
fato
no
se
refere
penas
ao
tempo
perdido
do
pesqsador:
provvel
que um
certo
ori*"ro
de
pessoas
deva
ter
perdido
tempo
conside-
rvel
fornecendo
informao
(respondendo
a
questio-
42
43
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
22/25
nrios
ou
concedendo
entrevistas)
que,
afinal,
era
(to)
importante.
A
este
respeito,
cabe
um
alerta.
Ao
concfti
sobre
a
irnportncia
de
um
determinado
conjunto
&
informaes, vale
a
pena
azer
uma
ltima
pergrrna
como
eles
sero
transformados
paa
que
se
obtenhe
a resposta
esperada?
Inclicadores
sociais
e
econmi_
cos
costumam
ser
complexos
e
dependern
de
mode_
los
adequados,
nem
sempe
disponveis.
No
ram
que
questionrios
contenham
uma
longa
srie
de
questes
supostamente
necessrias
para
etermina_
o
de
indicadores
scio_econ.i.o.
que,
ainal,
no
podero
ser aproveitadas
pelo
siniples
fato
de
no
se
dispor
de
maneiras
adequadas
de
trat_las.
Eu
iniciei
esse
r
.-*+*-.__=--.--
_.d,sederornecer,"r*ffi
ffi
ffi
#fl#**' ._
por
estarazo
que
nenhuma
pesquisa
pode
prescindir
oe
um
completo
lrabalho
dc
reviso
da
literatura
pertinente
ao problema.
Obviamente, quanto
maisextenso
e
complexo
for
o
probleru,
*uio.
e
mais
pelo
menos
um guiainfalvei
oari eia
complexa
ser
a literatura
a
ser
pesqsada.
Viabilidade
de
um
projeto
de
pesquisa
Inmeros
fatores
podem
comprometer
a
viabi_
lidade
da
consecuo
de
um pro;eio
de pesquisa,
a
partir
da
fonnulao do problema.
tecnttogia
dis_
tempo,
recursos
inanceiros
tm
sido
os
mumente
citados
e
exatamente
por
isto
eu
Fctendo
retom-los
diretamente'
Julgo
mais
destrinchar
algumas
condies
ieqente-
ptesentes em
projetos
e
que
acabam
se
con-
em
fontede
inviabilidade.
Lembro
queEco
discute
algumas
dessas
questes
de
brma
furcret,
chegando
mesmo
a assumirum
tom
ir-
fredivertido.
para
ela:
a literatura.
-A
primeira,
e
mais
importante,
exatamente
rcrlenso
que
se
confere
ao
problema
em
sua
for-
dao
ou,
dito
de
outra
'orma,
que
se
permite
que
rgoblema
assuma
por
no
se
imporem
limites
ao
furrul-lo.
Lembro-me
de
um
projeto
que' tendo
lrtido
de
uma
situao
razoavelmente
delimitada
@
problema
educacional
local),
acabou
incorpo-
rendo
uma
anlise
histrica
que
parlia
da
situao
dre
mes
que
se
viram
obrigadas
a
trabalhar'
na
Europa,
no
perodo
da
Revoluo
Industrial'
No
disculo
a
propriedade das relaes
estabelecidas;
mas
afirmo
que
o
projeto
desnecessariamente
com-
plexo
e
provavelmente
invivel
para
um
mesffando
iniciante
na
atividade
de
pesquisa'
-
Formular
um
problema
sob
a
forma
de
per-
guntas
ajuda
a
encaminhar
o
projeto,
mas
hpergun-
iu,
"
p"tguntas.
Por
exemplo
"como
a
criana
aprende?"
uma
brmulao
que
est
muito
longe
de
permitir
o
detalhamento
de
um projeto'
asseme-
44
45
-
7/25/2019 Planejamento de Pesquisa (Luna)
23/25
lhando-se
mais
a um
tema
geral,.i
que
no
permib
entrever,
de
imediato,
procedimentos
que
gerem
in
brmaes
passveis
de produzi..,
."rpo*ro
"Como"
refere-se
a
um
procedimento?
A
um proces_
so?
De
que
criana
se
ala?
Aprendendo
o qu?
Etc.
-
Muitas
vezes,
a
funo
da pergunta
alha
pr
alta
de
compreenso
do
nvel
cor"at
do proble
ma
brmulado.
freqente
encontrar
alunos
que
pretendem
conduzir
pesquisas
empricas
para
inves_
tigar
"como
se
d
o processo
de
socialiiao./,,ou
"como
se
brmam
os
valores
morais
de
crianas?,,.
Fenmenos
como
estes
constituem
processos
lon_
gos, complexos,
dependendo,
para
seu
estudo,
mais
de
categorias
de
anlise
(compostas
pela
interpreta-
o
de
muitas
informaes)
clo
que
d
registro.
Seria
ingnuo
imaginar
que
qualquer
uma
dessas
pergun_
tas pudesse
ser
respondida
por
uma pesquisa
parti_
cular
e
individual.
-
Muito
da
inviabilidacle
de
um problema
po_
deria
ser
contornada
com
a anlise
de
uma
simples
pergunta:
quem
sou
eu
para
realizar
esta
pesquisa?
A questo,
aqui,
no
se
remete
compeincia
do
pesquisador
(sem
dvida,
uma
pergunta
relevante),
ms
ao
seu
s/alrs
junto
s
pessoas
estudadas.
Abrir
as
portas
de
delegacias
de
ensino,
ter
acesso
a
depar_
tamentos
de
grandes
empresas
ou
convencer
amr
i
as
a
compartilharem
sua
intimidade
com
um pesquisa-
dor
uma tarea bem mais
dicil
do
quepoeparecer
Mesmo
que
esse
acesso
seia
franqueado
,
importante
se
Perguntar,
em
rela-
r certas
questes,
por
que
pessoa
seria
total-
franca
e
honest
com
o
pesquisador'
Sob
que
as
um professor
diria
ao
pesquisador que
Dtrte
incompetente
para
ensinar
determinado
as-
rbou
matria?
Por
querazoum
t'uncionrio
diria
nm
pesquisador
que sua
produtividade
baixa
por
flededireo
porparte
da
chefia?
Essaquesto
tem
I
otttro
n
gulo
curioso
e
paradoxal:
certos
assuntos
&rnandam
grande
conhecimento
relativ