PLANO DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES · como uma das ferramentas para fomentar planejamentos e ações...

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“NOSSA ESCOLA FAZ SENTIDO PARA ESTUDANTES, EDUCADORES E FAMÍLIAS?” Inspirado no episódio O universo dos outros, da série Corações e mentes, escolas que transformam Cara diretora, cara coordenadora pedagógica, o início do ano letivo é um momento especial de acolhida e recepção de educadoras, educadores, estudantes e suas famílias. É também o momento oportuno de revisitar o projeto político-pedagógico da escola. Gestoras de escola são as grandes responsáveis por conduzir um processo responsável de formação, qualificação, avaliação e acompanhamento do trabalho pedagógico. O Plano de Formação de Educadores a seguir foi pensado como uma das ferramentas para fomentar planejamentos e ações qualificadas para o decorrer do ano e para que gestoras conduzam o trabalho de reflexão- ação-reflexão sobre o que já vem sendo realizado na escola. Compartilhamos de uma visão de escola que compreende o bebê, a criança, o jovem e o adulto estudante como alguém potente e capaz de aprender e transformar positivamente sua vida e de sua comunidade. O Plano de Formação de Educadores da série Corações e mentes, escolas que transformam foi elaborado para ser um ponto de partida dessa visão em sua escola. Sinta-se à vontade para recriá-lo ou contextualizá-lo em sua realidade ou nos desafios do seu grupo de educadoras. Boa formação! Diana Silva e Raquel Franzim Educação e Cultura da Infância do Instituto Alana 1 PLANO DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES Nota: Tendo em vista que as mulheres representam 80% do corpo docente da educação básica no Brasil, iremos utilizar, neste material, termos no feminino (“professoras” e “coordenado- ras”, por exemplo) ao se referir a homens e mulheres.

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“NOSSA ESCOLA FAZ SENTIDO PARA ESTUDANTES, EDUCADORES E FAMÍLIAS?”Inspirado no episódio O universo dos outros, da série Corações e mentes, escolas que transformam

Cara diretora, cara coordenadora pedagógica,

o início do ano letivo é um momento especial de acolhida e recepção de educadoras, educadores, estudantes e suas famílias. É também o momento oportuno de revisitar o projeto político-pedagógico da escola.

Gestoras de escola são as grandes responsáveis por conduzir um processo responsável de formação, qualificação, avaliação e acompanhamento do trabalho pedagógico. O Plano de Formação de Educadores a seguir foi pensado como uma das ferramentas para fomentar planejamentos e ações qualificadas para o decorrer do ano e para que gestoras conduzam o trabalho de reflexão-ação-reflexão sobre o que já vem sendo realizado na escola.

Compartilhamos de uma visão de escola que compreende o bebê, a criança, o jovem e o adulto estudante como alguém potente e capaz de aprender e transformar positivamente sua vida e de sua comunidade. O Plano de Formação de Educadores da série Corações e mentes, escolas que transformam foi elaborado para ser um ponto de partida dessa visão em sua escola. Sinta-se à vontade para recriá-lo ou contextualizá-lo em sua realidade ou nos desafios do seu grupo de educadoras.

Boa formação!Diana Silva e Raquel FranzimEducação e Cultura da Infância do Instituto Alana

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Nota: Tendo em vista que as mulheres representam 80% do corpo docente da educação básica no Brasil, iremos utilizar, neste material, termos no feminino (“professoras” e “coordenado-ras”, por exemplo) ao se referir a homens e mulheres.

2PLANO DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES “NOSSA ESCOLA FAZ SENTIDO PARA ESTUDANTES, EDUCADORES E FAMÍLIAS?

Ponto de partidaVamos descobrir o que pensam, sentem, fazem e sonham as pessoas a respeito da escola?

Que tal fazer uma análise e um levantamento conjunto a respeito dos desafios sentidos por estudantes, professoras, gestão, funcionárias e famílias?

Revisitar o projeto político-pedagógico pode ser uma possibilidade de construção de sentidos para cada um e para todos. Estamos falando de um projeto vivo, não de um documento escrito por poucos, conhecido por quase ninguém e que não reflete o real trabalho da escola.

Quando apenas um pequeno grupo pensa e escreve o projeto político-pedagógico, provavelmente haverá muitas dificuldades em sua implementação, pois a voz de todas as pessoas pode não estar representada, e as ações e os caminhos propostos, desencontrados das necessidades e desejos reais.

Ensinar e aprender em uma escola com sentido é uma das garantias de que todos e todas possam conquistar as aprendizagens necessárias para uma vida autônoma e plena. Para isso, é necessário que a escola crie momentos e experiências de abertura e escuta do outro.

ObjetivoInvestigar as percepções, sentimentos, valores e significados atribuídos ao trabalho pedagógico pela comunidade escolar.

Resultado(s) esperado(s)Qualificar com significado, contextualização e participação de toda a comunidade a criação de planejamentos de projetos, turmas, componentes ou outras situações da escola.

A quem se destinaEducadoras da educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio).

Tempo estimadoAté quatro horas seguidas ou divididas em dias de acordo com o tempo disponível que a escola possui para encontro(s) coletivo(s). O(s) encontro(s) pode(m) ainda ocorrer em reuniões pedagógicas ou horários coletivos de formação do grupo de educadoras.

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Sugestão de materiais Computador ou outro equipamento com áudio para exibição do episódio, projetor, papel ou outros suportes para desenhos e registros, canetas, lápis de cor, gizes de cera, carvão, giz pastel, canetinhas e tintas. Materiais naturais do seu território podem estimular a vazão da sensibilidade e criatividade de seu grupo de educadoras.

Espaço e ambiência sugeridosReserve um espaço com pouca claridade e com pouco ruído externo para que a experiência de assistir à produção audiovisual seja prazerosa. Os demais momentos podem ocorrer em ambientes como salas ou refeitórios amplos para rodas de conversa. Para a conversa fluir, você pode pensar em espaços com almofadas ou ao ar livre. Para o momento de desenhar, privilegie bancadas ou mesas coletivas, em que os materiais possam ser compartilhados e o grupo sinta-se envolvido. Não se esqueça de prever locais para a exposição dos registros feitos.

Etapas1. Exibição do episódio 1 – O universo dos outros2. Roda de conversa 3. Experiência de escuta e abertura ao outro4. Construção da experiência de escuta com a comunidade escolar5. Avaliação

Desenvolvimento1.Exibição do episódio 1 – O universo dos outros (26 minutos)

Antes de iniciar, apresente o Plano de Formação de Educadores ao seu grupo. Conte como cada etapa está organizada, a duração, os materiais e os resultados esperados. Organize a exibição do episódio para o grupo. Você pode, antes ou depois da exibição, compartilhar informações básicas sobre a série (veja a página completa do episódio no Videocamp). Vale também levantar as expectativas das educadoras para o momento ou ainda convidá-las a pensar sobre o título do episódio.

2. Roda de conversa (30 minutos)

Dependendo da quantidade de educadoras, você pode organizar uma única roda ou pequenos grupos. A ideia aqui é que as participantes sintam-se à vontade para compartilhar percepções, sentimentos e reflexões provocados após a apreciação do episódio. Você pode retomar as expectativas levantadas na primeira etapa ou ainda compartilhar a reflexão causada no grupo pelo título do episódio. Esteja atenta e aberta a esse momento de escuta. Anote as colocações das educadoras. Elas podem ser pistas para a escuta posterior.

4PLANO DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES “NOSSA ESCOLA FAZ SENTIDO PARA ESTUDANTES, EDUCADORES E FAMÍLIAS?

Intervenha não apenas na gestão do tempo, mas também na alternância de vozes. Peça que todas cuidem com você deste momento.

3. Experiência de escuta e abertura ao outro (30 minutos)

Inicie esse momento convidando as educadoras a responder, para si mesmas, às seguintes perguntas: “Nossa escola, vivida por estudantes, educadoras e famílias, faz sentido?”; “Em quê?”; “O que não faz sentido?”. Você pode diminuir a luz do ambiente nesse momento ou qualquer outro apoio sensorial para que o grupo fique em silêncio.

Após cerca de cinco minutos, chame as educadoras para desenhar o que refletiram. Distribua ou espalhe os materiais para isso acontecer. Muitas vezes, os adultos acham que não sabem ou conseguem desenhar. Incentive todos e todas, dentro de suas possibilidades. Interceda também para que os desenhos representem ações, espaços, acontecimentos ou relações.

À medida que cada um for terminando, organize um varal com os desenhos ou exponha-os de modo que facilite a apreciação. Leve as educadoras para conhecer os desenhos das colegas. Estimule-as a trocar impressões e achar pontos, sentimentos ou fatos em comum após a observação de cada desenho. Reconheça as diferenças ou situações específicas. Assuma um papel investigativo nesse momento. Anote, registre com fotografias e esteja aberta a escutar. Cuide para que suas opiniões ou posições sobre determinados assuntos não sejam colocadas nesse momento. Se discordar de algo, escute e anote, e em outro momento (particular ou não com as educadoras) retome o assunto. Isso é importante para que todas sintam-se à vontade e a experiência de escuta não produza o efeito contrário: o medo de se expressar ou a dissimulação.

4. Construção da experiência de escuta com a comunidade escolar (40 minutos)

Após a escuta do grupo de educadoras, apresente a oportunidade de ampliação da experiência com estudantes, famílias e demais funcionárias da escola. Levante com o grupo a importância de uma escuta profunda para os planejamentos que serão elaborados a partir desse momento. Traga também a relevância de uma escola que faça sentido para aqueles que dela fazem parte e do impacto que isso pode ter na aprendizagem e desenvolvimento de estudantes. Escute seu grupo. Quais sugestões ele pode oferecer? Você pode sugerir exemplos de caminhos de escuta: construção de roteiros de entrevistas entre estudantes, entre estudantes e funcionárias da escola ou suas famílias, com a comunidade do entorno... Você ainda pode fomentar a produção de vídeos com depoimentos; pauta de observação de gestos, movimentos, brincadeiras ou produções artísticas de bebês e crianças da educação infantil; encontros e assembleias no Conselho de Escola ou Associação de Pais e Mestres com um roteiro de perguntas criado pela gestão e o grupo de educadoras. É importante que, ao final desse momento, saiba-se como será feita a escuta com a comunidade escolar, o cronograma e a divisão de responsabilidades e tarefas. Pode ser constituído um comitê de educadoras para acompanhar o processo junto com a gestão escolar. Você pode apresentar alguns materiais de apoio sobre processos de escuta em escolas (veja mais no item Outras Inspirações).

5PLANO DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES “NOSSA ESCOLA FAZ SENTIDO PARA ESTUDANTES, EDUCADORES E FAMÍLIAS?

5. Avaliação (20 minutos)

Chame as educadoras para avaliar com você este encontro. Proponha perguntas disparadoras, como: “Como vocês avaliam este momento?”; “Quais pistas já recolhemos sobre pontos ou aspectos que devem ser qualificados em nosso trabalho pedagógico?”.

Posteriormente, reúna-se com sua diretora ou coordenadora pedagógica e reflita sobre suas anotações. Pense sobre quais desafios esta pauta formativa apresentou. O que poderia ter sido diferente? Quais percepções, considerações, falas ou gestos das educadoras chamaram a sua atenção? O que isso revela sobre o trabalho da gestão escolar? Quais demandas ou desafios se apresentam para a gestão?

Próximos passosA próxima etapa desta pauta é a realização do processo de escuta com a comunidade escolar. Esse processo pode levar de uma semana até um ou dois meses, dependendo da metodologia escolhida. É importante que você acompanhe e fomente o processo ao longo de sua realização. Você pode convidar algumas educadoras e estudantes a compartilhar escutas parciais como forma de motivar aqueles que ainda não iniciaram.

É importante também zelar para que todo o conteúdo levantado (percepção, sentimento, valores, fatos etc.) seja tratado com cuidado, respeito e ética. Nomes e imagens de pessoas podem ser retirados do processo, se necessário. Ao final, é muito importante socializar e compartilhar com toda a comunidade escolar os materiais sistematizados. Organize com o grupo escolar esse momento. Crie espaços e oportunidades para apreciação dos materiais e um momento formativo com o grupo de educadoras para que a análise da escuta seja feita profundamente e que dela sejam extraídas prioridades de qualificação do trabalho ou pontos (desafios) que precisam ser solucionados coletivamente. Envolva o Conselho de Escola e a Associação de Pais e Mestres nessa etapa.

Outras Inspirações

Livro: “Afinal, de qual educação estamos falando?” – capítulo 1 de O ser e o agir transformador, para mudar a conversa sobre educação. Disponível em: http://escolastransformadoras.com.br/materiais/livro-ser-agir-transformador-conversa-sobre-educacao/

Livro: Escuta e observação de crianças: processos inspiradores para educadores – organizado por Adriana Friedmann. Disponível em: http://escolastransformadoras.com.br/materiais/caderno-escuta-e-observacao-de-criancas/

Vídeo: Parcerias transformadoras entre famílias e escolas – organizado pelo programa Escolas Transformadoras. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v= rb34hXhFQ5s&t=4s&index=2&list=PL3LryxbLLk6BG4EJMw8NNOjktI3e_nxiS