PLANO INTEGRADO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA … · 3 governo do estado do paranÁ secretaria de...

29
3 GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL PDE 2012 PLANO INTEGRADO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA CONTINUADA – 2012 A) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: Professor PDE 2012: Melânia Fornalski [email protected] Área: Geografia NRE: Cascavel Orientadora: Prof a Ms. Rafaela Harumi Fugita IES Vinculada: UNIOESTE – Cascavel Estabelecimento de Intervenção: Colégio Estadual Alberto Santos Dumont – Ensino Fundamental e Médio de Cafelândia Público Objeto da Intervenção: 6º Ano do Ensino Fundamental

Transcript of PLANO INTEGRADO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA … · 3 governo do estado do paranÁ secretaria de...

3

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

PDE 2012

PLANO INTEGRADO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA CONTINUAD A – 2012

A) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

Professor PDE 2012: Melânia Fornalski

[email protected]

Área: Geografia

NRE: Cascavel

Orientadora: Profa Ms. Rafaela Harumi Fugita

IES Vinculada: UNIOESTE – Cascavel

Estabelecimento de Intervenção: Colégio Estadual Alberto Santos Dumont –

Ensino Fundamental e Médio de Cafelândia

Público Objeto da Intervenção: 6º Ano do Ensino Fundamental

A IMPORTÂNCIA DA SEPARAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS COM ÊNFASE

NO DESCARTE DAS EMBALAGENS DOS AGROTÓXICOS NA ZONA RURAL DO

MUNICIPIO DE CAFELÂNDIA-PR

Projeto de Pesquisa apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional lato sensu em GESTÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS, promovido pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.

Orientador: Prof.ª Ms. Rafaela Harumi Fujita

CASCAVEL

2012

1. TEMA DO PROJETO

O armazenamento dos resíduos sólidos, com a armazenagem das embalagens

dos agrotóxicos, como intervenção na educação ambiental escolar de crianças

e adolescentes na zona rural.

2. JUSTIFICATIVA DO TEMA DE ESTUDO A fim de exterminar e controlar as pragas que permeiam as plantações

ou moradias foram produzidas certas substâncias químicas – naturais ou

sintéticas -, conhecidas como agrotóxicos, agroquímicos, defensivos agrícolas,

praguicidas, pesticidas, venenos e biocidas. O pioneiro desse procedimento foi

o cientista Othmar Zeidler, que em 1874 sintetizou o pesticida organoclorado

(DDT). Já em 1914, essa substância conhecida na época como gás mostarda,

emergiu como arma de guerra dos alemães, na medida em que causava

efeitos de cegueira temporária e queimava os pulmões do exército inimigo. Por

conta do impacto negativo causado ao meio ambiente, o DDT foi proibido no

mundo a partir de 1926. Contudo, em 1939, Paul Müller continuou com as

pesquisas e descobriu as propriedades inseticidas do DDT, recebendo o

Prêmio Nobel de Química (BEZERRA; MACIEL, 2008, p.30; apud PINHEIRO;

NASR; LUZ, 1998, p.233).

Desta forma, os novos produtos químicos comercializados dão margem

a riscos desconhecidos e até indefinidos - como a deficiência de informações

no que confere à: genotoxicidade, mutagenicidade ou carcinogenicidade,

podendo ou não estar relacionado com aumento de doenças genéticas para

gerações futuras, ocasionando ou não o câncer, ou até a morte -, trazendo uma

barreira tanto na atuação de controle estatal quanto no manuseio correto

desses produtos (BITTAR; ITANI; UMBUZEIRO, 2009, p.14).

Uma referência importante trazida por Peres (1999, p.156-162) situa-se

nas estimativas do Ministério da Saúde, em que para cada evento de

intoxicação por agrotóxico notificado, há outros 50 não notificados, elevando o

número da contaminação/ano para 365.300 casos. Entretanto, encontramos a

forte pressão da indústria internacional, produtora e distribuidora dos

agrotóxicos, no mercado consumidor brasileiro com produtos cada vez mais

caros e nocivos ao meio ambiente, juntamente com o precário apoio

assistencial do poder público à saúde do trabalhador rural, com

comprometimento também, por consequência, da fiscalização de alimentos,

sem haver incentivo à pesquisa por métodos naturais de combate às pragas e

doenças na lavoura (BEZERRA; MACIEL, 2008, p.31).

Então, é necessário orientar esses trabalhadores quanto ao

armazenamento adequado dos pesticidas (local seco e protegido), e nunca no

interior das casas, de acordo com regras básicas de segurança: deve ser um

local afastado de outros locais de trabalho, sem janelas ou sistemas de

ventilação com outras peças; deve ter sinalização, pois é um local que

apresenta perigo; manter-se fechado fora dos horários de trabalho; não

reutilizar embalagens de pesticidas; fazer a aplicação dos praguicidas na

direção contrária do vento, deixando o conteúdo pulverizado atrás de si; não

realizar a aplicação dos agrotóxicos se o vento estiver provocando desvio

importante do produto para fora da área de aplicação (ventos com velocidade

maior de 8 Km/hora) (AMBROSINI; WITT, 2000, p.15).

Considerando o relevante grau de toxicidade que abarcam as

embalagens dos agroquímicos, e inclusive por serem motivos de recorrência

preocupação por tal fato atualmente, que concerne a justificativa do referido

trabalho, a ser aplicado em sala de aula com crianças e adolescentes, em

busca da consciência ambiental dos mesmos no que se refere à destinação

adequada desse resíduo sólido em específico, pautado em legislação

correspondente.

3. PROBLEMATIZAÇÃO Como o professor PDE poderá intervir na educação ambiental escolar,

de crianças e adolescentes, com relação à conscientização ambiental

referente-a forma de disposição das embalagens dos agrotóxicos no contexto

da zona rural?

4. OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL Conscientizar os alunos sobre as diferentes formas e disposição dos resíduos

sólidos na zona rural. Além de sugerir mudanças na gestão e no

gerenciamento de políticas públicas de implementação no que se refere à

disposição geral dos resíduos sólidos, como por exemplo, as embalagens dos

defensivos agrícolas

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Expor sobre a utilização de agrotóxicos e suas implicações com a saúde da

população alvo;

• Explicar a forma de armazenagem adequada das embalagens dos

agroquímicos;

• Abordar os conteúdos de resíduos sólidos urbanos, onde deveremos conhecer

a importância da reciclagem do lixo, bem como o que é e como devemos

segregá-los, a fim de não ter problemas futuramente;

• Enunciar, para melhor compreensão, a respeito dos resíduos sólidos em

relação a sociedade com a natureza, o espaço geográfico, sendo então a

finalidade do ensino da disciplina;

• Orientar como devemos resolver este problema, que afeta o mundo inteiro, e

quais as providências que devemos tomar em relação ao resíduo sólido urbano

urgentemente enquanto pode-se fazer alguma coisa.

.

REFERENCIAL TEÓRIO

I – RESÍDUOS SÓLIDO

A questão problemática no que confere à segregação dos resíduos

sólidos está na inexistência de padrões de controle dos mesmos. O meio

ambiente é o principal elo prejudicial desses resíduos, abarcando: a

contaminação do ar, do solo, das águas superficiais e subterrâneas,

favorecendo a implantação de focos de organismos patogênicos, vetores de

transmissão de doenças. Esses fatores que fornecem relevante impacto ao

meio ambiente são ainda mais relevantes quando se tratam de resíduos

industriais e de serviços de saúde, que muitas vezes sua segregação é

realizada de forma clandestina, ou seja, são locais quase sempre escolhidos

pela sua disponibilidade, pela distância das regiões urbanizadas, podendo ser

a céu aberto, em valas, etc (SCHALCH et al., 2002, p.01).

É preciso então, motivar não só os trabalhadores, mas os jovens e

adolescentes desde cedo a segregar os resíduos sólidos, de forma educativa, e

informar que eles estão envolvidos no seguinte processo, como os

pesquisadores desse estudo preconizam: coleta seletiva, compostagem,

tratamento térmico; e incentivá-los a ter uma preocupação quanto ao

planejamento desse processo. Todavia, esses procedimentos acabam

tornando-se inviáveis a curto prazo, mas deve-se levar em consideração que o

manejo inequívoco desses resíduos geram desperdícios, como a degradação

ambiental, e contribui de forma importante à manutenção das desigualdades

sociais (SCHALCH et al., 2002,p. 01).

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – traz o conceito

de resíduos sólidos, onde os mesmos são encontrados nos estados sólidos e

semissólidos, e que são frutos das atividades da sociedade, com origem:

industrial, doméstica, de serviços de saúde, comercial, agrícola (como por

exemplo, os defensivos agrícolas), de serviços e de varrição; havendo também

os lodos oriundos de sistemas de tratamento de água, gerados em

equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como certos líquidos,

que acabam inviabilizando o seu depósito na rede pública de esgotos ou afins

(SCHALCH et al., 2002, p.03).

A emergência da necessidade de uma área do conhecimento moderno

chamada Educação Ambiental, denuncia um problema social que em alguns

casos alcançou dimensões irrelevantes - o que se deu a partir da forma como

nós, seres humanos, atuamos na natureza. Esta situação é vivenciada tanto

nas grandes cidades com a poluição do ar, sonora e visual; com a questão das

ilhas de calor e da inversão térmica, quanto nas propriedades de agricultura

familiar, onde há o uso indiscriminado de agrotóxicos e se faz plantio de

monoculturas. A exemplo do Estado do Pará que vivenciou, através de

assassinatos, o que o poder econômico de um grupo de fazendeiros é capaz

de fazer pra usufruir de recursos naturais (FONTANA; PITANO, 2005, p.03).

II - HISTÓRICO DO PROCESSO DE ARMAZENAGEM DOS RESÍD UOS

SÓLIDOS: O QUE CONTINUA SENDO REALIZADO E O QUE JÁ FOI

ERRADICADO

As antigas civilizações sobreviviam sem tecnologia e conhecimento

cientifica, isto é, desmatavam a natureza, somente quando necessitavam para

sobreviver. Entretanto preservar o meio ambiente para uma sobrevivência mais

equilibrada e ter uma qualidade de vida na medida em que o ser humano for

evoluindo, onde nos dia de hoje teve necessidade de avanço tecnológico para

satisfazer as necessidades da humanidade.

Alguns cientistas relatam que conforme a população evoluiu no Planeta,

houve um grande impacto ambiental incluindo sérios problemas de poluição no

subsolo por contaminação. Com o crescimento acelerado da população

mundial, acredita-se que as perspectivas de resíduos sólidos vão se

multiplicando a cada ano, trazendo sérios problemas para o Planeta.

Resíduos sólidos é propriamente o lixo resultante das atividades diárias

do homem em sociedade, considerando sua decomposição, seu potencial em

atrair vetores responsáveis pela transmissão de diferentes doenças, tais como:

febre tifoide, salmoneloses, disenteria, malária, febre amarela, cólera,

amebíase, giardíase, leptospirose, diarreia, disenteria, triquinose, etc. Pode

encontrar-se nos estados sólidos, líquido e gasoso. Como exemplo o lixo que

temos nas sobras de alimentos, embalagens, papéis, plásticos e outros. A

definição de lixo como material inutilizável e não aproveitável tendo

conhecimento da significante existência das indústrias de reciclagem, é

considerada relativa, pois é um resíduo que poderá ser inútil para algumas

pessoas e ao mesmo tempo considerado como aproveitável para ouras

pessoas.

Conforme relatado por Mucellin (2004, p.22), as desigualdades sociais

encontradas em nossa nação e em outros países em desenvolvimento são

relevantes quando se trata da implementação de medidas que erradiquem ou

minimizam fatores de degradação ambiental por parte de organismos

governamentais correspondentes. Então, ele acaba sendo alvo das

necessidades básicas da população desprovida financeiramente. Sendo assim,

os assentamentos humanos precários, advindos de ocupações oriundas de

tragédias sociais acabam provocando o caos social.

Ademais, a educação ambiental é a peça fundamental para o sucesso

de qualquer programa de coleta seletiva visando o tratamento adequando dos

resíduos sólidos urbanos. Desta forma, cada município deve resolver o

problema de forma adequada dos resíduos sólidos urbanos.

Contudo, a Educação Ambiental não pode limitar-se a ensinar os

mecanismos de equilíbrio da natureza, e sim verificar os interesses de

diferentes grupos sociais envoltos nos problemas ambientais. Além do amor à

natureza e do conhecimento de seus mecanismos, é preciso aprender a fazer

valer nossos ideais com relação aos destinos da sociedade em que vivemos e

do planeta em que habitamos (VIANNA et al., 1995, p. 10; FONTANA; PITANO,

2005, p.03).

Além disso, a Geografia é uma das disciplinas que faz parte do currículo

da educação básica brasileira. Entre as disciplinas obrigatórias, segundo

Moraes (1994, p. 83), determinadas disciplinas têm aspectos da temática

ambiental dentro de seu meio de pesquisa, como a Geografia, que enfoca a

relação homem/natureza como tema de reflexão. Portanto, a Geografia é uma

das ciências, que pode e deve trabalhar a Educação Ambiental como parte de

sua área de atuação (FONTANA; PITANO, 2005, p.03).

Muitos destes resíduos sólidos são compostos de materiais recicláveis e

podem retornar a cadeia de produção, gerando renda para trabalhadores e

lucro para empresas. Para que isto ocorra, é necessário que haja nas cidades

um bom sistema de coleta seletiva e reciclagem de lixo. Cidades que não

praticam este tipo de processo, jogando todo tipo de resíduo sólido em aterros

sanitários, acabam poluindo o meio ambiente. Isto ocorre, pois muitos resíduos

sólidos levam décadas ou até séculos para serem decompostos.

Sabendo que alguns tipos de resíduos sólidos são altamente perigosos

para o meio ambiente, os mesmos merecem um sistema de coleta e

reciclagem rigorosa. Podemos citar como exemplos, as pilhas e baterias de

celulares que são formadas por compostos químicos com alta capacidade de

poluição e toxidades para o solo e água.

Por sua vez, o movimento ambientalista em prol da adequada ecologia

política como os partidos verdes desde a década de 80, por exemplo, a priori,

abarca os princípios do politicamente correto, na medida em que se opõe ao

materialismo e é favorável aos valores espirituais e de paz, de qualidade de

vida e de conscientização ambiental, voltada para ações de sustentabilidade

que deveria ser assegurada por autoridades locais, conforme reiteração:

A legislação da educação ambiental brasileira visa incentivar os

alunos à reflexão sobre a perspectiva do desenvolvimento

sustentável, propiciar discussões sobre os problemas e

potencialidades ambientais locais, nacionais e globais, incentivando-o

a intervir, como agente de difusão de práticas sustentáveis em seu

dia-a-dia, incentivando-os a construir um futuro ambientalmente mais

seguro (MARIGA, 2010, p.35).

Os problemas ambientais devem ser tratados de forma conjunta,

sistêmica e interdisciplinar, principalmente no que confere: ao aquecimento

global, ao buraco na camada de ozônio, ao desmatamento, à extinção da

biodiversidade, à péssima qualidade de vida nas grandes cidades, à escassez

de água, entre muito outros problemas que ocorrem em nosso Planeta.

Ainda é realidade em nossa nação a falta de diretrizes, leis e definições

políticas específicas concernentes à destinação dos resíduos sólidos tanto a

nível federal, como estadual e municipal, o que é uma grande problemática,

quando há a ínfima gama de recursos técnicos e financeiros na intervenção

deste problema, o que pode ser fruto da falta de planejamento institucional

quanto à aplicação de recursos públicos (SCHALCH et al., 2002, p. 03).

Por sua vez, a referida situação indica a importância e o desafio de se

adotar um sistema político de gestão e gerenciamento eficientes, com

definições concretas concernentes a diretrizes, arranjos institucionais e

recursos a serem direcionados, em curto prazo, relacionados ao manejo

apropriado dos resíduos, a fim de obter-se uma melhor qualidade de vida, com

práticas de saúde pública que previnam a degradação do meio ambiente, pois

em raras situações há realmente o tratamento dos resíduos sólidos, que

normalmente são apenas depositados em "lixões" (SCHALCH et al., 2002,

p.02-87).

Esse tema é enfatizado com enfoque nos níveis de ação do governo,

que necessitam de mudanças, com planejamento adequado, integrado às

questões: ambientais, urbanísticas, tecnológicas, políticas, sociais e

econômicas, que só serão asseguradas partindo de uma política de gestão e

compromisso de instituições sociais responsáveis para mantê-la. Então, a

participação da sociedade civil, reivindicando seus direitos, é um fator

indispensável para isso (SCHALCH et al., 2002,p.03).

Geralmente os resíduos sólidos são classificados conforme a sua

origem, como:

- Urbanos: são aqueles referentes ao resíduo gerado em: residências,

escritórios, lojas, hotéis, supermercados, restaurantes; oriundos da limpeza

pública urbana, como os resíduos de varrição das vias públicas, limpezas de

galerias, terrenos, córregos, praias, feiras, podas, capinação (SCHALCH et al.,

2002,p.06).

- Industriais: são frutos da produção restante nos vários tipos de

indústrias de processamentos. E como há o envolvimento da periculosidade em

alguns desses resíduos, há da mesma forma uma divisão de conceitos

conforme estabelecidos pela ABNT-NBR 10.004 (1987): Resíduos Classe I

(perigosos): possuem características peculiares, como: inflamabilidade,

corrosividade , reatividade, toxidade e patogenicidade, que podem resultar em

danos à saúde pública, influindo na taxa de mortalidade ou com efeitos

adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma

irregular; Resíduos Classe II (não inertes): são os resíduos potencialmente

biodegradáveis ou combustíveis; Resíduos Classe III (inertes): são os resíduos

considerados inertes e não combustíveis (SCHALCH et al., 2002, p.04).

- Resíduos de serviços de saúde: como o próprio nome sugere, são

aqueles produzidos em: hospitais, clínicas médicas e veterinárias, laboratórios

de análises clínicas, farmácias, centros de saúde, consultórios odontológicos,

entre outros, e podem ser subdivididos em Resíduos comuns (referem-se aos

restos de alimentos, papéis, invólucros, etc.) e Resíduos sépticos (abarcando

material restante de salas de cirurgia, áreas de isolamento, centros de

hemodiálise, etc., incluindo o seu manuseamento -acondicionamento, coleta,

transporte, tratamento e destinação final -, que exige atenção especial, pois há

o envolvimento de um considerável risco à saúde pública quando dispostos de

forma inadequada (SCHALCH et al., 2002, p.05).

- Resíduos de portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários:

referem-se aos resíduos sépticos, que podem abrigar determinados

organismos patogênicos, tais como: materiais de higiene e de uso pessoal,

restos de alimentos, e carrear doenças de outras cidades, estados e países

(SCHALCH et al., 2002, p05).

- Resíduos agrícolas: são compostos pelos resíduos resultantes da

atividade laboral da agricultura e da pecuária, como embalagens de: adubos,

defensivos agrícolas, ração, além de restos de colheita e esterco animal. A

ênfase que acarreta extrema preocupação, atualmente, está no que se refere

às embalagens de agroquímicos, pelo alto grau de toxicidade que apresentam.

A falta de fiscalização e de penalidades mais rígidas com relação ao o

manuseio inadequado destes resíduos, acaba resultando na mistura desses

resíduos com os resíduos comuns e dispostos em vazadouros dos municípios,

ou queimados nas fazendas e sítios, sendo o resultado de gases tóxicos,

cancerígenos, sendo então, alvo de legislação específica (SCHALCH et al.,

2002, p.05; ZANETI, 2003,p.37).

A prática de juntar todos os resíduos e atear fogo ao ar livre é um

costume arcaico - inapropriado nos dias atuais, porém é comum observar essa

prática na zona rural, em que os serviços de coleta de resíduos se mostram

deficientes -, a fim de minimizar ou evitar que parte orgânica do lixo entrasse

em decomposição, ou seja, sendo um atrativo a diversos vetores como ratos,

baratas, moscas, além do mau-cheiro proporcionado (SCHALCH et al., 2002,

p.34).

- Entulho: é composto por material resiliente da construção civil, como:

demolições, restos de obras, solos de escavações, entre outros (SCHALCH et

al., 2002, p.05).

- Resíduos Radioativos (lixo atômico): são resultados de arsenais

provenientes dos combustíveis nucleares. Seu gerenciamento é de

responsabilidade exclusiva da CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear

(SCHALCH et al., 2002,p.06).

A seguir, na Tabela 1, há a divisão dos responsáveis pelo

gerenciamento dos diversos tipos de resíduos (SCHALCH et al., 2002, p.06):

A preocupação significante no que confere à qualidade do meio

ambiente é assunto que está em voga, tanto no âmbito nacional como

internacional e com destaque às pressões com os governantes e outras

instituições responsáveis pelo direito ao meio ambiente, que a priori, deveria

ser garantido pela Constituição Federal de 1988 (GADIA; OLIVEIRA JÚNIOR,

2011, p.02).

Entretanto, a Lei nº 12.305, de 03 de agosto de 2010 quando

implementou a Política Nacional de Resíduos Sólidos, deu o primeiro passo

para a mudança no que se refere a importância do manejo do lixo, com a

finalidade de chegar ao desenvolvimento sustentável (GADIA; OLIVEIRA

JÚNIOR, 2011, p.02). Contudo, ainda há resquícios da maneira inadequada de

se manejar o lixo, como visto a seguir:

Rejeito contaminado por lubrificante: trata-se de um tipo de lixo com

potencial nível de toxicidade, ou seja, é considerado perigoso, principalmente

sabendo que os aterros municipais de cidades médias e pequenas não têm a

responsabilidade e competência técnica na destinação dos mesmos. Exemplos

cotidianos no que consta a essa tipologia de rejeito estão os equipamentos de

proteção individual (EPI’s), como avental, bota, luva e máscara, bem como

estopa, filtro, graxa, óleo lubrificante usado ou com resíduos, panos, areia,

serragem ou terra contaminada por lubrificante (VIEIRA, 2011, p.25).

Óleo de cozinha reutilizado: o não armazenamento adequado desse tipo

de resíduo pode causar um impacto ambiental relevante, visto que uma

significante taxa de domicílios utiliza o óleo vegetal no preparo do alimento. A

contaminação química do lençol freático e da atmosfera se dá quando o

armazenamento do mesmo é realizado com o solo sem um tratamento prévio e

que posteriormente participa do processo de decomposição e emissão de

gases, o que no Brasil é uma realidade palpável, e que está revertendo o

problema através de educação ambiental na reciclagem do óleo de fritura

(VIEIRA, 2011, p.27).

Lixo hospitalar gerado fora da instituição de saúde: também conhecido

como rejeito sólido de serviço de saúde, resíduo tão presente no cotidiano

quanto aqueles citados acima. A forma de transporte, armazenamento, e

destinação final do lixo hospitalar está incluída no mesmo procedimento de

qualquer outro resíduo sólido, sendo que a responsabilidade nesse processo

está diante de revendedores, usuários finais e/ou fontes geradoras, havendo a

necessidade dos mesmos se pautarem na Lei Federal nº 12.305 - o que pode

ser um fato complicante em se tratando de resíduo radioativo, que sem a

informação do armazenamento adequado pode custar a vida de quem têm

atividades laborais envolvidas (VIEIRA, 2011,p.28).

Ela prevê, em determinados casos, a necessidade das fontes geradoras

desenvolver os princípios dos três erres conhecidos em gestão ambiental:

reduzir, reutilizar, e reciclar os resíduos e destinar no solo somente os rejeitos

que, a princípio, não contaminam a água, o solo, o ar, e os seres vivos

(VIEIRA, 2011, p.28).

Resíduos e rejeitos em imóveis abandonados: os comumente chamados

de “terrenos baldios” são bastante comuns nas cidades urbanas brasileiras e

também por diversas vezes acabam servindo de armazenamento de lixo, o que

é um determinante indesejável e negativo na vida em comunidade,

principalmente pelo fato de atrair vetores de doenças importantes como, por

exemplo, a dengue (VIEIRA, 2011, p.29).

Resíduos e rejeitos de construção e demolição e as suas (in) utilidades:

a construção civil é um ramo de trabalho que têm as duas faces da moeda: de

um lado contribui maciçamente com o PIB nacional, e do lado oposto contribui

com um impacto ambiental monstruoso, sabendo que esse ramo gera resíduos

e rejeitos sólidos relevantes (VIEIRA, 2011, p.31).

Já com relação ao tema proposto enfatizado nesse estudo, no que se

referem aos agrotóxicos, os primeiros incentivos do governo à comercialização

dos agrotóxicos no Brasil, juntamente com a sua importação foram registradas

no início dos anos 40. Nos anos posteriores, a política agroindustrial do

presidente Juscelino Kubitschek em fazer a nação crescer 50 anos em 5 anos,

favoreceu a relevante e descontrolada importação desses pesticidas. Já na

década de 70, houve a contribuição do estoque restante de veneno (NL8 e

NL14) usado na Guerra do Vietnã, verificado em pesquisas com o objetivo de

adequar o produto à agricultura do Terceiro Mundo (BEZERRA; MACIEL, 2008,

p.30; apud GRAZIANO NETO, 1982,p.89; SOUSA, 1994, p.19; PINHEIRO;

NASR; LUZ, 1998, p.233).

No entanto, a velocidade da importação e comercialização dos

defensivos agrícolas não foi proporcional à capacitação adequada do homem

do campo nessa adaptação, ou seja, tanto na utilização dos agrotóxicos na

lavoura como o seu descarte apropriado, o que prejudica de significativamente

o desenvolvimento das forças produtivas e, visivelmente, do meio ambiente.

Araújo, Augusto e Telles (2000, p.25-30) também relatam que a ausência de

monitoramento ambiental e de vigilância à saúde potencializa a destruição dos

ecossistemas e o comprometimento da qualidade de vida do ser humano, na

medida em que também não há uma devida preocupação com a população

consumidora desses alimentos que receberam agrotóxicos (BEZERRA;

MACIEL, 2008, p.30).

Em decorrência de esse assunto ser expresso em boa parte dos artigos

científicos e ser em conjunto bastante apontado e produzido em universidades,

primeiramente aponta que a classe universitária está significativamente

envolvida com a questão (SIQUEIRA; KRUSE, 2008, 588), e que cabe ao

professor PDE repassá-la nas escolas, como estratégia de ação.

Diante do que foi colocado, é preciso, assim como elucidam Silva, J. M.

et al. 2005, p.891-895), praticar a intersetorialidade na saúde, agricultura,

ciência e tecnologia, meio ambiente, trabalho e extensão rural, que conforme a

proposição da realidade brasileira, aliada à falta de recursos, ainda é um

grande desafio para os indivíduos engajados na questão (SIQUEIRA; KRUSE,

2008, p.588).

Se considerarmos os novos produtos químicos comercializados e com

riscos desconhecidos e até indefinidos - como a deficiência de informações no

que confere à: genotoxicidade, mutagenicidade ou carcinogenicidade, podendo

ou não estar relacionado com aumento de doenças genéticas para gerações

futuras, ocasionando ou não o câncer, ou até a morte -, as ações educativas

referentes ao armazenamento das embalagens dos agrotóxicos podem se

tornar mutáveis e até mesmo inviáveis até em nível institucional, estatal

(BITTAR; ITANI; UMBUZEIRO, 2009, p.141).

Com a intenção de se exterminar e controlar as pragas que permeiam as

plantações ou moradias foram elaboradas para esses locais determinadas

substâncias químicas – naturais ou sintéticas -, conhecidas como agrotóxicos,

agroquímicos, defensivos agrícolas, praguicidas, pesticidas, venenos e

biocidas. Tal fato ocorreu primeiramente em 1874, quando o cientista Othmar

Zeidler fabricou o pesticida organoclorado (DDT). Já em 1914, essa substância

conhecida na época como gás mostarda, surgiu como arma de guerra dos

alemães, em detrimento dos efeitos de cegueira temporária, assim como a

queimação dos pulmões do exército inimigo. Por conta do impacto negativo

causado ao meio ambiente, o DDT foi proibido no mundo desde 1926. Mesmo

assim, em 1939, Paul Müller continuou com as pesquisas e descobriu as

propriedades inseticidas do DDT, recebendo o Prêmio Nobel de Química

(BEZERRA; MACIEL, 2008, p.30 apud PINHEIRO; NASR; LUZ, 1998, p.251).

Também é de parecer de Peres, F. (1999, p. 156-162) quanto às

estimativas do Ministério da Saúde, em que para cada evento de intoxicação

por agrotóxico notificado, há outros 50 não notificados, aumentando o número

da contaminação/ano para 365.300 casos. Por outro lado, encontramos a forte

pressão da indústria internacional, produtora e distribuidora dos agrotóxicos, no

mercado consumidor brasileiro com produtos cada vez mais caros e nocivos ao

meio ambiente, aliado ao precário apoio assistencial do poder público à saúde

do trabalhador rural, com comprometimento também, por consequência, da

fiscalização de alimentos, sem haver incentivo à pesquisa por métodos naturais

de combate às pragas e doenças na lavoura (BEZERRA; MACIEL, 2008, p.31).

Contudo, necessita-se também discutir a implementação de medidas

efetivas de controle com relação à disponibilidade e avaliação dessas

substâncias químicas tóxicas. O conceito de gerenciamento de risco é

conceituado por Comission (1997, p.09), como sendo o processo que tem por

objetivo: identificar, avaliar, selecionar e intervir por meio de ações que

minimizem, a priori, riscos oferecidos à saúde humana e ao ecossistema,

protegendo os indivíduos de seu contexto socioeconômico (OLIVEIRA, M. L. F.;

ZAMBRONE, 2006, p.101).

A literatura confere ao aumento do índice de intoxicação em países em

desenvolvimento conforme os seguintes critérios: alto grau de analfabetismo,

mínima informação sobre os riscos da utilização dos praguicidas, inclusive no

meio domissanitário. Sugere-se, então, a promoção de aprimoramentos na

articulação de órgãos governamentais correspondentes com a vigilância

epidemiológica e com os profissionais da saúde, com medidas de prevenção e

diagnósticos efetivos nos eventos de intoxicação por agrotóxicos

(AMBROSINI.; WITT, 2000, p.06; OLIVEIRA, M. L. F.; ZAMBRONE, 2006,

p.101; BEDOR et al., 2009, p.40).

No contexto da intoxicação, Dong e Simon (2001, p.334); Van der Hoeck

e Konradsen (2006, p.227); Davanzo et al. (2004, p.334); Pires, Caldas e

Recena (2005, p.809), enfatizam que essa problemática tem assolado a África,

Ásia, Europa e Américas. No Brasil, de acordo com o Sistema Nacional de

Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX) e o Ministério da Saúde (2009),

foram registrados 9.914 eventos de intoxicação por inseticidas nos 31 dos 37

Centros de Informação e Assistência Toxicológica existentes no país em 2006.

Destes, 190 (1,9%) resultaram em mortes. (OLIVEIRA, M. L. F.; BURIOLA,

2009, p. 649).

Pelo fato de haver novos produtos químicos sem risco definido, na

mesma proporção não há profissionais capacitados, nem órgãos competentes

com interesses relevantes em capacitá-los. Eddleston et al. (2002, p.1164) cita

que eles são no total 115 milhões de toneladas vendidos anualmente, e

Meirelles (1995, p.21) enuncia que totalizam em duas mil fórmulas diferentes,

não ocorrendo avaliação das mesmas em 38% da produção. Sabe-se que tal

fato pode ter grande impacto no Paraná, visto que o mesmo é o terceiro maior

consumidor, e que em uma sequência lógica, o índice de intoxicações também

é aumentado (ROZEMBERG; LEVIGARD, 2004, p.1518; SCHMIDT;

GODINHO, 2006, p.29; BITTAR; ITANI; UMBUZEIRO, 2009, p.142).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (2008), aliada ao

Ministério da Saúde, Ministérios da Agricultura, da Pecuária e Abastecimento

(2008) – em que há o Comitê Técnico de Assessoramento de Agrotóxicos, com

ações voltadas aos procedimentos de registro de agrotóxicos, sistematização

de processos de análise, controle e fiscalização de agrotóxicos, rotinas e

procedimentos com o objetivo de avaliar riscos e outros relacionados -, exigem

o estabelecimento de normas e padrões sobre limites de contaminantes,

resíduos tóxicos, desinfetantes, metais pesados e outros que representem

riscos à saúde. Também coordena a Rede Nacional de Centros de Informação

e Assistência Toxicológica (BITTAR; ITANI; UMBUZEIRO, 2009, p.155-158).

Em contrapartida, encontramos o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e

dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) (2008), com função semelhante,

na avaliação do potencial de periculosidade de agrotóxicos – por meio do

Relatório de Atividades Potencialmente Poluidoras realizado anualmente e

obrigatoriamente e do Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente

Poluidoras realizado virtualmente, ambos preenchidos pelas pessoas físicas e

jurídicas envolvidas nessa questão - e a concessão de seu registro (BITTAR;

ITANI; UMBUZEIRO, 2009, p. 155-158).

Ramos et al. (1999, p.41) reiteram que registros da Organização

Internacional do Trabalho (OIT) são estimados em 50% da população mundial

economicamente ativa no envolvimento dos trabalhos agrícolas – agricultura,

pecuária, exploração florestal e silvicultura. Então, é um índice considerável de

indivíduos expostos aos efeitos nocivos dos agrotóxicos. O tema é enfatizado

por Walter et al. (2003, p.172), em que no estado de São Paulo somente os

engenheiros agrônomos e florestais têm autorização para prescrever

agrotóxicos nas atividades onde há necessidade da aplicação de agroquímicos,

por meio da receita agronômica, documento técnico obrigatório, em que

constam todos os dados e orientações dos componentes químicos presentes,

abarcando a cultura na qual o produto deve ser aplicado, as precauções de

uso, os primeiros socorros, os cuidados com o meio ambiente, indicação de

Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), destinação de embalagens

vazias, etc (WALTER et al. 2003, p. 172).

Sendo assim, o conceito de gestão de resíduos sólidos abrange o

conjunto de ações político-estratégicas, institucionais, legais e financeiras a fim

de orientar a organização do setor. Em contrapartida, o gerenciamento de

resíduos sólidos refere-se aos equipamentos tecnológicos e operacionais

envolvidos, nos diversos âmbitos, como: administrativos, gerenciais,

econômicos, ambientais e de desempenho - produtividade e qualidade, por

exemplo, e relaciona-se à prevenção, redução, segregação, reutilização,

acondicionamento, coleta, transporte, tratamento, recuperação de energia e

destinação final de resíduos sólidos (SCHALCH et al., 2002, p 02-87).

Tal como citado, o gerenciamento de resíduos exige, então, o emprego

das melhores técnicas na solução da questão, assim como uma rede de

profissionais que trabalham de forma interdisciplinar, abarcando os aspectos

políticos e geográficos, o planejamento local e regional, elemento de sociologia

e demografia, entre outros (SCHALCH et al., 2002, p. 02-88

Diferentemente do que acontece em outros países, é necessário no

Brasil haver a promoção da conscientização da sociedade no que concerne às

questões ambientais, com profissionais competentes e responsáveis pela

causa, como os administradores públicos. Contudo, o compromisso com a

gestão dos resíduos é um dever de toda a comunidade, inclusive dos

professores PDE, que necessitam realçar a importância da prevenção referente

à degradação ambiental, além de envolver a iniciativa privada, entre outros,

além de ampliar a reivindicação para com os governos federal e estaduais na

definição do papel para o setor uma política eficiente e compatível com a nossa

realidade (SCHALCH et al., 2002, p.02-88).

Então, os agrotóxicos acabam causando danos severos ao meio

ambiente, dentre eles: a contaminação de solos e de águas superficiais e

subterrâneas, a extinção de insetos úteis, de aves e outras espécies, além da

contaminação das cadeias alimentares. O tema é enfatizado pelo estudioso

José Renato Nalini, relatando que diferentemente do que acontece com relação

ao descaso no Brasil, não acontece nos países desenvolvidos, pois estão

preocupados com a qualidade de vida de sua sociedade, não permitindo,

então, o uso de agrotóxicos na lavoura. (DIAS; MORAES FILHO, 2008, p.67).

Já com relação à destinação correta das embalagens de agrotóxicos, foi

editada uma lei específica, a Lei n.º 7.802/1989, e a Lei n.º 9.974, de 06 de

junho de 2000, enunciando que cabe às empresas produtoras e

comercializadoras desses produtos químicos em viabilizar o seu descarte, com

responsabilidade do Poder Público o dever de fiscalização, culminando em

pena de reclusão de dois a quatro anos para quem descumprir a legislação.

Houve também a elaboração do Decreto n.º 4.074, de 04 de janeiro de 2002,

ampliando a responsabilidade de descarte dos agroquímicos aos próprios

usuários, que irão descartá-lo, fazendo a devolução das embalagens vazias, e

respectivas tampas, aos estabelecimentos comerciais em que foram

comprados, observadas as instruções constantes dos rótulos e das bulas, no

prazo de até um ano, contado da data de sua compra (DIAS; MORAES FILHO,

2008, p. 43-68).

Quando se fala em posicionamentos no caso do professor de Geografia,

no que consta a problemática de degradação ambiental, o mesmo deve tratar

em sala de aula da “geografia geral” e enfocar nos temas ambientais. Freire

(1995, 1999 e 2000) postula que o professor progressista precisa ser um

instigador, ou seja, desafiando a curiosidade ingênua do educando para, com

ele, construir a criticidade. É assim que a prática educativa se afirma como

desocultadora de verdades escondidas (FREIRE, 1995, p. 79). Além disso,

para Paulo Freire (1999, p. 25): “[...] quem forma se forma e reforma ao formar

e quem é formado forma-se e forma ao ser formado” (FONTANA; PITANO,

2005, p.05).

No caso da educação ambiental ao ser trabalhada no ensino curricular

de Geografia (e de qualquer outra disciplina), não pode deixar como segundo

plano os problemas sociais, pois os mesmos fazem parte dos problemas

ambientais vistos em sociedade, que é reiterado por Gadotti (2000, p. 58) onde

afirma: Os mais ameaçados pela destruição do planeta são os pobres

(FONTANA; PITANO, 2005, p.05).

Então, a exclusão de parte da sociedade do sistema é o resultado de

uma forma de apropriação irresponsável da natureza. Daí, a importância da

Educação Ambiental ser tratada de forma responsável e comprometida com as

questões sociais enquanto parte do conteúdo da Geografia. A Geografia,

conforme consta neste trabalho, é a ciência que busca entender como se dá o

processo de produção do espaço. Desta maneira, acaba relacionando com o

pensamento de Freire, em que o mesmo diz que mudar - no sentido de mudar

as estratificações de pensamento na sociedade - é difícil, porém não

impossível (FONTANA; PITANO, 2005, p.05).

ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

A proposta será desenvolvida com os alunos 6º ano do Colégio estadual

Alberto Santos Dumont, Ensino Fundamenta e Médio, utilizando as seguintes

estratégias de ação:

• PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Realização de pesquisas bibliográficas acerca do tema: Resíduos

Sólidos, como forma de aprofundamento de conhecimento e produção de texto

paradidático.

• IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO

A implementação do projeto ocorrerá em diferentes etapas:

a) Conversas informais- por meio dessa ação será realizada a investigação do

saber assistemático dos alunos acerca do tema a ser estudado;

b) Estudo e debate de textos- serão utilizados textos informativos sobre os

resíduos sólidos, embalagens químicas. Esses textos estimularão o

aprendizado, o que auxiliará também para o enriquecimento das aulas de

Ciências, pois do tem em estudo fazer parte de um tema transversal. Além das

leituras, haverá o espaço para discussões dirigidas;

c) Coleta de dados em jornais, revistas e internet – Por esses instrumentos os

alunos irão se aprofundar no tema estudado e coletarão material para a

confecção de posteriores trabalhos e relatórios;

d) Confecção de questionário- Juntamente com os alunos será confeccionado

um questionário com questões objetivas e subjetivas para aplicação em saída

de campo;

e) Saída de campo- Será organizada uma visita a cooperativa de reciclagem e ao

lixão onde receberão informações sobre a importância da classificação do lixo,

embalagens química e qual é seu destino final do lixo.

f) Pesquisa no colégio- Será realizada uma pesquisa no estabelecimento

escolar da quantidade de lixo produzido no dia e como é feita está separação

de cada repartição da escola (salas de aula, secretaria, cozinha, etc.);

g) Pesquisa em casa- Será realizada uma pesquisa em casa para identificação

dos resíduos sólidos produzidos e o seu destino final.

h) Conscientização- A partir das pesquisas realizadas em casa e na escola, os

alunos passarão para a etapa da conscientização sobre a importância da

separação do lixo orgânico e do comum enfocando uma melhor qualidade de

vida, uma maior sustentabilidade.

i) Relatório- será confeccionado um relatório como rico material coletado por

meio das pesquisas e saída de campo;

j) Painéis- os alunos por meio de painéis, cartazes farão a exposição do

conhecimento adquirido com a implantação do projeto PDE.

k) Finalização – Será organizada para a comunidade escolar os painéis

confeccionados pelos alunos e nesse mesmo dia como encerramento das

atividades haverá uma palestra com o engenheiro agrônomo e responsável da

Emater, sobre o tema: RESÍSUOS SÓLIDOS, com ênfase nas embalagens

agroquímicas, nessa palestra será abordado os principais problemas

ambientais, sociais e econômicos.

l) Avaliação- A avaliação será realizada por meio do relatório e painéis

produzidos pelos alunos.

CRONOGRAMA DA PESQUISA

2 0 1 2 2 0 1 3 2 1 1 4

Atividades a serem executadas F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F

Levantamento Bibliográfico x x x x x x X x x x x x x x x x x x x x x x x x

Confecção do projeto x x x x x

Elaboração da unidade didática x x x X x

Encontro de Orientação x x x x x x x x x x x x x x x x x x X x

Implementação do Projeto x x x x x x x

Elaboração do artigo x x x x x x x x

Etapas da implementação do projeto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Conversas informais X

Estudo e debate de textos x x x

Coleta de dados em jornais, revistas e internet x X

Confecção de questionário x

Saída de campo X

Pesquisa no colégio X

Pesquisa em casa x x x x x x X

Conscientização X

Relatório x x X X

Painéis X

Finalização X

Avaliação x

REFERÊNCIAS

AMBROSINI, M. B.; WITT, R. R. As intoxicações por agrotóxicos no meio rural e a atuação do enfermeiro. Revista Gaúcha de Enfermagem , Porto Alegre, v. 21, n. 1, p. 5-21, jan. 2000. ARAÚJO, A. C. P.; AUGUSTO, L. G. S.; TELLES, D. L. A. A questão dos praguicidas na agricultura e a situação no estado de Pernambuco. Revista Brasileira de Toxicologia , São Paulo, v. 13, n. 1, p. 25-30, 2000. BEDOR, C. N. G.; RAMOS, L. O.; PEREIRA, P. J.; RÊGO, M. A. V.; PAVÃO, A. C.; AUGUSTO, L. G. S. Vulnerabilidades e situações de riscos relacionados ao uso de agrotóxicos na fruticultura irrigada. Revista Brasileira de Epidemiologia , São Paulo, v. 12, n. 1, p. 39-49, Mar. 2009. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-790X2009000100005&script=sci_arttext>. Acesso em: 20 dez. 2011. BEZERRA, C. M. F.; MACIEL, R. H. M. O. O uso de agrotóxicos: repercussões na saúde dos trabalhadores rurais do estado do Ceará. Norte Científico , Roraima, v. 3, n. 1, p. 28-35, dez. 2008.

BITTAR, C. J. B.; ITANI, A.; UMBUZEIRO, G. Riscos, limites de tolerância e a saúde do trabalhador. Revista de Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade , São Paulo, v. 4, n. 3, p. 141-163, set./dez. 2009.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Fundação Osvaldo Cruz, Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas. Casos registrados de intoxicação humana por agente tóxico e circunstância, Brasil, 2 007. Brasília, Distrito Federal, 2009.

BRASIL, INSTITUTO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS (IBAMA). Institucional . 2008. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br>. Acesso em: 11 dez. 2011.

BRASIL. Vigilância em saúde . 2008. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/saude>. Acesso em: 11 dez. 2011. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Serviços . Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>. Acesso em: 04 jan. 2012.

CAMELO, S. H. H. et al. Auditoria de enfermagem e a qualidade da assistência à saúde: uma revisão da literatura. Revista Eletrônica de Enfermagem , v. 11, n. 4, p. 1018-1025, 2009. COMMISSION. The Presidential/Congressional Commission on Risk Assessment and Risk Management. Risk assessment in regulatory decision making. Washington, D.C., v. 1, 1997.

DAVANZO, F.; SETTIMI, L.; FARAONI, L.; MAIOZZI, P.; TRAVAGLIA, A.; MARCELLO, I. Agricultural pesticide-related poisonings in Italy: cases reported to the Poison Control Centre of Milan in 2000-2001. Epidemiol Prev ., Ospedale Niguarda Cà Granda, Milano, v. 28, n. 6, p. 330-337, Nov-Dec 2004. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15792155>. Acesso em: 21 jan. 2012.

DIAS, J. A.; MORAES FILHO, A. M. Os resíduos sólidos e a responsabilidade ambiental pós-consumo . 2. ed. 100f. 2008. DONG, X.; SIMON, M. A. The epidemiology of organophosphate poisoning in urban Zimbabwe from 1995 to 2000. International Journal of Occupational and Environmental Health . New Haven, Connecticut, v. 7, n. 4, p. 333-338, Oct-Dec 2001. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11783863>. Acesso em: 21 dez. 2011.

EDDLESTON, M.; KARALLIEDDE, L.; BUCKLEY, N.; FERNANDO, R.; HUTCHINSON, G.; ISBISTER, G. Pesticide poisoning in the developing world: a minimum pesticides list. Lancet , Oxford, v. 360, n. 9340, p.1163-1167, 2002. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12387969>. Acesso em: 05 jan. 2012.

FONTANA, C.; PITANO, S. C. Educação ambiental e geografia: uma análise ancorada no pensamento freiriano. V Colóquio Internacional Paulo Freire . Recife, set. 2005.

FREIRE, P. À sombra desta mangueira . 2 ed. São Paulo: Olho d’Água, 1995.

___________. Pedagogia da autonomia : saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1999 (coleção leitura).

___________. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000.

GADIA, G. C. M. L.; OLIVEIRA JÚNIOR, M. A. A logística reversa como instrumento de ação na garantia da sustentabilidade ambiental: análise das inovações trazidas pela política nacional de resíduos sólidos. Revista Idea , v. 2, n. 2, jan-jul 2011. GADOTTI, M. Pedagogia da Terra . 3 ed. São Paulo: Peirópolis, 2000 (série Brasil cidadão). GRAZIANO NETO, F. Uso de agrotóxicos e receituário agronômico . São Paulo: Agroedições, 1982.

MARIGA, J.T. Desenvolvimento, implementação e avaliação de um programa de Aprendizagem Ambiental Para Condomínios Residenciais . Enfoque em Resíduos Sólidos. Cascavel: Ed Unioeste, 2010, 110 p. (Coleção Thésis). MEIRELLES, L. C. Controle de agrotóxicos: estudo de caso do Estado do Rio de Janeiro, 1985/1995 (Dissertação de Mestrado) - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1995.

MORAES, A. C. R. Meio ambiente e ciências humanas . São Paulo: Hucitec, 1994. (série “Linha de Frente”). MUCELLIN, C. A. Resíduos Sólidos Urbanos . Pesquisa participante em uma comunidade agroindustrial (Dissertação de Mestrado – UNIOESTE). Cascavel: Unioeste, 2000. 128 p. OLIVEIRA, M. L. F.; ZAMBRONE, F. A. D. Vulnerabilidade e intoxicação por agrotóxicos em agricultores familiares do Paraná. Ciência, Cuidado e Saúde , Maringá, v. 5, p. 99-106, 2006.

OLIVEIRA, M. L. F.; BURIOLA, A. A. Gravidade das intoxicações por inseticidas inibidores das colinesterases no noroeste do estado do Paraná, Brasil. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 30, n. 4, p. 648-655, dez. 2009. PERES, F. Os desafios da educação ambiental e em saúde para a saúde pública no limiar do milênio. In: MATA, S. F. Educação ambiental, desafio do século: um apelo ético . Rio de Janeiro: Terceiro Milênio, 1999.

PINHEIRO, S.; NASR, N. Y.; LUZ, D. Agricultura ecológica e a máfia dos agrotóxicos no Brasil . Rio de Janeiro: Assessoria, 1998. PIRES, D. X.; CALDAS, E. D.; RECENA, M. C. P. Intoxicações provocadas por agrotóxicos de uso agrícola na microrregião de Dourados, Mato Grosso do Sul, Brasil, no período de 1992 a 2002. Cadernos de Saúde Pública , Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 804-814, mai-jun 2005. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csp/v21n3/14.pdf>. Acesso em: 22 jan. 2012.

RAMOS, H. H. et al. Condições de trabalho com agrotóxicos no Estado de São Paulo. Rev CIPA, São Paulo, v. 20, p. 36-48, 1999.

ROZEMBERG, B.; LEVIGARD, Y. E. A interpretação dos profissionais de saúde acerca das queixas de “nervos” no meio rural: uma aproximação ao problema das intoxicações por agrotóxicos. Cadernos de Saúde Pública , Rio de Janeiro, v. 20, n. 6, p. 1515-1524, 2004. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-311X2004000600008&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 12 dez. 2011.

SCHALCH, et al. Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos. São Carlos: Universidade de São Paulo, 2002. SCHMIDT, M. L. G; GODINHO, P. H. Um breve estudo acerca do cotidiano do trabalho de produtores rurais: intoxicações por agrotóxicos e subnotificação. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional , São Paulo, v. 31, n. 113, p. 27-40, 2006. SILVA, J. M.; NOVATO-SILVA, E.; FARIA, H. P. PINHEIRO, T. M. M. Agrotóxico e trabalho: uma combinação perigosa para a saúde do trabalhador rural. Ciência & Saúde Coletiva , Rio de Janeiro, v. 10, n. 4, 891-903, Oct./Dec. 2005. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232005000400013>. Acesso em: 23 dez. 2011.

SIQUEIRA, S. L.; KRUSE, M. H. L. Agrotóxicos e saúde humana: contribuição dos profissionais do campo da saúde. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 42, n. 3, p. 584-590, fev. 2008.

VAN DER HOEK, W.; KONRADSEN, F. Analysis of 800 hospital admissions for acute poisoning in a rural area of Siri Lanka. Clinical Toxicology , Colombo, Sri Lanka, v. 44, n. 3, p. 225-231, 2006. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16749538>. Acesso em: 02 jan. 2012.

VIANNA, Aurélio et al. (Org). Educação Ambiental : Uma abordagem pedagógica dos temas da atualidade. 3 ed. Rio de Janeiro: CEDI: Koinonia; São Paulo: Ação Educativa; Erexim: CRAB, 1995. VIEIRA, E. A. Subsídios à política pública municipal para educação ambiental e gestão integrada de resíduos e rejeitos sólidos. Estação Científica (UNIFAP) , v. 1, n. 1, p. 23-39, 2011. WALTER, E. V.; ROBAZZI, M. L. C. C.; MARZIALE, M. H. P.; CAMPOAMOR, M .M. Efeitos neurológicos causados por agrotóxicos: a realidade mostrada através de prontuários hospitalares. Revista Enfermagem UERJ , Rio de Janeiro, v. 11, p. 171-176, 2003. ZANETI, I. C. B. B. Educação ambiental, resíduos sólidos urbanos e sustentabilidade. um estudo de caso sobre o sistema de gestão de Porto Alegre, RS. (Tese de Doutorado) - Universidade de Brasília, Centro de Desenvolvimento Sustentável, Brasília, 2003.