Pódio - 23 de agosto de 2015

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MANAUS, DOMINGO, 23 DE AGOSTO DE 2015 [email protected] Ex-jogador do São Raimundo, Neto assumiu recentemente o cargo de auxiliar técnico de Paulo Morgado no Nacional. Ele quer aproveitar a oportunidade para ganhar experiência e, em breve, treinar uma equipe. Pódio E2 ‘Preparando o ‘futuro

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Pódio - Caderno de esportes do jornal Amazonas EM TEMPO

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MANAUS, DOMINGO, 23 DE AGOSTO DE 2015 [email protected]

Ex-jogador do São Raimundo, Neto assumiu recentemente o cargo de auxiliar técnico de Paulo Morgado no Nacional. Ele quer aproveitar a oportunidade para ganhar experiência e, em breve, treinar uma equipe. Pódio E2

‘Preparando o

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uro

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E2 MANAUS, DOMINGO, 23 DE AGOSTO DE 2015

Vamos estudar bastante e ver se ainda tenho con-dições de atuar ano que vem. Já programei que encerro mi-nha carreira em 2016, mas não tem clube ainda”

Neto

‘Encerro minha carreira em 2016’

Agora tenho que pensar como auxiliar. Pen-sar diferente. É outra visão de jogo, outra atitude, saber como dialogar com os jogado-res e motivar cada atleta. Te-nho que perce-ber como cada atleta está. Fico feliz por con-tribuir também nessa posição e já planejar meu futuro como treinador no Amazonas”

Tive vários trei-nadores bons. Como o Aderbal (Lana), que me ajudou muito no meu começo de carreira. Me ajudou como atleta e pessoa. Sempre cobrou o máximo nos treinamentos. Foi por isso que alcançamos todo o sucesso no São Raimundo”

Ele chegou ao Amazonas no fi nal dos anos 1990 para defender as cores do São Raimundo. Rapidamente conquistou a torcida do Tufão da Colina com seus dribles, assistências e gols. Ajudou nos históricos títulos da Copa Norte e no acesso para a Série B do Cam-peonato Brasileiro. Depois, ainda atuou no arquirival Nacional, antes de virar ídolo das

torcidas do Chaves e Santa Clara em Portugal. Lá, ganhou o apelido carinhoso de “Pé de Anjo”. Estamos falando do meia Julião Antonio de Sousa Neto, ou simplesmente Neto. Aos 38 anos, o talentoso jogador aceitou o desafi o de voltar ao São Raimundo para a disputa do Campeonato Amazonense de 2015. Em sete partidas, Neto marcou cinco gols e deu duas assistências. Por conta de uma lesão muscular, fi cou de fora dos últimos jogos que tiraram o time da briga pela classifi cação. Apesar disso, Neto entrou na seleção do Estadual.

Neste segundo semestre, aproveitando as férias forçadas do futebol amazonense, o camisa 10 aceitou um novo desafi o: ajudar o treinador Paulo Morgado na missão de levar o Leão da Vila Mu-nicipal ao acesso para a Série C, dessa vez, fora de campo. Neto virou auxiliar técnico do português que assumiu o cargo de treinador após a saída de Aderbal Lana. Em um bate-papo descontraído, a equipe do PÓDIO conversou com Neto que comentou o novo cargo e seu futuro no futebol.

PÓDIO – Como surgiu a oportunidade de participar deste projeto do Nacional na Série D?

NETO – Essa é uma experi-ência nova. Graças a Deus, tive o privilégio de ser convidado pelo treinador Paulo Morgado para participar deste projeto. Ele que entrou em contato co-migo e espero ajudar com a minha experiência os jogadores. Isso é importante para a minha carreira. Fico feliz por estar con-tribuindo neste momento. Te-mos que evoluir na competição e espero que o Nacional con-siga melhorar o desempenhonas partidas.

PÓDIO – Conseguiu con-

versar com os jogadores e passar um pouco de sua ex-periência?

N – Consegui conversar com alguns jogadores que não vi-nham sendo utilizados em to-dos os jogos. Senti que, com essas mudanças, os jogado-res já mudaram a atitude nos treinamentos e querem buscar essa classifi cação mesmo sen-do difícil, mas temos que pensar pelo lado positivo. Os jogadores devem colocar na cabeça que há possibilidade de classifi car, e trabalhar para conseguir. Va-mos mostrar força durante as partidas para lutar até o fi nal. Essa equipe ganhou o Estadual e não desaprendeu a jogar. Eles devem pensar no presente e tem sim, a possibilidade do Nacional se classifi car.

PÓDIO – Ter trabalha-do com parte da comissão técnica facilita nessa nova missão?

N – Ajudou muito. Conheço o Iuna há muito tempo e o Paulo Morgado há uns 2 ou 3 anos. Esse é o momento de estarmos unidos para fortalecer dentro de campo, sempre sendo transparentes um com o outro, que é o mais importante. Vamos

dialogar e auxiliar um ao outro. Muitas vezes, encontramos co-missões em que os membros não se comunicam e acabam fracassando. Vamos fazer de tudo para que as coisas fl uam nos dias dos jogos.

PÓDIO – Como avalia o seu ano de 2015?

N – Foi um ano maravilhoso. Tive a oportunidade de atuar em uma equipe onde me identi-fi co. Isso é importante. Voltei ao São Raimundo justamente para ajudar aos companheiros que lá estavam. Fui feliz. Joguei sete jogos e fi z cinco gols. Então, es-tava em um ritmo forte. Isso me ajudou muito. Mesmo parado, ainda treinava. Faltava apenas o trabalho de bola. Infelizmen-te, me lesionei e vi que faltou a preparação física adequada para a competição, mas foi bom enquanto estive ajudando os companheiros dentro de campo como atleta. Agora, é pensar no futuro e esquecer o passado. Fico feliz por ter percebido que tenho qualidade para estar em campo contribuindo como foi no São Raimundo. Agora, tenho que pensar como auxiliar. Pen-sar diferente. É outra visão de jogo, outra atitude, saber como dialogar com os jogadores e motivar cada atleta. Tenho que perceber como cada atleta está. Fico feliz por contribuir tam-bém nessa posição e já planejar meu futuro como treinador no Amazonas. Esse grupo é forte e já tem calendário para o ano que vem.

PÓDIO – Qual a importân-cia deste acesso, se vier, para o futebol amazonense?

N – Muito importante o time ter esse pensamento de chegar à Série C e ir subindo. Todo joga-dor almeja buscar o título. Nin-guém entra numa competição pensando na vice-colocação. Com a equipe do Nacional não é diferente. Todos os jogadores

estão com esse pensamento de subir, porque vão fi car na história do clube e no currículo de cada um. Isso é importan-tíssimo. Quando você procura um jogador, sempre procurar saber os títulos que ele ganhou. Eles sabem disso e creio que querem deixar essa marca no Nacional. Primeiro, temos que passar dessa etapa e ir subindo etapas. Ela (equipe) está se pre-parando desde o começo o ano. Eles (jogadores) têm potencial para chegar e espero que esse plantel dê o retorno que os torcedores esperam.

PÓDIO – Em 2016, você volta ao São Raimundo?

N – Não sei ainda. O futuro só a Deus pertence. Vou procurar concentrar nos jogos pela equi-pe do Nacional. Torcer muito para que os jogadores consigam o objetivo que é subir junto com a comissão e diretoria. Pensar no futuro é cedo, mas há uma possibilidade. Vamos estudar bastante e ver se ainda tenho condições de atuar ano que vem. Já programei que encerro minha carreira em 2016, mas não tem clube ainda.

PÓDIO – Levará muitas amizades do futebol?

N – Fiz muitos amigos por onde passei. Sempre procurei ser honesto e transparente com os meus colegas, mas nunca agradamos a todos. Procurei fazer amizades que andam co-migo e até hoje, me comunico com jogadores que atuaram co-migo em outros times. Essas não são aquelas passageiras, mas verdadeiras que podem contar quando precisamos. É importante fazer amizade, porque não sabemos o dia de amanha. Nunca tive problemas com outros jogadores. Isso que realmente importa.

PÓDIO – Qual foi o me-lhor treinador com quem

trabalhou?N – Não teve um específi co.

Tive vários treinadores bons, como o Aderbal (Lana), que me ajudou muito no meu começo de carreira. Me ajudou como atleta e pessoa. Sempre cobrou o máximo nos treinamentos. Foi por isso que alcançamos todo o sucesso no São Raimundo. Também tive outros treinadores como Paulo César Carpegiani e Gilson Keina. Em Portugal, trabalhei com o Vitor Pereira e Antonio Caldas. No fi nal de carreira, tive o Morgado, que foi o meu treinador por 1um ano e aprendi muito. Sempre tentei absorver o máximo de cada, ouvir também. Não sabemos tudo. Aprendemos no dia a dia com os treinadores. Trabalhei com vários treinadores compe-tentes que me ajudaram dentro e fora de campo. Guardei tudo o que me passaram de bom. Por isso, faço questão de lembrar de todos. Aprendi muito com os de fora. Cheguei lá com 28 anos e evolui muito técnica e taticamente. São pessoas que até hoje tenho contato. Ligo para agradecer por tudo que fi zeram comigo já aos 30 anos. Essas pessoas que conheci em Portugal me fi zeram crescer muito mais como atleta.

RAIMUNDO VALENTIM

RAIMUNDO VALENTIM

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Willian D’Ângelo

Euterpe Football Club, o pioneiro time de negros do Amazonas

O Euterpe Football Club, fundado em 1919, en-trou para a história por ser o primeiro e úni-

co clube do Amazonas formado somente por jogadores negros. Em 1920, o time verde e branco iniciava sua rápida passagem pelo futebol local filiando-se na Federação e perdendo seu jogo de estreia por 6 a 1 para o Ma-náos Sporting.

O time fez história, pois abriu as portas para os atletas negros no futebol brasileiro, onde apesar de ter se consolidado como o esporte preferido já na década de 1920, não era visto com bons olhos durante sua popularização pelo país. As mais pesadas críticas vieram principalmente de setores da elite intelectual.

Da mesma forma que não fora recebido com simpatia pela elite intelectual, o mesmo acontecera em relação à classe trabalhadora. As lideranças sindicais da época viam o esporte com desconfi ança, por o acharem uma forma de alie-nação produzida pelos donos das fábricas para desviar a atenção do proletariado em relação à causa operária. Para tais lideranças, o futebol era “mera expressão da manipulação consumista e alie-nante da burguesia”.

A primeira sede social do Eu-terpe Football Club localizava-se na rua 24 de Maio, tendo na ata

de sua fundação de que a equipe só aceitaria sócios e jogadores de cor negra. O único título conquistado pelo clube foi de um torneio rea-lizado em 1920, onde o Euterpe conquistou a taça “27° Batalhão de Caçadores“. O clube também teve como endereço a ruaCosta Azevedo.

Sete clubes toma-ram parte do campe-onato amazonense de 1920, disputado em dois turnos, sen-do declarado cam-peão o clube que so-masse mais pontos ao fi nal dele. Par-ticiparam da com-petição o campeão Nacional, Amazo-nas, Rio Negro, Luso Brasileiro, Manáos Sporting, Monte Christo e o Euterpe, com to-dos os jogos sendo dispu-tados no Parque Amazonense.

O “Dragão Negro” não foi bem em sua participação, sofrendo goleadas como o 9 a 0 para o Nacional, 6 a 0 para o Rio Negro e 7 a 2 para o Manáos. Na classifi cação geral, o Euterpe fi cou na sétima posição com ape-

nas 1 ponto somado. Os principais jogadores do time amazonense foram Dodó (Domiciano Bor-ges) e Patrício, conhecido como um dos maiores dribladores dofutebol amazonense.

Em vários relatos sobre o negro no futebol brasileiro, sabe-se que

times como o Bangu-RJ, em 1905, e o Vasco, em 1923, fi zeram história a permitir negros e mulatos em seus elencos. A Associação Atléti-ca Ponte Preta-SP tenta ser reco-nhecida pela Fifa como o primeiro clube a aceitar jogadores negros

em seu time, levando em conta a sua fundação em 11 de agosto de 1900, onde o objetivo principal era ter uma agremiação sem pre-conceito de raça ou religião parapraticar o futebol.

COLUNISTA DO PÓDIO

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Vida de treinador não é fácil. Se o time vai bem, todos são elogia-dos. Se os resultados

não aparecem, a culpa sempre é do “professor”. Mesmo que não seja, a conta sempre é paga por eles. No Amazonas, a realidade não é diferente. Além das poucas equipes no Estado, o técnico sabe que trabalhará apenas seis meses no ano, tem-po de duração do Campeonato Amazonense. O Barezão 2015 terminou no dia 20 de junho, quando o Nacional se sagrou campeão batendo o Princesa do Solimões na grande fi nal que aconteceu na Arena da Amazô-nia Vivaldo Lima. Porém, para a maioria, o Estadual encerrou no dia 24 de maio, quando acabou a primeira fase da competição. A pergunta que fi cou no ar foi: e agora, o que os treinadores irão fazer?

O motivo dessa indagação é o calendário falho do Amazo-nas. O futebol profi ssional local praticamente não existe no se-gundo semestre. Nesta tempo-rada, a Federação Amazonen-se de Futebol (FAF) organizará, a partir do mês de outubro, a Copa Amazonas. O torneio contará com a participação de cinco equipes: Manaus FC, Fast, Holanda, Nacional Bor-bense e Operário, todavia, a maioria utilizará profi ssionais que já estavam comandando os times de base.

Aproveitando essas “férias” forçadas, o ex-comandante do Rio Negro, Roberley Assis, de-cidiu continuar buscando mais conhecimento profi ssional. Desde 2014, o treinador vem participando de cursos, e nes-sa temporada foi selecionado para realizar um período de estudos no centro de treina-mento da seleção brasileira, na Granja Comary, em Teresópolis, no Rio de Janeiro. O técnico explica que buscar novas qua-lifi cações sempre é importante, principalmente para quem está

começando na carreira.“Já venho buscando cursos

desde 2014 e ocasionou de ter a oportunidade de fazer esse neste ano. Meu currículo foi aceito. Eles selecionam cinco treinadores do Brasil. Fui para a Granja, onde passei dez dias. Foi uma qualifi cação mara-vilhosa. Fiz um network com vários treinadores de todo o Brasil”, disse Assis, que voltou para Manaus e continuará o restante do curso avaliando 30 horas de treinamentos em clubes locais ou de fora.

“O Morgado (Paulo) abriu as portas do Nacional. Vou fazer, no mínimo, dez horas de aná-lise do trabalho, treinamento e conversar com ele. Vou procurar

fazer em outros clubes fora do Estado também”, ressaltou o treinador, que ainda revelou já ter recebido convites para treinar equipes da categoria de base e times que disputarão a Copa Amazonas, porém, nenhu-ma proposta ofi cial apareceu. Paralelo ao curso, Roberley se-gue levando em frente a sua es-colinha de futebol que funciona no clube da Caixa Econômica Federal, localizada no bairro da Alvorada, Zona Centro-Oeste.

Não é a primeira vez que Roberley sofre com o calen-dário do Amazonas. Segundo o treinador, os profi ssionais devem se preparar ao máximo para agarrar a oportunidade quando aparecer.

“Não podemos parar. Temos que buscar conhecimento e se qualifi car vendo bastantes trei-namentos, conversando com grandes treinadores e assis-tindo muitos jogos para quan-do aparecer uma oportunidade, estar preparado para agarrar. Quando estamos dentro de um time, já temos que executar. Quando estamos fora, temos a opção de analisar e ver o que está certo. Isso gera ex-periência”, afi rmou Assis, que continuará fazendo curso para se aperfeiçoar.

“Vou fazer outros cursos e aconselho os outros treina-dores a procurarem também. É uma profi ssão difícil e in-grata. Muitas vezes, a falta de estrutura compromete teu nome e trabalho, mas as pessoas não querem saber. É você que está à frente e tem que fazer da melhor maneira possível”, concluiu.

Ney JúniorOutro treinador do Estado

que também buscou se aperfei-çoar foi Ney Júnior. Estreando na nova função neste Estadual à frente do Fast, o ex-jogador não resistiu a pressão e deu o lugar ao experiente João Carlos Cava-lo. Parado desde sua demissão, Ney continua trabalhando na Secretaria Municipal da Juven-tude, Esporte e Lazer (Semjel), enquanto não aparece outra oportunidade para comandar clubes no Estado.

“Viajei nesse período. Passei um tempo em Curitiba e no Rio de Janeiro, onde fi z um curso de treinador. Indepen-dente disso, trabalho na Semjel e é vida que segue. Estamos trabalhando e esperando que apareça outra oportunidade de trabalhar como treinador. Sa-bemos que aqui é precário. Só temo o Nacional disputando a Série D. Agora é trabalhar para esperar novas oportunidades. Todo curso é valido. Sempre é bom aprender novas técnica. Porém, aprendemos mais na prática”, disse Júnior.

PROFESSOR’

Lapidando o Roberley Assis, técnico do Rio Negro no Campeonato Amazonense de 2015, está participando de um curso na CBF em busca de aprimoramento na profi ssão

Roberley (de amarelo) acompa-nhando o treino de Paulo Morgado no Nacional

Lapidando o Roberley quan-do era treinador do Rio Negro no Campeonato Ama-zonense de 2015

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Vou fazer outros cursos e aconselho os outros treinado-res a procurarem também. É uma

profissão difícil e ingrata

Roberley Assis, técnico de futebol

THIAGO FERNANDO

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Vida de treinador não é fácil. Se o time vai bem, todos são elogia-dos. Se os resultados

não aparecem, a culpa sempre é do “professor”. Mesmo que não seja, a conta sempre é paga por eles. No Amazonas, a realidade não é diferente. Além das poucas equipes no Estado, o técnico sabe que trabalhará apenas seis meses no ano, tem-po de duração do Campeonato Amazonense. O Barezão 2015 terminou no dia 20 de junho, quando o Nacional se sagrou campeão batendo o Princesa do Solimões na grande fi nal que aconteceu na Arena da Amazô-nia Vivaldo Lima. Porém, para a maioria, o Estadual encerrou no dia 24 de maio, quando acabou a primeira fase da competição. A pergunta que fi cou no ar foi: e agora, o que os treinadores irão fazer?

O motivo dessa indagação é o calendário falho do Amazo-nas. O futebol profi ssional local praticamente não existe no se-gundo semestre. Nesta tempo-rada, a Federação Amazonen-se de Futebol (FAF) organizará, a partir do mês de outubro, a Copa Amazonas. O torneio contará com a participação de cinco equipes: Manaus FC, Fast, Holanda, Nacional Bor-bense e Operário, todavia, a maioria utilizará profi ssionais que já estavam comandando os times de base.

Aproveitando essas “férias” forçadas, o ex-comandante do Rio Negro, Roberley Assis, de-cidiu continuar buscando mais conhecimento profi ssional. Desde 2014, o treinador vem participando de cursos, e nes-sa temporada foi selecionado para realizar um período de estudos no centro de treina-mento da seleção brasileira, na Granja Comary, em Teresópolis, no Rio de Janeiro. O técnico explica que buscar novas qua-lifi cações sempre é importante, principalmente para quem está

começando na carreira.“Já venho buscando cursos

desde 2014 e ocasionou de ter a oportunidade de fazer esse neste ano. Meu currículo foi aceito. Eles selecionam cinco treinadores do Brasil. Fui para a Granja, onde passei dez dias. Foi uma qualifi cação mara-vilhosa. Fiz um network com vários treinadores de todo o Brasil”, disse Assis, que voltou para Manaus e continuará o restante do curso avaliando 30 horas de treinamentos em clubes locais ou de fora.

“O Morgado (Paulo) abriu as portas do Nacional. Vou fazer, no mínimo, dez horas de aná-lise do trabalho, treinamento e conversar com ele. Vou procurar

fazer em outros clubes fora do Estado também”, ressaltou o treinador, que ainda revelou já ter recebido convites para treinar equipes da categoria de base e times que disputarão a Copa Amazonas, porém, nenhu-ma proposta ofi cial apareceu. Paralelo ao curso, Roberley se-gue levando em frente a sua es-colinha de futebol que funciona no clube da Caixa Econômica Federal, localizada no bairro da Alvorada, Zona Centro-Oeste.

Não é a primeira vez que Roberley sofre com o calen-dário do Amazonas. Segundo o treinador, os profi ssionais devem se preparar ao máximo para agarrar a oportunidade quando aparecer.

“Não podemos parar. Temos que buscar conhecimento e se qualifi car vendo bastantes trei-namentos, conversando com grandes treinadores e assis-tindo muitos jogos para quan-do aparecer uma oportunidade, estar preparado para agarrar. Quando estamos dentro de um time, já temos que executar. Quando estamos fora, temos a opção de analisar e ver o que está certo. Isso gera ex-periência”, afi rmou Assis, que continuará fazendo curso para se aperfeiçoar.

“Vou fazer outros cursos e aconselho os outros treina-dores a procurarem também. É uma profi ssão difícil e in-grata. Muitas vezes, a falta de estrutura compromete teu nome e trabalho, mas as pessoas não querem saber. É você que está à frente e tem que fazer da melhor maneira possível”, concluiu.

Ney JúniorOutro treinador do Estado

que também buscou se aperfei-çoar foi Ney Júnior. Estreando na nova função neste Estadual à frente do Fast, o ex-jogador não resistiu a pressão e deu o lugar ao experiente João Carlos Cava-lo. Parado desde sua demissão, Ney continua trabalhando na Secretaria Municipal da Juven-tude, Esporte e Lazer (Semjel), enquanto não aparece outra oportunidade para comandar clubes no Estado.

“Viajei nesse período. Passei um tempo em Curitiba e no Rio de Janeiro, onde fi z um curso de treinador. Indepen-dente disso, trabalho na Semjel e é vida que segue. Estamos trabalhando e esperando que apareça outra oportunidade de trabalhar como treinador. Sa-bemos que aqui é precário. Só temo o Nacional disputando a Série D. Agora é trabalhar para esperar novas oportunidades. Todo curso é valido. Sempre é bom aprender novas técnica. Porém, aprendemos mais na prática”, disse Júnior.

PROFESSOR’

Lapidando o Roberley Assis, técnico do Rio Negro no Campeonato Amazonense de 2015, está participando de um curso na CBF em busca de aprimoramento na profi ssão

Roberley (de amarelo) acompa-nhando o treino de Paulo Morgado no Nacional

Lapidando o Roberley quan-do era treinador do Rio Negro no Campeonato Ama-zonense de 2015

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Vou fazer outros cursos e aconselho os outros treinado-res a procurarem também. É uma

profissão difícil e ingrata

Roberley Assis, técnico de futebol

THIAGO FERNANDO

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Jogos às 10h têm mudado a rotina dos torcedores Brasil afora e a preparação dos atletas

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o-di

a Não se pode agradar a gregos e troianos, por isso muitos torcedores bateram o pé quando a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou o novo horário

de jogos do Brasileirão 2015. A verdade é que a inclusão de duas partidas às 11h (10h local) de domingo tem garantido um grande número de público pagante nos estádios Brasil afora e feito a alegria nas manhãs dominicais dos torcedores locais pelo melhor rendimento do dia.

O servidor público e torcedor do Flamengo, An-drey Farache, 23, é um dos que têm aproveitado o novo horário. Entretanto, ele frisa que a proposta é mais pertinente para outros lugares, como Paraná, São Paulo, Minas Gerais, entre outros, onde os jogos ocorrem em estádios e a emoção de acompanhar o time do coração é maior.

“É um horário acessível, mas para a gente que mora no Norte, as partidas começam às 10h e geralmente terminam no horário do almoço, quan-do estamos com a família, e é um dos momentos que tiramos na semana para esse convívio. Eu, particularmente, gostei bastante e acho bastante válido para os torcedores aproveitarem o dia”, disse o torcedor do Rubro-Negro carioca.

Muitos imaginam que os apaixonados por futebol, principalmente os das terras cariocas, aproveitam para ter uma longa tarde na praia após os duelos. A vascaína Ana Sodré, 26, enfermeira que mora no Rio de Janeiro, confi r-mou a história e contou que tomar um banho de mar depois das partidas é a melhor opção para amenizar o calor escaldante.

“Com relação ao aproveitamento, é oportuno sim. A única coisa ruim é que fi ca bem no horá-rio do almoço e você acaba tendo que escolher entre ir prestigiar o time seja no estádio ou na frente da televisão, ou ir almoçar com a família. No mais, é um bom horário, dá para aproveitar o fi m de tarde na praia e também descansar”, contou a torcedora cruz-maltina.

ReadaptaçãoO especialista em medicina esportiva Rafael

Benoliel explicou que o sol forte que faz no horário das partidas matinais em determinados locais do Brasil não altera o desempenho dos jogadores, entretanto, os atletas devem ser avaliados para passar por readequações alimentares, fi siológicas e alterar os períodos de repouso.

“Os jogadores são como máquinas, pro-gramados para funcionar de acordo com a formação específi ca que receberem. No caso, seria preciso fazer um planejamento de cinco dias a uma semana, com um tratamento pre-ventivo”, disse o especialista, acrescentando que no caso de derrotas, não da para colocar a culpa no clima, seja de calor ou frio.

Para Benoliel, não há nenhuma contraindicação nos duelos que acontecem nesta nova agenda, porém, se os jogos do Campeonato Brasileiro acontecessem em solo manauara, a rotina dos atletas sofreria alterações principalmente no acompanhamento nutricional e fi siológico, que seriam mais intensivas, devido o forte calor que todos sabem – e sentem na cidade.

“Já aconteceu de eu estar com uma equipe, ir jogar fora de Manaus em locais com clima mais frio e voltar no mesmo dia. Então foi uma mu-dança brusca, mas nós estávamos preparados, tínhamos feito uma readaptação. Das quatro vezes que fi zemos isso, vencemos três. Então não houve nenhum comprometimento em relação a isso, é basicamente uma questão de adaptação na rotina dos profi ssionais” fi nalizou Benoliel que atuou como médico do Nacional.

Segundo o nutricionista Renan Verde, espe-cialista em nutrição esportiva e clínica, dentre os cuidados em relação ao clima em que os jo-gadores vão atuar, está a hidratação adequada a uma nova rotina, como a ingestão mínima de água por quilo corporal.

“No caso, uma pessoa adulta na faixa de 18 a 55 anos, precisa de 40 ml de água por quilo de peso e ter acompanhamento de alimentação”, informou Verde.

CECÍLIA SIQUEIRA

Paolo Guerrero sofreu com o calor

de São Paulo no domingo passado

ANDER

SONRO

DRIGUES/FRA

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E7 MANAUS, DOMINGO, 23 DE AGOSTO DE 2015

LEONARDO

Atlético-MG e Palmeiras duelamBelo Horizonte (MG) – Com

31 pontos e na quinta colocação do Campeonato Brasileiro, o Palmeias enfrenta neste domin-go (23), no Mineirão, o Atlético-MG pela primeira partida do returno do Brasileirão. Como as equipes lutam na parte de cima da tabela – o Galo é o vice-líder da competição com 36 pontos –, o Alviverde quer vencer fora de casa para se colocar entre os postulantes ao título.

O experiente goleiro Fer-nando Prass afi rmou que se o Palmeiras quiser almejar a conquista do Brasileirão, tem a obrigação de vencer o Galo, uma vez que o duelo é o famoso “jogo de seis pontos”.

“Se quisermos pensar em título temos que vencer o Atlético no Mineirão. Esse jogo é de seis pontos e pre-cisamos ser ousados para conquistarmos um resultado positivo”, afi rmou goleiro.

Para conseguir o feito, os palmeirenses terão que se

NO MINEIRÃO

Flamengo enfrenta São PauloPartida no Maracanã marcará a estreia do técnico Oswaldo de Oliveira no comando técnico do time rubro-negro

Rio de Janeiro (RJ) – Fla-mengo e São Paulo se enfrentam neste do-mingo (23), às 15h (de

Manaus), no Maracanã, pela 20ª rodada do Campeonato Brasileiro, no duelo de dois times inconstantes na com-petição. O Rubro-Negro, com apenas 23 pontos somados, ocupa a 13ª colocação no tor-neio. Já o Tricolor paulista, mes-mo na parte de cima da tabela – 31 pontos na sexta coloca-ção –, não tem apresentadofutebol convincente.

Para o jogo, o Flamengo terá uma novidade: fará a estreia do técnico Oswaldo de Oliveira, apresentado na última quinta-feira (20), para substituir Cristóvão Borges. O novo treinador comandou os treinamentos na sexta-feira, mas sem tempo hábil para co-nhecer o elenco, deve manter a base deixa pelo antecessor. O elenco, que ainda tenta digerir a derrota para o Vasco no meio de semana, vê, na partida des-te domingo, a oportunidade de vencer e elevar a autoestima para reverter o placar adverso na Copa do Brasil.

Paolo Guerrero, sem marcar gols há mais de um mês, e Emerson Sheik continuam no ataque. A dúvida é se Oswaldo manterá o esquema ofensivo com três atacantes e um meia de ligação. Se não mexer na estrutura do time, o Flamengo deverá entrar em campo com: César, Pará, Marcelo, Wallace, Jorge, Márcio Araújo, Canetros, Ederson, Everton, Emerson Sheik e Paolo Guerrero.

Levantar a cabeçaApós duas derrotas seguidas

no Morumbi – 3 a 0 para o Goiás pelo Brasileirão e 2 a 1 para o Ceará pela Copa do Brasil –, o São Paulo espera que o fato de jogar longe da pressão da torcida possa ajudar no desem-penho em campo.

Mais uma vez, o técnico Juan Carlos Osorio não contará com Rogério Ceni. Outra ausência será a de Luis Fabiano, que com lesão no joelho direito foi vetado. O Tricolor deve ir para a partida com: Renan, Bruno, Lucão, Luiz Eduardo, Reinaldo, Rodrigo Caio, Thiago Mendes, Ganso, Michel Bastos, Alexan-dre Pato e Wilder. Times fizeram último treino no sábado para se preparar para o confronto desta tarde no “templo do futebol mundial”

superar. Sem Arouca, Robi-nho, Leandro Pereira e Victor Ramos, todos machucados, o técnico Marcelo Oliveira deve escalar uma equipe mais cau-telosa. Mesmo escondendo a equipe titular, a tendência é que Amaral e Girotto atuam como volantes e Zé Roberto e Cleiton Xavier na criação.

Se for confi rmada esta opção, o Palmeiras vai à campo com: Fernando Prass, Lucas, Jackson,

Vitor Hugo, Egídio, Amaral, Gi-rotto, Zé Roberto, Cleiton Xavier, Dudu e Alecsandro.

ReaçãoA quatro jogos sem vencer,

sendo três no Campeonato Brasileiro, o Atlético-MG apos-ta no fator casa para voltar a vencer na competição. O jogo marcará a partida de número 200 do lateral Marcos Rocha com a camisa do Galo.

Fluminense encara JEC no SulJoinville (SC) - No grupo dos

quatro melhores do Campeo-nato Brasileiro, o Fluminense enfrenta neste domingo (23), em Santa Catarina, o Joinville, vice-lanterna da competição. Mesmo com a discrepância na tabela, o duelo é tido como perigoso, já que o JEC melhorou seu desempenho desde a che-gada do técnico PC Gusmão e sempre é forte em casa.

Para a partida, o treinador tricolor, Enderson Moreira, terá que usar a criatividade. São dois desfalques certos, o goleiro Diego Cavalieri e o la-teral-direito Wellington Silva, e mais quatro dúvidas: Osvaldo, Fred, Pierre e Ronaldinho Gaú-cho. Na meta, Júlio César, que mostrou segurança na partida contra o Paysandu no meio de semana, continua como titular. No fl anco direito, Renato as-sume o posto.

Diante deste cenário, En-derson deve mandar a campo a seguinte formação: Júlio

NO G-4

Cícero voltou ao Tricolor carioca e tomou conta do meio campo

César, Renato, Gum, Mar-lon, Gustavo Scarpa, Jean, Edson, Cícero, Ronaldinho Gaúcho, Marcos Júnior e Fred (Magno Alves).

Pelo lado do Tricolor catari-nense, a expectativa é que o time mostre o mesmo empe-nho do jogo contra o Cruzeiro, quando venceu por 3 a 0 na Arena Joinville. Para isso, o técnico PC Gusmão aposta na

experiência do meia-atacan-te Marcelinho Paraíba, que tem sido, ao lado de William Pop, o cérebro da equipe. No ataque, a boa notícia é o retorno de Kempes.

O JEC vai à campo com: Agenor; Mario Sérgio, Bruno Aguiar, Guti e Diego; Nal-do, Anselmo e Kadu; William Popp, Marcelinho Paraíba e Kempes (Edigar Junio).

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Page 8: Pódio - 23 de agosto de 2015

E8 MANAUS, DOMINGO, 23 DE AGOSTO DE 2015

Motor volta a ‘roncar’ na Fórmula 1

Após quase um mês de férias, principal competição de automobilismo retorna às atividades neste domingo (23) no Grande Prêmio da Bélgica

Stavelot (Bélgica) – O décimo primeiro, de um total de 19 grandes prêmios de Fórmula 1 na temporada, será realizado

neste domingo (23), no circuito de Spa-Francorchamps na Bélgica, um dos mais queridos entre os pilotos. A principal categoria do automobilismo mundial fi cou 28 dias de férias e retorna para o “sprint” fi nal da competição.

A tradicional prova do calendário será a oportunidade para a Mercedes voltar ao pódio. No último GP, disputa-do na Hungria, tanto Lewis Hamilton quanto Nico Rosberg fi caram aquém do esperado. O britânico foi o sexto colocado e o alemão o oitavo. Mesmo assim, ambos continuam no topo da classifi cação, com Hamilton em pri-meiro com 202 e Rosberg na sequencia com 181 pontos somados.

A expectativa é que o circuito, com muitas retas e curvas de alta veloci-dade, passa ajudar no desempenho do motor Mercedes, soberano na F-1 desde a temporada passada. Nos treinamentos, Nico voltou com “o pé mais calibrado” e mostrou que pode ultrapassar o companheiro.

O brasileiro Felipe Massa afi rmou que

se sente bem na Bélgica e espera que sua Williams possa surpreender. Ele acredita que as características da pista belga e adequam bem ao FW37 e espera por pódios neste retorno do campeonato.

“O tempo pode algumas vezes nos surpreender, então nós precisamos acertar em cheio na estratégia e nas tomadas de decisão. O desenho (da pista) se adapta aos pontos fortes do nosso carro e, por isso, nós estamos querendo começar a segunda metade da temporada em uma boa posição”, acrescentou o paulista de 34 anos.

O mesmo pensa o compatriota Felipe Nasr. Com a Sauber modifi cada com motor Ferrari atualizado, a esperança é pontuar em Spa. Além disso, o bra-sileiro já pensa mais na frente, visto que a partir do GP de Cingapura (o 13º da temporada), a escuderia suíça terá um novo pacote aerodinâmico

“Teremos em Cingapura uma atua-lização inteira do pacote aerodinâmi-co do carro, e isso será importante, pois entrará no conceito do carro de 2016, então teremos de inter-pretar bem para saber se tudo está no direcionamento certo da próxima temporada”, comentou Nasr.

GP da Bélgica é um dos mais queridos pelos pilotos

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