Poesia Ilustrada - Catálogo AEDO

73

description

Catálogo completo do I AEDO Festival de Poesia - Arte e Expressão da Oralidade

Transcript of Poesia Ilustrada - Catálogo AEDO

“Vamos fazer uma barbaridade!”

(Grupo Quixote, 1948)

f e s t i v a l d e p o e s i af e s t i v a l d e p o e s i af e s t i v a l d e p o e s i a

P O E s i a ILUSTRADaCATÁLOGO DA EXPOSIÇÃO

Sociedade Psicanalítica

Porto Alegre - Buenos Aires

REALIZAÇÃOPRODUÇÃOAPOIO CULTURAL

A poesia nasceu antes da escrita. Contavam os gregos que, depois da batalha entre os deuses e os titãs, Zeus, compenetrado de que uma vitória como aquela não deveria jamais ser esquecida, tomou a titânide Mnemósine (a Memória), amou-a por nove dias e nove noites e desses dias e noites de amor nasceram as nove musas, deusas da arte. Daqueles que eram tocados pelas musas, destacavam-se os aedos que declamavam seus poemas acompanhando-se na lira.

Reza a lenda que Homero, o maior de todos os aedos, era cego e analfabeto, ainda assim, duas de suas obras, a Ilíada e a Odisséia, mantêm até hoje seu poder de encantamento. Com o tempo, não só a obra de Homero ganhou forma escrita como a poesia tornou-se preponderantemente uma arte desta; a disposição dos versos no papel, a mancha do texto assumindo formas e significados no que se chama atualmente de “poesia visual” que vai desde os “caligrammes” de Appolinaire até os experimentos do concretismo e posteriores.

Neste princípio de Século XXI, sem que haja um enfraquecimento da poesia visual, assiste-se o renascer da oralidade na poesia, principalmente através do crescimento dos chamados “saraus”. O poeta não se limita a esperar ser lido, vai ao encontro do público, diz seu texto, interpreta, tem o retorno imediato do impacto de sua obra e obviamente é influenciado por este retorno. Para dar expressão a este movimento, ressignificamos o termo AEDO em Arte e Expressão Da Oralidade e criamos um festival que pretende resgatar a história e talvez apontar rumos possíveis para a poesia.

RMM

A

Poetry was born before writing. According the Greeks, after the battle between the gods and the Titans, Zeus, thinking about a win like that should never be forgotten, took the Titan Mnemosyne (Memory), loved her for nine days and nine nights, and after these days and nights of love, were born the nine Muses, the goddesses of art. From these were touched by the muses, the most important were the aedos, who declaiming their poetries with the lyre.

The legend says Homer, the biggest of all aedos, was blind and illiterate. Nonetheless, two of his works, the Illiad and the Odissey, still have the power of wondering people. The time passing by and the Homer's works was written as poetry and turned them in a standard; the verse's position in the paper, the texts assuming forms and meanings in a thing called nowadays “visual poetry”, from Appolinaire's caligrams until the concrete poetry experiments.

In the beginning of the 21st century, without any sign of impairment of the visual poetry, the rebirth of the oral poetry is watched, throughout the growing of the soirees. The poet does not just want to be read, he goes to his audience, recites his text, performing it, and can see the feedback and the impact from this, influencing all the performance. To give the expressivity to this movement, we give another meaning to the AEDO. It means Arte e Expressão Da Oralidade (Art and Expression of the Orality, in Porrtuguese) and we made a festival to rescue the history and the possible ways to the poetry.

RMM

P

La poesía nació antes de la escritura. Los griegos decían que después de la batalla entre los dioses y los titanes, Zeus, convencido de que una victoria como aquella no debería ser olvidada jamás, tomó a la titanide Mnemosyne (la Memoria), la amó por nueve días y por nueve noches y de esos días y de esas noches de amor nacieron las nueve musas, las diosas del arte. De aquellos tocados por las musas, se destacaban los aedos, los cuales declamaban sus poemas haciéndose acompañar con una lira.

Dice la leyenda que Homero,el más grande de todos los aedos, era ciego y analfabeto, sin embargo, dos de sus obras, la Ilíada y la Odisea, mantienen hasta hoy todo su poder de encantamiento. Con el paso del tiempo, no sólo la obra de Homero adquirió su forma escrita, también la poesía se transformo em arte escritural; la disposición de los versos en el papel, el borrón de tinta del texto asumiendo formas y significados en lo que hoy se llama “poesía visual”, la cual va desde los “caligramas” de Appolinaire hasta los experimentos del concretismo y de los movimientos que lo sucedieron.

En este comienzo de siglo XXI, sin que la poesia visual se debilitase, se observa el renacimiento de la oralidad de la poesía, especialmente con el desarrollo de los llamados “recitales de poesía”. El poeta no se restringe a ser leído, él va al encuentro de lo público, dice su texto, interpreta, tiene la devolución inmediata del impacto de su obra en la gente y, por cierto, es influenciado por ese efecto. Para agregar expresión a ese movimiento, resignificamos la palabra AEDO en “Arte y Expresión De la Oralidad” y creamos un festival que quiere rescatar la historia y quizás, poder señalar posibles direcciones para la poesía.

RMM

l

Como música (2)

Ele tem gosto de músicaEu o devoro

NotaPorNota.

Ana Beise

Like music (2)

He tastes like music I devour him

Note By Note.

Ana Beise

Como música (2)

Él tiene gusto a músicaYo lo devoro

NotaPorNota.

Ana Beise

Ilustração:Claudio Carlucci

Morfologia O poeta que me olhaNão sonha meus sonhosNem entende minhas rimas.Se sou mulher ou sou menina.Se penso como vento,Escrevo como chuva,E derramo sentimentosEm palavras, em poçõesEm porções bem pequeninas. Ana Mello

Morphology The poet who looks at me Does not dream my dreams Or understands my rhymes. If I am a woman or a girl. If I think like wind, I write like rain, And I pour emotionsIn words, in potions In very tiny portions. Ana Mello

Morfologia El poeta que me miraNo sueña mis sueñosNi entiende mis rimas.Si soy mujer o soy niña.Si pienso como viento,Escribo como lluvia,Y derramo sentimientosEn palabras, en pocionesEn porciones pequeñitas. Ana Mello

Ilustração:Mariahde Olivieri

Despedida

O não findar desta fraseainda jaz sobre os quadros da toalha junto ao pingo de mostardareluz como ouro e não é amanhã te envio a cartao pó que cobreo caderno dos rabiscos tessituras em diagramasteu dorso frio, um campo.

Anelore Schumann

Farewell

The non-ending sentencestill lies on the tablecloth with the mustard dropshines like gold yet it is not tomorrow I shall send you [the letter the dust that covers the notebook of scribbles weavings in diagrams your cold back, a field.

Anelore Schumann

Despedida

El no terminar de esta frasetodavía yace sobrelos cuadros del mantel

junto a la gota de mostaza reluce como oro y no lo es

mañana te envío la cartael polvo que cubreel cuaderno de garabatos

tesituras en diagramastu dorso frío, un campo.

Anelore Schumann

Ilustração:Wilson Cavalcanti

Lila Ripoll(amiga, in memoriam)

Olhar mansode um coraçãobravo.Boca de versos,alma de boa prosa.Numa das mãos,cravo;na outra,rosa.

28 / 03 / 2014

Barreto Poeta

Lila Ripoll(friend, in memoriam)

Gentle look of a braveheart. Mouth of verses, soul of good prose. In one hand, carnation; in the other, rose.

03 / 28 / 2014

Barreto Poeta

Lila Ripoll(amiga, in memoriam)

Mirada mansade un corazónvaleroso.Boca de versos,alma de buena prosa.En una de las manos,clavel;en la otra,rosa.

28 / 03 / 2014

Barreto Poeta

Ilustração:MárciusAndrade

flor disforme

tua língua deslizou no seiosem o fantasma do tumoragora no espaço mutiladoresta vazio e receio

venha esperança dos deusescolher audácia e branca acáciacoragem de olhar no espelho

fez silêncio a paixão diante da dorpousa na flor disforme apenas teu amor

Benette Bacellar

deformed flower

your tongue slid in the breastwithout the tumor ghostnow in mutilated spacefear and emptiness rest

come hope from gods pick audacity and white acacia courage to look in the mirror

passion was silent in face of pain on deformed flower may your love remain

Benette Bacellar

flor disforme

tu lengua deslizó por el senosin el fantasma del tumorahora en el espacio mutiladoresta vacío y temor

ven esperanza de los diosesa recoger audacia y blanca acaciacoraje de mirarse al espejo

hizo silencio la pasióndelante del dolorreposa en la flor disformeapenas tu amor

Benette Bacellar

Ilustração: Daisy Viola

o porto da cidade residia em canal de raso caladocom nome de santo: São Gonçalo

ligava impolutas lagoasPatos e Mirim

a singela geografia enchia deinocente orgulho

o caderno da menina colegialà deriva, precocementedesancorada

Berenice Sica Lamas

the port of the city inhabited a canal of shallow draught with a holy name: St. Gonsalo

connected untouched ponds Patos and Mirim

the simple geography filled with innocent pride

the notebook of the high school girl adrift, precociously unanchored

Berenice Sica Lamas

el puerto de la ciudad residíaen canal de llano caladocon nombre de santo: San Gonzalo

unía impolutas lagunasPatos y Merín

la sencilla geografía llenaba deinocente orgullo

el cuaderno de la colegialaa la deriva, precozmentedesancorada

Berenice Sica Lamas

Ilustração: Március Andrade

Minha Rua

Minha rua é um rio

de rostos rápidos,de olhares náufragos,de corpos silenciosos.

Vez por outradou margem

a gritos de socorro.

Carlos Leser

My Street

My street is a river

of fast faces, ruined looks, silent bodies.

Time to time I give rise

to cries for help.

Carlos Leser

Mi calle

Mi callees un río

de rostros rápidos,de miradas náufragas,de cuerpos silenciosos.

De vez en cuandodoy margen

a gritos de socorro.

Carlos Leser

Ilustração: Renato de Mattos Motta

Bola de meiarola gabolaforma marolana areia Bola de panonuma boa peladafaz o dono do pépensar que é Pelé

Carlos Urbim

Sock ball boastful rolls builds swellsin the sand Cloth ball in pick-up gamemakes owner of the legimagine is playing Pelé

Carlos Urbim

Pelota de mediarueda oronda forma olasen la arena

Pelota de trapojugando un picaditohace al dueño del piesentirse Pelé

Carlos Urbim

Ilustração: Felipe Caldas

O silêncio atravessa o tempo não sente

ensina refina pressente borbulha

No arestá um raro efeito

O Amor atravessa o tempo

Carmen Silvia Presotto, Encaixes- Vidráguas-2006.

Silence crosses time does not feel

teaches refines presages sparkles

In the air rare effect

Love crosses time

Carmen Silvia Presotto, Encaixes- Vidráguas-2006.

El silencio atraviesa el tiempo no siente

enseña refina presiente bulle

En el airehay un raro efecto

el Amor atraviesa el tiempo

Carmen Silvia Presotto, Encaixes- Vidráguas-2006.

Ilustração:Américo

Conte

Regência da Despedida João abraçou o paiEstava morrendoNovamente,Abraçou-se ao paiPerguntando-se o porquê Abraçou-se no paiPela última vezE assim ficou:Até o suspiro finalAbraçou-se com o pai

Celso Sant'Anna

Farewell Regency

John hugged the fatherHe was dyingAgain,He hugged to the fatherWondering why

He hugged in the fatherFor the last timeAnd so remained:Until the final sighHe hugged with the father

Celso Sant'Anna

Régimen de despedida

João abrazó a su padreEstaba muriendoNuevamente, Se abrazó al padrePreguntándose el porqué

Se abrazó en el padrePor última vez Y así se quedó:Hasta el suspiro finalAbrazado con el padre

Celso Sant'Anna

Ilustração: Paulo Frydman

Ferramentas

Junto palavrasComo quem inventa moinhosTão cálido é o gestoQue me nascem pássaros e ninhos

Entre espada e fuga busco caminhose escondo a ruga

Domo palavrase excessos de que me inundoEnxugo as ferramentas e a cada manhãReinvento o mundo

César Pereira

Tools

I gather words As one who invents mills So warm is the gesture Birds and nests are born

Between sword and fugue I seek waysand hide the wrinkle

I tame words and excesses that flood me I wipe tools and every morning Reinvent the world

César Pereira

Herramientas

Junto palabrasComo quien inventa molinosTan cálido es el gestoQue me nacen pájaros y nidos

Entre espada y fuga busco caminosy escondo la arruga

Domo palabrasy excesos de los que me inundoEnjugo las herramientas y a cada mañanaReinvento el mundo

César Pereira

Ilustração:Renato

de Mattos Motta

Palavras de sol

Na casa mal sombrada,as criançasriam que riamdas palavras que fugiamda boca do poeta:

Palavras de Sol!

Clarice Almada

Sunny words

In poorly shaded home, children laughed and laughedat the words that fledfrom the poet's mouth:

Sunny Words!

Clarice Almada

Palabras de sol

En la casa mal sombreadaLos niñosReían y reíanDe las palabras que huíanDe la boca del poeta:

¡Palabras de Sol!

Clarice Almada

Ilustração: Américo Conte

del descubrimiento

era tierna la niña de trenzas____ inundada de esperanza

tenía la levedad de las hojasbailando al vientoy una cierta maliciade abejas polinizando flores

sentada en los peldaños del sueño____ pensabayse anochecía como si luna fuese

Cláudia Gonçalves

unveiling

She was bland, the girl with braids ___ full of hope

she had the lightness of leaves dancing in the wind and some malice of bees pollinating flowers

sitting on the steps of dreams ___ she thought and made herself darkas if she were moon

Cláudia Gonçalves

do descortinar

era doce a menina de tranças___ inundada de esperança

tinha a leveza das folhasdançando ao ventoe uma certa malíciade abelhas polinizando flores

sentada nos degraus do sonho___ pensavaeanoitecia-secomo se lua fosse

Cláudia Gonçalves

Ilustração: Daisy Viola

avidez

“Ama-me. É tempo ainda. Interroga-me.” Hilda Hilst

me ama agora ou não [me ama

se não for hojenosso tempo é passadoterá sido venturaavidez desejo

me ama agora ou não [me ama

verás, contudoque ainda sou vastaveemente e amante

se me quiseres

Cristina Macedo

greed

“Love me. It is still time. Interrogate me.” Hilda Hilst

love me now or do not love [me

if not today our time is pastwill have been happinessgreed desire

love me now or do not love [me

nevertheless you shall see I am still vastvehement and your mistress

if you wish

Cristina Macedo

avidez

"Ámame. Es tiempo aún. Interrógame." Hilda Hilst

ámame ahora o no [me ames

si no es hoy nuestro tiempo es pasadohabrá sido venturaavidez deseo

ámame ahora o no [me ames

verás, sin embargo,que aún soy vastavehemente y amante

si me quieres

Cristina Macedo

Ilustração: Felipe Caldas

manguezal

o amarelo do dia queima ruelasna sombra do ventre lama límpida sementeaquarelo-me em nuanças de alforria

Daniela Damaris(In: “mares de siram”)

manglar

lo amarillo del día quema callejasen la sombra del vientre lama límpida semillame pinto acuarela en matices de liberación

Daniela Damaris(In: “mares de siram”)

mangrove

the yellow of the day burns alleywaysin the shades of the womb mud limpid seedI watercolor me in nuances of manumission

Daniela Damaris(In: “mares de siram”)

Ilustração:Magnólia Dobrovolski

Barata

Marrom, misógina, divina!obra-prima claricianaporta-aviões recheadoessência de giz e coco.

Élvio Vargas

Cockroach

Brown, misogynous, divine! Clarice's* masterpiece stuffed aerocarrierchalk and coconut essence.

Élvio Vargas*Clarice Lispector, Brazilian poet and writer.

Cucaracha

¡Marrón, misógina, divina!Obra prima clariciana portaaviones rellenoesencia de tiza y coco.

Élvio Vargas

Ilustração: Américo Conte

Chama

nasceapós inúmeros colapsosse aquietaarrepia cabeloaprende a transpassare a consumir tudose reproduzem um pavio curtomorrebeijando cera

Felipe Magnus, 11/12/13

Flame

is born after numerous collapsesquiets downfluffs up hair learns to trespassand consume all multiplieson a short wickdies kissing wax

Felipe Magnus, 11/12/13

Llama

naceluego de innúmeros colapsosse aquietaeriza el peloaprende a traspasary a consumirlo todose reproduceen un pabilo cortomuerebesando cera

Felipe Magnus, 11/12/13

Ilustração: Mariah de Olivieri

Rompimento a meio-fio. Meio fio de navalha, com a cabeça cansada. Fio na calçada, à espera. Farrapos ungidos na areia, desatino. Em meio à confusão, ruptura. Nos fiapos, fenece o filtro e o ferro. Feito fatias folhadas, alguns fetiches se formam. Uma festa fadada ao fracasso. Com a faca enferrujada, foge do fogo e o foco se perde. Põe-se fermento na ferida, com apenas uma fala ferina. Feitiço bem feito.

Gisele Dias Forneck

Ruptura en el cordón

Medio filo de navaja, con la cabeza cansada.Cordón en la vereda, a la espera.Harapos ungidos en la arena, desatino.En medio a la confusión, ruptura.En las hebras, fenece el filtro y el hierro.Como tajadas hojaldradas, algunos fetiches se forman.Una fiesta destinada al fracaso.Con el cuchillo herrumbrado, huye del fuego y el foco se pierde.Se pone fermento en la herida, con sólo una palabra hiriente. Hechizo bien hecho.

Gisele Dias Forneck

Disruption at curb. Half razor edge, with weary head. Wire on the sidewalk, waiting. Rags anointed on sand, insanity. Amid the uproar, rupture. In the shreds, filter and iron vanish. Like foliate slices, some fetishes begin. A feast doomed to failure. With a rusty knife, flees from the fire and the focus fades. Ferment is put on wound with one only ferine speech.Well done charm.

Gisele Dias Forneck

Ilustração: Daisy Viola

Inspiração

Inspiração por que me fugisteSopro de maresVento alguresSol proeminenteLua desnuda se esgueira...Será que são ainda mais belas Sobre sulcos e seios de estradas,As musas inspiradoras que ao seu lado Fazem esgueirar-se?

Gustavo BurkhartInspiration

Inspiration why you escaped me Breath of seas Wind elsewhere Outstanding sun Naked moon sneaks ... Are they more beautifulOn grooves and breasts of roads, The muses who near you Sneak?

Gustavo Burkhart Inspiración

Inspiración por qué me huiste Soplo de maresViento en alguna parteSol prominenteLuna desnuda se escabulle...¿Serán todavía más bellas Sobre surcos y lechos de caminos,Las musas inspiradoras que a su lado Hacen que se escurra?

Gustavo Burkhart

Ilustração: Vinícius Vieira

Brado Carmesim

Da voz mansaTambém sai o gritoPesadoComo pedra de granitoCortanteComo ponta de diamanteIncisivoComo um soco do destinoMas suave...Sem subir o tom.A potência do gritoEstá no que é dito

Jeane Bordignon

Clamor carmesí

De la voz mansaTambién sale el gritoPesadoComo piedra de granitoCortanteComo punta de diamanteIncisivoComo un golpe del destinoPero suave...Sin subir el tono.La potencia del gritoEstá en lo que es dicho

Jeane Bordignon

Crimson clamor

From the soft voice The shouts come out Heavy As granite stone KeenAs diamond tip Incisive As a blow of fate Yet smooth ... No tone raising. The strength of the criesIn what is said lies

Jeane Bordignon

Ilustração: Magnólia Dobrovolski

quando nasce um poema

o poeta temmorte certeira

é possível verno futuro texto

a funda cicatrizdo recomeço

Juliana Meira

cuando nace un poema

el poeta tienemuerte certera

es posible veren el futuro texto

la honda cicatrizdel reinicio

Juliana Meira

when a poem is born

the poet has unerring death

it is possible to see in the future text

the deep scar of the resumption

Juliana Meira

Ilustração: Paulo Frydman

um dia

por maisque corra

serei

ultrapassado

Julio Alves

one day

however much I run

I will be

over past

Julio Alves

un día

por másque corra

seré

ultrapasado

Julio Alves

Ilustração:Wilson Cavalcanti

Beauties of my homeland

My soul misses the old and rustic shack. The groans of the gourd of mate,

trotting among the ages, caresses from hand to hand.

I keep in the memory happy times of country songs

love lived in each inch of ground.

Today I revere my native rootsbeauties my heart will always recall

Léris SeitenfusBellezas de la tierra

Guardo en el alma añoranzas de la vieja tapera.De los ronquidos del mate,

trotando entre edades,cariños de mano en mano.

Conservo en la memoria la felicidadde los tiempos de las canciones de galpón

amor vivido en cada palmo de suelo.Hoy venero las raíces del pago

bellezas de la tierra que del corazón nunca borro.

Léris Seitenfus

Belezas da terra

Guardo, na alma, saudades da velha tapera.Dos roncos da cuia de chimarrão

troteando entre idades,afagos de mão em mão.

Preservo, na memória, a felicidadedos tempos das cantigas de galpão.

Amor vivido em cada palmo de chão.Hoje, reverencio as raízes do pago.

belezas da terra que, do, coração, nunca apago.

Léris Seitenfus

Ilustração: Magnólia Dobrovolski

A lágrima

O sol está gelado.Empurrado pelo ventojunho se insinua inverno.

A coreografia ensaiada da última lágrima deslizasilenciosa e sensualno canto da boca da noite

Lota Moncada

Tear

The sun is gelid. Pushed by the wind June insinuates winter.

The tested choreography of the last tear slides Silent and sensual on the corner of the [night mouth

Lota Moncada

La lágrima

El sol está helado.Empujado por el viento junio se insinúa invierno.

La coreografía ensayadade la última lágrima desliza,silenciosa y sensual,por el borde de la bocade la noche.

Lota Moncada

Ilustração: Felipe Caldas

Propositions to explain the death of Walter

because you were a magician when putting words in our mouths. because the distance between Mogi and here, unspeakable. because your hieroglyph stumbled in so much hardness. because you said to your son: "cute" and with such grace. because you introduced the green leaves and pickles at barbecues. because good mood in the most disastrous situations. because 13 +1 equals 15. because infinity is a non- place in a family. because your tour of Andalucia approached you from Lorca and his tragic end. because you lavished solicitudes that have no place in this life.

Lucia Bins Ely

Proposições para explicar a morte de Walter

porque foste um mágico ao colocar palavras em nossas bocas.porque a distância entre Mogi e aqui impronunciável.porque teus hieroglifos esbarraram em tanta dureza.porque dizias a teu filho: “bonitinho” e com tanta graça.porque introduziste as folhas verdes e os pepinos japoneses nos churrascos.porque um humor nas situações mais desastrosas.porque 13+1 igual 15.porque o infinito é não lugar numa família.porque teu passeio por Andaluzia te aproximou de Lorca e de seu fim trágico.porque esbanjavas solicitudes que nessa vida não têm lugar.

Lucia Bins Ely

Proposiciones para explicarla muerte de Walter

porque fuiste un mago al colocar palabras en nuestras bocas.porque la distancia entre Mogi y aquí impronunciable.porque tus jeroglíficos tropezaron en tanta dureza.porque decías a tu hijo: “preciosito” y con tanta gracia.porque introdujiste las hojas verdes y los pepinos japoneses en los asados.porque el humor en las situaciones más desastrosas.porque 13+1 igual a 15.porque el infinito es no lugar en una familia.porque tu paseo por Andalucía te aproximó de Lorca y de su fin trágico.porque derrochabas solicitudes que en esta vida no tienen lugar.

Lucia Bins Ely

Ilustração: Renato de Mattos Motta

Aero-porto

Era por ver tuas costasme deixandoque as lágrimasdeixaram meus olhos

e alçaram vooslongínquossemi-possíveisde te ter

mas teu corpovoavapara outra direção

Luciana Chaves

Air-port For seeing your back leaving me tears left my eyes and took farawayflightshalf-possible of having you

but your body flew in another direction

Luciana Chaves

Aero-puerto

Era por ver tu espaldadejándomeque las lágrimasdejaron mis ojos

y alzaron vueloslejanossemi-posiblesde tenerte

pero tu cuerpovolabaen otra dirección

Luciana Chaves

Ilustração: Vinícius Vieira

Andanças

Sabe aqueles dias mornosde calçadas em visgode árvores em silêncioe lajes em folhas?

...é nesses dias que eu ameaço chovermas depois recolho pétalas e ventocaramujo lentosigo a trilhanum quase gozo.�Mara Faturi

Wanderings

You know those warm days pavements in mistletoe trees in silence slabs on leaves?

...in those days I threaten to rain but then gather petals and wind slow snail I follow the trail in near delight.

Mara Faturi

Andanzas

¿Sabe esos días tibiosde veredas viscosasde árboles en silencioy losas en hojas?

…es en esos días que amenazo lloverpero luego recojo pétalos y vientocaracol lentosigo la sendaen un casi gozo.o. Mara Faturi

Ilustração: Daisy Viola

Oferenda dia desses te douuma estrela pequena e malucadaquelas que cirandamnas saias das ciganascaem penduradas da pontados cabelos encaracoladosdas mulheres apaixonadase menstruadasdia desses te douuma estrela maluca e pequena

Mario PirataIn: “Calcinha Rosa na cadeira de balanço”

Offering

someday I shall give you a little and crazy star those that swingin gypsy skirts fall hanging from curly hair tipsof passionate and menstruatedwomen someday I shall give you a little and crazy star

Mario PirataIn: “Calcinha Rosa na cadeira de balanço”

Ofrenda un día de estos te doyuna estrella pequeña y locade esas que bailan rondasen las faldas de las gitanas caen colgadas de la punta del pelo ensortijado de las mujeres enamoradas y menstruadasun día de estos te doyuna estrella loca y pequeña

Mario PirataIn: “Calcinha Rosa na cadeira de balanço”

Ilustração: Renato de Mattos Motta

Passarinho

O passarinhocantauma vez.

Quem quer que ele canteoutra vez?

Que elecanta.

Mauro Klafke

Birdie

The birdie sings once.

Who wants himto sing again?

For he sings.

Mauro Klafke

Pajarito

El pajaritocantauna vez.

¿Quién quiereque canteotra vez?

Que élcanta.

Mauro Klafke

Ilustração:Claudio Carlucci

Preliminar

“A laje rosa da calçada. A poça d'água e um guri.”(Nelson Coelho de Castro)

Eu fiz um gol no Beira Rio.Era de tarde,o pai não foi,tava doente.O vô me levou.Eu fiz um gol no Beira Rioe meu avô viu.

Mauro Ulrich

Pregame

"The pink slab of sidewalk. A puddle of water and a little boy " (Nelson Coelho de Castro)

I scored a goal in Beira Rio. It was afternoon,Dad didn't go,sick he was. Grandpa took me. I scored a goal in Beira RioGrandpa could feel.

Mauro Ulrich

Preliminar

“La losa rosada de la vereda. Un charco y un gurí.”( Nelson Coelho de Castro)

Hice un gol en el Beira Rio.Era de tarde,Mi padre no fue,estaba enfermo.El abuelo me llevó.Hice un gol en el Beira Rioy mi abuelo lo vio.

Mauro Ulrich

Ilustração: Ronaldo Mohr

Cultuo falarfalode boca cheiacaloante o falocalo(n)a bocade tantofelar

Michelle Hernandes

cultivo hablarhablode boca llename calloante el falome callola bocade tanto(m)amar

Michelle Hernandes

I worship feelingphallus full mouth I hushbefore your phalluscallus in the mouth for so muchfellatio

Michelle Hernandes

Ilustração: Vinícius Vieira

Atraiu o fio dos seus olhos que tecia o horizonte.Recolheu-o entre os dedos, - como quem rema -desfiou-o, fibra a fibra,e o arremessou às malhas invisíveis do tempo.

Neli Germano

Attracted the thread of her eyes that weaved the horizon. Collected it between the fingers, - as one who rows - unraveled it, fiber to fiber, and threw it to the invisible tangles of time.

Neli Germano

Atrajo el hilo de sus ojos que tejía el horizonte.Lo recogió entre los dedos- como quien rema -lo deshiló, fibra a fibra,y lo lanzó a las mallas invisibles del tiempo.

Neli Germano

Ilustração: Mariah Olivieri

En la partición de los panes

En la partición de los panes en el hábito poco de las palabras en la memoria carnal de las ausencias

en el aliento pestilente de los fantasmas que apenas espera asiento a la mesa ¿qué dolor sordo espía desde los umbrales sino el hambre, hambre augurada hambre?

En el mismo modo de andar y vestir y ayunar reconoces la habitual vecina de todas las horas, ¡y ya no te conmueves! Paulo Roberto do Carmo

Bread partition

In the partition of loaves in the little habit for words in the carnal memory of absences

in the rotten breath of ghosts that hardly wait seat at table what dull pain peeks from the sills if not hunger, hunger augured hunger?

In the same way of walking and dressing and fasting you notice the usual neighbor of all hours, and you are no longer touched! Paulo Roberto do Carmo

Na partição dos pães

Na partição dos pães no hábito pouco das palavras na memória carnal das ausências

no hálito empestado dos fantasmas que mal espera assento à mesa que dor surda espia das soleiras senão a fome, fome agourada fome?

No mesmo modo de andar e vestir e jejuar reconheces a costumeira vizinha de todas as horas, e já não te comoves! Paulo Roberto do Carmo

Ilustração: Wilson Cavalcanti

a poesia me tirou pra dançar em suspiros cadentes me transpiro em poros

pulso um passo e passo a transparência das pétalas da libélula

me passo em pulso e salto na língua da palavra saliência a saliva que escorre do orvalho quando a poesia treme

Pedro Marodin

poetry invited me to dance in falling sighs in pores I perspire

I pulsate a step and pass the transparency of dragonfly petals

I pass in pulse and jump in the tongueof the word saliencethe saliva that flows of the dew when poetry flutters

Pedro Marodin

la poesía me sacó a bailaren suspiros cadentesme transpiro en poros

pulso un pasoy paso la transparencia de los pétalos de la libélula

me paso en pulso y salto en la lenguade la palabra salientela saliva que escurredel rocío cuando la poesía tiembla

Pedro Marodin

Ilustração:Claudio Carlucci

me pedes e eu colocoponho lá e ponho cádireito e atravessadoassim meio de ladoafinalsou teu pau mandado

Renato de Mattos Motta

you demand and I put I put there and everywhere crossed and erect a bit sideward

after all I'm Dick, your thrall

Renato de Mattos Motta

me lo pides y lo pongolo pongo allá y lo pongo acáderecho y atravesadoasí medio de ladoal fin de cuentas soy tu juguete soñado

Renato de Mattos Motta

Ilustração: Ronaldo Mohr

old lady at the window everyone who passes byis a visitor in her mind

Ricardo Silvestrin, (in Palavra Mágica, Massao Ohno/IEL, 1994)

anciana en la ventanatodos los que pasanson visita para ella

Ricardo Silvestrin, (in Palavra Mágica, Massao Ohno/IEL, 1994)

Ilustração: Renato de Mattos Motta(detalhes)

velhinha na janelatodo mundo que passaé visita pra ela

Ricardo Silvestrin, (in Palavra Mágica, Massao Ohno/IEL, 1994)

"e Ele ainda ri"

o chute de Deus é poderoso:o único onipotente pontapée essa bola singra o espaço,cumpre uma volta completana arena (infinita highway)a cada três seis cinco diase não há maneira de apararno peito na coxa na cabeçaou acertar aquele petardoque se eternizaria na rede

Romar Rudolfo Beling

"and He still laughs"

the shot of God is powerful: the unique almighty kick and the ball sails the space, performs a full turn in the arena (infinite highway) every three six five days and there is no way to catchin the chest in the thigh in the head or hit that petard that would perpetuate in the net

Romar Rudolfo Beling

“y Él todavía se ríe"

la patada de Dios es poderosa:el único omnipotente puntapiéy esa pelota singla el espacio,cumple una vuelta completaen la arena (infinita highway)a cada tres seis cinco díasy no hay manera de pararlacon el pecho el muslo la cabezao acertar aquel petardoque se eternizaría en la red

Romar Rudolfo Beling

Ilustração: Paulo Frydman

Ouropreto

na ladeira do vira-saiavi a aiavi a aia

na ladeira do vira-saiavi a saiavi a saia

na ladeira do vira-saiavi a laiavi a laia

e gostei

Sidnei Schneider

Ouropreto

in the slope that lifts skirtsI saw the escortI saw the escort

in the slope that lifts skirts I saw the skirt I saw the skirt

in the slope that lifts skirtsI saw the sortI saw the sort

and I liked

Sidnei Schneider

Ouropreto

en la ladera del vira-saiavi el ayavi el aya

en la ladera del vira-saiavi la sayavi la saya

en la ladera del vira-saiavi la layavi la laya

y me gustó

Sidnei Schneider

Ilustração:MárciusAndrade

Arte e Expressão da Oralidade

f e s t i v a l d e p o e s i af e s t i v a l d e p o e s i af e s t i v a l d e p o e s i a

Coordenação:

Carmen Sílvia Presotto

Eliane Marques

Michelle Hernandes

Renato de Mattos Motta

Sabrina Lindemann

Fotografias:

Maurício Oliveira

Versão dos poemas:

Inglês: Cristina Macedo

Espanhol: Lota Moncada

Versão dos Textos da Abertura:

Inglês: Fábio Melo

Espanhol: Eliane Marques

Projeto Gráfico:

Renato de Mattos Motta

Revisão:

Michelle Hernandes

P O E s i a ILUSTRADaCATÁLOGO DA EXPOSIÇÃO