Intervenção fonoaudiológica em pacientes com disfagia, pós ...
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP … · 2017. 2. 22. · FICHA...
Transcript of PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP … · 2017. 2. 22. · FICHA...
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC - SP
Luiza Diniz da Rosa
Avaliação do benefício da intervenção fonoaudiológica em adultos e idosos
com tontura
MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA
SÃO PAULO
2016
Luiza Diniz da Rosa
Avaliação do benefício da intervenção fonoaudiológica em adultos e idosos
com tontura
MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA
Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Fonoaudiologia, sob a orientação da Profª. Drª. Ana Claudia Fiorini.
SÃO PAULO
2016
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a
fonte.
FICHA CATALOGRÁFICA
Rosa, Luiza
Avaliação do benefício da intervenção fonoaudiológica em adultos e idosos / Luiza Rosa ; orientadora Ana Cláudia Fiorini. -- São Paulo, 2016. 78 p.
Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
Programa de Estudos de Pós Graduação em Fonoaudiologia. Área de Concentração: Clínica Fonoaudiológica. Linha de Pesquisa: Procedimentos e Implicações Psicossociais do Distúrbios da Audição. Orientadora: Profª. Drª Ana Cláudia Fiorini.
1. Tontura. 2. Vertigem. 3. Equilíbrio. 4. Reabilitação 5. Equilíbrio Postural I. Fiorini, Ana Cláudia, orient.
Banca Examinadora
___________________________
___________________________
___________________________
A Deus, por permitir que eu possa buscar
e realizar os meus sonhos. Ao meu
marido, Felipe, por me encorajar a sonhar
e por lutar junto a mim. Aos meus pais,
por todo auxílio e amor.
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Profª. Drª. Ana Claudia Fiorini, por compartilhar sua
sabedoria, pelo incentivo, paciência, por toda compreensão e principalmente por
auxiliar consideravelmente em meu crescimento profissional e como ser humano.
À Profª. Drª. Teresa Maria Momensohn-Santos, pela receptividade nas aulas
de estágio docência, pelos ensinamentos compartilhados e pelo incentivo.
À Profª. Drª. Lúcia Nishino, pelo auxílio, prontidão e por participar da banca
desta Dissertação.
Às amigas do Mestrado, Rosy, Ana Carla, Cibelle e Bruna, que tornaram as
viagens mais agradáveis e por todo companheirismo.
Aos pacientes que acreditaram neste trabalho e contribuíram para que o
mesmo ocorresse.
Ao Hospital Universitário Antônio Pedro, pelo consentimento para a coleta de
dados.
Aos amigos e companheiros da UFF, Cecília, Denise e Paulo, pelo apoio e
incentivo.
Ao amigo e coordenador Renato, pelo apoio, incentivo e compreensão, e aos
companheiros de trabalho do CAPSi por compreenderem este estudo, em especial à
Daniele e à Debórah.
À minha irmã, pelas diversões nos momentos mais difíceis.
Ao meu marido, Felipe, pelo tempo ofertado às minhas viagens, pelos
conselhos, por todos os esforços e, principalmente, pelo amor, paciência e
dedicação em todas as etapas.
Aos meus pais, por toda a ajuda e por acreditarem em mim.
Ao João, pela ajuda e por sempre ser tão atencioso na formatação desta
Dissertação.
À Eliane, pelo auxílio na tradução do resumo e por estar tão disponível.
À Virgínia, pelo auxílio todas as vezes que necessitei.
Às professoras Denise Botter e Mônica Sandoval, pela análise estatística.
Ao CNPq, pelo incentivo financeiro, possibilitando este estudo.
“Por vezes, sentimos que aquilo que
fazemos não é senão uma gota de água
no mar. Mas o mar seria menor se lhe
faltasse uma gota.” (Madre Teresa de
Calcutá)
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
DHI Dizziness Handicap Inventory
GDS Geriatric Depression Scale
HAS Hipertensão Arterial Sistólica
HUAP Hospital Universitário Antônio Pedro
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
OMS Organização Mundial de Saúde
PNPS Política Nacional de Promoção da Saúde
PUCSP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
QT Quantificação da Tontura
QV Qualidade de Vida
RJ Rio de Janeiro
RV Reabilitação Vestibular
SNC Sistema Nervoso Central
SUS Sistema Único de saúde
THI Tinnitus Inventory Handicap
UFF Universidade Federal Fluminense
UNIFESP Universidade Federal de São Paulo
VPPB Vertigem Posicional Paroxística Benigna
VPPM Vertigem Posicional Paroxística Maligna
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Fluxograma dos procedimentos para coleta dos dados 29
Figura 2 Perfis das médias da proporção do DHI por aspecto do DHI 51
Figura 3 Antes e após DHI, GDS, QT e auto-referência 53
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Descrição dos participantes da amostra quanto ao diagnóstico
otorrinolaringológico e a idade (n=20) 27
Quadro 2 Descrição dos exercícios realizados nas terapias 30
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Análise descritiva quanto ao tipo e duração da tontura (n=20) 33
Tabela 2 Análise descritiva quanto aos sintomas associados à tontura (n=20) 33
Tabela 3 Medidas descritivas do DHI 35
Tabela 4 Medidas descritivas do DHI – Aspecto emocional 35
Tabela 5 Valores-p dos testes de hipóteses relacionados ao DHI 36
Tabela 6 Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente
de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do
DHI entre os três momentos de avaliação 36
Tabela 7 Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente
de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do
DHI entre os três momentos de avaliação e entre as categorias da
variável Idade 37
Tabela 8 Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente
de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do
DHI entre os três momentos de avaliação e entre as categorias da
variável Depressão 37
Tabela 9 Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente
de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do
DHI entre os três momentos de avaliação e entre as categorias da
variável Enxaqueca 38
Tabela 10 Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente
de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do
DHI – Queixa 40
Tabela 11 Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente
de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do
DHI – Pressão arterial 40
Tabela 12 Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente
de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do
DHI – Diabetes 41
Tabela 13 Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente
de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do
DHI – Duração da tontura 41
Tabela 14 Valores-p dos testes de hipóteses relacionados ao DHI - Aspecto
emocional 42
Tabela 15 Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente
de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do
DHI – Aspecto emocional entre os três momentos de avaliação 42
Tabela 16 Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente
de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do
DHI – Aspecto emocional entre os três momentos de avaliação e entre
as categorias da variável Duração da tontura 43
Tabela 17 Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente
de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do
DHI - Aspecto emocional entre os três momentos de avaliação e entre
as categorias da variável Depressão 44
Tabela 18 Distribuição das medidas descritivas da Escala QT 44
Tabela 19 Valores-p dos testes de hipóteses relacionados a QT 45
Tabela 20 Intervalo de 90% de confiança para a diferença entre as médias do
EQT – Insegurança 45
Tabela 21 Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente
de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do
DHI – Depressão 46
Tabela 22 Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente
de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do
DHI – Perda auditiva 47
Tabela 23 Distribuição das medidas descritivas do GDS 47
Tabela 24 Valores-p dos testes de hipóteses relacionados ao GDS 48
Tabela 25 Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente
de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do
GDS - Duração da tontura 48
Tabela 26 Distribuição das medidas descritivas do DHI, GDS e EQT 49
Tabela 27 Valores-p dos testes de hipóteses para DHI, GDS e EQT 49
Tabela 28 Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente
de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do
DHI entre os três momentos de avaliação 50
Tabela 29 Distribuição das medidas descritivas do DHI pelos aspectos Físico,
Funcional e Emocional 51
Tabela 30 Distribuição das medidas descritivas do DHI pelos aspectos Físico,
Funcional e Emocional 52
Tabela 31 Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente
de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias da
proporção do DHI entre os três momentos de avaliação e entre os
aspectos do DHI 52
Tabela 32 Valores da estatística Alfa de Cronbach e classificação 54
RESUMO
INTRODUÇÃO: a tontura é um sintoma muito comum e afeta principalmente adultos e idosos. Pode levar a prejuízos significativos, atrapalhando a qualidade de vida. Considerando a alta prevalência da queixa de tontura na população, muitos estudos têm sido realizados com o objetivo tanto de identificar as possíveis causas, quanto de desenvolver técnicas de intervenção fonoaudiológica. OBJETIVO: avaliar o benefício da intervenção fonoaudiológica em adultos e idosos com tontura. MÉTODO: estudo clínico prospectivo e longitudinal realizado em uma amostra de 20 pacientes com queixa de tontura, de ambos os sexos e com idade entre 48 e 85 anos (média de 66 anos). Todos os sujeitos foram encaminhados para reabilitação vestibular por indicação médica e realizaram dez sessões de exercícios, baseados e adaptados do Protocolo de Cawthorne (1944) e Cooksey (1946). Além disso, foram aplicados os questionários Dizziness Handicap Inventory (DHI), Escala Geriátrica de Depressão (GDS) e Escala de Quantificação da Tontura (QT) em três momentos: antes da intervenção, na 5ª sessão de intervenção fonoaudiológica e após a décima sessão. No término das dez sessões, todos responderam a uma questão referente à melhoria do sintoma de tontura. Os questionários foram utilizados para fins comparativos entre os três momentos da intervenção e para avaliação da efetividade do tratamento. RESULTADOS: após a intervenção, 17 sujeitos (85%) apresentaram melhora no escore do DHI e 18 (90%) relataram melhora do sintoma de tontura. Apesar dos três testes terem tido diminuição das médias nos três momentos, foi observada interferência da intervenção apenas em relação ao DHI. Os sintomas de depressão, ansiedade e insegurança foram considerados como variáveis de influência nos resultados das intervenções. O Alfa de Conbrach mostrou que o DHI apresenta um bom nível de consistência, já a GDS-15 demonstrou significância razoável. CONCLUSÃO: a intervenção fonoaudiológica na tontura mostrou-se efetiva. Foi observado maior benefício quanto a intervenção com 10 sessões, quando comparado a 5 sessões. O uso de questionários para verificar o resultado das intervenções consiste em um importante instrumento de avaliação da efetividade do tratamento. Entretanto, a auto-referência e a escuta clínica devem ser valorizadas.
Palavras-chave: Tontura. Vertigem. Equilíbrio. Reabilitação. Equilíbrio Postural.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Dizziness is a very common symptom and it affects mainly adults and the elderly. It can lead to significant damage, disrupting the patient´s quality of life. Considering the high prevalence of reported dizziness in the population, many studies have been carried out in order to both identify its possible causes and develop speech therapy intervention techniques. OBJECTIVE: To evaluate the benefits of speech therapy intervention in adults and elderly people with dizziness. METHOD: Prospective and longitudinal clinical study conducted on a sample of 20 patients with complaints of dizziness, of both sexes and aged between 48 and 85 years of age (average of 66 years of age). All subjects were referred to vestibular rehabilitation by medical indication and they underwent ten sessions of exercises based and adapted from the Cawthorne (1944) and Cooksey (1946) Protocol. In addition, we applied the Dizziness Handicap Inventory (DHI), the Geriatric Depression Scale (GDS) and the Dizziness Quantification Scale questionnaires in three moments: before the intervention, at the fifth session of speech therapy intervention and after the tenth session. At the end of the ten sessions, all subjects answered a question concerning the improvement of the dizziness symptomatology. We used the questionnaires in the three moments of intervention both for comparison purposes and for the assessment of the effectiveness of the treatment. RESULTS: After the intervention, 17 subjects (85%) showed improvement in the DHI score and 18 (90%) reported improvement in the dizziness symptomatology. In spite of the fact that the three tests had a decrease in average in the three moments, we observed intervention interference only in relation to the DHI. The symptoms of depression, anxiety and insecurity were considered as influence variables in the intervention results. Cronbach’s Alpha showed that the DHI delivers a good consistency level, whereas GDS-5 showed only reasonable significance. CONCLUSION: The speech therapy intervention on dizziness proved to be effective. We observed there was a greater benefit in the 10-session intervention, when compared to the 5-session intervention. The use of questionnaires to assess the result of the interventions is an important instrument in the assessment of the treatment effectiveness. However, self-reference and clinical hearing should be taken into account. Keywords: Dizziness. Vertigo. Balance. Rehabilitation. Postural Balance.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ............................................................... 16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 20
3 OBJETIVO ..................................................................................................... 25
4 MÉTODO ....................................................................................................... 26
4.1 Tipo de estudo ............................................................................................. 26
4.2 Caracterização do local e aspectos éticos ................................................ 26
4.3 Casuística ..................................................................................................... 26
4.3.1 Critérios de inclusão....................................................................................... 27
4.3.2 Procedimentos ............................................................................................... 28
4.3.3 Análise dos dados .......................................................................................... 31
5 RESULTADOS .............................................................................................. 32
5.1 Análise descritiva ........................................................................................ 32
5.2 Análise quanto ao Dizziness Handicap Inventory (DHI) ........................... 34
5.3 Análise quanto à Escala de Quantificação da Tontura ............................ 44
5.4 Análise quanto à Escala Geriátrica de Depressão (GDS) ........................ 47
5.5 Análise quanto a correlação dos três instrumentos (DHI, QT e GDS) .... 48
5.5.1 Comparação entre os aspectos do DHI ......................................................... 50
5.6 Auto-referência quanto ao tratamento ....................................................... 52
5.7 Confiabilidade dos questionários .............................................................. 53
6 DISCUSSÃO .................................................................................................. 55
7 CONCLUSÃO ................................................................................................ 60
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 61
ANEXOS ........................................................................................................ 68
16
1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
A tontura é uma queixa recorrente e afeta de 15 a 20% dos adultos
anualmente. A prevalência tende a aumentar com a idade e é mais frequente em
mulheres, quando comparada a homens (NEUHAUSER, 2016). Consiste em um
termo utilizado para indicar alteração no equilíbrio do indivíduo (CIORBA et al,
2015). Geralmente representa a percepção errônea de movimento, uma sensação
de desorientação espacial, que pode ocorrer em função de disfunção vestibular.
Quando rotatória, a tontura é denominada vertigem; já a não rotatória; consiste no
desequilíbrio e nas sensações de instabilidade, de flutuação, de oscilação ou até
mesmo na ilusão de que o ambiente está se movendo, sendo denominada oscilopsia
(GANANÇA et al, 2006).
A tontura não é exclusividade de uma determinada faixa etária. Em 2008,
Arya e Nunez realizaram um estudo de coorte em um hospital na Inglaterra, com o
objetivo de determinar a proporção de pacientes com queixa de tontura que foram
encaminhados à clínica otoneurológica. Os autores avaliaram a proporção dos
pacientes que possuíam alteração vestibular em uma amostra de 91 sujeitos, sendo
31 homens e 60 mulheres. A média da idade foi de 52,6 anos (variação 16-81 anos)
e, do total, 87% relataram sentir tontura. Destes, 27 foram submetidos a mais
investigações; incluindo exames de imagens, eletronistagmografia e outros testes
audiológicos. Do total da amostra, 50% tiveram diagnóstico de distúrbio labiríntico.
Yin et al (2009) realizaram um estudo retrospectivo dos últimos 20 anos em
uma amostra de 2169 pacientes com vertigem. No total, 883 eram do gênero
masculino e 1286 do feminino, com idade entre 7 e 90 anos. Os autores
identificaram mais de 50 tipos de doenças causadoras do sintoma. A vertigem
periférica correspondeu a 33,8% dos casos e a central a 17,2%. Identificaram
também que o número de pacientes vertiginosos aumentava de acordo com a idade.
Apenas 2,2% (48 casos) do total de pacientes vertiginosos eram crianças, enquanto
30% eram idosos (650 casos).
Bittar et al (2013) realizaram estudo epidemiológico populacional estimando a
prevalência de tontura na cidade de São Paulo. Os resultados indicaram uma
prevalência de 42% na amostra sob estudo, sendo maior na faixa etária de 46 a 55
anos (49%) e nos idosos (44%). As tonturas de origem vestibular foram estimadas
em 8,3% da população. Além disso, 67% dos sujeitos sintomáticos relataram
17
dificuldades na execução das atividades diárias.
As vertigens podem ocasionar consequências de difícil estimativa na vida dos
indivíduos. Ganança et al (2004) já alertavam que as alterações vestibulares levam a
problemas físicos e emocionais, causando dificuldades nas relações sociais. Os
pesquisadores e profissionais que atuam com a avaliação e com a recuperação e/ou
reabilitação do sistema vestibular sabem que numerosas doenças podem estar
associadas às alterações vestibulares, tais como: as alterações metabólicas, as
hormonais, as vasculares, as cervicais, os distúrbios psíquicos, dentre outros. Desta
forma, presume-se que conforme avança o processo de envelhecimento, maior a
chance de o indivíduo apresentar queixa de tontura (BALOH, 1998 e NEUHAUSER,
2016), pois sabe-se que com o avanço da idade várias alterações fisiológicas
começam a ser percebidas pelos indivíduos. Assim, os problemas de saúde podem
afetar significantemente a qualidade de vida e, consequentemente, gerar mudanças
nos padrões epidemiológicos da população (PERES; SILVEIRA, 2010). Sendo
assim, tornam-se muito importantes os estudos que avaliem a eficácia da
intervenção diante da tontura, uma vez que é um dos principais sintomas
relacionados à saúde geral na população adulta e idosa.
Neste contexto, vale ressaltar que o mundo está envelhecendo e o Brasil
acompanha tal tendência, pois segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2000), a cada ano, 650 mil novos idosos são incorporados à
população. Lima-Costa et al (2000) já alertavam que o envelhecimento populacional
era um fenômeno mundial que apesar de ser inicialmente observado em países
desenvolvidos, passou a ser também expressivo nos demais. Na ocasião, os autores
ressaltaram que a população idosa era o grupo etário que mais crescia na maioria
dos países menos desenvolvidos. No Censo de 2000 (IBGE, 2002), o Brasil já
contava com mais de 14,5 milhões de idosos, em sua maioria com baixo nível
socioeconômico e educacional; e com uma alta prevalência de doenças crônicas
causadoras de limitações funcionais e de incapacidades (LIMA-COSTA et al, 2003).
Partindo dessa realidade de transição demográfica, há uma importante
repercussão na área da saúde; principalmente no que se refere aos modelos
assistenciais (LIMA-COSTA; VERAS, 2003). Tais fatos refletem a necessidade da
melhor compreensão dos sujeitos, das doenças e dos tratamentos propostos.
O tratamento para qualquer tipo de tontura, em geral, consiste na
utilização de terapias medicamentosas. Entretanto, nos últimos anos, foi possível
18
observar que tratamentos associados ao uso de exercícios para recuperar funções
do sistema vestibular obtiveram resultados mais eficazes, sendo o conjunto desses
geralmente denominado Reabilitação Vestibular (RV).
A utilização de exercícios para o tratamento da tontura é um dos métodos
mais adotados atualmente, sendo que o primeiro protocolo foi proposto por
Cawthorne, médico otorrinolaringologista, em 1944 e também por Cooksey,
fisioterapeuta, em 1946. Os exercícios inicialmente foram sugeridos a pacientes no
pós operatório da doença de Meniére e os resultados indicaram uma aceleração no
processo de recuperação desses pacientes. O protocolo consistia em exercícios de
movimentação cefálica, movimentação de ombros e exercícios oculomotores (olhos
fixos em um objeto que se movimenta); além da execução com os olhos fechados.
Os procedimentos foram realizados em grupos, o que possibilitou o incentivo para a
melhora e também uma menor monotonia (COOKSEY, 1946). Atualmente, os
exercícios de Cawthorne e Cooksey continuam sendo muito utilizados e a
terapêutica tem como finalidade melhorar a interação vestíbulo-visual, permitindo a
estabilização visual durante os movimentos de cabeça, além de auxiliar no equilíbrio
(GANANÇA; GANANÇA, 2001). A técnica utiliza mecanismos de adaptação e
compensação cerebrais (KONRAD et al, 1992), que consistem no mecanismo
adaptativo do sistema vestibular (BITTAR et al, 2002). Além disso, necessita que os
exercícios sejam realizados repetitivamente, a fim de propiciar o fenômeno de
habituação e auxiliar na neuroplasticidade cerebral.
A técnica supracitada tem trazido resultados bastante positivos na assistência
à saúde, proporcionando, dentre outras vantagens, a melhoria na condição e na
qualidade de vida. Entretanto, é importante ressaltar que o tratamento não se limita
à simples utilização de exercícios, pois é preciso entender as necessidades de cada
paciente e, para isso, o profissional de saúde deve ter conhecimento do
funcionamento do labirinto e saber porque e como estimulá-lo. Ao agregar o
conhecimento anatomofisiológico à execução dos exercícios, a intervenção
fonoaudiológica tem como objetivo acelerar a compensação do sistema vestibular
que é constituído pela visão, pela propriocepção e pelo labirinto. Desta forma, a
atuação do fonoaudiólogo é fundamental para o tratamento da tontura por ser um
profissional de saúde com formação técnica para identificar as necessidades do
paciente e planejar as ações de saúde essenciais para a recuperação e reabilitação.
19
Além disso, o conhecimento do fonoaudiólogo também permite que as ações
sejam executadas mesmo antes da manifestação dos sintomas de tontura na
população, sempre com o objetivo de melhorar a qualidade de vida no processo de
longevidade. Nesse sentido, as ações devem ser de forma integral, compreendendo
o sujeito e as situações em que vive, de forma a reduzir a vulnerabilidade ao
adoecer e as chances de incapacidade e de sofrimento (PNPS, 2010). Tal fato
implica na necessidade de compreender não apenas a tontura, mas o sujeito que a
sente, propiciando a melhora do sintoma e, consequentemente, da condição e da
qualidade de vida. Desta forma, estudos que tenham como objetivo avaliar a eficácia
da intervenção fonoaudiológica para a tontura são fundamentais para o
planejamento das ações em saúde da promoção à reabilitação, no sentido de
garantir o cuidado integral à população.
20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Conforme exposto, a tontura não é uma queixa incomum, e muitos estudos
têm sido realizados a fim de desvendar tanto os problemas que a ocasiona, quanto
quais as melhores tecnologias para tratamento e diminuição dos seus efeitos. Uma
das maiores dificuldades enfrentadas pelos profissionais que atendem pessoas que
manifestam o sintoma da tontura é identificar a causa e, em se tratando de idosos, a
tarefa é ainda mais custosa; uma vez que é difícil identificar um único motivo e as
opções terapêuticas são limitadas (MAARSING et al, 2011). Considerando as
dificuldades relacionadas com o tratamento da tontura, Maarsing et al (2014)
realizaram um estudo de coorte prospectivo por 10 anos, a fim de verificar preditores
de longo prazo da tontura frequente em idosos. Além disso, também buscaram
identificar outros fatores associados, tais como: ansiedade, depressão, histórico de
morar sozinho, problemas de visão, artrite e deficiência dos membros inferiores. Os
resultados confirmaram a presença de três preditores para a tontura crônica, a
saber: o histórico de viver sozinho, o histórico de tontura anterior e a depressão.
Houve associação da tontura com artrite reumatoide, depressão, problemas de
visão, problemas físicos (membros inferiores) e ansiedade. Desta forma, os autores
ressaltaram a necessidade de uma abordagem multifatorial diante de pessoas com
tonturas.
Bittar e Lins (2015) estudaram as características clínicas de pacientes com
tontura persistente postural-perceptiva, a qual pode ser caracterizada, segundo eles,
como um transtorno que dura mais de três meses e que consiste numa interface
entre a otoneurologia e a psiquiatria. Constataram maior afetação em mulheres, com
distúrbios metabólicos e enxaqueca associados.
Em contraponto, Weidt et al (2014) ressaltaram as consequências
ocasionadas pela tontura, ou seja, ao invés de destacar os fatores preditores;
enfatizaram os resultados ocasionados por ela. Assim, os autores destacaram o
prejuízo à qualidade de vida, o estresse emocional e as consequências
psicossociais.
Não é novidade acreditar que há relação entre os distúrbios emocionais e as
tonturas. Em 1958, Pratt et al estudaram 12 casos de tontura relacionados a
ansiedade e depressão, pois desde então já acreditavam nessa relação. Outro ponto
a destacar é a prevalência da depressão, estimada em uma taxa de 3 a 5% da
21
população (TENG et al, 2005). Gazolla et al (2009) também realizaram um estudo
que verificou a relação entre a tontura e a depressão e os resultados indicaram
dados sugestivos de associação em 15% dos pacientes. Nesta perspectiva, as
pesquisas sugerem refletir quanto às dificuldades nas atividades que os pacientes
com vertigem desenvolvem, pois, consequentemente, muitos se afastam das
atividades laborativas ou se tornam dependentes de outras pessoas para executar
até mesmo tarefas simples como o levantar da cama.
Muitos são os prejuízos relatados pelos pacientes que possuem tontura e,
ainda em 1958, Pratt et al realizaram um outro estudo com o objetivo de rever casos
de associação da vertigem com o sintoma de ansiedade. Os resultados identificaram
que o sintoma de ansiedade ocorreu em todos os 12 casos estudados. Os mesmos
autores, em um estudo prévio, avaliaram 146 pacientes com depressão e
observaram que 14 afirmaram sentir tontura. Desta forma, destacaram que o
prognóstico do quadro é relacionado tanto com a doença, quanto com o tratamento.
Considerando as frequentes queixas psicossociais e os sintomas depressivos
comumente relatados por enfermos, Yessavage et al (1983) criaram a Escala de
Depressão Geriátrica (GDS). A mesma consiste no instrumento mais utilizado
atualmente para avaliar os sintomas depressivos na população idosa. Foi traduzida
e adaptada para o português em 1994, por Stoppe Júnior et al. A versão original
apresenta 30 itens, contudo, tem sido comumente utilizadas as versões reduzidas
para maior agilidade e praticidade.
Gazzola et al (2009) utilizaram a GDS em um estudo transversal com 120
idosos com disfunção vestibular crônica, com o objetivo de identificar os fatores
relacionados aos sintomas depressivos. Os resultados indicaram que 55,8% dos
idosos apresentaram fator de risco para a depressão, ou seja, pontuaram escores
acima da nota de corte 11. No estudo, os pesquisadores também ressaltaram que as
pessoas que apresentam o sintoma geralmente possuem restrições nas atividades
diárias, principalmente nas relações sociais.
O estudo de Weidt et al, em 2014, verificou as alterações psicossociais em
sujeitos com tontura e os autores frisaram a importância de integrar um exame
psicológico básico na rotina diária com os pacientes. Também cabe destaque a
dificuldade na performance dos movimentos, pois, segundo Cohen e Kimbal (2000),
o idoso com distúrbio vestibular geralmente apresenta dificuldades no desempenho
das atividades. Sendo assim, os mesmos passam a utilizar reservas funcionais para
22
a realização das tarefas. Entretanto, Aratani et al (2013) afirmaram que quando
estas reservas funcionais são insuficientes, o idoso pode apresentar situações de
incapacidade ou quedas.
Com o intuito de auxiliar no tratamento das disfunções vestibulares muitas
pesquisas têm sido desenvolvidas. O estudo de Nishino et al (2005) avaliou a
eficácia da utilização de exercícios para a recuperação do sistema vestibular de
forma personalizada em diferentes quadros otoneurológicos, por meio de um estudo
retrospectivo de levantamento de prontuários de pacientes da Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo. Os autores constataram eficácia deste método de
tratamento e apontaram que a quantidade de sessões varia de acordo com o
protocolo utilizado e com a sintomatologia.
Mantello et al (2008) tiveram como finalidade avaliar a efetividade dos
exercícios para a reabilitação do sistema vestibular em idosos portadores de
vertigem de origem metabólica ou vascular. Os autores constataram que a terapia
foi efetiva, levando a melhora na qualidade de vida dos pacientes. O estudo também
possibilitou verificar a necessidade de 4 a 8 sessões para vislumbrar a melhora dos
pacientes. Em 2009, Patatas et al verificaram a melhora em todos os pacientes
submetidos ao protocolo utilizado no tratamento da tontura e utilizaram o Dizziness
Handicap Inventory (DHI) para avaliar o pré e pós terapia. Os resultados indicaram
que todos os pacientes obtiveram diferença entre os dois momentos de, no mínimo,
18 pontos, o que implica em um escore mínimo necessário para indicar evolução.
Diferentemente dos dois estudos anteriores, no trabalho de Zeiglboim et al
(2008) a finalidade foi verificar a efetividade dos exercícios para a recuperação do
sistema vestibular na melhora do zumbido e da tontura, por meio da aplicação do
DHI e do Tinnitus Handicap Inventory (THI) pré e pós terapia. Os autores não
observaram resultados estatísticos significativos que justificassem a efetividade do
tratamento, porém, os pacientes relataram sentir melhora.
Hall et al (2016) realizaram um estudo de revisão sistemática em cinco
bancos de dados de cinco fontes consideradas relevantes para a área. Os autores
selecionaram 135 estudos realizados com humanos e publicados em inglês, no
período de 1985 a março de 2013. O estudo teve como propósito verificar se o
exercício de reabilitação vestibular é eficaz em pessoas com disfunção vestibular
periférica (unilateral e bilateral). Os resultados indicaram que os exercícios trazem
mais benefícios que malefícios. Além disso, verificaram que a média de execução da
23
terapia indicada pelos especialistas é de 10 semanas e, quanto mais grave o
problema, maior é a necessidade de sessões. Também apontaram a unanimidade
da solicitação da execução dos exercícios em domicílio.
Whitney et al (2016) destacaram que a adequada instrução do paciente e o
apoio psicológico são elementos chave para a recuperação ideal. Segundo os
estudiosos, a ansiedade e o medo podem ser associados à tontura e à disfunção do
equilíbrio. Os autores também destacaram a necessidade da realização dos
exercícios em casa e afirmaram que a frequência e a duração do tratamento ainda
não é bem definida, sugerindo que o número de sessões pode ser influenciado pelas
comorbidades.
Um dos instrumentos mais utilizados para avaliação do paciente vertiginoso
ou com desequilíbrio tem sido o Dizziness Handicap Inventory – DHI, elaborado e
validado por Jacobson e Newman, em 1990. O objetivo foi verificar a percepção das
pessoas que sofrem do sintoma de tontura, em relação aos danos na qualidade de
vida (QV) causados pela mesma. O teste é composto de 25 perguntas que avaliam
os aspectos físicos, emocionais e funcionais. O escore total do DHI é equivalente a
100 pontos, pois em cada uma das 25 perguntas o paciente possui a opção de
escolher “sim” que equivale a quatro pontos cada uma, ou ainda escolher a opção
“às vezes” que corresponde a dois pontos cada. Por fim, pode escolher a opção
“não” que consiste em nenhum ponto. Logo, o aspecto físico totaliza 28 pontos e os
aspectos emocionais e funcionais 36 pontos cada. O DHI foi adaptado culturalmente
para a utilização na população brasileira por Castro et al (2007). A pesquisa foi
realizada em 250 pacientes com idades entre 14 e 91 anos e que frequentavam o
ambulatório de Otoneurologia da Univerdade Federal de São Paulo - UNIFESP.
Segundo os autores, o estudo mostrou-se confiável para a avaliação da interferência
da tontura em indivíduos com tontura crônica. Além disso, destacaram a
aplicabilidade do DHI brasileiro como método de acompanhamento da evolução
clínica. O instrumento é comumente utilizado pelos profissionais para avaliar a
evolução terapêutica e, por isso, geralmente é aplicado antes do início do tratamento
e logo após. Dentre outros, é usado na busca pela conclusão de melhora quando a
diferença entre antes e após é de, no mínimo, 18 pontos.
Peres e Silveira (2010) frisaram a importância do uso de questionários como o
DHI para observar a influência da tontura na qualidade de vida. Romero et al (2015)
compararam os aspectos físicos, funcionais e emocionais com a utilização do DHI,
24
antes e após o uso de exercícios para o labirinto. Os autores concluíram que o DHI é
um teste eficaz para avaliar pacientes submetidos à terapia.
Son et al (2015) afirmaram que o DHI é amplamente utilizado para avaliar a
deficiência auto-percebida das tonturas e realizaram estudo com objetivo de
investigar as correlações de medições subjetivas e objetivas para destacar os
parâmetros que refletem a gravidade da tontura. Concluíram que o uso do DHI pode
ser mais útil para medir a gravidade dos sintomas agudos.
Ferreira et al (2015) estudaram o impacto da tontura na qualidade de vida de
idosos, por meio da aplicação do questionário Dizziness Handicap Inventory (DHI).
Para tanto, avaliaram 18 idosos e verificaram que a tontura, o tempo de duração
desta e a presença de sintomas neurovegetativos e as náuseas interferem de forma
negativa na qualidade de vida de idosos.
O DHI é um instrumento bastante utilizado para avaliar a evolução terapêutica
em diversas intervenções, incluindo a medicamentosa. Até mesmo a eficácia de
tratamento por meio da acupunctura já foi pesquisada utilizando o DHI como
instrumento (XUE et al, 2013).
Considerando a fundamentação teórica apresentada, fica evidente que a
tontura ainda é um desafio para a prática clínica e para a ciência. Entretanto,
também não se pode negar que com o passar do tempo os estudos proporcionaram
melhor compreensão da mesma e, consequentemente, aguçaram e estimularam o
aprofundamento em relação ao tema. Assim, além da busca do conhecimento das
causas da tontura, os estudos tem focado a compreensão das consequências
trazidas pela mesma, assim como a efetividade dos tratamentos. Desta forma, os
resultados das pesquisas geram subsídios para o desenvolvimento de intervenções
que diminuam as sequelas advindas da tontura na vida dos sujeitos. Neste sentido,
justifica-se a importância da presente pesquisa, que foca a terapia fonoaudiológica
na tontura.
25
3 OBJETIVO
O objetivo do presente Projeto é avaliar o benefício da intervenção
fonoaudiológica em adultos e idosos com tontura.
26
4 MÉTODO
4.1 Tipo de estudo
Trata-se de estudo de intervenção, prospectivo e longitudinal.
4.2 Caracterização do local e aspectos éticos
A pesquisa foi realizada no Ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital
Universitário Antônio Pedro (HUAP), que pertence a Universidade Federal
Fluminense (UFF), localizado no município de Niterói – RJ. A coleta de dados foi
autorizada pelo diretor acadêmico do HUAP, conforme anexo I. O hospital conta com
médicos otorrinolaringologistas e com fonoaudiólogos que atendem pacientes
provenientes da Rede de Assistência à Saúde do SUS. O Projeto foi submetido ao
Comitê de Ética em Pesquisa da PUC-SP – CEP e foi aprovado sob o nº.
54992916.7.0000.5482 anexo II.
4.3 Casuística
A amostra foi composta por 20 pacientes, sem diferenciação de gênero e uso
de medicamento para tontura. Os participantes tinham idade entre 48 e 82 anos,
todos com queixa de tontura, sendo encaminhados para reabilitação vestibular,
conforme indicação médica. Os dados foram coletados no período de abril a agosto
2016. Todos os pacientes foram esclarecidos quantos aos objetivos da pesquisas e
de eventuais riscos e consentiram a participação, assinando o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE – anexo III. Os pacientes foram
avaliados pelos setores de otorrinolaringologia e de fonoaudiologia do HUAP,
possuindo, portanto, indicação para a intervenção fonoaudiológica. Após o
diagnóstico médico, os pacientes foram submetidos a 10 sessões de reabilitação
vestibular.
A amostra foi composta de forma aleatória, havendo assim múltiplas
hipóteses diagnósticas em um mesmo grupo e tempo relatado da queixa de tontura
entre 6 e 168 meses. A identificação dos sujeitos quanto ao diagnóstico
otorrinolaringológico e a idade pode ser observada no Quadro 1.
27
Quadro 1 - Descrição dos participantes da amostra quanto ao diagnóstico otorrinolaringológico e a idade (n=20).
Diagnóstico Otorrinolaringológico Idade (em anos)
48 a 59 60 a 69 70
Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) - 3 1
Meniére 2 1 -
Presbivertigem - 2 4
Síndrome Proprioceptiva Cervical - - 1
Vertigem Posicional Paroxística Malígna (VPPM) 1 - -
Pós Schawanoma 1 - -
Síndrome Depressiva e Ansiosa 1 - -
Associação de Doenças (Casos Múltiplos) 2 - 1
Total 7 6 7
Fonte: elaborado pela autora.
Os pacientes com diagnóstico de Vertigem Posicional Paroxística Benigna
(VPPB) foram incluídos no grupo por serem idosos (60 anos ou mais) e porque
consistiam em casos de longo prazo de tontura e que já haviam sido submetidos,
sem melhora, às manobras de reposionamento dos otólitos. Desta forma,
continuavam com a queixa de tontura mesmo após a realização do tratamento. Os
pacientes com o diagnóstico de Meniére foram incluídos porque encontravam-se no
período intercrítico. Os três casos de associação de doenças consistia em um caso
de VPPB e outro de Presbivertigem, associadas a pós operatório otológico e,
também, um caso de VPPB e Meniére.
4.3.1 Critérios de inclusão
Foram incluídos na pesquisa os seguintes participantes:
a) adultos e idosos encaminhados ao ambulatório de Fonoaudiologia da
Universidade Federal Fluminense (UFF), com indicação médica para a
realização da intervenção fonoaudiológica na tontura;
b) indivíduos assíduos e que aceitaram participar da pesquisa e;
c) pacientes com condições de compreensão quanto a execução dos
exercícios e que se dispuseram a realizá-los também em domicílio.
Foram excluídos da pesquisa indivíduos com as seguintes condições:
a) não assíduos às sessões de fonoaudiologia;
b) pacientes cegos ou com visão monocular;
28
c) pacientes com dificuldades graves de locomoção e cadeirantes e;
d) com dificuldades de compreensão quanto à realização dos exercícios.
4.3.2 Procedimentos
Após a avaliação pelos setores de otorrinolaringologia e fononoaudiologia e a
indicação para a intervenção fonoaudiológica, todos os pacientes foram submetidos
a um protocolo de anamnese com dados pessoais e história clínica, principalmente
relacionada à queixa de tontura e o impacto nas atividades cotidianas. Nesse
questionário, os avaliados responderam a perguntas quanto ao tipo de queixa,
sintomas, duração dos sintomas, doenças, tratamentos associados, dificuldades
relacionadas a atividades de vida diária, uso de medicamentos, alimentação, dentre
outras perguntas (Anexo IV). O instrumento foi adaptado pela pesquisadora,
baseado no protocolo comumente utilizado no Hospital.
Posteriormente, com fins a comparação entre os períodos pré, peri e pós
intervenção (antes, durante e depois das sessões de terapia), foram utilizados três
instrumentos de medida, a saber: Dizziness Handicap Inventory (DHI), Escala de
Depressão Geriátrica – Versão reduzida (GDS15) e Escala Quantitativa da Tontura
(anexos V, VI e VII). Na Escala de depressão geriátrica as categorias de respostas
foram “sim” e “não” (a resposta “às vezes” é sempre atribuída à “sim”). No DHI, as
opções foram “sim”, “não” e “às vezes”. Considerando que o objetivo da Escala
Quantitativa da Tontura (QT) é quantificar a tontura, o paciente foi orientado a
realizar uma marcação em uma linha reta de dez centímetros, com intervalos de 0,1
cm, no ponto que melhor representasse a intensidade de sua tontura. O marco
inicial foi considerado como ausência da tontura, o que equivale a zero, e o ponto
final correspondente a maior intensidade da mesma; correspondendo a 10. A escala
QT consistiu em um dado subjetivo, onde a avalição foi intrínseca e, apesar de
pouco utilizada, pode auxiliar na melhor compreensão da intensidade da tontura
(MONTELLO, 2008).
Todos os protocolos de avaliação foram explicados quantas vezes necessário
até que fosse certificado que o paciente havia compreendido a tarefa. As
explicações foram ratificadas nas demais fases, já que os testes foram aplicados
pré, peri e pós terapia (antes, durante e depois da intervenção). O tempo
estabelecido para a aplicação dos instrumentos no período “durante” foi após a
29
quinta sessão de terapia (no total de dez). A Figura 1 indica o fluxo de intervenção
do estudo:
Figura 1 - Fluxograma dos procedimentos para coleta dos dados Fonte: elaborado pela autora.
Considerando o delineamento longitudinal do presente estudo, o
acompanhamento dos grupos foi de dez sessões de terapia, realizadas uma vez por
semana, com duração média de 1 hora. Quando o paciente se ausentava da
consulta agendada, esta era remarcada para a semana subsequente e o paciente
comprometia-se a continuar os exercícios em domicílio. Além da realização dos
exercícios com a terapeuta, todos os pacientes foram orientados a realizá-los
diariamente, com repetição mínima de 10 vezes para cada um. Os exercícios foram
selecionados a partir do protocolo de Cawthorne (1944) e Cooksey (1946), como
descritos no Quadro 2.
Avaliação Médica e Diagnóstica
Terapia (dez sessões)
Procedimento Antes de Iniciar
Terapia
Anamnese DHI GDS
QT
Procedimento após 5ª Sessão
DHI GDS QT
Procedimentos após 10ª Sessão
DHI GDS
QT
30
Quadro 2 - Descrição dos exercícios realizados nas terapias.
1. Mover a cabeça para os lados, lentamente, depois rapidamente com olhos
abertos e fechados.
2. Mover a cabeça para cima e para baixo lentamente, depois rapidamente,
olhos abertos e fechados.
3. Olhar para a direita e para esquerda, depois para cima e para baixo.
4. Afastar e aproximar o dedo da face olhando fixamente para ele.
5. Jogar uma bola de uma mão para a outra fixando o olhar na bola.
6. Movimentar olhos e cabeça para cima e para baixo, sentado com olhos
abertos e fechados.
7. Fixar o olhar em um ponto fixo ao centro do campo visual, rodar a cabeça
para a direita e depois para a esquerda, sem desviar o olhar do ponto fixo.
8. Sentar e levantar com os olhos abertos e depois fechados.
9. Apanhar um objeto no chão e elevá-lo até acima da cabeça e colocá-lo no
chão novamente, fixando o olhar no objeto durante toda a atividade.
10. Inclinar-se para frente e passar o objeto para trás e para frente dos
joelhos.
11. Caminhar realizando rotação cervical para direita e esquerda.
12. Ficar em pé sobre uma superfície macia e depois caminhar sobre esta
superfície.
Fonte: elaborado pela autora, com base no Protocolo de Cawthorne (1944) e Cooksey (1946).
Destaca-se que apesar da utilização do Protocolo de Cawthorne e Cooksey e
da terapia ter sido em grupo, os exercícios eram realizados de forma individualizada,
ou seja, de acordo com a necessidade de cada paciente. Considerando que o
objetivo era fatigar o sistema e auxiliar no processo de compensação vestibular,
quando, por exemplo, um paciente relatava dificuldade em olhar para cima, o
mesmo era orientado a realizar em maior número este exercício. Já o paciente que
relatava dificuldade em olhar para os lados, a orientação foi intensificar o exercício
de olhar para os lados. Desta forma, a intervenção procurou auxiliar no processo de
habituação de acordo com a necessidade do paciente. Assim, apesar de seguir um
protocolo estabelecido, a pesquisadora levou em consideração as mudanças do
quadro e a necessidade de cada indivíduo que compôs a amostra.
31
Também é importante justificar os motivos da intervenção em grupo.
Inicialmente, o objetivo foi incentivar a realização dos exercícios e a continuidade do
tratamento, pois este demandou um prazo relativamente longo e que necessitava do
comparecimento semanal por, no mínimo, dez vezes. Assim, a composição de
grupos mostrou ser a melhor estratégia pelas seguintes razões: minimizava a
monotonia, permitia a compreensão de outros casos em uma situação equivalente, e
além disso, um paciente estimulava o outro ao demonstrar a melhora e as
conquistas ao longo do tratamento. Outro ponto a destacar, é que a intervenção em
grupos, sob o prisma da saúde coletiva, viabiliza o tratamento de um maior número
de pessoas.
4.3.3 Análise dos dados
Todos os dados coletados durante os três momentos de intervenção foram
digitados em planilha Excel e transformados em banco de dados. Posteriormente, o
banco foi encaminhado para assessoria estatística para análises descritivas e
inferenciais. Inicialmente, foi realizada a análise descritiva e, posteriormente, a
estatística.
A análise estatística foi realizada por meio do uso dos softwares Minitab
versão 17 e o “R”, versão 3.2.3. Considerando que foram realizadas muitas análises
inferenciais, a descrição dos testes constam no item Resultados.
32
5 RESULTADOS
Neste capítulo serão apresentadas as análises descritivas e estatísticas,
assim como a consistência interna do DHI e da GDS, por meio do Alfa de Cronbach.
Em relação à análise estatística, Inicialmente serão apresentados os
resultados do DHI. Nesta etapa, procurou-se identificar se os resultados do DHI
sofriam interferência das variáveis: Idade, Hipótese diagnóstica, Tipo de queixa,
Tempo de queixa de tontura, Duração da tontura, Uso de medicamentos, presença
de Alterações clínicas, resultado da Avaliação Otoneurológica, presença de Perda
Auditiva e presença de outros sintomas (Depressão, Insegurança, Ansiedade,
Enxaqueca) associados à tontura. Verificou-se nesta etapa também, se o aspecto
emocional do DHI sofreu influência da presença dos sintomas Ansiedade,
Depressão e Insegurança, assim como da duração do sintoma tontura.
Posteriormente, ao realizar a análise da Escala QT, desejou-se observar se
o Tipo de queixa (tontura rotatória ou não), Duração da tontura, Depressão e
Insegurança poderiam ser um fator a influenciar na intensidade de tontura relatada
pelos pacientes. Já quanto a GDS, foram analisadas a influência do Tipo de queixa,
da Duração da tontura e da presença da Perda auditiva em seus resultados.
Por fim, foram comparados os resultados entre os três testes utilizados a fim
de observar os efeitos da intervenção conjuntamente com a auto-referência para o
tratamento da tontura.
5.1 Análise descritiva
Participaram da intervenção 20 pacientes, 3 do sexo masculino (15%) e 17 do
sexo feminino (85%). As idades variaram entre 48 e 85 anos, sendo a média de 66
anos. Quando questionados quanto ao tipo de tontura e ao tempo de duração do
sintoma, 13 pacientes (65%) afirmaram sentir vertigem, assim como 9 (45%)
relataram que a tontura persistia por minutos.
33
Tabela 1. Análise descritiva quanto ao tipo e duração da tontura (n=20).
Como é a sua tontura? n %
Vertigem 13 65
Tontura Não Rotatória 7 35
Quanto tempo dura sua tontura? n %
Minutos 9 45
Segundos 8 40
Horas/Semanas 3 15
Fonte: elaborado pela autora.
A tabela 2 mostra a análise descritiva dos sintomas relacionados pelos
pacientes. As queixas com maiores ocorrências foram zumbido, ansiedade e
insegurança (90%, 85% e 65%, respectivamente).
Tabela 2. Análise descritiva quanto aos sintomas associados à tontura (n=20).
Sintomas associados à tontura n %
Zumbido 18 90
Enxaqueca 9 45
Depressão 9 45
Insegurança 13 65
Ansiedade 17 85
Fonte: elaborado pela autora.
As questões clínicas também foram investigadas e 15 (75%) pacientes eram
hipertensos, sete (35%) possuíam alterações dos níveis de colesterol e quatro (20%)
dos triglicerídeos. Além disso, sete (35%) pacientes eram diabéticos.
Quanto a avaliação auditiva, 6 (30%) pacientes tiveram os resultados
alterados. Já quanto ao uso de medicamentos para a tontura, 7 (35%) não fizeram
uso durante a intervenção e 11 (55%) fizeram uso, em pelo menos um momento da
intervenção. A avaliação otoneurológica apresentou-se alterada para 6 pacientes
(31,57%). Cabe ressaltar que o total desta avaliação correspondeu a 19, uma vez
que um paciente não realizou o exame.
34
5.2 Análise quanto ao Dizziness Handicap Inventory (DHI)
As Tabelas 3 e 4 apresentam, respectivamente, medidas descritivas das
variáveis respostas DHI e DHI – Aspecto emocional. Estas tabelas mostram que, em
geral, as médias diminuem ao longo dos momentos de avaliação. As variáveis
Zumbido e Ansiedade não constam da Tabela 3, pois apenas dois pacientes não
apresentaram zumbido e três não apresentaram ansiedade.
Para o DHI e o DHI – Aspecto emocional foram ajustados modelos mistos
normais, em que o efeito do paciente foi considerado aleatório e os efeitos dos
momentos de avaliação e das variáveis explicativas de interesse (Idade, Uso de
medicamento, Queixa e outras) foram considerados fixos (PINHEIRO; BATES,
2002). Foi realizada uma análise de diagnóstico para todos os modelos, que se
mostraram bem ajustados (NOBRE; SINGER, 2007).
Adotou-se um nível de significância igual a 10%, uma vez que o número de
pacientes considerados nas categorias das variáveis de interesse é em geral
pequeno (Tabela 3).
Pela Tabela 5, observa-se, ao nível de significância de 10%, que para as
variáveis Hipótese diagnóstica, Tempo de relato da tontura, Uso de medicamento,
Insegurança, Colesterol, Triglicerídeos, Avaliação otoneurológica e Perda auditiva só
foi detectado efeito dos momentos de avaliação sobre a média do DHI (valores-p ≤
0,017). Em seguida, foram realizadas comparações múltiplas pelo método de
Bonferroni (KUTNER et al, 2004), adotando um coeficiente de confiança global igual
a 90% para comparar as médias do DHI entre os três momentos de avaliação. Os
resultados dessas comparações são apresentados na Tabela 6. Por meio dessa
tabela, observa-se que as médias do DHI nos momentos de avaliação 1 e 2 não
diferem (o valor zero pertence ao intervalo de confiança) e que ambas são maiores
do que no momento de avaliação 3.
35
Tabela 3. Distribuição das medidas descritivas do DHI. Momento 1 Momento 2 Momento 3
Variável Categorias n média desvio padrão
média desvio padrão
média desvio padrão
Idade
48 a 59 anos 7 51,14 16,77 44,00 15,96 44,29 25,96
60 a 69 anos 6 40,33 12,68 30,00 13,68 17,00 10,41
Mais de 70 anos 7 36,86 23,77 36,29 16,27 19,14 9,44
Hipótese diagnóstica
Menos difícil 8 42,25 21,26 39,50 8,99 20,50 11,80
Difícil 12 43,33 17,79 35,50 19,19 31,83 24,59
Queixa Vertigem 13 41,08 20,24 31,69 16,77 31,38 23,94
Tontura 7 46,28 16,39 47,14 6,20 19,71 11,16
Duração da tontura
Segundos 8 30,25 15,76 38,50 15,48 21,25 24,14
Minutos 9 47,56 16,70 32,44 16,58 24,67 14,18
Horas/semanas 3 62,67 4,16 47,33 12,06 51,33 15,28
Tempo de relato da tontura
0 a 12 meses 5 34,80 23,10 40,80 11,54 19,20 11,19
13 a 35 meses 6 39,00 18,88 29,67 14,56 31,30 25,80
36 a 60 meses 4 50,00 16,17 33,50 26,20 34,50 30,40
Mais de 60 meses 5 50,00 16,43 45,20 8,07 24,80 15,66
Uso de medicamento
Não 7 38,57 14,86 38,00 13,95 23,43 26,35
Sim 13 45,23 20,66 36,62 17,11 29,38 18,06
Depressão Não 11 39,09 17,49 31,82 14,76 20,91 13,34
Sim 9 47,56 20,12 43,56 15,13 35,11 26,14
Insegurança Não 7 31,14 17,77 32,86 17,85 22,29 20,93
Sim 13 49,23 16,50 39,38 14,68 30,00 21,10
Pressão arterial
Normal 5 48,80 13,31 30,40 18,30 36,80 30,00
Hipertensão 15 40,93 20,20 39,33 14,77 24,13 17,01
Colesterol Não 13 41,85 18,91 34,15 14,71 25,69 20,80
Sim 7 44,86 19,66 42,57 17,19 30,29 22,19
Triglicerídeos Não 16 43,63 19,68 37,88 15,55 27,88 21,94
Sim 4 40,00 16,33 34,00 18,40 25,00 18,22
Diabetes Não 13 45,69 18,47 34,31 16,33 24,46 15,30
Sim 7 37,71 19,44 42,29 14,16 32,60 29,30
Enxaqueca Não 11 37,45 20,16 33,45 16,27 18,36 13,91
Sim 9 49,56 15,26 41,56 14,66 38,22 23,33
Avaliação otoneurológica
Normal 13 38,77 18,36 37,23 16,90 23,08 18,52
Alterada 6 48,33 18,78 36,67 15,88 35,70 26,30
Perda auditiva Não 8 43,50 15,81 43,00 13,98 32,50 26,76
Sim 12 42,50 21,10 33,17 16,12 23,83 16,15
Fonte: elaborado pela autora.
Tabela 4. Distribuição das medidas descritivas do DHI – Aspecto emocional Momento 1 Momento 2 Momento 3
Variável Categorias n média desvio padrão
média desvio padrão
média desvio padrão
Duração da tontura
Segundos 8 8,25 5,99 9,75 9,35 4,25 8,17
Minutos 9 12,22 7,97 7,56 8,11 4,89 8,19
Horas/semanas 3 21,33 5,03 16,00 8,00 16,00 10,39
Depressão Não 11 9,27 7,50 6,00 7,75 3,82 7,67
Sim 9 15,33 7,42 14,22 7,84 9,33 10,10
Insegurança Não 7 7,43 8,22 6,57 10,05 4,86 10,32
Sim 13 14,46 6,79 11,38 7,72 7,08 8,63
Perda auditiva
Não 8 11,25 6,67 12,00 9,56 8,00 11,36
Sim 12 12,50 8,87 8,17 8,07 5,17 7,46
Fonte: elaborado pela autora.
36
Tabela 5. Valores-p dos testes de hipóteses relacionados ao DHI.
Variável Interação Grupo Momento
de avaliação
Idade 0,291 0,064 0,001
Hipótese diagnóstica
0,161 0,701 0,001
Queixa 0,003 - -
Duração da tontura
0,039 - -
Tempo de relato da tontura
0,131 0,804 0,001
Uso de medicamento
0,580 0,618 0,003
Depressão 0,782 0,098 0,002
Insegurança 0,324 0,140 0,006
Pressão arterial
0,044 - -
Colesterol 0,811 0,475 0,003
Triglicerideos 0,995 0,699 0,017
Diabetes 0,084 - -
Enxaqueca 0,339 0,051 0,002
Avaliação otoneurológica
0,308 0,367 0,011
Perda auditiva 0,512 0,369 0,003
Fonte: elaborado pela autora.
Tabela 6. Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do DHI entre os três momentos de avaliação.
Diferença de
médias Intervalo de Confiança
Momento 2 – Momento 1 [-14,62; 3,02]
Momento 3 – Momento 1 [-24,42; -6,78]
Momento 3 – Momento 2 [-18,62; -0,98]
Fonte: elaborado pela autora.
A Tabela 5 mostra também que, além do efeito dos momentos de avaliação
(valores-p ≤ 0,002), há efeito das variáveis Idade (valor-p = 0,064), Depressão
(valor-p = 0,098) e Enxaqueca (valor-p = 0,051) sobre a média do DHI, ao nível de
10% de significância. Foram realizadas comparações múltiplas pelo método de
Bonferroni (KUTNER et al, 2004) adotando um coeficiente de confiança global igual
a 90% para comparar as médias do DHI, entre os três momentos de avaliação, e
entre as categorias das variáveis Idade, Depressão e Enxaqueca. Os resultados
37
dessas comparações são apresentados nas Tabelas 7 a 9. Por meio dessas tabelas,
identifica-se que as médias do DHI nos momentos de avaliação 1 e 2 não diferem (o
valor zero pertence ao intervalo de confiança) e que ambas são maiores do que no
momento de avaliação 3. Além disto, percebe-se que, para os três momentos de
avaliação, a média do DHI para quem tem idade de 48 a 59 anos é maior do que
para quem tem idade de 60 a 69 anos; e maior do que para quem tem idade de 70
anos ou mais, sendo que as médias não diferem para as duas últimas faixas etárias.
Observa-se também que a média do DHI para quem apresenta o sintoma Depressão
é maior do que para quem não apresenta, nos três momentos de avaliação. O
mesmo resultado ocorre para a Enxaqueca.
Tabela 7. Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do DHI entre os três momentos de avaliação e entre as categorias da variável Idade.
Diferença de
médias Intervalo de Confiança
Momento 2 – Momento 1 [-14,76; 2,73]
Momento 3 – Momento 1 [-24,71; -7,22]
Momento 3 – Momento 2 [-18,70; -1,21]
60 a 69 anos - 48 a 59 anos [-26,23; -8,50]
Mais de 70 anos - 48 a 59 anos [-24,23; -7,20]
Mais de 70 anos - 60 a 69 anos [-7,21; 10,51]
Fonte: elaborado pela autora.
Tabela 8. Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do DHI entre os três momentos de avaliação e entre as categorias da variável Depressão.
Diferença de
médias Intervalo de Confiança
Momento 2 – Momento 1 [-14,70; 3,43]
Momento 3 – Momento 1 [-24,38; -6,25]
Momento 3 – Momento 2 [-18,74; -0,61]
Sim - Não [5,82; 17,11]
Fonte: elaborado pela autora.
38
Tabela 9. Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do DHI entre os três momentos de avaliação e entre as categorias da variável Enxaqueca.
Diferença de
médias Intervalo de Confiança
Momento 2 – Momento 1 [-14,85; 2,85]
Momento 3 – Momento 1 [-24,07; -6,36]
Momento 3 – Momento 2 [-18,07; -0,36]
Sim - Não [7,84; 18,87]
Fonte: elaborado pela autora.
Finalmente, foi detectado efeito de interação entre as variáveis Queixa (valor-
p = 0,003), Duração da tontura (valor-p = 0,039), Pressão arterial (valor-p = 0,044) e
Diabetes (valor-p = 0,084) e os momentos de avaliação, considerando um nível de
significância igual a 10%, sobre a média do DHI.
Desta maneira, foram comparadas as categorias de cada uma das variáveis
Queixa, Duração da tontura, Pressão arterial e Diabetes entre si, fixando cada
momento de avaliação. Além disso, também foram comparados os momentos de
avaliação entre si, fixando cada categoria das variáveis explicativas.
Foram realizadas comparações múltiplas pelo método de Bonferroni adotando
um coeficiente de confiança global igual a 90% para cada conjunto de comparações.
Os resultados dessas comparações são apresentados nas Tabelas 10 a 13.
Por meio da Tabela 10, observa-se que, para quem tem tontura, as médias do
DHI nos momentos de avaliação 1 e 2 não diferem (o valor zero pertence ao
intervalo de confiança) e que ambas são maiores do que no momento de avaliação
3.
Já para quem tem vertigem, as médias do DHI nos momentos de avaliação 1
e 2 e nos momentos de avaliação 2 e 3 não diferem, porém notamos que a média do
DHI no momento 3 é menor do que no momento 1. Além disto, há diferença entre as
médias do DHI para quem tontura e para quem tem vertigem apenas no momento
de avaliação 2, sendo a média do DHI para quem tontura maior do que para quem
tem vertigem.
A Tabela 11, mostra que, para pacientes com hipertensão arterial (HAS), as
médias do DHI nos momentos de avaliação 1 e 2 não diferem (o valor zero pertence
39
ao intervalo de confiança) e que ambas são maiores do que no momento de
avaliação 3. Já para quem tem pressão normal, as médias do DHI nos momentos de
avaliação 1 e 3 e nos momentos de avaliação 2 e 3 não diferem, porém nota-se que
a média do DHI no momento 1 é maior do que no momento 2. Além disto, nos três
momentos de avaliação não foram detectadas diferenças entre as médias do DHI
para quem tem pressão normal ou hipertensão.
Pela Tabela 12, identifica-se que, para quem tem diabetes, as médias do DHI
nos três momentos de avaliação não diferem (o valor zero pertence aos intervalos
de confiança). Já para quem não tem diabetes, as médias do DHI nos momentos de
avaliação 2 e 3 não diferem, e que ambas são menores do que no momento de
avaliação 1. Além disto, nos três momentos de avaliação, não detectamos
diferenças entre as médias do DHI para pacientes com ou sem diabetes.
A Tabela 13 mostra que quando a tontura dura segundos, só há diferença
entre as médias do DHI entre os momentos de avaliação 2 e 3, sendo a média
menor no momento 3. Já, quando a tontura dura minutos, as médias do DHI nos
momentos de avaliação 2 e 3 não diferem, sendo ambas menores do que no
momento de avaliação 1. Quando a tontura dura Horas/semanas, só há diferença
entre as médias do DHI entre os momentos de avaliação 1 e 3, sendo a média
menor no momento 3.
A Tabela 13 mostra também que no momento de avaliação 1, só há diferença
entre as médias do DHI entre quem tem tontura que dura segundos e quem tem
tontura que dura horas/semanas, sendo a média maior para quem a tontura dura
horas/semanas.
No momento de avaliação 2, as médias do DHI não sofrem efeito da duração
da tontura. Já, no momento de avaliação 3, as médias do DHI não diferem entre
quem tem tontura que dura segundos e quem tem tontura que dura minutos, sendo
essas médias menores do que para quem a tontura dura horas/semanas.
40
Tabela 10. Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do DHI - Queixa.
Categorias da
Queixa
Diferença de
médias Intervalo de Confiança
Vertigem Momento 2 – Momento 1 [-18,93; 0,15]
Momento 3 – Momento 1 [-19,24; -0,16]
Momento 3 – Momento 2 [-9,85; 9,23]
Tontura Momento 2 – Momento 1 [-12,14; 13,86]
Momento 3 – Momento 1 [-39,57; -13,57]
Momento 3 – Momento 2 [-40,43; -14,43]
Categorias do
Momento de avaliação
Diferença de
médias Intervalo de Confiança
Momento 1 Vertigem - Tontura [-19,63; 9,23]
Momento 2 Vertigem - Tontura [-29,88; -1,02]
Momento 3 Vertigem - Tontura [-2,76; 26,10]
Fonte: elaborado pela autora.
Tabela 11. Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do DHI – Pressão arterial.
Categorias da
Pressão arterial
Diferença de
médias Intervalo de Confiança
Normal Momento 2 – Momento 1 [-35,04; -1,76]
Momento 3 – Momento 1 [-28,64; 4,64]
Momento 3 – Momento 2 [-10,24; 23,04]
Hipertensão Momento 2 – Momento 1 [-11,21; 8,01]
Momento 3 – Momento 1 [-26,41; -7,19]
Momento 3 – Momento 2 [-24,81; -5,59]
Categorias do
Momento de avaliação
Diferença de
médias Intervalo de Confiança
Momento 1 Hipertensão - Normal [-24,04; 8,30]
Momento 2 Hipertensão - Normal [-7,24; 25,10]
Momento 3 Hipertensão - Normal [-28,84; 3,50]
Fonte: elaborado pela autora.
41
Tabela 12. Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do DHI - Diabetes.
Categorias da Diabetes
Diferença de médias
Intervalo de Confiança
Não Momento 2 – Momento 1 [-21,89; -0,87]
Momento 3 – Momento 1 [-31,74; -10,72]
Momento 3 – Momento 2 [-20,36; 0,66]
Sim Momento 2 – Momento 1 [-9,74; 18,90]
Momento 3 – Momento 1 [-19,43; 9,21]
Momento 3 – Momento 2 [-24,01; 4,63]
Categorias do Momento de avaliação
Diferença de médias
Intervalo de Confiança
Momento 1 Sim - Não [-22,75; 6,79]
Momento 2 Sim - Não [-6,79; 22,75]
Momento 3 Sim - Não [-6,63; 22,91]
Fonte: elaborado pela autora.
Tabela 13. Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do DHI – Duração da tontura.
Categorias da Duração da tontura
Diferença de médias
Intervalo de Confiança
Segundos Momento 2 – Momento 1 [-4,55; 21,06]
Momento 3 – Momento 1 [-21,81; 3,81]
Momento 3 – Momento 2 [-30,06; -4,44]
Minutos Momento 2 – Momento 1 [-27,19; -3,05]
Momento 3 – Momento 1 [-34,96; -10,82]
Momento 3 – Momento 2 [-19,84; 4,30]
Horas/semanas Momento 2 – Momento 1 [-36,03; 5,79]
Momento 3 – Momento 1 [-43,80; -1,98]
Momento 3 – Momento 2 [-28,68; 13,14]
Categorias do Momento de avaliação
Diferença de médias
Intervalo de Confiança
Momento 1 Minutos - Segundos [-0,77; 35,39]
Horas/semanas - Segundos [7,23; 57,61]
Horas/semanas - Minutos [-9,70; 39,92]
Momento 2 Minutos - Segundos [-24,14; 12,02]
Horas/semanas - Segundos [-16,36; 34,02]
Horas/semanas - Minutos [-9,92; 39,70]
Momento 3 Minutos - Segundos [-14,66; 21,50]
Horas/semanas - Segundos [4,89; 55,27]
Horas/semanas - Minutos [1,85; 51,47]
Fonte: elaborado pela autora.
42
Pela Tabela 14, observa-se, ao nível de significância de 10%, que para as
variáveis Insegurança e Perda auditiva só foi detectado efeito dos momentos de
avaliação sobre a média do DHI – Aspecto emocional (valores-p ≤ 0,018).
Tabela 14. Valores-p dos testes de hipóteses relacionados ao DHI - Aspecto emocional.
Variável Interação Grupo Momento
de avaliação
Duração da tontura
0,405 0,098 0,015
Depressão 0,684 0,046 0,005
Insegurança 0,366 0,189 0,018
Perda auditiva 0,263 0,611 0,008
Fonte: elaborado pela autora.
Por meio da tabela 15, observa-se que as médias do DHI – Aspecto
emocional nos momentos de avaliação 1 e 2 e nos momentos 2 e 3 não diferem (o
valor zero pertence aos intervalos de confiança). Por outro lado, a média no
momento de avaliação 3 é menor do que no momento de avaliação 1.
Tabela 15. Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do DHI – Aspecto emocional entre os três momentos de avaliação.
Diferença de
médias
Intervalo de Confiança
Momento 2 – Momento 1 [-5,83; 1,23]
Momento 3 – Momento 1 [-9,23; -2,17]
Momento 3 – Momento 2 [-6,93; 0,13]
Fonte: elaborado pela autora.
A Tabela 14 mostra também que, além do efeito dos momentos de avaliação
(valores-p ≤ 0,015), há efeito das variáveis Duração da tontura (valor-p = 0,098) e
Depressão (valor-p = 0,046) sobre a média do DHI – Aspecto emocional, ao nível de
10% de significância.
43
Foram realizadas comparações múltiplas pelo método de Bonferroni
(KUTNER et al, 2004) adotando um coeficiente de confiança global igual a 90% para
comparar as médias do DHI - Aspecto emocional entre os três momentos de
avaliação e entre as categorias das variáveis Duração da tontura e Depressão. Os
resultados dessas comparações são apresentados nas Tabelas 16 e 17. Por meio
da Tabela 16, observamos que só há diferença entre as médias do DHI – Aspecto
emocional nos momentos de avaliação 1 e 3, sendo a média do DHI menor no
momento de avaliação 3. Além disto, notamos que, para os três momentos de
avaliação, a média do DHI - Aspecto emocional para quem a tontura dura
horas/semanas é maior do que para quem a tontura dura segundos e maior do que
para quem a tontura dura minutos, sendo que as médias não diferem para quem tem
tontura por segundos ou minutos. Pela Tabela 17, observamos que só há diferença
entre as médias do DHI – Aspecto emocional nos momentos de avaliação 1 e 3,
sendo a média do DHI menor no momento de avaliação 3. Observamos também que
a média do DHI para quem apresenta Depressão é maior do que para quem não
apresenta, nos três momentos de avaliação.
Tabela 16. Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do DHI – Aspecto emocional entre os três momentos de avaliação e entre as categorias da variável Duração da tontura.
Diferença de
médias
Intervalo de Confiança
Momento 2 – Momento 1 [-6,82; 1,15]
Momento 3 – Momento 1 [-9,54; -1,57]
Momento 3 – Momento 2 [-6,71; 1,26]
Minutos - Segundos [-2,34; 3,95]
Horas/semanas - Segundos [5,98; 14,74]
Horas/semanas - Minutos [5,24; 13,87]
Fonte: elaborado pela autora.
44
Tabela 17. Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do DHI - Aspecto emocional entre os três momentos de avaliação e entre as categorias da variável Depressão.
Diferença de
médias
Intervalo de Confiança
Momento 2 – Momento 1 [-5,81; 1,42]
Momento 3 – Momento 1 [-9,34; -2,11]
Momento 3 – Momento 2 [-7,15; 0,08]
Sim - Não [4,35; 8,85]
Fonte: elaborado pela autora.
5.3 Análise quanto à Escala de Quantificação da Tontura
A seguir, serão apresentadas as análises quanto a Escala de Quantificação
da Tontura (QT). A Tabela 18 apresenta medidas descritivas da variável resposta
QT. Esta tabela mostra que, em geral, as médias não parecem se alterar muito ao
longo dos momentos de avaliação.
Tabela 18. Distribuição das medidas descritivas da Escala QT Momento 1 Momento 2 Momento 3
Variável Categorias n média desvio
padrão média
desvio
padrão média
desvio
padrão
Queixa Vertigem 13 5,05 2,52 3,46 2,67 3,70 2,82
Tontura 7 4,70 2,83 4,69 1,99 3,07 1,51
Duração da
tontura
Segundos 8 3,66 2,28 3,98 1,74 3,90 2,92
Minutos 9 5,97 2,85 4,34 3,23 2,87 1,35
Horas/semanas 3 5,20 0,56 2,30 0,95 4,20 3,90
Depressão Não 11 5,42 3,12 4,47 2,92 2,82 1,66
Sim 9 4,33 1,66 3,18 1,67 4,29 3,01
Insegurança Não 7 3,69 3,17 2,80 1,94 3,14 3,07
Sim 13 5,60 2,00 4,48 2,59 3,66 2,10
Perda auditiva Não 8 4,39 3,08 3,70 2,67 4,78 2,97
Sim 12 5,29 2,23 4,02 2,45 2,62 1,56
Fonte: elaborado pela autora.
Pela Tabela 19, observa-se que para as variáveis Queixa e Duração da
tontura nenhum efeito foi detectado, ao nível de significância de 10%, (valores-p ≥
0,105) sobre a média da QT. A Tabela 19 mostra também que, ao nível de
significância de 10%, só há efeito da Insegurança sobre a média da QT (valor-p =
0,098). Em seguida, foi construído um intervalo de 90% de confiança para comparar
45
as médias da QT entre as duas categorias da Insegurança. Este intervalo consta da
Tabela 20. Por meio dessa tabela, observamos que a média da QT é maior para
quem apresenta insegurança.
Tabela 19. Valores-p dos testes de hipóteses relacionados a QT
Variável
Interação Grupo Momento
de avaliação
Queixa 0,382 0,925 0,125
Duração da tontura
0,105 0,815 0,113
Depressão 0,074 - -
Insegurança 0,588 0,098 0,201
Perda auditiva 0,059 - -
Fonte: elaborado pela autora.
Tabela 20. Intervalo de 90% de confiança para a diferença entre as médias da EQT – Insegurança.
Diferença de
médias Intervalo de Confiança
Sim - Não [0,378;2,362]
Fonte: elaborado pela autora.
Finalmente, foi detectado efeito de interação entre as variáveis Depressão
(valor-p = 0,074) e Perda auditiva (valor-p = 0,059) e os momentos de avaliação,
considerando um nível de significância igual a 10%, sobre a média da QT. Dessa
maneira, foram comparadas as categorias de cada uma das variáveis Depressão e
Perda auditiva entre si, fixando cada momento de avaliação. Também foram
comparados os momentos de avaliação entre si, fixando cada categoria das
variáveis explicativas.
Foram realizadas comparações múltiplas pelo método de Bonferroni adotando
um coeficiente de confiança global igual a 90% para cada conjunto de comparações.
Os resultados dessas comparações são apresentados nas Tabelas 21 e 22.
Por meio da Tabela 21, observa-se que, para quem não tem depressão, só há
diferença entre as médias da QT nos momentos de avaliação 1 e 3, sendo que a
média no momento 3 menor do que no momento 1. Já, para que tem depressão, as
médias da QT nos três momentos de avaliação não diferem (o valor zero pertence
46
aos intervalos de confiança). Além disto, nos três momentos de avaliação, não foram
detectadas diferenças entre as médias da QT para quem tem ou não tem depressão.
Pela Tabela 22, nota-se que, para quem tem perda auditiva, só há diferença
entre as médias do EQT nos momentos de avaliação 1 e 3, sendo que a média no
momento 3 menor do que no momento 1. Já, para que não tem perda auditiva, as
médias do EQT nos três momentos de avaliação não diferem (o valor zero pertence
aos intervalos de confiança). Além disto, temos diferença entre as médias do EQT
entre quem tem e quem não tem perda auditiva apenas no momento de avaliação 3,
sendo a média da QT menor para quem tem perda auditiva.
Tabela 21. Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do DHI – Depressão.
Categorias da
Depressão
Diferença de
médias Intervalo de Confiança
Não Momento 2 – Momento 1 [-2,88; 0,98]
Momento 3 – Momento 1 [-4,53; -0,67]
Momento 3 – Momento 2 [-3,58; 0,28]
Sim Momento 2 – Momento 1 [-3,29; 0,99]
Momento 3 – Momento 1 [-2,18; 2,10]
Momento 3 – Momento 2 [-1,03; 3,25]
Categorias do
Momento de avaliação
Diferença de
médias Intervalo de Confiança
Momento 1 Sim - Não [-2,95; 0,77]
Momento 2 Sim - Não [-3,15; 0,57]
Momento 3 Sim - Não [-0,39; 3,33]
Fonte: elaborado pela autora.
47
Tabela 22. Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do DHI – Perda auditiva.
Categorias da
Perda auditiva
Diferença de
médias Intervalo de Confiança
Não Momento 2 – Momento 1 [-2,94; 1,56]
Momento 3 – Momento 1 [-1,86; 2,64]
Momento 3 – Momento 2 [-1,17; 3,33]
Sim Momento 2 – Momento 1 [-3,11; 0,57]
Momento 3 – Momento 1 [-4,51; -0,83]
Momento 3 – Momento 2 [-3,24; 0,44]
Categorias do
Momento de avaliação
Diferença de
médias Intervalo de Confiança
Momento 1 Sim - Não [-0,98; 2,78]
Momento 2 Sim - Não [-1,56; 2,20]
Momento 3 Sim - Não [-4,04; -0,28]
Fonte: elaborado pela autora.
5.4 Análise quanto à Escala Geriátrica de Depressão (GDS)
Quanto à Escala Geriátrica de depressão, a Tabela 23 apresenta medidas
descritivas da variável resposta GDS. Esta tabela mostra que, em geral, as médias
não parecem se alterar ao longo dos momentos de avaliação.
Tabela 23. Distribuição das medidas descritivas do GDS Momento 1 Momento 2 Momento 3
Variável Categorias n média desvio padrão
média desvio padrão
média desvio padrão
Queixa Vertigem 13 4,38 3,64 4,31 3,75 4,54 3,05
Tontura 7 4,86 2,34 5,00 2,52 4,43 2,23
Duração da tontura
Segundos 8 3,63 2,20 3,75 1,91 3,38 0,74
Minutos 9 3,56 2,56 3,56 3,28 4,22 2,95
Horas/semanas 3 10,00 1,00 9,67 1,53 8,33 2,52
Perda auditiva
Não 8 4,13 3,04 4,75 2,92 4,50 3,16
Sim 12 4,83 3,38 4,42 3,68 4,50 2,54
Fonte: elaborado pela autora.
Pela Tabela 24, observamos que para as variáveis Queixa e Perda auditiva
nenhum efeito foi detectado, ao nível de significância de 10%, (valores-p ≥ 0,513)
sobre a média do GDS. A Tabela 24 mostra também que, ao nível de significância
de 10%, só há efeito da Duração da tontura sobre a média do GDS (valor-p = 0,002).
Em seguida, foram realizadas comparações múltiplas pelo método de Bonferroni
48
(KUTNET et al., 2004), adotando um coeficiente de confiança global igual a 90%
para comparar as médias do GDS entre as três categorias da Duração da tontura.
Os resultados dessas comparações são apresentados na Tabela 25. Por meio dessa
tabela, observamos que as médias do GDS não diferem entre quem tem tontura que
dura segundos e quem tem tontura que dura minutos, sendo essas médias menores
do que para quem a tontura dura horas/semanas.
Tabela 24. Valores-p dos testes de hipóteses relacionados ao GDS
Variável Interação Grupo Momento
de avaliação
Queixa 0,683 0,801 0,930
Duração da tontura
0,419 0,002 0,673
Perda auditiva
0,513 0,927 0,971
Fonte: elaborado pela autora.
Tabela 25. Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do GDS - Duração da tontura.
Diferença de
médias Intervalo de Confiança
Minutos - Segundos [-0,677;1,066]
Horas/semanas - Segundos [4,535; 6,965]
Horas/semanas - Minutos [4,359; 6,752]
Fonte: elaborado pela autora.
5.5 Análise quanto a correlação dos três instrumentos (DHI, QT e GDS)
A Tabela 26 apresenta medidas descritivas das variáveis respostas DHI, GDS
e EQT. Esta tabela mostra que as médias diminuem ao longo dos momentos de
avaliação para as variáveis DHI e EQT. Já, para a variável GDS, as médias quase
não variam com os momentos de avaliação.
Para as três variáveis foram ajustados modelos mistos normais, em que o
efeito do paciente foi considerado aleatório e os efeitos dos momentos de avaliação
foram considerados fixos (PINHEIRO; BATES, 2002). Foi realizada uma análise de
49
diagnóstico para os três modelos, que se mostraram bem ajustados (Nobre e Singer,
2007).
Pela Tabela 27, observamos, ao nível de significância de 10%, que há efeito
dos momentos de avaliação apenas para a variável DHI (valor-p = 0,001). Esse
resultado mostra que a intervenção teve interferência apenas no DHI.
Em seguida, foram realizadas comparações múltiplas pelo método de
Bonferroni (KUTNER et al, 2004), adotando um coeficiente de confiança global igual
a 90% para comparar as médias do DHI entre os três momentos de avaliação. Os
resultados dessas comparações são apresentados na Tabela 28. Por meio dessa
tabela, observamos que as médias do DHI nos momentos de avaliação 1 e 2 não
diferem (o valor zero pertence ao intervalo de confiança) e que ambas são maiores
do que no momento de avaliação 3. Assim, o tratamento provoca uma melhora nos
pacientes do momento 1 para o momento 3, sendo que, em média, essa melhora
varia de 6,78 a 24,42. A partir desse resultado não pode ser afirmado que a
diferença média no DHI é superior a 18 pontos.
Tabela 26. Distribuição das medidas descritivas do DHI, GDS e EQT. Momento 1 Momento 2 Momento 3
Variável n média desvio padrão
média desvio padrão
média desvio padrão
DHI 20 42,90 18,71 37,10 15,71 27,30 20,83
GDS 20 4,55 3,19 4,55 3,32 4,50 2,72
EQT 20 4,93 2,56 3,89 2,47 3,48 2,42
Fonte: elaborado pela autora.
Tabela 27. Valores-p dos testes de hipóteses para DHI, GDS e EQT.
Variável Momento
de avaliação
DHI 0,001
GDS 0,992
EQT 0,101
Fonte: elaborado pela autora.
50
Tabela 28. Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias do DHI entre os três momentos de avaliação.
Diferença de
médias Intervalo de Confiança
Momento 2 – Momento 1 [-14,62; 3,02]
Momento 3 – Momento 1 [-24,42; -6,78]
Momento 3 – Momento 2 [-18,62; -0,98]
Fonte: elaborado pela autora.
5.5.1 Comparação entre os aspectos do DHI
A Tabela 29 apresenta medidas descritivas da variável resposta DHI pelos
aspectos físico, funcional e emocional. Esta tabela mostra que as médias diminuem
ao longo dos momentos de avaliação para os três aspectos. No entanto, como a
pontuação máxima para o aspecto físico é 28 e para os demais aspectos é 36.
A Tabela 30 apresenta medidas descritivas para a proporção da pontuação
obtida em relação à pontuação máxima (proporção do DHI), para cada aspecto do
DHI. Essa tabela também mostra que as proporções médias diminuem ao longo dos
momentos de avaliação para os três aspectos. Observa-se também que as
proporções médias são menores para o aspecto emocional e maiores para o
aspecto físico, em todos os momentos de avaliação.
Ao o nível de significância de 10% observa-se que não há efeito interação
entre os momentos de avaliação e os aspectos do DHI (valor-p = 0,815) sobre a
média da proporção do DHI. Este resultado mostra que o comportamento da média
da proporção do DHI ao longo dos momentos de avaliação é o mesmo para os três
aspectos (Figura 1).
Nota-se, também, que há efeito dos momentos de avaliação (valor-p < 0,001)
e há efeito dos aspectos do DHI (valor-p<0,001).
51
Figura 2 - Perfis das médias da proporção do DHI por aspecto do DHI. Fonte: elaborado pela autora.
Em seguida, foram realizadas comparações múltiplas pelo método de
Bonferroni (KUTNER et al, 2004) adotando um coeficiente de confiança global igual
a 90% para comparar as médias da proporção do DHI entre os três momentos de
avaliação e entre os três aspectos do DHI. Os resultados dessas comparações são
apresentados na Tabela 29. Por meio dessa tabela, observamos que, para os três
aspectos, as médias da proporção do DHI nos momentos de avaliação 1 e 2 não
diferem (o valor zero pertence ao intervalo de confiança) e que ambas são maiores
do que no momento de avaliação 3. Além disso, notamos que, para os três
momentos de avaliação, a média da proporção do DHI para o aspecto físico é maior
do que a média para o aspecto funcional que, por sua vez, é maior do que para o
aspecto emocional.
Tabela 29. Distribuição das medidas descritivas do DHI pelos aspectos Físico, Funcional e Emocional.
Momento 1 Momento 2 Momento 3
Variável n média desvio padrão
média desvio padrão
média desvio padrão
Físico 20 15,70 5,78 13,10 5,49 9,80 6,58 Funcional 20 15,20 9,83 14,20 6,12 11,20 8,64 Emocional 20 12,00 7,89 9,70 8,66 6,30 9,04
Fonte: elaborado pela autora.
52
Tabela 30. Distribuição das medidas descritivas do DHI pelos aspectos Físico, Funcional e Emocional (proporção).
Momento 1 Momento 2 Momento 3
Variável n média desvio padrão
média desvio padrão
média desvio padrão
Físico 20 0,56 0,21 0,47 0,20 0,35 0,24 Funcional 20 0,42 0,27 0,39 0,17 0,31 0,24 Emocional 20 0,33 0,22 0,27 0,24 0,18 0,25
Fonte: elaborado pela autora.
Tabela 31. Intervalos de confiança obtidos pelo método de Bonferroni (coeficiente de confiança global igual a 90%) para as diferenças entre as médias da proporção do DHI entre os três momentos de avaliação e entre os aspectos do DHI.
Diferença de
médias Intervalo de Confiança
Momento 2 – Momento 1 [-0,13; 0,01]
Momento 3 – Momento 1 [-0,23; -0,09]
Momento 3 – Momento 2 [-0,17; -0,03]
Físico - Emocional [0,13; 0,27]
Funcional - Emocional [0,05; 0,19]
Funcional - Físico [-0,15; -0,01]
Fonte: elaborado pela autora.
5.6 Auto-referência quanto ao tratamento
Do total da amostra, 18 (90%) pacientes relataram melhora após a
intervenção. Ao comparar o antes e o após do DHI, da GDS, da escala QT com a
auto-referência observa-se que os dois pacientes que relataram piorar (N) também
tiveram piora na escala QT e não obtiveram melhora na GDS; pois um manteve os
resultados e o outro piorou neste exame. Fato a observar é que conforme
demonstrado nos resultados estatísticos, quem apresenta melhora (S) no DHI tende
a apresentar também na escala QT. Já, a GDS, tende a se manter nos três
momentos da intervenção. Cabe destacar que apenas dois pacientes alcançaram a
nota de corte 11 na GDS, demonstrando a necessidade de encaminhamento à
avaliação especializada. Contudo, apenas um deles terminou o tratamento
mantendo a nota indicativa de risco de depressão.
A distribuição dos resultados é possível ser observada na Figura 3:
53
Figura 3 – Distribuição dos resultados (DHI-GDS-QT) Fonte: elaborado pela autora.
Legendas: S = Melhorou M = Manteve N = Piorou Manteve nota de coorte 11 (GDS)
Não atingiu 18 pontos entre antes e após (DHI) Nota de coorte melhorou
Atingiu 18 pontos entre antes e após (DHI) Piorou (D)
5.7 Confiabilidade dos questionários
A análise da consistência interna (confiabilidade) dos questionários foi
realizada por meio da estatística Alfa de Cronbach (Vieira, 2009). Essa estatística foi
calculada para os questionários DHI e GDS, no momento de avaliação 1 (Tabela
32).
O valor da estatística Alfa de Cronbach deve ser positivo, variando entre 0 e
1, tendo as seguintes classificações:
a) Superior a 0,9 – consistência muito boa.
b) Entre 0,8 e 0,9 – consistência boa.
c) Entre 0,7 e 0,8 – consistência razoável.
d) Entre 0,6 e 0,7 – consistência fraca.
e) Inferior a 0,6 – consistência inadmissível.
Paciente DHI GDS QT Auto-referência
1 S P S S
2 S P S S
3 S M M S
4 S M S S
5 S S S S
6 S P P S
7 S S S S
8 S P M S
9 S P S S
10 N M P N
11 S P S S
12 S P S S
13 N P S S
14 N P P N
15 S S S S
16 S P S S
17 S P S S
18 S S S S
19 S S P S
20 S S S S
54
Tabela 32. Valores da estatística Alfa de Cronbach e classificação.
Questionário Valor da estatística Alfa de Cronbach
Confiabilidade
DHI 0,833 Boa
GDS 0,759 Razoável
Fonte: elaborado pela autora.
Por meio da Tabela 32, é possível verificar que o DHI apresentou um nível de
confiabilidade equivalente a 0,833, o que significa ter uma consistência boa.
Entretanto, a GDS demonstrou um nível de consistência apenas razoável.
55
6 DISCUSSÃO
Neste item serão discutidos os aspectos descritivos e estatísticos da presente
pesquisa, confrontando com os dados da literatura específica do tema.
As tonturas podem ser causadas por alterações de diferentes espectros,
podendo estar relacionadas direta ou indiretamente às disfunções vestibulares (PAZ,
2012). Já foi mencionado neste estudo que a tontura afeta diferentes faixas etárias,
mas, também, já foi destacado que os idosos tendem a sofrer mais do sintoma. Em
2012, Lin et al, utilizando o banco de dados National Health Interview Survey,
afirmaram que 19,6% das pessoas com 65 anos ou mais tem ou tiveram problemas
de tontura ou equilíbrio.
Os pacientes da amostra deste estudo possuíam idade entre 48 e 85 anos,
com uma média de idade equivalente a 66 anos; o que corrobora com os dados de
maior prevalência da tontura na população idosa. No presente trabalho foi
constatado que para os três momentos de avaliação, a média do DHI para pessoas
com idade de 48 a 59 anos foi maior do que para quem tem idade de 60 a 69 e os
com mais de 70 anos. Desta forma, pode-se afirmar que os adultos (pacientes com
menos de 60 anos) tiveram piores médias do DHI, quando comparado aos idosos.
Este dado não era esperado, pois, de acordo com o Princípio de Kennard (1936), as
condições de neuroplasticidade são mais favoráveis aos mais jovens (HAASE;
LACERDA, 2004).
Ao analisar os perfis diagnósticos da amostra na tentativa de compreender tal
achado, pôde-se perceber que todas as faixas etárias foram contempladas com
diferentes diagnósticos; não havendo sobreposição de patologias (Quadro 1).
Portanto, a interpretação é de que o diagnóstico não foi um fator que influenciou tal
resultado. Além disso, também foi observado que a variável Hipótese Diagnóstica
não influenciou nas respostas do tratamento, pois os dois grupos formados
comportaram-se da mesma forma (Tabelas 3 e 5). Apenas foi verificado efeito sobre
o momento da avaliação, ou seja, tanto o grupo “difícil” e o “menos difícil”
demonstraram médias equivalentes em todos os momentos da intervenção, com
exceção da média menor entre os momentos 1 e 3.
Na amostra deste estudo foi possível identificar que as mulheres foram a
maioria, corroborando os dados da literatura que apontam o sexo feminino como o
mais afetado pelo sintoma de tontura (CHARLES et al, 2008; LASISI et al, 2014).
56
Isso se justifica devido às variações hormonais, pois em razão das múltiplas
atuações no organismo, as alterações hormonais que ocorrem durante o ciclo
menstrual, a gestação e a menopausa; podem resultar em comprometimento da
homeostase dos fluídos labirínticos, levando ao sintoma de tontura (BITTAR, 1997;
ISHII et al, 2009). Além disso, existe uma cultura mais difundida entre as mulheres
quanto à procura de tratamentos de saúde (BITTAR, 2013).
Outra questão observada foi quanto ao número de pacientes com alterações
clínicas como a hipertensão arterial sistêmica, elevados níveis de colesterol e
triglicerídeos, além da diabetes. Estudos como o Lu et al (2008) comprovaram a
influência destas alterações no sistema vestibular, levando à queixa de tontura.
Outros estudos também verificaram associação entre a diabetes e a hipertensão e
afirmaram que, quando associadas à obesidade, podem ser consideradas como
fatores de risco para a tontura (LOPES et al, 2013 e HIRAI et al, 2015).
Contudo, na presente pesquisa, as variáveis Hipertensão e Pressão Arterial
Normal, apesar de terem o efeito de interação, não demonstraram diferenças entre
as médias do DHI nos três momentos. Entretanto, foi verificado que pacientes com
hipertensão obtiveram médias maiores nos momentos 1 e 2, quando comparado ao
3; além do fato de pacientes com pressão normal apresentarem médias
semelhantes entre os momentos 2 e 3 (Tabela 11). Também não foram detectadas
diferenças nas médias do DHI entre sujeitos com e sem diabetes. Mantello et al
(2008), ao investigarem se exercícios de reabilitação vestibular teriam resultados
diferentes em idosos com labirintopatias vasculares e de origem metabólica,
concluíram que ambos os grupos se beneficiaram do tratamento, sem diferenças
entre os mesmos. Desta forma, as alterações clínicas parecem influenciar mais para
a ocorrência do sintoma tontura do que no resultado do tratamento. Acredita-se que
as condutas médicas quanto ao controle destas condições - quando os sujeitos são
submetidos às intervenções para a tontura - colaboram substancialmente para que
não haja esta diferença de forma significativa.
Fato que também merece destaque é o tipo de queixa de tontura, pois 65%
dos pacientes relataram sentir vertigem, corroborando outros estudos que
verificaram o predomínio da mesma (CAOVILLA et al 1997; MOREIRA et al 2006;).
Nesta amostra foi possível verificar que os pacientes com relato de tontura tiveram
médias do DHI maiores no momento 2, quando comparados aos pacientes com
vertigem; apesar de terem médias equivalentes nos outros momentos (Tabela 10).
57
Isto sugere que com cinco sessões de intervenção fonoaudiológica já se torna
possível observar respostas em quem tem vertigem. Em contrapartida, o mesmo
número de sessões não parecem ser suficientes para iniciar algum efeito sobre o
sistema vestibular daqueles que possuem tontura.
Outra característica da amostra é que a tontura se apresentou como um
sintoma crônico, pois apenas cinco pacientes (25%) relataram que a primeira
ocorrência foi entre zero e 12 meses da ocasião do estudo. Romero et al (2015)
também observaram relato de tempo de queixa longo, variando entre sete meses e
oito anos. O tempo de permanência da tontura pareceu influenciar, pois os sujeitos
que relataram sentir a mesma por horas e semanas tenderam a médias maiores no
terceiro momento de aplicação do DHI (Tabelas 13 e 16).
A ansiedade e o zumbido foram relatados pela maioria dos pacientes, assim
como a depressão e a insegurança. A depressão foi uma variável que influenciou as
médias do DHI geral e do fator emocional, pois nos três momentos da avaliação, os
pacientes que relataram sentir-se deprimidos tiveram notas médias maiores (Tabelas
8 e 17). A variável insegurança indicou influência na quantificação da tontura. Muitos
estudos têm mostrado os efeitos da ansiedade, da insegurança e a tendência
depressiva dentre os sujeitos com tontura. Como exemplo, destaca-se o estudo de
Nagisa et al (2016) que identificou nos resultados que 30% da amostra de pacientes
com doença de Meniére tinham uma segunda causa para a vertigem e, dentre estes,
70% era em razão da ansiedade e depressão. Em 2015, Chiarella et al também
observaram que pacientes mais propensos à ansiedade e depressão tinham maiores
chances de desenvolver tontura crônica.
Comparando os três testes utilizados na presente pesquisa, foi possível
constatar que apesar das médias diminuírem, sobretudo na escala QT e no DHI, a
intervenção mostrou interferir apenas no resultado do DHI. Destaca-se que dentre os
18 pacientes, 12 (60%) apresentaram diferença no escore entre o momento 1 e 3
de, no mínimo, 18 pontos. Tal nota é considerada ideal pelos autores do teste
(JACOBSON; NEWMAN, 1990) para atribuir êxito à intervenção. Ressalta-se que
três pacientes (15%) diminuíram seus escores entre os momentos da terapia, mas
não pontuaram diferença mínima de 18 pontos no DHI. Também merece destaque
que dois pacientes (10%) não atingiram escore de 18 pontos no primeiro momento
e, desta forma, este parâmetro de avaliação ficou prejudicado. Tais considerações
convergem atenção para as formas e os instrumentos de avaliação, uma vez que
58
estes pacientes sinalizavam o incômodo da tontura e a afetação em suas vidas e
tinham indicação para a terapia. Entretanto, não foram considerados devido à nota
de corte do teste (mínimo de 18 pontos) na avaliação 1.
Os diferentes aspectos do DHI tiveram o mesmo comportamento durante os
três momentos da intervenção (Tabelas 29 e 30). Não houve diferença nas médias
dos aspectos do DHI entre os momentos 1 e 2, entretanto, a diferença ocorreu entre
os momentos inicial e final (1 e 3). Além disso, a média do aspecto físico foi maior
quando comparada aos outros aspectos e, por sua vez, a média do aspecto
emocional foi a menor em todos os momentos (Tabelas 29, 30 e 31).
Estudos têm demonstrado a eficácia do DHI para avaliação do
comprometimento da qualidade de vida de pessoas com tontura. Entretanto, alguns
autores já sinalizaram que mesmo sem conseguir atingir a diferença 18 pontos entre
antes e depois da intervenção, há pacientes que relatam a melhora do quadro
(ROMERO et al, 2015; PATATAS, 2009). Isto corrobora os presentes achados, pois
os 5 pacientes que não tiveram a diferença desejada referiram melhora do quadro
(Figura 3). Assim, sinaliza-se sobre a importância da escuta do profissional de saúde
durante as intervenções, pois além de sinalizar as condutas a serem tomadas,
também reflete o resultado da ação. A escuta também avalia sinais de respostas dos
pacientes, o que pode ser observado no presente estudo quando alguns pacientes
iniciaram a terapia acompanhados de pares, devido ao medo de quedas em razão
da tontura. Entretanto, no decorrer do tratamento, os mesmos passaram a ir
sozinhos alegando sentir maior confiança devido à melhora. Outros exemplos são as
restrições que alguns pacientes sentiam em determinados movimentos e, depois da
intervenção, passaram a executá-los, propiciando o retorno às atividades sociais e
ao trabalho. Desta forma, é possível afirmar que testes são importantes para auxiliar
na tomada de decisões e na avaliação da terapia, mas a observação clínica deve
sempre ser prioritária.
Finalmente, o Alfa de Cronbach demonstrou que a GDS apresentou um nível
de confiança razoável e que o DHI apresentou uma boa consistência interna.
Contudo, acredita-se que estudos com amostras maiores poderiam avaliar melhor a
confiabilidade destes instrumentos
Quanto à escala QT, foi possível verificar durante a realização das avaliações
que os pacientes sentiam-se inseguros e com dificuldades em determinar a
59
intensidade de sua tontura, por meio de uma linha reta. Talvez, a atribuição de notas
de um a dez seja uma forma mais fácil para a realização da tarefa.
Em geral, a presente pesquisa pode observar o benefício da
intervenção fonoaudiológica em pacientes com tontura. Porém, o reduzido número
de sujeitos na amostra talvez tenha influenciado os resultados das análises
estatísticas inferenciais e, desta forma, a sugestão é que outros estudos sejam
realizados para avaliar a efetividade de diferentes métodos de tratamento do
sintoma de tontura, que representa um importante problema de saúde pública devido
à alta prevalência na população.
60
7 CONCLUSÃO
A intervenção fonoaudiológica mostrou-se benéfica aos pacientes com
tontura. Não houve interferência da terapia sobre a GDS e sobre a escala QT.
Apesar de não haver interferência da GDS nos resultados, os sintomas de
depressão, ansiedade e insegurança atuaram como variáveis que influenciaram os
resultados da intervenção.
O DHI mostrou sofrer efeitos da intervenção, sendo um bom instrumento para
auxiliar na avaliação da terapia e, consequentemente, na mudança da qualidade de
vida. A escuta aos pacientes deve ser valorizada e priorizada, determinando as
condutas dos profissionais de saúde que atuam nesta área.
61
REFERÊNCIAS
Aratani MC, Ricci NA, Caovilla HH, Ganança FF. Brazilian version of the Vestibular
Disorders Activities of Daily Living Scale (VADL). Braz J Otorhinolaryngol.
2013;79(2);203–11.
Arya AK, Nunez DA. What proportionof patients refarred to na otolaryngology vertigo
clinic have an otological cause for their symptoms? J Laryngol Otol.
2008;122(2):145-9.
Baloh RW. Clinical practice. Vestibular neuritis. N Engl J Med. 1998;339:680.
Bittar RSM. Labirintopatias Hormonais: Hormônios esteróides, estrógeno e
progesterona. International Archives of otorhinolaryngology. 1997; 1(4).
Bittar RS, Pedalini ME, Lorenzi MC, Formigoni LG. Treating vertigo with vestibular
rehabilitation: results in 155 patients. Rev Laryngol Otol Rhinol. 2002;123(1):61-5.
Bittar RSM, Lins EMDOS. Clinical characteristics of patients with persistent postural-
perceptual dizziness. Braz j otorhinolaryngol. 2015;81(3):276-82.
Bittar RSM, Oticica J, Bottino MA et al. Estudo epidemiológico populacional da
prevalência de tontura na cidade de São Paulo. J Bras Otorrinolaringol.
2013;79(6):688-98.
Castro ASO, Gazzola JM, Natour J, Ganança FF. Versão Brasileira do Dizziness
handicap inventory. Pró-Fono Rev Atual Cient. 2007;19(1):97-104.
Cawthorne T. The physiological basis of head exercises. J Chart Soc Physiother.
1944:29:106-7.
Ciorba A, Bianchini C, Scanelli G. et al. The Impact of dizziness on quality-of-life in
the elderly. Eur Arch Otorhinolaryngol [Internet]. 2016 julho [acesso em 03 nov
62
2016]. Disponível em http://link-springer-
com.ez95.periodicos.capes.gov.br/article/10.1007/s00405-016-4222-z
Cohen HS, Kimball KT, Adams AS. Application of the vestibular disorders activities of
daily living scale. Laryngoscope. 2000;110(7):1204-9.
Cooksey FS. Rehabilitation in vestibular injures. Proc Royal Soc Med. 1946;39:273-
5.
Ferreira LMDBM, Ribeiro KMOBDF, de Lima KC, Junior JD, 0RO, Ribeiro AJDV, et
al. Quality of life assessment in elderly with dizziness complain. J Surg Clin Res.
2013;3(2):59–67.
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico. Rio de
Janeiro: IBGE; 2000.
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Departamento de Populacão
e Indicadores Sociais. Divisão de Estudos e Projeção da Populacão do Brasil por
Sexo e Idade para o período de 1980-2050. Rio de Janeiro: IBGE; 2000.
Ganança FF, Castro ASO, Branco FC, Natour J. Interferência da Tontura na
Qualidade de Vida de Pacientes com Síndrome Vestibular Periférica. Rev Bras
Otorrinolaringol. 2004;70(1): 94-101.
Ganança FF, Ganança CF. Reablilitação vestibular: princípios e técnicas. In:
Ganança MM, Munhoz MSL, Caovilla HH, Silva MLG. Estratégias terapêuticas em
otoneurologia. São Paulo: Atheneu; 2001.
Ganança FF, Gazzola JM, Aratani MC, Perracini MR, Ganança MM. Circuntâncias e
consequencias de quedas em idosos com vestibulopatia crônica. Rev Bras
Otorrinolaringol. 2006;72(3):388-93.
63
Gazzola JM, Aratani MC, Dona F, Macedo C, Fukujima MM, Ganança MM, Ganança
FF. Factors relating to depressive symptoms among elderly people with chronic
vestibular dysfunction.Arq neuropsiquiatria, 2009;67(2B):416-22.
Hall CD, Herdman SJ, Whitney SL, Cass SP, Clendaniel RA, Fife TD, Woodhouse
SN. Vestibular rehabilitation for peripheral vestibular hypofunction: an avidence-
based clinical practice guideline: from the american physical therapy association
neurology section. J Neurol Physical Ther. 2016;40(2):124-55.
Jacobson GP, Newman CW. The development of the dizziness handicap inventory.
Arch. Otolaryngol. Head Neck Surg.1990;116(4):424-27.
Konrad HR, Tomlinson D, Stockwell CW, Norre M, Horak FB, Shepard NT, Herdman
SJ. Rehabilitation therapy for patients with disequilibrium and balance disorders.
Otolaryngology. Head Neck Surg. 1992;107(1):105-8.
Lima-Costa MF, Barreto S, Giatti L. et al. Desigualdade social e saúde entre idosos
brasileiros: um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.
Cad. Saúde Pública.2003;19(3):745-57.
Lima-Costa MF, Guerra HL, Barreto SM, Guimarães RM. Diagnóstico da situação de
saúde da população idosa brasileira: um estudo da mortalidade e das internações
hospitalares públicas. Inf. Epidemiol. Sus [Internet]. 2000;9(1): 43-50. [acesso em 30
ago 2016] Disponível em:
http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
16732000000100003&lng=pt. http://dx.doi.org/10.5123/S0104-16732000000100003
Lima-Costa MF, Veras R. Saúde pública e envelhecimento. Cad. Saúde
Pública [Internet]. 2003;19(3):700-1. [acesso em 30 ago 2016]. Disponível em:
http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102311X200300030000
1&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0102311X2003000300001.
64
Maarsingh OR, Dros J, Van Der Windt DA, Ter Riet G, Schellevis FG, Van Weert HC,
et al. Diagnostic Indicators of Anxiety and Depression in Older Dizzy Patients in
Primary Care. J Geriatr Psychiatr Neurol. 2011;24(2):98-107.
Maarsingh OR, Stam H, Van de Ven PM, van Schoor NM, Ridd MJ, van der Wouden
JC. Predictors of dizziness in older persons: a 10-year prospective cohort study in
the community. BMC Geriatrics. 2014;14(1):133.
Mantello EB, Moriguti JC, Rodrigues-Júnior AL, Ferriol E. Efeito da reabilitação
vestibular sobre a qualidade de vida de idosos labirintopatas. Rev Bras
Otorrinolaringol, 2008;74(2):172-80.
Ministério da Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. Brasília: MS; 2010.
Neuhauser HK. The epidemiology of dizziness of vertigo. Handb Clin Neurol.
2016;137:67-82.
Nishino LK, Ganança CF, Manso A, Campos CAH, Korn GP. Reabilitação vestibular
personalizada: levantamento de prontuário dos pacientes atendidos no ambulatório
de otoneurologia da I.S.C.M.S.P. Rev Bras Otorrinolaringol. 2005;71(4):440-7.
Patatas OHG, Ganança CF, Ganança FF. Quality of life individuals submitted to
vestibular rehabilitation. Braz J Otorhinolaryngol. 2009;75(3):387-94.
Peres M, Silveira E. Efeito da reabilitação vestibular em idosos: quanto ao equilíbrio,
qualidade de vida e percepção. Cienc Saúde Colet. 2010;15(6):2804-14.
Pratt TC, Mckenzie, WBA. Anxiety states following vestibular disorders. Lancet.
1958;272(7042):347-9.
Romero ACL, Hayashi MSY, Kishi MS, Cardoso ACV, Frizzo ACF. Dizziness
handicap inventory em um grupo de pacientes submetidos a reabilitação vestibular
personalizada. Rev Cefac. 2015:17(3):792-800.
65
Son EJ, Lee DH, Oh JH, Seo JH, Jeon EJ. Correlation between the dizziness
handicap inventory and balance performance during the acute phase of unilateral
vestibulopathy. Am J Otolaryngol. 2015;36(6):823-7.
Stoppe Júnior A, Jacob Filho W, Louza Neto MR. Avaliação de depressão em idosos
através da "Escala de Depressão em Geriatria": resultados preliminares. Rev ABP-
APAL.1994;16(4):149-53.
Teng CH, Humes EC, Demetrio FN. Depressão e comorbidades clínicas. Rev Pisq
Clín. 2005;32(3):149-59.
Weidt S, Bruehl AB, Straumann D, Hegemann SC, Krautstrunk G, Rufer M. Health-
related quality of life and emotional distress in patients with dizziness: a cross-
sectional approach to disentangle their relationship. BMC Health Serv Res.
2014;14:317.
Whitney SL, Alghadir AH, Anwer S. Recent evidence about the effectiveness of
vestibular rehabilitation. Curr Treat Options Neurol. 2016;18(3):13.
Xue Z, Cun-Zhi L, Shi GX, Liu Y, Zhang ZH, Wang, LP. Efficacy and safety of
acunpucture for chronic dizziness: study protocol for a randomized controlled trial.
Trials. 2013;14(1):429.
Yessavage, JA, Brink TL. Development and validation of a geriatric depression
screening scale: a preliminary report. J Psychiat Res. 1983;17(1):37-49.
Yin M, Ishikawa K, Wong WH. Et al. A clinical epidemiological study in 2169 patients
with vertigo. Auris Nasus Larynx. 2009;36(1):30-35.
Zeigelboim BS, Rosa MRD, Klagenberg KF, Jurkiewickz AL. Reabilitação vestibular
no tratamento da tontura e do zumbido. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2008;13(3):226-
32.
66
Charles J, Fahridin S, Britt H. Vertiginous syndrome. Aust Fam Physician.
2008;37(5):299.
Bittar RSM. Labirintopatias Hormonais: Hormônios esteróides, estrógeno e
progesterona. International Archives of otorhinolaryngology. Ano: 1997 Vol. 1 Num.
4 - Out/Dez - (4º)
Ishii Cintia, Nishino Lucia Kazuko, Campos Carlos Alberto Herrerias de.
Caracterização vestibular no ciclo menstrual. Braz. j. otorhinolaryngol.
(Impr.) [Internet]. 2009 June [cited 2016 Nov 05] ; 75( 3 ): 375-380.
Lin HW, Bhattacharyya N. Balance disorders in the elderly: epidemiology and
functional impact. Laryngoscope 2012;122(8):1858–61.
Lopes AR, Moreira MD, Trelha CS. et al. Association between complaints of
dizziness and hypertension in non- institucionalized elders. Int. Arch.
Otorhinolayngol. 2013: 17(2); 157-162.
Lu YY, Jin Z, Tong BS, Yang JM, Liu YH, Duan M (2008) Aclinical study of
microcirculatory disturbance in Chinese patients with sudden deafness. Acta
Otolaryngol 128(11):1168–1172
Hirai, M., Maeda, Y., Noyama, Y., Nakai, K., Fuji, S., Yuen, K., & Nishizaki, K. (2015).
Case reports of isolated vertigo due to cerebrovascular problems, in reference to
differential diagnosis with peripheral vertigo. Equilibrium Research, 74(3), 199-206.
Mantello EB, Moriguti JC, Rodrigues-Júnior AL. et al. Efeitos da reabilitação
vestibular sobre a qualidade de vida de idosos labirintopatas. Rev.Bras.
Otorrinolringol. 2008; 74(2); 172-80.
Caveiro RR. Correlação entre depressão, qualidade de vida e equilíbrio funcional do
idoso com tontura crônica. [Dissertação] Universidade Bandeirante de São Paulo.
São Paulo, 2008.
67
Paz-Oliveira, A. Reabilitação vestibular e qualidade de vida em idosos com queixa
de tontura. [Dissertação] Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo,
2012.
Lasisi AO, Gureje O. Prevalance, clinical and life-style correlate of dizziness among
the community elderly from the Ibadan study of agein. Ear nose throat J. 2014;
93(0):E37-E44.
Caovilla HH, Ganança MM, Munhoz MSL, Silva MLG, Frazza MM. O valor da
nistagmografia computadorizada. Rev Bras Med Otorrinolaringol 1997;4(5):158-63.
Lin HW, Bhattacharyya N. Balance disorders in the elderly: epidemiology and
functional impact. Laryngoscope 2012;122(8):1858–61.
Haase VG, Lacerda SS. Neuroplasticidade, variação individual e recuperação
funcional em neuropsicologia. Temas em Psicologia da SBP. 2004;12(1):128-42.
Kennard MA. Age and other factors in motor recovery from precentrla lesions in
monkeys. American Journal of Physiology. 1936; 115:138-46.
Caovilla HH, Ganança MM, Munhoz MSL, Silva MLG, Frazza MM. O valor da
nistagmografia computadorizada. Rev Bras Med Otorrinolaringol 1997;4(5):158-63.
Chiarella G, Petrolo C, Riccelli R. Et al. Chronic subjective dizziness: Analysis
of underlying personality factors. J Vestib Res. 2016 Nov 3;26(4):403-408.
72
ANEXO C – TCLE
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Eu, Luiza Diniz da Rosa, fonoaudióloga, portadora da cédula de identidade nº12949, expedida pelo CRFa 1ª Região, domiciliada na Rua Marquês do Paraná, 303, CEP24033-900, na cidade de Niterói – Rio de Janeiro, cujo telefone de contato é (21) 9.8728-8681, vou desenvolver uma pesquisa intitulada: “Efetividade da Reabilitação Vestibular em adultos e idosos com Tontura”. O objetivo desta pesquisa é avaliar a performance da Reabilitação Vestibular em pacientes com tontura. A sua participação proporcionará um melhor conhecimento a respeito da efetividade da Reabilitação Vestibular, possibilitando verificar o processo evolutivo ao longo do tratamento, se a tontura se constitui como risco para o desenvolvimento de depressão e a necessidade do número de sessões de Reabilitação Vestibular para a melhora da tontura. Para obter os dados necessários a realização da pesquisa o Sr.(a) será solicitado a responder a três questionários com perguntas relacionadas ao incômodo provocado pela tontura e a um questionário que verifica os sinais de risco para a depressão. Além disto deverá participar de no mínimo de 10 sessões de Reabilitação Vestibular, tratamento indicado pelo médico a fim de melhorar a tontura. Não existem outras formas de obter dados com relação ao procedimento em questão e que possam ser mais vantajosos, no momento. Necessito que o(a) Sr.(a) concorde em participar dessa pesquisa que é voluntária e que não possui risco previsível, podendo haver durante as sessões de Reabilitação Vestibular desconforto quanto a sintomas ocasionados pela estimulação do labirinto. Caso seja detectado algum problema de ordem secundária, o Sr.(a) será encaminhado para o serviço especializado de sua preferência, mas do qual as despesas não estão embutidas pelo orçamento desta pesquisa. Informo que o(a) Sr.(a) tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do estudo, sobre qualquer esclarecimento de eventuais dúvidas. Caso tenha alguma consideração ou dúvida sobre a ética desta pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), situado na Rua Ministro Godói, 969 – Perdizes – São Paulo – SP-CEP: 05015-001 – Tel./FAX: (11) 3670-8466 – e-mail: [email protected] e comunique-se com o Coordenador Prof. Dr. Edgard de Assis Carvalho. Também é garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo, punição ou atitude preconceituosa. Garanto que as informações obtidas serão analisadas em conjunto com outros participantes, não sendo divulgada a identificação de nenhum dos participantes, portanto serão garantidos o seu sigilo e a sua confidencialidade. Os dados obtidos terão uso exclusivo para fins científicos e acadêmicos
73
O Sr.(a) tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas e, caso seja solicitado, serão fornecidas as informações que solicitar. Não existirão despesas ou compensações pessoais para o participante em qualquer fase do estudo. Também não há compensação financeira relacionada à sua participação. Caso haja qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa. Eu me comprometo a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os resultados serão veiculados através de artigos científicos em revistas especializadas e/ou em encontros científicos e congressos, sem nunca tornar possível a identificação dos participantes. Em anexo está o consentimento livre e esclarecido para ser assinado caso não tenha ficado qualquer dúvida.
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Acredito ter sido suficiente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo: “Efetividade da Reabilitação Vestibular em Pacientes com Tontura”. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso aos resultados e de esclarecer minhas dúvidas a qualquer tempo. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido. Data: _____/_____/_____. Nome: _____________________________________________________________ Endereço:___________________________________________________________ RG.: _________________________________ CPF: _________________________ Telefone: ___________________________________________________________ Assinatura: __________________________________________________________
Rio de Janeiro, _____/_____/_____ .
Luiza Diniz da Rosa.
74
ANEXO D - ANAMNESE
Dados de Identificação:
Nome: ____________________________________________________________ Data de Nascimento: ________/ ________/ ________ Idade: _____________ Endereço: _________________________________________________________ Telefones: ______________________________ Prontuário: ________________
Aspectos da História Clínica: Queixa:____________________________________________________________ Tipo de Queixa: ( ) Vertigem ( ) Tontura/Desequilíbrio Duração: __________________________________________________________ Intensidade: ( ) Incapacitante ( ) Longa duração ( ) Curta duração Frequência: ( ) Diária ( ) Menos de uma vez ao mês ( ) Mais de uma vez ao mês Fatores Desencadeantes: ( ) Virar a cabeça para direita ( ) Levantar rápido da posição deitada ( ) Virar a cabeça para esquerda ( ) Movimentar apenas os olhos ( ) Girar a cabeça ( ) Movimentar a cabeça para trás ( ) Levantar rápido da posição sentada ( ) Abaixar a cabeça para frente Outros: ___________________________________________________________ Sintomas: ( ) Plenitude auricular ( ) Visão borrada ( ) Formigamento das extremidades ( ) Escurecimento da visão ( ) Sensação de cabeça oca ( ) Visão Dupla ( ) Náusea ( ) Depressão ( ) Vômito ( ) Insegurança ( ) Desmaio ( ) Ansiedade ( ) Desvio de marcha para esquerda ( ) Sensação de flutuação ( ) Desvio de marcha para direita ( ) Zumbido
Manifestações Auditivas: ( ) Audição normal ( ) P. A. binaural ( ) Perda. A. direita ( ) P. A. esquerda Perfil audiológico: ___________________________________________________ ( ) Zumbido Binaural ( ) Zumbido OD ( ) Zumbido OE ( ) Zumbido em toda a cabeça ( ) Otorreia em A.O ( ) Otorreia em OD ( ) Otorreia em OE
75
( ) Prurido em A.O ( ) Prurido em OD ( ) Prurido em OE Cirurgias: Otológica: ( ) Binaural ( ) O. D. ( ) O.E. ( ) Nunca fez Coluna ( ) Outra: ________________________________________________________________
Condições de Saúde: ( ) Alterações de coluna - cervical ( ) Alterações de coluna – lombar ( ) Hipertensão arterial ( ) Hipotensão arterial ( ) TCE ( ) AVE ( ) Alteração nos níveis de colesterol ( ) Alteração nos níveis de triglicerídeos ( ) Diabetes ( ) Enxaqueca/cefaleia ( ) Hipotiroidismo ( ) Hipertiroidismo
Hábitos: ( ) Álcool ( ) Café ( ) Açúcar ( ) Cigarro Interferência em Atividades da Vida Diária: ( ) Dirigir ( ) Ler ( ) Trabalhar ( ) Passear ( ) Andar de ônibus ( ) Limpar a casa ( ) Andar de metrô/trem ( ) Realizar esportes ( ) Costurar
Medicamentos: ________________________________________________________
Observações: ________________________________________________________
76
ANEXO E - DHI
DIZINESS HANDICAP INVENTORY BRASILEIRO (DHI) - Adaptado (Castro et al, 2006)
N. Aspecto Pergunta Avaliação 1
Avaliação 2
Avaliação 3
Data:
___/___/___ Data:
___/___/___ Data:
___/___/___
S N AV S N AV S N AV
01 Fís. Olhar para cima piora sua tontura?
02 Emoc. Você se sente frustrado (a) devido a sua tontura?
03 Fun. Você restringe suas viagens de trabalho ou lazer por causa da tontura?
04 Fís. Andar pelo corredor de um supermercado piora sua tontura?
05 Func. Devido a sua tontura, você tem dificuldade ao deitar-se ou levantar-se da cama?
06 Func.
Sua tontura restringe significativamente sua participação em atividades sociais tais como: sair para jantar, ir ao cinema, dançar ou ir a festas?
07 Func. Devido a sua tontura você tem dificuldade para ler?
08 Fís.
Sua tontura piora quando você realiza atividades mais difíceis como esportes, dançar, trabalhar em atividades domésticas tais como varrer e guardar louça?
09 Emoc. Devido a sua tontura, você tem medo de sair de casa sem ter alguém que o acompanhe?
10 Emoc. Devido a sua tontura, você se sente envergonhado na presença de ouras pessoas?
11 Fís. Movimentos rápidos da sua cabeça pioram a sua tontura?
12 Func. Devido a sua tontura, você evita lugares altos?
13 Fís. Virar-se na cama piora a sua tontura?
14 Func. Devido a sua tontura, é difícil para você realizar trabalhos domésticos pesados ou cuidar do quintal?
15 Emoc. Por causa da sua tontura, você teme que as pessoas achem que você está drogado (a) ou bêbado (a)?
16 Func. Devido a sua tontura é difícil para você sair para caminhar sem ajuda?
17 Fís. Caminhar na calçada piora a sua tontura?
18 Emoc. Devido a sua tontura é difícil para você se concentrar?
19 Func. Devido a sua tontura, é difícil para você andar pela casa no escuro?
20 Emoc. Devido a sua tontura, você tem medo de ficar em casa sozinho (a)?
21 Emoc. Devido a sua tontura você se sente incapacitado?
22 Emoc. Sua tontura prejudica suas relações com membros de sua família ou amigos?
23 Emoc. Devido a sua tontura você está deprimido?
24 Func. Sua tontura interfere em seu trabalho ou responsabilidades em casa?
25 Fís. Inclina-se piora a sua tontura?
Escore
Legenda: Fís. = físico; Func. = Funcional; Emoc. = Emocional S= Sim (04 pontos) ; N= Não (00 pontos); AV= Às vezes (02 pontos)
77
ANEXO F - GDS
ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA (GDS15)
Tradução de Osvaldo de Almeida e Shirley de Almeida, 1999.
Paciente: _________________________________ Data da Avaliação: _____/ _____/_____
Data de Nascimento: _____/_____/_____ Idade: __________ Nota: _________________
* Quando a resposta for igual ao item destacado (sombreado), o valor é igual a 1, caso seja diferente o valor é igual a 0.
PERGUNTAS NÃO SIM 0 OU 1
1- O Sr.(a) está basicamente satisfeito com sua vida?
2- O Sr.(a) deixou muito dos seus interesses e atividades?
3- O Sr.(a) sente que sua vida está vazia?
4- O Sr.(a) se aborrece com frequência?
5- O Sr.(a) se sente com bom humor a maior parte do tempo?
6- O Sr.(a) tem medo que algum mal vá lhe acontecer?
7- O Sr.(a) se sente feliz a maior parte do tempo?
8- O Sr.(a) sente que sua situação não tem saída?
9- O Sr.(a) prefere ficar em casa a sair e fazer coisas novas?
10- O Sr.(a) se sente com mais problemas de memória do que a
maioria?
11- O Sr.(a) acha maravilhoso estar vivo?
12- O Sr.(a) se sente um inútil nas atuais circunstâncias?
13- O Sr.(a) se sente cheio de energia?
14- O Sr.(a) acha que sua situação é sem esperança?
15- O Sr.(a) sente que a maioria das pessoas está melhor que o Sr.
(a)?