Por Que as Empresas Perdem Seus Melhores Talentos
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Por que as empresas perdem seus melhores talentos?
Por: Ricardo Abiz (CEO | Business Adviser at BI2 | Gestão do Capital )
Muitas empresas parecem viver um estágio de letargia, de hibernação. Durante meses,
algumas vezes anos, envoltas em seu dia a dia acabam negligenciando um dos principais
fatores de sucesso das empresas, GENTE! Costumo dizer que nenhuma empresa é
maior ou melhor que as pessoas que nela trabalham, os colaboradores dão um duro
danado todos os dias. Então porquê as empresas perdem seus melhores talentos a todo
o momento? Por que a motivação some repentinamente favorecendo o não atingimento
de metas e ganhos de mercado?
(1) Colaboradores felizes ajudam as empresas a prosperar.
Ninguém é feliz somente por estar em algum lugar, pessoas felizes fazem parte de
algo, sentem-se de fato úteis e colaborando, não apenas seguindo ordens, mas
contribuindo de forma proativa, sendo ouvidas, compartilhando conhecimento e
principalmente entendendo claramente o que estão fazendo e para onde estão indo.
Negligencie esta equação simples e lá se foi mais um talento da empresa.
(2) Afinal qual o meu papel nesta empresa e onde posso dar meu melhor?
Muitos gestores não dedicam o tempo necessário para montar o Job description de suas
áreas, muito menos no momento que recorrem ao RH, empresas de recrutamento e
seleção ou headhunters para vagas mais seniors. Definir o Core Business da área que
atua é fugir da armadilha de ficar enrolado numa montanha de projetos que
muitas vezes não deveriam nem ter começado.
É muito comum um colaborador, novo ou não, esbarrar em tarefas ou atividades
que nada tem a ver com o Job description que os atraiu, muito menos com a
entrevista que participaram. Para ampliar o quadro para pior, equipes constituídas e
em pleno vôo se deparam com informações e diretivas contraditórias tirando muitas
vezes o chão de quem estava performando, pronto para dar o melhor de si na finalização
e consolidação de seus projetos.
Tenho acompanhado grupos de profissionais que voltam para casa todos os dias se
perguntando de o porquê estarem envolvidos em determinados projetos e o quanto
contraditório tem sido a atuação de suas áreas entre o que se fala e o que se pratica.
Vejo profissionais mergulhados em infinitas reuniões, uma após a outra onde em mais
de 70% dos casos, tecem comentários do tipo: “Que perda de tempo, reunião chata e
sem propósito, finalmente vou sentar na minha mesa para fazer o que precisa ser
feito, passo a maior parte de meu tempo útil de trabalho montando apresentações
para falar a mesma coisa ou justificar o que já se sabe...” Estas e outras questões
permeiam o pensamento dos colaboradores 24 horas, 7 dias por semana.
(3) Autoritarismo e arrogância são mais comuns do que se imagina.
A correria do dia a dia, distrações, pressões por resultados, questões pessoais, falta de
preparo profissional, medo, ego, a lista é enorme. Estas e outras, são as principais razões
de tanto autoritarismo e arrogância dentro das empresas e de todas elas eu diria que o
ego é o principal aniquilador de talentos. É incrível como muitos profissionais tem a
síndrome do Bozó (personagem de Chico Anísio), muitos, da noite para o dia mudam
de forma drástica. Antes colegas leais e participativos, agora acreditam que devem
assumir uma nova postura, mais parece que ascenderam para uma casta nobre perdendo
a chance de se tornarem ótimos colegas e talvez grandes líderes.
Outro grupo bem conhecido são os experts. Conhecidos como dominantes de suas
próprias verdades, alguns chegam ao extremo quando diante de uma equipe com mais
de duzentos colaboradores proclama seu conhecimento como soberano. Estes, acabam
esquecendo que dois pensam melhor que um, três melhor que dois e assim por
diante. Toda essa expertise vai ralo abaixo logo que percebe, que já que ele sabe tanto,
100 de sua equipe andam em marcha lenta, outros 50 ainda não entenderam nada e os
outros 50 literalmente estão de braços cruzados esperando o circo pegar
fogo. Autoritarismo e arrogância são um espelho que só reflete a autoimagem de
quem vê somente a si próprio, sem perceber que ao quebrar o espelho é somente sua
autoimagem que se desfaz e lá se foi mais um chefe insuportável e muitos talentos no
meio do caminho.
(4) Feedback do medo
Simples assim, você deve viver isso na pele, basta falar em feedback e todos começam a
tremer, ainda mais quando vem recheado de uma técnica de feedback que inicia
elogiando e começa de verdade com MAS... Não é nada raro no ser humano enfatizar
o erro ao invés de valorizar os acertos. Feedback deveria ser diário e de preferência
positivo pois ninguém gosta de ser o patinho feio, as pessoas gostam de se espelhar em
vencedores, não em perdedores. Feedback mal feito é como uma praga, só dissemina o
terror.
(5) Quem aponta erros é punido ou banido
Como Vincente Falconi aponta, a política de enfrentamento pode ser mais positiva que
parece. Quem aponta os erros é punido, quem fica na zona de conforto é premiado.
Tudo errado, uma equipe forte é exatamente uma equipe de autocrítica, claro quando
bem dosada, muitos tem a síndrome da Hiena do desenho da Hanna Barbera “Oh vida
Oh dor” Uma vez nesse círculo só reclamam e nada constroem.
(6) Aniquiladores da criatividade
Não muito raro aparece aquele funcionário com uma ideia que imediatamente é
rebatida, aquele funcionário ou equipe que apresenta um projeto de produto que utiliza a
captura de imagens por exemplo de forma digital e a empresa sentada em cima de sua
história rebate: Isso canibaliza nosso negócio”. Parece brincadeira mas foi o que
aconteceu na Kodak. A câmera digital foi criada dentro da Kodak e hoje a empresa
se resumiu praticamente a pó.
(7) 10, 15, 20 anos de empresa e uma medalhinha
Vejo muitas, mas muitas empresas laureando seus colaboradores. Uma festa, um
diploma, uma medalhinha de ouro. Foram anos de dedicação e resultados, nada mais
justo que fazer uma média de pontuação de desempenho em todos esses anos e dar uma
engordadinha no bônus para que o colaborador possa levar a família para gozar umas
boas férias ou comprar algo que deseja a muito tempo.Medalhinha é nada mais que
dizer: "Obrigado você não fez nada além de sua obrigação!"
Afinal reter talentos para quê?
Porque é o capital humano da empresa, são nossos melhores colaboradores, nosso
capital intelectual. É verdade, mas talvez ao invés de reter talentos simplesmente as
empresas eliminassem de vez com o que já é sabido de todos. Nada do que foi dito
acima é novidade, faz parte do dia a dia dos profissionais e das empresas.
Que tal disseminar uma cultura realmente onde a meritocracia seja aplicada, onde
favoritismos sejam eliminados, onde profissionais qualificados sejam reconhecidos,
onde a missão e valores da empresa de fato estejam presentes e não simplesmente nos
cartazes nas paredes da empresa. Onde os funcionários desempenhem suas funções
conscientes de que eles precisam, e muito fazer sua parte, de que não é papel apenas da
empresa criar os meios e fazê-los manter mas sim de todos os envolvidos, acionistas,
gestores e colaboradores.
Ninguém abandona terreno fértil e próspero, agradável e enriquecedor, ninguém
abandona a empresa dos sonhos. Precisamos acordar para o fato de que estamos
olhando na direção errada, criando plano após plano para reter pessoas quando na
verdade devemos atacar as causas e não os sintomas que nos fazem perder talentos
todos os dias.