pormenoridades

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imagens/palavras a cinco: marta ré | luísa azevedo | carla marques | francisco ré | carlos ré

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pormenoridades imagemcompalavra

carlos ré | marta ré | luísa azevedo | carla marques | francisco ré

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martaré imagem

Curso da Soares dos Reis de Design

de Mobiliário.

Exposições colectivas de desenho e

pintura, no Porto, Gondomar, Vila da

Feira, Espinho de 1982 a 1993.

Exposição individual de pintura e peças

de mobiliário efectuada no Solar dos

Zagalos na Sobreda-Almada. 1997.

Exposição individual de pintura e

desenho efectuada na Cafetaria/Galeria

“Art.Com” em Lisboa. 2006.

Design de interiores.

Design gráfico. Vitrinismo.

Design de produto (Primeiro prémio

no Concurso de Design Industrial na

área de Cutelarias na Mostra Euroarte

Guimarães. 1989).

Primeiro prémio de ilustração no

concurso “Talentos Fantásticos 2009”

produzido pela Edita-me no Porto.

carlosré imagem

Nasceu em Lisboa, a 2 de Setembro de 1964 e

vive no Porto desde 1972.

Licenciada em Engenharia Têxtil pela

Universidade do Minho, gere desde 1990 uma

empresa de mobiliário e decoração.

Publicou em Dezembro de 2008 o livro infantil

de poesia “faz de conta... és poeta!”, que

ilustrou com o seu filho mais velho.

Participou em Julho de 2009 no 2º vol. da

antologia de poesia “Entre o sono e o sonho”.

Publicou em 2009 o livro de poesia “PIN uma

explicação de ternura”

Carla Alexandra de Sousa Marques, nasceu

em Angola a 22 de Novembro de 1966.

Licenciada em Direito e com bacharelato

em Comunicação Social desenvolveu a sua

actividade profissional no jornal “O Primeiro

de Janeiro”. Paralelamente fez locução de

rádio, trabalhou em revistas e leccionou

algumas disciplinas no ensino secundário.

Em Junho de 2009 editou o seu primeiro livro

de poesia intitulado “In-Finitos Sentires”.

A escrita, a fotografia e as viagens são os

seus principais motivos de interesse.

carlamarques palavraluísaazevedo palavra

Formação em artes e arquitectura.

Premiado em vários concursos, destacando-

se o Concurso Arquitectura e Vida 03

(1º prémio), Concurso Internacional

Tektónica 07 (1º prémio), projecto para a

Av. da Liberdade em Lisboa no concurso

Vazios Urbanos promovido pela Trienal

de Arquitectura de Lisboa 07 (1º prémio),

projecto Playgreen para o Parque das Nações

promovido pela AIP (menção honrosa),

Concurso Internacional Self-Sustainable

Housing promovido pelo IAAC (seleccionado),

Concurso Nacional de Arte Erótica

(seleccionado).

Participou, individualmente ou em

colaboração, em várias exposições, de

arquitectura e arte. Desenvolveu também

actividades na área de vitrinismo, design

gráfico e no ensino artístico a crianças.

É sócio fundador do gabinete AND.RÉ

arquitectura, atelier de vocação

multidisciplinar que abrange projectos

públicos e privados, no campo da arquitectura,

arte, design entre outros.

Desde sempre encontrou prazer na escrita

que encara como fuga e inspiração.

franciscoré palavra

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prefácio

em construção

por | francisco salgado ré

imagemcompalavrapormenoridades

O “Querer” acorda com o raiar de todas as manhãs. O “Fascínio” obriga à acção.A acção traduz-se na captação do objeto e manipulação da cor. Qual será o passo seguinte? Que rosto vai possuir a cor? Que corpo me vai dar o movimento da lente? Não sei! Só sei que vou “Fazer” apaixonadamente.“Pormenoridades” nasce lentamente dentro de um processo fotográfico de temática aleatória e tratamento gráfico/cromático das imagens obtidas.Promove-se um convite de participação que se estende não só a uma familiar apaixonada e amadora da fotografia, como também a duas amigas e a um eterno amigo, amantes da palavra escrita, que ilustram as imagens com as suas particulares leituras e sentidos.“Pormenoridades” não passa de um exercício apaixonado da mescla imagem/palavra.“Uma existência destituida de projectos, é como uma folha de papel sem sinais de riscos”.

carlos ré

Cada palavra... um pormenor, para tentar construir um todo, oferecido ao olhar. Um presente que me chega... de um dos grandes prazeres que (re)tiro da vida, a amizade, escrita com maiúsculas. Também para mim “Pomenoridades” é um querer, um amante que recebo nas mãos, para me deliciar e me permitir um jogo de amor (em palavras).

luisa azevedo

Pequenas coisas…ou coisas pequenas?Pequenas coisas, pormenores de vidas que passam e que as imagens e/ou as palavras captam.Um olhar, um sentir. Pormenoridades que se escrevem a várias mãos.Emoções captadas num acaso feliz. Diálogo entre as fotos e as palavras. Um jogo de pormenores a bailar entre as cores fortes do sentimento e o preto e branco do pensamento.Perdi-me nas imagens, entranhei-as e tornei-as parte de mim. Com afecto ofereci-lhes palavras. Minhas…que se tornaram a sua segunda pele.Feliz, por fazer parte da essência deste projecto... porque na beleza dos pormenores está a beleza da vida.

carla marques

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Tenho um destino que afortunadamente desconheço.Uma data não anunciada.Não é certo que importa o eu.Não existo para mim e existo pelos outros!Não me alimento de momentos solitários, alimento-me de ti!São as tuas asas que me levam, não as minhas!São os teus passos que me guiam, não os meus!Como a minha vida é tua… é para ti que voo.

avoarparaticarlos ré | 2008 |

texto | luísa azevedo | 2009

aofimdatarde

carlos ré | 2007 |

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Entrelaço-te em caracóis dourados e abro as asas que a pele liberta em sentires que te abraçam... Desenho cornocópias de lágrimas em que me lanço como se o abismo fosse o teu corpo mergulhado em mim…Perco-me na contracurva dos seios que se soltam dos atacadores do desejo e aperto o teu querer que, em cachos amadurecidos, liberta o líquido de uma construção dedicada à vida!

construçãodedicadacarlos ré | 2008 |

texto | carla marques | 2009

dapaixão

carlos ré | 2009 |

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Conto-te a nossa história, porque te sinto perdido numa amnésia sem tempo......e as palavras dançam entre os recantos ocultos da pedra esculpida...escondo pedaços de ti em cada um dos espaços vazios do rendilhar da minha dor…desenho o esboço que o sonho transforma em beijo desejado…e polvilho de areia dourada, os recortes onde os versos renascem salpicados de uma maresia que os dois inventámos no aroma dos nossos corpos salgados.E assim te sussurro em palavras adormecidas, uma história embriagada pelo borbulhar de uma paixão sem tempo.

históriacarlos ré | 2009 |

texto | carla marques | 2009

dostemposdossonhos

carlos ré | 2009 |

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As minhas mãos moldam as formas que revestem este quente metal de ouro vestido. Mágicas no toque deste azul celestial, onde pairam os sonhos de sempre… adivinham círculos prenhos de rebentos, círculos de vida a despontar, círculos de uma perfeição imperfeita, círculos que se fecham no entrelaçar dos corpos numa união ansiada.

E tornam-se círculos dourados que adormecem em tons de um(a)-manhã azul salpicadas de nuvens de um céu que cabe no côncavo aconchegante das tuas mãos.

ofícioscarlos ré | 2007 |

texto | carla marques | 2009

preservaréfulcral

carlos ré | 2009 |

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Adenso-me numa floresta que em labirinto me desvendas, um corpo que me dás sem promessas.Embrenho-me na névoa da paisagem, no nevoeiro matinal dos teus olhos. A história que contavam era terna, nunca lhe tinhas posto um fim. Seria eternamente assim! Um conto de muitos recomeços, partidas e chegadas, entardeceres e doces madrugadas, numa viagem que te trazia sempre a mim.Imaculado era o ar que respirávamos. Uma frondosa carga de verde.Uma esperança inquieta. Um frenesim de dedos, de lábios, de poros humidificados. Todas as árvores nos conheciam, nos esperavam. Pela manhã éramos tema de conversa entre ramos e folhas.

passeiosmatinaiscarlos ré | 2007 |

texto | luísa azevedo | 2009

completonocantoenosilêncio

carlos ré | 2006 |

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forçacarlos ré | 2009 |

texto | francisco ré | 2009

dacordocheiroedogesto

carlos ré | 2009 |

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Sequiosa a minha boca, faminto o meu corpo… te saboreiam.És fonte, nascente de luz, pão ázimo, água pura que me corre dos olhos nos momentos felizes, arterial sangue que em mim circula na hora de dar. Transportas o sal dos meus dias na saliva e, nessas horas, nesses momentos felizes, é com os teus beijos molhados que me alimentas.

água alimentocarlos ré | 2007 |

texto | luísa azevedo | 2009

essência

carlos ré | 2009 |

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marcasdeleitos

encontro à noiteencontro com a noiteencontro que da noite se faz dia...com o amor a surgir na alvorada do sentir.Lembras-te daquele dia em que do teu suspiro se soltaram pérolas de amor, como se gotas de orvalho, na beira dos galhos do teu suor se tratassem.Éramos como dois pinheiros enamorados, ramos abraçados, desejos desenhados nos vincos das folhas, raízes de corpos unidos a escorrerem uma seiva de sabores que de nós se soltou… antes de acordarmos a manhã com os gemidos melodiosos do nosso querer e a marca do leito impressa nos nossos corpos.

carlos ré | 2009 |

texto | carla marques | 2009

asnossassinas

carlos ré | 2009 |

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legadoscarlos ré | 2009 |

texto | francisco ré | 2009

saborosos

carlos ré | 2009 |

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perdem-senasmemóriascarlos ré | 2009 |

texto | francisco ré | 2009

frescasequentes

carlos ré | 2009 |

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carlos ré | 2009

polimentostexto | francisco ré | 2009

polimentos

carlos ré | 2009 |

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seduçãodepedracarlos ré | 2007 |

Era fria, mas de um toque quente que fazia vibrar os poros adormecidos na noite de Inverno. Explosão de um vermelho em chamas que se alastrava pelos contornos quentes do corpo que se movia em movimentos sensuais.

Deito-me contigo na noite, em que os corpos vestem rendas de desejo e numa sinfonia de cores adorno as formas desnudas no início de uma cavalgada sem fim contra um vazio que só a sedução desta pedra esculpida consegue combater.

texto | carla marques | 2009

durasedução

carlos ré | 2009 |

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quemsou ?carlos ré | 2009 |

…sei que sou um puzzle para sempre inacabadouma flor sem cheiro num jardim de Invernopartes de mim desconexas em mãos para unirsombras tatuadas na seda da minha pele!

Mas se eu te murmurar que é eterno este instante…olha-me nos olhos com fome de amore no reverso deste espelho em que me enfrentodescubro os olhares esquecidos naquela madrugada que tornamos nossa!

texto | carla marques | 2009

mentesã

carlos ré | 2009 |

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carlos ré | 2009 |

Olhou-a com aquela dúvida tão caracteristicamente feminina.A rua parecia afunilar-se e tornar-se um beco sem saída mas a outra afirmava:-Sim, vá sempre em frente!Rugas surgiram no canto dos olhos e pensou, com os seus botões inexistentes, que a outra não sabia do que falava.Mas qual Doroty resolveu seguir a escada encantada até à “Estrada de Pedra Amarela e Por Cima do Arco Íris”…E, como por magia, os cinzentos paralelos da fria pedra iam-se transformando em canteiros de esperança que faziam com que a vida afinal pudesse explodir em qualquer beco escondido...desde que as sombras pudessem ser iluminadas pela luz de um sorriso.

Afinal a vida segue mesmo neste preciso instante …

texto | carla marques | 2009

pormenoridade

carlos ré | 2009 |

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imagemcompalavra pormenoridades

martaré

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marta ré | 2009 | Eslovénia, Pula

Ler-te um dia na mansidão das águas do rio em que me banho para tiLeres-me na manhã revolta das ondas… dos sentires… que em rebuliço estalam em nósLermo-nos na magia prateada das águas nocturnas em que nos vertemos!E no espelho mágico do teu olhar adormecido descobrir um a um os sentidos que despontam no cais, onde a espera toma a forma de dois corpos saciados.

Espelho de leituras, de descobertas por anunciar…

texto | carla marques | 2009

espelho de leiturasmarta ré | 2009 | Eslovénia, Pula

nãosomosiguais

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marta ré | 2009 | Croácia, Split

texto | luísa azevedo | 2009

sinais

Engulo em seco outra partida.Choro, suo, sangro!A alma desgasta-se… gasta-se mais um pouco.Intocável a sabedoria do meu ser.Não aprendo! Não cresço! Apenas me desgasto.Apenas abrando pelo roçar da pele contra o tempo, contra as paredes rochosas da saudade.Apenas amacio pelo afagar dos olhos que em mim poisam sem deixar nódoa.Apenas amoleço pelo eterno não, do querer o que não consigo tocar.

marta ré | 2009 | Croácia, Split

conversasqueseescutam

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marta ré | 2009 | Croácia

Distraí-me na ausência da palavra.Perdi-me no sossego do mar e na sombra alongada do cair da tarde.Olhei o meu corpo no reflexo da descida da maré, na calmaria do vento. Senti a pele na textura das algas verdes salpicadas de grãos esbranquiçados e na solidão das conchas abandonadas por seu hóspede migrante.Sou exteriormente pequena… num mundo interior em constante crescimento. Fui por breves instantes raio de luz, de um silêncio caído do céu.

texto | luísa azevedo | 2009

luz silênciomarta ré | 2009 | Croácia, Zadar

rumosentidoespera

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marta ré | 2009 | Bósnia

Aprendeste a calar os sentidos.Guardas entre os dedos palavras que vomitas em gestos impessados.A aparente segurança de ser ouvinte e fingir escutar.Fácil é não contar, calar vontades, esconder o que a pele sente. Fácil é cerrar as pálpebras e indecifrar olhares. Fácil é não falar! Aprisionar desejos, matar à nascença uma pretensa dor. Dizes-me quanto doeu? E ainda te dói?Fácil é, escolher nada contar!

texto | luísa azevedo | 2009

contas-memarta ré | 2009 | Bósnia

regressotemporário

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marta ré | 2009 | Bósnia

Estendo a mão, como se de uma súplica se tratasse. Estendo os dedos como se uma guitarra tocasse. Estendo os braços como se um abraço me envolvesse. Estendo o corpo numa espera prolongada……olho o chão que se estende para lá do infinito e que absorve os pensamentos, que suga a respiração. Entra o asfalto no vazio deste momento, torna-o negro…carvão de ontem, no silêncio de hoje. No colo o futuro…amarelo no semáforo intermitente.Deito-me… Neste chão que se sente a pulsar, como um coração em busca de um espaço para lá da realidade!

texto | carla marques | 2009

chão que se sente marta ré | 2009 | Bósnia

ninguémregressa

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marta ré | 2009 | Montenegro, Podgorica

Um dia voltarei a ser.Vestirei uma roupagem de garça de pescoço fino. Terei guelras e escamas prateadas. Rastejarei no deserto de areias escaldantes. Esvoaçarei, presa por um pedûnculo verde, no ramo daquela soberba azinheira. Esfumar-me-ei no azul do céu, no tom claro do dia e no negro da noite. Em última instância, terei asas de anjo… porque o meu destino é voltar a ser.

texto | luísa azevedo | 2009

o destino de tudomarta ré | 2009 | Montenegro, Lago Ohrid

solitárioentendimento

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marta ré | 2009 | Montenegro

Enquadrada num espaço irreal, onde as paredes são muros por desbravar saltei fora da carruagem dos dias. Prostrada nas marcas da história, em que os refúgios me escondem da vida traçada, deixo os pés percorrerem trilhos por desvendar.Oculta dos traços marcados pelo destino traiçoeiro sei que estou fora de mim…num recanto desconhecido, onde as objectivas fotográficas captam, insistentes, os saltos arrojados que o infinito vazio consegue oferecer.E nesse desconhecido feito de um ar rarefeito que cativa há um momento de liberdade, um sopro de ar divino que me invade e inunda de uma magia sem fronteiras.

texto | carla marques | 2009

estou fora, no desconhecidomarta ré | 2009 | Albânia, Tirana

tardedefuga

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marta ré | 2009 | Albânia, Tirana

É falso o sentir que me contavas e é falsa a luz do teu olhar.São falsos os teus gestos, os medos, os segredos. Falsas as chegadas. Até são falsas as lágrimas das partidas que te levavam para o teu lugar. E são tão falsos os regressos.E falsas as saudades, falsa a lembrança.Tão falsa é esta minha esperança!

texto | luísa azevedo | 2009

que verdade existemarta ré | 2009 | Albânia, Tirana

rostodeterra

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marta ré | 2009 | Albânia, Tirana

texto | luísa azevedo | 2009

regressos despertos

Foi pelo silêncio que nunca esqueci os dias e as noites, nesta calma de ser livre e não ter nada. Neste desassossego que me prende à tua inquietação. Nunca me permiti acordar bruxas e fadas no mesmo sonho. Nunca deixei que diabos e dragões coabitassem no meu leito.Os pesadelos têm que ser únicos, sonhados com um só protagonista, para não conspurcar a cama. Têm que ser únicos para que não haja infidelidades.Não se aceitam marcas das seivas dos sonhos nos castos lençóis. Não pode haver rasto da tua presença em mim.Ao acordar a história termina dando lugar ao dia. É um regresso à vida, longe do quase perfeito!

marta ré | 2009 | Albânia, Tirana

olhosmeusfechados

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marta ré | 2009 | Albânia, Tirana

Destroços de vidas, de sorrisos, de ilusões…Vidas perdidas no caos das noites sufocantes.Sorrisos amputados dos traços da fantasia.Ilusões despidas de formas felizes.Gentes que se confundem com o hálito da fruta podreRuídos que se avolumam nos gritos da solidãoMescla de sentires em sentidos despertos Destroços numa rua de sabor amargo!

texto | carla marques | 2009

amarga ruamarta ré | 2009 | Albânia, Tirana

traçoslatejantes

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marta ré | 2009 | Montenegro, Podgorica

As palavras martelam o olhar fugidio. Dizem das promessas por cumprir, das dores por esquecer, das mágoas por apagar.E o seu peso … nos ombros da vida, apaga o brilho da luz que a esperança teima em reacender!Anda em SI menor, nas pautas de uma música dramática composta em tons de DÓ e onde o SOL se tornou prisioneiro das bátegas de chuva que caem dentro de si.Na espera cambaleante do fim, pé ante pé, vai arrastando o esquecimento que de si se esqueceu, andando em loucas espirais dentro de si!

texto | carla marques | 2009

andando em simarta ré | 2009 | Albânia, Tirana

tempointerior

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marta ré | 2009 | Albânia, Tirana

Como passam os dias Sr. Guarda?O petiz perguntou de longe, travesso, e com medo do puxão de orelhas prometido.Ele nem desviou o olhar que percorria o acumular do lixo na berma da estrada. Como se encontrasse naquela perversidade contemporânea memórias de outros dias que passaram!Dias antes do lixo.Porque sim, ele lembrava-se que antes a beleza era uma constante, parte integrante da sua vida.Nessa época era ele que passava pelos dias e……não os dias que passavam por ele!

texto | carla marques | 2009

o dia que passamarta ré | 2009 | Albânia, Tirana

contornosdesombra

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marta ré | 2009 | Albânia, Tirana

O chão fica tão longe dos teus pés, como se viver já se tivesse tornado tarefa árdua.Olhas para o chão com medo que ele fuja ou que tu fujas dele...as palavras que te rodeiam nas vozes ausentes nada te dizem e a espera faz-se de momentos em silêncio.Silêncio culpado, silêncio dorido, silêncio ausência de quem já não te olha...como se os anos te fossem conferindo um grau de invisibilidade até chegares, muitos anos depois a uma invisibilidade total.As histórias que terias para contar vão ficando armazenadas a um qualquer canto de uma memória que é só tua...e nesse andar pausado, em reticências calmas dizes ao teu único ouvinte que talvez não precise de permanecer por ali. E sorri o TEMPO, afinal ainda é ele que sabe de quantas horas se fará aquela lenta caminhada!

texto | carla marques | 2009

súbitos encontrosmarta ré | 2009 | Albânia, Tirana

aescuridãodareza

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marta ré | 2009 | Albânia, Tirana

texto | luísa azevedo | 2009

fixo-te

Quero mudar a direcção do meu trajecto. Procurar novos mundos e rumos. Florestas virgens, rios despoluídos, mares de sargaços.Quero olhar e ser vista, porque existo! Sentir na pele o que tenho para dar. Beijar lábios ardentes e adocicados que saibam fazer-me sonhar.Olha-me! Fixa o acastanhado com que pinto a paisagem na transparência azulada das palavras. Ouve o que te digo!Fixa as borboletas que nos meus olhos pestanejam, um bater de asas que te pretende hipnotizar.

marta ré | 2009 | Albânia, Tirana

olho-te

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imagemcompalavrapormenoridades

carlos rémarta réluísa azevedocarla marquesfrancisco ré