Portfólio

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1ª edição Carlos Raimundo dos S. Souza Cláudia Regina Souza Estágio supervisionado II Portfólio: vivência de um estagiário EDUNEB

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1ª edição

Carlos Raimundo dos S. Souza

Cláudia Regina Souza

Estágio supervisionado II Portfólio: vivência de um estagiário

EDUNEB

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Carlos Souza Cláudia Regina Souza

Estágio supervisionado II Portfólio: vivência de um estagiário

1ª edição

EDUNEB

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Copyright© Carlos Souza, 2010 Preparação: Carlos Raimundo dos S. Souza Revisão: Cláudia Regina Souza Diagramação: Carlos Raimundo dos S. Souza

Índice para catálogo sistemático Todos os direitos desta edição estão reservados à Editora da Universidade do Estado da Bahia – EDUNEB Salvador - Bahia Está expressamente proibida a reprodução desta obra sem autorização prévia dos autores. A não ser, para os estudantes universitários da UNEB. [email protected]

Souza, Carlos Raimundo dos S.

Estágio Supervisionado II. Portfólio: vivências de um

estagiário/Carlos Raimundo dos S. Souza; Cláudia Regina Souza.

– 1ª Ed. – Alagoinhas: Editora da Universidade do Estado da

Bahia – EDUNEB, 2010.

1. Prática Pedagógica

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Apresentação

Em apenas uma edição, esta obra procura contribuir para o

ensino de Biologia, para estudantes universitários que realizam os

estágios supervisionados de docência e para a produção de portfólios.

Este foi um trabalho elaborado como por Carlos Raimundo dos S.

Souza, como requisito parcial de avaliação para a disciplina Estágio

Supervisionado II, ministrada pela professora especialista Cláudia

Regina Souza, da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, campus II –

Alagoinhas.

Esta obra traz em si várias coisas com as quais os professores em

formação se deparam no início ou até mesmo ao longo de toda a sua

carreira. Sendo assim, ela aborda a vivência, tanto em sala de aula

quanto fora desta, de um estagiário-docente.

Abrace esta obra e pense no ser Docente! Vale a pena conferir!!

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Sumário

O espaço da experiência ............................................................................................................... 6

A Turma ......................................................................................................................................... 8

A Regente .................................................................................................................................... 10

EuDocente ................................................................................................................................... 11

O livro ...................................................................................................................................... 12

Reflexões ................................................................................................................................. 13

O que eu fiz? ................................................................................................................................ 14

2ª Semana ................................................................................................................................... 15

3ª Semana ................................................................................................................................... 17

4ª Semana ................................................................................................................................... 18

5ª Semana ................................................................................................................................... 19

6ª Semana ................................................................................................................................... 20

7ª Semana ................................................................................................................................... 20

8ª Semana ................................................................................................................................... 21

9ª Semana ................................................................................................................................... 22

10ª Semana ................................................................................................................................. 23

O que fiz para mudar ou afirmar essa conduta? ......................................................................... 25

Utilizei as mesmas técnicas de ensinagem repetidas vezes? Por que estabilizei nestas? ........... 26

Inovei? Por que inovei? O que me levou a tais escolhas?........................................................... 26

Em casa! ...................................................................................................................................... 28

Pensando o fazer pedagógico ..................................................................................................... 28

Referências .................................................................................................................................. 30

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Durante as andanças que fazemos (nós estagiários), através das disciplinas de

Estágios, nos deparamos com várias realidades, com várias estruturas físicas, no que

diz respeito ao espaço escolar. No Estágio Supervisionado I procurei, para o início da

minha experiência docente, um espaço escolar, com estrutura física comprometida e

realidades humanas, muito parecido ao qual eu tive acesso durante a construção do

meu conhecimento ao longo dos anos e do qual eu me orgulho muito, uma escola

pública deficiente. Para o Estágio Supervisionado II, saí em busca de um ambiente

escolar, também público, porém, considerado por muitos estudantes como um colégio

público com ensino ao nível de um colégio particular, ou seja, segundo eles, “as aves

que neste gorjeiam, gorjeiam como lá”. Então pergunto: será? Devido à isto, muitos

alunos logrados à este Colégio se deslocam de regiões circunvizinhas para garantirem

seu espaço e/ou conhecimento. Visando estas “idéias” e na tentativa de responder à pergunta anterior,

procurei realizar a minha segunda e última experiência docente vinculada à

Universidade do Estado da Bahia, no Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, o qual

apresenta uma excelente estrutura física como podemos ver nas imagens abaixo. Este

colégio possui três andares, biblioteca, sala de vídeo e vídeo-conferência, sala de artes,

auditório, laboratório de Ciências, refeitório, sala dos professores, diretoria e

secretaria devidamente separados, as salas de aula são bem ventiladas, espaçosas, ou

seja, tudo o que uma escola precisa para contribuir com conforto para o aprendizado

do alunado. Este, por ser proveniente de outras regiões, deixa o ambiente interno

bastante miscigenado, a comunidade também apresenta-se desta forma, é perceptível

diferenças quanto ao nível socioeconômico dos escolares. O espaço escolar, qualquer que seja ele a ser construído, deve levar em conta,

não só o quanto será gasto no projeto arquitetônico, mas principalmente as relações

O espaço da experiência

“Ninguém nasce feito, é experimentando-nos no mundo que nós nos fazemos”

Paulo Freire

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sociopolíticas envolvidas num projeto como este. A construção de um espaço escolar

deve-se voltar para o público alvo e principalmente para a realidade deste. Sobre isto,

Viana (2010) afirma que:

“O ato de pensar a escola transcende o simples ato de projetar o espaço. Esse espaço, de alguma maneira, sempre é resultado de um Projeto Político Pedagógico, do perfil dos alunos que se pretende acolher naquele espaço, e, sendo uma instituição pública, ainda depende das relações políticas e sociais decorrentes no período histórico. Também depende do entorno e da comunidade que o acolhe. O planejamento é um estudo dessas relações que se darão dentro da escola e também com a comunidade local. Todo o processo de planejamento permeia escolhas que irão influir na constituição da aprendizagem, pois irão influir em todo o ambiente escolar desde professores e funcionários, a comunidade local, resultando no tipo de construção do conhecimento dos próprios alunos. Planejar, então, nesse caso, é contemplar necessidades e demandas futuras e possíveis evoluções ou revoluções que possam acontecer dentro dessa instituição, ou mudanças de relações políticas e sociais que também possam influir nesse espaço, ao longo dos anos futuros. Tanto arquitetos quanto pedagogos devem dialogar pois cada um deve responder a sua especificidade”.

Porém, podemos perceber que a realidade encontrada durante os nossos estágios de

docência é bem diferente daquela que deveríamos nos deparar nas escolas. Diante de um

projeto arquitetônico para construção de um colégio/escola, o que é mais planejado é o como

reduzir os gastos.

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Perante a realização dos estágios supervisionados, algo que nos deixa

apreensivos, particularmente a mim, é o fato da imprevisibilidade da turma que

escolheremos para realizarmos a prática docente e de início nos preocupamos em

conseguir a escola ou colégio para realizarmos o estágio, e com isso, deixamos de lado

o perfil das turmas. Com o passar do tempo, esta imprevisibilidade era superada por

outra preocupação, agora não mais o perfil do alunado. Qualquer que fosse este, a

minha inquietação era com o aprendizado e com a relação que eu manteria com os

mesmos, se esta relação seria amistosa ou não. A preocupação com uma relação

próxima dos estudantes suplantava todos os medos e se tornava, agora, o maior de

todos os temores diante da realização dos estágios.

Apesar deste temor, sempre me deparei com turmas comprometidas com o ser

estudante, responsáveis e envolvidas com o trabalho do estagiário. No Colégio Modelo

Luís Eduardo Magalhães não foi diferente. Lá, eu me deparei com, talvez, a turma

mais responsável com a qual eu já tive contato antes durante a prática docente, a

92M2. Logo nas duas primeiras ¹”aulas de observação”, a empatia com a turma foi

enorme, brincadeiras feitas para o estagiário por uma aluna deixava claro esta boa

relação. As aulas já como docente, então, mostraram uma empatia maior ainda,

parecia que eu já conhecia a turma há muito tempo, o laços afetivos foram

rapidamente estabelecidos entre este estagiário e seus fiéis escudeiros. Aliás, estes

laços afetivos sempre foram instituídos em todas as turmas nas quais pratiquei minha

docência. Voltando à turma do Modelo (como é chamado, abreviadamente, o colégio

onde realizei este estágio), os alunos que a compunha se mostraram muito

interessados com o aprendizado mediado por mim, a participação era constante.

Sempre procurei em minhas aulas, transportar literalmente estes estudantes para

fora da sala de aula, para isso pensava sempre na forma de ensinar do mestre Paulo

Freire, o qual, muitas vezes por falta de estrutura física de uma escola, alfabetizava-se

e alfabetizava até mesmo debaixo de uma árvore, então, a prática e a relação com o

mundo e a realidade do alunado eram constantes.

1. Aulas de observação: aulas ministradas pelo (a) professor (a) regente, na turma na qual será realizado o estágio de docência, aulas estas, observadas pelo futuro estagiário.

A Turma

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Baseando-se nestas vivências deste Mestre,

procurei, juntamente com os meus alunos, transpor

as barreiras da sala de aula, sendo sempre

congratulado, pelos meus escudeiros, por isso.

Segundo Paulo Freire (1987 apud Magalhães e

Silva, 2007) ninguém educa ninguém, como

tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens

se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo, ou seja, o ato de educar, de se

ensinar a ler, precisa se constituir em um pacto entre o educador e o aluno. Então, foi

sempre baseado nestes princípios, que procurava constantemente manter uma boa

relação com o alunado. É preciso reforçar rapidamente que, o “ensinar a ler” que

Paulo fala, não diz respeito apenas ao ato de ler, literalmente, mas também à leitura

de mundo que os estudantes devem sempre realizar da sua realidade.

[A TURMA]

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No item anterior falei sobre alguns medos que sentimos perante a realização

dos estágios Supervisionados. Uma outra inquietação que nos cerca é o lidar com o (a)

professor (a) regente. Não sabemos se seremos aceitos ou bem aceitos por este. Isto

se deve, muitas vezes, ao temor que estes profissionais sentem em perder seu espaço

e seus alunos para o professor estagiário. Outro fator que compromete a aceitação de

um estagiário pelo professor regente, é que nem sempre este se depara com

estagiários comprometidos com o papel que está desempenhando. Eles sempre

relatam que muitos alunos, após assumirem uma de suas turmas, abandonavam-na,

com isso, seu trabalho se tornava comprometido.

Neste estágio, diferentemente do anterior, trabalhei de forma distanciada da

regente, não que eu quisesse, mas as coisas se fizeram desta forma. Muitos

professores, cansados de anos de trabalho em sala de aula, vêm no estagiário a

possibilidade de um pequeno período para realizar outras atividades, talvez atividades

que possam mitigar todo o estresse adquirido em anos de profissão e/ou num ano

letivo.

Gosto de dizer sempre, nossos professores constantemente no ensinam a ser

ou não ser um professor e como ser e não ser um professor. Então, indubitavelmente,

a todo tempo temos algo para aprender com nossos regentes, aprendendo até mesmo

com a sua personalidade e com seus erros, porque eles nos mostram o que não

devemos fazer quando estivermos, futuramente, no lugar em que eles se encontram

hoje. Sendo assim, posso afirmar que tudo que aprendi através da observação e da

relação com minha regente, só contribuiu para o amadurecimento do meu Eudocente.

A Regente A Professora

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Durante todo o meu ensino médio pensava como eu

seria se fosse um professor. E para tentar responder a esta

pergunta, constantemente observava os meus professores,

apontando neles os pontos positivos e negativos, ou seja,

destacando o que eu poderia ou não fazer quando me tornasse um professor. Pois

bem, terminei o ensino médio, iniciei um curso de Pedagogia pela Rede Uneb, mas não

terminei, fui aprovado no vestibular para Biologia na Uneb, campus II Alagoinhas,

mudando, com isso, de curso.

Mas foi em dois semestres do curso de Pedagogia que eu tive um dos maiores

presentes da carreira docente, ensinar numa turma de jovens e adultos, alunos com os

seus sessenta, setenta, oitenta anos, mas com disposição e auto-estima de estudantes

de quinze à dezenove anos, e que me faziam rir muito, muito, muito.

Já no curso de Biologia, continuei pensando em como ser um professor. Desta

vez, busquei me espelhar nos docentes universitários para tentar responder a esta

pergunta. Porém, a resposta para ela ainda não estava completamente construída.

Uma das melhores maneiras de construir esta

resposta era justamente praticando a docência.

Diante da realização dos estágios,

continuadamente procurava me aproximar dos

meus alunos, manter uma boa relação afetiva

com os mesmos. Buscava a todo tempo agir com

paciência, não gosto muito do fato de ter que

falar alto, com grosseria. As minhas conversas

com meus alunos eram muitas vezes à procura,

justamente de respostas, de como um professor

deveria ser, e em quase todas as respostas,

sempre aparecia a imagem do professor paciente,

mas paciente no ter que repetir a explicação

quantas vezes fossem necessárias para que eles pudessem interiorizar o

entendimento. Além disso, a figura do professor grosso era a mais temida e não

deveria aparecer na relação professor/aluno. Então, no meu fazer docente sempre

levava, e continuo levando, em consideração estas pontuações feitas pelos estudantes.

Eu

Do

cen

te

Ensinar e, enquanto ensino, testemunhar aos alunos o quanto me é fundamental respeitá-los e respeitar-me são tarefas que jamais dicotomizei. Nunca me foi possível separar em dois momentos o ensino dos conteúdos da formação ética dos educandos. A prática docente que não há sem a discente é uma prática inteira. O ensino dos conteúdos implica o testemunho ético do professor. A boniteza da prática docente se compõe do anseio vivo de competência do docente e dos discentes e de seu sonho ético. Não há nesta boniteza lugar para a negação da decência, nem de forma grosseira nem farisaica. Não há lugar para puritanismo. Só há lugar para pureza (Freire, 1996, p. 37).

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O livro

O livro utilizado durante esta prática docente foi o Biologia, volume

único, de Sônia Lopes e Sergio Rosso, 2005, um livro bastante comum

nas escolas de ensino médio de Alagoinhas e região. Este não seria o

livro a ser utilizado na terceira série do ensino médio do Colégio

Modelo – Alagoinhas, entretanto, o mesmo foi empregado devido a

uma mudança no cronograma de unidade elaborado pela regente, onde foi inserido o

estudo de Cordados e Fisiologia Humana, juntamente com Genética.

Este material didático apresenta-se de forma resumida, talvez por ser volume

único, o que não me agradou muito porque diminui as chances de ampliação da visão

dos alunos em relação aos conteúdos vistos, e muitas vezes deixam a desejar em

contextualização com a realidade do nosso país, e conseqüentemente diminuem a

possibilidade de realizarmos esta contextualização. Devido à isto, juntamente com este

livro didático foram empregados outros dois, o Biologia dos organismos, de Amabis e

Martho, volume 3, 2004 e o de Wilson Roberto Paulino, Biologia: série novo ensino

médio, volume único, 2009, para ampliar o leque de possibilidades de

contextualizações.

Além da utilização deste material, foi empregado o uso de quadro branco, um

aliado que se fez muito importante durante a experiência docente por que muitas

vezes, apesar de no colégio haver projetores, quase sempre não se era possível utilizá-

los. Devido também à isto, as transparências igualmente se tornaram de grande

importância nesta prática docente. Sempre devemos ter à nossa disposição um leque

de recursos didáticos com os quais podemos contar, principalmente quando aquele

reservado para o nosso plano A não se encontra disponível.

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Re

fle

es

Como relatei no primeiro capítulo deste livro, nesta segunda prática docente

busquei a relação de um bom e confortável espaço físico com o ensino exposto para os

discentes. Será que o fato de o colégio possuir uma estrutura física comparável à de

algumas unidades escolares particulares, deixava o ensino ao nível destas também?

Pude perceber que a unidade escolar onde pratiquei a docência apresentava

problemas comuns à várias escolas da cidade de Alagoinhas, assim como da região.

Isso foi perceptível por mim, pelo fato de atuar a algum tempo em outro colégio

público com estrutura física e humana deficientes. Então, os professores de lá,

faltavam com o seu compromisso assim como os de cá, os de lá também não gostavam

de dar aulas assim como os de cá. Ou seja, os problemas que permeiam praticamente

todas as escolas públicas do nosso estado, atingiam igualmente o colégio Modelo de

Alagoinhas.

Estas observações deixam evidentes que nem sempre uma boa estrutura

arquitetônica está atrelada a um ensino de alta qualidade, tornando-se grandezas

inversamente proporcionais. Isto é, o fato de uma unidade escolar possuir uma

excelente construção, não elimina a possibilidade de que o corpo docente esteja

fragilizado.

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O que eu fiz? Na minha primeira aula, ou melhor, primeira

semana, com a 92M2 (número da turma onde realizei

o estágio), turma de 3º ano do Ensino Médio, procurei,

de início, fazer uma auto-apresentação, e solicitei que

os meus futuros alunos se apresentassem da mesma

forma. Uma vez realizada esta etapa, prosseguimos

com a aula expositiva sobre os Cordados. Seria

realizada, também nesta aula, uma atividade prática

sobre cortes, planos e eixos, mas como é comum na

vida docente, não houve tempo suficiente para isto,

culminando no adiamento desta atividade.

Algo que devemos dá sempre atenção e que

ocorre com muita freqüência, é a mutabilidade dos

planos de aula. Usei o meu primeiro dia de aula nesta

turma justamente para exemplificar esta mutabilidade, que no meu caso ocorreu

várias vezes durante todo o estágio.

Moretto (2007 apud CASTRO, P. A. P. P. de; TUCUNDUVA, C. C.; ARNS, E. M.

2008) acredita que o professor, ao elaborar o plano de aula, deve considerar alguns

componentes fundamentais, tais como: conhecer a sua personalidade enquanto

professor, conhecer seus alunos (características psicossociais e cognitivas), conhecer a

epistemologia e a metodologia mais adequada às características das disciplinas,

conhecer o contexto social de seus alunos. Conhecer todos os componentes acima

possibilita ao professor escolher as estratégias que melhor se encaixam nas

características citadas aumentando as chances de se obter sucesso nas aulas.

É o plano de aula que dá ao professor a dimensão da importância de sua aula e

os objetivos a que ela se destina, bem como o tipo de cidadão que pretende formar.

Por este motivo, pensar que a experiência de anos de docência é suficiente para a

realização de um bom trabalho é um dos principais motivos que levam um professor a

não obter sucesso em suas aulas (CASTRO, P. A. P. P. de; TUCUNDUVA, C. C.; ARNS, E.

M. 2008).

Reflexões

Refletindo as aulas:

O que eu fiz?

Como os alunos se

comportaram?

O que fiz para mudar ou

afirmar essa conduta?

Como tratei os

conteúdos?

Utilizei as mesmas

técnicas de ensinagem

repetidas vezes?Por que

estabilizei nestas?

Inovei?Por que inovei?O

que me levou a tais

escollhas?

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À minha disposição estiveram sempre dois horários para as minhas exposições,

primeiro e segundo horários da sexta-feira.

Na segunda semana atuando como estagiário, tive finalmente a oportunidade

de realizar a atividade prática que seria realizada na semana anterior. Esta atividade

consistiu no estudo de cortes, planos e eixos, utilizando materiais simples como

chuchu e palitos de churrasco.

Então a idéia era fazer dos

chuchus animais, onde seriam

realizadas as representações dos

cortes, planos e eixos. Esta atividade,

infelizmente por indisponibilidade do

laboratório de ciências do colégio, teve

que ser realizada na própria sala de

aula.

Além de ser um local de

aprendizagem, o laboratório é um local

de desenvolvimento do aluno como um

todo. Segundo Capeletto (1992), existe

uma fundamentação psicológica e

pedagógica que sustenta a necessidade

de proporcionar à criança e ao adolescente a oportunidade de, por um lado, exercitar

habilidades como cooperação, concentração, organização, manipulação de

equipamentos e, por outro, vivenciar o método científico, entendendo como tal a

observação de fenômenos, o registro sistematizado de dados, a formulação e o teste

de hipóteses e a inferência de conclusões.

Sobre a realização de atividades experimentais para relacionar o ensino à

prática, alguns autores destacam a importância destas atitudes para a interiorização

do que foi exposto, aumentando as chances do aprendizado.

2ª Semana

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Segundo Lima et al (1999), a

experimentação inter-relaciona o

aprendiz e os objetos de seu

conhecimento, a teoria e a prática, ou

seja, une a interpretação do sujeito aos

fenômenos e processos naturais

observados, pautados não apenas pelo

conhecimento científico já estabelecido,

mas pelos saberes e hipóteses

levantadas pelos estudantes, diante de

situações desafiadoras.

Ainda de acordo com Leite et al.

(2008), as aulas práticas servem de

estratégia e podem auxiliar o professor a

retomar um assunto já abordado,

construindo com seus alunos uma nova

visão sobre um mesmo tema.

Extraído de: www.faveco.com.brwp-contentuploads200909chuchu.jpg

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Nesta semana começamos com a comparação entre os principais grupos de

Cordados: peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Esta comparação foi feita tanto

pelo professor, primeiramente, através de aula expositiva dialógica, e pelos alunos,

posteriormente, através da elaboração de

apresentações orais. Para isso, a turma foi

dividida em grupos e estes grupos ficaram

responsáveis por um grupo dos Cordados para a

produção do seminário.

Para Bornedave e Pereira (2000 apud

FERREIRA e MOREIRA, 2009) a funcionalidade dos

seminários pode ser definida basicamente como

sendo um grupo de pessoas reunidas com a

finalidade de estudar um tema sob a orientação

de um professor ou autoridade na matéria.

Ainda nesta aula, mais especificamente no

final dela, o estagiário, este pobre mortal, elaborou um mapa conceitual do que foi

exposto para os alunos, ou seja, produziu-se um resumo das aulas através de

esquemas, os quais contribuem muito para a fixação do conteúdo abordado.

De acordo com um artigo da Universidade Interativa, sobre a teoria de Novak:

O mapa conceitual é uma maneira diferente de se estruturar e

representar informações de forma relacional e modular, isto é, com as

devidas proporções, fazendo a integração e o interrelacionamento de

conceitos, para identificar os protótipos, simbolizando o caminho que

conduziu à sua construção.

A importância do mapa conceitual para a criatividade está em aprender

sobre a estrutura e a natureza do conhecimento, que é fundamental

para àquela, o que permite aos aprendizes perceber como aprendem, e,

assim, desenvolver estratégias cognitivas para a construção de novos

conhecimentos.

3ª Semana

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Ainda de acordo com Venâncio (2009), como uma técnica para negociar

significados de conceitos, a utilização dos mapas conceituais no ensino vem se

tornando uma perspectiva dominante em diversos trabalhos da área, sendo também

consenso, entre os autores, a importância dos mapas conceituais nas situações de

ensino e aprendizagem devido às suas contribuições na promoção da aprendizagem

significativa.

Um fato interessante nesta aula foi que o professor (Eu!) utilizou uma parte do

tempo para expor o conteúdo fora da sala de aula (no pátio), mostrando aos

educandos algumas estruturas das flores (órgãos femininos e masculinos), os quais são

utilizados para a reprodução. Desta forma, foi abordada a maneira artificial como

Mendel cruzou suas ervilhas, retirando os gametas masculinos de uma planta e, com

estes, polinizando outras plantas, apresentando apenas gametas femininos. Segundo

relatos dos próprios estudantes, foi uma aula interessante já que eles apenas ficavam

cerrados em sala de aula.

Para alguns alunos, estudar sem visualizar a aplicação prática de uma matéria

pode tornar o assunto incompreensível.

Para muitos estudantes, algumas matérias são impossíveis de compreender. A

falta de habilidade em determinados temas pode gerar desinteresse e conseqüente

queda no rendimento do aluno. Uma forma de evitar a desmotivação é levar as aulas

para fora de sala e mostrar, na prática, a aplicação das fórmulas e teorias estudadas

nos livros (UNIVERSIA, 2010).

Vale tudo para mostrar que a ciência é menos complicada e menos séria do que

parece: desde programas de televisão, exposições na universidade, até espetáculos

para cativar o público que sai para passear aos domingos (SUPERINTERESSANTE, 1994).

Isso, e o que foi feito por mim durante o estágio supervisionado, é considerado por

vários autores como estudo do meio. Segundo Balzan e Malgadi (1969 apud FELTRAN

4ª Semana

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et al. 1996) é um conjunto de ações tomadas pelo professor e conseqüentemente por

seus alunos. Estes autores afirmam:

...a própria seqüência do Estudo do Meio, abrangendo um planejamento inicial, a execução (quando o aluno observa os fatos, compara-os, entrevista pessoas etc) a exploração de seus resultados e sua avaliação constitui uma proposta científica de trabalho, que visa levar o aluno a se familiarizar com esse método, e a utilizá-lo em situações novas, com que porventura venha a se defrontar.

Nesta semana, devido ao feriado de Corpus Christis (03/06/10) que resultou na

ausência dos alunos no dia seguinte (sexta-feira 04/06/10), dia das aulas de Biologia,

não foi possível expor estas aulas. Com isso, as mesmas foram transpostas para a

semana seguinte. Sendo assim, e pela presença de apenas cinco dos estudantes da

turma, o plano de aula preparado para este dia foi alterado para uma exposição oral

breve, com finalidade de revisar os conteúdos até agora vistos, como Cordados e os

fundamentos da Genética.

Devemos lembrar-nos da importância do reforço no processo de ensino-

aprendizagem. Muitas vezes o aluno necessita receber estímulos para agir. Os

estímulos utilizados pelo professor para motivar os alunos são denominados

incentivos. São importantes recursos didáticos e devem ser freqüentemente utilizados

(VELENTE, 2009).

5ª Semana

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Esta semana de aula foi marcada, principalmente, pela culminância das

apresentações orais sobre as características dos grupos de Cordados estudados. Isto,

além da aula expositiva ministrada pelo estagiário, vem reforçar a interiorização deste

conteúdo pelos discentes, contribuindo ainda mais para um aprendizado efetivo do

alunado.

A origem da palavra seminário (...) vem da palavra “semente”, retratando o

seminário como ocasião de semear idéias ou de favorecer a sua germinação

(BORDENAVE e PEREIRA, 2000 apud FERREIRA e MOREIRA, 2009). Então, tomando este

conceito, o propósito dos seminários fundamentou-se justamente no fazer disseminar

e integrar conceitos, pré-existentes, entre os escolares. Isto acabou contribuindo,

significativamente, para a interação maior dos estudantes de um mesmo grupo, e

destes grupos, com toda a turma

Nesta semana, seriam reproduzidos vídeos, propostos anteriormente, mais

especificamente para a sexta semana, sobre os experimentos de Mendel. Mas, devido

à insuficiência do tempo, conseqüência dos seminários apresentados pela turma nesta

mesma semana, isto não foi possível. Desta forma, e por causa da proximidade do

recesso junino e da semana de avaliações tão logo o retorno do recesso, estes vídeos

foram excluídos dos próximos planos de aula.

Foi sentido, durante este processo de ensino-aprendizagem, uma carência no

uso de vídeos, o que por muitas vezes, sofreu a influência da indisponibilidade, nos

dias em que seriam reproduzidos estes vídeos, das salas de arte e de vídeo, nas quais

ocorre a reprodução dos mesmos.

Sobre o uso deste recurso Moran (1994 apud HIRDES et al., 2003) cita que o

vídeo pode ser utilizado como objeto introdutório de conteúdo, como ilustração, como

7ª Semana

6ª Semana

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21

registro de experiências que presencialmente poderiam oferecer algum tipo de perigo

aos alunos e etc.

Segundo Hirdes et al. (2003), o professor deve estar preparado para

documentar o que é mais importante para o seu trabalho, ter o seu próprio material

de vídeo, ou estruturação de utilização, assim como tem os seus livros e apostilas para

preparar as suas aulas. O professor deve estar atento e preparado para propor

material audiovisual. A qualidade do processo de ensino-aprendizagem não está ligada

às tecnologias em si, mas nos métodos para sua utilização, dinamizando os processos

educativos.

A oitava semana, levando-se em consideração os conteúdos procedimentais

propostos e a proximidade da semana de verificação do aprendizado, foi marcada por

aplicação de exercícios de fixação dos conteúdos e por um clima de despedida do

estagiário, pois o dia de ir embora se aproximava. Para que esta despedida tivesse um

aspecto tão afetivo quanto o que marcou todo o processo da minha prática docente,

novamente fiz o uso da música, com o violão, e relembramos o nosso primeiro dia de

aula, com uma paródia que não deixa as nossas mentes.

Estes exercícios relatados acima estiveram relacionados principalmente aos

fundamentos da genética, ao uso de cálculos probabilísticos para sua resolução.

O propósito perante a aplicação destes exercícios foi o do diagnóstico e não da

reprodução do já produzido. A pretensão foi verificar o aprendizado, ainda em

construção, sobre um dado assunto. Esta verificação é importante porque podemos

sentir em que nível se encontra o aprendizado que está sendo solidificado.

A avaliação é vista como ponto de partida, e não como um fim. Deixa de ter

caráter classificatório e passa a ter caráter diagnóstico por meio do qual o professor

deverá acompanhar e compreender os avanços e as dificuldades dos alunos: é a

avaliação contínua (COMIS, 2006).

8ª Semana

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Esta penúltima semana foi caracterizada apenas por uma aula de Biologia, e no

primeiro horário, isso devido a avaliação de Português que teve início a partir do

segundo horário.

Nesta última e única aula que expus à turma, fizemos discussões, isto é,

revisões sobre todos os conteúdos abordados durante a unidade e processo de

experiência docente. Esta revisão foi marcada pela busca de conceitos interiorizados

pelos alunos no decorrer da minha experiência e de respostas discursivo-orais sobre

situações problemas.

Alguns autores destacam a relevância deste tipo de atividade para a

consolidação do aprendizado dos educandos. Wells (2001 apud GARCIA, 2005), por

exemplo, propõe que as práticas educativas estejam envolvidas num diálogo

progressivo, capaz de gerar compreensões que sejam sempre novas e superiores às

que os participantes já tinham. Sendo caracterizado pela progressividade, as

expressões, ou unidades da fala, contidas nesse diálogo voltado ao conhecer, não

podem ser consideradas como expressões finais, no sentido de proporcionar

explicações definitivas sobre os temas de que tratam. Assim, apresentar uma

informação considerada pertinente, propor possíveis formulações, concordar e

apresentar objeções, são características da negociação que envolve o conhecer

dialógico.

De acordo com Moysés (1997 apud GARCIA, 2005), fazer o estudante explicar o

seu entendimento acerca dos conteúdos estudados talvez seja o “ponto alto” de todo

o processo de aprendizagem escolar. Assim, atividades voltadas para que os

estudantes apresentem suas compreensões acerca dos conceitos científicos estudados

podem potencializar a internalização dos mesmos.

9ª Semana

Page 23: Portfólio

23

Esta semana correspondeu à aplicação da atividade de verificação do

aprendizado. Nesta avaliação estiveram contidos questionamentos referentes à todos

os conteúdos discutidos em sala de aula, ou seja, à conceitos relacionados aos

mesmos. Para a área de Genética, os estudantes tiveram que, além de responder à

perguntas concernentes aos conceitos, responder questões práticas sobre

cruzamentos genéticos possíveis de ocorrerem da espécie humana, com a aplicação de

cálculos probabilísticos. Esta verificação teve um misto de perguntas subjetivas,

permitindo ao aluno a discussão da resposta dada, e perguntas objetivas de múltipla

escolha.

A avaliação é um ponto crucial nas discussões de diversos autores sobre o

processo ensino-aprendizagem. Acredito no valor pedagógico da avaliação, considero

que diante desta, não devemos apenas nos atentar para a quantificação dos erros, mas

buscar a qualificação destes erros, ou seja, entender quais idéias podem ter induzido-

os, e para isso, uma posição dialética perante estas avaliações deve ser tomada, a

conversa com o discentes é fundamental. A avaliação como prática de investigação

pressupõe a interrogação constante e se revela um instrumento importante para

professores comprometidos com uma escola democrática. Nessa perspectiva, a

avaliação será um instrumento que auxiliará o professor a identificar as dificuldades de

aprendizagem dos alunos, de modo que trace objetivos para que eles possam superá-

las (COMIS, 2006).

Luckesi (2002 apud COMIS, 2006) defende que a avaliação da aprendizagem

deve ser assumida como instrumento que existe, propriamente, para mensurar a

qualidade da assimilação do conhecimento por parte do aluno e para compreender o

estágio de aprendizagem em que ele se encontra. Desta forma, o educador terá

capacidade para tomar posições necessárias para o avanço dos alunos no seu processo

de aprendizagem. De acordo ainda com este autor, a avaliação deve nortear não

somente o professor, mas também servir de sustentáculo para a autonomia do

educando, ou seja, deve ser tomada como uma ferramenta dialética, não apenas do

avanço, mas dos caminhos percorridos e daqueles a serem trilhados.

10ª Semana

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24

Como os alunos se comportaram?

Devido ao comportamento dos alunos muito próximo ao professor-estagiário,

estes se sentiam mais à vontade para participar das aulas, o que era constante. Então

eles sempre procuravam indagar o professor sobre o que estava sendo discutido,

muitos deles chegavam a abrir o livro em sala de aula para poder perguntar ou talvez

com receio do que estava sendo dito pelo professor.

Esta atitude, de participar, acabava deixando as aulas mais relaxantes, a

monotonia que sempre o alunado reclama, era deixado de lado. Até os próprios

estudantes traziam exemplos do dia-a-dia e promoviam, sem saber, uma relação da

sua vivência com o conteúdo exposto, surgindo, involuntariamente, a

contextualização. É era por isso, por todas as nossas discussões, que as minhas aulas

não terminavam numa semana, tendo assim, muitas vezes, algo prorrogado para a

próxima.

E para não perder o entusiasmo da turma, eu tinha que fazer alguma coisa.

Veja no próximo item!

Page 25: Portfólio

25

O que fiz para mudar ou afirmar essa conduta?

Para mudar esta conduta eu não fiz nada, para afirmar esta conduta sim. Com o

intuito de manter um constante “diálogo horizontal” com meus escudeiros,

continuava, constantemente, buscando respostas deles para problemas relacionados

aos assuntos vistos. À medida que eram expostos os conteúdos, continuadamente

indagava-os, procurando respostas coerentes para as perguntas, relacionando-as com

o nosso mundo, com a vivência deles. Sendo assim, foi desta forma que tratei os

conteúdos.

Mas isto era feito principalmente

porque eu sabia da importância que o

diálogo exerce na relação professor-

aluno. Segundo Vasconcelos et al.

(2005),

é na escola, que a criança e o

adolescente procuram buscar o

atendimento de algumas de suas

necessidades afetivas. Por isso é

importante que, na relação entre

professor/aluno, sejam levados em

consideração tanto os aspectos

cognitivos quanto os aspectos

afetivos desta relação.

Para Hermández (2002) “o diálogo implica a honestidade e a possibilidade

de intervir em um clima de confiança”, ou seja, ele é entendido como intercâmbio e

reflexão entre os sujeitos. Entretanto, favorecer a aprendizagem a partir do

diálogo é algo que não ocorre de maneira espontânea, pois requer por parte do

professor, ter uma escrita e conhecimento atento da turma, uma vez

que o diálogo implica que as pessoas estejam abertas a nossa idéia e formas de

pensar, a novas maneiras de ver, e que não estejam fechados em seu próprio

ponto de vista.

Page 26: Portfólio

26

Utilizei as mesmas técnicas de ensinagem repetidas vezes? Por que

estabilizei nestas?

As técnicas de ensinagem utilizadas durante o processo foram variadas, porém

se fez uso maior das aulas do tipo expositiva dialógica, justamente pelo que foi

exposto anteriormente, a importância do diálogo para garantir e manter a confiança

dos escolares ao professor e também pela credibilidade que eu dou à conversação

constante com meus alunos.

Apesar de ter sido feito o uso maior das aulas expositivas dialógicas, os

recursos utilizados para tal foram muito variados. Imagens eram constantemente

reproduzidas em slides, transparências, vídeos, para manter a contextualização e

ilustrar a fala.

Inovei? Por que inovei? O que me levou a tais escolhas?

Vasconcelos et al. (2005), afirmam que a disciplina dos alunos não reflete uma

relação saudável, sendo por vezes turbulenta ou condicionada a um comportamento

exemplar através de uma prática autoritária. De acordo com Pimentel (1967), a

afetividade é quem direciona todos os nossos atos. Ela é na verdade, o elemento que

mais influencia na formação do nosso caráter.

Como podemos perceber, em todo o meu discurso trago a

questão da afetividade. Isso porque, para mim, não há um

aprendizado prazeroso, se não há uma boa relação afetiva entre o

professor e o aluno. Levando em consideração o pensamento de

Vasconcelos et al. (2005), a disciplina dos alunos, quando há um

diálogo vertical, marcado pela imposição, tende a se constituir em

comportamentos negativos, o que caracteriza a indisciplina.

Para evitar que estes comportamentos existissem na minha relação com os

discentes, uma das minhas preocupações era em que e com que eu poderia inovar.

Então, inovei!. Procurei atingir os meus alunos com uma das coisas que os jovens não

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27

conseguem viver sem, principalmente os escolares, o que era constatado à todo

tempo nos corredores, a música. Esta sim tinha presença marcante e indispensável

entre os discentes.

Na minha primeira aula, levei o violão, uma paródia (que por

sinal não sai mais da minha cabeça) e fiz com que todos cantassem,

fiz no bom sentido, não de forma imposta, ou seja, conquistei-os

pela audição. Momentos parecidos à este ocorreram algumas vezes

mais, durante a minha prática docente no Colégio Modelo.

Eu não usei a música de forma leiga, eu já tinha um conhecimento prévio sobre

a importância da música para o aprendizado, sobretudo das crianças, e o quanto

prazerosa se torna uma aula onde há coisas novas, que não são utilizadas por outros

profissionais da licenciatura.

Sobre isso, Sousa e Vivaldo (2010) afirmam que, visando uma aprendizagem

significativa e de acordo com as necessidades impostas pela sociedade nos dias de

hoje, se torna cada vez mais necessária a ludicidade no ambiente educacional de

nossos alunos, pois ela é capaz de tornar o aprendizado prazeroso e estimulante. Com

isso, pode-se dizer que as crianças/adolescentes estarão bem preparadas para se

tornarem cidadãos críticos e capazes de resolverem situações problemas.

Ainda de acordo com os autores citados acima, a música pode contribuir,

tornando o ambiente escolar mais agradável e alegre, ajudando na socialização das

crianças com seu grupo escolar, podendo ainda ser usada para relaxar os alunos depois

de atividades físicas, acalmando os alunos diante da tensão de uma

prova, por exemplo, além de ser um poderoso recurso

didático.

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28

Durante nossas discussões na Universidade do Estado da

Bahia, algo que sempre me chamava à atenção, era o quanto as

palavras “deficiente”, “fragilizado”, “incapacitação” e muitas

outras, apareciam nas nossas conversas, muitas e muitas vezes.

Isso era reflexo dos vários problemas aos quais as nossas

escolas públicas estão submetidas.

Nosso grupo de discussão era constituído de estudantes universitários de várias

regiões, desde as mais próximas até as mais longínquas de Alagoinhas. E os relatos de

alguns eram sempre os mesmos: falta de professores nas escolas, deficiência no

currículo destes profissionais, falta de orientação pedagógica, ausência de projeto

político pedagógico para nortear estas escolas, falta de interesse generalizado dos

alunos, indisciplina dos mesmos. Porém sabemos que nem sempre é essa a realidade.

Todos estes fatores e palavras dos colegas me faziam pensar no ser professor.

Perguntava-me várias vezes se valeria à pena me tornar um. Estas discussões e todas

estas dificuldades expostas nas nossas conversas, poderiam ser motivos para fazer

um pobre mortal ficar em dúvida em seguir uma das mais brilhantes, porém sofrida

profissão:ser professor. Mas a cada aula que eu completava, e era retribuído com as

brincadeiras e carinho dos meus alunos, tanto os do estágio quanto aqueles que eu já

possuía devido ao REDA, me mostravam o quanto é gratificante ser chamado de

professor. Logo todas as dificuldades e cansaço eram postos de lado. Também durante

as discussões do grupo, olhava-me à todo tempo, questionando-me se, enquanto

estagiário e Professor-REDA, eu estava agindo igual ou diferente àqueles que já estão

nesse exercício a muito tempo e exaustos, sem forças para inovar?

Preocupava-me constantemente com os meus alunos de Pedrão, pelo fato de

eu está lecionando uma disciplina que não era a Biologia, para a qual eu estava

estudando. Este era um dos meus maiores temores, porque devido à isto, eu poderia

Em casa! Pensando o fazer

pedagógico

UNEB

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29

ser considerado um péssimo professor, o que para mim é inadmissível, acredito que

nós docentes não podemos deixar que a irresponsabilidade e mediocridade suplante a

nossa capacidade de inovar e buscar conhecer o desconhecido para nós, e sejamos

sempre, sempre, humildes, buscando insistentemente a afetividade de nossos alunos,

muitos dos quais, carentes de abraços, de palavras, de família. Talvez estas sejam as

causas, escondidas por trás da indisciplina, da ausência de afetividade nestes meninos

e meninas mutilados por suas vivências. Porém, sempre conversava sobre estas

inquietações com Cláudia (orientadora) e me tranquilizava.

Então sejamos sim, professores, docentes, educadores, ou de quê mais

chamarem. Posso afirmar que aproveitei bem as nossas discussões calorosas, talvez

não tenha falado muito, mas queimei muitos neurônios pensando no fazer

pedagógico. Momentos como estes, talvez não tenhamos mais, sentirei muitas

saudades!!

À Cláudia: Você é um exemplo de como o ser professor é cansativo, porém

recompensador; eu enxergava isso nos seus olhos ao adentrar na nossa sala de

reuniões, nas nossas discussões e orientações individuais. Afirmo principalmente: você

é exemplo do quanto é gratificante ser Docente, aliás, BioDocente.

Seremos colegas em breve!!

Page 30: Portfólio

30

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