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  • EntrevistaCarlos Melo RibeiroOs desafios da Siemens em Portugal 6

    DestaqueJoalharia e OurivesariaIndstria que vale ouro 12 MercadosArgliaUm mercado prioritrio 28

    EmpresasGarland 26

    PortugalglobalPense global pense Portugal

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  • sumrio

    Setembro 2013 // www.portugalglobal.pt

    Entrevista // 6A Siemens uma empresa incontornvel em Portugal, onde est presente h mais de cem anos. Em entrevista, Carlos Melo Ribeiro, CEO da Siemens Portugal, passa em revista a histria da empresa e fala dos principais desafios que se colocam quer empresa, quer a Portugal.

    Destaque // 12A indstria da joalharia e ourivesaria tem grande tradio em Portugal, sendo um sector maduro e com grande potencial de crescimento, nomeadamente no que respeita s exportaes. O recurso s novas tecnologias para produo de materiais diferenciados, inovadores e com design marcam um novo paradigma nesta indstria, potenciando a sua projeco internacional.

    Empresa // 26GARLAND: aposta segura em Portugal.

    Mercados // 28A Arglia um mercado de grande dimenso e prximo de Portugal, onde existe potencial para uma maior presena das empresas portuguesas. Neste dossier, as anlises do Em-baixador de Portugal em Argel, Antnio Gamito, e do Direc-tor do escritrio da AICEP no mercado, Joo Renano Hen-riques. Conhea ainda o testemunho do BES e da empresa Teixeira Duarte sobre a sua presena no mercado argelino.

    Anlise de risco por pas COSEC // 40Veja tambm a tabela classificativa de pases.

    Estatsticas // 43Investimento directo e comrcio externo.

    AICEP Rede Externa // 46

    Bookmarks // 48

  • EDITORIAL

    // Setembro 2013 // Portugalglobal4

    As opinies expressas nos artigos publicados so da res-

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    Direco Internacional da COSEC,

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    Portugal um pequeno-grande pas caracterizado no s por uma imensa diversidade em matria de geografia, paisagem, clima, recursos, histria e cul-tura, como tambm pela sua actividade econmica, que se estende da multiplici-dade dos sectores produtivos dinmi-ca do tecido empresarial, bem como histria do seu empreendedorismo que se recria e se desafia, tanto no contexto interno como externo, numa procura constante de novas apostas em investi-mento, inovao, produtos e mercados.

    Os trs temas que hoje propomos aos leitores o sector da joalharia/ourive-saria, a histria da Siemens Portugal, e as suas renovadas apostas, e ainda o mercado da Arglia so bem de-monstrativos da dinmica inovadora e empreendedora do pas.

    A joalharia e a ourivesaria so uma in-dstria com prestigiada tradio em Portugal. Actualmente, em funo das acentuadas mudanas na economia e no mercado, tanto a nvel nacional como global, o sector atravessa uma fase deci-siva de mudana de paradigma, moder-nizando-se e reinventando-se, com forte investimento na formao, inovao e design. Nas pginas do nosso destaque pretende-se mostrar alguns dos aspectos mais relevantes dessa mudana, entre os quais a relao cada vez maior das em-presas com a universidade e com os cen-tros de formao, e a crescente vocao exportadora do sector.

    Em entrevista temos a histria de uma grande empresa com fortes laos hist-ricos com Portugal. Carlos Melo Ribeiro,

    CEO da Siemens Portugal, empresa que esteve associada desde 1905 industria-lizao e ao desenvolvimento do pas, fala do trajecto, do futuro e dos desa-fios que tanto a Siemens como Portugal tm enfrentado e esto a enfrentar com sucesso. Primeiro gestor portugus da empresa, Carlos Melo Ribeiro traa urna panormica da actividade da multina-cional alem, forte exportadora, cuja participao se estendeu do processo de electrificao do pas ao desenvolvimen-to do transporte ferrovirio, passando pelo pioneirismo da abertura das univer-sidades s empresas e pela contribuio substancial da Siemens para o emprego e a formao qualificada.

    O mercado argelino, porque forte receptor da exportao e do inves-timento portugueses, aqui abordado numa ptica de informao que se quer til para as empresas. Na realidade, a Arglia a maior economia da regio do Magrebe e uma das mais importantes do continente africano. O fluxo das exportaes nacionais para a Arglia demonstra, alis, o interesse que este mercado desperta junto das empresas portuguesas, no s no sector das obras pblicas e construo, como tambm noutros que merecem destaque corno sejam as tecnologias de informao e comunicaes, o ambiente, a metalo-mecnica, o agro-alimentar, os txteis-lar, o mobilirio, e a distribuio, sendo as oportunidades de negcio nestas reas de actividade econmica muito atractivas e um desafio interessante para o esprito empreendedor nacional.

    PEDRO REISPresidente do Conselho de Administrao da AICEP

    Empreendedorismo exportador

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  • ENTREVISTA

    // Setembro 13 // Portugalglobal6

    Presente em Portugal h mais de um sculo, a Siemens continua a crescer, mesmo numa conjuntura econmica adversa, aumentando e diversificando as exportaes (sobretudo servios) que chegam j a mais de meia centena de pases.Carlos Melo Ribeiro, CEO da Simens Portugal, orgulha-se de estar frente de uma empresa que participa na modernizao do nosso pas desde 1905, papel que pretende reforar graas a uma estratgia que antecipa o futuro e que se reinventa e adapta ao acelerado mundo em que vivemos.Numa multinacional que tem presena em 190 pases, incluindo Portugal, Carlos Melo Ribeiro o CEO de filial com mais anos no cargo. Em entrevista, o presidente da Siemens Portugal passa em revista a histria da empresa, mas fala tambm do futuro e dos principais desafios que se colocam quer empresa quer a Portugal.

    Carlos Melo RibeiroCEO da Siemens Portugal

    ESTIVEMOS SEMPRE PRESENTES NA MODERNIZAO DO PAS

  • ENTREVISTA

    Portugalglobal // Setembro 13 // 7

    Com uma presena centenria no nosso pas, a Siemens actua hoje em vrios sectores de actividade sendo uma referncia incontornvel no que respeita ao investimento directo estrangeiro em Portugal. Pode apontar os principais factos que marcaram a histria da Siemens em Portugal?

    A Siemens est oficialmente em Portugal desde 1905, mas o primeiro produto de que temos memria foi o forneci-mento de um forno contnuo com regenerao de calor para a fbrica dos irmos Stephens, na Marinha Grande, e que deu origem indstria vidreira e de moldes da regio. Estamos presentes na industrializao do pas desde o princpio. Alis, a aptido da Siemens foi sempre participar em projectos relacionados com electricidade, motorizao e automao. Nesse sentido, a empresa participou activa-mente no processo de electrificao do pas, esteve pre-sente no desenvolvimento do transporte ferrovirio desde o incio, desde a electrificao da linha de Sintra aos car-ros elctricos da STCP, no Porto, e linha de comboio de Cascais em 1946 e, mais tarde, no fornecimento de vrias solues, incluindo carruagens automotoras, para o Metro de Lisboa nos anos 50, entre outros. As primeiras fbricas da Siemens em Portugal surgiram nos anos 60, quando o pas era atractivo enquanto destino de descentralizao da produo da Alemanha para outros pases, tendo avana-do, nos anos 70, com a produo essencialmente baseada na mo-de-obra barata.

    Quando entrei na empresa, como o primeiro portugus a liderar a Siemens em Portugal, em 1995, a empresa tinha oficialmente 80 anos no pas e, at ento, o cargo tinha sido sempre ocupado por alemes. A experincia que ti-nha adquirido no estrangeiro, onde trabalhei vrios anos, permitiu-me ver que era a altura certa para mudar o con-ceito de negcio em Portugal, essencialmente baseado na produo low-cost. Nos anos 90 Portugal j estava a mo-dernizar-se, pelo que decidimos elaborar uma estratgia/viso para dez anos: passmos das fbricas low-cost para fbricas de alta tecnologia.

    Quais as principais mudanas contidas nessa estratgia?

    Investimos em fbricas em vora e no Norte do pas de respec-tivamente condensadores e semicondutores com muito suces-so, mas nos finais dos anos 90 surgiu uma forte concorrncia por parte dos pases asiticos, designadamente da China, e do Leste Europeu, e foi necessrio reorientar essa estratgia.

    A Siemens orientou, ento, a sua actividade para a enge-nharia e software reforando a diviso das telecomunica-es, outra das grandes reas da empresa em Portugal, com mais de mil engenheiros altamente qualificados.

    Posteriormente, com a sada das telecomunicaes para uma joint-venture com a Nokia (NSN), a empresa comeou a desenvolver ainda mais as reas das Infra-estruturas e Energia com grande participao, por exemplo, na EXPO 98 e no Euro 2004, onde conseguimos criar novas compe-tncias para o mundo (como por exemplo, nos aeroportos).

    Noutro domnio, a Siemens Portugal contribuiu definiti-vamente para a abertura das universidades s empresas. Fomos pioneiros na forma de cooperao com as univer-sidades, principalmente atravs da rea das telecomunica-es, que se encontrava em grande crescimento e na qual juntmos parcerias internacionais com institutos e univer-sidades de diferentes pases, incluindo com as portugue-sas. Hoje j prtica comum as universidades trabalharem em conjunto com as empresas.

    Nesta ultima dcada, investimos mais de mil milhes de euros e crimos mais de 6 mil postos de trabalho em re-as de tecnologia de ponta, a maioria dos quais ainda se mantm no pas.

    Nesta ultima dcada, investimos mais de mil milhes de euros e crimos mais de 6 mil postos de trabalho em reas de tecnologia de ponta, a maioria dos quais ainda se mantm no pas.

    A Siemens colocou no mercado e vendeu os componentes e, mais recentemente, as telecomunicaes alterando de novo a sua estratgia. Uma das grandes caractersticas quer da Siemens, quer de outras companhias, hoje em dia, pre-cisamente estar sempre a reinventar-se e a reestruturar-se. Se no o tivssemos feito consecutivamente e continusse-mos a fazer s o mesmo que fazamos h 10 anos, provavel-mente j no existiramos em Portugal com esta dimenso.

    A empresa continua a crescer mesmo nesta conjuntura adversa?

    Temos estado a crescer em actividades novas, ou seja, a reinventarmo-nos. Isso tem-nos ajudado a compensar o vo-lume perdido em Portugal, onde a nossa economia contraiu cerca de 40 por cento.

    Nos ltimos anos aumentmos em 500 o nmero de cola-boradores do GSS global shared services em finanas, re-cursos humanos e compras que exportam servios dentro do mundo Siemens. O sector dos servios partilhados uma das reas onde Portugal se pode afirmar.

    A nossa estratgia foi sempre ir mais longe. Uma filial de uma multinacional como a Siemens, que est em 190 pases, responsvel apenas pelo pas onde se encontra, neste caso por Portugal. Mas ns desde sempre vimos que no podamos sobreviver apenas com o pequeno mercado de Portugal e, por isso, especializmo-nos em servios de valor acrescentado exportveis para todo o mundo. E hoje, quando faltam 100 mil engenheiros na Alemanha e mui-tos outros no Norte da Europa, estamos a aproveitar esta grande oportunidade para a Siemens Portugal, quer nos servios onde temos competncias, quer com a engenha-ria made in Portugal.

  • ENTREVISTA

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    Refere-se ida de engenheiros portugueses para a Alemanha ou da deslocalizao desses servios para c?Quando faltam s na Alemanha 100 mil engenheiros e esti-ma-se que vo faltar 200 mil dentro de 10 anos refiro-me a todas as reas globalmente temos de aproveitar todas as oportunidades. Porque se h uns anos vendamos essencial-mente servios, hoje isso s no chega: vendemos servios e enviamos tcnicos para outros locais, porque a escassez muito grande. S em 2013 j contabilizmos mais de 220 delegaes de colaboradores a trabalhar em projectos fora do pas e que na sua maioria so tcnicos e engenheiros.

    Alm disso temos 10 centros de competncia a vender enge-nharia para o mundo, que j geraram mais de 350 milhes de euros em receitas com a exportao de know-how e engenha-ria nas reas de energia, infra-estruturas, sade e indstria, um valor que corresponde a cerca de 30 por cento das vendas da Siemens Portugal. E quando se vende engenharia e servios, o valor acrescentado em Portugal praticamente de 100 por cento. Essa tem sido a nossa estratgia principal.

    Para isso temos tantos projectos de investigao com as universidades, temos parcerias. Recentemente assinmos um protocolo com o Estado assumindo o compromisso de cooperar activamente no desenvolvimento da engenharia made in Portugal, atravs do qual a Siemens oferece sis-temas de planeamento virtual de produto (PLM) e de pro-cessos de fabricao/automao s universidades e politc-nicos das reas da engenharia, colaborando igualmente na sua formao e em estgios.

    mara de Comrcio Luso-alem e o Estado portugus, que deu origem ATEC, uma escola de formao que integra a Volkswagen, a Siemens e a Bosch. No incio a escola for-mava 50 alunos por ano, agora forma 500. So tcnicos profissionais que o pas foi perdendo com a alterao do modelo escolar nos anos 70 e que so uma das grandes for-as de pases como a Alemanha. Actualmente, o objectivo aumentar o ensino profissional em toda a Europa.

    Dois exemplos emblemticos da utilizao destes sistemas so a preparao do veculo Mars Rover que aterrou em Marte e a utilizao desta mesma aplicao no desenvolvimento de car-ros e corridas Frmula 1, que tem levado a Red Bull s vitrias. A poupana em tempo e em prottipos inquestionvel.

    Onde que recrutam os engenheiros para a Siemens?Nas universidades portuguesas, que fornecem uma educao de qualidade e so uma boa escola de engenharia. Ns temos uma grande vantagem em Portugal ao poder dispor de uma estrutura altamente profissional, com projectos de grande complexidade onde os jovens podem adquirir experiencia somos uma segunda escola. Essa a grande diferena.

    A Siemens foi a primeira empresa a criar uma escola profis-sional com o ensino Dual alemo, h 20 anos, com a C-

    E ns, ou melhor, o pas tem uma formao de qualidade. No h ano nenhum em que a Siemens Portugal no ganhe um prmio internacional relacionado com engenharia.

    Qual o posicionamento da Siemens Portugal no Grupo Siemens?Temos muito boa reputao e, como disse, no h ano em que no nos distingam com um prmio numa ou noutra rea, reconhecendo as nossas elevadas capacidades. A nos-sa estratgia h muito que de nicho. Ns somos um pas pequeno e podemos trabalhar bem com nossos 2.000 en-genheiros. O trabalho que fazemos bom e isso reflecte-se internacionalmente. O prestgio que temos na Alemanha deve-se ao facto de termos conseguido antecipar o futuro. Um dia que isso no acontea, em que no nos antecipe-mos, esse prestgio pode desaparecer rapidamente de um ano para o outro. O mundo hoje muito rpido e no se compadece com quem no se prepara e no trabalha bem. Foi essa capacidade de antecipao, a tal viso a 10 anos, que nos continua a dar prestgio.

    Quais as principais reas de negcio da empresa actualmente e quais os projectos em curso em cada uma destas reas? Que projectos destacaria como mais emblemticos?A Siemens tem quatro sectores principais. A energia, que engloba a produo e a distribuio, neste momento o maior sector. Recordo que participmos em trs das quatro

    Temos 10 centros de competncia a vender engenharia para o mundo, que j geraram mais de 350 milhes de euros em receitas com a exportao de know-how e engenharia nas reas de energia, infra-estruturas, sade e indstria, um valor que corresponde a cerca de 30 por cento das vendas da Siemens Portugal.

  • ENTREVISTA

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    grandes centrais de produo (Tapada do Outeiro, Ribatejo e Pego), obras grandes e complexas que foram terminadas dentro ou abaixo do oramento e no tempo certo. Um ou-tro sector o da indstria, com destaque para a automao e a electrificao, em que trabalhamos j h muito tempo.

    Temos tambm o sector da sade, qual a Siemens j estava tradicionalmente ligada, sendo hoje o maior fornecedor do mundo no ramo dos cuidados de sade porque, alm da elec-tromedicina, alargou as suas competncias atravs da aquisi-o de empresas de diagnstico para anlises in vitro. Um dos projectos emblemticos da Siemens Portugal neste dom-nio o Hospital da Luz, que um dos melhores da Europa e at mesmo do mundo, estando equipado com os melhores

    MOBILIDADE E TURISMO SO DESAFIOS PARA O FUTURO

    H perto de 30 anos na Siemens e h quase 20 anos como CEO da empresa em Portugal, Carlos Melo Ri-beiro o lder da multinacional alem mais antigo em funes. Licenciado em Economia (Universidade Tcni-ca de Lisboa) e em Gesto (Universidade Catlica), com um MBA do Boston College (EUA), o presidente da Sie-mens Portugal tem desempenhado um relevante papel na aproximao das economias portuguesa e alem e no aprofundamento das relaes entre os dois pases.

    Defende a Engenharia made in Portugal, a constru-o da linha para o comboio de alta velocidade e um novo aeroporto em Lisboa, j que considera que o futu-ro de Portugal passa, entre outros aspectos, pelo turis-mo, atravs da entrada de mais turistas e consequente aumento de receitas, bem como pelo forte impacto que esta indstria tem na economia do pas.

    A mobilidade, que um dos grandes desafios da civiliza-o, s tem duas vias, a area e a ferrovia, pelo que a pra-zo vamos ter de avanar para a construo de um novo ae-roporto em Lisboa. Portugal no recebe mais turistas por ano por falta de capacidade das infra-estruturas. Acredito que o futuro do pas vai ser o turismo e todos os servios e indstrias que so necessrias para o fornecer. afirma.

    Alm de participar num grupo de empresas alems que apoiam Portugal na captao de investimento alemo, Melo Ribeiro participa num Grupo de trabalho que se con-centra em captar turistas alemes para o nosso pas, que so os que gastam mais e os que ficam mais tempo.

    H apenas 800 mil alemes a visitar-nos anualmente h mais de 10 anos. Mas h mercado e objectivos de atrair mais um milho, defende.

    O turismo o maior sector exportador do pas, que d emprego a dezenas de milhares pessoas, e podem estar vrias indstrias a trabalhar para este mercado. Portu-gal recebe cerca de 12 milhes de turistas por ano, mas tem potencial para crescer muito mais, considera ain-da o CEO da Siemens Portugal.

    economia daqui a uns anos. Em Portugal j temos bons players no cluster da sade, com boas fundaes e projectos de inves-tigao. Consideramos a rea da sade como uma das princi-pais reas de futuro e estamos muito interessados em tudo o que investigao e desenvolvimento em Portugal.

    A Siemens juntou recentemente vrias reas num sector novo a que chamou infra-estruturas e cidades, baseada no

    O prestgio que temos na Alemanha deve-se ao facto de termos conseguido antecipar o futuro.

    e mais avanados sistemas de softwares e hardware. Posso adiantar que este ano estamos a conseguir finalmente trazer para Portugal mais um centro de competncia para a moder-nizao dos hospitais que nico na Europa para alm do existente na Alemanha. Trata-se de um novo projecto em que estamos a fazer uma grande aposta, tendo em conta que a rea da sade e do bem-estar ser aquela que vai dominar a

  • ENTREVISTA

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    conhecimento das mega tendncias e, mais precisamente, com o crescimento das mega cidades. O grande desafio do futuro ter lugar nas cidades e a Siemens juntou todas as suas solues e servios relacionados com mobilidade, eficincia energtica de edifcios, redes inteligentes, entre outros, nesta nova rea de negcio.

    A mobilidade , alis, uma das grandes reas em que sempre estivemos presentes em Portugal, onde alm da forte inter-veno nos transportes ferrovirios estamos tambm envol-vidos na mobilidade elctrica com o projecto MOBI.E., que tem em Portugal as condies ideais para se destacar um facto que o carro elctrico vai ter grande importncia no futuro, principalmente nas cidades. Tambm estamos a colaborar no autocarro elctrico em parceria com a Salvador Caetano, com projectos interessantes para o grupo Siemens.Desde o incio que estamos presentes no transporte ferro-virio em Portugal, somos o principal player em termos de capacidade instalada, desde os metros e os suburbanos s locomotivas. Espero que os projectos ferrovirios que esto em curso continuem. Por exemplo, a ligao Sines - Euro-

    areo tem o espao limitado. No podemos abandonar os projectos de alta velocidade e/ou velocidade elevada pois vo ser a nica alternativa para o transporte de massas.

    Em resumo, ns participmos em todas as fases da moder-nizao da produo de energia, participamos nas principais instalaes de parques solares do pas, estamos presentes no maior consrcio de parques elicos, em projectos hidroelc-tricos como o de Venda Nova, e somos parceiros importantes na modernizao da transmisso nas linhas elctricas. Estamos igualmente muito empenhados num dos grandes desafios de Portugal nos prximos anos, a eficincia energtica, no s por uma questo de poupana, mas tambm pelo seu efeito na modernizao da indstria capacitando-a para a exportao.

    Nos aeroportos, desenvolvemos em Portugal o sistema capacity plus, ou seja, um aeroporto modular que permitiu duplicar a capacidade do aeroporto de Lisboa durante o Euro 2004 e que recentemente serviu para montar o actual Termi-nal 2 do aeroporto da Portela. Estes terminais demoram cerca de seis meses a construir e podem funcionar de um ms a dez anos. uma necessidade muito actual em alguns aero-portos no mundo, seja quando h acontecimentos de grande envergadura, seja quando h obras de infra-estruturas. So obras temporrias mas de rpida execuo, que cumprem to-das as regulamentaes. Temos exportado este conceito para o Qatar, Angola e Africa do Sul, entre outros pases.

    A diversificao de reas de negcio , portanto, uma estratgia que a Siemens ir manter.A estratgia para a Siemens Portugal manter e reforar a sua presena no pas foi vender servios para o mundo. Neste momento j exportamos um tero das nossas activi-dades para o mercado externo. Conseguimos, alm disso, ficar com a responsabilidade de desenvolver a Siemens em Angola, apesar de esta pertencer ao cluster do Grupo em

    A SIEMENS PORTUGAL EM NMEROS Cerca 2.500 colaboradores (2012);

    900 colaboradores dedicados exportao;

    500 colaboradores no Global Shared Services (GSS) de Lisboa (servios de recursos humanos, fornecedo-res, gesto de clientes e finanas);

    10 centros de competncia que facturaram 350 mi-lhes de euros at 2012;

    Exportao de servios atinge 30 por cento do volu-me de negcios global;

    Sete reas principais no mbito da estratgia a 10 anos Fazer crescer Portugal: energia e eficincia energtica, indstria e produtividade, mobilidade e logstica, cidades e sustentabilidade, economia da sade, economia do mar, economia do turismo e ser-vios de valor acrescentado.

    pa vai ter de se fazer pois essencial, mas preciso que seja feito j pensando num futuro upgrade para o transpor-te de passageiros. O renascimento da linha frrea para passageiros muito importante pela capacidade que tem de transportar grandes massas, uma vez que o transporte

    Ns estamos a tentar ajudar Portugal a crescer, nomeadamente atravs da formao dos seus quadros e das exportaes do nosso trabalho.

  • ENTREVISTA

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    frica. Queremos chegar frica do Sul, Moambique e Norte de frica , regies carenciadas de infra-estruturas e com recursos para investir nesta rea.

    Uma das ltimas vises que fizemos a 10 anos foi delineada com base na estratgia Europa 2020, mas, dada a conjun-tura, teve de ser ajustada e elabormos mais recentemente uma outra Fazer crescer Portugal com base no lema de que ns s podemos crescer se ajudarmos o pas a crescer. Identificmos sete reas principais de actuao: Energia e eficincia energtica; Indstria e produtividade; Mobilida-de e logstica; Cidades e sustentabilidade; e trs economias que consideramos serem das mais importantes para Portu-gal Economia da sade, Economia do mar e Economia dos servios e turismo de valor acrescentado.

    Ns estamos a tentar ajudar Portugal a crescer, nomeada-mente atravs da formao dos seus quadros e das expor-taes do nosso trabalho.

    O seu desempenho, desde 1995, frente dos destinos da Siemens Portugal, e consequente contributo para a economia nacional, tem sido reconhecido por responsveis portugueses e alemes. O que significa para si esse reconhecimento?Eu sou, como qualquer portugus, muito orgulhoso de ser portugus. O normal seria eu j ter sido colocado numa

    Na minha opinio, este pas pode resolver-se de forma re-lativamente rpida, at pela sua pequena dimenso. Temos produtos ptimos, temos ambientes muito bons, temos pessoas excelentes, s precisamos de mais resultados.

    Ns participmos em todas as fases da modernizao da produo de energia, nas principais instalaes de parques solares do pas, estamos presentes no maior consrcio de parques elicos, em projectos hidroelctricos como o de Venda Nova, e somos parceiros importantes na modernizao da transmisso nas linhas elctricas.

    Siemens noutro lugar do mundo. Mas eu sempre quis cres-cer aqui em Portugal, porque gosto do pas e porque quero contribuir para o seu desenvolvimento. Alm disso, tenho de admitir que temos uma excelente qualidade de vida do ponto de vista humano. Eu decidi ir para fora, c dentro.

    junto nos mercados externos quando no tm dimenso para o fazer sozinhos. Temos muito bons exemplos neste domnio. O pas est a resolver a situao adversa devido multiplicao destes bons exemplos. Temos de ser mais positivos e mais actuantes.

    Como olha para o difcil momento que se vive em Portugal, nomeadamente na vida das empresas, e que conselhos daria aos empresrios portugueses para ultrapassarem essas dificuldades?Temos de pensar mais no futuro, fazer planos para 5/10 anos (para alm do perodo eleitoral), temos que trabalhar mais e unirmo-nos mais. Agora, com a crise, finalmente os empresrios comeam a associar-se mais e a actuar em con-

  • DESTAQUE

    // Setembro 13 // Portugalglobal12

    O sector da joalharia/ourivesaria, com antiga e prestigiada tradio em Portugal, continua a demonstrar pujana, pese embora o actual contexto de contraco econmica. A sua vitalidade reside sobretudo na sua capacidade de se reinventar, introduzindo mais inovao, design e qualidade nas peas produzidas, o que lhe confere um lugar especial no mundo global da moda e das joias de luxo, com reflexos muito positivos no mercado e na exportao.

    JOALHARIA E OURIVESARIAUM NOVO PARADIGMA QUE VALE OURO

  • DESTAQUE

    Portugalglobal // Setembro 13 // 13

    A indstria da joalharia e ourivesaria tem grande tradio na economia por-tuguesa, sendo um sector maduro e com grande potencial de crescimento mesmo tendo em conta a actual situ-ao do mercado interno e o contexto mundial de crise. Seja como for, a nova tendncia para que a joia no seja ape-nas um investimento de valor, mas uma manifestao de arte e de identidade do seu utilizador numa sociedade cada vez mais preocupada com a esttica pessoal e a individuao social, aponta para um novo paradigma consumidor-mercado que j est a provocar mu-danas de sentido no tecido empresa-rial do sector.

    Na realidade, a indstria de ourivesaria e joalharia tem evoludo positivamente e desde 2010 que tem registado um excedente comercial na exportao. Segundo dados da Associao Empre-sarial de Portugal (AEP), esta indstria registou, pela primeira vez naquele ano, um excedente comercial na expor-tao (cerca de 73,3 milhes de euros), em resultado de uma quase duplicao das exportaes, apesar do acrscimo de 21,5 por cento nas importaes.

    Os dados referentes ao primeiro tri-mestre de 2012 voltaram a evidenciar, de acordo com o referido estudo, um forte dinamismo das exportaes deste tipo de produtos, com uma taxa de va-riao homloga de 101,1 por cento.

    Deste modo, nos primeiros trs meses de 2012, o peso das exportaes do sector no cmputo das exportaes portuguesas atingiu um peso de 1,84 por cento (contra 1,02 por cento no mesmo perodo de 2011).

    Revelando uma distribuio muito desi-gual no territrio nacional, as empresas do sector concentram-se maioritaria-mente no Norte do pas (82,4 por cen-to), com o Grande Porto a destacar-se

    baratos e, por outro lado, esta inds-tria distribui-se maioritariamente por microempresas ou unidades de peque-na dimenso, com um cariz tradicio-nalmente familiar e com mo-de-obra pouco qualificada.

    Contudo, este sector de caractersti-cas tradicionais est a modernizar-se e a mudar de paradigma sobretudo graas formao inovadora e criativa por parte de instituies com um ensi-no e gesto de projectos que integram os novos desafios do mercado. E tam-bm parceria cada vez mais estreita de empresas do sector com as univer-sidades (de que exemplo o projecto Gradouro, que aposta em tecnologias no convencionais fuso e solidifica-o incremental, metalurgia dos ps ou nanotecnologias para aplicao a peas de joalharia e ourivesaria) e abordagem mais global aos mercados tendo a exportao na mira.

    A aposta do sector vai no s para estas novas tecnologias destinadas produo de materiais com novas co-res, texturas e efeitos de superfcie que potenciem, exaltando, as propriedades dos materiais preciosos, como para novos processos de fabrico, design de produtos e mo-de-obra mais quali-ficada, factores-chave incontornveis para o desenvolvimento do sector, para o seu aumento de produtividade e para a sua projeco internacional.

    Este sector de caractersticas tradicionais est a modernizar-se e a mudar de paradigma sobretudo graas formao inovadora e criativa por parte de instituies com um ensino e gesto de projectos que integram os novos desafios do mercado.

    (72,9 por cento), seguido a grande distncia pela Grande Lisboa (9,7 por cento) e pelas restantes regies.

    Tal como outros sectores da economia nacional, a joalharia e a ourivesaria tambm sentem a presso da con-corrncia dos mercados do Oriente, onde os custos de produo so mais

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    // Setembro 13 // Portugalglobal14

    A AORP tem como misso principal a defesa dos direitos e interesses dos seus associados, norteando a sua interveno pelo acompanhamento da evoluo do sector desenvolve projectos de interes-se estratgico e de natureza colectiva e estimulando o seu desenvolvimento organizacional, produtivo e tecnolgico.

    Como a maior associao sectorial a n-vel nacional, a AORP representa o sector no seio do Plo de Competitividade da Moda e em outras entidades nacionais e internacionais, nomeadamente no Con-celho Associativo da Associao Empre-sarial de Portugal - AEP, e na Confede-rao Mundial de Ourivesaria - CIBJO, entre outras. Nesta medida, desenvolve uma importante actividade em termos de criao e potenciao de eventos de

    AORP - ASSOCIAO DE OURIVESARIA E RELOJOARIA DE PORTUGALRPIDA MUDANA DE PARADIGMA>Por Ftima Santos, Secretria Geral da AORP - Coordenao Associao Plo de Competitividade da Moda

    A Associao de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal - AORP uma organizao associativa de direito privado, sem fins lucrativos, que representa actualmente cerca de 85 por cento dos industriais de ourivesaria de Portugal, com cerca de 400 empresas associadas.

    promoo sectorial a nvel nacional: par-ticipa activamente em feiras nacionais Portojia e Ourindstria e responsvel pela organizao de um Frum da Inds-tria da Ourivesaria Nacional, Jornadas de Ourivesaria, entre outras actividades.

    O seu universo associativo inclui um amplo leque de actividades, que se estende dos ourives e fabricantes de relojoaria com actividades de fabrico, montagem e reparao, at s pedras preciosas ou semipreciosas para joa-lharia e uso industrial, estojaria, ma-quinaria, fabricao de joalharia e ou-rivesaria. Para potenciar o crescimen-to sustentado e competitivo do sector e o reforo da presena da associao e das suas empresas no contexto in-ternacional, operacionaliza trs eixos de interveno: Inovao, Especializa-o e Competitividade.

    Competitividade: alm de ser mem-bro-fundador do Plo da Competitivi-dade da Moda, desenvolve uma linha de interveno no mbito da poten-

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    Portugalglobal // Setembro 13 // 15

    ciao das condies de segurana do sector e implementa uma iniciativa de longo prazo de Valorizao da Ourive-saria Tradicional Portuguesa como um dos recursos com maior potencial sim-blico (interno e externo) da economia e da cultura portuguesa.

    Qualificao: implementa no mbito do Sistema de Incentivo s Aces Co-lectivas (SIAC), desde Abril de 2011, o Projecto OURIVESARIA ON THE MOVE e, desde Maro at Dezembro de 2010, o Projecto OURIVESARIA XXL - Conso-lidar as bases competitivas a nvel nacio-nal e internacional da Ourivesaria e Re-lojoaria portuguesa. Desenvolve ainda, desde Outubro de 2008, como entidade beneficiria, o Projecto Ourivesaria em Aco, apoiado pelo Programa Ope-rativo Potencial Humano Medida 3.1. Programa PME Formao/Aco.

    Internacionalizao: apoia os seus associados no desenvolvimento de pro-jectos e iniciativas para a internaciona-lizao do sector, atravs de parcerias com outras entidades, tais como a AEP ou com outras entidades internacionais. Em Maro de 2011, organizou em Por-tugal, em parceria com a Confederao Mundial da Ourivesaria (CIBJO) e com o apoio do Programa ON2, a edio 2011 do Congresso Mundial de Ourivesaria, entre as cidades de Porto e Gondomar.

    O sector s poder ultrapassar actual ciclo negativo, de contraco econ-mica, se investirmos no desenvolvi-mento da imagem forte e coerente de uma arte com mais de quinhentos anos de saberes acumulados. Estou certa que o sector reencontrar o ca-minho do crescimento se actuar de uma forma colectiva, partilhando sa-beres, aproveitando sinergias e viajan-do em conjunto. Deixo por isso, aqui, este apelo de unio.

    PANORAMA ACTUAL DO SECTOR

    A ourivesaria em Portugal um pequeno sector com fortes singularidades, fruto da utilizao de metais preciosos como principal matria-prima. Possui uma forte tradio manufactureira e uma importante concentrao de efecti-vos e recursos na Regio Norte. Caracteriza-se pela fragmentao e pequena dimenso das unidades produtivas (mdia de trabalhadores por empresa de 2,4 trabalhadores em 2008). Conta com aproximadamente 3.000 unidades de produo e comerciais, com tendncia reduo dos efectivos.

    A produo nacional ocupa o 7 lugar no ranking europeu, atrs de pases como Itlia, Frana, Espanha, Alemanha, Reino Unido e Grcia. Perto de 25 por cento das empresas conta com alguma actividade internacional. A dimenso do mercado interno anda perto dos 377 milhes de euros.

    Em 2011, apresentou uma balana comercial negativa, com uma proporo de 2,99 euros importados por cada 1 euro exportado. No entanto, identifica-se uma reduo progressiva no deficit da balana comercial, com um incremento gradual nas exportaes, que em 2011 alcanaram perto de 33,5 milhes de euros face aos 26,9 milhes de registados em 2009, conforme os dados for-necidos pela COMTRADE.

    Apesar dos incipientes progressos recenseados, que validam a estratgia de-senvolvida pela Associao no mbito das aces colectivas, resulta ainda ne-cessrio prosseguir com os esforos, marcando metas mais ambiciosas para um sector que tem dado mostras de uma certa reactividade, com uma atitude mais pr-activa e uma intensificao das aces para promover o acesso aos mercados internacionais.

    O objectivo final propiciar uma certa recuperao, ou a interrupo do declnio (contraco do mercado e Portugal com um decrscimo marcado das vendas in-ternas), pela via do incremento das exportaes. Na realidade, nos lti-mos tempos a ourivesaria tem con-seguido melhorar o paradigma, in-troduzindo doses iguais de tradio e de conhecimento, o que resulta na melhoria contnua e no interesse crescente do mercado pelos produ-tos Made in Portugal.

    A imagem da ourivesaria portu-guesa, construda numa base de tradio e arte, est focada nas capacidades criativas nos domnios do design e da moda, mas tambm na prestao de servios de quali-dade que so geralmente pouco reconhecidos. Os resultados dos projectos implementados mostram um sector que muda de forma acelerada, sendo capaz de seguir e criar as tendncias que marcam o momento e de adaptar o modelo de negcios para conseguir vingar no mercado cada vez mais global.

    AORP Associao de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal

    Avenida Rodrigues de Freitas, 2044000-416 Porto PortugalTel.: +351 225 379 161Fax: 351 225 373 292

    www.aorp.pt

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    // Setembro 13 // Portugalglobal16

    Nos seus 72 anos de existncia, a APIO passou por duas transformaes signi-ficativas. A primeira, logo aps o 25 de Abril de 1974, quando alterou a sua denominao de Grmio dos Indstrias de Ourivesaria do Sul para AIOS - Asso-ciao dos Industriais de Ourivesaria do Sul, e, mais recentemente, em 2009, quando sofreu uma maior reviso es-tatutria, passando a ter a actual deno-minao e abrangncia nacional.

    Os seus objectivos estratgicos so amplos, e passam, entre outros, pela promoo do desenvolvimento de acti-vidades e servios, nomeadamente, de promoo de negcios e investimentos,

    APIO ASSOCIAO PORTUGUESA DA INDSTRIA DE OURIVESARIAESTRATGIA DE MODERNIZAO>Por Carlos Caria, Presidente da Direco da APIO

    A APIO foi criada em 1941 e tem como objectivo a defesa e promoo das actividades do sector de ourivesaria que representa e, em particular, dos seus associados, a nvel nacional e internacional.

    de certificao, de informao e apoio tcnico, bem como pela promoo de formao profissional e ensino tcnico-profissional e superior. Colabora ainda

    com a administrao pblica, com orga-nismos congneres nacionais e estran-geiros, assim como com outras entida-des que promovam o desenvolvimento do sector da ourivesaria em Portugal e no exterior e pela promoo e criao de organizaes ou servios de interes-se comum. Actualmente est a investir num espao dedicado formao pro-fissional, componente na qual se sente forte lacuna na zona Sul do pas.

    O volume de negcios registado em 2010 ascendeu a mais de 227 milhes de euros (fonte: Portal Estatstico de Informao Empresarial do IRN). um sector que est obviamente dependente da evoluo do

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    Portugalglobal // Setembro 13 // 17

    PIN ASSOCIAO PORTUGUESA DE JOALHARIA CONTEMPORNEAAS NOVAS LINGUAGENS DA JOALHARIA >Por Cristina Filipe, Presidente da Direco da PIN

    Tudo comeou com a vontade de organizar em Portugal a X edio do Simpsio Internacional Ars Ornata Europeana em 2005. Com este objectivo, um ano antes, Cristina Filipe, Marlia Maria Mira e Paula Paour fundaram a PIN, que em 2014 celebra o seu 10 aniversrio.

    Em 2004, fundmos a PIN, aquela que seria a primeira Associao Portuguesa a tratar especificamente da Joalharia Con-tempornea, surgindo esta associao como uma plataforma de apoio a uma corrente da joalharia carente de estrutura institucional capaz de garantir a sua din-mica e de apoiar os seus criadores.

    Formadas no Ar.Co, fazemos parte de uma j terceira gerao de artistas que constituem a histria da joalharia con-tempornea em Portugal. Kukas, nos

    anos 60, e Tereza Seabra, nos anos 70, a par de Alberto Gordillo, Alexandra Ser-pa Pimentel, Filomeno Pereira de Sousa, entre muitos outros, foram os pioneiros dessa histria que surgiu na dcada de 60 do sculo XX, a par das grandes transformaes sociais, culturais e arts-ticas que estavam a acontecer.

    A ruptura etimolgica que a palavra jo-alharia sofre a partir 1960 representa a nova corrente da joalharia, a qual ao longo destes ltimos 50 anos tem vin-

    preo dos metais nobres (ouro e prata) cuja evoluo teve um acrscimo enorme nos ltimos anos (entre 2002 e 2012 o ouro valorizou cerca de 400 por cento, passando de 10 euros por grama para 41,845 euros), e apenas este ano parece conhecer uma inverso nessa tendncia.

    O sector essencialmente manufactu-reiro mas encontra-se sujeito a cons-trangimentos e ameaas que o obrigam a uma rpida transformao com o ob-jectivo de se modernizar e de se adaptar ao mercado. Neste sentido, notvel o esforo realizado ao nvel do design de forma a ir de encontro s principais tendncias da moda e de consumo. por isso que se considera essencial uma profunda reviso do Regulamento das Contrastarias, documento que se con-sidera completamente desactualizado e castrador das tentativas que as empre-sas do sector faam para combater a ac-tual conjuntura que afecta seriamente a competitividade do sector.

    O sector da ourivesaria tem uma di-menso reduzida e, segundo os dados recolhidos pelos servios da Associa-o, tem cerca de 2,1 trabalhadores por empresa, o que no difere muito da mdia nacional tendo em conta o universo das empresas que, segundo dados do Eurostat era, em 2008, de 2,6 trabalhadores por empresa.

    A APIO representa actualmente uma centena de associados que se localizam na sua grande parte na zona Sul do pas, mais concretamente em Lisboa e, segundo informao retirada do Portal Estatstico de Informao Empresarial do IRN existiam em Portugal, em 2011, 598 empresas. A maioria das empresas deste sector encontra-se localizada no Norte de Portugal, nomeadamente na regio de Gondomar.

    APIOAssociao Portuguesa da Industria de Ourivesaria

    Rua Arco do Marqus do Alegrete n6 4B1100-408 LisboaPortugalTel.: +351 213 469 820

    +351 213 243 180Fax: +351 213 472 645

    [email protected]

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    // Setembro 13 // Portugalglobal18

    do a assumir novas linguagens que se traduzem no s na multiplicidade de materiais, mas tambm nas propostas conceptuais inerentes s criaes dos vrios autores, libertando-se assim da tradio e do contnuo revivalismo pre-sentes na joalharia portuguesa.

    Desde a sua fundao associaram-se PIN 218 membros, entre os quais artistas joalheiros, escolas e museus que se inte-ressam pela criao, pelo ensino e pela divulgao da joalharia contempornea. Atravs do stio da PIN www.pin.pt procu-ramos difundir o trabalho dos seus asso-ciados mas sobretudo reflectir e transmitir uma viso actual em torno da joalharia contempornea nacional e internacional. Neste sentido, promovemos com regula-ridade cursos, exposies, workshops e conferncias, muitos dos quais so orga-nizados pela prpria Associao.

    Do currculo de actividades da PIN, para alm do Simpsio, citado acima, que congregou cerca de 150 participantes internacionais, destacamos o encontro 4 Pontos de Contacto entre Lisboa e Roma, em 2006, em parceria com a Associao AGC, em Itlia, o incentivo que demos exposio Impressions on Portuguese Jewellery, em Nurem-berga, promovida pela AICEP em 2007, e ainda a exposio Jias Reais Jo-alharia Contempornea Luso-Brasilei-ra, no mbito das comemoraes dos 200 anos da transferncia da corte por-tuguesa para o Rio de Janeiro.

    A PIN tem tido, portanto, um papel pri-mordial na forma como tem sensibilizado as mltiplas instituies culturais, em Por-tugal e no estrangeiro, para a criao da joalharia contempornea nacional, sendo geradora de uma srie de apoios e incen-tivos a artistas e projectos nesta rea. Tem ainda dinamizado o mercado de uma forma didctica ao dar a conhecer as mltiplas linguagens dentro da joalharia contempornea validando e credibilizan-do obras e autores.

    PINAssociao Portuguesa de Joalharia Contempornea

    Apartado 27011 Praa do Municpio1144-063 Lisboa Portugal

    [email protected]

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    af_press_padaria_portugal global.pdf 1 9/11/13 3:36 PM

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    O projecto Gradouro tem como princi-pal objectivo dotar as empresas de ma-teriais e processos inovadores no do-mnio da joalharia/ourivesaria. Iniciado h cerca de oito anos, este projecto desenvolvido no Departamento de En-genharia Mecnica da Universidade do Minho e tem vindo a afirmar-se como uma das iniciativas mais relevantes e sustentveis, a nvel mundial, na rea da joalharia/ourivesaria.

    Depois da vrias fases de relaciona-mento com o tecido industrial nacio-nal, o projecto Gradouro considerou que a estratgia mais adequada para a rentabilizao dos desenvolvimen-tos cientficos e tecnolgicos seria a criao de uma marca comercial que tivesse como funo ser uma marca demonstradora de tecnologias e si-multaneamente uma marca de pene-trao nos mercados. Nesta medida, o projecto j deu origem a uma spin-off da Universidade do Minho, e est a estruturar-se para entrar no mercado atravs da marca GradOr (www.gra-dorjewels.com).

    PROJECTO GRADOUROINOVAO TECNOLGICA QUE VALE OURO> Por Filipe Samuel Silva, Professor Catedrtico, Coordenador do Projecto Gradouro

    e Director do Departamento de Engenharia Mecnica da Universidade do Minho

    A ambio da nova marca afirmar-se comercialmente a nvel internacional, tal o como projecto Gradouro j o fez relativamente investigao e ao de-senvolvimento. Neste sentido, a marca GradOr tem como objectivo uma rpida internacionalizao, servindo de guarda-chuva estratgico para um conjunto de empresas que queira apostar, de forma coerente e sustentvel, na sua presena e afirmao em vrios mercados mundiais.

    No sentido de promover o sector, no territrio nacional, e para alm de ter participado e de participar regularmente em iniciativas de apoio ao sector, como o caso da feira Ourindstria, em Gon-domar, ou da feira Portojoia, em Mato-

    sinhos, o projecto Gradouro organizou, em 2012, a 1 Conferncia Ibrica de Ourivesaria (http://www.ct2m.uminho.pt/IJC/), que contou com a presena de mais de 140 inscritos e que foi a maior confernca do gnero alguma vez rea-lizada em Portugal. O evento contou com as escolas, associaes e outros actores da ourivesaria, incluindo repre-sentantes do sector vindos de Espanha, Itlia, Reino Unido e Brasil, entre outros.

    Este evento dever ter a sua 2 edi-o, em 2014, onde se pretende levar a cabo um grande concurso de design que possa ser um espao de afirmao quer das nossas tecnologias quer dos nossos designers. A unio de esforos

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    Portugalglobal // Setembro 13 // 21

    fundamental para a afirmao interna-cional do sector e o projecto Gradouro quer estar na vanguarda deste esfor-o. (www.gradouro.dem.uminho.pt), (www.santafesymposium.org).

    Em matria de desenvolvimento de tec-nologias, o projecto j desenvolveu vrias que originaram diferentes coloraes de ouro ou diferentes texturas, desenvol-vendo ou recorrendo a tecnologias tais como sinterizao de ps compsitos, tecnologias de fundio incrementais, revestimentos funcionais, entre outras, dando origem a efeitos estticos muito interessantes e distintos do comum, per-mitindo assim que os criadores de moda, em joalharia/ourivesaria, possam desen-volver produtos novos com renovados apelos ao sentido esttico dos clientes. Nesta rea de aplicao e desenvolvi-mento, o projecto possui cinco patentes.

    de realar que as novas tecnologias permitem, talvez como nunca, aliar a inovao dos materiais e tecnologias a aspectos culturais e tradicionais dos povos, e neste caso, em particular do povo portugus, dando origem a pro-dutos esteticamente inovadores.

    Prova disso so os trs prmios, con-quistados a nvel internacional, no-meadamente o prmio Research Award, o prmio Applied Engine-ering Award e o prmio Honorary Ambassador of the Santa Fe Sympo-sium on Jewelry Manufacturing Tech-nology, atribudos pelo maior e mais reputado simpsio mundial ligado s tecnologias e materiais usados em jo-alharia, e onde figuram empresas to diversas como, na rea tecnolgica, a empresa Mistubishi ou a empresa Kerr, entre outras bem conhecidas do sector joalheiro como Cartier, Swatch, Rolex e H.Stern.

    O projecto Gradouro tem sido convida-do, ano aps ano, a apresentar as suas inovaes em vrios pases, no somen-te nos EUA mas tambm em Itlia, Espa-nha, Alemanha, Dubai, entre outros. A razo destes convites tem que ver com a nossa reconhecida capacidade de ino-vao e desenvolvimento tecnolgicos. Exemplo disso o nosso mais recente projecto, que se iniciou este ano e que

    consiste no desenvolvimento de uma tecnologia, inovadora a nvel mundial, que permitir a criao de peas feitas em diversos tons de cores de ouro e/ou de cermicos e a obteno de novas tex-turas. Este desenvolvimento baseia-se numa tecnologia de sinterizao direc-ta, por laser, de diversos metais e cer-micos, de forma simultnea, que teve o apoio da FCT-Fundao para a Cincia e Tecnologia e que mereceu o apoio de cerca de meio milho de euros.

    Estes cermicos, conhecidos como ce-rmicos tcnicos (zircnia, carboneto de tunsgstnio, etc.), tm propriedades ex-cepcionais de resistncia ao desgaste, corroso, fractura, etc, proporcionando s peas caratersticas de um material nobre, tal como o ouro, e permitindo tambm reproduzir numa escala milim-trica (dimenso das peas de ourivesaria) padres que s so possveis de executar noutras escalas, tais como as caladas portuguesas ou os azulejos portugueses, que so uma riqueza da nossa cultura.

    Este projecto desenvolvido em parce-ria pela Universidade do Minho, pelo Instituto Politcnico de Leiria e pela Fa-culdade de Medicina Dentria da Uni-versidade de Lisboa. O projecto aplica-se no somente rea de joalharia mas tambm rea dentria, de prteses, e outras aplicaes na rea da sade.

    Para alm deste desenvolvimento, o projecto Gradouro mantm actual-mente outras linhas de investigao em outras tecnologias que brevemen-te sero apresentadas, na forma de pea final, ao pblico. Durante a feira Portojoia 2013, a realizar em finais de Setembro de 2013, sero apresenta-das as primeiras coleces que pode-ro ser adquiridas pelas ourivesarias em Portugal.

    GRADOUROUniversidade do MinhoCentro de Tecnologias Mecnicas e de Materiais (CT2M)

    Prof. Filipe Samuel SilvaTel.: +351 253 510 254

    [email protected]

    www.dem.uminho.pt

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    // Setembro 13 // Portugalglobal22

    A criatividade e o design so dois temas que j fazem parte do lxico da gesto empresarial, tanto mais que no actual panorama de globalizao, a diferen-ciao tornou-se fundamental para a competitividade das empresas. Neste sentido, a formao levada a cabo por instituies de ensino crucial para

    AFFAIRE JEWELLERYA EXCELNCIA DA QUALIDADE EM JOALHARIA> POR FARINHA GONALVES, FUNDADOR E DIRECTOR DE MARCA, E ELISABETE DOS SANTOS,

    FUNDADORA E DIRECTORA CRIATIVA

    A AFFAIRE Jewellery uma jovem marca portuguesa que se dedica criao de joias para um segmento mdio/alto e alto. Os seus criadores Elisabete dos Santos e Farinha Gonalves procuram surpreender com coleces alternativas de look distinto e diferenciado, combinando a porcelana com materiais como o ouro ou pedras preciosas, e utilizando tcnicas tradicionais de produo e inovaes desenvolvidas nas suas oficinas. Cada joia nica e produzida artesanalmente, reflectindo a excelncia da qualidade e a originalidade na combinao dos diferentes materiais.

    que novas ideias possam ser testadas antes de se lanarem no mercado.

    O que so hoje as marcas AFFAIRE Jewellery e Whitemans foi an-tes testado em ambiente de ensino como a ESAD - Escola Superior de Artes e Design (Escola do Institu-

    to Politcnico de Leiria) onde os fundadores destas marcas, que hoje desenham e produzem jias e com-ponentes para joalharia, iniciaram o projecto ainda enquanto estudantes, o que mostra que as instituies de ensino so uma espcie de incuba-doras de futuras empresas em que

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    Portugalglobal // Setembro 13 // 23

    a consultoria, a diversos nveis, est sempre presente atravs do amplo nmero de professores disponveis.

    Depois dos resultados dos primeiros testes de design e de produo no final do percurso acadmico e motivados pelas novas e diferentes opes que seriam possveis na conjugao de di-ferentes materiais, Elisabete dos Santos e Farinha Gonalves direccionaram as competncias adquiridas para a criao de um projecto mais intimamente liga-do ao mundo da joalharia. Foi a juno do mais fino dos materiais cermicos, a porcelana, com os metais nobres e pe-dras preciosas que se apresentou como o ponto de diferenciao e criatividade que se procura actualmente num mer-cado competitivo e global.

    O que inicialmente era visto como apenas uma futura empresa de design de joias rapidamente se alterou para o desenvol-vimento integral de todos os processos. A dificuldade em encontrar produtores que possussem a delicadeza e conhecimento para desenvolver os designs criados levou a uma mudana de estratgia de modo a incluir no s a parte de design mas tam-bm a unidade produtiva.

    Fundaram primeiramente a AFFAIRE Jewellery de modo a apresentar aos amantes da joalharia artigos produzidos de forma maioritariamente manual, com design diferenciado e onde a personaliza-o das jias para os seus clientes atravs do design e produo nicas, sempre foi um dos focos principais da marca.

    medida que o projecto se desenvol-via a necessidade de encontrar solues inovadoras na conjugao dos diversos materiais ia ganhando relevncia. A op-timizao dos processos produtivos, o melhoramento de solues de produo e da capacidade de resposta s necessi-dades criadas pela procura, fez com que em Maro de 2013 fosse fundada a Whi-temans. A marca fornece os servios de produo e servios de design para ou-tras empresas e possui ainda a sua linha clssica e mais acessvel de jias para um mercado global e exigente.

    Foi tambm este conceito de mercado global que moldou o modo de traba-

    lho desde o incio de ambas as marcas. Os primeiros passos foram dados com a deciso de investimento em presenas in-ternacionais nas feiras de Londres, Milo e Paris e s posteriormente em Portugal. Neste momento j fornecem empresas externas podendo ver os seus componen-tes de porcelana e metal em projectos de outras marcas e preparam para este ano de 2013 a entrada das suas joias e servi-os nos mercados russo e alemo.

    AFFAIRE JEWELLERYAvenida Rodrigues de Freitas, 2044000-416 PortoPortugal Rua Bela vista Graa n27, Loja 311170 - 054 LisboaPortugal Tel.: +351 220 993 934

    [email protected]

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    // Setembro 13 // Portugalglobal24

    Entre os enormes desafios que o sector tem pela frente, um deles a internacio-nalizao e o aumento das exportaes. Tendo presente este contexto, a Porto-joia vai realizar uma aco de Encontro de Negcios, cujo objectivo criar rela-es comerciais que potenciem neg-cios nomeadamente nos mercados da Rssia, Polnia, Ucrnia, Cazaquisto, Republica Checa e Bielorrssia.

    PORTOJOIA 24 ANOS DE BONS NEGCIOS>POR AMLIA MONTEIRO, DIRECTORA DA PORTOJOIA

    Em 24 anos consecutivos, a PortoJoia tem vindo a confirmar junto dos seus visitantes profissionais as vantagens de reunir, num s local e num perodo de tempo definido, uma amostra to significativa da procura e da oferta do sector da ourivesaria e da joalharia.

    tecnolgicos, imprensa especializada e meios de comunicao social gene-ralistas, a PortoJoia assegura um enfo-que em targets de mercado bem de-finidos e uma excelente relao entre o custo e o benefcio, atributos parti-cularmente relevantes para as peque-nas e mdias empresas. Refira-se que cerca de 54 por cento dos contactos aqui efectuados acabam por resultar

    centra no Grande Porto mais de 70 por cento da sua massa produtiva.

    E porque esta feira extravasa o palco da troca comercial, temos vindo a apostar fortemente no incentivo qualidade da formao, sendo disso exemplo a 9 edio do Prmio PortoJoia Design que desafia os estudantes de design de joias e os formandos de cursos de ourivesaria a concorrerem com peas originais da sua autoria. Esta iniciativa aproxima os ainda estudantes ao mer-cado de trabalho, j que, ao mesmo tempo que revela novos talentos, mos-tra ser uma plataforma de ligao entre o mundo formativo e o empresarial.

    Paralelamente, a PortoJoia reflecte, tambm, uma crescente orientao do sector para a inovao e a adopo do design na concepo das peas, tendo para o efeito criado o Espao Escola com o objectivo de aproximar as esco-las das empresas expositoras, no s atravs da divulgao dos respectivos programas de formao, mas tambm atravs da prtica, mostrando como se aplicam e cruzam tcnicas ancestrais e inovadoras na fabricao de joias de adorno pessoal e peas decorativas.

    PORTOJOIAEXPONOR - Feira Internacional do Porto

    Av. Dr. Antnio Macedo - Lea da Palmeira4454-515 Matosinhos - PortugalTel.: +351 808 30 1400Fax: +351 229 981 482

    [email protected]

    [email protected]

    Esta iniciativa uma forma de divulgar a nossa competitividade, inovao e design, representando uma plataforma de networking e de afirmao e valori-zao de produtos e marcas portugue-sas. Neste sentido pretendemos alargar o espao de negcios a estes mercados mais alternativos, com os quais ainda no temos grandes tradies comer-ciais, mas que representam no entanto uma oportunidade de negcio para os nossos empresrios.

    Ao envolver associaes sectoriais, instituies de investigao, centros

    em vendas reais, o que reflecte uma elevada taxa de sucesso.

    A importncia da PortoJoia fulcral para o sector a nvel nacional, mas no podemos deixar de salientar que a sua relevncia particularmente sentida no Norte do pas, onde se localizam mais de 80 por cento das empresas num uni-verso de 846 fabricantes em todo o pas que so responsveis por um volume de negcios anual de cerca de 190 milhes de euros. A localizao da feira na Ex-ponor , assim, de extrema importncia para esse universo empresarial que con-

  • EMPRESAS

    // Setembro 13 // Portugalglobal26

    A Garland uma das principais com-panhias de transporte, logstica e dis-tribuio existentes em Portugal, onde, desde 1776, tem investido de forma regular procurando responder s ne-cessidades dos seus clientes.

    O Grupo constitudo por 11 empresas e tem redes de parceiros em todos os pontos do mundo e investimentos em Inglaterra, Chile e Colmbia. com o lema All in one world que fornece ser-vios de transporte e logstica em todo o mundo, com uma fcil adaptao aos requisitos dos clientes e uma resposta rpida s suas necessidades, ao qual se junta um servio personalizado de apoio ao cliente. A empresa consegue dar to-das as solues, desde a importao at exportao, onde faz recolha nas f-bricas, armazenagem e distribuio dos

    produtos pelo mundo inteiro. Por exem-plo, na Europa faz rotas terrestres dirias para as principais capitais europeias.

    A histria da empresa em Portugal re-monta ao sculo XVIII quando o navio do mercador ingls Thomas Garland, que fazia o caminho entre o Canad e Inglaterra, foi apanhado por uma forte tempestade que fez com que fosse des-viado para o porto de Lisboa. No barco transportava bacalhau que vendeu na capital portuguesa. Alguns meses de-pois enviou o seu filho Joseph para abrir um escritrio de importao e venda de bens alimentares em Portugal.

    Fundada em 1776, a Garland comeou com o negcio da navegao, uma ofer-ta que ainda mantm uma importante quota nos dias de hoje e que, em 2009,

    chegou a toda a Amrica do Sul, Amrica Central, Canad, Mediterrneo, Norte de frica, Europa, Mdio Oriente e Extremo Oriente. Actualmente, d grande relevo ao tramping, tendo-se especializado no atendimento de navios de granis slidos e lquidos. Tem uma equipa em cada por-to para contactar as entidades e tratar da movimentao da carga de forma rpida e eficaz. Oferece ainda agenciamento de pacotes de atendimento que vo desde a simples recepo do navio operao mais complexa e fretamento dos navios mais modernos do mercado, em associa-o com uma rede mundial de brokers. Recorde-se que nos primeiros tempos, fazia embarques de vinho do Porto na regio do Douro.

    A empresa foi diversificando a sua rea de negcio no nosso pas, ao longo

    GARLANDAPOSTA SEGURA EM PORTUGALFoi por acaso que a Garland atracou em Lisboa, h mais de 200 anos, mas hoje o grupo tem um investimento slido em Portugal com uma rede de parcerias em todo o mundo. Presente na navegao, logstica, transitrios e pneus, no seguimento de uma estratgia de diversificao de negcio, a Garland est atenta ao mercado internacional e pretende intensificar a sua presena em vrios mercados, nomeadamente nos PALOP.

  • EMPRESAS

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    dos tempos, tendo iniciado operaes de transitrios por altura da II Guerra Mundial. No que a este negcio diz res-peito, a empresa reala a aquisio, em 2005, da CONTIR, numa transao que permitiu complementar outros dos ser-vios da companhia, j que conseguia dar cobertura terreste a toda a Europa. Por esses dias, foram tambm desen-volvidos os servios de carga area e martima com a sia e a China.

    Outro dos actuais ramos de actividade da Garland a dos pneus, negcio que comeou com o incio de relaes entre o Grupo e a Dunlop, em 1964, e que culminou com a nomeao da Garland Laidley (anterior designao da empre-sa), quatro anos depois, como distribui-dor exclusivo dos pneus Dunlop para o

    GarlandEscritrios em Lisboa: Tv. Corpo Santo, 10 - 2 -1200 - 131 LisboaTel.: +351 213 211 320Fax: +351 213 466 224

    www.garland.pt

    e a Sua e vice-versa. Este servio foi criado com o intuito de satisfazer as cada vez mais exigentes necessidades de transportes eficientes no que res-peita ao controle da temperatura das mercadorias transportadas, permitin-do que os clientes tenham informao sobre a mesma em qualquer momen-to da viagem, explica a mesma fonte. Que acrescenta que este servio visa ir ao encontro dos padres de qualidade elevados exigidos em diversos sectores, nomeadamente na indstria alimentar e bebidas e farmacutico.

    No nosso tipo de negcio a qualida-de dos servios que nos distingue dos concorrentes, bem como as relaes humanas. So essas relaes humanas que originam a qualidade dos nossos servios. Se as pessoas esto satisfei-tas no trabalho, do o seu melhor aos clientes, afirma Bruce Dawson, admi-nistrador da Garland.

    A Garland tem clientes nas mais varia-das reas de negcio e o Centro Logs-tico da Maia (CLM) um investimento de 8 milhes efectuado em Janeiro de 2012 bem revelador dessa diversi-dade. Refere a mesma fonte que, neste momento, o CLM um elo importan-tssimo na cadeia de distribuio das coleces Hugo Boss, Terre Bleue (em-presa belga de moda infantil) e Russell Athletic. Para responder s necessida-des especficas das empresas de moda, foi criada a Fashion Logistics, do Grupo Faxion, a maior rede de distribuio de moda da Europa, que conta com ser-vios de armazenagem, pendurados e artigos de moda.

    Em 2012, o grupo Garland facturou 82 milhes de euros, valor que prev aumentar este ano em 5 por cento. A empresa aumentou tambm o nmero de colaboradores que passou de 287 no ano passado para 315 actualmente.

    blagem de componentes. A Garland Logstica prepara encomendas para todo o mundo e a faz distribuio tanto a nvel nacional como interna-cional, assentando todos os seus pro-cessos na flexibilidade. Investiu ainda num WMS (Warehouse Management System), uma tecnologia avanada no negcio logstico.

    Neste momento, a perspectiva conti-nuar a crescer, com base numa equipa nova mas com experincia na rea.

    Estratgia de internacionalizaoQuanto internacionalizao do grupo, e segundo fonte da empresa, a Garland continua atenta ao mercado internacio-nal e, centrando a sua ateno na inova-o e pesquisa de novas oportunidades,

    mercado portugus. Cerca de 20 anos depois, a Garland Laidley atingiu a po-sio de maior distribuidor europeu de pneus Dunlop.

    De referir que a imagem da companhia mudou em 2006, por ocasio das co-memoraes dos 230 anos, ficando apenas com o nome Garland. Um ano mais tarde, foi estabelecida a Garland Transportes para controlar e gerir a ca-mionagem internacional do Grupo.

    Por ltimo, surge a Garland Logstica, em 1998, que disponibiliza actual-mente cerca de 30.000 m2 de rea de armazenagem, que para alm da pr-pria armazenagem, prepara encomen-das, distribui e efectua vrios servios de valor acrescentado, tais como eti-quetagem, reembalamento e assem-

    est a intensificar a presena nos PALOP. Assim, estabeleceu recentemente uma nova parceria em Moambique, que possibilitar garantir qualidade de ser-vio aos seus clientes quer ao nvel de despachos aduaneiros, quer ao nvel de transporte e logstica. Investiu.

    Por outro lado, mantm grandes inves-timentos na K-Line Portugal, PSL Freight Ltd (Reino Unido) e Anacondaweb (Chi-le) e continua a investir em segmentos de mercado especfico. Por exemplo, no Bulk (transporte de granis slidos e l-quidos), que tem vindo a registar cresci-mento ao longo dos ltimos anos.

    Mais recentemente iniciou um servio semanal especializado em temperatura controlada (cold chain) para cargas de grupagem e completas entre Portugal

  • MERCADOS

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    Mercado de grande dimenso e com uma economia principalmente suportada pelo sector dos hidrocarbonetos, a Arglia tem em curso um Plano Quinquenal (2010/2014) que, com um oramento de 280 mil milhes de dlares, abre um leque de oportunidades para a exportao e investimento portugueses.O forte incremento das exportaes nacionais para a Arglia , alis, revelador do interesse que este mercado desperta junto das empresas portuguesas, cuja presena no pas tem sido mais visvel no sector das obras pblicas e construo. Outros sectores, porm, merecem a ateno das empresas nacionais, com destaque para as tecnologias de informao e comunicaes, o ambiente, o agro-alimentar, os txteis-lar, o mobilirio, a metalomecnica e a distribuio. As anlises do Embaixador de Portugal em Argel, Antnio Gamito, e do director do escritrio da AICEP na Arglia, Joo Renano Henriques.

    ARGLIAUM MERCADO PRIORITRIO

  • MERCADOS

    Portugalglobal // Setembro 13 // 29

    Gostaria de comear por agradecer Administrao da AICEP ter escolhido o mercado da Arglia como capa da sua revista de Setembro de 2013, atestando desta forma a importncia deste mercado para as empresas portu-guesas, assim como as potencialidades que para elas encerra. Espero depois que o texto consiga ajudar e encorajar os operadores econmicos nacionais a porem a Arglia no seu radar de inte-resses. Sem a sua aco, os objectivos de desenvolvimento, aprofundamen-to e diversificao do relacionamento econmico e comercial bilaterais pros-seguidos pelo Embaixador de Portugal em Argel estaro sempre limitados.

    BREVE CARACTERIZAO DO AMBIENTE INTERNO E EXTERNO EM QUE SE INSERE A ACTIVIDADE DA EMBAIXADA/AICEPNum momento em que a maioria dos pases do Norte de frica atravessa um

    ARGLIAAQUI AO LADO! DESCUBRA ESTE MERCADOPOR ANTNIO GAMITO, EMBAIXADOR DE PORTUGAL EM ARGEL

    2010-2014 de 286 mil milhes de dlares americanos. Em muitos secto-res de actividade j so conhecidas as enormes estimativas de investimento at 2030. O objectivo o de desen-volver programas de diversificao da economia para diminuir a dependncia dos hidrocarbonetos e das importa-es. A frmula preferencial utilizada para o efeito passa pelo recurso a par-cerias. Atravs da criao de empresas mistas, onde a maioria do capital (51 por cento) argelino e a gesto en-tregue sociedade estrangeira, ficando esta obrigada a transferir tecnologias, a formar recursos humanos e a criar em-prego. As necessidades argelinas, pres-sionadas por uma populao de mais de 37 milhes de pessoas, so imen-sas e em todos os sectores. Apesar dos esforos do governo argelino para as satisfazer localmente, as importaes de bens e de servios continuaro a ser vitais para o desenvolvimento econ-mico e a estabilidade social do pas nos anos vindouros.

    A RELAO COM PORTUGALA relao com Portugal desejada e a vontade de a desenvolver, aprofundar e diversificar estratgica. Poucos pases assinaram, como ns em 2005, Trata-dos de Boa Vizinhana, de Amizade e de Cooperao com a Arglia. Outro exemplo. Apresentei as minhas cartas credenciais ao Presidente Bouteflika em 20 de Maro passado, 4 dias depois de ter chegado a Argel, facto nunca antes verificado e que, na minha opinio, pro-va bem o interesse do governo argelino no relacionamento com o nosso pas. Estas intenes foram alis reiteradas nos encontros que naquela ocasio tive com o Ministro dos Estrangeiros e o Pre-sidente argelinos. E mais tarde com mais 15 Ministros e outros altos funcionrios argelinos de diferentes reas. Posso as-

    perodo conturbado, a Arglia dispe de estabilidade poltica. A segurana ao n-vel domstico e das suas fronteiras, assim como a gesto das receitas provenien-tes da venda do petrleo e do gs, que permite garantir a paz social, subsidiar o consumo e lanar grandes programas de

    A relao com Portugal desejada e a vontade de a desenvolver, aprofundar e diversificar estratgica.

    Embaixador Antnio Gamito

    desenvolvimento multissectoriais, so os

    pilares de sustentao do Estado. O pas

    dispe de uma estrutura econmica maio-

    ritariamente pblica e burocratizada, a par

    de um tecido empresarial privado ainda

    incipiente, mas em forte crescimento.

    O governo argelino aprovou um plano

    quinquenal de desenvolvimento para

  • MERCADOS

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    sim afirmar que Portugal aqui consi-derado como fazendo parte de uma primeira diviso de pases.

    O enquadramento jurdico existente e em negociao, assim como as deslo-caes regulares de governantes dos dois pases, atestam uma maturidade relacional que no conhece contencio-sos e que tambm por isso dispe de bastante espao para crescer.

    A Arglia, pela proximidade geogrfi-ca (menos de duas horas de voo entre as duas capitais e 3/4 ligaes directas por semana), pela estabilidade interna, pelo poder de compra e investimento assente nas receitas com a venda do petrleo e gs que, repito, asseguram a paz social, subsidiam o consumo e fi-nanciam inmeros projectos de desen-volvimento multissectoriais, tem vindo a ganhar relevo no contexto das expor-taes e deslocalizaes portuguesas (mais de 300 empresas exportam para a Arglia e mais de 80 esto aqui ins-taladas). O governo argelino est a par desta situao e encoraja-a, reconhe-cendo as nossas capacidades e vanta-gens comparativas em certas reas, e preferindo parcerias, tcnicos e tecno-logias portuguesas.

    De acordo com as estatsticas do INE, as exportaes nacionais tm crescido regularmente nos ltimos anos (taxa de crescimento mdio anual de 26,1 por cento nos ltimos 5 anos), atingindo em 2012 o valor de 430 milhes de euros, o

    das nossas importaes de gs (Portugal compra Arglia menos de metade das suas necessidades) resultou j neste mo-mento num saldo da balana comercial positivo a nosso favor.

    DIVERSIFICAO DA COOPERAO E INICIATIVAS INSTITUCIONAISA poltica de diversificao da coopera-o que aqui prossigo, designadamente nos domnios da agricultura, TIC, ener-gia e minas, habitao e urbanismo, indstria, infra-estruturas desportivas, obras pblicas, pescas, recursos hdri-cos, transportes e turismo, no deixar de contribuir para abrir mais oportuni-dades a mais empresas nacionais para exportarem os seus bens e servios e para aqui se instalarem, beneficiando de um mercado de mais de 37 milhes de consumidores e da possibilidade de os canalizarem sem direitos para outros pases do mundo rabe.

    neste contexto que se torna funda-mental a realizao at ao final do ano em Argel do Grupo de Trabalho Eco-nmico Conjunto, a organizao da IV Cimeira bilateral, tambm em Argel,

    que colocou a Arglia como o 14 desti-no dos nossos bens e servios. O primei-ro semestre deste ano registou um au-mento significativo (mais 68,4 por cento do que em igual perodo de 2012), co-locando provisoriamente o pas como o 13 destino das exportaes nacionais. O efeito do aumento das nossas expor-taes, conjugado com a diminuio

    O enquadramento jurdico existente e em negociao, assim como as deslocaes regulares de governantes dos dois pases, atestam uma maturidade relacional que no conhece contenciosos e que tambm por isso dispe de bastante espao para crescer.

    Embaixador de Portugal em Argel com o Ministro argelino do Desenvolvimento Industrial da Promoo do Investimento, Amara Benyounes, e o ex-ministro dos Correios e das TIC, Moussa Benhamadi.

  • MERCADOS

    Portugalglobal // Setembro 13 // 31

    antes das eleies presidenciais de Abril de 2014 e, num futuro prximo, a visita de Estado do Presidente da Re-pblica Portuguesa, no seguimento da realizada pelo seu homlogo argelino a Lisboa em 2005. Estou absolutamente convencido de que o efeito conjugado da concretizao destes importantes eventos no deixar de alavancar os nossos interesses econmicos e empre-sariais crescentes no pas.

    DESTINATRIOS DA ACO DA EMBAIXADA/AICEP Do ponto de vista econmico e co-mercial, os destinatrios da aco da Embaixada/AICEP so o governo e ou-tras entidades pblicas argelinas, com quem dialogamos com vista ao desen-volvimento, aprofundamento e diversi-ficao da relao bilateral; as empre-sas pblicas ou privadas argelinas que procuram parcerias com congneres portuguesas e que desejam importar os seus bens e servios; as companhias na-cionais exportadoras ou instaladas no mercado argelino, a quem prestamos informaes, e para quem se identifi-cam, promovem e facilitam oportuni-dades de negcio; os cidados arge-linos requerentes de vistos Schengen para Portugal, onde se deslocam para negcios, a quem devemos dar um atendimento de qualidade e sem dis-criminao, assim como conceder res-postas com celeridade, captando para o nosso pas novos fluxos de natureza econmica e comercial; e os quadros e

    trabalhadores portugueses, residentes ou em circulao, prestando-lhes um servio de atendimento de qualidade e eficiente, e garantindo-lhes uma eficaz proteco consular.

    Por todas estas razes, defendo uma maior aproximao entre as empre-sas nacionais e os servios do Estado portugus em Argel. Tal atitude justi-fica-se para conhecermos a realidade macroeconmica e social do pas e as respectivas necessidades; para organi-zarmos melhor a oferta nacional, crian-do dimenso e promovendo de forma adequada os bens que produzimos e os servios que oferecemos; para cati-varmos de forma mais eficiente os de-cisores, pblicos e privados, e os ope-radores econmicos argelinos que aqui representam os interesses das empre-sas portuguesas, assim contribuindo para as credibilizar; e para aproximar Portugal dos argelinos e aumentar a nossa visibilidade no Arglia.

    CUSTOS DE CONTEXTOA relao com a Arglia tambm tem os seus custos de contexto. Sabemos que as instituies financeiras interes-sadas, por via dos crditos documen-trios, garantias bancrias ou outros instrumentos e mecanismos, devem estabelecer novos limites e novas fa-cilidades de apoio s empresas portu-guesas, potenciando a sua aco neste mercado. Sabemos que importante reduzir os custos com a legalizao de

    documentos necessrios, por exemplo, submisso de propostas no quadro de concursos pblicos. Sabemos que preciso pr em aplicao o acordo so-bre dupla tributao, que est a penali-zar as empresas nacionais, assim como terminar a negociao do acordo sobre segurana social. Sabemos que temos que combater medidas proteccionistas tomadas pelas autoridades argelinas e ultrapassar a burocracia local, estando, designadamente com a U.E., a tentar resolver este problema. Sabemos que necessrio continuar a trabalhar no

    sentido de se concluir um processo de facilitao de vistos a favor de portu-gueses e argelinos. Sabemos que relevante tornar mais cleres os repa-triamentos de capitais. Sabemos que a concorrncia que aqui enfrentamos grande e cada vez mais forte. Por isso, estamos a trabalhar com todas as enti-dades envolvidas para resolver as mat-rias referidas ou, pelo menos, reduzir o seu impacto no ambiente de negcios.

    Em suma, diria que entre as vantagens e as desvantagens existentes no merca-do argelino, as primeiras se sobrepem largamente s segundas. Por isso, con-vido os operadores econmicos e co-merciais portugueses a apostarem na Arglia como um pas de destino para os seus bens e servios. Estou, como toda a Embaixada/AICEP, vossa dis-posio e fico espera do vosso con-tacto ou visita em Argel. Como aqui se diz, shukrah (obrigado) e salam alaykum (a paz esteja convosco).

    A Arglia, pela proximidade geogrfica (), pela estabilidade interna, pelo poder de compra e investimento assente nas receitas com a venda do petrleo e gs que asseguram a paz social, subsidiam o consumo e financiam inmeros projectos de desenvolvimento multissectoriais, tem vindo a ganhar relevo no contexto das exportaes e deslocalizaes portuguesas.

  • MERCADOS

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    UM PARCEIRO IMPORTANTE>POR JOO RENANO HENRIQUES, DIRECTOR DO ESCRITRIO DA AICEP NA ARGLIA.

    A Arglia o maior pas africano em rea e conta com uma populao de cerca de 37 milhes. A sua economia a maior da regio do Magrebe e uma das mais importantes do continente africano, muito concentrada na produ-o de hidrocarbonetos, proporcionan-do um dos rendimentos per capita mais altos em frica (5.700 dlares).

    A economia argelina tem evidenciado um comportamento bastante favorvel ao longo dos ltimos anos, em resul-tado, fundamentalmente, do bom de-sempenho do sector do petrleo e do gs, que representa cerca de 70 por cento das receitas do Estado, 40 por cento do produto interno bruto (PIB) e 98 por cento das exportaes.

    Constituindo o sector dos hidrocarbone-tos o principal suporte da actividade eco-nmica do pas, todas as vertentes da vida econmica e social tm beneficiado da forte subida dos preos destes produtos. No entanto, a crise internacional tambm atingiu a Arglia e colocou em evidncia a forte dependncia da sua economia do sector oil & gas e a sua vulnerabilidade face a factores externos, particularmente aos preos internacionais.

    O aumento do preo do petrleo em 2010 permitiu apoiar os grandes pro-jectos de investimento e dinamizar o consumo, tendo-se verificado uma re-cuperao da actividade econmica da ordem de 3,4 por cento.

    Os diversos sectores da economia conti-nuaram a crescer, particularmente a cons-truo e as obras pblicas (representam 9 por cento do PIB), induzidos pelo ambicio-so programa de investimentos do gover-no em infra-estruturas e na construo de habitaes. Tambm o sector dos servios, que representa cerca de 23 por cento do PIB, evoluiu favoravelmente, beneficiando da melhoria verificada em termos de se-gurana interna, o que ajudou a alavancar o crescimento econmico do pas.

    rarem emprego (a taxa de desemprego em 2012 ultrapassou os 10 por cento), possam contribuir para uma substituio das importaes e um desenvolvimento mais rpido da economia argelina, que nos ltimos 5 anos j registou uma taxa mdia de crescimento significativa.

    nesse sentido que recentemente o go-verno argelino, atravs do seu Ministrio do Desenvolvimento Industrial e da Pro-moo do Investimento, abriu a possibili-dade a empresas estrangeiras, individual-mente ou em parceria com argelinas, de se candidatarem a projectos de desen-volvimento tecnolgico/industrial em 18 fileiras da indstria.

    Estas fileiras abrangem os mais diversos sectores da indstria argelina que se listam a seguir: Txteis e Confeces, Peles e derivados, Madeira e Mobilirio, Produtos Siderrgicos e Metalrgicos, Materiais de Construo, Cabos e Pro-dutos Elctricos, Produtos Electrnicos e Electrodomsticos, Produtos Farmacu-ticos e de Parafarmcia, Petroqumica e Qumica Industrial, Aeronutica, Mec-nica Automvel, TIC, Novas Tecnologias, Construo e Reparao Naval, Inds-tria Agroalimentar, Indstria e Sistemas de Transportes, Urbanizao, Tratamen-tos de guas e Lixos e Dessalinizao.

    As empresas estrangeiras interessadas nos referidos projectos beneficiaro de

    Apesar de ser um pas muito dependente do exterior e importador de todo o tipo de bens, o saldo proporcionado pelas suas significativas exportaes de gs e petrleo tem possibilitado uma acumu-lao excepcional de reservas em divisas que esto disponveis para sustentar um ambicioso plano de investimentos ora-mentado em 280 mil milhes de dlares Plano Quinquenal 2010/2014.

    Para a viabilizao desse Plano, as au-toridades argelinas contam com os in-vestidores estrangeiros para trazer o know-how de que o jovem pas tanto necessita, atravs da criao ou recu-perao de unidades de produo com parceiros locais que, para alm de ge-

    As oportunidades para as empresas portuguesas so vastssimas e nos mais variados sectores. Efectivamente, no estando a ainda incipiente indstria local em condies de responder significativa procura de uma populao de mais de 37 milhes, os bens de consumo e de equipamento so na sua maior parte originrios do exterior.

  • MERCADOS

    Portugalglobal // Setembro 13 // 33

    uma plataforma de assistncia, incen-tivos e acompanhamento, que integra representantes do Ministrio da Inds-tria, da ANDI (Agncia de Investimento sob sua tutela) e das organizaes pa-tronais e sindicais.

    Existem contudo alguns aspectos que as empresas estrangeiras e particular-mente as portuguesas devem tomar em considerao, com destaque para o grande peso do sector pblico na eco-nomia. Daqui resulta uma organizao centralizada e hierarquizada, limitativa da iniciativa privada, o que constitui um entrave de peso a um desenvolvi-mento mais rpido do pas e at actu-ao das empresas no terreno.

    Sempre que os departamentos do Estado ou as empresas pblicas pretendam ad-quirir bens ou servios de maior dimen-so, fazem-no atravs de Concursos Na-cionais ou Internacionais. Neste domnio, a procura dos cadernos de encargos tem vindo a aumentar por parte das nossas empresas, quer das exportadoras quer das instaladas na Arglia. Estes concursos so divulgados em Portugal atravs da AICEP e podem ser adquiridos e envia-dos directamente da sua representao em Argel para os interessados.

    No que respeita ao sector privado, ele dominado por alguns grupos mais centrados no agro-alimentar, na gran-de distribuio e no sector imobili-rio e hotelaria, assim como por PME. As empresas estrangeiras que quei-ram investir no sector privado devem preocupar-se em identificar parceiros de confiana. A Lei do Investimento estrangeiro obriga a que a maioria do capital das sociedades mistas seja de

    origem argelina (51 por cento / 49 por cento), apesar da gesto poder ser da responsabilidade do scio estrangeiro.

    OPORTUNIDADES DE NEGCIOApontadas as condicionantes do mer-cado, deve ser referido que, existindo as disponibilidades financeiras j men-cionadas e com tanto ainda por fazer, as oportunidades para as empresas portuguesas so vastssimas e nos mais variados sectores. Efectivamente, no estando a ainda incipiente indstria lo-cal em condies de responder signi-ficativa procura de uma populao de mais de 37 milhes, os bens de consu-mo e de equipamento so na sua maior parte originrios do exterior.

    E embora o sector de actividade onde tradicionalmente Portugal est mais presente seja o das obras pblicas e construo civil, quer atravs das suas empresas lideres em obras de grande envergadura como o Metro de Argel, quer atravs de exportaes de mate-riais, mquinas e equipamentos para o sector, existem outros onde o espao para penetrao enorme e h que apostar, como por exemplo as Tecnolo-gias de Informao e Comunicaes, o Ambiente, o Agro-alimentar, os Txteis-lar, o Mobilirio, a Farmacutica, a Me-talomecnica e a Distribuio.

    Entretanto de salientar uma vanta-gem importante para as empresas que pretendam vender para a Arglia: o ris-co financeiro das operaes de expor-tao mnimo, j que a legislao do pas determina que todas as importa-es sejam cobertas por carta de crdi-to irrevogvel, sem dvida uma eviden-te segurana para quem exporta.

    Em concluso, existindo uma relao institucional excelente entre os dois pa-ses e sendo o mercado argelino to de-pendente do exterior para satisfazer as necessidades da sua populao, esto reunidas as condies necessrias para que os empresrios portugueses apos-tem neste mercado vizinho do norte de frica, que est a menos de duas horas de Portugal, com trs ligaes areas se-manais directas entre Argel e Lisboa. A Arglia assim um pas prximo do nos-

    CONSELHOS TEIS S EMPRESAS

    Domnio do francs por parte dos seus representantes comerciais.

    Estudar a cultura de negcios do pas.

    Obteno prvia de informao sobre a organizao do sector de actividade/regio onde se pre-tende investir.

    Identificao dos parceiros, reu-nindo o mximo de informao sobre a sua idoneidade e peso no mercado.

    Racionalizar a logstica e o trans-porte das mercadorias.

    Clarificar os termos dos contratos com os operadores locais recorren-do a apoio jurdico se necessrio.

    Participar em Feiras e Misses sectoriais para ganhar visibilida-de da sua oferta.

    Visitar regularmente o mercado e manter contacto com a Embaixa-da / AICEP.

    Convidar os potenciais clientes a vi-sitar as suas unidades em Portugal.

    Escritrio da AICEP em Argel7, Rue Mohamed Khoudi, El-BiarB.P. 266 - 16035 Hydra ArgelARGELIATel.: +213 21 791 920Fax: +213 21 92 5313 / 791885

    [email protected]

    so e com um potencial de crescimento ao qual as nossas empresas no devero nem esto a ficar indiferentes.

    A evoluo recente das exportaes de Portugal para a Arglia, com um aumen-to de cerca de 70 por cento no primeiro semestre de 2013, um sinal inequvo-co de que estamos em presena de um mercado prioritrio e com reconhecido potencial de expanso para os produtos e empresrios portugueses.

  • MERCADOS

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    O Banco Espirito Santo (BES), no mbi-to de uma estratgia de apoio aos pro-cessos de internacionalizao dos seus clientes, seja em actividades ligadas exportao, seja nos seus projectos de investimento, criou uma Unidade espe-cializada em determinados mercados emergentes, designada Unidade Inter-national Premium (UIP), coordenada por Ricardo Bastos Salgado.

    A UIP um Departamento de vocao internacional que se encontra subdivi-do por Desks Internacionais Regionais lideradas por especialistas nas respec-tivas Regies frica, Amrica Latina, sia e Mdio Oriente, Europa de Leste, Norte de frica e Turquia.

    BES COM PRESENA NA ARGLIA

    A Desk Norte de frica, liderada por Elisa David, segue com especial relevo a Arglia, pas onde tem desenvolvido importantes relacionamentos com en-tidades pblicas e privadas. Este qua-dro directivo da UIP, tambm respon-svel pela Turquia, tem uma presena constante neste mercado desde 2006, acompanhando os interesses dos clien-tes do BES quer localmente quer a par-tir de Portugal.

    Neste contexto, o BES estabeleceu um Acordo de Partenariado com o primei-ro banco argelino, o Banque Exterieure dAlgrie (BEA) e relaes de privilgio com alguns outros bancos argelinos com quem trabalha diariamente, sobre-

    tudo em operaes de Trade Finance, actividade onde o BES tem uma quota de mercado de cerca de 30 por cento.

    Adianta Elisa David que o BES, em so-ciedade com o BEA, acaba de abrir ao pblico, em Argel, uma Sociedade de Leasing Luso-argelina, a ILA Ijar Le-asing, que tem o banco argelino scio maioritrio, correspondendo assim exigncia da lei argelina em vigor. A ILA uma empresa especializada exclu-sivamente em corporate e abrange os ramos mobilirio e imobilirio.

    At ao final deste ano estar em estu-do mais um projecto do BES na Arglia, de novo em sociedade com o BEA e nos mesmos moldes exigidos pela le-gislao argelina.

    O BES orgulha-se de poder contribuir para o reforo das histricas relaes existentes entre os dois pases e trazer u