PÓS-G P ADMINISTRAÇÃO · 2017-10-31 · ... Universo das Lojas que Utilizam Leitura Ótica ......
Transcript of PÓS-G P ADMINISTRAÇÃO · 2017-10-31 · ... Universo das Lojas que Utilizam Leitura Ótica ......
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS
INSTITUTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO
O PROCESSO DE AUTOMAÇÃO NO VAREJO BRASILEIRO E A UTILIZAÇÃO DE
INFORMAÇÕES PARA O GERENCIAMENTO DE ESTOQUES: UM ESTUDO DE CASOS
ADRIANE ANDRADE GODINHO NETTO
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
ORIENTADOR: PAULO FERNANDO FLEURY
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
1999
ii
O PROCESSO DE AUTOMAÇÃO NO VAREJO BRASILEIRO E A UTILIZAÇÃO DE
INFORMAÇÕES PARA O GERENCIAMENTO DE ESTOQUES: UM ESTUDO DE CASOS
ADRIANE ANDRADE GODINHO NETTO
Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em
Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre.
Aprovada por:
Profº Paulo Fernando Fleury, Ph.D. –Orientador
Coppead / UFRJ
Profº César Gonçalves Neto, Ph.D.
Coppead / UFRJ
Profº Carlos Alberto Hemais, Ph.D.
IMA / UFRJ
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
1999
iii
Netto, Adriane Andrade Godinho.
O processo de automação no varejo brasileiro e a utilização de
informações para o gerenciamento de estoques: Um estudo de casos /
Adriane Andrade Godinho Netto. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD,
1999.
ix, 118 p. il.
Dissertação – Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPEAD.
1. Automação Comercial. 2. Informatização do Varejo. 3. Tese (Mestr.
– UFRJ/COPPEAD). I. Título.
iv
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Fleury, meu orientador, pelos conhecimentos e experiências
compartilhados.
Aos professores César e Carlos Alberto, por terem aceito o convite para
participarem da banca e pelas contribuições ao trabalho.
Ao COPPEAD/UFRJ, que além do aprendizado sobre administração
possibilitou a realização desta tese.
Ao Luís Antônio, cujo exemplo, incentivo e apoio têm sido fundamentais para
as minhas realizações.
A todos aqueles que, apesar de não estarem citados, contribuíram enormemente
ao longo desta caminhada.
E, finalmente, aos meus queridos pais pelo amor e dedicação, sem os quais eu
nada seria.
v
RESUMO
NETTO, Adriane Andrade Godinho. O processo de automação no varejo brasileiro e a
utilização de informações para o gerenciamento de estoques: Um estudo de casos.
Orientador: Paulo Fernando Fleury. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 1999. Diss.
O trabalho teve por objetivo estudar, com base em três estudos de caso, a
automação comercial em empresas varejistas brasileiras, buscando identificar os
processos de implementação, as tecnologias utilizadas, e principalmente o uso das
informações geradas para o controle de estoques. Como embasamento conceitual o
estudo parte da literatura sobre as principais tendências, práticas e tecnologias
aplicadas pelos grandes varejistas mundiais no processo de automação, com ênfase
especial no gerenciamento de seus estoques. A análise da literatura serviu como base
de comparação para os avanços observados nas empresas varejistas brasileiras, ao
longo do processo de automação. Os resultados do estudo identificam, nos casos
analisados, a existência de diferentes formas de desenvolvimento da automação, que
no entanto pode ser caracterizado como um processo evolutivo, que exige persistência
e geração de capacitação interna ao longo do tempo. Uma série de barreiras, tanto
culturais, como organizacionais dificultam o processo de implementação da
automação, destacando-se entre eles a resistência a mudanças e falta de indicadores de
desempenho que permitam avaliar de forma objetiva os custos e benefícios obtidos ao
longo do tempo. Embora as empresas estudadas tenham dado passos importantes no
processo de automação, ainda há um longo caminho a ser percorrido no sentido de
alcançar todos os benefícios indicados na literatura internacional.
vi
ABSTRACT
NETTO, Adriane Andrade Godinho. O processo de automação no varejo brasileiro e a
utilização de informações para o gerenciamento de estoques: Um estudo de casos.
Orientador: Paulo Fernando Fleury. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 1999. Diss.
The purpose of this dissertation was to study, based on three case studies,
the process of commercial automation on Brazilian retailing companies through the
identification of the implementation processes, the applied technologies and, last but
not least, the use of generated information in inventory management. As a theoretical
base, the study used the literature concerning the major trends, practices and
technologies used by major global retailers in the automation process, focusing in
inventories management. This analysis was the basis for comparison with Brazilian
retailers advances in the automation process. The study results identifies, in the given
case studies, several different ways of automation development. This can be described
as an evolutive process which needs perseverance and also internal capabilities
through time. Several barriers, cultural and organizational, harm the implementation
process of automation, mainly the change resistance and the lack of performance
indicators to assess, in objective way, the cost and benefits thorough time. Although
the studied companies had given some major steps in the automation process, there is
still a long road to reach the all the benefits shown in the international literature.
vii
LISTA DE SIGLAS
ADC : Automatic Data Collection - Coleta Automática de Dados
CAD : Computer Aided Design - Projeto Assistido por Computador
CRP : Continuous Replenishment Program – Programa de Reabastecimento Contínuo
EAN Brasil : Associação Brasileira de Automação Industrial
ECR : Efficient Consumer Response - Resposta Eficiente ao Consumidor
EDI : Electronic Data Interchange - Troca Eletrônica de Dados
OCR : Optical Character Recognition - Reconhecimento Óptico de Caracteres
PDV : Terminal de Ponto-de-Venda
POS : Point-of- Sale – Terminal de Ponto-de-Venda
QR : Quick Response - Resposta Rápida
RFID : Radio Frequency Identification - Identificação por Rádio Freqüência
SKU : Stockkeeping Unit - Unidade de Controle de Estoque
UCC : Uniform Code Council - Conselho de Unificação de Códigos
UPC : Universal Product Code - Código Universal de Produtos
viii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Estabelecimentos Automatizados ............................................................... 19
Quadro 2 - Benefícios: Fornecedores X Varejistas X Consumidores........................... 34
Quadro 3 - Dados sobre Investimentos em Estoque em Relação ao Total de Ativos* . 39
Quadro 4 - Paradigmas.................................................................................................. 44
Quadro 5 - Resumo – Início do Processo de Automação.............................................. 78
Quadro 6 - Resumo – Objetivos do Automação Comercial.......................................... 80
Quadro 7 - Resumo – Tecnologias................................................................................ 85
Quadro 8 - Resumo – Dificuldades Enfrentadas........................................................... 88
Quadro 9 - Resumo – Resultados Obtidos .................................................................... 90
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Indústria Varejista / Atacadista Americana .................................................. 10
Figura 2 - Universo das Lojas que Utilizam Leitura Ótica ........................................... 20
Figura 3 - EDI X Processos em Papel ........................................................................... 24
Figura 4 - Crescimento Anual Esperado de ADC até o Ano 2000................................ 26
Figura 5 - Efeito Bullwhip............................................................................................. 42
Figura 6 - Processo de Compras – Cia A ...................................................................... 62
Figura 7 - Processo de Compras – Cia B....................................................................... 68
Figura 8 - Processo de Compras – Cia C....................................................................... 75
x
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................1
1.1 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO .................................................................................2
1.2 OBJETIVO DO ESTUDO........................................................................................5
1.3 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO................................................................................5
2 REVISÃO DA LITERATURA..........................................................................................7
2.1 TENDÊNCIAS NO VAREJO ...................................................................................8
2.1.1 Movimentos no Varejo ..................................................................................8
2.1.1.1 Mudança do Poder .....................................................................................8
2.1.1.2 Internacionalização....................................................................................9
2.1.1.3 Aumento do Uso da Tecnologia de Informação.........................................9
2.1.1.4 Queda de Margens ...................................................................................11
2.1.1.5 Aumento da Eficiência .............................................................................11
2.1.1.6 Novos Formatos de Varejo.......................................................................11
2.1.1.7 Compras Interativas.................................................................................13
2.1.2 Varejo no Brasil...........................................................................................13
2.1.2.1 O Atraso ...................................................................................................14
2.1.2.2 A Reestruturação......................................................................................15
2.1.3 A Automação do Varejo Brasileiro .............................................................18
2.1.3.1 Potencial de Mercado ..............................................................................18
xi
2.1.3.2 Investimentos............................................................................................20
2.2 NOVAS TECNOLOGIAS E PRÁTICAS GERENCIAIS ..............................................21
2.2.1 Novas Tecnologias ......................................................................................21
2.2.1.1 Terminais de Ponto-de-Venda (PDV) ......................................................22
2.2.1.2 Troca Eletrônica de Dados (EDI) - Electronic Data Interchange..........23
2.2.1.3 Redes de Comunicação - Communications Networks..............................25
2.2.1.4 Coleta Automática de Dados (ADC) - Automatic Data Collection ........25
2.2.2 Novas Práticas Gerenciais ...........................................................................29
2.2.2.1 Resposta Eficiente ao Consumidor (ECR) – Efficient Consumer
Response ................................................................................................................30
2.2.2.2 Gerência de Categorias de Produtos - Category Management...............31
2.2.2.3 Programa de Reabastecimento Contínuo (CRP) - Continuous
Replenishment Program ........................................................................................31
2.2.2.4 Resposta Rápida (QR) - Quick Response................................................32
2.3 BENEFÍCIOS DA AUTOMAÇÃO DO VAREJO .......................................................34
2.4 O PAPEL DOS ESTOQUES NO VAREJO...............................................................38
2.4.1 Importância dos Estoques............................................................................38
2.4.2 Gerenciamento dos Estoques Hoje ..............................................................41
2.4.2.1 Estoques na Cadeia de Suprimento .........................................................41
2.4.2.2 Estoques no Varejo...................................................................................44
xii
2.5 RESUMO...........................................................................................................46
3 METODOLOGIA...................................................................................................49
3.1.1 O Método de Estudo de Caso ......................................................................50
3.1.2 Escolha dos Casos .......................................................................................51
3.2 LIMITAÇÕES.....................................................................................................51
3.2.1 Limitações do Método .................................................................................51
3.2.2 Limitações Decorrentes da Dificuldade de Acesso a Dados .......................52
3.2.3 Limitações Decorrentes das Percepções do Pesquisador ............................52
3.3 DADOS E INSTRUMENTOS.................................................................................52
3.4 PERGUNTAS DE PESQUISA ................................................................................53
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS CASOS ..................................................................56
4.1 DESCRIÇÃO DOS CASOS ...................................................................................57
4.1.1 Cia A............................................................................................................57
4.1.1.1 Características Gerais .............................................................................57
4.1.1.2 Processo de Automação ...........................................................................57
4.1.1.3 Setor de Vestuário ....................................................................................60
4.1.1.4 Processo de Compras...............................................................................61
4.1.1.5 Controle de Estoques ...............................................................................63
4.1.2 Cia B............................................................................................................64
4.1.2.1 Características Gerais .............................................................................64
xiii
4.1.2.2 Processo de Automação ...........................................................................64
4.1.2.3 Setor de Vestuário ....................................................................................66
4.1.2.4 Processo de Compras...............................................................................66
4.1.2.5 Controle de Estoques ...............................................................................68
4.1.3 Cia C............................................................................................................70
4.1.3.1 Características Gerais .............................................................................70
4.1.3.2 Processo de Automação ...........................................................................70
4.1.3.3 Setor de Vestuário ....................................................................................73
4.1.3.4 Processo de Compras...............................................................................73
4.1.3.5 Controle de Estoques ...............................................................................75
4.2 ANÁLISE DOS CASOS........................................................................................77
5 CONCLUSÕES ............................................................................................................93
5.1 CONCLUSÕES DO ESTUDO ................................................................................94
5.2 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS ...........................................................99
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................101
ANEXO ...........................................................................................................................111
1
1 INTRODUÇÃO
2
1.1 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO
O varejo tem passado por profundas transformações em função das
mudanças que vem ocorrendo no ambiente econômico e tecnológico. No passado, os
estabelecimentos comerciais eram caracterizados por pequenas mercearias que
ofereciam um limitado número de itens e onde o próprio dono tomava todas as
decisões de compras, vendas e controle de estoques, baseado nas preferências dos seus
clientes, os quais, na maioria das vezes, conhecia pessoalmente.
Com o passar dos anos e o surgimento de novos conceitos de varejo como as
lojas de departamento e os supermercados, os estabelecimentos comerciais tornaram-
se maiores e com exigências bem diferentes. Os clientes começaram a ter um papel
bem mais ativo, com necessidades mais difíceis de serem satisfeitas. A variedade de
mercadorias e, consequentemente, o número de itens ampliaram-se substancialmente
para atender às novas exigências dos consumidores, aumentando drasticamente a
complexidade das atividades.
Em decorrência do aumento no número de itens e da diminuição do ciclo de
vida dos produtos, a tarefa de gerenciar estoques tornou-se mais crítica e complexa.
Hoje, mais do que nunca, as empresas têm que se preocupar com a busca dos melhores
trade-offs entre níveis de serviço e investimentos em estoques. Altos volumes de
estoque aumentam os custos, consomem capital que poderia ser investido em outras
atividades, e acabam reduzindo indiretamente a margem de ganho na venda de
mercadorias - uma vez que os varejistas são forçados a remarcarem os preços para se
livrarem de estoques obsoletos.
Por outro lado, dada a importância de satisfazer os clientes, as empresas têm
procurado evitar ao máximo a falta de itens nos seus estoques. A falta de um produto
muitas vezes pode levar não só a perda da venda de um item, como até mesmo do
cliente, e, consequentemente, a prejuízos futuros ainda maiores.
Graças à queda no custo da informação, muitas empresas conseguiram se
modernizar e passar a contar com ferramentas que facilitam o controle de estoque e a
3
identificação de produtos, tornando possível um gerenciamento eficaz apesar do
constante aumento da complexidade das atividades. Por exemplo, o custo médio, de
uma caixa registradora em 1989 girava em torno de 10 mil dólares, já em 1996 um
equipamento completo de terminal de ponto-de-venda (PDV) custava entre 4 e 5 mil
dólares.1
A automação surge no varejo como uma importante ferramenta capaz de
captar, armazenar, transmitir e analisar grandes quantidades de dados. A facilidade de
acesso aos dados possibilita aos varejistas um melhor entendimento das preferências e
hábitos dos seus clientes. Permite ainda que ofereçam melhores serviços, pois, com o
conhecimento das preferências de seus clientes, os varejistas poderão oferecer um
sortimento mais adequado em suas lojas.
A coleta de dados nos terminais de ponto-de-venda, usando tecnologia de
leitura ótica já é bastante comum no varejo. Essa tecnologia não se encontra apenas
nas grandes cadeias dos países desenvolvidos, como também já faz parte da realidade
dos pequenos varejistas de países menos desenvolvidos. A sua utilização torna-se, a
cada dia, mais presente na realidade do varejo e o volume de dados coletados atinge
grandes proporções. Segundo a EAN, o número de produtos codificados aumentou de
3.200 em 1989 para cerca de 500.000 em 1999. O fato é que os dados obtidos por
sistemas de ponto-de-venda, quando transformados em informação significativa,
tornam-se importantes fontes de ganhos de eficiência e vantagem competitiva.
Desde que corretamente utilizada, a automação do ponto-de-venda pode ser
considerada uma arma poderosa para melhorar substancialmente o gerenciamento do
sortimento e dos estoques. O maior problema consiste no fato de, muitas vezes, os
dados não serem transformados em informações, ou as informações geradas não serem
efetivamente utilizadas. Muitas empresas, apesar de automatizadas, acabam coletando
os dados e até gerando relatórios mas não conseguem transformá-los em informação
1 NOVAES, L.F.C. A automação ao alcance de todos. Revista Tecnologística. P. 44, Jun. 1996.
4
relevante, devido a falhas no processo de implementação, a questões internas à
empresa como resistências culturais e a falta de know how.
5
1.2 OBJETIVO DO ESTUDO
Este estudo pretende entender o processo de implementação da automação
comercial no varejo brasileiro buscando identificar os diferentes estágios que as
empresas se encontram no Brasil. Espera comparar a evolução de grandes varejistas
mundiais com os avanços que algumas empresas varejistas brasileiras tiveram ao
longo do processo de automação. Também visa identificar as mais novas tecnologias e
práticas gerenciais e verificar se estão sendo utilizadas pelo varejo brasileiro.
Quanto ao processo de automação, espera-se compreender a forma de
desenvolvimento, os principais obstáculos enfrentados e as variáveis consideradas
mais importantes pelas empresas para sua continuidade. Pretende ainda observar a
extensão do uso das informações geradas no ponto-de-venda para gerenciamento de
estoques, identificar quais os principais motivos que têm levado à sub-utilização dos
dados coletados e se existe consciência por parte dos executivos do potencial não
aproveitado.
Para tanto foram realizados três estudos de caso no segmento de vestuário.
A escolha deste segmento como foco do estudo se deve a complexidade resultante do
curto ciclo de vida, custo e ampla variedade de SKUs, o que torna o controle de
estoques deste segmento ainda mais complexo.
1.3 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO
Para alcançar os objetivos citados o estudo foi organizado da seguinte
forma:
No capítulo inicial é feita uma introdução ao tema. Procura-se apresentar o
papel da informação no novo cenário do varejo, os objetivos e a importância do estudo
dentro deste cenário.
6
O segundo capítulo apresenta a revisão da literatura que aborda as principais
idéias relacionadas ao estudo segundo a visão de diversos autores.
O terceiro capítulo apresenta o método de pesquisa adotado, enfatizando sua
adequação, suas características e limitações. Nele são apresentadas as perguntas de
pesquisa que serão respondidas no capítulo seguinte.
No quarto capítulo encontra-se a descrição dos casos estudados e as
respostas de cada uma das perguntas de pesquisa, respondidas a partir da análise dos
casos.
No quinto e último capítulo são apresentadas as conclusões da pesquisa e
sugeridas pesquisas futuras com base, tanto no referencial teórico, como na
interpretação dos dados coletados.
Em anexo, encontra-se o roteiro utilizado para guiar as entrevistas realizadas
nas empresas.
7
2 REVISÃO DA LITERATURA
8
2.1 TENDÊNCIAS NO VAREJO
“Hoje, mais do que nunca, o varejista tem que conhecer sua
mercadoria, onde ela está, como obtê-la, quando distribuí-
la - tem que conhecer seus consumidores, quem eles são, o
que estão comprando e como estão pagando”
Retail... (1997, p.1)
2.1.1 Movimentos no Varejo
Muitas mudanças vêm acontecendo no varejo nos últimos tempos. Ele vem
ganhando poder em relação a indústria manufatureira, assumindo novos formatos,
novas formas de negociação e abrangência.
Muitos autores têm procurado entender como o varejo mundial se
comportará nos próximos anos. Dentre as principais tendências identificadas temos:
2.1.1.1 Mudança do Poder
Observam-se grandes mudanças na forma através da qual as mercadorias e
serviços chegam ao consumidor. Os canais de distribuição, no passado, tendiam a ser
controlados por fabricantes e atacadistas. O papel do varejo era comprar mercadorias
entre aquelas oferecidas pelos atacadistas ou outros intermediários e vendê-las aos
consumidores. Naquela época, eram os fabricantes que decidiam quais mercadorias
estariam disponíveis, e, na maioria dos países, por qual preço elas seriam vendidas ao
público.
As empresas de varejo cresceram primeiramente localmente e depois foram
se expandindo para outras regiões, transformando-se em algumas das maiores
companhias mundiais, competindo ou até ultrapassando a indústria manufatureira em
9
termos de alcance global. Como exemplo, pode-se citar o Wal-Mart, um varejista de
massa norte-americano que consagrou-se pela liderança do varejo nos Estados Unidos,
tendo suas vendas maiores que as de seus fornecedores.
Enquanto no canal de suprimento tradicional os produtos eram
“empurrados” pelo produtor, no novo modelo eles passam a ser “puxados” pelos
consumidores. Os varejistas acabaram ganhando poder sobre a distribuição, não
apenas porque eles passaram a decidir os preços pelos quais os produtos são vendidos,
mas também porque as lojas individuais e empresas de varejo vêm se tornando
maiores e mais eficientes.2
2.1.1.2 Internacionalização
Nos anos 90, a concepção de varejo global tem se tornado uma realidade.
Segundo Miller (1997), o varejo está seguindo seus clientes e dólares ao redor do
mundo. A combinação do intuito de atender aos desejos dos consumidores, a
saturação dos mercados, as menores barreiras comerciais e a abertura das economias
da Ásia e América Latina, têm impulsionado os varejistas a se instalarem em
diferentes partes do mundo. A possibilidade de globalização levou a grandes varejistas
como Toys R Us, Wal-Mart, entre outros, a transformarem seus negócios em negócios
globais.2
2.1.1.3 Aumento do Uso da Tecnologia de Informação
Como as atividades do varejo se tornam cada dia mais complexas elas estão
cada vez mais dependentes de recursos computacionais. Os gráficos a seguir mostram
como vem aumentando o uso da tecnologia de informação nos últimos anos e a
tendência para os próximos anos.
2 REID, M. Change at checkout, The Economist, p. 1-9, 4 Mar.1995.
10
Figura 1
Indústria Varejista / Atacadista Americana
FONTE: REID (1995, p.5)
Verifica-se que a utilizaç
ao varejo aumentou de cerca de 3
1995, devendo atingir quase 80% n
Em cinco anos, de 1990 a
sistema Just-in-Time aumentou c
desacelerado a partir de 1995, es
recebidos por esse sistema se aprox
Outro grande aumento re
1990 apenas cerca de 20% dos pe
estes pedidos ultrapassavam os 50
2000.3
3 REID, M. Change at checkout, The Economist
s s
1990 92 95* 2000*
20
40
60
80
0
199
%
Source: The Ohio State Univers ity Reserch Study
Am try:
s e v
tocks arriv ing just-in-tim% de estoques chegandoem Just-in-time
ão de códigos de barras nos p
0% dos produtos em 1990 pa
o ano 2000.
1995, o volume de produtos
erca de 20%. Embora este
tima-se que no ano 2000 o
imará de 70%.
fere-se ao número de pedidos
didos eram feitos por via ele
%, devendo chegar ao patam
, p. 1-9, 4 Mar.1995.
0 92 95* 2000*
20
40
60
80
0
199
%
v e ndor orde rs% via eletronic data interchange
% de ordem de comprasia troca eletrônica de dados
tocks arriv ing with barcodeérica's retail/wholesale indus% de estoques chegando com
código de barras
rodutos que chegam
ra cerca de 70% em
recebidos segundo o
crescimento tenha
volume de produtos
feitos via EDI. Em
trônica. Já em 1995,
ar de 60% no ano
0 92 95* 2000*
20
40
60
80
0
%
*Forecasts*Previsão
11
2.1.1.4 Queda de Margens
Em muitos países, a saturação do mercado e a pressão dos consumidores têm
forçado os varejistas a reduzirem suas margens. Acredita-se que a margem bruta
média do varejo americano em geral tenha caído, entre 1980 e 1995, cerca de 10
pontos percentuais.4
2.1.1.5 Aumento da Eficiência
Os consumidores gastam atualmente menos tempo comprando e o fazem
com menor freqüência. As visitas às lojas declinaram cerca de 15% de 1989 para
1996. Especialistas em varejo acreditam que há uma inversão da “compra de impulso”
para a “compra de precisão”. 5
Com mais mulheres trabalhando fora, o tempo disponível para fazer
compras reduziu-se, juntamente com a média do tempo gasto nas lojas. Fazer compras
tem se tornado uma atividade mais funcional e menos social.
O volume de vendas tem crescido modestamente nos últimos anos e as
projeções indicam que este crescimento lento irá continuar. Grande parte do
crescimento das vendas verificado nos últimos tempos se deveu ao aumento dos
descontos, agravando ainda mais a situação. Portanto os varejistas só irão crescer
tirando participação de mercado de seus concorrentes.4
2.1.1.6 Novos Formatos de Varejo
a) Crescimento do Varejo de Desconto
Os consumidores de todo o mundo estão mais conscientes do valor do
dinheiro, o que tem estimulado o crescimento do universo do varejo de desconto. Os 4 REID, M. Change at checkout, The Economist, p. 1-9, 4 Mar.1995.
12
canais de desconto estão crescendo, oferecendo além de preços baixos, mercadorias
mais selecionadas e melhores serviços. 6
Segundo o trabalho divulgado pelo BNDES7, o varejo de desconto encontra-
se em ascensão devido não somente a estratégia de preços baixos, mas também devido
à forte concorrência com os hipermercados, à concorrência externa e ao aumento da
ênfase em capitalização.
b) Expansões de Linhas
Os supermercados tradicionais, por exemplo, com o aumento da
concorrência dos hipermercados, lojas de conveniência, clubes de compras e lojas de
desconto, além de aumentar a venda de alimentos, estão buscando vender
medicamentos, adotar as chamadas vendas-solução (produtos de maior valor
agregado, em geral semi-preparados), expandir suas vendas de perecíveis, com
vantagens em hortifrutigranjeiros e formar parcerias com redes de fast-food e de
produtos de conveniência como forma de reter público. 7
c) Crescimento de Category Killers e Shoppings Centers
Especialmente no mercado norte-americano, as lojas de departamentos no
conceito full line, isto é, aquelas que têm tudo para todos, com imensa variedade de
artigos vendidos, encontram-se em declínio, pela emergência de formatos como as
category killers (lojas que oferecem grande sortimento de itens para uma categoria
específica de produto) e a expansão excessiva dos shoppings centers, que tornaram
difícil a manutenção de competitividade. Na Europa, onde os shoppings centers não
são tão populares ao consumidor, existem lojas de departamentos bem sucedidas. 8
5 STONE, D. Branding at retail: selling the name on the store. The American Salesman. p. 3-7, Dez. 1996.6 REID, M. Change at checkout, The Economist, p. 1-9, 4 Mar.1995.7 SANTOS, A. M.; COSTA, C. S. Características gerais do varejo no Brasil. BNDES. Rio de Janeiro, p.1-18,
Mar.1997.8 SANTOS, A. M.; COSTA, C. S. Características gerais do varejo no Brasil. BNDES. Rio de Janeiro, p.1-18,
Mar.1997.
13
2.1.1.7 Compras Interativas
Observa-se uma tendência à intensificação de operações através de canais
alternativos, como telemarketing, tv shop, catálogos etc. 9 Com poucos cliques, o
consumidor é capaz de escolher os itens a serem comprados e terem estes entregues
em casa. Mas para o shopping interativo atingir a grande parcela do mercado terá que
superar algumas questões. A tecnologia terá que ser suficientemente barata, os
consumidores deverão estar realmente interessados, a entrega em casa terá que ser
acessível e os sistemas de pagamento a prova de fraudes. 10
De acordo com artigo apresentado na revista Distribution11, as maiores
mudanças na forma de fazer compras alterarão a forma tradicional de distribuição de
produtos acabados e hábitos de compras tradicionais serão substituídos por tendências
crescentes. Entre estas tendências destaca o teleshopping que apesar de ser ainda um
mercado marginal tem potencial para se tornar um segmento importante no futuro. O
artigo ressalta que estas tendências terão grande impacto nas operações logísticas, uma
vez que irão demandar relacionamentos mais sofisticados entre varejistas e
fornecedores. Este novo estilo de entrega no varejo não poderá ser atendido com base
no atual sistema de distribuição e, pelo contrário, irá requerer uma nova abordagem.
2.1.2 Varejo no Brasil
“Até aqui, só a Wal-Mart desembarcou. Mas, para se
precaver da vinda de novos concorrentes, o varejo investiu
em tecnologia e se modernizou."
Vassalo (1995, p.92)
9 KALACHE FILHO, J. Comércio varejista. BNDES. Rio de Janeiro, p.1-11, Jul. 1996.10 REID, M. Change at checkout, The Economist, p. 1-9, 4 Mar.1995.11 CAUGHT between a Mart and a QVC. Distribution. p. 12. Set. 1993.
14
2.1.2.1 O Atraso
De acordo com o artigo “O atraso perde seu santuário”, publicado pela
revista Exame (1995), apesar das mudanças que já vinham transformado o perfil do
varejo em todo o mundo, durante décadas o varejo brasileiro conviveu com o atraso.
Enquanto grandes cadeias internacionais desenvolviam estratégias arrojadas e se
capacitavam para acompanharem o mercado, o varejo brasileiro adormecia. Dominado
por pequenos negócios familiares, ele resistiu à profissionalização e aos avanços
tecnológicos. Modernas técnicas de gestão, reduções de custos e processos de
automação não eram questões importantes numa economia onde elevadas taxas de
inflação impulsionavam a ciranda financeira. 12
Os mais de trinta anos de convivência com uma economia protegida,
oligopolizada, instável e castigada por um processo inflacionário crônico
desincentivaram as empresas brasileiras a competir com base em estratégias
articuladas, voltadas para a redução de custos. Pelo contrário, acabaram tornando as
empresas ainda mais ineficientes.
Como exemplo, pode-se citar a prática das compras de oportunidade no final
do mês praticada pelos varejistas e atacadistas, cujo efeito, levava a que cerca de 70%
das compras fossem feitas na última semana do mês. Como conseqüência, a estrutura
de produção e todo sistema logístico ou eram dimensionados para o pico da demanda
ou tinham que ser utilizadas horas extras para atender o aumento da demanda. Tal
prática especulativa acabava aumentando os custos e impedindo a criação de alianças
estratégicas entre clientes e fornecedores que permitiriam, por sua vez, a
padronização, a previsibilidade e o estabelecimento de programas em conjunto para a
redução de custos. 13
12 VASSALLO, C. O atraso perde o santuário. Exame. São Paulo, n. 596, p.92-95, 8 Nov. 1995.13 FLEURY, P. F. Deslealdade ou Competição? O Globo. Rio de Janeiro, 17 dez. 1995. Opinião, p.7.
15
Na época, quando a lucratividade financeira apresentava-se tão ou mais
importante que a operacional, o varejo brasileiro de uma forma geral, poderia ser
identificado por uma concorrência regionalizada, forte concentração nas regiões
Sudeste e Sul, fluxo de mercadorias entre fornecedor e varejista precário, ausência de
paletização, embalagens inadequadas e falta de planejamento de entrega.
Embora algumas destas características ainda predominem para determinados
conjuntos de empresas, o setor vem se modificando através de mudanças na gestão,
nas estratégias e no relacionamento com fornecedores. 14
2.1.2.2 A Reestruturação
Os anos 90 trouxeram várias mudanças que impactaram o setor varejista
brasileiro, como a liberação das importações e o aumento da concorrência interna. A
entrada de participantes externos e a conseqüente internalização de conceitos mais
modernos de operações impuseram a necessidade de profundas transformações para a
maior parte das empresas. 15
As anunciadas investidas de grandes varejistas mundiais, para os quais
existe uma certa saturação em seus mercados de origem e que têm partido para a
operação em outros países, atraídos pelo potencial de crescimento das economias
emergentes, muito têm contribuído para a reestruturação do mercado brasileiro.
Os empresários brasileiros estão buscando precaver-se, pois a concorrência é
inevitável. Frente a esta nova realidade, os varejistas terão que estar preparados para
investir em informação, logística e expansão. Para tanto é necessário se capitalizar e
expandir, seja através da abertura do seu capital, seja através de associações ou fusões.
A preocupação com a eficiência operacional em detrimento do enfoque
financeiro, vem impulsionando os empresários a adotarem novos procedimentos de
14 SANTOS, A. M.; COSTA, C. S. Características gerais do varejo no Brasil. BNDES. Rio de Janeiro, p.1-18,
Mar.1997.15 KALACHE FILHO, J. Comércio varejista. BNDES. Rio de Janeiro, p.1-11, Jul. 1996.
16
acordo com padrões de competitividade internacionalmente reconhecidos, dos quais se
destacam aqueles liderados pela rede Wal-Mart.
Dentre estes novos procedimentos, destacam-se o enfoque logístico dado às
principais atividades do comércio, tais como compras, recebimento, distribuição e
comercialização. Este novo enfoque implica numa integração com fornecedores ao
longo da cadeia (supply chain), através da realização de acordos de parceria entre
fornecedores, atacadistas, varejistas e distribuidores. Esta nova concepção operacional
constitui-se em uma das mais efetivas fontes de vantagem comparativa sustentável,
capaz de otimizar a operação total. Dela decorrem, por exemplo, a redução de
inventários, que libera espaços para vendas ou outras funções, um melhor sortimento,
a menor necessidade de centros de distribuição e a maximização da eficiência no uso
de frotas, entre outros benefícios.
As medidas de restrição à demanda (como, por exemplo, as limitações de
crédito e o elevado custo do dinheiro) adotadas pelo governo logo após o crescimento
do consumo desencadeado pelo Plano Real, e o aumento da inadimplência que se
seguiu, afetaram as empresas varejistas de forma diferenciada e expuseram as
dificuldades de parte do setor em se adaptar rapidamente e inserir-se no novo padrão
de competitividade.
Algumas empresas passaram a apresentar desequilíbrios financeiros,
registrando-se a falência e concordatas de grandes empresas. Entretanto, para as
empresas que já estavam se reestruturando, a estabilidade da moeda representou uma
poderosa alavancagem do faturamento.
Com intuito de se adequarem a este novo padrão de competitividade, as
empresas representativas do setor, de modo geral, vêm implementando processos de
reestruturação que têm apresentado algumas características comuns, entre elas: 16
16 SANTOS, A. M.; COSTA, C. S. Características gerais do varejo no Brasil. BNDES. Rio de Janeiro, p.1-18,
Mar.1997.
17
• Elevação do grau de utilização de automação comercial e de recursos
de informática: atendimento nas lojas/ controle de estoques/ troca
eletrônica de dados entre clientes e fornecedores;
• Busca por produtos de maior giro, em função de menor margem;
• Mudança de enfoque: lucro operacional x lucro financeiro;
• Troca de controle nas principais redes de varejo tradicionais.
• Fechamento de lojas menos rentáveis ou não-lucrativas e reformas
de lojas existentes;
• Redução do número de funcionários e de níveis hierárquicos;
• Profissionalização das administrações, de tradicional característica
familiar;
• Alterações no mix de produtos. Maior participação de produtos
importados e aumento das vendas da linha de bens duráveis;
• Aperfeiçoamento do conhecimento do cliente final;
• Retomada dos instrumentos de planejamento e aperfeiçoamento de
instrumentos de aferição de custos e controles; e17
• Abertura ao mercado de capitais: redes de supermercado como o Pão
de Açúcar, e cadeias nacionais como a Arapuã tornaram-se companhias de
capital aberto, com ações vendidas aqui e no exterior. No início de 1995 a
paulista D.B.Brinquedos associou-se ao banco de investimento americano
JP Morgan.18
Além destas características, já se pode perceber que o varejo vem sofrendo
um processo de concentração, podendo ser observadas cada vez mais associações e
17 SANTOS, A. M.; COSTA, C. S. Características gerais do varejo no Brasil. BNDES. Rio de Janeiro, p.1-18,
Mar.1997.18 VASSALLO, C. O atraso perde o santuário. Exame. São Paulo, n. 596, p.92-95, 8 Nov. 1995.
18
fusões. Grandes cadeias, com grandes volumes de compra, podem negociar melhor
com seus fornecedores e ter uma logística mais eficiente.
2.1.3 A Automação do Varejo Brasileiro
Está em andamento no Brasil, um processo de automação de
estabelecimentos comerciais que, embora ainda incipiente, apresenta-se em fase de
rápido crescimento. Seu uso mais intenso acha-se ainda restrito às grandes cadeias de
lojas de bens de consumo duráveis e supermercados, porém é cada vez mais freqüente
o público consumidor deparar-se com computadores e leitores óticos até mesmo em
drogarias e padarias.
O ritmo desse processo vem se acelerando, com o número de
estabelecimentos automatizados praticamente dobrando a cada ano. A informatização
das lojas brasileiras estará absorvendo no ano 2000 cerca de 4,5 bilhões de reais. Tal
ritmo de crescimento vem ocorrendo não só por sua contribuição para o planejamento
e o controle das empresas, mas também como instrumento de competição por clientes
que já preferem os estabelecimentos automatizados.19
O processo de automação comercial no Brasil não deve ser encarado como
ação de pioneiros. Constitui-se em fator decisivo para assegurar a competitividade das
empresas de varejo. Das empresas que estão em processo de automação, muitas delas
são pequenas empresas varejistas, que se dispõem a enfrentar os desafios da
concentração do comércio.20
2.1.3.1 Potencial de Mercado
Segundo a EAN Brasil (Associação Brasileira de Automação Industrial)21,
em dezembro de 1989, havia apenas duas lojas automatizadas no Brasil. O alto custo
19 MELO, P. R. ; MÖLLER, JR., O. Panorama da automação comercial no Brasil. BNDES.Rio de Janeiro. p. 129-
143. 5 Mar. 1997.20 BATTAGLINI, A. P. Automação Comercial. EAN. Disponínel na Internet. www.ean.com.br, p. 1-22. 1997.21 EAN. Disponínel na Internet. www.ean.org.br, 1999.
19
decorrente da reserva de mercado e aos ganhos financeiros frutos de uma economia
instável não incentivavam a automação. Porém, ao longo destes últimos dez anos este
número cresceu bastante passando para 8.000 no final de 1998. Na transição de 1994
para 1995 o número de lojas automatizadas quase dobrou e a projeção para o final de
1999 é de 17.500 lojas.
O número de produtos codificados, durante este mesmo período cresceu
também radicalmente. Entre 1993 e 1994, houve aumento de quase 100% e o mesmo
aconteceu na virada de 94 para 95. A estimativa para o final do ano de 1999 é de
500.000 produtos codificados.
No quadro a seguir verificamos a evolução dos últimos dez anos do quadro
associativo da EAN Brasil, do número de produtos codificados e do número de lojas
registradas.
Quadro 1
Estabelecimentos Automatizados
Ano Quadro Associativo
da EAN BRASIL
Número de produtos
codificados
Número de lojas
registradas
1989 467 3.200 2
1990 615 5.000 12
1991 1.057 8.000 25
1992 1.705 15.000 60
1993 3.581 35.000 227
1994 7.194 80.000 510
1995 13.535 150.000 1.075
1996 20.500 250.000 2.165
1997 26.176 320.000 4.075
1998 33.000 410.000 8.000
1999* 34.500 500.000 17.500
*estimativa para o final do ano
FONTE: EAN (1999,s/ n)
20
2.1.3.2 Investimentos
O setor de supermercados é responsável pela maior parte dos investimentos
em automação realizados até agora. De acordo com os dados da EAN22, mais de um
terço das lojas que utilizam o processo de leitura ótica são supermercados. No entanto,
podemos observar na figura a seguir que a automação comercial se verifica no
comércio em geral.
Figura 2
Universo das Lojas que Utilizam Leitura Ótica
FONTE: EAN (1999, s/n)
O setor que mais se utiliza de leitura ótica, conforme já mencionado, é o de
supermercados, com 38%. Em seguida vêm as lojas de departamento e
eletrodomésticos com 21%, as drogarias com 13% e as lojas de conveniência com
22 EAN. Disponínel na Internet. www.ean.org.br, 1999.
Lojas de departamento e
eletrodomésticos21%
Livrarias 2% Confecções 3%
Calçados e Couros 3%
Atacado 2%
Outros 4%
Disco 2%
Lojas de conveniência
12%
Drogarias13%
Supermercados38%
21
12%. Os demais setores como os de confecções, lojas de calçados, livrarias, atacados,
auto-peças, lojas de bebidas, bazares, brinquedos, mercearias e papelarias, ainda
representam uma parcela muito pequena.
Os supermercados e as lojas de departamentos participaram desde o início
do desenvolvimento do processo de automação no Brasil. Os demais setores vieram a
se automatizar em decorrência dos últimos resultados obtidos pelos pioneiros e, hoje
em dia, passam por um grande desenvolvimento.23
2.2 NOVAS TECNOLOGIAS E PRÁTICAS GERENCIAIS
“Varejistas como Wal-Mart Stores, J.C. Penney, Toys‘R’Us,
The Limited, Dillard’s Departament Store, Home Depot,
Nordstrom, e The Gap estão combinando usos inovadores de
tecnologia de informação, de novas práticas gerenciais e
fortes programas de merchandising.”
Hammond (1992, p. 185)
2.2.1 Novas Tecnologias
Com o uso de novas tecnologias de informação os varejistas têm tido ganhos
de eficiência. Dentre as principais tecnologias utilizadas podem ser destacadas as
seguintes:
• Terminais de Ponto-de-venda (PDV)
• Troca Eletrônica de Dados (EDI) - Electronic Data Interchange
• Redes de Comunicação - Communications Networks
• Coleta Automática de Dados (ADC) - Automatic Data Collection
23 BATTAGLINI, A. P. Automação Comercial. EAN. Disponínel na Internet. www.ean.com.br, p. 1-22. 1997.
22
2.2.1.1 Terminais de Ponto-de-Venda (PDV)
A indústria do varejo engloba uma variada gama de segmentos, reflexo das
mudanças das exigências do consumidor. Estes segmentos apresentam grande
diversidade devido a características próprias, possuindo, entretanto, um fator em
comum: a necessidade de terminais de ponto-de-venda.24
As caixas registradoras mecânicas foram os primeiros equipamentos
colocados em um ponto-de-venda com a finalidade de controlar as operações
comerciais. As caixas registradoras eletrônicas surgiram nos anos 70, sendo sucedidas
pelos terminais de ponto-de-venda (PDV), que utilizam recursos de informática, a
partir de leitoras de códigos de barras e de leitoras óticas.25
O primeiro sistema de checkout com leitora ótica foi instalado nos EUA em
1974. Coletores de dados portáteis, na forma de canetas leitoras de código de barras,
se tornaram disponíveis aproximadamente na mesma época e foram utilizadas no
Reino Unido para reposição de estoques. Nesta época, eram utilizadas etiquetas de
código de barras na beira das prateleiras, pois apenas uma limitada porção de produtos
já carregava códigos de barras impressos pelos fornecedores.26
Hoje, os sistemas de automação comercial envolvem como elemento
principal o PDV, composto na maioria dos casos de teclado do operador, leitora ótica,
monitor de vídeo (alguns modelos com display do cliente), impressora de cupom
fiscal e, também, impressora de cheques. O conjunto de PDVs é conectado a um
microcomputador ou rede de microcomputadores, dependendo do porte do
estabelecimento, que concentra as funções de controle da empresa, tais como caixa,
consulta a lista de preços, controle de estoques, faturamento, compras etc.25
Podem ainda ser integrados aos sistemas de checkout outros sistemas que
são capazes de dar o suporte necessário para aumentar a produtividade a nível de loja
e otimizar espaço e estoques. Alguns destes sistemas acessam sistemas externos nos
24 BROOKS, C. M. The pros of your POS. Security Management. v. 36, p. 50-51, Jun. 1992.25 MELO, P. R. ; MÖLLER, JR., O. Panorama da automação comercial no Brasil. BNDES.Rio de Janeiro. p. 129-
143. 5 Mar. 1997.26 BARON, S.; LOCK, A. The challenges of scanner data. Journal of the Operational Research Society. v. 46, n.. 1,
p.50-61, 1995.
23
escritórios centrais, centros de distribuição, fornecedores e centros de autorização de
créditos. Sofisticados sistemas de lojas integram múltiplas funções, desde leitura ótica
de mercadorias até transferências monetárias, autorização de crédito e programas de
freqüência de compras.27
2.2.1.2 Troca Eletrônica de Dados (EDI) - Electronic Data Interchange
Hoje em dia, o varejo se defronta com milhares de transações, o que torna a
atividade de transmitir informações cada vez mais crítica e ressalta a importância da
utilização de EDI. Através desta tecnologia os varejistas podem transmitir
eletronicamente pedidos e uma larga variedade de outras transações, melhorando o
planejamento, a logística e o relacionamento com o fornecedor e consequentemente
aumentando as vendas e reduzindo os custos.28
O uso de EDI acaba eliminando erros resultantes da dificuldade de se ler
dados escritos à mão ou de falhas no momento da sua entrada manual. Também reduz
drasticamente o tempo necessário para enviar documentos de uma empresa para outra.
A idéia por trás do EDI é relativamente simples. Muitas empresas
atualmente utilizam computadores para organizar os processos comerciais e
administrativos ou ainda para editar textos e documentos. Utilizando EDI, as
empresas, ao invés de datilografar um formulário em papel e enviá-lo por fax para seu
parceiro, passam a transferir eletronicamente essas informações diretamente do
computador de uma empresa para os computadores de seus clientes, fornecedores,
bancos etc, como está ilustrado na figura a seguir.29
27 HARRISON, C. Using in-store systems to achieve a competitive advantage. Retail Control. v. 59, p. 3-7, Jan.
1991.28 JOHNSON, S. J. Retail systems: no longer business as usual. Journal of Systems Management. p. 8-35, Ago. 1992.29 GUIA de referência. EAN - Associação Brasileira de Automação Industrial. 1998, 26p.
24
Figura 3
EDI X Processos em Papel
FONTE: EAN (1998, s/n)
O EDI é mais do que uma simples troca eletrônica de dados. Para praticá-lo
é necessário que os documentos trocados estejam padronizados e as informações bem
estruturadas respeitando um código preestabelecido. O EDI não pressupõe a
interferência humana, sendo o próprio sistema responsável pela decodificação dos
dados do documento segundo o código em que foi programado. 30
O EDI muitas vezes é uma etapa necessária para utilização de programas
como o Quick Response e programas de reabastecimento automático, que serão
detalhados mais a frente. Para implementação de programas como estes é necessário
primeiramente adotar o uso de códigos de barras padrões e estar apto a utilizar EDI. 31
30 VANS traduzem o mundo do EDI. Tecnologística. p. 20-28, Set. 1996.31 ROBINS, G. EDI: small independents stay in step. Stores. v. 74, p. 38-40, Mar. 1992.
25
2.2.1.3 Redes de Comunicação - Communications Networks
Como as informações dos varejistas têm que fluir através de uma dispersa
rede de lojas, centros de distribuição, escritórios, fornecedores e clientes, as redes de
comunicação são um ponto chave no processo de automação. Para um melhor
gerenciamento de toda a cadeia de suprimento são necessárias informações em tempo
real, capazes de suportas respostas rápidas. O desafio para o varejista é implementar
uma rede de comunicação integrada e de forma que suporte todos os métodos
existentes de comunicação internos e externos à empresa.
Redes tradicionais por vias terrestres sustentam a maior parte da
comunicação básica dos varejistas. Alguns varejistas possuem outras formas de
comunicação como endereço eletrônico, fax e trocas de imagem. Redes mais
avançadas, que trocam dados nos mais variados formatos digitais (dados, vídeo e voz),
estão tendo suas demandas aumentadas para a transmissão de informação multimídia e
para trocas rápidas de dados. 32
2.2.1.4 Coleta Automática de Dados (ADC) - Automatic Data Collection
ADC ou coleta automática de dados é um termo utilizado para descrever a
entrada direta de dados em um sistema de computador sem o auxílio de um teclado.
Esta entrada pode ser feita, por exemplo, através da leitura de códigos de barras ou da
identificação por radio freqüência. A tecnologia ADC elimina duas atividades
passíveis de erros: a coleta manual de dados e sua entrada, de uma forma rápida,
barata e precisa. 33
As tecnologias de ADC propiciam uma estrutura de informação que
aumenta a eficiência, reduz custos e tempo tanto para fornecedores como para
distribuidores. Graças aos inquestionáveis benefícios advindos de tecnologias ADC
32 JOHNSON, S. J. Retail systems: no longer business as usual. Journal of Systems Management. p. 8-35, Ago. 1992.33 AUTOMAÇÃO ferramenta de ponta na logística. Tecnologística. p. 38-40, Mai. 1996.
26
acredita-se no sólido crescimento de tecnologias relacionadas como pode ser visto no
gráfico a seguir. 34
Figura 4
Crescimento Anual Esperado de ADC até o Ano 2000
FONTE: FORGER (1996, p.s12)
A seguir serão detalhadas as seguintes tecnologias de entrada de dados
automática mais utilizadas pelo varejo:
• Código de Barras
• Reconhecimento Ótico de Caracteres (ORC)
• Identificação por Rádio Freqüência (RFID)
34 FORGER, G. ADC takes its place as a productivity tool. Modern Materials Handling/ Scan Tech News. p. s12-s15,
Nov. 1996.
Código deBarras*
Código deBarras 2D**
Terminais deRadioFrequência**
Identificaçãopor RádioFrequência*
15 %
62 %
15 %
33 %
*Fonte: Frost & Sullivan **Fonte: Venture
27
a) Código de Barras
O código de barras é uma das tecnologias de coleta automática de dados
mais utilizadas ao redor do mundo. O código de barras é uma importante ferramenta
de logística que permite às empresas operações mais rápidas e com maior grau de
confiabilidade. No varejo sua utilização pode propiciar controles mais acurados de
estoques a nível de loja. Sua leitura no ponto-de-venda permite o conhecimento
preciso das vendas em tempo real, reduzindo incertezas e permitindo
consequentemente a redução de estoques de segurança. Adicionalmente, a captura
exata de dados de venda ainda pode permitir um reabastecimento mais preciso.35
A utilização de um sistema de simbolização de barras oferece inúmeros
benefícios em relação a outros sistemas. O sistema de código de barras tem baixo
custo, menor tempo de implantação que outros sistemas, é de fácil utilização, requer
equipamentos mais compactos e ainda permite a captura de dados com alta
velocidade.
Existem muitas formas de código de barras. Cada uma possui suas próprias
regras para a codificação do símbolo, especificações de impressão, decodificação,
checagem de erros e outras características. Os códigos de barras tradicionais são
lineares, codificando informações em apenas uma dimensão.36
Desde a década de setenta, existem dois padrões de codificação
reconhecidos oficialmente: o sistema UPC (Universal Product Code), adotado
somente nos Estados Unidos e Canadá e administrado pelo UCC (Uniform Code
Council), e o sistema EAN, adotado no resto do mundo. No final de 1995 foi criada
uma base para o união dos dois sistemas o sistema de codificação EAN/UCC.
O uso do código EAN proporciona uma linguagem comum entre parceiros
comerciais. Cada produto tem um único código de identificação e pode ser utilizado
por todos os estabelecimentos comerciais e dentro das indústrias, contribuindo para a
eficácia no processo de comercialização de produtos. O sistema de codificação EAN 35 BOWERSOX, D. J.; CLOSS. D. J. Logistical Management: the integrated supply chain process. Mc Graw-Hill,
1996. 723p.
28
contribui fortemente para diversas atividades como recebimento, armazenamento,
expedição, transporte e gestão de mercadorias, assim como, no sistema de
comunicação e informação, processamento de pedido e inventário, otimizando o fluxo
de materiais e de informações.37
Recentemente foram introduzidas simbologias de código de barras em duas
dimensões que são capazes de codificar mais dados que os lineares, sendo indicado
para uso em itens que tenham um espaço limitado ou onde mais dados são necessários,
sem que se altere o espaço utilizado. Os códigos de barras de duas dimensões, além de
codificarem muito mais dados em um espaço menor que o tradicional linear, ainda
podem ser lidos mais facilmente mesmo que sua impressão tenha sido de má
qualidade ou esteja danificada.38
A eficácia do uso de códigos de barras tem aumentado pois as leitoras óticas
usadas para coletar os dados das SKUs estão melhorando não só a velocidade da
leitura de cada item, mas também a sua acurácia. Uma vez que é feita a leitura dos
dados de uma SKU e estes são colocados no sistema de informação, os varejistas
podem verificar quais itens estão sendo vendidos e, caso queiram, obter mais
informações sobre seus clientes, pois ainda podem cruzar estas informações com
dados dos consumidores.39
b) Reconhecimento Ótico de Caracteres (OCR)
Reconhecimento ótico de caracteres é uma das mais antigas entre as
tecnologias ADC, usada amplamente pelo varejo desde os anos 80, quando o código
de barras ainda estava em desenvolvimento. O OCR está ganhando popularidade
novamente por possuir equipamentos de leitura mais acurados e por reconhecer um
espectro maior de estilos de tipos em comparação com os aparelhos mais antigos.
O reconhecimento ótico é usado para ler áreas selecionadas de um texto. Os
leitores óticos de OCR lêem os dados quase da mesma forma que os códigos de 36 INTRODUÇÃO ao código de barras. Tecnologística. P.39-43, Jun. 1996.37 GUIA de referência. EAN - Associação Brasileira de Automação Industrial. 1998, 26p.38 JEANBLANC, I. Tree reasons to use 2-D bar codes. Scan Tech News. Ago. 1997.
29
barras. O leitor produz uma imagem do texto que então é analisada por padrões de
caracteres, que depois são transformados em números e letras.40
c) Identificação por Rádio Freqüência (RFID )
A Identificação por rádio freqüência descreve mais uma família das
tecnologias ADC. Não é tão difundida como o código de barras mas possui
características que permitem sua aplicação onde o código de barras e as fitas
magnéticas não são indicados. Sua aplicação se dá nos casos de identificação ou
leituras à distância ou quando não existe uma linha de visão para o objeto ou etiqueta
a ser lido. 41
Muitos sistemas de RFID oferecem capacidade de leitura/inserção de dados,
o que significa que dados podem ser re-codificados múltiplas vezes. Por exemplo, em
etiquetas eletrônicas (algumas menores que uma caneta) presas ao objeto são
armazenadas informações sobre o itens que podem ser lidas e até mesmo alteradas
remotamente.42
2.2.2 Novas Práticas Gerenciais
Combinado ao uso de novas tecnologias de informação, os varejistas vêm
aplicando novas práticas gerenciais que lhes têm permitido aumentar os ganhos de
eficiência e lucratividade. Dentre estas práticas destacamos as seguintes:
39 JOHNSON, S. J. Retail systems: no longer business as usual. Journal of Systems Management. p. 8-35, Ago. 1992.40 PARA cada caso uma aplicação. Tecnologística. p. 44-50, Ago. 1996.41 TECNOLOGIAS de Rádio Freqüência. Tecnologística. p. 39-43, Jul. 1996.42 HOW AUTOMATED are your systems? Distribution. p. 88, Out. 1993.
30
• Resposta Eficiente ao Consumidor (ECR) - Efficient Consumer Response
• Gerência de Categorias - Category Management
• Programa de Reabastecimento Contínuo (CRP) - Continuous
Replenishment Program
• Resposta Rápida (QR) - Quick Response
2.2.2.1 Resposta Eficiente ao Consumidor (ECR) – Efficient Consumer Response
O ECR pode ser entendido como uma prática adotada pelo varejo de
produtos de mercearia, no qual todos os parceiros comerciais trabalham em harmonia
ao longo da cadeia de distribuição para maximizar o valor do produto oferecido ao
consumidor. Resumidamente, pode-se entender ECR como: “uma cesta de idéias,
algumas antigas, outras novas, que se alinham sob o conceito do redesenho dos
processos da cadeia de distribuição, para eliminar custos e tempos que não adicionem
valor ao consumidor final”.43
De acordo com os relatórios produzidos pela firma de consultoria Kurt
Salomon & Associates44 para associações americanas e para o UCC (Uniform Code
Council), as economias e os ganhos operacionais com a prática da ECR nos EUA
chegariam a 30 bilhões de dólares por ano. Tais ganhos teriam sido alcançados através
de alianças estratégicas, lançamentos mais eficientes de novos produtos, redução da
taxa de mortalidade de novos produtos, criação de sistemas de desenvolvimento e
introdução de produtos no mercado, melhor sortimento de lojas, sistemas de
reabastecimento mais eficientes, integração dos esforços da cadeia de distribuição,
redução do tempo e dos custos dos sistemas de reposição de estoques, promoções mais
eficazes, diminuição de estoques, redução do volume de compras antecipadas ao
período da promoção, de reformas nos sistemas de informação e redesenho dos
processos na cadeia de distribuição.
O Brasil possui muitas diferenças em relação aos Estados Unidos,
principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento da infra-estrutura de
43 SANSOLO, M. apud GUIA de referência. EAN - Associação Brasileira de Automação Industrial. 1997, 26p.44 GUIA de referência. EAN - Associação Brasileira de Automação Industrial. 1998, 26p.
31
transportes, equipamentos de logística, sistemas de informática e de telecomunicações.
Além destas diferenças o Brasil possui uma cultura de repassar suas ineficiências,
práticas administrativas menos sofisticadas, custos financeiros, salários e os encargos
sociais para os preços das mercadorias. Certamente, embora não se possa precisar as
vantagens a serem obtidas, levando em conta todas estas ineficiências os ganhos
devem ser dignos de serem levados em consideração.45
2.2.2.2 Gerência de Categorias de Produtos - Category Management
É um processo colaborativo entre o fabricante e o distribuidor, para
gerenciar em conjunto categorias de produtos como se fossem unidades estratégicas
de negócios. Nesta prática, existem claras responsabilidades pelos produtos e pelas
operações comerciais e, como conseqüência, melhores resultados para os parceiros de
negócio e para o consumidor final. O Category Management tem uma visão mais
abrangente da cadeia de distribuição, da inter-relação fornecedor-distribuidor e do que
podem fazer juntos para melhorar os resultados. 45
2.2.2.3 Programa de Reabastecimento Contínuo (CRP) - Continuous Replenishment
Program
CRP é o trabalho em conjunto dos parceiros comerciais, operando em
função de informações relativas às vendas reais, comparadas com a previsão de
demanda previamente acordada entre os parceiros. Os produtos são entregues mais
freqüentemente quando necessários, eliminando-se estoques. Em sua forma mais
comum, é da responsabilidade do fornecedor, baseado em informações diárias sobre
vendas e estoques do distribuidor, repor automaticamente as quantidades
negociadas.45
45 REID, M. Change at checkout, The Economist, p. 1-9, 4 Mar.1995.
32
2.2.2.4 Resposta Rápida (QR) - Quick Response
“Quick Response requer mudanças radicais não apenas nos
procedimentos operacionais na indústria e na base
tecnológica, mas, fundamentalmente, na sua cultura: foco
no curto prazo, relacionamentos hostis entre empresas,
atenção inadequada aos recursos humanos e a
predominância da produção em massa terão de ser
eliminadas”
Hammond (1992, p.211)
O conceito de QR surgiu em 1985 na indústria do vestuário norte americana,
com o intuito de aumentar sua competitividade. Na época, essa indústria vinha
sofrendo fortes pressões de competidores estrangeiros e estava perdendo uma boa
parcela de mercado. A indústria, que competia basicamente a base de custos num
mercado já saturado, sofria com a queda nos gastos dos consumidores e com a prática
de remarcações cada vez mais constante. Era preciso ser mais eficiente, reduzindo os
custos e aumentando o nível de serviço.
Em meio a este contexto surge a prática de QR, cuja intenção era reduzir o
nível total de estoques no canal de distribuição, aumentando o giro e evitando faltas e
remarcações de preço de produtos. Tais objetivos seriam alcançados estabelecendo a
programação da produção mais próxima à cadência das vendas das estações e
buscando o reabastecimento através de dados de venda. Pretendia-se ainda reduzir o
erro da previsão estando mais próximo do local de venda e testando a preferência do
consumidor. O risco dos estoques também seria reduzido, produzindo-se menores
quantidades iniciais e fazendo-se novos pedidos com freqüência maior com base nos
dados coletados nos pontos-de-venda.
Dentre os elementos essenciais para estratégia QR temos: informação eficaz
e integrada, redução do ciclo de desenvolvimento de produtos, teste de mercado,
previsões precisas e melhores sistemas de reabastecimento.
33
Avanços tecnológicos têm contribuído significativamente para o processo de
desenvolvimento de produtos. Sistemas Computer aided design (CAD), por exemplo,
estão sendo cada vez mais utilizados na indústria de confecção. Através destes
sistemas é possível transmitir imagens via EDI entre terminais de CAD instalados nos
produtores e compradores sem a necessidade de amostras, reduzindo o tempo de ciclo.
Com a redução do tempo de desenvolvimento de novos produtos, torna-se
mais viável fazer teste de mercado. O teste de mercado de um novo produto permite
uma previsão da demanda do produto mais acurada, reduzindo significativamente o
risco tanto dos produtores como dos varejistas no lançamento de novos produtos. 46
No início, o sistema quick response vinha sendo utilizado em produtos do
tipo commodities e em linhas de pouca variação e pouca sazonalidade. No entanto, na
confecção, mais que em muitos outros setores, a manutenção dos estoques é fator
determinante para seu desempenho, uma vez que uma mercadoria ‘fora de moda’ não
vende. Por isto, as lojas de confecções têm procurado automatizar seus processos
como forma de melhorar suas informações e conseguir gerenciar seus estoques de
forma cada vez mais eficaz. 47
46 HAMMOND, J. H. Quick Response in retail / manufacturing channels. p. 185-215, 1992.47 BROOKMAN, F. Fashinning: Quick Response. Stores. p54-56, Dez. 1994.
34
2.3 BENEFÍCIOS DA AUTOMAÇÃO DO VAREJO
“Avanços nas telecomunicações e nos sistemas de
informação iniciaram uma revolução na forma da indústria
varejista competir. (...) Os varejistas que aprenderam a
explorar estes avanços tecnológicos vêm tendo
impressionantes ganhos em vendas, eficiência e
lucratividade.”
Hammond (1992, p.185)
O crescimento da habilidade dos varejistas e fornecedores em coletar,
armazenar, transmitir e interpretar dados vem propiciando grandes ganhos e extensas
mudanças nas práticas fundamentais de compra e venda na indústria varejista.48
Os benefícios da utilização de novas tecnologias e práticas gerenciais estão
sendo percebidos não apenas pelos varejistas, no que diz respeito a condução de seus
negócios, mas também por seus clientes e fornecedores. O que podemos ver, de forma
resumida, no quadro a seguir:
Quadro 2
Benefícios: Fornecedores X Varejistas X Consumidores
FORNECEDORES VAREJISTAS CONSUMIDORESPassam a ter uma melhor
avaliação do comportamentodo produto e uma melhor
programação de produção,podendo ainda descobrir
quais os melhores meios parapromover seus produtos e
serviços.
Passam a contar com umamelhor análise de
resultados, que os auxiliano planejamento estratégico
e no controle dasatividades.
Podem receber melhoresserviços, como a
diminuição das filas eredução de erros de
digitação, entre outros.
FONTE: JOHNSON, S. J. (1992,p.8)
48 HAMMOND, J. H. Quick Response in retail / manufacturing channels. p. 185-215, 1992.
35
A seguir são identificados e detalhados, os principais benefícios que a
automação pode trazer ao varejista:
• Geração de dados de venda atualizados e detalhados;
• Melhor controle das atividades;
• Operações mais ágeis e precisas;
• Possibilidade de competir por volume e flexibilidade;
• Aumento do conhecimento do consumidor;
• Melhor controle de estoques.
a) Geração de Dados de Venda Atualizados e Detalhados
“Sofisticados sistemas computacionais instalados no varejo
ao longo dos últimos quinze anos podem informar aos
gerentes, instantaneamente, o que estão vendendo em cada
uma de suas lojas, quanto estão ganhando em cada venda e,
cada vez mais, quem são seus consumidores.”
REID,M. (1995, p.1)
O benefício imediato dos dados coletados pelos leitores ópticos consiste em
prover informações detalhadas e atualizadas das vendas, por loja, região e item. Além
do rápido retorno da performance em geral, os dados ainda podem ser usados para o
acompanhamento de novos produtos, de preços promocionais, de trocas de
mercadorias e várias análises de rentabilidade.49
b) Melhor Controle das Atividades
Como os sistemas de ponto-de-venda coletam informações sobre o tempo de
atendimento e sobre as atividades das caixas, também podem ser vistos como sistemas
de segurança. Através de alguns procedimentos de segurança, os sistemas oferecem
todas informações sobre as atividades das caixas que podem passar a ser monitoradas.
49 BARON, S.; LOCK, A. The challenges of scanner data. Journal of the Operational Research Society. v. 46, n.. 1,
p.50-61, 1995.
36
Os computadores também possibilitaram aos varejistas um controle mais próximo de
sua extensa cadeia de lojas. 50
c) Operações Mais Ágeis e Precisas
Além do monitoramento das caixas, a central ainda pode enviar ao sistema
novas informações tais como: mudanças no preço ou transferência de estoques e
ajustes. Consequentemente, isto acarreta redução nos erros de digitação e na
possibilidade da mesma mercadoria estar em lojas diferentes com preços diferentes. 51
d) Possibilidade de Competir por Volume e Flexibilidade
Com o uso de tecnologias de informação e telecomunicações, os varejistas
passam a não ter mais a necessidade de escolher entre competir por volume ou por
capacidade de resposta às necessidades locais. Hoje, os varejistas, graças às novas
tecnologias, podem usufruir dos benefícios resultantes do volume e ao mesmo tempo
ter um conhecimento profundo do mercado local. 52
e) Aumento do Conhecimento do Consumidor
As novas tecnologias adotadas estão facilitando cada vez mais o
conhecimento das preferências do consumidor, orientando a adequação do sortimento
a estas preferências e profissionalizando a negociação com os fornecedores.53
Os dados provenientes da automação podem comunicar não apenas quem
são os consumidores, mas também o que eles precisam e quanto eles gastam. Assim,
as lojas que empregam tecnologias de informação podem reconhecer o valor de seus
clientes calculando o volume de suas compras ao longo do mês. Aqueles identificados
50 REID, M. Change at checkout, The Economist, p. 1-9, 4 Mar.1995.51 BROOKS, C. M. The pros of your POS. Security Management. v. 36, p. 50-51, Jun. 1992.52 HAMMOND, J. H. Quick Response in retail / manufacturing channels. p. 185-215, 1992.53 NOGUEIRA, W. Como competir nos tempos de mudança. SuperHiper. p. 72-92, Fev. 1994.
37
como especiais podem, por exemplo, ser premiados ou incentivados a repetirem suas
compras. 54
f) Melhor Controle de Estoques
“Graças aos sistemas computacionais, o varejo bem
administrado não precisa mais estar entupido de
mercadorias que não vendem ou ter falta de estoque no
momento que seus clientes querem comprar.”
REID,M. (1995, p.1)
Com a automação comercial os responsáveis por compras passam a ter a
sinopse do que está acontecendo no momento do consumo final do produto. Ajuda-os,
desta forma, a tomar decisões mais seguras, balizadas em números reais, reduzindo a
necessidade de fazer ‘queimas de estoque’.55
Com o uso da tecnologia o fabricante poderá ainda emitir pedidos com
menor quantidade de produtos e com maior freqüência, eliminando grande parte dos
estoques de segurança, aumentando o giro, e, consequentemente, reduzindo o custo de
carregar estoques.56
A importância e a complexidade dos sistemas de ponto-de-venda irão
aumentar incontestavelmente juntamente com seus benefícios. Cada vez mais, de
posse dos dados obtidos com os PDVs, os varejistas estarão aptos a ajustar a sintonia
fina do sortimento de seus produtos e melhorar a rotação de seus estoques.57
54 GARRY, M. Pos : the feel-good checkout. Progressive Grocer. p.93, Abr. 1996.55 ROSS, J. R. Sears opens automated shoe center:facility cuts order processing time while reducing store-level
shortages and overstocks. Stores. v.77, p. 48-49, Dez. 1995.56 BIBY, D. J. Who Really Needs EDI?:everyone in the chain-from the initial supplier to the end-user-benefits from
these links. Industry WeeK. p. 45-46, nov. 2, 1992.57 HARRISON, C. Using in-store systems to achieve a competitive advantage. Retail Control. v. 59, p. 3-7, Jan.
1991.
38
2.4 O PAPEL DOS ESTOQUES NO VAREJO
“No atual ambiente do varejo espaço e tempo são dinheiro.
Ironicamente, um dos maiores desperdícios de espaço e
tempo no varejo ocorre nos estoques. (...) Enquanto os itens
que chegam cedo demais tem que ser armazenados e
monitorados, aqueles que chegam atrasados refletem
vendas perdidas”.
Delivery...(1996, p.3T)
2.4.1 Importância dos Estoques
Nos últimos 20 anos muita coisa mudou. Mudanças usavam ser ocasionais e
graduais, hoje são rápidas e constantes. O ciclo de vida dos produtos está menor a
cada dia e se reduzirá ainda mais com o passar dos anos, tornando os estoques ainda
mais perecíveis.58
Diante destas mudanças, as empresas passaram a se preocupar mais com o
gerenciamento de seus estoques, buscando o melhor equilíbrio entre os níveis de
serviço e os gastos com manutenção de estoques. Uma análise cuidadosa do nível de
serviço associada a uma análise de custos passa a ser uma questão central para a
estratégia de gerenciamento de estoques. Altos níveis de estoque proporcionam
maiores níveis de serviço, porém implicam em um volume maior de capital empatado.
Por outro lado, níveis mais baixos resultam em um maior número de faltas de
estoque.59
58 PEARSON, B. Learning to live with less: less inventory, that is. Stores, v. 75, p. 81-82, Jun. 1993.59 WILSON, B. L.; KINGDON, M.; REEVE, T. Best practices in retailing: Quick hits' in store-level merchandise and
inventory management. Chain Store Age. v.71, p. 100-106, Nov. 1995.
39
Com a redução de estoques nas lojas, torna-se possível aumentar o fluxo de
caixa, uma vez que se deixa de gastar com excesso de estoque e se reduz o trabalho e
o manuseio de estoques.60
O excesso de estoque aumenta os custos (de carregar os estoques), requer
mais espaço de armazenamento, aumenta o risco de obsolescência e até mesmo
encobre outros problemas da empresa que poderiam ser solucionados.61 Além disto,
acaba utilizando capital que poderia ser investido de outras formas e reduzindo a
margem das mercadorias.
A medida que o número de SKUs aumentou com a proliferação dos
produtos, os investimentos em estoques também aumentaram. Devido à magnitude
dos recursos investidos em estoque em relação aos recursos totais investidos no
varejo, o centro de custo de estoque pode ser considerado bastante significativo (como
pode ser visto na tabela a seguir). Consequentemente, a redução de poucos pontos
percentuais podem prover uma dramático aumento na lucratividade da empresa.62
Quadro 3
Dados sobre Investimentos em Estoque em Relação ao Total de Ativos*
EMPRESA VENDAS LUCROLÍQUIDO
TOTAL ATIVOS INVESTIMENTO
ESTOQUES
% ESTOQUES NO TOTAL
DE ATIVOS
Kmart
JC Penney
Dillards
37.724
18.009
4.714
941
777
236
18.931
13.563
4.107
8.752
3.258
1.106
46,20
24,00
26,90
*$millions - Source:1992 Annual Reports
FONTE: BOWERSOX (1996, p.244)
60 VOGELSANG, S. The physical inventory issue of the 90s. Chain Store Age Executive. v. 69, p. 202, Jan. 1993.61 DILWORTH, J.B. Production and operations management: manufacturing and services. New York: McGraw Hill,
1993, p.197-236: Inventory.62 BOWERSOX, D. J.; CLOSS. D. J. Logistical Management: the integrated supply chain process. Mc Graw-Hill,
1996. 723p.
40
O quadro apresentado mostra a participação dos investimentos em estoques
em relação ao total de ativos de três grandes varejistas. Na Kmart os investimentos em
estoques chegam a metade do total de ativos. Já nas empresas JC Penney e Dillards
este valor não é tão grande porém ainda bastante significativo, chegando a cerca de
um quarto do total de ativos.
As empresas carregam estoques por diversas razões, mas principalmente
devido às incertezas sobre a demanda, sobre os prazos de entrega dos pedidos e
interrupções no fornecimento.63
Sem o sortimento adequado, vendas podem ser perdidas e a satisfação dos
consumidores declinar. Muitos estudos tem comprovado a importância da
disponibilidade de mercadorias em estoque e dos custos que suas faltas podem gerar
para o varejista.
Um estudo recente feito pela Coopers & Lybrand64 comprova que a
disponibilidade da mercadoria é sem dúvida um fator extremamente importante no
processo de decisão de onde comprar.
Segundo esse estudo, os consumidores relataram não terem efetuado uma
compra numa recente ida a uma loja, por motivos decorrentes do mau gerenciamento
de estoques, falta de conhecimento do consumidor ou de erro de previsão de demanda
promocional, dentre eles:
• Item estava em falta;
• Não encontraram um modelo que agradasse;
• Não encontraram o tamanho certo;
• Não encontraram o produto desejado, ou;
• Item anunciado não se encontrava em estoque.
63 DILWORTH, J.B. Production and operations management: manufacturing and services. New York: McGraw Hill,
1993, p.197-236: Inventory.64 Apud WILSON, B. L.; KINGDON, M.; REEVE, T. Best practices in retailing: Quick hits' in store-level
merchandise and inventory management. Chain Store Age. v.71, p. 100, Nov. 1995.
41
Com o objetivo de identificar o nível de falta de estoques no varejo foi feito
um outro estudo, desta vez pela Coca-Cola, no qual foram pesquisados mais de 700
itens durante 30 dias em 10 lojas diferentes. Constatou-se, neste estudo, que 8.2% dos
itens pesquisados não se encontravam nas prateleiras.
Considerando uma loja típica, este nível de falta de estoque encontrado
(8,2%) representaria uma perda de 3% das vendas e ainda resulta na evasão de 0.5%
dos clientes por ano.65
2.4.2 Gerenciamento dos Estoques Hoje
“Informações sobre estoques são úteis quando dão aos
varejistas insights dos erros do passado e previsões para
planos futuros”
Lewison (1994, p.669)
2.4.2.1 Estoques na Cadeia de Suprimento 66
A falta de informação ao longo da cadeia de suprimentos tem levado a
ineficiências como: excesso de investimentos em estoques, baixo nível no serviço ao
consumidor, perda de retornos, falta de direção para planos de capacidade, transporte
ineficiente e conturbações na programação de produção.
A eficiência dos estoques ao longo da cadeia de suprimentos é prejudicada
por um efeito, conhecido como “efeito chicote” - Bullwhip (ou whiplash, ou
whipsaw), onde a variabilidade da demanda é amplificada a medida que se sobe a
cadeia de suprimentos.
65 GARRY, M. New Coke study offers tech solutions. Progressive Grocer. v. 75, p. 93, Abr. 1996.66 LEE, H.; PADMANABHAN, V.; WHANG, S. The Bullwhip effect in Supply Chains. Sloan Management Review.
p. 93-102, Spring 1997.
42
Numa cadeia de suprimento típica, mesmo quando a demanda não parece
variar muito, percebe-se variação pronunciada nos pedidos dos varejistas para os
atacadistas, variação ainda maior nos pedidos dos atacadistas para seus fornecedores e
assim em diante como pode ser visto na figura a seguir:
Figura 5
Efeito Bullwhip
A Figura acima exemplifica como as variações nas vendas ao consumidor
são ampliadas a medida que são repassadas para um estágio anterior na cadeia de
suprimentos. Uma pequena variação na demanda final do produto, percebida no centro
da curva do primeiro gráfico, acabou sendo muito amplificada no pedido da indústria
para o fornecedor que pode ser visto no último gráfico apresentado.
FONTE: LEE; PADMANABHAN; WHANG (1997, p.94)
20 20
15 15
10 10
5 5
20 20
15 15
10 10
5 5
Aumento da variação nos pedidos ao longo da Cadeia de Suprimentos
Vendas ao Consumidor
Pedido do Atacado para Manufatura
Pedido do Varejo para Manufatura
Pedido da Manufatura para Fornecedor
TempoTempo
Tempo Tempo
Qua
ntid
ade
Qua
ntid
ade
Qua
ntid
ade
Qua
ntid
ade
43
Para evitar a ampliação da variação da demanda e melhor gerenciar os
estoques da cadeia de suprimento como um todo, as empresas podem tomar diversas
atitudes como:
• Disponibilizar os dados de venda aos consumidores finais para toda a
cadeia de suprimentos. Deste modo, as empresas não teriam que basear suas
previsões nos dados históricos dos pedidos dos consumidores imediatos.
• Passar o controle dos estoques para os membros de cima da cadeia, ou
seja, os membros de cima da cadeia passariam a controlar o reabastecimento
dos membros de baixo. Tal procedimento se justificaria porque, mesmo que
as empresas ao longo da cadeia de suprimento utilizassem os mesmos dados
de demanda, as diferença nos métodos de previsão e as práticas de compras
poderiam ainda levar a flutuações desnecessárias da demanda. As empresas
poderiam utilizar práticas conhecidas como gerenciamento de estoques por
fornecedores ou programa de reabastecimento contínuo.
• Melhorar a eficiência operacional reduzindo a variação da demanda
agravada por grandes lead times de reabastecimento. O reabastecimento
just-in-time poderia ser considerado como uma importante forma de reduzir
este efeito.
• Procurar fazer reabastecimentos mais freqüentes. Uma das razões para
se fazer pedidos de reabastecimento pouco freqüentes pode ser explicado
pelos custos de fazer um pedido. Utilizando EDI e sistemas que facilitem a
geração de pedidos as empresas poderiam fazer pedidos mais facilmente e
por um menor custo.
• Usar empresas especializadas para ajudar a tornar os pedidos mais
freqüentes, economicamente viáveis. O custo de transporte muitas vezes
desestimula as empresas a fazerem pedidos mais freqüentes, no entanto,
empresas terceirizadas poderiam consolidar cargas de diferentes clientes.
• Fazer políticas de preços baixos todos os dias poderia contribuir para a
redução de estoques ao longo da cadeia de suprimentos. Os preços mais
44
estáveis acabariam gerando uma demanda não só mais estável como
também mais previsível.
2.4.2.2 Estoques no Varejo
Para garantir sua sobrevivência no mercado atual, o varejista no atual mercado,
precisa aprender a operar com estoques cada vez menores, enxutos e com giro rápido.
Antigos paradigmas como os que são enumerados no quadro a seguir são
desapropriados para o ambiente atual do varejo.67
Quadro 4
Paradigmas
“É necessário ter estoques para fazer negócios.”
“Quanto mais se carrega mais se vende.”
“Nós tentamos nunca perder uma venda.”
“Nós temos alguma coisa para todo mundo.”
“Se esperarmos o tempo suficiente, poderemos vender tudo.”
FONTE: PEARSON (1993, p.81)
Muitos varejistas reclamam que não conseguem controlar seus estoques pois
estes parecem crescer cada vez mais. Para reduzir seus estoques os varejistas deveriam
aprender a melhor controlá-los, eliminar estoques duplicados, descontinuar alguns
67 PEARSON, B. Learning to live with less: less inventory, that is. Stores, v. 75, p. 81-82, Jun. 1993.
45
estilos similares e até desnecessários, fazer sell-out (venda total de um artigo) quando
necessário e perder ocasionalmente vendas não satisfazendo a todos os consumidores
que atravessam a porta da loja.67
Segundo Dennis W. Green68, então vice presidente da gerência de logística
e estoque da Mervyn’s, toda vez que se coloca incerteza ou falta de informação no
caminho, cria-se tempo extra nos armazéns e aumentam os estoques. Ele acredita que
o sucesso do gerenciamento de estoques consiste em acabar com a incerteza. Para
tanto, é necessário utilizar várias estratégias como manter um bom relacionamento
com os fornecedores baseado na confiança, no comprometimento a longo prazo e na
comunicação, acabar com a utilização de papéis no processo de reabastecimento
utilizando troca eletrônica de dados (EDI) e aumentar a rapidez utilizando novas
tecnologias e informação. Com estas estratégias seria possível conseguir não só
reduzir estoques mas também a falta deles.
O gerenciamento dos estoques, hoje, é baseado na coleta de dados reais
gerados nos pontos-de-venda, no conceito de cadeia de suprimentos, na utilização de
informações, de redes de comunicação, na melhor coordenação das atividades e em
práticas como o Quick Response e em programas de reabastecimento contínuo.69
Segundo Robert E. Sbath70, então vice-presidente da Mercer Management
Consulting e especialista em logística e gerenciamento de estoques, as empresas que
não fizerem o uso máximo da informação por conta própria perceberão que os
competidores e os próprios consumidores os forçarão a fazerem isto. Anos atrás, as
empresas poderiam empurrar os custos do excesso de estoque ao longo da cadeia de
suprimentos mas hoje a situação é diferente.
Previsões de demanda podem ser usadas também para ajudar na previsão de
vendas promocionais. Com base no histórico de vendas e características da promoção,
a demanda pode ser prevista e ainda refeita de acordo com os primeiros dias de venda.
Além disto, os dados de venda ainda podem ser usados para avaliar o estoque nas
prateleiras.
68 Apud MERVYN’Stakes doubt out of replenishment. Chain Store Age Executive. v.69, p.137, Out. 1993.69 PEARSON, B. Learning to live with less: less inventory, that is. Stores, v. 75, p. 81-82, Jun. 1993.70 Apud ANALYTICAL inventory management. American Shipper. p.61, jul. 1994.
46
Enquanto no passado o relacionamento entre varejistas e fornecedores era
conflituoso, hoje eles estão construindo canais de comunicação para melhorar o
desempenho de ambos. Hoje, fornecedores recebem dados diários de vendas gerados
nos pontos-de-venda e, uma vez que os estoques do varejo atingem um valor abaixo
de um determinado nível, os sistemas automaticamente geram uma ordem de
reabastecimento.
Atualmente, os maiores desperdícios de dinheiro, espaço e tempo ocorrem nos
estoques. Enquanto os varejistas tem que arcar com o custo de armazenar mercadorias
que ainda não foram vendidas, também perde vendas e clientes com mercadorias que
não estão disponíveis. Por isto, mais do que nunca, os varejistas estão interessados em
definir o momento exato da chegada das mercadorias, especificando o dia preciso que a
mercadoria deve chegar na loja para poupar os custos relacionados a estocagem. No
momento em que as lojas passam a saber exatamente quando as mercadorias vão chegar
a reposição de estoques passa a ser mais acurada. 71
2.5 RESUMO
A análise da literatura internacional, complementada por alguns dados sobre a
situação do varejo no Brasil trouxe à tona uma série de questões que serviram para
orientar a formulação das perguntas de pesquisa que nortearão o trabalho de campo.
Observa-se em primeiro lugar, que o varejo mundial vem, nos últimos tempos,
passando por um forte processo de transformações, destacando-se entre elas a mudanças
de poder no canal de distribuição, um forte movimento de concentração setorial,
aumento da competição e internacionalização. Por trás deste conjunto de transformações
estão as novas tecnologias de informação, complementadas por inovações conceituais
no processo de gestão do varejo.
71 WILSON, B. L.; KINGDON, M.; REEVE, T. Best practices in retailing: Quick hits' in store-level merchandise and
inventory management. Chain Store Age. v.71, p. 100-106, Nov. 1995.
47
A revolução na tecnologia de informações começou a impactar o varejo na
primeira metade da década de 1970, quando surgiram nos EUA e na Europa os
primeiros caixas eletrônicos, popularmente denominados de PDV, capazes de captar
informações através de digitação de códigos dos produtos, ou de leitura ótica de códigos
de barras.
Limitada inicialmente às operações de frente de loja, e voltados principalmente
para a automação da operação de pagamento e controle de caixa, a tecnologia de
informações para o varejo foi se expandindo, inicialmente na direção da retaguarda das
lojas, com o objetivo de controlar estoques e auxiliar nas atividades de reposição de
produtos.
O próximo passo foi na direção da integração com fornecedores, conseqüência
da crescente sofisticação da tecnologia no que diz respeitos a transmissão de dados, e de
inovações de conceitos gerenciais no que diz respeito a relações de fornecimento no
canal. Tecnologias como EDI e rádio frequência, e movimentos como o ECR e QR,
foram os principais responsáveis por esse movimento.
O resultado de todos estes avanços, ao longo dos últimos 25 anos, foi o
desenvolvimento de um sistema tecnológico integrado, envolvendo hardwares,
softwares, e novas estruturas organizacionais, interligando clientes, fornecedores e
operações de retaguarda, tais como, estoques, armazenagem, e compras.
O resultado de todos estes avanços nos países desenvolvidos já é bastante
conhecido, no que diz respeito a redução de custos, aumento de produtividade e
melhoria do serviço para o consumidor do varejo. Para as empresas localizadas nos
países desenvolvidos, a adoção destas tecnologias ocorreu ao longo dos anos,
acompanhando a própria dinâmica das inovações. Foi um processo de aprendizado e
aperfeiçoamento contínuo, suportado por um estoque de recursos humanos
especializados nas novas tecnologias que iam surgindo. Talvez por isso, a revisão da
literatura seja tão rica em descrever as tecnologias, e suas vantagens, e tão escassa em
termos do processo de adoção.
48
A situação de um país em desenvolvimento como o Brasil a situação parece ser
bastante diferente. Em primeiro lugar, porque a grande maioria das tecnologias
disponíveis são importadas, e portanto suscetíveis a problemas de adaptações às
condições ambientais de nossa economia. Em segundo lugar, porque iniciamos o
processo de adoção bem mais tarde, conseqüência principalmente da reserva de
mercado que impedia a importação, do processo inflacionário, que desestimulava os
investimentos voltados para aumento de produtividade, e do baixo nível de competição,
que não criava os incentivos para a mudança e a inovação. Tal cenário coloca a questão
do processo de implementação das novas tecnologias, como especialmente importante.
Com o intuito de conhecer um pouco melhor o processo de implementação da
automação no varejo brasileiro, este estudo se propõe a analisar o caso de três empresas
que atuam no setor de vestuário. Pretende-se entender como evoluiu e ainda esta
evoluindo este processo de automação, buscando identificar as dificuldades enfrentadas,
comparar os benefícios esperados e os ganhos alcançados na direção de uma gestão
mais eficiente dos estoques, fator de crescente importância para a competitividade e
sobrevivência do varejo nos dias de hoje. Pretende-se ainda identificar as tecnologias e
as práticas gerenciais que estão sendo utilizadas.
49
3 METODOLOGIA
50
3.1 Método de Pesquisa
3.1.1 O Método de Estudo de Caso
“Geralmente estudos de casos são a estratégia preferida (...)
quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos
e quando o foco está sobre um fenômeno contemporâneo
inserido em algum contexto da vida real”
Yin (1988, p.13)
O presente estudo tem caráter exploratório por ser realizado em uma área em
que há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Existem poucos trabalhos
acadêmicos voltados para o varejo brasileiro e este número se reduz ainda mais
quando se trata de trabalhos que discutam a automação comercial. Os poucos
disponíveis se concentram no setor supermercadista e quase nada se encontra sobre o
setor de vestuário.
A metodologia empregada foi a de estudo de caso por ser recomendada a
estudos em fase inicial de investigação como este. Além disto, o método do caso é
apropriado quando as perguntas colocadas são do tipo “como” e “porque”.72
Pretende-se com este estudo conhecer o processo de automação em
empresas brasileiras do varejo de vestuário e como elas estão utilizando informação de
dados de venda para o gerenciamento de seus estoques. Não se pretende, neste estudo,
produzir generalizações conclusivas e sim utilizar as evidências observadas como
fonte de reflexão para estudos futuros.
72 YIN, R.K. Case study research: design and methods. Rev. Ed. California: Sage Publications, 1988. 166p.
51
3.1.2 Escolha dos Casos
Procurou-se identificar dentro do universo de empresas que tivessem uma
forte presença no setor varejista aquelas que desenvolvessem atividades no setor de
vestuário. Optou-se por empresas que atuassem no setor de vestuário pois seus
produtos, devido a moda, têm um ciclo de vida bem curto aumentando a importância
do gerenciamento de estoques. Procurou-se ainda empresas que possuíssem seus
pontos-de-venda automatizados e que já demonstrassem previamente alguma
preocupação com a coleta automática de dados de vendas.
Vale ressaltar que os resultados apresentados neste estudo baseiam-se na
análise de três empresas: Cia A, Cia B e Cia C. Sendo estas empresas bastante
expressivas no setor varejista brasileiro, os resultados da pesquisa devem ser
entendidos como indícios a serem aprofundados em estudos futuros.
3.2 LIMITAÇÕES
3.2.1 Limitações do Método
O método não permite generalizações para o universo salvo condições
específicas e restritas. O método não dá subsídio para fazer inferências da freqüência
com que os fenômenos observados em um pequeno número de casos ocorrem no
universo. Apenas permite afirmar que determinado tipo de fenômeno pode ocorrer em
circunstâncias semelhantes às do caso estudado.73
73 DA ROCHA, A.Estrutura básica para o capítulo de metodologia em teses com base em estudos de caso. Rio de
Janeiro: Coppead, sem data. 4p.
52
3.2.2 Limitações Decorrentes da Dificuldade de Acesso a Dados
As dificuldades de aproximação do pesquisador com o objeto de estudo
podem ser entendidas como mais uma limitação do estudo. Tais dificuldades podem
ser de diversas naturezas, que vão desde a falta de recurso para financiar este acesso,
até a falta de disponibilidade de tempo dos respondentes. 74
No presente estudo questões de confidencialidade com as quais as empresas
estão envolvidas dificultaram o acesso a determinadas informações.
3.2.3 Limitações Decorrentes das Percepções do Pesquisador
Todo o conhecimento prévio do pesquisador sobre técnicas e teorias de
empresa acabam de alguma forma impactando as pesquisas. Da mesma maneira que o
conhecimento prévio do assunto pesquisado contribui para o desenvolvimento da
pesquisa este pode limitar a visão do autor ou levar a uma interpretação enviesada dos
resultados. 74
3.3 DADOS E INSTRUMENTOS
A coleta dos dados foi feita através de entrevistas pessoais, semi-
estruturadas, com os ocupantes dos cargos executivos com amplo conhecimento das
atividades da empresa e com responsabilidades nas atividades de controle de estoques
e tecnologia de informação. Para guiar as entrevistas foi formulado um roteiro de
entrevista que encontra-se em anexo.
O roteiro de entrevista procurou cobrir os principais assuntos relevantes,
podendo ser dividido nas seguintes partes:
74 GUMMESSON, E. Service Quality: multidisciplinary and multinational perspectives. New York: Free Press, 1990.
350p.
53
• Características gerais: identificação das características gerais da
empresa pesquisada de acordo com seu setor, tamanho, área de atuação,
faturamento, número de funcionários etc.
• Processo de automação do PDV: verificação das circunstâncias que
levaram a empresa a automatizar seus pontos-de-venda, identificação das
principais vantagens que a empresa esperava obter com a automação, das
principais dificuldades enfrentadas e das tecnologias utilizadas.
• Setor de vestuário: contextualização do papel do setor de vestuário
dentro da empresa como um todo, caracterização do tipo de produto vendido
e verificação da complexidade do setor tomando como base o número de
fornecedores e produtos.
• Processo de compras: descrição, de uma forma macro, do processo de
compras da empresa, sua estrutura, seu funcionamento e identificação das
áreas responsáveis e dos relacionamentos com os demais setores da
empresa.
• Controle de estoques: identificação da forma de controle de estoques
da empresa, dos responsáveis, das práticas e tecnologias adotadas.
3.4 PERGUNTAS DE PESQUISA
O varejo mundial está contando com novas tecnologias e práticas gerenciais
para melhor administrar seus estoques. O varejo brasileiro também tem buscado,
embora com atraso, modernizar-se seguindo os avanços decorrentes da automação
comercial alcançados pelos grandes varejistas mundiais.
O processo evolutivo da utilização da automação comercial passa por
diversos estágios e, somente com o amadurecimento de um estágio pode-se de atingir
o estágio seguinte. Por exemplo, somente após ter os dados efetivamente capturados
será possível transmiti-los para os diversos membros da cadeia de suprimento, para
54
então ser possível analisá-los com a ajuda de softwares mais sofisticados e aplicar
práticas gerenciais observadas na revisão da literatura.
A literatura sinaliza que a automação comercial está cada vez mais presente
no varejo brasileiro, porém não existem estudos que indiquem o grau de sofisticação
das empresas na utilização das informações retidas ou o estágio que elas se encontram
dentro do processo evolutivo de utilização da automação comercial.
Para compreender melhor o posicionamento do varejo brasileiro dentro deste
processo evolutivo, foi formulada uma grande pergunta geral de pesquisa, desdobrada
em 8 sub-perguntas operacionais.
Pergunta de Pesquisa:
Como tem sido o processo de implementação da automação comercial nas
empresas analisadas e qual a utilização que se tem feito das informações geradas
para o controle de estoques?
Sub-Perguntas Operacionais:
I. Há quanto tempo se iniciou o processo de automação comercial nas
empresas?
II. Quais os principais objetivos esperados com a automação comercial?
III. Qual a origem do know-how utilizado?
IV. Como evoluiu o processo de automação até os dias de hoje?
V. Como é feito o controle dos estoques? Quem são os responsáveis?
VI. Quais as principais dificuldades e obstáculos enfrentados no processo de
automação?
55
VII. Quais os resultados obtidos com a automação comercial?
VIII. Que outras decisões logísticas e organizacionais estão afetando o
controle dos estoques?
56
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS CASOS
57
4.1 DESCRIÇÃO DOS CASOS
4.1.1 Cia A
4.1.1.1 Características Gerais
Cia A, empresa de capital aberto, é uma cadeia de lojas de departamento de
abrangência nacional que teve origem em 1912, como filial de uma empresa
estrangeira. Naquela época, tinha como objetivo vender acessórios para automóveis no
mercado brasileiro. Em 1939 já possuía filiais em São Paulo, Belo Horizonte, Niterói
e Porto Alegre, no entanto, o primeiro magazine só foi construído em 1952, contando
com mais de quarenta departamentos.
No fim de 1997 a empresa contava com um faturamento que girava em torno
de 600 milhões de reais por ano proveniente das mais de 40 lojas espalhadas por
praticamente todos os estados brasileiros.
4.1.1.2 Processo de Automação
Há cerca de dez anos atrás, quando era apontada pelas Maiores e Melhores
da revista Exame como a melhor empresa do ramo varejista, a CiaA iniciou a
automatização de seus pontos-de-venda. Nequela época, apenas alguns supermercados
já haviam começado o processo de automação.
Os executivos da Cia A procuravam acompanhar sempre o que acontecia “lá
fora” visando trazer para dentro da empresa as melhores práticas do mercado. Assim,
tendo conhecimento de que algumas empresas no exterior já haviam passado por um
processo de automação com excelentes resultados operacionais, foi iniciado o
processo de automação dos pontos-de-venda de toda rede de lojas. Atualmente a
58
empresa conta com cerca de 1000 PDVs ativos e automatizados espalhados por suas
40 lojas em todo Brasil.
Os executivos tinham seus objetivos voltados para melhor controle
financeiro tendo sido este o principal fator motivacional que levou a automação da
cadeia. A empresa buscava ainda maior agilidade no atendimento com a automação
dos PVDs. Na época, porém, não havia integração alguma da retaguarda com a frente
de loja.
Embora desenvolvida com as melhores intenções, a automatização dos
PDVs não contou com um processo estruturado dentro da própria empresa que
permitisse absorver todas as vantagens (mencionadas no segundo capítulo) que
poderiam vir com a automação de suas lojas. Basicamente a empresa apenas melhorou
as atividades dos caixas e obteve um maior controle financeiro de seus estoques.
Outro fator que também dificultou os resultados da empresa foi a falta de infra-
estrutura no país para dar suporte a automação, como, por exemplo, o uso de códigos
de barra pela maioria dos fornecedores.
O processo teve praticamente todo seu desenvolvimento dentro da própria
empresa, inclusive o desenvolvimento dos sistemas.
Como em todo processo de mudança a empresa enfrentou grandes
obstáculos durante toda fase de implantação. Embora a simples troca de equipamentos
por uma nova tecnologia e, consequentemente, novos procedimentos não tivesse
inviabilizado a implantação, houve uma grande dificuldade de aceitação da nova
tecnologia, tanto por parte dos funcionários como também dos fornecedores. Somados
a esses problemas culturais enfrentados pela empresa, a falta de código de barras nos
produtos também foi mais um obstáculo ainda não completamente superado.
Atualmente os dados coletados pela empresa nos pontos-de-venda
representam, com bastante precisão, a realidade das vendas em termos financeiros,
verificado-se um bom índice de acertos no “scaneamento” das mercadorias. No
entanto, os dados coletados nos PDVs não chegam ao nível de detalhe de SKU.
59
Consequentemente, mercadorias diferentes sob o ponto de vista de controle de estoque
acabam não sendo diferenciadas.
Por exemplo, muitas roupas só estão diferenciadas para o sistema até a
característica de artigo, sendo ignorados tanto tamanho como cor. Ou seja, os dados
não diferenciam uma blusa verde tamanho pequeno de uma blusa roxa tamanho
grande, impossibilitando o acompanhamento de cada item e consequentemente o
controle eficaz de vendas e estoques.
Verificam-se algumas distorções na coleta de dados, devidas não a falhas no
“scaneamento”, mas a erros na etiquetagem como troca de etiquetas entre duas
mercadorias diferentes. Dificilmente os erros ocorrem no momento em que as
etiquetas são impressas. O que costuma acontecer são falhas na hora de fixar a
etiqueta à mercadoria.
Ao contrário do que se possa imaginar, os erros de etiquetagem tem uma
incidência bastante significativa considerando-se que “todos” os artigos da Cia A são
reetiquetados. Isto significa que mesmo aqueles itens que já vem com códigos de
barras do fornecedor recebem outra etiqueta com um outro código e com o preço da
mercadoria.
Embora o processo de reetiquetagem de todas as mercadorias onere bastante
os custos da empresa, esta acredita que a não fixação da etiqueta com o preço da
mercadoria reduz as vendas. Como a companhia vende, na maioria das vezes, itens
supérfluos, desnecessários, a falta de preço na mercadoria demandaria um esforço
maior do cliente para identificar o preço, podendo ocorrer a desistência da compra
frente a dificuldade de visualização rápida do preço.
Os equipamentos utilizados pela empresa são os mesmos da época da
implantação há cerca de dez anos atrás. Desde então a empresa não tem acompanhado
a evolução da tecnologia. A situação financeiramente não muito favorável que a
empresa vem passando nos últimos anos levou ao corte nos investimentos e
consequentemente os cortes com gastos em equipamentos, impedindo a atualização
tecnológica.
60
A velocidade dos avanços e inovações na área tecnológica tem sido tão
grandes que, em pouco tempo, equipamentos considerados de “última geração”
tornam-se rapidamente ultrapassados. Como grande parte dos equipamentos utilizados
pela empresa foram adquiridos ainda na época da implantação, eles são lentos e com
um número bem menor de funções do que os atuais. Além disso, são pouco flexíveis e
passíveis de sofrer problemas freqüentes com o sistema.
4.1.1.3 Setor de Vestuário
Atualmente, o setor de vestuário tem uma grande participação no
faturamento da empresa como um todo. Esta proporção, entretanto, se alterou
radicalmente ao longo da existência da companhia.
Os produtos vendidos são em sua maioria de baixo valor, com um preço
médio aproximado de R$ 10,00. O volume de venda do setor é de aproximadamente
60 milhões de reais por mês. O setor trabalha com número elevado de mercadorias,
aproximadamente 35.000 / 40.000 itens. Se considerarmos o nível de SKU, o setor
trabalha com um número muito maior do que o citado acima, pois desconsidera, em
alguns casos, as diferenças de cores e tamanhos dos itens.
Embora a empresa trabalhe com um número elevado de itens, não conta com
nenhum centro de distribuição, armazenando todas estas mercadorias nas próprias
lojas. A empresa tem como política manter estoques para 45 dias. Assim, produtos que
não giram em oito semanas tem seus preços remarcados sucessivamente até que estes
sejam totalmente vendidos.
A maior parte dos fornecedores são de pequeno porte o que permite à
empresa a diferenciação das mercadorias “de moda” em relação aos concorrentes.
Trabalhando com empresas menores e consequentemente mais flexíveis a Cia A
consegue acompanhar a moda lançando a todo momento pequenas novas coleções,
embora esta flexibilidade possa gerar ineficiências operacionais.
61
No caso de roupas básicas, que são mantidas continuamente nas prateleiras
das lojas, a empresa costuma negociar com grandes fornecedores. Para este tipo
específico de mercadoria do setor de vestuário não há necessidade de atualização das
coleções constantemente pois a moda varia com bem menos freqüência.
Embora a empresa admita que tenha um maior poder de barganha do que
seus fornecedores, até mesmo pela diferença de tamanho, acredita que o ideal estaria
num ponto de equilíbrio que acabaria trazendo benefícios para ambas as partes.
Poucos dados de venda são compartilhados com os fornecedores pois, de
acordo com experiências feitas pela própria empresa, os fornecedores acabam
repassando os dados para os concorrentes, trazendo prejuízo para a empresa. Hoje a
empresa já observa a manifestação do desejo de alguns fornecedores de estarem
desenvolvendo um sistema de EDI no futuro. Tais manifestações estão sendo
percebidas, principalmente, em alguns grandes fornecedores de outros setores como os
de linha branca.
4.1.1.4 Processo de Compras
A empresa possui um departamento especializado e centralizado de
compras, localizado no Rio de Janeiro. Este departamento está subdividido entre os
diversos setores da empresa, sendo que o setor de vestuário ainda se subdivide entre
infantil, feminino e masculino, entre outros. O processo de compras pode ser visto de
forma resumida pela figura a seguir:
62
Figura 6
Processo de Compras – Cia A
Primeiramente faz-se uma pesquisa procurando identificar as tendências da
moda no mundo. Como a moda no Brasil é defasada da moda no exterior torna-se
possível estimar qual será a próxima moda com alguma antecedência. Para isto a
empresa está sempre buscando identificar o que está se usando no exterior.
Uma vez identificada a moda, a empresa monta uma grade de sortimento
com base na pesquisa levantada. Busca-se nesta grade balancear as linhas básicas que
não podem faltar nas lojas com as linhas de moda.
Paralelamente, define-se o orçamento a ser destinado a compras do setor de
vestuário. Este orçamento, por sua vez, está extremamente relacionado com a receita
obtida com as vendas anteriores e com a sazonalidade da demanda no período em
questão.
Uma vez montada a grade de sortimento e definido o orçamento procura-se
estimar a quantidade que deverá ser comprada de cada item com base no histórico de
vendas e dentro do orçamento preestabelecido.
PESQUISA SOBRE
TENDÊNCIAS DA MODA
MONTAGEM DE
GRADE
COMPRAS
ORÇAMENTO PRÉ-
ESTABELECIDO
DADOS HISTÓRICOS
DISPONÍVEIS
INTUIÇÃO
63
Como os dados de venda não estão detalhados ao nível de SKU, a
quantidade a ser comprada por tamanho e cor muitas vezes é estabelecida com base na
intuição e em experiências anteriores.
4.1.1.5 Controle de Estoques
Os próprios compradores são os responsáveis pelo controle dos estoques. Os
indicadores utilizados para acompanhar os estoques estão sempre baseados em
resultados, ou seja, em vendas.
Embora sejam os compradores os responsáveis pelo controle dos estoques
da empresa, estes, em sua maioria, possuem uma visão extremamente operacional,
mostrando ter uma grande necessidade de manter contato com fornecedores,
rejeitando a idéia de softwares de reposição automática ou similares.
A empresa não utiliza softwares modernos para auxiliar o controle de
estoques. O sistema da empresa tem a capacidade de apenas informar o nível de
estoque em termos financeiros em um determinado momento. Não há sugestão de
compras nem mesmo para itens básicos que são regularmente repostos.
A empresa não possui um estoque central para abastecer suas lojas de
acordo com a demanda. Uma vez comprada, toda a mercadoria é distribuída entre as
lojas não havendo a hipótese de transferência de mercadorias entre as lojas para
melhor atender a demanda. Devido a grande diversidade de público ao longo das mais
de 40 lojas espalhadas por todo o Brasil, certamente esta situação acaba gerando
excesso de estoques em algumas lojas e falta em outras.
64
4.1.2 Cia B
4.1.2.1 Características Gerais
A Cia B é uma empresa de capital aberto, do ramo varejista, detentora de
uma cadeia de lojas de desconto de abrangência nacional. Fundada há mais de setenta
anos, a empresa conta, hoje, com mais de 100 lojas espalhadas em todo país. Desta
centena de lojas, cerca de 80% são convencionais e o restante, além do sortimento
padrão, conta ainda com um setor de alimentos. Hoje a empresa conta com mais de
15.000 funcionários. Seu faturamento atingiu, em 1996, mais de 2 bilhões de dólares.
As lojas da empresa estão localizadas sempre em áreas de alto tráfego
dispondo-se a atender a parcela da população que tem maior dificuldade de fazer
grandes deslocamentos. As lojas possuem um largo sortimento de produtos de
consumo divididos entre os seus diversos setores.
4.1.2.2 Processo de Automação
No passado a empresa possuía basicamente o controle financeiro das vendas
das mercadorias. Com o passar do tempo, devido a diversas mudanças no mercado
dentre as quais se destaca o fim do processo inflacionário, a necessidade de se ter
informações sobre o que o cliente estava realmente comprando em termos de itens
tornava-se cada vez mais forte.
Em 1995 a empresa iniciou o processo de automatização de seus PDVs, que
durou cerca de 8 meses (desde 1993, no entanto, já havia uma loja piloto para
desenvolvimento da tecnologia). Hoje a empresa já possui cerca de 4.000 pontos-de-
venda, uma média de 40 PDVs por loja, estando 100% deles automatizados.
65
No início, a empresa contou com um profissional de mercado para gerenciar
o processo de automação. Já numa segunda etapa, a empresa transferiu o controle para
um funcionário interno. Este funcionário passou então a gerenciar o profissional
externo. Portanto, a empresa contou com profissionais externos durante todo o
processo de automação, seja no seu controle ou apenas dando suporte.
Com a implantação dos pontos-de-venda automatizados, a empresa esperava
melhorar o atendimento ao cliente, tornando a operação de venda mais eficiente,
diminuindo o tempo de espera em filas e também eventuais erros provenientes do
método antigo de trabalho. Além disto, a empresa esperava obter um balanceamento
melhor dos seus estoques, reduzindo, consequentemente, os custos de uma forma
geral.
No decorrer do processo, deparou-se com problemas culturais dentro da
própria organização. Além destes problemas ainda teve que enfrentar outros externos,
como infra-estrutura e fornecedores. Os fornecedores acabavam errando muito no
processo de codificação do produto por não darem muita atenção no momento da
etiquetagem. Grande parte dos fornecedores não era capaz de compreender as
vantagens que estavam por trás das exigências referentes a etiquetagem das
mercadorias por códigos de barras. Apenas cumpriam ordens.
Os dados coletados nos pontos-de-venda representam com bastante
fidelidade as vendas. As falhas na coleta dos dados de venda são monitoradas e ficam,
hoje, em torno de 10%. Os erros se devem principalmente a falhas dos fornecedores, a
erros do próprio sistema, de procedimentos inadequados para leitura ótica dos códigos
de barras, de falhas no cadastramento ou até mesmo na digitação (já bem reduzida).
Por exemplo, algumas vezes os funcionários fazem a leitura de apenas um código de
barras de um produto e multiplicam pelo número de itens a serem comprados, porém
muitas vezes existem produtos que, embora tenham o mesmo preço e serem
aparentemente iguais, possuem uma pequena diferença e, consequentemente, dígitos
diferentes.
66
4.1.2.3 Setor de Vestuário
O setor de vestuário tem uma participação de 20% no faturamento da
empresa. Apenas este setor trabalha, em média, com 15.000 itens diferentes. Este
número elevado pode ser explicado pelo fato de que mesmo tendo apenas um único
produto remanescente em uma loja, este constará no cadastro e, como a empresa tem
um número elevado de lojas, é natural que um produto demore até sair definitivamente
do cadastro de produtos.
O setor de vestuário trabalha com produtos de baixo valor que variam entre
8 e 15 reais. Apesar do baixo valor dos produtos, o volume médio de vendas chega a
atingir 40 milhões de dólares por mês.
Em média, somente no setor de vestuário são processados cerca de 1.400
pedidos para fornecedores por mês. A empresa trabalha com fornecedores pequenos,
que negociam até R$ 1.000.000 por ano, e também com os grandes fornecedores. A
maior parte do setor de vestuários lida com grandes fornecedores onde o poder de
negociação empresa/fornecedor, ao contrário da relação com os pequenos, fica bem
mais equilibrado.
4.1.2.4 Processo de Compras
Dentro da organização existe um setor especializado de compras. A maior
parte deste setor está centralizado na sede da empresa. Para os departamentos, de uma
forma geral, 85% das compras são feitas pelo setor central de compras, enquanto que
no caso do setor de vestuário este percentual é de 100%.
Até 1998, 80% das mercadorias iam para um depósito central de onde eram
redistribuídas para as lojas. Atualmente a empresa possui um centro de distribuição
que não apenas redistribui as mercadorias entre as lojas, mas, também, armazena as
mercadorias até que estas sejam realmente necessárias nas lojas.
67
De uma forma genérica, o processo de decisão de compras pode ser
subdividido entre as mercadorias de moda e as de reposição.
Primeiro, tanto no caso das mercadorias de moda, como de reposição, é feito
um orçamento para cada departamento. Cada departamento, após subdividir este
orçamento por linhas, retorna-o para aprovação da diretoria.
No caso das mercadorias de reposição, avalia-se o que foi vendido com a
ajuda de um sistema. Neste sistema, com base no histórico de vendas, são feitas
algumas análises prévias e emitidos relatórios que orientam os compradores. Estes
sistemas não só ajudam os compradores na alocação das mercadorias como também
fazem algumas sugestões, com base na análise do histórico, e levando em
consideração o giro dos estoques entre outras coisas. Os compradores por sua vez não
podem simplesmente utilizar os dados, necessitam primeiro analisar os dados para que
haja uma interpretação correta das vendas.
Para as mercadorias de moda, a empresa procura avaliar um indicador de
vendas potenciais através da análise do histórico de vendas de itens semelhantes. O
sistema, ao analisar as vendas passadas, ajuda o comprador a separar o que deverá ser
enviado para cada loja.
Tanto a análise de compras como o nível de promoção estão baseados nas
informações obtidas nos pontos-de-venda. Hoje, na empresa, nada é feito apenas com
base na intuição, embora muitas vezes esta ainda seja utilizada pelos compradores
mais experientes.
Praticamente, não há troca de dados de venda com os fornecedores. A
empresa, hoje, apenas envia os pedidos para os fornecedores via EDI. Embora existam
alguns projetos piloto de gerenciamento de estoques pelo fornecedor, os resultados
não tem sido muito satisfatórios.
De uma forma resumida, o processo de compras pode ser visto de acordo
com o esquema a seguir:
68
Figura 7
Processo de Compras – Cia B
4.1.2.5 Controle de Estoques
A responsabilidade pelo controle dos estoques da empresa fica por conta dos
próprios compradores. Estes, através do sistema, estão informados o tempo todo sobre
o posição dos estoques da empresa por SKU e por loja.
Apesar da empresa já utilizar as informações obtidas nos PDVs para
controlar melhor seus estoques ela acredita que estas ainda poderiam ser melhor
aproveitadas. A própria gestão da informação é incipiente. Existe um certa dificuldade
de passar da teoria para prática, ou seja, converter dados em informação.
A falta de tempo, aliados a cultura, a dúvida em relação a confiabilidade dos
dados e ao próprio excesso de informação acabam impedindo um melhor
aproveitamento da informação. Além disso, costuma-se dar muita ênfase à crítica e à
falta de informação, ao invés de concentrar energia para melhor utilizar a informação
MERCADORIASDE MODA
MERCADORIASDE REPOSIÇÃO
HISTÓRICO DEVENDAS ITENS
INDICADOR DEVENDAS POTENCIAIS
ORÇAMENTO PORDEPARTAMENTO
SISTEMA BASEADO
HISTÓRICO DE
VENDAS
COMPRAS
69
disponível. Tais informações poderiam levar a empresa a atender o cliente de forma
melhor, com custos menores, estoques mais enxutos e reduzir, ainda, o número de
vendas perdidas.
Para acompanhar o desempenho dos estoques, a empresa trabalha com
indicadores como giro, venda e cobertura. O número de dias de vendas que a empresa
deseja manter em estoque gira em torno de 25 dias, porém, atualmente o número de
dias tem sido bem maior do que este. Apesar de serem utilizados vários indicadores
diferentes, verifica-se ainda uma forte presença do controle financeiro para o
gerenciamento dos estoques.
Desde a automação dos pontos-de-venda, a empresa acredita ter reduzido
bastante o volume de estoques que carrega. No entanto não sabe precisar este ganho
devido a dificuldade de se comparar os dados. A implementação dos PDVs
automatizados coincidiu com a entrada do Plano Real. Considerando-se que, antes
desta data, o país tinha sua economia marcada por altas taxas de inflação, e como os
dados de estoques nesta época eram financeiros, sua grande variabilidade mensal
impede qualquer tentativa de comparação.
70
4.1.3 Cia C
4.1.3.1 Características Gerais
A Cia C é uma empresa que atua principalmente no setor de comércio
varejista. A empresa detém uma cadeia de lojas na região do Estado Rio de Janeiro e
tem sua matriz localizada no município do Rio. Seu faturamento, embora seja bem
menor do que das Cia A e Cia B, se encontra entre os três maiores do estado do Rio de
Janeiro.
Hoje, a empresa conta com cerca de 1200 funcionários distribuídos entre
suas 17 lojas. Devido ao bom desempenho, a empresa vem apresentando um
crescimento contínuo. Uma de suas metas é continuar abrindo mais 2 novas lojas por
ano até o ano 2000, chegando a alcançar mais de 20 lojas daqui a três anos.
4.1.3.2 Processo de Automação
Em 1988 a empresa iniciou o processo de automação dos seus pontos-de-
venda. Um ano e meio após o início do projeto, os seus 190 pontos-de-venda já
estavam totalmente automatizados. Estes porém não foram automatizados de uma só
vez.
Em primeiro lugar, a empresa se preocupou em desenvolver um projeto
piloto em uma de suas lojas localizada em Volta Redonda. Embora tenham ocorridos
alguns problemas, o projeto piloto foi sucesso. Partindo da experiência obtida com a
loja de Volta Redonda a empresa decidiu dar prosseguimento a automação das outras
lojas. Assim, pouco a pouco, a empresa foi substituindo os antigos chekouts por novos
equipamentos inteiramente automatizados.
71
A empresa esperava obter, com a automação de seus pontos-de-venda, maior
agilidade no retorno da informação para tomada de decisão mais rápida e também
maior agilidade no atendimento do checkout. Segundo a empresa, seus clientes de uma
forma geral dão muito valor a um rápido atendimento no chekout e, por mais que
gastem tempo procurando, escolhendo e experimentando as roupas, na hora de pagar
estão sempre com muita pressa.
Antes da automação, a empresa já possuía um sistema de controle de
mercadorias por item. O processo era semelhante ao utilizado no passado pela maioria
de lojas do tipo “butique”. Na época, cada mercadoria tinha afixada uma etiqueta que
a identificava. No momento da venda esta etiqueta era colada em uma boleta onde
eram colocados o preço e data da venda. Ao final do dia, cada loja reunia todas as suas
boletas e as enviava para a matriz. Na matriz, aquelas milhares de boletas eram
reunidas e digitadas, uma a uma, no sistema.
O grande volume de vendas e a forma como era feito o controle tornava-o
muito lento. Assim, somente 14 ou 15 dias após a venda a empresa tinha as
informações que necessitava para tomar as mais diversas decisões. A defasagem das
informações acabava prejudicando diversos setores e, principalmente, o de controle
dos estoques.
Em 1986 surgiu o embrião do projeto de automação dos PDVs. Nos dois
anos seguintes o projeto foi sendo concebido e somente em 1988 houve a
implementação do projeto piloto na loja de Volta Redonda.
Quase todo o desenvolvimento do processo de automação se deu dentro da
própria empresa. A participação de terceiros ficou restrita ao desenvolvimento dos
sistemas. Para a escolha da melhor tecnologia, a empresa contou com a colaboração de
outras empresas que já haviam adquirido conhecimento no assunto.
Durante todo o processo de automação a empresa teve que superar diversas
dificuldades. Entre as dificuldades enfrentadas, a rejeição dos profissionais frente às
mudanças acarretadas com a utilização de novas tecnologias foi a que mais despendeu
energia. Além disto, a dificuldade de se obter informações devido a erros,
72
provenientes tanto da classificação como da própria codificação e etiquetagem da
mercadorias dificultaram sensivelmente a implantação da tecnologia.
A empresa acredita que os dados coletados atualmente ainda não
representam com muita fidelidade as vendas nas lojas. Espera que dados nos próximos
anos sejam mais confiáveis, pois já vem desenvolvendo um eficiente trabalho para
contornar as dificuldades de informação que vêm das lojas, diagnosticando e
solucionando problemas operacionais. Um exemplo de problema operacional ocorre
quando um cliente chega no checkout com uma mercadoria sem etiqueta (sem código
de barras) devido a qualquer falha operacional. Os funcionários, agindo de acordo
com o treinamento, atendem o cliente da melhor forma possível e vendem a
mercadoria. Logo após a venda e assim que houver tempo disponível, os funcionários
deveriam resolver esta situação. No entanto, na maior parte das vezes, estes acabam
deixando de solucionar o problema e acabam propagando o erro.
A identificação dos produtos, hoje, está sendo feita através de códigos de
barra com um padrão próprio. Não se exige que os fornecedores utilizem código de
barras em suas mercadorias, embora já se receba alguns produtos com códigos no
padrão EAN.
Uma vez recebidas, todas as mercadorias, com ou sem código de barras, são
reetiquetadas. A empresa utiliza etiquetas que contêm o preço associado a um código
de barras interno.
Atualmente não se trabalha com informação a nível de SKU no setor de
vestuário e as mercadorias são controladas a nível de item. Ou seja, referem-se sempre
a um determinado artigo, sem levar em consideração, por exemplo, cor e tamanho.
Tendo em vista os benefícios e, principalmente, a maior facilidade para
futuras trocas de dados, optou-se por passar a adotar o código EAN como padrão. Para
tanto, pretende-se passar a exigir que todos seus fornecedores já entreguem as
mercadorias com o código EAN.
Mesmo adotando esta medida, a empresa acredita que continuará a
reetiquetar as suas mercadorias para a colocação do preço – esta etiqueta por sua vez
73
poderá ser reduzida, uma vez que não precisará conter mais um código de barras. A
hipótese de deixar de etiquetar as mercadorias não está sendo considerada. Acredita-se
que a falta de preço na mercadoria acaba influenciando negativamente no volume de
vendas, principalmente se tratando de compras de itens que não são extremamente
necessários.
Além da maior facilidade na troca de dados, trabalhando dentro do padrão
EAN as mercadorias serão identificadas a nível de SKU. Embora a empresa não veja
utilidade no detalhamento da informação para itens de moda, acredita que terá grandes
benefícios em outras áreas.
4.1.3.3 Setor de Vestuário
A participação do setor de vestuário em relação ao faturamento da empresa
como todo fica em torno de 60%. A empresa trabalha, em média, com cerca de 3500
itens, o que não quer dizer que tenha 3.500 SKUs; certamente este número é bem
maior, pois hoje não trabalha a nível de SKU e sim de itens e um item pode
desdobrar-se em mais de um SKU.
Em períodos normais, fora de picos de vendas, são emitidos cerca de 6 a 10
pedidos de mercadorias para o setor de vestuário por dia. As mercadorias do setor de
vestuário comercializadas pela empresa trabalha têm valor médio de venda de R$
16,50.
4.1.3.4 Processo de Compras
A empresa possui um setor de compras especializado que está centralizado
no estado do Rio de Janeiro. Este setor está dividido de acordo com os departamentos
existentes nas lojas. Estes departamentos, por sua vez, ainda estão subdivididos de
acordo com algumas características específicas das mercadorias. Por exemplo, o
funcionário encarregado de comprar roupas femininas da cintura para cima, como
74
blusas, casacos e camisas não é o mesmo que compra roupas da cintura para baixo,
como calças, shorts, saias etc.
Os compradores procuram se manter sempre a par do que está sendo usado
e, para tanto, estão sempre viajando para o exterior e para dentro do próprio país
levantando tendências de moda. De acordo com um orçamento estabelecido pela
diretoria - Crédito Aberto para Compras (CAP) - os compradores realizam suas
compras. Assim, com base nos históricos de vendas e nas tendência levantadas para o
setor, o comprador tem liberdade para compras até atingir seu crédito. Caso este, por
algum motivo, termine antes do esperado, o comprador não pode mais comprar nada
sem a autorização de um gerente.
Com exceção das mercadorias relacionadas com ‘moda’, as demais são
compradas baseadas no histórico de vendas que hoje é atualizado diariamente. As
mercadorias de ‘moda’, por sua vez, dificilmente seguem um padrão de vendas.
Os setores de cama e mesa e de fraldas usam a reposição automática,
mantendo apenas um comprador responsável para acompanhar e atualizar os
parâmetros do sistema.
Hoje existe um projeto piloto com uma fornecedora de lingerie de troca
eletrônica de dados. A empresa não só envia os pedidos como também informa sobre
os dados de venda das mercadorias ao fornecedor. O fornecedor acompanha o nível de
estoques com uma certa periodicidade; assim, a medida que os níveis de estoque de
um determinado produto atingem um certo nível estipulado são enviados
automaticamente novos pedidos para a reposição destes itens. A empresa, por sua vez,
faz um acompanhamento do sistema para fazer as alterações nos parâmetros, como
nível de estoque de reposição, ou, simplesmente, para o cancelamento da reposição de
uma mercadoria quando julga necessário.
Outros fornecedores já vêm manifestando o desejo de também trocar dados
eletronicamente, porém se acredita que para ampliar este projeto, que hoje ainda está a
nível experimental, é preciso antes superar algumas dificuldades operacionais.
75
De uma forma esquemática podemos compreender o processo de compras
do setor de vestuário da seguinte maneira:
Figura 8
Processo de Compras – Cia C
4.1.3.5 Controle de Estoques
Ao contrário de outras em
pelo controle de estoques, existe um
controle. Este departamento é conhec
de diversos relatórios, faz-se crítica
vendas e do setor de compras.
TENDÊNCIAS DA MODA
ORÇAMENTO - CAP
HISTÓRICOS DE VENDA
REPOSIÇÃO AUTOMÁTICA
MERCADORIASDE MODA
MERCADORIASBÁSICAS
MERCADORIASDE LINGERI
S
COMPRATROCA DEDADOS VIA
EDI
presas que responsabilizam o próprio comprador
departamento específico responsável por esse
ido como Controle Comercial. Através da análise
s do sistema e se acompanha o desempenho das
76
Semanalmente, são gerados relatórios com estatísticas de venda que servem
para o acompanhamento dos estoques. O objetivo é ter cobertura de estoques para um
mês, chegando, na pior das hipóteses, a um mês e meio.
Antes da automação dos PDVs a cobertura era de cerca de 2 meses, devido
principalmente a defasagem de 15 dias da informação de vendas. Embora muito ainda
possa ser feito, já se conseguiu reduzir, em média, um mês de estoque de mercadorias.
Esta redução significa um grande ganho, tendo em vista a quantidade de diferentes
itens em estoque que garantem o sortimento dos produtos nas lojas.
A empresa acredita que as informações geradas no ponto-de-venda poderiam
ser melhor aproveitadas, com reflexos altamente positivos no controle dos estoques.
Para tanto seria necessário treinar cada vez mais os funcionários, mostrando a
importância e a responsabilidade de cada um para conseguir melhores resultados.
77
4.2 ANÁLISE DOS CASOS
I. Há quanto tempo se iniciou o processo de automação comercial nas empresas?
Das empresas estudadas a Cia A foi a primeira a iniciar o processo de
automação de seus pontos-de-venda. Dois anos depois, a Cia C deu início ao processo
e, quase dez anos após a iniciativa da Cia A a Cia B entrava no processo de
automação.
A Cia A foi uma das primeiras empresas que atuam no setor de vestuário a
automatizar seus pontos-de-venda. Há cerca de doze anos atrás iniciou a
implementação em toda sua rede de lojas e hoje conta com seus quase mil pontos-de-
venda automatizados.
Em 1993, 6 anos atrás, a Cia B iniciou a automação pela retaguarda das suas
lojas. Em 1995 estendeu a automatização para a vanguarda, automatizando seus PDVs
que hoje somam cerca de 4.000. O processo durou algo em torno de 8 meses,
desconsiderando o projeto piloto em uma das lojas para desenvolvimento da
tecnologia que havia se iniciado em 1993.
No caso da companhia C, a primeira idéia de automação dos pontos-de-
venda surgiu em 1986. Para tanto, optou por desenvolver um projeto piloto em uma de
suas lojas. Somente a partir da experiência obtida através do piloto a empresa deu
prosseguimento a automação das outras lojas.
Nos dois anos seguintes o projeto piloto foi concebido e, em 1988, foi
implementado na loja de Volta Redonda. A partir do sucesso desta loja, os seus 190
pontos-de-venda foram sendo gradativamente automatizados. Um ano e meio após o
início do projeto todos os PDVs das lojas já estavam automatizados.
78
O quadro a seguir mostra, de uma forma resumida, quando iniciou o projeto
piloto e o processo de automação e qual foi o tempo de duração da implantação para
cada uma das empresas.
Quadro 5
Resumo – Início do Processo de Automação
PROCESSO DE AUTOMAÇÃO
CIA A CIA B CIA C
INÍCIO PROJETO PILOTO N.A. 1993 1986
INÍCIO DO PROCESSO DE
AUTOMAÇÃO
1986 1995 1988
TEMPO DE DURAÇÃO N.D. 8 meses 1,5 anos
N.A.- Não se aplicaN.D. – Não disponível
79
II. Quais os principais objetivos esperados com a automação comercial?
Os objetivos esperados com a automação variam dos mais simples e
imediatos aos mais complexos que, para serem usufruídos, dependem do estágio do
processo da automação em que as empresas se encontram. Dentre os principais
objetivos levantados, temos, por grau de complexidade: aumento da eficiência no
atendimento nos caixas, melhor controle dos estoques e melhor balanceamento das
mercadorias.
Os executivos da Cia A buscavam com a automação maior agilidade no
atendimento nos checkouts e maior controle financeiro. Na época ainda não havia
integração alguma da retaguarda com a frente de loja.
A Cia B, assim como a Cia A, esperava com automação melhorar o
atendimento ao cliente, aumentando eficiência nos caixas, reduzindo filas e também
erros. Os objetivos, no entanto iam além destes de curto prazo. A empresa esperava
que, através de informações mais precisas e imediatas sobre as vendas, pudesse
controlar melhor seus estoques e ainda obter um balanceamento melhor dos seus
estoques, reduzindo, consequentemente, os custos de uma forma geral.
Já a Cia C esperava, com a automação de seus pontos-de-venda, acelerar o
processo de captação e disponibilização da informação, possibilitando tomadas de
decisão mais rápidas como um melhor controle dos estoques. A empresa buscava
também aumentar a eficiência no atendimento do checkout, tornando-os mais ágeis.
O quadro a seguir mostra, de uma forma resumida, os principais objetivos
esperados com a automação comercial por cada uma das empresas.
80
Quadro 6
Resumo – Objetivos do Automação Comercial
PROCESSO DE AUTOMAÇÃO
CIA A CIA B CIA C
PRINCIPAL OBJETIVO A
SER ALCANÇADO C/
AUTOMAÇÃO
• Maior agilidade no
atendimento
• Controle financeiro
• Melhorar o
atendimento ao
cliente
• Obter um
balanceamento
melhor dos estoques
• Obter
informações mais
rápidas para
controle de
estoques
• Ter maior
agilidade no
Checkout
81
III. Qual a origem do know-how utilizado?
De uma forma geral, o processo de automação comercial contou com uma
forte participação do pessoal interno. Dois dos três casos estudados também contaram
com know-how de terceiros. O papel dos terceiros aparece basicamente para o
desenvolvimento de sistemas.
A Cia A não dependeu de terceiros, tendo inclusive os sistemas
desenvolvidos dentro da própria empresa.
A Cia B passou por dois momentos distintos no seu processo de automação.
Num primeiro momento, a empresa contratou no mercado um profissional que
trabalhava como gerenciador de todo o processo de automação. Numa segunda etapa a
empresa passou o controle para um funcionário interno. Este funcionário passou então
a dirigir o processo de automação e gerenciar o profissional externo.
Na Cia C o projeto foi desenvolvido por pessoal interno contando com
entidades externas somente para o desenvolvimento dos sistemas. A escolha da
melhor tecnologia a ser utilizada foi baseada em uma espécie de “benchmarking”, que
contou com a colaboração e com as experiências de outras empresas de outros setores.
82
IV. Como evoluiu o processo de automação até os dias de hoje?
Embora a Cia A tenha estado a frente do seu setor, sendo uma das primeiras
cadeias de lojas a automatizar seus PDVs, a falta de investimentos e aprimoramento
contínuo dos equipamentos fez com que ela fosse perdendo a capacidade de explorar
da melhor forma seus dados de venda.
A empresa ainda utiliza os mesmos equipamentos da época da implantação
há cerca de dez anos atrás. A falta de investimentos levou a uma defasagem
tecnológica devido aos grandes avanços no decorrer da última década. Hoje as
empresas, de um modo geral, contam com equipamentos bem mais velozes e com uma
diversidade bem maior de funções, além de serem mais flexíveis e confiáveis.
A Cia A não utiliza softwares modernos para auxiliar no controle de
estoques. O sistema utilizado tem a capacidade apenas de informar a posição dos
estoques em um determinado momento. De uma forma geral não conta com
tecnologias amplamente difundidas como softwares que auxiliam a tomada de decisão
com relação a reposição de estoques. O sistema utilizado não faz sugestão de compras
nem mesmo para itens básicos que são regularmente repostos. Embora a empresa já
utilize a tecnologia de código de barras há muito tempo, novas tecnologias gerencias
como QR e CRP não são utilizadas.
De um forma geral, os dados coletados representam com bastante precisão a
realidade das vendas em termos financeiros. Embora o índice de erros na leitura dos
códigos seja pequeno, verificam-se algumas distorções na coleta dos dados devido a
erros de etiquetagem comprometendo o gerenciamento dos estoques. Observam-se
algumas ocorrências de trocas de etiquetas entre mercadorias. Os erros costumam
acontecer no processo de identificação e fixação da etiqueta na mercadoria.
O principal problema dos dados coletados pela empresa não se encontra nas
falhas operacionais, mas no fato das mercadorias não serem identificadas a nível de
SKU. Desta forma, mercadorias diferentes são identificadas pelo sistema da mesma
forma. No caso do setor de vestuário, o sistema só consegue diferenciar o modelo,
83
sendo ignoradas, na maior parte dos casos, tanto a cor como o tamanho da mercadoria,
prejudicando substancialmente o gerenciamento dos estoques.
A Cia B já está bem mais desenvolvida no que diz respeito a tecnologia para
auxiliar na utilização efetiva dos dados gerados nos pontos-de-venda. A empresa conta
com um sistema que dá suporte à tomada de decisão para compra de mercadorias de
reposição. Este sistema, com base no histórico de vendas, faz algumas análises prévias
e emite relatórios que orientam os compradores. Além das sugestões de compra estes
sistemas ajudam os compradores a alocarem as mercadorias pelas lojas.
A empresa salienta que mesmo tendo um sistema deste tipo, que sem sombra
de dúvida auxilia os compradores, estes precisam despender uma grande parte dos seu
tempo para analisar e interpretar os dados.
Atualmente, a troca de dados com os fornecedores é bastante restrita se
limitando ao envio pedidos via EDI. Existem, no entanto, alguns projetos pilotos de
gerenciamento de estoques pelo fornecedor, porém com resultados pouco satisfatórios.
A Cia B apresenta poucos problemas na coleta de dados a nível de SKU. A
empresa monitora as falhas na coleta de dados que se encontram atualmente em torno de
10 %. Estas estão relacionadas principalmente a falhas dos fornecedores, ou devido a
falhas no procedimento como na leitura do código, no cadastramento ou na digitação
que se encontra bem reduzida.
O maior problema da Cia B, que já se encontra num estágio mais avançado no
processo de automação, está na dificuldade de converter os dados coletados em
informação. A empresa tem consciência que, apesar de já utilizar as informações obtidas
nos PDVs para controlar melhor seus estoques, estas ainda poderiam ser melhor
aproveitadas. Acredita que a gestão da informação é incipiente, existindo uma certa
dificuldade de passar da teoria para prática, ou seja, converter dados em informação.
Esta dificuldade se deve a falta de tempo e a cultura dos funcionários que acabam
impedindo um melhor aproveitamento da informação.
A Cia C trabalha com modernos equipamentos e com uma tecnologia adquirida
através de colaboração com outras empresas mais experientes na automação dos pontos-
de-venda.
84
Os dados da empresa não estão detalhados a nível de SKU e ainda não
apresentam a confiabilidade desejada. A pouca confiabilidade dos dados deve-se
principalmente a falhas operacionais. Para contornar esta situação, a empresa vem
trabalhando na identificação de problemas e de soluções e na busca de maior
conscientização do funcionário.
Embora o processo de identificação de produtos seja através de código de
barras com padrão próprio a empresa hoje já recebe alguns produtos com código de
barras no padrão EAN. Visando obter os benefícios que a adoção de um padrão de
código de barras pode trazer, a empresa tem a intenção de exigir que todos os seus
fornecedores passem a entregar as mercadorias com o código EAN.
A empresa já trabalha com reposição automática no setor de cama e mesa.
Com o auxílio do sistema, foi possível manter apenas um comprador responsável que
acompanha atualiza ou simplesmente modifica os parâmetros do sistema caso seja
necessário. A empresa mantém um projeto piloto com uma fornecedora de lingerie de
troca eletrônica de dados. Além dos pedidos de compra a empresa envia para o
fornecedor dados de vendas das mercadorias. Assim o fornecedor pode acompanhar o
nível de estoques periodicamente. A medida que o nível de reposição de determinado
produto é atingido o fornecedor envia novos produtos. Logicamente, todo processo é
acompanhado pela empresa que faz as alterações nos parâmetros do sistema, como
nível de reposição, ou simplesmente pelo cancelamento de uma determinada
mercadoria.
O quadro a seguir mostra, de uma forma resumida, as tecnologias utilizadas
por cada uma das empresas.
85
Quadro 7
Resumo – Tecnologias
TECNOLOGIAS
CIA A CIA B CIA C
EDI Não Pedidos Pedidos/Dados
PROGRAMA DE REPOSIÇÃO
AUTOMÁTICA
Não Em teste Sim
CÓDIGO PADRÃO Próprio EAN Próprio
FORNECEDORES nenhum EAN Nenhum (hoje)
EAN (futuro)
NÍVEL DE DETALHE DOS
DADOS
Item SKU Item
86
V. Como é feito o controle dos estoques? Quem são os responsáveis?
Na Cia A os compradores são os responsáveis pelo controle dos estoques.
Eles contam com um sistema que lhes informa a posição dos estoques de alguns dias
atrás, porém, dada a falta de detalhamento dos dados a nível de SKU e a
desatualização dos dados, os compradores acabam utilizando a experiência para
controlar os estoques.
Os responsáveis pelo controle dos estoques, possuem, de uma forma geral,
uma visão extremamente operacional mostrando ter uma grande necessidade de
manter contato com fornecedores, resistindo a adoção de novas tecnologias como
softwares de reposição automática.
Na Cia B, a responsabilidade pelo controle dos estoques também fica por
conta dos compradores que, através do sistema, são informados o tempo todo sobre a
posição dos estoques por SKU e por loja.
O acompanhamento é feito a partir de indicadores como giro, venda e
cobertura verificando-se ainda uma forte presença do controle financeiro. O número
de dias de venda que a empresa deseja manter em estoque gira em torno de 25 dias.
Atualmente o número de dias tem sido bem maior do que este.
Na Cia C, ao contrário das outras empresas, que responsabilizam o
comprador pelo controle de estoques, existe um departamento responsável por esse
controle, conhecido como Controle Comercial. A partir da análise de diversos
relatórios, este departamento faz críticas do sistema e acompanha o desempenho das
vendas e do setor de compras.
O acompanhamento dos estoques é feito por relatórios com estatísticas de
venda, que são gerados semanalmente. A empresa espera ter cobertura de estoques
para um mês, chegando, na pior das hipóteses, a 1,5 meses.
87
VI. Quais as principais dificuldades e obstáculos enfrentados no processo de
automação?
As empresas estudadas enfrentaram uma série de problemas no processo de
automação que estão, em sua maioria, relacionados a questões culturais, ou seja, a
dificuldade do ser humano de se adaptar a novas situações.
A Cia A enfrentou grandes obstáculos durante toda fase de implementação
da automação dos pontos-de-venda. Houve uma grande dificuldade de aceitação da
nova tecnologia pelos funcionários e fornecedores, não pela troca de equipamentos,
pela substituição da tecnologia ou pelos novos procedimentos adotados, mas pela idéia
da mudança em si.
A falta de código de barras nos produtos também foi um obstáculo que
dificultou seriamente a implementação e que ainda não foi completamente superado
pela empresa. A falta de integração com fornecedores em termos de padrão de
etiquetagem, força a empresa a ter que reetiquetar as mercadorias, gerando trabalho e
erros de etiquetagem.
A Cia B no decorrer do processo de automação de seus pontos-de-venda
enfrentou problemas culturais dentro da própria organização. Além destes problemas
internos, problemas externos de comunicação com fornecedores dificultaram a
automação.
A dificuldade dos fornecedores compreenderem as vantagens que poderiam
vir com as exigências da empresa, no que diz respeito a etiquetagem das mercadorias
por códigos de barras, acabava levando a muitos erros no processo de codificação do
produto.
A Cia C durante todo o processo de automação teve que superar diversas
dificuldades, das quais se destacou a rejeição do profissional frente as mudanças
acarretadas com a utilização de novas tecnologias. A dificuldade de se obter
informações devido a erros, provenientes tanto da classificação, como da própria
88
codificação e etiquetagem da mercadoria acabaram trazendo diversas complicações
para a empresa.
O quadro a seguir mostra, de uma forma resumida, as principais dificuldades
enfrentadas no processo de automação por cada uma das empresas.
Quadro 8
Resumo – Dificuldades Enfrentadas
DIFICULDADES ENFRENTADAS
CIA A CIA B CIA C
MAIORES DIFICULDADES
ENFRENTADAS
• Dificuldade de
aceitação dos
funcionários e
fornecedores
• Falta de código de
barras nos produtos
• Processo Pouco
estruturado
• Problemas culturais
• Problemas externos
- comunicação
- fornecedores
• Rejeição do
profissional frente
as mudanças
• Dificuldade de se
ter informações
devido a erros
89
VII. Quais os resultados obtidos com a automação comercial ?
A Cia A, apesar de garantir que a automação lhe trouxe grandes ganhos não
sabe precisar o volume destes. Certamente a automação de seus pontos-de-venda
trouxe maior agilidade e um melhor atendimento nos caixas.
No que diz respeito ao controle de mercadorias a empresa não sabe se teve
ganhos com a automação devido a dificuldade em comparar dados financeiros depois
de um período de altas taxas de inflação. A falta de dados a nível de SKU certamente
reduziu o potencial de informação da empresa para controlar estoques e,
consequentemente os benefícios que ela poderia obter.
A Cia B verificou que com a automatização dos seus pontos-de-venda
melhorou o atendimento ao cliente, agilizando a operação de venda, reduzindo o
tempo de fila e, também, diminuindo erros que ocorriam com freqüência com a antiga
forma de trabalhar.
Além de ter um melhor controle dos estoques, com informações mais
freqüentes, a empresa melhorou o processo de compras passando a contar com um
melhor balanceamento de seus estoques reduzindo consideravelmente seus custos com
armazenamento. A empresa tem consciência de ter reduzido o volume de estoques que
carregava antes da automação, embora, não consiga precisar este valor devido a
dificuldade de se comparar os dados atuais por item com os antigos financeiros.
As informações geradas no ponto-de-venda também permitiram um melhor
gerenciamento de promoções. De acordo com as vendas nos dias de promoção a
empresa passou a ter capacidade de avaliar e projetar vendas em promoções futuras.
A Cia C já possuía o controle de seus estoques por item antes mesmo da
automação dos seus PDVs. Porém este controle além de muito trabalhoso era muito
lento e incompatível com a taxa de crescimento da empresa. Somente quinze dias após
a venda a informação se encontrava no sistema o que acabava prejudicando a tomada
de diversas decisões.
90
Com a automação a empresa passou a ter as informação com maior rapidez
possibilitando tomadas de decisão mais rápidas e precisas. Antes da automação dos
PDVs a cobertura era de cerca de 2 meses. Com a automação comercial conseguiu-se
reduzir, em média, um mês de estoque de mercadorias. Esta redução significa um
grande ganho, tendo em vista a quantidade de diferentes itens em estoque que
garantem o sortimento dos produtos nas lojas.
Além disto a empresa percebeu um incrível aumento na velocidade do
atendimento no checkout e na satisfação dos seus clientes.
A Cia C acredita que as informações geradas no ponto-de-venda poderiam
ser melhor aproveitadas, com reflexo altamente positivo no controle dos estoques.
Para tanto seria necessário trabalhar cada vez mais o quadro de pessoal, mostrando a
importância e a responsabilidade de cada um para conseguir melhores resultados.
O quadro a seguir mostra, de uma forma resumida, os resultados obtidos
com a automação comercial por cada uma das empresas.
Quadro 9
Resumo – Resultados Obtidos
RESULTADOS OBTIDOS
CIA A CIA B CIA C
RESULTADOS OBTIDOS
COM A AUTOMAÇÃO
COMERCIAL
• Aumento da
eficiência no
Checkout
• Alguma melhora no
controle de
estoques
• Aumento da
eficiência no
Checkout
• Melhor controle de
estoques
• Melhor
balanceamento de
mercadorias
• Aumento da
eficiência no
Checkout
• Melhor controle de
estoques
91
VIII. Que outras decisões logísticas e organizacionais estão afetando o controle dos
estoques?
Cia A possui uma grande complexidade logística, trabalhando somente no
setor de vestuário com cerca de 35 mil itens (sem levar em consideração cor e
tamanho), no entanto, não possui estoque centralizado para abastecer suas lojas de
acordo com a demanda. Uma vez comprada, “toda” mercadoria é distribuída entre as
lojas. Existe uma grande diversidade de público entre as lojas espalhadas por todo o
Brasil, e como não há a hipótese de transferência de mercadorias entre as lojas esta
situação acaba gerando excesso de estoques em algumas lojas e falta em outras.
Além disto, a não existência de um CD para recebimento e etiquetagem das
mercadorias, resulta em erros de codificação devido a reetiquetagem efetuada nas
próprias lojas.
A Cia A costuma trabalhar com grandes fornecedores apenas no caso de
roupas básicas, pois, neste caso, não existe a necessidade de constante variação das
mercadorias decorrente da pouca variação da moda.
Para seguir a estratégia de fortalecer sua posição com mercadorias
relacionadas a “moda”, a empresa acabou optando por manter fornecedores de
pequeno porte, que permitem maior flexibilidade. O relacionamento com fornecedores
de pequeno porte possibilitou para a Cia A manter suas mercadorias mais atualizadas
em relação a moda que seus concorrentes.
Por ter como política trabalhar com pequenos fornecedores capazes de
oferecer produtos de moda a empresa acaba enfrentando maiores dificuldades para a
padronização de códigos de barras e utilização de tecnologias que requerem maior
infra-estrutura e investimento. Embora a empresa hoje não troque dados via
eletrônica, alguns fornecedores, principalmente os grandes fornecedores, já vem
demonstrando interesse em utilizar esta tecnologia no futuro.
A Cia B tem recebimento centralizado em armazéns para 80% das
mercadorias. As mercadorias não são armazenadas neste armazém apenas
92
redistribuídas para as lojas. A Cia B também trabalha com uma grande quantidade de
itens no setor de vestuário e consequentemente de pedidos por mês. Para conseguir
manter toda esta variedade a empresa trabalha tanto com fornecedores pequenos (que
negociam por ano até R$ 1.000.000) como grandes.
Embora a empresa também trabalhe com pequenos fornecedores sua política
é trabalhar com grandes fornecedores para a maioria de mercadorias.
A Cia C já trabalha com um número de itens bem menor e
consequentemente possui uma complexidade logística também bem menor que as
companhias A e B. Hoje a empresa trabalha com apenas cerca de 3.500 itens e o
número de pedidos que não passa de 10 por dia.
93
5 CONCLUSÕES
94
5.1 CONCLUSÕES DO ESTUDO
Por utilizar o método de estudo de caso, as conclusões deste trabalho não
podem ser generalizadas para todo o universo de empresas varejistas brasileiras que
atuam no setor de vestuário. Com base nas empresas estudadas, chegou-se as
seguintes conclusões que poderão vir a ser utilizadas como sugestões para futuras
pesquisas:
1. A automação é realidade no varejo brasileiro embora ainda frágil se
comparada com grandes cadeias mundiais.
O estudo realizado nas empresas confirma que, embora o varejo brasileiro
tenha resistido aos avanços tecnológicos em comparação com países mais
desenvolvidos, o processo de automação é uma realidade. Ainda encontramos
heranças do passado, da reserva de mercado e do tempo em que a economia era
castigada por altas taxas de inflação.
Como identificamos no decorrer deste trabalho, a automação comercial vem
crescendo em importância no mundo e, mais recentemente, também no Brasil. Por
outro lado, verificamos que processos ainda precários de automação persistem em
algumas redes de varejo brasileiras.
Observamos, nas empresas estudadas, que o processo de automação já está
em andamento há um tempo razoável. Duas das três empresas iniciaram o processo de
automação de suas lojas ainda na década de 80, antes portanto do fim da reserva de
mercado da informática. Já a terceira empresa deu inicio ao processo há cerca de 5
anos atrás. As empresas estudadas ainda têm muito a aprimorar, pois apresentam
problemas básicos que têm que ser resolvidos para estarem aptas a adotar tecnologias
mais sofisticadas e novas práticas gerenciais (apresentadas na revisão bibliográfica).
95
2. O processo da automação deve se desenrolar de forma gradual, através do
aprendizado.
A automação das empresas de uma forma geral se caracteriza por um
processo evolutivo que avança através do aprendizado. Duas das três empresas
estudadas começaram através de um projeto piloto, e foram repassando a experiência
da primeira loja para as demais. A empresa que não partiu de um projeto piloto foi a
que mais se atrasou em termos de evolução, apesar de ter sido a primeira a iniciar o
processo de automação.
3. A participação do pessoal interno da empresa é fundamental no processo de
automação.
Existe um consenso de que a automação só poderia produzir bons resultados
em termos de decisões quando há mudança na própria cultura da empresa, onde o
engajamento dos funcionários torna-se indispensável. Em todos os três casos
estudados observamos uma forte participação do pessoal interno no processo de
automação. Tal participação foi importante para alcançar os resultados, ainda que
estes não sejam completamente satisfatórios.
A utilização de recursos externos para amparar a equipe interna mostrou ser
uma política que muito contribuiu para o processo da automação nas empresas
analisadas. Em apenas uma das empresas isto não aconteceu, exatamente aquele que
não conseguiu avançar no sentido de uma crescente sofisticação e aprimoramento no
uso da informação.
4. O sucesso do processo de automação comercial depende da sua constante
manutenção.
Problemas financeiros acabaram impedindo o investimento contínuo em
tecnologia de informação em uma das empresas estudadas, interrompendo o seu
processo de automação. Embora tenha sido a pioneira entre as empresas escolhidas,
ela praticamente não evoluiu ao longo do tempo, tanto em termos de hardware quanto
96
de software. De fato, embora tenha automatizado “todos” seus pontos-de-venda, seus
equipamentos tornaram-se, com o passar do tempo, tecnologicamente defasados,
menos flexíveis, mais lentos e com menor número de funcionalidades.
5. As empresas se encontram em diferentes estágios no processo de
automação.
Em uma das empresas analisadas o processo de implementação da
automação foi incompleto; nunca chegou a adquirir softwares que lhe permitissem
planejar e controlar estoques por SKU. Outro aspecto importante é que a empresa
jamais fez as mudanças organizacionais necessárias a implementação da
informatização. Não classificou os produtos a nível de SKU obrigando os
compradores a usar seu feeling na hora de estabelecer o mix de compras (cor e
tamanho) e não mudou sua política de seleção e relacionamento com fornecedores.
Já em outra empresa analisada, verifica-se um maior avanço no processo de
automação/informatização. A empresa já trabalha a nível de SKU e já possui software
capaz de dar sugestões de reposição aos compradores. Existe, no entanto, muito
espaço para aperfeiçoamento. Os erros de informação dos PDVs estão controlados,
mas as trocas de informações com os fornecedores ainda é muito restrita e o uso das
informações no processo decisório é limitado. A empresa tem consciência destas
limitações e está trabalhando para resolvê-las. Um exemplo são as experiências que
estão sendo feitas com alguns fornecedores para reposição automática de estoques.
A terceira companhia estudada encontra-se mais atrasada que a anterior em
alguns aspectos e mais avançada em outros. No caso dos fornecedores, onde já existe
troca de informações sobre vendas e reposição automática de estoques, ela se encontra
mais avançada. Em termos de equipamento, ela se mantém em dia com o que há de
mais moderno. No entanto, quando se trata de nível de detalhamento, fundamental
para um bom gerenciamento de estoques, está bastante atrasada pois ainda não
trabalha a nível de SKU, tornando o controle de estoques bem mais difícil. Outro
ponto onde a empresa ainda precisa avançar é na escolha do padrão de códigos de
barra, que ainda é próprio, embora já se planeje a adoção de código EAN no futuro.
97
Além disso pretende-se exigir que os fornecedores passem a entregar os produtos com
código de barras no padrão EAN.
6. Não há uma forma única de controle de estoques.
Em duas das três empresas analisadas, cabe aos compradores a
responsabilidade pelo controle dos estoques. Enquanto em uma delas este controle se
baseia em dados de venda com nível de detalhe de item e com uma certa
periodicidade, na outra, o controle é bem melhor pois conta com informações a nível
de SKU e de forma contínua. Apenas uma das empresas estudadas utiliza uma
estrutura especializada para o controle e planejamento dos estoques.
7. Falta integração com os fornecedores.
As empresas estudadas apresentaram falta de integração com os
fornecedores. A figura dos parceiros comerciais amplamente discutida na literatura
não é uma realidade. Pelo contrario, a relação apresenta ainda traços de rivalidade. As
empresas parecem não confiar nos fornecedores e são poucas e acanhadas as
experiências de trocas de informação já em andamento.
Falta integração com os fornecedores em termos de padrão de etiquetagem.
Itens que já vêm com códigos de barras dos fornecedores muitas vezes têm que ser
reetiquetados, gerando retrabalho e mais erros. Além disto, não há consciência dos
fornecedores da importância da codificação o que acaba levando a erros freqüentes
nos códigos dos produtos.
8. As empresas enfrentam diversos problemas no processo de automação, entre
eles: problemas culturais, de procedimentos, de telecomunicações e de
relacionamento com fornecedores.
Todas as empresas destacaram os problemas culturais encontrados no
processo de automação como a resistência dentro da organização, a dificuldade de
aceitação dos funcionários e a rejeição frente às mudanças. Duas delas sugeriram que
98
os erros de codificação, etiquetagem e da própria coleta de dados impactaram
negativamente o processo de automação. Foram ainda ressaltados por uma empresa
problemas de infra-estrutura como de telecomunicações e de relacionamento com os
fornecedores.
9. As empresas reconhecem ganhos individuais com a automação embora
faltem indicadores mensuráveis.
Todas as três empresas estudadas afirmam que tiveram ganhos com a
automação embora, na maior parte dos casos, não disponham de resultados concretos
(mesuráveis).
Mesmo sem saber precisar os ganhos com a automação, concordam que
houve uma considerável redução nos níveis de estoque e, consequentemente, nos
custos de carregar estoques (que são bastante significativos no varejo).
Nenhuma empresa mencionou os ganhos com a redução das faltas em
estoque, como a diminuição da perda de vendas e o aumento do nível de serviço.
Faltam, para todas as empresas analisadas, padrões concretos para serem feitas
comparações como estoque médio, freqüência de remarcações e falta de estoque.
Outro ponto interessante é que nenhuma das empresas estudadas
mencionou os possíveis ganhos que outras empresas, ao longo da cadeia de
suprimento, poderiam ter com o conhecimento das vendas reais. Embora saibamos que
o conhecimento das vendas possibilite a redução do efeito Bullwhip (apresentado na
revisão bibliográfica) e, que teoricamente as empresas ao longo da cadeia estariam
trabalhando unidas para a redução de estoques, na prática, em relação às empresas
analisadas, isto não acontece.
10. As empresas ainda têm um longo caminho a percorrer para melhorar o uso
das informações de venda para o gerenciamento de estoques.
99
A tecnologia de ponto-de-venda nada mais é do que uma ferramenta. Mais
do que instalar equipamentos, as empresas precisam ter informações confiáveis, no
nível de detalhe apropriado e saber o que fazer com a informação disponível.
As empresas estudadas avançaram no processo de automação mas não usam
efetivamente, no processo de decisão, os dados gerados. Muitas vezes os dados
coletados sequer são transformados em informação.
A utilização das informações no processo decisório ainda é incipiente. Elas
vislumbram claros espaços para melhoria do uso das informações. Estas melhorias
dependem de motivação e treinamento do pessoal operacional da lojas. De uma
maneira geral, acreditam que podem melhorar muito pois ainda têm dificuldades de
passar da teoria à prática, ou seja, converter dados em informação, devido ao excesso
de dados, a falta de tempo dos compradores e até mesmo a resquícios da antiga forma
de pensar.
Além do mau uso das informações de vendas, os problemas com a definição
dos procedimentos como erros de digitação, a falta de uma política operacional com
padrões claros de organização e método e a não existência de um centro de
distribuição para o recebimento de mercadorias acabam prejudicando o gerenciamento
dos estoques e gerando a combinação de falta com excesso de estoque.
5.2 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
Existem muitas possibilidades de estudos a serem desenvolvidos sobre a
indústria varejista brasileira atuante no setor de vestuário. Há muito pouco
conhecimento disponível e o existente encontra-se, principalmente, concentrado no
setor supermercadista.
De uma maneira geral, todas as conclusões mencionadas mereceriam
estudos específicos. O detalhamento de cada um dos pontos destacados possibilitaria
uma melhor compreensão de todo o universo do varejo brasileiro.
100
Destacam-se, no entanto, dois pontos interessantes: o relacionamento dos
varejistas com seus fornecedores e os principais problemas enfrentados na automação
comercial.
A pesquisa bibliográfica sinalizou que a questão do relacionamento com os
fornecedores tem sido tratada de forma especial pelas grandes cadeias mundiais. No
entanto, as empresas estudadas ainda não compraram efetivamente esta idéia de
parceria. Seria interessante buscar uma melhor compreensão dos motivos que estariam
levando as empresas a não investirem neste relacionamento, buscando também
identificar de forma clara as vantagens que uma parceria com os fornecedores traria
para o varejista.
Outro ponto interessante para estudo seria ampliar o levantamento das
dificuldades enfrentadas pelas empresas nos processos de automação. A identificação
de todas as dificuldades serviria de fonte de estudo para empresas principiantes no
processo de automação.
101
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
102
ALLEN, M.K.;HELFERICH, O. K. Putting Expert Systems to work in logistics. Oak
Brook: Concil of Logistics Management. Cap. 1: Perspectives on Expert
Systems in logistics.
ANALYTICAL inventory management. American Shipper. p.61, jul. 1994.
AUTOMAÇÃO ferramenta de ponta na logística. Tecnologística. p. 38-40, Mai.
1996.
BARON, S.; LOCK, A. The challenges of scanner data. Journal of the Operational
Research Society. v. 46, n.. 1, p.50-61, 1995.
BARREIRAS operacionais prejudicam eficácia. SuperHiper. p. 62-66, Jan. 1997.
BATTAGLINI, A. P. Automação Comercial. EAN. Disponínel na Internet.
www.ean.org.br , p. 1-22. 1997.
BIBY, D. J. Who Really Needs EDI?:everyone in the chain-from the initial supplier to
the end-user-benefits from these links. Industry WeeK. p. 45-46, nov. 2, 1992.
BIG changes ahead in point of sale. Chain Sotore Age, p. 3a, Jul, 1992.
BOWERSOX, D. J.; CLOSS. D. J. Logistical Management: the integrated supply
chain process. New York: Mc Graw-Hill, 1996. 723p.
BROOKMAN, F. Fashinning: Quick Response. Stores. p54-56, Dez. 1994
BROOKS, C. M. The pros of your POS. Security Management. v. 36, p. 50-51, Jun.
1992.
CAUGHT between a Mart and a QVC. Distribution. p. 12. Set. 1993.
103
CLEMONS, E.; ROW, M. C. Limits to interfirm coordination through information
tecnology: results of a field study in consumer packaged goods distribution.
Journal of Mangement Information Systems. v. 10, n. 1, p. 73-95, Summer
1993.
COURTNEY, D. C; Merchandise control and point-of-sale data. Retail Business
Review. v. 61, p. 14-16, Jun. 1993
DA ROCHA, A.Estrutura básica para o capítulo de metodologia em teses com base
em estudos de caso. Rio de Janeiro: Coppead, sem data. 4p.
DELIVERING the hits before they're missed. Transportation & Distribution. v. 37, p.
106-107, Ago 1996.
DELIVERY systems: The key to controlling inventory. Chain Store Age. v.36, p.3T,
Ago. 1996.
DILWORTH, J.B. Production and operations management: manufacturing and
services. New York: McGraw Hill, 1993, p.197-236: Inventory.
EAN Brasil: Associação Brasileira de Automação Comercial. Disponível na Internet:
www.ean.org.br. Ago. 1999.
EPSTEIN, J. H; Employee Loss Control. Distribution Management. V. 28, p. 84-85,
Dez. 1988.
FISCHER, S.; BYERS, R. Using systems tecnology to improve inventory
management in a mail order business. Journal of Systems Management. p. 24-
28, Ago. 1992.
104
FLEURY, P. F. Deslealdade ou Competição? O Globo. Rio de Janeiro, 17 dez. 1995.
Opinião, p.7.
FORGER, G. ADC takes its place as a productivity tool. Modern Materials Handling/
Scan Tech News. p. s12-s15, Nov. 1996.
GARRY, M. New Coke study offers tech solutions. Progressive Grocer. v. 75, p. 93,
Abr. 1996.
GARRY, M. Pos : the feel-good checkout. Progressive Grocer. p.93, Abr. 1996
GARY, F. Leading trends and developments in ADC. Modern Material Handling/Scan
Tech News. p.6s-s11, Jan. 1997.
GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 2ª ed., São Paulo: Atlas, 1897.
Apud: CORRÊA, S.C.H. Projetos de responsabilidade social: a nova fronteira do
marketing na construção da imagem institucional. Rio de Janeiro: Coppead,
1997. Cap.3: Metodologia
GIS da questão. Tecnologística. p. 24-29, Out. 1996.
GOMES, G.; LOPES, A. G. Previsão de demanda: trabalho curso de logística.
Engenharia de Produção /UFRJ, Rio de Janeiro, 1997, 21p.
GREEN, J. S. Retail for the year 2000. Distribution Management. p. 28-30, Ago.
1993.
GROEBNER, D. F,;MERZ, C.M. Solving the inventory problem for the sale of
seasonal merchandise. Journal of Small Business Management. v.28, p.16-26,
Jul. 1990.
105
GUIA de referência. EAN - Associação brasileira de Automação Industrial. 1997, 26p.
GUMMESSON, E. Service Quality: Multidisciplinary and Multinational perspectives.
New York: Free Press, 1990. 350p.
HAMMOND, J. H. Quick Response in retail / manufacturing channels. p. 185-215,
1992.
HAMMOND, J. H.; KELLY, M. G. Quick Response in apparel industry. Harvard
Business School. case 9-690-038, 1991.
HARRISON, C. Using in-store systems to achieve a competitive advantage. Retail
Control. v. 59, p. 3-7, Jan. 1991.
HOW AUTOMATED are your systems? Distribution. p. 88, Out. 1993.
HOW to evaluate and plan for warehouse atomation. Material Handling Engineering.
p. 73-75, Mar. 1992.
INTRODUÇÃO ao código de barras. Tecnologística. P.39-43, Jun. 1996
JEANBLANC, I. Tree reasons to use 2-D bar codes. Scan Tech News. Ago. 1997.
JOHNSON, S. J. Retail systems: no longer business as usual. Journal of Systems
Management. p. 8-35, Ago. 1992.
KALACHE FILHO, J. Comércio varejista. BNDES. Rio de Janeiro, p.1-11, Jul. 1996.
KOPPEL, S. P. J. Baker: change is good for the sole. Journal of Systems
Management. p. 12-37, Ago. 1992.
106
LEE, H.; PADMANABHAN, V.; WHANG, S. The Bullwhip effect in Supply Chains.
Sloan Management Review. p. 93-102, Spring 1997.
LEWISON, D. M. Retailing. New York, Macmillan College Publishing Company,
1994. Cap. 6: Control Systems.
MAKRIDAKIS, S.; WHEELWRIGHT, S. Interactive Forecasting. Cap 1:
Introduction:Interactive Forecasting System. San Francisco: Holden-Day,Inc.,
1978.
MARTIN, A. J.DRP: distribution resourse planning. Essex: Oliver Wight
Publications. Cap. 3: The DRP management process.
MEIER, J. The importance of relationship management in establishing successful
interorganization systems. Journal of Strategic Information Systems. v. 4, n. 2,
p. 135-148, 1995.
MELO, P. R. ; MÖLLER, JR., O. Panorama da automação comercial no Brasil.
BNDES.Rio de Janeiro. p. 129-143. 5 Mar. 1997.
MENTZER, J.T.;BIENSTOCK, C.C. Sales forecasting management. Sage
Publucations, 1998. 274p.
MERVYN’Stakes doubt out of replenishment. Chain Store Age Executive. v.69,
p.137, Out. 1993.
MILLER, C. Small world after all: research firms go global to make revenue grow.
Marketing News. New York, v.31, n.1, p.15-16, 6 Jan.1997.
MORIYA, M. Um toque essencial na automação comercial. SuperHiper. p. 6,
Set.1994.
107
MOST chains capture it, not all use It. Chain Store Age Executive. p. 34-36, sec. two,
Jul. 1992.
NETO, A. F. Tecnologia da Informação na Logística. Tecnologística. p. 20-21, Mar.
1996.
NETWORKS pressured to Cure Interlinks: retailers call tracking, security of
transmissions inadequate. Chain Store Age Executive. p. 33-35, Mar. 1992.
NOGUEIRA, W. Como competir nos tempos de mudança. SuperHiper. p. 72-92, Fev.
1994.
NOGUEIRA, W. Informática não é coisa do outro mundo. SuperHiper. p. 54-58, Set.
1994.
NOGUEIRA, W. Maior velocidade na automação: Frente de caixa e leitura ótica
surgem como novas prioridades de investimento.. SuperHiper. p.172-208, Set.
1994.
NOVAES, L. F. O que fazer? SuperHiper. p. 40-43, Jan. 1997.
NOVAES, L.F.C. A automação ao alcance de todos. Revista Tecnologística. P. 44,
Jun. 1996.
PARA cada caso uma aplicação. Tecnologística. p. 44-50, Ago. 1996.
PEARSON, B. Learning to live with less: less inventory, that is. Stores, v. 75, p. 81-
82, Jun. 1993.
POS hardware: smaller, cheaper. Chain Sotore Age, p. 4a-5a, Jul, 1992.
108
REID, M. Change at checkout, The Economist, p. 1-9, 4 Mar.1995.
REILLY, D. P.; REILLY. What to look for in a forecasting engine, The Journal of
Business forecasting. p.10-14, Fall, 1996.
RETAIL statistics: supermarket pharmacy sales. Stores. p. 92, Jul. 1996.
RETAIL: the Pressures of competition. Bay Networks Industry Solutions. Disponível
na Internet: www.baynetworks.com, p. 1-8, 1997.
RFID: Poised for a brekthrough in industrial applications. Scan Tech News, p.1-2,
Mai. 1997.
RITTNER, M. C. O processo de automação comercial em redes de supermercados: o
uso da informação na administração de marketing. Encarte Técnico da EAN
Brasil. n. 7, p. 1-4, Nov. 1993.
ROBINS, G. EDI: small independents stay in step. Stores. v. 74, p. 38-40, Mar. 1992
ROSS, J. R. Sears opens automated shoe center:facility cuts order processing time
while reducing store-level shortages and overstocks. Stores. v.77, p. 48-49, Dez.
1995.
SAFEWAY controla estoque com sistema automatizado. SuperHiper. p.94, Mar.
1994.
SANTOS, A. M.; COSTA, C. S. Características gerais do varejo no Brasil. BNDES.
Rio de Janeiro, p.1-18, Mar.1997.
SOBRAL, E. Makro adota reposição automática de estoque. SuperHiper. p. 80, Dez.
1996.
109
STONE, D. Branding at retail: selling the name on the store. The American Salesman.
p. 3-7, Dez. 1996.
TECNOLOGIAS de Rádio Freqüência. Tecnologística. p. 39-43, Jul. 1996.
TZU, S. A arte da guerra – adaptação e prefácio de James Clavell. 18ª ed. Rio de
Janeiro: Record, 1996. 111p.
VANS traduzem o mundo do EDI. Tecnologística. p. 20-28, Set. 1996.
VANTINE, J. G. Um Instrumento para agilizar os negócio. SuperHiper. p. 96-98, Jan.
1994.
VASSALLO, C. O atraso perde o santuário. Exame. São Paulo, n. 596, p.92-95, 8
Nov. 1995.
VOGELSANG, S. The physical inventory issue of the 90s. Chain Store Age
Executive. v. 69, p. 202, Jan. 1993.
WALDEN, M. How to evaluate and improve a forecasting process. The Journal of
Business forecasting. p.22-23, Summer, 1996.
WEINBERG, B. Building an Information strategy for scanner data. Marketing Science
Institute Conference, p. 89-121, Dez. 1989.
WHAT´S wrong with sales forecasts, Purchasing. p.20-21, Jun.1997.
WHITAKER, J. R. Previsão de vendas. São Paulo: Atlas, 1988. 158p.
WIELAND, D. E. Developing practical information systems for retailers. Journal of
Systems Management. p. 20-37, Aug. 1992.
110
WILSON, B. L.; KINGDON, M.; REEVE, T. Best practices in retailing: Quick hits' in
store-level merchandise and inventory management. Chain Store Age. v.71, p.
100-106, Nov. 1995.
YIN, R.K. Case study research: design and methods. Rev. Ed. California: Sage
Publications, 1988. 166p.
ZACK, M. H. An information infrastructure model for systems planning. Journal of
Systems Management. p. 16-40, Ago. 1992.
111
ANEXO
112
QUESTIONÁRIO
Nome da empresa:
Endereço: Telefone: ( ) -
Nome do entrevistado:
Cargo:
Tempo de empresa:
1. CARACTERÍSTICAS GERAIS
1.1. Principais negócios em que a empresa atua: ______________________________
1.2. Faturamento em 1996: _______________________________________________
1.3. Número de empregados: _____________________________________________
1.4. Número de lojas:____________________________________________________
1.5. Área de atuação (estados): ____________________________________________
2. PROCESSO DE AUTOMAÇÃO DO PONTO-DE-VENDA
2.1 Quando a empresa iniciou a automatização de seus PDVs?__________________
2.2 Quantos pontos-de-venda (caixas) a empresa possui?______________________
2.3 Qual o percentual de PDVs que estão automatizados hoje?__________________
2.4 Qual o principal fator que levou a automação dos pontos-de-venda?
Data da entrevista: ___/__/___
Horário: /_______
113
2.3. Quais “eram” os principais objetivos a serem alcançados com a implantação dos
pontos-de-venda? Que vantagens a empresa esperava obter?
2.4 Como se desenvolveu este processo (quem dirigiu, quanto tempo levou, participação
consultoria)?
2.5 Quais os principais obstáculos enfrentados neste processo?
2.6. Hoje os dados coletados representam fielmente as vendas (há alguma distorção ou
falha na coleta de dados)?
2.7 Quais as tecnologias (hardware e software) utilizadas? Há algum plano em
desenvolvimento para implantação de uma tecnologia nova nos próximos anos?
114
3. SETOR DE VESTUÁRIO (MODA)
3.1. Participação do setor na empresa como todo:______________________________
3.2. Nº de diferentes SKUs ou itens (em média): ______________________________
3.3. Valor médio dos produtos: ____________________________________________
3.4. Volume médio de vendas (R$) por dia, semana ou mês:
______ por dia / semana / mês
3.5. Número de fornecedores:
Pequenos: ____________________________________________
Grandes: _____________________________________________
3.6. Quem tem maior poder de barganha?
( ) empresa ( ) fornecedores ( ) equilíbrio
3.7. Quantos pedidos são processados, em média, por dia, semana ou mês no setor
de vestuário?
______ por dia / semana / mês
3.8. Para quantos dias de vendas a empresa mantém, em média, de estoques?
Porque?
115
4. PROCESSO DE COMPRAS
4.1. Existe um setor especializado em compras?
( ) Sim. ( ) Não
4.2. Há uma subdivisão da estrutura de compras de acordo com o departamento?
(ex: setor compras de mercadorias para vestuário)
( ) Sim. ( ) Não
4.3. Como se dá o processo de decisão de compras?
4.4 Há troca de dados de venda com os fornecedores?
( ) Não( ) Sim Quais? (pequenos, médios, grandes)
116
4.5 Existe alguma manifestação de desejo ou providência por parte dos fornecedores
que hoje não trocam dados com a empresa em desenvolver um sistema de EDI no
futuro?
5. CONTROLE DE ESTOQUES
5.1. Há um responsável pelo controle de estoques? Quem e quais são suas
responsabilidades?
5.2. A empresa utiliza os dados gerados no ponto-de-venda para gerenciar seus
estoques?
( ) Sim ( ) Não. Porque?
117
5.3. Quais dados são mais utilizados?
5.4. De que forma?
5.5 Quais tecnologias (softwares) são utilizadas para ajudá-la nesta tarefa?
5.6. As informações obtidas com a automatização dos pontos-de-venda poderiam ser
melhor aproveitadas para o controle de estoques?
( ) Não ( ) Sim
5.7. Quais os principais problemas para a sub-utilização dos dados?
118
5.8 Como estes problemas poderiam ser contornados?
5.9 Há indicadores de desempenho utilizados na empresa voltados para a
diagnosticar o gerenciamento de estoque no setor de vestuário (ou de todos os
setores)?
( ) Não ( ) Sim. Quais?
5.10.Tem se verificado um aumento na eficiência dos seus estoques desde a
automatização dos pontos-de-venda?
119