PÓS GRADUAÇÃO EM LITERATURA, MEMÓRIA CULTURAL E...

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PÓS GRADUAÇÃO EM LITERATURA, MEMÓRIA CULTURAL E SOCIEDADE PRISCILA GOMES CHAGAS A CONSTRUÇÃO COLETIVA DA ESCOLA: A EXPERIÊNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DA UNIDADE DE ENSINO DESCENTRALIZADA  DE GUARUS NO CEFET CAMPOS CAMPOS DOS GOYTACAZES –  RJ 2007

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PÓS GRADUAÇÃO EM LITERATURA, MEMÓRIA CULTURAL E SOCIEDADE

PRISCILA GOMES CHAGAS

A CONSTRUÇÃO COLETIVA DA ESCOLA: A EXPERIÊNCIA DA 

IMPLEMENTAÇÃO DA UNIDADE DE ENSINO DESCENTRALIZADA  DE 

GUARUS NO CEFET CAMPOS

CAMPOS DOS GOYTACAZES –  RJ

2007

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PRISCILA GOMES CHAGAS

A CONSTRUÇÃO COLETIVA DA ESCOLA: A EXPERIÊNCIA DA 

IMPLEMENTAÇÃO DA UNIDADE DE ENSINO DESCENTRALIZADA  DE 

GUARUS NO CEFET CAMPOS

Monografia apresentada ao Centro Federal 

de   Educação   Tecnológica   de   Campos 

como requisito parcial  para conclusão do 

Curso   de   Pós­Graduação   em   Literatura, 

Memória Cultural e Sociedade. 

Orientadora: Prof. Ms. Sandra Venancio Kezen Buchaul

CAMPOS DOS GOYTACAZES –  RJ

2007

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Dados de Catalogação na Publicação (CIP)

                   

C433e     Chagas, Priscila Gomes.                       A construção coletiva da escola : a experiência da                 implementação da Unidade de Ensino Descentralizada de Guarus                 no CEFET Campos.  / Priscila Gomes Chagas. –  C ampos dos                 Goytacazes, RJ: [s.n.], 2007.                                         63 f. 

                      Orientadora: Sandra Venâncio Kezen Buchaul.                      Monografia (Pós Graduação em Literatura, Memória Cultural                 e  Sociedade). Centro Federal de Educação Tecnológica de                 Campos.  Campos dos Goytacazes, RJ,  2007.                      Bibliografia: f. 31­32.                                    

1. Escolas técnicas ­ Brasil. 2. Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos. 3. Ensino técnico – B rasil. 4. Escolas – or ganização e administração – B rasil. I. Buchaul, Sandra Venâncio Kezen, orient. II. Título.

                                                                       CDD – 373.270981

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PRISCILA GOMES CHAGAS

A CONSTRUÇÃO COLETIVA DA ESCOLA: A EXPERIÊNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DA 

UNED GUARUS NO CEFET CAMPOS

Monografia apresentada ao Centro Federal de   Educação   Tecnológica   de   Campos como requisito parcial  para conclusão do Curso   de   Pós­Graduação   em   Literatura, Memória Cultural e Sociedade. 

Aprovada em 28/11/2007.

Banca Avaliadora:

_______________________________________________________

Sandra Venancio Kezen Buchaul –  Orientadora

Mestre em Cognição e Linguagem –  UENF

____________________________________________________

SIlvia Lúcia dos Santos Barreto

Doutora em Comunicação e Cultura –  UFRJ

___________________________________________________

Valéria de Souza Marcelino Terra

Mestre em Cognição e Linguagem ­ UENF

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, Pai criador e guia em todas as horas. À Maria Santíssima, 

proteção e segurança nos caminhos percorridos.

À minha família:  luz e aconchego no dia­dia. Obrigada Mãe, Obrigada Pai, 

Obrigada Irmãos!

A meu companheiro e amigo, Fabrício, pelo incentivo e presença ao meu lado!

Às minhas   irmãs  em Cristo:  Edna,  Monique,  Francielle,  Larissa,  Verônica, 

Célia! Que bom ter vocês ao meu lado.

Às amizades feitas durante a pós: Manú, Lili, Andréa, Rozangela; e a amizade 

fortalecida com Clarissa. Vocês são demais!!!! Amo vocês!

Às amizades feitas através do trabalho: Chris, Marquinhos, Sandra, Ricardo, 

Igor e tantos outros que me ajudaram a crescer profissional e pessoalmente.

A Leandro,  diretor  da Uned,  por  me permitir   realizar  este   trabalho e  pela 

confiança depositada para tal.

A minha orientadora Sandra Kezen, por me guiar nesse trabalho!

Ao Cefet por me proporcionar essa dupla oportunidade: estudar e trabalhar no 

mesmo local!

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O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o 

jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim 

aparecerá.  Mas,  havendo um  jardim sem  jardineiro,  mais  cedo ou 

mais  tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa 

cujo pensamento está cheio de jardins. O que faz um jardim são os 

pensamentos do jardineiro. O que faz um povo são os pensamentos 

daqueles que o compõem.

Rubem Alves

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RESUMO

O   presente   trabalho   trata   do   processo   de   implementação   da   Unidade   de   Ensino Descentralizada de Guarus –  Uned Guarus –  em Campos dos Goytacazes. Para tal, relata de maneira crítica como esse processo se deu e busca servir como relato memorialista da escola. Desta forma, analisa a gestão da escola e o papel dos diversos atores que fizeram parte da construção da cultura desta escola.

PALAVRAS CHAVES: IMPLEMENTAÇÃO ESCOLAR. MEMÓRIA. CULTURA ESCOLAR.

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ABSTRACT

The   current   essay   deals   with   the   implementation   process   of   Unidade   de   Ensino Descentralizada de Guarus  –  UNED Guarus  –   in Campos dos Goytacazes.  For  that,   it reports  in a  critical  way how such a process happened and  it   searches  to serve as a memoirist report of the school. Threfore, it analyzes the management of the school and the role of the several actors who took part in the construction of the culture of this school.

KEY WORDS: SCHOOL IMPLEMENTATION. MEMORY. SCHOOL CULTURE.

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SUMÁRIO

1­ INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9

2­ LEVANTAMENTO TEÓRICO.............................................................................. 11

3­ BREVE HISTÓRICO DA CIDADE E DE GUARUS............................................. 14

4­ HISTÓRIA DO CEFETCAMPOS......................................................................... 16

5­ CRIAÇÃO DA UNED........................................................................................... 17

5.1­ Processo de implantação................................................................................. 17

5.2­ Proposta de Avaliação..................................................................................... 24

5.3­ A mudança....................................................................................................... 25

5.4­ A inauguração e visita do Presidente............................................................... 25

5.5­ A escola após a visita do Presidente Lula........................................................ 26

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 27

REFERÊNCIAS....................................................................................................... 30

ANEXOS................................................................................................................. 32

     Anexo A: Autorização para funcionamento da UNED Guarus........................... 33

     Anexo B: Documento de Doação do Terreno para Construção da Escola......... 35

         Anexo C Matriz curricular do Curso Técnico de Nível Médio Integrado em 

Eletrônica e Calendário escolar 2007.....................................................................

47

   Anexo D: Organograma inicial e atual da UNED Guarus..................................... 52

    Anexo E: Cópia do Discurso Oficial do Presidente............................................. 55

Criar o que não existe ainda deve ser a pretensão de todo sujeito que está vivo –  Paulo Freire

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1­ INTRODUÇÃO

Este trabalho trata de uma pesquisa participante/relato a respeito da construção da 

Unidade de Ensino Descentralizada de Guarus –  UNED Guarus­ CEFETCampos,tratando 

da gestão escolar como parte desse processo.

O objetivo da pesquisa,  desta  forma,  é  estudar  a  construção da cultura escolar 

orientada para a ação, destacando­a como parte da gestão escolar e como componente 

memorialista   de   uma  sociedade,   auxiliando   no   processo  de   inclusão   escolar,   social   e 

cultural,   visto   que   é   uma   escola   pública   de   qualidade   instalada   numa   área   carente, 

descrevendo até que ponto os diversos atores sociais da escola conhecem e colaboraram 

com a elaboração e execução do projeto, resgatando/ relatando a memória recente para as 

futuras gerações.

A investigação é um estudo de caso, uma observação participante, que visa analisar 

a participação do diretor, dos professores, dos funcionários na elaboração e execução do 

projeto   pedagógico,   por   meio   de   observações   e   reflexões   de   algumas   situações 

vivenciadas, passando pelos diversos atores que participaram da construção da Unidade de 

Ensino   Descentralizada   de   Guarus­   UNED GUARUS   ­   CEFET  CAMPOS,   uma  escola 

pública federal em Campos dos Goytacazes (RJ).

O interesse por estudar o processo de construção da UNED GUARUS se deu a partir 

do momento em que descobri que o concurso que havia feito para o Sistema Cefet Campos 

era para trabalhar na Construção da escola. Para a área pedagógica foram contratadas 

duas pessoas para o cargo de Técnico Administrativo em Educação (TAE), contudo,  para 

este  cargo,  poderia   ser   contratada  qualquer  pessoa   licenciada  ou  com graduação  em 

pedagogia. As duas pessoas contratadas são pedagogas: Christiane Menezes Rodrigues e 

eu .

O desafio  que nos  foi  dado era muito   interessante!!!  Montar  uma Uned!!!!  Logo 

percebemos que o desafio  era muito maior  do que  imaginávamos.  Além de  tentarmos 

descobrir o mundo de informações que nos faltava, ainda tínhamos que lidar com muita 

gente   com   objetivos   diferentes,   pedagogicamente   falando.   As   duas   pessoas   que 

coordenam o projeto de  implantação são engenheiros,  e por   isso  têm uma visão mais 

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prática da educação. Adaptar a nossa visão pedagógica à visão prática dos gestores, à 

visão da prática cotidiana presa nas disciplinas dos professores para montar um projeto que 

por  objetivo não  tende a nenhum dos  lados era ao mesmo  tempo difícil  e   fascinante. 

Tivemos algumas decepções quanto ao nosso ideal pedagógico de integrar as disciplinas e 

fazer realmente um curso diferente, novo. Como começamos a trabalhar em Novembro e o 

curso iniciaria em fevereiro do próximo ano, fizemos o que foi possível fazer. Esse possível 

não   significa   uma   atitude   de   conformismo,   mas   de   viabilidade   de   acordo   com   os 

profissionais do curso.

Desta forma, fazer parte de uma história, poder relatá­la e ainda falar de educação, 

algo tão importante e às vezes esquecido, justifica a escolha do tema.

Nesse processo de pesquisa ora será visível o papel da pesquisadora, ora o papel 

de pedagoga  indignada com os rumos de algumas coisas e, ainda,  ambas dividindo o 

mesmo espaço.

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2­ LEVANTAMENTO TEÓRICO

A construção coletiva do espaço comum passa primeiramente pela gestão escolar, 

ou seja, pela concepção das pessoas que estão à frente da escola e do que deve ser feito 

para melhorar o espaço coletivo.

É  importante ressaltar  que esse espaço coletivo ou espaço comum se configura 

tanto como espaço físico quanto como espaço de gestão financeira e de pessoas. Unir 

essas três vertentes é conseguir uma gestão para todos. 

De acordo com a Constituição Federal, Título VIII­  Da ordem social,  Capítulo  III­ 

seção I­ Da educação,  a gestão democrática é princípio do ensino.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: (...)VI ­ gestão democrática do ensino público, na forma da lei.

A LDB art.3º reforça esse inciso:

 Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:(...)VIII   ­   gestão   democrática   do  ensino  público,   na   forma  desta  Lei  e   da legislação dos sistemas de ensino.

O aprendizado da gestão democrática deve ocorrer em todas as esferas, partindo da 

decisão coletiva de participação, pois qualquer pretensão de gestão democrática só terá 

sucesso se todos estiverem dispostos a mudar.

(...) O processo de mudança não pode ser visto separadamente da cultura organizacional existente, uma vez que esta influencia e determina a forma 

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e o grau possível da mudança das pessoas e da cultura organizacional, renovando os valores e ganhando eficiência (Teixeira, 2002, p.14).

Para mudar é preciso contagiar a todos, formando um clima agradável. De acordo 

com Juan   Casassus   (2002),   um  dos   pontos   que   a   escola  deve   ter   para   favorecer   a 

aprendizagem é um bom ambiente emocional.

Para Libâneo,  Oliveira  e Toschi   (2003)  uma boa escola deve  ter  um bom clima 

escolar   e   um   projeto   pedagógico   como   plano   de   trabalho   bem   definido,   contendo   o 

diagnóstico   dos   problemas   da   escola,   feito   a   partir   do   confronto   da   realidade   e   das 

propostas para melhorá­la, analisando medidas tomadas anteriormente que deram certo e 

corrigindo as que não alcançaram o objetivo proposto.

Desta forma, o projeto político pedagógico passa a ser o ponto chave da gestão 

participativa  e  da construção do espaço comum,  favorecendo e sendo  favorecido  pela 

cultura escolar. 

Há, no entanto, uma característica das organizações escolares sumamente relevente para as práticas de gestão: a cultura organizacional ou a cultura da escola. Tem sido cada vez mais importante compreender a escola como lugar   de   construção   e   reconstrução   da   cultura,   não   apenas   a   cultura científica, mas a cultura social, a cultura das mídias, a cultura dos alunos, a cultura da escola. (LIBÂNEO, 2004, p.32)

Não há como estudar educação no nível da escola, sem se falar da construção da 

cultura escolar em um novo ambiente, por isso ele é tão importante. Afirma Schneckenberg 

que:

Assim sendo,  a  política  educacional  é  muito  mais  que um conjunto  de metas e planos setoriais ou de programas de governo, pois faz­se presente e atua na subjetividade humana, na maioria, na visão de cada um sobre o mundo, a sociedade, a escola. Não basta, no entanto, quando da definição de políticas educacionais, evidenciar apenas a sua ação sobre o processo de organização do trabalho, ou em delimitar a forma com que os atores vão   adquirir   o   conhecimento   necessário   para   a   sua   implantação, considerando que pensar em política educacional é também pensar nos seres humanos de hoje e do futuro, enfocando principalmente os aspectos social, cívico e individual. (Schneckenberg, 2000: 116)

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Para Silva (2003), um bom gestor precisa conhecer a realidade que pretende dirigir e 

relacioná­la com a teoria, analisando o que pode ser feito, através do contato direto com o 

sistema de ensino dirigido. “P ortanto, a visão que o administrador (...) tenha acerca do povo 

e de sua condição de ação política condiciona, em muito, a ação concreta que venha a 

desencadear”  (Silva,2003: 98).

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3­ BREVE HISTÓRICO DA CIDADE E DE GUARUS

O município de Campos dos Goytacazes, de acordo com dados do IBGE (2005), fica 

localizado a 286km do Rio de Janeiro, tendo o seu território cortado pelo Rio Paraíba do Sul 

e afluentes. Sua topografia é formada por baixada (altitude de 5 a 14m), por tabuleiros bem 

ondulados (30 a 70m), correspondendo a 31% da área do município.

As principais rodovias federais que permitem o acesso a Campos dos Goytacazes 

são a BR­101 e a BR­356, que liga o município ao Estado de Minas Gerais e a São João da 

Barra, e as rodovias estaduais são a RJ­216, em direção ao litoral e funcionando como via 

importante de apoio à exploração do petróleo das plataformas continentais, a RJ­158 e a 

RJ­180; tendo ainda as ferrovias Rio­Vitória e Campos­Recreio, em Minas Gerais, cruzando 

o seu território.

Dos   índios   Goitacás   (denominação   correta)   aos   nossos   dias,   a   terra   campista 

registrou   os   mais   importantes   acontecimentos   históricos,   passando   por   inúmeras 

modificações. Tudo começou com a chegada dos chamados "Sete Capitães", em 1629 ao 

Cabo de São Tomé. Era o início da colonização da rica planície. Em 1676, a Capitania de 

São Tomé passa a se chamar Vila de São Salvador de Campos dos Goytacazes.

A  introdução do primeiro  engenho a vapor  na  região,  em 1830,   trouxe grande 

transformação no processo de produção de açúcar. E o aparecimento da ferrovia, em 1837, 

com a inauguração do trecho Campos­Goitacazes e posteriormente, em direção ao trecho 

Norte­Sul, facilitou a circulação, transformando o município em centro ferroviário da região. 

O cultivo da cana­de­açúcar   ­  hoje um dos principais  produtos da  região  ­   teve  início, 

provavelmente,  no   final  do  século  XVII.  No  século  seguinte,  os  engenhos  da  baixada 

campista se especializaram na produção de aguardente. 

O pioneirismo de Campos dos Goytacazes é destaque no cenário nacional. Não se 

pode   negar   que  a   cidade   foi   a   pioneira   do  progresso   fluminense,   como  registram os 

documentos: em 1798, foi oficializado o tráfego de correspondência; em 1831 foi lançado 

seu primeiro jornal, Correio Constitucional Campista; em 1832, foi fundada a primeira loja 

maçônica, a Firme União; em 1869 foi feita a sua primeira ligação telefônica para o ex­

Distrito Federal, atual Rio de Janeiro; em 1852 foi inaugurada a navegação no Rio Paraíba 

do Sul;  em 1872 foi   inaugurado o Banco Comercial  Hipotecário de Campos (Banco do 

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Vovô),   que   passou   a   se   chamar     Bamerindus   e   agora   chama­se   HSBC,   o   quarto 

estabelecimento de crédito em antigüidade no Brasil. O pioneirismo de Campos não parou, 

pois,  em 1883,  foi  a primeira cidade da América do Sul  a adotar o sistema público de 

iluminação elétrica e em 1931, a quarta cidade do Brasil a ter Estação Central de Telefones 

Automáticos.

Na área educacional,   destaca­se  em 1871 a  criação da Biblioteca Municipal  de 

Campos; em 1880, foi criado o Liceu de Humanidades de Campos, começando a funcionar 

em 1884. A rede municipal de ensino primário foi criada em 1881.

No Campo Cultural destaca­se em 1884 a inauguração da Livraria Ao Livro Verde, 

hoje a mais antiga do país em funcionamento. Em 1845, foi criado o Teatro Municipal; em 

1870, foi fundada a Sociedade Musical Lira de Apolo, uma das mais antigas bandas de 

música do Brasil.

Em 1974, foi descoberto amplo lençol petrolífero no Campo de Garoupa, na plataforma continental da Bacia de Campos, o que contribuiu significativamente, com o pagamento de royalties em sua receita municipal.

  Pela Lei n.6.001, de dezembro de 1967, os Distritos de Guarus e Goitacazes passam 

a   fazer   parte   integrante   do   1º   Distrito   do   Município   com   a   denominação   de   3º   e   4º 

Subdistritos, respectivamente.

O desenvolvimento recente, embora ainda ligado à indústria canavieira, se direciona 

em outros rumos, favorecido pelo surgimento de pequenas empresas, da melhoria de suas 

atividades comerciais e de serviços para o que também contribuiu, sem dúvida, a atividade 

petrolífera na plataforma continental ­ a Bacia de Campos.

Atualmente, a cidade possui uma rede de serviços completa, com diversos bancos, 

hotéis, restaurantes, escolas, clínicas, entre outros. Transformou­se em pólo universitário, 

após a instalação da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro ­ Uenf, com 

universidades e faculdades dos mais variados cursos. Na área da comunicação, Campos 

dos Goytacazes dispõe de três emissoras de televisão, afiliadas às principais no país: Rede 

Globo e Record, além de diversas emissoras de rádio e cinco jornais locais. Além disso, 

possui   várias   linhas   de   ônibus   que   interligam   seus   diversos   bairros   e   distritos   mais 

longínquos. Existem, também, diversas linhas intermunicipais e interestaduais, dentre elas 

para o Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Vitória, além de capitais e cidades do 

Nordeste.

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4­ HISTÓRIA DO CEFET CAMPOS

O Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos foi criado pelo ato de criação 

das Escolas de Aprendizes Artífices, dado pelo Decreto nº 7566 de 23 de janeiro de 1909, 

do  então   presidente  da  República,   o   campista  Nilo   Peçanha.  O   principal   objetivo   era 

atender os filhos de trabalhadores, iniciando suas atividades em 23 de setembro de 1910, 

com cinco cursos de formação: alfaiataria, marcenaria, tornearia, sapataria e eletricidade.

A localização inicial da Escola de Aprendizes Artífices de Campos foi num prédio 

público, na Rua Tenente Coronel Cardoso, onde hoje funciona a Faculdade de Direito de 

Campos. 

Em 1942,  em decorrência do  investimento na  indústria  no Brasil,  essas escolas 

passam a ser denominadas Escolas Industriais Técnicas, oferecendo a partir de então o 

curso ginasial. Em 1959, ganham o patamar de Escolas Técnicas Federais, implantando a 

formação técnica de 2º grau. 

Os primeiros cursos  técnicos de 2º  grau na Escola Técnica de Campos  (ETFC) 

datam de 1967: Mecânica, Eletrotécnica e Edificações. Este movimento coincide com a 

mudança da escola para seu atual endereço. 

Em 19 de janeiro de 1999, a ETFC foi transformada em Centro Federal de Educação 

Tecnológica (CEFET Campos), sendo hoje uma das maiores  instituições deste porte no 

país. Já possuindo  uma Unidade de Ensino Descentralizada em Macaé –  UNED Macaé, 

inaugurada em 1993, a UNED GUARUS, começou a funcionar em 2007

Atualmente,   o   CEFET  Campos   atua   nos   três   níveis   da   Formação   Profissional. 

Trabalhando na educação inicial e continuada de trabalhadores, oferece cursos técnicos e 

cursos   superiores   de   tecnologia,   Ensino   Médio,   Educação   de   Jovens   e   Adultos, 

licenciaturas e cursos de Pós­graduação,  todos ofertados  gratuitamente.

Recentemente, em 1º de outubro de 2004, sob Decretos nº 5224   de 04/10/2004, 

assinados  pelo  Presidente  Luís   Inácio  Lula  da  Silva,  a   instituição  CEFET ascendeu  à 

condição de Centro Universitário, com todas as prerrogativas que lhe são inerentes. 

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5­ A CRIAÇÃO DA UNED GUARUS

As Unidades de Ensino Descentralizadas provêm de um projeto de expansão do 

Governo Federal para os Centros Federais de Educação Tecnológica, ampliando a mais 

pessoas o acesso à tecnologia, autorizada pela Portaria Nº 1971 de dezoito de dezembro 

de 2006, de acordo com o Anexo A. 

Apesar de estar na mesma cidade que sua sede, o objetivo é atender ainda mais as 

camadas pobres da população. Separada geograficamente pelo rio Paraíba do Sul, que 

corta a cidade, a margem esquerda onde está localizada a Uned é também separada socio­

economicamente. A população, na sua maioria, atravessa o rio em busca de emprego e 

estudo. Apesar da busca pela emancipação, o bairro de Guarus é dependente do centro de 

Campos.

A unidade está localizada próxima à BR 101, em local doado pelo exército, conforme 

documento no Anexo B, e de fácil acesso, à Avenida Souza Mota, s/n, Parque Fundão, em 

documento anexo.

5.1­ PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO

  O grupo de trabalho foi escolhido por meio de concurso realizado em maio de 2006. 

Em   setembro   daquele   ano   foi   feita   uma   primeira   convocação   para   explicar   o   que 

aconteceria daí para frente. Em 30/10/2006 começaram a ser assinados os atos de posse. 

Em novembro, foi explicado que a equipe que ficou na sede estaria responsável por criar a 

UNED GUARUS. O governo  federal   já havia  liberado verba para a obra, prevista para 

terminar em novembro/2006, e, a princípio, seria ofertado o curso integrado de nível médio 

em eletrônica em 3 turnos, sendo o noturno  intitulado PROEJA (Programa Nacional  de 

Integração da Educação Profissional à Educação Básica na Modalidade de Educação de 

Jovens e Adultos).

Neste momento  foi preciso ‘ descobrir’  o que seria o curso integrado de nível médio e 

o que seria o PROEJA.

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O primeiro susto veio quando foi descoberto que o curso de eletrônica não existia na 

sede e o curso integrado em apenas UM TURNO ainda não existia em nenhuma escola 

federal. Depois, foi dito que este seria em 3 anos, com carga mínima de 3000 horas e o 

PROEJA com carga horária de 2400 horas, divididas entre ensino médio e técnico, sendo 

em ambos casos, 1200 horas de disciplinas específicas ou profissionalizantes. Este projeto 

está   fundamentado   nas   bases   legais   e   nos   princípios   norteadores   explicitados   na 

Constituição Federal, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de nº 9.394/96, 

nas Diretrizes e Referenciais Curriculares propostos pelo MEC, nos decretos de nº 5154/04, 

5840 de 13/07/2006;  nas resoluções CNE/CEB n°1 –  03/02/2005 e de nº 4, de 27/10/2005, 

nos   pareceres  CNE/CEB de  nº   16/1999,   de   nº   20/2005   que   normatizam  a   Educação 

Profissional e o Ensino Médio no Sistema Educacional Brasileiro.

Olhando um pouco a legislação fica mais fácil entender o projeto. O parecer 20/2005 explica claramente o objetivo do projeto.

(...) O curso de Educação Profissional Técnica de nível médio realizado na forma integrada com o Ensino Médio deve ser considerado como um curso único desde a sua concepção, plenamente integrado e ser desenvolvido como   tal,   desde   o   primeiro   dia   de   aula   até   o   último.   Todos   os   seus componentes curriculares devem receber tratamento integrado, nos termos do projeto pedagógico da instituição de ensino. Por isso mesmo, essa nova circunstância   e   esse   novo   arranjo   curricular   pode   possibilitar   uma economia na carga horária  mínima exigida,  uma vez  que o  necessário desenvolvimento   de   competências   cognitivas   e   profissionais   pode   ser facilitado exatamente por essa integração curricular.

(...) na adoção da forma integrada, o estabelecimento de ensino não estará ofertando dois cursos à sua clientela. Trata­se de um único curso, com projeto pedagógico único, com proposta curricular única e com matrícula única. A duração do curso, obviamente, deverá ter a sua carga horária total do curso ampliada, de forma a assegurar, nos termos do § 2º do Artigo 4º do Decreto nº 5.154/2004, o cumprimento simultâneo das finalidades estabelecidas, tanto para a Educação Profissional Técnica de nível médio quanto para o Ensino Médio, como etapa de conclusão da Educação Básica.

A institucionalização do ensino médio integrado à educação pros sional tem como objetivo principal romper com a dualidade que historicamente separou os estudos preparatórios para a educação superior da formação pros sional no Brasil e deverá contribuir com a melhoria da 

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qualidade nessa etapa final da educação básica.

A formação integral do profissional­cidadão é o marco orientador desta proposta, que tem como objetivo institucional a compreensão da Educação como uma prática social, que se traduz pela promoção de uma Educação Científica, Tecnológica e Humanística competente, crítico­reflexiva, técnica e eticamente comprometida com as transformações sociais, políticas e culturais.

Para o Ensino Médio já se tinha a noção do que deveria ser, uma vez que já era 

conhecida   a   LDB   e   vários   exemplos   de   bons   cursos,   incluindo   no   próprio   CEFET. 

Entretanto, para a área técnica, apesar de todo um histórico da unidade sede, para nós era 

tudo novo. Aliás, não somente para nós, mas também para o Cefet, já que é dada uma nova 

caracterização.

A   resolução   CNE/CEB   4/99,   dá   a   caracterização   da   área   Indústria   e   sua 

competências, declarando que a carga horária mínima para o curso é de 1200 horas.

Caracterização da áreaCompreende   processos,   contínuos   ou   discretos,   de   transformação   de matérias primas na fabricação de bens de consumo ou de produção. Esses processos   pressupõem   uma   infra­estrutura   de   energia   e   de   redes   de comunicação. Os processos contínuos são automatizados e transformam materiais,   substâncias   ou   objetos   ininterruptamente   podendo   conter operações   biofisicoquímicas   durante   o   processo.   Os   discretos,   não contínuos, que geralmente requerem a intervenção direta do profissional caracterizam­se   por   operações   físicas   de   controle   das   formas   dos produtos. Com a crescente automação, os processos discretos tendem a assemelhar­se   aos   processos   contínuos,   de   modo   que   o   profissional interfira   de   forma   indireta   por   meio   de   sistemas   microprocessados.  A presença humana, contudo, é indispensável para o controle, em ambos os processos, demandando um profissional apto para desenvolver atividades de   planejamento,   instalação,   operação,   manutenção,   qualidade   e produtividade. As atividades industriais de maior destaque, excluídas as da indústria   química,   são   as   de   mecânica,   eletroeletrônica,   automotiva, gráfica, metalurgia, siderurgia, calçados, vestuário, madeira e mobiliário e artefatos   de   plástico,   borracha,   cerâmica   e   tecidos,   automação   de sistemas, refrigeração e ar condicionado (p.19). 

A LDB no seu capítulo III enuncia os princípios da Educação Profissional. O artigo 3° 

desta mesma resolução reafirma esses princípios e acrescenta mais alguns.

Art.   3º   São   princípios   norteadores   da   educação   profissional   de   nível técnico os enunciados no artigo 3º da LDB, mais os seguintes: 

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         I ­ independência e articulação com o ensino médio;          II ­ respeito aos valores estéticos, políticos e éticos;          III ­ desenvolvimento de competências para a laborabilidade;          IV ­ flexibilidade, interdisciplinaridade e contextualização;          V ­ identidade dos perfis profissionais de conclusão de curso;          VI ­ atualização permanente dos cursos e currículos;          VII ­ autonomia da escola em seu projeto pedagógico.

Até então,  pensou­se que o PROEJA seria  apenas uma cópia do  curso diurno. 

Criado pela lei 5840 de 13/07/2006, o PROEJA tem por objetivo dar uma formação técnica 

voltada para o trabalho.

Art. 1º  Fica instituído, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional à Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos ­ PROEJA, conforme as diretrizes estabelecidas neste Decreto.

§ 1º    O PROEJA abrangerá os seguintes cursos e programas de educação profissional:

I ­ formação inicial e continuada de trabalhadores; e

II ­ educação profissional técnica de nível médio.

Art. 4º    Os cursos de educação profissional técnica de nível médio do PROEJA deverão contar com carga horária mínima de duas mil e quatrocentas horas, assegurando­se cumulativamente:

I ­ a destinação de, no mínimo, mil e duzentas horas para a formação geral;

II ­ a carga horária mínima estabelecida para a respectiva habilitação profissional técnica; e

III ­ a observância às diretrizes curriculares nacionais e demais atos normativos do Conselho Nacional de Educação para a educação profissional técnica de nível médio, para o ensino fundamental, para o ensino médio e para a educação de jovens e adultos.

Após pesquisar em toda a legislação e começar a pensar no projeto pedagógico do 

curso, descobriu­se que já estava sendo feito edital para ingresso de alunos, que as aulas 

começariam dia 26/02/2007 e que a obra da unidade estava atrasada. No mesmo momento 

em que se começava a pensar na matriz também tivemos que passar essas informações 

aos professores,  avisando que  todos  teriam carga horária   reduzida,  mas  independente 

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disso, o curso teria que ter uma boa formação tanto para o ensino médio quanto para o 

ensino técnico, sem menosprezar nenhuma disciplina, ao contrário, o desafio era integrar as 

disciplinas em uma nova forma de ensinar e aprender.

Elaborar um currículo é muito difícil, ainda mais com pouco tempo e com pessoas 

que nem sabiam por  onde começar.  Era muita  informação nova para pouco  tempo de 

execução. A discussão girava em torno do que era importante para o professor ensinar e 

não  do  que   seria   importante  para  o  aluno  aprender,   conforme os  objetivos  do   curso. 

Vasconcelos define bem currículo dentro desse processo de decisão e mediação.

Portanto, currículo abarca o conjunto de formulações e de experiências/ atividades/ práticas propiciado pela instituição de ensino (dentro ou fora da sala  de aula)  para   a   formação dos sujeitos  (educandos,  mas  também educadores e comunidade), de acordo com as finalidades que se propõe. Currículo,   do   ponto   de   vista   teórico­metodológico,   é   da   ordem   da mediação;  portanto,      é   fruto  da   tensão  entre   leitura  da   realidade  e  a intencionalidade   que   se   tem   (articulação   intrínseca   entre   proposta curricular e projeto político pedagógico)(2006, p. 29).

Esta fase foi bastante conturbada. Os professores não entenderam o que seria essa 

nova   forma   de   ensinar   e   aprender   e   começaram   a   discutir   que   o   curso   seria   uma 

enganação, que não se formaria ninguém para nada, que cortar conteúdo seria prejudicial 

ao ensino já tão defasado, que não saberiam dar aula assim, como trabalhar uma profissão 

com adolescentes, como dar um ensino decente para alunos do noturno que já vem com 

defasagens, muitos enganados na escola anterior, que o diretor é louco em aceitar, que o 

Gerente de Ensino não entende nada, que os ‘ executivos’  do MEC criam as loucuras, mas 

não estão no campo trabalhando. Enfim, foram várias reuniões girando em torno do mesmo 

assunto, sem se chegar a nenhuma conclusão. Por fim, foi dito que o curso seria integrado 

em nível médio, que o PROEJA era possível de ser feito e que as ementas curriculares 

deveriam ser entregues o mais breve possível.

E o currículo integrado foi esquecido. Não tínhamos nem um consenso do que seria 

o curso, qual seria o currículo, quiçá integrá­lo. Nem o nome exatamente sabíamos. Mesmo 

buscando a legislação, muita confusão com o nome foi gerada.

De acordo com a resolução N°1, 03/02/2005

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Art. 3º A nomenclatura dos cursos e programas de Educação Profissional passará a ser atualizada nos seguintes termos:I. “ Educação Profissional de nível básico”  passa a denominar­se “ formação inicial e continuada de trabalhadores” ;II.   “ Educação   Profissional   de   nível   técnico”   passa   a   denominar­se “ Educação Profissional Técnica de nível médio” ;III.   “ Educação   Profissional   de   nível   tecnológico”   passa   a   denominar­se “ Educação Profissional Tecnológica, de graduação e de pós­graduação” .

Desta forma, o nome correto do curso é: EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE 

NÍVEL MÉDIO EM ELETRÔNICA.

No momento de se fazer as ementas, os professores voltaram a discutir como seria 

dar aula, com aquela carga horária mínima, e por que tal disciplina tem tanta carga horária, 

por que não diminuir um pouco a carga horária das disciplinas técnicas. Apesar de ser dito 

constantemente que a carga horária das disciplinas técnicas não pode ser diminuída para a 

carga horária das disciplinas do Ensino Médio, a questão continuava, pois já estávamos no 

mínimo.

Em meio a   tantos entraves,  a  matriz   foi  montada  (Anexo C)  as  ementas  foram 

entregues e o curso começou. Como o prédio da escola em Guarus não estava pronto, 

utilizamos uma sala de aula emprestada na Sede. Aliás, todo o nosso trabalho foi realizado 

em um laborátório, que virou um “Qu artel General”  (QG, como era chamado na sede).

O susto de alguns professores foi maior do que se imaginava. No diurno eles não 

imaginavam que os alunos eram realmente adolescentes, agitados e descobrindo o mundo 

agora, e no noturno que o nível de conhecimento fosse inferior ao que eles achavam baixo. 

Um outro problema que tivemos foi em relação á matrícula dos alunos. Como a unidade não ficava pronta, e surgiu um boato que só ficaria pronta em 2010, muitos alunos não fizeram prova e outros não se matricularam. Foi dada a oportunidade aos alunos que passaram para a sede de se matricularem para a Uned Guarus até o preenchimento das vagas, sem possibilidade de transferência para a unidade sede.  Foi confuso, mas conseguimos. 

Outro problema foi o fato do calendário escolar da sede estar atrasado e o nosso, não, nossos alunos começaram a estudar no final do semestre letivo da sede, no período de recesso escolar também.

Com relação à gestão escolar, tomamos um outro susto. Apesar de ter sido aluna da 

instituição, não tinha essa visão administrativa e muito menos pedagógica.

Quando chegamos, o organograma da instituição era composto por Leandro (Diretor) 

e Marcos (Gerente Educacional) apenas. Essas pessoas foram escolhidas pelo diretor do 

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sistema  Cefet,   Luiz  Augusto   Caldas.   Na   verdade,   durante   apresentação   deles,   o   que 

sabíamos é que eles são funcionários há muito tempo na instituição, conhecem bastante da 

escola, a parte administrativa e um pouco da área educacional. Esses organogramas estão 

no Anexo D.

Na verdade, tínhamos que montar um curso que ninguém sabia como, mas com o 

objetivo de atender as demandas do MEC e com isso conseguir mais investimento.

Apesar de quase todo o corpo docente ter no mínimo mestrado (apenas dois entre 

os  13  professores  não  o   têm),   o   medo   do  novo   foi   decepcionante.  Sair   do   lugar   de 

conformismo que se encontravam e se arriscar a novos vôos foi difícil.  Ainda mais que 

somos um grupo pequeno e que cada um acaba mostrando sua forma de trabalhar, de 

pensar e de agir. Esse fato causou muito medo e repulsa: estar em um lugar novo, com 

objetivos diferentes, pessoas desconhecidas e ainda se mostrar é difícil.

Após fecharmos a matriz curricular, conforme anexo, e depois de muita pesquisa 

tanto em legislação quanto em outras matrizes de vários lugares do país, fomos discuti­la 

com esse grupo de professores para podermos pensar melhor o curso. Essas reuniões 

pedagógicas eram dirigidas pelo gerente Marcos Maciel. Apesar de não ser pedagogo, ele 

tinha uma visão mais aberta do plano de trabalho e um sonho de não repetir o mesmo erro 

de outros cursos, e nos apoiou em tudo que fizemos. Outro fato de surpresa foi o fato dos 

professores da área técnica serem mais abertos a mudanças do que os do Ensino Médio.

O horário foi um outro problema, como é em qualquer escola. Como só era uma 

turma em cada turno, alguns professores se esqueceram que eram concursados para 40 

horas, e muitos ainda queriam trabalhar apenas e no máximo de terça a quinta­feira.

A matriz curricular do Proeja: Educação Profissional para Jovens e Adultos, foi outro 

problema. Ao explicarmos que a atenção dada a esse nível de ensino deveria ser diferente, 

pois são alunos que têm outro objetivo, que não têm tempo a perder, muitos vieram de 

ensino supletivo e/ou estavam há muito tempo sem estudar e todo o tipo de discurso e 

exemplificação das especificidades que deveriam ser dadas a esse curso, que a integração 

deveria ser muito maior. Muitos professores começaram a confundir que a especificidade do 

curso significava inferioridade, que os professores deveriam ser bonzinhos e passar um 

ensino   de   “f az   de   conta”.  Apesar   de   todas   as   tentativas   de   conscientização,   quando 

começaram as aulas, alguns professores resistiram a mudar. Para alguns, trabalhar com 

nível médio ou com adolescente era menosprezar o currículo profissional.

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5.2­ PROPOSTA DE AVALIAÇÃO

Com o objetivo realmente de se construir uma escola diferente, todo o processo de 

implementação e construção da escola foi coletivo. A proposta de avaliação também. Ao 

tentarmos construir em uma reunião a proposta de avaliação nós não conseguimos sair do 

lugar, pois dos poucos professores que se posicionaram, a maioria procurava punir o aluno 

por meio da avaliação. 

Como havia pouco tempo, foi decidido que as TAEs fariam uma proposta e esta seria 

levada à votação em reunião. Havia apenas uma semana para montar essa proposta.

Na semana seguinte,  a proposta foi levada para a votação. Apesar das discussões 

em torno do mesmo ponto, conseguimos aprovar uma proposta de avaliação que ainda não 

foi a ideal, mas para esse primeiro momento foi satisfatório.  Agora estamos passando por 

modificações.

Mesmo com a obra do prédio da UNED atrasada, as aulas realmente começaram no 

dia 26/02/2007, logo após o carnaval. Faltava uma semana e não havia sido feito ainda o 

manual do aluno. Nele deveriam estar contidos os direitos e deveres do aluno, normas da 

escola,   formas de avaliação,   recuperação,  entre outros  temas.  Ele  também foi   feito às 

pressas, à véspera do início das aulas.

Na verdade, a Uned começou a funcionar com o seu objetivo em fevereiro de 2007, 

com a atuação de várias pessoas.

5.3­ A MUDANÇA

O primeiro semestre letivo da Uned terminou dia treze de julho de 2007, ainda na 

unidade sede e sem ter a certeza de onde começaríamos o próximo semestre, no dia vinte 

e sete de julho.

Apenas uma semana antes do início das aulas foi feita a mudança para o prédio 

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próprio da Uned Guarus, no parque Fundão, mesmo sem estar completamente pronto.

O dia vinte e oito de julho foi o primeiro dia letivo do curso Técnico de Enfermagem, 

no   turno   da   manhã,   e   do   curso   Técnico   em   Farmácia,   no   turno   da   tarde,   ambos 

subseqüentes ao Ensino Médio, e o recomeço das turmas do curso Técnico de Nível Médio 

Integrado em Eletrônica.

Foi   realizada   uma   solenidade   com   a   participação   do   diretor   do   Sistema   Cefet 

Campos, Luiz Augusto Caldas, da vice­diretora, Cibele Daher, do diretor da UNED, Leandro 

Crespo, e do Tenente Coronel Angonese, Comandante do 56° Batalhão de Infantaria de 

Campos, que doou o terreno, de alunos, professores e funcionários. Apesar da estrutura 

ainda estar sendo montada, o início foi bom.

Poucos dias depois, foi confirmado que o ministro da Educação Fernando Haddad 

viria para a inauguração oficial e que possivelmente o presidente da República, Luiz Inácio 

Lula da Silva, também. A notícia foi confirmada. a inauguração aconteceria no dia dezessete 

de agosto.

Esse fato causou grande frisson na cidade inteira, pois o último presidente  esteve na 

cidade em 1985, portanto há vinte e dois anos, foi José Sarney, para sancionar a lei dos 

royaties.

5.4­A INAUGURAÇÃO E VISITA DO PRESIDENTE

Na semana anterior à chegada do presidente, a comitiva e os seguranças já estavam 

na escola verificando toda a estrutura e montando o possível esquema de segurança.

Enquanto   isso,   a   escola   foi   modificada   rapidamente.   A   instalação   de   um 

transformador, que a empresa responsável  só iria instalar posto em quarenta dias, foi feito 

em apenas dois.  Sem ela,  havia  iluminação apenas na metade da escola. A prefeitura 

limpou o terreno da escola e o do exército. A segurança presidencial verificou todo o terreno 

para   ver   se   não   restava   nenhuma  pedra   ou   nada   que   pudesse   ser   jogado   contra   o 

presidente.

As  informações dadas pelo  cerimonial  eram desencontradas,  mudando de  rumo 

duas vezes por dia. Ora os funcionários e os alunos poderiam ficar dentro do prédio da 

escola, ora ninguém poderia ficar. O esquema de segurança montado por eles foi enorme, 

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como era de se esperar.

Enfim, a escola foi preparada para a cerimônia oficial de inauguração.

No  dia  dezessete,   soubemos  que  apenas  alguns   funcionários  entrariam e  duas 

turmas de alunos. Os funcionários que estavam na escola desde as sete horas da manhã 

tiveram que sair às nove horas para a varredura do prédio pela Polícia Federal e apenas 

algumas pessoas voltaram em seguida.

Por volta das treze horas o presidente Lula chegou, acompanhado de vários políticos 

da região. O presidente cumprimentou os funcionários, os alunos e tirou fotos com eles, foi 

simpático e receptivo. Fez o discurso oficial (Anexo E) no pátio para professores, alunos, 

funcionário do sistema Cefet Campos e a comunidade em geral. Discursaram antes dele o 

diretor do Sistema Cefet Campos, Luiz Augusto Caldas, o Governador do estado do Rio de 

Janeiro,  Sérgio  Cabral,  um aluno do curso Proeja em Eletrônica,  Rogério  Menezes.  O 

presidente ficou cerca de duas horas na escola, mas sua visita foi marcante, importante e 

emocionante.

5.5­ A ESCOLA APÓS A VISITA DO PRESIDENTE LULA

No dia seguinte à visita, a escola estava mais  tranqüila,  tirando a  indignação de 

alunos que não puderam entrar na escola, nem tirar foto com o presidente.

A comunidade passou a visualizar a escola como uma boa possibilidade e começou 

a pedir informações a respeito dos cursos, se eram pagos, quem poderia fazer. Em suma, a 

visita   do   Presidente   da   República   trouxe   a   esperança   de   se   integrar   a   escola   e   a 

comunidade,   a   escola   foi   acolhida  e  deixou   de   ser   algo  estranho.  A nível   nacional   a 

Implantação de uma Uned na “r egião do Petróleo”  ganhou importância.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A construção de uma escola passa por muitas fases e meandros. Enfrentar o novo, 

ter  atitude, aceitar o desafio são peças chaves para essa etapa.

Quando   pensamos   em   escola   como   espaço   de   convivência   vemos   como   é 

interessante   este   local.   E,   também,   quando   entendemos   escola   como   espaço   de 

aprendizagens é que se torna ainda mais rica essa estrutura chamada “e scola”.

A Uned permitiu que essas duas vertentes fossem construídas no dia­a­dia. É claro 

que não sem embates, mas com construção de caminhos novos. Libâneo  define bem essa 

questão:  “A s escolas são, portanto, organizações, e nela sobressai a interação entre as 

pessoas, para a promoção da formação humana “( LIBÂNEO, 2004:100).

Dos profissionais  chamados para  participarem desse processo,  acredito  que até 

hoje, cerca de quase um anos depois,  muitos ainda não se deram conta de que estão 

fazendo memória.

A escola  é  o   lugar  da  memória:  oral,   escrita  e   física.  A aprendizagem  também 

depende da memória.

Nesse final de primeiro ano de Uned começa­se a lembrar do que foi feito e fazer um 

balanço dos caminhos tomados. Entretanto, não se pode negar que questões como carga 

horária e organização bimestral voltam ao foco das discussões. Isso nos leva a afirmar que 

não há uma cultura organizacional  fechada, pronta, mas em processo. E é exatamente 

assim que deve ser. Os indivíduos fazem a cultura organizacional, mas ao mesmo tempo 

são modificados por ela.

(...)  a escola tem uma cultura própria que permite entender  tudo o que acontece   nela,   mas   essa   cultura   pode   ser   modificada   pelas   próprias pessoas,   ela   pode   ser   discutida,   avaliada,   planejada,   num   rumo   que responda aos propósitos da direção, da coordenação pedagógica, do corpo docente (LIBANÊO,2004:109).

Libâneo, em outro trecho, reafirma essa idéia:

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Ou seja, também as pessoas constroem uma cultura organizacional. Há, portanto,  uma  trama de  relações  implicadas na escola.  Por  um  lado,  a organização educa os indivíduos que a compõesm; por outro, os próprios indivíduos educam à organização, a medida que são eles que a constroem e,  no  final  de contas, a definem   com base nos seus valores,  práticas, procedimentos, usos e costumes (34).

Durante os  primeiros encontros,   foi­nos  dito  que a  comunidade em que  iríamos 

trabalhar era carente e que a escola iria suprir muitas necessidade da margem esquerda do 

rio Paraíba do Sul. Ora, esse “a viso”  causou muito preconceito velado, escondido atrás da 

idéia de impossibilidade do curso. E esse pré­conceito foi levado à sala de aula. Mesmo o 

curso começando na sede, e vendo­se que os alunos da Uned não eram diferentes dos 

alunos da sede, a luta foi grande.

Hoje podemos afirmar que muita coisa mudou, mas não  totalmente.  As pessoas 

trazem em si idéias que só elas mesmas podem querer mudar. 

Quanto ao fato do curso integrado demandar uma nova forma de ensinar e aprender, 

a   repulsa  em muitos   foi  não somente  em voltar  a  atuar  em nível  médio,  mas em se 

reformular   constantemente   para   trabalhar   com   adolescente,   pois   sabia­se   que   eram 

universos bem distintos. Ao invés de se procurar trocar inúmeras experiências, era mais 

fácil afastar­se e menosprezar. A ignorância foi a forma encontrada por muitos deles para 

disfarçar o despreparo.

É necessário uma formação continuada do professor. E isso nem sempre é fácil. 

Libâneo define bem esta idéia: “é  no exercício do trabalho que, de fato, o professor produz 

sua profissionalidade. Esta é a idéia­chave do conceito de formação continuada”  (2004:34).

A escola não proporcionou nenhum curso ou palestra que ajudasse os professores. 

Como   no   concurso   não   foi   exigido   licenciatura,   muitos   não   tinham   nem   lidado   com 

adolescentes durante a graduação. Mesmo sabendo­se que a licenciatura por si só não 

resolveria os problemas, pelo menos facilitaria o processo de compreensão.

Nesse ponto a gestão da escola teve muita responsabilidade. Como no processo 

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seletivo não foi dito para que nível dar– se­iam aulas, nem em qual escola do Sistema Cefet 

Campos, deveria ter sido feita uma explicação do trabalho sem preconceitos.

Quando começamos o   trabalho,  a  preocupação  do diretor  era  com os   recursos 

financeiros e com a prestação de contas. É claro que sabemos que esta parte da gestão é 

importantíssima para  o   trabalho  da  escola  e  mostra  organização.  Entretanto,   isso  não 

justifica frases ditas com relação ao ensino como: eu não estou preocupado com isso, ou 

isso   a   gente   resolve   depois.  Esse   tipo   de   colocação   prejudicou   muito   o   trabalho 

pedagógico.

Como poderíamos cobrar dos professores atitudes diferentes se não era “i mportante”  

no momento? A junção de administração financeira e gestão de pessoas na instituição não 

foi fácil. Atualmente são mais velados os impasses, mas ainda temos professores que não 

querem ficar na Uned, mas irem trabalhar na sede. Muitas decisões foram apresentadas 

como única solução. A gestão democrática muitas vezes se transformou em deliberação de 

funções.

Com a mudança essa característica ficou mais clara. É perfeitamente entendível que 

na escola temos várias funções e que há necessidade de coordenações para elas. Mas a 

autonomia das coordenações é menor do que se imagina.

Os espaços na escola estão sendo preenchidos. A história institucional começa a ser 

escrita.  Fazer  parte  desse processo é muito   interessante,  e  poder  analisá­lo  de   forma 

participativa também. Acredito que daqui a alguns anos é bem provável que veja o processo 

de forma diferente. Mas torço para ser melhor!

Os temas abordados aqui não esgotam, em hipótese alguma, as inúmeras vertentes 

envolvidas no trabalho de construção de uma escola. É apenas um primeiro passo de uma 

caminhada rumo ao crescimento e reconhecimento maior. Aliás, é importante deixar claro 

que também foram contratadas pessoas para trabalhar na parte administrativa da escola: 

administrador,  bibliotecária,   técnicos  de  laboratório  de   indústria  e  de  química,  e  vários 

auxiliares   administrativos   que   foram   espalhados   pelo   Cefet   Campos   para   aprenderem 

diversas   funções.   Eles   também   tiveram   papel   importante   nessa   construção.   Como 

praticamente não trabalharam no QG, tiveram menos visualidade e menos participação no 

processo de construção. Após a mudança, cada um deles está ajudando a construir uma 

página da cultura e da história escolar.

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