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  • Positivismo Conceito e resumo de suas caractersticasPor Nayla Georgia

    Positivismo - Conceito e resumo de suas caractersticas Imagem: ReproduoIniciando no sculo XIX, o Positivismo um conceito que abrange vrios significados, englobando vises filosficas e cientficas do sculo XIX e tambm do sculo seguinte. Auguste Comte foi quem deu o ponto de partida para esse novo conceito e muitos de seus ensinamentos ainda prevalecem vlidos at o presente tempo. A palavra positivismo teve seu sentido mudado radicalmente ao longo desses anos, incorporando diferentes sentidos, sendo muitos deles opostos e contraditrios entre si. Pensando nisso, podemos dizer que algumas correntes de outras disciplinas se consideram positivistas, mesmo sem ter nenhuma relao com a obra de Comte. Assim como qualquer mudana revolucionria nos sculos mais antigos, o Positivismo sofreu com a falta de apoio da sociedade, principalmente por pregar que a teologia e a metafsica deveriam ser afastadas da vida humana.

    O Positivismo de ComtePara Auguste Comte, o Positivismo era uma doutrina de caracterstica sociolgica, filosfica e poltica que surgiu como desenvolvimento sociolgico do Iluminismo, das crises sociais e morais do fim da Idade Mdia e do surgimento da sociedade da indstria, que foi marcado com a Revoluo Francesa. O Positivismo de Comte consistia na observao dos fenmenos, se opondo ao racionalismo e idealismo, atravs da promoo do primado da experincia sensvel. A doutrina negava cincia qualquer possibilidade de investigao das causas dos fenmenos naturais e sociais, pois considerava esse tipo de pesquisa inacessvel e sem utilidade, era mais vlido se voltar para o estudo e descoberta das leis. Comte definiu a palavra positivo na sua obra Apelo Aos Conservadores de 1855 com sete significados: real, certo, til, relativo, preciso, simptico e orgnico. Pode-se dizer que a ideia-chave do Positivismo de Comte era a Lei dos Trs Estados, que afirmava que o homem passou e passa por trs estgios em suas concepes, sendo elas:

    Teolgico: Afirmava que o homem explicava a realidade por meio de entidades sobrenaturais buscando responder questes como de onde viemos? e para onde vamos?. Fora isso, buscava-se o absoluto. o estgio que a imaginao se sobrepunha razo.Metafsico ou Abstrato: Pode ser considerado como um meio-termo entra a teologia e a positividade. Continua-se a procura de respostas para as mesmas questes do Teolgico, sempre buscando o absoluto atravs da busca da razo e do destino das coisas.Positivo: ltima e definitiva etapa. No j se buscava mais o porqu das coisas, porm o como as coisas aconteciam. A imaginao vira subordinada observao e busca-se somente o visvel e concreto.Ordem e ProgressoNo Brasil, os positivistas participaram do movimento pela Proclamao da Repblica no ano de 1889 e na Constituio de 1891, por isso, a bandeira brasileira acabou expressando o lema Ordem e Progresso extrado da frmula mxima do Positivismo: O amor por princpio, a ordem por base, o progresso por fim.

    Auguste Comte considera o Positivismo como a fase final da evoluo da maneira como as idias humanas so percebidas. O Positivismo tem por base terica a observao, ou seja, toda especulao acrtica, toda metafsica e toda teologia devem ser descartadas.

    Ao elaborar sua filosofia positiva, Comte classificou as cincias que j haviam alcanado a positividade: a Matemtica, a Astronomia, a Fsica, a Qumica, a Biologia e a So

  • ciologia (esta ltima estava sendo formulada por Comte). Mais tarde, o pensador acrescentou a Moral. Esta srie no representava todo o conhecimento humano, mas apenas as cincias abstratas.

    A doutrina de Comte, baseada na lei dos trs estados ou etapas do desenvolvimento das concepes intelectuais da humanidade, compreende que no primeiro estgio a humanidade regida por fices da teologia; no segundo estgio, o da metafsica, a humanidade j faz uso da cincia, mas no se libertou totalmente das abstraes personificadas encontradas no primeiro portanto, o segundo estgio serve apenas de intermedirio entre o primeiro e o ltimo (exemplos de abstraes personificadas: a natureza, como algo dotado de conscincia, vontade e sentimentos; o capital, na concepo marxista). Essas duas fases buscam o absoluto e as razes ltimas das coisas. Finalmente, no terceiro estgio, o positivo, a cincia j est totalmente consciente de si e, baseada no relativismo intrnseco cincia, no se pretende apenas achar as causas dos fenmenos, mas descobrir as leis que os regem.

    Mtodo do Positivismo de Auguste ComteO mtodo geral de Auguste Comte consiste na observao dos fenmenos, subordinando a imaginao observao (ou seja: mantm-se a imaginao), mas h outras caractersticas igualmenortantes. Na obra Apelo aos Conservadores (1855), Comte definiu a palavra positivo com sete acepes: real, til, certo, preciso, relativo, orgnico e simptico.

    Duas caractersticas so hoje reconhecidas por todos: a viso de conjunto, ou o holismo (orgnico), e o relativo (embora haja uma curiosa e extremamente difundida verso que afirma que o Positivismo nega tanto a viso de conjunto quanto o relativismo). Mas, alm disso, o simptico implica afirmar que as concepes e aes humanas so modificadalos afetos das pessoas (individuais e coletivos); mais do que isso, em diversas obras Auguste Comte indicou como a subjetividade um trao caracterstico e fundamental do ser humano, que deve ser respeitado e desenvolvido.

    PositivismoO Positivismo uma doutrina altrusta, cientfica e industrial, que tem por objetivo incrementar o progresso do bem-estar moral, intelectual e material de todas as sociedades humanas, que habitam este planeta Terra, e em todas as incurses interplanetrias, (desde que no se destrua esta atual morada), a serem executadas pelo homem, sempre mantendo o equilbrio ecolgico, fruto direto do amor ao espao, Terra e humanidade; do contrrio, provavelmente, no haver sobreviventes.

    A doutrina tem por finalidade colaborar para estabelecer uma educao e uma instruo, de cunho altrustico, cientfico e industrial, a fim de criar uma nica Civilizao Positiva.

    O nosso ideal unir todas as culturas at agora separadas do Ocidente e do Oriente, e qui Interplanetrias, sem que nada se perca e tudo se some. Os pontos conflitantes se moldaro e se entrosaro no Conjunto Positivo.

    O Positivismo compreende trs partes que se complementam e se entrelaam:

    1) Um culto

    Na Doutrina da Humanidade, substituda a crena na existncia objetiva de todos os seres e fenmenos sobrenaturais, pela adorao e o entendimento da Trindade:

    Humanidade, Terra e Espao, nossos trs Seres Supremos.

    A Moral Positiva pode ser resumida como sendo o conjunto das melhoras psquicas, ou seja, dos aperfeioamentos afetivos, intelectuais e das aes prticas, com sua respectiva influncia sobre as outras partes e funes do Organismo Individual Humano, de ma

  • neira a se por cada vez melhor no estado de ser til a um outro Ser Organismo Social.

    Aqui subentende-se por outro, os laos de entendimentos morais, intelectuais e prticos de trs Seres Coletivos, dos mais e cada vez mais Grandiosos, que so: a Famlia, a Ptria, a Humanidade

    Esta MORAL POSITIVA regula tambm as relaes dos povos entre si, donde:

    2) Um Dogma Cientfico

    na qual conclumos que o homem deve contar no s com ele prprio, para melhorar a sua sorte; no ser individualista e levar em conta a totalidade dos ensinamentos e exemplos do passado, do futuro e do presente, dos Seres Convergentes, ou seja, com a Humanidade, donde, por sua vez:

    3) Um Rgimen, que afetado pela S Poltica

    Esta poltica, neste momento, j orienta espontaneamente a eliminao da guerra e a formao de uma Repblica de Estados Unidos da Europa apenas esboado como Comunidade Europeia, Unio Europia, ou como Auguste Comte preconizou, de Repblica Ocidental. Esta poltica convida as naes a uma ao fraternal, em vista da utilizao em comum dos recursos de todas as naturezas, que representam o Globo Terrestre e os seus Habitantes. Pretende-se hoje realizar a globalizao por vias da economia, mas ela s existir de fato quando a nossa espcie inici-la pela via fraternal.

    O Positivismo repudia toda via de ao violenta para a transformao da sociedade; ele entende que devemos agir pelos meios de demonstrao, persuaso e calcado na Moral Positiva, sobretudo.

    O Positivismo tem por Mxima ou por Frmula Sagrada: O amor por princpio e a ordem por base; o progresso por fim.

    Sua frmula Moral : Viver para outrm.

    Sem privilgios, sem preconceitos ou vantagens; sem rei e sem sobrenatural; pelo engrandecimento do amor universal e tendo somente o mrito como fator de promoo, no deixando nunca o excesso de ambio sobrepujar o fator mrito, para no se envergonhar; todos tem que possuir uma autocrtica, auxiliados pelo Sacerdote da Humanidade, para conhecer o seu nvel de competncia, a fim de no almejar algo, alm de suas reais possibilidades, eliminando desta forma a petulncia, a pretenciosidade e a inveja.

    Nenhuma profisso tem demrito, pois a igualdade de oportunidades dever ser dada a todos, sem exceo e a competncia ser a escala da temperatura do mrito.

    A vergonha de ocupar uma posio por demrito ou incompetncia ser o fator de freio sobre as pretenses e, por conseguinte, ocorrer mudana do rumo da conduta; jamais deixando que no haja entusiasmo, seja l por qualquer razo, principalmente com vista ao bem estar social de todos.

    Respeitamos muito mais os cultos inteligentes, com Moral Positiva, que os meramente ricos.

    A competncia de saber gerar lucro necessria, no entanto, no tudo: o lucro ter destino social.

    Nem tudo que aqui for dito pode ser plenamente aplicado hoje em dia, mas j serve como rumo e diretriz para o futuro. Provavelmente ser possvel no sculo 30-50 d.C..

    No Positivismo o regime temporal totalmente separado do regime espiritual, isto ,

  • nenhum invade o outro, mas so harmnicos.

    A doutrina positivista regulamenta e coordena os sentimentos e as aes humanas em torno do Gran Ser: Famlia, Ptria e Humanidade.

    Humanidade: o conjunto dos Seres Convergentes, do passado, do futuro e do presente que concorreram, que concorrero e que concorrem para o bem estar do homem na Terra.

    IMPACTO E CONTINUIDADE DO POSITIVISMOAs idias de Comte nunca foram aceitas no todo, mesmo por seus seguidores. Os que utilizaram-se do pensamento o fizeram por parte, como por exemplo Pierre Lafftti que um dos mais fiis seguidores aceitando inclusive a religio.

    Outros como Littr e Taine, fundaram a escola francesa e os Ingleses Spencer e Stuart Mill. No Brasil aparece Benjamin Constant que alia os conceitos, aos ideais republicanos, juntamente com Luiz Pereira Barreto, Miguel Lemos e Teixeira Mendes.

    O que mais perdurou porm, do positivismo de Comte foi a proposta de uma filosofia e uma metodologia da cincia.

    Taine (1828-1893) tornou-se conhecido pelas leis da sociologia, segundo as quais toda vida humana se explica por 3 fatores: a raa, o meio e o momento. A raa que traz os caracteres hereditrios, o meio onde o indivduo submetido a fatores geogrficos e o momento que a poca em que se vive. Ou seja, o homem no livre, mas determinado por fatores, aos quais no pode escapar. Esta teoria se estende ao direito com Lombroso, que com ela pretendia encontrar o criminoso nato. Na literatura surge a preocupao de ver o comportamento humano, sem a possibilidade de transcendncia, como por exemplo mile Zola, romancista francs, onde se pretende substituir o homem abstrato e metafsico, pelo homem natural, submetido as leis fsico-qumicas determinada pelas influncias do meio. No Brasil Aluzio Azevedo enquadra-se nesta linha com as obras: O mulato, o cortio e casa de Penso.

    Em nosso sculo aps a 1 guerra houve um ressurgimento do positivismo atravs do movimento neopositivista, do crculo de Viena e o positivismo lgico e perduram at hoje, quando se despreza a metafsica e se super valoriza a experincia e a prova, a confiana sem reservas a cincia, o esforo pela forma cientfica a fenmenos sociais, com uma sociedade planejada, organizada, prevista e controlada em todos os seus nveis.

    Herbert Spencer um agnstico detalha a descrio histrica das instituies sociais e os princpios do evolucionismo social. Advoga um individualismo extremo, que ir florescer plenamente na obra O homem contra o Estado (tida como a obra mais positiva). Classificou Kant como idiota ao saber que este considerava o tempo e o espao como percepo dos sentidos. Nega a lei dos 3 estados de Comte, mas afirma o princpio evolutivo.

    O POSITIVISMO NO BRASILContexto de Surgimento do Positivismo no Brasil

    Os primeiro aspectos do positivismo no Brasil so de 1850, em teses de doutoramento da escola de medicina e da escola militar, mas a partir de 1870 a questo positiva tem nuances na poltica. Surgem as primeiras divises especialmente no calendrio filosfico-religioso, onde um grupo chamado de religiosos ou ortodoxos, seguidores fiis da doutrina como um todo, mas especialmente da Religio da humanidade e crentes no GRANDE SER, tendo como expoentes Miguel Lemos e Teixeira Mendes (fundadores da primeira Igreja positiva no Brasil no RJ), e o heterodoxos ou dissidentes que aceitavam apenas parte da questo filosfica-cientifca, representados por:

    a) Lus Pereira Barreto, que mdico. Suas obras que eram para serem em trs tomos (s sa

  • iu 2, devido as divergncias com os ortodoxos) so o documento mais importante do positivismo brasileiro, por seu sentido filosfico e pela originalidade de aplicar a lei dos trs estados realidade brasileira, afirmando que o Brasil havia ultrapassado o estado teolgico, achava-se no metafsico e caminhava para o positivo (69).

    b) Alberto Sales, No chegou a criar uma filosofia, mas foi um dos grandes idelogos da Repblica, fundamentando sua ao em Comte e depois Spencer. Em sua obra aparece pela primeira vez formulada a idia de que a Republica exigia uma mudana no regime de vida do pas, como tambm posicionava-se favorvel a uma doutrina sobre o homem e a sociedade a fim de que com isto pudssemos ter um guia poltica para as novas geraes.

    Podemos destacar ainda como grandes expoentes do positivismo, Benjamin Constant, Pedro Lessa e Vicente Licnio Cardoso, etc.

    O positivismo tambm teve erradicaes polticas, especialmente no Rio Grande do Sul, com Jlio de Castilhos, que orientou a ao poltica de setores militares e civis da pequena burguesia em outros pontos do pas.

    Tiveram os positivista participao marcante na proclamao da Repblica de 1889 e na constituio de 1891, alm do lema na bandeira brasileira ordem e Progresso. O positivismo vinha expor de maneira sistemtica a confiana da burguesia em seu impulso transformador da estrutura.

    Na Europa o positivismo servia para justificar as novas atitudes da burguesia em sua f no progresso retilneo da humanidade, nas Amricas se apresenta de maneira diversa daquela como era compreendido no continente europeu, trazendo em seu bojo um acentuado car ter poltico () No Brasil preenche as aspiraes revolucionrias da classe mdia urbana, que assenta suas bases nas cidades e sobretudo nas academias de Direito, na pretenso de se criar e definir uma nova conscincia da realidade nacional, frente a ordem poltica social dominante (70).

    A realidade X pensamento nacional

    A realidade nacional, fez com que os cafeicultores, ou oligarcas rurais, alcanassem a hegemonia prpria acima do Estado.

    O imprio cumpria sua misso histrica, mantendo a unidade nacional, assentado no num romantismo poltico, cujo fundamento ideolgico vinha das doutrinas polticas do escritor francs Benjamin Constant (). (Porm), Constant era partidrio da soberania popular e considerava a vontade geral superior vontade individual do monarca; contudo, repudiava a autoridade absoluta e ilimitada do povo. Para ele os ministros constituem poder executivo, e so responsveis perante o rei, que representa um poder neutro o poder moderador, tendo a seu cargo a defesa do equilbrio governamental(71).

    O romantismo traduzia as alteraes de uma sociedade em que novos fatores surgiam e velhos fatores mudavam de sentido e fora. Os intelectuais (pertencentes a aristocracia dominante), ligavam literatura e poltica, sem separao das mesmas. No fundo negligenciavam o real, caracterizando-se por uma atividade criadora do esprito, numa reao contra a razo iluminista, impregnando espiritualismo, ontologismo e idealismo todo o pensamento europeu e brasileiro. Com o findar do sculo XIX abalada esta viso pelo naturalismo cientificista e com ela todas as instituies baseada sobre este pensamento.

    Na dcada de 1850 o Brasil sofre uma grande crise provocada pelas restries as exportaes, gerando uma elevao dos gneros de 1 necessidade. A economia nacional sofre um grande abalo at 1864. A mo de obra escassa e as epidemias de varola e de clera, flagelavam as provncias.

    No ambiente poltico, alternavam-se no poder o Partido Liberal e o Conservador, face ao sistema de governo criado pela constituio imperial de 1824. Tanto um como out

  • ro no tinham nenhuma significao ideolgica, caracterizando-se pela ausncia de fixaes doutrinrias. O conservador defendia a ordem constitucional vigente, o liberal a abolio do poder pessoal e a descentralizao, mas aceitavam ambos a concepo liberal do Estado, cujo princpio axiomtico era: o mnimo de governo e o m ximo de iniciativa.(72).

    A mentalidade conservadora convertia todos os problemas polticos em questes administrativas, obtendo um monoplio em matria de deciso. Em concomitncia com a realidade poltica econmica e social, surge o ecletismo que domina o pensamento terico, explicando a realidade e empolgando a inteligncia brasileira do segundo reinado. O ambiente histrico era propcio para tal. As idias de Cousin admitia no conhecimento percepes sensveis a concepes racionais. Reduzindo a quatro todos os sistemas filosficos: sensualismo, idealismo, ceticismo e misticismo, acolhendo destes o que julgou aproveitvel. Os conservadores encontraram no ecletismo o equilbrio para a estabilidade imperial.

    Ao lado desta corrente dominante, havia um grupo de `reao catlica identificado no tradicionalismo, Krausismo, romantismo, alm de neotomismo, que traduziam os anseios de uma elite espiritualistas que se opunha a cultura oficial, ento empirista e liberal, seno mesmo espiritualista, mas de um espiritualismo racionalista, indiferente ao cristianismo (73).

    Na dcada de 1868 1878 o romantismo comea a se romper. Surge a ilustrao brasileira que ataca Victor Cousin, tendo como base o positivismo. O pensamento de Cousin banido, mas sua herana ecltica permanece.

    O incio do positivismo no Brasil

    Por volta de 1870, o movimento do esprito humano se voltam para a Europa, especialmente pelo not vel progresso do esprito cientfico. Segundo Slvio Romero, surge um bando de idias novas. a coexistncia de orientao, muitas vezes antagnicas. Mas o grande ponto de adeso da intelectualidade o positivismo de Comte e o evolucionismo social de Spencer. Todas as leituras da intelectualidade redundaria numa reflexo sobre o social, na busca de uma ideologia poltica adequada as lutas pelo poder da oligarquia rural. O que se transfere de imediato so as normas, as instituies e os valores sociais, que iro orientar o comportamento das classes dominantes do ajustamento de seus interesses socioeconmico imediato.

    Inicialmente o positivismo foi trivial criando uma mentalidade cientfica generalizadora, alheia as particularidades sul-americanas. Aos poucos, frutificou como instrumento terico a ser utilizados na transformao da realidade concreta.

    Antes mesmo da morte de Comte j existiam positivistas no Brasil, porm, A primeira manifestao do positivismo no Brasil verificou-se em 1844, quando o Dr. Justiniano da Silva Gomes apresentou a faculdade de medicina na Bahia uma tese; Plano e mtodo de um curso de filosofia. Com tudo a primeira manifestao social do positivismo data de 1865, com a publicao da obras de Francisco Antonio Brando Junior sobre a escravido no Brasil. A escravatura no Brasil. Precedida de um artigo sobre a agricultura e colonizao no Maranho (74).

    O positivismo brasileiro, surge dividido entre o grupo de Pierre Laffitte, com a ortodoxia dogmtica da religio da humanidade, mostrando seu papel unificador e o de Paul-mile Littr que buscava a emancipao do esprito, considerando o atesmo como a nica possibilidade que caminha a um autntico positivismo, desprezando a religio da humanidade proposta por Comte.

    Grande pontfice do positivismo no Rio de Janeiro foi Benjamin Constant Botelho de

  • Magalhes (formado em cincias fsicas e matem tica) na escola normal da qual fundador, e na Escola Militar, onde ensina juventude as bases do positivismo. Seu prestgio maior se d entre os jovens oficiais, chegando com estes a repblica. O positivismo dava-lhe a justificativa para rechaar a cultura poltica imperial baseada sobre os estudos jurdicos e no sobre as novas cincias naturais e sociais, como tambm descobriam os instrumentos adequados para formular as exigncias de um novo tipo de autoritarismo em defesa dos seus interesses corporativos (75).

    Tobias Barreto em Pernambuco, foi um opositor do positivismo, vindo a resultar a Escola de Recife, donde surgiram grande expoentes como Silvio Romero, Clvis Bevilaqua, Artur Orlando, Martins Jr, Fausto Cardoso, Tito Livio de Castro.

    No Rio de Janeiro Luiz Pereira Barreto, tenta um ressurgir do positivismo, buscando seus aspectos morais, um despotismo da sociedade sobre o indivduo.

    Miguel Lemos e Teixeira Mendes organizam um positivismo integral com mtodo e religio, espalhando-se pelas provncias. O grande objetivo a insaturao do culto ao GRANDE SER sem se envolverem politicamente nos movimentos republicanos pois acreditam que o progresso acontecia fatalmente.

    Estes positivistas, chamados de positivistas de apostolado proclamam que o governo da repblica devia ser exclusivamente tempor rio. Eram adeptos de uma repblica ditatorial para se efetuar a ordem e o progresso sem perturbaes sociais.

    O poder deve concentrar-se nas mos de uma pessoas s, o ditador ou presidente da repblica, onde o sucessor, seria por ele indicado. O conceito de ditadura diferente, no uma tirania, no autocracia, pois repblica. Ditadura () significa governo em quse concilia o predomnio poltico da fora material que desconhece a livre supremacia de uma autoridade espiritual independente com a preocupao exclusiva do bem pblico (76).

    A reao ao positivismo, gerou o chamado grupo dissidente tendo como inspirador Littr com seu desprezo as abstraes metafsicas do subjetivismo centrado sobre o eu pessoal, esposando o evolucionismo liberal de Herbert Spencer, buscando melhor o ideal de democracia, de evoluo sem saltos, de constitucionalismo.

    Para alguns, o positivismo seria simples rtulo para a conduta ideal de oposio monarquia. Esta viso formou-se na Faculdade de Direito de So Paulo com acentuado criticismo no plano lgico e um republicanismo de aspectos nitidamente revolucionrio no plano das realidade poltico-sociais (77).

    O positivismo ofereceu os ingredientes ideolgicos classe mdia urbana, onde lavrava maior descontentamento com regimes, e que tinha meios para a liberalizao do pas para coloc-lo ao nvel do sculo, mostrando a contradio entre os modelos ideais e as formas reais de organizao social que exprimiu o conceito de democracia liberal que concretizava tambm os ideais polticos da elite dirigente, dentro de um esquema lgico da evoluo liberal-democrtica, segundo o critrio de Spencer (78).

    O positivismo e o evolucionismo no Brasil, no so simplesmente um gosto pelas coisas europias, mas um tentativa de adaptar esse idias ao pensamento racional, opondo-se ao romantismo, ao idealismo e ao ecletismo que tem por base o imprio. Portanto surgem como uma contribuio para o advento de uma nova concepo de valores ao lado da remodernizao do imprio. Esta idias tem duas conseqncias: Se por um lado representam a renovao do sistema dando esteio aos intelectuais na construo da ideologia, por outro, nada contriburam para o progressos que pregavam, pois faltava-lhes o respaldo popular e enfeudamento oligrquico cafeeiro que mantinha o prestgio e o poder, mantendo o sistema poltico.

    CIENTIFICISMO OU POSITIVISMO CIENTFICOO positivismo o fenmeno mais significativo durante a repblica, chegando a ser num

  • primeiro momento quase uma religio. reformou-se o ensino para adequ-lo a hiptese comtiana de que o real se esgotaria na srie hierrquica das cincias, e como Comte havia condenado as universidades, no se cuidou da sua estruturao. Posteriormente os estudiosos contentavam-se em distinguir, no movimento positivista a corrente ORTODOXA da vertente dissidente. O modelo era o pensamento francs, mas no atendia a circunstncia brasileira. Os estudos realizados no ps guerra no Brasil buscavam entende sua ascenso e no tanto a diviso clssica ortodoxos X dissidentes.

    O sucesso do comtismo decorre do fato de inserir-se numa tradio da cultura brasileira que passamos a denominar de cientificismo (). Alm disto a predominncia no ciclo cientificista da primeira repblica advm () do autoritarismo doutrinrio representado pelo castilhismo (79).

    Toda a reao cientificista poderia se colocar nas reformas acontecidas aps a condenao de Galileu, que serviu apenas como pretexto para este eclodir. Porm medida que os cientistas tambm lutaram pela autonomia e sua institucionalizao, recusando os rumos que tomou ao dissociar-se em dois momentos a propaganda da cincia e a prtica cientfica. A busca do reconhecimento da cincia pela sociedade, uma vez atingida, no desaparece de cena para que a cincia ocupe o seu lugar, mas comea a se contrapor com a prpria cincia. E esse ide rio que se introduziu na cultura brasileira na segunda metade do sculo XVIII e no propriamente o interesse real pela cincia. este no fundo o grande movimento pombalino de 1772.

    A gerao pombalina evoluiria no sentido de afirmar a competncia da cincia em matria de reforma social () A difuso do cientificismo no Brasil seria obra do Seminrio de Olinda, organizado em 1800 por Azevedo Coutinha e da Real Academia Militar. Os padres sados de Olinda evoluram para o liberalismo radical derrotado nas fraticidas que desemcadeou por todo o pas na fase da Independncia. A Real Academia Militar teria ao mais duradoura e maiores conseqncias no curso histrico do pas (80).

    A Real Academia no se limitava apenas a promover os estudos militares, mas empreendeu algumas das sbias diretrizes da poltica cultural de D. Joo VI. Sistematizou o estudo da matemtica e das cincias fsicas, acompanhando a evoluo que ocorria na Europa. No fundo logrou manter o esprito da reforma de 1772, elaborada sob a gide da suposio de que o ncleo do saber encontra-se nas cincias experimentais. por meio da real academia que os intelectuais brasileiros tomam contato com o positivismo. O primeiro contato foi com a obra matemtica de Comte, como tambm as cincias naturais, com isso dispondo os espritos para mais tarde, sob o influxo do esforo de ilustrao tambm aceitarem sua sociologia.

    O cientificismo preservado na real academia militar adquire forma acabada em mos de Benjamin Constant (1836-1891), que se torna professor da escola em 1873 e viria a ser o chefe militar do movimento republicano vitorioso. A partir deste tem lugar o ciclo de predomnio do positivismo, abrangendo toda a repblica velar (81).

    Este movimento cientificista de cunho religioso mantido pela Igreja positiva, tendo como figura centrais Miguel Lemos (1854-1916) e Teixeira Mendes (1855-1927), sendo este ltimo um dos principais argumentadores, discutindo horas a fio e escrito em favor desta doutrina, da qual jurava fidelidade em muitos casos porm, tambm abusava da deduo. O positivismo como cincia possua dois aspectos: o primeiro a filosofia como sntese das cincias; o segundo o entendimento da prpria cincias, que Comte considerava esgotada com a construo da mecnica celeste, termo de sua evoluo normal. Os positivistas brasileiros deram costas as cincias, para manter-se fiis a doutrina de Comte.

    A reao a concepo de cincias no tardou a ocorrer, um dos opositores, foi Otto de Alencar, que deu-se conta que as contradies de sua obra, eram refutadas pela evoluo da matem tica. Sob a coordenao de Otto de Alencar, funda-se a academia de cincias que ser uma grande opositora a concepo comtista.

  • A vinda de Alberto Einstein ao Brasil em 1925 (06 de maio), serviu para mostrar o isolamento do positivismo no mundo cientfico. E foi pela cincia que o positivismo adquiriu prestgio. Sua maior derrota, porm deve-se ao cultivo da cincia e a criao da universidade na dcada de 30. A difuso do comtismo em terras brasileiras, ocorreu por meio da corrente denominada: positivismo ilustrado que tinha como seus maiores destaques: Lus Pereira Barreto, Alberto Sales, Pedro Lessa e contemporaneamente Ivan Lins (1904-1975). Esta corrente apostou no aspecto pedaggico do comtismo, apostando na reforma dos espritos.

    A filosofia positiva contempornea do comtismo brasileiros, teve porm adeso da parcela substancial da elite, no perodo republicano. Sua concepo baseava que no advento da poltica cientfica implicava o trmino do sistema representativo e o comeo do regime dilaterial a ser exercido por quem houvesse assimilado seu esprito () A verso mais importante da filosofia poltica de inspirao positiva o denominado castilhismo, obra de Julio de Castilhos (1860-1903) e da liderana rio grandense por ele formada: Borges de Medeiros (1864-1961), Pinheiro Machado (1851-1915) e Getlio Vargas (1883-1954).

    O CASTILHISMOJulio de Castilhos empolgaria a liderana das faces republicanas riograndense graas a prolongada guerra civil ocorrida no Estado, em seguida a proclamao da repblica. Assumiu o poder em 1893 e pode, ento dar incio a aplicao da doutrina que havia inserido na constituio estadual, inspirando-se em Comte. Segundo esta, no existe poder legislativo autnomo. A assemblia rene-se apenas para votar o oramento e aprovar a prestao de contas do governante. A leis so elaboradas pelo executivo () o poder executivo centraliza-se em torno da presidncia, sendo substituto eventual de sua livre nomeao. Dispe da faculdade de intervir nos executivos municipais. Assegura-se a sua reeleio () A constituio gacha nada tinha a ver com a carta Magna de 1891 () Castilho manteve o poder at 1898, transmitindo-o a Borges de Medeiros que governou at 1928? (82).

    O castilhismo s terminou com a interveno federal. Getlio com a revoluo de 1930 o difundiu a nvel nacional.

    O castilhismo , pois, uma doutrina poltica, que guiando-se pelos ensinamentos da Comte, afirma ser o governo questo de competncia () No castilhismo a origem do poder esta no saber. Interesse vigente no imprio a base da representao passa a condio da imobilidade. S h um interesse, o bem comum, que o castilhismo identifica prontamente, prescindindo-se da poltica em seu sentido prprio , isto , como campo da disputa, da barganha e do compromisso. Essa doutrina revelou-se de uma consistncia inusitada, tendo sido vo os esforos de Francisco Campos (1891-1968) para dar, sob o estado novo, uma fundamentao contempornea a plataforma do executivo forte (83).

    Como concluso, v-se que o positivismo abrange toda a repblica velha, caracterizando-se pela: 1) Emergncia do autoritarismo republicano que repudia e abandona a tradio liberal do imprio-estribado basicamente na pregao dos partidrios da Augusto Comte; 2) Sucessivas reformas do ensino primrio e secundrio sobre a gide da hiptese comtiana de que o real se esgota na cincia, a qual tambm incumbe o estabelecimento de poltica e moral cientficas; 3) aceitao pela elite dirigente da interdio positivista universidade, para introduzir, no pas, a investigao cientfica sem objetivos pr ticos, conservando-se o ensino superior restrito a formao profissional, 4) Adeso do professorado de cincias ao entendimento comtiano da cincia como algo de concluso, e, 5) Transferncia do magistrio moral, tradicionalmente exercido pelo Igreja catlica, para a Igreja positiva (84). Tudo nos leva a crer que o ciclo positivista esteja esgotado com a repblica velha(). A exausto do comtismo no serviu entretanto para erradicar o cientificismo de nosso panorama cultural, paulatinamente esse lugar passa a ser ocupado pelos marxistas (85).

    So estas as principais teses dessa compreenso do marxismo: 1) a economia disciplinada fundamentalmente, porquanto a atividade produtiva de bens materiais condicion

  • a toda a elaborao terica, tanto a filosofia, a histria, a gentica (a formao da famlia) esttica, a arte, a religio, a moral o direito ( como a poltica); 2) a filosofia apenas a classificao das cincias como queria Comte; 3) pode-se adquirir conhecimento rigorosamente cientfico da sociedade e do curso histrico, inclusive prevendo-se a evoluo dos acontecimentos; 4) os marcos fundamentais no processo de constituio das cincias sociais so as obras de Comte e Marx; 5) Existe plena identidade entre Comte e Marx, inclusive no que respeita a ditadura do proletariado como culminncia da evoluo social (86).