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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INFORMÁTICA iTVnews:Uma Ferramenta para Construção de Aplicações Telejornalísticas em TVDI MARCELO FERNANDES DE SOUSA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INFORMÁTICA

iTVnews:Uma Ferramenta para Construção de

Aplicações Telejornalísticas em TVDI

MARCELO FERNANDES DE SOUSA

JOÃO PESSOA - PB

AGOSTO 2010

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MARCELO FERNANDES DE SOUSA

ITVNEWS: UMA FERRAMENTA PARA

CONSTRUÇÃO DE APLICAÇÕES

TELEJORNALÍSTICAS EM TVDI

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Informática da Universidade Federal da Paraíba como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Mestre em Ciências da Computação.

ORIENTAÇÃO: Prof. Dr. Ed Porto Bezerra

CO-ORIENTAÇÃO: Prof. Dra.Tatiana Aires

Tavares

JOÃO PESSOA - PB

AGOSTO 2010

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Este trabalho é dedicado aos meus pais Assis

e Lourinaida, bem como ao meu irmão

Mykel e a minha irmã Myane.

A toda família Fernandes (Queridos avós,

tios e primos)

“A todos aqueles que acreditam que a

perseverança é o caminho para as grandes

realizações”

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família pelo incentivo e pela compreensão durante toda minha

vida e trajetória acadêmica. Aos professores da Universidade Federal da Paraíba

(UFPB) por minha formação na graduação, sem a qual não teria chegado até aqui. Aos

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meus colegas do Laboratório de Aplicações de Vídeos Digitais (LAVID) pelo

companheirismo e ajuda prestados. Em especial ao André Felipe, ao Ricardo e a Lívia.

Aos amigos da Cidade Viva pelo apoio e amizade dispensados ao longo do

desenvolvimento deste trabalho. A disposição dos profissionais da TV Cabo Branco,

sem os quais não teria realizado esse trabalho.

Agradeço também à CAPES pelo apoio financeiro. E, por fim, acima de tudo e

todos, agradeço a Deus por sempre ter iluminado meu caminho.

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RESUMO

No contexto do telejornalismo percebe-se, diariamente, um volume exacerbado

de informações. Isto exige um alto grau de desdobramento das equipes dos telejornais,

uma vez que o intervalo de tempo entre a cobertura da matéria e a veiculação desta se

minimiza a cada dia. Atualmente, para a criação de aplicações interativas, os jornalistas

carecem do suporte da equipe de informática o que pode atrasar o processo de

elaboração de matéria interativa.

O objetivo deste trabalho é possibilitar a criação automática de aplicativos de

Televisão Digital Interativa para telejornal (enquete, quiz, chat etc). Para tanto, é

apresentada a ferramenta iTVnews que oferece ao jornalista um ambiente computacional

que abstrai a complexidade da programação desses aplicativos, focando-se na

linguagem do domínio dos profissionais da área.

Palavras-chave

Telejornalismo, Televisão Digital, Aplicativos Interativos

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ABSTRACT

On the TV news we see every day a lot of information. This requires hard work

from TV news teams, since the time between the creation of content and its

broadcasting decreases over the years. Today, to create interactive applications,

journalists need support from the IT team and this can delay the development of

interactive material.

The goal of this work is to make possible automatically creation of Interactive

Digital Television journal applications (voting, quiz, chats, etc.). Thus, we present the

tool called iTVnews that offers a computer environment that abstracts the complexity of

programming these applications. The tool focuses on the language of the journalists’

domain.

Keywords 

TV news, Digital Television, Interactive Application

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Componentes de um sistema de televisão digital interativa..........................14Figura 2 – (a) Wiky Dink and You (b) Winky Dink Tool Kit........................................22Figura 3 – Interatividade sob as perspectivas de personalização/instantaneidade do

serviço......................................................................................................................26Figura 4 – (a) Pergunta da enquete do Jornal do SBT (b) Resultado da enquete............27Figura 5 – Tela da Sky News Active com resultado da enquete do dia..........................28Figura 6 –Tela da Sky News Chat....................................................................................29Figura 7 – Tela principal da aplicação "Alimentação Saudável......................................32Figura 8 – Aplicação Torcida Virtual..............................................................................34Figura 9 – Tela da Aplicação Peso Ideal.........................................................................35Figura 10 – Processo de Desenvolvimento de Programas para TVDI............................37Figura 11 – Associação das ferramentas aos seus respectivos domínios........................41Figura 12 – Processamento de um documento NCL usando templates de composição. 44Figura 13 – Exemplo de especificação XWizard e a respectiva interface gerada...........45Figura 14 – Inteface da ferramenta LimSee2...................................................................46Figura 15 – Interface da ferramenta Icarus iTV Suite Author.........................................48Figura 17 – Interface da ferramenta Composer : Tela da Visão Textual........................52Figura 16 – Interface da ferramenta Composer : Tela da Visão Leiaute.........................52Figura 18 – Interface da ferramenta iTV Project.............................................................53Figura 19 – Interface da Ferramenta Contextual Ginga..................................................54Figura 20 – Atores e Arquitetura da ferramenta NCLWizard..........................................55Figura 21 – Processo atual de realização de enquetes.....................................................61Figura 22 – Processo de criação de enquetes com a ferramenta iTVnews.......................63Figura 23 – Tela interativa do quadro “Saúde”, do JPB 1ª edição..................................64Figura 24 – Opções da enquete interativa do quadro “saúde” do JPB 1ª edição.............65Figura 25 – Resultado parcial da enquete interativa do JPB 1ª edição...........................65Figura 26 – Informações adicionais sobre a matéria veiculada.......................................66Figura 27 – Aplicativo com as informações sobre a pessoa desaparecida......................67Figura 28 – (a) Tela correspondente às opções “melhor serviço” (b) Tela correspondente

às opções “pior serviço”..........................................................................................68Figura 29 – Resultado parcial da enquete........................................................................69Figura 30 – Tela exibindo a aba “Busca” da ferramenta iTVnews..................................70Figura 31 – Tela exibindo a aba “Aplicações” da ferramenta iTVnews..........................71Figura 32 – Tela exibindo a aba “Sobre” da ferramenta iTVnews..................................72Figura 33 – Resultado do questionário do workshop de interatividade para

telejornalismo..........................................................................................................74Figura 34 – Diagrama de Caso de Uso da Ferramenta iTVnews.....................................74Figura 35 – Arquitetura em Camadas da Ferramenta iTVnews.......................................78Figura 36 – Desenvolvimento com/para reuso na ferramenta iTVnews..........................79Figura 37 – (a) Enquete Rede NGT (b) Enquete TV Gazeta..........................80Figura 38 – Arquitetura em camadas dos aplicativos interativos telejornalísticos.........81Figura 39 – Diagrama de Implantação iTVnews..............................................................82Figura 40 – Diagrama de Caso de Uso do Módulo de Criação de Enquete....................84Figura 41 – Arquitetura em camadas do Módulo de Criação de Enquete.......................85Figura 42 – Diagrama de Classes do Módulo de Criação de Enquete............................86Figura 43 – Tela da interface do Módulo de Criação de Enquete...................................87Figura 44 – Equipamentos usados nos testes do Módulo de Criação de Enquete...........88

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Figura 45 – Jornalistas interagindo com o Módulo de Criação de Enquete da ferramenta iTVnews...................................................................................................................91

Figura 46 – Aplicação sobre maioridade penal criada por um dos jornalistas da TV Cabo Branco......................................................................................................................92

Figura 47 – Resultado da avaliação do Módulo de Criação da ferramenta iTVnews......93

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Equipes engajadas na produção de uma emissora de TVDI..........................38Tabela 2 – Tabela de Análise Comparativa das Ferramentas Relacionadas...................56Tabela 3 – Opções de interatividade propostas...............................................................73Tabela 4 – Tabela de Requisitos Funcionais da Ferramenta iTVnews............................75Tabela 5 – Tabela de Requisitos Não-Funcionais da Ferramenta iTVnews....................75Tabela 6 – Caso de Uso Expandido: Consultar Repositório...........................................76Tabela 7 – Caso de Uso Expandido: Executar um Módulo de Criação..........................76Tabela 8 – Caso de Uso Expandido: Configurar Aplicação interativa............................77Tabela 9 – Caso de Uso Expandido: Gerar Aplicação Interativa....................................77Tabela 10 – Especificação dos equipamentos utilizados nos testes do Módulo de Criação

de Enquete...............................................................................................................89Tabela 11 – Análise comparativa das ferramentas relacionadas com a ferramenta

iTVnews...................................................................................................................96

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

API – Application Programming InterfaceCSS – Cascading Style SheetsCAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorCDK – Component Development KitDAVIC – Digital Audio Video CouncilDVB – Digital Video BroadcastingEPG – Electronic Program GuideGEM – Globally Executable MHPHAVI – Home Audio Video InteroperabilityHTML – HyperText Markup LanguageIMC – Indice de Massa CorporalISDB – Integrated Services Digital Broadcasting JMF – Java Media FrameworkLAVID – Laboratório de Aplicações de Vídeo DigitalMHP – Multimedia Home PlatformNCL – Nested Context LanguageNCM – Nested Context ModelPUC-Rio – Pontifícia Universidade Católica do Rio de JaneiroSBT – Sistema Brasileiro de TelevisãoSBTVD – Sistema Brasileiro de TV DigitalSI – Serviço de InformaçãoSMS – Short Message ServiceSTB – Set Top BoxTV – TelevisãoTVDI – TV Digital InterativaTUIG – Television User Interface GeneratoXHTML – Extensible Hypertext Markup LanguageXML – Extensible Markup Language

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................14

1.1 Justificativa................................................................................................................171.2 Trabalhos no Contexto da Instituição........................................................................181.3 Objetivos....................................................................................................................191.4 Organização da Dissertação......................................................................................202. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................21

2.1 Interatividade na TV..................................................................................................212.1.1 Interatividade no telejornalismo antes da TVDI..................................................262.1.2 Interatividade no telejornalismo depois da TVDI................................................282.2 Aplicações interativas e o middleware Ginga...........................................................292.3 Peopleware e a TVDI................................................................................................373. INICIATIVAS NO DESENVOLVIMENTO DE APLICATIVOS INTERATIVOS

PARA TVDI....................................................................................................................43

3.1 Domínio da Linguagem de Programação..................................................................433.1.1 XTemplate 3.0.....................................................................................................433.1.2 NCLWizard (XWizard)........................................................................................443.2 Domínio do Modelo de Autoria................................................................................453.2.1 LimSee2................................................................................................................453.2.2 Cardinal Studio Professional 4.............................................................................463.2.3 Icareus iTV Suite Author......................................................................................483.2.4 Alti™Composer...................................................................................................493.2.5 Composer..............................................................................................................503.2.6 iTV Project...........................................................................................................523.2.7 Contextual Ginga..................................................................................................533.3 Domínio da Linguagem da Comunicação.................................................................553.3.1 NCL Wizard (Wizard)...........................................................................................553.4 Discussão...................................................................................................................554. A FERRAMENTA ITVNEWS...............................................................................58

4.1 Visão Geral................................................................................................................584.2 Análise da Ferramenta iTVnews................................................................................594.2.1 Levantamento de Requisitos.................................................................................594.2.1.1 Entrevistas, Reuniões e Visitações para Conhecimento do Domínio................594.2.1.2 Aplicações Piloto...............................................................................................63

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4.2.1.3 Prototipação da ferramenta iTVnews.................................................................704.2.1.4 Workshop de Interatividade e Questionários.....................................................724.2.2 Visão de Casos de Uso e Especificação de Requisitos.........................................744.2.3 Expansão dos Casos de Uso.................................................................................764.2.4 Arquitetura da Ferramenta iTVnews.....................................................................774.2.4.1 Aplicação iTVnews Desktop..............................................................................784.2.4.2 Repositório........................................................................................................784.2.4.3 Módulos de Criação de Aplicativos Interativos................................................794.2.5 Visão de Implantação da Ferramenta iTVnews....................................................824.3 Detalhamento do Módulo de Criação de Enquete da Ferramenta iTVnews..............834.3.1 Casos de Uso do Módulo de Criação de Enquete.................................................834.3.2 Arquitetura do Módulo de Criação de Enquete....................................................844.3.3 Visão de Implementação do Módulo de Criação de Enquete...............................854.3.4 Projeto da Interface com o Jornalista do Módulo de Criação de Enquete............865. ESTUDO DE CASO: MÓDULO DE CRIAÇÃO DE ENQUETE.........................88

5.1 A Infraestrutura.........................................................................................................885.2 A Forma de Avaliação...............................................................................................895.3 Testes de Aceitação...................................................................................................905.4 Resultados Obtidos....................................................................................................925.5 Discussão...................................................................................................................936. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................95

6.1 Resultados Obtidos....................................................................................................956.2 Contribuições.............................................................................................................966.3 Trabalhos Futuros......................................................................................................977. REFERÊNCIAS......................................................................................................99

ANEXO A.....................................................................................................................103

A1. Questionário realizado com participantes da Oficina a fim de identificar aplicações interativas de maior interesse para telejornais...............................................................103A2. Entrevista com Jornalistas da TV Cabo Branco participantes dos testes de aceitação do Módulo de Criação de Enquete da Ferramenta iTVnews..........................................104A3. Questionário realizado com Jornalistas da TV Cabo Branco participantes dos testes de aceitação do Módulo de Criação de Enquete da Ferramenta iTVnews....................105

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1. INTRODUÇÃO

A TV Digital Interativa (TVDI) foi proporcionada pela mudança na difusão do

sinal televisivo, passando-se a utilizar um sistema de transferência de dados por meio de

códigos binários – seqüência de bits (representados por “0” e “1”). Isso permitiu o

processamento direto do sinal, tornando-o facilmente manipulável e, consequentemente,

possibilitando uma gama de novos serviços interativos.

Para tentar entender como atingir tais possibilidades, é importante saber que o

sistema de TVDI é constituído basicamente por três componentes: o difusor, o canal e o

receptor (Figura 1). O primeiro componente, o provedor de serviço de difusão, é a

estação produtora e transmissora de conteúdo, também conhecida como emissora de

TVDI. O segundo componente é o meio físico onde os sinais de vídeo, áudio e dados

são transmitidos: cabo coaxial, fibra óptica, ar etc. O terceiro componente é o receptor

digital, também conhecido como set-top-box, que lida com a decodificação e a exibição

do sinal, além das aplicações interativas.

Figura 1 – Componentes de um sistema de televisão digital interativa. Fonte: [BECKER e MONTEZ, 2004]

Todo o processo de captura, compressão, modulação e transmissão dos sinais de

vídeo e áudio, além de todas as interfaces físicas entre os equipamentos envolvidos,

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precisa de garantias de compatibilidade [LEITE et al., 2005] [YAMADA et al., 2004].

Dessa necessidade de normatização, surgiram os padrões de sistemas de TVDI, dentre

os quais, destaca-se o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD).

Os benefícios que a TVDI proporciona são diversos, como: grande melhoria na

qualidade de som e imagem; melhor abrangência de sinal; mais canais; mobilidade e

portabilidade; e por fim, com um merecido destaque, a abertura do leque de

possibilidades na interatividade com as aplicações interativas. Atualmente, as aplicações

interativas têm se demonstrando um recurso de vasta aplicabilidade, e vem sendo

empregadas em diversas áreas como: t-comerce, t-learning, t-gov, talk shows,

telejornais, reality shows, etc.

Contudo, estudiosos de TVDI costumam argumentar sobre a incerteza do

sucesso das aplicações interativas no Brasil, pois ele dependerá de uma mudança de

postura por parte da audiência que está acostumada a passividade. Observa-se, também,

que nós demais países onde existe um Sistema de TVDI, a interatividade não é o maior

atrativo, sendo ofuscada pela alta definição (a exemplo dos Estados Unidos), ou pela

mobilidade (a exemplo do Japão). Dessa forma, para o SBTVD, um dos grandes

desafios será a busca por estratégias a fim de que a população sinta-se atraída pelas

aplicações interativas.

Diante deste cenário, este trabalho foca-se no contexto de um telejornal. O

telejornal é um dos principais meios através do qual a população se informa. Eles são os

produtos de informação de maior impacto na sociedade contemporânea e as principais

fontes de informação para a maioria da população brasileira [BECKER, 2005]. Dessa

forma, explorar as potencialidades da TVDI nos telejornais é de suma importância,

devido ao poder social que eles possuem.

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Para tanto, além de superar as dificuldades gerais que a produção de aplicações

interativas enfrenta, existe uma dificuldade peculiar ao contexto da produção

telejornalística: o tempo. A melhoria das redações de imprensa ao longo dos últimos

anos favoreceu a imediaticidade na informação. O intervalo de tempo entre a cobertura

da matéria e a veiculação desta se minimiza a cada dia. Esse fato precisa ser levado em

consideração na criação de aplicações interativas para telejornal.

Parar minimizar tal problema, este trabalho propõe a atribuição da tarefa de

criação de aplicações interativas, que hoje pertence aos profissionais de informática, aos

jornalistas. Para apoiá-los, foi criada a ferramenta ITVnews, que oferece ao jornalista

um ambiente computacional que abstrai a complexidade da programação dos aplicativos

de TVDI para telejornal. Ou seja, através de simples composições, os próprios

jornalistas criam as aplicações.

Para uma melhor compreensão, é de suma importância destacar que está fora do

escopo deste trabalho o desenvolvimento, ou seja, a programação de aplicações

interativas por parte dos jornalistas. Estes últimos apenas realizarão uma composição,

por meio da ferramenta iTVnews. Portanto, os jornalistas apenas poderão compor

aplicações dentre opções previamente desenvolvidas por programadores. Sendo assim,

trata-se de um modelo de negócio em que códigos são gerados por profissionais de

informática e oferecidos como produtos aos jornalistas que os reutilizarão a fim de

resolver os problemas computacionais: tempo e qualidade na produção de software para

TVDI.

Como parceiros deste trabalho, o Laboratório de Aplicações de Vídeos Digitais 1

(LAVID) e a TV Cabo Branco 2 (afiliada da Rede Globo na Paraíba), promoveram a

1 www.lavid.ufpb.br2 www.cabobranco.tv.br

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aproximação das áreas de informática e comunicação em uma experiência que apontou

as diretrizes para o desenvolvimento da ferramenta iTVnews. Atualmente, o LAVID é

uma referência nacional e internacional em desenvolvimento de tecnologia para TV

Digital. O laboratório conta com a colaboração de mais de 40 jovens pesquisadores,

entre doutores, mestres e graduandos, que estão interconectados com pesquisadores de

todo o Brasil e do mundo, trazendo as atuais tendências tecnológicas mundiais nas áreas

de vídeo e TVDI. Em relação à TV Cabo Branco, ela é a única emissora no Estado a

disponibilizar sua programação em bits. Embora a emissora não esteja preparada para

produzir material digital, ela está apta à transmissão e demonstrou-se aberta e

interessada em preparar-se para o futuro que a nova TV proporciona.

1.1 Justificativa

A parceria com a TV Cabo Branco possibilitou vivenciar a dinâmica de um

telejornal. Também foi possível entender mais sobre a linguagem, os prazos, as

limitações, as responsabilidades; bem como captar a visão dos jornalistas sobre a

interatividade. A oportunidade de enriquecer a programação com recursos interativos é

vista com bons olhos pelos profissionais da emissora, contudo, existem ressalvas. Como

potenciais entraves, foram apontados: o encarecimento da produção devido à

necessidade de um novo setor de informática; e a elaboração de matéria interativa em

tempo hábil, devido à dependência dos jornalistas em relação à equipe de informática.

Atualmente, existem ferramentas de autoria que apóiam a criação de aplicações

de TVDI, o que acelera o processo. Contudo, elas são voltadas aos profissionais de

informática e, apesar de apoiar o processo de criação, elas não acompanham a

dinamicidade exigida pelo telejornalismo. Além disso, os jornalistas ainda carecem dos

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profissionais de informática para usar as ferramentas de autoria existentes e, portanto,

em nada elas contribuem na questão do encarecimento da produção.

O problema computacional do desenvolvimento de software de forma

econômica e com qualidade há um bom tempo é estudado pela Engenharia de Software.

Da mesma forma a questão do tempo necessário ao desenvolvimento, que também é

crucial. Diante de tais dificuldades, este trabalho propõe que a criação dos aplicativos

interativos torne-se responsabilidade dos jornalistas. Para tanto, faz-se necessária uma

ferramenta criada para estes profissionais que em poucos segundos gere uma aplicação

pronta para ser usada. Ou seja, a ferramenta iTVnews realizará a composição de

aplicações interativas, e não a programação, justamente pelo fato de ser voltada aos

profissionais de comunicação.

1.2 Trabalhos no Contexto da Instituição

Deste a sua fundação em 2003, o LAVID coordena e participa de diversos tipos

de projeto de pesquisa e desenvolvimento nas áreas de TVDI, serviços de vídeos

distribuídos e demais áreas afins. Alguns destes projetos são importantes no contexto da

instituição. A seguir, um resumo dos principais trabalhos:

Middleware Ginga: Projeto iniciado desde 2006 que tem como principal

objetivo o desenvolvimento de uma implementação de referência do

middleware Ginga [SOUZA et al., 2007] [SOARES et al., 2007], bem

como a elaboração de especificações utilizadas para a realização de testes

de conformidade dos middlewares desenvolvidos para os equipamentos

de TVDI. O Ginga é a especificação de middleware do Sistema

Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), resultado da fusão dos

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middlewares FlexTV [LEITE et al., 2005] e MAESTRO [SOARES,

2006], desenvolvidos por consórcios liderados pela UFPB3 e PUC-Rio4,

respectivamente;

RH-TVD CAPES: É o Programa de Formação de Recursos Humanos

em TV Digital. Ele tem por objetivo implantar redes de cooperação

acadêmica no país na área de TV Digital, possibilitando a produção de

pesquisas científicas e tecnológicas e a formação de recursos humanos

pós-graduados no tema;

1.3 Objetivos

Este trabalho tem por objetivo geral o desenvolvimento de uma ferramenta que

permita a construção de aplicativos interativos para telejornal de forma simples, breve e

eficaz. A ferramenta é voltada aos jornalistas e, portanto, foca a linguagem do domínio

dos profissionais de comunicação. Sua arquitetura distribuída é composta por alguns

componentes, dentre os quais um repositório que contem módulos responsáveis por

criar determinados tipos de aplicação. Por exemplo, existem os módulos de criação de

enquete, quiz¸ chat, etc, que ficam armazenados no repositório. No momento em que

uma aplicação de um determinado tipo for desejada, basta recuperar do repositório o

módulo relacionado a ela e efetuar a sua criação.

Para que o objetivo geral do trabalho seja atingido, foram definidos os seguintes

objetivos específicos:

Entender o dia-a-dia do trabalho jornalístico em uma TV real;

3 www.ufpb.br4 www.puc-rio.br

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Gerar aplicações interativas para telejornais com a parceria de uma

emissora de TV;

Definir a arquitetura de software da ferramenta iTVnews;

Implementar e validar o módulo de criação de enquete como prova de

conceito para a ferramenta iTVnews;

1.4 Organização da Dissertação

Esta dissertação esta estruturada em seis capítulos. Seguindo esta introdução,

tem-se no Capítulo 2 a fundamentação teórica relevante para este trabalho, em que são

aprofundados alguns conceitos relacionados à interatividade na TV, aplicações

interativas e o middleware Ginga e, por fim, aos profissionais envolvidos no processo

de criação de aplicativos para TVDI.

No Capítulo 3 são apresentados alguns trabalhos com características afins a

ferramenta proposta; sendo levantadas suas principais características e limitações.

No Capítulo 4 é apresentada a ferramenta iTVnews, sua arquitetura e todo o

processo de análise e projeto. Também é apresentada como prova de conceito a

implementação do módulo de criação de enquete da ferramenta.

No Capítulo 5 são apresentadas a infraestrutura, a metodologia adotada, os testes

realizados e os resultados obtidos com os jornalistas da TV Cabo Branco a fim de

validar a ferramenta iTVnews.

Por fim, no Capítulo 6 são apresentadas as considerações finais, contribuições e

trabalhos futuros.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta os conceitos básicos sobre TV Digital Interativa e

aplicações, fundamentais para o entendimento do trabalho proposto. A seção 2.1

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20

apresenta e discute o conceito de interatividade na TV antes e depois da TVDI. A seção

2.2 apresenta e discute os tipos de aplicações interativas para TVDI no SBTVD. A

seção 2.3 discute a possibilidade de envolver os jornalistas na criação dos aplicativos.

2.1 Interatividade na TV

Percebe-se que desde os primórdios, os produtores sempre buscaram tornar os

programas televisivos mais participativos e envolventes a fim de cativar a atenção da

audiência. Como exemplo, um antigo programa infantil, chamado Winky Dink and You

(1953-1957) da Rede CBS [CAREY, 1996], é um dos ícones de interatividade na TV.

As crianças americanas da década de 50 ajudavam o personagem animado a sair de

situações difíceis desenhando na tela televisor (Figura 2a). Para isso, usavam papéis

transparentes e canetas especiais (Figura 2b) que eram comprados em shoppings ou por

correspondência. Situações como desenhar uma ponte para que o personagem pudesse

se locomover, ou ainda desenhar um pára-quedas para que Winky Dink não caísse no

chão eram corriqueiras. Dessa forma, as crianças estavam sempre interagindo e

raciocinando para ajudá-lo.

Mais recentemente, um dos recursos amplamente aproveitado pelas emissoras de

TV, como ponte para interatividade, é o telefone. Ele tem sido utilizado para realizar

promoções, enquetes, vendas ou até mesmo buscar a opinião do público sobre

determinados assuntos, estabelecendo, assim, um feedback por parte da audiência. Um

programa que conquistou a simpatia do público em 1992 foi o “Você Decide”, da Rede

Globo. Nesse programa, os telespectadores que detinham o poder de decidir o final da

trama apresentada no programa. O vínculo era mantido pela rede de telefonia, e a

audiência escolhia um, entre dois finais possíveis para história.

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(a) (b)

Figura 2 – (a) Wiky Dink and You (b) Winky Dink Tool Kit. Fonte: www.youtube.com

Outro programa de muito sucesso dos dias atuais é o “Big Brother”. Ele foi

criado pela Endemol, uma produtora holandesa de televisão especializada em Reality

Shows. A versão brasileira é apresentada pela Rede Globo, e nela os telespectadores têm

voz ativa, escolhendo os participantes que serão eliminados do Reality Show por meio

da Internet ou SMS.

Tendo em vista o que foi mencionado, constate-se que acreditar que o conceito

de interatividade só passou a ser debatido no contexto da TV com o advento da TVDI

não é um pensamento coerente. Na realidade, a interatividade na TV não é uma

experiência nova. O que ocorre é que muitas vezes o conceito de TV interativa (TVI) e

TV Digital (TVD) são confundidos, e esses termos tem sido usados como sinônimos

indevidamente [MÉDOLA & TEIXEIRA, 2007].

Entende-se por TV interativa, segundo [GAWLINSKI, 2003], como sendo

qualquer tipo de programação que promova um diálogo entre a emissora e a audiência;

ou seja, mais precisamente, ela leva os telespectadores além da passividade e os permite

fazer escolhas e tomar atitudes, mesmo que seja apenas pular e dançar em frente à TV,

escrever uma carta, fazer uma ligação ou escrever um email.

A TV Digital nada mais é do que a evolução da TV convencional. Ela se dá por

meio da conversão dos antigos sinais transmitidos por uma onda eletromagnética

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análoga ao sinal televisivo em bits, dígitos 0 ou 1. Somando a digitalização dos sinais

(TVD) a exploração dos recursos interativos (TVI), chegamos à simples equação que

resulta na TV Digital Interativa (TVDI) [RIBEIRO, 2004].

Com a TVDI, as possibilidades de interatividade tornam-se diversas. A

participação do público, numa direção totalmente distinta da que se tem hoje no Brasil,

favorecerá uma mudança de paradigma, moldando a cultura e o cotidiano dos

telespectadores, estimulando assim o desenvolvimento de uma postura mais ativa por

parte da audiência. Isso acontecerá também, pois, na nova TV, existe um canal de

retorno, por meio do qual os usuários poderão enviar dados para a emissora diretamente

do seu televisor. Assim, não é estritamente necessário requisitar aos usuários que

migrem para seus computadores, a fim de acessar sites ou recorrerem a telefones.

Para [BECKER & MONTEZ, 2004], a interatividade na TV está classificada em

oito níveis, os quais se distinguem a partir dos serviços dispostos da seguinte maneira:

Nível 0 – caracteriza-se pela exposição de imagens em preto e branco,

dispondo de poucos canais. Neste caso, a interatividade está restrita a

ações simples como ligar e desligar a televisão, trocar de canal,

regulagens de brilho, contraste e volume.

Nível 1 – a televisão ganha cores, um número maior de canais e o

controle remoto, reduzindo o esforço físico necessário ao controle do

aparelho de televisão e, conseqüentemente, aumentando o conforto do

usuário.

Nível 2 – surgem periféricos como o videocassete, as câmeras portáteis e

os aparelhos de jogos eletrônicos, que acoplados à televisão permitem

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que programas das emissoras sejam gravados e assistidos posteriormente,

assim como a possibilidade de ver filmes e o lazer com jogos eletrônicos.

Nível 3 – as emissoras permitem um nível de interatividade através de

ligações telefônicas, mensagens de correio eletrônico, ou envio de fax.

Nível 4 – o telespectador tem a possibilidade de escolher, em tempo real,

ângulos de câmeras ou dar diferentes encaminhamentos às informações.

Nível 5 – o telespectador pode participar da programação, enviando

vídeos de baixa qualidade, produzidos em webcam ou filmadoras

analógicas.

Nível 6 – este nível oferece os mesmos recursos que o nível 5, entretanto

permite a transmissão de vídeos de alta qualidade.

Nível 7 – o telespectador alcança a interatividade plena, gerando

conteúdo da mesma forma que a emissora. Neste modelo, o telespectador

rompe o monopólio de produção e veiculação das redes de televisão.

Ainda sobre interatividade, segundo [WAISMAN, 2006], adotando um viés

computacional, tendo como parâmetro o canal de retorno, podemos classificá-la como:

Interatividade Local – caracteriza-se pela ausência do canal de retorno,

ou seja, tal interatividade não exige que os telespectadores enviem dados

para a emissora. Pode ser considerada básica, pois o usuário pode

interagir com o receptor local, STB (Set-Top Box), por meio do controle

remoto. Nela, os dados são transmitidos no fluxo (áudio, vídeo e dados) e

quando o usuário solicita uma informação, ela já está previamente

armazenada no STB. São exemplos: o uso de múltiplas câmeras, jogos

residentes, extras vinculados aos programas, Guia Eletrônico de

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Programação (EPG), questionários com resultados pré-estabelecidos,

legendas, etc.

Interatividade Intermitente – é o primeiro tipo de interatividade plena.

Caracteriza-se pelo uso do canal de retorno de forma assíncrona, ou seja,

o telespectador apenas envia informação para a estação emissora.

Portanto, a comunicação se dá de forma unidirecional e as informações

podem ser processadas posteriormente sem causar prejuízo algum a

aplicação. Nela, o conteúdo que o usuário está recebendo da emissora

pode ser diretamente afetado por sua resposta São exemplos: votações,

serviços de governo eletrônico, serviços bancários, comércio eletrônico,

envio de SMS, vídeos sob demanda, etc.

Interatividade Permanente – é o segundo tipo de interatividade plena.

Caracteriza-se pelo uso do canal de retorno de forma síncrona, dedicada e

bi-direcional. Dessa forma, o usuário permanece continuamente usando o

canal de retorno, podendo enviar dados em qualquer momento. Nela, o

telespectador deixa de ser receptor-colaborador e passa para o papel de

produtor e emissor de conteúdo, ou seja, a resposta do usuário faz parte

do conteúdo transmitido pela TV. São exemplos: bate-papos,

videoconferências, jogos multi-usuários em tempo real, navegação pela

internet, etc.

A Figura 3 sumariza a classificação sugerida, levando-se em consideração as

perspectivas de personalização do consumo/instantaneidade do retorno.

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Figura 3 – Interatividade sob as perspectivas de personalização/instantaneidade do serviço. Fonte: [TONIETO, 2006]

2.1.1 Interatividade no telejornalismo antes da TVDI

Como foi abordada anteriormente, a preocupação em oferecer algum tipo de

participação aos telespectadores sempre existiu antes mesmo da chagada da TVDI. No

telejornalismo não foi diferente. Observa-se que nas diversas emissoras, há uma

tendência de exploração de uma nova configuração e linguagem. Apoiadas numa

dinâmica de transgressão e, ao mesmo tempo, de prescrição, os telejornais, sem

perderem as regras e instruções construídas com os anos, convidam o público a

participar, por exemplo, de enquetes, durante a transmissão direta, como é o caso do

Jornal da SBT. Durante sua transmissão, dez telespectadores, utilizando as redes de

telefonia, se comunicam com os apresentadores (Figura 4a) a fim de responder a

pergunta do dia. No final, é disposto, na tela, o resultado final da enquete (Figura 4b).

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(a) (b)

Figura 4 – (a) Pergunta da enquete do Jornal do SBT (b) Resultado da enquete. Fonte: www.youtube.com

Esse tipo de interação é bastante comum, mas ainda muito limitado. Com o

advento da Internet, os telejornais passaram a incentivar os seus telespectadores a

participarem de uma maneira bastante direta interagindo por meio de seus sites. Através

deles é possível enviar mensagens, fazer perguntas, responder uma enquete ou um quiz,

conversar através de um chat com entrevistados ou pessoas da equipe do telejornal, e

até mesmo sugerir temas de reportagens. Além disso, é possível enviar registros de

naturezas diversas como: vídeos, fotos e áudios que serão veiculados as matérias. Dessa

forma, fica notório que os telespectadores passaram a ser co-autores da produção

telejornalística, pois suas opiniões são levadas em consideração pela equipe que prepara

as matérias, sendo até mesmo cruciais nas decisões tomadas. Por exemplo, é o que

ocorre em alguns programas jornalísticos da Rede Globo. O Jornal Hoje (JH) oferece a

seção “você faz a notícia”, na qual qualquer cidadão pode enviar, por meio da internet,

sua sugestão de matéria.

Ademais, qualquer pessoa pode atuar como repórteres fotográficos e operadores

cinematográficos na obtenção de mídias sobre um acontecimento no qual um repórter

profissional não pode estar presente a tempo para capturar imagens do mesmo ou fazer a

cobertura do acontecimento. Diversos exemplos de catástrofes naturais que acontecem

de forma inesperada são registrados por celulares, câmeras fotográficas e aparelhos

afins.

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2.1.2 Interatividade no telejornalismo depois da TVDI

Com a TVDI, todas as situações mencionadas no tópico anterior em que o

telespectador interage de alguma forma com a TV, enviando dados para a emissora,

podem ser realizadas diretamente pelo próprio televisor. Assim, não é necessário

requisitar aos usuários que migrem para seus computadores a fim de acessar sites ou

recorrerem a telefones.

Na Figura 5, temos a imagem de uma versão interativa de noticiário intitulado de

Sky News Active – news on demand. Dentre as várias possibilidades de interatividade

existentes nele, é possível participar de enquetes e, por meio delas, mostrar sua opinião,

influenciando a opinião pública sobre acontecimentos do dia e quaisquer outros

assuntos. Para votar, basta usar as teclas coloridas do controle remoto. Por fim, o

resultado da enquete é exibido na tela.

Figura 5 – Tela da Sky News Active com resultado da enquete do dia. Fonte: www.broadbandbananas.com

Além do Sky News Active, há aplicações que permitem a troca de informações

entre usuários e também entre um usuário e a emissora de TV. O Sky News Chat é uma

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aplicação que estimula a comunicação simultânea entre usuários de diversos locais.

Além dos participantes, o chat conta com a presença de um moderador (chat host) que

administra o bate-papo, como podemos observar na Figura 6.

Figura 6 –Tela da Sky News Chat. Fonte: www.broadbandbananas.com

2.2 Aplicações interativas e o middleware Ginga

Em linhas gerais, a TV digital funciona nos moldes da informática, permitindo

assim a execução de aplicações similares às visualizadas em computador. De acordo

com Brennand e Lemos:

A evolução das técnicas de codificação digital de áudio e vídeo, aliada aos novos esquemas eficientes de modulação para transmissões digitais, tornam possível o advento da TV digital e com ela uma vasta gama de novos serviços. A possibilidade de encapsulamento de dados para a difusão em conjunto com áudio/vídeo de TV abre um leque de diversas alternativas para a provisão de serviços avançados. As emissoras poderão não somente disponibilizar uma programação de alta qualidade de imagem e som, mas também a tornar mais atraente, permitindo aos usuários interagirem com os programas que estão sendo assistidos. [BRENNAND & LEMOS, 2007 p. 3]

Para o provimento de serviços interativos, o sistema de TVDI conta em sua

arquitetura com uma camada denominada middleware, que é um software sobre o qual

as aplicações são executadas, abstraindo complexidades do sistema operacional

adotado, dos protocolos de comunicação envolvidos e também do hardware. Isso quer

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dizer que o middleware torna as aplicações funcionais, independente da plataforma de

conversores em que serão executados.

Pode-se dizer que ao definir o middleware, do ponto de vista de software,

também se define o sistema de televisão digital. Pois é a partir do mesmo que será

regida a indústria de produção de conteúdo, bem como a fabricação de aparelhos

receptores [BARBOSA & SOARES, 2008]. Analogamente, caracterizamos o

middleware como o motor da interatividade, ou seja, o principal responsável por dispor,

ao telespectador, distintos graus de participação (com o hardware, com outros

telespectadores ou com a própria emissora de TV).

O middleware brasileiro é considerado, no quesito interatividade, um dos mais

modernos do mundo, o que nos permite imaginar a riqueza de recursos que podem ser

apresentados na plataforma digital da televisão. O seu grande mérito é ter conseguido

uma convivência mais eficiente entre o ambiente declarativo e imperativo, em termos de

custo e desempenho. O fruto desse trabalho é o middleware Ginga, que foi totalmente

gerado na academia brasileira, encabeçado pela PUC-Rio e UFPB.

O Ginga define uma API (Application Programming Interface) padrão, que todo

exibidor acoplado ao sistema deve obedecer, para reportar seus eventos e serem

comandados por ações geradas pelo formatador. Exibidores de fabricantes terceiros,

incluindo os browsers HTML (HyperText Markup Language), usualmente necessitam

de um módulo adaptador para realizar essas funções e se integrarem ao Ginga. Ele dá

suporte a aplicações para TV digital e tem como foco o sincronismo de mídia na sua

forma mais ampla, tendo a interatividade do usuário como caso particular; a

adaptabilidade do conteúdo a ser apresentado; e o suporte a múltiplos dispositivos de

interação e exibição [TELEMÍDIA, 2007].

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O software transmitido juntamente com o conteúdo audiovisual é chamado, na

TVDI, de aplicativo ou aplicação. No entanto, as aplicações de TVDI têm algumas das

seguintes peculiaridades quando comparadas às tradicionais aplicações de software

[VEIGA & TAVARES, 2007]:

Podem fazer parte de um programa de TV convencional (aqui

denominados apenas de programa de TV) o qual tem formato e contexto

próprios;

Podem atender a mais de um usuário, apesar de serem oferecidas por

meio de um front-end único (a TV). Geralmente a TV atende uma família

em que cada telespectador tem um perfil particular, cujos anseios em um

veículo de comunicação de massa são mapeados em diversidade na grade

de programação;

Devem lidar com interatividade (em diferentes níveis), organização não-

linear e conteúdo;

Exigem uma infraestrutura de transmissão, bem como componentes de

software e hardware adequados;

As aplicações para TVDI podem ser classificadas como: declarativas,

imperativas ou híbridas. Essa distribuição é realizada de acordo com a linguagem de

programação utilizada no desenvolvimento das aplicações. [CPqD, 2006].

As linguagens declarativas são usadas para implementar aplicações de objetivo

mais especifico, sendo mais simples e de mais alto nível de abstração. Dessa forma, os

programadores conseguem escrever os códigos das aplicações de forma mais rápida e

fácil. Um exemplo é a aplicação “Alimentação Saudável” (Figura 7) desenvolvida no

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Laboratório TeleMídia5 da PUC-Rio. Ela permite que o telespectador escolha, através

do controle remoto, o prato de comida que ele julga mais saudável dentre quatro opções

diferentes apresentadas. Uma vez escolhido o prato, o telespectador recebe um retorno

textual informando a qualidade de sua escolha.

Figura 7 – Tela principal da aplicação "Alimentação Saudável. Fonte: http://clube.ncl.org.br

Esta aplicação é composta, basicamente, por sincronismo de mídias, ou seja, não

existe um cálculo ou alguma tarefa mais complexa na mesma. Dessa forma, ela foi

desenvolvida puramente em NCL [SOARES & RODRIGUES, 2006] (Nested Context

Language), linguagem do ambiente declarativo do middleware Ginga. NCL é uma

aplicação XML (Extensible Markup Language) baseada no NCM [SOARES &

RODRIGUES, 2005] (Nested Context Model), modelo conceitual para especificação de

documentos hipermídia com sincronização temporal e espacial entre seus objetos de

mídia. Ela permite a descrição do comportamento espacial e temporal de uma

5 www.telemidia.puc-rio.br

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apresentação multimídia, descreve o leiaute da apresentação em múltiplos dispositivos,

associa hiperlinks a objetos de mídia e define alternativas para apresentação.

O Ginga-NCL é um subsistema lógico do sistema Ginga que processa

documentos NCL. Um componente-chave do Ginga-NCL é o mecanismo de

decodificação do conteúdo informativo (formatador NCL). Outros módulos importantes

são o navegador XHTML (eXtensible Hypertext Markup Language), que inclui suporte

a linguagem de estilo CSS (Cascading Style Sheets) e interprete ECMAScript, e o

mecanismo Lua, que é responsável pela interpretação dos scripts Lua que será abordado

adiante [ABNT NBR 15606-02, 2007].

Já nas aplicações imperativas, temos uma maior gama de recursos que

possibilitam construir aplicações com propósito mais geral. Para escrevê-la, faz-se

necessário um profundo conhecimento da linguagem de programação utilizada, pois

todos os passos do algoritmo idealizado precisarão ser explicitados no momento da

implementação.

Um exemplo é a aplicação “Torcida Virtual” (Figura 8), desenvolvida pelo

LAVID. Ela simula a arquibancada de um estádio de futebol. Assim, é possível

selecionar a cadeira da arquibancada onde o telespectador deseja se sentar. Também é

possível, utilizando um dispositivo móvel ou um microfone instalado no terminal de

acesso, interagir por meio do compartilhamento de áudio com as pessoas sentadas ao

redor da cadeira selecionada dentro da torcida virtual. Dessa forma, é possível conversar

com a pessoa sentada virtualmente a seu lado que pode estar em outra cidade e sentir a

sensação de estar em um estádio de futebol mesmo estando em casa.

Por ser uma aplicação com um nível de complexidade mais avançado, foi

desenvolvida com a linguagem do ambiente imperativo do middleware Ginga. O Ginga-

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J é o ambiente imperativo do middleware Ginga. A linguagem utilizada nele é o Java6

da Sun. Este ambiente é constituído por um conjunto de API’s Java que viabilizam o

desenvolvimento de aplicações para TVDI. Basicamente, este conjunto de API’s é

composto pela API de Serviços de Informação (SI) do padrão ISDB ARIB B.23, pela

especificação Java DTV da Sun, pela API JMF 2.1 e por outras APIs adicionais. As

APIs Java DTV [SUN, 2008] foram desenvolvidas em comum acordo entre a Sun

Microsystem e o Governo Federal brasileiro com o objetivo de evitar a cobrança de

royalties que outras APIs definidas pelo GEM (Globally Executable MHP) possuíam.

`

Figura 8 – Aplicação Torcida Virtual. Fonte: [TAVARES et al., 2004]

Algumas das APIs do GEM, que foram substituídas pelo Java DTV, são o

DAVIC (Digital Audio Video Council), o HAVi (Home Audio Video Interoperability) e

o pacote DVB (Digital Video Broadcasting) Application. Os equivalentes funcionais

destas APIs no Java DTV são, respectivamente, os pacotes Transport, LWUIT

(Lightweight UI Toolkit) Application. Vale ressaltar que as APIs do Java TV também

6 www.java.com/pt_BR

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estão inclusas no ambiente Ginga-J, além da APIs Connected Device Configuration,

Foundation Profile e Personal Basis Profile.

Por fim, aplicações híbridas não são puramente declarativas nem imperativas,

elas possuem entidades com conteúdo de ambos os grupos. Frequentemente, aplicações

declarativas fazem uso de conteúdos em script que são de natureza imperativa, e podem

também referenciar um código imperativo embutido. Da mesma forma, aplicações

imperativas podem referenciar conteúdos declarativos, ou até construir e iniciar a

apresentação de um conteúdo declarativo.

Figura 9 – Tela da Aplicação Peso Ideal. Fonte: http://clube.ncl.org.br

A aplicação Peso Ideal (Figura 9) é uma aplicação híbrida, desenvolvida no

Laboratório TeleMídia da PUC-Rio, que foi implementada na linguagem NCL-Lua

[SANT’ANNA et al., 2008]. Esta aplicação permite que o telespectador informe, com o

controle remoto, a sua altura e receba seu peso ideal com base no IMC (Índice de Massa

Corporal). Para implementá-la, foi necessário calcular o IMC a partir da altura

informada pelo usuário. Como a linguagem declarativa NCL não dá suporte a esse tipo

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de cálculo, ele foi implementado na linguagem Lua, que é uma linguagem de script que

faz parte do ambiente declarativo do middleware Ginga. Lua7 é uma linguagem de

programação leve, rápida e muito poderosa, projetada para estender aplicações. Ela é

tipada dinamicamente, interpretada a partir de bytecodes para uma máquina virtual

baseada em registradores, tem gerenciamento automático de memória com coleta de

lixo incremental. Lua possui uma sintaxe simples e mecanismos para descrição de dados

baseadas em tabelas associativas e também em semântica extensível. Devido a todas

essas peculiaridades, Lua é uma linguagem ideal para configuração, scripting e

prototipagem rápida.

De uma forma geral, as aplicações para TV Digital são baseadas na

sincronização espacial e temporal entre os seus objetos de mídia. Estes últimos são

vídeos, áudios, imagens ou textos que não são definidos pela linguagem, mas sim

individualmente, baseados em ferramentas de terceiros. Olhando apenas esse lado, seria

preferível usar uma linguagem declarativa, que unisse esses elementos de forma simples

e que abstraísse as complexidades de implementação que uma linguagem imperativa

trás consigo, tornado o trabalho mais direto e prático. No entanto, é um erro pensar que

uma linguagem declarativa sempre será vantajosa, pois ela é específica. Ela será

vantajosa quando seu desenvolvimento depender apenas de recursos previstos no

projeto da linguagem. Contudo, quando a aplicação necessitar de recursos não previstos,

a solução pode se tornar complicada ou até mesmo impossível. Dependendo do que se

deseja realizar, apenas uma linguagem imperativa desempenharia tal tarefa. Por

exemplo, processamento matemático, manipulação sobre textos, uso do canal de

interatividade, controle fino do teclado, animações, etc, são tarefas que necessitam de

uma linguagem imperativa.

7 www.lua.org

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Percebe-se que criar uma aplicação interativa para TVDI é uma tarefa complexa.

Apenas profissionais de informática familiarizados com a linguagem de programação

referente a um determinado ambiente do middleware, declarativo ou imperativo, serão

capazes de criar aplicativos interativos. Mesmo no caso das aplicações declarativas,

seria difícil para alguém que nunca escreveu linhas de código realizar tal tarefa. De fato,

essa seria uma ocupação para programadores.

2.3 Peopleware e a TVDI

Atualmente, um grande desafio é a criação dos programas interativos (programa

convencional mais interatividade) para TVDI; pois para isso, é necessária a

aproximação dos profissionais de informática aos de comunicação. Estes dominam as

atividades relacionadas ao desenvolvimento de programas de TV [BONASIO, 2002],

aqueles dominam as atividades relacionadas ao desenvolvimento de software (Figura

10).

Figura 10 – Processo de Desenvolvimento de Programas para TVDI. Fonte: [TAVARES, 2004]

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A redação do telejornal terá que atuar em parceria com designers, para criar o

desenho das telas, e com engenheiros de softwares, para desenvolver aplicativos

apropriados, pensando sobre que tipo de interatividade (local, intermitente ou plena)

seria mais bem aproveitada em determinada reportagem.

O resultado dessa aproximação é a reciclagem dos profissionais de ambas as

áreas. As novas emissoras de TVDI exigirão profissionais de comunicação que

entendam mais sobre tecnologia, bem como profissionais de informática que dialoguem

na linguagem da comunicação. Além disso, ao observar as emissoras européias,

percebemos que novos setores estão sendo incorporados. Alguns desses setores e a nova

distribuição de funções podem ser observados na Tabela 1.

Tabela 1 – Equipes engajadas na produção de uma emissora de TVDI. Fonte: [GAWLINSKI, 2003]

Equipe/Setor Descrição

Produção Definição do programa, storyboard, design prévio e entrega definitiva do pedido

Design Gráfico Cria as telas da programação, preocupando-se com a estética e funcionalidade

Técnica Cuida das especificações técnicas do programa e responsabiliza-se pela construção e manutenção das aplicações

Operação e Conteúdo Elabora versões interativas para o programa: gerando conteúdos multimídia e ofertas do canal, promovendo quiz e enquetes. Também testa e executa as aplicações, após a finalização.

Marketing e Gerenciamento Comercial Negocia com fornecedores de conteúdo e estimula novas receitas (serviços promocionais, estratégias publicitárias, marketing viral)

Tendo em vista esse novo cenário, em que novas equipes e novas tarefas

surgem, percebe-se um problema crucial dentro do contexto jornalístico: o tempo.

Retomando a discussão iniciada na introdução deste trabalho, não se pode esquecer que

uma aplicação para TVDI é um software como outro qualquer. Portanto, sua

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implementação deve se basear em algum modelo de processo de desenvolvimento com

etapas bem definidas. Contudo, as aplicações para TVDI estão inseridas em um

contexto bastante diferente se comparadas aos softwares tradicionais. A dinamicidade

que a TV exige é muito intensa e isso tem que ser levado em consideração no processo.

Assim, a existência de vários setores envolvidos no processo de criação de

aplicativos para TVDI pode atrasá-los e encarecê-los. Com isso, o tempo gasto entre a

aplicação pronta e a notícia responsável por sua concepção seria tamanho a ponto do

propósito do aplicativo já não existir mais. Outro problema é a dependência da equipe

de comunicação em relação à equipe de informática no tocante a criação de aplicações

interativas, fator que pode atrasar ainda mais o processo.

Uma alternativa para resolver esse problema é a utilização, por parte da equipe

de informática, de ferramentas de autoria para auxiliar a criação das aplicações

interativas (exemplos no capítulo 3), acelerando assim o processo. Uma ferramenta de

autoria permite a criação de software a partir de uma interface gráfica, sem que seja

necessária a codificação das ações desejadas em linhas de código. Dessa forma, ela

abstrai toda, ou pelo menos parte, da complexidade da programação. Mesmo assim,

caso seja necessário, estes sistemas de autoria possuem uma linguagem de programação

que pode ser utilizada para programar ações mais elaboradas do ponto de vista

computacional.

Essa estratégia pode resultar em algum ganho de tempo, no entanto, ainda não o

suficiente para acompanhar a dinâmica de um telejornal. Além disso, também não

resolve a questão da dependência dos jornalistas em relação à equipe de informática. De

acordo com [BANDRES et al, 2002], o jornalista tem o domínio de praticamente todo o

processo de produção de matéria atual, desde o momento em que ela é composta até a

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edição realizada no computador, cumprindo tudo em tempo ágil e com alto padrão de

qualidade técnica. Eles devem dominar não só o conteúdo e as técnicas de redação da

notícia, como também ter conhecimentos sobre tecnologia. O jornalista, ao assumir

novas funções, reduz os encargos das empresas. Dessa forma, as emissoras poderão ter

uma equipe de informática mais enxuta.

Ao atribuir a tarefa de criar aplicativos interativos aos jornalistas se ganhará

tempo e se dará mais independência destes em relação à equipe de informática. Para que

isso ocorra, no entanto, novas ferramentas de autoria são necessárias, pois as atuais são

voltadas para profissionais de informática. Para manuseá-las, faz-se necessário conhecer

a linguagem de autoria da ferramenta e, dependendo da tarefa, conhecer a própria

linguagem de programação. Assim, não seria viável para um jornalista operá-las, visto

que ele não domina essas linguagens.

Para apoiar a criação de aplicações interativas na TVDI, atualmente, contamos

com ferramentas que podem ser classificadas em dois domínios: domínio da linguagem

de programação (plug-in NCL Eclipse8, Xletview9, STB Virtual Ginga-NCL,10etc.); e

domínio da linguagem de autoria (Composer10, AltiComposer, etc.) Nas primeiras, as

aplicações são escritas em linha de código e é necessário o total domínio da linguagem

de programação; nas ultimas, o desenvolvimento segue o modelo de autoria da

ferramenta. No caso do Composer, por exemplo, para se criar uma aplicação é

necessário conhecer conceitos como região, descritor, nó de mídia, dentre outros, que

não fazem parte da linguagem do profissional de Comunicação.

8 http://laws.deinf.ufma.br/~ncleclipse/9 www.xletview.org/10 www.ncl.org.br/ferramentas.html

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Portanto, faz-se necessário uma ferramenta que abstraia toda a complexidade da

programação ou da linguagem de autoria, e que dialogue na linguagem do domínio de

uma redação telejornalística. O sistema de automação para redação de telejornalismo,

chamado Easynews11, é um exemplo de ferramenta de tal domínio. Ela oferece

funcionalidades de cadastros, teleprompter, espelho, ronda, dentre outras que são

inerentes a uma redação de telejornal. Para ilustrar a discussão, a Figura 11 apresenta as

ferramentas mencionadas em seus respectivos domínios.

Figura 11 – Associação das ferramentas aos seus respectivos domínios

11 http://easynews.syb.com.br/

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No capítulo seguinte serão apresentadas em detalhes ferramentas que ilustram o

cenário atual em artefatos computacionais para o desenvolvimento de aplicativos

interativos para TVDI.

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42

3. INICIATIVAS NO DESENVOLVIMENTO DE APLICATIVOS INTERATIVOS PARA TVDI

Neste capítulo são apresentados alguns trabalhos que visão apoiar a criação de

software para TVDI. Os trabalhos estão separados de acordo com a classificação

abordada no subtópico 2.3 do capítulo anterior. Na seção 3.1 são apresentados os

trabalhos pertencentes ao domínio da linguagem de programação. Na seção 3.2 são

apresentados os trabalhos pertencentes ao domínio do modelo de autoria. Na seção 3.3

são apresentados os trabalhos pertencentes ao domínio da linguagem da Comunicação.

Na seção 3.4, por fim, é apresentada uma discussão sobre esses trabalhos e a relação

deles com o trabalho proposto.

3.1 Domínio da Linguagem de Programação

3.1.1 XTemplate 3.0

O Xtemplate 3.0 [SANTOS & SAADE, 2009] é uma linguagem desenvolvida,

por meio da extensão de suas versões anteriores, visando facilitar a autoria de

documentos hipermídia usados na criação de conteúdo interativo no SBTVD. Para

tanto, ela define templates de composição para documentos NCL 3.0. Templates de

composição hipermídia definem estruturas de nós e elos que podem ser reutilizadas em

diferentes contextos de documentos NCL 3.0. A especificação da linguagem foi

realizada usando uma abordagem modular em XML Schema de acordo com o padrão

W3C.

Na Figura 12 observa-se o processamento de um documento NCL usando

templates de composição. Quando um contexto NCL utiliza um template de

composição, é necessário um pré-processamento do documento NCL antes de sua

execução em uma implementação do middleware Ginga. Esse processo, realizado pelo

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processador de templates, transforma o documento NCL com templates em um

documento NCL 3.0 completo, contendo os elementos definidos no documento original

e as instancias definidas no template, além das relações, regiões e descritores por ele

especificados.

Figura 12 – Processamento de um documento NCL usando templates de composição. Fonte: [SANTOS & SAADE, 2009]

3.1.2 NCLWizard (XWizard)

A fim de criar novos wizards, para a ferramenta NCLWizard [SOARES NETO

& SOARES, 2008], uma especificação XWizard descreve como se dá a interface com o

usuário. Ela também identifica quais elementos e atributos XML do arquétipo de

documentos relacionado podem ser modificados de acordo com as respostas dadas pelo

autor. Informalmente, arquétipos podem ser vistos como documentos quase prontos que

ainda requerem o preenchimento de alguns pontos em aberto que os tornam únicos. O

plano de execução descrito em XWizard é interpretado para compor dinamicamente a

interface com o autor bem como gerar um novo documento com base nas respostas do

autor.

Um arquivo XWizard pode definir, basicamente, um formulário (elemento

<wizard>) com várias telas (elemento <screen>) contendo uma seqüência de perguntas

(elemento <question>) que o usuário deve responder para criar um novo documento. A

resposta dada pelo autor resulta em alterações no arquétipo em termos de valores de

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atributos (elemento <answer>) ou na criação de novos elementos (elemento

<multiple>).

A Figura 13 ilustra um exemplo descrito em XWizard que é constituído por uma

tela identificada como “screen0” com três perguntas identificadas por “qHtmlPane”,

“qFileBox” e “qComboBox”. A correspondência entre os elementos XML e a interface é

mostrada através das setas em vermelho.

Figura 13 – Exemplo de especificação XWizard e a respectiva interface gerada. Fonte: [SOARES NETO & SOARES, 2008]

3.2 Domínio do Modelo de Autoria

3.2.1 LimSee2

O LimSee2 [DELTOUR & ROISIN, 2006] (Figura 14) é uma ferramenta de

autoria para documentos SMIL [SMIL, 2005] com múltiplas visões integradas, de modo

que uma modificação em uma visão é refletida nas demais. A ferramenta foi

desenvolvida pelo grupo de pesquisa WAM (Web Adaptation and Multimedia) do

Institut National de Recherche en Informatique (INRIA).

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A ferramenta possui uma visão estrutural na qual o documento SMIL é

organizado na forma de uma árvore; uma visão espacial na qual as regiões são criadas e

manipuladas; uma visão temporal na qual os elementos são representados por retângulos

cujo comprimento está relacionado à sua duração; e, por fim, uma visão textual na qual

o código fonte SMIL pode ser visualizado e alterado. É importante destacar que a

linguagem SMIL não é voltada para TV Digital.

Figura 14 – Inteface da ferramenta LimSee2

3.2.2 Cardinal Studio Professional 4

A Cardinal Systems fornece soluções de software inovadoras baseadas em

radiodifusão digital, com foco na criação, gestão e disseminação de conteúdo para o

DVB12.

Cardinal Studio™ é uma ferramenta de autoria, desktop, de forma gráfica

destinada aos criadores de conteúdo de TVDI para o padrão Europeu DVB-MHP. Por

12 www.dvb.org/

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meio de sua interface, os serviços interativos podem ser criados a partir do zero ou ainda

usando templates pré-concebidos.

O modelo de autoria da ferramenta possui entidades chamadas “Atos” que

servem para fazer a estruturação de um aplicativo da maneira mais abstrata oferecida.

Essas entidades podem ser interpretadas como cenas. Os atos são formados por

componentes classificados em visíveis ou invisíveis. Os componentes visíveis, como o

próprio nome sugere, são elementos visuais básicos como áreas de texto, botões e

painéis. Dentro desse grupo ainda existe outra subdivisão, os componentes de

background e focáveis. A diferença entre eles é que os componentes focáveis podem ser

usados para navegação com o controle remoto, enquanto os componentes de

background não. Os componentes invisíveis são estruturas que desempenham algum

papel específico na aplicação, sendo responsável por alguma funcionalidade não

perceptível visualmente como o canal de retorno ou uma conexão HTTP, por exemplo.

Dentro dos atos, os componentes são estruturados em camadas, podendo estas

serem compartilhadas entre os atos. Tem-se uma camada invisível, camada gráfica,

camada de vídeo, entre outras. Dentro de um ato, os componentes só podem ser

adicionados de acordo com as características da camada corrente, ou seja, somente

componentes invisíveis podem ser adicionados na camada invisível.

Atualmente a ferramenta encontra-se descontinuada e não existem mais

informações disponíveis em sua antiga Home Page.

3.2.3 Icareus iTV Suite Author

Icareus Interactivating TV13, uma empresa de TV digital interativa localizada em

Helsinque, Finlândia, assumiu Cardinal Studio™ em 3 de Setembro de 2008. O

13 http://icareus.com/

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Cardinal Studio™ deixou de receber suporte e foi substituído por um produto similar

chamado Icareus iTV Suite Author.

Figura 15 – Interface da ferramenta Icarus iTV Suite Author

Icareus iTV Suite Autor (Figura 16) é uma ferramenta de autoria para a criação

de aplicações para TVDI, de forma visual, cujo foco está sob o conteúdo, a interface e a

estrutura do serviço interativo. A ferramenta suporta as seguintes plataformas/padrões:

MHP, OCAP, True2Way, IDway-J e Blu-ray.

A fase de edição gera arquivos de aplicação especifica (.Nkr), que descrevem a

estrutura, leiaute, conteúdo e funções da aplicação de TVDI. É fornecido suporte a

conteúdo dinâmico (texto e imagens), bem como a configuração do canal de retorno. O

fluxo de trabalho possui uma separação entre os diferentes papéis, como designers

gráficos, programadores, etc., permitindo-lhes trabalhar de forma independente.

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Por meio de cliques do mouse, pode-se construir a estrutura e o leiaute de uma

aplicação. Depois, adicionar o conteúdo e gráficos e, por fim, realizar testes usando o

emulador Icareus iTV Suite Emulator.

3.2.4 Alti™Composer

A Alticast™14 oferece softwares para a criação, distribuição e recepção de

conteúdo para TV interativa baseado nos padrões abertos DVB-MHP e tru2way.

O Alti™Composer é uma ferramenta baseada em Java que suporta o padrão de

transmissão digital DVB (Digital Video Broadcast). Para programadores mais

experientes, de forma semelhante ao Cardinal Studio™, é possível criar componentes

personalizados e estender a API CDK (Component Development Kit) da ferramenta.

No modelo de autoria da ferramenta uma Scene contém Planes que contém

vários Shots e Actors. Os Planes podem ser compartilhados com outras Scenes, no

entanto, os Shots e Actors de um determinado Plane não podem ser compartilhados com

outros Planes. Todos estes serão explanados a seguir.

Semelhantemente ao Cardinal™ Studio, um Actor se divide em visual e não-

visual. Um actor visual são elementos gráficos apresentados ao telespectador como

caixas de texto e figuras; já um actor não-visual serve para ajudar as aplicações a

funcionarem devidamente como, por exemplo, a abstração de um botão de controle

remoto.

Dá-se o nome de Shot a unidade básica na qual os usuários podem navegar no

conteúdo interativo. Também podemos entendê-lo como um contêiner de Actors. O

Plane é a unidade básica para salvar e carregar conteúdo para a apresentação; e a Scene

14 http://www.alticast.com

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é a unidade básica para fazer pré-carga de conteúdo para apresentação e, por isso, todos

os Actors, Shots e Planes são carregados junto a Scene antes do aplicativo ser iniciado.

Além da arquitetura de componentes apresentada, ainda existe o chamado

Behavior. Ele é um script que diz como cada componente deve responder a um

determinado evento. Existem Behaviors que podem ser editados em tempo de criação

para realizar uma operação desejada e ainda outros que já estão prontos para serem

usados. Em relação aos prontos, tem-se o Effect, que é um objeto Java que leva um

Actor de um estado para outro e também servem para mudar propriedades ou a

aparência visual do mesmo. Também há o Transition que serve para dar um efeito

visual mais interessante ao aplicativo.

3.2.5 Composer

O Composer [GUIMARÃES, 2007] é uma ferramenta de autoria de documentos

NCL (Nested Context Language) para TVDI desenvolvido pelos pesquisadores do

laboratório TeleMídia da PUC-Rio. Ele adota uma abordagem em que se trabalha com

diferentes tipos de abstrações, onde cada uma delas apresenta vantagens e desvantagens.

Dessa forma, dependendo das funcionalidades almejadas, far-se-á necessário usar mais

de um tipo de abstração.

Além de uma visão textual com recursos que favorecem a especificação direta de

programas na linguagem NCL, padronizada para a especificação de aplicações no

ambiente declarativo do SBTVD, o Composer oferece uma visão gráfica estrutural, uma

visão gráfica de leiaute e uma visão gráfica temporal.

A visão estrutural usa uma representação gráfica para abstrair as principais

entidades definidas na NCL. Nela o autor pode criar, editar e apagar objetos de mídia

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que compõem um documento, composições (conjuntos de objetos e seus

relacionamentos), e elos. Os elos são relacionamentos entre objetos por meio dos quais

são sincronizados os possíveis eventos em um programa NCL, por exemplo, iniciar a

execução de uma mídia simultaneamente a outra, finalizar uma mídia imediatamente

após o término de outra, etc.

A visão de leiaute abstrai a disposição espacial dos objetos de mídia nos

dispositivos de exibição. Através dessa visão o autor pode criar, editar e apagar regiões

espaciais associadas à exibição inicial dos objetos.

Por fim, a visão temporal abstrai os relacionamentos temporais entre os objetos

de mídia, permitindo que a especificação temporal dos programas seja realizada através

da distribuição gráfica dos objetos em relação a um eixo temporal.

No Composer, com o intuito de oferecer um ambiente integrado aos autores, as

visões existentes funcionam de forma síncrona. Como as outras ferramentas

apresentadas, ele também dispõe de um simulador para a qualquer momento disparar a

exibição de um documento NCL.

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Figura 17 – Interface da ferramenta Composer : Tela da Visão Textual

3.2.6 iTV Project

O iTV Project [OLIVEIRA et al., 2008] é uma ferramenta de autoria baseada

em um ambiente Web. A ferramenta foi desenvolvida baseada na especificação GEM,

padrão para o MHP. Seu principal objetivo é o desenvolvimento rápido de aplicativos

para TVDI através da edição visual de componentes. Por meio da ferramenta, é possível

adicionar gráficos a GUIs e gerenciar tanto eventos associados a cada componente

quanto a navegação entre as diferentes telas da aplicação.

Figura 16 – Interface da ferramenta Composer : Tela da Visão Leiaute

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O iTV Project é conectado ao framework TUIG , atuando, apenas, como um

front-end para o usuário (Figura 18). Para criar o front-end foi usada a linguagem

HTML; para a transmissão de dados/codificação foi usado JavaScript/JSON a fim de

assegurar uma melhor utilização do recursos da máquina do usuário. O produto final da

ferramenta é um arquivo XML que é compatível com framework TUIG. Assim, o iTV

Project só gera os XMLs, mas o framework TUIG ainda é responsável por interpretá-los

e gerar as classes Java correspondente às aplicações interativas.

Figura 18 – Interface da ferramenta iTV Project. Fonte: [OLIVEIRA et al., 2008]

3.2.7 Contextual Ginga

A Contextual Ginga [CARVALHO & FERRAZ, 2010] (Figura 19) é uma

ferramenta de autoria desenvolvida em Java para ambiente desktop que permite a

produção de aplicações interativas sensíveis ao contexto para TV digital. Ela gera

aplicações que sejam executadas na plataforma Ginga-NCL, gerando tanto códigos

NCL como Lua.

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A ferramenta se utiliza das seguintes categorias de informações contextuais

levantadas por [MORSE et al. 2000]: Who, When e Where. A categoria Who possui

propriedades que definem a faixa etária e o sexo do usuário. A categoria When possui

propriedades que definem a data e a hora inicial e final, e o dia da semana que

determinam quando o usuário representado por um dado persona está assistindo TV. A

categoria Where possui como propriedades o país, o estado, a cidade e o código postal.

Na ferramenta, estas três categorias determinam um persona. Persona é um conceito

utilizado no desenvolvimento de produtos com design centrado no usuário. Ele

representa de forma imaginária o usuário através de suas características principais,

devendo ser construído a partir de dados especificados sobre pessoas reais [PRUITT &

ADLIN, 2006].

Figura 19 – Interface da Ferramenta Contextual Ginga. Fonte: [CARVALHO & FERRAZ, 2010]

3.3 Domínio da Linguagem da Comunicação

3.3.1 NCL Wizard (Wizard)

O NCLWizard [SOARES NETO & SOARES, 2008] é uma ferramenta que faz

uso de formulários passo-a-passo (wizards) para direcionar e restringir o autor na

concepção de novos programas interativos. A ferramenta é composta por três elementos

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principais (Figura 20): o Gerador e o Interpretador de Interfaces e o Gerador de

Documentos. O primeiro elemento é responsável pela leitura do plano de execução e

construção da interface com o autor de documentos. O segundo elemento controla a

interface propriamente dita com o usuário e repassa as respostas dadas pelo usuário para

o gerador de documentos. Finalmente, o terceiro elemento engloba a geração de código

e lida com detalhes específicos da linguagem alvo, instanciando o arquétipo de acordo

com as opções e respostas do usuário.

Figura 20 – Atores e Arquitetura da ferramenta NCLWizard. Fonte: [SOARES NETO & SOARES, 2008]

3.4 Discussão

A seguir, a Tabela 2 sumariza as principais características das ferramentas

discutidas nesse capítulo. Vale salientar que o foco no usuário refere-se a uma maior

abstração dos conceitos de programação e consequentemente limita o número de

recursos para a criação. No caso deste trabalho, o usuário é o jornalista. Já o foco na

aplicação interativa indica se a tecnologia é voltada para TVDI.

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Tabela 2 – Tabela de Análise Comparativa das Ferramentas para Criação de Aplicativos Interativos para TVDI

Ferramenta Suporte as Linguagens

Foco no usuário

(Jornalista)

Foco na aplicação interativa

Distribuição Padrões/Plataformas

Conhecimentos requeridos

XTemplate 3.0

NCL Não atende Atende Acadêmica Ginga-NCL Conhecer linguagem

NCLWizard

(XWizard)

NCL Não atende Atende Acadêmica Ginga-NCL Conhecer linguagem

LimSee2 SMIL Não atende Não atende Acadêmica Multi-plataforma

Conhecer linguagem/ Modelo de autoria

Cardinal Studio 4

Java Não atende Atende Comercial DVB Conhecer modelo de autoria

Icareus ITV Suite Author

Java Não atende Atende Comercial DVB, True2way,Idway-J e Blue-Ray

Conhecer modelo de autoria

AltiComposer

Java Não atende Atende Comercial DVB e Tue2Way

Conhecer modelo de autoria

Composer NCL Não atende Atende Acadêmica Ginga-NCL Conhecer modelo de autoria

iTV Project Java Não atende Atende Acadêmica GEM Conhecer modelo de autoria

Contextual Ginga

NCL e Lua Não atende Atende Acadêmica Ginga-NCL Conhecer modelo de autoria

NCLWizard

(wizard)

NCL Parcialmente Atende Acadêmica Ginga-NCL –

Observa-se que existe uma variedade de ferramentas, linguagens e estratégias

que visam apoiar a criação de aplicativos para TVDI. Contudo, com exceção da

ferramenta NCL Wizard, todas exigem um conhecimento sobre algum tipo de

linguagem ou modelo de autoria, fato que dificulta a atribuição da tarefa de criação aos

jornalistas. Mesmo assim, apesar de se propor a abstrair essas complexidades, a

ferramenta NCL Wizard não apresenta em [SOARES NETO & SOARES, 2008]

qualquer tipo de experiência com usuários de um domínio diferente da informática. O

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trabalho também apresenta resultados mais concretos na parte de suporte ao

desenvolvedor de wizards por meio da linguagem Xwizard.

Constata-se que as experiências supracitadas, apesar de serem iniciativas que

visão apoiar a criação de aplicativos interativos para TVDI, não são, de fato, trabalhos

relacionados à ferramenta iTVnews. Em outras palavras, com exceção da NCL Wizard,

as ferramentas apresentadas pertencem ou ao domínio da linguagem de programação ou

ao domínio do modelo de autoria. Dessa forma, elas não se aproximam do que a

ferramenta iTVnews se propõe a contemplar. Nenhuma outra ferramenta tem por

objetivo oferecer ao jornalista, usuário não-especialista, uma forma simples para

compor aplicativos interativos para TVDI, sendo, portanto, uma iniciativa única que

deve ser ressaltada como grande contribuição.

No capítulo seguinte é apresentada a ferramenta iTVnews, bem como todo o

relato das experiências obtidas ao longo do seu desenvolvimento.

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4. A FERRAMENTA ITVNEWS

Este capítulo apresenta a ferramenta iTVnews. A seção 4.1 apresenta uma visão

geral sobre a ferramenta e seu funcionamento. A seção 4.2 apresenta a análise da

ferramenta, em que são apresentadas as abordagens usadas para levantar os requisitos,

visão de casos de uso e arquitetura. A seção 4.3 apresenta como prova de conceito o

módulo de criação de enquete.

4.1 Visão Geral

A iTVnews é uma ferramenta, desenvolvida em Java, que visa automatizar a

criação de aplicativos interativos em TVDI (enquete, quiz, chat, etc.) para telejornal. Ela

foi concebida no domínio da linguagem de um telejornal, ou seja, abstraindo a

complexidade de programação e conceitos da programação. A atribuição da tarefa de

criação desses aplicativos aos jornalistas foi uma das motivações para tal ferramenta.

Assim, os jornalistas terão mais autonomia no processo de criação de matéria interativa;

será possível desenvolver os aplicativos em tempo hábil; e, por fim, existirá uma

contenção de gastos pelo enxugamento das caras equipes de designers e engenheiros de

softwares atualmente necessários.

O ambiente é composto pelos seguintes componentes que são detalhados

adiante: a aplicação desktop, o repositório e os módulos de criação de aplicativos

interativos. Estes últimos ficarão armazenados no repositório. No momento em que o

jornalista desejar criar uma matéria interativa como, por exemplo, uma entrevista com

uma enquete, bastará recuperar do repositório, por meio da aplicação desktop, o módulo

relacionado à criação de enquete. Este módulo é, basicamente, um formulário por meio

do qual o jornalista preenche algumas informações referentes à enquete e, por meio

dele, terá a enquete pronta para ser multiplexada com o áudio e o vídeo.

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4.2 Análise da Ferramenta iTVnews

Na realização da etapa de análise da ferramenta proposta, foi utilizada a

metodologia proposta por [LARMAN, 2002]. Nesta subseção é apresentada a etapa de

identificação dos requisitos, especificação de requisitos, visão de casos de uso, expansão

dos casos de uso mais importantes e a arquitetura da ferramenta iTVnews.

4.2.1 Levantamento de Requisitos

A iTVnews é uma proposta de ferramenta para o jornalista. Portanto, tendo

ciência da importância em compreender bem o domínio em que a ferramenta será

empregada, a primeira atitude tomada em seu processo de desenvolvimento foi articular

a parceria entre o LAVID e a TV Cabo Branco, afiliada da Rede Globo na Paraíba.

Essa parceria promoveu à aproximação da informática a comunicação, em uma

experiência muito rica e proveitosa. Como frutos, destacam-se a construção de diversos

aplicativos pilotos, os direcionamentos para a ferramenta iTVnews e a conscientização

dos profissionais da TV Cabo Branco sobre o leque de possibilidades que a TVDI

oferece.

Para capturar os requisitos funcionais e não-funcionais, bem como identificar

quais aplicativos interativos seriam os mais interessantes para os telejornais da

emissora, adotou-se algumas estratégias como: entrevistas e questionários; prototipação;

e workshops de interatividade. A seguir, as subseções abordão cada uma dessas

atividades.

4.2.1.1 Entrevistas, Reuniões e Visitações para Conhecimento do Domínio

Inicialmente, a equipe do LAVID entrou em contato com a emissora para

conhecer a infraestrutura com a qual eles trabalham, e o conhecimento prévio sobre

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TVDI que seus profissionais já possuíam. Reuniões com a diretoria de telejornalismo e

os profissionais da redação ajudaram a equipe a colher informações, discutindo sobre a

proposta da ferramenta iTVnews. Ao visitar cada setor, obteve-se a compreensão do

processo interno da instituição; ou seja, quais seus costumes, quais os responsáveis por

cada departamento, a dinâmica de trabalho, e, por fim, quais as formas usadas, até

então, para buscar interagir com os telespectadores.

Um serviço interativo oferecido atualmente pela emissora é a realização de

enquetes por meio da rede de telefonia. Hoje, o processo de criação de uma enquete –

acompanhe no infográfico da Figura 21 – na TV Cabo Branco se inicia na definição do

tema. A equipe de telejornalismo elabora uma pergunta e as alternativas a serem

escolhidas pelo público, tendo por base algum acontecimento relevante e recente. Em

seguida, a enquete é colocada na pauta do jornal por meio da ferramenta Easynews que

é um sistema de automação para redação de telejornalismo (1). Depois de colocada na

pauta, um e-mail é enviado para a equipe de informática da emissora informando sobre

a enquete (2). Por meio de uma aplicação PHP (Hypertext Preprocessor), criada pelo

próprio pessoal da emissora, chamada F5PLUS, a enquete é criada. Essa aplicação é o

lugar no qual são inseridas a pergunta e as suas alternativas. Feito isso, ela associa cada

alternativa a um número de telefone que posteriormente será apresentado aos

telespectadores. Ela também gerencia os servidores que estão interligados a modems

computando, dessa forma, cada ligação realizada. Ao término de cada ligação, a

aplicação apresenta uma mensagem em áudio para os participantes informando-os sobre

o sucesso do recebimento do voto. Após criar a enquete, basta ativá-la para que os

participantes possam começar a votar (3).

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Figura 21 – Processo atual de realização de enquetes

Para que a comunidade saiba da existência da enquete, menciona-se sobre a sua

existência nos intervalos da programação da emissora antes do telejornal, provocando os

telespectadores a ligarem e participarem (4). Assim, os telespectadores telefonarão e

terão seus votos computados (5). Vale salientar que ao realizar a ligação e ter seu voto

registrado, os participantes ainda não têm nenhuma ideia do resultado parcial da

enquete. Já no fim do processo, as ligações são registradas nos servidores da emissora

(6) e chega o momento de apresentar o resultado final da enquete no telejornal. Para

isso, uma mensagem é encaminhada ao operador de caracteres (7) que coloca na tela da

TV o resultado ao passo que o apresentador comenta sobre ele (8).

Cientes do processo atual, a equipe do LAVID preparou um infográfico para

ilustrar aos profissionais da TV Cabo Branco como será o processo de criação de

enquetes usando a ferramenta proposta e com a TVDI. Inicialmente, a enquete –

acompanhe a Figura 22 – é colocada na pauta do telejornal de forma similar ao processo

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anterior (1). Contudo, de agora em diante, são rumos totalmente novos. Levando em

consideração que o componente enquete já tenha sido previamente desenvolvido pela

equipe de informática, o próprio jornalista, por meio da ferramenta iTVnews, criará a

enquete interativa. Ele buscará a enquete no repositório, recuperando-a. Depois, digitará

a pergunta e suas respostas e escolherá uma das interfaces pré-definidas de acordo com

o telejornal para o qual a enquete será desenvolvida (2). Tendo terminado a

configuração da sua enquete, ela será multiplexada juntamente com a programação – o

áudio e o vídeo (3). Agora o fluxo multiplexado será preparado para ser transmitido

pelo canal de difusão – cabo, satélite, radiodifusão – até o receptor na casa dos

telespectadores (4). Nesse momento – por meio da TV com STB ou dispositivo móvel –

um ícone indicando a existência da enquete aparecerá e ela poderá ser carregada e

finalmente votada pelo usuário (5). Através do canal de retorno (6), o voto é registrado

no servidor de aplicação que pode estar na própria emissora ou em outro ambiente (7).

Um grande diferencial da enquete na TVDI é a possibilidade de acompanhar seu

resultado parcial, não sendo necessário esperar até a exibição do telejornal para ter um

feedback das parciais da enquete. No fim do processo, o resultado final poderá ser

apresentado no telejornal.

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Figura 22 – Processo de criação de enquetes com a ferramenta iTVnews

4.2.1.2 Aplicações Piloto

A fim de apresentar aos jornalistas da TV Cabo Branco o potencial da TVDI e

começar um processo de identificação dos aplicativos com aplicabilidade no contexto

telejornalístico, foi requisitado acesso ao acervo da emissora. Com isso, em cima de

reportagens, entrevistas e matérias gerais dos telejornais, a equipe de informática e

comunicação do LAVID criou alguns protótipos de programação interativa15.

A primeira proposta teve o sentido de apresentar, aos quadros temáticos do JPB

(um dos telejornais da emissora), algumas possibilidades de interatividade ao gênero

informativo. Nesse sentido, buscou-se explorar os recursos de informações

complementares às matérias e uma participação mais ativa da audiência.

15 Protótipos desenvolvidos em NCL. Foram executados localmente, por meio de um pen-drive, em um STB: marca Aiko, modelo HD1018, com middleware Ginga distribuído pela MOPA Embedded Systems

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Na prática, por exemplo, no quadro “Saúde”, a indicação da interatividade e de

enquete, no início do programa (Figura 23) determina o tipo de intervenção disponível

para o telespectador, naquele programa. A interatividade é acessada por meio do botão

azul do controle remoto, à medida que o “i” aparece na tela, advertindo um novo

conteúdo acessível. Tal conteúdo sugere informações adicionais, que funcionam como

boxes na matéria, possibilitando que o material descartado, em função do fator tempo,

seja reaproveitado, em outra linguagem (textual).

Figura 23 – Tela interativa do quadro “Saúde”, do JPB 1ª edição

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Figura 24 – Opções da enquete interativa do quadro “saúde” do JPB 1ª edição

Já para responder à pergunta realizada pela produção, os telespectadores teriam

que acessar, a qualquer momento, o botão verde, e, a partir daí, escolher um dos

números relacionados às opções pré-estabelecidas pela emissora, como mostra a Figura

24. Imediatamente, obtém-se a porcentagem parcial da votação, Figura 25. No final do

programa, um especialista analisa o resultado final.

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Figura 25 – Resultado parcial da enquete interativa do JPB 1ª edição

Considerando que a TV é um instrumento, basicamente, de uso coletivo e, que,

numa família composta por quatro pessoas, por exemplo, a votação geraria certo grau de

desconforto, em razão, de apenas um controle remoto circular entre os supostos

interagentes, cogita-se em, por meio de uma rede bluetooth, estabelecer-se as escolhas

de maneira personalizada, utilizando os celulares, uma vez que a tecnologia Ginga dá

suporte à iniciativa. O mesmo serve para as informações complementares às matérias.

No protótipo construído, os telespectadores podem ver o material textual extra, na

própria TV como mostra a Figura 26, como mencionado anteriormente, porém, num

projeto de convergência, este material pode ser veiculado, em separado, para os

dispositivos móveis dos interessados.

Figura 26 – Informações adicionais sobre a matéria veiculada

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Figura 27 – Aplicativo com as informações sobre a pessoa desaparecida

Outros quadros do telejornal também mereceram implementações interativas,

como o intitulado “desaparecidos” (Figura 27). No momento em que o parente discursa

sobre quem procura; dados sobre a vítima são enviados ao telespectador, como, por

exemplo: foto mais recente disponível; onde, como e quando foi visto pela última vez;

e, telefone de contato para quem souber do paradeiro. No fim da aplicação, pode-se

abrir uma galeria, na qual estão todos os desaparecidos do mês, oferecendo ao

telespectador a possibilidade de navegar por cada um deles.

Depois do ensaio com os protótipos apresentados, o próximo passo foi mostrar

aos jornalistas da emissora a reação dos telespectadores diante da interatividade. Para

tanto, já que a TV Cabo Branco não possui, ainda, estrutura para enviar dados

sincronizados com o vídeo e receber as respostas dos telespectadores, outra experiência

sinalizadora proporcionou o contato dos cidadãos com a tecnologia de ponta.

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Neste projeto, em parceria com a rádio 101.7 FM, no dia 25 de setembro,

montou-se um stand do Laboratório, no maior bairro populacional de João Pessoa-PB,

com uma televisão digital e um conversor. A equipe de Comunicação do LAVID e a

diretoria de jornalismo da TV Cabo Branco pensaram em alguns serviços do bairro e

elaboraram as opções da enquete16 do quadro “O bairro que eu quero”, a qual consistia

em saber quais eram o melhor e o pior serviço público daquele lugar . Em seguida, os

programadores e designer desenvolveram o aplicativo para o teste e execução.

Cada alternativa era indicada por números de um a sete. Ao iniciar, o melhor

serviço era questionado (Figura 28 a) e, ao ser elegido, imediatamente passava-se para a

seguinte pergunta, a qual fazia referência ao serviço deficiente (Figura 28 b). Para

computar os votos, pressionava-se a tecla verde, do controle remoto. Para desistir da

interatividade, a qualquer momento, apertava-se a tecla vermelha. A tela final indicava a

porcentagem parcial das duas perguntas, sendo o índice vermelho dos votos atinentes ao

pior serviço e o índice verde, para o resultado do melhor serviço (Figura 29).

(a) (b)

Figura 28 – (a) Tela correspondente às opções “melhor serviço” (b) Tela correspondente às opções “pior serviço”

16 Enquete desenvolvida em NCL-Lua. Foi executada localmente, por meio de um pen-drive, em um STB: marca Proview, modelo XPS-1000, com middleware Ginga distribuído pela RCASOFT

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Figura 29 – Resultado parcial da enquete

Com o intuito de provocar motivação na população e fazer com que a aplicação

pudesse ter utilidade no telejornal, o vínculo garantiu que material coletado proveria

contribuições para a pauta das próximas edições. Assim, ficou estabelecido que o

resultado do pior serviço renderia matéria para a edição seguinte (28 de setembro) e o

correspondente ao melhor serviço público, para o dia 29 de setembro. Nas duas

reportagens, ouviu-se a população e autoridades competentes do município.

Enquanto pesquisa, a experiência foi válida, pois não só divulgou as atividades

do LAVID, como também incutiu o desejo de participação na audiência, que, por sua

vez, teve o primeiro contato com os recursos da nova TV. Somado a isso, os 250

participantes cooperaram, inconscientemente, com dicas de usabilidade, a partir de

algumas dificuldades de manuseio, constatadas pelos pesquisadores. Ainda que não

tenha sido testada efetivamente nos lares de João Pessoa, a aplicação interativa serviu

como proposta sinalizadora, favorecendo mudanças no contexto da produção

telejornalística e de comportamento dos próprios telespectadores.

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4.2.1.3 Prototipação da ferramenta iTVnews

Em relação à aplicação Desktop da ferramenta iTVnews, foram apresentados

protótipos de telas aos jornalistas com objetivo de avaliar quesitos como: usabilidade,

navegabilidade, etc. Após alguns refinamentos, chagamos a um modelo em abas,

conforme mostra as Figuras 30, 31 e 32.

A aba “Busca” (Figura 30) é a responsável pela comunicação com o repositório.

Por meio dela, o jornalista digita uma palavra-chave referente ao aplicativo interativo

que ele deseja e, logo depois, clica no botão “Buscar”. O resultado dessa operação é a

lista com os módulos de criação de aplicativos associados à palavra-chave digitada pelo

jornalista. Tendo encontrado o módulo de criação desejado, o jornalista pode recuperá-

lo do repositório por meio do botão “Baixar”.

Figura 30 – Tela exibindo a aba “Busca” da ferramenta iTVnews

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A aba “Aplicações” (Figura 31) é a responsável pelo gerenciamento dos

módulos de criação recuperados do repositório. Por meio dela, o jornalista visualiza os

módulos existentes em seu computador. Caso ele tenha recuperado um novo módulo na

aba “Busca”, por meio do botão “Atualizar”, é possível renovar a lista atual e perceber a

existência do novo módulo na lista dos módulos existentes. Para usar um dos módulos

de criação, basta selecioná-lo e clicar no botão “Executar”.

Figura 31 – Tela exibindo a aba “Aplicações” da ferramenta iTVnews

Por fim, a aba “Sobre” (Figura 32) possui informações sobre a ferramenta como,

por exemplo, sob que licença o software é distribuído; página na internet; e seção de

ajuda para os usuários.

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Figura 32 – Tela exibindo a aba “Sobre” da ferramenta iTVnews

4.2.1.4 Workshop de Interatividade e Questionários

No dia 19 de Abril de 2010 foi realizada, pelo LAVID na UFPB, o Workshop de

Interatividade para Telejornalismo. Com o intuito de discutir tecnologias para TVDI no

Brasil, com foco na interatividade para telejornalismo, estiveram presentes diversos

profissionais da área de comunicação, dentre os quais, alguns representantes da TV

Cabo Branco e TV Paraíba, afiliadas da Rede Globo na Paraíba, e da TV UFPB (TV

universitária). Também estiveram presentes doutores, mestres e graduandos da área,

totalizando 41 participantes, fato este que tornou o encontro rico em opiniões tanto da

academia quanto dos profissionais que atuam no mercado.

A fim de abrir a mente dos presentes em relação às novas possibilidades de

interatividade que surgem com o advento da TVDI, foi apresentada uma série de

aplicações explorando recursos interativos diversos. Após esse momento, foi passado

um questionário para que os participantes pudessem expor suas opiniões e sugestões por

escrito, bem como eleger três recursos interativos, dentre os sugeridos, como os mais

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interessantes para serem explorados. As opções de interatividade propostas estão

enumeradas na Tabela 3.

Tabela 3 – Opções de interatividade propostas

Numeraçã

o

Recurso Interativo

1. Visualização de informações adicionais (fotos ou

textos)

2. Visualização de informações sobre o tempo;

3. Visualização de informações sobre a bolsa

4. Tele texto

5. Votação

6. Enquete

7. Enviar vídeo para emissora pela TV

8. Enviar foto para emissora pela TV

9. Receber informações

10. Personalizar jornal com as preferências do

telespectador

11. Questionário com respostas do tipo "certo ou errado" –

Quiz

Na opinião dos participantes (Figura 33), o anseio por uma programação

personalizada, atendendo as preferências do telespectador será a maior atração em

termos de interatividade para os usuários da TVDI, ficando com 23% dos votos.

Empatados em segundo lugar, com 18%, estão enquetes interativas e o envio de vídeos

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para a emissora por meio da própria TV. Por fim, em terceiro lugar, com 17%, ficou a

visualização de informações adicionais.

Tomando por base os resultados obtidos na oficina e as experiências com a TV

Cabo Branco, buscamos, a priori, explorar o desenvolvimento do componente enquete

para a ferramenta proposta; pois percebemos sua relevância e vasta aplicabilidade

social. Dessa forma, justificamos o porquê da escolha, baseando-a em opiniões

contundentes de profissionais da área.

Figura 33 – Resultado do questionário do workshop de interatividade para telejornalismo

4.2.2 Visão de Casos de Uso e Especificação de Requisitos

De forma a facilitar a compreensão do comportamento do ambiente e uma visão

geral dos serviços fornecidos aos jornalistas, a Figura 34 apresenta o diagrama de casos

de uso da ferramenta iTVnews.

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Figura 34 – Diagrama de Caso de Uso da Ferramenta iTVnews

Os requisitos funcionais do ambiente, classificados em evidentes e ocultos, estão

listados na Tabela 4. Enquanto os requisitos funcionais evidentes são efetuados pelo

sistema sem o conhecimento dos jornalistas, os requisitos ocultos são efetuados pelo

sistema sem o conhecimento explícito do mesmo. Por sua vez, os requisitos não-

funcionais, que são restrições colocadas sobre como o sistema deve realizar seus

requisitos funcionais, estão listados na Tabela 5.

Tabela 4 – Tabela de Requisitos Funcionais da Ferramenta iTVnews

Requisitos FuncionaisRef.# Nome Categoria

F1 Permitir ao usuário consultar o repositório de módulos de criação EvidenteF2 Permitir ao usuário realizar o download de módulo de criação EvidenteF3 Permitir ao usuário atualizar lista de módulos de criação EvidenteF4 Permitir ao usuário executar módulo de criação EvidenteF5 Permitir ao usuário configurar aplicação interativa EvidenteF6 Permitir ao usuário gerar aplicação interativa Evidente

Tabela 5 – Tabela de Requisitos Não-Funcionais da Ferramenta iTVnews

Requisitos Não-FuncionaisRef.# Restrição CategoriaNF1 A interface da ferramenta deve ser implementada como

formulários simples e intuitivosInterface

NF2 Deve ser exibida uma barra de progresso indicando o andamento da busca por módulos de criação no repositório.

Interface

NF3O sistema deve apresentar mensagens de alerta ao usuário sempre que houver alguma operação realizada de forma indevida

Interface

NF4 Deve ser exibida uma barra de progresso indicando o andamento da transferência de dados entre a aplicação desktop e o repositório.

Usabilidade

NF5 Deve existir uma aba com um sistema de ajuda ao usuário Usabilidade

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disponívelNF6 Os módulos poderão criar aplicações Java (Xlets), NCL ou NCL-

LuaEspecificação

NF7A linguagem Java foi adotada no desenvolvimento seguindo cuidadosamente as técnicas de orientação a objetos. Ela permite não especificar quais serão o sistema operacional e a máquina em que o programa irá executar

Hardware e Software

NF8 O sistema deve ser entregue empacotado ao usuário final e com simples instalação

Empacotamento

4.2.3 Expansão dos Casos de Uso

Visando uma compreensão mais profunda dos processos e requisitos da

ferramenta, os principais casos de uso foram expandidos, conforme pode ser observado

nas tabelas adiante.

Tabela 6 – Caso de Uso Expandido: Consultar Repositório

Caso de Uso: Consultar RepositórioAtores: Jornalista

Requisitos Correlacionados:

F1, NF1, NF2, NF3

Finalidade: Permitir ao jornalista realizar uma busca no repositório a fim de encontrar um módulo de criação que atenda a sua necessidade

Sequencia Típica de Eventos:

1. O jornalista seleciona a aba “Busca” da ferramenta iTVnews2. O jornalista digita uma palavra-chave no formulário3. O jornalista inicializa a busca4. A ferramenta se comunica com o repositório e apresenta as

ocorrências da palavra-chave no formulário

Tratamento de Exceções:

3a. Nenhuma palavra-chave foi digitada3a1. A ferramenta exibe mensagem de advertência3a2. Retorna ao fluxo principal no passo 3

4a. Erro na comunicação com o repositório4a1. A ferramenta exibe mensagem de erro 4a1. Retorna ao fluxo principal no passo 4

Tabela 7 – Caso de Uso Expandido: Executar um Módulo de Criação

Caso de Uso: Executar um Módulo de CriaçãoAtores: Jornalista

Requisitos Correlacionados:

F4, NF1, NF3

Finalidade: Permitir ao jornalista executar um módulo de criação dentre os já previamente recuperadas do repositório

Sequencia Típica de Eventos:

1. O jornalista seleciona a aba “Aplicações” da ferramenta iTVnews2. O jornalista seleciona o módulo de criação no formulário3. O jornalista executa o módulo de criação por meio do botão

“Executar”

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Tratamento de Exceções:

2a. Nenhum módulo de criação foi recuperado do repositório2a1. A ferramenta exibe mensagem de advertência2a2. Retorna ao fluxo principal no passo 1

2b. Erro na execução do módulo de criação2b1. A ferramenta exibe mensagem de erro 2b1. Retorna ao fluxo principal no passo 1

Tabela 8 – Caso de Uso Expandido: Configurar Aplicação interativa

Caso de Uso: Configurar Aplicação interativaAtores: Jornalista

Requisitos Correlacionados:

F5, NF1, NF3

Finalidade: Permitir ao jornalista configurar uma aplicação interativa

Sequencia Típica de Eventos:

1. O jornalista preenche os campos referentes aos dados da aplicação no formulário

2. O jornalista preenche os campos referentes à interface da aplicação no formulário

Tratamento de Exceções:

1a. Nem todos os campos necessários foram preenchidos1a1. A ferramenta exibe mensagem de advertência1a2. Retorna ao fluxo principal no passo 1

2a. Nem todos os campos necessários foram preenchidos2a1. A ferramenta exibe mensagem de advertência 2a1. Retorna ao fluxo principal no passo 1

Tabela 9 – Caso de Uso Expandido: Gerar Aplicação Interativa

Caso de Uso: Gerar Aplicação InterativaAtores: Jornalista

Requisitos Correlacionados:

F6, NF1, NF3

Finalidade: Permitir ao jornalista gerar uma aplicação interativa

Sequencia Típica de Eventos:

1. O jornalista escolhe o diretório no qual a aplicativo será gerado2. O usuário gera a aplicação no diretório escolhido

Tratamento de Exceções:

2a. Acesso a diretório requer permissão do administrador2a1. O SO exibe mensagem de advertência2a2. Retorna ao fluxo principal no passo 1

4.2.4 Arquitetura da Ferramenta iTVnews

A arquitetura em camadas da Ferramenta iTVnews é apresentada na Figura 35.

Ela mostra os componentes que formam a ferramenta: o repositório, a ferramenta

desktop, e os módulos de criação de aplicativos (enquete, quiz, chat, etc.)

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Figura 35 – Arquitetura em Camadas da Ferramenta iTVnews

Nas subseções seguintes, cada uma das camadas é detalhada.

4.2.4.1 Aplicação iTVnews Desktop

A aplicação desktop da ferramenta iTVnews é o meio pelo qual o jornalista guia

todo o processo de criação de aplicativos interativos. Ela deve ser instalada na máquina

cliente, atuando como a única interface entre o jornalista e o repositório de módulos de

criação. Por meio dela o jornalista realiza a busca, a recuperação e o gerenciamento de

módulos de criação do repositório. Buscando a simplicidade, ela foi desenvolvida em

um esquema de abas, oferecendo uma aba com informações e ajuda; outra que provê

acesso ao repositório; e uma última para gerenciamento dos módulos previamente

recuperados do repositório.

4.2.4.2 Repositório

Em relação à ferramenta iTVnews, os jornalistas são os que fazem reuso dos

módulos de criação de aplicativos (Figura 36). Sempre que eles desejarem criar um

aplicativo interativo, o primeiro passo é buscar no repositório da ferramenta um módulo

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de criação que contemple a sua necessidade. Dessa forma, a equipe de informática

(engenheiros de software e designers) apenas será requisitada quando surgir uma nova

ideia de aplicativo para telejornal. Nesse cenário, a equipe de informática desenvolve

para reuso e os jornalistas desenvolvem com reuso. Em termos de papéis, a equipe de

informática são os produtores e gerentes do repositório, e os jornalistas são os

consumidores dele.

Figura 36 – Desenvolvimento com/para reuso na ferramenta iTVnews

A ferramenta iTVnews se utiliza de um repositório que apóia o reuso dos

módulos de criação pelos jornalistas, ou seja, ele os armazena e provê mecanismos para

catalogação, busca e recuperação.

Devido à simplicidade, fato que o faz amplamente utilizado, adotou-se o

mecanismo de busca por palavras-chave. Os ativos, previamente catalogados em termos

de palavras-chave, são apresentados após uma busca em função do número de palavras-

chave em comum. Após encontrar o ativo desejado, o jornalista tem a liberdade de

baixá-lo para seu computador por meio da aplicação desktop da ferramenta iTVnews.

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4.2.4.3 Módulos de Criação de Aplicativos Interativos

Os módulos de criação de aplicativos interativos são os objetos mais importantes

deste trabalho. Eles são os responsáveis pela abstração dos conceitos de informática,

deixando a criação dos aplicativos viável para os jornalistas. Para tanto, foram

desenvolvidos como simples formulários ou wizards por meio dos quais os jornalistas

configurarão uma aplicação. O repositório contém diversos módulos, cada um

responsável por um aplicativo diferente.

Para criar os módulos, inicialmente investiu-se em estudos sobre as aplicações

vigentes no cenário atual. Por exemplo, ao observar as aplicações interativas que estão

disponíveis em São Paulo, nota-se que duas das seis emissoras utilizam a mesma

aplicação do tipo enquete, apenas modificando o leiaute da mesma. É o caso das

aplicações da Rede NGT (canal 48) e da TV Gazeta (canal 11), que são idênticas do

ponto de vista da programação, conforme mostra a Figura 37. Verificamos então que os

questionamentos das enquetes contemplam temas diferentes, mas o funcionamento

global se mantém o mesmo.

(a) (b)

Figura 37 – (a) Enquete Rede NGT (b) Enquete TV Gazeta

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A experiência adquirida durante a criação de aplicativos interativos na parceria

com a TV Cabo Branco (subseção 4.2.1.2), e os estudos sobre os aplicativos interativos

atualmente existentes apontaram para a arquitetura em camadas apresentada na Figura

38.

Figura 38 – Arquitetura em camadas dos aplicativos interativos telejornalísticos

Analisando essa arquitetura, conclui-se que:

A camada de apresentação é variável. Ela refere-se ao leiaute das

aplicações. É razoável pensar que o telejornal A terá uma interface

diferente do telejornal B (telas, logos, animações, etc.);

A camada lógica é fixa. Todas as aplicações do tipo enquete, ou do tipo

quiz, por exemplo, terão uma mesma lógica de implementação. Os votos

de uma enquete serão computados da mesma forma, o sincronismo de

mídia de um quiz se dará da mesma maneira, etc.

A camada de dados é variável. É razoável pensar que diferentes enquetes

terão diferentes questionamentos, bem como as perguntas e respostas de

cada quiz serão diferentes, etc.

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Com essas observações, os módulos foram desenvolvidos explorando formas de

flexibilizar as camadas de apresentação e de dados, objetivando deixá-las como lacunas

a serem preenchidas pelos jornalistas.

4.2.5 Visão de Implantação da Ferramenta iTVnews

A Figura 39 apresenta o diagrama de implantação da ferramenta iTVnews com

sua arquitetura distribuída. Nela, é possível observar os protocolos por meio dos quais

se dará a comunicação. Também é percebido que a ferramenta desktop acessa o

repositório de módulos de criação de forma remota através do protocolo TCP/IP.

Figura 39 – Diagrama de Implantação iTVnews

Tendo recuperado o módulo de criação desejado do servidor para o PC (1), o

jornalista irá configurá-lo de acordo com a finalidade para a qual o aplicativo será feito.

Em seguida, o aplicativo pronto é enviado ao ambiente de execução (2). Este é

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apresentado no diagrama como uma caixa preta em que, na verdade, estão algumas

ferramentas que realizarão a multiplexação do aplicativo com os fluxos de vídeo e

áudio. Logo depois, os dados multiplexados seguem para o servidor de middleware (3)

que possui uma implementação do Ginga, usado para testar o aplicativo, exibindo o

resultado em uma TV ou algum outro dispositivo de exibição (celular, PDA, etc.) (4)

como acontece em um ambiente real.

4.3 Detalhamento do Módulo de Criação de Enquete da Ferramenta iTVnews

Nesta subseção é apresentada a especificação de requisitos, a arquitetura em

camadas, detalhes de implementação, visão de implantação e, por fim, o projeto de

interface com o usuário (jornalista) do módulo de criação de enquete da ferramenta

iTVnews. Para realização desta etapa, também foi usada a linguagem de modelagem

UML (Unified Modeling Language) [JACOBSON et al., 2005] [GUEDES, 2006] que

descreve modelos de sistema baseado em conceitos de objetos.

4.3.1 Casos de Uso do Módulo de Criação de Enquete

De forma a facilitar a compreensão do comportamento do módulo e fornecer

uma visão geral dos serviços disponíveis aos jornalistas, a Figura 40 apresenta o

diagrama de casos de uso do módulo de criação de enquete.

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Figura 40 – Diagrama de Caso de Uso do Módulo de Criação de Enquete

De maneira mais genérica, os casos de uso desse módulo já estão expandidos nas

tabelas 8 e 9 referentes aos casos de uso: configurar aplicação interativa e gerar

aplicação interativa, respectivamente.

4.3.2 Arquitetura do Módulo de Criação de Enquete

Esta seção descreve a proposta de arquitetura em camadas para desenvolvimento

do módulo de criação de enquete. Entre outros benefícios, a divisão em camadas

independentes permite a substituição da interface gráfica ou do meio de armazenamento

dos dados (trocar arquivos por um SGBD, por exemplo) sem afetar as regras de negócio

da aplicação. Isso facilita a reusabilidade das classes do negócio em outras aplicações e

permite maior flexibilidade na escolha de tecnologias para implementar a aplicação.

As três camadas da arquitetura podem ser vistas na Figura 41, e têm os seguintes

papéis:

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Figura 41 – Arquitetura em camadas do Módulo de Criação de Enquete

Camada de Apresentação - Esta camada tem a função de implementar

uma interface de entrada e saída para a interação do módulo com o

jornalista. Seu papel é de validar as informações fornecidas pelos

jornalistas e de conectá-lo aos serviços oferecidos pela camada de

Negócio.

Camada de Negócio - Esta camada representa o núcleo do módulo e é

responsável por implementar a lógica de negócio. Nela estão todas as

classes inerentes ao domínio do módulo;

Camada de Dados - Esta camada é responsável pela persistência e

acesso aos dados do módulo de criação. Ela isola o resto do módulo do

meio de armazenamento usado (arquivos: Lua e NCL, telas, logos, etc.)

de maneira que, se o meio de armazenamento for trocado, apenas as

classes desta camada precisarão ser modificadas ou substituídas;

4.3.3 Visão de Implementação do Módulo de Criação de Enquete

O diagrama de classes exibido na Figura 42 revela detalhes da implementação do

módulo de criação de enquete, definindo a estrutura de classes utilizadas, os atributos e

os métodos possuídos por cada classe, bem como o relacionamento entre elas.

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Figura 42 – Diagrama de Classes do Módulo de Criação de Enquete

4.3.4 Projeto da Interface com o Jornalista do Módulo de Criação de Enquete

A interface do módulo de criação de enquete (Figura 43) foi projetada para que

em poucos segundos o jornalista obtenha a sua enquete pronta para ser usada. Para

tanto, ela foi baseada em uma ferramenta usada atualmente por jornalistas do Portal

Paraíba1 (pertencente ao mesmo grupo da TV Cabo Branco) para criar as enquetes do

portal. Dessa forma, antes de criar a interface, já tínhamos o forte indício de sua

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aceitação por parte dos jornalistas. Ela se divide em duas partes: o formulário de

preenchimento de dados e o formulário de interface.

Figura 43 – Tela da interface do Módulo de Criação de Enquete

Para configurar a enquete, basta preencher os dois formulários. No formulário de

dados, primeiro é digitada a pergunta que será questionada à população e em seguida as

suas alternativas. Nesta versão inicial, optou-se por permitir enquetes até quatro

alternativas. Seguindo o preenchimento, no formulário referente à interface da enquete,

existem algumas opções relacionadas à programação telejornalística da emissora, no

caso a TV Cabo Branco. A Figura 43 mostra que existem interfaces para: Bom Dia

Paraíba, JPB, Paraíba Agora, Paraíba Notícia, Paraíba Comunidade e Globo Esporte

local. Tendo preenchidos os formulários, chega ao fim o processo de configuração da

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enquete. Agora, basta clicar no botão “Criar...” para escolher um diretório e salvar a

enquete finalizada no computador.

5. ESTUDO DE CASO: MÓDULO DE CRIAÇÃO DE ENQUETE

Este capítulo relata o estudo de caso desenvolvido com a finalidade de validar a

ferramenta iTVnews. A seção 5.1 apresenta a infraestrutura utilizada nos testes de

aceitação; a seção 5.2 discute sobre a forma de avaliação adotada; a seção 5.3 apresenta

os testes realizados; por fim, a seção 5.4 apresenta os resultados obtidos.

5.1 A Infraestrutura

Com o intuito de validar o módulo de criação de enquete da ferramenta iTVnews,

foi aproveitado o espaço físico da própria TV Cabo Branco. Os equipamentos utilizados

(Figura 44) foram apenas um notebook com o módulo de criação de enquete instalado;

um STB: marca Proview, com middleware Ginga distribuído pela RCASOFT17; um

pen-drive Kingston; e, por fim, uma TV para exibir os resultados. Possuir a máquina

virtual Java é o único requisito para o funcionamento correto do módulo.

17 www.rcasoft.com.br

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Figura 44 – Equipamentos usados nos testes do Módulo de Criação de Enquete

Na Tabela 10 é possível analisar os detalhes de cada equipamento utilizado nos

testes realizados por meio de suas especificações.

Tabela 10 – Especificação dos equipamentos utilizados nos testes do Módulo de Criação de Enquete

Equipament

o

Especificação

Notebook Core 2 Duo, 1,5GHz, 2 GB RAM, 250GB HD, Windows Vista Home Premium. JRE 6.

STB Modelo XPS-1000, middleware RCASOFT

TV TV PLASMA 42’’. Resolução 1024X768. Interface HDMI

Pen-Drive 2 GB

5.2 A Forma de Avaliação

Para avaliar o módulo de criação de enquete da ferramenta iTVnews, ele foi

submetido a testes de aceitação realizados pelos seus futuros usuários: os jornalistas.

Nestes testes, dez jornalistas da TV Cabo Branco tiveram a oportunidade de criar a sua

própria enquete, compondo-a por meio do módulo.

Depois de manusear a ferramenta, cada jornalista respondeu questionários18 para

registrar suas impressões. Nestes questionários, informações como dados pessoais,

formação profissional, atividades realizadas na emissora, e, por fim, experiência com

softwares de apoio em suas atividades e/ou em algum tipo de programação (script,

macro, customização, etc.) eram relatadas.

18 Questionários em anexo

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Além dessas informações, a fim de por em cheque a facilidade de manuseio da

ferramenta, foi perguntado aos participantes sobre a necessidade de treinamento para

aprender a operá-la. Para completar a análise, cinco propriedades foram sugeridas para

que os participantes atribuíssem nota (entre 1 e 10). As propriedades foram:

Usabilidade: referindo-se à simplicidade e facilidade com que se

interage com a interface da ferramenta;

Navegação: referindo-se à facilidade em encontrar o que se procura e se

localizar em um determinado lugar;

Linguagem: referindo-se à linguagem do domínio que a ferramenta

pertence, ou seja, se ela contempla a linguagem do telejornalismo;

Tempo gasto: referindo-se ao tempo necessário para criar uma

aplicação, ou seja, se o tempo de criação acompanha a dinamicidade

exigida no contexto telejornalístico;

Aplicabilidade: referindo-se à importância de se ter tal ferramenta na

emissora, às oportunidades que ela abrirá, e as contribuições que ela

trará.

5.3 Testes de Aceitação

Os testes foram realizados com alguns profissionais da TV Cabo Branco, dentre

os quais, editores de texto, editores de matéria, apresentadores, repórteres e diretores

(Figura 45). Dentre os jornalistas que participaram, nenhum relatou ter qualquer

experiência com programação (script, macro, customização, etc.). Contudo, alguns

relataram que usam softwares para apoiar suas atividades como o Easynews (vide

capítulo 2) e o Adobe Premiere19.

19 www.adobe.com/products/premiere/

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Figura 45 – Jornalistas interagindo com o Módulo de Criação de Enquete da ferramenta iTVnews

Os jornalistas interagiram com a ferramenta criando enquetes sobre temas

relevantes e atuais com os quais estavam trabalhando na emissora. Enquetes sobre

sistema de cotas, maioridade penal, eleições, esporte, dentre outras foram criadas. As

enquetes podiam ter duas, três ou quadro alternativas de resposta. Além disso, também

foi possível escolher o logo do telejornal para o qual a enquete estava sendo criada. A

Figura 46 apresenta o resultado gerado pelo módulo de criação de enquete da

ferramenta iTVnews. Trata-se de uma enquete com quatro alternativas de resposta criada

para o JPB (um dos telejornais da emissora). Como a versão testada é experimental,

ainda não esta sendo tratada a quebra de linhas, como pode ser observado.

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Figura 46 – Aplicação sobre maioridade penal criada por um dos jornalistas da TV Cabo Branco

5.4 Resultados Obtidos

A Figura 47 apresenta o resultado da avaliação, realizada por dez jornalistas, das

propriedades do módulo de criação de enquete da ferramenta iTVnews. Todos os

profissionais que interagiram com a ferramenta criaram seus aplicativos (escolha da

pergunta, alternativas e logo) em uma média de 40 segundos. Esse foi o tempo

necessário para digitar as informações e escolher a interface do aplicativo. Eles também

relataram que mesmo sem uma explicação prévia do funcionamento do módulo foi

possível entender seu manuseio devido à simplicidade; e que, com a ferramenta, será

viável para os jornalistas tornarem-se os responsáveis pela criação dos aplicativos para

TVDI, dependendo da existência de módulos de criação adequados. De acordo com o

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gráfico, todos os quesitos sugeridos tiveram uma média bastante satisfatória (entre 9 e

10).

Figura 47 – Resultado da avaliação do Módulo de Criação da ferramenta iTVnews

5.5 Discussão

A estratégia adotada para a avaliação promoveu uma grande interação entre as

equipes de informática do LAVID e de Comunicação da TV Cabo Branco. Ela testificou

a importância da aproximação que existiu desde a fase de levantamento de requisitos, no

início do trabalho. Tal aproximação culminou em uma avaliação muito positiva,

realizada por usuários reais, e em uma enriquecedora troca de experiências para as

equipes envolvidas.

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A fim de melhor avaliar a ferramenta, esta pesquisa tinha por objetivo realizar

uma avaliação comparativa com alguma outra ferramenta existente. Contudo, a natureza

inovadora da ferramenta iTVnews tornou-se um empecilho para a realização desta

tarefa. Isso ocorreu, pois, dentre as ferramentas atualmente existentes, nenhuma, de fato,

funciona de forma próxima o suficiente da iTVnews a ponto de proporcionar uma

comparação justa. Apesar da ferramenta NCL Wizard se propor a trabalhar no mesmo

domínio da ferramenta iTVnews, ela ainda encontra-se muito incipiente e resultados

práticos não foram encontrados. Uma tentativa forçada de comparação ainda foi

projetada com o Composer, contudo, devido à diferença dos domínios a que as

ferramentas pertenciam, percebeu-se a inviabilidade da comparação. Assim ficou

decidido que seria realizado apenas os testes de aceitação da ferramenta iTVnews

individualmente.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este capítulo relata as considerações finais sobre o trabalho desenvolvido. A

seção 6.1 apresenta os resultados obtidos; a seção 6.2 discute sobre as contribuições

deste trabalho; por fim, a seção 6.3 discute os possíveis trabalhos futuros.

6.1 Resultados Obtidos

A ferramenta iTVnews, descrita nesta dissertação, compõe aplicativos interativos

em TVDI para telejornal de forma simples. Para tanto, ela abstrai as complexidades das

linguagens de programação ou do domínio de algum modelo de autoria. A ferramenta

foi assim concebida para ser manuseada por jornalistas, enquadrando-se na dinâmica do

contexto telejornalístico, em que o tempo é crucial. Outro ponto que merece destaque na

ferramenta é que ela fornece mais autonomia aos jornalistas na criação de matérias

interativas.

Como estratégia para sua concepção foi firmada uma parceria entre o LAVID e a

TV Cabo Branco que culminou em um intercâmbio de conhecimento e experiências

conjuntas na criação de aplicativos interativos, como a aplicação “O Bairro que eu

quero”, apresentada na subseção 4.2.1.2. Essa parceria também contribuiu para

implementação do módulo de criação de enquete da ferramenta iTVnews. Os jornalistas

realizaram testes de aceitação com o módulo que apresentaram resultados satisfatórios,

validando a ferramenta.

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A Tabela 11 retoma a análise entre as ferramentas apresentadas no Capítulo 3,

posicionando neste cenário a ferramenta iTVnews. Contudo, analisamos apenas a

ferramenta NCL Wizard permaneceu, pois ela é a única que realmente propõe-se a

trabalhar no mesmo domínio que a ferramenta iTVnews. Na Tabela 11, observamos que

a ferramenta iTVnews destaca-se por contemplar todas as linguagens suportadas pelo

middleware Ginga (contemplando assim o ambiente imperativo, Ginga-J, e declarativo,

Ginga-NCL) enquanto a NCL Wizard trabalha apenas com a linguagem NCL

(contemplando apenas o ambiente declarativo, Ginga-NCL). Além disso, a iTVnews

privilegia o jornalista como aquele que irá compor os aplicativos interativos para TVDI,

por meio de módulos adequados, tendo seu foco totalmente voltado a ele, ou seja, ao

profissional não-especialista em informática. Já a NCL Wizard, apesar de se propor a

também atender esse quesito, não relata nenhum teste ou experiência com profissionais

não-especialistas em informática. Outro ponto que merece menção, constatado nos

testes realizados, é a facilidade com a qual os jornalistas adaptaram-se a ferramenta

iTVnews, não sendo necessários longos treinamentos. Isso ocorre devido à abstração

adotada em que não é requerido conhecimento prévio sobre linguagem de programação

ou modelo de autoria. Em relação à NCL Wizard, mais uma vez não foram encontrados

relatos sobre esse quesito.

Tabela 11 – Análise comparativa da ferramenta NCL Wizard com a ferramenta iTVnews

Ferramenta Suporte as Linguagens

Foco no usuário

(Jornalista)

Foco na aplicação interativa

Distribuição Padrões/Plataformas

Conhecimentos requeridos

NCLWizard(wizard)

NCL Parcialmente Atende Acadêmica Ginga-NCL –

iTVnews NCL, Lua e Java

Atende Atende Acadêmica Ginga-NCL e Ginga-J

Não necessita

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96

6.2 Contribuições

Como contribuição, destaca-se o perfil inovador da pesquisa desenvolvida,

buscando uma maior aproximação entre academia e empresa, iniciativa que precisa de

mais incentivo no Brasil. Devido a isso, foi possível estabelecer uma enriquecedora

experiência que proporcionou a transferência de conhecimento sobre TVDI para a

emissora. Convém enfatizar que este é um dos objetivos do projeto RH-TVD CAPES no

qual este trabalho está inserido, portanto, contribuição de extrema relevância deste

trabalho.

Outro ponto interessante é que a ferramenta contribui para desmistificar a

criação de aplicativos interativos no contexto telejornalístico, pois ela auxilia a criação

destes em tempo hábil; dá autonomia aos jornalistas para criar, através de composição,

seus aplicativos; e, por fim, diminui os custos da produção pelo enxugamento das caras

equipes de designers e engenheiros de software. Além disso, a metodologia

desenvolvida e a arquitetura distribuída proposta neste trabalho podem ser aplicadas a

outros contextos de TVDI, contribuindo em demais áreas da comunicação.

Por fim, evidenciando as contribuições e a relevância do tema estudado, alguns

trabalhos científicos foram publicados. Dentre eles, destacam-se: “Perspectivas da

interatividade no telejornalismo na TV digital brasileira” [CIRNE et al., 2009] que foi

publicado no Livro da Compós; e “Uma Ferramenta para Construção de Aplicações

Telejornalísticas em TV Digital Interativa” [SOUSA et al., 2010] que foi publicado no

Brazilian Technology Symposium que ocorreu na cidade de Campinas-SP.

6.3 Trabalhos Futuros

Como trabalhos futuros, aponta-se o desenvolvimento de novos módulos de

criação de aplicativos interativos para a ferramenta iTVnews, uma vez que o escopo

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deste trabalho foi o desenvolvimento do módulo de criação de enquete. Como pôde ser

observado no gráfico da seção 4.2.1.4, existem outras possibilidades de aplicativos

interativos para telejornal que interessam aos jornalistas, tais como quiz, upload de

vídeos/imagens, informações adicionais, dentre outras. Cada uma dessas possibilidades

poderiam ser exploradas em módulos adicionais para o iTVnews.

Durante a realização dos testes de aceitação foi vislumbrada outra oportunidade

para continuidade deste trabalho através da realização de testes de usabilidade, em que é

possível avaliar a interface de usuário da ferramenta face às reais necessidades de uso

do usuário jornalista.

Por fim, um passo desejável para conclusão da apropriação da tecnologia pelos

jornalistas é a implantação da ferramenta em um ambiente de produção real. Dessa

forma, seria possível fechar o ciclo da engenharia de produto e aprender através da

experiência de uso continuo da iTVnews.

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[VEIGA & TAVARES, 2007] VEIGA, E. G.; TAVARES, T.A.; Um Modelo de Processo para o Desenvolvimento de Programas para TV Digital e Interativa baseado em Metodologias Ágeis. 2007.

[WAISMAN, 2006] WAISMAN, Thais; Usabilidade em serviços educacionais em ambiente de TV Digital. São Paulo: s.n., 2006. Tese (doutorado) - Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo.

[YAMADA et al., 2004] YAMADA, F., SUKYS, F., BEDICKYS, G, AKAMINE, C., RICHARDS JUNIOR, C., DANTAS, C. E. S. Sistema de TV Digital, Procedimento de Medidas. In: Revista Mackenzie de Engenharia e Computação. São Paulo, Editora Mackenzie, vol. 5, p. 13-268, 2004.

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ANEXO A

Anexo com questionários realizados em oficinas e entrevistas com profissionais

da área de comunicação, tanto da área acadêmica quanto os que estão trabalhando no

mercado, a fim de inserir a visão deles na ferramenta iTVnews.

A.1 Questionário realizado com participantes da Oficina a fim de identificar aplicações interativas de maior interesse para telejornais

QUESTIONÁRIO - OFICINA DE INTERATIVIDADE PARA TELEJORNALISMO

NOME: ______________________________________________________________________

OBJETIVO: Levantar, dentre as apresentadas na oficina, aplicações interessantes para telejornais interativos. Marque um (X) nas três aplicações mais interessantes. Comente-as.

1. ( ) Visualização de informações adicionais (fotos ou textos)

2. ( ) Visualização de informações sobre o tempo

3. ( ) Visualização de informações sobre a Bolsa

4. ( ) Tele texto

5. ( ) Votação

6. ( ) Enquete

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7. ( ) Enviar vídeo para emissora de TV

8. ( ) Enviar foto para emissora de TV

9. ( ) Receber informações

10. ( ) Personalizar jornal com a preferência do telespectador

11. ( ) Questionário com respostas do tipo “certo ou errado” – Quiz

COMENTÁRIOS: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

A.2 Entrevista com Jornalistas da TV Cabo Branco participantes dos testes de aceitação do Módulo de Criação de Enquete da Ferramenta iTVnews

ROTEIRO DA ENTREVISTA DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

Nome

Formação/Profissão

Local de trabalho

Atividades que realiza no trabalho

PERGUNTAS:

1. Usa algum software para apoiar suas atividades?

2. Qual?

3. Como aprendeu?

4. Já trabalhou com algum tipo de programação, script, macro, customização do software que usa?

5. O que era?

6. Como era?

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7. Como foi feito?

8. Por quem?

DESEMPENHO AO MANUSEAR FERRAMENTA iTVnews

Sem treinamento

Após 5 minutos de treinamento

Após 10 minutos de treinamento

A.3 Questionário realizado com Jornalistas da TV Cabo Branco participantes dos testes de aceitação do Módulo de Criação de Enquete da Ferramenta iTVnews

QUESTIONÁRIO A fim de avaliar o módulo de criação de enquete da ferramenta iTVnews, assinale com um X uma nota (entre 1 e 10) nos quesitos sugeridos na tabela abaixo:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10USABILIDADENAVEGAÇÃOLINGUAGEMTEMPO GASTOAPLICABILIDADE

SUGESTÕES:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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