PQC? Edição 0

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Edição 00 - Março - 2016 uma publicação do coletivo Nós Não Vamos Pagar Nada - UFF Deu treta no credenciamento do CONEUFF! O que rolou? Confusão e gritaria dão o ponta-pé inicial do Congresso Estudantil da UFF canto 2 Estudantes e mães Mulheres precisam dividir o tempo entre a sala de aula e a maternidade canto 3 EBSERH no HUAP? Comunidade acadêmica diz ‘não’ à privatização do hos- pital universitário canto 4 Quer construir com a gente? Entre em contato pelo Facebook Acesse: facebook.com/paganadauff

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Edição 0 da publicação impressa do coletivo de movimento estudantil universitário Nós Não Vamos Pagar Nada, da UFF - RJ

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Edição 00 - Março - 2016

uma publicação do coletivo Nós Não Vamos Pagar Nada - UFF

Deu treta no credenciamento do CONEUFF! O que rolou?

Confusão e gritaria dão o ponta-pé inicial do Congresso Estudantil da UFF canto 2

Estudantes e mãesMulheres precisam dividir o tempo entre a sala de aula e a maternidade canto 3

EBSERH no HUAP?Comunidade acadêmica diz ‘não’ à privatização do hos-pital universitário canto 4

Quer construir com a gente? Entre em contato pelo FacebookAcesse: facebook.com/paganadauff

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Editorial

Bem vindas/os à primeira edi-ção do jornal ‘Por que Cantamos?’. Somos estudantes de diferen-tes cursos, semestres e campi da UFF que buscam divulgar ideias e suscitar debates acerca do que acontece em nossa universida-de. Nessa edição traremos temas que versam sobre as pautas das mulheres, em decorrência do 8 de março, como a assistência es-tudantil para mães estudantes, a luta para barrar a EBSERH no Hos-pital Antônio Pedro, e mais .

Hoje, a UFF já soma mais de 50 mil estudantes. Somos uma das maiores e mais interiorizadas uni-versidades do país. Ainda assim, enfrentamos uma série de pro-blemas no nosso cotidiano, como falta de moradia estudantil, ban-

Por que canta

mos?

CONEUFF

Confusão no credenciamento do congressoPor Manu Amaral

Na noite de segunda-fei-ra, 07 de março, ocorreu o cre-denciamento dos delegados do Congresso da UFF, na Faculdade de Engenharia. O processo já co-meçou em xeque, pois o regula-mento do Congresso indicava o credenciamento no domingo, 06, às 14h no prédio do DCE.

Apesar da irregularidade o processo aconteceu. No entanto, durante o credenciamento, a di-reção majoritária do DCE alegou

dejão em todos os campi, prédios caindo (literalmente) e com obras atrasadas, entre outros fatores. As e os trabalhadoras/es terceiri-zadas/os enfrentam as mais terrí-veis condições de trabalho, com seus salários frequentemente atrasados. Como reflexo disso, vi-vemos em 2015 uma das maiores greves do país, com paralisação de docentes, servidores técnico--administrativos e estudantes.

O “Por que cantamos?” nas-ceu com a proposta de pautar a

universidade por suas questões políticas, culturais, artísticas e da vida cotidiana, fazendo um recor-te de mulheres, do movimento negro e LGBT. Cobrindo também a realidade dos seus sindicatos, dos movimentos sociais e da ju-ventude. É necessário revitalizar o movimento estudantil e nesse sentido entendemos que a co-municação tem um papel funda-mental. Defendemos uma univer-sidade 100% pública, gratuita, de qualidade e socialmente referen-ciada! A proposta é que este jor-nal sirva como um espaço no qual os estudantes possam ter voz e divulgar suas ideias de maneira ampla. Se você também acredita e defende a universidade pública, vem com a gente!

que parte dos delegados eleitos não poderiam ser credenciados para votar porque não tinha a documentação necessária que constava no regimento. Como grande parte dos delegados es-tavam irregulares, o credencia-mento foi interrompido e levado ao Chalé de Arquitetura, e per-maneceu assim até às 22h. Foi acordado com os presentes que só seria recebida a documenta-ção necessária para o credencia-mento até as 22h.

Porém, após as 22h a pró-pria CO do Congresso trouxe atas e documentações para cre-

denciar delegados, que inclusive não estavam regularizados, des-respeitando mais uma vez o re-gimento e desfazendo o acordo que tinha sido feito anteriormen-te com pessoas que esperavam o credenciamento de seus delega-dos desde as 18h.

Com a atitude, parte da opo-sição de esquerda do DCE tentou impedir que essas irregularida-des acontecessem. A partir daí os ânimos se exaltaram e uma con-fusão generalizada se instaurou. A oposição decidiu se retirar do espaço e o processo de creden-ciamento foi suspenso.

O que rolou?

Canto 2 - Coletivo Nós Não Vamos Pagar Nada - UFF

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Mulheres da UFF

Há um grupo de mulheres na uni-versidade que além de enfrentar as di-ficuldades comuns a todo estudante, como poucas bolsas de auxílio, infra-estrutura precária, filas na bandejona, também dividem o tempo com as ta-refas de mãe. Entre os cuidados com a criança, elas enfrentam a dificulda-de de acesso aos espaços da universi-dade, a falta de vaga na creche, pouco tempo de licença maternidade, falta de auxílio satisfatório e diversas ou-tras barreiras até o fim da graduação.

“Entrar na universidade foi um sonho que batalhei para realizar. Mas é bem difícil permanecer, porque é um ambiente excludente para as mulheres que são mães. Eu já fui bar-rada no bandejão com meu filho”, conta Beatriz, estudante de Sociolo-gia da UFF, que foi mãe do primeiro filho ainda no ensino médio.

“Já fui barrada no bandejão com meu filho”

Beatriz, estudante

Esse sentimento de exclusão é algo comum entre essas mulheres, principalmente quando elas desco-brem que estão grávidas. Andrez-za, que passa pela gestação de sua primeira filha conciliando as aulas do curso de Publicidade e Propa-ganda e o dia-a-dia da gestação, compartilha desse sentimento: “Quando eu descobri que estava grávida, foi um susto. Pensei que minha vida tinha acabado”.

O primeiro passo que mui-tas delas dão é pesquisar sobre seus direitos, e é nesse momento que elas percebem que as informações não são só desconhecidas por elas, mas também pela própria admi-

nistração da universidade. “Quan-do eu falei com a coordenadora, ela disse que não sabia muito o que me dizer. Só sabia que eu tinha direito a uma licença de 3 meses assim que o bebê nascesse. Mas com quem eu ia deixar um bebê de 3 meses? Quem vai dar de amamentar?”, questiona Andrezza.

A advogada de Direitos Huma-nos e mestranda da UERJ em Dire-tos das Mulheres, Gabriela Azeve-do, que deu à luz quando estava no mestrado, confirma que o direito da lincença é garantido e reforça a ideia de que o tempo não é sufi-ciente. “A aluna deve dar entrada na licença maternidade no período que for conveniente. O CNPQ e a CAPES já regulamentaram a licen-ça para as bolsistas. Eu mesma me enquadrei nesse exemplo. Essa li-cença, que ainda é muito pequena, foi importante para que eu conse-guisse me dedicar ao meu filho nos primeiros meses de vida.”

Andrezza também achou esse tempo insuficiente: “Eu e a coorde-nadora do curso de Comunicação es-tamos tentando aumentar a licença. E depois desses 3 meses, no período seguinte, a ideia é continuar cursan-do as disciplinas de casa, criando um regime preferencial de gestante”. Esse regime ainda não é oficial den-tro da universidade, mas Andrezza recebeu a informação de que, de-pois de muita insistência, conseguiu esse benefício, abrindo precedente para que outras mulheres possam também fazer o pedido.

Outra questão é que na UFF não há a garantia de licença paternidade aos estudantes, reforçando a ideia de que a responsabilidade maior do cuidado das crianças é das mães.

Estudantes sim, mães também Por Manu Amaral

Interior também

é UFF Por Dani Pacheco

A UFF, com sua proposta de interiorização, levou diversos cur-

sos para diversas cidades, como Angra dos Reis, Campos dos

Goytacazes, Itaperuna, Macaé, Miracema, Nova Friburgo, Petró-

polis, Quissamã, Rio das Ostras, Santo Antônio de Pádua e Volta

Redonda. O interesse inicialmen-te relatado é que levar cursos da

universidade para outras cidades seria inserção social. Mas será que

ela se responsabiliza por eles?

No interior tem vários proble-mas. Diversas vezes falta água.

Quem gostaria de estudar e não poder beber uma gota de água

potável sem ter que desembolsar algum dinheiro para pagar nas cantinas? Faltam prédios para

alocar as atividades, não é pos-sível ter algumas aulas, sala pros

DAs e CAs, sala pra estudar ou ter um projeto de pesquisa. Já teve

disciplina dando aula fora de sala por não ter espaço nos prédios,

isso contando com os containers que alguns polos têm que usar

por não ter espaço físico.

Falta luz e falta docente. Os aparelhos de ar-condicionado

e projetores estão, na maioria, quebrados. Aulas com slides não

podem ser dadas, além de que turmas com muitos alunos numa sala pequena e sem ar-condicio-nado torna o aprendizado difícil. Há polo no interior sem lugar pra

tirar xerox. Não tem bandejão. A única alternativa dos alunos é

buscar lugares mais baratos para se alimentar. Onde está o diálogo

da Universidade com o Interior?

Coletivo Nós Não Vamos Pagar Nada UFF - Canto 3

Outros Cantos

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HUAP

EBSERH na UFF: queremos decidir!

O Hospital Universitário Antô-nio Pedro é uma importante ferra-menta de saúde pública e gratuita para a cidade de Niterói e região, principalmente para as pessoas que não podem pagar planos privados de saúde. Entretanto, devido aos sucessivos cortes do governo fede-ral aos recursos das universidades públicas, o HUAP já está em um grau avançado de precarização.

Nesse contexto, o governo ainda tenta forçar as universida-des públicas a aderir à EBSERH a partir de um movimento de es-trangulação financeira. Na UFF, esse processo tem ocorrido de modo antidemocrático.

Não foram poucas as reu-niões que o vice-presidente do hospital, Tarcísio Rivello, e que o reitor, Sidney Mello, convoca-ram para que a entrega do HU à EBSERH fosse aprovada em es-paços de deliberação onde a co-munidade acadêmica não tem voz. Foram convocadas reuniões

do conselho deliberativo na Fa-culdade de Medicina, em que o próprio presidente do conselho e também vice-presidente, Tar-císio, não apareceu, chamaram reuniões para fora do espaço da universidade, até mesmo foi fei-ta uma tentativa de se aprovar a implementação por votação por e-mail.

Todas essas tentativas foram falhas, graças à mobilização dos três setores que não aceitaram que uma mudança tão drástica na forma de organização e ad-ministração do HUAP fosse feita “de cima pra baixo”.

Na terça-feira, 8 de março, mais uma vez o conselho delibe-rativo do Huap foi convocado para aprovar a resolução da EBSERH na Procuradoria Federal. Dessa vez a reitoria e o vice-presidente do HUAP não pouparam esforços e convocaram as forças de repres-são, entre elas a Guarda Municipal, Policia Militar e Polícia Federal,

para garantir que a resolução fos-se aprovada sem que estudantes, docentes e técnicos pudessem ser ouvidos. Inclusive, essas forças lançaram gás lacrimogênio em es-tudantes que compunham o ato contrário ao processo antidemo-cratico que ali acontecia.

Tudo indica que a próxima vo-tação da EBSERH deve ocorrer no próximo dia 16 de março, no Con-selho Universitário (CUV) em um local também fora da universidade, seguindo a linha da falta de trans-parência, diálogo e democracia.

Hoje, quem é contra a privati-zação do HUAP defende que um processo amplo e democrático ocorra na UFF pra que o desti-no do hospital universitário seja decidido por toda a comunidade acadêmica, com a realização de audiências públicas e um plebis-cito, para que poucos não deci-dam por muitos.

Outras críticasA EBSERH permite a contra-

tação de trabalhadores em regi-me similar à terceirização e traz a ideia de “autonomia financei-ra”, que faz com que o hospital universitário precise trabalhar na lógica do lucro.

O Fórum Nacional Contra a Privatização da Saúde afirma que a EBSERH representa perda da autonomia universitária e da conexão entre ensino, pesquisa e extensão. Outro forte questio-namento é quanto à implanta-ção da dupla porta nos hospitais, uma pública e outra para serviços privados, cenário provável com o novo modelo de gestão proposto.

Todos ao CUV no dia 16!

Ato em Niterói contra a EBSERH. Foto: Andrew Costa

Canto 4 - Coletivo Nós Não Vamos Pagar Nada - UFF