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0 2 Pra decorar! Reciclar, criar e educar. Essas são as palavras de ordem da arquiteta Cristiane Lopes, que, em pleno Bairro Alto, desenvolve móveis e objetos de decoração a partir de todo tipo de material despejado pela vizinhança. “Todas semana saímos de carro pelas ruas da região atrás de tranqueiras que as pessoas acabam descartando e recolhemos de tudo. Desde tapetes e quadros antigos, até peças de fogão e armários antigos. Nada se perde. Tudo de aproveita”, afirma Cristiane. A ideia de trabalhar com a produção de decoração a partir de lixo surgiu há pouco mais de dois anos, quando Crisitiane foi dar aula de “Layout de Eventos” para cursos à distância do Instituto Federal do Paraná (IFPR). “Tinha cerca de quatro mil alunos espalhados pelo Brasil inteiro. E tinham estudantes que moravam em cidades mais distantes, onde não encontravam os materiais utilizados em aula. Foi aí que eu parti pra descoberta de materiais alternativos e me envolvi profundamente com o tema e comecei essa bagunça organizada”, conta. Cristiane criou dentro da própria casa uma espécie de depósito, onde retira todo o material para criar e reforma os objetos. Para as tarefas, conta com ajuda da filha Raphaela, de 10 anos. “Está tudo centralizado aqui. Então trazemos o que recolhemos na rua pra cá e assim vamos montando as peças. E a Raphaela tá sempre junto, participando das nossas caçadas”, explica a arquiteta, que já criou uma mesa a partir de uma cadeira de escritório e diversas estantes feitas com gavetas antigas. Projeto Com o passar do tempo, o que era um passatempo se tornou um projeto chamado “Coleta Legal Curitiba”, no qual a própria Cristiane recolhe o material após ser solicitada. “Quando eu consigo, eu mesmo vou lá e apanho. As vezes, pedimos ajuda às pessoas pra recolher, principalmente quando é um objeto maior”, diz. Segundo Cristiane, os objetos criados a partir do lixo são doados ou guardados 105 Gosto

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Pra decorar!

Reciclar, criar e educar. Essas são as palavras de ordem da arquiteta Cristiane Lopes, que, em pleno

Bairro Alto, desenvolve móveis e objetos de decoração a partir de todo tipo de material despejado pela

vizinhança. “Todas semana saímos de carro pelas ruas da região atrás de tranqueiras que as pessoas

acabam descartando e recolhemos de tudo. Desde tapetes e quadros antigos, até peças de fogão e

armários antigos. Nada se perde. Tudo de aproveita”, afirma Cristiane.

A ideia de trabalhar com a produção de decoração a partir de lixo surgiu há pouco mais de dois anos,

quando Crisitiane foi dar aula de “Layout de Eventos” para cursos à distância do Instituto Federal do

Paraná (IFPR). “Tinha cerca de quatro mil alunos espalhados pelo Brasil inteiro. E tinham estudantes

que moravam em cidades mais distantes, onde não encontravam os materiais utilizados em aula. Foi aí

que eu parti pra descoberta de materiais alternativos e me envolvi profundamente com o tema e

comecei essa bagunça organizada”, conta.

Cristiane criou dentro da própria casa uma espécie de depósito, onde retira todo o material para criar e

reforma os objetos. Para as tarefas, conta com ajuda da filha Raphaela, de 10 anos. “Está tudo

centralizado aqui. Então trazemos o que recolhemos na rua pra cá e assim vamos montando as peças.

E a Raphaela tá sempre junto, participando das nossas caçadas”, explica a arquiteta, que já criou uma

mesa a partir de uma cadeira de escritório e diversas estantes feitas com gavetas antigas.

Projeto

Com o passar do tempo, o que era um passatempo se tornou um projeto chamado “Coleta Legal

Curitiba”, no qual a própria Cristiane recolhe o material após ser solicitada. “Quando eu consigo, eu

mesmo vou lá e apanho. As vezes, pedimos ajuda às pessoas pra recolher, principalmente quando é

um objeto maior”, diz. Segundo Cristiane, os objetos criados a partir do lixo são doados ou guardados

105Gosto

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na própria casa da arquiteta. “Uma coisa ou outra nós vendemos, mas por um preço simbólico. A ideia

aqui não arrecadar, mas sim educar através de ações sustentáveis”, completa.

Cristiane nem sempre fica com tudo. Muitas vezes, ela doa parte dos objetos recolhidos pelo projeto

“Coleta Legal Curitiba”. “Temos contatos com igrejas, asilos e outras instituições que sempre estão

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precisando. Então trocamos informações e sempre dou muita coisa pra eles”, diz. “Recolhemos muita

coisa e todo o tipo de objeto. Então sempre a doação faz parte do processo”, ressalta.

Raridade

Entre os objetos recolhidos por Cristiane, um quadro achado numa caçamba no bairro Juvevê chamou

a atenção da arquiteta. “No dia não demos muita bola, mas depois vimos que se tratava de uma obra

de Arthur Nisio, um dos pintores mais famosos do Paraná, que trabalhou com João Turim e foi um dos

fundadores da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Ele era especialista em natureza morta, mas

o quadro era um retrato, o que deixou a obra ainda rara”, revela Cristiane, que passou o quadro para

uma equipe especializada da UFPR, que ainda está avaliando a pintura. “Isso mostra que muita gente

joga muita coisa fora sem saber o que é, quando vale e qual o valor histórico do objeto. É uma pena”,

Para o futuro, Cristiane quer organizar em poucos meses um espaço para aulas de reaproveitamento e

reciclagem de objetos descartados. “Quero fazer um centro para as pessoas fugirem do mundo e se

dedicar à arte. Então, vou dar aulas de pintura, oferecer espaço para outros artistas plásticos trabalhar

e continuar recolhendo objetos na rua para oferecer o material. Ainda vou atrás de parcerias pra coisa

andar, mas já sei o que quero fazer. O projeto ainda é novo, tem seis meses, mas tenho certeza que

tem muito a oferecer no futuro”, conclui a arquiteta.

Mais informações

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“Coleta Legal Curitiba”

Telefone: (41) 9964-8381

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