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Pós-Graduação em Ciência da Computação SHIRLEY DA SILVA JACINTO DE OLIVEIRA CRUZ PREFERÊNCIAS PESSOAIS PARA O TRABALHO EM EQUIPE NO DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE: UMA PESQUISA QUALITATIVA Universidade Federal de Pernambuco [email protected] www.cin.ufpe.br/~posgraduacao RECIFE 2016

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Pós-Graduação em Ciência da Computação

SHIRLEY DA SILVA JACINTO DE OLIVEIRA CRUZ

PREFERÊNCIAS PESSOAIS PARA O TRABALHO

EM EQUIPE NO DESENVOLVIMENTO DE

SOFTWARE: UMA PESQUISA QUALITATIVA

Universidade Federal de Pernambuco [email protected]

www.cin.ufpe.br/~posgraduacao

RECIFE

2016

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Shirley Da Silva Jacinto De Oliveira Cruz

Preferências Pessoais Para O Trabalho Em Equipe No Desenvolvimento De

Software: Uma Pesquisa Qualitativa

ORIENTADOR: Prof. Fabio Queda Bueno da

Silva

RECIFE

2016

Este trabalho foi apresentado à Pós-Graduação em

Ciência da Computação do Centro de Informática da

Universidade Federal de Pernambuco como requisito

parcial para obtenção do grau de Doutora em

Ciência da Computação.

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Shirley da Silva Jacinto de Oliveira Cruz

Preferências Pessoais para o Trabalho em Equipe no

Desenvolvimento de Software: Uma Pesquisa Qualitativa

Tese de Doutorado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ciência da

Computação da Universidade Federal de

Pernambuco, como requisito parcial para a

obtenção do título de Doutora em Ciência da

Computação

Aprovado em: 14/09/2016.

_____________________________________________ Orientador: Prof. Dr. Fabio Queda Bueno da Silva

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________

Prof. Dr. André Luis de Medeiros Santos

Centro de Informática / UFPE

_____________________________________________

Profa. Dra. Patricia Cabral de Azevedo Restelli Tedesco

Centro de Informática / UFPE

______________________________________________

Prof. Dr. Hermano Perrelli de Moura

Centro de Informática / UFPE

_____________________________________________

Prof. Dr. Alberto Cesar Cavalcanti França

Departamento de Estatística e Informática / UFRPE

______________________________________________

Prof. Dr. Luiz Fernando Capretz

Department of Electrical and Computer Engineering

Western University - Canada

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ser meu guia em tudo que faço e para aonde vou, por

me conceder mais uma graça alcançada, pelo dom da fé, da perseverança, da

determinação e por todas as oportunidades concedidas, as quais me permitiram chegar

até aqui. Ao meu Deus, que é o Deus do impossível. Obrigada, Senhor!

Ao meu orientador, Fabio Q. B. da Silva, pelo acolhimento, generosidade,

oportunidade, seriedade, disponibilidade, boa fé, carinho e pelos ensinamentos

fornecidos para que a pesquisa pudesse ser realizada. Com certeza, um anjo de Deus

na minha vida. Uma pessoa por quem tenho profunda admiração e da qual eu nunca

esquecerei.

Ao Centro de Informática da UFPE pela excelente estrutura, suporte e

ambiente oferecidos aos alunos, e a todos os professores, principalmente aos que eu

tive a oportunidade de conhecer e aprender tantas coisas.

Ao meu amado marido, Paulinho, e aos meus dois filhos, Maria Paula e

João Paulo, por serem a minha motivação de viver e de ser uma pessoa melhor.

À minha família que apoiou cada passo dado para a concretização desse

objetivo, e que esteve presente ajudando, sempre com uma palavra e um gesto de

incentivo.

Ao meu ex-diretor Zeque, ao meu Pró-Reitor Décio Fonseca, às minhas amigas

do trabalho que se transformaram em amigas para a vida toda: Roberta e Nadja.

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“Aquele que crê em mim nunca estará sozinho.”

Jesus Cristo

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RESUMO

A engenharia de software é uma disciplina de natureza sóciotécnica baseada na

forte interação entre fatores pessoais, sociais e técnicos. Conceitualmente, os aspectos

sociais da engenharia de software incluem formas de interação, comportamentos e

organização de pessoas. Dentre os possíveis preditores do desempenho de equipes, um

dos fatores mais estudados é a personalidade individual. Na área de engenharia de

software, a pesquisa sobre personalidade ainda é pontual, uma vez que o tema ainda é

considerado novo, na área, e com muitas oportunidades de investigação para melhorar

e estender as descobertas deste campo de pesquisa. O objetivo central desta tese é

compreender quais as preferências dos profissionais de software em trabalhar com

outros profissionais, em termos de características de personalidade, e quais os efeitos

dessas características nos resultados das equipes. Para isso, propomos a Questão

Central de Pesquisa: “O que leva um profissional de software a querer trabalhar com

outro, em termos de características de personalidade?”. Para responder à pergunta,

adotamos a Pesquisa Qualitativa Básica como método de coleta e análise dos dados.

Este método tem como objetivo fornecer, através de dados, um entendimento do

fenômeno a partir da perspectiva dos participantes. A identificação de catorze padrões

de preferência e de tolerância dos profissionais de software em trabalhar com outros

explora o entendimento a respeito do que leva um profissional de softwa a querer

trabalhar com a outro, no que tange às características de personalidade. Além disso, os

resultados mostram que, mesmo que o profissonal de software tenha uma tendência a

determinado comportamento, ele pode ser alterado por algum fator do contexto, como

conhecimento técnico, experiência profissional, objetivos individuais, processos

formais, cultura organizacional, identificação com o papel e até mesmo pelo

comportamento dos outros integrantes da equipe. A pesquisa, portanto, enrriquece o

estudo da personalidade na engenharia de software, na medida em que incorpora

conceitos da psicologia social. Os resultados serão úteis na gestão das equipes de

engenharia de software, uma vez que eles oferecem parâmetros para diagnosticar a

situação das equipes com respeito às preferências e à tolerância que os integrantes

sentem uns pelos outros. Pois, tão importante quanto entender a maneira como o jeito

natural de ser das pessoas está alinhado aos requisitos técnicos e sociais do trabalho é

trabalhar com pessoas que sintam atração umas pelas outras, no caso da atração pela

tarefa.

Palavras-chaves: Engenharia de software. Trabalho em equipe. Personalidade.

Preferências. Tolerância. Pesquisa Qualitativa Básica.

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ABSTRACT

Software engineering is a subject that has a sociotechnical nature based on the

strong interaction between personal, social and technical features. According to its

concept, the social aspects of software engineering include forms of interaction,

behaviors and people management. Among the possible factors that affect

performances within work teams is the individual’s personality, one of the most

observed issues. In software engineering, research on personality is still occasional

and inconclusive. The main goal of this thesis is to comprehend the preferences of the

software professionals when it comes to choosing who they would like to work with,

based on personality traits, and which are the effects of these traits in the teams’

results. With this in mind, we proposed the Main Research Question: “what makes a

software professional want to work with another, in terms of his or hers personality

traits?”. In order to answer this question, we have adopted the Basic Qualitative

Research as a method for collecting and analyzing data. This method aims at

providing, through data, an understanding of the phenomena from the participants’

perspective. Identifying fourteen patterns of preference and tolerance of software

workers when it comes to choosing who to work with leads to an understanding of the

reasons why one would one to work with another, regarding the personality traits.

Moreover, the results show that, even if the software professional has a tendency to

behave, it can be altered by some context problem, such as technical knowledge,

professional experience, individual objectives, formal processes, organizational

culture, role and even behavior of the other team members. This Research enriches the

study of personality in the software engineering, once it incorporates concepts from

social psychology. The results will be useful for the management of software

engineering teams, given that they offer parameters to diagnose the teams’ situation

with respect to the preference and tolerance that workers feel towards each other. For

as important as understanding how people's natural way of being is aligned with the

technical and social requirements of work is working with people who are attracted to

one another in the case of attraction to the task.

Key-words: Software engineering. Teamwork. Personality. Preferences. Tolerance.

Basic Qualitative Research.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Fases da Pesquisa ........................................................................................... 12 Figura 2 – Mapeamento sistemático: Distribuição temporal dos estudos. ...................... 20 Figura 3 – Mapeamento sistemático: Tópicos de pesquisa ............................................. 21 Figura 4 – Mapeamento sistemático: Relação entre tipo da amostra e método de

pesquisa. .......................................................................................................................... 23

Figura 5 – Mapeamento sistemático: Testes de personalidade. ...................................... 23 Figura 6 – Modelo de relacionamento entre composição e processos de equipe ............ 35 Figura 7 – Diagrama dos efeitos da personalidade na composição de equipe. ............... 72

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Mapeamento sistemático: Síntese dos estudos teóricos ................................ 28

Tabela 2 – Personalidade dos integrantes da Equipe 1. .................................................. 56 Tabela 3 - Personalidade dos integrantes da Equipe 2. ................................................... 56 Tabela 4 - Personalidade dos integrantes da Equipe 3. ................................................... 57 Tabela 5 - Personalidade dos integrantes da Equipe 4. ................................................... 59 Tabela 6 - Personalidade dos integrantes da Equipe 5. ................................................... 59

Tabela 7 – Características de personalidade dos profissionais de software, segundo a

percepção. ........................................................................................................................ 59 Tabela 8 - Quem trabalharia novamente com quem na Equipe 4. .................................. 69 Tabela 9 – Quem mais gosta e quem menos gosta de trabalhar na Equipe 4.................. 69 Tabela 10 – Padrões de preferência e tolerância ............................................................. 83

Tabela 11 – Características de personalidade mais desejadas e menos desejadas. ......... 87 Tabela 12 – Características de personalidade dos integrantes da Equipe 3 .................. 135

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11

2. A PESQUISA DA PERSONALIDADE NA ENGENHARIA DE

SOFTWARE ....................................................................................................... 17 2.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES ............................................................................. 18

2.2 PERSONALIDADE NA ENGENHARIA DE SOFTWARE: O ESTADO DA

ARTE .............................................................................................................................. 19

2.2.1 Resultados dos estudos empíricos ....................................................................... 20

2.2.2 Resultados dos estudos teóricos .......................................................................... 28 2.3 PERSONALIDADE E O EFEITO NOS PROCESSOS DE EQUIPE .................. 31

3. METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................... 37

3.1 QUESTÃO DE PESQUISA .................................................................................. 37

3.2 POSTURA FILOSÓFICA ..................................................................................... 38

3.3 NATUREZA DA PESQUISA ............................................................................... 39

3.4 MÉTODOS DE PESQUISA .................................................................................. 40

3.4.1 Seleção da amostra ............................................................................................... 41

3.4.2 Coleta dos dados ................................................................................................... 44 3.4.2.1 Entrevista ............................................................................................................. 44

3.4.2.2 Teste de Personalidade ........................................................................................ 45

3.4.3 Análise dos dados ................................................................................................. 49 3.4.3.1 Extração, tabulação e identificação de padrões .................................................. 49

3.4.3.2 Codificação de dados ......................................................................................... 52

4. RESULTADOS ................................................................................................... 53 4.1 PREFERÊNCIAS EM TRABALHAR COM OUTROS PROFISSIONAIS DE

SOFTWARE ................................................................................................................... 53

4.1.1 Características de personalidade dos profissionais de software ...................... 54

4.1.2 Padrões de preferência e de tolerância – quem quer trabalhar com quem?.. 60 4.2 A INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE ............. 71

4.2.1 Fatores que moderam a influência das características de personalidade no

comportamento do indivíduo ....................................................................................... 73

4.2.2 A influência da personalidade e do comportamento do indivíduo .................. 79

5. DISCUSSÃO ....................................................................................................... 82

5.1 PREFERÊNCIA, UM CONCEITO DE ATRAÇÃO INTERPESSOAL .............. 83

5.2 COMPOSIÇÃO DE EQUIPE ................................................................................ 87

5.3 TOLERÂNCIA ÀS DIFERENÇAS ...................................................................... 88

5.4 O PAPEL DO LÍDER ............................................................................................ 90

5.5 EFEITOS QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO ................................ 91

6. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS ................................................. 96

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 101

APÊNDICE A – LISTA DOS ARTIGOS DO MAPEAMENTO

SISTEMÁTICO ................................................................................................ 111

APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA ........................................... 117

APÊNDICE C – ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DE

PERSONALIDADE, EXEMPLO DA EQUIPE 3 ......................................... 122

APÊNDICE D – PROPOSTA DE UM PROCESSO DE AVALIAÇÃO DAS

PREFERÊNCIAS DOS INDÍVIDUOS EM TRABALHAR COM OUTROS

NA EQUIPE ...................................................................................................... 136

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1. INTRODUÇÃO

Na psicologia, o estudo das diferenças individuais busca entender de que

maneira as pessoas diferem uma das outras e por que. Nessa perspectiva, vários são os

domínios de análise que classificam as pessoas segundo padrões de diferenças

pessoais que incluem o entendimento dos afetos, da cognição, da motivação e do

comportamento (REVELLE; WILT; CONDON, 2011). No estudo dos aspectos

comportamentais, a psicologia da personalidade é a ciência que investiga como os

fatores individuais, ou seja, como as características no interior da pessoa influenciam

seu comportamento e, consequentemente, seus relacionamentos sociais com outras

pessoas (BENET-MARTÍNEZ et al, 2015).

Na pesquisa da personalidade, há evidências acumuladas de que traços de

personalidade predizem o desempenho e os relacionamentos em equipe no contexto do

trabalho. Pesquisadores organizacionais contemporâneos entendem a necessidade de

aperfeiçoar a investigação a respeito da conceituação, mensuração e modelagem da

personalidade e de observar como isso afeta os resultados organizacionais (OSWALD;

HOGAN, 2011). Integrando os modelos presentes na literatura que representam a

equação personalidade e desempenho, Johnson e Schneider (2013) afirmam haver

grande consistência entre os termos personalidade e desempenho, com cada um dos

modelos enfatizando aspectos diferentes do relacionamento personalidade-

desempenho. Segundo os autores, o modelo integrado está fundamentado numa rica

literatura construída a partir de pesquisas empíricas, e documenta as maiores

influências da personalidade no desempenho no trabalho, em seus diferentes aspectos.

A partir do modelo genérico proposto por Johnson e Schneider (2013), a influência da

personalidade no desempenho não é direta, mas mediada e moderada por um conjunto

de fatores. O modelo genérico é destinado a estimular pesquisas na investigação de

que fatores influenciam tipos de específicos de desempenho, o modelo serve de guia

para a construção de modelos mais específicos considerando diferentes aspectos do

desempenho.

Tendo como ponto de partida o entendimento da personalidade fundamentada

nos estudos da psicologia organizacional, que estrutura as características individuais

(ANDERSON N., ONES D. S., SINANGIL H.K., VISWESVARAN C., 2002), o

presente estudo foi conduzido de acordo com as fases descritas a seguir e resumido na

Figura 1.

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Figura 1 – Fases da Pesquisa

Fase 1 da pesquisa: Mapeamento sistemático da literatura e estabelecimento do

panorama da pesquisa na área. O ponto de partida desta pesquisa foi o

delineamento do panorama geral da pesquisa da personalidade na engenharia de

software, a fim de que tivéssemos uma noção do que já foi investigado na área e de

quais as lacunas de pesquisa que ainda precisavam ser investigadas. Até onde se sabe,

esta é a primeira tentativa de uma revisão ampla e sistemática da literatura sobre a

personalidade na engenharia de software.

O mapeamento dos estudos nessa área selecionou 90 artigos relevantes e

revelou que as pesquisas vêm sendo desenvolvidas desde a década de 1970 – a maioria

concentrada nas publicações a partir de 2002. Isso mostra que a pesquisa de

personalidade na engenharia de software, apesar de recente, é reconhecida entre os

pesquisadores e apresenta uma tendência forte ao crescimento. Assim, o Capítulo 2

apresenta o panorama das pesquisas na área e revela, ainda, que os tópicos de interesse

mais investigados nos últimos 40 anos de pesquisa são sobre os efeitos da

personalidade na programação em par, no desempenho individual, no desempenho da

equipe, no processo de atribuição de papeis com base nas características da tarefa e

nos processos de relacionamento da equipe (do inglês team process).

Além das categorias de pesquisa apresentadas acima, o panorama apresentado

revela que o foco da investigação, de maneira geral, é na relação entre a composição

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da personalidade e o desempenho. Esse desempenho é analisado sob diferentes

aspectos como o desempenho da equipe, do projeto, da tarefa, ou mesmo do indivíduo,

de maneira isolada. Portanto, o estudo da relação entre personalidade e desempenho,

na literatura, é direcionado a partir de dois conjuntos de resultados: resultado R1: A

personalidade afeta diretamente o desempenho e resultado R2: A personalidade afeta

indiretamente o desempenho por mediação da composição de equipes. Esta

composição, conhecida como uma composição do tipo task-fit, é baseada na

associação dos traços de personalidade necessários para atender a necessidade da

tarefa.

Os resultados da investigação de cada uma dessas perspectivas trazem

oportunidades de novas investigações, ou seja, indicam novas lacunas de pesquisa. Foi

com base na indicação dessas lacunas que as fases desta pesquisa foram

encaminhadas.

Resultado R1 da Fase 1 da pesquisa. A personalidade individual afeta

diretamente o desempenho: A abordagem de investigação que conduz resultados

com essa natureza conclusiva segue a prerrogativa de que a personalidade individual é

capaz de predizer o desempenho, seja o da equipe, do par (no caso da programação em

par), do projeto ou o da tarefa. Embora os resultados apontados no mapeamento

tenham sido relevantes e importantes para o contexto, mostrando evidências de que

determinados aspectos da personalidade determinam o desempenho do trabalho, eles

ainda se mostraram inconclusivos, necessitando de mais pesquisas para fortalecer as

evidências já conhecidas.

Evidentemente, esse cenário de pesquisa não acontece apenas no âmbito da

engenharia de software, como demonstram Barrick et al (2001), que chegaram a esse

mesmo tipo de constatação a respeito da influência da personalidade sobre o

desempenho, englobando os resultados de investigações da relação personalidade-

desempenho na área da psicologia, observaram que a validade incremental de novos

estudos sobre os atuais tende a ser pequena, tendo em vista o fato de que a

personalidade não influencia diretamente o desempenho, mas indiretamente, por meio

de outras variáveis (BARRICK et al, 2003). Nessa perspectiva, Hogan e Shelton

(1998) propõem uma teoria em que a personalidade influencia o desempenho através

da pré-disposição do indivíduo em se relacionar com o outro, e segundo a qual a

habilidade social do indivíduo modera o relacionamento entre a personalidade e o bom

desempenho no trabalho.

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Diante dessas constatações, foi observada uma nova oportunidade de

investigação na área da engenharia de software, a Lacuna de Pesquisa 1: O efeito da

personalidade no desempenho não é direto, mas mediado por variáveis de

relacionamento interpressoal na equipe. Diante dessa lacuna de pesquisa, o presente

estudo entrou em sua Fase 2.

Resultado R2 da Fase 1 da pesquisa. O efeito da personalidade no

desempenho não é direto, mas mediado por uma composição de equipe cujo

critério de formação é a associação da personalidade individual com as

necessidades da tarefa, composição do tipo task-fit: Um exemplo clássico de estudo

que segue essa abordagem de investigação é o de Gorla e Lam (2004), que analisa

quais as dimensões de personalidade seriam as mais adequadas para os papeis

existentes em equipes de software e recomenda, com base nas habilidades necessárias

para o exercício de cada papel, quem deve trabalhar com quem para que se forme uma

equipe de alto desempenho. Outro estudo clássico é o de Capretz e Ahmed (2010) que

traz um mapeamento das competências e dos traços psicológicos nas principais fases

do ciclo de vida de software e recomenda que, para aumentar as chances de êxito do

projeto, a alocação de pessoas nas equipes deve ser feita a partir dos tipos de

personalidade mais adequados aos tipos de tarefas existentes no desenvolvimento de

software. Embora os resultados apontados no mapeamento tenham sido relevantes

para o contexto, mostrando evidências de que determinados aspectos da personalidade

se mostram mais adequados para quem trabalha com determinado tipo de tarefa, eles

ainda são conflitantes. Um exemplo disso é o trabalho de Gorla e Lam (2004) que

reporta evidências de que analistas de sistemas com traço de personalidade Thinking

(T) desempenham melhor do que os que são Feeling (F)1, enquanto Capretz (2010)

sugere que profissionais mais adequados para o papel de analista de sistemas possuam

o traço de personalidade Feeling (F)2. Outro exemplo está entre os resultados das

revisões de Hannay, Arisholm, Engvik e Sjøberg (2010) e Salleh, Mendes, Grundy e

Burch (2009), que pesquisaram artigos publicados os quais investigaram o impacto da

personalidade na programação de pares, uma prática em que dois programadores

trabalham juntos na mesma tarefa de programação usando o mesmo computador. Cada

uma das revisões analisou 10 artigos, totalizando em conjunto 14 artigos distintos,

uma vez que 6 estudos foram considerados em ambas as revisões. Em geral, as

descobertas apontam para a diversidade de resultados, mostrando que enquanto alguns

estudos relatam que os traços de personalidade individuais não têm conseqüências

1 Traço de personalidade definido pelo teste MBTI (MYERS I. B. et al., 1998). 2 Traço de personalidade definido pelo teste MBTI (MYERS I. B. et al., 1998).

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significativas no desempenho da programação em par, enquanto outros estudos

relatam que pares cujos indivíduos possuem personalidades mistas realizaram melhor

suas atividades que pares com personalidades semelhantes.

Condicionar o sucesso do desempenho no trabalho ao traço de personalidade

que mais se adéqua às necessidades da tarefa, sem levar em consideração os aspectos

de interação e relacionamento que existem quando pessoas com diferentes tipos de

personalidade são alocadas para trabalhar em equipe, pode ser uma das causas para

esses resultados conflitantes.

Nesse sentido, não é somente a necessidade da tarefa (task-fit) que importa

para a investigação do efeito das características individuais no desempenho. Talvez

esse seja apenas um ponto de observação, pois, afinal, não há garantias de que a

alocação dos perfis ideais produza os melhores resultados na equipe, haja vista as

questões de relacionamentos inerentes ao trabalho em equipe.

Diante dessas constatações, foi identificada uma nova oportunidade de

investigação, a Lacuna de Pesquisa 2: O efeito da personalidade no desempenho não

é direto, mas mediado por uma composição de equipe cujo critério de formação

associa a personalidade a variáveis que impactam a necessidade social da equipe.

Fase 2 da pesquisa: Modelo das relações da composição de equipes com

seus fatores de relacionamento interpessoal

A partir da identificação da Lacuna de Pesquisa 1, identificada na Fase 1, ou

seja, a partir da necessidade de se investigar o efeito da personalidade no desempenho

levando em consideração os aspectos de relacionamento interpessoal na equipe, foi

realizada uma meta-etnografia com os artigos do mapeamento pertencentes ao tópico

de pesquisa Processo de Equipe (Team Process), este termo é estudado considerando

as variáveis de dinâmicas de equipe, como a coesão, a resolução de conflitos e a

comunicação, dentre outras. A síntese meta-etnográfica resultou em um modelo que

sintetizou o entendimento das relações da composição de equipes com seus fatores

interpessoais de funcionamento, como coesão e conflito.

O resultado da meta-etnografia foi um modelo que propõe o relacionamento

entre personalidade, processos de equipe (Team Process) e resultados de equipe. O

modelo preconiza que certas combinações de tipos de personalidade tendem a

favorecer certos tipos de interações entre os membros da equipe e que, portanto, os

níveis de coesão e de conflito estão relacionados com o tipo de composição de

personalidade na equipe. Por exemplo, o tipo de composição que favorece as

interações sociais é uma composição chamada SOCIAL-FIT (chamamos de resultado

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R3), e o tipo de composição que direciona a equipe para a realização do trabalho é

composição chamada TASK-FIT (chamamos de resultado R4). Esses dois tipos de

arquétipos de equipes se complementam e influenciam o funcionamento da equipe, o

qual, por sua vez, influencia o desempenho da equipe.

Diante dos resultados R3 e R4, surge uma oportunidade de investigação

semelhante à discutida em R2. Logo, é a Lacuna de Pesquisa 2 que impulsiona a

terceira e última fase desta pesquisa.

Fase 3 da pesquisa: Pesquisa Qualitativa Básica

A partir da identificação da Lacuna de Pesquisa 2, identificada na Fase 1 e na

Fase 2 desta pesquisa, ou seja, a partir da necessidade de analisar a composição de

equipes com base na combinação de traços de personalidade com variáveis que

impactem o relacionamento interpessoal, foi realizada uma pesquisa qualitativa básica

a partir de uma amostra com cinco equipes, de cinco empresas diferentes, totalizando

29 participantes.

Este estudo seguiu uma perspectiva diferente de investigação. Ao invés de ser

orientada pela pergunta “quem deve trabalhar com quem?”, perspectiva em que se

observa a adequação da personalidade individual à necessidade da tarefa que ele vai

executar, a pesquisa foi orientada pela pergunta “quem quer trabalhar com quem?”,

perspectiva em que se observa a adequação da personalidade com aspectos de

relacionamento e interação na equipe. Portanto, a questão de pesquisa que norteia esse

estudo é: “O que leva um profissional de software a querer trabalhar com outro, em

termos de características de personalidade?”.

Esta Tese está estruturada da seguinte forma: no Capítulo 2 é apresentada a

revisão da literatura, onde discutiremos os resultados de estudos anteriores que

sensibilazaram esta pesquisa; no Capítulo 3 é apresentado o método de pesquisa

adotado na Tese; no Capítulo 4 os resultados e no Capítulo 5 as discussões. Por fim,

no Capítulo 6 são apresentadas as conclusões e oportunidades para trabalhos futuros.

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2. A PESQUISA DA PERSONALIDADE NA ENGENHARIA DE

SOFTWARE

A influência da personalidade individual no trabalho em equipe ou em tarefas

individuais tem sido uma preocupação na engenharia de software desde os anos 1960

(WEINBERG, 1998; LEE; SHNEIDERMAN, 1978; SHNEIDERMAN, 1980). A

busca por métodos e instrumentos confiáveis para prever o desempenho individual em

determinadas tarefas (DA CUNHA; GREATHEAD, 2007), para construir equipes

eficazes e motivadas (GORLA; LAM, 2004), ou, ainda, para encontrar a "melhor

pessoa para o trabalho" (CAPRETZ; AHMED, 2010) estão entre as objetivas centrais

da pesquisa sobre a personalidade.

A forma adequada de como usar a análise da personalidade e o que ela pode

oferecer para a prática na engenharia de software ainda é objeto de debate entre os

pesquisadores (HARDIMAN, 1997; KERTH; COPLIEN; WEINBERG, 1998). Ora,

isso não é de nenhum modo uma surpresa, já que a personalidade é um dos construtos

mais complexos nas ciências sociais, e a análise da personalidade uma das tarefas mais

difíceis na psicologia (COSTA; MCCRAE, 1992).

A revisão apresentada por McDonald e Edwards (2007) pesquisou artigos da

engenharia de software com foco na aplicação e na interpretação de testes de

personalidade. Os autores analisaram 40 trabalhos publicados entre 1984 e 2004, esta

análise centrou-se em identificar se instrumentos confiáveis e válidos foram usados, se

o teste escolhido é apropriado para o propósito, e até que ponto o processo de teste de

personalidade usado é explicitamente relatado e discutido. Os autores colocaram

grande ênfase na tentativa de identificar se o processo de teste, incluindo a

interpretação dos resultados, foi realizado diretamente pelo pesquisador ou em

consulta com profissionais qualificados. A análise dos estudos primários mostrou

vários problemas metodológicos no que diz respeito à confiabilidade e validade dos

instrumentos de teste, e à interpretação incompleta dos resultados. Os autores

concluem a revisão com várias recomendações para potenciais participantes de

pesquisa, acadêmicos conduzindo os testes e profissionais que desejam interpretar os

resultados de trabalhos publicados.

No entanto, quando utilizado de forma adequada, o estudo da personalidade

pode ajudar as pessoas no trabalho através de uma melhor compreensão dos estilos

preferidos para o trabalho individual, para a comunicação, a aprendizagem, a gestão, e

o trabalho em equipe (GORLA; LAM, 2004). Na verdade, modelos confiáveis para

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18

prever o desempenho individual ou construir equipes eficazes podem ser ferramentas

importantes para melhorar a prática de engenharia de software (CAPRETZ, 2014).

Dada a complexidade do tópico de pesquisa, a diversidade das tradições

teóricas relacionadas ao estudo da personalidade e a variedade de testes de

personalidade disponíveis, um mapeamento dos estudos publicados foi importante

para resumir e integrar os resultados e identificar oportunidades para futuras pesquisas.

Apesar de passadas cinco décadas de esforços de pesquisa que produziram diversos e

relevantes resultados, não havia, até nosso trabalho ser desenvolvido, nenhuma revisão

completa e sistemática dos estudos sobre a personalidade na engenharia de software.

2.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES

A personalidade é geralmente vista como uma organização dinâmica, dentro da

pessoa, de sistemas psicofísicos que criam padrões característicos de comportamento,

pensamentos e sentimentos (ALLPORT, 1961). Ryckman (2004) define personalidade

como "o conjunto dinâmico e organizado de características possuídas por uma pessoa

que influencia exclusivamente suas cognições, motivações e comportamentos em

várias situações". Essas definições foram escolhidas porque são abrangentes o

suficiente para permitir a inclusão de estudos que cobrem uma ampla gama de teorias

da personalidade e de métodos de investigação. As definições separam claramente a

personalidade de outros construtos como cognição, motivação e comportamento, os

quais não são os interesses centrais desta revisão.

A pesquisa sobre a personalidade é construída em torno de uma diversidade de

fundamentos teóricos no campo da psicologia, incluindo traços, tipos, teorias

comportamentais e psicanalíticas. Dentre essas tradições, A teoria dos traços e tipos

está entre as mais usadas na psicologia organizacional (ANDERSON; ONES;

SINANGIL; VISWESVARAN, 2002) e nos estudos sobre a personalidade na

engenharia de software (CRUZT et. al., 2011). Na psicologia há duas categorias

principais de testes de personalidade: projetivo e objetivo (CARVER; SCHEIER,

1988). Os testes projetivos avaliam a personalidade individual através de respostas de

estímulos ambíguos com a suposição de que a personalidade é inconsciente e as

respostas do indivíduo revelarão suas características internas. Os testes objetivos

medem a personalidade através de questionários de auto-avaliação com a suposição

subjacente de que a personalidade é primariamente consciente e pode ser acessada

diretamente. Os estudos na engenharia de software que fizeram uso de testes de

personalidade utilizam alguma forma de testes objetivos.

Page 20: PREFERÊNCIAS PESSOAIS PARA O TRABALHO EM EQUIPE NO … Shirle… · Trabalho em equipe. Personalidade. Preferências. Tolerância. Pesquisa Qualitativa Básica. ABSTRACT Software

19

2.2 PERSONALIDADE NA ENGENHARIA DE SOFTWARE: O ESTADO DA

ARTE

Um panorama da pesquisa da personalidade na engenharia de software foi

construído em duas etapas. A primeira contemplou o mapeamento da pesquisa

seguindo uma estratégia preliminar de busca cujos resultados foram apresentados na

15ª Conferência Internacional em Evaluation and Assessment in Software Engineering

(EASE), em 2011, o que resultou num artigo, publicado nos anais da conferência

(CRUZ et al., 2011), que recebeu o prêmio de melhor artigo.

Na segunda etapa, o mapeamento foi estendido, melhorando e ampliando os

resultados da pesquisa original. No mapeamento prévio, os autores analisaram 42

estudos primários, 38 originados da busca automática e 4 da pesquisa manual. No

entanto, alguns estudos conhecidos não foram retornados na busca automática e foi

necessário investigar o que poderia ter causado isso. Uma causa provável pode ter sido

a string de busca, que não incluiu muitos sinônimos de engenharia de software. Então,

foi realizada uma análise nos estudos incluídos sobre os termos utilizados na

engenharia de software e a string de busca foi atualizada contemplando outros

sinônimos. Esta nova string fez a busca automática incluir um total de 59 estudos.

Além disso, para aumentar a cobertura da revisão sistemática, realizou-se uma

pesquisa secundária, que consiste em busca manual nas referências dos estudos

previamente incluídos. A pesquisa secundária foi particularmente importante para a

revisão, contribuindo com mais 27 estudos. Este trabalho incluiu um total de 90

estudos primários: 59 da pesquisa automática, 4 da pesquisa manual e 27 da pesquisa

secundária.

Os resultados apresentados na segunda etapa do mapeamento sistemático

acrescentaram 48 novos artigos ao trabalho publicado por Cruz et al. (2011). A

extensão do mapeamento estabeleceu o panorama da pesquisa da personalidade na

engenharia de software a partir da análise de um total de 90 estudos primários

publicados entre 1970 e 2010 (Apêndice A). O trabalho foi publicado na revista

Computers in Human Behavior (CHB) (CRUZ; DA SILVA; CAPRETZ, 2015).

O gráfico da Figura 2 mostra a distribuição temporal dos estudos primários.

Pouco mais de 75% (68/90) dos estudos primários foram publicados depois de 2002.

Isto indica que, embora o fator humano na engenharia de software tenha sido

reconhecido e pesquisado desde 1970, a pesquisa com foco na personalidade ainda é

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20

muito recente, e a grande maioria dos estudos foram desenvolvidos apenas na última

década.

Figura 2 – Mapeamento sistemático: Distribuição temporal dos estudos.

As seguintes questões de pesquisa foram usadas para orientar a extração de

dados, a análise, a síntese e a apresentação dos resultados:

1) Quais tópicos de pesquisa são investigados na pesquisa sobre a personalidade

na engenharia de software?

2) Que métodos de pesquisa são utilizados nos estudos, e em que contexto

(acadêmico ou industrial) são aplicados?

3) Que testes de personalidade são administrados nos estudos?

4) Quais são os principais efeitos ou resultados da pesquisa da personalidade na

engenharia de software?

Entre os estudos selecionados, 83% (75/90) são empíricos e 17% (15/90) são

teóricos. Os resultados de estudos empíricos e teóricos são apresentados

separadamente, a fim de permitir uma clara distinção entre evidências baseadas

empiricamente e proposições e modelos não testados.

2.2.1 Resultados dos estudos empíricos

As respostas para as questões de pesquisa foram obtidas através da extração e

combinação de dados de 75 trabalhos empíricos.

1: Quais tópicos de pesquisa são investigados na pesquisa da personalidade na

engenharia de software?

A Figura 3 apresenta um gráfico que ilustra os tópicos de pesquisa que são

investigados sob os efeitos da personalidade na engenharia de software. Os resultados

das pesquisas agrupadas em de cada um dos tópicos são apresentados na resposta da

questão de pesquisa 4.

1 1 1 1 1 12 2 2 2

12

12

1 12

1 1 12

45

3

13

10

4

9

13

0

2

4

6

8

10

12

14

19

72

19

75

19

78

19

79

19

81

19

83

19

84

19

85

19

86

19

89

19

90

19

91

19

93

19

95

1996

19

97

1998

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

20

07

20

08

20

09

20

10

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21

Figura 3 – Mapeamento sistemático: Tópicos de pesquisa

Cada tópico de pesquisa é descrito brevemente sobre o ponto de vista de como

eles são influenciados pela personalidade, de acordo com o investigado nos estudos

primários.

Pair Programming é uma prática utilizada associada a metodologias ágeis em

que dois programadores trabalham em colaboração no mesmo código e compartilham

o mesmo computador. Os benefícios potenciais para o desenvolvimento de software

são, entre outros, reduzir defeitos no código e melhorar a comunicação. Portanto, o

trabalhos associados a este tópico de pesquisa investigam a influência da

personalidade na implementação desta prática.

A influência da personalidade na Educação do estudante da engenharia de

software é vista por alguns pesquisadores como um fator chave para a aprendizagem

bem sucedida. Portanto, esses pesquisadores estão buscando compreender como o

estilo e as práticas de ensino podem ser adaptadas à personalidade dos alunos para

melhorar a eficácia do processo de aprendizagem.

A efetividade da equipe na engenharia de software é investigada do ponto de

vista de como ela pode ser afetada pelas interações de personalidade entre os membros

da equipe. Ou seja, quais são os impactos dos fatores de personalidade na composição

das equipes, na resolução de conflitos, na satisfação no trabalho e, em geral, no

sucesso do projeto.

A Alocação no Processo de Software é estudada considerando que o trabalho

de desenvolvimento de software é diversificado e multidisciplinar, envolvendo tarefas

como análise, projeto, codificação, teste, entre outros. Portanto, a alocação de

indivíduos para papéis em uma equipe de software é vista como um fator crítico para o

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22

sucesso do projeto, porque certos traços de personalidade podem ser mais adequados

para executar determinadas tarefas.

As Características de Personalidade do Engenheiro de Software é um tópico de

pesquisa que pretende apresentar os perfis de personalidade mais encontrados entre os

engenheiros de software, de acordo com os testes de personalidade aplicados nos

estudos. Alguns pesquisadores também investigam se as características de

personalidade dos engenheiros de software diferem daqueles da população em geral.

A influência da personalidade no Desempenho Individual do engenheiro de

software é investigada com o intuito de entender como os traços de personalidade

impactam o desempenho do profissional nas tarefas da engenharia de software. As

pesquisas que estudam este tópico consideram que a personalidade pode influenciar os

resultados individual mais do que tecnologia, processo ou ferramentas.

Processo de Equipe é estudado considerando as variáveis de dinâmica da

equipe como coesão, resolução de conflitos e comunicação. Ou seja, quais são os

impactos dos fatores de personalidade nas variáveis de comportamento do grupo que

são mediadores do desempenho da equipe.

Os estudos do tópico de pesquisa Comportamento e Preferências investigam

que atitudes e preferências dos engenheiros de software são influenciadas por seus

traços de personalidade, entender como essa relação é definida é importante para

fornecer uma compreensão geral de como essas atitudes e preferências explicam os

estilos de trabalho, hábitos e preferências para ferramentas e processos.

O Desempenho da Liderança é um tópico de pesquisa explora como os traços

de personalidade afetam o comportamento de liderança e como esse comportamento

afeta a satisfação individual e da equipe e, conseqüentemente, o sucesso do projeto.

2: Que métodos de pesquisa são utilizados nos estudos, e em que contexto (acadêmico

ou industrial) são aplicados?

A Figura 4 apresenta um gráfico que ilustra os tipos de participantes utilizados

nos vários métodos de pesquisa. Embora as pesquisas usando estudos de caso e

questionários apresentam uma distribuição equilibrada entre estudantes e profissionais,

a pesquisa baseada em experimentos é muito mais centrada nos alunos do que nos

profissionais, o que pode se dever à dificuldade de utilização de técnicas de

investigação com base em experiência com os profissionais.

Page 24: PREFERÊNCIAS PESSOAIS PARA O TRABALHO EM EQUIPE NO … Shirle… · Trabalho em equipe. Personalidade. Preferências. Tolerância. Pesquisa Qualitativa Básica. ABSTRACT Software

23

Figura 4 – Mapeamento sistemático: Relação entre tipo da amostra e método de pesquisa.

3: Que testes de personalidade são administrados nos estudos?

Os testes de personalidade utilizados nos estudos primários são mostrados na

Figura 5. Testes que foram usados em apenas um estudo não foram exibidos no

gráfico, como são os casos de: Rotter Internal-External Control Scale (Rotter I-E),

Rathus Assertiveness Schedule (RAS), Thurstone Temperament Schedule (TTS),

Rosenberg’s Self-Esteem Scale (RSES), Judge’s Generalized Self-Efficacy Scale

(JGSE), Levenson’s Locus of Control Scale (LLC), Personality Type A/B, Self-

Monitoring of Expressive Behavior (SMEB), Hostility Inventory (HI,) Type A

Behavior, Minnesota Multiphasic Personality Inventory (MMPI), Personal Resilience

Questionnaire (PRQ) e Personality Research Form (PRF).

Figura 5 – Mapeamento sistemático: Testes de personalidade.

O Myers-Briggs Type Indicator (MBTI) é usado em 48% (36/75) dos estudos.

Combinado com o 9% (7/75) que usou o Kersey Temperament Sorter (KTS), 57%

(43/75) dos estudos usaram testes baseados na teoria dos tipos de personalidade de

Jung. Testes baseados na teoria do Big Five (BF) e Five Factor Model (FFM)

(COSTA; MCCRAE, 1992), como o teste do NEO-PI, foram utilizados em 19%

(14/75) dos estudos. Os demais utilizaram vários outros testes específicos.

14

8

4

15

8

2

18

2

15

0

5

10

15

20

Both

Professionals

Students

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24

4 Quais são os principais efeitos ou resultados da pesquisa da personalidade na

engenharia de software?

Para responder a esta pergunta, será apresentada uma breve síntese descritiva

dos resultados encontrados sobre a influência da personalidade em tarefas e processos

da engenharia de software, organizado de acordo com os tópicos de pesquisa (Figura

2). No intuito de facilitar a compreensão da síntese, na análise subsequente, indicamos

o teste de personalidade e a referência do estudo (Apêndice A). Por exemplo, S2-

BF/FFM refere-se ao estudo S2, que utilizou o teste baseado na teoria do BF/FFM.

Programação em par: Oito estudos apresentaram evidências conflitantes: três

descobriram que pares com tipos de personalidade distintos (heterogêneos)

desempenham melhor do que pares homogêneos (S10-MBTI, S15-KTS, S54-MBTI);

quatro não encontraram nenhuma relação entre os pares heterogêneos e homogêneos

(S3-BF/FFM, S5-BF/FFM, S38-BF/FFM, S39-BF/FFM); e um estudo mostrou que

conflito de personalidade é um dos mais graves problemas na programação em par

(S17-None), mas não informou que tipos de personalidade causam mais confrontos.

Dois estudos concordam quanto à influência da personalidade no desempenho do par:

um estudo descobriu que "traços de personalidade individuais, considerados

isoladamente da personalidade do parceiro, não tem consequências significativas no

desempenho da programação em par de maneira geral" (S74-BF/FFM), enquanto outro

estudo argumenta que a personalidade tem uma capacidade preditiva baixa para o

desempenho de pares em comparação com a experiência e a complexidade da tarefa

(S2-BF/FFM). Em contraste, um estudo pesquisou um grupo de programadores

profissionais e descobriu que a personalidade é o principal fator que influencia a

produtividade da programação em par (S83-None). Dois estudos mostram que a

personalidade não tem influência na comunicação, na satisfação e na confiança (S9-

MBTI), tampouco sobre a compatibilidade do par (S9-MBTI; S43-MBTI), com

exceção de um estudo que "indicou que uma diferença na escala de sensação-intuição

pode ajudar a prever pares altamente compatíveis". (S54-MBTI). Com relação à

colaboração entre membros de um par, um estudo descobriu que pares com

personalidades heterogêneas colaboram mais entre si (S4-BF/FFM), enquanto outro

descobriu que o tipo de personalidade teve pouco efeito sobre as mudanças nas

percepções da colaboração do par (S20-MBTI).

Educação: Dez estudos apresentaram evidências conflitantes: três descobriram

que a personalidade aumenta ou ajuda a prever o desempenho acadêmico (S20-MBTI;

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25

S73-TTS; S75-Various), 6 relataram que traços de personalidade não eram um fator

significativo na previsão de sucesso escolar (S53- MBTI; S42-Instrument

desenvolvido pelo autor; S44-MBTI; S55-MBTI e Personalidade Tipo A/B; S57-

MBTI; S85-16PF), e um estudo mostrou que os alunos com determinadas

características em um curso de design de software tiveram um desempenho

significativamente melhor do que os estudantes que possuem outros traços de

personalidade (S72-MBTI). Outros estudos forneceram evidências de que a adaptação

das atividades educativas com a personalidade do aluno é uma forma eficaz para

aperfeiçoar o sucesso acadêmico (S21-MBTI, S27-KTS), e que os currículos poderiam

ser projetados para desenvolver a compreensão dos pontos fortes e fracos das várias

abordagens e os problemas de interação entre indivíduos com diferentes estilos de

personalidade (S66-MBTI).

Efetividade da equipe: os estudos mostraram evidências de que a

personalidade está relacionada com o sucesso do projeto (S30-Instrument

desenvolvido pelo autor), com a qualidade do código e com a satisfação do indivíduo

(S8-BF / FFM). Outros estudos mostraram que a diversidade de personalidade em

equipes não está diretamente relacionada à efetividade da equipe (S24-KTS, S28-

MBTI, S30-Instrument desenvolvido pelo autor), enquanto cinco estudos mostraram o

contrário: S22-KTS descobriu que a diversidade é importante nos estágios iniciais do

projeto de software, e que essa importância diminui à medida que o projeto evolui e a

equipe amadurece; S36-MBTI afirma que equipes heterogêneas são mais adequadas

para resolução de tarefas não estruturadas, enquanto as equipes homogêneas são mais

adequadas para resolução de tarefas estruturadas; o autor do S23-KTS acredita que o

uso de um inventário de personalidade pode ajudar a estabelecer não apenas grupos

heterogêneos, mas também a criar grupos que compreendem e apreciam os pontos

fortes e fracos de todos os membros da equipe; S40-MBTI descobriu que grupos com

diferentes estilos de resolução de problemas receberam notas mais altas em seu projeto

de design; e, finalmente, em S48-MBTI, uma técnica foi aplicada para identificar a

composição de uma equipe efetiva com base nos tipos de personalidade, revelando que

um balanceamento de tipos de personalidade resultando em membros da equipe que se

complementam aumenta o desempenho da equipe.

Além disso, três estudos encontraram evidências da influência da composição

da personalidade no desempenho da equipe. S19-MBTI mostrou que equipes com

membros predominantemente introvertidos experimentam menor efetividade, devido a

problemas de comunicação; o autor do S62-KTS acredita que equipes de

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26

desenvolvimento de software podem ser reforçadas usando inventários de

personalidade para formar grupos; e S79-MBTI recomenda para "organizações que

desejam desenvolver equipes eficazes que analisem as composições dos tipos de

personalidade desses grupos para ajudar os membros da equipe a compreender os seus

próprios atributos pessoais, bem como para valorizar a contribuição dos outros

membros da equipe".

Alocação no Processo de Software: os dez estudos empíricos que

pesquisaram este tópico investigaram a relação entre personalidade e desempenho com

relação a funções técnicas no processo de software. A partir dos resultados dos estudos

de casos e experimentos, todos os estudos propõem como mapear tipos de

personalidade em funções técnicas (S12-MBTI, S24-KTS, S29-16PF, S47-BF / FFM,

S49-MBTI, S59-None, S60-16PF, S61-MBTI, S64-Instrument desenvolvido pelo

autor, S86-MBTI).

Características de Personalidade do Engenheiro de Software: artigos

pesquisando este tópico investigaram os perfis de personalidade de engenheiros de

software na tentativa de identificar possíveis características comuns de personalidade.

Dois estudos descobriram que o tipo mais comum é o ISTJ, o segundo é o ESTJ e o

tipo menos comum é o INFJ (S12-MBTI, S77-MBTI). Esses estudos também

concluíram que a distribuição do tipo de personalidade entre estudantes de engenharia

de software nos Estados Unidos é diferente da distribuição do tipo de personalidade da

população geral daquele país. Por outro lado, na população brasileira, um estudo

constatou que os tipos mais comuns são ISFP, INTP e ESTP, enquanto os menos

comuns são ENTP, ESTJ e ENTJ (S81-MBTI). O estudo também concluiu que a

distribuição dos tipos de personalidade entre os estudantes de engenharia de software

no Brasil é diferente da distribuição dos tipos encontrados na população geral.

Outro estudo descobriu que profissionais da área diferem da média da

população adulta em 19 das 24 escalas examinados (S81-ACL). Enquanto dois estudos

encontraram diferenças de personalidade entre os melhores e piores desenvolvedores

(S58-BF/ FFM, S69-ACL), um estudo não mostrou diferença significativa entre

programadores e estagiários (S80-MBTI e MMPI). Outro estudo descobriu que os

programas de engenharia e os programas de engenharia de software têm distribuições

de tipos semelhantes, mostrando que ocupações semelhantes atraem tipos particulares

e semelhantes (S65-MBTI). S71-ACL apresentou uma metodologia para identificar os

traços e as características de alto desempenho do pessoal de TI. Finalmente, um estudo

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27

descobriu que profissionais de TI geralmente possuem necessidades mais elevadas de

realização, estrutura cognitiva, e resistência (S78-PRF).

Desempenho Individual: artigos pesquisando este tópico investigaram o

melhor ajuste entre as tarefas e a personalidade na engenharia de software. Dois dos

estudos identificaram que um determinado tipo de personalidade está positivamente

relacionado ao desempenho da tarefa de revisão de código (S25-MBTI) e à capacidade

do testador em fazer testes exploratórios (S51-MBTI). Outro concluiu que a

combinação da personalidade de um indivíduo às exigências do posto de trabalho

resulta em aumento da performance (S63-MBTI). Usando uma combinação de

resultados de diversos testes específicos, um estudo descobriu que a personalidade

apresenta uma relação preditiva na programação orientada a objetos (S37-Various).

Por outro lado, dois estudos não mostraram relação significativa entre a personalidade

e desempenho da programação (S6-FFM, S50-BF / FFM), e um terceiro estudo não

encontrou nenhuma diferença significativa na personalidade entre programadores

excepcionais (de alto desempenho) e corriqueiros (S14-MBTI). Finalmente, verificou-

se que a personalidade prevê a proficiência em programação (S90-MBTI) e afeta a

satisfação no trabalho individual (S32-PRQ) no que diz respeito aos desafios no

trabalho e aos sentimentos de respeito e apreço.

Processo de equipe: Os seis estudos empíricos que realizaram pesquisas sobre

este tópico fornecem evidências de que existem relações entre as personalidades dos

membros da equipe e os processos da equipe, em especial no que concerne a coesão da

equipe (S8-BF/FFM, S19-MBTI, S88-MBTI, S89-MBTI), a comunicação e o conflito

(S40-MBTI). Por outro lado, nenhum fator de personalidade foi significativamente

correlacionado com qualquer um dos componentes do processo de equipe (S30-

Instrument, desenvolvido pelo primeiro autor).

Comportamentos e Preferências: Os quatro estudos empíricos classificados

neste tópico fornecem evidências de que a personalidade influencia as atitudes dos

engenheiros de software em relação a julgamento e tomada de decisão (S7-FFM); que

os fatores de personalidade afetam a forma como os indivíduos preferem técnicas,

métodos e processos (S35-Nenhum); que os analistas de sistemas tendem a ser

tecnicamente orientados (S34-MBTI); e que "não há diferenças entre usuários e o

pessoal de sistemas nas dimensões de personalidade, porém os usuários tendem a ser

mais intuitivos do que pessoal de sistemas" (S46-MBTI).

Desempenho da Liderança: um estudo sobre este tópico mostrou que não há

um padrão que relaciona o comportamento de liderança do gerente de projeto a traços

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28

de personalidade (S11-MBTI), enquanto outro afirmou que a personalidade do gerente

do projeto está relacionada ao sucesso do projeto (S16-FFM). De acordo com S24-

KTS, a heterogeneidade entre o gerente do projeto e os membros da equipe, no tocante

a alguns aspectos da personalidade, está ligada ao desempenho da equipe.

2.2.2 Resultados dos estudos teóricos

Os quinze estudos teóricos estão resumidos na Tabela 1. A grande maioria dos

estudos teóricos baseou a construção dos seus modelos ou de suas proposições na

teoria dos tipos de personalidade de Jung, em particular, no teste MBTI - apesar deles

não terem administrado o teste.

ID Tópico de Pesquisa Teste de

Personalidade

S1 Alocação no Processo de Software MBTI

S13 Alocação no Processo de Software MBTI

S56 Alocação no Processo de Software None

S33 Educação MBTI

S45 Educação None

S67 Educação MBTI

S68 Educação MBTI

S71 Educação MBTI

S52 Desempenho Individual None

S76

Características de Personalidade na

Engenharia de Software

e Desempenho Individual

Various

S84 Características de Personalidade na

Engenharia de Software MBTI

S87 Teste de Personalidade na Engenharia de

Software MBTI and FFM

S18 Teste de Personalidade na Engenharia de

Software MBTI and 16 PF

S26 Retenção MBTI

S31 Desempenho da Liderança MBTI

Tabela 1 – Mapeamento sistemático: Síntese dos estudos teóricos

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29

Uma breve síntese descritiva das teorias sobre a influência da personalidade em

tarefas e processos na engenharia de software é apresentada abaixo, organizada de

acordo com os tópicos de pesquisa (Figura 2).

Alocação no Processo de Software: os três estudos teóricos que examinam

este tópico de pesquisa fizeram as seguintes proposições: S1-MBTI propôs um

mapeamento entre as exigências do trabalho e as habilidades interpessoais (soft skills)

necessárias em cada papel do desenvolvimento de software, e os tipos de

personalidade correspondentes a esses papéis. S13-MBTI propôs um modelo que

mostra a influência das variáveis de personalidade nas quatro fases do processo de

desenvolvimento de software. Finalmente, S56-None tentou construir uma base teórica

para investigar o contexto das diferentes tarefas requeridas no processo de design de

sistemas, alinhando-os com as descrições das habilidades e personalidades dos

membros das equipes de design de sistemas de informação.

Educação: cinco estudos teóricos foram classificados tendo como foco este

tópico pesquisa. Três deles (S33-MBTI, S67-MBTI, S68-MBTI) sugerem que uma

forma de educação com atividades específicas baseadas nos tipos de personalidade dos

alunos é mais eficaz para ajudar os alunos a desenvolver a destreza no uso de novas e

atuais abordagens. Outro estudo descobriu que a cultura e o tipo de personalidade afeta

o sucesso na formação em computação (S45-MBTI). Finalmente, S71-MBTI sugere

que o uso do modelo Zig-Zag, um modelo de resolução de problemas de equipe com

base no Indicador de Tipo Myers-Briggs em cursos de computação é benéfico para

integrar uma abordagem colaborativa em todo o currículo.

Desempenho Individual: dois estudos teóricos foram classificados neste

tópico. S52-None desenvolveu um quadro de pesquisa para permitir que a comunidade

da engenharia de software avalie métodos de modelagem e identifique as influências

positivas e negativas das personalidades individuais. O outro estudo (S76-Various) é

uma revisão de estudos que investigam as relações entre as dimensões de

personalidade e a aptidão pela programação. Este estudo conclui que há pouca relação

entre essas variáveis.

Características de Personalidade do Engenheiro de Software: o objetivo

dos dois estudos teóricos classificados neste tópico foi apresentar os resultados dos

estudos que identifiquem as preferências MBTI dos participantes. Ambos (S76-S84-

Various; MBTI) concordam que os tipos de personalidade MBTI mais freqüentes entre

os programadores são ISTJ, INTJ, e INTP. Em comparação com a população em geral,

os programadores apresentam preferências para introversão, intuição e pensamento.

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30

Teste de Personalidade na Engenharia de Software: dois estudos teóricos

conduziram pesquisas sobre este tópico. Um estudo (S18-MBTI e 16 PF) apresentou

uma avaliação crítica de 13 estudos empíricos que utilizaram testes de personalidade

na engenharia de software. Ele analisou a confiabilidade dos instrumentos dos testes e

as evidências de aplicação e interpretação dos resultados, e apresentou recomendações

aos potenciais participantes, profissionais e pesquisadores. O outro estudo (S87-MBTI

e BF/FFM) é uma comparação entre MBTI e FFM e sugere que "FFM não só

proporciona melhores medidas para todos os fatores que são medidos por MBTI, como

também permite avaliar neuroticismo, um importante traço de personalidade que é de

interesse para os investigadores que estudam grupos de trabalho.".

O único estudo teórico do tópico de pesquisa Retenção no trabalho sugere

que certos tipos de personalidade influenciam os caminhos de decisão em relação à

evolução do emprego na engenharia de software. No que concerne o Desempenho da

Liderança, o único estudo teórico sugere um tipo de personalidade que melhor se

adapta o papel de um gerente de projeto.

O objetivo da revisão foi traçar um panorama geral da pesquisa da

personalidade na engenharia de software. Tanto quanto se sabe, esta é a primeira

tentativa de uma revisão da literatura sobre o efeito da personalidade na engenharia de

software de uma maneira ampla e sistemática. Uma das implicações destes resultados

para a comunidade acadêmica é que esta área de pesquisa está aberta a muitas

oportunidades de investigação (CAPRETZ, 2014). No entanto, mais pesquisas

empíricas são necessárias para consolidar de maneira consistente os conhecimentos

gerados e para orientar pesquisas futuras.

Com respeito aos usos práticos para profissionais da engenharia de software, a

aplicação direta dos resultados apresentados nos estudos deve ser conduzida com

cuidado. Evidências conflitantes sugerem que o campo de pesquisa não é maduro, e

que a aplicação direta dos métodos e dos instrumentos utilizados nos podem não

produzir os efeitos desejados. Em particular, segundo McDonald e Edwards (2007), a

interpretação dos resultados dos testes de personalidade e suas implicações práticas no

trabalho não são simples, e exigem profissionais devidamente treinados. Acreditamos

também que uma análise cuidadosa do contexto em que foi realizada a pesquisa é

necessária para avaliar a possibilidade de generalização dos resultados em outras

configurações.

A partir de mais de 19.000 artigos encontrados nas buscas manuais,

automáticas e secundárias, foram selecionados 90 trabalhos relevantes. Estes estudos

Page 32: PREFERÊNCIAS PESSOAIS PARA O TRABALHO EM EQUIPE NO … Shirle… · Trabalho em equipe. Personalidade. Preferências. Tolerância. Pesquisa Qualitativa Básica. ABSTRACT Software

31

investigaram 11 tópicos gerais no que diz respeito à influência da personalidade na

engenharia de software: Programação em Par, Educação, Efetividade da Equipe,

Alocação no Processo de Software, Características de Personalidade do Engenheiro de

Software, Desempenho Individual, Processo de Equipe, Comportamentos e

Preferências, Desempenho da Liderança, Aplicação de Teste de Personalidade, e

Retenção no trabalho. Apenas os dois últimos tópicos não foram abordados pelos

estudos empíricos.

Os estudos empíricos revelaram a aplicação dos 7 testes de personalidade mais

comumente utilizados entre os pesquisadores. Enquanto o MBTI domina amplamente

os estudos, testes com base na teoria do Big Five estão se tornando mais populares.

Acredita-se que pelo fato de que ao longo dos anos, muitos pesquisadores

contribuíram com evidências de que o modelo do Big Five é robusto e generalizável

em diferentes tipos de avaliações, fontes de classificação, culturas, linguagems e

gênero (ANDERSON; ONES; SINANGIL; VISWESVARAN, 2002). Divergência entre

os tipos de personalidade mais comuns entre os engenheiros de software parece indicar

diferenças em contextos acadêmicos, industriais e culturais, ou especialização a partir

das tarefas envolvidas no desenvolvimento de software.

Considerando a importância do efeito dos fatores humanos em muitos aspectos

na engenharia de software, a quantidade de pesquisa sobre os efeitos e as influências

da personalidade no campo é relativamente pequena. Além disso, o atual panorama

das pesquisas revelou que o enfoque quase absoluto dos estudos esteve direcionado em

condicionar o sucesso do desempenho no trabalho ao traço de personalidade que mais

se adéqua às necessidades da tarefa, sem levar em consideração os aspectos de

interação e relacionamento que existem quando pessoas com diferentes tipos de

personalidade são alocadas para trabalhar em equipe.

2.3 PERSONALIDADE E O EFEITO NOS PROCESSOS DE EQUIPE

A partir da necessidade de se investigar o efeito da personalidade no

desempenho levando em consideração os aspectos de relacionamento interpessoal na

equipe, a lacuna de pesquisa verificada no mapeamento supracitado e selecionada para

investigação de pesquisa, foi realizada uma meta-etnografia com os artigos agrupados

no tópico de pesquisa Processo de Equipe (Team Process). O termo “processo de

equipe” dá conta das variáveis de dinâmicas de equipe, como a coesão, a resolução de

conflitos e a comunicação, dentre outras.

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32

Diante da necessidade de aprofundar a síntese dos resultados do mapeamento,

optou-se pela escolha da meta-etnografia, por ela ser considerada um método profícuo

e confiável de síntese interpretativa quando se lida com evidências de estudos

qualitativos ou múltiplos métodos empíricos (CRUZES; DYBA, 2011). Os resultados

da meta-etnografia foram apresentados no 7ª Simpósio Internacional

Empirical Software Engineering and Measurement (ESEM), em 2013, e o artigo

publicado nos anais da conferência (DA SILVA et al., 2013).

A meta-etnografia tem suas raízes nas ciências sociais (SAVIN-BADEN;

MAJOR, 2007), e tem sido aplicada com sucesso na ciência da saúde (BRITTEN et

al., 2012) e em outras áreas (MAJOR; SAVIN-BADEN, 2011). Na engenharia de

software, existem apenas dois usos de meta-etnografia em revisões sistemáticas de

literatura, de acordo com estudos terciários recentes (CRUZES; DYBÅ, 2011; DA

SILVA et al., 2011).

Embora os testes de personalidade tenham sido utilizados com sucesso com os

indivíduos, o seu poder pode ser multiplicado quando aplicado a equipes (NASH,

2010). Os traços de personalidade de cada indivíduo podem ser usados para ajudar as

equipes a trabalhar com mais produtividade a fim de atingir objetivos comuns. Nesse

contexto, a composição de equipes tem sido estudada no que concerne à diversidade

entre as personalidades individuais dentro da equipe com pelo menos três propósitos:

primeiro, para ajudar a compreender como o comportamento individual afeta outros

dentro da equipe; segundo, para construir equipes altamente produtivas; e, em terceiro

lugar, para encontrar formas de minimizar conflitos entre membros da equipe. É

importante investigar como os indivíduos preferem responder aos desafios da equipe e

as formas individuais para interagir com outros na equipe. O trabalho neste campo

ajuda especificamente os membros da equipe a identificar áreas de forças e fraquezas,

esclarecendo o comportamento da equipe, ajudando a combinar tarefas específicas

com habilidades individuais, e fornecendo uma estrutura melhor para lidar com

conflitos (JEHN et al, 1999; NASH, 2010).

O termo processo de equipe é amplamente usado para se referir ao que

acontece dentro de ou entre equipes, particularmente em termos das relações entre os

membros da equipe. De acordo com Fuhriman et al (1984), processos de equipe

podem ser caracterizados e estudados como fenômeno ou como interação. Considerá-

los como fenômeno, ou como um conjunto de fenômenos é comum na pesquisa do

trabalho em equipe. Nesta abordagem, processos, tais como coesão e conflito, são

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33

medidos em determinados pontos durante o período experimental, calculada a média

entre os indivíduos, e depois apresentados estatisticamente.

Uma abordagem diferente é ver processos de equipe como interações, em que

os processos são analisados nos níveis dos conteúdos verbal e não-verbal. Essa

abordagem leva a resultados descritivos mais ricos e com maior poder explicativo. No

entanto, a medição das interações é mais demorada e dispendiosa, e a análise de dados

é mais difícil. A forma preferida e mais adequada de coleta de dados é através de

observações das interações da equipe, embora algumas formas de questionários

também possam ser usadas. Esta abordagem não é comum na pesquisa do trabalho em

equipe.

Os estudos sintetizados consideraram coesão e conflito como os

principaisprocessos da equipe de interesse. Portanto, discutiremos, a partir de agora,

cada um desses conceitos.

Coesão pode ser definida como um processo dinâmico que reflete a vontade

dos membros do grupo em se unir e ficar juntos de maneira a formar uma unidade para

alcançar os objetivos comuns e/ou satisfazer as necessidades de afeto das pessoas

(CARRON; BRAWLEY, 2000). Carron e Brawley (2000) apresentam um modelo que

identifica duas dimensões para medir a coesão (integração do grupo e atração

individual para o grupo), o qual pode ser dividido em: tarefas e orientação social. De

acordo com o modelo proposto, esta medida de coesão não é nem uniformemente

distribuída entre equipes diferentes nem na mesma intensidade ao longo da existência

da equipe. Os autores afirmam que uma equipe pode ser altamente coesa para realizar

uma determinada tarefa apesar dos conflitos entre os membros. Por outro lado,

também é possível que uma equipe coesa socialmente seja incapaz de se unir para a

realização de um trabalho. As complexas relações entre coesão e conflito e

desempenho da equipe foram observadas claramente na síntese. Portanto, são duas as

orientações de coesão, quais sejam: a coesão da tarefa e a coesão social.

Conflito intragrupo é amplamente entendido como o resultado de

incompatibilidades percebidas, ou melhor, da percepção, por parte dos membros da

equipe, que eles têm pontos de vista discrepantes ou têm incompatibilidades

interpessoais (JEHN, 1995). Acuña et al. (2009) conceituam “conflito” como sendo

"uma oposição ou discrepância entre ideias, crenças ou interesses dos membros da

equipe". O conflito pode ser classificado em dois tipos: conflito de tarefa e conflito

social (JEHN, 1995). O primeiro ocorre quando membros discordam sobre uma

decisão ou uma tarefa, apresentando diferentes ideias, opiniões ou pontos de vista. Já o

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segundo, por sua vez, acontece quando os membros apresentam valores incompatíveis,

gostos ou ideias que geram desgaste pessoal entre os membros (JEHN, 1995). A

caracterização do conflito nestas duas dimensões é importante para compreender as

relações dos processos de equipe, como a coesão. Além de compreender como essas

relações moldam o trabalho em equipe e determinam alguns dos seus resultados.

O modelo da Figura 6 sintetiza o entendimento das relações da composição de

equipes com seus fatores interpessoais de funcionamento. Personalidades individuais

em equipes têm uma influência sobre a sua composição. Certas combinações de tipos

de personalidade tendem a favorecer certos tipos de interações entre os membros da

equipe, como endossado por Nash (2010). Portanto, os níveis de coesão e de conflito

estarão relacionados com o tipo de composição de personalidade na equipe.

Encontramos evidências de influências distintas de duas composições arquetípicas de

equipe: uma que favorece a interação e a coesão social na equipe (chamamos essa

composição de Pro-SCH, para a coesão pró-social) e outra que está focada na

realização do trabalho (Pro-TSK, para pró-tarefa).

As relações entre conflito e coesão são complexas, com ciclos mútuos de

reforço. Uma equipe que apresenta altos níveis de coesão social (social-CH)

favorecerá as interações que tendem a diminuir conflitos. Nesse contexto, as

interações sociais irão florescer e a satisfação tende a aumentar. Por outro lado, uma

equipe que apresente altos níveis de conflito social (social-CF) tenderá a revelar um

padrão de comportamento que irá diminuir a coesão. A partir dos relatos dos estudos,

parece que o ciclo de reforço que vai prevalecer é mediado pelo tipo de composição da

equipe. Por exemplo, uma equipe com alta concentração de Extroversão e

Socialização tenderá a favorecer o ciclo de aumento-diminuição coesão-conflito.

Equipes com estilos de resolução de problemas dominantes vão entrar mais facilmente

no ciclo de aumento-conflito queda-coesão.

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35

Figura 6 – Modelo de relacionamento entre composição e processos de equipe

Coesão e conflito parecem ter, pois, um efeito moderador sobre o esforço

individual de aplicação da tarefa dos membros da equipe, o que corrobora a teoria de

eficácia da equipe de Hackman (1987). Em nossa síntese, descobrimos que a coesão

parece afetar positivamente o esforço da tarefa, enquanto o conflito social vai ter o

efeito oposto. Esforço da tarefa não foi diretamente abordado nos estudos, tendo sido

adicionado na síntese como uma proposição que exige verificações.

Estes efeitos não são, de forma alguma, simples, porque as equipes altamente

coesas também tendem a ter um desempenho abaixo do ideal por causa de membros

que irão evitar confrontos que às vezes são necessários para alcançar melhores

soluções, através, é claro, de uma avaliação honesta e aberta de alternativas. Este

efeito é conhecido como o paradoxo Abilene (MCAVOY; BUTLER, 2007). Em tais

situações, as equipes podem experimentar alto grau de satisfação com o seu trabalho,

devido à ausência de conflito, e ainda terem baixo desempenho. Além disso, certos

níveis de conflito de tarefa são importantes para o desempenho, uma vez que as

melhores soluções são encontradas. Assim, modelamos este efeito, mostrando que a

coesão (social) é suscetível de reduzir a relação positiva entre as forças conflito de

tarefa e esforço tarefa.

O modelo preconiza que certas combinações de tipos de personalidade tendem

a favorecer certos tipos de interações entre os membros da equipe e que, portanto, os

níveis de coesão e de conflito estão relacionados com o tipo de composição de

personalidade na equipe. O tipo de composição que favorece as interações sociais é

chamada de SOCIAL-FIT e o tipo de composição que direciona a equipe para a

realização do trabalho é chamada TASK-FIT. Esses dois tipos de arquétipos de equipes

Individual

Personality

Cohesion

Conflict

Effort applied to

the tasks Performance

Satisfaction

Task Complexity

related to

problem solving

Team

Composition

Social-CF - Social-CH-

Social-CH+

-

Social-CF -

Task-CF+

Pro-SCH +

Pro-TSK +

+

Moderates +-

Creates

Social-CH-

+

+Social-CH -

Positive

Relation

Negative

Relation

Moderating

Relation

Concetp not directly addressed

in the set of studies

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36

se complementam e influenciam o funcionamento da equipe, o qual, por sua vez,

influencia o desempenho da equipe. Acreditamos que o modelo proposto melhora a

compreensão dos fenômenos estudados e oferece uma contribuição para

pesquisadores, mas também para os profissionais interessados em compreender as

relações complexas em equipes de software.

Neste capítulo foi apresentado o referencial teórico desta Tese a partir de uma revisão

sistemática da litetura. A predominânica dos estudos apresentados na revisão está

voltada para a investigação do efeito da personalidade no dempenho da equipe,

individual ou do projeto. No entanto, apenas os artigos categorizados no tópico de

pesquisa Processo de Equipe apresentam uma perspectiva da influência da

personalidade nos relacionamentos da equipe. O Capítulo 3 apresenta a metodologia

de pesquisa seguinte neste trabalho.

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37

3. METODOLOGIA DE PESQUISA

A metodologia científica é um processo sistemático que define os instrumentos

necessários para a elaboração do trabalho científico (MARCONI; LAKATOS, 2000).

Trata-se da explicação detalhada da natureza da pesquisa, do objeto de estudo, dos

métodos e técnicas utilizados. A questão de pesquisa deve ser uma das primeiras

definições a serem elaboradas, pois é a partir dela que deve ser derivada a maior parte

das escolhas que irão constituir a metolodogia de estudo, uma vez que o foco dessa

questão é o que dá o direcionamento para o desenvolvimento de estratégias de

pesquisa (EASTERBROOK et al, 2007). Neste capítulo será apresentada a estratégia

de pesquisa com relação ao problema e da questão de pesquisa (Seção 3.1), a postura

filosófica (Seção 3.2), a natureza da pesquisa (Seção 3.3) e os métodos adotados para

coleta e análise dos dados (Seção 3.4).

3.1 QUESTÃO DE PESQUISA

O panorama da pesquisa da personalidade na engenharia de software (Capítulo 2)

revelou uma lacuna de pesquisa relacionada ao direcionamento quase absoluto dos

estudos em condicionar o desempenho no trabalho ao traço de personalidade que mais

se adéqua às necessidades da tarefa. Sendo assim, as pesquisas sugerem que as equipes

de software sejam compostas por indivíduos cujas características de personalidade

sejam compatíveis com os requisitos da tarefa. Uma expressão que representa essa

perspectiva de pesquisa é: “Quem deve trabalhar com quem?”. Porém, três motivos

foram determinantes para que este estudo seguisse uma nova perspectiva de

investigação. São eles:

1. Nos estudos das diferenças individuais, a psicologia da personalidade é a

ciência que investiga como as características no interior da pessoa influenciam

seu comportamento e, consequentemente, seus relacionamentos sociais com

outras pessoas (BENET-MARTÍNEZ et al, 2015). Portanto, a perspectiva de

investigação “Quem quer trabalhar com quem?” segue uma abordagem que se

observa a adequação da personalidade com aspectos de relacionamento e

interação na equipe.

2. A investigação baseada em “Quem deve trabalhar com quem?” tem como

premissa que as características de personalidade individual afetam diretamente

o desempenho. Porém, na psicologia, já é sabido que a personalidade não

influencia diretamente o desempenho, mas de forma indireta, por meio de

outras variáveis (HOGAN;SHELTON, 1998; BARRICK et al, 2001, 2003).

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38

Nessa perspectiva, a personalidade influencia o desempenho através do

comportamento do indivíduo diante da interação dele com outros integrantes

da equipe.

3. Cruz, da Silva e Capretz (2015) demonstram que a pesquisa dos efeitos e

influências da personalidade na engenharia de software é relativamente

pequena. Além disso, as evidências são fracas e, em muitos casos,

inconclusivas, o que sugere que esse campo de pesquisa na área ainda não é

maduro, e que a aplicação direta dos métodos e dos instrumentos utilizados nos

estudos podem não produzir os efeitos esperados, sendo necessário portanto

uma nova linha de investigação na área.

Diante dos motivos apresentados, esta pesquisa seguiu uma perspectiva diferente

de investigação: ao invés de ser orientada pelo questionamento “quem deve trabalhar

com quem?”, ela focou em “quem quer trabalhar com quem?”. Portanto, a questão de

pesquisa que norteia esse estudo e que está relacionada com esta perspectiva é: “O que

leva um profissional de software a querer trabalhar com outro, em termos de

características de personalidade?”.

O objetivo desta pesquisa é, portanto, compreender quais as preferências dos

profissionais de software em trabalhar com outros profissionais de software, em

termos de características de personalidade.

3.2 POSTURA FILOSÓFICA

A postura epistemológica do pesquisador, ou o seu pressuposto filosófico,

define a abordagem pela qual a pesquisa vai ser conduzida, desde a escolha dos

métodos de pesquisa e técnicas de coleta de dados até a forma como resultados e as

conclusões serão reportados. Segundo Easterbrook et al (2007), a pesquisa na

engenharia de software quase nunca menciona a postura filosófica do pesquisador, o

que pode estar contribuindo para uma confusão em torno da seleção de métodos

empíricos e adequada avaliação de pesquisa empírica na área.

Merriam (2009) define que, tão logo se inicia um projeto de pesquisa, o

pesquisador deve examinar que orientação mais se ajusta ao seu ponto de vista e qual

delas é mais adequada para as respostas que ele tem em mente. A autora aponta ainda

que é importante entender as fundações filosóficas subentendidas nos diferentes tipos

de pesquisa, para que o pesquisador possa tomar decisões a respeito do design da

pesquisa a partir das escolhas disponíveis. A maneira mais adequada, portanto, seria

assumir um compromisso com alguma postura filosófica em particular, pois, assim, o

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39

pesquisador teria uma orientação baseada em critérios para conduzir a pesquisa, julgar

os resultados e construir um conhecimento válido (EASTERBROOK et al, 2007).

A postura filosófica dessa pesquisa é a interpretativista, também conhecida

como construtivista. Através dela, o pesquisador busca entender o fenômeno sob o

ponto de vista daqueles que o vivenciam, e não do próprio investigador, interpretando

a consciência das pessoas sobre seu mundo e sobre suas experiências nele

(MERRIAM, 2009). Portanto, o interpretativista se baseia na visão de que a realidade

social é um produto da experiência subjetiva dos indivíduos. Ou seja, o pesquisador

interpreta o objeto de pesquisa sob o ponto de vista daqueles que estão imersos no

fenômeno estudado.

O posicionamento interpretativa/construtivista é frequentemente adotado nas

ciências sociais, pela natureza de fenômenos decorrentes de complexos processos de

interação social (SEAMAN, 2008). Os construtivistas, pois, se concentram menos em

verificar as teorias e configurar experimentos e mais na compreensão de como

diferentes pessoas atribuem significados às ações (EASTERBROOK et al, 2007;

MERRIAM, 2009). Nesse processo, teorias podem surgir, mas elas estão sempre

atreladas ao contexto estudando.

3.3 NATUREZA DA PESQUISA

Devido à importância das atividades humanas no desenvolvimento de software,

muitos dos métodos de pesquisa que são apropriados para a engenharia de software

são desenhados a partir de disciplinas que estudam o comportamento humano, tanto no

nível individual e de equipe quanto em níveis organizacionais (EASTERBROOK et al,

2007).

A pesquisa qualitativa é um processo de investigação que busca o

entendimento do significado que as pessoas atribuem ao mundo em que vivem e de

como elas interpretam às próprias experiências. Assim, a natureza desta pesquisa é a

qualitativa, e a escolha dessa abordagem está amparada pela pergunta de pesquisa,

situada no âmbito dos fatores humanos da engenharia de software. O estudo da

engenharia de software é complexo, não somente pelos aspectos tecnológicos das

ferramentas e dos processos envolvidos nas atividades de construção de software, mas

também pelos processos sociais e cognitivos do próprio engenheiro de software

(SEAMAN, 2008). Com efeito, o contexto das atividades humanas apresenta aspectos

que são especialmente difíceis de capturar.

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40

No entanto, estudos que buscam compreender aspectos do comportamento

humano na engenharia de software têm se multiplicado e se apropriado cada vez mais

de métodos qualitativos (EASTERBROOK et al, 2007).

3.4 MÉTODOS DE PESQUISA

Para esta investigação, foi adotada a pesquisa qualitativa básica tal qual

definida por Merriam (2009). Analisando a diversidade de tipos de pesquisa

qualitativa existentes na literatura, Merriam (2009) define a pesquisa qualitativa básica

como sendo o tipo que possui as seguintes características:

a) Foco no significado e entendimento: baseada na filosofia do

construtivismo/interpretativismo, a pesquisa qualitativa tem como propósito

geral o entendimento da consciência da pessoa a respeito de um determinado

aspecto da sua vida, descrevendo como ela interpreta essa determinada

experiência. A pesquisa qualitativa é um esforço de entender situações de um

contexto particular. Esse entendimento é o fim em si, não há intenção em

predizer algo que pode acontecer, mas, antes, em entender a natureza daquela

configuração. A chave é o entendimento do fenômeno a partir da perspectiva

do participante, não do pesquisador.

b) O pesquisador como um instrumento essencial para coleta e análise

de dados: uma vez que o entendimento é o objetivo da pesquisa, é essencial

a participação do pesquisador na coleta e na análise dos dados. Além disso, o

pesquisador pode expandir seu entendimento através da comunicação não

verbal, do processamento imediato da informação, e também ao esclarecer e

resumir o material, bem como ao checar com os respondentes a precisão da

interpretação e explorar respostas inusitadas e imprevistas. No entanto, o

pesquisador introduz deficiências e subjetividades que podem impactar o

estudo. Ao invés de tentar eliminar essas subjetividades, é importante

identificá-las e monitorá-las para ver de que maneira elas estão influenciando

a interpretação.

c) Um processo indutivo: o processo para explicar o fenômeno é

indutivo, ou seja, o pesquisador coleta os dados e constrói temas ao invés de

dedutivamente testar hipóteses, como na abordagem positivista. Os dados são

organizados em temas abrangentes à medida que o pesquisador sai de uma

visão mais específica para uma mais geral, de maneira que os achados vão

sendo derivados dos dados em forma de temas e categorias. O framework

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teórico é que dá ao pesquisador um direcionamento base para as

interpretações.

d) Descrição rica: o produto da investigação qualitativa é uma rica

descrição dos achados. O contexto deve ser bem descrito, assim como os

participantes e as atividades de interesse. Dados em formato de citações

devem ser sempre incluídos de modo a sustentar os achados do estudo.

3.4.1 Seleção da amostra

A seleção da amostra depende do problema e das questões de pesquisa. Na

pesquisa qualitativa, o tipo de amostragem mais adequado é a amostragem intencional,

ou seja, aquela em que os casos escolhidos são aqueles com os quais o pesquisador

pode aprender o máximo a respeito do problema especificado no objeto de

investigação. Um dos tipos de amostragem intencional é a amostragem típica, a qual

reflete uma pessoa ou uma situação habitual, comum. Pode-se dizer também que

aquela amostra selecionada especificamente porque não está configurada de nenhuma

maneira atípica, extrema, incomum ou inesperada (MERRIAM, 2009).

A seleção da amostra se dá a partir da definição da unidade de análise. É a

unidade de análise que delimita o escopo da coleta e da análise dos dados. Como a

pesquisa é sobre o entendimento da composição de equipes a partir das preferências

individuais em trabalhar com outros, a unidade de análise é a equipe de

desenvolvimento de software. Outra definição importante para delimitar o escopo da

coleta e análise dos dados é a escolha da unidade de observação. A unidade de

observação é aquela em que acontece a coleta dos dados. Para essa pesquisa, a unidade

de observação é integrante da equipe.

Uma maneira de orientar a seleção de uma amostra intencional é através do

estabelecimento de critérios. Os critérios para a escolha dos casos refletem diretamente

o propósito do estudo e ajudam a guiar a identificação dos casos mais ricos de análise.

Com base no problema de pesquisa e na unidade de análise, os critérios para escolha

da amostra foram equipes de desenvolvimento de software que tivessem pelos menos

uma das seguintes características:

a. Equipes com pelo menos 3 integrantes;

b. Equipes com diferentes tempos de formação;

c. Equipes em diferentes estágios de desenvolvimento (surgimento,

crescimento, maturidade, declínio);

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42

d. Equipes com tempo de duração diferente (temporárias e

permanentes);

e. Equipes de diferentes tamanhos;

f. Equipes que adotam diferentes metodologias de

desenvolvimento (ágil ou tradicional);

g. Equipes heterogêneas e homogêneas com relação ao perfil dos

seus membros (conhecimento, experiência, formação, maturidade

profissional, estágio de carreira, idade, raça, gênero);

h. Equipes de organizações públicas e privadas;

i. Equipes cuja área de desenvolvimento é uma área fim ou uma

área meio da organização.

Para a seleção da unidade de observação, integrante da equipe, não houve

critério específico. Todos os integrantes da equipe foram consultados. Foram

considerados como integrantes da equipe desenvolvedores, líderes, testadores,

arquitetos e designers.

No total, foram coletados dados de cinco organizações, todas localizadas na

cidade de Recife. Tivemos cinco equipes participantes, sendo uma equipe por

empresa, totalizando 29 indivíduos entrevistados. Para preservar a identidade e

garantir o anonimato das organizações e equipes participantes, vamos nomeá-las

Organizações A, B, C, D e E, e Equipes 1, 2, 3, 4 e 5.

Como ponto de partida, iniciamos nossa coleta em março de 2014 na

ORGANIZAÇÃO A. A coleta foi realizada na unidade gestora de TI de uma

universidade pública. A unidade foi criada em 1967, tendo hoje cerca de 200

funcionários e é responsável pela manutenção e evolução dos sistemas de software da

organização. O processo de desenvolvimento de software utilizado é baseado na

abordagem ágil SCRUM. Nesta organização coletamos dados da Equipe 1, composta

por 8 integrantes, identificados de P1 a P8, trabalhando juntos na equipe por cerca de 8

meses. O sistema desenvolvido pela equipe é um módulo pertencente ao sistema

acadêmico da instituição, um sistema Web escrito na linguagem Java e classificado

pelo gerente como um projeto de complexidade média, em comparação a outros

projetos da organização.

A ORGANIZAÇÃO B, a segunda participante desta pesquisa, é uma empresa

privada de desenvolvimento de sistemas, criada em 2005 e tem hoje cerca de 50

funcionários. O processo de desenvolvimento de software utilizado é baseado na

abordagem ágil SCRUM. Nesta organização coletamos dados da Equipe 2, composta

Page 44: PREFERÊNCIAS PESSOAIS PARA O TRABALHO EM EQUIPE NO … Shirle… · Trabalho em equipe. Personalidade. Preferências. Tolerância. Pesquisa Qualitativa Básica. ABSTRACT Software

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por 5 integrantes, identificados de P9 a P13, trabalhando juntos na equipe por cerca de

12 meses. A coleta de dados aconteceu em novembro de 2015. O sistema

desenvolvido pela equipe é um sistema financeiro de uma instituição, um sistema Web

escrito na linguagem Java e classificado pelo gerente como um projeto de

complexidade média, em comparação a outros projetos da organização.

A ORGANIZAÇÃO C, a terceira pesquisada, é uma organização pública de

desenvolvimento de sistemas, criada em 1969 e tem hoje cerca de 400 funcionários. O

processo de desenvolvimento de software utilizado é baseado na abordagem ágil

SCRUM. Nesta organização coletamos dados da Equipe 3, composta por 6 integrantes,

identificados de P41 a P19, trabalhando juntos na equipe por cerca de 6 meses. A

coleta de dados aconteceu em maio de 2016. O sistema desenvolvido pela equipe é um

portal do governo, um sistema Web escrito na linguagem Java e classificado pelo

gerente como um projeto de complexidade média, em comparação a outros projetos da

organização.

A ORGANIZAÇÃO D, por sua vez, é instituição pública de desenvolvimento

de sistemas, criada em 1964 e possui hoje entre 500 e 600 funcionários. O processo de

desenvolvimento de software utilizado é baseado na abordagem ágil SCRUM. Nesta

organização coletamos dados da Equipe 4, composta por 5 integrantes, identificados

de P20 a P24, trabalhando juntos na equipe por cerca de 9 meses. A coleta de dados

aconteceu em junho de 2016. O sistema desenvolvido pela equipe é um sistema de

arrecadação do governo, um sistema Web escrito na linguagem Java e classificado

pelo gerente como um projeto de complexidade média, em comparação a outros

projetos da organização.

Por último, a ORGANIZAÇÃO E é uma empresa multinacional que

desenvolve soluções de TI, sua sede na cidade do Recife foi fundada em 2010 e conta

hoje com cerca de 200 funcionários. O processo de desenvolvimento de software

utilizado é baseado na abordagem ágil SCRUM. Nesta organização coletamos dados

da Equipe 5, composta por 5 integrantes, identificados de P25 a P29, trabalhando

juntos na equipe por cerca de 4 meses. A coleta de dados aconteceu em junho de 2016.

O sistema desenvolvido pela equipe é um sistema coporativo de uma instituição, um

sistema Web escrito na linguagem Java e classificado pelo gerente como um projeto

de complexidade média, em comparação a outros projetos da organização.

A seguir, apresentamos a consolidação do perfil dos nossos participantes:

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IDADE PESSOAS

Entre 23 e 29 anos 14

Entre 30 e 37 anos 14

A partir de 40 anos 1

CARGOS PESSOAS

Líder 5

Desenvolvedor 17

Testador 6

Designer 1

SEXO PESSOAS

Masculino 22

Feminino 7

TEMPO DE

EXPERIÊNCIA NA

ÁREA

PESSOAS

Menos de 2 anos 2

De 2 a menos de 5 anos 6

De 5 a menos de 10 anos 13

De 10 a 13 anos 7

30 anos1 1

TEMPO DE EMPRESA PESSOAS

Menos de 2 anos 5

De 2 a menos de 5 anos 9

De 5 a menos de 10 anos 8

10 anos 1

28 anos 1

3.4.2 Coleta dos dados

Para esta pesquisa, foram selecionados os seguintes instrumentos de coleta de

dados: entrevista e teste de personalidade. A adoção destes métodos permitiu a

triangulação dos dados, estratégia importante para garantir a qualidade da pesquisa.

3.4.2.1 Entrevista

O emprego da entrevista para mapear e compreender a realidade dos

respondentes fornece dados básicos para o desenvolvimento e compreensão das

relações entre os atores sociais e sua situação. O objetivo da entrevista é a

compreensão detalhada das crenças, atitudes, sentimentos e motivações em relação ao

comportamento das pessoas em contextos sociais específicos (GASKELL, 2002).

Para a exploração do campo, foram adotadas perguntas amplas, abertas e não

valorativas, para levar o entrevistado a descrever e refletir sobre suas experiências, e,

ainda, para provocar a discussão detalhada do tópico, estimulando e dando espaço para

informações imprevistas (CHARMAZ, 2009). Tivemos cuidado redobrado ao elaborar

o roteiro de entrevista de modo a evitar perguntas confusas, limitantes e

direcionadoras (CHARMAZ, 2009). Sendo assim, o roteiro de entrevista foi

semiestruturado (Apêndice B).

Ao todo, foram realizadas 29 entrevistas individuais intensivas, totalizando 43

horas de áudio. A duração média das entrevistas foi de 90 minutos.

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45

3.4.2.2 Teste de personalidade

A fim de contar com um panorama abrangente da personalidade, foi utilizado o

teste de personalidade IPIP-NEO (International Personality Item Pool Representation

of the NEO PI-R), versão curta com 140 itens3. O questionário contém 140 frases

afirmativas, às quais o examinando deve responder utilizando uma de cinco

alternativas de resposta.

O IPIP-NEO se baseia no inventário comercial NEO PI-R, da autoria de Paul

T. Costa, Jr. e Robert R. McCrae. O genuíno NEO PI-R (240 itens) é um instrumento

de avaliação da personalidade baseado no modelo pentafatorial de personalidade -

cinco grandes fatores de personalidade (Big Five). O NEO PI-R é protegido por

direitos autorais, portanto, pago e só pode ser encomendado por psicólogos e usado

com permissão. O IPIP-NEO é um instrumento grátis e largamente usado nas

pesquisas por sua comprovação científica, sendo considerado preciso e confiável

(MAPLES et al., 2014).

O IPIP-NEO avalia as cinco dimensões do Big Five: extroversão, amabilidade,

conscienciosidade, neuroticismo e abertura à experiência. Além disso, o inventário

avalia as seis subdimensões (conhecidas como facetas) de cada um dos domínios de

personalidade, totalizando um total de 30 facetas de personalidade. As cinco

dimensões com suas respectivas facetas são (JOHNSON, 2014) (COSTA; McCRAE,

2010):

Neuroticismo - Altos escores indicam que a pessoa é nervosa, impaciente, ansiosa e

preocupada. Baixos escores indicam pessoas calmas, moderadas, tranquilas e capazes

de encarar situações estressantes sem muita preocupação.

N1: Ansiedade - Altos escores indicam que a pessoa é apreensiva, medrosa,

nervosa, tensa, agitada e propensa a preocupações. Escores baixos são calmas,

relaxadas, não remoem coisas que poderiam dar errado, são, portanto, menos

prováveis de apresentar estados emocionais negativos.

N2: Raiva/Hostilidade - Altos escores indicam que a pessoa é agressiva e não

cordial. Baixos escores indicam que a pessoa é fácil de lidar, além de

apresentar baixa reatividade à raiva.

N3: Depressão - Altos escores indicam pessoas predispostas a sentimentos de

culpa, tristeza e solidão. Baixos escores raramente expressam tais emoções,

mas não são necessariamente alegres e despreocupadas, pois essas

características estão associadas com Extroversão.

3 Disponível em: http://www.personal.psu.edu/~j5j/IPIP/ipipneo120.htm

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N4: Embaraço/Constrangimento - Altos escores indicam que a pessoa se sente

inferior e são sensíveis ao ridículo. Baixos escores indicam que a pessoa é

segura de si, tem boas habilidades sociais e se perturbam menos com situações

sociais incômodas.

N5: Impulsividade - Altos escores indicam que a pessoa tem dificuldade de

resistir a um determinado comportamento. Baixos escores indicam que a

pessoa é capaz de resistir à impulsividade, agindo mais moderadamente.

N6: Vulnerabilidade - Altos escores indicam pessoas incapazes de lidar com o

estresse. Baixos escores indicam pessoas capazes de conduzir-se em situações

difíceis.

Extroversão – Altos escores indicam que a pessoa é sociável, alegre, ativa, falante,

otimista e bem disposta. Baixos escores indicam que a pessoa é reservada, menos

amigável, tímida.

E1: Acolhimento - Altos escores indicam pessoas afetuosas e amigáveis.

Baixos escores indicam pessoas mais formais, reservadas e distantes.

E2: Gregarismo - Altos escores indicam pessoas sociáveis. Baixos escores

indicam pessoas mais solitárias.

E3: Assertividade - Altos escores indicam pessoas dominantes, vigorosas, que

se impõe. Baixos escores indicam pessoas que preferem se manter em segundo

plano e deixar os outros aparecer e falar.

E4: Atividade - Altos escores indicam pessoas ágeis, dinâmicas e que se

mantém sempre ocupada. Baixos escores indicam pessoas mais vagarosas e

calmas, apesar se não serem necessariamente lerdas e preguiçosas.

E5: Busca de sensações - Altos escores indicam pessoas que anseiam por

excitação e estimulação. Baixos escores indicam pessoas que preferem um

estilo de vida considerado pelos altos escores como “entediante”.

E6: Emoções positivas - Altos escores indicam que a pessoa é alegre e

otimista. Baixos escores não indicam que a pessoa é infeliz, mas que são

menos exuberantes e menos bem humorados.

Abertura à experiência - Altos escores indicam que a pessoa deleita-se com novas,

ricas e variadas experiências. Baixos escores indicam que a pessoa gosta de atividades

rotineiras e não gosta de experimentar coisas diferentes.

O1: Fantasia – Altos escores indicam que a pessoa tem muita imaginação.

Baixos escores indicam que a pessoa é mais prosaica e que prefere manter sua

mente em tarefas concretas.

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O2: Estética – Altos escores indicam que a pessoa tem interesse pelas artes.

Baixos escores indicam que a pessoa é insensível e desinteressada pelas artes.

O3: Sentimentos – Altos escores indicam que a pessoa experimenta estados

emocionais mais profundos, assim como sentem felicidade e infelicidade mais

intensamente que outras pessoas. Baixos escores indicam que a pessoa não tem

tanta preocupação assim com seus sentimentos.

O4: Ações variadas – Altos escores indicam que a pessoa prefere novidade e

variedade. Baixos escores indicam que a pessoa gosta de rotina e preferem se

manter com a segurança do já conhecido.

O5: Ideias – Altos escores indicam que a pessoa tem muita curiosidade e

disposição para considerar ideias novas e não convencionais. Baixos escores

indicam que a pessoa não é tão curiosa assim.

O6: Valores – Altos escores indicam que a pessoa tem a disposição de

reconsiderar seus valores. Baixos escores indicam que a pessoa tende a aceitar

a autoridade e honrar tradições, são conservadores.

Amabilidade - Altos escores indicam que a pessoa dá importância ao bem-estar dos

outros. Baixos escores indicam que a pessoa é egocêntrica.

A1: Confiança – Altos escores indicam que a pessoa é disposta a acreditar que

os outros são honestos e bem intencionados. Baixos escores indicam que a

pessoa é cínica e cética.

A2: Franqueza – Altos escores indicam que a pessoa é ingênua e sincera.

Baixos escores indicam que a pessoa é disposta a manipular e enganar os

outros.

A3: Altruísmo – Altos escores indicam que a pessoa gosta de ajudar quem

precisa. Baixos escores indicam que a pessoa é autocentrada e não se envolve

com os problemas dos outros.

A4: Complacência – Altos escores indicam pessoas dóceis e meigas. Baixos

escores indicam pessoas que não relutam em expressa raiva e agressividade

quando necessário.

A5: Modéstia – Altos escores indicam pessoas humildes. Baixos escores

indicam pessoas presunçosas e arrogantes.

A6: Sensibilidade – Altos escores indicam pessoas que agem sempre

considerando as necessidades alheias. Baixos escores indicam pessoas

impiedosas e menos movidas pela compaixão.

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Conscienciosidade - Altos escores indicam que a pessoa é propositada, com força de

vontade e determinada. Baixos escores indicam que a pessoa é menos exigente,

desinteressada e mais distraída.

C1: Competência – Altos escores indicam que a pessoa se sente bem

preparada. Baixos escores indicam que a pessoa tem opinião mais desfavorável

sobre suas habilidades e admite que muitas vezes é despreparada e inapta.

C2: Ordem – Altos escores indicam que a pessoa é organizada e metódica.

Baixos escores indicam que a pessoa desorganizada e não metódica.

C3: Senso do Dever – Altos escores indicam que a pessoa é responsável e

comprometida. Baixos escores indicam que a pessoa é mais casual quanto a

esses aspectos e pode ser considerada como pouco confiável.

C4: Esforço por realizações – Altos escores indicam que a pessoa é

determinada e que trabalha duro para atingir seus objetivos. Baixos escores

indicam pessoas menos esforçadas e preguiçosas.

C5: Autodisciplina – Altos escores indicam que a pessoa tem habilidade de

motivar a si mesmo para terminar o trabalho. Baixos escores indicam pessoas

que necessitam de um grau de motivação maior para se manter no foco.

C6: Ponderação – Altos escores indicam que a pessoa pensa cuidadosamente

antes de agir. Baixos escores são apressados e tomam decisões súbitas quando

necessário.

As dimensões, portanto, fornecem uma avaliação genérica a respeito de cada

uma das cinco características principais de personalidade, enquanto que as facetas

representam um conjunto mais específico de traços e comportamentos. Cada dimensão

representa uma escala bipolar, em que o nome da dimensão é baseado na mais alta

pontuação da escala. Baixas pontuações na escala indicam comportamentos opostos ao

da dimensão representada (JOHNSON, 2014). Por exemplo, se a medição de

extroversão de uma pessoa for baixa, quer dizer que ela tende a ter um comportamento

oposto do que representa da dimensão ou fator, ou seja, ela tende a ser introvertida.

Por isso, quanto mais alta for a pontuação em cada uma das cinco dimensões ou

fatores, maiores as tendências em apresentar os comportamentos específicos e vice-

versa.

Os níveis de pontuação "baixo", "médio" e "alto" não são absolutamente bons

nem ruins. O nível particular de qualquer traço pode ser considerado neutro ou

irrelevante para algumas atividades, útil para a realização de algumas coisas, e

prejudicial para a realização de outras coisas. As pontuações e descrições dos

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resultados são consideradas aproximações da personalidade real do indivíduo. Escores

de alta e baixa pontuação são geralmente mais precisos, enquanto que pontuações

médias indicam que o indivíduo pode apresentar tanto a presença quanto a ausência da

característica, a depender da situação (COSTA; McCRAE, 2010).

As principais áreas de aplicação do teste são: psicologia do trabalho e das

organizações, psicologia clínica, psicologia da saúde, orientação vocacional e pesquisa

do comportamento humano em geral.

3.4.3 Análise dos dados

A compreensão das preferências dos profissionais de software em trabalhar

com outros profissionais de software se destinou à identificação de padrões, por isso, a

análise dos dados aconteceu através de um processo de extração e tabulação dos

dados.

A análise de como as preferências se relaciona com as características de

personalidade dos integrantes da equipe foi realizada através do processo de

codificação definido por Merriam (2009).

3.4.3.1 Extração, tabulação e identificação de padrões

A identificação dos padrões de preferências aconteceu através de um processo

de extração e tabulação de dados. Os padrões foram identificados com base no

cruzamento de três tipos de análise: (A) a análise da percepção das características de si

e dos outros; (B) análise das escolhas de cada um na equipe; (C) análise das escolhas

de cada um a partir das experiências passadas, ou seja, a partir do entendimento de

quais características o profissional considera boas e ruins com base nas suas

experiências em empresas, equipes e com outros profissionais de software com os

quais já trabalhou. A escolha das análises citadas se deu pela busca de padrões,

padrões esses observados através das características de personalidade individual e das

caracterísiticas personalidade dos colegas de trabalho com os quais ele gosta de

trabalhar.

Vejamos, abaixo, a descrição detalhada de como cada uma das análises foram

realizadas: A) A análise das características dos integrantes da equipe aconteceu de

acordo com os passos a seguir:

1. A partir da transcrição da entrevista de cada integrante da equipe,

incluindo o líder:

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50

i. Foram extraídos os descritores de características de

personalidade que compõem a percepção de si e a

percepção do integrante sobre todos os outros

integrantes da equipe;

ii. Os dados extraídos foram tabulados no Microsoft Excel,

com uma planilha para cada integrante. Em cada

planilha, havia colunas com o nome de cada um dos

integrantes. A coluna com o nome do integrante, os

quais estão sendo extraídos os dados em questão,

representa a percepção dele sobre si, suas características

positivas e negativas. As colunas com os nomes dos

outros integrantes representavam as características

extraídas a partir da percepção dos outros sobre ele, ou

seja, as características positivas e negativas que cada um

dos outros integrantes considera que ele tenha.

2. O passo 1 foi repetido para todos os integrantes da equipe, utilizando as

mesmas planilhas para atualizar as colunas correspondentes à

percepção de si e do outro sobre si;

3. Depois de finalizado o passo 2, com todas as planilhas consolidadas

contendo os descritores de características que cada um atribuiu a si e

aos demais, de maneira que, ao olhar para a planilha de cada um dos

integrantes, haverá as suas respostas sobre si e as dos outros sobre ele.

De posse dessas informações, as características extraídas e tabuladas

foram agrupadas de acordo com as cinco dimensões do teste de

personalidade;

4. De posse dos resultados do teste de personalidade (IPIP-NEO, versão

online) que cada um dos integrantes respondeu, foram verificadas as

congruências e as divergências das características de cada integrante,

segundo a percepção dele mesmo sobre si e a percepção dos outros

sobre ele;

i. A análise aconteceu tanto no nível da dimensão de

personalidade quanto no de cada uma das facetas da dimensão.

ii. A análise da percepção de si e dos outros não pode ser

verificada em níveis, podendo ser avaliadas somente a presença

e a ausência das características no indivíduo, ou até mesmo a

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presença de algumas características e a ausência de outras que

fazem parte da mesma dimensão de características.

iii. As duas fontes de informação foram comparadas, os níveis

indicados no resultado do teste de personalidade e a indicação

de presença e ausência de cada domínio de características de

personalidade. As divergências foram registradas.

B) A análise das escolhas dos integrantes na equipe aconteceu de acordo com os

passos a seguir:

1. Para cada integrante da equipe, foram registradas em tabelas as

escolhas que ele fez na equipe, a partir das respostas às perguntas:

Com quais integrantes da equipe trabalharia novamente?

Por quê?

Com quais integrantes da equipe mais gosta e com quem

menos gosta de trabalhar? Por quê?

Quem é considerado amigo e quem é considerado colega?

Por quê?

Com quais integrantes da equipe você interage mais e com

quem interage menos? Por quê?

2. O passo 1 foi repetido para todos os integrantes da equipe, utilizando as

mesmas tabelas para atualizar as colunas correspondentes das escolhas

dos outros integrantes da equipe, de forma que no final;

3. Depois de finalizado o passo 2, todas as tabelas estavam consolidadas

com as escolhas de todos os integrantes da equipe. Esse conjunto de

tabelas chamamos de mapa de escolhas.

C) Nas experiências passadas de cada um, com o entendimento de quais

características o profissional considera boas e ruins, com base nas experiências

dele em empresas, equipes e com outros profissionais de software com os quais

já trabalhou.

Finalizados os três tipos de análises, para cada integrante e em cada dimensão,

foram executados dois tipos de comparação: (1) das características de personalidade

individual com as características de personalidade de cada um dos integrantes

escolhidos por ele e consolidados no mapa de escolhas; e (2) das características de

personalidade individual com as características de personalidade extraídas e tabuladas

a partir das experiências passadas e do que ele considera como integrante ideal.

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52

Com o entendimento do perfil de características de personalidade do

profissional, com suas escolhas na equipe e com o que ele valorizou em experiências

passadas, foi possível identificar os padrões de preferências. A identificação desses

padrões se deu a partir da tabulação e da verificação de repetição entre os dados.

3.4.3.2 Codificação dos dados

As variáveis influenciadas pelas características de personalidade foram

analisadas a partir do processo de codificação de dados definido por Merriam (2009),

que consiste num processo indutivo no qual o pesquisador constrói temas a partir dos

dados, e identifica a relação entre esses temas.

O resultado final da análise desta pesquisa são dois produtos: os padrões de

preferências dos profissionais de software em trabalhar com outros e um diagrama que

mostra, de maneira visual, as variáveis influenciadas pela personalidade e os

relacionamentos estabelecidos entre elas, os quais foram interpretados empiricamente

a partir dos dados coletados.

Este capítulo apresentou o processo de análise desenvolvido especificamente

para responder a questão de pesquisa desta Tese, como exposto fez uso de várias

etapas de análise e comparação de resultados. A seguir é apresentado o Capítulo 4 com

os resultados desta pesquisa.

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4. RESULTADOS

A apresentação dos resultados será feita com base no objetivo da pesquisa, que

é compreender quais as preferências dos profissionais de software em trabalhar com

outros profissionais de software, em termos de características de personalidade. Os

profissionais de software são os líderes, desenvolvedores, arquitetos, testadores e

designers.

Na Seção 4.1 serão apresentadas as preferências dos profissionais de software

em trabalhar com outros e na Seção 4.2 as variáveis influenciadas pela personalidade e

os relacionamentos estabelecidos entre elas. Durante a narrativa dos resultados, serão

apresentados trechos extraídos das entrevistas e, nos casos em que for preciso detalhar

alguma particularidade, o detalhamento será feito em subseções intituladas “O caso de

P#”, sempre se referindo aos profissionais com a identificação definida na Seção 3.4.1.

Portanto, o objetivo deste capítulo é apresentar os resultados do campo,

respondendo a questão de pesquisa que norteia esse estudo: “O que leva um

profissional de software a querer trabalhar com outro, em termos de características

de personalidade?”.

4.1 PREFERÊNCIAS EM TRABALHAR COM OUTROS PROFISSIONAIS DE

SOFTWARE

As preferências dos profissionais de software em trabalhar com outros foram

analisadas a partir das seguintes diretrizes:

I. Entender as características de personalidade dos profissionais de

software, a partir dos descritores de características que cada um atribuiu a si e a

todos os outros integrantes de sua equipe;

II. Entender as preferências de cada profissional de software em trabalhar

com outros;

III. Com base nas características de personalidade dos profissionais e no

perfil de suas preferências em trabalhar com outros profissionais, verificar a

existência de padrões;

A análise das características de personalidade dos profissionais participantes da

pesquisa foi realizada a partir da percepção do profissional sobre ele mesmo,

conjuntamente com a percepção que os outros profissionais da equipe têm sobre ele. É

importante salientar que essas percepções se limitam a descrever as características que

mais se destacam, aquelas mais marcantes, as mais evidentes, tanto positivas quanto

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negativas. Para contar com um panorama mais abrangente, os profissionais

preencheram o teste de personalidade IPIP-NEO, versão online (Seção 3.4.2.2).

A análise das preferências de cada profissional de software em trabalhar com

outros se baseou nas seguintes perspectivas:

A) Nas experiências passadas de cada um, com o entendimento de quais

características o profissional considera boas e ruins com base nas experiências dele em

empresas, equipes e com outros profissionais de software com os quais já trabalhou.

B) Na experiência de cada um na equipe atual.

Com o entendimento do perfil de características de personalidade do

profissional e com o que ele valorizou em experiências passadas e o que valoriza na

equipe atual, foi possível identificar os padrões de preferências. A Seção 4.1.1

apresenta o entendimento das características de personalidade dos profissionais de

software da pesquisa e a Seção 4.1.2 apresenta os padrões de preferências encontrados.

4.1.1 Características de personalidade dos profissionais de software

As percepções de cada profissional participante da pesquisa sobre ele mesmo e

sobre os outros integrantes da equipe foram observadas através dos descritores de

características individuais usados para se autodescrever e descrever os demais. Após

essa observação, as características extraídas foram agrupadas nas 5 dimensões de

características definidas pelo Big Five. Esse agrupamento contou com o descritivo das

facetas para que fosse realizada uma melhor identificação (Seção 3.4.2.2).

Foi preciso fazer um alinhamento entre os três tipos de fontes de informação: o

autorretrato de cada profissional, a percepção de cada um sobre todos os outros

profissionais e os resultados dos testes de personalidades. Essa análise comparativa

resultou em duas constatações:

1. A percepção de si e a dos outros sobre si, na forma de agrupamento dos

descritores de características nas dimensões do Big Five, não são panorâmicas,

ou seja, não revelam de maneira completa as características da pessoa em todas

as dimensões da sua personalidade. A percepção destaca apenas as

características mais marcantes do indivíduo ou aquelas observáveis com mais

frequência.

2. O teste de personalidade, além de avaliar o indivíduo em todas as dimensões de

características da personalidade, avalia o nível de intensidade que ele possui

em cada uma dessas dimensões e facetas, sendo os níveis alto, médio e baixo.

Já a análise da percepção de si e dos outros não pode ser medida em níveis,

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podendo ser avaliadas somente a presença e a ausência das características no

indivíduo, ou até mesmo a presença de algumas características e a ausência de

outras que fazem parte da mesma dimensão de características.

No cruzamento da percepção de si com a percepção dos outros sobre si, foi

possível constatar uma forte congruência dos dados, uma vez que o autorretrato da

pessoa correspondeu com o que os outros integrantes da equipe acham dela, um

exemplo é o caso ilustrativo presente no Apêncide C. Já entre as percepções e os

resultados do teste de personalidade, dois cenários foram encontrados: quando o

autorretrato e a percepção dos outros é semelhante aos resultados do teste e quando

essas percepções são contrárias ao teste. No cruzamento das percepções com os

resultados do teste, é essencial analisar tanto o nível da dimensão de personalidade

como um todo quanto o nível de cada uma das facetas da dimensão. O nível indica a

intensidade ou a frequência do indivíduo em se comportar de acordo com as

características presentes na dimensão e na faceta de personalidade. Os níveis alto e

baixo representam os extremos e indicam, respectivamente, uma tendência forte ou

fraca ao comportamento. Já o nível médio indica uma tendência do indivíduo a

vivenciar os dois extremos.

A Tabela 2 presente no Apêndice C exemplifica, com os dados dos

profissionais da Equipe 3, a maneira como o entendimento das características de

personalidade dos profissionais de software foi analisando e entendido. Os casos de

divergência são apontados e argumentados.

As características de todos os profissionais participantes da pesquisa

identificados com a inicial P# estão descritas nas Tabelas 3, 4, 5, 6, e 7. As colunas

com asterisco (*) apontam divergências entre a percepção (P) das características de

personalidade em um participante e o teste de personalidade (T) deste participante e

serão explicadas abaixo de cada um dos Quadros. A coluna com a percepção (P) será

preenchida com círculos coloridos, onde o verde indica a presença de características

da dimensão no indivíduo, o amarelo indica a presença e a ausência de características

diferentes da mesma dimensão de personalidade, o vermelho indica ausência da

característica da dimensão e o vazio indica ausência de percepção. As dimensões de

personalidade são as do Big Five: Conscienciosidade, Amabilidade, Abertura,

Neuroticismo e Extroversão (Capítulo 3). O resultado do teste de personalidade para

cada dimensão pode ser: Alto (A), Médio (M) ou Baixo (B), conforme explicado no

Capítulo 3.

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EQUIPE 1

P# Conscienciosidade Amabilidade Abertura Neuroticismo Extroversão

P T P T P T P T P T

P1 A M B M B

P2 M B M M M

P3 B* A M M M

P4 M A M B M

P5 A A M B M

P6 M B B A B

P7 M M A B A

P8 A A M B M Tabela 2 – Personalidade dos integrantes da Equipe 1.

Nas características percebidas em P3 há a presença de algumas características

de conscienciosidade e a ausência de outras, porém o resultado do seu teste de

personalidade apresentou, para a dimensão como um todo, um nível baixo de

conscienciosidade. Aparentemente, essa informação traz uma divergência de

resultados, embora não se possa interpretar que o baixo nível da dimensão indique a

ausência completa de todas as características de conscienciosidade, pois, analisando as

facetas da dimensão, é possível constatar que isso não se verifica, uma vez que:

P3 apresenta um nível alto na faceta Senso do Dever, e a percepção de um

colega de equipe sobre ela descreve exatamente essa característica.

Ela é dedicada... Foca em terminar as tarefas pra não atrasar

o projeto. (P2)

P3 apresenta um nível baixo na faceta Autodisciplina, e a percepção de um

colega de equipe sobre ela descreve exatamente a ausência dessa característica.

Como ponto negativo talvez, acho que a capacidade de

concentração dela. Ela se dispersa muito, principalmente com

o celular, mas aí quando ela foca, ela faz. (P1)

EQUIPE 2

P# Conscienciosidade Amabilidade Abertura Neuroticismo Extroversão

P T P T P T P T P T

P9 A M B M B

P10 M A M M B

P11 A A B M M

P12 M M B M A*

P13 M A B M M Tabela 3 - Personalidade dos integrantes da Equipe 2.

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A percepção a respeito de P12 indica a ausência de extroversão, enquanto o

teste de personalidade apresenta nível alto da dimensão. Porém, na análise da faceta

Assertividade, P12 possui nível médio, indicando tanto uma tendência em se expressar

bem e em falar sem hesitação, quanto em preferir manter-se em segundo plano e

deixar os outros aparecerem e falarem.

Ele é um cara muito difícil de falar... ele é o mais fechado de

todos. (P9)

Ele é muito calado. (P11)

EQUIPE 3

P# Conscienciosidade Amabilidade Abertura Neuroticismo Extroversão

P T P T P T P T P T

P14 B M M M M

P15 A B M A M

P16 M M B* B M

P17 M A B* B M

P18 M M B B A*

P19 B* B* B B B Tabela 4 - Personalidade dos integrantes da Equipe 3.

A Tabela 5 apresenta cinco possíveis divergências:

A percepção a respeito de P16 indica presença de abertura, enquanto o teste de

personalidade indica baixa abertura. Porém, na análise da faceta Ações

Variadas, o profissional apresenta alto nível, o que indica uma tendência de

engajamento com atividades diferentes.

Ele tá sempre estudando alguma coisinha pra colocar aqui.

(P19)

A percepção a respeito de P17 indica presença de abertura, enquanto o teste de

personalidade indica baixa abertura. Porém, na análise da faceta Ações

Variadas, o profissional apresenta nível médio, o que indica tanto uma

tendência em se engajar com atividades diferentes quanto em se manter com a

segurança do que já lhe é conhecido.

Ele é aberto a mudanças, a desafios, é uma coisa boa pra ele,

ele tem um bom aprendizado, ele aprende rápido as coisas.

(P16)

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58

A percepção a respeito de P18 indica ausência de extroversão, enquanto o teste

de personalidade apresenta nível alto da dimensão. Porém, na análise da faceta

Assertividade, o profissional apresenta nível baixo, o que indica uma

preferência em manter-se em segundo plano e deixar os outros aparecerem e

falarem.

Ele é uma pessoa tímida, ele é muito tímido, ele não fala na

reunião, a gente para tirar alguma coisa dele é muito

complicado, certo? Ele é uma pessoa que ele aceita, ele

escuta, eu tenho muito medo de pessoa que só vive escutando,

mas não fala, mas ele escuta muito está certo? (P15)

A percepção a respeito de P19 indica presença de amabilidade, enquanto o

teste de personalidade indica baixa amabilidade. As características percebidas

pertencem à faceta Altruísmo, e o teste indicou nível baixo da faceta, o que

demonstra que as informações são conflitantes.

É ela que me auxilia. Eu aprendi muita coisa com ela...

Quando eu estou com qualquer dúvida eu não tenho vergonha

de perguntar. Ela é quem mais me auxilia. (P17)

A percepção a respeito de P19 indica presença de conscienciosidade, enquanto

o teste de personalidade indica baixa conscienciosidade. Porém, na análise da

faceta Esforço por Realizações, o profissional apresenta nível médio, o que

indica tanto uma presença quanto uma ausência de tendência a esse

comportamento.

Ela é comprometida e eficiente, ela é focada no trabalho,

eficiente, quando ela começa um negócio ela foca muito

naquilo, ela faz, e entrega rápido. (P16)

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59

EQUIPE 4

P# Conscienciosidade Amabilidade Abertura Neuroticismo Extroversão

P T P T P T P T P T

P20 M A A M B

P21 M M B M M

P22 M A A M M

P23 A A B B B

P24 A M B M B Tabela 5 - Personalidade dos integrantes da Equipe 4.

Na Equipe 4 não foi encontrada divergência entre as percepções e os resultados

dos testes de personalidade.

EQUIPE 5

P# Conscienciosidade Amabilidade Abertura Neuroticismo Extroversão

P T P T P P T P T

P25 M M M A B

P26

P27

P28 M M B B M

P29 Tabela 6 - Personalidade dos integrantes da Equipe 5.

Na Equipe 5 não foi encontrada divergência entre as percepções e os resultados

dos testes de personalidade, apesar de que, apenas dois integrantes da equipe

responderam o teste.

As tabelas acima revelam que as características de todas as dimensões foram

percebidas em pelo menos um integrante de cada equipe, muito embora ninguém tenha

sido descrito com características pertencentes a todas as dimensões. A Tabela 8, a

seguir, apresenta a quantidade de profissionais em cada uma das equipes (E1 a E5) que

tiveram características percebidas em cada uma das dimensões de características de

personalidade. Ao lado da identificação de cada equipe está o número total de

integrantes dela, por exemplo, a equipe 1 possui 8 integrantes – E(8).

E1 (8) E2 (5) E3 (6) E4 (5) E5 (5) Total

Conscienciosidade 7 5 6 5 5 28

Amabilidade 4 3 4 3 1 15

Abertura 1 2 4 3 1 11

Neuroticismo 1 2 1 3 2 9

Extroversão 3 3 1 3 0 10 Tabela 7 – Características de personalidade dos profissionais de software, segundo a percepção.

Dentro de cada dimensão de personalidade, as facetas percebidas com maior

frequência foram:

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60

Conscienciosidade: Ordem, Senso do Dever, Esforço pra Realizações e

Autodisciplina;

Amabilidade: Altruísmo;

Abertura: Ações Variadas e Ideias;

Neuroticismo: Ansiedade e Raiva;

Extroversão: Assertividade e Gregarismo.

Lembrando que para cada dimensão de personalidade há seis facetas

correspondentes, a Seção 3.4.2.2 descreve cada uma delas.

4.1.2 Padrões de preferência e de tolerância – quem quer trabalhar com quem?

Com o objetivo de entender o que leva uma pessoa a querer trabalhar com

outra, em termos de características de personalidade, foram observados dois tipos de

padrões: os padrões de preferências e os padrões de tolerância dos profissionais de

software em trabalhar com outros profissionais de software. As relações da

personalidade com as preferências e tolerância são explicadas no modelo da Figura 7

na Seção 4.2. Um total de quatorze (14) padrões foi encontrado e eles estiveram

presentes nas predileções dos profissionais ao descreverem suas experiências

profissionais na equipe atual e nas equipes de software com as quais já trabalharam

anteriormente. Os padrões se basearam nas justificativas dos participantes em cada

uma das escolhas, conforme trechos das entrevistas usados para fundamentar os

padrões encontrados.

Os padrões de preferência e tolerância são identificados com a letra S seguida

da numeração de 1 a 14. Além disso, as preferências estão classificadas em duas

categorias: (1) preferências comuns, cujos padrões estão presentes de maneira

generalizada entre as preferências dos profissionais participantes da pesquisa; e (2)

preferências dependentes de características, cujos padrões observados apresentam

relação entre as características de personalidade do profissional e as características de

personalidade das pessoas com as quais ele gostaria de trabalhar.

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61

A) PREFERÊNCIAS COMUNS

As preferências comuns são os padrões observados nas predileções dos

profissionais participantes da pesquisa, independentemente das características de

personalidade que possuam.

S1: Os profissionais de software preferem trabalhar com outros cujas

características sejam semelhantes às que eles mais valorizam neles próprios, ou

seja, aos seus pontos fortes.

A primeira coisa que faz com que um profissional de software se identifique

com outro é a semelhança com os seus pontos positivos, ou seja, com as características

que ele mais valoriza nele mesmo, aquilo que ele acredita que tem de maior valor. As

características que ele possui e considera como positivas, em geral, serão as mesmas

que ele gostaria de encontrar nas pessoas com as quais ele trabalha.

Eu acho sou uma pessoa que gosta de se relacionar bem com

outras pessoas. Gosto de ter uma boa convivência com meus

colegas [...] tentar evitar conflitos, tentar chegar conclusões

mais fáceis. Os outros pontos fortes, talvez sejam os pontos

fortes técnicos. Como eu já eu tenho um pouco mais de

experiência, talvez eu consiga fazer com mais agilidade do

que outras pessoas fariam. (P4 falando sobre a percepção de

si)

Acho que uma pessoa não só boa na parte técnica, como

também uma pessoa que tenha um relacionamento legal com

todo mundo [...] uma pessoa aberta, fácil de conviver. (P4

falando sobre suas preferências de trabalhar com outras

pessoas)

S2: Os profissionais de software preferem trabalhar com outros que possuam

características complementares às que precisam ser melhoradas neles próprios,

ou seja, aos seus pontos fracos.

Os profissionais participantes da pesquisa reconhecem pontos a serem

melhorados em si e apresentam preferências em trabalhar com outras pessoas que

suprem essa deficiência. Exemplos dessas preferências são pessoas que se consideram

reservadas e que falam pouco, mas que gostam de trabalhar com pessoas mais

comunicativas; pessoas que interagem com outras essencialmente para tratar questões

do trabalho gostam de trabalhar com outras mais sociáveis; pessoas dispersas preferem

trabalhar com outras que sejam mais concentradas.

Eu sou uma pessoa bastante dispersa. É eu tenho um

problema que eu perco o foco facilmente, e também quando o

problema deixa de ser interessante pra mim por qualquer

motivo. (P2 falando a respeito dos seus pontos fracos).

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62

A equipe precisa de um líder que mantenha o foco da equipe,

porque a gente não pode acreditar num mundo ideal aonde

todos vão tá sempre cem por cento concentrados. Então a

gente precisa de um líder que seja também bastante exemplo.

(P2 falando a respeito de suas preferências em trabalhar com

outras pessoas).

S3: Os profissionais de software preferem trabalhar com outros que possuam

características de conscienciosidade.

Conscienciosidade é a dimensão de características que está associada ao nível

de orientação à tarefa que uma pessoa pode ter. Altos escores indicam que a pessoa é

propositada, com força de vontade e determinada. Baixos escores indicam que a

pessoa é menos exigente, desinteressada e mais distraída (Capítulo 3). Os resultados

mostram que todos os profissionais participantes da pesquisa preferem que os colegas

de trabalho apresentem características de consciensiosidade. Quanto a esse padrão de

preferência, cabem duas observações:

1. Mesmo que o profissional de software não tenha tanta qualificação técnica,

nem experiência, ou mesmo que ele esteja enfrentando algum outro problema

que impacte a realização da tarefa, se ele possuir Senso do dever ou Esforço

por realizações, seu comportamento já é considerado aceitável dentro da

equipe.

Eu acho que talvez a pessoa num precise nem ser tão

experiente, mas se a pessoa tiver comprometimento, a chance

de eu me dar bem com essa pessoa no trabalho é outra. (P1)

Mesmo que ela não tenha conhecimento pra fazer alguma

coisa, mesmo que ela tenha alguma dificuldade às vezes de

faltar, ou de chegar atrasada, ou sei lá algum outro

problema, se ela é uma pessoa dedicada, ela vai procurar dar

o jeito dela pra alcançar o objetivo do que ela tiver envolvida.

Por isso eu acho que é dedicação é o principal. (P8)

2. Conscienciosidade é essencial, mas, em excesso, ela torna-se maléfica para o

funcionamento da equipe. Uma pessoa com alta conscienciosidade é vista

como sendo perfeccionista, exigente demais e viciada no trabalho.

Ela é uma pessoa muito dedicada ao trabalho. Não vejo

gastando suas horas de trabalho com coisas alheias, é uma

pessoa realmente centrada assim pra alcançar o objetivo no

que ela tá desempenhando, muito organizada, paciente,

calma. Ás vezes eu acho que ela é muito metódica assim pra

algumas coisas. Coisas até pessoais, por exemplo, sei lá, a

gente tá na reunião, você não poder mexer a perna que ela

fica agoniada. Coisas assim....o seu jeito de escrever, sei lá, o

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seu comportamento na reunião, não pode ficar mexendo a

perna, não pode sentar na mesa. (percepção de P8 sobre P1)

B) PREFERÊNCIAS DEPENDENTES DE CARACTERÍSTICAS

As preferências dependentes de características são os padrões observados nas

predileções dos profissionais participantes da pesquisa por trabalharem com pessoas

que possuem características de personalidades semelhantes.

S4: Profissionais de software com orientação alta para amabilidade preferem

trabalhar com outros que tenham orientação à amabilidade.

Pessoas orientadas a amabilidade gostam muito de ajudar as pessoas que

precisam, e estão sempre observando os comportamentos de outras pessoas pra ver se

podem ajudar de alguma forma. Elas têm um grau de empatia muito alto e preferem

trabalhar com outras que sejam do mesmo tipo, pois se sentirão cuidadas caso

precisem também.

Eu sou muito sensível, eu percebo, sei lá, se as pessoas estão

em um momento ruim, se estão no momento diferente, se estão

com raiva [...] Eu acho que tenho uma percepção sobre as

coisas, um pouco mais apurada assim, tento perceber o que

não está sendo dito também. (P20 falando sobre a percepção

si)

Um colega aqui ideal seria alguém muito disponível, e alguém

sei lá, que tivesse uma vida fora do trabalho muito boa

também, que não pensasse somente nele, em produção, que

tentasse entender que o que a gente produz aqui é importante,

sobre outros aspectos, para outras pessoas. Não sei, feito por

gente, para gente [...] eu queria sentir as pessoas mais

humanas, mais preocupadas com essas coisas, para discutir

um pouquinho, abrir um momento para falar sobre isso, como

se o mundo lá fora não fosse interessante, mas nós não vamos

deixar de produzir porque o nosso papel é esse. (P20 falando

a respeito de suas preferências em trabalhar com outras

pessoas)

S5: Profissionais de software com alta conscienciosidade preferem trabalhar com

outros igualmente conscienciosos.

O foco de pessoas com alta conscienciosidade é a concentração no trabalho:

são pessoas muito comprometidas, direcionadas ao dever e à realização. Se elas

possuem outras características do campo interpessoal, como a extroversão ou a

amabilidade, que ajudam a ponderar os efeitos da conscienciosidade excessiva, mesmo

assim esses profissionais de software não deixam de valorizar outros profissionais com

algum nível de conscienciosidade (alto ou médio).

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O CASO DE P15

P15 é uma desenvolvedora que tem alta conscienciosidade, e a grande maioria

das suas preferências estão voltadas para características de conscienciosidade.

Eu sou uma pessoa que gosta de fazer as coisas, sou muito

proativa, eu tenho um horror de desistir sem ter tentado tudo,

por exemplo, eu vou procurar uma coisa na internet, eu fico

muito chateada quando eu não encontro, aí eu fico pensando

todas as formas que eu posso encontrar a informação que eu

quero, então, e também não gosto de entrar nos cantos e ver

uma coisa fora do lugar, eu sou uma pessoa perfeccionista, eu

sou uma pessoa também que não gosta de errar. (P15 falando

sobre a percepção de si)

Eu não gosto de trabalhar com ninguém que seja inferior ao

meu raciocínio, eu também não sou nenhum gênio, mas pelo

menos equivalente, ou que a pessoa tenha esforço de fazer,

mas ela consiga fazer a coisa acontecer, e não só esforço por

esforço [...] se não souber resolver as coisas pelo menos que

seja proativo para tentar resolver os problemas. (P15 falando

sobre suas preferências em trabalhar com outras pessoas)

S6: Profissionais de software com alta orientação à abertura preferem trabalhar

com outros que sejam igualmente abertos a novas experiências.

Pessoas com alta orientação a abertura gostam de experimentar novas

atividades, sair da rotina, aplicar novas ideias. Profissionais de software com essas

características preferem trabalhar com outros profissionais que sejam semelhantes,

pois assim eles conseguem experimentar novas realizações no trabalho.

Eu gosto de experimentar, [cicrano] principalmente gosta de

experimentar coisas novas, se atualizar, ele gosta também de

fazer experimentos e tal, e [fulano], é meio receoso, pra não

atrasar, ele fica meio assim, mas mesmo assim ele abre um

espaço para que eu possa dar uma estudada nas coisas. (P10

falando sobre si e sobre as duas pessoas com as quais mais

gosta de trabalhar).

Eu sou um cara que gosta de coisa nova... eu não encaro

como uma dificuldade, por mais que tenha um desafio eu

encaro como uma coisa resolvível e que a gente tem que

colaborar pra resolver, eu nunca vejo o problema como

empecilho pra mim, eu vejo como um desafio a vencer e que

vai completar...encaro como um problema resolvível. (P16

falando sobre a percepção de si)

Ela não vem com muitas coisas novas, mas ela é receptiva as

mudanças, ela gosta de discutir, quando chega a pauta ela

discute. O [Fulano] já é mais, a gente já tem mais afinidade,

ele já chega com algumas coisas novas. (P16 falando sobre as

pessoas a equipe com as quais ele mais gosta de trabalhar)

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S7: Profissionais de software extrovertidos preferem trabalhar com outros que

sejam igualmente extrovertidos

Pessoas extrovertidas são sociáveis, alegres, ativas, falantes, bem dispostas e

preferem estar em grupos e reuniões de pessoas. Profissionais de software com essas

características preferem trabalhar com outros profissionais que sejam semelhantes,

pois assim eles conseguem estabelecer uma relação de reciprocidade na interação.

Acho que uma característica minha é que sou descontraído

também [...] Eu tenho um grande número de bons colegas,

diria assim, aqui dentro e gente com quem eu gosto de

conversar e gente que me procura pra conversar sobre vários

assuntos fora do contexto de trabalho. (P7 falando sobre a

percepção de si)

Às vezes é uma pessoa se descontrai menos no ambiente de

trabalho, entendeu? Vê as coisas de um.. da pessoa ser mais

séria, ser mais rígida...isso não bate comigo não [...] Bom, é

uma questão como se a pessoa fosse menos descontraída.

Entendeu? (P7 falando a respeito de suas preferências em

trabalhar com outras pessoas)

S8: Profissionais de software com baixa conscienciosidade preferem trabalhar

com outros que sejam orientados a amabilidade.

Pessoas com baixa conscienciosidade são vistas como pessoas preguiçosas,

acomodadas e irresponsáveis. Os dados mostraram que a energia dessas pessoas pode

ser ativada com o apoio constante de outras pessoas, o que caracteriza uma

dependência. Pessoas orientadas a amabilidade demonstram preocupação com o outro

e estão dispostas a ajudar e, além disso, fazem um tipo de cobrança positiva que faz

com que a pessoa de baixa conscienciosidade saia um pouco da sua zona de conforto

para ter um melhor desempenho no trabalho.

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O CASO DE P14

P14 é um desenvolvedor acomodado e apresenta dificuldades de aprender

sozinho. As duas pessoas com as quais ele mais interage são as mesmas com as quais

ele mais gosta de trabalhar na equipe. Essas duas pessoas possuem, entre suas

características mais marcantes, a amabilidade.

Desconcentro fácil com as coisas, algum barulho ou algum

celular, alguma coisa na internet, redes sociais essas coisas

assim, me desconcentram. Tem também a questão de buscar o

conhecimento por coisas que não me interessam, mas que faz

parte do meu trabalho também, e às vezes não tenho tanto

interesse, mas faz parte do seu trabalho, você deveria buscar

mais conhecimento sobre aquilo. (P14 falando sobre a

percepção de si)

Ela é bastante receptiva, e gosta bastante de ajudar, de

trabalhar em equipe também. Não mede esforços pra ajudar.

(P14 justificando porque P19 é a pessoa com a qual ele mais

gosta de trabalhar na equipe)

Eu disse “você vai fazer e eu só vou orientar. Faça aí”. Aí, às

vezes, ele estava lá, eu já sabia que ele ia passar por aquele

problema, “fique aí tentando, olhe no Google”. Ele queria

que eu pegasse o negócio pra fazer. Eu ficava instigando para

ele aprender [...] quando eu fazia com ele, era para tentar

ajudar ele a aprender a pesquisar, por exemplo. Ele precisa

aprender a pesquisar, senão, não vai aprender. Quando são

outras pessoas, é mais direto: “eu quero saber isso.”. [eu

digo:] “Isso é isso. Acabou”. (P17 falando sobre a forma

como ajuda P14 e se preocupa com seu aprendizado)

S9: Profissionais de software com alto neuroticismo preferem trabalhar com

outros que possuam alta amabilidade.

Pessoas que apresetam altos escores de neuroticismos tedem a se comportar de

maneira nervosa, impaciente, ansiosa e preocupada. Apesar de os profissionais de

software com alto neuroticismo possuírem um nível de tolerância baixo para trabalhar

com outros cujas características estejam fora do seu padrão de preferência, conforme

descrito em S14, eles apresentam uma preferência diferenciada com relação às pessoas

de alta amabilidade. As únicas pessoas com as quais elas escolheriam trabalhar

novamente em outros projetos são as pessoas que mais expressam as características de

amabilidade em suas respectivas equipes.

Se fosse pra selecionar alguém pra participar de outro

projeto, só tem uma pessoa que eu continuaria trabalhando

que é [Fulano]. (P15 escolhendo P19)

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Se eu pudesse escolher alguém dessa equipe pra trabalhar

novamente, eu acho que nenhuma, eu diria só [Cicrano].

Porque eu acho que de todos, ele é o mais receptivo. (P6

escolhendo P5)

Na equipe de P6, além de P5 há outras duas pessoas com alta amabilidade. Porém, P6

interagiu muito pouco com uma dessas e não interagiu com a outra, pois saiu da equipe antes

que essa pessoa fizesse parte da composição da equipe.

S10: Profissionais de software orientados a amabilidade preferem NÃO trabalhar

com outros que sejam predominantemente conscienciosos.

Pessoas predominantemente conscienciosas são aquelas cujas características

mais marcantes são as voltadas para a condução das tarefas. Elas até possuem

elementos de outras dimensões de características como as do campo interpessoal, mas

o nível de conscienciosidade se sobressai, o que faz com que elas sejam vistas por

pessoas orientadas a amabilidade como pessoas que focam excessivamente no trabalho

e na produtividade, não observando, ou exercendo pouco o lado humano das relações.

O CASO DE P20

P20 é uma desenvolvedora que possui como uma de suas características mais

marcantes a amabilidade e tem muitas restrições com relação a um colega de trabalho

cuja característica mais marcante é a conscienciosidade.

Eu sou muito flexível, eu sou muito boa ouvinte, tento prestar

muita atenção nas pessoas, tento ser colaborativa e gostaria

que as pessoas passassem oito horas da vida do meu lado

tranquilamente sem ter nenhum tipo de preocupação e

saíssem felizes porque realizaram seu trabalho bem. (P20

falando sobre a percepção de si)

Ele é bem estudioso, ele procura trabalhar, ele é

compromissado. Ele é muito rígido. É neste sentido mesmo de

seguir o que está escrito, o que foi prometido, ele visa muito o

profissional. Ele tem muito foco no desenvolvimento, ele é

gestor do projeto, não de pessoas. (P20 justificando o porquê

de não ter preferência em trabalhar com P24)

S11: Duas preferências específicas para líderes foram identificadas, são elas:

S11.1: Líderes com baixo neuroticismo preferem NÃO trabalhar com

profissionais de software com baixa conscienciosidade.

Pessoas com baixo neuroticismo são pessoas calmas, pacientes e tranquilas,

que não reagem de maneira intensa a situações consideradas problemáticas e

estressantes. Pessoas não neuróticas são obviamente mais agradáveis do que pessoas

neuróticas, porém baixo neuroticismo não é eficaz diante de situações que exigem

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decisões objetivas e difíceis. O exemplo escolhido para ilustrar esse padrão é o do

participante P16 que tem nível baixo de neuroticismo.

É aquele cara que gosta de se escantear ali, ele fica no

cantinho lá da sala para ninguém ver ele lá, aí a conversa

que eu tenho com ele, é por eu não concordar com essa

postura dele, eu tento ajudar ele no que é possível, mas eu

deixo viver a vida dele, tranquilo lá. Se entregar, entregou,

se não entregar não entregou, beleza, se ele pedir ajuda que

ele nunca pede. (P16 falando sobre a pessoa com a qual

menos gosta de trabalhar na equipe)

S11.2: Líderes com alta amabilidade preferem NÃO trabalhar com profissionais

de software com alto neuroticismo.

Pessoas amáveis são fundamentalmente altruístas e cordiais, porém a alta

amabilidade indica uma vulnerabilidade do indivíduo diante de situações que exijam

decisões objetivas e difíceis.

Eu me descrevo tranquilo, eu foco e acompanho na forma de

parceiro: “vamos juntos aí, estamos juntos nessa”. Não sou

de cobrar. Eu tento ser muito companheiro de todo mundo, eu

me considero ás vezes até um pouco frouxo, daquele líder

frouxo de não ficar cobrando muito assim, mas eu sei cobrar

quando o cara é parceiro, eu vejo que o funcionário é

parceiro então eu sei cobrar dele, já tive dificuldades com

algumas pessoas que não tinham o perfil bacana de aceitar

isso, tanto que foi meio conflitante na época a relação, eu não

sabia lidar [...] Tem certas pessoas que funcionam mais na

pressão, e pessoas que funcionam na pressão eu não consegui

fazer funcionar, talvez tendo sido falha na minha gestão

porque eu tenho dificuldade nessa área. O pessoal que gosta

de confrontar pode encarar como: “tem um cara bonzinho

demais, eu posso fazer com ele o que eu quiser”. (P9 falando

sobre a percepção de si e de pessoas com as quais não gosta

de trabalhar)

S12: Profissionais de software apresentam níveis de tolerância em trabalhar com

outros que não atendam aos seus padrões de preferências.

A tolerância é um termo que define o grau de aceitação de uma pessoa diante

de um elemento contrário aos seus valores. No contexto do trabalho em equipe,

portanto, a tolerância de uma pessoa em trabalhar com outra é a sua capacidade de

aceitar trabalhar com outras pessoas cujas características de personalidade não sejam

necessariamente semelhantes aos seus padrões de preferências.

Cada profissional de software possui determinadas preferências em trabalhar

com outros, porém, isso não significa que ele não consiga ou não trabalhe bem com

pessoas que não possuam esses padrões de características. O que determina isso é a

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tolerância que cada indivíduo tem em trabalhar com outras pessoas que estejam fora

desses padrões. Portanto, há um nível de tolerância em trabalhar com alguém que não

atende ao padrão de preferências da pessoa.

A análise desse padrão foi baseada a partir dos mapas de escolhas de cada

equipe. Para cada equipe, quando perguntado a cada integrante com quem ele

trabalharia novamente em outro projeto e com quais pessoas na equipe ele mais gosta

e menos gosta de trabalhar, foi observado que o conjunto dos integrantes escolhidos na

primeira pergunta, em geral, é maior do que o conjunto de integrantes escolhidos na

segunda pergunta. Isso demonstra que a pessoa pode até aceitar trabalhar novamente

com determinado profissional, mas que ele não está claramente dentro de suas

preferências.

As Tabelas 9 e 10, abaixo, exemplificam essa análise com as escolhas dos

integrantes da Equipe 4, os profissionais P20 a P24. No caso de P20, ele até trabalharia

novamente com P24 se pudesse escolher com quem da equipe trabalharia novamente

em outros projetos, mesmo P24 sendo a pessoa com a qual ele menos gosta de

trabalhar na equipe. Outro exemplo é P21, que trabalharia novamente com P22,

mesmo ele não sendo a pessoa com quem P21 mais gosta ou menos gosta de trabalhar.

O mesmo padrão pode ser observado em outras escolhas, conforme demonstram as

tabelas a seguir.

P20 P21 P22 P23 P24

As

esco

lhas

de:

P20

P21

P22

P23

P24

Tabela 8 - Quem trabalharia novamente com

quem na Equipe 4.

Tabela 9 – Quem mais gosta e quem menos

gosta de trabalhar na Equipe 4.

P20 P21 P22 P23 P24

As

esco

lhas

de:

P20

P21

P22

P23

P24

Os dados analisados por meio das duas perspectivas citadas acima revelam que

as preferências dos profissionais de software em trabalhar com outros profissionais de

software, ou seja, as suas escolhas prioritárias, são em geral mais restritas do que as

suas opções na equipe, revelando assim uma tolerância, uma aceitação, em trabalhar

com pessoas que não estão necessariamente entre as suas predileções. O nível dessa

tolerância em trabalhar com pessoas diferentes do perfil de preferências do indivíduo

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depende de suas características de personalidade, conforme demonstrado nos padrões de

tolerância S13 e S14 a seguir.

S13: Profissionais de software com orientação à amabilidade têm um nível alto de

tolerância em trabalhar com outros cujas características sejam diferentes de suas

preferências.

Apesar de os profissionais de software com alta amabilidade possuírem suas

preferências em trabalhar com outros, eles não deixam de ser atenciosos, prestativos e

generosos com colegas de equipe que tenham perfil de comportamento que estejam fora

dessas preferências, demonstrando, assim, um nível alto de tolerância. O caso ilustrativo

a seguir exemplifica esse padrão de tolerância, indicando que pessoas com alta

amabilidade apresentam uma capacidade elevada de aceitar trabalhar com pessoas

diferentes dos seus padrões de preferências por não se restringirem apenas a manter uma

harmonia social, mas por também demonstrarem a capacidade de se doar,

comprometendo seus interesses em prol dos outros.

O CASO DE P19

P19 é uma desenvolvedora que tem um nível alto de amabilidade e, na equipe,

ela ajuda muito P14 e P18. Além disso, ela se dá muito bem com P15, uma

desenvolvedora que possui alto nível de neuroticismo e que tem um convívio muito

difícil com os outros integrantes. Embora P19 interaja muito com eles, tenha um bom

convívio e seja muito querida por esses três colegas, quando perguntado quais

integrantes da equipe ela escolheria novamente para trabalhar em outros projetos, ela

não optou por nenhum deles e ainda os elegeu como as pessoas com as quais menos

gosta de trabalhar na equipe, por suas características de baixa conscienciosidade e alto

neuroticismo. Mesmo assim, é possível perceber, pela percepção de si e pela percepção

dos outros três colegas sobre ela, a presença do comportamento natural dela, no caso

altruísta e cortês, mesmo diante de pessoas com as quais ela não prefere trabalhar.

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71

Eu sempre ajudo, principalmente o [P14] e o [P18]. Toda vez

que eles pedem pra mim, eu sempre paro o que eu faço, nunca

falo assim: “Não, mais tarde”. Não, sempre paro na mesma

hora, e fico com eles, até eles entenderem, explico bem

explicadinho, e fico com eles lá, até eles fazerem um negócio,

não vejo problema nenhum em fazer isso. (P19 falando sobre

sua disponibilidade de ajudar seus colegas P14 e P18)

A pessoa que eu mais gosto de trabalhar na equipe é ela porque

ela sempre tá disponível pra alguma dúvida, algum problema

que possa surgir quer tirar alguma dúvida. (P14 justificando

porque P19 é a pessoa com a qual ele mais gosta de trabalhar na

equipe)

Ela que me auxilia. Eu aprendi muita coisa com ela. Quando eu

estou com qualquer dúvida, eu não tenho vergonha de

perguntar ela. É uma pessoa que me coloca pra fazer as coisas.

[Ela diz:] “você vai fazer assim agora, se tiver com dúvidas me

chama.”. (Opinião de P18 sobre P19)

Eu gosto de trabalhar com [P19]. Ela é uma pessoa muito boa,

ela tem o conhecimento, e sabe tratar, conversar. A pessoa que

eu tenho mais contato mesmo é com ela [...] se fosse pra

selecionar alguém pra participar de outro projeto, só tem uma

pessoa que eu continuaria trabalhando que é a [P19]. (Opinião

de P15 sobre P19)

S14: Profissionais de software com baixa amabilidade e alto neuroticismo têm um

nível baixo de tolerância em trabalhar com outros cujas características sejam

diferentes das de suas preferências.

Pessoas que possuem nível de neuroticismo alto têm tendência a comportamento

nervoso, impaciente e impulsivo. Pessoas com baixa amabilidade e alto neuroticismo

são, portanto, pessoas que tendem a um difícil convívio com outras pessoas. Dos 29

profissionais participantes da pesquisa, apenas dois apresentam a combinação dessas

características, P6 e P15. Esses dois profissionais foram os únicos que não trabalhariam

novamente com ninguém de suas respectivas equipes caso eles pudessem optar, salvo

apenas uma exceção em ambos os casos, as pessoas de sua equipe com alta amabilidade,

conforme indicado na preferência S10.

4.2 A INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE

Para a análise das variáveis influenciadas pelas características de personalidade

dos membros da equipe e suas relações, partirmos da definição de personalidade

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utilizada nesta pesquisa (Seção 2.1) que afirma que as características de personalidade

revelam a disposição do indivíduo a um comportamento, ou seja, a sua tendência a

expressar determinados comportamentos.

Este capítulo foi organizado da seguinte maneira: na Seção 4.2.1, são

apresentados os fatores que moderam a influência de determinadas características de

personalidade no comportamento dos integrantes da equipe. O efeito moderador desses

fatores aumentam ou diminuem a tendência que um individuo tem, por meio de suas

características de personalidade, em se comportar de determinada maneira. Na Seção

4.2.2, são apresentados quais efeitos da personalidade e do comportamento do indivíduo

na equipe.

Todas as relações encontradas entre a personalidade do profissional de software,

expressa através de seu comportamento, com seu nível de tolerância e suas preferências

em trabalhar com outros profissionais estão sintetizados no modelo da Figura 7. A

explicação de cada uma das relações do modelo está organizada de acordo com as

Seções 4.2.1 e 4.2.2 deste capítulo.

Figura 7 – Modelo dos efeitos da personalidade na composição de equipe.

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73

4.2.1 Fatores que moderam a influência das características de personalidade no

comportamento do indivíduo

Apesar de as características de personalidade indicarem uma disposição ao

comportamento, esse comportamento pode ser moderado por um conjunto de fatores.

Os fatores observados que influenciam no comportamento do profissional de software

foram: os processos formais, a experiência profissional, a qualificação técnica, a cultura

organizacional, os objetivos pessoais e a identificação com a tarefa (Figura 7).

Os processos formais moderam a influência das características de personalidade

no comportamento (Figura 7).

Processos formais são aqueles que visam a integração e coordenação das

atividades na equipe. Exemplos de processos formais são reuniões de planejamento e de

acompanhamento, avaliação de desempenho, etc. A influência de processos formais

modera o comportamento do indivíduo em seu ambiente de trabalho. A existência de

um processo que contemple reuniões periódicas estimula os membros da equipe a

exercerem um comportamento comunicativo entre si (1) e traz transparência para a

equipe, o que estimula os integrantes a terem um comportamento mais proativo,

impactando de maneira positiva o desempenho (2).

(1) As reuniões diárias que a gente faz, por exemplo, todo

mundo fala o que está acontecendo de ruim e de bom. O que

fez, o que não fez. Então essa comunicação constante facilita

da gente ter como se comunicar melhor. Deixa canais abertos.

E também a maneira como é guiado inícios de sprints, você

fazer uma reflexão do que foi bom e do que foi ruim na sprint.

Até de coisas pessoais, ou não pessoais mesmo, ou técnicas.

Acho que esse tipo de coisa facilita pra todo mundo e todo

mundo se sente aberto. (P4)

(2) A outra que poderia melhorar também, são as reuniões

diárias que não tem, porque o seguinte, se tem gente enrolando,

tá muito bom, não ter reunião diária, se tivesse reunião diária

todo dia, eles teriam que pegar alguma outra atividade, porque

eles não poderiam dizer que estava no bug, já há quatro dias,

cinco dias entendeu? uma atividade que valia 1 ponto, não

pode dizer que tem 3 dias nela, entendeu? Por isso que eu fico

perguntando às vezes: “quando é que vai ter reunião diária?”,

porque eu sei que tem gente que não está fazendo nada, se

tivesse reunião diária, pelo menos daria um susto. (P19)

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O CASO DE P14

P14 é o desenvolvedor de uma equipe e apresenta um comportamento

acomodado no trabalho. A percepção dos colegas de equipe é de que ele não é esforçado

(1) (2), embora ele tenha melhorado o desempenho (3) quando foi submetido a

processos de avaliação e reuniões periódicas de acompanhamento.

(1) É um cara que já rodou diversas equipes assim, ninguém

gosta de trabalhar com ele, porque diz que ele gosta de se

escantear. (P16)

(2) Pessoas que trabalham com ele, disse que ele é meio que

fosse assim, enrrolão, ele não tem meio que vontade de

aprender mesmo não, ele faz o que pedem pra ele, na muita

dificuldade, na muita dificuldade mesmo. (P18)

(3) Ele está mais proativo. Ultimamente, teve avaliações, e ele

começou a melhorar. Acho que estava faltando um incentivo

para ele se tornar mais proativo, porque, por exemplo, ele

estava com alguma atividade, aí se tinha dúvida, alguma coisa,

ele esperava a reunião, “Por que tu não fosse falar com alguém

na hora lá? Não, fui esperar a reunião”. Ele melhorou.

Melhorou bastante. (P17)

A experiência profissional modera a influência das características de

personalidade no comportamento (Figura 7).

Analisando as experiências profissionais dos participantes, foi observado que

pessoas que já passaram por experiências mais desafiadoras, que requeriam uma grande

responsabilização ou que já trabalharam em empresas organizadas com processos bem

definidos, tiveram seus comportamentos profissionais atuais moldados por essas

experiências anteriores.

Dos 29 profissionais, apenas dois apresentam características voltadas para

acomodação e baixa proatividade. Um padrão observado nesses dois casos foi que a

empresa atual é a primeira e única experiência profissional deles, e, como a cultura da

empresa é de uma dinâmica um pouco mais flexível, menos rígida e menos competitiva

do que o convencional, esses fatores podem ter potencializado a tendência de

comportamento que eles possuem.

O conhecimento técnico modera a influência das características de personalidade

no comportamento (Figura 7).

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O conhecimento técnico que o profissional acumula pode influenciar a maneira

como ele se comporta no trabalho em equipe. O grau de conhecimento técnico que a

pessoa tem pode aumentar ou diminuir a influência de determinadas características da

pessoa no seu comportamento. No caso ilustrativo abaixo, a insegurança do profissional

indica que o nível da faceta Competência, da dimensão conscienciosidade, não é alto.

Logo, o fato de o profissional não ter conhecimento técnico nem experiência

profissional na área potencializa os efeitos de suas características de personalidade

sobre o seu comportamento.

O CASO DE P18

P18 é um desenvolvedor que já trabalha na equipe há um ano e meio. Essa é a

sua primeira experiência profissional com desenvolvimento de software, e o seu

conhecimento técnico é baixo. Apesar de ser esforçado e pedir ajuda, ele se comporta de

maneira muito insegura, e isso compromete a interação da equipe. Nas reuniões, o seu

comportamento é inexpressivo, pois ele não interage, não emite opinião, o que é visto

negativamente pelos membros da equipe (2). Ele atribui a sua insegurança à sua falta de

conhecimento técnico e experiência profissional (1).

(1) Eu estou mais de escutar, os outros não, falam mais. Eu não

sei por que, acho que porque os outros têm muita bagagem na

minha frente e eu comecei agora aí eu fico muito inseguro. Eu

acho que a minha falta de experiência aqui é que faz com que

eu seja assim. [...] Eles são falantes e eu sou muito calado, e

sou calado mesmo. Às vezes até as pessoas dizem: você tem que

falar mais. Eu digo: mas eu não tenho muita firmeza de está

falando. Se for alguma coisa da minha alçada eu solto o verbo,

mas se não for... eu sou muito... eu sou mais... como dizem na

reunião, eu só observo. (P18)

(2) Ele não é uma pessoa ativa, eu acho que ele é uma pessoa

mais de escutar, receber, e fazer. Ele não é resistente, ele não

contradiz também ninguém, isso aí também às vezes é um

perigo. (P19)

A cultura organizacional modera a influência das características de personalidade

no comportamento (Figura 7).

A cultura organizacional é uma composição de vários elementos existentes em

uma organização como, por exemplo, normas, crenças, valores, rituais, hábitos,

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comportamentos, etc. Alguns desses elementos de cultura moderam a influência que as

características de personalidade têm sobre o comportamento do indivíduo.

ASPECTO DA CULTURA: Presença ou ausência autonomia ou liberdade.

Pessoas com disposição para estudar coisas novas e aplicá-las no trabalho se

sentem muito valorizadas e satisfeitas em empresas que lhes dão essa autonomia. A

liberdade dada pela empresa às pessoas que buscam a aplicação de novas ideias

potencializa a disposição do seu comportamento inovador (1) ou vai de encontro a essa

tendência de comportamento inovador, desestimulando-as (2) (3).

(1) Eu gosto muito dessa questão de saber as coisas novas que

estão chegando aí, que é complicado, a área exige isso que a

gente esteja e eu entendo que a gente não está em uma empresa

de fundo de quintal, assim, como na propaganda, é a maior

empresa de tecnologia da América Latina, então a gente não

pode atuar como uma empresa de fundo de quintal atua, então

a gente tem que ter esse papel de estar sempre na frente de tudo

que está de melhor aí, senão a gente vai para traz e a gente

sabe que na nossa área estar atrasado aí, assim, é muito

dinâmico, a gente não pode perder tempo com essas coisas, a

gente tem que estar na frente, a gente não pode estar na

vanguarda, e isso eu percebi de uns tempos para cá pela

realidade da empresa um pouco essa demanda para a gente

enquanto funcionário, a gente está deixando de trabalhar,

assim, se atualizando e aí casou bastante com esse equipe que

eu estou fazendo, participando agora que tem um tempo que

está em um projeto que estava defasado tecnologicamente,

agora eu estou gostando bastante, casou bem. (P22)

(2) Eu gosto de conhecer coisas novas, aprender coisas novas.

O que eu gostaria que fosse diferente na empresa é ter mais

liberdade pra gente em testes, fazer coisas novas, trabalhar

ferramentas diferentes, tentar fazer outros tipos de testes,

ferramentas, pra tentar usar nos testes daqui. A gente numa

época já tentou conversar pra fazer outras coisas, mas não

rolou. (P13)

(3) Eu acho que você vai caindo muito na malha da empresa é

isso, os funcionários antigos não são muito adeptos de novas

tecnologias e aí você fica esbarrando naquilo, a gente não tem

o que dizer, aí eu não vou esbarrar nisso mais não também, a

empresa quer agir assim, então a gente toca de acordo com a

música. (P18)

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ASPECTO DA CULTURA: plano atrativo de progressão na carreira.

Foi observado que a existência de um plano atrativo de progressão na carreira

também pode moderar positivamente e negativamente os efeitos das características de

personalidade no comportamento do indivíduo.

O CASO DE P17

P17 é um desenvolvedor com várias características positivas. Ele tem um nível

de conhecimento técnico alto, já experimentou outras experiências profissionais antes

dessa, e é um profissional comprometido, com alto senso do dever e de realizações no

trabalho. Porém, ele reconhece que tem capacidade de ser mais produtivo, mas o fato de

não haver reconhecimento e incentivo atrativos na empresa afeta o efeito de suas

tendências de características em seu comportamento. No exemplo em questão, a

ausência de um plano de carreira atrativo diminui a expressão de comportamento

associado à conscienciosidade do desenvolvedor.

Lá é bronca, Mas é bom. A pessoa sente falta, depois que

passa. Quando está lá, é o maior stress, porque, por exemplo,

aqui o pessoal diz, se tu trabalhar mais, der bem muito o

sangue aqui, e tu vai ganhar o que com isso? Nada. Tu vai

ganhar seu salário do mesmo jeito. Tu vai ser beneficiado em

alguma coisa? Tu vai ganhar alguma promoção? Vai ser mais

bem avaliado? A mesma coisa. Não tem aquele incentivo para

pessoa.

Eu poderia trabalhar mais. Por exemplo, teve uma época que

tinha o portal para fazer e eu não sabia a linguagem, e eu não

sabia fazer mas, eu passei 1 mês para aprender. Foi um

trabalho danado, o pessoal ali, sem fazer nada, só cobrando, e

eu não vou ganhar mais nada com isso, não vou ser

reconhecido nem nada, vou fazer isso pra que? Eu estou

ficando igual o pessoal.

Os objetivos individuais moderam a influência das características de personalidade

no comportamento (Figura 7).

Outro aspecto que modera a influência das características de personalidade no

comportamento do profissional são seus objetivos pessoais. Apesar de cada indivíduo

possuir características que definem uma disposição a um comportamento, os seus

objetivos pessoais podem tanto estimular quanto diminuir a força das ações e atitudes

que caracterizam esse comportamento.

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O CASO DE P17

P17 é um desenvolvedor comprometido e responsável, desempenha bem suas

funções e é reconhecido e valorizado pela equipe (1). Porém, ele assume um

comportamento menos proativo diante dos seus objetivos particulares. Tais objetivos

não são compatíveis com os objetivos do projeto e da empresa, e isso compromete seu

desempenho (2) (3).

(1) Ele desempenha um bom papel técnico, ele é bom

tecnicamente, ele consegue aprender facilmente qualquer

tecnologia, e ele consegue perceber o que está inserido ali, ele

sabe barrar alguma coisa, ele diz, isso aqui está errado, tem

um senso critico, ele tem... tanto que quando eu saio de férias,

ele fica com o scrum master da equipe, porque ele já tem mais

esse perfil, de ajudar as pessoas também, então é o perfil que

ele tem uma qualidade técnica, e tem uma qualidade segura ali

para identificar, ajudar os outros. (P16)

(2) O que está passando, ultimamente, na minha cabeça é

estudar para passar num concurso melhor. O que está

passando é isso. Eu estou pensando nisso. Eu estou tentando

focar para estudar para ir para uma empresa melhor, para

pagar mais, para conseguir realizar meus sonhos. (P17)

(3) Eu faço, assim, faço o que é para fazer. Eu poderia fazer

mais, mas faço o que dá para fazer. Esse que eu podia fazer a

mais, eu pego e estudo. Tem atividade para fazer, eu levo 6

horas para fazer, e o dia tem 8 horas, aí está bom, vou estudar

essas 2 horinhas e podia ajudar mais, mas eu faço mais ou

menos assim. (P17)

A identificação com o papel/tarefa moderando a influência das características de

personalidade no comportamento (Figura 7).

A influência da identificação da pessoa com o papel/tarefa que ela executa

modera o seu comportamento. Se houver compatibilidade entre o papel/tarefa e o perfil

de características da pessoa, o seu agir é natural, do contrário, será necessário um

esforço da pessoa para alterar seu comportamento de maneira a se adequar com o que a

tarefa ou o papel exige.

O CASO DE P16

P16 é o scrum master de uma equipe, e o fato de ele não se comportar como o

seu papel exige influencia os resultados da equipe. O comportamento esperado dele

enquanto líder de equipe seria de superar suas características naturais, seus pontos

fracos, em prol da necessidade que a situação impõe e que o papel exige. Essa mudança

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de comportamento, contrária a sua tendência, deveria ser impulsionada pela necessidade

da tarefa.

Eu me sinto um cara certo, no lugar errado assim, não

deveria estar exercendo esse papel de scrum master, como

não tem outro papel aqui, eu me viro nesse papel [...] eu

tentava me ver como um arquiteto de soluções, e aqui a gente

não tem esse cargo. Eu sou cobrado para cobrar as pessoas

para coisa fluir, aí nesse ponto eu sou, tenho essa deficiência

de atuar de forma mais rígida para punir, para cobrar mais.

(P16)

É aquele cara que gosta de se escantear ali, ele fica no

cantinho lá da sala para ninguém ver ele lá, aí a conversa que

eu tenho com ele, é por eu não concordar com essa postura

dele, eu tento ajudar ele no que é possível, mas eu deixo viver

a vida dele, tranquilo lá. Se entregar, entregou, se não

entregar não entregou, beleza, se ele pedir ajuda que ele

nunca pede. (P16 falando sobre P14)

4.2.2 A influência da personalidade e do comportamento do indivíduo

O comportamento é o reflexo das características de personalidade individual e

sofre influência moderadora de vários fatores (Seção 4.2.1). Uma vez consumado e

observado pelos integrantes da equipe, o comportamento é capaz de influenciar

positivamente e/ou negativamente o comportamento dos outros integrantes da equipe, a

influência das características de personalidade e das preferências na tolerância da pessoa

em trabalhar com outras e a influência da preferência e da tolerância de uma pessoa em

trabalhar com outra na composição da equipe. Cada uma dessas influências do

comportamento, graficamente representada na Figura 7, será explicada a seguir.

A influência do comportamento de um integrante da equipe no comportamento de

outros integrantes (Figura 7).

O comportamento de uma pessoa pode ser afetado pelo comportamento de

outras pessoas, tanto positivamente quanto negativamente. Quando o comportamento de

uma pessoa afeta negativamente o comportamento de outra pessoa, esse tipo de

comportamento pode gerar sentimentos negativos, como os de incômodo e

aborrecimento.

Mas eles se esquecem de ver, que às vezes também não

trabalham, que passa muito tempo enrolando, que o tempo que

está aqui às vezes passa estudando, às vezes fica no Facebook,

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entendeu, demora muito para lanchar. Aí querem ter condições

melhores e, mas também não fazem por merecer, isso é uma das

coisas que me incomoda. [...] Se eu ver, por exemplo, está todo

mundo sem fazer nada e, aí eu também vou ficar sem fazer

nada, entendeu? [...] Se tiver de fazer eu faço, eu não vejo, eu

não tenho muito problema não, mas a partir do momento, que

você percebe, e você não pode fazer tudo, para o pessoal não

ficar sem fazer nada, e você também começa acabando

entrando no mesmo jeito que eles, entendeu, porque as

responsabilidades também não podem cair numa pessoa só.

(P19)

Quando o comportamento de uma pessoa afeta positivamente o comportamento

de outra pessoa, esse tipo de comportamento pode gerar sentimentos positivos, como os

de estímulo de confiança.

Acho que [fulano] também é outra pessoa que é muito boa de

trabalhar. Porque ele é uma pessoa que traz muita motivação

pra tentar coisas novas. Ele sempre está buscando tecnologias

novas e interessantes e que está acontecendo no mercado. Ele

fala ai vamos brincar disso. Então isso estimula você. [...] Ela é

uma pessoa que trabalha muito bem. Ela desenvolve muito bem

e ela é muito organizada. Ela sempre conta que ela está

fazendo as coisas direito. E isso estimula. Ela está sempre

fazendo alguma coisa. Então é como se ela fosse um ponto de

confiança dentro da equipe. O jeito dele motiva e o dela dá

segurança. (P4)

Como visto na Seção 4.1, a preferência de uma pessoa, A, em trabalhar com

outra, B, também é determinada pelas características de personalidade de A. Logo, a

preferência de A em trabalhar com B, depende da combinação entre as características de

personalidade de A e as de B, sendo as características de personalidade de B expressas

através de seu comportamento. Logo, ao pé da letra, a preferência de A por B não se dá

pelas características de B, mas sim pelo comportamento que B expressa por meio delas.

A influência das características de personalidade e das preferências na tolerância

da pessoa em trabalhar com outras (Figura 7).

A tolerância que uma pessoa, A, tem em trabalhar com outra, B, é influenciada

pela compatibilidade das características de personalidade de B com as preferências de

A, conforme padrão S12 (Seção 4.1.2). Além disso, os dados mostram que pessoas com

nível alto de amabilidade têm maiores níveis de tolerância (padrão P13, Seção 4.1.2),

enquanto que pessoas com nível baixo de amabilidade e alto de neuroticismo têm

menores níveis de tolerância (padrão P13, Seção 4.1.2).

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Logo a tolerância de uma pessoa em trabalhar com outra é determinada por suas

características de personalidade e por suas preferências em trabalhar com outras

pessoas.

A influência da preferência e da tolerância de uma pessoa em trabalhar com outra

na composição da equipe (Figura 7).

Composição de equipe se refere a uma combinação global das características dos

integrantes da equipe, ou seja, é baseada nos atributos dos indivíduos que compõem a

equipe (CANNON-BOWERS; BOWERS, 2011) A composição da equipe pode ser de

diferentes tipos, a depender dos atributos individuais que se deseja combinar. A

preferência e a tolerância são atributos que pertencem ao indivíduo, logo, podem

influenciar a composição de equipes de software.

Este capítulo apresentou como resultados desta Tese, as catorze preferências dos

profissionais de software em trabalhar com outros e as variáveis influenciadas pela

personalidade individual, bem como os relacionamentos estabelecidos entre elas. Os

elementos conceituais apresentados e a relação entre eles estão consolidados no modelo

ilustrado na Figura 7. A seguir é apresentado o Capítulo 5 com a discussão desses

resultados.

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5. DISCUSSÃO

A discussão a respeito da apresentação e da análise dos resultados será realizada

à luz de estudos anteriores através das seguintes perspectivas: Preferência como um

conceito de atração interpessoal (Seção 5.1); Composição de equipe (Seção 5.2);

Tolerância às diferenças (Seção 5.3); O papel do líder (Seção 5.4) e os Efeitos que

influenciam no comportamento (Seção 5.5).

A análise dos resultados focou nos padrões de preferência e de tolerância dos

profissionais de software em trabalhar com outros, explorando o entendimento a

respeito do que leva uma pessoa a querer trabalhar com a outra em termos de

características de personalidade. Duas categorias de preferências foram encontradas: (1)

preferências comuns, cujos padrões estão presentes de maneira generalizada entre as

preferências dos profissionais participantes da pesquisa; e (2) preferências dependentes

de características, cujos padrões observados apresentam relação entre as características

de personalidade do profissional e as características de personalidade das pessoas com

as quais ela gostaria de trabalhar. A Tabela 11 apresenta de maneira consolidada os

catorze padrões encontrados, sendo onze indicativos de preferências (S1 a S11) e três de

tolerância (S12 a S14).

S# Padrões de preferência e tolerância

S1 Os profissionais de software preferem trabalhar com outros cujas características

sejam semelhantes às que eles mais valorizam neles próprios, ou seja, aos seus

pontos fortes.

S2 Os profissionais de software preferem trabalhar com outros que possuam

características complementares às que precisam ser melhoradas neles próprios, ou

seja, aos seus pontos fracos.

S3 Os profissionais de software preferem trabalhar com outros que possuam

características de conscienciosidade.

S4 Profissionais de software com orientação alta para amabilidade preferem

trabalhar com outros que tenham orientação à amabilidade.

S5 Profissionais de software com alta conscienciosidade preferem trabalhar com

outros igualmente conscienciosos.

S6 Profissionais de software com alta orientação à abertura preferem trabalhar com

outros que sejam igualmente abertos a novas experiências.

S7 Profissionais de software extrovertidos preferem trabalhar com outros igualmente

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extrovertidos.

S8 Profissionais de software com baixa conscienciosidade preferem trabalhar com

outros que sejam orientados à amabilidade.

S9 Profissionais de software com alto neuroticismo preferem trabalhar com outros

que possuam alta amabilidade.

S10 Profissionais de software orientados à amabilidade preferem NÃO trabalhar com

outros que sejam predominantemente conscienciosos.

S11 S11.1 Líderes com baixo neuroticismo preferem NÃO trabalhar com

profissionais de software com baixa conscienciosidade.

S11.2 Líderes com alta amabilidade preferem NÃO trabalhar com profissionais

de software com alto neuroticismo.

S12 Profissionais de software apresentam níveis de tolerância em trabalhar com

outros que não atendam aos seus padrões de preferências.

S13 Profissionais de software com orientação à amabilidade têm um nível alto de

tolerância em trabalhar com outros cujas características sejam diferentes de suas

preferências.

S14 Profissionais de software com baixa amabilidade e alto neuroticismo têm um

nível baixo de tolerância em trabalhar com outros cujas características sejam

diferentes das de suas preferências.

Tabela 10 – Padrões de preferência e tolerância

Não foi observado nos dados nenhum padrão específico por gênero do participante, nem

por nível de experiência profissional, nem por contexto de trabalho público x privado.

5.1 PREFERÊNCIA, UM CONCEITO DE ATRAÇÃO INTERPESSOAL

As preferências dos profissionais de software em trabalhar com outros

encontram respaldo numa das mais importantes áreas da psicologia social, a saber, a da

atração interpessoal. A discussão acerca das preferências encontradas nos resultados

será conduzida à luz de dois princípios da teoria da atração interpessoal: o princípio da

similaridade e o princípio da complementaridade.

Atração interpessoal é a atração entre pessoas que as levam a um relacionamento

interpessoal como, por exemplo, de amizade, de trabalho ou mesmo de relacionamento

amoroso. Ela é vista como um processo que diz respeito a quanto uma pessoa gosta,

ama, não gosta ou odeia outra pessoa. Além disso, a atração entre pessoas é um

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fenômeno dependente das características do atrator e do atraído (SUTTON;

DOUGLAS, 2013), e uma dessas características é a de personalidade (BYRNE;

GRIFFITT; STEFANIAK, 1967).

Atração é, portanto, um processo entre duas pessoas, que pode ser definido como

um estado motivacional no qual um indivíduo é predisposto a pensar, sentir e

normalmente se comportar de maneira positiva em relação a outro (SIMPSON;

HARRIS, 1994). São três os tipos de atração de uma pessoa por outra: a física, a social

e a associada à tarefa (em inglês, task attraction). A atração física ocorre quando há

atração por algum aspecto da aparência da pessoa; a social reflete um sentimento de

querer ser amigo de alguém; por fim, a atração da tarefa se refere ao desejo de uma

pessoa em trabalhar com outra (GUERRERO; ANDERSEN; WALLID, 2011). Este

último tipo de atração, a atração associada à tarefa é o conceito que converge com a

preferência de uma pessoa em trabalhar com outra. Apesar de esses tipos de atrações

estarem relacionadas entre si, eles são diferentes uns dos outros. Por exemplo, você

pode gostar de trabalhar com uma pessoa mas não ter interesse em cultivar uma amizade

com ela fora do trabalho.

Guerrero, Andersen e Wallid (2011) explicam, ainda, que a atração acontece a

partir das qualidades do atraído, das qualidades do atrator, das qualidades do par e das

qualidades do ambiente físico e social. Porque as preferências de uma pessoa por outra

resultam da percepção que elas têm a respeito dos benefícios ou recompensas que elas

podem obter no relacionamento com outra, a perspectiva da atração se dá a partir das

qualidades. Portanto, é a distinção entre as características positivas e negativas que o

atraído percebe em si e no atrator que é levada em conta. Guerrero, Andersen e Wallid

(2011) destacam, também, que dentre os vários tipos de características individuais,

como as demográficas e físicas estão também as características de personalidade.

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As preferências e os princípios da similaridade e da complementaridade

A atração é explicada a partir de dois princípios que se complementam: o

princípio da semelhança e o princípio da complementaridade. No primeiro, as pessoas

são atraídas por outras a partir das similaridades de fatores que elas compartilham entre

si. No segundo, as pessoas procuram nas outras o que sentem falta em si próprias;

buscam nos outros aspectos que valorizam mas que não encontram em si mesmas; às

vezes, nem é o caso de não possuírem determinada qualidade, mas o fato de que as têm

em num grau inferior ao que gostariam (GUERRERO; ANDERSEN; WALLID, 2011).

A preferência S1 indica que os profissionais de software preferem trabalhar com

outros cujas características de personalidade sejam parecidas com seus pontos fortes,

com suas características positivas. Esse achado é convergente com o princípio da

similaridade preconizado na supracitada teoria da atração. As preferências S4, S5, S6 e

S7 versam sobre a opção de pessoas com alta conscienciosidade, amabilidade, abertura

e extroversão preferirem, respectivamente, trabalhar com pessoas que possuem essas

mesmas características semelhantes a elas. As preferências podem ser vistas como

especializações de S1 e, portanto, também convergentes com o princípio da

similaridade.

A preferência S2 indica que os profissionais de software preferem trabalhar com

outros que tenham características de personalidade que complementem seus pontos

negativos. Os achados indicam complementos de dois tipos: características opostas

pertencentes à mesma dimensão e características de dimensões distintas. As

preferências S8 e S9 são consideradas como especializações da preferência geral S2 e

fazem parte das preferências que se baseiam na complementaridade de características

entre dimensões distintas.

A teoria indica realmente haver uma sinergia entre pessoas com traços de

personalidade complementares, o que impacta o desempenho da equipe (HALFHILL et

al, 2005). As pessoas podem não gostar de outras que compartilham os mesmos traços

negativos de personalidade. Ao invés de serem constantemente lembradas de suas falhas

em determinada dimensão, através da presença de alguém semelhante, as pessoas

podem preferir interagir com outras que acreditam que irão trazer o melhor deles.

As preferências de S1 a S11 encontram respaldo na teoria da atração interpessoal

a partir da explicação dos princípios da similaridade e da complementaridade, ou seja,

no contexto das características de personalidade, que indicam que as pessoas são

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atraídas por outras que possuem características positivas similares às suas, mas também

que podem ser atraídas por outras que as complementem. Não foi encontrado nenhum

trabalho na área de engenharia de software que relacione as preferências de trabalhar

com outro e as características de personalidade individual.

Quais são as características que trazem sentimentos de recompensa? Ou seja,

quais as características mais esperadas nos profissionais de software?

Conforme afirmado anteriormente, a teoria da atração preconiza que a

possibilidade de recompensa que um indivíduo enxerga ao se relacionar com outro é o

que determina suas preferências. Essa possibilidade de ganho vem, portanto, a partir das

características positivas do atrator.

A análise da percepção de si e dos outros revela que os opostos das dimensões

de características do Big Five, ou seja, os níveis baixos dessas dimensões foram vistos

como características negativas, com exceção do neuroticismo, cuja ausência de

características é considerada positiva e a presença, negativa. Esses achados são

convergentes com os resultados de Cannon-Bowers e Bowers (2011), que afirmam

existir uma relação positiva dos traços de personalidade extroversão, conscienciosidade,

amabilidade e abertura com o trabalho em equipe, ao passo que o neuroticismo tem

relação negativa.

Apesar de o teste de personalidade afirmar que os níveis alto e baixo dos traços e

facetas da personalidade não serem absolutamente bons ou ruins, já que um nível

particular de um traço pode ser útil para a realização de algumas coisas e prejudicial

para outras, no contexto das preferências de uma pessoa em trabalhar com outra isso

não foi observado, o que indica a percepção clara de características positivas e negativas

no trabalho. A Tabela 12, a seguir, resume as principais características de personalidade,

desde as mais desejadas às menos desejadas por profissionais de software a respeito de

seus colegas de equipe. Para facilitar o entendimento e a visualização, as características

estão agrupadas nos traços e facetas do teste de personalidade.

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Dimensão de

Personalidade

Faceta Características mais

desejadas/Características menos

desejadas dos profissionais de

software

Conscienciosidade Ordem Organizado/Desorganizado;

Senso do dever Comprometido/Descomprometido;

Responsável/Irresponsável;

Esforço por

realizações

Esforçado/Relaxado;

Dedicado/Preguiçoso;

Autodisciplina Concentrado, Focado/Disperso;

Proativo, que antecipa/Procrastina,

atrasa, adia;

Amabilidade Altruísmo Que ajuda o outro, tira dúvidas, ensina,

se dispõe a resolver os problemas dos

outros/Que se fecha, que não ajuda;

Abertura Ações Variadas Que gosta de fazer coisas novas/Que

gosta de rotina ;

Ideias Que gosta de aplicar coisas

novas/Avesso a mudanças;

Flexível/Rígido;

Neuroticismo Ansiedade Nervoso, estressado, preocupado/Calmo,

tranquilo;

Raiva Que briga, conflita, que é

grosseiro/Pacífico, sossegado;

Extroversão Assertividade Comunicador/Calado;

Gregarismo Sociável/Reservado;

Tabela 11 – Características de personalidade mais desejadas e menos desejadas.

5.2 COMPOSIÇÃO DE EQUIPE

Composição de equipe se refere a uma combinação global de características

dos integrantes da equipe, ou seja, é baseada nos atributos dos indivíduos que compõem

a equipe (CANNON-BOWERS; BOWERS, 2011). As preferências são por

características de personalidade e, juntas, elas fornecem uma ideia de composição de

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equipe na qual é possível perceber a questão da diversidade de traços. O conceito de

diversidade é usado na literatura para descrever a medida que os membros de equipe são

diferentes uns dos outros em um ou mais atributos. Altos níveis de diversidade na

equipe existem na medida em que os membros são diferentes uns dos outros, isto é,

quando a equipe é heterogênea. Baixos níveis de diversidade existem quando os

membros da equipe são semelhantes uns aos outros, ou seja, quando a equipe é

homogênea (JACKSON; JOSHI, 2011).

Conforme explicado através do princípio da similaridade, a preferência S1 e as

suas derivadas S4, S5, S6 e S7 indicam uma tendência à homogeneidade na equipe, uma

vez que as pessoas preferem trabalhar com outras que possuam semelhanças com suas

características positivas. De acordo com o princípio da complementaridade, a

preferência S2 e as preferências derivadas S8 e S9 indicam uma tendência à diversidade

de características na equipe. Essas preferências sugerem um modelo compensatório, ou

seja, enquanto um traço não é bem representado em um integrante da equipe, a sua

presença é necessária em outros integrantes.

Portanto, no sentido da distribuição dos traços dentro da equipe, uma equipe

formada com base nas preferências de seus integrantes tende a ser balanceada,

apresentando homogeneidade com relação a características positivas, ao mesmo tempo

em que possui uma heterogeneidade que neutraliza a presença de características

negativas.

5.3 TOLERÂNCIA ÀS DIFERENÇAS

Tolerância implica aceitação de coisas de que a pessoa discorda, desaprova ou

não gosta. Ela pode ser vista como "uma virtude falha” (DOORN, 2012), porque se trata

da aceitação das diferenças entre os outros e nós mesmos, daquilo que nós preferimos

lutar contra, ignorar ou superar. A tolerância, portanto, traz consigo o paradoxo interno

de exigir que se aceite as coisas que se deseja rejeitar. Para superar ou evitar o conflito,

é preciso tolerar as coisas de que discordam, abominam, desaprovam ou não gostam

(SULLIVAN; PIERESON; MARCUS, 1982).

Em primeiro lugar, para falar de tolerância, deve haver um aspecto de desagrado,

desacordo ou desaprovação, pois a tolerância pressupõe oposição ou discordância

(SULLIVAN; PIERESON; MARCUS, 1982). Se não existir tal objeção, já não se pode

falar de tolerância, mas sim de indiferença. Tolerância só é necessária no caso de

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desagrado, desacordo, desaprovação e, portanto, está intimamente ligada a diferenças

entre as pessoas. Além disso, a tolerância não se refere a qualquer diferença, mas às

diferenças que as pessoas consideram importantes (BUTRUS; WITENBERG, 2012). Se

as pessoas não acreditam que a diferença é importante, se elas não se preocupam com

isso, faz sentido dizer que elas são indiferentes, mas não que elas são tolerantes às

diferenças. Há vários tipos de tolerância, mas, no contexto da psicologia social, Butrus e

Witenberg (2012) refere-se à tolerância social como sendo a aceitação das

características e do comportamento da pessoa. Muitas vezes, não são as características

em si que estão em questão, mas sim o comportamento – considerado inadequado – de

pessoas com dadas características (BUTRUS; WITENBERG, 2012).

Preferência e tolerância em trabalhar com outra pessoa são, portanto, dois

conceitos diferentes: o primeiro se refere ao ato de escolher, de preferir uma pessoa em

detrimento de outra com base em suas características e comportamentos; já o segundo

trata de aceitar as características e comportamentos do outro que são considerados

contrários às suas preferências.

Os achados revelam que o nível de aceitação de uma pessoa, A, em trabalhar

com outra, B, que não atenda as suas preferências é determinado pelas características de

personalidade de A. No caso, pessoas com nível alto de amabilidade têm alta tolerância

e pessoas com nível baixo de amabilidade e alto de neuroticismo tem baixa tolerância.

No caso da amabilidade, a pessoa não deixa de exercer suas características de

amabilidade mesmo com pessoas com que ela não gosta de trabalhar. Ou seja, mesmo

que ela tenha repulsa pelo outro e que prefira não trabalhar com ele, ela não consegue

deixar a par, revelando assim um alto nível de tolerância próprio das suas características

de amabilidade. Em termos de composição, essas pessoas podem ser usadas quando

pessoas difíceis de trabalhar tenham que estar presentes na equipe.

Os resultados são convergentes com os achados na literatura. O traço de

amabilidade está significativamente e positivamente correlacionado com a tolerância. A

implicação geral das conclusões de Graziano e Eisenberg (1997) é que os indivíduos

mais agradáveis são os que mais provavelmente serão tolerantes com os outros – que

podem ser diferentes deles próprios. Os traços de personalidade podem dispor os

indivíduos a serem mais ou menos tolerantes para com os seus diferentes. No entanto,

enquanto as características de amabilidade estão associadas à tolerância (BUTRUS;

WITENBERG, 2012), a investigação sobre os efeitos dos traços de personalidade é

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ainda muito escassa, não trazendo um panorama consistente de pesquisa que explique

por que algumas pessoas são mais tolerantes à diversidade de personalidade do que

outras.

Os resultados mostram um caso de baixa tolerância com as pessoas que, além de

baixa amabilidade, apresentam um alto neuroticismo. A baixa amabilidade, sozinha, não

indica um caso extremo de intolerância. Além da ausência de características de

amabilidade, é necessário possuir alto nível de neuroticismo, o que converge com Costa

e McCrae (2010), que indicam que a expressão dos estados emocionais negativos, ou

seja, do neuroticismo, depende do nível de amabilidade do individuo.

Nas preferências de todos os profissionais que participaram da pesquisa, não foi

observada nenhuma atratividade ou preferência pelos profissionais com alto

neuroticismo e baixa amabilidade, essas pessoas são consideradas de difícil convívio.

Além disso, essas mesmas pessoas tidas como de difícil convívio, demonstraram uma

preferência muito restrita com relação aos seus colegas de trabalho, limitando suas

escolhas apenas às pessoas com alta amabilidade na equipe. Essa análise indica tanto

que pessoas de difícil convívio apresentam alto nível de repulsão por outras pessoas,

quanto que as outras pessoas têm repulsa por elas.

5.4 O PAPEL DO LÍDER

A liderança é a capacidade de influenciar uma equipe em direção ao alcance de

objetivos (ROBBINS, 2004). Os resultados das investigações que relacionam traços de

personalidade à liderança têm se mostrado inconsistentes, e a abordagem de pesquisa,

que visa identificar os traços universais associados a líderes eficazes está em desuso

(JUDJE et al, 2002), o que revela que os traços de personalidade não são suficientes

para explicar os efeitos dos comportamentos de liderança, que precisam ser analisados

juntamente com fatores situacionais, principalmente os relacionados à tomada de

decisão (ROBBINS, 2004).

O exercício de liderança exige habilidades diversas, mas nem todos estão

preparados, seja por falta de compatibilidade com os traços de personalidade, seja por

falta de aprendizado. Mesmo os executivos mais capacitados enfrentam problemas

quando suas características não são as de líderes natos. Além disso, nem todos estão

dispostos a lidar com determinadas questões na equipe, mostrando que não são capazes

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de sublimar o efeito dominador de determinadas características negativas para a equipe,

pois vão contra sua personalidade.

No contexto das preferências dos líderes em trabalhar com os integrantes da

equipe, foi observado que:

Líderes com baixo neuroticismo preferem NÃO trabalhar com profissionais de

software que possui baixa conscienciosidade (padrão de preferência S11.1) e;

Líderes que possuem alta amabilidade preferem NÃO trabalhar com

profissionais de software que possuem alto neuroticismo (padrão de preferência

S11.2).

Pessoas com baixo neuroticismo são muito calmas e tranquilas, tendendo a lidar

com situações estressantes sem muita preocupação. Diante da baixa produtividade do

profissional com baixa conscienciosidade, o líder com baixo neuroticismo pode ser

visto como uma pessoa inerte à situação, mostrando-se incapaz de agir com efetividade

para moderar o comportamento da pessoa com baixa conscienciosidade e neutralizar

seus efeitos na equipe.

Pessoas com alta amabilidade têem um nível alto de tolerância pra trabalhar com

pessoas fora do seu padrão de preferências (padrão S13). Porém, quando essa pessoa

amável e muito tolerante é o líder e ele precisa lidar com pessoas impacientes,

estressadas e brigonas na equipe, características de quem possui alto neuroticismo, ele

não tende a se comportar naturalmente com uma postura mais rígida e de imposição,

como a situação exige, devido a sua tendência em preservar a harmonia no

relacionamento evitando, assim, entrar em conflito.

5.5 EFEITOS QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO

O diagrama apresentado no Capítulo 3 serve pra mostrar que não basta trabalhar

com quem a pessoa deseja: outros fatores contextuais, que normalmente não têm

implicações diretas e aparentes nos resultados da equipe, exercem influência. Nesse

caso, é interessante analisar esses efeitos, pois os resultados mostram que eles atuam de

modo a intensificar ou diminuir a influência das características de personalidade no

comportamento do indivíduo.

À luz de estudos relacionados, analisaremos os efeitos de cada um dos fatores

contextuais que impactam os comportamentos dos profissionais de software. As

variáveis de contexto encontradas foram: conhecimento técnico e experiência

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profissional, objetivos individuais, processos formais, cultura organizacional e

identificação com a tarefa.

Habilidades técnicas são os requisitos técnicos e o conhecimento que uma

pessoa deve possuir para executar uma tarefa. Elas incluem os fundamentos teóricos e

as experiências práticas que uma pessoa deve ter para executar confortavelmente a

tarefa prevista (CAPRETZ; VARONA; RAZA, 2015), e podem ser denominadas como

"o que você sabe". O fato de uma pessoa possuir os requistos técnicos para execução da

tarefa influencia seu comportamento no trabalho em relação à faceta competência do

traço conscienciosidade. Pessoas com altos escores nessa faceta se sentem bem

preparados, já quem apresenta baixos escores tem uma opinião mais desfavorável sobre

suas habilidades e admitem que muitas vezes são despreparadas e inaptas. Baixo

conhecimento técnico e pouca experiência comprometem o sentimento de competência

da pessoa, influenciando seu comportamento e prejudicando ainda mais seu

desempenho. Essa constatação é convergente com os resultados de Bowen e Schneider

(1988) em relação à influência das habilidades técnicas no comportamento

organizacional do individuo.

Objetivos individuais – A noção de que os objetivos representam um dos

reguladores de comportamento tem uma longa história no campo da psicologia

organizacional (SCHLENKER; WEIGOLD, 1989) Para que uma organização tenha

sucesso, a organização e as suas partes têm de partilhar os mesmos objetivos. Por isso, a

ênfase das pesquisas na necessidade de alinhamento entre os objetivos pessoais e os

objetivos organizacionais é grande (KHEIRANDISH, 2013).

Os efeitos da falta de alinhamento entre os objetivos pessoais e organizacionais

influencia o comportamento do indivíduo na equipe, a qual, por sua vez, compromete

seu desempenho e o desempenho da equipe como um todo. Esse resultado converge

com a teoria da coesão de equipes de software, de Gouveia (2016), que define a coesão

profissional como sendo a convergência entre as necessidades de realização dos

integrantes da equipe com os seus objetivos institucionais. Essa coesão profissional é

importante para o sentimento de pertencimento profissional dos integrantes com a

equipe, que faz com que ele se comporte profissionalmente como um todo integrado e

coordenado.

Os resultados mostram que, mesmo pessoas com alta conscienciosidade, ou seja,

com alta orientação a tarefa, quando não têm seus objetivos pessoais alinhados com os

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objetivos do trabalho, se comportam muito aquém de sua predisposição e capacidade,

comprometendo os resultados da equipe. Ao contrário do que pode acontecer quando há

coesão profissional, caso em que o profissional passa a ter forte senso de

responsabilidade e alta produtividade, sendo comprometidos com suas atividades e

empenhados em fazer o trabalho bem feito (GOUVEIA, 2016).

As pessoas, portanto, direcionam seu comportamento e criam autoincentivos

para persistirem em seus esforços até atingirem seus objetivos. Quanto maior a

sobreposição entre os objetivos de um indivíduo e os objetivos da equipe, melhor para

os resultados da equipe.

Processos formais - Os resultados mostram que a presença de processos formais

induzem comportamentos na equipe, que tanto estimulam comportamentos positivos

quanto inibem comportamentos não desejáveis. Por exemplo, as reuniões diárias e de

acompanhamento existem para que os integrantes da equipe alinhem informações sobre

o projeto, compartilhem conhecimento, se ajudem mutuamente e tomem decisões

compartilhadas, quando essas reuniões são sistemáticas, estimulam pessoas

introvertidas a falar, a interagir e pessoas com baixa conscienciosidade tendem a se

sentir pressionadas a produzir mais resultados.

O conceito de processos formais está contemplado na definição de processos

autorregulatórios usada por Gouveia (2016), que afirma que esses processos podem ser

formais ou informais, e têm como principais objetivos integrar e coordenar seus

esforços, atividades e eventos internos da equipe. Eles são autorregulatórios porque são

processos originados intraequipe a fim de garantir que ela funcione corretamente.

Exemplos de processos autorregulatórios são reuniões de planejamento, ferramentas

para comunicação interna, acompanhamento das atividades etc.

Os resultados, portanto, são convergentes com Gouveia (2016) com relação à

influência que os processos exercem no comportamento da equipe, estimulando

comportamentos favoráveis ao alinhamento interno de informações, ao

compartilhamento de conhecimento, a ajuda mútua, a tomada de decisão compartilhada

e ao feedback corretivo e de reforço, tudo isso visando garantir que as coisas funcionem

corretamente e que os resultados esperados sejam alcançados.

Cultura organizacional pode ser visto como um sistema de valores, normas,

práticas de uma organização (ROBBINS, 2004). Dois elementos que fazem parte da

cultura e que foram destacados nos resultados são o grau de autonomia que a

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organização dá aos seus funcionários e a política de progressão na carreira, ambos

estimulam ou inibem os comportamentos dos integrantes da equipe. Pessoas com

orientação a abertura e que trabalham em empresas mais rígidas, que dão pouca

liberdade aos funcionários para estudar e implantar coisas novas, tem seu

comportamento de abertura a novas experiências tolhido e sentem que seu potencial de

trabalho é comprometido. Já pessoas conscienciosas, que tem alta orientação ao

trabalho, tendem a diminuir a produtividade diante ao fato da empresa não ter um

programa atrativo de recompensas digno de reconhecimento e progressão

por desempenho.

Os resultados convergem com a teoria da modificação do comportamento

organizacional de Luthans e Kreitner (1985), que preconiza que o comportamento

humano sofre influências e estímulos provenientes do exterior. Logo, se o

comportamento é recompensado, ele tende a ser repetido. Os programas de

reconhecimento e envolvimento de funcionários presentes nas organizações utilizam os

conceitos da teoria da modificação do comportamento para oferecer aos gestores meios

comprovados de promover mudanças no comportamento dos funcionários com vistas a

melhorar a produtividade, reduzir erros, rotatividade, acidades, etc. Planos de

remuneração e progressão na carreira, bem como as práticas da gestão participativa, são

exemplos desses programas (ROBBINS, 2004).

Identificação com o papel/tarefa – A identificação com o papel reflete a

percepção do profissional a respeito da compatibilidade do seu jeito de ser, a partir de

suas características de personalidade, com os requisitos necessários para execução do

papel dentro da equipe. Cientes dessa percepção, o profissional deveria procurar meios

de minimizar determinadas tendências naturais de comportamento, quando este não

estiver adequado ao que a tarefa ou papel necessita. De maneira oposta, o profissional

pode estar atento ao que ele pode fazer para que seu comportamento seja potencializado

ainda mais, quando este estiver adequado ao que a tarefa ou papel requisita.

Os resultados estão de acordo com a teoria de Capretz e Ahmed (2010) com

relação a como a associação entre as características de personalidade e os requistos da

tarefa são importantes para predizer comportamentos desejáveis para o funcionamento e

os resultados da equipe.

Este capítulo apresentou a discussão dos resultados de acordo com as seguintes

perspectivas: Preferência como um conceito de atração interpessoal; Composição de

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equipe; Tolerância às diferenças; O papel do líder e os efeitos que influenciam no

comportamento individual. No Capítulo 6 serão apresentadas as contribuições da

pesquisa e os trabalhos futuos.

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6. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

Considerando a importância dos fatores humanos em muitos aspectos da

engenharia de software, pode-se afirmar que é grande a quantidade de questões

relacionadas aos efeitos e influências da personalidade individual nos processos e

resultados da equipe. Original da área da psicologia, o tema tem sido amplamente

discutido na engenharia de software desde a década de 1970, e tem atraído a curiosidade

dos pesquisadores, cada vez mais, até os dias atuais (CRUZ; DA SILVA; CAPRETZ,

2015). Não obstante, o tema ainda é considerado novo, na área, e com muitas

oportunidades de investigação para melhorar e estender as descobertas deste campo de

pesquisa.

Esta pesquisa abre um novo direcionamento para o estudo da personalidade na

engenharia de software, devido a busca em compreender os motivos pelos quais um

profissional de software prefere trabalhar com outros. Esse tema atrai não só pela

complexidade do estudo do comportamento humano, mas também pelos benefícios

práticos para os resultados do indivíduo e da equipe. Assim sendo, esta tese propõe a

consideração de dois novos fatores que mediam o efeito da personalidade nos resultados

da equipe, a saber, a preferência e a tolerância do profissional de software em trabalhar

com outros. Esses dois conceitos já são amplamente estudados na psicologia social, e já

se sabe que ambos são determinados por traços de personalidade. A presença deles na

pesquisa da engenharia de software traz um novo ponto de partida para a investigação

na área. Além dessa contribuição, o presente trabalho colabora com a pesquisa e com a

prática das seguintes maneiras:

1. Ao apresentar uma nova perspectiva de analisar os efeitos da personalidade na

equipe a partir da pergunta “quem quer trabalhar com quem?” como forma de

analisar o tema sobre outro ponto de vista, já que a maior parte das pesquisas na

área se direcionam a compreender “quem deve trabalhar com quem?”. Na

verdade, a perspectiva de quem quer trabalhar com quem pode ser usada para

complementar quem deve trabalhar com quem. É importante entender a maneira

como o jeito natural de ser das pessoas está alinhado aos requisitos técnicos e

sociais do trabalho. Porém, essa informação por si só não é suficiente, pois tão

importante quanto ser apto para atender às necessidades do trabalho é trabalhar

com pessoas que sintam atração umas pelas outras, no caso da atração pela tarefa

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(do inglês task attraction), por isso a importância de analisar o fenômeno com

base nessas duas perspectivas.

2. As pesquisas da diversidade na equipe geralmente estão focadas em

compreender os efeitos da homogeneidade e da heterogeneidade, a partir de

diferentes tipos de atributos individuais, nos resultados da equipe. Alguns dos

achados dessas pesquisas indicam que, tanto as diferenças quanto as

similaridades podem ser positivas ou negativas, a depender de um conjunto de

fatores como, por exemplo, a complexidade da tarefa. No entanto, ao introduzir

o conceito das preferências, tendo como base o estudo da atração interpessoal da

psicologia social, o entendimento a respeito da diversidade nas equipes de

software é estendido em pelos menos duas formas:

a. Os resultados desta pesquisa mostram que não é apenas o fato de a

diversidade afetar os resultados da equipe, mas sim se essa diversidade é

gerada a partir do grau de atração dos integrantes da equipe uns pelos

outros, ou seja, se as preferências desses integrantes em trabalhar com o

outro estão atendidas. Logo, esta pesquisa contribui ao acrescentar a

importância do fator preferência nos estudos sobre diversidade na

equipe.

b. A diversidade vista não a partir da dicotomia heterogeneidade versus

homogeneidade de um determinado atributo, mas do balanceamento das

perspectivas de similaridade e de complementaridade desse atributo na

equipe. Os resultados dessa pesquisa preconizam que o nível de atração

que os integrantes possuem uns pelos outros, ou seja, que o grau em que

suas preferências estão atendidas na equipe, tende a estar relacionado

positivamente com os resultados da equipe.

3. Os resultados dessa pesquisa remontam a um conceito muito estudado na

psicologia social, a tolerância. Tolerância é um fenômeno que acontece dentro

da equipe e que é de grande importância na psicologia social. Por ser um

fenômeno que estuda o nível de aceitação das diferenças que o indivíduo possui,

é um fator presente nas pesquisas que estudam o conflito nas equipes (DOORN,

2012). Os resultados desta pesquisa apontam, como contribuição para a pesquisa

da personalidade na engenharia de software, para o fato de que tão importante

quanto entender os efeitos das preferências em trabalhar com o outro nas equipes

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de software é compreender que o nível de tolerância do indivíduo depende de

seus traços de personalidade, e que a presença das características de amabilidade

e neuroticidade determinam os níveis extremos de tolerância que uma pessoa

pode possuir. Analisar a composição da equipe sobre esse aspecto é importante

para balanceá-la de uma maneira mais efetiva.

4. As tendências de comportamento, operacionalizadas através de testes de

personalidade, não são suficientes para determinar o comportamento dos

indivíduos da equipe. Os resultados mostram que, mesmo que a pessoa tenha

uma tendência a determinado comportamento, ele pode ser alterado por algum

fator do contexto, como conhecimento técnico, experiência profissional,

objetivos individuais, processos formais, cultura organizacional, identificação

com o papel e até mesmo pelo comportamento dos outros integrantes da equipe.

Logo, os efeitos da personalidade na composição de equipes, sob o ponto de

vista das preferências e da tolerância, precisa ser analisado conjuntamente com

os fatores de contexto que influenciam o comportamento do indivíduo.

5. O entendimento a respeito da capacidade de predição que a personalidade possui

em relação às preferências e ao nível de tolerância que os integrantes da equipe

possuem em relação aos outros é uma informação poderosa para entender o

funcionamento da equipe a partir das interações entre os integrantes e das

dinâmicas da equipe, não só por promover um autoconhecimento e um

conhecimento a respeito dos integrantes da equipe, mas também por revelar

lacunas que ajudam, principalmente, os líderes de equipe a entender as

limitações e necessidades de cada um.

6. Os instrumentos de coleta e análise de dados dessa pesquisa podem ser usados

como instrumentos de avaliação das preferências e do nível de tolerância dos

integrantes da equipe. Uma pessoa de fora da equipe, talvez do setor de gestão

de pessoas, poderia, de forma mais simples e imediata, realizar essa avaliação a

partir dos passos descritos no processo presente no Apêndice D.

Comparando os resultados desta pesquisa com os resultados das pesquisas na

psicologia social, foi possível perceber que esse tema, apesar de ser novidade nas

pesquisas da engenharia de software, é considerado importante e amplamente estudando

na psicologia social. Através da comparação dos resultados com o que preconizam as

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teorias da psicologia apresentadas, foi observada uma grande convergência, o que indica

a possibilidade de futuros desdobramentos deste estudo. No entanto, os resultados tais

quais estão postos deixam margem para muitas questões e oportunidades de

investigação, tais como:

1. A análise dos cinco domínios fornece uma rápida ideia dos aspectos

principais da personalidade individual, pois definem características amplas,

enquanto que a análise das facetas fornece um entendimento mais detalhado

da personalidade, pois definem formas particulares e especializadas nas

quais se expressam os domínios. Os padrões de preferência e tolerância

poderiam ser ampliados e refinados sob a perspectiva das trinta facetas de

personalidade que compõem os cinco domínios.

2. A composição de equipes, levando em consideração as preferências, tende a

ser homogênea de acordo com a similaridade dos domínios de personalidade

e heterogênea de acordo com a complementaridade dos domínios. Sendo

assim, a composição baseada em preferências sugere um balanceamento da

personalidade e a verificação dessa informação se dá de maneira mais

apurada através de uma análise quantitativa dos dados. Para isso, é

necessário aprofundar o entendimento de como os domínios e facetas devem

se manifestar para decidir pelo método de agregação de dados. Ou seja, para

verificar se a composição da equipe atende a uma formação idealizada

através dos padrões de preferências é necessário analisar se as variáveis da

personalidade devem ser representadas como (1) a média dos escores

individuais ou (2) como um escore representativo (por exemplo, desvio

padrão), ou (3) como um escore mínimo e máximo, ou ainda como (4) em

um modelo de limiar para indicar, por exemplo, que a presença da

característica de personalidade é benéfica, mas até certo ponto, não em

excesso.

3. Analisando pesquisas na psicologia social a respeito dos construtos

preferência em trabalhar com (do inglês task attraction) e tolerância foi

possível ter conhecimento da existência de instrumentos de medição desses

conceitos (GUERRERO; ANDERSEN; WALID, 2011). É importante

verificar em detalhes o propósito desses instrumentos, que tipos de

resultados eles geram e como devem ser interpretados, além do grau de

Page 101: PREFERÊNCIAS PESSOAIS PARA O TRABALHO EM EQUIPE NO … Shirle… · Trabalho em equipe. Personalidade. Preferências. Tolerância. Pesquisa Qualitativa Básica. ABSTRACT Software

100

confiabilidade. Instrumentos que indiquem o nível em que uma pessoa

prefere e tolera trabalhar com outra ajudaria a validação dos resultados desta

pesquisa e enriqueceria o conhecimento a respeito do tema na engenharia de

software.

4. Os resultados apresentaram um conjunto de fatores contextuais que

influenciam o comportamento dos profissionais de software, refinar a

caracterização desses fatores, bem como a influência deles é importante para

a análise conjugada da composição de equipes baseada em preferências.

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117

APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA

APRESENTAÇÃO

Apresentação do pesquisador e cumprimentos.

Agradecimento ao participante.

Solicitação de permissão para gravar (caso o participante não autorize a

gravação, todos os passos seguintes devem ser registrados por escrito).

INTRODUÇÃO

Todas as informações fornecidas nesta entrevista serão tratadas como

confidenciais. Apenas a equipe de pesquisa terá acesso às informações fornecidas. Em

particular, nenhuma pessoa direta ou indiretamente ligada a sua empresa terá acesso às

informações fornecidas nesta entrevista e em nenhuma outra fase da pesquisa. A equipe

de pesquisa empregará todos os meios possíveis para evitar que informações individuais

possam ser associadas diretamente aos participantes.

Sua participação nesta pesquisa é voluntária e você pode decidir não participar

ou se retirar da pesquisa a qualquer momento. Caso você decida não participar, não

receberá nenhuma sanção ou penalidade. Você concorda em participar desta pesquisa?

IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO

As informações a seguir serão utilizadas caso a equipe de pesquisa precise entrar em

contato com você no futuro para esclarecimentos sobre a entrevista.

Por favor, diga seu nome e e-mail.

SOBRE A ENTREVISTA

Nossa conversa será dividida em dois momentos. Hoje faremos uma entrevista

de aproximadamente uma hora e ao final marcaremos um segundo encontro para

preenchimento de um questionário de personalidade para finalizarmos essa etapa da

coleta de dados.

Talvez durante a entrevista, você tenha a impressão de que algumas perguntas se

repetem, mas na verdade o que pretendemos é considerar e aprofundar todos os ângulos

possíveis de cada tema. O objetivo, portanto, é lhe ajudar a lembrar de cada detalhe

relevante.

DADOS DEMOGRÁFICOS

1. Nome:

2. Idade:

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118

3. Formação:

4. Quantos anos de atuação profissional:

3. Tempo nesta empresa:

4. Qual seu cargo e papel dentro da sua equipe:

CARACTERÍSTICAS PESSOAIS E PROFISSIONAIS

5. Descreva em detalhes o máximo de informações a seu respeito. Leve o tempo

que for necessário, tudo o que for importante para você me interessa.

O que vem a sua cabeça quando você pensa sobre si mesmo?

O que você gosta de fazer? O que você não gosta de fazer?

6. Por que você escolheu essa profissão?

Como você acha que o seu jeito de ser contribui para a realização de suas

tarefas?

Pense nas pessoas do seu setor, comparando o seu jeito de ser com os delas, o

que você mais se assemelha a elas de maneira geral? O que você mais você

difere delas?

Pense nas pessoas de outros setores da empresa, comparando o seu jeito de ser

com os delas, o que você mais se assemelha a elas? O que você mais difere

delas?

7. Descreva em detalhes como é seu dia típico de trabalho.

O que geralmente você faz antes de começar suas atividades?

O que geralmente você faz nos intervalos de trabalho?

Normalmente como é a sua interação com as pessoas da sua equipe? Em que

momentos você mais interage com a sua equipe?

E com pessoas de outros setores?

HISTÓRICO DE EXPERÊNCIAS PROFISSIONAIS

8. Por favor, gostaria que você me contasse em detalhes a história da sua trajetória

profissional, começando da sua primeira experiência de trabalho até os dias de hoje.

O que foi mais marcante (pessoal e profissional) em cada experiência?

Onde você mais gostou de trabalhar? Por quê?

Onde você menos gostou de trabalhar? Por quê?

9. Pense nas equipes nas quais já trabalhou, como você descreveria e avaliaria a

experiência em trabalhar com cada uma dessas equipes? Se preferir se concentre nas

Page 120: PREFERÊNCIAS PESSOAIS PARA O TRABALHO EM EQUIPE NO … Shirle… · Trabalho em equipe. Personalidade. Preferências. Tolerância. Pesquisa Qualitativa Básica. ABSTRACT Software

119

equipes mais marcantes. Leve o tempo que for necessário, tudo o que for importante

para você me interessa.

Se você fosse eleger a melhor equipe com a qual já trabalhou qual seria? O que

fez com que você escolhesse essa equipe? Como você se sentia nessa equipe?

E o contrário, se você fosse eleger a pior equipe com a qual já trabalhou qual

seria? O que fez com que você escolhesse essa equipe? Como você se sentia

trabalhando com essa equipe?

10. Se você fosse eleger a melhor pessoa com a qual já trabalhou quem seria? Como

você se sentia com essa pessoa?

E o contrário, se você fosse eleger a pior pessoa com a qual já trabalhou quem

seria? Como você se sentia trabalhando com essa pessoa?

CONTEXTO ORGANIZACIONAL

11. Conte-me em detalhes sua história dentro da sua empresa atual, do processo

seletivo até o dia de hoje.

Que motivos o levaram a trabalhar aqui?

Que papeis desempenhou?

12. O que você mais gosta em trabalhar nesta empresa? E o que você menos gosta?

13. Que mudanças ou marcos importantes você identifica na história da empresa?

Como isso lhe afetou?

14. De que forma as suas opiniões e sentimentos a respeito da empresa

modificaram-se desde a sua entrada? Você atribui essa mudança a que?

Hoje em dia, o que é determinante para você continuar trabalhando aqui?

15. Como você descreveria seu estilo de trabalho ou a sua forma de trabalhar?

É muito diferente do estilo de trabalho dos membros de sua equipe? Em que

aspectos?

16. A maneira como você trabalha é muito diferente da maneira como a empresa te

exige? Em que aspectos?

17. Em que aspectos você concorda com o estilo de trabalho da empresa? Em que

aspectos você discorda ou acha que poderia ser diferente?

Como você acha que o estilo de trabalho da empresa altera ou interfere no

seu estilo de trabalho?

18. Você se sente adaptado à empresa?

Que tipos de atitudes lhe incomodam dentro do seu ambiente?

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120

Que tipos de dificuldades você enfrenta no dia-a-dia?

TRABALHO EM EQUIPE (como você trabalha em equipe)

19. Pense em seus pontos fortes, nas suas qualidades, como você se descreve?

De que maneira você acha que essas qualidades contribuem para o desempenho

do projeto?

e como impactam os seus relacionamentos com os outros integrantes da equipe?

20. Agora pense em seus pontos fracos, naquilo que é preciso aprimorar, como você

se descreve?

De que maneira você acha que esses pontos fracos impactam o desempenho do

projeto

e como impactam os seus relacionamentos com os outros integrantes da equipe?

21. Você gostaria de trabalhar com alguém como você? Por quê?

22. Você acha que suas características são valorizadas pelos membros de sua equipe? E

pelos seus superiores?

23. Por que você acha isso? Que tipos de sinais elas dão ou deixam de fazer? Que tipos

de ações elas fazem ou deixam de fazer?

EQUIPE ATUAL

24. Por favor, descreva para mim sua equipe de trabalho.

Como sua equipe de trabalho está organizada?Descreva os papéis, funções e

responsabilidades dos membros da sua equipe.

Como você descreveria o seu papel e as atividades que realiza dentro da sua

equipe?

Como você se sente com relação a esse papel?

25. O que você gostaria que fosse diferente na sua equipe?

26. Fale-me sobre cada um dos membros da sua equipe atual

Como você descreveria individualmente os membros da sua equipe? O que

cada um tem de melhor e de pior?

DESEMPENHO DA EQUIPE

27. Como você avalia o desempenho da sua equipe de trabalho?

Na sua opinião, o que mais influencia esse desempenho? Que tipos de

atividades é exercida que ajuda o desempenho?

Quais são as principais dificuldades da sua equipe?

Que recursos a sua equipe poderia utilizar para melhorar o desempenho?

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121

28. Como você compara a produtividade dessa equipe com relação às outras equipes

que você trabalhou? A que você atribui isso?

29. Como você avalia o seu desempenho individual? Na sua opinião, o que mais

influencia esse desempenho?

Como você acha que sua equipe atual impacta o seu desempenho individual?

CARACTERÍSTICAS DOS COLEGAS DE TRABALHO

30. Se você fosse descrever um colega de equipe ideal, quais são as características

que você considerada importante que essa pessoa possua? Por quê?

31. E se você fosse descrever a pior pessoa para trabalhar, quais são as piores

características que um colega de equipe poderia ter? Por quê?

32. Na sua opinião, em termos de características, qual seria a composição ideal de

equipe? Por quê?

33. Se você pudesse escolher os integrantes da sua equipe atual para participar de

outros projetos, quem você escolheria?

Se outros integrantes da sua equipe pudessem escolher com quem trabalhar,

você acha que seria escolhido por eles? Por quê?

Você acha que seria escolhido por todos eles? Por alguns deles? Por que

você acha que seria escolhido por uns e por outros não?

34. Na sua equipe atual, qual a pessoa com quem você mais gosta de trabalhar,

quem é ela e o que há de bom nela?

Como as qualidades dessa pessoa contribuem para o projeto e para a equipe?

Dê outro exemplo.

35. Agora pense na pessoa da sua equipe com a qual você menos gosta de trabalhar,

quem é ela e o que há de ruim nessa pessoa?

Como essas características ruins impactam o projeto e a equipe?

Dê outro exemplo.

36. Se você pudesse montar uma equipe ideal, de projetos anteriores que você

participou, que integrantes você escolheria para fazer parte da sua equipe? Por quê?

Questão final

37. Há algo mais que você considere importante que você gostaria de acrescentar?

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122

APÊNDICE C – ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DE

PERSONALIDADE, EXEMPLO DA EQUIPE 3

P# Percepção de si Percepção dos

outros sobre ele

Dimensões da

personalidade

Percepções

categorizadas

Resultado do

teste de

personalidade

P14 Às vezes eu sou um

pouco disperso.

Desconcentro fácil

com as coisas,

algum barulho ou

algum celular,

alguma coisa na

internet, redes

sociais essas coisas

assim, me

desconcentra.

Ele ganha as coisas

por causa do resto

da equipe, e não por

causa do esforço

dele. É o tipo de uma

pessoa que demora

um dia para botar

um link, aí você vai

ver, ele está vendo

filme, ele está

jogando, aí fica

difícil. (P15)

(ausência de)

Consciencios

idade

Baixa

Consciencios

idade

Questão de buscar o

conhecimento por

coisas que não me

interessam, mas que

faz parte do meu

trabalho também, e

as vezes não tem

tanto interesse, mas

você, faz parte do

seu trabalho, você

deveria buscar mais

conhecimento sobre

aquilo. Sei lá, uma

Ele é meio que fosse

assim, enrrolão [...]

Aí você pergunta:

“porque que tu está

demorando tanto

para colocar uma

mensagem no ar, só

pra colocar a

mensagem?” Aí ele

enrrola, diz um

monte de coisa, e

não diz porque, e ele

também não assume,

Page 124: PREFERÊNCIAS PESSOAIS PARA O TRABALHO EM EQUIPE NO … Shirle… · Trabalho em equipe. Personalidade. Preferências. Tolerância. Pesquisa Qualitativa Básica. ABSTRACT Software

123

linguagem que a

gente tem,

trabalharia na

equipe, mas como

não me interessa

trabalhar em outra

linguagem, aí eu não

busco tanto

aprender sobre

aquilo.

que não sabe. (P19)

Everton ele tenta se

isolar, mesmo

quando ele procura,

ele chama a pessoa

mais para resolver o

problema dele, não

para ele resolver

[...] Não queria

aprender a resolver,

queria só resolver o

problema. (P16)

Eu vejo que ele é um

cara que tem os seus

conhecimentos, é

limitado a outros,

mas é feito disso, se

ele não for apertado,

ele se acomoda um

pouquinho [...] Ele é

um cara que você

tem que cobrar, se

você não cobrar

realmente ele vai

ficar lá

empurrando.(P18)

P15 Eu gosto de fazer as

coisas, eu me sinto

uma pessoa

proativa. Eu tenho

um horror de

Ela é uma pessoa

bastante

comprometida. (P16)

Ela gosta de

trabalhar, ela se

(presença de)

Consciencios

idade

Alta

Consciencios

idade

Page 125: PREFERÊNCIAS PESSOAIS PARA O TRABALHO EM EQUIPE NO … Shirle… · Trabalho em equipe. Personalidade. Preferências. Tolerância. Pesquisa Qualitativa Básica. ABSTRACT Software

124

desistir, assim, sem

ter tentado tudo, por

exemplo, eu vou

procurar uma coisa

na internet, eu fico

muito chateada

quando eu não

encontro, aí eu fico

pensando todas as

formas que eu posso

encontrar a

informação que eu

quero.

Eu sou uma pessoa

perfeccionista. É

muito difícil de você

se dar bem com uma

pessoa que não é

muito parecida com

você,

Perfeccionismo, eu

acho que a gente

sempre pode

melhorar, sempre

pode fazer melhor do

que aquilo, porque

às vezes, não saiu

perfeito, mas saiu

quase, mas esse

quase não me

agrada, isso eu

tenho que trabalhar.

compromete também

[...] mas se fosse

assim uma pessoa

mesmo assim para

trabalhar, vai ter o

sistema para você

fazer daqui pra

domingo, você vai

ter que fazer só com

uma pessoa e, seria

ela, apesar de eu

saber que ia ser

muita confusão, eu

sei que ela vai fazer

entendeu, [...] dia

primeiro de janeiro

ela está aqui de

verdade, dia 31 ela

está aqui, dia

primeiro ela vai

estar aqui, para tirar

o sistema do ar

colocar outro no ar,

ela está aqui. (P19)

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125

Eu sou uma pessoa

que gosta de

catucar. Catucar e

dizer: “não, não é

assim!”. Vamos

dizer, ser a do

contra, entendeu?

Eu não consigo

admitir que você

passe um dia para

montar um link,

coisa que você faz

em dois minutinhos.

Eu preciso melhorar

bastante em questão

de ter um pouco

mais de paciência

que eu não tenho, eu

estou ficando velha,

estou ficando menos

paciente ainda,

tenho que ter,

aceitar mais as

pessoas como elas

são, que não é fácil,

muito difícil aceitar.

Aí se você fizer

alguma classezinha,

ela já xinga, e já

acha que o código

está errado, , ela só

confia no código

dela, o problema que

o código dela, é

aquele PHP solto,

monolítico sem

função, sem nada.

Então são códigos

gigantescos,

CONTROL C

CONTROL V partes

iguais que só muda

uma coisinha, e ela

disse que é tudo

certo, o código dela

tá entendido, ela não

consegue entender,

como é que você não

entende o código

dela. (P19)

(presença de)

Neuroticismo

Alto

Neuroticismo

Eu sou resistente a

mudança, não sei

porque também,

quando a pessoa é

mais nova aceita um

pouco mais fácil a

Quer que faça as

coisas do jeito dela,

o problema é que ela

é muito cabeça dura.

(P19)

(ausência de)

Abertura

Baixa

Abertura

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126

mudança. Ela cede, mas Tem

que brigar muito. E,

às vezes, eu não

estou com paciência

de brigar, não. (P17)

Ela tem uma

deficiência técnica

assim, coisas novas,

ela não consegue

absorver também,

ela gosta mais de

fazer o tradicional

que ela já conhece,

ela tem dificuldade

de seguir, de

explorar um

caminho que ela não

conhece assim. (P16)

P16 Sou um cara

comprometido muito

com o trabalho

assim, não sou

aquele cara que é

100% trabalho, eu

tento separar uma

parte para o

trabalho, uma parte

pra mim de estudo,

de interação com o

pessoal. Eu sou

planejado, uma das

Ele cobra muito,

exageradamente.

(P14)

Tem muitas coisas

que eu olho e vejo

que ele é

desenrolado, e tento

aprender com ele.

(P17)

É uma pessoa muito

competente, muito

(presença de)

Concisencios

idade

Média

Consciencios

idade

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127

coisas que eles tem

aqui que eu gosto

muito é o

planejamento,

quando falam que eu

tenho planejamento

e que sou um

arquiteto planejado,

então a gente fica

alegre, porque a

gente cumpriu com o

que se comprometeu

não é.

competente mesmo.

(P19)

- Eu acho que o

negativo dele é que

ele está ali e não

busca tanto saber o

que o pessoal...o que

está precisando.

(P18)

Apesar de não ser

obrigado, mas ele

tem um

conhecimento total

das coisas da

equipe, do sistema,

poderia ser melhor,

ter um conhecimento

melhor sobre mim.

(P14)

(ausência de)

Amabilidade

Média

Amabilidade

Tem um PHP lá, que

a turma usa de 90,

Ele tá sempre

estudando alguma

(presença de)

Abertura

Baixa

Abertura. O

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128

aquela mesma forma

de trabalhar [...] eu

tento implantar

novas tecnologias,

convencer que as

outras pessoas usem,

que a empresa use

...é uma forma de

tentar engajar a

empresa e a equipe

para fazer, aprender

coisas novas e

praticar coisas

novas.

Ele é um cara que

como eu assim, ele é

aberto a mudanças,

a desafios.

coisinha pra colocar

aqui [...] com

relação a algumas

[tecnologias], por

exemplo, a gente

está aprendendo

agora PHP [...] ele

consegue,

impressionante como

ele consegue

aprender essas

coisinhas. (P19)

teste indicou

nível baixo

na dimensão

como um

todo, porém

na faceta

Ações

Variadas o

profissional

apresenta

nível alto,

argumento

que não

indica

divergência.

P17 Quando me

comprometo com

algo, eu faço de tudo

para acabar naquele

prazo que foi dado.

Eu gosto de planejar

o que eu vou fazer.

Por exemplo, eu

tenho uma tela para

fazer, eu coloco no

papel, e para fazer

essa tela, eu tenho

10 coisas para fazer,

Ele consegue

desenrolar, ele

consegue concluir,

ele sabe arquitetar,

sabe fazer essas

coisas todinhas.

(P19)

Ele gosta do

processo, gosta de

tudo, e acha que tem

que ser tudo bem

detalhadinho, bem

bonitinho, a vírgula

(presença de)

Consciencios

idade

Média

Consciencios

idade

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129

porque, às vezes,

vem o chefe cobrar,

e eu gosto de saber

o que eu tenho para

responder para ele,

“a tela tem 10

etapas, já fiz 5,

então, mais ou

menos 50%, 60%”.

Eu gosto de

organizar para ver

até onde eu vou

chegar. Não gosto

de ir fazendo sem

saber quando vou

acabar.

tem que ficar do

lado direito, em

cima de tal coisa.

(P15)

Gosto de aprender

coisas novas. Gosto

de desafios.

Ele é um cara que

como eu assim, ele é

aberto a mudanças,

a desafios, é uma

coisa boa pra ele,

ele tem um bom

aprendizado, ele

aprende rápido as

coisas, [...] Ele vem

com ideias novas e

colabora. (P16)

(presença de)

Abertura

Baixa

Abertura. O

teste indicou

nível baixo

na dimensão

como um

todo, porém

na faceta

Ações

Variadas o

profissional

apresenta

índice

mediando,

indicando

uma

tendência

Page 131: PREFERÊNCIAS PESSOAIS PARA O TRABALHO EM EQUIPE NO … Shirle… · Trabalho em equipe. Personalidade. Preferências. Tolerância. Pesquisa Qualitativa Básica. ABSTRACT Software

130

tanto de

ausência

quanto de

presença da

característica.

Argumento

que não

indica

divergência.

Eu tentei ajudar ele

na medida do

possível, eu nunca

digo não. Eu tenho

que ajudar também.

Ele gosta de ajudar.

(P14)

Ele é um cara que

me ajuda bastante,

pergunta se eu estou

precisando de ajuda.

É um cara que chega

e... ele dá a vara,

mas não dá o peixe.

[Ele diz:] “Tem que

fazer isso aqui, está

precisando de

ajuda? Não, isso

aqui, não faz assim

não, busca na

internet como é que

faz isso aqui, quando

tu estiver perdido eu

te ajudo.”. (P18)

Ele já tem mais esse

perfil, de ajudar as

pessoas também,

(presença de)

Amabilidade

Alta

Amabilidade

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131

então é o perfil que

ele tem uma

qualidade técnica, e

tem uma qualidade

segura ali para

identificar, ajudar os

outros. (P16)

P18 Eu sou uma pessoa

focada, quando eu

começo a querer

entender as coisas

eu corro atrás de

entender. Agora, o

que leva uma certa

dificuldade, eu não

sou aquela pessoa

autodidata, eu não

sei sair lendo e estou

aprendendo, eu tô...

eu tenho que ter um

empurrãozinho de

outra pessoa, eu

dependo muito da

ajuda de outra pra

se tornar um

caminho mais fácil.

Eu sinto essa

dificuldade

realmente, mas aí...

depois que chega

aquela outra pessoa

e me mostra, dá a

batida inicial eu

Ele se esforça, é uma

pessoa que tenta

aprender a coisa.

(P14)

Ele é muito

esforçado. (P17)

Ele se sente

inseguro, eu acho

que é insegurança,

primeiro que não

estar entendendo o

que está falando,

segundo que falar

besteira, terceiro eu

acho que por não

saber programação,

(presença de)

Consciencios

idade

Média

Consciencios

idade

Page 133: PREFERÊNCIAS PESSOAIS PARA O TRABALHO EM EQUIPE NO … Shirle… · Trabalho em equipe. Personalidade. Preferências. Tolerância. Pesquisa Qualitativa Básica. ABSTRACT Software

132

corro atrás.

Às vezes, sinto uma

certa cobrança por

[minha] falta de

atitude, entendeu?

Assim, eu estou

fazendo as coisas

[...] Eu não tenho

confiança às vezes,

nas coisas que eu

estou fazendo.

então ele fica mais

na dele. (P19)

[Tenho] barreiras

na minha timidez

[...] como dizem na

reunião: “eu só

observo.”. Eu sou

mais de escutar.

Ele é uma pessoa

tímida, ele é muito

tímido, ele não fala

na reunião, a gente

para tirar alguma

coisa dele é muito

complicado, certo?

Ele é uma pessoa

que ele aceita, ele

escuta, eu tenho

muito medo de

pessoa que só vive

escutando, mas não

fala, mas ele escuta

muito está certo?

(P15)

Aí tem isso também,

eu acho que é do

perfil dele, ficar

calado também sabe,

(ausência de)

Extroversão

Alta

Extroversão.

O teste

indicou nível

alto na

dimensão

como um

todo, porém

na faceta

Assertividade

o profissional

apresenta

nível baixo,

indicando

uma

tendência de

ausência da

característica.

Argumento

que não

indica

Page 134: PREFERÊNCIAS PESSOAIS PARA O TRABALHO EM EQUIPE NO … Shirle… · Trabalho em equipe. Personalidade. Preferências. Tolerância. Pesquisa Qualitativa Básica. ABSTRACT Software

133

ele não é uma

pessoa ativa, eu

acho que ele é uma

pessoa mais escutar,

receber, e fazer.

(P19)

divergência.

P19 Quando eu trabalho

com uma coisa que

eu já sei, que eu

acho que eu não

preciso aprender, as

coisas fluem muito

mais [...] Quando

você tem que

aprender uma coisa

nova... aí você já

fica resistente em

querer aprender, aí

você já fica

desanimada quando

você não consegue

fazer um negócio,

você procura na

internet não

acha....aí o negócio

anda mais devagar.

Acho que ela

poderia melhorar a

questão dela técnica,

dela querer discutir

mais coisas técnicas,

buscar um

conhecimento para

ela, vamos dizer

assim. Eu vejo que

ela faz muito do jeito

dela, não pede muito

ajuda para

melhorar, eu já

comentei isso com

ela, que ela está

chegando num nível

que ela vai ter que

melhorar, ela vai ter

que buscar a

melhora dela, ela

sabe que se tem uma

forma melhor de

fazer aquilo, e ela

tem que reservar um

tempo para estudar.

(P16)

(ausência de)

Abertura

Baixa

Abertura.

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134

Eu venho aqui faço a

minha parte, faço o

que eu tenho que

fazer, eu me

comprometo. Eu

nunca fiz questão de

ficar até mais tarde,

para colocar o

sistema no ar, fazer

hora extra, de vir

final de semana, de

feriado, entendeu,

tiver que fazer, eu

venho e faço.

Ela é muito

Proativa. (P14)

É comprometida e

eficiente, ela é

focada no trabalho.

Quando ela começa

um negócio ela foca

muito naquilo, ela

faz, e entrega

rápido. Ela é uma

pessoa das que tem

melhor desempenho

[...] ela está cada

dia melhorando,

precisa de ajuda

para melhorar no

desenvolvimento,

mas ela faz rápido,

ela gosta de fazer,

não reclama. (P16)

Ela é muito

desenrolada. Ela faz

as coisas bem

rápido. (P17)

(presença de)

Consciencios

idade

Baixa

Consciencios

idade. O

teste indicou

nível baixo

na dimensão

como um

todo, porém

na faceta

Esforço por

Realizações o

profissional

apresenta

nível

mediando,

indicando

uma

tendência

tanto de

ausência

quanto de

presença da

característica.

Argumentaçã

o que não

indica

divergência.

Eu sempre ajudo

[...] toda vez que

eles pedem pra mim,

eu sempre paro o

que eu faço, nunca

fala assim: “Não,

Porque ela sempre

tá disponível pra

alguma dúvida,

algum problema que

possa surgir quer

tirar alguma dúvida.

(presença de)

Amabilidade

Baixa

Amabilidade.

O teste

indicou nível

baixo na

dimensão

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135

Tabela 12 – Características de personalidade dos integrantes da Equipe 3

mais tarde”. Não,

sempre para na

mesma hora, e fico

com eles, até eles

entenderem, explico

bem explicadinho, e

fico com eles lá, até

eles fazerem um

negócio, não vejo

problema nenhum

em fazer isso não.

(P14)

Ela que me auxilia.

Eu aprendi muita

coisa com ela. Ela

me ensinou bastante,

muita coisa que eu

aprendi eu devo a

ela. Ela sempre com

as cobranças

positivas. (P18)

Ela estava aqui

antes que eu

cheguei, e eu

procurava ela para

me ajudar e ela

sempre ajudou,

muito. (P16)

como um

todo e

também na

faceta

Altruísmo.

Argumentaçã

o que indica

divergência

entre as

percepções e

o resultado

do teste de

personalidade

.

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136

APÊNDICE D – PROPOSTA DE UM PROCESSO DE AVALIAÇÃO

DAS PREFERÊNCIAS DOS INDÍVIDUOS EM TRABALHAR COM

OUTROS NA EQUIPE

1. Para cada integrante da equipe, incluindo o líder:

ii. Aplique o roteiro de entrevista;

iii. Extraia as características de personalidade que compõem a

percepção de si e a percepção do integrante sobre todos os outros

integrantes da equipe;

iv. Registre as escolhas da pessoa na equipe, a partir das respostas

às perguntas:

Com quais integrantes da equipe trabalharia novamente?

Por quê?

Com quais integrantes da equipe mais gosta e com quem

menos gosta de trabalhar? Por quê?

Quem é considerado amigo e quem é considerado colega?

Por quê?

Com quais integrantes da equipe você interage mais e com

quem interage menos? Por quê?

2. Consolide as respostas do passo iii de todos os integrantes e elabore o

mapa de escolhas da equipe;

3. Consolide as respostas do passo ii de todos os integrantes e, para cada

integrante, agrupe as características extraídas de acordo com as cinco

dimensões de personalidade do Big Five;

4. Peça que todos os integrantes preencham e retornem os resultados do

teste de personalidade (IPIP-NEO, versão online);

5. Verifique as congruências e as divergências das características de cada

integrante, segundo a percepção dele mesmo sobre si e a percepção dos

outros sobre ele, com o resultado do teste de personalidade;

De posse do mapa de escolhas da equipe (passo 2) é possível ter uma noção do

grau de atração que os integrantes sentem uns pelos outros, utilize as informações

extraídas no passo 5 para complementar o entendimento. Para estender a avaliação,

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137

6. Verifique a presença dos catorze padrões de preferência e tolerância

presentes no Capítulo 5;

7. Extraia os fatores contextuais que geram efeitos positivos e negativos no

integrante e analise de que maneira eles estão alterando seu

comportamento;

8. Consolide as informações e apresente-as ao líder e ao restante da equipe

para validação e feedback.