Presto revista fribook número 10 (issuu)

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Ano II - Edição nº 10 - Janeiro / Fevereiro 2014 www.revistafribook.com.br Distribuição gratuita. Venda proibida. NEGO NEGO NEGO O artista que utiliza a natureza como matéria prima O artista que utiliza a natureza como matéria prima e impressiona com obras gigantescas que esbanjam e impressiona com obras gigantescas que esbanjam movimento, expressão, consciência ecológica e energia movimento, expressão, consciência ecológica e energia O artista que utiliza a natureza como matéria prima e impressiona com obras gigantescas que esbanjam movimento, expressão, consciência ecológica e energia CHEF BRÁS Um caso de amor com São Pedro da Serra Pág. 17 HIP HOP FRIBURGUENSE O movimento cresce na região e homenageia o lutador friburguense Edson Barboza Junior Pág. 6 MANUAL DO CÉREBRO A estreia da coluna do Coach Neurolinguista Carlos J. Magliano Neto Pág. 21 PAPO DE MÚSICO Giovanni Bizzotto explora os principais lançamentos da história da Música Popular Brasileira em coluna dedicada à musica e aos músicos Pág. 28

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CAPA: GERALDO SIMPLÍCIO (NEGO), HIP HOP MADE IN NF, JEANS TOTAL, DICAS LITERÁRIAS, ENTREVISTA CHEF BRÁS, PAPO DE MÚSICO (COLUNA GIOVANNI BIZZOTTO), MANUAL DO CÉREBRO (COLUNA CARLOS J. MAGLIANO NETO), CAMERON CROWE e muito mais!

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Ano II - Edição nº 10 - Janeiro / Fevereiro 2014 www.revistafribook.com.br

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O artista que utiliza a natureza como matéria primae impressiona com obras gigantescas que esbanjammovimento, expressão, consciência ecológica e energia

CHEF BRÁSUm caso de amor comSão Pedro da SerraPág. 17

HIP HOPFRIBURGUENSEO movimento cresce

na região e homenageiao lutador friburguenseEdson Barboza Junior

Pág. 6

MANUAL DO CÉREBROA estreia da coluna doCoach Neurolinguista

Carlos J. Magliano NetoPág. 21

PAPO DE MÚSICOGiovanni Bizzotto explora

os principais lançamentos da históriada Música Popular Brasileira em coluna

dedicada à musica e aos músicosPág. 28

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Ariosto Bento de Mello, 30 - Loja 3 Nova Friburgo RJ (22) 2523-4629 facebook/venutticalcados [email protected]

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ES

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| FR

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primavera verão 2014

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EXPEDIENTE

Direção de Arte e Diagramação: André Lima Direção Comercial: Daniel Viana(22) 2523-8387 | (22) 98167-1415 | (22) 98817-9193 | [email protected]

Jornalista Responsável: Bárbara Lima

Colaboradores: Rafael Bom, Brás, Pablo Machado, Rodrigo Chermont, Renato Mattos, Marcello Pinguim, Giovanni Bizzotto, Alexandre Cola, Eduardo Bittencourt, Valquiria Castro, Duda Emmerick, Winny Lessa, Alex Vieira, Bruno Dias, Carlos Mafort, Wellington Trevisan, Flavia Zambrotti, Luciana Ferraz, Rodrigo Panaro, Alberto Elias, Carlos Magliano, Mix Models Agency

Fotos da capa: Bruno Dias

Não é permitida a reprodução parcial ou total de textos ou matérias publicadas, exceto quando autorizada por PRESTO - Comunicação e Resultado ou seus representantes legais.

Os artigos não assinados foram produzidos pela equipe de jornalismo da revista. Os artigos assinados por colaboradores não refletem necessariamente a opinião da revista e seus editores.

Os preços dos produtos relacionados na revista são de inteira responsabilidade das lojas.

Tiragem: 5.000 exemplares. Distribuição gratuita.

A primeira edição do ano está recheada de matérias interessantes: dicas de literatura, uma entrevista com Nego – o artista que esculpe em parceria com a mãe natureza – cinema, moda, culinária, música e muito mais! E nesses tempos quentes, um calor jamais sentido até mesmo no alto da serra, Fribook traz receitas exclusivas, escolhidas especialmente pelo Chef Brás para você. Um delicioso drink que vai refrescar os melhores momentos de sua vida. Perfeito pra acompanhar a Casquinha de Siri do Cosário (receita na página 26), Mojito é um drink refrescante, um clássico cubano. Chame os amigos, prepare o seu Mojito e refresque seu calor com sabor e requinte!

Deixa refrescar!

MojitoIngredientes

Suco de meio limão

Folhas de hortelã

1 colher de chá de açúcar

1 ½ dose de rum

Água com gás

Gelo

Modo de preparo

Em um copo longo junte o suco de

limão com algumas folhas de hortelã

e o açúcar e amasse no fundo do copo.

Encha o copo com gelo, coloque o

rum e preencha com a água com gás.

Decore com folhas de hortelã e

aproveite a sua tarde de verão.

05 Guinness World Records 2014

06 Hip Hop Made In NF

11 Cameron Crowe

12 Caminos Del Sol

16 Dicas Literárias

18 Capa: Geraldo Simplício (Nego)

24 Entrevista: Chef Brás

29 Jeans Total

30 Papo de Músico

32 Manual do Cérebro

Índice

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Tecnologia de realidade aumentada leva o leitor a umaviagem pelos maiores feitos do mundo na nova edição do livro com

copyright mais vendido de todos os tempos: mais de 130 milhões de cópiasvendidas no mundo inteiro. Considerando livros com e sem copyrights, o

Guinness World Records só perde para a Bíblia Sagrada.

Conhecido mundialmente por reunir as maiores quebras de recordes já existentes, o Guinness

World Records chega à versão 2014 com novos temas e muita interatividade por meio da tecnologia de rea l idade aumentada. Lançado no Brasil pelo Grupo Ediouro Publicações, o livro possibilita ao leitor ver, entre outras inovações, no tablet ou smartphone, a menor mulher do mundo em tamanho real, o maior robô capaz de andar, como é a vista do topo do Monte Everest e até mesmo interagir com o maior dinossauro carnívoro do mundo. Tudo em 3D com imagem e som. O produto chega às lojas ainda este mês. Além dos temas fixos - Espaço, P l ane t a Ve rde , Mundo An ima l , Humanos, Conquistas Humanas, Aventura, Tour Mundial, Sociedade, Engenharia, Ciência, Entretenimento e Esportes -, foram incluídos tópicos inéditos: Terra dinâmica, que apresenta as maiores transformações e catástrofes naturais do planeta; Vida Urbana, que explora os extremos da arquitetura e da vida em grandes cidades, e Pioneirismo, que traz as quebras de recorde pela terra, céu e mar dos primeiros a superar limites. Entre os conquistas brasileiras estão a de maior público em uma partida

de Copa do Mundo, na final disputada entre Brasil e Uruguai, no Maracanã, no Rio de Janeiro; a maior prancha de stand up, com 10,08m de comprimento, construída pelo atleta Rico de Souza; a mais alta pirâmide de papel higiênico, de 4,1m, feita por três amigos em São Paulo com 23.821 rolos de papel higiênico; e o recorde do atleta paralímpico Daniel Dias nos 100m nado livre. Ele completou o tempo de 1min 8,39s em Londres, em 2012. Para ter acesso ao recurso de interatividade do Guinness 2014 e se divertir com as mais diferentes façanhas humanas, basta fazer download gratuito do aplicativo “SEE IT 3D” e mover o celular ou tablet em torno da animação para ter uma visão completa de 360 graus. As animações com essa tecnologia têm um selo específico (VEJA EM 3D) nas páginas do livro. Algumas são sensíveis ao toque – basta tocar na tela e ver o que acontece. O aplicativo está disponível gratuitamente para qualquer aparelho iPhone/iTouch /iPad ou Android compatível e com câmera.

ZSL London Zoo é o mais antigo zoológico do mundo e foifundado em 1826. Essas e outras curiosidades sobre vários

assuntos estão na edição de 2014 do Guinness World Records

O Grupo Ediouro Publicações editao GWR no Brasil desde 2004, quando

foi lançada a edição comemorativade 50 anos do livro. Desde então já

foram vendidas mais de 500 mil cópias.

GUINESS WORLD RECORDS 2014 5

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Brun

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O at Donald Cerrone, em abril e esteve em Nova Friburgo para participar do clipe daleta encontrou tempo entre os preparativos para a luta contra mús e treinava na infância (Fight Co)ica “Vim, Vivi, Venci”, do MC Michael Puga, na academia ond

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made in NF

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HIP HOP 7

Fribook conversou com Michael Puga, Carlín Flowzen e Diego Flowzen, alguns dos ar�stas que estão fazendo crescer, em nossa região, o cenário Hip Hop, fortalecendo em Nova Friburgo as raízes da chamada Música de Protesto

Brun

o D

ias

Diego e Carlin (Flowzen) também participaram da homenagem ao atleta e estão no vídeo de “Vim, Vivi, Venci”

O cenário Hip Hop ganha peso na r eg i ão com nomes como Michael Puga, Flowzen, Fabio

FG, D-Eciemy, Alexandre Topini, Bloco 4, entre outros, e homenageia o atleta friburguense Edson Barboza Jr., que esteve em Nova Friburgo para a gravação do vídeo clipe e conversou com a Fribook sobre a experiência: “Participar do clipe do MP para mim foi super legal porque eu estou acompanhando a música dele desde o início... eu realmente curto o som dele. Acho que ele vem levando o amor de Deus para todo mundo e muita paz para quem ouve sua música. Ele me fez o convite para participar do clipe e eu, na hora, topei. Eu sabia o nome da música, mas nem sabia como seria feito o clipe. Topei porque eu realmente acompanho o trabalho dele e sabia que seria algo legal. Então, depois ele me explicou o roteiro e tudo mais e eu fiquei amarradão com a ideia. Sei que vai ser mais um ótimo trabalho dele. E sei que Deus vai continuar o abençoando para que ele faça mais sucesso nessa jornada.”

O atleta se prepara para sua próxima luta, em abril, e tem em comum

com MP Michael Puga, Carlín Flowzen e Diego Flowzen, os artistas entrevistados para essa matéria, uma verdadeira e incontestável paixão pela nossa cidade e pelo povo friburguense: “Eu já comecei as minhas preparações para a próxima luta contra o Cerrone. Todos sabem que será uma verdadeira guerra e que vai ser um lutão para todos os fãs. E eu vou dar mais do que o melhor de mim durante os treinos, vou treinar muito. E eu sei que posso contar com toda a torcida e energia do povo friburguense. Como eu sempre falo eu vou lá para dar o meu melhor e representar o povo de Nova Friburgo e o Brasil, que são guerreiros e não desistem nunca." Certamente Nova Friburgo e todo o Brasil entrarão no octógono com ele.

Confira a seguir as entrevistas c o m F l o w z e n e M i c h a e l P u g a , representantes da essência Hip Hop de nossa cidade:

FRIBOOK – Como começou o movimento Hip Hop em Nova Friburgo?

DIEGO FLOWZEN – O Hip Hop na cidade começou através da Revés, um estúdio que antes fazia alguns movimentos atrelados às Secretarias de Educação e da Cultura em colégios, com oficinas... Com a criação do estúdio, uma galera começou a gravar. Quando o Flowzen foi criado, a cena do Hip Hop era pequena e quem regia era a Revés. Não me lembro de haver nada l ig ado a esse gênero antes desse movimento. Um grande parceiro e compositor, Michael Pulga, já vinha f a z e n d o u m t r a b a l h o d e r i m a paralelamente há bastante tempo e gravou na Revés, que foi meio que abraçando essa galera toda do rap. Daí surgiram alguns nomes na cidade como o Bloco 4, o Fábio FG, entre outros MCs. Houve alguns eventos, inclusive na Praça do Suspiro, para divulgação do que estava sendo produzido na época - uma coletânea em dois volumes com uma música de cada MC. O Flowzen trouxe uma cara mais “gringa”, mais hip-hop. Já havia uma roda de rima na Rua Portugal que frequentavam no máximo dez pessoas por evento. Isso quando estava cheio (risos). Não havia uma organização, era um encontro marcado pelo Facebook,

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8 HIP HOP

sem pretensão. Um levava um violão, outro levava um pandeiro... Logo após, o Fabio FG, compositor que também participa do movimento, conseguiu um apoio da Oficina Escola de Artes que cedeu um espaço para que se criasse a Academia Friburguense de Rima. Esse encontro acontece toda quarta-feira com o Favio FG regendo. Com isso, ele acabou puxando a roda de rima para dentro deste projeto que hoje se chama Estação do Rap, a batalha de rima de Friburgo. Esse conceito já estava rolando em Niterói e no Rio de Janeiro e trouxemos para cá. Hoje o projeto é chamado de “Serrataria”, que é o coletivo do rap da cidade apresentando toda última sexta-feira do mês, o que é treinado nas quartas na Academia. Sempre aberto ao público, que hoje tem chegado a cem pessoas ou mais. Até por esse motivo, não pudemos mais realizar batalhas na rua. Fizemos uma vez no Paissandu (Praça Marcílio Dias), sem utilizar microfone ou nenhum sistema de som. O que gerou um problema, pois precisaríamos de autorização para realizar um evento com esse número de público, com po l i c i amento, e t c. Quando conseguimos o espaço da Oficina Escola, acabamos migrando para ali.

FRIBOOK – Falem um pouco sobre esse início na música. Quais foram suas influências?

DIEGO FLOWZEN – Eu tive uma banda de Reggae antes de ingressar no Hip Hop, o Dread Rootz, onde eu tocava guitarra. Carlín tocava guitarra também, na Malvina... uma banda de Hardcore que existe até hoje e se apresenta no cenário underground por todo o Brasil. Logo após a catástrofe de 2011 em Friburgo, Carlín teve a ideia de escrever uma letra sobre o assunto, como uma forma de protesto, cobrando uma atitude dos políticos, já antevendo que a cidade poderia ficar abandonada. Gravamos e l a n ç a m o s u m a m ú s i c a ch a m a d a “Consciência na Ciência”. Fizemos inclusive um vídeo com várias fotos, sem repetições... Vimos que o vídeo tinha caído no gosto do público e que tinha repercutido muito bem. A partir dali, o público começou a pedir novas gravações. A gente também gostou da ideia e começamos a gravar. Apesar de nossa formação de rap ter sido Racionais MC, Marcelo D2, Planet Hamp, Black Alien, nessa época ainda não conhecíamos ninguém dos nomes que estamos citando.

F o i u m a c o i s a q u e n a s c e u espontaneamente... Já tínhamos então quatro músicas gravadas e a ideia de fazer um EP. Começaram então a aparecer propostas para shows, festas em casas de amigos e começamos a levar mais a sério. Tentamos trazer uma coisa mais voltada para o lado espiritual, mais zen, até por isso o nome. Não temos a essência do rap, não somos da periferia, por isso não focamos em falar disso em nossas músicas. Afinal o rap é retratar a realidade. Procuramos retratar da nossa forma de enxergar a realidade, protestando também, mas da forma que vemos, com um olhar mais holístico e sem nos prendermos àquele nicho de Rap da periferia.

C É o que a ARLÍN FLOWZEN – galera tem gostado. Vimos muitos dizerem que não curtiam Rap, mas curtiam a gente. Como nós dois temos formações musicais bem ecléticas, acabamos mixando isso em nossos sons. Procuramos uns beats mais dançantes, com elementos de Reggae, de Dub, de Rock, que dá a nossa cara mesmo.

FRIBOOK – Como o Flowzen tem se inserido no mercado da música?

CARLÍN FLOWZEN – Estamos indo pela segunda vez a São Paulo esse ano e já tocamos uma vez no sul em 2012. Depois que fizemos nossa primeira música falando da tragédia, vimos que através das redes soc ia i s a maior ia que nos acompanhava nem era de Friburgo, já havia muita gente de São Paulo, do Sul, Minas Gerais, Brasília, que começou a pedir shows. Fizemos um show muito

legal no Festival Internacional de Grafite em Macaé. Tocamos em um evento de rap na Lapa no Rio também. Estamos vendo esse cenário crescer bastante pelo Brasil a fora e, guardadas as proporções, Friburgo tem acompanhado esse crescimento e estamos seguindo nessa trajetória. Estamos agora terminando o segundo EP. O primeiro foi “A Era de Aquários - Volume 1” e agora “A Era de Aquários - Volume 2”. Os dois discos foram gravados na Revés. Prensamos uma quant idade pequena apenas para distribuição, mas temos a versão virtual disponível para download gratuito. Na década de 90, o rap estava na mão de gravadoras. A maioria independente, mas muitos foram lançados pela Sony ou pela Som Livre... Com o lance de se poder ter um homestudio, se tornou bem mais simples essa produção. O rap não requer muito recurso, com um pouco de carinho e técnica é possível que qualquer um possa produzir um trabalho com qualidade de grandes estúdios, dentro da própria casa. A partir daí, é buscar divulgar com as ferramentas que temos hoje: redes sociais, Youtube... é o caminho que vemos para crescer.

FRIBOOK – Porque o nome “Era de Aquários”?

DIEGO FLOWZEN – Buscamos falar desse “despertar”, dessa nova era. Muito a ver também com tudo que foi falado sobre o ano de 2012. De ciclos, de evolução planetária... São sete músicas e cada uma delas sobre um chakra (N.E. - segundo a filosofia iogue, centros energéticos do corpo humano). Batemos muito na questão do desapego pessoal, com um pouco da influência budista, mas atacando o sistema a todo momento. Falamos dessa utopia do fim da era materia l , como se o ser humano despertasse de todas essas amarras mentais que o sistema impõe, narrando isso através da música.

FRIBOOK – De que forma esse trabalho é custeado?

CARLÍN FLOWZEN – Legal enfatizar que toda nossa produção é bancada com recursos próprios, de trabalhos formais que realizamos paralelamente. Temos apenas o apoio de uma marca de roupa de São Paulo, a VSB - Vida Sobre Board, que patrocina uma galera do esporte, skate... mas qualquer apoio de empresários que

“Batemos muito naquestão do desapego

pessoal, com um poucoda influência budista,

mas atacando o sistemaa todo momento.

Falamos dessa utopiado fim da era material,como se o ser humanodespertasse de todas

essas amarras mentaisque o sistema impõe (...)”

Diego

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HIP HOP 9

acreditem em nosso trabalho será muito bem-vindo.

FRIBOOK – Vocês têm realizado alguns eventos agregando outras atividades. Como funciona isso?

DIEGO FLOWZEN – A ideia do movimento é unir tudo que é atrelado ao hip-hop. Pegar elementos como o basquete, o grafite, que já trouxemos para Friburgo, o beatbox, o skate, a dança de rua, a batalha de rima e reunir em um só lugar, numa cidade que é extremamente carente. Criamos a ideia de grafitar as faixas de pedestres em parceria com o Conseg e a Autran. Eles nos procuraram para desenvolvermos uma campanha. Então, grafitamos algumas faixas de pedestres. Apenas a primeira faixa de cada lado da rua, inserindo a frase: “Agora que você viu, atravesse na faixa”, bem colorida. Procurando usar a arte do grafite para passar uma mensagem social e mexer com o público. Trouxemos essa ideia de Macaé, de um viaduto todo grafitado por vários “grafiteiros”do Brasil e alguns de fora, inclusive alguns pioneiros do Brooklin estavam lá. Aqui em Friburgo, já grafitamos na Rua Cristina Ziede, onde várias casas foram soterradas na tragédia de 2011, na Rua Monte Líbano e vamos espalhando a ideia pela cidade.

Ou t r o a r t i s t a d e e x t r e m a impor tância que também conversou com a Fribook é

Michael Puga. Um compositor que faz questão de trazer temas sociais relevantes e tem claramente, com suas músicas, o objetivo não só de fazer pensar, mas de fazer agir.

FRIBOOK – Como ingressou na música e no Rap?

MP – Comecei há uns dez anos. Aqui em Friburgo não havia ninguém. O Funk tinha mais destaque na época, mas Rap ninguém fazia ainda. Morei um tempo no Rio e lá já havia os duelos de MCs. Quando voltei para Friburgo, comecei a escrever meio que de brincadeira. Um dia um parceiro me chamou para gravar na casa dele e essa gravação começou a rodar na cidade. Como eu já tinha a coisa do i m p r o v i s o, f i z m i n h a p r i m e i r a apresentação e o público gostou. A partir dali, pensei em levar isso um pouco mais a sério. Comecei a escrever umas letras mais comerciais e com isso, a expandir um

pouco mais esse trabalho. Fiz alguns shows no Rio, em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte... e depois de um certo tempo, comecei a refletir sobre o que eu estava falando, sobre a mensagem que eu estava passando. Decidi parar por um tempo. Passei por um processo de entendimento espiritual, vamos dizer assim. Nada a ver com religião, mas um olhar mais interno, introspectivo. Fiquei uns cinco anos sem produzir nada. Depois disso, fiz uma música chamada “Por Amor”, que explica um pouco todo esse processo que vivi. Após essa música lancei um EP chamado “Despertando os Leões”, que vendemos mil cópias em um mês. Logo que disponibilizei para download, foram três mil e quinhentos. Com isso, o EP teve uma abrangência nacional muito legal. Agora estou inves t indo em um equ ipamento importado para produzir um material m e l h o r , v i s a n d o a p l e n a profissionalização do trabalho.

FRIBOOK – Como você vê o movimento Rap em Nova Friburgo?

MP – O Fabio FG, que é presidente da Associação de Artistas de Nova Friburgo, é um cara que caminha comigo há bastante tempo e é ele quem está encabeçando o Rap na cidade. Eu acabo auxiliando e apoiando de alguma forma. É muito legal ver o que está acontecendo dez anos após o início... não existia nada relacionado ao rap antes disso. Na época, para que se pudesse gravar alguma coisa, tinha que pegar um áudio já gravado de outra pessoa e extrair a base para poder gravar em cima daquela base. Era bem sujo mesmo, mas com muita dedicação como é a arte mesmo. Costumo dizer que a questão não é viver da arte e sim, não conseguir viver sem arte. Não consigo viver sem isso. É muito bom ver que todo o esforço valeu à pena. Temos hoje o Flowzen, o Bloco 4, o Fabio FG que está na frente do movimento, tem um estúdio e é produtor musical. É muito gratificante ver a evolução de um trabalho que posso dizer que sou o pioneiro na cidade.

FRIBOOK – Como acontecem os duelos de MCs?

MP – A Batalha do Real acontece na Lapa. É como se fosse uma batalha entre os MCs do Rio de Janeiro. A Liga dos MCs reune o campeão da Batalha do Real, o campeão da Batalha de Santa Cruz em São Paulo, o campeão da Batalha do Viaduto em Minas Gerais... é tipo um campeonato nacional de MCs. Hoje há varias batalhas no Brasil todo. Um desses eventos é o Hutuz que é organizado pelo MV Bill e é não só um campeonato de rima mas também tem revelação de música, de clipe, etc. Racionais MCs participava sempre. Acontecia no Armazém 5 no Rio. Rolava todo ano, tinha cobertura da Rede Globo com apoio da Petrobrás. . . participei muito tempo, mas vivendo nessa busca do entendimento espiritual. Hoje, vejo que nem tudo é apenas espiritual e infelizmente, precisamos pender para o lado comercial de alguma forma. Por mais que se faça com sentimento, temos que pensar no lado financeiro para que consigamos nos sustentar. C laro que sempre me preocupando com o que escrever. Vejo muitos apoiando o consumo de algumas drogas... particularmente não tenho nada contra, mas vejo poucos falando que existem outros caminhos, para se pensar duas vezes antes de tomar uma atitude, de ser vitorioso com o que se tem, sem precisar ceder para o que te é imposto. Essa é minha linha, mais motivacional...

FRIBOOK – Como tem sido esse retorno comercial?

MP – Lancei um clipe há uns quatro meses chamado “Carpe Diem”, puxando um pouco para esse lado comercial. Ainda não é o que quero fazer. Hoje temos 24.000 visualizações na internet. Fiz também uma música para o Edson Barbosa Junior, lutador de MMA, chamada “Vi, vivi, venci”. Ele me enviou duas camisas de presente através de seu pai. Eu já o conhecia dos treinos que fiz com ele na Academia Fight Co. Estamos gravando o clipe e está ficando muito legal. A letra fala de superação e o clipe tem essa cara... daqui a pouco vai estar rolando por aí. Tenho feito minhas produções com o DJ Caique, que ganhou um VMB de melhor produtor de Rap e já produziu Emicida, MV Bill, Projota, enfim, um cara de difícil acesso, mas com quem conseguimos colocar nossa

“(...) a questão não éviver da arte e sim, não

conseguir viver sem arte.”

MP

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FRIBOOK – Fale um pouco dos seus projetos para o futuro.

MP – Além desse clipe que estamos lançando em março, estou produzindo uma mixtape (N.E.: Seleção de faixas que resumem o trabalho atual do artista – nesse caso, o período entre 2013 e 2014), chamada “Por Um Novo Amanhã”, com treze faixas aproximadamente gravadas em nosso estúdio Amplificar, para ser lançada em maio. Esse trabalho estará à venda. Devemos produzir mil ou duas mil cópias que serão vendidas. Essa grana será utilizada como investimento no próprio rap. Hoje tenho outros trabalhos não ligados à música, mas estou em ponto de realmente decidir meu futuro. Esse ano já estou buscando minha profissionalização, até para pleitear outros caminhos, como turnês pelo sistema Firjan, por exemplo, roteiros culturais, etc. Estamos tentando levar esses projetos a diante e expandi-los pelo Brasil para tentar viver disso de forma digna. Sabemos da dificuldade do início. O que é legal é que nesses anos de 2013 e 2014, estamos vivendo coisas que não vivemos nos últimos dez anos. Tenho total apoio da minha família, do meu pai, da minha esposa Luana. Tenho uma filha de um ano e sei da responsabilidade de sustentar a família. Mas é o quero e o que sei fazer. Mais para o final desse ano quero lançar mais uma produção chamada “De Volta a Mim Mesmo”, onde pretendo despender um investimento um pouco maior e buscar um lugar ao sol da mesma forma em que os grandes MCs começaram, com muita dedicação. Às vezes chego em casa à noite e treino rima até as três da manhã direto. Me dedico ao máximo para poder me manter em forma. Quero viver dignamente fazendo o que gosto.

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CINEMA: CAMERON CROWE 11

Cameron CroweBelas lições de vida muito bem musicadas...

“Tudo Acontece em Elizabethtown” consegue ser divertido e ao mesmo tempo profundo. Aborda temas como: perdas, frustrações, morte, amor e perdão. Regado por uma trilha sonora impecável, com diálogos sensíveis e delicados, a trama se desenvolve em torno da morte do pai de Drew, personagem de Bloom. “Elizabethtown” não chega a ser autobiográfico, mas a ligação emotiva de Crowe com o filme foi explicada pelo próprio, num vídeo em que o diretor introduz o filme e conta que havia perdido o pai recentemente.

Bastante criticado, o remake “Vanilla Sky” conta a história de David, personagem de Tom Cruise. Um bom vivant conquistador, que arca com as consequências de suas escolhas erradas. A refilmagem de “Abra los Hojos” do diretor espanhol Alejandro Amenábar, tem ainda no elenco Cameron Diaz e Penelope Cruz. A trilha sonora é uma verdadeira obra prima para os amantes do rock. Radiohead, Peter Gabriel, Monkees, Bob Dylan, Chemical Brothers, REM e Paul McCartney. Apesar das criticas, “Vanilla Sky” tem belíssimas cenas e é extremamente bem musicado. Seja qual for seu gênero preferido uma coisa é certa: Nos filmes de Cameron Crowe você encontrará sempre belas lições de vida, diálogos inteligentes e envolventes, bons atores e especialmente uma seleção de músicas da melhor qualidade. O próximo projeto do diretor, ainda sem nome, tem data prevista para 2014.

Confira também: “Compramos um Zoológico” (2011), “Pearl Jam Twenty” (2011), “Vida de Solteiro” (1992) e “Digam o que quiserem” (1989).

oteirista, diretor, produtor e responsável por trilhas Rsonoras de tirar o fôlego, Cameron Crowe emociona com seus filmes, que para mim são verdadeiras sessões de

terapia. Leves e envolventes, eles conseguem entreter e ao mesmo tempo nos fazem pensar em assuntos tão sérios como: morte, escolhas de vida, saudade, amor, perdão e tempo. Crowe o é responsável por obras primas como “Vanilla Sky”, “Quase Famosos”, “Tudo acontece em Elizabethtown” e “Jerry Maguire”. Fez história na revista Rolling Stone e teve como mentor Lester Bangs, responsável pelas melhores matérias sobre música de todos os tempos. É reconhecido por seus impecáveis roteiros e por muitos de seus personagens serem baseados em experiências pessoais e fatos reais.

“Quase Famosos” é praticamente autobiográfico. A história de um jornalista juvenil que aos 15 anos embarca numa road trip com a banda fictícia Stillwater, para a elaboração de uma matéria para a famosa revista Rolling Stone, é de uma leveza singular. O filme tem no elenco a bela Kate Hudson, personagem de Penny Lane, essa inspirada em Bebe Buell, mãe da atriz Liv Tyler, fruto de um relacionamento com Steven Tyler. Bebe foi uma das mais famosas groupies dos anos 70 e 80, famosa por seus relacionamentos com George Harrison, Jimmy Page, Mick Jagger, Rod Stewart e Coyote Shiver. Quase famosos ganhou diversos prêmios, entre eles o BAFTA e o Oscar de melhor roteiro original. O filme é tão envolvente, que não há quem não sinta vontade de embarcar no Doris, apelido do ônibus que conduz a banda em sua turnê pelas estradas dos EUA.

Outra escolha fácil de Crowe para mim é a comédia dramática com Orlando Bloom, Kirsten Dunst e Susan Sarandon.

por Flavia Zambrotti

“Quase Famosos”:uma “quase autobiografia”

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l s do en limaC

Fribook te convida a descobrir a magiae a beleza dos “Caminhos do Sol” em

uma encantadora viagem ao Peru...

por Alberto Elias

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12 RESPONSABILIDADE SOCIAL

In i c i a m o s n o s s a e x p e d i ç ã o acompanhando o ritmo do verão, e vamos falar de praias, oceano

pacífico e de surf, claro!! Todo surfista que se preze sabe que o Peru faz parte do Circuito Internacional de Surf pelo ASP ( T h e A s s o c i a t i o n o f S u r f i n g Professionals), onde se encontram ondas de qualidade e de todos os níveis, a exemplo das praias de Chicama e Pacasmayo, que possuem as esquerdas mais extensas do mundo. Mas a relação do Peru com o surf é bem mais remota do que os fatos descritos acima, onde a própria origem do esporte se mistura com o início desta fantástica civilização.

Antes um rápido insight sobre alguns fatos, para que seja possível compreender em sua totalidade esta curiosa história... Em algum momento de nossas vidas, especialmente na época de escola, já escutamos falar sobre “Os Incas”, “O Império do Sol” e algumas das suas lendas envolvendo as “Ruínas de Machu Picchu” e até da mitológica cidade de ouro “El Dorado”. Lendas a parte, a civilização Incaica, que é a civilização mais conhecida do Peru, teve início no século XIII e o seu império se estendeu até a chegada dos espanhóis em 1533. O Império Inca, “Tahuantinsuyu” em quechua (uma das línguas nativas do Peru), foi soberano por pouco mais de duzentos anos, e herdeiro único de uma infinidade de culturas pré-incaicas, das quais podemos mencionar Nazca, Chavín, Viru, Mochica, Chimu entre outras, e claro, a descoberta mais recente, a Cultura Caral, a civilização mais antiga da América. Datando de 3000 anos a.c., a C u l t u r a C a r a l s e d e s e n v o l v e u simultaneamente com as civilizações da Mesopotâmia, Egito, Índia e China. E assim, conhecendo os fatos, continuamos com nossa jornada, e desembarcamos na província de Trujillo, em La Libertad,

norte do Peru e berço das Culturas Mochica e Chimu.

Trujillo esta localizada a 575 km ao norte de Lima, capital do Peru. A província é banhada pelo oceano pacifico, tendo um clima ameno e um povo alegre e hospitaleiro, mas muito tradicional, o que c o n t r a b a l a n ç a c o m s e u g r a n d e crescimento industrial. A Praça de Armas de Trujillo é considerada a maior e mais bela do país (FOTO), rodeada de e d i f i c a ç õ e s c o l o n i a i s , m u s e u s , restaurantes, hotéis e inclusive a belíssima catedral da cidade. Vale muito se perder por suas ruelas, assistir a “Marinera” (dança muito graciosa e tipicamente Trujillana, que evoca o romance do homem com o mar, este representado por uma mulher difícil de conquistar) e experimentar a tradicional e deliciosa comida criolla.

Situada no Valle de Moche, a província nos estimula a embarcar na busca do antigo Peru, e nos proporciona visitar os inúmeros sítios arqueológicos, que por lá são conhecidos como “huacas”. Nossa próxima parada é em “La Huaca de La Luna”, um lugar místico e singular da cultura de Moche (100 a.c. a 700 d.c.) . Dentro do templo nos deparamos com vestígios de uma civilização religiosa, organizada e muito bem desenvolvida na área agrícola e p e s q u e i r a . A s i m b o l o g i a é impressionante. Num mural existem figuras representativas do que parecem ser espanhóis chegando às terras nativas e isso numa construção de pelo menos 1200 anos antes de qualquer europeu chegar à America. O deus Al Pec, que aparece repetidamente por todo o templo e em suas variadas facetas, era uma representação da natureza, onde os animais eram a maior inspiração. Um estudo mais profundo nos ensina que o

sacrifício humano nessa cultura era voluntário, e aquele que perdia o desafio do deus era sacrificado, mas com honras, e tudo em nome do equilíbrio da natureza.Os Moches deixaram vestígios dos primórdios do que viria a ser a prancha de surf: “El Caballito de Totora” (o cavalinho de Totora). Os “huacos” são cerâmicas milenares, onde as culturas do antigo Peru representavam sua forma de vida. Foram descobertos huacos representando os Moches montados em suas engenhosas embarcações feitas de junco, a totora, que eram utilizados tanto para combate, transporte, pesca e ocasionalmente, para surfar ondas como diversão, após a pescaria. Também existem evidências do uso do Caballito de Totora na Cultura Caral, isso há mais de 5000 anos atrás, tudo isso devidamente documentado.

Uma curiosidade desta civilização de habilidosos pescadores é a origem do saboroso prato nacional peruano, o “Ceviche”. Os Moches tinham o costume de comer peixe cru com limão azedo de Simbal, povoado yunga próximo (povo as margens das montanhas), com ají limo (pimenta) do vale do rio Moche e com yuyo ou cochayuyo (algas) extraído do mar de Huanchaco.) Atualmente o ceviche é uma iguaria reconhecida internacionalmente.

Em nossa terceira parada, vamos conhecer as ruínas de “Chan Chan”, apogeu da Cultura Chimu, que floresceu após a queda da cultura Mochica, e é a n t e c e s s o r a d a c u l t u r a I n c a . Fortaleceremos ainda mais os dados históricos e a importância do “Caballito de Totora”, o “Tup” (na língua nativa), na historia do Peru Antigo. Localizada a 5 km de Trujillo, Chan Chan é uma cidade feita de adobe com mais de 20 km² e com muros que passavam dos 9 metros de altura. Uma obra arquitetônica perfeita,

Toda vez que ouvimos falar do Peru, é inevitável que em nossas mentes surja a imagem andina de Machu Picchu, de ponchos, chullos, quenas e daqueles simpáticos peruanos musicando praças públicas. Mas este país, que foi palco de uma das maiores civilizações do mundo, ainda guarda imensuráveis tesouros a serem descobertos seja na sua natureza rústica, cultura milenar, ou sua fabulosa gastronomia, hoje consagrando o Peru, por dois anos consecutivos, como "O Maior Destino Gastronômico do Mundo” pelo World Travel Award (WTA), edição América Latina. E é com grande prazer que Fribook convida todos vocês a mergulhar nesta fascinante viagem e a redescobrir este povo pitoresco e seu passado imponente nesta série especial de reportagens: “Os Caminhos do Sol”

CAMINOS DEL SOL 13

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12 RESPONSABILIDADE SOCIAL

que no meio do deserto usava seus muros de diferentes alturas e espessuras, como também seus extensos corredores para direcionar os ventos e reduzir as terríveis temperaturas dentro da cidadela. Em Chan Chan existiam templos, palácios, jardins, cemitérios, residências, e reservatórios de água e alimento, tudo muito bem planejado. A cidade era habitada por mais de 35 mil habitantes entre eles reis, nobres, exercito real, sacerdotes e serviçais. Do outro lado do muro v iv ia uma ag lomeração de pescadores, soldados e escravos. As paredes da cidade eram decoradas com relevos de figuras de peixes, lontras, aves e ondas dos mares, estas últimas revelando um conhecimento profundo das marés e d a s co r r en t e s ma r í t imas. Da í a importância mais uma vez dos Caballitos de Totora, essenciais para esta civilização, seja como ferramenta de trabalho ou lazer.

Nestas huacas é fácil encontrar o “cachorro pelado peruano”, raça oriunda d o p a í s . E s s e s a n i m a i s e r a m companheiros de todas as culturas peruanas. Seu corpo mantém uma temperatura até de 40 graus, o que era útil nas noites frias tanto no deserto como nas montanhas do Peru.

E assim finalmente chegamos onde todas estas civilizações do Antigo Peru buscaram inspiração e sustento: O mar, as águas frias e ainda hoje selvagens do Oceano Pacífico. Assim como a grande maioria das civilizações do mundo, foi o mar que despertou nos antigos peruanos a criatividade, a paixão e a força necessária para enfrentar toda a adversidade. E é nesta cena que entra “Huanchaco”. Localizado a 10 km ao noroeste de Trujillo, Huanchaco foi o mais importante porto da cultura Mochica e Chimu. Hoje balneário da c i d a d e d e T r u j i l l o , c o n s e r v a invariavelmente o uso dos Caballitos de Totora seja para pesca ou a pratica de

“surcar” ondas, como dizem por lá. Por causa das mudanças climáticas e da “mão” do homem moderno, as praias perderam muito do seu espaço para o mar, que nas ultimas décadas avançou dramaticamente. Mas mesmo assim, Huanchaco continua encantador, com seu povo acolhedor e uma gastronomia ímpar. É um lugar simples, harmonioso e de uma beleza rusticamente selvagem. Os banhistas compartilham um mar frio com ouriços, p e d r a s , c o r a i s , c a r a n g u e j o s multicoloridos, aves e peixes diversos e até enormes águas vivas. Tudo isso torna o local vívido junto a suas ondas perfeitas e uma brisa incomparável. Claro que sou suspeito para falar deste fabuloso lugar, pois foi aqui que aprendi a nadar e passei os melhores momentos da minha infância. Mas sem sombra de dúvida é um lugar mágico, desde o início do dia com os Caballitos de Totora ao mar com seus intrépidos pescadores até o entardecer maravilhoso no píer, de onde costumava mergulhar quando criança.

Em 2009, em uma visita rápida a Huanchaco, conheci a interessante história dos Caballitos de Totora por meio de um grande amigo, descendente direto do povo de Moche, filósofo natural e proprietário da Muchik Surf School em Huanchaco, o carismático Chicho Huamanchumo. A impressionante história me pegou de surpresa, pois mesmo conhecendo o local, desconhecia os fatos que Chicho me contara. Não tive dúvida em procurar saber a verdade sobre o que me fora relatado, e pesquisei em profundidade cada dado fornecido. Foi incrível tomar conhecimento que além de verídica, a história estava fortemente divulgada entre pesquisas, reportagens, fotografias, vídeos e artefatos pelo mundo todo. Tudo que se sabia sobre o surf estava relacionado, inclusive o fato de e x i s t i r e m ve s t í g i o s d e r e l a ç õ e s internacionais com a Polinésia e a Ilha de Páscoa, onde o historiador Del Busto teria encontrado cerâmicas mochicas em suas

viagens, e a recente descoberta da cultura Caral foram de suma importância para fortalecer ainda mais a divulgação desta impressionante descoberta. Atualmente, surfistas do mundo todo vêm para a tranquila Huanchaco experimentar a singular emoção de descer uma onda em um caballito de totora.

Este ano tive a oportunidade de voltar à Huanchaco e o prazer de ver minha filha de quinze anos “surcar” sua primeira onda, entre águas vivas enormes, mas com ajuda mais que especial do meu amigo Chicho. Sabendo onde estávamos não tive como não imaginar centenas de espíritos de um passado remoto descendo a onda junto a ela. Foi inesquecível deslumbrar o berço do surf dessa forma. No final de tarde observamos inúmeros Caballitos de Totora repousando na praia, e um respeito enorme retumbava em nossos corações. Partimos então em direção ao sol, que aos poucos se despedia em grande estilo...

A l b e r t o E l i a s p r e p a r o u exclusivamente para nossos leitores um rote i ro de v iagem com dicas de hospedagem, gastronomia, eventos, como chegar, e o melhor: tudo checado pessoalmente pelo próprio Alberto. Acesse o site da revista Fribook (www.revistafribook.com.br), arrume as malas e prepare-se para a viagem!

Fontes, leituras complementares e mais informações, acesse:

www.escueladetablamuchik.com www.olasperu.com www.correrolas.comwww.pacarinadelsur.comwww.perusurfguides.com

Agradecimentos e colaborações:À Susana Espino, Maria Clara Espino, Tati Ananda, Max Alayo Espino, Adriana Benavides, e Henry Hebert (Chicho) Huamanchumo.

Huaco:representaçãoem cerâmicada culturamochica

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R CKP O I N T

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Peças para Tratores

Mangueiras Hidráulicas

Aluguel de Retroescavadeideiras e Caminhões

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DICAS

Literárias

16 DICAS LITERÁRIAS

A S C E N Ç Ã O E Q U E D A D O IMPÉRIO X, de Sergio Leo: Livro conta os bastidores da fortuna de mais de US$34 bilhões que virou pó.

Ele figurou as capas das principais publicações do país nos últimos anos. Primeiro protagonizando uma história promissora, de empresário vencedor por seu próprio esforço, sem vergonha de ser r i co e com l i ções de suces so a compartilhar. Depois com a derrocada de um império que valia bilhões de dólares. Em “Ascensão e Queda do Império X”, o jornalista Sergio Leo desconstrói o mito criado em torno de Eike Batista. O livro pode ser adquirido também na sua versão digital.

Em 264 páginas, Sergio Leo conta com leveza e humor tudo o que todos sempre quiseram saber sobre os bastidores da história de um dos homens mais ricos do mundo. Ele revela os e q u í v o c o s g e r e n c i a i s q u e comprometeram a saúde das suas empresas e as falhas que lhe permitiram vender ilusões dispendiosas – e que resultou na dizimação de sua fortuna. Tudo o que acontecia longe dos holofotes é mostrado pelo autor com base em depoimentos de pessoas ligadas ao governo federal e a governos estaduais, antigos executivos de empresas do grupo EBX e executivos do setor de petróleo, amigos de Eike Batista e especialistas.

As histórias das empresas X, como a fundação da mina Novo Planeta, são apresentadas, mas não pela versão do ex-bilionário. O livro mostra que, na origem, Eike não foi o self made man que dizia ser, e traz à tona os nomes de sócios que o ajudaram no começo da carreira, como o su íço Fe l ix Jean Chi l le , administrador de fortunas, e outros

investidores de peso. “Ascensão e Queda do Império X” esclarece também qual foi o verdadeiro papel de Eliezer Batista. “O pai, Eliezer Batista, foi uma figura importante na construção da carreira de Eike, com sua rede de contatos e fazendo intervenções em momentos decisivos”, comenta o autor. As excentricidades – como o uso do X, do número 3 e do sol como símbolo de seu grupo – também são abordados no livro. Sua fama como ex-marido de Luma, as transações e trocas de favores, a cronologia da decadência das principais empresas X e as jogadas de marketing que o a judaram a vender suas ideias completam a obra. tem que arcar os custos com recurso próprio?

M E TA L L I C A - A H I S T Ó R I A COMPLETA E ILUSTRADA: Agir lança livro ilustrado que traz a trajetória da banda, assinado pelo reconhecido jornalista Martin Popoff.

Os mais de 30 anos de estrada do Metallica foram documentados por Martin Popoff, conhecido como “o jornalista de heavy metal mais famoso do mundo”. Em “Metallica – A História Completa e Ilustrada”, os fãs da banda norte-americana terão à disposição um conteúdo único, que reúne os principais momentos da história do grupo em um livro ilustrado.

A publicação apresenta mais de 300 imagens, análises de cada um dos dez álbuns feitos em estúdio – incluindo “Lulu”, colaboração de 2011 com Lou Reed -, fatos importantes como a morte do baixista Cliff Burton, as mudanças de formação, os prêmios e turnês mundiais. Nas 192 páginas, o leitor encontrará ainda uma seleção de imagens de cartazes,

camisetas, ingressos, entre outros itens.“Metallica – A História Completa e Ilustrada” traz ainda toda a discografia da banda (álbuns ao vivo e de estúdio), além das listas de videoclipes e singles. Todos os relatos do livro partiram de entrevistas realizadas pelo autor, que contou também com a colaboração de 11 especialistas como os fotógrafos Bob Leafe e Kevin Estrada, do jornalista de música Mick Wall, entre outros.

“Então olhe, aprenda, leia. Espero que você se divir ta tanto digerindo este livro quanto eu ao escrevê-lo porque, como digo, a sensação que tive durante todo o processo foi... bom, de estar sentado ao redor da mesa da cozinha com o Lars, Fiver, Nalbandian, Metal Tim, Slagel e o James, fazendo listas”, relata Popoff na introdução do livro.

OS SEGREDOS DAS FAMÍLIAS FELIZES, de Bruce Feiler: Livro ensina a melhorar a dinâmica familiar a t r a v é s d e m é t o d o s n ã o convencionais.

Em “Os segredos das famílias felizes”, Bruce Feiler - que é autor de cinco best-sellers - apresenta mais de 200 estratégias para melhorar a rotina em casaRepensar a forma como tratamos de temas que fazem parte do dia a dia de qualquer família. É isso que o especialista em temas familiares Bruce Feiler propõe a entender e a orientar em seu novo livro, que será lançado este mês pela Editora Agir. Em sua pesquisa, ele procurou fontes completamente diferentes para melhorar a dinâmica familiar, mas sem usar as naturais como psicólogos e terapeutas. O autor fez um curso em Harvard sobre como brigar de maneira diferente,

A ascenção e queda do império de Eike Batista, tudo sobre um dos maiores nomes do rock mundial – Metallica, dicas para melhorar a dinâmica familiar, o poder do pensamento negativo... Fribook traz pra você os lançamentos das Editoras Agir e Nova Fronteira: livros que prometem ocupar seu tempo com muita cultura, lazer e entretenimento!

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DICAS LITERÁRIAS 17

visitou a ESPN para saber como construir uma equipe de êxito, trabalhou com um grupo militar para projetar uma reunião familiar perfeita. E mais: conversou com o banqueiro Warren Buffet sobre como lidar com mesadas e orçamentos e esteve no set da série “Modern Family” para entender a chave de sucesso do programa, que aborda o cotidiano de uma família de classe média americana. O resultado foi um projeto inovador com mais de 200 ideias.

“Batalhei para gerar uma nova seleção de melhores práticas para cada um dos temas que abordo. E não me limito à criação de filhos, entrando também em assentos como casamento, sexo, dinheiro, esportes e relacionamento com os avós. O meu objetivo foi criar a lista para acabar com todas as listas”, explica Bruce em um trecho do livro. O livro é dividido em três partes: a primeira trata da fase de adaptação para colocar algumas ideias em prática; a segunda sobre a importância do diálogo; e a terceira, sobre a diversão e os momentos em família.

ENERGIA AO QUADRADO: Livro de Pam Grout ajuda a recriar a realidade e moldar a sua vida usando nove experiências simples e defende que os princípios espirituais são tão confiáveis quanto a gravidade e tão consistentes quanto as leis de Newton.

Em “Energia²” a autora Pam Grout apresenta nove experimentos que comprovam que a realidade é uma criação do pensamento e, mais do que isso, que ela é flexível. Tudo a partir de experiências que não exigem gastos, mas sim de uma quebra de paradigmas. A própria Pam Grout faz referências ao best seller “O Segredo”, citando a diretriz de que você delineia a sua vida. O livro ficou no topo de mais vendidos do The New York Times. Ao longo dos capítulos, a autora prova, através das nove práticas, que é possível alcançar seus objetivos usando o poder da mente. “Existe um aquecedor — ou uma força energética invisível — que está constantemente à nossa disposição e o qual não pretendemos ligar. A maioria de nós nem ao menos sabe que esse aquecedor existe”, afirma Pam Grout.

Em um deles, a inspiração vem da palavra “abracadabra”, que normalmente é associada ao mágico que tira o coelho da cartola. A palavra tem origem no aramaico e quer dizer: vou criar de acordo com o que eu falar. Segundo a autora, essa é uma ideia poderosa e justifica o porquê, por exemplo, de o astro Jim Carey ter feito um cheque de 10 milhões de dólares para si mesmo antes de ter sido convidado para fazer seu primeiro filme. Na experiência, ela defende que não há pensamento bobo e que é preciso prestar atenção ao que se passa aleatoriamente em nossas mentes.

A BELA HISTÓRIA DO PEQUENO PRÍNCIPE: Editora Agir lança duas edições comemorativas pelos 70 anos de “O Pequeno Príncipe”, ambas com tradução de Ferreira Gullar.

No ano em que completa sete décadas, o clássico “O Pequeno Príncipe” ganha uma nova tradução assinada pelo poeta Ferreira Gullar, exclusiva da editora Agir. A obra chega às lojas em dois formatos: texto na íntegra, com nova capa e ilustrações originais; e edição especial intitulada “A Bela História do Pequeno Príncipe”. Essa última traz um dossiê ilustrado, incluindo documentos inéditos do livro mais traduzido no mundo.

A trajetória editorial do livro de Antoine de Saint-Exupéry é a base de “A Bela História do Pequeno Príncipe”. Ao longo das 224 páginas, a publicação é dividida em seis partes: Nascido nos Estados Unidos – conta a história do clássico, que foi publicado em Nova York, EUA, em 1943. Na ocasião foram lançadas uma versão encadernada em inglês e duas do original em francês (brochura e encadernada).

Um Capítulo Inédito – apresenta um manuscrito até então não publicado pertencente ao acervo Pierpont Morgan, que mostra variações, incluindo uma cena.

Primeiras Edições – mostra imagens das edições originais, tanto a francesa quanto as em língua inglesa.

Os Amigos do Pequeno Príncipe – relatos e depoimentos de familiares e pessoas próximas ao autor, entre 1943 e 1944, como sua esposa, Consuelo de Saint-Exupéry, o cineasta Jean Renoir, a amiga e confidente, Nelly de Vogüé, entre

outros.

Recordações – fotos pessoais e lembranças do autor.Desenhos e Aquarelas – mostra os primeiros esboços das ilustrações de “O Pequeno Príncipe” e desenhos de adultos e animais.

A edição comemorativa traz ainda o texto na íntegra, traduzido por Ferreira Gullar, e as aquarelas feitas pelo autor.

O PODER EXTRAORDINÁRIO DO PENSAMENTO NEGATIVO: Livro de Bob Knight , f amoso treinador de basquete americano, dá exemplos de ações que podem gerar resultados positivos não só no esporte, mas também nos negócios.

Sem medo de ir contra todos os ensinamentos já conhecidos que pregam o pensamento positivo como chave para atrair sucesso e tudo o que mais desejar, o experiente treinador de basquete universitário dos Estados Unidos lança um desafio aos leitores: explorar os pontos fracos para alcançar excelentes resultados. E isso não se aplica só ao jogo. Vale também para a vida pessoal e para os negócios. “O Poder Extraordinário do Pensamento Negativo” ensina que somente ao reconhecer falhas e fraquezas é que se pode transformá-las em resultados positivos, seja na vida profissional ou pessoal.

Segundo maior treinador na história do NCAA (entidade máxima do esporte universitário nos EUA) com 902 vitórias, o autor explica que o sucesso é muitas vezes alcançado pela equipe que consegue errar menos. “Quem pensa positivo tende a curtir uma grande vitória, parabenizar a si mesmo, a sua comissão técnica e os seus jogadores, e costuma se deleitar com o fato de que ele e seu time venceram! Quem pensa negativo já esqueceu essa vitória e começou a trabalhar para a próxima partida”, esclarece.

“O Poder Extraordinário do Pensamento Negativo” é dividido em 11 capítulos. Neles, o autor relata como é possível aplicar os exemplos vividos por ele no basquete em outras áreas, como na vida profissional.

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GERALDOSIMPLÍCIO(NEGO)

Um artista que respeita tanto o meio ambiente que aprópria Mãe Natureza resolveu posar para a foto deBruno Dias, revelando um belo arco íris entre Nego ea Índia Portira, uma de suas imponentes obras de arte...

18 GERALDO SIMPLÍCIO (NEGO)

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Bruno Dias Bruno Dias

GERALDO SIMPLÍCIO (NEGO) 19

Sereia Retirantes

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20 GERALDO SIMPLÍCIO (NEGO)

Geraldo Simplício, mais conhecido como Nego, nasceu em Aurora (CE) em 1943 e aos 26 anos de idade trocou o clima quente do Sertão do Cariri pelo frio da serra fluminense. Desde então, Nova Friburgo faz parte de sua vida. Suas esculturas monumentais impressionam pelo movimento, expressão e energia, e a natureza parece mesmo trabalhar em harmonia com ele: “Meu terreno é íngreme, então vou fazendo caminhos e esculpindo minhas figuras. Assim, no barro, que cubro com lama preta. Depois vem o musgo, cobre as figuras e as protege da erosão...”. Nego não trabalha mesmo sozinho. Alguém duvida?

FRIBOOK – Conte-nos um pouco de sua história.

NEGO – Sou da cidade de Aurora, no sul do Ceará. Lá eu fazia esculturas em madeira e também fazia ex-voto (N.E.: membros como pé, mão, cabeça esculpidos em madeira para o pagamento de promessas no sertão). Sempre houve falta de médico, de forma que a cura para qualquer tipo de doença era buscada através das promessas para Padre Cícero, Nossa Senhora das Dores. . . e o pagamento seria com esculturas do membro doente. Hoje são feitos de cera. Depois disso, comecei a fazer as esculturas totais, completas. Em 1969 vim para Friburgo a convite de uma senhora chamada Maria Cecília Falk, que era presidente da Fábrica Ypu. Morei em uma casa emprestada por ela durante onze anos e quando ela faleceu, eu “caí” aqui dentro desse mato. Pouco a pouco fui deixando de trabalhar com madeira e passei a desenvolver este trabalho com a terra, que já faço há cerca de trinta e três anos.

FRIBOOK – Como aconteceu sua ligação com Nova Friburgo?

NEGO – Em uma ocasião eu estava hospedado no Mosteiro de São Bento, no Centro do Rio de Janeiro, Praça Mauá e tive umas aparições no programa do Chacrinha e da Dercy Gonçalves. O hospedeiro da época era o Dom Marcos Barbosa. Em uma dessas aparições, Dona Maria Cecília me viu e foi até o Mosteiro perguntando se eu gostaria de morar em Nova Friburgo, que ela me daria uma casa. Conversei então com Dom Marcos. Ele me disse que o Bispo de Nova Friburgo na época, Dom Clemente Isnard, era monge lá do Mosteiro. Procuraram então saber quem era a Dona Maria Cecília e me aconselharam que aceitasse, pois valeria a pena. E foi o que eu fiz. Ela morreu onze anos após minha mudança. A casa foi então para partilha da família e vim para esse local em 1981. Comprei na época, vinte metros de largura por cento e sessenta e seis metros de fundo. Trinta

anos depois eu tinha aqui trinta mil metros quadrados, que fui comprando aos poucos. Para evitar deslizamentos e coisas do tipo, não pretendo mais avançar na altura do terreno, apenas expandir na largura. Na época da tragédia, cheguei a perder algumas esculturas e uma casinha, que era meu canto de repouso. Como hábito, vinha cheio de lama, tomava um banho na primeira casa e ia para meu canto. No dia que antecedeu a tragédia, eu não estava trabalhando e fiquei assistindo a u m j o g o d e f u t e b o l . A c a b e i adormecendo nesta primeira casa. Acordei com meu filho e um funcionário gritando meu nome. Preocupados pois não conseguiam ver a casa devido a um deslizamento. Quando me dei conta, a casa onde eu costumava dormir estava destruída e a outra, onde eu estava, intacta. Graças a Deus eu estou vivo. O primeiro impacto é a surpresa de ver o que se perdeu, mas depois que você vai t omando conhec imen to do que aconteceu com os outros, vemos que nosso problema não significa nada...

FRIBOOK – Na ocasião, quantas esculturas o senhor perdeu?

NEGO – Ao lado da “Índia Potira”, havia um bêbado enorme deitado com uma garrafa. Perdi também “Os Cães” e uma figura de mulher, com um cabelo longo, uma corrente... essas foram perdidas totalmente. Tivemos que fazer várias contenções, até mesmo para “sepultar” os detritos das esculturas. Passei um ano

fechado para começar a recuperação do Jardim. Algumas esculturas tento restaurar a partir de fotos. Havia uma pastora segurando um terço sobre um presépio que ainda estou no trabalho de restauração. O terço era suspenso, preso somente na base a ao braço dela. A base está no lugar, então a partir dali tento reconstruir, pois esses fragmentos são os que mais ajudam a refazer o trabalho. Os acessos foram totalmente alterados. Tive que criar novos caminhos. Foi tudo devastado. E agora, com esse sol abrasador, as esculturas estão mudando de cor. Algumas têm a proteção natural das árvores, que fazem sombra, mas “O Sapo”, por exemplo já tem 14 anos e mudou bem sua coloração. Ele era verdinho. Agora tem umas partes queimadas, mas está aí... Com a chuva de 2011, a Índia Potira encostou o queixo no ombro e fechou a boca. Ela tinha a boca aberta antes, que era para encher de água para hidratar o queixo e o pescoço. O filho que ela está parindo era um menino, agora é uma menina (risos!). Tive que ir retirando para reparar, acabei tirando demais. Mesmo assim, as pessoas que vêm aqui dizem: “É um menino...”. Aí tenho que dizer: “ Não, ali é só o cordão umbilical” (risos!). Uma das mãos também caiu, não totalmente, mas rachou... tive que operar como se fosse uma pessoa mesmo. A Índia é linda. Ela fica mais verde em julho devido à posição do sol durante todo o dia. É quando fica mais úmido. O musgo gosta da sombra e da umidade. Nos períodos de seca, tenho que molhar constantemente.

FRIBOOK – O Jardim do Nego recebe algum incentivo do governo ou você tem que arcar os custos com recursos próprios?

NEGO – Infelizmente não há nenhum tipo de incentivo do governo para esse projeto. Tenho que bancar sozinho. Isso é uma questão cultural. Infelizmente quem tem o poder de decisão não compreende esse trabalho. É como as esculturas de Aleijadinho. O legado que deixou para o Estado de Minas e para o Brasil é

“O primeiro impactoé a surpresa de ver oque se perdeu, masdepois que você vai

tomando conhecimentodo que aconteceu comos outros, vemos que

nosso problemanão significa nada...”

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enorme... e não é diferente. Seu trabalho está caindo aos pedaços. Não vou atrás dessas pessoas pois acabo criando uma expectativa e me aborrecendo. Então deixo que venham me procurar, se acharem interessante.

FRIBOOK – Após a tragédia já houve novas esculturas?

NEGO – “A sereia” é nova. Havia outra escultura que se desfez, ficou feia e tive que fazer uma figura maior porque a outra não estava suportando o sol. Ela teve que ter mais robustez, até literalmente, com seios enormes para aguentar o sol. Tenho que molhar umas três vezes por dia. Uso tijolos e outros produtos para deixá-las mais leves. Apenas com o barro, ficam muito pesadas e acabam caindo.

FRIBOOK – Como tem sido feita a divulgação do seu trabalho? Sua família participa desse projeto?

NEGO – Tenho um neto com sete anos e um filho com quarenta e um, mas não são ligados ao meu trabalho. Tem que realmente ter jeito para esse tipo de trabalho e se dedicar muito. Eles preferiram outras áreas (risos). Tenho uma sobrinha que trabalha comigo e que m e d á s u p o r t e p a r a a j u d a r n a continuidade do trabalho. Além de tudo isso, é um trabalho muito incerto. Hoje, mais estabilizado. Já estou há muitos anos nessa batalha. Recebi inclusive o diploma “Cristo Redentor”. Fizeram um vídeo junto a outros atrativos do Rio de Janeiro e do Brasil, o que ajudou bastante nessa divulgação. O Sesc também está fazendo uma exposição com enormes fotos das esculturas em algumas cidades como em Teresópolis, no bairro da Tijuca no Rio de Janeiro. Vem muita gente visitar o Jardim. Essa ascensão da imagem, HD, 3D é curiosa. Um dia desses um grupo de alemães esteve aqui, falando comigo em alemão... eles sabiam que eu não estava entendendo nada (risos), foi quando chegou um intérprete dizendo que um deles já tinha ligado para Stuttgart na Alemanha e que a foto da Índia Potira já estava lá. Quer dizer, a velocidade com que a informação se propaga... Agora, todos nós que trabalhamos com o turismo estamos na expectativa da copa. A hotelaria, a gastronomia, todos na esperança que melhore daqui para frente.

FRIBOOK – Como se dá o processo de produção e manutenção das

esculturas?NEGO – A figura é escavada no barranco e depois que já se está mais ou menos idealizado o que vai ser feito, ela ainda cheia de porosidades, faço o barro e dou o acabamento. A manutenção é regar e podar. É o que tenho feito aqui. Ainda mais com esse sol desse verão, a falta d`água tão anunciada, nosso frio derrotado... Nunca vimos nossa cidade tão quente como agora. Aqui é mais fresco devido às arvores, mas está muito quente e as esculturas sofrem também.

FRIBOOK – Quais as próximas esculturas que pretende desenvolver?

NEGO – Pretendo fazer uma mulher rendeira gigante. As esculturas têm que estar acocoradas, como a Índia Potira. No caso dela, ainda tive que colocá-la segurando em uma árvore. Ainda podem estar deitadas, como no caso do “Bêbado” ou se apoiando umas nas outras, como no “Presépio”.

FRIBOOK – De onde vem o nome da Índia Potira?

NEGO – Ela tem esse nome porque uma vez a Dira Paes veio me entrevistar para um programa de TV e me disse que tinha feito o personagem de uma índia chamada Potira na novela “Irmãos Coragem”. Perguntei se poderia usar o nome e ela disse que sim, sem problema. Depois disso, veio a Viviane Mosé, do Fantástico. Passou quase que a semana inteira na chamada do seu programa. Ela é pequenina e as esculturas ficaram enormes (risos). Foi bem interessante. Acabei puxando um pouco para a Rede Globo sem intenção. A escultura representando uma mulher nua, ficava um pouco grotesca, então coloquei o bebê que trouxe mais “pureza” à escultura. Algumas crianças vêm aqui e se assustam, ficam com medo de olhar. Muitas delas hoje em dia não sabem que os bebês vêm

assim ao mundo. Sabem que o médico corta a barriga e tira o bebê lá de dentro. Isso acaba tornando a visita às esculturas didática e informativa (risos).

FRIBOOK - Você se sente realizado profissionalmente ou ainda tem algo que deseje fazer?

NEGO – Me sinto satisfeito. O mundo do jeito que está, não posso dizer que esteja totalmente feliz. Mas fico muito satisfeito com meu trabalho, com a repercussão... isso é muito favorável. É o que dá o prazer de fazer esse trabalho. Chega um momento em que não se pensa mais na questão dinheiro e fama. Já se está em outro caminho, inclusive espiritual. Com setenta e um anos, desde criança vivenciando isso, já deu tempo de aprender (risos). Hoje com a coisa da internet ficou muito difícil saber o que é real e o que não é. E só podemos olhar isso tudo. Mas estar vivendo esse tempo e ainda ter espaço é maravilhoso. Costumo falar da teoria do Big Bang, o grande pulsar do Steve Hopkins. De uma bola pulsando que de repente explode e vira tudo isso que conhecemos... quando usamos a expressão: “o disco do cara está bombando”é isso, quando se fragmenta, se expande. O Jardim do Nêgo está assim por causa do veículo. A quantidade de gente que passa por aqui e a quantidade de fotos que saem daqui... essa índia está em tudo quanto é canto. E quanto se envia a foto, ela não sofre perda de qualidade, podem-se ver os detalhes, tudo. O mundo está muito ligado no que se está sendo feito com a natureza... os animais invadindo as cidades e tudo que envolve essa questão. Então, quando você fotografa uma figura dessas, você está fotografando um elemento vivo. O musgo dá essa vida. As esculturas são literalmente vivas, porque requerem cuidado. É necessário que se molhe, que se pode, pois se não ela morre. Isso é o que dá a diferenciação do que tem sido feito por aí. Estrangeiros que vêm aqui, dizem que nunca viram isso em lugar nenhum. Já viram esculturas de sal, de gelo, de marfim, de mármore, mas assim, vivas, nunca.

F R I B O O K – Q u a n d o e c o m o começou a fazer as esculturas em barro?

NEGO – Descobri por acaso, tive um problema de moradia em 1981. Não queria voltar para o Ceará. Eu tinha um

GERALDO SIMPLÍCIO (NEGO) 21

“Tudo que você emanavolta para você mesmo,então só emano o amor.

Quando jogamos oamor, ele dá uma volta

“bumerâmica” eretorna para você”

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telefone, que naquele tempo era um patrimônio. Entrei no plano de expansão e três anos depois eu tinha um. Quando tive o problema da moradia, achando que estivesse morando numa casa era minha e não era, um amigo pintor, me disse que havia um cara vendendo um terreno com uma nascente... Vim ver e senti a energia na hora do lugar. Daí, troquei o telefone, voltei mais algum dinheiro e fiquei com o terreno. Quando fiz a primeira escultura, nessa mudança, acabei sofrendo perdas sociais, afetivas. Perdi a namorada na época. Eu estava no meio desse mato, enfim... Daí, fiz a figura de uma mulher, bem generosa. Assim que terminei peguei um plástico para cobrir e proteger. Aquele plástico ficou lá. Não vinha ninguém aqui. Um dia veio um casal procurando um terreno e os convidei para ver o que eu tinha feito. Eu queria mostrar aquilo para alguém. Conversamos muito, eles adoraram. Fui com eles até o carro e quando voltei, já debaixo de chuva, entrei em casa e fui dormir. Não tinha luz, não tinha nada. Acordei de madrugada e lembrei que não tinha reposto o plástico e que certamente a mulher teria se desfeito. De manhã, quando abri a porta, ela estava intacta. Aí veio a grande descoberta: o

musgo protege contra a erosão e, para criar o musgo, tem que se cobrir com o plástico. Isso foi o achado do negócio. Por acaso... Eu não pretendia fazer esculturas de terra, porque se chovesse acabaria tudo. Hoje, tenho plásticos grandes que abafam. Molho durante um ano nesse processo até criar essa camada de musgo. Tem que ficar podando. Fui vendo que alguns detalhes iam se fechando como dentes, dedos, olhos... Nas outras já fui dando esse desconto e adaptando. A Índia Potira levou dois anos para ficar pronta, com ajudante. Pois começamos a escavar o barranco, mas sempre temos que tirar tudo dos lados para que a escultura fique proeminente. Com as terras que vamos tirando, ajeitamos as passarelas de subida. Teve um fato interessante que embaixo do braço esquerdo dela corria muita água, o que danificou a sustentação e o braço caiu. Coloquei então uma samambaiaçu que ficou viva e serve de apoio. Apoio tanto para o braço, quanto para que ela possa parir... (risos).

FRIBOOK – Você usa um tapa-olho na testa. O que significa?

NEGO – Me considero um agnóstico,

não ateu. Acredito em Deus, mas da minha forma. Um Deus sentado lá em cima eu tenho alguma dificuldade de compreender. Meu Deus é aquela bola do Steve Hopkins. O nada e a bola. E esse Deus se fragmentou. Como acredito que arte seja excesso de energia, tenho uma reversão, bloqueando a energia que iria para a terra revertendo como um antenamento. O processo de criação só acontece quando se está excedendo energia. Salvador Dali com aquele bigode, Einstein com aquele cabelo, todos estão conectados de alguma forma (risos). Não tem nada a ver com céu ou inferno ou qualquer religião, e sim com energia superior. Tudo que você emana volta para você mesmo, então só emano o amor. Quando jogamos o amor, ele dá uma volta “bumerâmica” e retorna para você. Se jogar o negativo, ele retorna do mesmo jeito e mais forte.

Page 23: Presto revista fribook número 10 (issuu)

Av. Alberto Braune, 12 - Sala 402Ed. Com. José Mastrângelo - Centro

Nova Friburgo/RJ - Tel.: (22) 3066-3995(22) 9955-6005 | (22) 9272-1221

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TICO SANTA CRUZ 21

Page 24: Presto revista fribook número 10 (issuu)

FRIBOOK – Em que momento a gastronomia começou a fazer parte da sua vida profissional?

BRÁS – A gastronomia apareceu de forma natural. Pelo prazer do cozinhar para os amigos, numa época em que eu ainda era músico... quer dizer: músico a gente não deixa de ser nunca (risos). A música permanece na alma. Venho do Rio de Janeiro e nessa época eu já morava em São Pedro da Serra, onde fiquei por alguns anos antes de me mudar para Friburgo. Mas minha raiz ainda está em São Pedro, uma semente que plantei há muito anos e que gerou uma raiz muito forte. Nessa época, existia um grupo de amigos, com pessoas inclusive de fora que se mudaram pra cá. Nós nos reuníamos toda semana para fazer um jantar, tomar um vinho e assim, começamos a criar esse hábito de cozinhar para os amigos. Começou com os amigos cozinhando juntos, mas depois a coisa foi “afunilando” e acabou caindo na minha mão... até pelo prazer que eu tinha de receber e etc. O prazer de cozinhar com os amigos traz exatamente esse caráter de

congregar em torno do alimento. Esse para mim é o grande fundamento, a essência da culinária que não permitirá que o preparo de um prato se torne um ato mecânico. Antes de mais nada, tem que ser prazeroso, tem que haver amor nisso.

Depois de algum tempo é que eu fui buscar realmente uma formação. Sempre lendo, aprendendo, além da raiz familiar muito forte com a culinária. Na parte da família da minha mãe, todo mundo tem dons e dotes culinários bem bacanas. Minha mãe mesmo é uma cozinheira de mão cheia, ela

tem fama disso entre os amigos. Mesmo depois de casado, de sair da casa dos meus pais, os meus amigos, quando saiam do trabalho, ligavam para minha mãe e diziam: “Tia, to indo aí comer o seu feijão”(risos). Então, ela sempre trouxe essa cultura culinária que naturalmente desaguou nos filhos e eu aproveitei isso de alguma forma.

FRIBOOK – O que o fez escolher nossa região como morada?

BRÁS – Vim para Friburgo, em especial para São Pedro da Serra, como opção de vida, numa época em que rompi os laços profissionais que tinha no Rio de Janeiro e vim com a famíl ia para cá, ainda trabalhando com música. Algum tempo depois, abri um bar e restaurante chamado “A Taberna”, em que comecei na verdade a montar o cardápio e passar para a cozinha. Eu não tinha nenhuma formação nessa época, mas já tinha alguma experiência como gestor e cuidava mais da parte administrativa à frente da casa. Depois comecei realmente a assumir a cozinha e buscar uma formação acadêmica mais

24 CLAUDE TROISGROS

Chef BrásEntrevista

Chef Brás declara uma verdadeira paixão por São Pedro da Serra, seu povo,sua gente e conta à Fribook um pouco de sua história, sua vida...

“Junto com minhaqueridíssima amigaLeila Soares realizei

projetos que conseguiramagregar valores econômicose sociais a esse lugar e isso

me enche de orgulho!”

Brun

o D

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24 CHEF BRÁS

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“Cativando estaremossempre trazendo as

pessoas, que porsua vez, trarão outros (...).

Essa é a parte maisimportante:

a parte humana”

técnica para que pudesse avançar nos meus conhecimentos. Estudei em vários cursos, entre eles o Senac, onde fiz uma sequência até o de Chefe Executivo, que foi o último e que me deu também essa formação como gestor. “Botequim gourmet” foi o último restaurante que tive aqui. Junto com minha queridíssima amiga Leila Soares realizei projetos que conseguiram agregar valores econômicos e sociais a esse lugar e isso me enche de orgulho! Algumas dessas campanhas solidárias quero retomar. Como a domingueira, onde os amigos músicos se encontravam e formavam uma g rande roda . A l i , a r recadávamos alimentos, roupas, brinquedos, cobertores e tudo mais para depois direcionarmos a algumas instituições.

FRIBOOK – De que forma a formação acadêmica agregou valor à prática gastronômica que você já possuía?

BRÁS – Na verdade, todas essas técnicas ensinadas nos cursos acadêmicos são muito importantes, mas a experiência que eu já tinha antes, sem ter formação, foi muito vantajosa... me fez ter uma noção de como adaptar essa formação à realidade, que nem sempre te proporciona uma cozinha “top” como se tem em um curso de g as t ronomia . Lá , t emos todo ensinamento técnico com equipamentos de primeira e sabemos que a realidade de quando se sai de um curso destes e entra na prát ica em uma cozinha cheia de limitações, você acaba ficando perdido. Até se adaptar a essas condições de trabalho, vai “tomar muito na cabeça”, parecendo inclusive que não sabe nada ou sabe muito pouco. Então, essa experiência anterior que tive, cheia de limitações, com as cozinhas rústicas, por ter aberto um negócio no peito e na raça, fez com que eu pudesse aproveitar toda essa parte de conhecimento técnico, botando-o em prát ica com as l imitações que eu encontrava dentro dos lugares e ambientes que eu vinha a trabalhar.

FRIBOOK – Você tem uma tradição forte em seus relacionamentos como Chef com seus clientes. Fale-nos um pouco sobre isso.

BRÁS – Em São Pedro da Serra temos uma realidade bem atípica, as pessoas que frequentam o lugar, que têm casa alugada, ou até mesmo os turistas que vêm para passar o final de semana e ficar em uma pousada, não demoram muito a se sentirem integradas com as pessoas que já

estão aqui, que fazem parte da história do lugar, e logo acabam se sentindo parte desse grande grupo. Na verdade não é um grupo apenas, são todos que se conhecem e que se familiarizam muito rápido. Se uma pessoa de fora chega num final de semana na sexta-feira, por exemplo, no domingo já sabe o nome de todo mundo e todos já sabem seu nome. Isso é uma coisa natural e acredito que eu tenha feito parte da criação deste conceito. É claro que tenho uma história muito longa, muito antiga que me facilita ter essa relação com as pessoas. Hoje, fazemos um treinamento com nossa equipe para que ela se sinta realmente envolvida dentro desse conceito. A equipe de trabalho é muito importante. Passo para eles que somos uma corrente em que não se pode quebrar um elo. Temos essa visão de receber muito bem as pessoas e de fazer um diferencial no atendimento.

Costumo dizer a eles que não estamos aqui para vender produtos e sim, para oferecer prazer e satisfação, isso no bom sentido, é claro! (risos). Não nos importamos, por exemplo, se um cliente entra e para dez minutos para conversar com nosso garçom. O garçom jamais vai ter esse espírito de estar perdendo, só porque a pessoa já deixou claro que não vai ficar e está de passagem. Essa pessoa vai ser muito bem recebida e vai ter toda atenção que deseja ou solicita. Achamos que cultivar isso e cativar as pessoas é mais importante do que propriamente uma venda direta. Cativando estaremos sempre trazendo as pessoas que por sua vez, trarão outros que estão em torno delas. Isso faz com que todos se sintam bem, inclusive os que trabalham na casa. Essa é a parte mais importante: a parte humana.

FRIBOOK – Fale-nos um pouco sobre o novo projeto Corsário.

BRÁS – Conseguimos montar esse novo projeto dentro de um ideal muito bacana,

de suporte e condições estruturais que chegam bem próximos àquela realidade acadêmica. Onde podemos executar um padrão mais técnico, digamos assim. Embora minha filosofia culinária seja de não ficar preso a conceitos. É claro que os conceitos acadêmicos vão ser utilizados a todo momento, mas tentamos bordar também um conceito de criação de pratos, em que vamos adaptar à realidade do lugar, ao público que temos e, naturalmente, tentando não torná-lo repetitivo. Essa é a ideia. Tenho uma coisa de não conseguir manter um cardápio durante muito tempo. Nesse nosso projeto, pretendemos manter um cardápio básico e ter sempre opções além do cardápio. Gosto da inventividade, de encontrar um elemento novo no mercado comum, no mercado produtor e de repente olhar aqueles elementos sazonais que, dependendo da época, posso pinçar e criar um prato para aquele final de semana. Essa é uma proposta que eu trago comigo e que mais uma vez vamos executar nesse novo projeto.

FRIBOOK – Qual a proposta desse novo empreendimento?

BRÁS – Para nós, é muito importante integrar as famílias de São Pedro da Serra e Lumiar com o turista. A casa tem essa proposta. Trazer essas famílias para o almoço, para o jantar, integrando o turismo a elas, que são muito acolhedoras. Em razão de todo esse tempo que tenho nesse lugar e à confiança gerada através dessa história positiva com as pessoas locais, com as famílias, faz com que tenhamos esse objetivo... de trazer as pessoas do lugar, gente que nasceu aqui, para se integrar com as pessoas de fora que também desenvolveram amor e afeto pelo lugar. Não estamos fazendo um trabalho voltado para o turista. Fazemos um trabalho voltado para São Pedro da Serra. Damos um valor muito grande à história... em especial ao espaço que escolhemos, que tem uma história muito antiga e muito importante para o lugar. Temos que, antes de qualquer coisa, agradecer à família Manhães que nos cedeu o espaço e acreditou em nosso projeto. A ideia sempre foi restaurar a casa, mas sem alterar o que ela representa para a cidade. Ela talvez seja a casa mais antiga de São Pedro e teve enorme significância para o lugar. Ali foi a Mercearia do Bininho, a primeira casa de troca de São Pedro da Serra. As mulas paravam ali para trocar produtos... era uma casa de escambo e comércio, onde ali dentro se formou a família Manhães.

CLAUDE TROISGROS 25CHEF BRÁS 25

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Quando começamos a obra e derrubamos a parede do quarto onde o filho do Seu Bininho, José Luiz Manhães, viveu grande parte da vida, vimos lágrima em seus olhos, muita emoção... e mesmo assim ele pediu para prosseguirmos, pois também era seu sonho ver a casa do pai bonita, viva e recebendo novamente a comunidade de São Pedro. Seu pai trabalhou até o fim da vida ali. Por tudo isso, a obra teve sempre o intuito de preservação desse imóvel que, embora não seja tombado oficialmente, para nós faz parte do patrimônio histórico de São Pedro da Serra. Durante esse processo, víamos pessoas locais passando em frente com aquela expectativa... curiosos, preocupados, nos auxiliando com sugestões... e a grande e inenarrável satisfação que tivemos, algo muito recompensador, foi logo após nossa inauguração, no dia seguinte, as famílias de São Pedro chegando com senhoras de idade sendo conduzidas por nós para dentro da casa e notoriamente a emoção tomando conta de seus semblantes. Elas contando histórias da infância, que tiveram aula ali - o espaço já funcionou também como uma escola - isso foi muito forte para nós. Então, estamos apenas tomando conta dessa casa e assumindo esse

compromisso. Não somos nem nunca seremos donos desse espaço. Ele pertence a esse lugar.

Chef Brás preparou uma surpresa para os nossos leitores: a receita exclusiva da Casquinha de Siri do Corsário, sucesso absoluto do restaurante. E recomenda: fica uma delícia com o Mojito, receita que está no nosso editorial no início da revista (página 3). Então prepare as duas receitas e chame os amigos!

CASQUINHA DE SIRI DO CORSÁRIO

Ingredientes

1 kg de carne de siri5 dentes de alho espremidos3 cebolas picadas4 tomates picados1 amarrado de coentro picado1/3 da garrafa pequena de leite de coco2 colheres de sopa de azeite de dendê

4 colheres de sopa de farinha de trigo1 colher de sopa de colorauSalAzeite

Modo de preparo

Lave e escorra a carne de siri e a tempere com o alho, sal e o colorau. Aqueça o azeite em uma panela e refogue a cebola. Junte a carne de siri temperada e refogue durante cerca de cinco minutos. Junte o tomate, o coentro e o azeite de dendê. Deixe cozinhar por mais cerca de cinco minutos. Adicione o leite de coco, prove e corrija o sal se necessário. Retire a panela do fogo e junte aos poucos a farinha de trigo mexendo sempre para não formar grumos (pelotas). Depois de dissolvida a farinha, volte a panela para o fogo, e cozinhe mexendo devagar por mais três minutos. Depois encha as casquinhas cobrindo-as com queijo parmesão ralado e coloque no forno pré aquecido para gratinar por dez minutos.

CLAUDE TROISGROS 25

Apartamentos ConfortáveisRoom Service

Serviço de LavanderiaWi-Fi em Todo o Hotel

Atendimento PersonalizadoTradicionalismo

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CânticosDe Sião

Instrumentos Musicais, Áudio Profissional,Acessórios para Instrumentos e Áudio (Cordas,Palhetas, Cabos, etc.), Livros, Amplificadores,

Artigos Evangélicos e Eletrodomésticos em geral,Sonorização de Igrejas e outros ambientes.

A Loja do Músico em Nova Friburgo

Av . Alberto Braune, 88 - Loja 9 Centro Nova Friburgo RJ Tel.: 2523-1100

Page 28: Presto revista fribook número 10 (issuu)

JEANSTOTALVersátil e atual, o jeans se consagra como peça-chave no look do dia

28 JEANS TOTAL

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JEANSTOTALVersátil e atual, o jeans se consagra como peça-chave no look do dia

Fotos: Winny Lessa Modelo: Millena Barrozo (Mix Models Agency) Looks: Insanidade Jeans e Acervo Acessórios: Informal Inn| | |

Criado no século XIX com o objetivo de atender as necessidades de mineiros americanos, o jeans foi um verdadeiro marco na época graças à sua resistência e durabilidade. Tempos depois, tornou-se símbolo de

uma juventude cheia de atitude. Porém, só mais tarde foi inserido no universo fashion, ao conquistar renomadas passarelas, campanhas e editoriais de moda. De lá pra cá, não há como negar: sua democracia e

versatilidade conquistaram todos os públicos e ajudaram a consolidar o sucesso de sua invenção, décadas atrás.

No cenário atual, o jeans se consagra como tem-que-ter absoluto no visual. Com as diferentes propostas oferecidas pelo mercado, que não vê limites na hora de criar o “jeans da vez”, ele deixa de ser uma peça complementar para

assumir o destaque no look. E vale apostar, inclusive no visual por inteiro.

Seja no total jeans misturando diferentes lavagens, ou as combinando, não tem erro: vá de jeans! Uma boa ideia é usá-lo com acessórios statement conferindo uma pegada mais glamourosa. Independente da ocasião ou estilo, ele

figura entre todas as tribos e garante o update. Não por acaso, grandes grifes como a Louis Vuitton o levou como destaque na última coleção assinada por Marc Jacobs para a maison. Sem esquecer da sua presença constante nos sites de street style mundo a fora e, claro: no dia a dia de qualquer um. A ordem da vez é apostar no seu jeans sem

medo de errar e, pra isso, opções não faltam.

por Duda Emmerick

JEANS TOTAL 29

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elson Motta fez um grande favor Nà música popular brasileira ao escrever o livro “Vale Tudo – O

Som E A Fúria De Tim Maia”. Trouxe à tona não só a personalidade controvertida e imprevisível do cantor, como fez jus ao seu impress ionante ta lento como compositor, cantor, arranjador e produtor. T i m f o i u m a r t i s t a c o m p l e t o e surpreendente, um artista que inoculou no cenário da MPB do final dos anos 60, uma dose generosa da música negra americana, principalmente o soul, o funk e a música romântica dos quartetos vocais daquela época, de quem era fã. Tim foi para os EUA aos 16 anos porque entrou numa de estudar cinema e passou a mentir pra todos sobre o fato de possuir naquele país uma parte de sua família. Mentiu tanto e tão profundamente que, ao final, até ele estava acreditando. Ficou por lá quase 6 anos, participou de vários trabalhos musicais, foi preso várias vezes e voltou ao Brasil deportado e sem nada. Ralou muito até conseguir lançar seu primeiro LP, mas daí em diante se colocou definitivamente na cena musical para nunca mais deixá-la. É sobre esse primeiro LP de Tim Maia o papo de hoje.

N e l s o n M o t t a c o n h e c e u Sebastião Rodrigues Maia, quando produzia um álbum da Elis Regina em 1969. Em busca de renovar o repertório da cantora e depois de ouvir “Azul Da cor Do

Mar”, fresquinha, no estúdio antes do lançamento, não teve dúvidas em convidar o cantor para que mostrasse algo para Elis. Roberto Carlos havia estourado com “Não vou ficar”, há poucos meses, outro triunfo que fazia sua bola ganhar um gás extra. Tim trouxe “These Are The Songs” metade em inglês, metade em português, uma parte em soul e outra em bossa nova. Foi amor a primeira vista. Depois de uma gravação eletrizante, a faixa bombou na mesa do diretor da Philips. Elis gravou a música em duo com Tim, e ele agradece na capa de seu LP “...e Elis pela colher de chá.” Lançado em junho de 1970, o primeiro trabalho de Tim chama a atenção pela sonoridade. Ele se destaca dos demais pela qualidade e, ouso dizer, que não estou falando apenas dos LPs produzidos no Brasil. Comparei-o ao LP de Paul McCartney, também lançado em 1970 e fiquei surpreso, pois achei o de Tim mais bem resolvido tecnicamente. O L P m o s t r a u m p u n c h i n c r í v e l principalmente em relação à pegada de baixo/bateria funkeado. Tim não debutou pedindo licença por um espaçozinho. Chegou chegando, pisando forte. Tim nasceu bicho solto e revelou isso logo na primeira oportunidade. Utilizou sua voz de forma corajosa. Cantou em inglês, em fa l se te , voz p lena e improv i sou , demonstrando uma maturidade invejável, rara, até em cantores consagrados. Naquela época, ninguém tinha a menor ideia de como funcionava um estúdio de gravação

de verdade. Estúdio era exclusividade das gravadoras e, em geral, rodava 24h com o propósito de atender a demanda do cast. Um tempo difícil de imaginar, olhando da perspectiva tecnológica que vivemos hoje. Uma curiosidade que passa, praticamente, despercebida na história, é que Tim estrearia também como produtor neste disco. Nos créditos do LP está escrito: “Criação musical” dele próprio e logo abaixo, “Coordenação Musical” de Jairo Pires e Arnaldo Saccomani. Ou seja, pra quem sabe ler, um pingo é letra, e essa é mais uma curiosidade dessa hisstória.

Há também outro traço digno de consideração: a originalidade. Tim apresenta novidades. O mega hit “Azul Da Cor Do Mar” (Tim Maia) não possui introdução, o vozeirão de Tim ataca junto com a banda no primeiro tempo: “Ah, se o mundo inteiro me pudesse ouvir...” Tim foi indicado ao produtor André Midani por Erasmo Carlos e o pessoal dos Mutantes, dois pesos pesados. Foi contratado sem fazer audição, mas podia amarelar, fazer um trabalho menos ousado e ir se consolidando aos poucos. Sua opção foi arriscar tudo. Se perdesse, perderia muito, mas ele apostou alto.

Em “Pr imavera” (Gen iva l Cassiano/Silvio Rochael) outro mega hit, ele acerta em cheio de novo, mas desta vez cria uma introdução que, aparentemente,

Pape d músico

por Giovanni Bizzotto

Fribook te convida, a partir dessa edição, a mergulhar no fantástico universo musical. Giovanni Bizzotto dá dicas dos maiores clássicos já gravados. Muito mais que apenas um olhar crítico, ele nos conta, em cada edição da revista,

tudo sobre os maiores sucessos já lançados na indústria fonográfica. As curiosidades, o processo criativo, os bastidores... então, aumente o som e boa

viagem! Pra começar, o primeiro disco de Tim Maia.

30 PAPO DE MÚSICO: TIM MAIA

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não tem nada a ver com a levada da canção e surpreende. Há que se destacar os primorosos arranjos de cordas e metais feitos pelos maestros Waltel Blanco, Waldir Arouca Barros e Cláudio Roditi, em uma grade de metais magistral para sua própria canção “Tributo a Booker Pitman”, todos, é claro, a partir das ideias originais de Tim, o rei do baile e do swing. Em “Eu amo você” (Genival Cassiano/Silvio Rochael), Tim imprime um andamento super lento, nada convencional pra época e conduz de forma notável outra lindíssima faixa do LP. O disco atordoou a crítica, é bom até hoje e será sempre. Nos idos de 70, quanto mais instrumentos você utilizava, mais difícil ficava na hora da mixagem, pois, simplesmente, não havia espaço na fita. Sinceramente, eu não tenho ideia de como ele fez aquilo, de como ele convenceu as pessoas a embarcarem na dele e de como ele chegou a um resultado final tão satisfatório. Eram apenas 4 canais e ele conseguiu resolver uma equação difícil, conceitual e tecnicamente falando: não abrir mão das ideias originais de arranjo e, ao mesmo tempo, não perder qualidade no resultado final em termos de sonoridade. Ele era um garoto ainda e não

estava interessado em ouvir histórias, mas, sim, de contá-las e do seu jeito. Um jeito desconhecido, porém muito genuíno. Gravou “Crist ina” (Car los Imperial/Tim Maia) duas vezes: uma rápida e outra lenta. As duas são geniais. Nunca vi alguém gravar a mesma canção duas vezes no mesmo álbum. Não sei como permitiram isso. Só sei que fizeram muito bem.

Em “Padre Cícero” (Genival Cassiano/Tim Maia) acontece algo sui generis: Nelson Motta, que produzia a trilha da novela “Irmãos Coragem” da Rede Globo, encantado com o trabalho de Tim, propõe uma mudança na letra para que a canção se adequasse ao personagem principal vivido por Tarcísio Meira. Assim, foi gravada uma nova versão que, encaixava João Coragem no lugar de “Padre Cícero” e lá estava Tim marcando mais um gol na sua estreia. Tim negociou muito bem e conseguiu imprimir o seu modelo. Isto não pode ser considerado pouca coisa. Uma gravadora é uma indústria e tem seus interesses. O processo de produção de um LP era uma fábula, e ninguém jogava dinheiro pela janela. Eles

tinham fórmulas e mais fórmulas de “sucesso”, e a negociação com os artistas era dura. Tim foi ousado, criativo, competente e infundiu nas pessoas um espírito de liderança mesmo estando ainda no momento inicial da sua carreira. Sem falar no repertório, que misturava “xaxado” com “soul” em “Coroné Antônio Bento” (João do Vale/Luiz Wanderley), uma canção espertíssima, mostrando que a música americana era legal, mas a música brasileira do nordeste, também tinha seu valor. E isso foi em 1970, século passado. Ao ouvir esse trabalho hoje, tem-se a impressão de que ele fez o que quis. Posso estar errado, mas é o que parece. Fazer uma banda, cordas, metais e os vocais de “Os diagonais” (pilotado por Cassiano) soarem com aquela clareza, naquela época, é admirável, para dizer o mínimo. Um conceito poderoso e um resultado final muito acima da média, em minha opinião, fazem esse LP “Tim Maia” ser anto lóg ico. A versão em CD remasterizada é excelente. Tim será sempre insubstituível. Até a próxima.

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REPROGRAMAÇÃO MENTAL | CURSOS DE PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA | PALESTRAS IN-COMPANY

/neurometawww.neurometa.com.br

Av. Alberto Braune, 04/510

Sempre que inicia um ano, é hora de rever a vida e redesenhar projetos. Muita gente vem caminhando bem, crescendo e se desenvolvendo. Outros sentem que estão estacionados. Você

deve conhecer pessoas que dizem: “eu sempre me desenvolvi bem na vida, mas agora eu estacionei, não consigo sair daqui”. É aqui que entra o poder da sistematização: o seu sucesso na vida vai até onde sua sistematização o permitir ir. Sistematização é a maneira como você organiza sua vida e, especialmente, os seus pensamentos. Se a pessoa caminhou bem até determinado ponto e depois não consegue mais avançar é porque a sua sistematização interna o permitiu chegar até aí. E ponto final.

No entanto, ninguém está condenado a ser quem sempre foi. O mais bonito é que podemos mudar sempre, independente do que aconteceu ontem. Para isso, é importante mudar a sistematização interna, adquirindo novos recursos de pensamento e ação.

A Programação Neurolinguística tem nos ajudado nisso. Ao revelar o mecanismo de funcionamento de nossos pensamentos, podemos assumir o controle de nossa vida, pois nossos pensamentos geram nossos estados emocionais que geram nossas atitudes, que geram nossa altitude na vida. Portanto, se você quer ser grande (alguém de altitude!) deve primeiramente aprender a administrar seus pensamentos.

Nós temos cerca de 50.000 pensamentos por dia. 90% deles são negativos e 85% nós já os tivemos ontem. Isso significa que se entrarmos numa rota de pensamentos de baixa qualidade,

será difícil revertermos o processo. Até porque nós aprendemos por repetição e, quanto mais repetimos o pensamento negativo, mais fortalecido fica o caminho daquele pensamento no cérebro. É como se a cada vez que geramos o pensamento inadequado, abríssemos com uma retroescavadeira uma rua cada vez mais larga. Depois fica sempre mais fácil passar por ali e encontrar o pensamento ruim novamente.

Isso pode ser revertido. Podemos usar a própria repetição para alterar esse pensamento. Portanto, usando o cérebro a seu favor, vamos pensar direito. Uma boa pergunta a se fazer sempre é: “Ao invés de pensar nisso, o que eu quero na verdade?”. Essa poderosa pergunta tem o poder de mudar seu foco, seu ponto de vista e transformar seu olhar de problema para solução.

Depois disso, podemos começar a brincar com o cérebro. O cérebro não gosta de coisa chata. Ele gosta de movimento, de brincadeiras. Por isso, imagine a cena do pensamento negativo afastando-se de você, perdendo as cores, o brilho e a iluminação. Por outro lado, trabalhe com a imagem do pensamento que você quer, de maneira contrária: traga ela mais para perto, ponha cores, brilho e até uma música de sua preferência de fundo. Fazendo essa brincadeira de imagens mentais, você estará construindo uma nova rua no seu cérebro, criando uma nova rota de pensamento, mostrando na linguagem de imagens mentais, que o cérebro sabe entender, o que você quer daqui para frente. Faça isso várias vezes ao longo do dia e você se surpreenderá com a sua capacidade de administrar a sua vida, que acontece a partir daquilo que você pensa. Treine isso.

Fique com Deus. Sucesso para você!

Manual doCérebro por Carlos J. Magliano NetoCoach Neurolinguísta

Quando compramos um aparelho, ganhamos um manual para sabermos onde liga, onde desliga, como regula. Nós temos conosco o aparelho mais sofisticado que existe: nosso cérebro. Seu problema é que veio sem manual. A nova coluna da Fribook, assinada pelo Coach Neurolinguista Carlos J. Magliano Neto, propõe-se a apresentar dicas da Programação Neurolinguística que é, de acordo com os estudos da Neurociência, um manual do nosso cérebro. Trataremos aqui de assuntos sempre relacionados à nossa incrível (e desconhecida) capacidade de dirigir a nossa vida, administrando pensamentos e emoções. Seja bem vindo ao Manual do Cérebro!

COMO ADMINISTRAR PENSAMENTOS

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