Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

31
2013 Enf. Rafael de Oliveira Silva SESI Ceará 20/08/2013 Curso Básico de Primeiros Socorros Apostila 1

description

LEGAL

Transcript of Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

Page 1: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

2013

Enf. Rafael de Oliveira Silva

SESI Ceará

20/08/2013

Curso Básico de Primeiros Socorros

Apostila 1

Page 2: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

2

Justificativa Imagine-se na seguinte situação: Você está no seu setor, concentrado no seu trabalho quando o seu colega de sala estende a mão, chamando a sua atenção, como quem fará um pedido importante. Não percebendo a situação que se seguirá, você não se distrai do trabalho e não vê quando, sem dizer nada, o seu colega cai ao chão desacordado.

– O que você faz? Esta cena não é incomum nem dentro nem fora do ambiente ocupacional. O que na realidade se percebe são ações desesperadas e desorganizadas na tentativa de ajudar a vítima, muitas vezes sem se quer saber o que realmente aconteceu, o que termina na tentativa de transportá-la para um hospital de referência mais próximo. Dependendo da gravidade da situação, acaba-se por chegar à emergência com uma vítima em óbito por falta de ações efetivas de primeiros socorros. Da mesma forma, pode-se inflacionar uma situação não tão grave, tendo como resultado a perda de tempo, dinheiro e o alarde de parentes, conhecidos ou demais clientes da instituição. A presença do kit de primeiros socorros e de profissionais da saúde gera uma sensação de proteção, entretanto, sua real eficácia está diretamente ligada às habilidades práticas com os materiais presentes no kit e do conhecimento dos profissionais a respeito dos procedimentos que os envolvem. O tempo é um fator de extrema importância no pré-hospitalar. Cada profissional deve ter em mente que a pessoa mais indicada a fazer a primeira avaliação e o atendimento inicial é, dentre os que têm treinamento de primeiros socorros, quem está mais perto, ou seja, quem chegou primeiro. Podemos tomar como exemplo, uma situação de infarto, onde a vítima se encontre em parada cardiorrespiratória. A cada minuto

Page 3: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

3

que passa a vítima perde 10% de chance de sobreviver, ou seja, 10 minutos são suficientes para se chegar ao óbito. Chamamos atenção ainda para o fato de que 4 minutos sem oxigenação cerebral são suficientes para acarretar sequelas permanentes neste órgão. O que isso nos diz é que não devemos esperar para que um determinado profissional chegue para iniciar o atendimento. Não há tempo a perder. Cada profissional que chegar a ocorrência se inserirá na equipe de atendimento, podendo adotar a liderança de acordo com o grau de prioridade, podendo este também assumir o lugar de outro profissional abaixo na escala de prioridade. Se a equipe for composta por profissionais da mesma categoria, a liderança será resolvida por consenso entre eles. Consideramos a seguinte ordem de prioridade: Profissional de saúde treinado; Profissional de saúde não treinado; Leigo treinado; Leigo não treinado. Obs.: Consideramos como leigo qualquer profissional que não seja da área da saúde. Existe ainda a necessidade de esclarecimento por parte dos profissionais de saúde a respeito das diferenças entre o intra e o pré-hospitalar. São áreas de atuação distintas, materiais distintos e assim, desafios distintos. Reafirmamos assim a importância deste curso de primeiros socorros.

Page 4: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

4

Conteúdo e Programação Esta apostila, bem como as práticas realizadas em sala tem como base teórica os manuais do PHTLS, ACLS e o Guidelines 2010 lançado pela American Heart Association. Os conhecimentos e as experiências práticas dos instrutores e profissionais presentes não serão ignoradas, ao contrário, farão parte do processo de aprendizagem, de forma a acrescentar conhecimentos vindos de todas as áreas. Alguns procedimentos apresentados na prática em sala são oriundos de manuais do Corpo de Bombeiros e de órgãos militares obtidos através de leitura dirigida e/ou de experiência prática junto a estas instituições pelos profissionais instrutores. Os temas abordados são: 1 – Avaliação da Cena 2 – Avaliação Inicial 3 – Ressuscitação Cardiopulmonar 4 – Vias Aéreas e Respiração 5 – Circulação e Controle de Hemorragias 6 – Tratamento de Feridas

Page 5: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

5

Segurança e Avaliação da Cena Imaginemo-nos inseridos em uma nova cena do cotidiano. Você está saindo da empresa onde trabalha e percebe um homem deitado no chão aparentemente desacordado próximo a uma árvore. O que você faz? Antes de pensar no que fazer, duas perguntas devem ser feitas primeiro: O que realmente aconteceu? A cena está segura? Perceba o leque de possibilidades que temos para esta cena: O colaborador pode estar dormindo após o almoço, pode ter sido acometido por um mal súbito, pode ter sido vítima de agressão ou pode estar sob efeitos de drogas, por exemplo. Para cada um dos exemplos descritos e para os demais possíveis teremos intervenções diferentes. Daí a necessidade de saber o que realmente aconteceu e quais os problemas que a “vítima” realmente apresenta. Uma ferramenta simples deverá ser utilizada. → Observação - O que realmente aconteceu? - Alguém viu o que aconteceu? - Quais os mecanismos e forças envolvidas? - Alguém mais fez ou faz parte da cena? - A cena está segura? Quando se fala de avaliação da cena, temos por definição a busca rápida pelos mecanismos, pessoas e materiais que envolveram a situação clínica ou de trauma, bem como suas respectivas repercussões no indivíduo. Ela é essencial para a tomada de decisão. Voltando ao exemplo.

Page 6: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

6

Chegando mais perto, você percebe um corte profundo e sangrante na testa do colaborador e vê ao seu lado um cabo de vassoura manchado de sangue. Pela avaliação da cena você imagina que ele pode ter sido vítima de agressão. O material utilizado foi um cabo de vassoura e a agressão foi concentrada na região frontal da cabeça. Percebe ainda que a cena possui riscos, pois não se sabe o paradeiro do agressor e assim, se faz necessária a presença do segurança local antes que se inicie a avaliação. Surge aí uma palavra de ação que é imperativa e que deve estar presente em todo e qualquer tipo de atendimento pré-hospitalar: SEGURANÇA. Segurança A segurança deve vir sempre em primeiro lugar e na seguinte ordem de prioridade: 1º - Minha segurança 2º - Segurança da equipe 3º - Segurança da vítima 4º - Segurança dos bens materiais A segurança começa antes mesmo de se iniciar a avaliação da cena e segue presente em todas as ações até a chegada a vítima ao hospital ou até sua recuperação ainda no local. A primeira ação de segurança consiste na colocação dos EPI´s. Luvas, máscaras e roupas adequadas deverão ser utilizadas. A segurança da cena vem em seguida e tem ações mais complexas, pois pode envolver várias entidades como polícia, bombeiros, agentes de trânsito, defesa civil, bem como funcionários de provedores de energia, água e etc.

Page 7: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

7

Devemos atentar para a presença de incêndio, materiais ou líquidos inflamáveis, risco de desabamento, cabos elétricos vivos, transito e presença de armas e agressores. Juntamente a isso, devem-se observar os fatores ambientais como chuva, raios e calor. Devemos evitar qualquer tipo de ação intempestiva, impulsiva ou tida como heroica. Nossas ações devem ser muito bem coordenadas, pensadas e seguras a fim de evitar que surjam novas vítimas.

Polícia 190

SAMU 192

Bombeiros 193

AMC 3486-7400

Obs.: Acidentes e Fiscalização 190

Polícia Rodoviária Federal 3295-3022

Coelce 0800-285-0196

Cagece 0800 275 0195

Defesa Civil 3101-4571

EPI´s Risco com Fios Energizados

Page 8: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

8

Chegando à Vítima Cena segura, avaliação da cena feita, chegaremos à vítima e daremos início à avaliação inicial. Tipos de Vítimas: Diferenciaremos as vítimas em vítima clínica e vítima de trauma. Por definição simples teremos como vítima clínica aquelas que foram acometidas por males internos, de origem patológica. Ex.: Infarto, AVC, hipoglicemia, síncope e etc. Consideraremos como vítima de trauma todas as vítimas que foram lesionadas por mecanismos externos, não patológicos. Ex.: Quedas, perfuração por arma de fogo, lesões por objetos contundentes, agressões manuais, amputações e etc. Tais diferenças deverão ser consideradas durante o atendimento e o transporte, representadas pelo cuidado com a coluna cervical. As vítimas clínicas não apresentam riscos à coluna cervical, enquanto as de trauma necessitam de atenção maior a mobilização dessa estrutura através do controle cervical, colocação do colar cervical para o transporte e pela imobilização completa em prancha longa. Não dúvida a respeito de como a vítima foi parar no chão, devemos fazer a imobilização do pescoço através do controle cervical manual.

Posicionamento: Devemos nos posicionar colocando pelo menos um joelho no chão, de preferência os dois. Ficando na altura da cintura escapular (ombros), permitindo fazer o controle cervical com uma mão e ter acesso ao tronco e pelve com a outra.

Page 9: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

9

Alinhamento da Vítima: Devemos reposicionar (alinhar) a vítima, de forma a deixá-la na posição anatômica. → Decúbito dorsal (costas ao chão), membros inferiores e superiores alinhados junto ao corpo, pescoço em posição neutra se possível* e, em caso de vítima de trauma, manter o controle cervical. Em diversas situações serão necessárias manobras de rolamento, levantamento a cavaleira e etc., para alinhar a vítima e/ou para colocar em prancha longa. Essas manobras serão discutidas mais a frente nessa apostila.

Controle Cervical: Deve ser feito sempre que se suspeitar de lesão na coluna cervical colocando-se a mão aberta na região frontal (testa) da vítima e segurando firmemente a cabeça. Faz-se o alinhamento da coluna, se possível, e mantendo alinhada até que esta seja completamente imobilizada em prancha longa. Existem três contraindicações para o alinhamento da coluna cervical. 1. Rigidez 2. Piora dos sintomas 3. Rotação da cabeça com a linha do queixo além da linha dos ombros. Nestas situações, a vítima apresenta sinais de risco de lesão musculoesquelética e a cabeça deverá ser mantida na posição em que se encontra. Teste de Responsividade: Com voz forte e tapotagens na altura das clavículas (ossos abaixo dos ombros, trecho superior do tórax), chame pela vítima a fim de acordá-la. Diga seu nome e que está lá para ajudar. Crie um vínculo com a vítima para que esta coopere com o atendimento, mesmo que ela esteja aparentemente inconsciente.

Page 10: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

10

Observe os sinais de consciência que a vítima pode dar. Desde uma contração das pálpebras a um gemido ou abrir os olhos. Na presença de sinais de consciência, devemos então avaliar os demais sinais vitais: respiração e pulso -> presença e qualidade. Ex.: Se a vítima respirar → Qual o ritmo da respiração? Presença de ruídos? Sinais de obstrução? Caso a vítima não responda, considera-se esta vítima como inconsciente. Neste caso utilizaremos a Corrente da Sobrevivência e dentro dela, a sequência de avaliação da abordagem primária pensando em parada cardiopulmonar. Ainda não chamaremos a ambulância. Teremos antes que avaliar a respiração e o pulso. Caso a vítima não apresente sinais de PCR, faremos a sequência básica de Avaliação Inicial. Corrente da Sobrevivência

1º Elo→Reconhecimento imediato da PCR (Parada Cardiorrespiratória) e acionamento do serviço de emergência/urgência; 2º Elo → RCP (Ressuscitação Cardiopulmonar) precoce, com ênfase nas compressões torácicas; 3º Elo → Rápida desfibrilação (Utilização do Desfibrilador Externo Automático DEA); 4º Elo → Suporte avançado de vida eficaz (ambulância e pessoal especializado);

Corrente da Sobrevivência

Page 11: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

11

5º Elo → Cuidados pós-PCR integrados Avaliação Inicial

A avaliação inicial tem como objetivo a busca, diagnóstico e tratamento das lesões que trazem risco de morte imediato à vítima, tais como parada respiratória, parada cardiorrespiratória e hemorragias importantes. Para a sua execução é descrito um passo-a-passo com base nas prioridades relacionadas aos sinais vitais: Ventilação, respiração, circulação, função neurológica e controle da hipotermia, listadas na sequencia alfabética. Importante: Esta sequência deverá ser utilizada em vítimas conscientes e/ou que não apresentem sinais de PCR. A- Abertura das Vias Aéreas B- Respiração C- Circulação D- Exame Neurológico E- Exposição da Vítima e Controle da Hipotermia A – Abertura das Vias Aéreas

– Abrir a boca da vítima

– Fazer varredura visual (Não é indicado fazer varredura digital às cegas)

– Retirar corpos estranhos líquidos ou sólidos

– Retirar a base da língua da hipofaringe Obs.: Se precisar fazer a varredura digital deve ser utilizada a “pinça longa” → Dedo indicador e dedo médio. Deve ser utilizado algum calço entre os dentes. Obs1: No caso de corpo estranho líquido é indicado fazer a lateralização da cabeça ou o rolamento em bloco para vítimas de trauma. B – Respiração

Page 12: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

12

– Avaliar presença/ausência

– Avaliar ritmo

– Avaliar qualidade

– Perceber sinais de esforço respiratório Obs.: A respiração é avaliada pela observação de sinais tais como batimento de asa de nariz, expansão torácica ou movimentação abdominal. Obs1: Nesse momento não é indicado fazer contagem de frequência. O ritmo e a qualidade devem ser avaliados de modo geral. Ex.: Rápido e superficial; Profundo e lento; Lento e ruidoso; etc. C- Circulação

– Avaliar pulso central → presença/ausência

– Avaliar a circulação periférica

– Cor, temperatura, umidade e enchimento capilar (<2 segundos). Obs.: Pulso central no adulto → Carotídeo Obs1: Para a avaliação da circulação periférica, deve-se tocar a mão da vítima considerando como normal a pele rosada, quente e seca. Obs2: Para o enchimento capilar, deve-se apertar a região hipotênar da mão e depois soltar. O sangue deverá retornar em até 2 segundos. D- Exame Neurológico

– Se alerta

– Se responde a estímulos verbais somente

– Responde-se a estímulos dolorosos somente

– Se está não responsivo. Obs.: Devem ser utilizados o estímulo verbal e o doloroso para a avaliação do nível de consciência.

Page 13: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

13

E- Exposição da Vítima

– Retirar a roupa da vítima no local da lesão

– Retirar toda a roupa de vítimas poli traumatizadas

– Cobrir com manta térmica para prevenir a hipotermia Ressuscitação Cardiopulmonar – RCP A parada cardiopulmonar é determinada pela cessação da circulação e da respiração. A vítima se encontra inconsciente, sem pulso e sem movimentos respiratórios. É uma situação gravíssima em que a vítima pode evoluir para sequelas cerebrais graves e irreversíveis ou para o óbito em menos de 10 minutos. Precisa de atendimento rápido e especializado o mais rápido possível e a ação mais eficaz é a manobra de ressuscitação cardiopulmonar – RCP em conjunto com o desfibrilador quando indicado e as drogas prescritas por médicos, com intensão de manter a circulação sanguínea e o suprimento de oxigênio pela função respiratória. A manobra consiste em compressão cardíaca pela compressão do osso esterno e pela oferta de oxigênio por pressão positiva através de manobras como o boca-a-boca, boca-máscara ou por Ressuscitador Manual (AMBU).

Boca-a-Boca Boca-Máscara (Pocket)

Bolsa-Válvula-Máscara (AMBU)

Essa manobra sofreu alteração na sequência das ações, dando maior ênfase nas compressões cardíacas, para que seja realizada de maneira eficaz e sem atraso. As alterações variam

Page 14: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

14

de acordo com o tipo de profissional envolvido, sendo descritos quatro grupos: leigos treinados, profissionais de saúde não médicos treinados e profissionais médicos treinados. Algoritmo de Atendimento ao Adulto em Parada Cardiopulmonar para leigos: 1. Faz-se o teste de responsividade; Percebe-se ausência

de resposta;

2. Inspeciona-se a respiração. (Se está presente ou não);

Caso ausência de respiração chama-se a ambulância, inicia o

procedimento de RCP e busca-se o desfibrilador.

3. Os profissionais médicos deverão ser acionados;

4. RCP imediato;

Obs.: Compressões cardíacas somente;

5. Desfibrilação Imediata;

Obs.: O RCP será realizado até a chegada da ambulância ao

local, até que a vítima retorne, até ser diagnosticada por

médico como em óbito ou quando acontecer a exaustão total

do profissional que estiver atendendo.

Algoritmo de Atendimento ao Adulto em PCR para profissionais de saúde: 1. Avaliação da responsividade; Percebe-se a ausência de

resposta;

2. Inspeção da respiração;

3. Se não respirar → Aciona-se o serviço de ambulância e

busca o DEA

4. Avaliação do Pulso Central (carotídeo) → Se ausente,

Page 15: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

15

iniciar compressões torácicas;

5. Inspeção da cavidade oral, retirada de corpo estranho,

abertura de vias aéreas, posicionamento e vedação de máscara;

6. Executar duas ventilações de resgate;

7. Ciclo de RCP (30 compressões e 2 ventilações) até a

chegada do DEA;

8. Após 5 ciclos de RCP → Reavaliar pulso e respiração;

9. Aplicação do DEA e dar continuidade ao RCP;

10. Desfibrilação imediata.

Resumo RCP:

a. Detecção da PCR

b. Contato com o Serviço Médico de Urgência

c. Buscar desfibrilador quando disponível

d. Compressões torácicas

e. Abertura de vias aéreas

f. 2 ventilações de resgate

g. 5 ciclos de 30 compressões e 2 ventilações

h. Reavaliação

i. 5 ciclos de 30 compressões e 2 ventilações

Obs.: O procedimento será contínuo até que:

– A vítima retorne

– A equipe de ambulância assuma o procedimento

– Ocorra exaustão total dos profissionais

– Determinação médica de finalização de procedimento mediante diagnóstico de óbito realizado obrigatoriamente pelo profissional médico. Recomendações para a Sequência de Atendimento a PCR

Page 16: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

16

Avaliação do Pulso: O pulso a ser avaliado deve ser o pulso central; em adulto: o pulso carotídeo. Obs.: Ausência de pulso radial não determina parada cardíaca.

Compressões Torácicas: Serão realizadas no centro do tórax, na linha intermamilar (entre os mamilos). Será utilizado o calcanhar da mão dominante, com a não dominante a sobrepondo. Assume-se uma postura de 90º dos braços em relação à vítima de forma a concentrar o peso do corpo nos ombros e a compressão é feita através da liberação do peso sobre o tórax a vítima, mantendo os braços firmes e cotovelos estendidos. Deve-se fazer o revezamento dos profissionais a cada 5 ciclos para garantir que o procedimento seja realizado pelo maior tempo possível.

Pulso Carotídeo

Postura Correta

Page 17: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

17

Algoritmo RCP

Page 18: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

18

Abertura das Vias Aéreas: Consiste em tornar pérvias as vias aéreas pela abertura da cavidade oral, retirada de corpo estranho e retirada da base da língua da orofaringe. As vítimas inconscientes tem um relaxamento de toda a musculatura do corpo, inclusive da língua. Quando deitadas em decúbito ventral, ou seja, de costas para o chão, a base da língua, agora relaxada, recai sobre a orofaringe obstruindo a via aérea.

Obstrução pela

base da língua

Local das Compressões

Page 19: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

19

Duas manobras são descritas para a retirada da base da língua da orofaringe através da mobilização do mento. A base da língua está unida ao mento por ligamentos, ou seja, sendo mobilizado o mento a língua também o será. Para vítimas clínicas será suficiente elevar o queixo, hiperextendendo o pescoço, pois não há risco de lesão cervical. Para vítimas de trauma o mento deverá ser tracionado de forma a não mobilizar a coluna cervical devido ao risco de lesão. Em caso de dúvida ou de inabilidade por parte do profissional, a manobra de escolha será a hiperextensão do pescoço.

Respiração: Em vítimas de PCR deve-se ofertar o oxigênio por pressão positiva, ou seja, empurrando o ar para os pulmões Em vítimas inconscientes, deve-se avaliar a respiração, se está ausente e, se presente, a sua qualidade, podendo esta ser determinada pela presença de esforço, sons anormais ou ritmos

Page 20: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

20

anormais. É sugerido que em vítimas de trauma que respire com dificuldade seja ofertado O2 suplementar com máscara de oxigênio.

.

Desfibrilação Rápida: Caso seja detectada parada cardiorrespiratória, um desfibrilador deverá ser disponibilizado. O tipo mais comum de parada cardíaca em adulto é a fibrilação ventricular, que pode ser revertida pelo uso do desfibrilador. O desfibrilador externo automático – DEA pode ser utilizado por qualquer pessoa que tenha recebido treinamento. O desfibrilador manual só pode ser utilizado por médicos habilitados. Vias Aéreas e Ventilação A respiração é composta por 3 (três) mecanismos distintos e interligados. 1 – A ventilação Quando se fala de ventilação estamos descrevendo o movimento de entrada e saída do ar, e consequentemente do oxigênio através das vias aéreas. O ar entra pelo nariz e boca, percorre

Manobra de Jaw Thrust – Tração do Mento

Page 21: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

21

traqueia, brônquios e bronquíolos, chegando aos pulmões e retornando pelo mesmo caminho. 2 – Respiração A respiração é determinada pela troca gasosa entre os pulmões e a corrente sanguínea. É um processo físico-químico no qual o oxigênio dos pulmões entra na corrente sanguínea e, da mesma forma, os pulmões recebem da corrente sanguínea o dióxido de carbono. 3 – Circulação É através da circulação sanguínea que o oxigênio chega aos mais diversos órgãos e tecidos do nosso corpo. Quando um desses mecanismos fica comprometido o corpo todo ou parte dele sofrerá por falta de oxigênio. Raciocínio simples:

– Se as vias aéreas estão obstruídas o oxigênio não chegará com facilidade aos pulmões, não acontecerá uma troca gasosa eficaz e o oxigênio não circulará pelo corpo na quantidade necessária;

– Se os pulmões estiverem lesionados ou cheios de secreção o oxigênio chegará até eles, mas não conseguirá adentrar a circulação sanguínea com facilidade;

– Se algum vaso estiver rompido ou obstruído, o oxigênio passará pela via aérea, entrará na corrente sanguínea através dos pulmões, mas não conseguirá chegar com facilidade ao órgão irrigado pelo vaso lesionado e este não funcionará corretamente e poderá vir a parar de funcionar. É o que acontece no infarto, por exemplo. Falaremos dos problemas e intervenções referentes à circulação mais a frente. Por hora, vamos nos deter aos problemas mais comuns ocorridos nas vias aéreas e respiração.

Page 22: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

22

Engasgo: Por definição, o engasgo acontece como reação do organismo a uma obstrução parcial ou total das vias aéreas por um corpo estranho, seja líquido (água, leite, vômito e etc.) ou sólido (resto de comida, chiclete, brinquedos e etc.) na tentativa de liberar a passagem do ar, expulsando o corpo estranho pela tosse, pelos espasmos torácicos e pela expectoração. Por instinto, tendemos sempre a levar as mãos para onde está ocorrendo algum tipo de problema em nosso corpo. Se cortarmos o dedo, se levamos alguma pancada ou se temos dor de barriga, a primeiro momento, levamos nossas mãos até lá. Veremos aqui que em várias situações isso ocorrerá. Assim, teremos uma vítima de engasgo com os seguintes sinais: Mãos levadas ao pescoço; Tosse forte ou dificultada, abafada; Vermelhidão ou arroxeamento (cianose) da face, mais perceptível nos lábios; Respiração dificultada ou ausente; Batedura de asa do nariz; Boca aberta; Movimento da musculatura do tórax e abdome; Inconsciência.

Page 23: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

23

Intervenção:

– Ao perceber que a pessoa ao seu lado encontra-se engasgada, posicione-se em frente a ela e estimule-a a tossir;

– Posicione-se atrás da vítima;

– Posicione sua perna dominante entre as pernas da vítima, os braços por baixo dos braços dela e encoste a lateral de seu corpo em suas costas;

– Quando perceber que a vítima não tem mais forças para tossir, inicie as compressões abdominais;

– Encontre o ponto localizado entre o umbigo e o apêndice xifoide (ponta óssea localizada no final do osso central do tórax, o esterno, conhecido como boca do estômago);

– Posicione sua mão dominante nesse ponto. Ela deverá estar fechada em punho e com o lado do polegar voltado para o abdome da vítima;

– Coloque a outra mão por cima, para dar mais firmeza;

– Faça movimentos firmes direcionando-os para dentro e para cima, em um movimento só, em formato de vírgula;

– Repita esse movimento até a expulsão do corpo estranho ou até a inconsciência da vítima;

Caso a obstrução permaneça a vítima possivelmente entrará em estado de inconsciência. Nesse momento, você controlará a queda e deitará a vítima ao chão, iniciando em seguida as manobras de RCP, mesmo que esta ainda tenha pulso.

Page 24: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

24

obs1: Se a vítima expulsar o corpo estranho e tornar a respirar espontaneamente, essa respiração deverá ser avaliada e, caso perceba necessidade, o médico poderá indicar suporte de oxigênio sem pressão positiva. obs2: Caso a vítima tenha evoluído para uma parada respiratória efetiva (sem movimentação pulmonar) ou para uma parada cardiorrespiratória, mesmo que esta torne a respirar, que tenha pulso e que recobre a consciência, deverá ser encaminhada a um hospital. obs3: Em caso de vítimas obesas, gestantes ou algum outro caso em que seja impossível a compressão abdominal, a compressão deverá ser realizada no centro do tórax, na linha intermamilar (entre os mamilos), mesmo local da compressão cardíaca.

Gestante Criança

Page 25: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

25

Parada Respiratória: Considera-se como parada respiratória a interrupção da movimentação pulmonar e consequente ausência do fluxo de ar nos pulmões apesar de a vítima apresentar atividade cardíaca. Na avaliação inicial a vítima não respira, mas tem pulso. A parada respiratória pode evoluir para uma parada cardiopulmonar, por isso, sempre que se perceber em avaliação a ausência da respiração deve-se avaliar o pulso da vítima. Esta situação pode acontecer pela presença de corpo estranho na via aérea, por reação alérgica, envenenamento por sedativos, medicamentos ou outros produtos químicos, inalação de gases e fumaças e/ou por traumas na cabeça, tórax e coluna cervical. É um problema grave e deve ser resolvido o quanto antes. A parada respiratória será tratada com ventilação com pressão positiva através do boca-a-boca ou pela utilização do ressuscitador manual. Sinais e sintomas: Encontraremos uma vítima com ausência de movimentos do tórax, arroxeamento da face, inconsciência, imobilidade. Intervenção: Tanto na insuficiência respiratória quanto na parada respiratória

Page 26: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

26

teremos como procedimento a oferta de oxigênio, porém ele será ofertado de formas diferentes vistas a seguir. Ventilação com pressão positiva Utilizada em vítimas em parada, ou seja, que não tenham movimentação pulmonar para a inspiração. Dessa forma, se faz necessário que o oxigênio seja “empurrado” para dentro dos pulmões, daí o termo pressão positivo. Esse procedimento pode ser feito de maneira direta, no caso do boca-a-boca ou através de equipamento como o ressuscitador manual (AMBU), a pocket ou a máscara descartável para ventilação. Para todos os tipos de procedimentos usaremos a mesma relação de número de ventilações. O ser humano adulto respira de 10 a 12 vezes por minuto. Se dividirmos esse número pelos segundos contidos no minuto temos uma relação simples de 1 ventilação a cada 5 segundos. Fixação → Relação de ventilações por minuto com pressão positiva para adultos: 1 ventilação a cada 5 segundos. Ventilação sem pressão positiva (para insuficiência respiratória) É a oferta de oxigênio por inalação somente. Utilizada em vítimas que necessitam de suporte de oxigênio, mas que tem movimentação pulmonar, ou seja, conseguem “sugar” o ar para dentro dos pulmões. É feita através de máscara ligada em cilindro de oxigênio. Pode ser ofertada de 10 a 12 litros por minutos no manômetro em vítimas mais graves e de 4 a 6 em vítimas menos graves. Atenção!

1- O uso excessivo de oxigênio pode causar vaso espasmos, o que pode diminuir o fluxo sanguíneo.

2- O boca-a-boca só é indicado para os profissionais treinados.

Page 27: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

27

O circuito de oferta de oxigênio é composto pelo cilindro do oxigênio, umidificador, fluxometro, látex e máscaras de O2.

Crise Asmática:

A asma é a doença crônica mais comum na infância, mas podem ocorrer ou recorrer em pessoas mais velhas. Na crise asmática ocor-re a obstrução das vias aéreas comprome-tendo a função respiratória. As crises asmáti-cas que aparecem pela primeira vez em pes-soas que tem 30 anos são tidas como mais graves.

Sinais e Sintomas:

Dificuldade para respirar, respiração ruidosa (chiado), aperto no peito, sensação de sufo-cação, pulso acelerado, dispneia, tosse e cianose.

Intervenção:

Tentar acalmar a vítima e mantê-la sentada confortavel-mente;

Procurar ou perguntar por inaladores que a vítima pode estar trazendo consigo;

Procurar assistência médica especializada rapidamente;

Preparar-se para intervir em caso de parada respiratória e cardiopulmonar.

Circulação

O sistema circulatório tem como função fazer circular o sangue por todas as estruturas do corpo através dos vasos sanguíneos. O sangue, além de transportar os componentes gasosos (gás carbônico e oxigênio), leva também as células responsáveis pela coagulação (plaquetas), as células de defesa entre outras subs-tâncias importantes para a manutenção da vida. Ao se perder sangue, esses mecanismos ficam comprometidos, podendo en-trar em colapso. O coração é o órgão central do sistema. É ele

Page 28: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

28

quem bombeia o sangue pelos vasos. Qualquer alteração na movimentação cardíaca, seja no ritmo, pressão ou frequência, poderemos encontrar algum tipo de reflexo nos demais sistemas.

A perda severa de sangue também constitui um problema grave e pode levar a morte do indivíduo. Quando o corpo sofre alguma lesão ou patologia que leve a perda sanguínea, são acionados mecanismos de hemostasia, ou seja, mecanismos que tentam coibir a perda sanguínea ou compensar as perdas, a fim de evitar que o corpo entre em colapso. Esses mecanismos são limitados e dependendo do volume sanguíneo perdido, o corpo não supor-tará a perda e sintomas começarão a aparecer.

Será importante compreendermos dois mecanismos de hemos-tasia para que entendamos as intervenções que serão descritas a frente: A vaso constrição e a coagulação.

Imagine um corte na ponta do dedo.

Assim que a lesão acontece, o cérebro reconhece o problema e envia para os vasos sanguíneos o comando de vaso constrição, ou seja, manda contrair a musculatura das paredes dos vasos (a parede dos vasos sanguíneos é composta por músculos), conse-quentemente o vaso terá seu calibre diminuído e a perda sanguí-nea será menor. Em paralelo, inicia-se a chamada cascata de coagulação. As plaquetas vão se juntando e se ligando umas nas outras deixando o sangue mais viscoso, diminuindo o fluxo até o estancamento da hemorragia. Esse sangue acumulado, posteri-ormente se fixa, formando uma espécie de tampão.

Agora imagine uma amputação de mão.

No momento da lesão, os mesmos mecanismos são acionados, porém, agora trata-se de vasos bem maiores, consequentemen-te, de fluxo sanguíneo mais intenso o que quer dizer que mesmo que ocorra a vaso constrição, o vaso continuará com calibre sig-nificativamente grande, a ponto de não ser possível o controle da hemorragia. Da mesma forma, o processo de coagulação será comprometido pelo fluxo de sangue intenso.

Nesse momento será necessária a intervenção do profissional treinado em contenção de hemorragias. As hemorragias são classificadas de acordo com o tipo de vaso, o tamanho e sua localização do vaso afetado.

Page 29: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

29

Tipos de Vasos As artérias levam o sangue, rico em oxigênio, aos tecidos e são os primeiros a receber o sangue ejetado pelo coração. Sangramento arterial: Tem cor vermelho vivo e tem fluxo em jato. As veias trazem o sangue, agora pobre em oxigênio e rico em gás carbônico, dos tecidos de voltar para pulmão. Sangramento venoso: Sangue de cor vermelho escuro e tem fluxo contínuo. Os capilares são os menores vasos do corpo, são os vasos de transição entre as artérias e as veias. Sangramento capilar: Sangramento de aspecto oleoso e que mina do ferimento.

Quanto à localização, as hemorragias podem ser internas ou externas.

Atenção: Sangramentos internos podem se exteriorizar através de cavidades ou ferimentos.

Contenção de Hemorragias

As manobras descritas são:

Compressão direta: utilização de gaze estéril ou pano limpo so-bre o local do sangramento, fazendo pressão com a mão ou com ataduras através de nós.

Page 30: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

30

Elevação do membro: utilização do princípio da gravidade. Ao elevar-se o membro afetado, a gravidade incidirá, o sangue che-gará ao local com maior dificuldade e consequentemente o san-gramento será menor.

Compressão indireta: Compressão da porção mais proximal do vaso sangrante.

Torniquete (garrote): Indicado para os casos de amputação traumática de membros.

Page 31: Primeiros Socorros - Apostila Alunos (2)

31

Orientações

1- Não devemos friccionar as gazes;

2- A primeira gaze utilizada não deve ser retirada, mesmo que esteja encharcada de sangue;

3- As gazes devem ser fixadas com ataduras ou banda-gens;

4- Após as amarrações das ataduras, deve-se verificar o pulso distal;

5- Manter a compressão até o controle total da hemorragia;

6- Proteja-se!