Princípios Básicos de Terapia Intravenosa Enfª Luciane Guimarães Ferreira.

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Princípios Básicos de Princípios Básicos de Terapia Intravenosa Terapia Intravenosa Enfª Luciane Guimarães Enfª Luciane Guimarães Ferreira Ferreira

Transcript of Princípios Básicos de Terapia Intravenosa Enfª Luciane Guimarães Ferreira.

Princípios Básicos de Princípios Básicos de Terapia IntravenosaTerapia Intravenosa

Enfª Luciane Guimarães FerreiraEnfª Luciane Guimarães Ferreira

Histórico da Histórico da Terapia IntravenosaTerapia Intravenosa

Primeiros experimentosPrimeiros experimentos

• 1628: Harvey desenvolveu a teoria do sistema 1628: Harvey desenvolveu a teoria do sistema circulatório, fluxo e detectou a presença / circulatório, fluxo e detectou a presença / importância das válvulas;importância das válvulas;

• 1656: Wren injetou Opium e vinho nas veias de 1656: Wren injetou Opium e vinho nas veias de um cachorroum cachorro

• 1662: Major injetou substâncias em humanos 1662: Major injetou substâncias em humanos com êxitocom êxito

• 1666: Lower 1a. transfusão sanguínea entre 1666: Lower 1a. transfusão sanguínea entre animais e humanosanimais e humanos

Primeiros experimentosPrimeiros experimentos

• 1667: Denis primeira transfusão documentada 1667: Denis primeira transfusão documentada (animal/ humano) - resultou em reação à (animal/ humano) - resultou em reação à transfusão;transfusão;

• 1687: igreja baniu a transfusão humano/ animal;1687: igreja baniu a transfusão humano/ animal;• 1795: Physick notou que a transfusão 1795: Physick notou que a transfusão

sanguínea na hemorragia obstétrica reduzia a sanguínea na hemorragia obstétrica reduzia a mortalidade - porém sem nenhum embasamento mortalidade - porém sem nenhum embasamento científico mas por casualidadecientífico mas por casualidade

Século XIXSéculo XIX

• 1818: Blundell fez a primeira transfusão 1818: Blundell fez a primeira transfusão sanguínea humano / humano;sanguínea humano / humano;

• 1832: Latta administrou a solução salina 1832: Latta administrou a solução salina com sucessos limitados com sucessos limitados

• 1843: Bernard injetou açúcar, leite e 1843: Bernard injetou açúcar, leite e clara de ovos em cães com algum clara de ovos em cães com algum sucesso. Descobriu que o açúcar sucesso. Descobriu que o açúcar infundido via IV aparecia na urinainfundido via IV aparecia na urina

Século XXSéculo XX

• Uso de solução salina e glicose: Uso de solução salina e glicose: prática aceita e largamente utilizada prática aceita e largamente utilizada em pacientes críticosem pacientes críticos

• Com o advento da esterilização Com o advento da esterilização (1910), equipamentos eram limpos (1910), equipamentos eram limpos e esterilizadose esterilizados

• 1923: descoberta dos pirogênios 1923: descoberta dos pirogênios com medidas que levaram ao com medidas que levaram ao tratamento dos fluidos e drogastratamento dos fluidos e drogas

Século XX – Transfusão sanguíneaSéculo XX – Transfusão sanguínea

• 1901: descoberta dos grupos sanguíneos ABO1901: descoberta dos grupos sanguíneos ABO• 1907: Ottenberg seleção de doadores de 1907: Ottenberg seleção de doadores de

sangue baseados em diferenças de tipagem sangue baseados em diferenças de tipagem sanguíneasanguínea

• 1915: citrato de sódio usado com sucesso como 1915: citrato de sódio usado com sucesso como anticoagulanteanticoagulante

• 1939: Levine e Burnham descobriram o anti-Rh1939: Levine e Burnham descobriram o anti-Rh• 2a. Guerra Mundial: transfusão de sangue 2a. Guerra Mundial: transfusão de sangue

usada amplamente.usada amplamente.

Século XX – Transfusão sanguíneaSéculo XX – Transfusão sanguínea

• 1941: introdução de técnicas de separação 1941: introdução de técnicas de separação do plasma sanguíneodo plasma sanguíneo

• Hoje: transfusão amplamente utilizada com Hoje: transfusão amplamente utilizada com separação de componentes sanguineos separação de componentes sanguineos sendo ministrados de acordo com cada sendo ministrados de acordo com cada necessidadenecessidade

Avanço dos dispositivosAvanço dos dispositivos

• Originalmente os dispositivos foram Originalmente os dispositivos foram desenhados para serem reusadosdesenhados para serem reusados

• Frascos mudaram de vidro para Frascos mudaram de vidro para plásticosplásticos

• Agulhas metálicas foram Agulhas metálicas foram substituídas por cateteres em 1945substituídas por cateteres em 1945

• Em 1950: Gautier introduziu a Em 1950: Gautier introduziu a agulha de Rochesteragulha de Rochester

Avanço dos dispositivosAvanço dos dispositivos

• Cateteres por fora da agulha são muito Cateteres por fora da agulha são muito usados atualmente para infusões periféricasusados atualmente para infusões periféricas

• Antes de 1949: terapia intravenosa podia ser Antes de 1949: terapia intravenosa podia ser ministrada somente por via periféricaministrada somente por via periférica

• 1952: utilizados cateteres por via subclavia1952: utilizados cateteres por via subclavia• 1958: cateteres introduzidos por fora da 1958: cateteres introduzidos por fora da

agulha foram lançadosagulha foram lançados

Avanço dos dispositivosAvanço dos dispositivos

• 1967: Dudrick adaptou a via subclávia para 1967: Dudrick adaptou a via subclávia para infusão de dextrose e proteínas com alta infusão de dextrose e proteínas com alta concentração (mínimo efeito colateral)concentração (mínimo efeito colateral)

• Hickman expandiu o cateter semi-implantado Hickman expandiu o cateter semi-implantado para adultospara adultos

• 1980s: lançamento dos cateteres totalmente 1980s: lançamento dos cateteres totalmente implantados (ports)implantados (ports)

Avanço dos dispositivosAvanço dos dispositivos

• Surgiram experimentos de cateteres Surgiram experimentos de cateteres periféricos de 2 lúmens, cujo conceito periféricos de 2 lúmens, cujo conceito migrou para cateteres centraismigrou para cateteres centrais

• Para tornar o acesso intravenoso mais Para tornar o acesso intravenoso mais seguro, surgiram: filtros para coágulos seguro, surgiram: filtros para coágulos de fibrina durante as transfusões (1943), de fibrina durante as transfusões (1943), filtros para eliminar ou remover filtros para eliminar ou remover endotoxinas, dispositivos para regular endotoxinas, dispositivos para regular velocidade de infusão (bombas), bombas velocidade de infusão (bombas), bombas para analgesia e administração para analgesia e administração intraóssea (1922)intraóssea (1922)

Papel da enfermagemPapel da enfermagem

• Antes de 1940: enfermagem assistia o Antes de 1940: enfermagem assistia o médico nos procedimentos IVmédico nos procedimentos IV

• 1940: Ada Plumer (Massachusetts 1940: Ada Plumer (Massachusetts General Hospital) - primeira enfermeira General Hospital) - primeira enfermeira responsável pela ministração intravenosaresponsável pela ministração intravenosa

• 1973: Intravenous Nursing Society foi 1973: Intravenous Nursing Society foi fundadafundada

• 1980: prática de terapia intravenosa na 1980: prática de terapia intravenosa na enfermagem oficialmente reconhecidaenfermagem oficialmente reconhecida

Uso do PICCUso do PICC

• 1962 – Stewart e Stanislow – cateter de 1962 – Stewart e Stanislow – cateter de siliconesilicone

• 1973 – Shaw usou o cateter de silicone por 1973 – Shaw usou o cateter de silicone por veia periférica em neonato (couro cabeludo)veia periférica em neonato (couro cabeludo)

• Déc. 1970 – Hoshal utilizou a técnica Déc. 1970 – Hoshal utilizou a técnica próxima a que é utilizada atualmente.próxima a que é utilizada atualmente.

- Cateteres centrais de Inserção Periférica – PICC, começam a ser utilizados em Unidades de Terapia Intensiva.

Centers for Disease Control – CDC, desenvolveu recomendações para controle de infecções relacionadas a terapia intravenosa.

Uso do PICCUso do PICC

Em 2000 - No Brasil, a partir deste ano, os Enfermeiros começam se mobilizar em busca de legalizar a inserção do PICC. Surgiu então o parecer técnico 009/COREn.

O primeiro exame para certificação de enfermeiros que trabalham diretamente com terapia intravenosa (Certification Examination for Intravenous Nurses) foi oferecido em março de 1985.

Princípios da Terapia Princípios da Terapia IntravenosaIntravenosa

Terapia IntravenosaTerapia Intravenosa

• Conceito:Conceito:

Administração de soluções contendo Administração de soluções contendo eletrólitos, nutrientes, hemoderivados e eletrólitos, nutrientes, hemoderivados e medicamentos diretamente na veia.medicamentos diretamente na veia.

Terapia IntravenosaTerapia Intravenosa

• Indicações:Indicações:

• Necessidade de infusão de grandes Necessidade de infusão de grandes quantidades de líquidos.quantidades de líquidos.

• Administração de medicamentos, especialmente Administração de medicamentos, especialmente substância irritantes que podem causar necrose substância irritantes que podem causar necrose tecidual se administrados por outras vias.tecidual se administrados por outras vias.

• Quando se pretende uma ação imediata de uma Quando se pretende uma ação imediata de uma droga.droga.

• Corrigir, restaurar ou manter o equilíbrio Corrigir, restaurar ou manter o equilíbrio hidroeletrolítico.hidroeletrolítico.

Princípios da Terapia IntravenosaPrincípios da Terapia Intravenosa

• Terapia de ManutençãoTerapia de Manutenção• Terapia de ReposiçãoTerapia de Reposição• Terapia de CorreçãoTerapia de Correção

Princípios da Terapia IntravenosaPrincípios da Terapia Intravenosa

• Terapia de ManutençãoTerapia de Manutenção - - Tem como Tem como prioridade à reposição das perdas prioridade à reposição das perdas insensíveis, fornecendo nutrientes que insensíveis, fornecendo nutrientes que suprem as necessidades diárias do suprem as necessidades diárias do paciente de água, eletrólitos e glicose.paciente de água, eletrólitos e glicose.

Princípios da Terapia IntravenosaPrincípios da Terapia Intravenosa

• Terapia de ReposiçãoTerapia de Reposição - - É necessária É necessária para suprimento de fluidos eletrólitos e para suprimento de fluidos eletrólitos e hemocomponetes, em pacientes que hemocomponetes, em pacientes que apresentam déficit devido a estresse apresentam déficit devido a estresse agudo tais como: hemorragias, agudo tais como: hemorragias, plaquetopenias, vômito, diarréia e jejum.plaquetopenias, vômito, diarréia e jejum.

Princípios da Terapia IntravenosaPrincípios da Terapia Intravenosa

• Terapia de CorreçãoTerapia de Correção - - A terapia de A terapia de correção para perdas contínuas é correção para perdas contínuas é alcançada em base de uma avaliação alcançada em base de uma avaliação diária, sendo que a restauração do diária, sendo que a restauração do desequilíbrio hidroeletrolítico é imperiosa desequilíbrio hidroeletrolítico é imperiosa para a manutenção da homeostasia.para a manutenção da homeostasia.

Propriedades QuímicasPropriedades Químicas

• Muitas drogas e soluções podem causar Muitas drogas e soluções podem causar danos ao endotélio venoso devido à sua danos ao endotélio venoso devido à sua osmolaridade e pH.osmolaridade e pH.

• Drogas e soluções irritantes, sem adequada Drogas e soluções irritantes, sem adequada hemodiluição, resultam em dano endotelial.hemodiluição, resultam em dano endotelial.

• Drogas vesicantes são flebogênicas por Drogas vesicantes são flebogênicas por natureza e podem resultar em dano endotelial natureza e podem resultar em dano endotelial extenso e extravasamento.extenso e extravasamento.

Propriedades QuímicasPropriedades Químicas

• pH - pH - O pH de uma solução ou medicamento determina O pH de uma solução ou medicamento determina seu grau de acidez ou alcalinização. O pH seu grau de acidez ou alcalinização. O pH nuncanunca pode pode ser modificado, sendo uma propriedade constante e ser modificado, sendo uma propriedade constante e característica.característica.

• pH < 4.1 (muito ácido)pH < 4.1 (muito ácido) – Sem fluxo sanguíneo – Sem fluxo sanguíneo adequado, resulta em alterações histológicas severas adequado, resulta em alterações histológicas severas ao endotélio venoso.ao endotélio venoso.

• pH 6.0 - 8.0pH 6.0 - 8.0 – Minimiza o dano ao endotélio (7.0 é – Minimiza o dano ao endotélio (7.0 é ótimo)ótimo)

• pH > 8.0 (muito alcalinopH > 8.0 (muito alcalino) ) – Aumenta a – Aumenta a flebogenicidade.flebogenicidade.

Exemplos de algumas drogas e seu respectivo Exemplos de algumas drogas e seu respectivo pHpH

SoluçãoSolução pHpHAminofilinaAminofilinaFenitoinaFenitoina

VancomicinaVancomicinaAciclovirAciclovir

GanciclovirGanciclovirSulfato de morfinaSulfato de morfina

AmiodaronaAmiodaronaSF 0,9%SF 0,9%SG 5%SG 5%

SGFSGFRinger lactatoRinger lactato

6,0 – 9,06,0 – 9,010,0 – 12,310,0 – 12,32,5 – 4,52,5 – 4,5

10,5 – 11,610,5 – 11,611,011,0

5,5 – 6,55,5 – 6,53,5 – 4,53,5 – 4,55,0 – 5,75,0 – 5,73,0 – 5,03,0 – 5,0

4,04,06,56,5

DROGA PH DROGA PHAcyclovir 10,5-11,6 Leucovorin 6-8,1Aldesleukin 7,2-7,8 Manitol 4,5-7Aminofilina 8,6-9 Meperidina 3,5-6Anfotericina B 5,7-8 Metotrexate 8,5Ampicilina sódica 08--10 Metildopa 3-4,2Ciprofloxacin 3,3-4,6 Metronidazol 5--07Cyclophosphamide 3-7,5 Morfina 2,5-7Dacarbazine 3--4 Nitroglicerina 3-6,5Dexametasona 7-8,5 Oxitocina 2,5-4,5Dextrose 3,5-6,5 Papaverina 3-4,5Dipiridamol 2,2-3,2 Penicilina 6-8,5Dobutamina 2,5-5,5 Pentobarbital 9-10,5Dopamina 2,5-5 Fosfato 5-7,8Efedrina 4,5-7 Potássio 4--8Epinefrina 2,5-5 Propofol 7-8,5Furosemida 8-9,3 Propanolol 2,8-3,5Ganciclovir 9--11 Rifampicina 7,8-8,8Gentamicina 3-5,5 Bicarbonato de sódio 7-8,5Glucagon 2,5-3 Estreptomicina 5--8Heparina 5--8 Vancomicina 2,4-4,5Hydralazina 3,4-4 Vinblastina 3,5-5Imipenem 6,5-8,5 Vincristina 3,5-5,5Insulina Regular 7-7,8 Zidovudina 5,5Isoproterenol 3,5-4,5

pH

OsmolaridadeOsmolaridade

• OsmolaridadeOsmolaridade – É a concentração de soluto por litro de fluído. É a concentração de soluto por litro de fluído. – Ela é expressa em mOsm/l. Ela é expressa em mOsm/l. – A osmolaridade sérica normal é em torno de 280 - 295 A osmolaridade sérica normal é em torno de 280 - 295

mOsm/l. mOsm/l. – A osmolaridade de soluções ou drogas podem ser A osmolaridade de soluções ou drogas podem ser

modificadas (reduzidas ou aumentadas) à medida que se modificadas (reduzidas ou aumentadas) à medida que se aumenta ou reduz a quantidade de solvente.aumenta ou reduz a quantidade de solvente.

• Risco de flebite induzida quimicamenteRisco de flebite induzida quimicamente––Baixo riscoBaixo risco = < 450 mOsm/l = < 450 mOsm/l––Risco moderadoRisco moderado = 450 - 600 mOsm/l = 450 - 600 mOsm/l––Alto riscoAlto risco = > 600 mOsm/l = > 600 mOsm/l

Alguns exemplos de drogas ou soluções e Alguns exemplos de drogas ou soluções e suas respectivas osmolaridadessuas respectivas osmolaridades

Glicose 10%Glicose 10% 505505Glicose 50%Glicose 50% 25252525Cefazolina 1g:10 ml SG5%Cefazolina 1g:10 ml SG5% 672672NPTNPT 1500 – 35001500 – 3500NPPNPP 750 – 1500750 – 1500ManitolManitol 274 - 1372274 - 1372

Solução Natureza Penicilinas irritante Cefalosporinas irritante Anfotericina-b irritante Aciclovir irritante Ganciclovir irritante Fenobarbital irritante Soluções de K+ irritante Soluções de cálcio vesicante Dopamina vesicante Soluções de K+ vesicante NPS vesicante G 10% & G50% vesicante Vinblastina/Vincristina vesicante

Propriedades Irritantes e VesicantesPropriedades Irritantes e Vesicantes

FIM!FIM!